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GRUPO EDUCACIONAL FAVENI

MARIA NEILZA DOS SANTOS LUZ

DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

CAETANOS/BA
2022
GRUPO EDUCACIONAL FAVENI

MARIA NEILZA DOS SANTOS LUZ

DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

Trabalho de conclusão de
curso apresentado por
Maria Neilza dos Santos
Luz, como requisito
parcial à obtenção do
título especialista em
Educação Inclusiva e
Especial

CAETANOS/BA
2022
DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

Autor1, Maria Neilza dos Santos Luz

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que
o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído,
seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas
consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados
resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste
trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou
violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de
Serviços).

RESUMO- Este trabalho pretende apresentar a importância da inclusão de deficientes auditivos


no âmbito social, uma vez que a história nos esclarece como os surdos enfrentaram e ainda
enfrentam grandes desafios no Brasil, e a inclusão de pessoas com deficiência auditiva ainda
passam por muitas lutas pertinentes em nosso país. Pois mesmo sendo uma realidade o fato
do surdo obter alguns direitos no país, ainda existem muito a ser conquistado. Neste sentido o
desenvolvimento deste artigo visa trazer uma discussão a respeito dos direitos dessas
pessoas, como tem sido a inclusão dos surdos nos diversos ambientes sociais, quais medidas
foram adotadas para que os surdos tivessem acesso as escolas. Será abordado também à
língua dos sinais e suas funcionalidades como esta forma de comunicação têm ajudado na
melhoria do relacionamento dos surdos com as demais pessoas da sociedade.

PALAVRAS-CHAVE: Surdez. Inclusão. Deficiência auditiva.

INTRODUÇÃO

O presente artigo vem apresentar um tema muito importante na inclusão,


pois necessitamos discutir a deficiência auditiva com maior frequência, uma
vez que a sociedade ainda possui vestígios de preconceito e pouco interesse
de quando se trata dos assuntos relacionados aos surdos. Pensando abordar a
deficiência auditiva no aspecto geral na inclusão social, tendo em vista o foco
nas relações inclusivas no ambiente educacional e profissional, por meio de
estudos e pesquisas bibliográficas.
A surdez é um tipo de deficiência auditiva com perda parcial ou total do
sentido auditivo, tendo inúmeros fatores, a deficiência auditiva pode ser
genética, hereditária, envelhecimento, exposição a ruído, infecções,

1
neilzacaetanos@gmail.com
complicações na gestação e traumas físicos. São muitas pessoas no mundo
que possui essa deficiência, mais ou menos 466 milhões de pessoas. As
pessoas com surdez enfrentam inúmeros entraves para participar da educação
escolar, decorrentes da perda da audição e da forma como se estruturam as
propostas educacionais das escolas. Muitos alunos com surdez podem ser
prejudicados pela falta de estímulos adequados ao seu potencial cognitivo,
sócio afetivo, linguístico e político-cultural e ter perdas consideráveis no
desenvolvimento da aprendizagem.
O tema apresentado neste trabalho trata-se de uma pesquisa
bibliográfica, na qual estou recorrendo à pesquisa e leitura de artigos e livros
que irão promover o desenvolvimento deste trabalho e fomentar o
conhecimento das pessoas a respeito desta temática.
Muitas pessoas não entendem que existe uma pequena diferença entre
surdez e deficiência auditiva, nesse sentido pretendo realizar uma abordagem
sucinta para que possa esclarecer tais hesitações, bem como abordar os
direitos dos surdos, o que regem as leis a respeito dessa temática.
O objetivo deste trabalho é apresentar de forma sucinta e clara os
impactos da deficiência auditiva no indivíduo, as causas, direitos. Pois a falta
de conhecimento nos permite sermos indiferentes as pessoas que possui estas
deficiências.
Este tipo de pesquisa se faz importante para que possamos entender as
pessoas pertencentes no meio social em que vivemos, pois a falta de
conhecimento é a maior causa de exclusão social, em especial de pessoas que
tenham dificuldades ou deficiências em todos os contextos.
A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio de estudos e pesquisas,
na qual possibilitou o desenvolvimento desse trabalho, usando de leituras de
artigos, livros, foi possível conhecer e executar a discussão referente a essa
temática. No primeiro capítulo será realizada uma concepção sobre a
deficiência auditiva e surdez, para que possam entender a distinção referente a
cada uma. No segundo capítulo será abordada a questão da inclusão do
deficiente auditivo e sua participação na escola e sua educação. No terceiro
capítulo irei desenvolver as conquistas e as leis que atendem aos surdos, como
se deu essa conquista, por fim no quarto capítulo será realizada uma
explanação referente a língua de sinais e as mudanças que estas promoveram
para os deficientes auditivos.
DESENVOLVIMENTO

Deficiência auditiva e surdez

Deficiência auditiva é o nome usado para indicar perda de audição ou


diminuição na capacidade de escutar os sons. Qualquer problema que ocorra
em alguma das partes do ouvido pode levar a uma deficiência na audição. A
deficiência auditiva consiste na perda da percepção normal dos sons. Verifica-
se a existência de vários tipos de pessoas com surdez, de acordo com os
diferentes graus de perda da audição.
Para entendermos a diferença entre deficiente auditivo e surdo, é
importante considerarmos também o contexto sociocultural. Nesse sentido, a
Língua Brasileira de Sinais (Libras) é um componente essencial da nossa
cultura, que utiliza formas gestuais para a comunicação entre os integrantes da
comunidade de surdos. Esse fator cultural é o que determina a diferença entre
os dois grupos, pois identifica os indivíduos que não pertencem à comunidade
de surdos como deficientes auditivos. Considerando esse aspecto, o grau de
perda auditiva perde a importância na diferenciação, visto que a identidade
surda é um fator determinante, já que o deficiente auditivo não depende da
língua de sinais.
Ao contrário dos surdos, os deficientes auditivos são muito mais
próximos do mundo ouvinte. Em geral, essas pessoas perderam gradualmente
a audição e não utilizam a Libras. Grande parte delas se comunica por meio da
leitura labial e utiliza aparelhos auditivos ou implantes cocleares, bem como
recursos assistivos, como as legendas. Conforme verificamos, as diferenças
entre deficiência auditiva e surdez são identificadas por uma perspectiva
orgânica ou sociocultural. Lembrando que, no contexto sociocultural, o termo
“surdo” é utilizado para definir apenas a pessoa que pertence à comunidade
surda e utiliza a língua de sinais.
As primeiras iniciativas para a educação de pessoas com deficiências
surgiram na França em 1620, com a tentativa de Jean Paul Bonet de ensinar
mudos a falar. Foram fundadas em Paris as primeiras instituições
especializadas na educação de pessoas com deficiências: a educação de
surdos com o abade Charles M. Eppé, que criou o “Método dos Sinais” para a
comunicação com surdos. No Brasil, a primeira escola especial para surdos foi
criada, em 1857, o Instituto Imperial de Educação de Surdos, também no Rio
de Janeiro. Sob influência europeia, eles propagaram o modelo de escola
residencial para todo o País. O professor francês Hernest Huet (surdo aos 12
anos) fundou o Instituto Nacio nal de Surdos-mudos (INSM), como então era
conhecido o atual INES, com o apoio do Imperador D. Pedro II. Apenas surdos
homens eram atendidos nessa época e o instituto atuava apenas como um
asilo. Foi legalmente estabelecido pela Lei nº 939, de 26 de setembro de 1857.
Em 1880, aconteceu o Congresso Mundial de Professores de Surdos em
Milão, na Itália, Onde foi discutido qual seria o melhor método para a educação
dos surdos. Nesse congresso ficou resolvido que o melhor método era o oral
puro, sendo proibida a utilização da língua de sinais a partir desta data.
A partir daí, as crianças surdas, muitas vezes, tinha suas mãos amarradas para
trás e eram obrigadas a sentarem em cima das mãos ao irem para a escola,
para que não usassem a língua de sinais. Aristóteles (384-322 a.C), conforme
Guarinello (2007, p. 19), difundia que as pessoas surdas não podiam expressar
nenhuma palavra e que, para atingir a consciência humana, a audição era o
canal mais importante para o aprendizado. Seu veredito era de que os surdos
não eram treináveis. E esse conceito permaneceu por séculos sem
questionamentos. A crença do povo romano era de que, os surdos, por não
falarem, não podiam fazer testamentos e necessitavam de um curador para
tratar de todos os seus negócios. Assim, no passado, os surdos eram
considerados incapazes pelas sociedades.

De acordo com Rinaldi (1998), no final do século XV, não existiam


escolas especializadas para surdos, as pessoas ouvintes tentavam ensinar os
surdos a falar e a escrever, como, por exemplo, Giralamo Cardomo, italiano
que usava a linguagem escrita e sinais e o Padre espanhol beneditino Pedro
Ponce de Leon, que utilizava treinamento de voz, leitura dos lábios e sinais
com os surdos da época. A pesquisadora Guarinello (2007) também apresenta
alguns dados importantes no seu livro: “O papel do outro na escrita de sujeitos
surdos”, como por exemplo: No Brasil, a educação de surdos teve início no
governo Imperial de D. Pedro II, quando o professor francês Hernest Huet, a
convite de D. Pedro II, veio para o Brasil para fundar a primeira escola para
meninos surdos. Seguidor da idéia do abade L’ Epée1(Charles Michel L’Espeé,
nasceu em 1712 e foi ordenado sacerdote em 1738), Hernest Huet nasceu na
França em 1822 e ficou surdo aos 12 anos de idade.

A respeito dessa questão Rinaldi (1998, p.283) aponta que a carta de


intenções do professor surdo francês Hernest Huet sobre a fundação do
Instituto, dirigida ao Imperador D. Pedro II, encontra-se no Museu Imperial de
Petrópolis – Estado do Rio de Janeiro, atualmente, Instituto Nacional de
Educação de Surdos (INES). Inaugurado no dia 26 de setembro de 1857, o
prédio foi projetado pelo arquiteto francês Gustav Lully, construído em estilo
neoclássico e funciona desde 1915. O Instituto recebeu o nome de Imperial
Instituto de Surdos-Mudos e foi criado pela Lei nº 839, de 26 de setembro de
1857. Somente pessoas surdas do sexo masculino eram acolhidas. Foi dirigida
por Ernest Huet, no período de 1857 a 1861. Conforme Vasconcelos (1978,
p.20), com o advento da República, recebeu o nome de Instituto Nacional de
Surdos-Mudos e posteriormente, com os progressos alcançados na
recuperação de surdos, transformou-se no Instituto Nacional de Educação de
Surdos – INES2, que é atualmente um centro nacional de referência.

A inclusão do deficiente auditivo e sua participação na escola e sua


educação

Atualmente, muito tem se discutido sobre a acessibilidade, que é a


inclusão de todas as pessoas com deficiências ou capacidades reduzidas, na
rede regular de ensino com adequação física, social e cognitiva para acesso e
permanência do aluno com qualidade na escola. Mas percebemos que em
muitos casos não são disponibilizados todos os recursos necessários para
garantir o pleno desenvolvimento do aluno surdo. A Educação Inclusiva
entende que todos os alunos, independentemente de sua condição orgânica,
afetiva, socioeconômica ou cultural, devem ser inseridos na escola regular, com
o mínimo possível de distorção idade-série, e com condições físicas e
pedagógicas adequadas às suas limitações.
A escola tem a responsabilidade de promover a inclusão. Para tanto,
deve se adequar para receber alunos com deficiências, para garantir o direito à
igualdade presente na Constituição Federal (BRASIL, 1988), existem leis
específicas como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB
9394/96 (BRASIL, 1996), o Decreto lei nº 5296/2004 (BRASIL, 2004), como
forma de se fazer cumprir a igualdade e garantir a inclusão de todos.

Acessibilidade não se reporta só a deficiência motora, mas visual,


auditiva, entre outras. Não basta construir rampas de acesso, placas e pisos
táteis, mas é necessário equipar as escolas com materiais e profissionais
habilitados para dar condições de realmente promover a inclusão com
qualidade nas escolas.

Deficiência é toda dificuldade ou anormalidade no desempenho de uma


função seja motora, cognitiva ou intelectual ou, segundo o Decreto Federal nº
3.956 de 2001:

Entende-se que o termo “deficiência “significa uma restrição


física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou
transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais
atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo
ambiente econômico e social.(BRASIL, 2001, P.2)

Portanto a audição reduzida é uma deficiência física, que não atrapalha


o desenvolvimento cognitivo, com as metodologias adequadas o aluno surdo
pode ter as mesmas oportunidades de um aluno que ouve bem.

Cada indivíduo é único e, assim, apresenta níveis de dificuldades


diferentes em relação à aprendizagem isso é uma questão individual de
aprendizagem e de oportunidades de vivências, experiências significativas que
auxiliem na aquisição do conhecimento. Se o professor souber compreender o
progresso alcançado por cada um dos seus alunos estará contribuindo para
solucionar e desmistificar os problemas de aprendizagem, eliminando ou
minimizando a repetência e a evasão e as dificuldades de aprendizagem.

Essas mudanças requerem novas atitudes em relação à compreensão


de como se dá a aprendizagem dos alunos. Exigem o entendimento de que a
aprendizagem não é um produto escolar, mas sim objeto cultural, resultado do
esforço coletivo da humanidade e não uma utilização de técnicas e métodos
que um sujeito reproduz.

As causas para a ocorrência da deficiência já foram muitas vezes


atribuídas à responsabilidade divina, sendo o deficiente caracterizado como
aquele que merece castigo de Deus e ao mesmo tempo necessita da caridade
daqueles que acreditavam nos preceitos religiosos, determinados pela
salvação através do amor aos semelhantes.

Na Antiguidade Clássica havia muita segregação e abandono


de pessoas com deficiência. Na Grécia e em Roma, pessoas
com deficiência eram mortas, abandonadas à sorte e expostas
publicamente; outras vezes, as crianças eram eliminadas após
o parto por seus próprios pais, havendo uma lei que dava o
direito ao pai para realização desse ato (MORAES, 2007 p 12).

As formas como as instituições sociais e as famílias veem as pessoas


com deficiências têm se modificado ao longo do tempo, mas ainda percebemos
uma exclusão em relação à inserção dessas crianças na rede regular de
ensino, receber essas crianças na escola não garante a inclusão. É necessário
à escola se adequar e se estruturar para receber com qualidade, pois, caso
contrário, corre-se o risco de aumentar os problemas decorrentes da exclusão.
Portanto, a escola deve promover a acessibilidade e a eliminação de todas as
barreiras à aprendizagem e participação social.

A acessibilidade é a promoção de condições para que os alunos com


deficiências possam circular nos espaços públicos de forma mais autônoma e
cômoda. Garantir essas condições favorece a inclusão social e melhora a
qualidade de vida dessas pessoas. O Decreto 5.296, de 2 de dezembro de
2004, define acessibilidade como:

[…] condição para utilização, com segurança e autonomia, total


ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos
urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos
dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação,
por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade
reduzida. (BRASIL, 2004, p. 45-46).
Portanto, a acessibilidade não se refere só ao espaço físico, mas
também aos mobiliários e equipamentos necessários para que a inclusão
aconteça, e com qualidade, que a criança com deficiência seja inserida na
escola de forma plena, com todos os direitos garantidos, e não simplesmente
colocada na sala regular porque a legislação assim determina.

Segundo conceitos provenientes do Ministério da Educação/ Secretaria


da Educação Especial (BRASIL, 2006), é importante evidenciar que a
deficiência deve ser considerada como uma diferença que faz parte da
diversidade e não pode ser negada, porque “ela interfere na forma de ser, agir
e sentir das pessoas”. Segundo a Declaração de Salamanca, para promover
uma Educação Inclusiva, os sistemas educacionais devem assumir que “as
diferenças humanas são normais e que a aprendizagem deve se adaptar às
necessidades das crianças ao invés de se adaptar a criança a assunções
preconcebidas a respeito do ritmo e da natureza do processo de
aprendizagem” (BRASIL, 1994, p 15).

O ambiente físico não garante o acesso e a inclusão aos alunos com


deficiência, pois suas necessidades não se limitam à locomoção, mas ao
acesso a todos os recursos tecnológicos ou não, que garantam melhores
condições de vida. No caso das pessoas com deficiência auditiva, necessitam
de materiais diversificados em Língua Brasileira de Sinais (Libras), um
intérprete, além de material adequado à sua deficiência, somando-se a isso a
necessidade de professores habilitados e capacitados para trabalhar essas
diversidades.

Para fins de reflexão a respeito do tema inclusão, é importante


salientar sua extensão em relação à acessibilidade em escolas
e edifícios públicos, ressaltando-se a importância de se
estabelecer o acesso não somente no interior dessas
edificações concretas, mas também a relevância de se adaptar
as condições das vias, estacionamentos e passagens e
eliminar o máximo de barreiras que impeçam e dificultam a
circulação das pessoas. É preciso criar possibilidades para que
um deficiente se insira na sociedade e possa exercer sua
cidadania. (MORAES 2007, p.36).
Portanto, além de garantir a livre circulação devemos garantir direitos
básicos para que o aluno exerça sua cidadania, contribuindo para a construção
de um ambiente mais igualitário e dinâmico.

A preocupação com a acessibilidade nas escolas vem sendo ainda que


timidamente demonstrada em várias pesquisas e reportagens, mas
efetivamente ainda se mostra pouco desenvolvida no interior das escolas.

Fisicamente, muitas escolas brasileiras não estão preparadas para


receber alunos com deficiências. Apesar das políticas públicas voltadas para a
acessibilidade na escola, esta ainda não é realidade em muitos municípios
brasileiros, uma vez que depende muito dos governos estaduais e municipais,
e esses não têm cumprido seus compromissos com o governo federal para
adequar as escolas, tanto nos aspectos físicos como nos equipamentos, o que
dificulta a acessibilidade nas escolas.

Outro problema enfrentado pelas pessoas com deficiência é o


despreparo dos profissionais em educação para receber esses alunos.
Realmente, é necessário que os cursos de formação de professores comecem
a mudar a cultura de exclusão, não só de alunos com deficiência, mas de todos
os alunos que supostamente não se enquadram nos parâmetros esperados
pelos professores.

A mudança de postura dos professores já melhoraria muito o processo


de inclusão, pois o professor por si só já é formador de opinião, daí a grande
importância do trabalho do professor em promover a inclusão social do aluno
com deficiência.

Quanto à deficiência auditiva, as dificuldades de inclusão são as


mesmas, porquanto:

A tentativa do movimento de direito dos surdos é afastar a velha


sensação de que o deficiente auditivo é estrangeiro dentro de seu País de
origem, tendo em vista a dificuldade de comunicação quando vai ao banco, ao
médico ou registrar boletim de ocorrência. “Além do preconceito linguístico e
cultural, os surdos sofrem com dificuldade do acesso às novas tecnologias”,
destaca a especialista em Educação Bilíngue e Interpretação e Ensino de
Libras, Neiva Aquino. Aqueles que defendem a inclusão entendem que as
escolas especializadas não oferecem ambiente adequado para o aprendizado
pleno. (AMARO, 2006, p. 23).

Portanto, podemos ver que as escolas regulares de ensino tanto as


públicas como as privadas não oferecem plenamente as condições de acesso
aos deficientes, sejam elas quais forem. É necessário que os órgãos
competentes se organizem, unam forças no intuito de fazer cumprir a
legislação e oferecer um ambiente acessível para todos os deficientes,
incluindo não só a adequação física, mas a disponibilidade de material e
capacitação de profissionais.

Só as adequações físicas das escolas não garantem a inclusão, e não


são sinônimos de escola acessível. Além do espaço físico, é necessário que
haja a disponibilidade de material e equipamentos necessários para que os
deficientes possam ser atendidos, e também a inserção social do aluno é
importante, só a presença dele nas unidades regulares não garante a inclusão
social, em muitos casos pode até favorecer a exclusão.

Quando a escola não faz a ponte entre todos os envolvidos no processo


educacional, favorecendo a interação, as dificuldades de inserção podem ser
bem mais negativas sobre o aluno, são necessários esforços conjuntos de toda
a comunidade escolar, órgãos administrativos, entidades não governamentais,
no intuito de promover a acessibilidade e a inclusão do aluno com deficiência
no sistema regular de ensino, mas com qualidade, com condições para que
esse aluno seja inserido no contexto social e se desenvolva tendo qualidade de
vida e um convívio social que garantam seu desenvolvimento social e cognitivo.

A deficiência auditiva é a incapacidade de ouvir, e ela pode se


apresentar em graus diferentes, leve, moderada e surdez, que é a inexistência
da audição. A deficiência auditiva, em alguns casos, pode ser resolvida com
aparelhos ou intervenções cirúrgicas, mas nos casos congênitos e irreversíveis
o indivíduo deve buscar outros meios de se comunicar. Nesse caso, foi criado a
Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).

LIBRAS, “é uma língua de modalidade gestual-visual,


reconhecida como língua natural dos surdos e constitui o
“símbolo da surdez”. Hoje consideramos que a Língua de
Sinais é o único meio efetivo de comunicação entre os surdos,
possibilitando-lhes se desenvolver linguístico-cognitivamente.
(BRITO, 1993, p. 28).

Para promover a inclusão na escola, no caso da deficiência auditiva, a


primeira atitude é solicitar um intérprete de LIBRAS, e materiais necessários
para que o surdo possa desenvolver habilidades de leitura e escrita, pois
qualquer escola que tiver alunos com deficiência auditiva nas classes regulares
tem o direito a um intérprete de LIBRAS. Como já foi citada anteriormente, a
deficiência auditiva não incapacita o indivíduo de aprender; o que dificulta é a
falta de estrutura apresentada pelos sistemas de ensino.

Assim, são os gestores municipais e as escolas os responsáveis por


solicitar aos órgãos competentes intérpretes e materiais para que o aluno surdo
tenha condições iguais e necessárias para aprender e se desenvolver
garantindo sua inclusão social, e não ampliando a desigualdade.

Segundo Rinaldi (1994), deficiência auditiva pode ser definida como: “a


diminuição da capacidade de percepção normal dos sons, sendo considerado
surdo aquele cuja audição não é funcional com ou sem prótese auditiva”.

O índice de nascimento de crianças com surdez profunda é uma em


cada mil; muitas desenvolvem algum problema auditivo no decorrer de sua
vida. Os principais tipos de deficiência auditiva podem ser assim relacionados:
uma afeta o ouvido externo ou médio, podendo ser tratada e mesmo extinta; a
outra afeta o ouvido interno ou o nervo auditivo, de forma permanente e
inalterável, na maioria dos casos. A audição é usualmente medida em decibéis
(dB), unidade sonora que mede a intensidade ou volume dos sons, e em Hertz
(Hz), unidade que determina o comprimento da onda sonora.(RINALDI, 1994).

A capacidade auditiva é classificada como: normal (entre 10 e 26


decibéis); leve (entre 20 e 40 decibéis); moderada entre (40 e 70 decibéis);
severa entre (70 a 90 decibéis) e profunda (superior a 90 decibéis). A criança
surda pode ter as mesmas condições intelectuais e habilidades psicomotoras
do aparelho fonoarticulatório de uma criança sem deficiência, porém não
poderá reproduzir sons que não ouve (RINALDI, 1994). A deficiência auditiva
pode, também, ser congênita ou adquirida.
As principais causas da deficiência congênita são: hereditariedade,
viroses maternas (rubéola, sarampo, doenças tóxicas da gestante, como sífilis,
citomegalovírus e toxoplasmose), ingestão de medicamentos ototóxicos (que
lesam o nervo auditivo durante a gravidez). Essa deficiência pode ser adquirida
quando existe uma predisposição genética no indivíduo, a otoclesrose; bem
como quando ocorre meningite, ingestão de remédios ototóxicos, exposição a
sons impactantes (explosão) e viroses, ao longo do desenvolvimento
ontogenético da pessoa. (RINALDI, 1994 p 14).

A educação de uma criança com deficiência auditiva/surdez deve ser


feita de forma diferenciada, utilizando diversos recursos comunicativos,
adaptados a suas possibilidades e de modo a contribuir para sua participação
social, sem que se deixe, portanto, essa criança à margem das apropriações e
objetivações culturais do gênero humano. No aspecto cognitivo, sabe-se que a
inteligência da criança surda não é limitada em relação à criança ouvinte,
ambas diferindo apenas na limitação vocal. Todavia, em decorrência das
dificuldades de apropriação linguística, algumas dificuldades podem se tornar
evidentes. Como nos relata Coll (1999, p. 203),

As primeiras limitações na evolução intelectual das crianças surdas


manifestam-se em suas expressões simbólicas, não somente na aquisição do
código linguístico oral, mas também em outras formas como o jogo simbólico.

Muitas dessas dificuldades se explicam devido ao fato de que criança


que apresenta a deficiência supracitada não consegue captar informações
transmitidas, sobretudo, em nossa sociedade, de forma oral. Tal situação
coloca alguns obstáculos ao desenvolvimento psicolinguístico dos sujeitos
nessa condição ontogenética. Contudo, essas limitações não querem dizer
que, intelectualmente, as crianças surdas são inferiores em relação às demais.
Elas apenas apresentam outro curso de desenvolvimento ontogenético,
descrevendo uma trajetória singular. Por isso, segundo Coll (1999, p. 205), um
fator importante a ser considerado é a forma de comunicação que elas
recebem em casa, especialmente quando os pais não são surdos também.

A partir das considerações apresentadas pelo autor, deduz-se a


importância, para a pessoa com deficiência auditiva/surdez e seus familiares,
da aquisição da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), como forma de
possibilitar a comunicação entre ouvintes e não ouvintes. Quanto à interação
da criança surda com a ouvinte, esta pode ocorrer de forma mais lenta em
relação à comunicação estabelecida entre duas crianças ouvintes ou, ainda,
entre duas surdas. Isso se dá pelo fato da primeira não utilizar a comunicação
oral, ao passo que a segunda, a ouvinte, raramente conhece e domina a língua
de sinais Como esclarece Coll (1999, p. 211),

As relações que a criança surda estabelece com seus colegas


dependem tanto do seu nível linguístico como dos códigos que podem ser
empregados na comunicação. A maior parte dos estudos indica que as
relações que a criança surda estabelece são pouco estruturadas e flexíveis,
manifestando mais dificuldades, quando são baseadas na interação verbal e
exigem uma constante atenção mútua. A criança surda não tem habilidades
sociais suficientes para iniciar normalmente, as interações, para controlar o
desenvolvimento das mesmas e satisfazer as demandas de seus
interlocutores.

Por essas dificuldades, os surdos unem-se em grupos ou associações


por interesses comuns, para evitar problemas e incompreensões na interação
social. Outra causa da associação dos surdos é a pouca importância das
informações não verbais para o mundo dos ouvintes, caracterizado pela
prevalência da linguagem oral, nas relações interpessoais.

Assim, a maior dificuldade em incluir crianças surdas e ouvintes em uma


mesma sala refere-se à questão da comunicação, pois a barreira linguística
existente nesse caso dificulta a interação entre os alunos.
CONCLUSÃO

O desenvolvimento deste trabalho possibilitou conhecimento do assunto que


faz parte da nossa realidade, porém que muitas vezes não agregamos o devido
valor em função do cotidiano corrido, ou até mesmo porque achamos comum
vivermos em meio às pessoas com necessidades especiais e agirmos como se
fosse normal, mas não possibilitamos condições para que estas possam
realmente viver. Mediante as pesquisa desenvolvidas ao longo deste trabalho
vimos que as leis que amparam as pessoas com necessidades em grande
dificuldade para se inseridos no meio social pertencente. Quando falamos de
proporcionar oportunidades devemos pensar no sentido que a lei impõe a
aceitação das crianças com suas necessidades de forma especial na escola. A
Educação Especial é assegurada pela a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (Lei nº 9.394/96): essa modalidade de educação escolar é oferecida
especialmente na rede regular de ensino para os indivíduos que possuem
necessidades próprias e diferentes dos demais alunos. A Educação Inclusiva
está baseada no respeito e na valorização de cada educando envolvido no
processo de ensino-aprendizagem. Sendo assim, a inclusão dos alunos com
deficiência no ambiente escolar traz aos professores e à escola diferentes
desafios, pois requer a transformação desse espaço para receber e atuar com
os alunos, dessa forma favorecendo o processo de ensino-aprendizagem. A
integração desses alunos no processo de inclusão não deve somente
acontecer no espaço escolar, mas sim na vida em sociedade, dando direitos
também à inserção no mercado de trabalho, tornando-os cidadãos capazes,
autônomos e atuantes nas suas próprias decisões.
REFERÊNCIAS

Portal.mec.gov.br/seesp
www.crmariocovas.sp.gov.br
Ministério da Educação - Secretaria da Educação Especial
A INCLUSÃO ESCOLAR DO DEFICIENTE AUDITIVO: CONTRIBUIÇÕES
PARA O DEBATE EDUCACIONAL. Por INÁCIO, Wederson Honorato.
https://myykids.com/sordera-hipoacusia-y-discapacidad-auditiva

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