Você está na página 1de 19

1

GRUPO EDUCACIONAL FAVENI

EDUCAÇÃO ESPECIAL

JULIANA LURDES AVANCINI POSSAMAI

EDUCAÇÃO INCLUSIVA E ESPECIAL

july.possamai@hotmail.com
2

BLUMENAU - SC
2020

july.possamai@hotmail.com
3

EDUCAÇÃO INCLUSIVA E ESPECIAL

Juliana Lurdes Avancini Possamai

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo destacar a deficiência auditiva, seus fatores históricos e causas da
mesma, visando a importância do professor no desenvolvimento social e cognitivo deste público alvo no
ensino fundamental. É importante enfatizar a formação deste profissional para que forma auxiliar o
educando de forma correta e facilitadora para melhor compreensão do aluno e obter sucesso no seu
aprendizado. É notável que os profissionais necessitem de um preparo pedagógico de qualidade para
receber e atender um aluno com deficiência seja ela qual for. O educador precisa apropriar-se de
conhecimento sobre o aluno, a vida, o relacionamento com a família, tratamento médico, do cotidiano em
si para que possa iniciar um processo de desenvolvimento deste aluno, trabalhando em conjunto com o
professor do atendimento educacional especializado, afim de promover a socialização com os alunos,
apropriando-se do currículo para iniciar o processo de alfabetização deste aluno com deficiência auditiva.

Palavras-chave: desenvolvimento; deficiência auditiva; professor; aluno;

Introdução

A educação inclusiva atualmente tem tido grande ênfase diante de um processo


amplo de participação de toda a comunidade escolar. A deficiência auditiva exige
praticas docentes mediante de empecilhos a serem rompidos perante o cotidiano de cada
aluno. Mesmo com as dificuldades encontradas frente às práticas docentes, é
desenvolver a valorização da diversidade visando a necessidade de compreender a
necessidade do aluno em sala de aula, assim possibilitando o educador a facilitar o
aprendizado do educando.

E necessário antes de tudo o professor conhecer o seu aluno, entender quais são suas
necessidades iniciais, conhecer sua história e seu conhecimento de mundo, ou seja,
tentar assimilar o que a criança já sabe para que o educador possa iniciar um trabalho
social e pedagógico com o aluno. Conhecer a história da educação dos deficientes
auditivos não proporciona somente a situação para adquirir conhecimentos, mas para
refletir referente a vários acontecimentos relacionados com a educação em várias
épocas. Atualmente, apesar de se ter uma política de inclusão, por qual razão o sujeito
surdo continua excluído?

Na escola atual vem crescendo o número de crianças com deficiência, e muitas


vezes os educadores não sabem lidar com elas. A deficiência auditiva está presente nas
escolas regulares, e os professores apresentam dificuldades para desenvolver atividades
que atinjam esse público. Qual a pratica e ficaz que o educador deve executar para
trabalhar com este aluno, e o trabalho a ser feito com esses alunos e quanto o professor
deve se qualificar para receber esses alunos e conseguir desenvolver atividades para que
possam contribuir com o ensino e aprendizagem desse aluno com deficiência auditiva?

july.possamai@hotmail.com
4

Dentre os objetivos específicos, é entender a inclusão do surdo na educação brasileira,


visando a concretização da inclusão conforme a legislação sugere, compreender a
deficiência auditiva em seu processo histórico, visando a trajetória da história no Brasil
e no mundo, a história da libras no Brasil e como o professor e orientador pode estar
contribuindo para o desenvolvimento social 10 e cognitivo dos alunos com deficiência
auditiva. Entender como funciona o aparelho auditivo, e como surgiu a deficiência e
suas causas.

A pesquisa busca significados mais do que índices, busca significados, mais do que
descrições, busca interpretações, mais do que coleta de informações, busca entender os
sujeitos e suas histórias (MARTINELLI, 1999).

Tem-se o ensino como a base da democracia e a ponte extremamente fundamental


para a superação das desigualdades sociais. No entanto é necessário que os espaços
destinados ao ensino permitam o acesso a todos. Mesmo com toda a importância que a
educação possui na vida do homem e sendo amparadas por lei, várias pessoas não
possuem as mesmas oportunidades de acesso a mesma. No meio escolar nos deparamos
com “uma grande parcela da população brasileira que não possui acesso à educação,
particularmente, os portadores de necessidades especiais”. (DUARTE; Cohen, 2006).

Mesmo com a importância que a educação possui na vida do homem e sendo


amparados por lei, ainda, assim, muitos cidadãos não possui as mesmas oportunidades
de acesso a escola. Mediante a pesquisa, é de extrema importância entender um pouco
mais a deficiência auditiva, para assim auxiliar no desenvolvimento de ensino e
aprendizagem do aluno. Serão analisados documentos e pesquisas veiculadas entre 1977
a 2014, e as pesquisas foram feitas mediantes a livros e bibliotecas virtuais para
aprimoramento do conteúdo escrito neste trabalho.

1.A HISTÓRIA DA EDUCAÇAO DOS SURDOS

De acordo com Laraia (2009, p.10), a primeira noção de cultura foi datada de
quatro séculos antes de cristo, quando Confúcio indica que a “natureza dos homens é a
mesma, são os seus hábitos que os mantém separados”. A deficiência está presente na
história da humanidade, sendo as pessoas com deficiência discriminadas desde o início
da civilização, na maioria das vezes foram retiradas do convívio social, por
apresentarem alguma “anomalia”; por isso, eram descartadas para que se evitasse que
outras pessoas fossem “contagiadas” pela sua doença (tratavam pessoas com
deficiência, iguais aos doentes).

Como Gurgel (2008, p. 01,): Não se têm indícios de como os


primeiros grupos de humanos na Terra se comportavam em
relação às pessoas com deficiência. Tudo indica que essas
pessoas não sobreviveriam. Devido a diversos, em conformidade
com a Organização das Nações Unidas, aprovada na Convenção
Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, em
02 de julho de 2008, através do Decreto nº 186/2008. 17 fatores
como, falta de abrigo para os dias e noites de frio intenso e calor
insuportável, a ausência de comida, era necessário ir à caça para
garantir o alimento diário e, ao mesmo tempo, guardá-lo para o

july.possamai@hotmail.com
5

longo inverno e sabemos que para a maioria dos deficientes isso


não seria possível.

Segundo Marcia Honora (2014), o registro que encontra se na história da educação


de surdos, situa-se no século XII e tende se a uma concepção dos romanos e gregos que
esses deficientes não eram humanos por não falarem. Entendiam se que os surdos não
podiam pensar, não conseguia. A partir da idade média a educação europeia influenciou
o resto do mundo com suas ideias e práticas pedagógicas. É interessante quando se
compara a história, em uma mesma época porem em dois lugares diferentes. Na Europa
a educação de surdos deu os primeiros passos que influenciaram mais tarde os demais
países em suas práticas educacionais. Segundo Goldfeld (1997, p.25): (...) “o monge
Beneditino espanhol, Pedro Ponce de Leon, ensinou quatro surdos de nobres, a falar
grego, latim e italiano, além de ensinar física e astronomia”!

O mestre de Leon desenvolveu um método de educação de surdos que envolvia o


alfabeto manual a escrita e a oralizaçao, e criou uma escola de professores para surdos.
Naquele tempo os surdos não tinham o direito de receber herança, de ter seus nomes em
testamentos, de ter direito a escolarização e também não tinham direito de se casar.
Segundo Aristóteles, a audição era o sentido mais importante para o sucesso da 12
escolarização, seguindo isto, os surdos eram proibidos de receber instruções
educacionais. Seguidos três séculos na idade média a sociedade dividia se em feudos, a
igreja católica exercia uma grande influência e tinha um papel fundamental na
discriminação das pessoas com deficiência.

Segundo o que descreve Marcia Honora (2014 p, 101), os deficientes auditivos não
eram bem aceitos pela sua família, não eram aceitos pela sociedade, não frequentavam
festas, escolas, reuniões de família geralmente moravam nos fundos das casas e eram
criados por amas de leite. Por não possuírem uma língua fácil de entender, os surdos
não tinham um costume de se confessar nas igrejas, o que incomodava muito os
participantes da igreja católica. Uma alternativa que eles encontraram para solucionar
essa situação foi se voltar para o que acontecia nos monastérios em que os monges
viviam em clausuras e por terem feito o voto de silencio, eram obrigados a
permanecerem em silencio para não passarem os segredos das escrituras sagradas. Os
monges criaram então, uma linguagem de gestos básicos para conseguirem se
comunicar.

A igreja católica resolveu recrutar alguns monges para acompanhar os surdos,


filhos dos senhores feudais, em troca de fortunas. O primeiro monge a iniciar essa tarefa
foi Pedro Ponce de Léon, espanhol que criou juntamente com dois surdos espanhóis que
moravam em um mosteiro o primeiro alfabeto manual da história. A criação desse
alfabeto tinha como objetivo suprir uma ausência que existia na comunicação oral.
Ponce de Léon teve muitos alunos com surdez e seu trabalho ficou reconhecido por toda
a Europa por ter alunos com bastante conhecimento em matemática, história e filosofia.
Pedro Ponce de Leon ficou reconhecido como o primeiro professor de surdos da
história.
Muitos senhores feudais mandavam seus filhos para serem educados pelos monges que
faziam o trabalho de orientadores para que conseguissem falar e assim ter o direito de
terem seus nomes na herança.

july.possamai@hotmail.com
6

O primeiro médico que começou a se interessar e se preocupar com a saúde dos


deficientes auditivos foi Gerolamo Cardano, que viveu no século XVI e dizia que a
surdez não era o motivo para impedir os surdos de receber instruções. Ele adquiriu esse
raciocínio por uma pesquisa em que se descobriu que a escrita era uma representação
dos sons da fala. No início do século XVII Juan Pablo Bonet, um padre espanhol que
além de ser filosofo, era soldado a serviço do rei, publicou o primeiro livro que
explicava o alfabeto 13 manual, o livro tinha como título Reduccion de las letras y arte
para ensenar a hablar los mudos. Alguns estudiosos da época, como e o caso de Jacob
Rodrigues Pereira, do final do século XVIII, que era um educador de surdos, apesar de
conhecer português que habitavam na França, defendiam a oralizaçao de surdos, apesar
de saberem a língua de sinais. Durante a Idade Média, o conceito que existia era que
pessoas com deficiência recebiam o castigo divino, por algo cometido em vidas
passadas. Mas, a partir do fortalecimento do Cristianismo e sua autoridade sobre os
senhores feudais, obrigava-os a amparar as pessoas com deficiência em casas de
assistência por eles mantida.

Segundo Sassaki, (1997, p.30) cita: Se algumas culturas


simplesmente eliminavam as pessoas com deficiência, outras
adotaram a prática de interná-las em grandes instituições de
caridade, junto com doentes e idosos. Essas instituições eram em
geral muito grandes e serviam basicamente para dar abrigo,
alimento, medicamento e alguma atividade para ocupar o tempo
ocioso.

Johann Konrad Amman, outro estudioso da época que se destacou por acreditar na
comunicação oral. Era um suíço que além de educador era médico e completamente
contra o uso da língua de sinais. Seus pacientes aprendiam a leitura labial, usava
espelhos e o tato para que os surdos observassem as vibrações e os movimentos da
laringe e cordas vocais, métodos muito parecidos com as terapias fonoaudiologia atuais
no atendimento de deficientes auditivos.

Todas essas descrições dos métodos utilizados para educação dos surdos eram muito
importantes e secretas, mediante as grandes remunerações que havia na época para
quem tivesse sucesso na fala e escrita dos surdos. O abade Frances chamado Charles
Michel de L Epee, considerado o pai dos surdos, criou a primeira instituição
educacional para surdos e era o defensor da língua de sinais.

O instituto nacional para surdos-mudos de Paris passou por muitos diretores após a
morte de Charles Michel, uma gestão em destaque em 1814, de Jean Marc Itard, um
médico cirurgião francês, que junto com Philip Penil, considerado o pai da psiquiatria,
lutaram para a extirpação da surdez, entendendo que assim o surdo teria acesso ao
conhecimento. As informações da gestão de Itard mostram que ele sendo medico,
cometia crueldades com seus alunos em função de tentar compreender a causa da
surdez. Estudava os cadáveres dos deficientes, perfurava a membrana timpânica de seus
alunos, utilizava sanguessugas, provocava fraturas no crânio e sabe se que um de seus
alunos veio a falecer mediante a seus procedimentos experimentais. Jean Marc Itard era
14 contra ao uso da língua de sinais, mas depois de 16 anos de trabalho, sem resultados
positivos de suas pesquisas, acabando aceitando que era útil o uso da língua de sinais.

july.possamai@hotmail.com
7

Outro importante representante dessa época foi o médico Edward Seguin (1812-
1880), que, influenciado por Itard, criou o método fisiológico de treinamento, que
consistia em estimular o cérebro por meio de atividades físicas e sensoriais. Seguin não
se preocupou apenas com os estudos do conceito e desenvolvimento de um método
educacional, ele se dedicou ao desenvolvimento de serviços, fundando em 1837, uma
escola, e ainda foi o primeiro presidente de uma organização de profissionais, que
atualmente é conhecida como Associação Americana sobre Retardamento Mental
(AAMR).

Outro diretor do instituto nacional de surdos-mudos de Paris, foi o Barão Gérando,


que substituiu todos os professores de surdos da escola e trabalhava na oralização dos
alunos com deficiência auditiva. Após muitos anos de trabalho, junto com outros
educadores de surdos, entendeu se que a língua de sinais auxiliava muito na educação
dos surdos.

Foi criada em 1864, a primeira faculdade para alunos surdos, situada em


Washington, estados unidos, que funciona até hoje, com o nome de universidade de
Gallaudet, que mantém como sua comunicação a língua de sinais.

O inventor do telefone, Alexander Graham Bell, que na época foi considerado um


grande inimigo dos surdos, porque além de ser filho de uma mulher surda, era casado
com uma mulher que também possuía essa deficiência. Ele acreditava que a surdez era
um desvio, e que os surdos deveriam sempre estudar com os ouvintes, não por um
direito, mas para evitar que os mesmos se conhecessem, se casassem; pois para ele, os
surdos eram um perigo constante para a sociedade. Alexander em 1876 criou o telefone,
com a iniciativa de tentar criar um aparelho de audição para os surdos.

Um dos fatos importantes da história da educação dos surdos foi o segundo


congresso mundial de surdos que aconteceu em 1880, em Milão, na Itália. Neste
congresso, 54 países participaram e enviaram seus mais renomados estudiosos sobre
surdez, apesar de apenas um dos participantes desse congresso era deficiente auditivo.
Foi feito no final do congresso, uma votação na qual seria escolhida a melhor forma de
educar os surdos, pela forma oral ou pelo uso da língua de sinais. O participante com a
deficiência foi convidado a se retirar da sala, e os outros participantes votaram que a 15
melhor forma de educar os surdos era pelo oralismo. Foram determinados no congresso
que a fala e incontestavelmente superior aos sinais e deve ter preferência para a
educação dos surdos.

A partir deste momento, os surdos foram proibidos de usarem suas línguas


maternas, sua língua de direito. Nesta fase os surdos que iam para escolas começaram a
ter aula somente na tua forma oral e quando e quando insistiam em usar a língua de
sinais eram amarrados com as mãos para trás, em pequenos casos eram açoitados com o
uso de palmatórias.

A proibição do uso da língua de sinais durou cem anos, o que levou a um grande
fracasso na educação dos surdos naquela época, que passados dez anos de escolarização,
começaram a trabalhar como costureiros ou sapateiros, não efetuando a oralizaçao, e
assim por muitos sendo considerados como retardados.

july.possamai@hotmail.com
8

A língua de sinais somente passou a ser bem aceita a partir do ano de 1970, quando
a comunicação surgiu como um método que tinha o princípio o uso da língua oral e
sinalizada que poderia ser usada constantemente.

A partir do ano 2000, o método mais usado era o bilinguismo, utilizado


mundialmente, que prioriza o ensinamento de duas línguas, a língua de sinais como
língua materna, e a língua dos pais em sua forma escrita.

1.1 A HISTÓRIA DA SURDEZ NO BRASIL

No Brasil, a educação de surdos se iniciou com a vinda da família real. Dom Pedro
II tinha um neto surdo, filho da princesa Isabel, que recrutou o professor francês Hernest
Huet para fundar o instituto de surdos mudos no rio de janeiro. Em 26 de setembro de
1857, que hoje recebe o nome de instituto nacional de educação de surdos (INES), que
se situa no estado do Rio de janeiro. Nesta espoca no Brasil, deu se início a criação da
língua brasileira de sinais, decorrente a vinda de um professor francês que fazia uso do
alfabeto manual, e se comunicava com os surdos brasileiros, decorrente a isso, afirmava
se que a origem da língua brasileira de sinais era da língua francesa de sinais.

No ano de 1911, o instituto proibiu o uso da língua de sinais na educação dos


surdos, por determinação do congresso de Milão. O instituto na época possuía 100
vagas para 16 alunos surdos em todo o Brasil, visando que apenas 30 vagas eram
custeadas pelo governo; atualmente o instituto é referência para assuntos relacionados à
surdez. Logo após o congresso de Milão, começou a utilizar no mundo o método
oralista, que teve seu destaque por quase um século, passando por poucas críticas e
sendo utilizado como metodologia de trabalho por muitas escolas, até pelo Brasil.

Segundo Skiliar, (1998, p.29), o método oralista somente teve:

(...) os efeitos que desejava, pois contou com o consentimento e


a cumplicidade da medicina dos profissionais da área da saúde,
dos pais e familiares dos surdos dos professores e dos próprios
surdos que representavam e representam hoje, as ideias do
progresso da ciência e tecnologia- o surdo que fala o surdo que
escuta.

Percebe-se que, até hoje, a educação especial é algo a ser utilizado pelos alunos com
deficiência intelectual. Mas, essa afirmação está equivocada, tendo em vista que a
educação básica utilizada nas escolas regulares deve compreender como ocorre a
inclusão e a aprendizagem de seus alunos, independente da deficiência que este tenha
(física, visual, etc.); a educação especial.

Conforme a Secretaria de Educação Especial, educação especial é:

(...) uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis,


etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional
especializado, disponibiliza os recursos e serviços e orienta
quanto a sua utilização no processo de ensino e aprendizagem
comum do ensino regular (2008, p. 15),

july.possamai@hotmail.com
9

A partir dessas afirmações, percebe-se a necessidade de rever os significados do


termo inclusão, visando um debate que deve ser aprofundado, para que possamos
entender melhor o significado do mesmo, e compreender como ocorre a exclusão social,
evidente em nossa sociedade atual.

1.1.1 A DEFICIÊNCIA AUDITIVA

A deficiência auditiva e definida como a “A perda bilateral, parcial ou total de


quarenta e uns decibéis ou mais, comprovada por audiograma nas frequências de 50
hertz, 1000 hertz e 2000 hertz”, segundo Art. 5 da lei n. 5.296/04.
O termo deficiência auditiva é usado para pessoas com problema auditivo de qualquer
tipo. Segundo Almeida (2001) a pessoa com deficiência na audição é aquela cuja a
audição está prejudicada a ponto de dificultar de maneira significativamente mas 17 não
impedir a compreensão da fala. São pessoas que se comunicam de forma oralizada. São
pessoas que tem perda leve ou moderada da audição.

Pessoas com surdez são aquelas nas quais a audição está prejudicada impedindo a
compreensão da fala através do ouvido, com ou sem o uso de um aparelho sonoro
individual. Por mais que seja utilizado geralmente o termo “surdo mudo”, este termo é
inadequado. Os surdos não falam porque não ouvem e não por apresentarem algum
problema nos órgãos fonoarticulatorios, o termo correto a ser usado é pessoa com
surdez. A audição está dividida em três partes; orelha externa media e interna. O
processo auditivo e iniciado com a captação das vibrações dos sons pela orelha externa;
esses sons são transportados pelo pavilhão e pelo canal auditivo até o tímpano que faz
vibrar três pequenos ossos.

1.1.1 CAUSAS DA SURDEZ

Segundo Marcia Honora (2014 p, 120), as origens da deficiência auditiva podem ser
varias e tem a possibilidade de ocorrer em qualquer fase da vida, até mesmo dentro do
útero da mãe. As causas pré-natais, neste caso ocorrem na quarta semana de gravidez,
ou até momentos antes da criança nascer. A exposição da mãe as drogas, medicamentos
e outros podem ocasionar a perda da audição. O uso de antibióticos, gentamicina,
amícacina, tobracimina, neomicina, diuréticos e medicamentos antimaláricos. O uso de
álcool durante a gravidez também pode ser extremamente prejudicial a criança,
ocasionando a perda da audição e outros problemas na formação saudável do feto.
Casamentos entre primos de primeiro ou segundo grau, irmãos, enfim pessoas da
mesma família, ou de fator hereditário, caso haja alguém da geração anterior que tenha a
perda da audição também existe uma possibilidade da criança nascer com a deficiência.

As causas perinatais são ocorridas depois que a criança nasce na decorrência do


bebe nascer prematuro, ou quando passa da hora de nascer também pode ocorrer
problemas respiratórios e consequentemente a perda da audição. Até mesmo se os pais
da criança não forem compatíveis no tipo sanguíneo, no fator RH, pode ser
diagnosticada alguma deficiência, entre elas deficiência auditiva.

Causas pós-natais são apresentadas depois que a criança nasce, depois de um mês de
vida até anos, ocasionadas por diversas doenças como a meningite, caxumba, sarampo,
e até casos de traumas decorridos de acidentes. Barulhos constantes de grande

july.possamai@hotmail.com
10

proporção ou durante muito tempo podem provocar deficiência auditiva ou até mesmo a
surdez. Algumas profissões que expõem muito o funcionário a ruídos ou barulhos altos
tendem a provocar a perda da audição, tais como metalúrgicos, motoristas de ônibus,
construções civis, vidraceiros e outros. Se não forem tomadas as devidas precauções
com a saúde dos ouvidos em geral, pode ser desencadeada a presença da deficiência.

2. LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS

A língua de sinais é o ponto de partida para a aquisição da escrita de uma língua


oral. Entrando em uma “corrente de comunicação da língua” (BAKHTIN, 1998
Freitas,). Através das LIBRAS, a pessoa surda adquire a língua portuguesa como se
fosse estrangeira. Oferecer a língua de sinais como primeira língua é possibilitar aos
surdos o processamento e a produção de conhecimentos. O português é considerado
uma segunda língua.

Segundo Marcia Honora (2014 p, 151), a Libras é uma língua originada para
pessoas com surdez, formulada para o desenvolvimento deles, e visa proporcionar aos
seus usuários habilidades linguísticas essenciais. Essa língua foi baseada na Língua de
Sinais francesa e, como toda língua, apresenta os regionalismos, mantendo legitimidade
como língua, e cada país apresentam a sua. O status de língua atribuído à Língua de
Sinais se deve ao fato de ela Já visto no capítulo anterior, a língua de sinais originou se
nos mosteiros na idade média entre monges que estavam escondidos e em silencio.

Ali eles criaram uma forma de se comunicar através de mímicas, eles não podiam
falar. Pedro Ponce de Leon percebendo essa forma de se comunicar optou por utiliza lá
para se comunicar com os surdos que viviam no interior dos castelos dos senhores
feudais. Seguida de muitas proibições, a língua de sinais foi considerada a língua
materna de pessoas surdas. O contrário do que dizia, a língua de sinais são línguas
complexas, com síntese, com semântica, morfologia, estrutura e gramática especifica.
Através das línguas de sinais podem ser comentados vários assuntos, recitar poemas, ou
seja, com elas pode se falar qualquer assunto.

A língua de sinais não e universal, pois todos os países obtém sua língua, mesmo
países tendo a mesma língua oral, todos os pais possui sua língua de sinais. Além de
termos uma língua de sinais para todos os pais, também existe a questão do
regionalismo, ou seja, uma maneira diferenciada de cada estado se comunicar, seja no
sul, no leste ou nordeste.

Para Vygotsky (2001), a linguagem é reguladora da atividade psíquica humana, pois


norteia a estruturação dos processos cognitivos. Sendo assim, a linguagem é adquirida
na vida social do ser humano, no contato estabelecido entre homem e linguagem, na
integração do indivíduo em uma sociedade fazendo uso da linguagem. Sendo assim,
para as pessoas surdas esse contato apresenta-se prejudicado, em virtude da linguagem
oral ser percebida pelo canal auditivo, e este apresentar-se alterado nas pessoas surdas.

Pessoas com surdez e as que convivem com elas são presenteada por um sinal
especial. Este sinal e como se fosse um batismo na língua brasileira de sinais para
representar essa pessoa. Este sinal e dado por uma ou mais pessoa surda, e feito por
alguma característica que mais chame a atenção da pessoa surda, como uma pinta,
altura, o uso continuo de algum objeto, o jeito de mexer no cabelo entre outros. Ter um

july.possamai@hotmail.com
11

sinal pessoas faz parte da identidade das pessoas surdas, mas uma pessoa ouvinte não
pode dar um sinal para uma pessoa surda ou ela mesma dar um sinal a ela que julgue
mais adequado (HONORA, 2014).

A cultura e uma diferente manifestação de diferentes aspectos com que cada uma
das comunidades apresenta, pela simples maneira de agir ou falar, já e possível
identificar em qual cultura está inserida. Quanto mais a pessoa com surdez tiver uma
identidade surda melhor e mais próxima estará da cultura surda. Esse e um dos motivos
para que eles possam se familiarizar com elas mesmas e assim estar inserida nesta
cultura (POCHE, 1989).

A abordagem do oralismo para crianças com surdez era utilizada por escolas
tradicionais e passaram a não utilizar mais depois do ano de 1970, quando uma proposta
do congresso de Milão por educar pessoas com surdez por meio da fala foi deixado de
ser usado pelo insucesso do mesmo. A abordagem do oralismo e baseada em capacidade
da pessoa com surdez se comunicar através da língua oral e estabelecer uma
compreensão da comunicação pela fala. Um dos recursos mais utilizados por esta
abordagem são a leitura labial, o uso dos aparelhos de amplificação sonora a terapia
fonoaudiologia. A língua de sinais começou a ser investigada no Brasil nos anos 80
(QUADROS; Schmidt, 2006 p, 87). Observamos que a comunidade de surdos não tem
sinais para representar conceitos e termos utilizados no meio acadêmico. Por isso, usa-
se muita datilologia, o alfabeto em LIBRAS.

Nesta abordagem o uso da língua brasileira de sinais era proibido. Segundo


Goldfeld (1997) aponta o oralismo e uma abordagem que aperfeiçoa a integração da
criança surda na comunidade ouvinte enfatizando a língua oral dos pais. Esta
abordagem não conseguiu obter grandes resultados desvio a evidente dificuldade da
criança com 21 surdez desenvolver a língua oral, isso ocasionou déficits cognitivos,
devido à falta de uma língua eficiente que pudesse assim auxiliar a criança a ter
raciocínio. Ocasionou também a falta de relacionamento com a família, pois
apresentava diversas dificuldades para se comunicar com o mesmo assim provocando
afastamento afetivo.

No ano de 1970 a universidade de Gallaudet encaminhou a educadora chamada


Ivete Vasconcelos para fazer uma visita às escolas especiais do Brasil, com isto as
mesmas começaram a utilizar uma Nova abordagem de educar os alunos surdos,
chamadas comunicação totais. Esta abordagem foi muito utilizada nos anos 80, época da
geração hippie. Esta abordagem tinha o intuito de levar em consideração todas as
formas possíveis de comunicação (HONORA, 2014).

O movimento pelos direitos das pessoas surdas tem conquistas importantes


(Lacerda, 2000): lei (10.436, 24/04/02) que reconhece a LIBRAS e torna obrigatórios
sua difusão, uso língua pelo poder público e ensino aos estudantes de Fonoaudiologia,
Pedagogia e especialização em Educação Especial; decreto (5626/05) que orienta o
atendimento à pessoa surda.

2.1 LEGISLAÇOÊS

O conselho nacional de educação (CNE) nas diretrizes nacionais para a educação


especial na educação básica na resolução n. 02 de 2002 cita:

july.possamai@hotmail.com
12

Educação especial, modalidade de educação escolar entende se


como um processo educacional que se materializa por meio de
um conjunto de recursos e serviços educacionais especiais,
organizados para apoiar, complementar, suplementar e em
alguns casos, substituir aos serviços educacionais comuns, de
modo a garantir a educação formal e promover o
desenvolvimento das potencialidades dos educandos que
apresentam necessidades educacionais especiais, diferentes das
da maioria de crianças e jovens, em todos os níveis e
modalidades de educação e ensino. (BRASIL. Lei 10436 de
2002)

A lei federal n.9,394/96, em seu artigo 59, oferece auxilio para o atendimento dos
alunos com deficiência, neste caso alunos com surdez:

I – Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e


organização específica, para atender as suas necessidades; II –
Terminalidade especifica para aqueles que não puderem atingir
o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em
virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em
menor tempo o programa escolar para os superdotados; III –
Professores com especialização adequada em nível médio ou
superior, para atendimento especializado, bem como professores
do ensino regular capacitados para a integração desses
educandos nas classes comuns; IV – Educação especial para o
trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade,
inclusive condições adequadas para os que não revelarem
capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante
articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles
que apresentam uma habilidade superior nas áreas artísticas,
intelectuais ou psicomotoras; V – Acesso igualitário aos
benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para
o respectivo nível do ensino regular.

A lei também exige que o estado assegure o acesso gratuito ao ensino fundamental
e ao ensino médio, inclusive para alunos que o procurarem em idade avançada.
Baseando se na legislação brasileira, a lei n.10.098/2000 indica em seus artigos 17 e 18
que o poder público deve tomar providencias para eliminar as barreiras de comunicação,
com o intuito de garantir a pessoa com deficiência sensorial, e com dificuldade para
comunicação o acesso à informação, a educação (...)”.

Ainda em conformidade com a CF de 1988, fica assegurado às pessoas com


deficiência o direito à saúde, no que tange o artigo 23 da mesma, sendo dever do Estado
a garantia de cuidar e dar assistência às pessoas com deficiência; assim como é dever do
Estado e da família assegurar o direito à vida, como define o artigo 227, da
Constituição:

Art. 227 É dever da família, da sociedade e do Estado, assegurar


à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à

july.possamai@hotmail.com
13

vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à


profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão. O Estado
promoverá programas de assistência integral à saúde da criança
e do adolescente, admitida a participação de entidades não
governamentais e obedecendo aos seguintes preceitos: [...] II –
criação de programas de prevenção e atendimento especializado
para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental,
bem como de integração social do adolescente portador de
deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a
convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços
coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos
arquitetônicos [...].

Lei Federal nº 10.098/2000: estabelece normas e critérios básicos para a promoção


da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida,
preferencialmente na rede regular de ensino.

Lei Federal nº 10.845, de 5 de março de 2004: institui, no âmbito do Fundo


Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o Programa de Complementação
ao Atendimento Educacional Especializado às Pessoas Portadoras de Deficiência
(PAED), com os objetivos de garantir a universalização do atendimento especializado
dos alunos com deficiência, cuja situação permita a integração em classes comuns de
ensino regular e de garantir, a inserção destes educandos nessas classes.

3. PRÁTICAS DOCENTES

Segundo (Grinspun. 2001 p, 59), os objetivos da orientação educacional eram muito


claros e precisos quando a mesma tinha a sua abordagem na área psicológica; na medida
em que houve mudança no enfoque da orientação, com ênfase nos aspectos sociológicos
os objetivos deixaram de ser claros e precisos. Isto é confirmado pela documentação
legal que proclama determinados objetivos e a pratica efetiva de orientação que
apresenta uma diversidade de objetivos nas suas atribuições.

No entendimento de que é orientação educacional, encontram-se alguns pontos


diferenciados, diversas atribuições, funções em concordância com as áreas de
conhecimento. Os orientadores evidenciam constantemente seu papel, para que utilidade
tem a orientação, e em qual maneira a educação poderá obter seus resultados. A
orientação hoje está mobilizada com outros fatores que não sejam somente cuidar e
educar os alunos. Existe a necessidade do educador se inserir em uma nova abordagem
de orientação, voltada para a construção de um cidadão que esteja mais comprometido
com a sociedade. É pretensão de o orientador trabalhar com o aluno o desenvolvimento
de seu processo de cidadania, trabalhando subjetividade e a intersubjetividade, obtidas
através do diálogo nas relações estabelecidas. Como afirma Nilda Teves Ferreira (1993
p. 17-8):

É pelo dialogo que os homens, na condição de indivíduos


cidadãos, constroem a inteligibilidade das relações sociais.

july.possamai@hotmail.com
14

Trata-se, pois, de eliminar tudo aquilo que possa prejudicar a


comunicação entre as pessoas, pois só através dela se pode
chegar a um mínimo de consenso. (...) A cidadania aparece
como o resultado da comunicação intersubjetiva, através dos
quais indivíduos livres concordam em construir e viver numa
sociedade melhor.

Quando se fala de orientação educacional, muito conceito vem à tona, dependendo


da fundamentação que se tem a respeito desta área de atuação. Brandao (1977, p.101) já
apontava que a orientação educacional no Brasil teve uma trajetória relacionada com os
esforços feitos por esses profissionais. Desde que a orientação educacional, pelas
próprias condições de suas práticas, optou por valorizar funções de consultoria, essa
profissional reconhecem a importância da comunicação nas relações humanas. Já
afirmava Loffredi, (1977, p.49):

A função de consultoria não se limita apenas a troca de


informações para melhor conhecimento do aluno, mas está
relacionada a comunicação de experiências e vivencias entre os
agentes educativos; especialmente os da equipe escolar, no
sentido de avaliar o que estão fazendo, como estão e como
sentem a ação que desenvolvem. Pretende ajudar a comunidade
escolar pela educação. Assim, a orientação educacional estará a
serviço de cada aluno, de maneira indireta, mais possivelmente,
mais efetiva. Será a forma facilitadora do “sustento” do aluno,
onde pessoas consideradas pela sociedade “mais conhecedoras”
- pais e professoreslhe oferecem relações interpessoais que
favorecem aprendizagens significativas, isto é, melhores níveis
de funcionamento pessoal.

A função de consultoria tal como a de aconselhamento, fundamenta-se basicamente,


na comunicação e na interação humana. A consultoria e uma relação que se estabelece
objetivando uma ação de curto prazo, pois está centrada no problema imediato, mas na
verdade, estende os benefícios ao longo do tempo, pois cada relação estabelecida se
constitui em elo para a seguinte. De cada vez que essa relação for construtiva conduzira
a níveis mais profundos de funcionamento pessoal (LOFFREDI. 1977).

O orientador educacional deve sempre estabelecer o ‘agir educativo’ com a equipe


escolar, mais recentemente, em uma visão ampla da instituição escolar, pode-se afirmar
que todos fornecem consultoria, pois cada pessoa envolvida no processo educativo tem
sua contribuição a dar; cada percepção particular pode enriquecer a visão coletiva é
interessante que o orientador avalie suas práticas de modo que venha impactar sim em
suas práticas, pois assim poderá ser percebido se suas intervenções tem surtido efeito.
Os órgãos deliberativos das instituições tendem cada vez mais a desenvolver suas
atividades em dois aspectos “orgânicos”: deliberativos que é essencial, e o
técnicocultural, onde as questões sobre as quais é preciso tomar resoluções são
inicialmente examinadas e analisadas em uma perspectiva de aprendizagem coletiva
onde todos podem participar e assim contribuir:

De acordo com Gramsci (1982, p.119)

july.possamai@hotmail.com
15

(...) estabelece-se um tipo de colegiado deliberado que busca


incorporar a competência técnica necessária para operar de
modo realista, através da discussão, da crítica colegiada (feita
através de sugestões, conselhos, indicação metodológica, crítica
construtiva e voltada para a educação recíproca), mediante as
quais cada um funciona como especialista em sua matéria a fim
de integrar a competência coletiva, conseguindo-se efetivamente
elevar o nível médio de atuação dos educadores, alcançar a
capacidade do mais preparado. Indubitavelmente, nesta espécie
de atividade coletiva, cada trabalho produz novas capacidades e
possibilidades de trabalho, pois cria condições de trabalho cada
vez mais orgânicas. Solicita-se uma luta rigorosa contra os
hábitos do diletantismo, da improvisação das soluções oratórias.

Seguindo todas essas contribuições, conclui-se pela importância e necessidade de


desenvolver processos de comunicação adequados; avaliar e refletir sobre a maneira
pela qual estamos nos comunicando pode se considerar importante para toda e qualquer
realização humana. A construção de uma visão coletiva da ação pedagógica depende do
desenvolvimento da competência comunicativa e pode o orientador educacional, por sua
experiência sobre relações interpessoais, assumir o papel de iniciador deste processo de
autoconhecimento e autorreflexão.

A família é o meio social onde a criança recebe suas primeiras informações, seu
conhecimento de mundo imediato. É ali que ela receberá suas primeiras experiências de
vivencia. Os pais são seus primeiros professores e a obra e mais importante função deles
é a formação do seu caráter. Eles são exemplos para seus filhos. Seu caráter, sua vida e
seus métodos de convivência demonstram o tipo de sociedade que teremos futuramente.
Os pais possuem um papel de grande importância dentro do seu lar, em relação á seu
filho e com quem ali convivem. A mãe constitui para a criança a primeira e mais
significativa experiência de amor. Ela promove uma relação psicológica e afetiva com a
criança no qual isso fará extrema diferença no comportamento da criança. É ela que
nutre a consciência que está em desenvolvimento e oferece à criança a primeira
amizade. O pai, por sua vez, é mais distante e menos incisivo. Beltram (2001, p. 129)
comenta que "a eficácia e o caráter positivo de sua influência estão relacionados à
disponibilidade quanto a ser um bom amigo para a mulher, para os filhos e para a
sociedade".

Quando a escola passa a conhecer e considerar a diversidade de seus alunos, resume


de maneira autentica a existência do valor máximo por todos os respeito às diferenças,
oportunizando a reflexão e compreensão que estas não são obstáculos para o
cumprimento da ação de educar, pelo contrário, elas alavancam ações que favorecem a
inclusão, mostrando que sem a visão negativa elas podem e devem ser fator de grande
enriquecimento.

É de extrema importância que a família acompanhe a vida escolar da criança, seja


ela portadora de alguma deficiência ou não. Quando a criança com deficiência entra em
uma escola, ela se depara com diversos desafios, no meio social e cognitivo. Segundo
Delgado (2011 p, 63), os professores são muito importantes no processo de ensino
aprendizagem de crianças especiais, visto que ensinam e realizam novas formas de
comunicação com seus alunos, com relação a sua deficiência, aumentando, sua

july.possamai@hotmail.com
16

capacidade de interação com o meio no qual ele convive. A intervenção pedagógica é


extrema importância durante os anos escolares dos alunos, ela é necessária na promoção
do desenvolvimento de todos os alunos. A aprendizagem ocorre na vida do ser humano,
26 desde os primeiros momentos de vida. Entretanto, o aprendizado intencional, não
percorre por caminhos de desenvolvimento, sem experiências previas e planejadas de
aprendizagem resultantes da mediação de outras pessoas na vida dele, nesse caso da
figura do professor. Essa intervenção no aprendizado das crianças é importantíssima na
definição de seu desenvolvimento. Segundo Quitério (2011 p, 189) é necessário se
pensar um currículo que seja planejado e dirigido para garantir uma aprendizagem que
respeite a diversidade, por isso é importantes muitos ajustes para a turma e a rotina, por
exemplo, a necessidade de correção com relação ao tempo, ao material, e uma forma
alternativa de se fazer uma atividade, facilitando o processo de aprendizagem dos
alunos no ensino regular, ou na escola especial, se tornando uma inclusão meramente
“física” no espaço da escola.

Para Kassar (1995, p.27):


A inclusão veio justamente ampliar as possibilidades para
construir uma sociedade mais justa, dando oportunidades para
todos, de ocuparem os seus espaços, buscando conquistar uma
autonomia. É no entrelaçamento entre a educação geral, a
educação especial e a proposta de educação para todos, em suas
dimensões relacionadas às políticas públicas, à formação de
professores e às práticas pedagógicas, que se inicia a discussão
em torno dos desafios, das possibilidades e das ações para que o
processo de inclusão educacional da pessoa com necessidades
educacionais especiais seja implementado. O especial e o
comum são vistos como dois problemas distintos que „vem
disputando o mesmo espaço, o mesmo lugar físico: a escola
pública.

A escola é de direito para todos, é um direito adquirido dos cidadãos, sejam crianças
ou adultos. Fica evidente a preocupação que as pessoas com necessidades especiais
causam na sociedade, despertando grupos e indivíduos preocupados em oferecer
educação, cuidado e respeito a eles. Intencionados pela busca de alternativas que
assegurem o cumprimento da lei a favor de uma educação de qualidade para todos,
ligado fortemente a esta mobilização social encontra-se o professor e sua atuação
enquanto agente de transformação, e mediação para assim contribuir com
desenvolvimento o aluno, seja qual for a deficiência e não somente a deficiência
auditiva.

Segundo Sassaki (2012, p.1):

Inclusão é o processo pelos quais os sistemas sociais comuns


são tornados adequados para toda adversidade humana –
composta por etnia, raça, língua, nacionalidade, gênero,
orientação sexual, deficiência e outros atributos, com a
participação das próprias pessoas na formulação e execução
dessas adequações.

july.possamai@hotmail.com
17

A privação de atividades, avaliações, participação na compreensão do conteúdo,


não se separando as atividades para que caibam ao restante da turma, acaba
comprometendo o processo de desenvolvimento desse aluno no contexto escolar. As
tarefas disponibilizadas a esse aluno, geralmente distintas ao resto da turma, são
direcionadas as funções mais facilitadoras, tarefas que não exigem uma boa capacidade
de abstração, como recortar, colar, pintar, copiar ou colar. Para que o aluno obtenha a
capacidade de realizar as atividades propostas pelo professor, seriam necessárias
modificações nas propostas pedagógicas, mas estas resultam em uma “facilitação” da
atividade. Não é esse o caminho mais adequado a ser seguido, especificamente não é
preciso facilitar uma atividade pra os alunos, mas a atividade em sua essência precisa ter
um recorte que caiba a qualquer um dos alunos, inclusive contemplando as necessidades
educacionais especiais dos que dela necessitam.

“Segundo Vygotsky (1993 p, 141),” a linguagem possui além da função


comunicativa, possui a função de constituir pensamento. “O processo pelo qual a
criança adquire a linguagem segue o sentido do exterior para o interior, do meio social
para o individual”. Trazendo essas afirmações para a realidade do surdo percebe-se que
as dificuldades comunicativas e cognitivas do aluno surdo muitas vezes não tem a
origem da criança e sim no meio social no qual o aluno está inserido que geralmente não
está adequado em termos de comunicação e linguagem.
Segundo André, (1999 p, 52), diferenciar as práticas pedagógicas do cotidiano, é aceitar
o desafio que não existem receitas prontas, nem soluções universais. É compreender e
aceitar as incertezas, facilitar nossas intervenções é entender que grande parte de nossas
intenções pedagógicas devem ser construídas na ação cotidiana, em um processo de
negociação, revisão constante e iniciativa por parte dos professores.

Neste caso como propõe o tema do trabalho, o aluno com deficiência auditiva, deve
receber atendimento educacional especializado (AEE), de forma que isso possa auxiliar
o professor na alfabetização desse aluno, utilizando-se de materiais adaptados e
promovendo atividades que possam assim facilitar a comunicação entre o aluno e o
professor, assim facilitando seu aprendizado.

CONCLUSÃO

A inclusão escolar e uma realidade que faz passar e tornar-se a ser por muitas vezes
um grande desafio aos envolvidos no processo de inserção do mesmo na vida escolar.
Com o estudo deste trabalho, e possível visualizar de maneira crítica e ampla sobre os
alunos com deficiência auditiva em escolas públicas. Essa realidade é contextualizada e
deve-se problematizar, pois o sucesso ou regresso escolar devem levar os profissionais
da educação a reflexão, em rever suas práticas pedagógicas, e entender que a família, os
profissionais da área e o estado são responsáveis por um processo de inclusão de forma
eficiente.

A história da educação de surdos foi de extrema importância para evolução da libras


e do desenvolvimento dos alunos com surdez, onde no início da história, os surdos não
eram reconhecidos como seres pensantes, onde os mesmos eram tratados como
“anomalia” ou retardados mentais simplesmente por não conseguirem se comunicar pela
forma oral. Com muitos estudos feitos gradativamente, foi possível desenvolver uma
forma de todos os surdos se comunicarem e assim sendo possível a alfabetização dos
mesmos. A sociedade vive em um processo de transformação, novas tecnologias

july.possamai@hotmail.com
18

surgem, com várias oportunidades e a escola cabe o papel de preparar o aluno para a
vida, com isso é necessário que os profissionais da educação sejam comprometidos a
promover uma aprendizagem de qualidade, e permaneça em constante reflexão sobre
seus métodos de ensino, e quais as concepções de aprendizagem estão proporcionando a
estes alunos.

Com isso, a contribuição primordial do trabalho realizado, foi enfatizar a


importância da família e da escola no processo de ensino e aprendizagem do aluno
surdo, e sendo assim, é preciso articular conhecimentos, oportunizar aspectos sociais,
promovendo discussões nos espaços escolares e no âmbito familiar, com o objetivo de
desenvolver de forma necessária e correta o aprendizado deste aluno e promover e
auxiliar o desenvolvimento pessoal e social da criança com surdez.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, E.C Deficiência auditiva: como evitar e cuidar. São Paulo: Atheneu, 2001.

ANDRÉ, Marli (org.) Pedagogias das diferenças na sala de aula. Campinas, SP: Papirus,
1999. ARANHA, Maria Salete Fábio. Inclusão. In: Inclusão. Londrina: Ed. Londrina,
2003.

BAKHTIN, M. (1929). Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1992.

BRASIL, Lei Federal n.º 10.098/2000. Disponível em:. Acesso em: 13 de Set. de 2017.

BRASIL, Lei n.º 10.845/2004. Disponível em: . Acesso em: 13 de Set. de 2017

BRASIL.Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,


DF, Senado, 1988.

BELTRAM, José Luiz. Em busca dos valores da criança. Tatuí/SP: Editora Casa
Publicadora Brasileira, 2001

DUARTE, Cristiane Rose de Siqueira; COHEN, R. Proposta de Metodologia de


Avaliação da Acessibilidade aos Espaços de Ensino Fundamental. In: Anais NUTAU
2006: Demandas Sociais, Inovações Tecnológicas e a Cidade. São Paulo, USP: 2006.

FALCÃO, Luiz Alberico. Surdez, Cognição Visual e LIBRAS: conhecendo novos


diálogos. Recife: Editora do Autor, 2010.

GRAMSCI, Antônio. Os intelectuais e a organização da cultura. Trad. Carlos Nelson


Coutinho. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1982. 30

GOLDFELD, Márcia. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sócio


interacionista. São Paulo: Plexus, 1997.

GUGEL, Maria Aparecida. Pessoa com deficiência e o Direito ao Concurso Público.


Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. _________. A pessoa com
deficiência e sua relação com a história da humanidade. Maio de 2008.

july.possamai@hotmail.com
19

GRINSPUN (Org.), Miriam P.S Zippin. A prática dos orientadores educacionais. -4.
Ed. – São Paulo: Cortez, 2001.

HONORA, Marcia. Inclusão educacional de alunos com surdez: concepção e


alfabetização: ensino fundamental, 1 ciclo/ Marcia Honora. – São Paulo: Cortez, 2014

KASSAR, M. Ciência e senso comum no cotidiano das classes especiais. Campinas:


Papirus, 1995.

LANE, Harlan. A máscara da benevolência: A comunidade surda ameaçada. [Tradução


Cristina Reis]. [S.I.]: Instituto Piaget, 1992.

LOFFREDI, Laís Esteves — Paradigma da orientação educacional. Rio de Janeiro, F.


Alves, 1977

MARTINELLI, Maria Lúcia (org.). O uso de abordagens qualitativas na pesquisa em


Serviço Social. In: Pesquisa Qualitativa: um instigante desafio. São Paulo: Veras
Editora, 1999. MARX,

MAZZOTA, M.J.S. Inclusão e Integração ou Chaves da Vida Humana. Texto


apresentado no III Congresso Ibero-Americano de Educação Especial Diversidade na
Educação: Desafio para o Novo Milênio Foz do Iguaçu, 4 a 7 de novembro de 1998.

QUADROS, R.M.; KARNPPP, L, B. Língua de sinais brasileira: estudos linguísticos.


Porto alegre: Artmed, 2004

SASSAKI R. K. – Inclusão: acessibilidade no lazer, trabalho e educação. Cadeirando


sobre diversidade, [S.L] 2012. Acesso em 26 de Set. de 2017.

SICORDE. Sistema Nacional de Informações sobre Deficiência. Disponível em: .


Acesso em: <htt://portal.mj.gov.br/corde/sicorde,asp> . 26 de mai. de 2018.

SOARES, Maria Aparecida Leite. A Educação do Surdo no Brasil. EDUSF; Editores


Autores Associados, 1999.

SKLIAR, C. (Org.). A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto alegre: Mediação,


1995.

VIGOTSKI, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins


Fontes, 2001.

VIGOTSKY, LS. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

july.possamai@hotmail.com

Você também pode gostar