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RESUMO
A maioria dos trabalhos de literatura surda se baseia na literatura dos ouvintes adaptadas para os
alunos surdos. As opções de literatura dos próprios surdos são recentes e a grande maioria não
possui acesso a esse material. A Comunidade Surda possui características próprias, um idioma
próprio, sua comunicação é viso espacial. E muitas vezes se encontram desconectados com a
literatura oferecida a eles em sala de aula.
A Base Nacional Comum Curricular norteia os currículos dos sistemas de ensino. Nele consta os
propósitos que direciona a educação brasileira para a formação de um indivíduo como todo.
Garantindo o conteúdo mínimo em todas as esferas educacionais.
Mas se tratando da educação de alunos surdos, como são respeitadas suas características, sua
língua? Sua Cultura? É preciso quebrar a ideia de que apenas adaptar o currículo para que o
aluno seja suficiente. É preciso inserir a sua Comunidade no seu contexto escolar. Mostrar a
riqueza da sua cultura, os artista, os poemas, a arte e os livros escritos por pessoas surdas.
Mostrando que eles são capazes de produzir um conteúdo próprio, com suas características.
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1. INTRODUÇÃO
Ao se tratar de Literatura Infantil, vemos que nos livros infantis, o ético e o estético se
misturam. Geralmente a bruxa, os monstros, bandidos e personagens de conotação negativa são
tratados como personagens feios, assustadores e até grosseiros. Geralmente fazendo que distância
física trouxesse a repulsa e medo. Por outro lado encontramos os príncipes e mocinhos como seres,
magros, loiros, corpos perfeitos, cabelos longos, fazendo que essas características sejam valorizadas
pela sociedade. Logo na educação infantil nos deparamos com o desafio de como são apresentados
os demais alunos? Os negros, o índios, os cegos, e os surdos, como ficam a sua identificação nesse
contexto?
Se nos atentarmos esse detalhe vai além do estético, se a perfeição remetem ao bom, aqueles
que não estão enquadrados nessas características seriam os maus.
Como os livros infantis apresentam os personagens surdos? É preciso trazer aos alunos
surdos a sua identificação através da literatura, expondo desde cedo a histórias que trazem a sua
realidade. Como o Patinho Surdo, Cinderela Surda entre outros. Assim pouco a pouco podemos
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Conforme Karnopp (2008, p.15), um dos objetivos desta produção literária é “recontar a
experiência das pessoas surdas, no que diz respeito, direta ou indiretamente, à relação entre as
pessoas surdas e ouvintes, que são narradas como relações conflituosas, benevolentes, de aceitação
ou de opressão do surdo”.
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Santos (2016, p. 24) declara que a literatura surda: “... é uma forma de produzir os textos dentro de
um ambiente literário de língua, cultura e identidade surda, em que os artefatos culturais estão
intrinsecamente relacionados principalmente ao seu ambiente linguístico – LIBRAS”. Neste mesmo
sentido, Lane (apud Santana e Bergamo, 2005) ressalta que a literatura surda é constituída de:
Em relação ao conceito de literatura surda, vale apena trazer a importância de que esta
literatura se constitui na perspectiva de quem vive na comunidade surda e é usuário da língua de
sinais como sua L1 como acontece com caso da pesquisadora Karnopp (2010, p.171), que retrata a
literatura surda e que surge “[...] pelas histórias produzidas em língua de sinais pelas pessoas surdas,
pelas histórias de vida que são frequentemente relatadas, pelos contos, lendas, fábulas, piadas,
poemas sinalizados, anedotas, jogos de linguagem e muito mais”. Ainda de acordo com Karnopp
(2006, p.102) a literatura surda: Nesse sentido, utilizamos a expressão “literatura surda” para
histórias que têm a língua de sinais, a questão da identidade e da cultura surda presentes na
narrativa. Literatura surda é a produção de textos literários em sinais, que entende a surdez como
presença de algo e não como falta, possibilitando outras representações de surdos, considerando-os
como um grupo linguístico e cultural diferente (KARNOPP, 2006, p.102).
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3. MATERIAIS E MÉTODOS
Existem alguns materiais que são traduzidos do português para Libras. Os clássicos
traduzidos são importantes para a leitura de obras e textos que circulam na literatura brasileira.
Esses livros são ilustrados, apresentam a sinalização da Libras em desenho, a escrita da
língua de sinais e o português.
Para desenvolver esse trabalho pesquisamos vários gêneros literários como: histórias de
contos de fadas, fábulas, piadas, poesias, etc.
Alguns exemplos a ser trabalhados são: “Viva a diferença”, ele é um livro que pode ser lido
com as crianças surdas e ouvintes, para trabalhar a importância de semear valores como o respeito e
a solidariedade entre os alunos.
“Ivo” é uma oportunidade de trabalhar algumas noções de cidadania com os alunos.
“História da Árvore” é uma piada muito conhecida na comunidade surda. Ela traz uma
mensagem interessante de respeito ás diferenças individual.
“A cigarra e a formigas” que é uma fábula que sempre tem uma moral da história e ajuda
trabalhar as diferenças.
“O mundinho” é um poema surdo que da para trabalhar as diferenças e o preconceito.
Todas essas obras literárias estão diretamente ligadas à identidade, cultura do surdo e a
forma de manifestá-la.
Essa forma de apresentar para os alunos a literatura surda é um meio de permitir a
comunicação e a interação com o mundo por meio da modalidade visual-espacial, livre de
marginalização imposta pela modalidade oral auditiva.
Atualmente vimos que da para trabalhar com os alunos o SLAM que é uma ferramenta
educativa e reflexiva, que através da poesia os alunos consigam se expressar mais, mostrando sua
própria identidade. Os jovens podem ter acesso a esse material e produzir o seu próprio material.
Podemos dizer que as poesias como outras obras literárias é uma forma dos alunos colocar a
voz e assumir o protagonismo de questões que muitas vezes não são discutidas e trabalhadas pela
sociedade. Sendo assim um recurso fundamental na construção social do sujeito surdo.
Tomando como base a literatura surda e suas obras, o presente trabalho tem o objetivo de
tratar sobre a importância da identificação, conhecimento da cultura surda, que trata também o
empoderamento surdo nas obras literárias em especial nas poesias surdas como o SLAM, é possível
notar que a partir dessa relação entre o espaço escolar inclusivo e o empoderamento que a escola
proporciona para os alunos, eles ganham uma força identitária que é muito importante na formação
deles.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A literatura é importante para a construção de qualquer indivíduo. A escola deve ser atuante
na formação do aluno, seja ele ouvinte e surdo. Cabe à escola criar estratégias adequadas ao ensino
de seus alunos. Precisamos de professores qualificados e quem saiba atuar e usar o material
disponível na educação básica. Não fazendo escolhas exclusivas de um tipo de cultura em
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detrimento da outra. Oferecer aos alunos que estão em fase de construção de identidade a
possibilidade se escolher e se desenvolver diante das diversas oportunidades. Até pouco tempo
atrás, acreditava-se que apenas contar as mesmas histórias para as crianças surdas e ouvintes, que
ambas teriam o mesmo entendimento do conto, da piada, da poesia e fabulas ou que bastasse que as
histórias fossem traduzidas para a língua de sinais. Nesse caso, não se levava em conta as
necessidades dos alunos surdos. Sua história e cultura ficavam de fora do contexto da narrativa.
Observamos também o quanto é importante refletir sobre o empoderamento surdo a partir
das poesias do SLAM e como podem contribuir para o empoderamento surdo dentro do contexto
escolar. A partir das poesias do grupo SLAM conseguimos ver a importância de uma arte poética,
que mostra a Língua de Sinais Brasileira e o Português simultaneamente. Esse gênero poético pode
ser utilizado como material didático bilíngue nas escolas, com professores da educação de surdos
que podem explorar diversos conteúdos didáticos para discussão em sala de aula a partir dessas
poesias representativas do SLAM, assim como Cultura, Língua, História, Política e outros temas
podem ser trabalhados em sala de aula com os alunos surdos.
Portanto com o uso desses gêneros literários em sala de aula, através de professores
comprometidos com a inclusão dos surdos. Mostrando não apenas respeito, responsabilidade com a
representação dos sujeitos surdos, mas sim a inclusão dele no ambiente escolar com outros alunos
de uma forma interativa e acolhedora, isso faz a diferença para que esses alunos desenvolvam sua
cultura e sua própria identidade através de seus próprios trabalhos desenvolvidos no ambiente
escolar.
REFERÊNCIAS
BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR. Disponível em: Acesso em: 08 mai. 2022.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. São
Paulo: Ed. Pearson, 2006.
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______. Educação de Surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
______. Lei nº. 10.436, de 24 de abril de 2002 – Lei da Libras. Brasília: Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, 2002. Net/2008, disponível em: Acesso em: 30 abr. 2022