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EAD - NÚCLEO COMUM

LIBRAS

Gislaine Luperine
Língua Brasileira de
Sinais
Caros alunos,

Meu nome é Gislaine, sou Pedagoga, Pós Graduada com Especialização em Educação
Especial – Deficiência Auditiva e em Libras e Educação de Surdos.
Formada em Libras – Nível Intermediário (I E II) pela FENEIS (Federação Nacional para
Educação e Integação dos Surdos) Possuo alguns cursos relativos à interpretação,
atuando também como Intérprete.
Fui por sete anos Professora Coordenadora Pedagógica de Escola Especial, voltada para
o atendimento de alunos surdos. Atuei também como Professora de Apoio
Colaborativo e Itinerância na Inclusão Escolar de Surdos.
Sou também professora de surdos há 23 anos e já atuei em diferentes realidades,
trabalhando mais recentemente com a inclusão destes alunos na Rede Regular de
Ensino.
Atualmente sou professora atuando no Atendimento Educacional Especializado, em
sala de recursos, ainda atuando com a maioria de alunos surdos.
A Libras, foi reconhecida e oficializada como segunda língua oficial do Brasil pela Lei
10.432/02 e regulamentada pelo decreto 5.626/05. Desde então o acesso à Educação
dos alunos com surdez ou deficiência auditiva foi assegurado.
Apresentação

Mensagem de abertura: “Quando aceito a linguagem de outra pessoa, aceitei a

pessoa...Quando rejeito a linguagem, eu rejeitei a pessoa porque a língua é parte de nós


mesmos...Quando eu aceito a Língua de Sinais, eu aceito o surdo, e é importante ter em

mente que o surdo tem o direito de ser surdo. Nós não devemos mudá-los, devemos
ensiná-los, ajudá-los, mas temos que permitir-lhes serem surdos.” Terje Basilier.

“Enquanto no mundo existirem dois surdos e eles se encontrarem, eles se comunicarão em


sinais.” Oliver Saacks.

Introdução.

Caro aluno:

Você já deve ter ouvido falar na surdez ou na deficiência auditiva como uma
diminuição na capacidade de ouvir do indivíduo. Pois bem, para compreendermos melhor

as consequências decorrentes da surdez é importante atentarmos para alguns aspectos:


- É através da audição que aprendemos a identificar e reconhecer os diferentes sons do

ambiente.

- As informações trazidas pela audição, além de funcionarem como sinais de alerta, são
fundamentais para o desenvolvimento da linguagem oral e a comunicação com nossos

semelhantes.
- Uma das principais vias de construção de conhecimento sobre a realidade que nos cerca, é

a interação social, onde compartilhamos experiências, aprendemos o significado e a função


social dos objetos e dos fenômenos e relações sociais.

Ora, o indivíduo surdo não dispõe da via auditiva para receber e responder aos
estímulos que constituem grande parte da comunicação social. Assim, seu acesso ao

conhecimento encontra-se intimamente ligado ao uso comum de um código linguístico


prioritariamente visual, ou seja, a Língua de Sinais, sem o qual ficará impossibilitado de

adquirir conceitos e significações.


Considerando-se que toda aprendizagem é mediada pela linguagem, esta será

muito melhor sucedida se a língua utilizada for compartilhada por todos os que se
encontram envolvidos no processo educacional.

Unidade 1- O Surdo através dos Tempos e da História da Educação.

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Explicitar a história da inclusão do portador de necessidade auditiva na educação
brasileira

ESTUDANDO E REFLETINDO

Os primeiros relatos de que tomamos

conhecimento a respeito dos surdos vem-nos da


Bíblia, onde se encontra a passagem em que

Jesus cura um jovem surdo. Desde aquela época


até o final do século XV, o surdo sempre foi

considerado uma pessoa incapaz de ser


ensinada e, por essa razão, excluído da

sociedade, acarretando, muitas vezes, prejuízo a


sua sobrevivência. Existiam, em alguns lugares
Símbolo Internacional da
da Europa, leis que proibiam o surdo de herdar Surdez
propriedades, casar-se, votar, como os demais

cidadãos.
Essas pessoas, muitas vezes, eram trancadas em casa, sendo considerado

motivo de vergonha para a família, que os via como castigo por algum pecado
cometido, ou obrigados a viver com mendigos pelas ruas.
Foi-se o tempo, embora tardiamente, em que o portador de alguma necessidade

especial era considerado como deficiente. Em época de inclusão social, em época de


igualdade de direitos e oportunidades a todos os cidadãos, não se admite mais a

segregação de sujeitos a quem, por algum problema de saúde lhe seja negada a
educação. E entre esses sujeitos inserem-se as pessoas com deficiência auditiva.

Você sabe o que é decibel? É hora de saber. Vamos ao conceito? Decibel é uma
unidade de medida da intensidade do som.

Buscando conhecimento
A surdez é uma privação sensorial Para conhecer as possíveis causas de
que interfere diretamente na perda de audição, consulte o site Rede
SACI: Solidariedade, Apoio,
comunicação, alterando a qualidade da Comunicação e Informação - Índice
relação que o indivíduo estabelece com o
meio, ela pode ter sérias implicações para o desenvolvimento de uma criança,

conforme o grau da perda auditiva que a mesma apresente:


§ Surdez leve (21 a 40 db): a criança é capaz de perceber os sons da fala, adquire e

desenvolve a linguagem oral espontaneamente, o problema é tardiamente


descoberto pois a audição é muito próxima do normal.

§ Surdez moderada(41 a 70 db): a criança pode demorar um pouco para


desenvolver a fala e a linguagem, apresenta trocas fonéticas por não perceber os

sons com clareza, tem dificuldade em perceber a fala em ambientes ruidosos,


são crianças desatentas e com dificuldade no aprendizado da leitura e da escrita.

§ Surdez severa (71 a 90 db): a criança terá dificuldade em adquirir a fala e a


linguagem espontaneamente, poderá adquirir vocabulário do contexto familiar,

existe a necessidade de acompanhamento especializado.


§ Surdez profunda(91 a 120 db): a criança dificilmente desenvolverá a linguagem

oral espontaneamente, frequentemente utiliza a leitura oro-facial, tem


vocabulário muito restrito, geralmente ocorre o estabelecimento de um código

de comunicação familiar, só compreendido no ambiente familiar, necessita da


Libras, como forma de comunicação e apresenta muita dificuldade no

aprendizado da leitura e da escrita, existe a necessidade de acompanhamento


especializado.

Evidentemente que, quanto maior a perda de audição, mais acentuada se torna


a incapacidade de o indivíduo ouvir a voz humana e de aquisição da linguagem oral,

ainda que se faça uso de próteses auditivas.


Por falar em linguagem oral, você sabia que nossa interação com as pessoas e

com o mundo ocorre, primeiramente, por meio da linguagem oral? Essa linguagem é a

mais utilizada na sociedade e traz em seu bojo a exclusão das pessoas surdas.
É bastante prudente assinalar, aqui, que o fato de o surdo ou deficiente

auditivo não empregar a linguagem oral para a sua comunicação, não implica a
ausência de interação e comunicação com as pessoas com quem convive e também

com o mundo, pois essas pessoas recorrem a outras formas de interação social. Dentre
os meios possíveis para a comunicação, merecem destaque os gestos naturais,

desenhos, leitura labial, obtida por meio da leitura oro-facial e a LIBRAS.

A Educação para os Deficientes Auditivos através dos tempos


Na Idade Moderna, distinguiu-se, pela primeira vez, surdez de mudez. A

expressão surdo-mudo, deixou de ser a designação do Surdo.


Pedro Ponce de Leon inicia, mundialmente, a Costuma-se associar surdez à mudez. No
entanto, é preciso estabelecermos as
história dos Surdos, tal como conhecemos hoje em
diferenças, pois surdez é deficiência
dia. Para além de fundar uma escola para Surdos, em auditiva, ou seja, perda total ou parcial
da capacidade de audição, enquanto a
Madrid, ele dedicou grande parte da sua vida a mudez é uma deficiência que indica
incapacidade (total ou parcial) de
ensinar os filhos Surdos, de pessoas nobres, que, de
produzir fala. Os surdos não são mudos
bom grado, encarregavam-lhe os filhos, para que pudessem ter privilégios perante a lei.
Pelo dito, há que se destacar ser tão somente econômica, a preocupação geral

em educar os Surdos, na época.


León desenvolveu um alfabeto manual, que
Há quem defenda a ideia de que
ajudava os Surdos a soletrar as palavras. esse alfabeto manual foi baseado
nos gestos criados por monges,
que comunicavam entre si desta
maneira pelo fato de terem feito
voto de silêncio.
Nesta época, as crianças que recebiam este tipo de educação e tratamento eram

filhas de pessoas que tinham uma situação econômica boa. As demais eram colocadas
em asilos com pessoas das mais diversas origens e problemas, pois não se acreditava

que pudessem se desenvolver em função da sua "anormalidade".


Outro importante ícone na história da educação dos surdos foi o Abade L’Épée,

nascido em 1712. Ele dedicava-se a ensinar, numa primeira fase, os Surdos, por motivos
religiosos. Muitos o consideram criador da língua gestual, mas sabemos que a mesma

já existia antes dele. Vale dizer que coube a L'Épée o reconhecimento da existência e

desenvolvimento dessa língua, embora a não considerasse uma língua com gramática,
ou seja, o fim dessa língua era unicamente a comunicação.

Jean Massieu foi um dos primeiros professores surdos do mundo. Laurent Clerc,
surdo francês, educador, acompanhou Thomas Hopkins Gallaudet, educador ouvinte,

aos EUA, onde abriram uma escola para surdos, em abril de 1817, a Escola de Hartford.
Gallaudet instituiu, nessa escola, a Língua Gestual Americana, utilizando o inglês

escrito e o alfabeto manual. Em 1830, quando Gallaudet se reformou, já existiam nos


Estados Unidos cerca de 30 escolas para surdos.

Edward Miner Gallaudet, filho de Thomas Gallaudet e também educador de surdos,


lutou pela elevação do estatuto do Instituto de Colúmbia a colégio. Esse colégio deu

origem, em 1857, à Universidade Gallaudet, onde foi presidente por 40 anos.


Vale dizer que, nessa época, Alexander Graham Bell, cientista estadunidense,

trabalhava na oralização dos surdos. Casou-se com uma surda e era grande defensor do
oralismo, opondo-se à língua gestual e às comunidades de surdos, uma vez que as

considerava como um perigo contra a sociedade. Assim sendo, Bell defendia que os
surdos não deveriam poder casar entre si e deveriam, obrigatoriamente, frequentar

escolas normais, regulares.


O Congresso de Milão.

Antes do Congresso, na Europa, durante o século XVIII, surgiam duas tendências

distintas na educação dos surdos: o gestualismo (ou método francês) e o oralismo (ou
método alemão). A grande maioria dos surdos defendia o gestualismo, mas Bell e muitos

professores e médicos, nos EUA, faziam campanha a favor do oralismo.


Em 1872, no Congresso de Veneza, decidiu-se o seguinte:

• O meio humano para a comunicação do pensamento é a língua oral;

• Se orientados, os surdos lêem os lábios e falam;


• A língua oral tem vantagens para o desenvolvimento do intelecto, da moral e da

linguística.

O Congresso de Milão, em 1880, foi um momento obscuro na História dos


surdos, uma vez que, um grupo de ouvintes, tomou a decisão de excluir a língua

gestual do ensino de surdos, substituindo-a pelo oralismo (o comitê do congresso era


unicamente constituído por ouvintes). Em consequência disso, o oralismo foi a técnica

preferida na educação dos surdos durante fins do século XIX e grande parte do século
XX.
Unidade 2 – A Educação dos surdos no século XX e o desenvolvimento da Língua de

Sinais no Brasil.

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Conhecer as principais mudanças ocorridas no campo educacional no Brasil e no
mundo e o surgimento da educação formal dos surdos e da Língua de Sinais no Brasil.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Durante o século XX

Como consequência da evolução nos campos da tecnologia e da ciência, no


século XX, particularmente no campo da surdez, a educação dos surdos passou a ser
dominada pelo oralismo (que encara a surdez como algo que pode ser corrigido). No
entanto, sem a cura da surdez, os insucessos do oralismo começaram a ser

evidenciados, pois os surdos educados no método não eram capazes de conseguir um


emprego, comunicar-se com ouvintes desconhecidos ou manter uma conversa fluida.

Na década de 60, ano em que William Stokoe publicou o artigo Sing language
structure: na outline of the visual communication systen of the american deaf (assistente

estrutural de idioma: um esboço do sistema de comunicação visual do americano


surdo), evidenciou-se que a língua de sinais consistia em uma língua com todas as

características da linguagem oral.


A partir desta publicação, surgiram diversas pesquisas sobre a Língua de Sinais e

sua aplicação na educação e na vida do surdo que, aliadas a uma grande insatisfação
por parte dos educadores e dos surdos com o método oral, deram origem à utilização

da língua de sinais e de outros códigos manuais na educação da criança surda. Surge


então a filosofia da comunicação total.
Em 1980, as ideias em relação ao Bilinguismo, terceira filosofia educacional,

começam a ser divulgadas.


Há algumas décadas, observamos, em vários países e também no Brasil, a

formação de “Comunidades Surdas”, onde os surdos convivem e desenvolvem a sua


própria cultura, sendo a forma mais representativa a sua própria língua, a Língua de

Sinais.

BUSCANDO CONHECIMENTO

A história da Língua de Sinais no Brasil

Somente em 1885, iniciou-se, no Brasil, uma educação voltada para os surdos,

com a chegada de um professor chamado Ernesto Huet (surdo, desde os 12 anos), que
fundou, no Rio de Janeiro, a primeira escola para surdos, o Instituto de Educação dos

Surdos (INES), com o apoio do Imperador D. Pedro II.

Neste Instituto, os alunos eram educados pela língua escrita, dactológica e de

sinais e conseguiram ser recuperados na sua comunicação expressiva dos seus


sentimentos, para poder conviver com as pessoas ouvintes.

Ainda hoje existem muitos sinais que eram usados nos primeiros tempos do
INES. O alfabeto manual, de origem francesa, foi difundido por todo o Brasil por estes
alunos. A Língua de Sinais, usada no Brasil, recebeu muita influência dos sinais da

França e dos Estados Unidos.


No Brasil, a LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais, foi reconhecida e oficializada,

como segunda língua do país, em 2002, pelo Presidente da República, Luiz Inácio da
Silva, sendo regulamentada e tornando-se objeto de estudos por vários profissionais de

grande notoriedade. A primeira publicação de dicionário específico da Língua foi feita


pela Universidade de São Paulo (USP), em conjunto com a Federação Nacional para

Educação e Integração dos Surdos (FENEIS) com sede em São Paulo e o apoio do

governo federal.
A LIBRAS, tal qual qualquer outra língua ou idioma, possui estrutura e gramática

próprias, o que a legitima, além de expressar completamente os anseios, sentimentos,


necessidades de toda uma parcela de nossa população, que correspondem a 2% dos

brasileiros, os Surdos.
Seria esperado, então, que esta considerável parcela da população tivesse o

direito de receber educação em sua própria língua (já reconhecida legalmente), mas
ocorre hoje é que são estrangeiros em sua própria pátria, já que se comunicam em

Libras e recebem educação formal exclusivamente em Português.

A cultura dos surdos

Na cultura surda, existe a Libras e o acesso ao mundo da comunicação, ainda


pequeno, é feito através de jornais, livros, filmes com legendas, close-caption, nos

canais de televisão, intérpretes, TDD (telefone para surdos), pagers e celulares (torpedos
msn) e o crescente uso da internet.

As comunidades surdas estão espalhadas por todo o país e como o Brasil é


muito grande e de cultura diversificada, essas comunidades possuem diferenças

regionais culturais. Estes fatores também geram variações linguísticas regionais, o que
legitima ainda mais a Libras como uma língua viva.
O relacionamento com a pessoa surda: verdades e mitos

As relações com a pessoa surda, geralmente, são marcadas por dois extremos:

a rejeição ou a superproteção. Os dois casos são prejudiciais ao desenvolvimento da


pessoa.

A imagem que o surdo tem de si mesmo, é a imagem que a família,


professores e amigos lhe conferem.

A timidez, inibição, desconfiança e às vezes até agressividade do surdo frente

ao mundo, vem do fato da não compreensão da linguagem oral e do mundo que o


cerca.

“Surdo-mudo
Apague esta ideia !

As expressões “surdo-mudo”, ou “mudinho”, embora muito usadas, são


pejorativas e exemplificam uma visão preconceituosa das pessoas surdas.

A linguagem gestual é a natural do surdo, sua primeira forma de comunicação.


O surdo não é, necessariamente, mudo. Ele pode vir a falar, desde que seja treinado e

incentivado. É preciso estimulá-lo. A Língua de Sinais é mais um dos recursos da


comunicação surdo-ouvinte.

Usar a Língua de Sinais não significa deixar de falar.


Unidade 3 – O desenvolvimento da LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais e o surgimento

da Educação Inclusiva.

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Propiciar conhecimentos legais sobre Libras e Educação Inclusiva.
Conhecer os principais aspectos da LIBRAS e como ela se formou, a partir da
ampliação dos conhecimentos e legitimação da comunidade surda brasileira

ESTUDANDO E REFLETINDO O Século XX foi um século considerado de grandes

avanços para a humanidade, mas, sem dúvida, a maior conquista foi a Declaração
Universal dos Direitos Humanos em 10 de dezembro de 1948. Essa declaração emana os

valores da dignidade, justiça, fraternidade e da educação, conforme o artigo Art. XXVI.

Toda pessoa tem direito à instrução [...]. Uma instrução obrigatória e gratuita
nos graus elementares [...]. Sendo a educação um direito universal, cabe a
preocupação em proporcionar a instrução para os diferentes que necessitam
de uma formação adequada, com profissionais capacitados, com competências
e habilidades necessárias para desenvolvimento cognitivo, afetivo e social dos
portadores de necessidades especiais, para que seu processo de inclusão no
mundo do trabalho seja efetivo e coerente com as demandas deste novo
século que já está sendo considerado o século do conhecimento e da
informação.

Na unidade anterior, tecemos alguns comentários a respeito da história da

língua de Sinais. No entanto, a sua consolidação ocorreu a partir de legislação


pertinente. Estamos nos referindo à Lei nº. 10.436, de 24 de abril de 2002, em que há

vários pontos merecedores de destaque. O primeiro refere-se ao reconhecimento de


LIBRAS, como meio legal de comunicação, conforme se constata em:
Art. 1º. É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua
Brasileira de Sinais-Libras e outros recursos de expressão a ela associados.

Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma


de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual
motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico
de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas
do Brasil.

Ora, LIBRAS é uma realidade comunicacional e linguística como qualquer outra


língua. Por meio dela, a pessoa com deficiência auditiva pode expor suas ideias,

expressar pontos de vistas e, principalmente, colocar em prática o ato básico da


linguagem: a interação humana.

No entanto, é bom deixar claro que não basta a definição e reconhecimento do


que é LIBRAS, mas faz-se necessário a criação de mecanismos que a consolidem e lhe

deem materialidade e isso é evidente nos artigos 2º e 3º da referida Lei, como se


constata abaixo.
Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas
concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o
uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de
comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do
Brasil.
Art. 3o As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos
de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado
aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em
vigor.

No que diz respeito à obrigatoriedade de LIBRAS no ensino, observamos no

artigo 4º:
O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais
e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de
Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e
superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte
integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação
vigente.

Vale dizer que o reconhecimento e consolidação de LIBRAS, em hipótese

alguma, implicam a substituição da modalidade escrita de Língua Portuguesa, como


podemos observar abaixo:
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a
modalidade escrita da língua portuguesa.

Na verdade, o que se observa é que a legislação veio corroborar uma temática

bastante discutida, desde os anos 90: a inclusão, cujo fim precípuo é evitar a
segregação, configurada nas famosas salas especiais nos anos 70.

Você é capaz de definir inclusão? Pode-se afirmar que inclusão é um processo


por meio do qual a sociedade se adapta para a inserção em seu contexto das pessoas

com deficiências, conforme Sassaki, 2004. Trata-se de uma preparação desses


indivíduos para o exercício da cidadania, que requer, evidentemente, uma parceria

entre sociedade e estas pessoas.


Forest & Pearpoint (1997) afirmam que inclusão é "estar com", é aprender a viver

com o diferente, com a diversidade e, nessa direção há urgência de as escolas comuns


acomodarem-se a essa situação inclusiva.

Historicamente, a inclusão já começa a ser delineada no artigo 5º da


Constituição federal, prevendo igualdade e direito a todos e na Lei de Diretrizes e Bases

9394, fixada em 1996, em cujo teor se constata que a criança deficiente física, sensorial
e mental, pode e deve estudar em classes comuns.

No artigo 58 da referida Lei observamos que a educação da rede regular de


ensino deve munir-se de recursos e serviços de apoio especializado, para o

atendimento dos portadores de necessidades especiais.

BUSCANDO CONHECIMENTO

Vamos agora praticar o alfabeto manual, que serve de base para a formação dos
demais sinais da língua, e é usado para soletração de nomes e lugares, assim como de

palavras que não possuam um sinal correspondente.


Exercite os sinais em frente a um espelho, soletrando seu próprio nome, seu

endereço e outras palavras do seu ambiente. Para aprimorar este exercício, acesse
nossa vídeoaula e também o site: www.dicionariolibras.com.br
Unidade 4 – O desenvolvimento da LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais e o surgimento

da Educação Inclusiva.

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Propiciar conhecimentos legais sobre a “Lei da LIBRAS” e o decreto que a

legitimou, fornecendo as diretrizes da utilização da Língua em todo o país e a Educação


dos surdos.

ESTUDANDO E REFLETINDO.
O Decreto Federal nº 5626, de
Para conhecer o Decreto, na íntegra,
22 de dezembro de 2005, acesse o site Decreto nº 5626/05.
(www.mec.gov.br) veio atender aos
anseios desta comunidade e regulamentar a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que

dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais-Libras e o artigo 18 da Lei nº 10.098, de 19 de


dezembro de 2000.

Na verdade, o decreto institui dispositivos sobre a inclusão da LIBRAS, como

disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação para a docência em seus


diferentes níveis, em todos os cursos de licenciatura, no curso de Fonoaudiologia e,

como disciplina curricular optativa, nos demais cursos de educação superior, bem como
na formação profissional.

O Decreto delibera ainda sobre a formação do professor e do intérprete e


tradutor de Libras – Língua Portuguesa do uso e da difusão da Libras e da Língua

Portuguesa para o acesso das pessoas surdas à educação, entre outras


regulamentações.

Considerando o que dispõe o Decreto, a discussão coloca, em evidência, a


relevância da língua de sinais, como a forma de comunicação capaz de oferecer

subsídios para a preservação e/ou desenvolvimento da comunidade surda. Ela


constitui-se na ferramenta que instrumentaliza o surdo a pensar logicamente para
interagir no mundo das ideias, com a argumentação de seu discurso, fundamentado.

Portanto, a língua de sinais é para o surdo a principal via de sincronia com o universo
da multiculturalidade e o raciocínio crítico.

BUSCANDO CONHECIMENTO

A função do intérprete/tradutor.

O Intérprete/tradutor de LIBRAS/Português é uma ferramenta poderosa para a


inclusão das pessoas com deficiência auditiva, visando à sua inserção na vida produtiva,

cultural, educativa, social e política, ou seja, que tenha direito à participação efetiva na
vida societária.

O profissional Intérprete/tradutor da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), bem como


qualquer outro intérprete, precisa ter o domínio dos sinais e principalmente da língua

falada do seu país, no nosso caso, o Português, pois há diversas situações nas quais são
necessárias as duas.

A nossa sociedade é feita de ouvintes e para ouvintes, na qual os surdos são


minoria, por isso, o intérprete é uma peça fundamental para união dos mundos

envolvidos e, principalmente agora, com a propagação da inclusão, vemos que os


mundos envolvidos ultrapassam o dos surdos e ouvintes, mas englobam as pessoas

com deficiência de um modo em geral.


Temos visto que na maioria das vezes a comunidade surda não tem o direito de

exercer a sua cidadania, sem participar das atividades sociais, educacionais, culturais e
políticas do país devido à ausência do intérprete/tradutor. Para a formação do mesmo

faz-se necessário um embasamento teórico e principalmente prática na tradução,


Português-LIBRAS, bem como, LIBRAS-Português. As áreas de atuação do intérprete de

LIBRAS são variadas, em sua maior parte, em eventos (palestras, congressos, seminários,
fóruns, encontros), instituições de ensino, área médica e judiciária, igrejas e atividades

do dia-a-dia.
Tem-se falado bastante nos tempos atuais sobre a inclusão, mas o que vemos, na

realidade, é uma grande exclusão, pois muitas das instituições ainda negam o acesso
do cidadão surdo ao conhecimento, ou seja, negam a contratação do intérprete.

Escolas, faculdades, empresas, serviços públicos necessitam urgente da presença desse


profissional que, atualmente, vem conquistando o seu espaço.

Alguns itens são muito importantes para a atuação de um intérprete/tradutor, como


por exemplo, ter uma formação específica, ética profissional, fidelidade à interpretação,

imparcialidade e discrição em todos os sentidos.

Vamos treinar:

A B C D E

F G H I J

J K L M N
O P Q R S

T U V W X

NÚMEROS
Y Z Ç 1

2 3 4 5 6
7 8 9 0
Unidade 5 - A LIBRAS e a construção do sujeito surdo

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
- Explicitar como LIBRAS pode contribuir para a construção do surdo em sujeito

de seu discurso.
- Conhecer um pouco sobre a estrutura gramatical e o funcionamento da língua.

Sabemos que é pela linguagem que o ser humano se constitui em sujeito do

discurso. Em se tratando do surdo, como se dá essa constituição? Como ele se vê o


mundo? Como interage com os outros? Essas e outras questões serão enfocadas nesta

unidade.

ESTUDANDO E REFLETINDO

É consenso que nossa sociedade é permeada pela linguagem oral, que se


materializam de forma imperativa e a ela todos devemos nos adaptar. Aos que não

podem ter acesso à linguagem oral, resta à discriminação, uma vez ser o oralismo uma
imposição social, conforme afirma Skliar, 1997.

A consequência da sobrelevação da concepção oralista sobre a língua de sinais,


de certa maneira, exclui o surdo do processo de integração social e imprime reflexos no

desenvolvimento de sua linguagem, uma vez não ser compreendido pelo ouvinte.
Você sabe que LIBRAS é Língua Brasileira de Sinais, mas o questionamento que

lanço a você é: O que é língua?


Para a Linguística, língua é sistema organizado, é um fato social, é um organismo

vivo e pertence a todos os membros de uma comunidade. Assim, ao nascer, é como se


o indivíduo recebesse, como presente, a língua da comunidade em que se insere.

Se perguntasse a você o que é linguagem, você saberia me responder?


Linguagem pode ser entendida como tudo o que envolve significação, linguagem é
interação humana, é o meio pelo qual o ser humano atua e age sobre o outro,

estabelecendo vínculos e compromissos.


A interação humana se materializa pela linguagem e, dessa maneira, desde que

nasce a criança já é um ser social, pois o choro pode ser entendido como forma de
interação com o outro.

O ponto central a ser discutido aqui é que a criança normal, desde cedo é
exposta ao ambiente em que predomina a oralidade. Assim, suas práticas sociais vão se

formando, sendo-lhe, então, possibilitada a aquisição da língua, as trocas sociais e a

constituição de sua linguagem. E à criança surda, o que lhe é proporcionado em termos


de aquisição de linguagem? Pode-se responder que quase nada, pois nossa sociedade

não se encontra preparada para recebê-la e não lhe propicia condições para a
constituição e consolidação de sua linguagem.

Vale dizer que é só pela aquisição de uma língua que a criança constrói sua
subjetividade, sendo-lhe possível trocar ideias, sentimentos, enfim, construir sua visão

de mundo e opções ideológicas, o que não ocorre com crianças surdas filhas de pais
ouvintes, pois o processo de aquisição da língua não será natural. Evidentemente, esse

fato requer que crianças surdas sejam colocadas junto com seus pares, isto é, em
contato com adulto surdo, fluente em LIBRAS, o que propiciará a aquisição da língua.

Vale dizer que a maioria das pessoas surdas, infelizmente, não tem acesso à
língua de sinais desde criança, o que acarreta adultos sem nenhuma língua. As

consequências disso são terríveis, pois, como já assinalado a língua de sinais propicia ao
indivíduo o desenvolvimento de sua formação, permitindo acesso à aquisição da

linguagem. Recomenda-se que a língua de sinais seja oferecida aos surdos, o mais cedo
possível, assim que a deficiência é descoberta. Trata-se de um procedimento a ser

recomendado por médicos e fonoaudiólogos. Esses profissionais devem informar à


família a importância de LIBRAS para o desenvolvimento e para o processo educacional

da criança.
Ressalte-se que a língua de sinais opera no campo de gestos e visuais, apresenta

estrutura gramatical própria, complexidades gramaticais e linguísticas, metáforas. O que


tem em comum com a língua oral é que ambas são criadas para preencher as

necessidades de interação humana entre os sujeitos.


Faz-se necessária a citação de Sacks (1998) a respeito da importância da

aquisição da língua de sinais para os surdos. Nessa perspectiva afirma:

Um ser humano não é desprovido de mente ou mentalmente deficiente


sem uma língua, porém está gravemente restrito no alcance de seus
pensamentos, confinado, de fato, a um mundo imediato, pequeno.
SACKS, 1998, P. 52.

Atentando às palavras de Sacks, o mundo pequeno a que se refere nada mais é

do que a impossibilidade de a criança construir sua memória (todo saber que


acumulamos em nossa vida) do mundo, as vivências que possui circunscrevem-se

apenas às práticas cotidianas de comunicação e as consequências soa adultos


incapazes de se inserirem no mercado de trabalho, sendo, portanto, dependentes de

sua família.

BUSCANDO CONHECIMENTO

Pode-se afirmar que a família do surdo exerce fundamental importância no seu


desenvolvimento, a partir do momento em que aceita a surdez e aceita a língua de

sinais como língua natural. Para isso, é importante que os pais recebam orientações
sobre a importância de LIBRAS, pois, por meio dela poderiam contar histórias, brincar

com os filhos, transmitir conhecimentos e cultura, aí, sim, estão contribuindo para a
construção da identidade do sujeito.

Ressalte-se, mais uma vez, que é fundamental a exposição da criança surda com
comunidade surda e não apenas com ouvintes. Interagindo com surdos a criança

construirá sua realidade social, descobrirá a si e identificará seus pares. O objetivo dessa
interação, então, é a aceitação de sua identidade e afirmação de suas potencialidades e

de suas limitações.
A aquisição da língua natural –LIBRAS- propicia um desenvolvimento pleno

como sujeito, que cresce, desenvolve-se, constrói-se na língua.

Informações técnicas.

Ø As Línguas de Sinais não são universais. Cada país possui a sua própria, que
sofre as influências da cultura nacional.

Ø Como qualquer outra língua ela


Saiba mais sobre o assunto lendo: Teorias
também possui expressões que diferem de de Aquisição da Linguagem : escrito por
Ronice Müller de Quadros e Ingrid Finger e
região para região (os regionalismos) o que apresenta as principais caraterísticas de
algumas abordagens teóricas que têm
a legitima ainda mais como língua. norteado as pesquisas em aquisição de
linguagem. (Apoio da CAPES e INEP)
Ø Os sinais são formados a partir da

combinação da forma e do movimento das mãos e do ponto no corpo ou no


espaço onde estes sinais são feitos.

Ø Ao contrário do que muitos imaginam, as Línguas de Sinais não são


simplesmente mímicas e gestos soltos, utilizados pelos surdos para facilitar a
comunicação. São línguas com estruturas gramaticais próprias.

A datilologia.

Ø A datilologia (alfabeto manual) é usada para expressar nomes de pessoas,

lugares e outras palavras que não possuem sinais. Todavia, desde que a pessoa
comece a se relacionar com o surdo ela ganhará um sinal especifico, que será

como um nome em Libras, assim como lugares conhecidos por eles. (Só podem
ser dados por um individuo surdo).

Ø -Os verbos estão sempre no infinitivo, sendo que as concordâncias são feitas no
espaço, pelos sinais de passado e futuro.

Ø -As frases obedecem à estrutura da Libras e não a do Português.


Ø -Os pronomes pessoais são representados por apontação. Apontar em Libras é

culturalmente e gramaticalmente aceito.


Ø Para conversar em Libras não basta apenas conhecer os sinais de forma solta, é

necessário conhecer a sua estrutura gramatical combinando-as em frases.

Quem estuda uma língua de sinais fica impressionado com sua sutil

complexidade e riqueza de expressão. A maioria dos assuntos, pensamentos ou


idéias podem ser expressos através dela. Felizmente há uma tendência crescente de

produzir literatura para surdos em DVDs, na internet, usando a LIBRAS para contar
histórias, expressar poesia, apresentar relatos históricos, ensinar verdades bíblicas.

Em muitos países o aprendizado das Línguas de Sinais está em alta.


Unidade 6- A organização e a gramática da Libras, com base nos cinco parâmetros

básicos.

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
- Aprender que cada palavra ou até mesmo uma expressão tem um sinal

correspondente, que deverá ser usado de forma correta, de acordo com a estrutura

gramatical da libras, que se baseia na utilização dos cinco parâmetros básicos.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Vista mas não ouvida

Uma das maravilhas da mente humana é a sua capacidade de linguagem e a

habilidade de adaptá-la. Contudo, sem a audição, aprender um idioma, usualmente,


passa a ser uma função dos olhos, não dos ouvidos. Felizmente, o desejo de se

comunicar arde forte na alma humana, capacitando-nos a vencer qualquer que seja o
obstáculo. Essa necessidade tem levado os surdos a desenvolver muitas Línguas de
Sinais em todo o mundo. À medida que têm entrado em contato uns com os outros,
tendo nascido em famílias surdas ou sido agrupados em escolas especializadas ou na

comunidade, o resultado tem sido o desenvolvimento de um sofisticado idioma feito


sob medida para os olhos – uma Língua de Sinais.

A maioria dos bebês surdos que usam a língua de sinais começa a produzir seus

primeiros sinais por volta dos 10 a 12 meses de idade. O livro A journey in to the deaf
(jornada ao mundo do surdo) explica que os lingüistas reconhecem agora que a

capacidade natural de aprender um idioma e de passá-lo aos filhos está


profundamente enraizada no cérebro. Emergir essa capacidade numa Língua de Sinais

ou numa linguagem falada é uma questão irrelevante.


BUSCANDO CONHECIMENTO.

A Estrutura da Língua.

Os sinais são formados a partir da combinação da forma e do movimento das


mãos e do ponto no corpo ou no espaço onde estes sinais são feitos. Nas

línguas de sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros que formarão


os sinais:

Ø Configuração das mãos: São formas das mãos que podem ser datilologia
(alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão dominante, ou pelas duas

mãos.

Ø Orientação / direção: Os sinais têm uma direção com relação aos parâmetros

acima. Assim, os verbos IR e Vir se opõe em relação à direcionalidade.

Ø Movimento: Os sinais podem ter um movimento ou não.


Ø Ponto de articulação: é o lugar do corpo onde incide a mão predominante

configurada, ou seja, o local onde é feito o sinal, podendo tocar alguma parte do
corpo ou estar num espaço neutro.

Ø Expressão facial e/ou corporal: As expressões faciais / corporais são de

fundamental importância para o entendimento real do sinal, sendo que a


entonação em Língua de Sinais é feita pela expressão facial.
– A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS):

As Línguas de Sinais não são universais. Cada país possui a sua própria, que sofre as
influências da cultura nacional.
Como qualquer outra língua ela também possui expressões que diferem de região
para região (os regionalismos) o que a legitima ainda mais como língua.
As comunidades surdas estão espalhadas por todo o país e como o Brasil é muito
grande e de cultura diversificada, essas comunidades possuem diferenças regionais culturais.
Estes fatores também geram variações linguísticas regionais, o que legitima ainda mais a Libras
como uma língua viva. As comunidades de maior influência estão nos Estados de São Paulo, Rio
de Janeiro, Paraná e Santa Catarina.

A linha do tempo abaixo mostra como é dada a noção de tempo em Libras, uma
vez que os sinais não sofrem modificações de concordância.

Quanto mais próximo do corpo o sinal, mais próximo do tempo presente, quanto mais

distante, mais longe no passado ou no futuro.


Você já conhece o alfabeto e os números e sabe qual a utilização deles. Agora

tudo fica mais fácil, pois utilizamos a configuração de mãos das letras e números para
compor a maioria dos outros sinais.

Você já sabe que a Libras tem uma estruturação gramatical própria que deve ser
corretamente seguida para que a língua seja corretamente utilizada.

Assista então a nossas vídeoaulas para verificar como se dá a utilização dos


parâmetros básicos e pratique para ter uma boa fluência na Língua.

Então vamos lá!


Unidade 7- Adquirindo vocabulário em Libras, aprendendo a conversar em Sinais –

Cumprimentos, Pronomes e Noções de Tempo.

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
- Aprender que cada palavra ou até mesmo uma expressão tem um sinal

correspondente, que deverá ser usado de forma correta.

ESTUDANDO E REFLETINDO

A partir desta unidade vamos conhecer o vocabulário básico através do qual

podemos iniciar uma comunicação com pessoas surdas.

Sinais de Identidade e Cumprimentos

IDENTIDADE BEM/BOM/BOA NOITE BOA

TARDE BOM DIA TCHAU TUDO


COM
LICENÇA/POR
FAVOR

BEM BOM/JÓIA PRAZER CONHECER

VOCÊ BEM VINDO SEU NOME MEU

SINAL DESCULPE IDADE MEU NOME

SINAL
NOME COMPLETO OBRIGADO MEU
Sinais de

Pronomes

VOCÊ EU MEU NÓS SEU

ELA ELE VOCÊS

SINAIS DE EXPRESSÕES
INTERROGATIVAS E
EXCLAMATIVAS

O QUÊ? COMO?
ONDE?
QUAL?
QUANTOS? QUEM? POR QUÊ? QUANDO?

COMO VAI
TUDO BOM? PRAZER
VOCÊ?

CONHECER
EU AMO VOCÊ!
VOCÊ!

Veja o vídeo para ter esses sinais com expressão e movimento.


https://drive.google.com/folderview?id=0BwxR4YjIWydiNTFkLXJneFZpWDg&usp=sharing
Estrutura de pergunta em Libras

Albres (2008: p30) no livro de sinal em sinal fala sobre a forma de fazer pergunta em Libras, revela
que: "Quando se pretende produzir uma pergunta em Libras há necessidade de fazer um leve
movimento de cabeça para cima concomitante ao pronome interrogativo que geralmente é
apresentado ao final as sentença"
Unidade 8- Adquirindo vocabulário em Libras, aprendendo a conversar em Sinais –

Pessoas e Família.

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
- Aprender que cada palavra ou até mesmo uma expressão tem um sinal

correspondente, que deverá ser usado de forma correta, dentro de uma classe de

palavras utilizada.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Nesta unidade vamos continuar conhecendo este rico mundo dos sinais e
ampliando ainda mais nosso conhecimento para a comunicação com os surdos.

Nesta unidade estaremos vendo especificamente os sinais relativos à pessoas e


família.

Sinais relativos a pessoas e família

PESSOAS FAMÍLIA ADULTO AFILHADO AMIGO

BEBÊ BISAVÔ BISAVÓ


CRIANÇA CUNHADA CUNHADO

ESPOSA FILHO

FILHO ADOTIVO
FILHA

GÊMEOS GENRO IRMÃO JOVEM

MADRASTA MÃE

MADRINHA MARIDO NAMORADO


NOIVO/A
MENINO / MENINA NORA

PADRASTO PRIMO SOBRINHO

SOLTEIRO SOGRA/O TIO/A VELHO VIZINHO

Veja o vídeo para ter esses sinais com expressão e movimento.


https://drive.google.com/folderview?id=0BwxR4YjIWydiNTFkLXJneFZpWDg&usp=sharing
Unidade 9 - Noções de tempo e Calendário

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:

- Aprender que podemos dar ao indivíduo surdo a exata noção de localização


dos fatos no tempo, usando os sinais de presente, passado, futuro, dias da semana,

meses do ano e outros a eles relacionados. Assim podemos comunicar a eles sobre

todos os fatos e como localizá-los corretamente na linha do tempo.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Nesta unidade estaremos vendo especificamente os sinais relativos à Calendário.

SINAIS DE CALENDÁRIO E NOÇÕES DE TEMPO

CALENDÁRIO DOMINGO SEGUNDA- TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA

FEIRA

QUINTA-FEIRA SEXTA-FEIRA SÁBADO FÉRIAS ESTAÇOES DO


ANO
VERÃO OUTONO
PRIMAVERA

INVERNO MÊS JANEIRO FEVEREIRO M

A R Ç O ABRIL

M A I O JUNHO

J U LHO AGOSTO
SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO DIARIAMENTE

ANO ANO QUE VEM ANO NOVO

AMANHÃ ONTEM HOJE MANHÃ TARDE

NOITE PASSADO DIA JÁ AGORA

FERIADO ANTES DEPOIS FUTURO

HORAS MINUTOS
Unidade 10 - Verbos e Lugares

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:

- Conhecer os sinais de verbos e lugares para, a partir deles, iniciar uma


comunicação mais estruturada com o indivíduo surdo.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Nesta unidade estaremos vendo especificamente os sinais relativos a


Verbos e Lugares.

Verbos:

FAZER FALAR CONVERSAR QUERER

RECEBER APRENDER OBEDECER/RESPEITAR


CONSEGUIR PERGUNTAR LER EVITAR

LEVAR ACREDITAR / CONFIAR DUVIDAR

PEDIR ACABAR PRECISAR

BEIJAR 1 BEIJAR 2 SOLETRAR VIAJAR

RESPONDER SENTAR PROCURAR


MORAR FICAR ESTAR

TER NÃO TER CANTAR COMEÇAR

PROIBIR ENCONTRAR CONFIRMAR

TENTAR/ EXPERIMENTAR RIR GRITAR CHORAR

GOSTAR AMAR DAR DAR-ME

AJUDAR-ME CONTAR/DIZER OUVIR/OUVINTE VIVER


DOER SENTIR TRABALHAR COMER

BEBER RESPIRAR VERBOS

LUGARES ACADEMIA DE GINÁSTICA ACAMPAMENTO

AEROPORTO CADEIA CASA


CEMITÉRIO CINEMA C L

I N I C

A ELEVADOR ESCOLA

FARMÁCIA FEIRA HOSPITAL

HOTEL IGREJA

LOJA PADARIA/PÃO
PARQUE DE DIVERSÃO POSTO DE GASOLINA PRAÇA

RESTAURANTE RODOVIÁRIA

SHOPPING SUPERMERCADO TEATRO

Veja o vídeo para ter esses sinais com expressão e movimento.


https://drive.google.com/folderview?id=0BwxR4YjIWydiNTFkLXJneFZpWDg&usp=sharing
Unidade 11 – Entendendo e Utilizando a Estrutura da Língua Brasileira de Sinais.

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:

- Aprender a estruturar a linguagem em sinais, utilizando-os em frases


completas, com a combinação dos verbos, seguindo a gramática própria da Libras,

fazendo com que o indivíduo surdo seja capaz de criar uma imagem mental que lhe

proporcionará uma real compreensão do que lhe é comunicado, e do mundo que o


cerca.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Como já dissemos anteriormente, a LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais, é uma

língua com estruturação, regras e gramática próprias e não uma simples tradução do
Português.

Em alguns lugares, intérpretes mau preparados, utilizam os sinais desta forma,


criando uma versão estereotipada dos sinais, que não corresponde à forma como os

surdos a utilizam na sua comunicação, criando o que chamamos de Português


Sinalizado, e que devemos evitar utilizar, a não ser que estejamos sinalizando uma aula

de Língua Portuguesa.
O Português sinalizado para Goldfeld (1.997), significa,

“Língua artificial que utiliza o léxico da língua de sinais com a estrutura


sintática do Português e alguns sinais inventados, para representar
estruturas gramaticais do português que não existem na língua de
sinais.”

Confusão!!!
Para entender a utilização da estrutura da LIBRAS, devemos ter em mente que o

indivíduo surdo é visual, ou seja, compreende o mundo através daquilo que consegue
captar pela visão, por este motivo, seu pensamento não se processa por palavras, como

os nossos, pessoas que ouvimos, ou seja ouvintes.


O surdo necessita formar uma imagem mental para que consiga compreender o

que lhe está sendo dito.


O que entendemos por língua na tradução?

“Numa perspectiva discursiva, podemos dizer que não é o texto original que
serve de base para que se produza o texto da tradução, mas a imagem que o
tradutor faz, não apenas do texto original, mas também do lugar do autor, do
lugar do leitor, do seu próprio lugar, da imagem que faz de outros discursos,
etc .” MITTMANN, 2.003.

BUSCANDO CONHECIMENTO

Para entender melhor:

Estrutura gramatical da Língua Portuguesa:

A MENINA VIU A FLOR.


SUJEITO VERBO COMPLEMENTO
ESTRUTURA DA LIBRAS:

FLOR MENINA VIU


COMPLEMENTO SUJEITO VERBO

ESTRUTURA VISUAL.

Estrutura gramatical para pergunta

Na construção de perguntas em Libras é muito comum que o pronome interrogativo


apareça ao final da sentença e que aconteça ao mesmo tempo desse sinal, o movimento de
cabeça para cima e o franzir das sobrancelhas. (ALBRES, 2008, p. 30)

Como nas frases abaixo:

VOCÊ QUERER O-QUE?


VOCÊ ESTUDAR O-QUE?
VOCÊ GOSTAR O-QUE?
VOCÊ COMER O-QUE?
Em algumas situações pode acontecer o fenômeno de aglutinação da expressão
interrogativa ao verbo da sentença. Isso quer dizer que o sinal interrogativo O-QUE e
ONDE podem ser omitidos, mas o movimento de cabeça e a expressão facial permanecem
sobrepostos, agora ao verbo.

VOCÊ QUERER?
VOCÊ COMER?
VOCÊ TRABALHAR?
VOCÊ MORAR?
Fonte: disponível em http://csslibras.blogspot.com.br/ 18/06/2014.
Unidade 12 – Entendendo o que são os Classificadores

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:

- Conhecer o conceito de classificador, e as suas funções dentro da gramática da


LIBRAS.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Um classificador (CL) é uma forma que estabelece um tipo de concordância em


uma língua. Nas línguas do mundo as classificações podem se manifestar de várias

formas. Podem ser: numa desinência, como em português, que classifica os


substantivos e os adjetivos em masculino e feminino: menina - menino; pode ser uma

partícula que se coloca entre as palavras; e ainda pode ser uma desinência que se
coloca no verbo para estabelecer concordância. Na LIBRAS, os classificadores são

formas representadas por configurações de mãos que, relacionadas à coisa, pessoa e


animal, funcionam como marcadores de concordância. Assim, na LIBRAS, os

classificadores são formas que, substituindo o nome que as precedem, pode vir junto
ao verbo para classificar o sujeito ou o objeto que está ligado à ação do verbo.

Portanto os classificadores na LIBRAS são marcadores de concordância de gênero:


PESSOA, ANIMAL, COISA.

Os classificadores para PESSOA e ANIMAL podem ter plural, que é marcado ao


se representar duas pessoas ou animais simultaneamente com as duas mãos ou

fazendo um movimento repetido em relação ao número.


Os classificadores para COISA representam, através da concordância, uma característica

desta coisa que está sendo o objeto da ação verbal.


EXEMPLOS: Ver os vídeos

1) MESA COLOCAR (copo, prato, talher...

2) CARRO (mover um atrás do outro)


3) M-A-R-I-A A-L-E-X (passar um pelo outro)

BUSCANDO CONHECIMENTO

Portanto não se deve confundir os classificadores, que são algumas


configurações de

mãos incorporadas ao movimento de certos tipos de verbos, com os adjetivos


descritivos que, nas línguas de sinais, por estas serem espaços-visuais, representam

iconicamente qualidades de objetos.


Por exemplo, para dizer nestas línguas que “uma pessoa está vestindo uma blusa

de bolinhas, quadriculada ou listrada”, estas expressões adjetivas serão desenhadas no


peito do emissor, mas esta descrição não é um classificador, e sim um adjetivo que,

embora classifique, estabelece apenas uma relação de qualidade do objeto e não


relação de concordância de gênero: PESSOA, ANIMAL, COISA, que é a característica

dos classificadores na LIBRAS, como também em outras línguas orais e de sinais.


Muitos classificadores são icônicos em seu significado pela semelhança entre a

sua forma ou tamanho do objeto a ser referido. Às vezes o CL refere-se ao objeto ou


ser como um todo, outras se refere apenas a uma parte ou característica do ser.

(FERREIRA BRITO, 1995).

Verbos Classificadores

A configuração de mão é uma marca de concordância de gênero: PESSOA, ANIMAL ou


COISA. Verbos que possuem concordância de gênero são chamados de verbos

classificadores porque concordam com o sujeito ou objeto da frase. Como, por


exemplo, os verbos CAIR e ANDAR/MOVER que, dependendo do sujeito da frase, terá

uma configuração para concordar com a pessoa, a coisa ou o animal:

EXEMPLOS: ver os vídeos

CAIR (pessoa, lápis, papel, carro, copo...).

VERBOS CLASSIFICADORES:

CAIR: PESSOA, PAPEL, LÁPIS, COPO.CARRO


ANDAR: PESSOA, DUAS PESSOAS, VÁRIAS PESSOAS. ANDAR EM FILA.

CACHORRO, CAVALO, PÁSSARO, COBRA, CARRO. ENGARRAFAMENTO.


CORTAR: CABELO, UNHA, ROUPA, PAPEL, ÁRVORE, CORTAR COM FACA, OPERAR.

ANDAR (pessoa, carro, animal...).

ABRIR (gaveta, porta, olho, boca...).

Os sinais para meios de transporte podem também ser utilizados na função de verbo. O

transporte se torna o instrumento da ação:


Ver os vídeos: https://drive.google.com/folderview?id=0BwxR4YjIWydiNTFkLXJneFZpWDg&usp=sharing

GUIAR-BICICLETA
GUIAR-MOTO

DIRIGIR-CARRO
DIRIGIR-CAMINHÃO

DIRIGIR-ÔNIBUS

Na unidade a seguir conheceremos melhor os tipos de classificadores e a utilização


correta de cada um.
Unidade 13 – Os Classificadores de Intensidade e Verbais.

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
- Conhecer as formas de concordância em LIBRAS, como fornecer à pessoa com

surdez, as imagens mentais necessárias para a compreensão da linguagem e a

aquisição de conhecimentos.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Vimos até agora, que a LIBRAS, como uma língua constituída, possuí regras
gramaticais próprias, que diferem bastante dos outros idiomas.

À primeira vista, podemos ter a impressão equivocada, de que essa estrutura,


por não possuir conjugação verbal, elementos de ligação (conectivos) e outros

elementos de concordância, que se trata de uma Língua mais pobre que as demais.
Porém isso não é verdade!

Como então construímos as estruturas gramaticais dentro da Língua?


Utilizando os Classificadores.

Os classificadores são utilizados para “caracterizar” os verbos, dar intensidade


aos sinais, plural, descrição, etc.

Vamos conhecer os tipos de classificadores existentes e a seguir ver exemplos de sua


utilização.
BUSCANDO CONHECIMENTO

TABELA DE CLASSIFICADORES

CL-D Classificador Descritivo: refere-se ao tamanho e forma. Usualmente produzido


com ambas as mãos para formas simétricas e assimétricas (não descreve posição ou
movimento). Exemplo:
- A forma e o desenho de um vaso;
- Desenho de um papel de parede;
- A altura e largura de uma caixa;
- A descrição da roupa ou itens que estão no corpo.

CL-ESP Classificador que especifica o tamanho e forma de uma parte do corpo.


Descreve tamanho, textura e forma do corpo de animais ou pessoas (não descreve
posição ou movimento). Exemplo:
- As orelhas de um elefante;
- Bicos de aves diversas,
- Nariz de uma pessoa;
- Pêlo de gato;
- Penteado de uma pessoa;

CL-PC Classificador de uma parte do corpo. Retrata uma parte especifica do corpo em
uma posição determinada ou fazendo uma ação. A configuração da mão retrata a
forma de uma parte do corpo (descreve posição ou movimento).
- A ação da boca do hipopótamo;
- As orelhas de um cavalo em movimento;
- Os olhos de alguém em movimento;
- A cabeça de alguém repousando no seu ombro;
- Ação dos pés andando na lama;
- A posição das pernas de alguém sentado em uma cadeira.

CL-L Classificador Locativo: descreve um objeto em um lugar determinado. A


configuração da mão pode retratar uma parte ou o objeto todo ironicamente. Exemplo:
- Uma prateleira onde estão copos ou livros;
- Chão onde caiu um lápis;
- A cabeça de alguém batida por uma bola;
- Alvo onde voa uma flecha;
- Gol onde entra uma bola.

CL-I Classificador Instrumental: mostra como se usa alguma coisa, ou seja,


manipulando um objeto. Exemplo:
- Carregando um balde pela alça;
- Puxando uma gaveta;
- Tocando a campainha da porta;
- Virando uma página;
- Limpando com um pano.

CL- C Classificador do Corpo: é similar ao CL-L, porém não mostra nem a manipulação
nem o toque aos objetos. Exemplo:
- Acenando com a mão para alguém;
- Atravessando os braços com beijos espichados;
- Coçando a cabeça com perplexidade;
- Movendo os braços como em correr.

CL-P Classificador Plural: Indica movimento ou posição de um número


determinado/indeterminado de objetos, pessoas ou animais. Exemplo:
- Três pessoas andando juntas (numero determinado);
- Pessoas sentadas na plateia;
- Uma fila cumprida de pessoas avançando lentamente;
- Muitos carros estacionados na rua.

CL-E Classificador de Elemento: descreve o movimento de elementos ou coisas não


sólidas. Exemplo:
- Água gotejando na torneira;
- Luz piscando como sinal de advertência;
- O movimento de um líquido num copo;
- O vapor subindo de uma xícara de chá quente.

CL-N° CL-NOME Esses classificadores utilizam a configuração de letras ou


números, mas não são partes de uma descrição. Exemplo:
- Números e nome na camisa de futebol;
- Um título de um livro;
- Insígnia em um boné;
- Uma sigla escrita na porta de um banco.

Ver os vídeos: https://drive.google.com/folderview?id=0BwxR4YjIWydiNTFkLXJneFZpWDg&usp=sharing

Estrutura de frases visuais em Libras:


FLOR MENINA VIU

CASA AMARELA EU MORO

SHOPPING CINEMA AMANHÃ EU VOU


VOCÊ, EU SAUDADE MUITA.

MOTO AQUELA, BONITA MUITO.

CLASSIFICADORES DE INTENSIDADE:
BONITO - BONITO MUITO
SAUDADE - SAUDADE MUITA
CANSADO – CANSADO MUITO
CARO – CARO MUITO.
TRABALHO – TRABALHAR MUITO
FRIO – FRIO MUITO.

Ver o vídeo: https://drive.google.com/folderview?id=0BwxR4YjIWydiNTFkLXJneFZpWDg&usp=sharing


Unidade 14 – Transmitindo sentimentos e emoções em LIBRAS.

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:

- Saber como utilizar corretamente os parâmetros da LIBRAS para transmitir


sentimentos, utilizando principalmente a expressão facial/corporal.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Nossas conversas sempre são carregadas de emoções. Essa aula nos ensinará
como expressar nossas emoções através das libras.

Como já dissemos em capítulos anteriores, nas línguas orais, transmitimos nossas


emoções através, principalmente da entonação da voz.

Temos uma maneira peculiar de nos dirigirmos a uma criança, de forma mais
carinhosa, a um animalzinho de estimação e ao contrário, quando estamos numa

situação adversa, nossa impostação de voz, se altera drasticamente, demonstrando


indignação, irritação, braveza, etc.

Na LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais, utilizamos os cinco parâmetros,


principalmente a expressão facial/corporal, para a transmissão dos sentimentos.

Por isso este parâmetro em particular, tem uma importância fundamental, pois a
expressão facial/corporal funciona como a entonação da voz, dando vida aos sinais.

Primeiramente, é importante conhecer os sinais que significam as emoções e aspectos


da personalidade:
Ver os vídeos: https://drive.google.com/folderview?id=0BwxR4YjIWydiNTFkLXJneFZpWDg&usp=sharing

ALEGRE, TRISTE, FELIZ, ORGULHOSO, LEGAL, ANSIOSO, CIÚMES, RAIVA, ÓDIO,

FOFOQUEIRO, DOENTE, NERVOSO, HUMILDE, ESTRANHO, INVEJA, BOBO, ESNOBE,


MEIGO, CARINHOSO, CURIOSO, PREGUISOSO,MEDO, SIMPÁTICO, EDUCADO,

ADMIRADO, RESPONSÁVEL, TEIMOSO. PAQUERADOR, SAFADO, ANSIOSO, NERVOSO,


CHATO.

Veja no vídeo estes sinais em movimento.


https://drive.google.com/folderview?id=0BwxR4YjIWydiNTFkLXJneFZpWDg&usp=sharing

BUSCANDO CONHECIMENTO

Vamos agora trabalhar com frases e um pequeno texto, demosntrando o uso desses

sinais. Não se esqueça de que estaremos utilizando a estrutura gramatical da LIBRAS.

EU ANIVERSÁRIO, FESTA, FELIZ MUITO.


NOSSA!!! CARRO NOVO, LINDO!!!!!

MENINO CURIOSO MUITO!


CACHORRO VELHINHO, DOENTE, MORREU, EU TRISTE.

HOMEM AQUELE, MUITO ESTRANHO!


PROVA AMANHÃ DIFÍCIL, EU ANSIOSO, NERVOSO.

MOÇO, NAMORADO SEU, PAQUERADOR, SAFADO!!!!


TROVÃO, BARULHO, RAIOS, EU NÃO GOSTO, MEDO TER.

MENINA AQUELA, ORGULHOSA, ESNOBE, CHATA MUITO.


TELEVISÃO EU VI, HOMEM MATOU OUTRO PORQUE RAIVA, ÓDIO, MUITO. PERDÃO

CORAÇÃO, NÃO TEM.


AMIGO MEU, PESSOA BOA, CARINHOSO, RESPONSÁVEL, LEGAL!

MULHER, JANELA TODO DIA, PREGUIÇOSA, FAZ NADA, FOFOQUEIRA.


VEJA ESTES SINAIS EM MOVIMENTO NO VÍDEO.
https://drive.google.com/folderview?id=0BwxR4YjIWydiNTFkLXJneFZpWDg&usp=sharing

PARA ILUSTRAR AINDA MAIS ESTA UNIDADE QUE TRATA DE UM ASSUNTO TÃO
IMPORTANTE, VAMOS VER A TRADUÇÃO DE UMA MÚSICA, PRIMAVERA DE TIM MAIA

EM VÍDEO.
Unidade 15 – Gírias e Expressões idiomáticas.

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:

- Conhecer alguns regionalismos, gírias e expressões idiomáticas, que


caracterizam ainda mais a LIBRAS como língua.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Fonte: http://educandosurdo.blogspot.com.br/2012/07/existem-girias-ou-expressoes.html, em 24/06/2014.


Algumas pessoas podem achar que isso provocará confusões entre os surdos e entre

pessoas que se comunicam em LIBRAS, mas não é verdade!


Da mesma forma que no Brasil todos se comunicam em Português, mas existem

expressões características de cada região tais como “mainha” na Bahia, “trem” e “uai”
em Minas Gerais, “guri” no Sul, etc, estes termos regionais não impedem a

comunicação entre os moradores das várias regiões. Existem também palavras que
significam uma mesma coisa e que variam de região para região, como “aipim” no Rio

de Janeiro, “mandioca” em São Paulo e “macaxeira” no nordeste. A princípio, isso pode

até causar certa confusão, porém somos capazes de aprender as palavras que tem o
mesmo significado e nos entender perfeitamente.

Assim também acontece na LIBRAS, e seus usuários, assim como ocorre no


Português, também aprendem sinais diferentes quando visitam regiões diferentes do

Brasil e conseguem se comunicar de forma eficiente.


Isso só caracteriza a LIBRAS ainda mais como Língua viva e crescente em nosso

meio.

BUSCANDO CONHECIMENTO

As gírias são a parte mais interessante do discurso em Libras. É justamente nele


que se manifesta o universo metafórico da língua, no qual os sinais são "manipulados"

de forma a seduzir, enganar, disfarçar, determinar... Testemunhamos o riquíssimo


universo da polissemia e polifonia da língua da forma mais rica e diversa, em um

contínuo de relações e situações determinadas pelo contexto, pelas expectativas dos


interlocutores.

Existem muitos exemplos corriqueiros, bastante conhecidos nas línguas faladas,


em que se usam gírias para se referir a garotas ou rapazes bonitos: "gato", "gostosa",

"de cair o queixo"; ou quando precisamos informar necessidades fisiológicas como: "ir
ao banheiro", "fazer xixi", "apertado" etc.
Sejam faladas ou sinalizadas, as gírias são semanticamente bastante

semelhantes.
O que mais fascina na Libras são os artifícios usados pelos surdos para escapar

dos olhos dos demais membros do grupo, em momentos em que necessitam


endereçar mensagens subliminares, ou secretas, a algum interlocutor. Pela visualidade

que é inerente à sinalização, inúmeros sinais "discretos" são criados, reduzindo-se o


espaço da sinalização ou o ponto de articulação de modo a não deixar pistas aos

bisbilhoteiros.

Por exemplo, se em uma roda de adolescentes surgem temas tabus como sexo
ou masturbação, é comum que eles modifiquem os sinais usados convencionalmente.

Da mesma forma, se uma menina quer confidenciar a outra que vai menstruar e há
meninos por perto, ela muda a forma de sinalizar, usando um sinal "disfarçado".

Quando se quer falar de alguém que está presente, usam-se mecanismos


conversacionais de indicação disfarçada ou relações espaciais em que se estabelece

uma localização neutra no espaço para o "dito cujo", mesmo que ele esteja presente,
passando-se a enunciar indicando aquele ponto no espaço, sem que ninguém saiba de

quem, exatamente, se fala.São fartos, também, os exemplos de gírias que têm como
sentido "tô nem aí com você", "qual é a dele?", "você me sacaneou", "tá me enrolando",

"fiquei com o rabo entre as pernas", e assim por diante, que nada têm a ver com os
sinais convencionais. Alguns são até modificados para a adequação discursiva.

Outros sinais são "intraduzíveis" isoladamente, pois uma mesma forma pode
indicar inúmeros sentidos a depender do contexto. Um exemplo é o sinal em que a

configuração de mão com o dedo médio colocado no topo da cabeça, acompanhado


de uma expressão facial característica (mau humor, surpresa), pode significar "tô na

minha", "que mico", "tô boiando" e assim por diante.


Enfim, a riqueza da Libras repousa justamente nesses elementos que

chamaríamos extra linguísticos nas línguas faladas, mas que constituem a estrutura
gramatical, semântica e discursiva da língua de sinais: movimentos de sobrancelhas,

jogo de olhares, menear de ombros e de cabeça, "balanço" ao sinalizar, leveza ou


ênfase no movimento, duração do olhar ou do movimento no ar, maior ou menor

amplitude do espaço de sinalização. Ou seja, um universo quase desconhecido para


aqueles que ainda não experimentaram constituir sentidos com palavras-imagens.

Sueli Fernandes é linguista, assessora técnico-pedagógica do Departamento de


Educação Especial da Secretaria de Estado da Educação do Paraná e colaboradora do

projeto Libras é Legal.

Vamos então conhecer algumas gírias e regionalismos da LIBRAS:

Ver vídeos: https://drive.google.com/folderview?id=0BwxR4YjIWydiNTFkLXJneFZpWDg&usp=sharing

ESTRANHO

DEIXAR DE “AR”.
LEVAR O CANO

AZAR
Não ter CAMINHO NA VIDA.

FICAR COM “O RABO ENTRE AS PERNAS”;


LEGAL - SP

PEIXE – PESSOA QUE TEM O ROSTO FEIO, MAS O CORPO BONITO.


SE LIGA – SINAL DE TOMADA.

SE VIRA –
TÔ NEM AÍ-

ESQUENTADO – NERVOSINHO.
VERDE – RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO

AZUL – RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO


VOCÊ ME SACANEOU

TÔ COM PREGUIÇA.
I LOVE YOU – LÍNGUA AMERICANA DE SINAIS – ALS. SINAL BASTANTE UTILIZADO NO

BRASIL.
Unidade 16 – Conhecendo um pouco do Signwriting – a LIBRAS na forma escrita.

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:

- Conhecer e se familiarizar com a forma escrita internacional das Línguas de


Sinais: o Signwriting.

ESTUDANDO E REFLETINDO

A palavra em inglês, “SignWriting” significa “Escrita de Sinais” no Brasil.


O SignWriting é um sistema de escrita para escrever línguas de sinais. Essa

escrita expressa as configurações de mãos, os movimentos, as expressões faciais e os


pontos de articulação das línguas de sinais. Já são mais de 40 países que utilizam esse

sistema deSignWriting em escolas, universidades, associações e áreas ligadas à


comunidade surda.

O SignWriting pode registrar qualquer língua de sinais do mundo sem passar


pela tradução da língua falada. Cada língua de sinais vai adaptá-lo a sua própria

ortografia.

Para escrever em SignWriting é preciso saber uma língua de sinais, como a LIBRAS.

Por que escrever em sinais?


Além disso, a escrita é a principal forma de se preservar uma língua.

As línguas que desapareceram, até hoje, tiveram esse destino pela falta de registros
escritos. A escrita, registra,preserva uma língua. Assim, segundo Costa (sd), os surdos

precisam escrever nas suas línguas de sinais:

(…) “como os ouvintes o fazem utilizando os diferentes alfabetos inventados


para as diversas línguas orais. Todos sabem a importância da invenção da
escrita para o desenvolvimento da cultura da humanidade. Os surdos e as
comunidades surdas também precisam dar esse salto”. (Costa In Stumpf, sd, p.
3).

Nesta lógica, torna-se essencial existir um registro da língua que não seja apenas
fotográfico, isto é, através de imagens.

Sem dúvida, a escrita abre novas possibilidades para uma língua e não é
diferente no casa da língua de sinais. Desde 1974, quando foi inventado o sistema

conhecido como SignWriting temos presenciado esta possibilidade.


Hoje presente em mais de 40 países, esse sistema é capaz de registrar todas as

características das diferentes línguas de sinais ao redor do mundo, dando assim um


novo status a elas e abrindo novas possibilidades em diversas áreas do conhecimento.

É inegável o benefício para o surdo ao aprender a ler e escrever primeiro em seu


próprio idioma. Este conhecimento servirá de base para o aprendizado de um segundo

idioma, no caso do Brasil, o Português.

Criado em 1974 por Valerie Sutton, a escrita de sinais com


o sistema SignWriting vem ganhando cada vez mais
usuários. No Brasil desde 1997 vem sendo utilizada na
educação de surdos e pesquisa. Já existem algumas obras
literárias produzidas no Brasil em Libras escrita em
SignWriting, títulos como Uma Menina Chamada
Kauana, Cinderela Surda, Rapunzel Surda, entre outras.

Valerie Sutton
Site Oficial www.signwriting.org

Aqui no Brasil, o uso da escrita em sinais através deste sistema, teve início em 1996.
BUSCANDO CONHECIMENTO

Através do computador, o SignWriting começou a se tornar muito mais popular

nos Estados Unidos. Hoje em dia, o sistema de escrita de sinais não tem mais a mesma
forma que o sistema criado em 1974. O sistema evoluiu muito ao longo dos anos. O uso

do sistema determinou as mudanças envolvendo várias pessoas nesse processo.


De acordo com Giraffa, Santarosa e Campos (2000), o sistema SignWriting é

definido por três estruturas básicas: a posição de mão, o movimento e a forma de

contato. As posições básicas de mão são:

Fonte: http://www.porsinal.pt/index.php?ps=artigos&idt=artc&cat=15&idart=255, em 24/06/2014.


Fonte: http://www.porsinal.pt/index.php?ps=artigos&idt=artc&cat=15&idart=255, em 24/06/2014.

Fonte: http://www.porsinal.pt/index.php?ps=artigos&idt=artc&cat=15&idart=255, em 24/06/2014.

A partir dessas estruturas básicas foram criadas várias formas de registro,


incluindo movimentos e até as expressões faciais.

Seguem exemplos desses registros:


Fonte: http://renata-libras.blogspot.com.br/2013/10/o-signwriting-ou-sistema-sutton-ou.html, em 24/06/2014.

Para saber mais sobre o assunto, consulte o site oficial: WWW.signwritng.org


Unidade 17 – O surdo incluído no processo educacional atual.

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:

- Conhecer e discutir os vários aspectos envolvidos na inclusão dos alunos


surdos no sistema educacional vigente no Brasil.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Já vimos em unidades anteriores que a Lei 10.436/02, reconheceu e oficializou a


LIBRAS como língua e a tornou o segundo idioma brasileiro.

Vimos também, que o decreto 5.626/05, regulamentou e deixou claras as


normativas para que seu uso seja viabilizado em todo o território nacional,

principalmente nos campos de acessibilidade e educacional.


Porém, muito ainda falta para que haja um consenso em como o aluno surdo

deva ser educado, gerando várias vertentes.


Além da eterna discussão entre oralistas e bilinguistas, mesmo entre as pessoas

que defendem o uso da LIBRAS na educação dos surdos, tem dúvidas em qual o
melhor meio de fazê-la.

Alguns acreditam que a simples presença de um profissional intérprete em Libras


acompanhando o aluno surdo na sala de aula, resolveria todos os problemas em sala

de aula.
Ora, essa presença com certeza é essencial para que o aluno tenha acesso aos

conteúdos escolares em sua própria língua, porém, isoladamente, é totalmente


insuficiente para que a aprendizagem ocorra com sucesso.

Existem uma série de outros procedimentos necessários para se garantir que o


aluno possa ser atendido adequadamente: adaptações curriculares, recursos didáticos e
metodológicos visuais, informações sobre surdez e o uso da Língua de Sinais, por parte

dos professores, coordenadores e todos os envolvidos neste processo.


Entre os principais problemas encontrados hoje estão a presença ainda rara dos

intérpretes em sala de aula e a falta de informação por parte dos professores, sobre a
surdez e como utilizar recursos que sejam facilitadores da aprendizagem dos alunos

surdos, motivos que, infelizmente, nos levam a verificar que a maior parte das inclusões
de alunos surdos na rede regular é pouco responsável e obtém assim, pouco sucesso.

A maioria das escolas se mostram abertas à matrícula desses alunos, até por

força da Lei, discute suas condições na sua chegada, mas depois o insere em sua rotina,
sem grandes preocupações com sua comunicação ou aprendizagem.

Isso acontece devido a vários fatores, entre eles:


- a escola, muitas vezes não sabe ou não encontra respaldo na contratação de outros

profissionais necessários para apoiar o aluno neste processo;


- os professores, percebem que o aluno não evolui, mas por falta de conhecimento e

preparo, não sabem o que fazer;


- os alunos ouvintes, procuram acolher o aluno surdo, porém não sabem como se

relacionar com ele e acabam deixando-o de lado;


- apesar de não conseguir acompanhar aquilo que lhe é apresentado em sala de aula, o

aluno surdo simula estar acompanhando as atividades escolares, utilizando vários


subterfúgios, como copiar dos colegas, para que todos pensem que ele é capaz;

- a família, que muitas vezes também não tem as informações necessárias e nem outros
recursos a que recorrer, acha que seu filho está bem na escola.

Como resultado da junção de todos estes fatores, vimos que o aluno surdo pode
passar pela escola e receber o certificado de conclusão escolar, sem estar minimamente

preparado para alcançar conhecimentos, principalmente nas áreas de leitura e escrita. É


comum que concluam o nono ano com escrita e leitura compatíveis com alunos de

terceiro ano.
Essa realidade é gravíssima no Brasil e vem se repetindo ano após ano, gerando

toda uma geração de alunos surdos que podem ser considerados analfabetos
funcionais.

A presença do intérprete tem sim, uma função facilitadora, já que pelo menos
ele teria acesso aos conteúdos, isso quando o surdo conhece a LIBRAS suficientemente,

porém ainda assim, temos o fato de que ele continua sendo um estrangeiro na escola,
o único a utilizar uma língua diferenciada, num ambiente escolar todo pensado para as

necessidades de alunos ouvintes.

A questão do uso da língua é fundamental e uma vez que os demais alunos não
dominam a LIBRAS e nem o surdo o Português, a comunicação se limita a aspectos

muito básicos, que são erroneamente considerados como suficientes.


Muitas vezes, o próprio aluno surdo considera isto adequado, porque não tem

experiências com outras realidades de aprendizagem real.


Todavia, é tudo muito precário e longe do que seria esperado para qualquer

outro aluno da sua idade.


Outro aspecto importante é que, como qualquer outra criança, o aluno surdo

necessita de processos identificatórios de construção de valores sociais e afetivos


dentre outros, o que só é possível na convivência com outros surdos, principalmente,

mais velhos.
Também não podemos nos esquecer de que é na escola que todas as crianças

aprender a descrever, narrar, contar histórias, ampliando seu conhecimento linguístico,


experimentam regras de convivência social, estabelecimento de regras e limites

fundamentais para uma boa adaptação a vida em sociedade.


A maioria das crianças surdas são filhas de pais ouvintes que não conhecem a

LIBRAS, e por este motivo, o ambiente familiar não oferece muitas experiências
linguísticas facilitadoras, como acontece com as crianças ouvintes. Na escola, esta

experiência se repete, já que a forma como as informações são passadas, foi pensada
para alunos ouvintes.
Sendo assim, a criança surda está presente em sala de aula, mas perdendo

informações preciosas, sobre questões de linguagem, sociais e afetivas por não ser
usuária da mesma língua em que tudo acontece, mesmo com a presença de um

intérprete, pois, por melhor que seja este profissional, as informações lhe vão chegar de
forma filtrada.

Segundo TERUGGI, 2003, a criança surda tem um interlocutor único que usa uma
linguagem filtrada, escolar e própria para a tradução, sem outros modelos, sem trocas,

sem contato com tudo que circula em/no ambiente.

Trata-se, portanto de uma experiência restritiva, num momento fundamental do


seu desenvolvimento, que precisa ser considerada.

Então, qual seria a melhor solução?

BUSCANDO CONHECIMENTO

Para ver e compreender o que realmente se passa, alunos surdos e ouvintes,


professores que vivenciam essa realidade da inclusão, precisariam conhecer mais sobre

a surdez e a sua realidade e a forma como as relações acontecem na escola.


Essa realidade nos remete ao mito da caverna, de Platão, onde as pessoas, estão

presas a uma realidade, como se fosse a única a ser vista e necessitam de alguém que
lhes mostre o caminho da libertação.
Cabe a nós, profissionais da educação, os intépretes, envolvidos nesse trabalho,

aos pesquisadores, apontarmos os caminhos para que possamos enxergar uma nova
realidade educacional, que possa ser usufruída por todos.
Unidade 18 – A regulamentação da profissão do tradutor/ intérprete LIBRAS –

diferenças entre essas funções.

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
- Conhecer as leis recentes que regulamentaram essa profissão, código de ética

e pré-requisitos necessários para ser um tradutor/ intérprete de LIBRAS.

ESTUDANDO E REFLETINDO

A partir da Declaração de Salamanca (1994), o movimento de inclusão tem como

meta, não deixar nenhum aluno fora da rede regular de ensino, tendo como objetivo
principal, que a escola se adapte e se adeque aos alunos com necessidades especiais.

Inclusão significa então, que a escola deve assumir a educação de cada criança,
independente da sua origem, social, étnica ou linguística.

É dentro desta proposta que se insere a participação do profissional


intérprete/tradutor de LIBRAS, dentro do ambiente escolar, como forma de garantir o

acesso à educação dos alunos surdos que se utilizam de outra língua, a LIBRAS, como
forma de comunicação.

Essa nova forma de interação na sala de aula, coloca em dúvida o papel de cada
um na educação do aluno surdo: até onde vai a atuação do professor, onde começa e

acaba o papel do intérprete?


Assim de entrarmos nessa discussão vamos conhecer primeiramente, quais são

as leis que reconhecem e regulamentam a atuação desse profissional na área


educacional e outras.
BUSCANDO CONHECIMENTO

Diante da realidade da educação inclusiva nas escolas, muitos estados brasileiros

sentiram a necessidade de regulamentar a atuação desses profissionais.


O estado do Rio Grande do Sul capacita seus profissionais intérpretes, pela

FENEIS/RS e pela UFRGS, desde 1997.


Portanto esse estado pode ser considerado pioneiro nas discussões sobre a

atuação e na regulamentação desse profissional no ambiente escolar.

Inclusive, foi o primeiro estado a reconhecer a LIBRAS como língua, já em 2.000


antes mesmo de sua regulamentação em 2.002 e já defini o intérprete como “o

profissional capaz de possibilitar a comunicação entre surdos e ouvintes, por meio da


LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) para o Português e vice versa”.

Traduzir um texto de uma língua falada para uma língua sinalizada ou vice versa,
é traduzir um texto vivo, numa linguagem viva.

Deve haver um conhecimento para se poder dar ao texto fluidez e naturalidade,


ou solenidade e sobriedade, de acordo com as características do que se está

traduzindo.
Os intérpretes devem ter como pré-requisitos básicos:

- Saber as línguas envolvidas no processo tradutório;


- Entender as culturas em jogo;

- Ter familiaridade com o tipo de interpretação pretendida;


- Ter familiaridade, ou conhecimento prévio do assunto a ser traduzido.

É preciso adquirir o “espírito da língua estrangeira”.

Diante de toda essa problemática, em 2.001, foi realizado em Montevidéu, no

Uruguai, um encontro internacional sobre a atuação e formação dos intérpretes de


Línguas de Sinais na América Latina. Este encontro teve o apoio da Federação Mundial

dos Surdos.
Seguem abaixo algumas das principais considerações e recomendações feitas

nesse encontro:
a) Que a comunidade de pessoas surdas, seja consciente da importância de sua

própria língua e da atuação dos intérpretes profissionais.


b) Que exista reconhecimento da profissão e titulação do Intérprete da Língua

de Sinais.
c) Que se dê importância equivalente à Língua de Sinais e à Língua Oficial do

país.

d) Que se estimule e favoreça a garantia da aquisição das Línguas de Sinais


como primeira língua.

e) Que exista um trabalho conjunto da comunidade surda e intérpretes, na


formação de profissionais intérpretes e de futuros formadores de intérpretes.

f) Os usuários devem conhecer o código ético pelo qual se rege a


interpretação.

g) Que a Federação Mundial dos Surdos continue respaldando estes processos.

No Brasil, a Lei 12.319, de 1° de setembro de 2010, regulamenta a Profissão de


Tradutor/Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.

Esta Lei define em seu artigo 4° a formação que este profissional precisa ter,
ficando assim explicitado no texto da Lei:

“A formação do profissional tradutor intérprete de Libras – Língua


Portuguesa, em nível médio, deve ser realizada por meio de: I – cursos de
educação profissional reconhecidos pelo sistema que os credenciou; II Cursos
de extensão universitária; III – Cursos de formação continuada, promovidos por
instituições de ensino superior e Instituições credenciadas por Secretarias de
Educação”.
Parágrafo Único: A formação do Intérprete tradutor de Libras pode ser
realizada por organizações da sociedade civil, representativas da comunidade
surda, desde que o certificado seja convalidado por uma das instituições
referidas no Inciso III. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2010/Lei/L12319.htm
E continua de forma categórica e fundamental, definindo as funções e

atribuições destes profissionais:

o
“Art. 6 São atribuições do tradutor e intérprete, no exercício de suas
competências:
I - efetuar comunicação entre surdos e ouvintes, surdos e surdos, surdos e
surdos-cegos, surdos-cegos e ouvintes, por meio da Libras para a língua oral e
vice-versa;
II - interpretar, em Língua Brasileira de Sinais - Língua Portuguesa, as
atividades didático-pedagógicas e culturais desenvolvidas nas instituições de
ensino nos níveis fundamental, médio e superior, de forma a viabilizar o acesso
aos conteúdos curriculares;
III - atuar nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino e nos
concursos públicos;
IV - atuar no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim das
instituições de ensino e repartições públicas; e
V - prestar seus serviços em depoimentos em juízo, em órgãos administrativos
ou policiais.”
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12319.htm

Também se coloca de forma essencial os princípios éticos que devem nortear


aqueles que escolherem esta área de trabalho:
o
“Art. 7 O intérprete deve exercer sua profissão com rigor técnico, zelando
pelos valores éticos a ela inerentes, pelo respeito à pessoa humana e à cultura
do surdo e, em especial:
I - pela honestidade e discrição, protegendo o direito de sigilo da informação
recebida;
II - pela atuação livre de preconceito de origem, raça, credo religioso, idade,
sexo ou orientação sexual ou gênero;
III - pela imparcialidade e fidelidade aos conteúdos que lhe couber traduzir;
IV - pelas postura e conduta adequadas aos ambientes que frequentar por
causa do exercício profissional;
V - pela solidariedade e consciência de que o direito de expressão é um direito
social, independentemente da condição social e econômica daqueles que dele
necessitem;
VI - pelo conhecimento das especificidades da comunidade surda.”
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12319.htm
Esta Lei foi um importante avanço, no sentido de se terem garantidos os direitos

dos surdos em todas as áreas, funcionando o profissional intérprete como um


importante instrumento de acessibilidade dentro da sociedade, até que consigamos

chegar a um níve3l de conscientização, da população em geral, para a necessidade de


que todos os cidadãos sejam bilíngues, para que assim não hajam mais barreiras na

comunicação entre surdos e ouvintes e para que os surdos deixem de ser estrangeiros
em seu próprio país.

Utopia? Não acreditamos que deva ser, se a Língua Inglesa e por muitas vezes
até a Espanhola é ensinada nas escolas para que possamos nos comunicar com pessoas

estrangeiras, por que não privilegiar também brasileiros que necessitam de um outro
idioma, já reconhecido e regulamentado, incluindo a LIBRAS também como disciplina

curricular nas escolas de todo o país, para assim, desde cedo, ir mudando
mentalidades, desfazendo preconceitos e paradigmas, quem sabe num futuro próximo,

tenhamos escolas que realmente atendam as necessidades educacionais dos surdos e

os intérpretes nem sejam tão necessários assim.


Mas este ainda é um longo caminho a ser percorrido!
Unidade 19 – A função e atuação do tradutor/intérprete LIBRAS .

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:

- Conhecer as funções reais e as áreas de atuação em que este profissional pode


representar os interesses da comunidade surda do Brasil.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Em primeiro lugar, precisamos definir o porque do uso dessas duas


nomenclaturas: tradutor e intérprete. São denominações diferentes para uma mesma

função ou são funções diferenciadas?


Bem, na Lei essa diferenciação não aparece, mas usam-se as duas formas de

denominação em todo o texto.


Verificamos nos artigos 1° e 2°, o seguinte texto:

“Art. 1o Esta Lei regulamenta o exercício da profissão de Tradutor e


Intérprete da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS.
o
Art. 2 O tradutor e intérprete terá competência para realizar interpretação
das 2 (duas) línguas de maneira simultânea ou consecutiva e proficiência em
tradução e interpretação da Libras e da Língua Portuguesa.”
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12319.htm

Porém, nos meios ligados a esta área de atuação profissional, diferencia-se o


tradutor do intérprete da seguinte forma:

- Considera-se tradutor, aquele que tem conhecimento prévio do discurso que


deverá ser traduzido pela língua de sinais, oral ou escrita. Sendo que, neste último caso,

o profissional poderá ser também um surdo, que tenha um bom domínio da escrita ou
até mesmo do signwriting, que tenha acesso com antecedência ao conteúdo,

realizando assim uma tradução.


- Já o intérprete, como o próprio nome diz, realiza uma interpretação do

discurso, utilizando para isso os cinco parâmetros básicos, fazendo uma adaptação
daquilo que ouve na Língua Portuguesa ou oralizando aquilo que lhe é sinalizado, sem

a necessidade de um conhecimento prévio, nem de apresentar nenhum registro escrito.


É importante então, se ter em mente esta diferenciação de papéis e áreas de

atuação.
Discutiremos aqui, aquilo que nos é mais relevante, a atuação do intérprete,

principalmente na área educacional.

BUSCANDO CONHECIMENTO

Diante da prática da educação inclusiva, o profissional intérprete passa a atuar

dentro da sala de aula, espaço ocupado pelo professor e assim se cria uma relação até
então inexistente, qual é o espaço e até onde vai a atuação de cada profissional frente

ao aluno surdo?
Primeiramente é importante definir os papéis de cada um. Precisamos ter claro,

qual o papel do professor frente a toda turma de alunos.


É importante lembrar que os professores, sempre atuaram com turmas de alunos

homogêneas quanto a Língua utilizada, ou seja, tanto alunos como professores


compartilham de uma mesma língua. Acontece que hoje surge uma nova realidade,

onde estes professores se veem frente a frente com alunos que são estrangeiros em
seu próprio país e que não reconhecem a grafia da Língua Portuguesa como

representação de sua língua natural.


O educador tem papel decisivo na vida escolar de seus alunos. Cabe a ele

mediar os conhecimentos, por meio da interação com os alunos, assim como escolher a
metodologia mais adequada para atingi-los, gerando motivação e interesse pelo

conteúdo trabalhado, sempre voltado para o contexto da sala de aula. (MARTINS,


2.004).

A prática educativa é algo muito sério e o professor participa da construção de


seres humanos podendo ajudá-los ou prejudicá-los muito nessa trajetória, de acordo

com a sua atuação.


Sendo algo assim tão importante, a atividade de educador não pode ser

exercida por pessoas despreparadas, ou que possuem somente a formação necessária


para o domínio de uma determinada língua dentro da sala de aula, como é o caso do

profissional intérprete.
Porém, por lidar direta e tão intimamente com o aluno surdo, o intérprete tem

que tomar muito cuidado para não assumir um papel que na verdade, não é seu.
É preciso ter muito claro, que a função de ensinar é e sempre será do professor e

que o aluno surdo é sua responsabilidade, tanto quanto os demais.

Na verdade, quando nos referimos à aquisição dos conhecimentos o intérprete


atua como “mediador do mediador”, no caso o professor e não mediador entre o aluno

surdo e o conhecimento cultural, que muitas vezes, ele também não domina. Mas tal
condição, não o isenta da corresponsabilidade no processo de aprendizagem do aluno

surdo. (MARTINS. 2.004)

Fonte: http://cristianelibras.blogspot.com.br/2013/04/tils-tradutores-e-interpretes-da-lingua.html

Devemos atentar também ao fato de que, a simples inserção do intérprete na

sala de aula, não garante que sejam supridas outras necessidades do aluno surdo,
principalmente no que se refere às metodologias diferenciadas para que ela possa

atingir a compreensão para que o processo de aprendizagem ocorra.


O surdo, como um indivíduo que percebe o mundo, predominantemente pelo

canal visual, necessita então que sejam criadas experiências visuais na sala de aula para
que consiga criar as imagens mentais necessárias para sua compreensão, como já

vimos anteriormente.
Cabe ao professor, à responsabilidade de criar essas experiências, dentro dos

conteúdos que estão sendo trabalhados em sala de aula, a fim de proporcionar ao


aluno surdo a oportunidade do aprendizado ao mesmo tempo em que os outros

alunos da sala.

O que os professores precisam ter em mente é que, trazer outros recursos


visuais para a sala de aula, vídeos, maquetes, cartazes, etc., irão enriquecer suas aulas e

facilitar a aprendizagem não somente deste aluno especial, mas de todos os outros
alunos, que também ganharão muito com a incorporação desses materiais em sala de

aula.
Não se pode cair no equívoco de “delegar” o surdo ao intérprete, como se ele

fosse o único responsável por ele.


Cabe então ao intérprete, estabelecer uma relação de parceria com o professor

da sala de aula, sem competições ou restrições, tendo acesso ao conteúdo


antecipadamente, para que possa pesquisar e utilizar o vocabulário em LIBRAS de

forma adequada, também dar sugestões ao professor de como atingir o aluno surdo,
que recursos podem ser utilizados na sala de aula, como simplificar a linguagem, de

forma a ser mais compreensível, caso ele tenha dificuldades com a Língua Portuguesa,
etc.

Não podemos nos arriscar a que o professor pense que o intérprete dá “dicas”
para facilitar a vida do aluno em sala de aula e mascarar o seu desempenho.

Nem o professor pode culpar o intérprete, caso o aluno não apresente o


resultado esperado. Há muitos fatores envolvidos para que a aprendizagem realmente

ocorra, entre eles o relacionamento social com os demais alunos, que no caso do aluno
surdo, está sempre prejudicado, pois é uma relação intermediada e não natural.
Sabemos, portanto, que dificilmente o intérprete educacional executará uma

função puramente interpretativa, mas estará constantemente auxiliando no processo


educacional e terá uma importância fundamental para que isso realmente aconteça,

mas cuidando para que não sejam ultrapassados certos limites.


Deve-se ter em mente que a questão fundamental não é apenas traduzir os

conteúdos, mas torná-los compreensíveis e com sentido ao aluno. Nessa experiência, o


interpretar e o aprender estão totalmente unidos e o intérprete educacional, assume

conjuntamente a função de também educar o aluno.

Fonte: http://www.tambau247.com.br/uepb-abre-processo-seletivo-para-contratacao-de-interprete-de-libras/

Quebrar paradigmas, preconceitos quanto à surdez, a capacidade de

aprendizagem que o surdo tem quando lhe são permitidos os acessos a língua e as
técnicas adequadas, é a função de todos aqueles que tem conhecimento nessa área e

uma grande responsabilidade.


O grande número de surdos que podem ser considerados analfabetos

funcionais, os que evadiram da escola, e aqueles que nem chegaram a ter acesso a ela
por medo do fracasso, pesa sobre nossas cabeças e mudar essa triste realidade é

imperioso e urgente.
Unidade 20 – Cultura e Identidade surda.

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:

- Conhecer o que significa ter uma identidade e cultura surdas, quais são os
elementos que as compõe e a importância de se conhecer e respeitá-las.

ESTUDANDO E REFLETINDO

"A população surda global está estimada em torno de quinze milhões de


pessoas (Wrigley, 1996, p. 13), que compartilham o fato de serem linguística e

culturalmente diferentes em diversas partes do mundo. No Brasil, estima-se que, em


relação à surdez, haja um total aproximado de mais de cinco milhões, setecentos e

cinqüenta mil casos (conforme Censo Demográfico de 2000), sendo que a maioria das
pessoas surdas utiliza a língua brasileira de sinais (LIBRAS).” (Karnopp, 2008, p. 16,

Manual da disciplina de Libras EDU 3071 - digitalizado)

O que significa cultura surda?


Cultura surda é o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de

se torná-lo acessível e habitável ajustando-os com as suas percepções visuais, que


contribuem para a definição das identidades surdas e das “almas” das comunidades

surdas. Isto significa que abrange a língua, as ideias, as crenças, os costumes e os

hábitos de povo surdo. Descreve a pesquisadora surda:


[...] As identidades surdas são construídas dentro das representações possíveis
da cultura surda, elas moldam-se de acordo com maior ou menor
receptividade cultural assumida pelo sujeito. E dentro dessa receptividade
cultural, também surge aquela luta política ou consciência oposicional pela
qual o individuo representa a si mesmo, se defende da homogeneização, dos
aspectos que o tornam corpo menos habitável, da sensação de invalidez, de
inclusão entre os deficientes, de menos valia social. (PERLIN, 2004, p. 77-78)

Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis. Editora UFSC. 2008.
(p.24)

Sonhos de um mundo surdo:


Compreendendo o mundo surdo

Por anos, muitos têm avaliado de forma depreciativa o conhecimento pessoal

dos surdos. Alguns acham que os surdos não sabem praticamente nada, porque não
ouvem nada. Há pais que superprotegem seus filhos surdos ou temem integrá-los no

mundo dos ouvintes ou mesmo no mundo dos surdos. Outros encaram a língua de
sinais como primitiva, ou inferior, à língua falada. Não é de admirar que, com tal

desconhecimento, alguns surdos se sintam oprimidos e incompreendidos.

Em contraste, muitos surdos consideram-se “capacitados”. Comunicam-se fluentemente


entre si, desenvolvem auto-estima e têm bom desempenho acadêmico, social e

espiritual. Infelizmente, os maus-tratos que muitos surdos sofrem levam alguns deles a
suspeitar dos ouvintes. Contudo, quando os ouvintes interessam-se sinceramente em

entender a cultura surda e a língua de sinais, e encaram os surdos como pessoas


“capacitadas”, todos se beneficiam.
[...] uma cultura é um conjunto de comportamentos apreendidos de
um grupo de pessoas que possuem sua própria língua, valores, regras
de comportamento e tradições; uma comunidade é um sistema social
geral, no qual um grupo de pessoas vivem juntas, compartilham metas
comuns e partilham certas responsabilidades umas com as outras.
Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda.

Então entendermos que a comunidade surda de fato não é só de


sujeitos surdos, há também sujeitos ouvintes – membros de família,
intérpretes, professores, amigos e outros – que participam em
compartilham os mesmos interesses em comuns em uma
determinada localização. Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do
outro sobre a cultura surda. Florianópolis. Editora UFSC. 2008. (p.31)

BUSCANDO CONHECIMENTO

Para se conseguir um bom relacionamento com toda a comunidade surda é

essencial se respeitar a maneira como o surdo pensa e antes de qualquer coisa,


estabelecer uma boa comunicação tendo em vista que é importante, o claro e

apropriado contato visual entre as pessoas. É uma necessidade, quando os surdos se


comunicam. De fato, quando duas pessoas conversam em língua de sinais é

considerado rude desviar o olhar e interromper o contato visual.


E como captar a atenção de um surdo? Em vez de gritar ou falar o nome da pessoa

é melhor chamar sua atenção através de um leve toque no ombro ou no braço dela,
acenar se a pessoa estiver perto ou se estiver distante. Dependendo da situação,

podem-se dar umas batidinhas no chão (ele poderá sentir a vibração através do
corpo) ou fazer piscar a luz. Então, converse com o surdo olhando em seus olhos.

Para se fazer entender, não se envergonhe de apontar, desenhar, escrever ou


dramatizar. Utilize muito suas expressões faciais e corporais. Tais recursos são

importantes quando não há ainda domínio da língua de sinais. Esses e outros métodos
apropriados de captar a atenção dão reconhecimento à experiência visual dos Surdos e

fazem parte da cultura surda. Aprender uma língua de sinais não é simplesmente
aprender sinais de um dicionário. Muitos aprendem diretamente com os que usam a
língua de sinais no seu dia-a-dia — os surdos. Em todo o mundo, os surdos expandem

seus horizontes usando uma rica língua de sinais.


Outra importante conquista feita pelo povo surdo é a comemoração de seu dia,

o “Dia do Surdo”. Esta data é comemorada em muitos países, na maioria no mês de


setembro com variação de dias. Aqui no Brasil comemoramos o Dia do Surdo em 26 de

setembro, porque nesta data foi um marco histórico importante – foi fundada a
primeira escola de surdos no Brasil, o INES, que na época se chamava Instituto para

Educação de Meninos Surdos-Mudos. Nesta data o povo surdo comemora com muito

orgulho tendo sua cidadania reconhecida sem precisar se esconder embaixo de braços
de sujeitos ouvintistas, assim como reforça a Lopes (2000, p.11):

O dia do Surdo tem um significado simbólico muito importante. Ele representa


o reconhecimento de todo um movimento que teve inicio há poucos anos no
Brasil quando o Surdo passou a lutar pelo direito de ter sua língua e sua
cultura reconhecidas como uma língua e uma cultura de um grupo minoritário
e não de um grupo de “deficientes”. Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do
outro sobre a cultura surda. Florianópolis. Editora UFSC. 2008. (p.75-76)

Fonte:
http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo7/libras/unidade1/comunidade_culturasurda.htm
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