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PREFÁCIO
Desenvolver teatro adaptado onde tanto surdo quanto ouvinte
possa entender e se divertir, além de participar efetivamente, é um
passo para uma mudança significativa na inclusão e nos direitos de
todos. O direito a cultura, conhecimento, aprendizado, crescimento
e desenvolvimento na área que a pessoa tiver mais interesse,
nesse caso, o teatro.
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O CONCURSO PARA BOLSA DE
APRIMORAMENTO TÉCNICO ARTÍSTICO NO
ESTADO DE SÃO PAULO
ÍNDICE
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Palestra: Inclusão de Surdos no Teatro com
Julio César de Souza.
Julio mencionou que para alcançar nossos objetivos alguns pontos precisam
ser trabalhados, e o principal é conhecer um pouco mais sobre a cultura e o
modo de viver de uma pessoa surda.
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“Eles cresceram sem escutar, vivem sem nunca ter
ouvido um som e gostam de ser assim”
Falou sobre o respeito de ambas as partes: “Um surdo deve ser tratado de
igual forma e com os mesmos direitos e deveres de uma pessoa que pode
ouvir, além disso, é preciso eliminar aquela ideia antiga de que a pessoa surda
ou um deficiente auditivo é um coitado, um encostado, que não trabalha e não
produz. Eles cresceram sem escutar, vivem sem nunca ter ouvido um som e
gostam de ser assim. É algo cultural e enraizado; não são obrigados a mudar
isso” Julio contou um pouco das suas dificuldades por ser deficiente auditivo, e
relatou que uma de suas maiores dificuldades, dentre tantas, é assistir a filmes
nacionais, pois não tem legendas em português. “Faltam muitas adaptações
em filmes, peças, acessos a teatros, cinemas, concertos e isso sem falar da
falta de acesso nas ruas, transporte, etc.” Ressaltou! O mundo é dos ouvintes,
e uma pessoa surda tem que se adaptar nele.
Sobre o trabalho que a Cia. Alvo desenvolve na escola Julio disse que este
processo trará um crescimento nas artes e na vida não só para os alunos, mas
também para a companhia e todos os envolvidos, pois ele acredita que o teatro
irá contribuir justamente para melhorar a comunicação entre o ouvinte e o
surdo, trazendo maior entendimento, percepção e respeito entre as culturas.
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Ao final, a coordenadora da escola Alessandra M. Franco Rosolen disse que é
de suma relevância que os alunos e a comunidade surda tenham acesso à
cultura e a expansão curricular com a entrada do teatro, e possa ser uma
possibilidade futura, até mesmo como profissão para eles.
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As primeiras impressões
As primeiras impressões vieram ao trabalhar as imagens, que já foi o suficiente
para identificar o quanto a pessoa surda é atraída por ela e o quanto as
expressões corporais e faciais podem comunicar. É realmente algo desafiador,
pois, além de estar descobrindo um universo novo, estamos lidando com
adolescentes, cujos pensamentos vão longe e a criatividade está
extremamente aflorada.
A imaginação Cênica
Trabalhar a imaginação de pessoas, principalmente adolescentes surdos, que
vivem uma cultura diferente da nossa, foi um desafio, pois sabemos que para
estimular a imaginação de um ouvinte basta falarmos para ele pensar em algo
e deixar a imaginação fluir, criar uma situação, deitar no chão e relaxar a
mente, fechar os olhos e etc. Mas e quando não sabemos falar a língua da
outra pessoa, como vamos conseguir deixar o imaginário dela fluir? E como
criar um exercício em grupo para estimular o imaginário dessa forma?
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A Cena
A cena que trabalhamos foi a do espetáculo Gálatas (o primeiro espetáculo da
Cia. Alvo) onde Paulo (o apóstolo) fica indignado ao receber a notícia que
Brenno, o marido de Brienna (a gálata) está acreditando num outro evangelho
que estão difundido na Galácia diferente do que ele havia pregado.
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Uma boa ajuda, que ampliou nossa visão, veio quando um professor (Eduardo)
que é surdo subiu ao palco e participou da cena. Ele aumentou os movimentos
da personagem e pudemos perceber que pequenas mudanças na expressão
fazem a diferença para o entendimento da cena.
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Percepção e ritmo
Utilizamos mais uma cena do “Gálatas”, a parte que tem três personagens
correndo em bicicletas imaginárias. Eles aos poucos começam a entender o
que deve ser feito, já que um dos personagens sabe andar de bicicleta e os
outros ficam para trás cambaleando por não saberem andar. É uma cena
muito divertida, mas exige muito da visão periférica principalmente no fim,
quando os personagens que não sabem andar de bike ficam para trás e
precisam sair de cena de costas.
O fato de correr
sem sair do lugar
mexe com o
imaginário, e
desperta a
criatividade de
qualquer pessoa;
chama a atenção de
qualquer um.
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Roda de Conversa
Questões abordadas
O professor Eduardo, que é muito interessado, disse que achava muito legal o
projeto da Cia alvo, por ser um projeto que se preocupa com o teatro para os
surdos. Disse que na França, por exemplo, isso já é comum e que aqui no
Brasil é muito difícil, principalmente aqui em São Paulo. Ele cita que poderia se
contratar surdos para realizarem esse trabalho levando a cultura surda para o
teatro.
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Trabalhando a Imaginação
O diretor vai falando e explica pala cada aluno o que ele fará no palco, e cada
vez mais solto e ajudando um ao outro com o intuito de utilizar a imaginação.
Foi proposto um roteiro só com ações, sem história para que eles fossem
criando situações e movimentos, elaborando um fim diferente para cada cena.
E por fim os alunos reproduzem tudo sozinho, sem orientação, tudo muito
parecido conforme a original e como explicado.
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O PODER DA MÚSICA, DO
CORPO E DA CONCENTRAÇÃO.
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Trabalhando com desenhos
Com a ajuda da intérprete Luciana Paz, os alunos tiveram uma pequena aula
sobre artes plásticas, teatro e estética com o cenógrafo Tiago Martins, que
explicou a importância de “ambientar” o local onde a peça se passa, assim
como o figurino, a paisagem, e tudo o que envolve uma apresentação em si.
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Constatamos que as ações que acontecem simultaneamente confundem o
surdo, ou seja, virar a folha do Flip Chart junto com as ações dos personagens,
para um surdo é uma verdadeira bagunça visual. Ou vira a folha ou a interpreta
a ação. Isso é fato! É o mesmo que assistir uma cena com três ou quatro
pessoas falando ao mesmo tempo, não da para entender nada.
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Códigos Musicais
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Luz, Câmera, Ação
A cena ficou muito boa, mas com algumas coisas que precisam ser arrumadas
para que fique excelente; a grande dificuldade é trabalhar com os desenhos. É
preciso fazer tudo mais marcado, mais em câmera lenta, pensar um pouco
antes de agir, pois está tudo muito rápido. São três os elementos portadores da
informação: O corpo, a expressão e a relação entre os personagens. Trabalhar
bem a respiração, ter o texto sempre na cabeça, corpo, expressão, relação...
São vários detalhes que juntos contribuem para que a cena tenha sucesso. Se
o olhar das musicistas está disperso ou frio temos que trabalhar nisso; se os
alunos estão dispersos, então vamos parar e fazer um exercício de
concentração para voltar ao foco. Já está quase na hora de apresentar o
trabalho.
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O Fórum
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Partindo do Teatro Imagem (Técnica do Teatro do Oprimido
de Augusto Boal) com algumas adaptações para a nossa
realidade, utilizamos o corpo, as expressões faciais e a
relação pessoal entre os personagens, para criar uma
linguagem universal, onde o todo pudesse ser entendido.
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Devemos focar nos detalhes e
não no resultado, pois é um
processo lento.
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Um celeiro de pessoas que lutam
e acreditam na mesma causa; só
precisavam de uma oportunidade
para se encontrar.
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Galeria de Fotos
Por Rafael Canuto
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EQUIPE DO PROJETO
Wesley.
Luísa C. Cavalheiro.
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