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TEATRO PARA SURDOS

EM CENA: RUÍDOS NO SILÊNCIO

Um quarto escuro. Silêncio absoluto. Poucos feixes de luz revelam uma


inesperada silhueta em frente à porta. Na ponta dos pés, com passos
cuidadosos, a sombra avança com cautela pelo local.

O parágrafo acima retrata um suspense. O caminhar na ponta dos pés revela o


mistério, a preocupação em não fazer ruído.

Isso não tem sentido para os surdos.

“Existem imagens relacionadas aos sons, como entrar de mansinho em uma


sala. Para eles [surdos], não tem sentido”, explica Fabiano Moreira, diretor da
Companhia Alvo de Teatro, que hoje desenvolve o ousado projeto Teatro para
Surdos, um esforço conjunto para inclusão e aperfeiçoamento artístico.

O plano é ambicioso. Esqueça o intérprete em Libras no canto do palco,


concorrendo com as cenas pela atenção do público. Não se trata de traduzir,
mas sim de oferecer condições para que os surdos consigam sentir a
experiência de acompanhar de maneira plena o espetáculo.

“O viés do trabalho é de aperfeiçoamento artístico”. A Companhia,


que começou na dramaturgia organizando peças bíblicas, quer
mergulhar no universo dos surdos para evoluir como ator.
Explorar e aprender para ir além e tentar construir as bases
metodológicas para produções teatrais mais inclusivas ao público
com deficiência auditiva.

Antes disso, no entanto, ele e seus companheiros precisarão se reinventar.


Acostumados com técnicas convencionais, os atores deverão encontrar
maneiras criativas para se comunicar em silêncio.

Parte da matéria publicada no Jornal Claro


Por Igor Truz


 
PREFÁCIO
Desenvolver teatro adaptado onde tanto surdo quanto ouvinte
possa entender e se divertir, além de participar efetivamente, é um
passo para uma mudança significativa na inclusão e nos direitos de
todos. O direito a cultura, conhecimento, aprendizado, crescimento
e desenvolvimento na área que a pessoa tiver mais interesse,
nesse caso, o teatro.

Nossa esperança é que muitas pessoas se interessem


por esse projeto e vejam nele uma força de ajudar e
incentivar a arte para as pessoas que estão “a margem”
da sociedade.

É algo que pode parecer pequeno, mas que dando continuidade e


com apoio e pessoas dispostas e com incentivo, com certeza
continuará sendo um projeto incrível, que abrirá outras portas e
vertentes e quem sabe levará jovens surdos ao mercado
profissional e desenvolverá artistas ouvintes a uma maior
sensibilidade na hora de usar o seu corpo e suas expressões e na
preocupação com o próximo.

Um caminho onde surdo e ouvinte trabalhem lado a lado, levando


um conteúdo de qualidade para quem assiste a uma peça,
utilizando o que temos de melhor, nossas emoções, nosso olhar,
corpo, gestos e a relação com o próximo; e quem sabe, sem
precisar dizer uma palavra.


 
O CONCURSO PARA BOLSA DE
APRIMORAMENTO TÉCNICO ARTÍSTICO NO
ESTADO DE SÃO PAULO

Cia. Alvo de Teatro, composta por artistas, que também são


educadores, entende e acredita que ao colocar seus espetáculos
em cartaz com retoques que possibilitem a compreensão daqueles
que não podem ouvir e compartilhar com o público a importância da
inclusão social através do lúdico e da arte, ele sirva como agente
multiplicador desta ideia, tanto para as escolas e profissionais da
educação como também dentro de casa para os pais e
responsáveis por estas pessoas.

ÍNDICE

1. A Inclusão de Surdos no Teatro


2. As primeiras impressões
3. A cena
4. Percepção e ritmo
5. Roda de conversa
6. Trabalhando a imaginação
7. Trabalhando com desenhos
8. Códigos musicais
9. Luz, câmera, ação
10. O Fórum
11. Galeria de fotos
12. Equipe do projeto


 
Palestra: Inclusão de Surdos no Teatro com
Julio César de Souza.

Na noite de 22 de março, foi realizada no auditório da Escola Bilíngue EMEBS


Helen Keller, a Palestra: Inclusão de Surdos no Teatro, com Julio César de
Souza, Embaixador da Pessoa com Deficiência para os atores da Cia. Alvo.

A palestra foi aberta ao público interessado.

Com a presença dos alunos da escola, professores, artistas e interessados no


assunto, a palestra trouxe na voz de Júlio César - que perdeu a audição
gradativamente sem perder a habilidade de falar - um assunto que muitas
vezes é esquecido pela sociedade; a inclusão de pessoas surdas, que com
grande esforço, precisam se adequar a um mundo de ouvintes; falou sobre o
abismo que existe entre um ouvinte e um surdo e como é possível estabelecer
aproximação de um com o outro, já que os “mundos” são tão diferentes.

Julio mencionou que para alcançar nossos objetivos alguns pontos precisam
ser trabalhados, e o principal é conhecer um pouco mais sobre a cultura e o
modo de viver de uma pessoa surda.


 
“Eles cresceram sem escutar, vivem sem nunca ter
ouvido um som e gostam de ser assim”

Falou sobre o respeito de ambas as partes: “Um surdo deve ser tratado de
igual forma e com os mesmos direitos e deveres de uma pessoa que pode
ouvir, além disso, é preciso eliminar aquela ideia antiga de que a pessoa surda
ou um deficiente auditivo é um coitado, um encostado, que não trabalha e não
produz. Eles cresceram sem escutar, vivem sem nunca ter ouvido um som e
gostam de ser assim. É algo cultural e enraizado; não são obrigados a mudar
isso” Julio contou um pouco das suas dificuldades por ser deficiente auditivo, e
relatou que uma de suas maiores dificuldades, dentre tantas, é assistir a filmes
nacionais, pois não tem legendas em português. “Faltam muitas adaptações
em filmes, peças, acessos a teatros, cinemas, concertos e isso sem falar da
falta de acesso nas ruas, transporte, etc.” Ressaltou! O mundo é dos ouvintes,
e uma pessoa surda tem que se adaptar nele.

Sobre o trabalho que a Cia. Alvo desenvolve na escola Julio disse que este
processo trará um crescimento nas artes e na vida não só para os alunos, mas
também para a companhia e todos os envolvidos, pois ele acredita que o teatro
irá contribuir justamente para melhorar a comunicação entre o ouvinte e o
surdo, trazendo maior entendimento, percepção e respeito entre as culturas.

 
Ao final, a coordenadora da escola Alessandra M. Franco Rosolen disse que é
de suma relevância que os alunos e a comunidade surda tenham acesso à
cultura e a expansão curricular com a entrada do teatro, e possa ser uma
possibilidade futura, até mesmo como profissão para eles.

Questões que foram abordadas na palestra:

O que o teatro pode contribuir para o desenvolvimento do surdo?


Exatamente naquilo que irão usar para desenvolver algo novo, através da expressão
corporal, gestual, da adaptação, respeito, inclusão e da mistura da cultura surda e
ouvinte.

O que o surdo pode contribuir para o desenvolvimento do teatro?


Se observarmos a capacidade que o surdo tem de comunicação, expressão labial,
gestual, facial e outras, pertencentes deste “universo” sem o som, teremos um rico
material que certamente irá contribuir para o desenvolvimento do teatro.

Quais as iniciativas são necessárias para levar o surdo aos espetáculos?


Tudo o que já foi mencionado, como Intérprete de libras, atores e diretores
capacitados para o trabalho, acessibilidade técnica, acesso de rampas e tudo que as
pessoas precisam para se sentirem parte de uma sociedade e terem vontade de estar
em tal local.

 
Iniciando o trabalho

Foco no trabalho corporal, mas afinal, o surdo é um “ trabalho corporal” por si


só, falam, agem, interagem, entendem com a totalidade do corpo. Nós ouvintes
é que somos tão limitados à palavra que muitas vezes ficamos pra trás na
comunicação. Os exercícios propostos são os mesmos utilizados em qualquer
curso básico de teatro e pressupõe total atenção, pois são sem o uso da fala,
chamados de exercícios de escuta. (Verônica Nobili - 2016)

E assim começou o trabalho com os alunos; preparados com o que brotou da


palestra do Julio Cesar somado às expectativas de explorar a expressão
corporal, a estética e a musicalidade no teatro junto com os alunos do sétimo
ano, iniciamos com exercícios e jogos comumente utilizados nos processos de
produção teatral para trabalhar as percepções mais importantes e preparar o
corpo dos atores e dos alunos.


 
As primeiras impressões
As primeiras impressões vieram ao trabalhar as imagens, que já foi o suficiente
para identificar o quanto a pessoa surda é atraída por ela e o quanto as
expressões corporais e faciais podem comunicar. É realmente algo desafiador,
pois, além de estar descobrindo um universo novo, estamos lidando com
adolescentes, cujos pensamentos vão longe e a criatividade está
extremamente aflorada.

Na nossa investigação tencionamos pesquisar as ações do Teatro do Oprimido


(T.O.), forma teatral idealizada e posta em prática pelo diretor, encenador e
dramaturgo brasileiro Augusto Boal, procurando encontrar qual a sua relação
com as atividades na escola e ir compondo um método significativo na
aplicação de um Teatro-Prático. E o primeiro caminho foi aplicar o Teatro
Imagem, construindo imagens, cenas pausadas, com os próprios participantes
como estátuas, que refletem e abordam questões, problemas e sentimentos.

O escultor direciona cada um dos movimentos das estátuas, que não


podem ser autónoma, a fim de construir um congelado, imóvel como
uma imagem de friso escultural. (Técnica do Teatro Imagem), Boal

A imaginação Cênica
Trabalhar a imaginação de pessoas, principalmente adolescentes surdos, que
vivem uma cultura diferente da nossa, foi um desafio, pois sabemos que para
estimular a imaginação de um ouvinte basta falarmos para ele pensar em algo
e deixar a imaginação fluir, criar uma situação, deitar no chão e relaxar a
mente, fechar os olhos e etc. Mas e quando não sabemos falar a língua da
outra pessoa, como vamos conseguir deixar o imaginário dela fluir? E como
criar um exercício em grupo para estimular o imaginário dessa forma?

 
A Cena
A cena que trabalhamos foi a do espetáculo Gálatas (o primeiro espetáculo da
Cia. Alvo) onde Paulo (o apóstolo) fica indignado ao receber a notícia que
Brenno, o marido de Brienna (a gálata) está acreditando num outro evangelho
que estão difundido na Galácia diferente do que ele havia pregado.

A cena foi executada pelos atores e os alunos observavam e davam suas


opiniões sobre o que se passava no palco; algumas questões já começaram a
surgir; Por que Paulo batia com raiva na mesa? Por que ficou bravo quando
recebeu a notícia?

Depois os alunos fizeram a mesma cena, e por vivenciarem esse universo de


expressões e gestos, fizeram-na com a maior naturalidade, sem precisar de
muita direção, simplesmente por observar o que se passava no palco.

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Uma boa ajuda, que ampliou nossa visão, veio quando um professor (Eduardo)
que é surdo subiu ao palco e participou da cena. Ele aumentou os movimentos
da personagem e pudemos perceber que pequenas mudanças na expressão
fazem a diferença para o entendimento da cena.

Então, a atriz Verônica Nobili, propôs um trabalho de expressões e


sentimentos; um jogo onde três portas retratos de tamanhos diferentes, um
pequeno, um médio e um grande que são utilizados para simbolizar a
intensidade da emoção dramatizada.

Comentários sobre a cena

Os alunos não conhecem a história; o que está acontecendo? E a


resposta é que veio deles foi: Os atores estão dirigindo e param para
beber a noite e encontram um lugar bonito, com musica e dança e
entram e começam a dançar, mas a mulher que está lá não gosta, e fica
brava os manda sair, porém reconhece um deles, que pode ser um
namorado, alguém que estudou junto.

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Percepção e ritmo

Para começar, fizemos um exercício de visão periférica, onde todos andavam


pelo palco e preencher os espaços vazios, um exercício simples, que a
princípio foi complicado de executar, pois os alunos andavam praticamente na
mesma direção, aglomerados, se esbarrando e cada um em uma velocidade.

Para nós há a dificuldade em resistir em de falar durante o exercício, já os


surdos viram a dificuldade como vantagem, a atenção e a comunicação pelo
olhar e pelo corpo se fez presente de forma natural e o exercício fluiu!

Utilizamos mais uma cena do “Gálatas”, a parte que tem três personagens
correndo em bicicletas imaginárias. Eles aos poucos começam a entender o
que deve ser feito, já que um dos personagens sabe andar de bicicleta e os
outros ficam para trás cambaleando por não saberem andar. É uma cena
muito divertida, mas exige muito da visão periférica principalmente no fim,
quando os personagens que não sabem andar de bike ficam para trás e
precisam sair de cena de costas.

O fato de correr
sem sair do lugar
mexe com o
imaginário, e
desperta a
criatividade de
qualquer pessoa;
chama a atenção de
qualquer um.

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Roda de Conversa

Na roda de conversa foi questionado aos alunos e professores sobre o que


eles estavam achando das aulas e das atividades propostas.

Questões abordadas

• Identificar, a partir dos relatos dos atores surdos, quais a


dificuldades existentes na prática teatral;

• Identificar quais os elementos da linguagem dramática utilizados


pelos atores surdos na composição da cena;

• Identificar a interação existente entre os atores surdos e ouvintes;

O professor Eduardo, que é muito interessado, disse que achava muito legal o
projeto da Cia alvo, por ser um projeto que se preocupa com o teatro para os
surdos. Disse que na França, por exemplo, isso já é comum e que aqui no
Brasil é muito difícil, principalmente aqui em São Paulo. Ele cita que poderia se
contratar surdos para realizarem esse trabalho levando a cultura surda para o
teatro.

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Trabalhando a Imaginação
O diretor vai falando e explica pala cada aluno o que ele fará no palco, e cada
vez mais solto e ajudando um ao outro com o intuito de utilizar a imaginação.
Foi proposto um roteiro só com ações, sem história para que eles fossem
criando situações e movimentos, elaborando um fim diferente para cada cena.

Tudo acontece com revezamentos, alunos, atores, alunos e atores, alunos e


professor e vão trocando os papeis e a cada repassada um ator é substituído
por um aluno, com isso registramos as melhores expressões para trabalhar
cada desenho dos personagens e ver a desenvoltura em cena.
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Logo no fim da aula, a cena é feita com todos os alunos e repetida algumas
vezes, ocorrendo trocas entre eles e de personagens. A equipe depois também
troca os papeis, para que se saiba que são personagens e que cada um
representa determinado papel de uma forma diferente, sem esquecer que é um
personagem que tem determinada regra a ser seguida.

E por fim os alunos reproduzem tudo sozinho, sem orientação, tudo muito
parecido conforme a original e como explicado.

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O PODER DA MÚSICA, DO
CORPO E DA CONCENTRAÇÃO.

“Em roda e abraçados, todos nós nos equilibrávamos e tirávamos


um pé do chão. Ninguém se desequilibrou e ninguém caiu,
justamente reforçando o poder da coletividade e coleguismo,
fundamental no teatro”. (Experiências de aula)

Com o evoluir das atividades percebemos pelos exercícios de


aquecimento, que apesar das distrações, os alunos estão mais maduros,
pois antes jogar um cabo de vassoura em roda e não atingir o colega era
muito difícil por conta da visão periférica, e isso começou a mudar.

A cena da taverna foi trabalhada novamente, e os atores ficaram nos


papéis principais e os alunos de figurantes para sentir de perto a música,
e as ações da cena e do trabalho corporal.

As expressões ainda estão fracas e é preciso observar os detalhes,


cada movimento precisa ser mais desenhado e usar bem o corpo para
transmitir a informação correta.

Depois de algumas passadas e cena ficou muito mais viva e alegre, as


expressões e os sentimentos pertencentes à cena puderam ser
observados.

Em um dos exércitos feito em roda, trabalhando a lateralidade, o cabo de uma


vassoura era jogado de uma pessoa para a outra que estava na roda, e o
objetivo era não deixar o cabo cair, não brincar e nem sorrir, para poder treinar
a concentração, e mesmo que a vassoura cai, era para tentar não sorrir e se
distrair, simplesmente pegar e continuar o exercício. Isso ajuda a manter o foco
e concentração para não se perder por qualquer coisa.

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Trabalhando com desenhos

Com a ajuda da intérprete Luciana Paz, os alunos tiveram uma pequena aula
sobre artes plásticas, teatro e estética com o cenógrafo Tiago Martins, que
explicou a importância de “ambientar” o local onde a peça se passa, assim
como o figurino, a paisagem, e tudo o que envolve uma apresentação em si.

Dando continuidade ao trabalho, foi proposta uma sequência de imagens em


folhas de “Flip Chart” para apoiar o conteúdo e a informação da cena.

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Constatamos que as ações que acontecem simultaneamente confundem o
surdo, ou seja, virar a folha do Flip Chart junto com as ações dos personagens,
para um surdo é uma verdadeira bagunça visual. Ou vira a folha ou a interpreta
a ação. Isso é fato! É o mesmo que assistir uma cena com três ou quatro
pessoas falando ao mesmo tempo, não da para entender nada.

Os desenhos precisam representar as “falas” da cena. Paulo aponta para o


quadro de Brenno pendurado na parede e com gestos e expressões questiona
sobre o seu paradeiro (onde está o Breno?). Briena, numa sequencia de
desenhos, responde a Pergunta de Paulo, (algumas pessoas vieram até a sua
casa distorcendo o que Paulo havia dito de Jesus, convenceram Breno, e ele
passou a segui-los). Já Paulo na sequência, utiliza os próximos desenhos para
explicar que Jesus Cristo veio para libertar a todos e quebrar as correntes que
nos escraviza a uma religião, trazendo uma vida de alegria e paz.

Agora é melhorar a forma de explicar esses desenhos ao público e melhorar as


expressões para transmitir a mensagem. A cena precisa ser marcada quadro a
quadro com atenção redobrada e gestos limpos e inteiros para que não haja
nenhuma confusão.

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Códigos Musicais

Como é possível inserir códigos musicais como referência aos surdos?

As pessoas surdas sentem certa aversão por música, raiva, desprezo,


como se não fosse importante; preferem se afastar, mesmo sentindo a
vibração do instrumento, mas é interessante observar o quanto elas
buscam encontrar alguma forma de se conectar a ela.

Mas como “escutar” e usufruir de uma música sendo surdo?

Trabalhamos ao ponto de fazê-los perceber a música pela expressão corporal


das musicistas. Além disso, é preciso dar sempre dar referências de ritmo,
compasso, andamento, como por exemplo, estendendo o braço, para mostrar
que a música acabou ou está prestes a acabar. Como um maestro!

Ao final da aula, os alunos puderam entrar em cena, e querem sentir a música


pedem para as musicistas tocarem mais, para poderem entender melhor o que
foi passado. Refizeram a cena com perfeição, mas tem muito que avançar
nesta área.

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Luz, Câmera, Ação

É hora de montar a cena! É importante lembrar que cada gesto e expressão


precisam ser minuciosamente trabalhados. Após um breve aquecimento,
partimos para a primeira passada da cena, definimos os papéis; os atores nos
principais e alunos como figurantes.

A cena ficou muito boa, mas com algumas coisas que precisam ser arrumadas
para que fique excelente; a grande dificuldade é trabalhar com os desenhos. É
preciso fazer tudo mais marcado, mais em câmera lenta, pensar um pouco
antes de agir, pois está tudo muito rápido. São três os elementos portadores da
informação: O corpo, a expressão e a relação entre os personagens. Trabalhar
bem a respiração, ter o texto sempre na cabeça, corpo, expressão, relação...
São vários detalhes que juntos contribuem para que a cena tenha sucesso. Se
o olhar das musicistas está disperso ou frio temos que trabalhar nisso; se os
alunos estão dispersos, então vamos parar e fazer um exercício de
concentração para voltar ao foco. Já está quase na hora de apresentar o
trabalho.

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O Fórum

O Fórum realizado no dia 6 de Agosto reuniu cerca de 130 pessoas


interessadas no assunto, incluindo professores, educadores, artistas, que
compareceram na intenção de conhecer o nosso projeto e unir as forças para
levantar a bandeira da inclusão e do acesso à cultura em frente.

Júlio César pode compartilhar um pouco da sua experiência - de alguém que


foi perdendo a audição gradativamente - e exaltar a importância da inclusão da
pessoa surdas na sociedade através das artes, teatro, música, assim como
esporte e tantas outras áreas. A Cia. Alvo teve a oportunidade de falar sobre o
projeto desenvolvido na escola e mostrar a cena que foi ensaiada junto com os
alunos, abordar as dificuldades e conquistas e explicar o método desenvolvido
durante processo.

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Partindo do Teatro Imagem (Técnica do Teatro do Oprimido
de Augusto Boal) com algumas adaptações para a nossa
realidade, utilizamos o corpo, as expressões faciais e a
relação pessoal entre os personagens, para criar uma
linguagem universal, onde o todo pudesse ser entendido.

A cena apresentada para o público atingiu as expectativas, fez público rir e se


divertir, todos buscaram entender o que se passava e assim despertar o
diálogo sobre a nossa proposta. É certo que não chegamos a um resultado,
mas descobrimos muitas coisas do que fazer ou não fazer para desenvolver o
teatro para surdos. Foi um desafio para todo o grupo, mas este é só o primeiro
passo.

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Devemos focar nos detalhes e
não no resultado, pois é um
processo lento.

Os alunos também deram suas opiniões; falaram que gostaram de participar do


projeto e que aprenderam bastante, superaram as dificuldades, e foi muito
divertido.
Esses jovens aprenderam coisas valiosas, principalmente,
que eles têm sim “voz” no mundo, e podem ser o que eles
quiserem inclusive atores e atrizes.

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Um celeiro de pessoas que lutam
e acreditam na mesma causa; só
precisavam de uma oportunidade
para se encontrar.

Pudemos conhecer atores, intérpretes que trabalham com teatro, pedagogos,


pessoas que trabalham com surdos e pessoas com projetos ou com intenção
de fazer parcerias para dar continuidade ao que foi começado.

Só temos a agradecer pela oportunidade e a confiança depositada. Também


parabenizar os alunos pela evolução e dedicação; crescemos muito, não só
como artistas e profissionais, mas como pessoas. Sabemos que é só o
começo, ainda tem muito por fazer; a semente foi lançada, mas precisamos
cultivar para que dê mais frutos até que o surdo ou qualquer pessoa com
deficiência possa ter acesso quando quiser assistir uma peça de teatro.

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Galeria de Fotos
Por Rafael Canuto

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EQUIPE DO PROJETO

Coordenação: Luciana Ruggiro

Artistas da Cia. Alvo: Beto Filho, Bruna Weinrebe, Fabiano Moreira,

Fernando Araújo, Lane Ribeiro, Luana Chacon e Thais Casemiro.

Orientadores: Julio Cesar de Souza, Thiago Martins e Verônica Nobili.

Alunos: Fernando Costa Amorim, Gabriel Oliveira de Matos, Joao Victor

Torres Rocco, Luciele Gomes de Andrade, Luis Henrique Soares

Oliveira, Gabriel Oliveira, Mariana Francyne Silva Ribeiro, Thiago de

Jesus Pereira e Vinícius José Silva Lima.

Intérpretes de Libras: Luciana Paz, Thyago Santos, Neidiane e

Wesley.

Equipe gestora da EMBES Helen Keller

Diretora: Sandra Maria Saviano

Assistente de direção: Sandra Regina Farah

Coordenação pedagógica: Alessandra M. Franco Rosolen e Maria

Luísa C. Cavalheiro.

Professoras: Silvana Silva e Gláucia Simões, Eduardo Pereira Rocha.

Assessora de Imprensa: Marisa Romani

Registro Fotográfico: Rafael Canuto

Registro Videográfico: Thiago Guerreiro

Projeto realizado com apoio do Governo de São Paulo – Secretaria de Estado


da Cultura – Programa de Açaõ Cultural – Edital N° 37 / 2015.

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