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1.

ORALISMO

Na historia da educação dos surdos, um período muito relevante a ser


estudado é a exclusão da língua de sinais, a partir de uma proposta de
educação voltada à metodologia oralista, que teve seu inicio por volta dos anos
1880 no Congresso Internacional de Educação de Surdos que aconteceu em
Milão, que durante o “apogeu da adoção da abordagem oralista, os surdos
eram até impedidos de usar os sinais para a comunicação” (Santana, Muniz,
Peixoto, 2018, p. 113), algo que seria óbvio que a esta tentativa seria rejeitada
pela comunidade surda.

Essa metodologia defendia que o ensino da língua falada seria de


primordial para o desenvolvimento da comunicação da criança nascida surda,
deste modo integrando o surdo à comunidade de ouvintes, buscando assim
uma normalidade. Streiechen, Krause-Lemke, Oliveira e Cruz, discorrem que:

“A metodologia oralista, após o Congresso de Milão, passou a ser


praticada pela maioria das escolas na educação de surdos de muitos
países. O uso da língua de sinais foi proibida, começando, assim,
uma longa e sofrida batalha do povo surdo para defender o direito
linguístico por meio da sua língua natural, a língua de sinais”
(STREIECHEN, KRAUSE-LEMKE, OLIVEIRA E CRUZ, 2017, p. 93)

Para Kalatai e Streiechen (2012) uma pessoa que é surda guardar


informações básicas para a oralização é algo extremamente difícil, pois estes
indivíduos não são capazes de assimilar as palavras orais do mesmo modo
que os ouvintes que desde o seu nascimento tem a habilidade de armazenar
os vocabulários na mente, ou seja, essa busca incessante a integração do
surdo a partir do treino da fala ou leitura labial seria algo inútil, visto que a
barreira física do surdo não permitiria um pleno desenvolvimento linguístico da
linguagem oral.

Streiechen, Krause-Lemke, Oliveira e Cruz discorrem que apesar do


banimento do uso de sinais os surdos não o abandonaram, mesmo depois de
ser excluída das escolas e no meio familiar. Ademais causou uma grande
evasão escolar, dado que a adaptação a nova metodologia de ensino não
estava sendo efetiva e agravando o isolamento do aluno surdo no ambiente
escolar.
No Brasil, em 1857, foi fundada a Primeira escola para surdos,
conhecida como INES - Instituto Nacional de Educação de Surdos ela a priori
seguia o ensino de linga de sinais, porém com o advento da nova metodologia
de ensino de surdos adotou o Oralismo como pratica de ensino e do mesmo
modo que em outros países também aboliu o uso de sinais.
Em síntese, o Oralismo foi uma tentativa de “normalizar” os surdos de
maneira imposta e desrespeitando a identidade surda, deste modo trazendo
uma “longa e sofrida batalha do povo surdo para defender o direito linguístico
por meio da sua língua natural, a língua de sinais” (Streiechen, Krause-Lemke,
Oliveira e Cruz, 2017, p 93). Diante desse fracasso e da percepção de que o
Oralismo não estava alcançando a expectativa desejada, que perdurou durante
cem anos, aos poucos começaram uma flexibilização “por meio de todos os
recursos (sinais, oralização, leitura labial, gestos etc.)” (Streiechen, Krause-
Lemke, Oliveira e Cruz, 2017, p 94).

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