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UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS

Núcleo de Educação a Distância

LÍNGUA BRASILEIRA
DE SINAIS - LIBRAS

NÚCLEO COMUM
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS

Núcleo de Educação a Distância

Créditos e Copyright

SOUZA, Maria Isabel de Abreu

Libras – Língua Brasileira de Sinais, Maria Isabel de Abreu


Souza. Núcleo de Educação a Distância da UNIMES. Santos,
2015, 125 p. (Material didático. Curso de Licenciatura em
Educação Especial).

Modo de acesso: www.unimes.br

1. Licenciaturas. Libras - Língua Brasileira de Sinais


CDD 371.9

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Sumário
Aula 01_Surdez: conceituação, causas e classificação ............................................................................ 4
Aula 02_Surdez: Prevenção, diagnóstico e tratamento .......................................................................... 9
Aula 03_História do Surdo .................................................................................................................... 14
Aula 04_História da Educação do Surdo no Brasil ................................................................................ 19
Aula 05_Principais Abordagens ou Filosofias de Ensino na Educação dos Surdos................................ 23
Aula 06_ Língua de Sinais ...................................................................................................................... 28
Aula 07_Libras I ..................................................................................................................................... 31
Aula 08_Alfabeto Manual de Libras ...................................................................................................... 34
Aula 09_O Papel da Família .................................................................................................................. 36
Aula 10_Estimulação Precoce ............................................................................................................... 40
Aula 11_Estimulação para Aquisição da Língua Brasileira de Sinais ..................................................... 43
Aula 12_O Papel da Escola e do Professor ............................................................................................ 45
Aula 13_Primeiros Anos Escolares ........................................................................................................ 48
Aula 14_Políticas Educacionais ............................................................................................................. 51
Aula 15_Métodos de Alfabetização ...................................................................................................... 55
Aula 16_Libras II .................................................................................................................................... 59
Aula 17_O Processo de Leitura e Escrita ............................................................................................... 63
Aula 18_A Proposta Bilíngue para a Educação dos Surdos ................................................................... 66
Aula 19_O Trabalho da Equipe Multidisciplinar .................................................................................... 68
Aula 20_Desafios na Educação dos Surdos ........................................................................................... 70
Aula 21_Dificuldades de Aprendizagem ............................................................................................... 73
Aula 22_Avaliação de Aprendizagem .................................................................................................... 75
Aula 23_Recursos Pedagógicos e Tecnológicos .................................................................................... 78
Aula 24_Libras III ................................................................................................................................... 84
Aula 25_O Processo de Inclusão ........................................................................................................... 87
Aula 26_Educação de jovens e adultos surdos ..................................................................................... 90
Aula 27_Fernando Capovilla e Seu Estudo Sobre a Educação dos Surdos ............................................ 92
Aula 28_Capacitação de Professores do Ensino Fundamental ............................................................. 95
Aula 29_Tradutor e Intérprete de Libras-Língua ................................................................................... 97
Aula 30_A Comunidade Surda ............................................................................................................ 101
Aula 31_A história de Hellen Keller e Anne Sulivan ............................................................................ 107
Aula 32_Projetos ................................................................................................................................. 110

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Aula 1_Surdez: conceituação, causas e classificação

A deficiência auditiva, trivialmente conhecida como surdez, consiste na perda


parcial ou total da capacidade de ouvir, isto é, um indivíduo que apresente um
problema auditivo. Trata-se de uma deficiência sensorial que pode acarretar sérias
dificuldades no que se refere ao processo de aquisição e ao desenvolvimento de
linguagem.
De acordo com o Decreto nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005:

Art. 2o - Considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva,
compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais,
manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de
Sinais - Libras.
Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral,
parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por
audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.
É considerado surdo todo o indivíduo cuja audição não é funcional no dia
a dia, e considerado parcialmente surdo todo aquele cuja capacidade de
ouvir, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva.
A deficiência auditiva é uma das deficiências contempladas e integradas
nas necessidades educativas especiais (n.e.e.); necessidades pelas
quais a escola tanto proclama.

É importante que se saiba que Disacusia significa a perda da capacidade


auditiva, em menor ou maior grau e que pode ter um caráter transitório ou definitivo.
As principais causas podem ser divididas em

Pré-natais
- Causas endógenas que são as que ocorrem no momento da concepção e são
herdadas dos pais como, por exemplo, temos a otosclerose e algumas síndromes.
- Causas exógenas que são consequências de alterações no tecido uterino nos
primeiros três meses de gestação. Destacam-se embriopatias, tendo a Rubéola
como principal responsável, toxoplasmose, citomegalovírus, diabetes, sífilis
congênita, irradiação, hipóxia, drogas ototóxicas, alcoolismo materno, anestesias
prolongadas eritoblastose fetal (que é a destruição das hemácias do bebê pelo soro
materno, incompatibilidade sanguínea fator Rh (-) negativo para a mãe e (+) positivo
para o bebê.

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Perinatais: ocorrências durante o trabalho de parto: a icterícia neonatal, sofrimento


fetal com contrações interinas intensas e prolongadas, estrangulamento do cordão
umbilical, traumatismo obstétrico (uso inadequado de fórceps), parto traumático,
quedas na retirada do bebê, anóxia/hipóxia que atinge diretamente a cóclea, lesando
o nervo acústico que é particularmente sensível à influência de oxigenação, parto
prematuro, drogas ototóxicas, infecção materna externa na hora do parto (Herpes).

Pós-natais: todas as ocorrências após o nascimento e que podem ser chamadas de


surdez adquirida: Hipóxia/anoxia, infecção, drogas ototóxicas, doenças como:
sarampo, caxumba infantil, meningite, encefalite, intoxicações medicamentosas,
exposição do ouvido à poluição sonora.
Tipos de perdas

Imagem: CÉSAR & CEZAR. Biologia. São Paulo, Ed Saraiva, 2002


http://www.afh.bio.br/sentidos/Sentidos3.asp

Quanto ao local da lesão pode-se ter:

• Disacusia de transmissão ou perda indutiva – determinada por algumas


patologias localizadas no ouvido externo/médio como, por exemplo: corpo
estranho no ouvido (grãos, insetos, introduzidos no conduto auditivo),
malformações da orelha, perfuração da membrana timpânica.
• Disacusia Neurossensorial – local da lesão é determinada na cóclea e/ou
no nervo coclear.

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• Disacusia Neural se a alteração ocorrer no nervo acústico.


• Disacusia Mista – afeta ao mesmo tempo o ouvido médio e o ouvido
interno.
A intensidade ou volume dos sons é medida em unidades chamadas decibéis
abreviadas para dB. Sessenta dB é a intensidade do som de uma conversa, e cento
e vinte dB a de um avião a jato. Se uma pessoa “perder” 25 dB de volume, poderá
ter dificuldades de audição. Perder 95 dB pode ensurdecer totalmente uma pessoa.

A diminuição da audição (surdez) produz uma redução na percepção dos


sons e dificulta a compreensão das palavras.
É difícil imaginar o que perdem aqueles que têm surdez.
Portanto, para ilustrar, examinaremos a tabela a seguir:

EXEMPLOS DE DECIBÉIS
Qualidade do Decibéis Tipo de Ruído.
som
Muito baixo 0-20 Farfalhar das folhas.

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Baixo 20-40 Conversação silenciosa.


Moderado 40-60 Conversação normal.
Alto 60-80 Ruído médio de fábrica ou trânsito.
Muito alto 80-100 Apito de guarda e ruído de caminhão.
Ensurdecedor 100-120 Ruído de discoteca e de avião
decolando.

Classificação das perdas auditivas de acordo com o grau (elaboração de


Davis e Silverman):

CLASSIFICAÇÃO DA SURDEZ
Classificação Média Característica
Normal 0 a 25 dB
Leve 26 a 40 dB Não recebe os fonemas da forma como
são, isto altera a compreensão das
palavras; voz fraca e distante não é ouvida –
criança considerada “desatenta”; a
aquisição da linguagem é “normal/lenta”;
poderá apresentar dificuldade na leitura e/ou
escrita.
Moderada 41 a 70 dB Percebe a voz com certa intensidade; pode
ocorrer atraso na linguagem e alteração
articulatória; discriminação difícil em lugares
ruidosos.
Severa 71 a 90 dB Identifica ruídos familiares
(predominantemente graves); percebe voz
forte (grave); família necessita orientação
precoce para auxiliar o rendimento da
criança: compreensão verbal associada a
grande aptidão visual.
Profunda Acima de 90 dB Não percebe a voz humana sem um

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estímulo adequado; não há feedback


auditivo; maior facilidade para perceber as
pistas visuais.

Devido à irregularidade das curvas, adota-se a combinação de dois termos,


por exemplo: leve a moderada ou severo-profunda.
Pode haver ainda a perda unilateral (em apenas um dos lados)
ou bilateral (nos dois ouvidos) e que ainda pode haver graus de perda diferentes em
cada um dos ouvidos.
Quando a deficiência auditiva é moderada, temos o que se
chama Hipoacusia. Se for uma perda acentuada ocorrerá a Disacusia ou surdez.

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Aula 2_Surdez: prevenção, diagnóstico e tratamento

Prevenção

A mulher, quando jovem, deve vacinar-se contra a rubéola.


Os exames pré-nupciais também são importantes, pois:
• detectam doenças (sífilis, herpes genital, toxoplasmose etc.) que podem
provocar a surdez no bebê.
• quando gestante, o pré-natal deverá ser realizado durante todo o período
de gestação.
• durante a gravidez não deve ingerir medicamentos sem orientação
médica, álcool ou drogas,
• evitar contato com pessoas doentes.
• evitar tirar radiografias nos três primeiros meses de gestação.
Qualquer bebê recém-nascido pode apresentar um problema auditivo no
nascimento ou adquiri-lo nos primeiros anos de vida. Isto pode acontecer mesmo
que não haja casos de surdez na família ou nenhum fator de risco aparente.
Teste da Orelhinha
O Teste da Orelhinha foi criado através da Lei Municipal nº 3023, de 17 de
maio de 2000. Sua finalidade é prevenir ou mesmo remediar a deficiência auditiva
(no caso de bebês que apresentam surdez congênita). Trata-se de um programa de
triagem neonatal e tem se mostrado eficaz no diagnóstico precoce de perda auditiva.
É obrigatório e gratuito.
A audição começa a partir do 5° mês de gestação e se desenvolve
intensamente nos primeiros meses de vida. Qualquer problema auditivo deve ser
detectado ao nascer, pois os bebês que têm perda auditiva diagnosticada cedo e
iniciam o tratamento até os seis meses de idade apresentam desenvolvimento muito
próximo ao de uma criança ouvinte.
O teste da orelhinha, é um exame feito no berçário em sono natural, de
preferência no 2° ou 3° dia de vida. Demora de 5 a 10 minutos, não tem nenhuma
contraindicação, não acorda e nem incomoda o bebê, não exige nenhum tipo de

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intervenção invasiva (uso de agulha ou qualquer objeto perfurante) e é


absolutamente inofensivo.
O diagnóstico após os seis meses de vida traz prejuízos inaceitáveis para o
desenvolvimento da criança e sua relação com a família.
Infelizmente no Brasil, cerca de 50% dos recém-nascidos não possuem
fatores de risco e o diagnóstico é retardado até que sejam observadas
anormalidades na fala e na linguagem.
Em 33% dos casos o diagnóstico é dado quando a criança já está por volta
dos 12 meses de idade.
A idade média de diagnóstico de surdez na infância varia de 1,74 a 4,3 anos
de idade. Contudo, alguns estudos contestam estes números e afirmam: a idade
média para diagnóstico pode ser ainda mais alta, situando-se entre 7 e 8 anos de
idade em boa parte dos casos.
É extremamente importante que a deficiência seja reconhecida o mais
precocemente possível. Para tanto, os pais ou responsáveis devem observar as
reações auditivas da criança.
Indicadores de Perda Auditiva
Os pais são os responsáveis pela primeira suspeita de surdez em 60% das
crianças com déficit auditivo.
Observe abaixo algumas características de risco que auxiliam na avaliação da
audição do bebê:
Com zero a três meses de vida
• Não reage a sons (vozes, batidas de portas) piscando, assustando-se ou
cessando seus movimentos.
Com quatro ou cinco meses
• Não procura a fonte sonora, girando a cabeça ou virando seu corpo.
• Não aponta para familiares ou objetos quando pedido.
• Não balbucia ou parou de balbuciar.
• Não se volta quando chamado.
A partir de doze meses
• Ainda não compreende frases simples.

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• Não imita seus familiares ou usa palavras simples para denominar coisas
em casa.
• Não utiliza a linguagem falada como outras crianças da mesma idade.
• Assiste à TV muito próxima do aparelho e pede sempre para que o
volume seja aumentado.
• Só responde quando a pessoa fala de frente para ela.
• Não reage a sons que não pode ver.
• Não apresenta grande progresso na comunicação e no uso de palavras
para se comunicar.
• Pede que repitam várias vezes o que lhe foi dito.
• Tem problemas de concentração na escola, parece desatenta.
• Tem problemas de comportamento na escola.
Diagnóstico
Na suspeita de surdez, os pais devem levar a criança a um especialista
(Otorrinolaringologista) para ser examinada. O teste de audição pode ser feito em
qualquer idade – mesmo em recém-nascidos.
Audiometria
A audiometria ou teste de audição é um exame que avalia a audição das
pessoas, seu objetivo basicamente é medir qual a intensidade sonora (volume)
mínima que o indivíduo é capaz de ouvir para cada frequência. É realizado por um
fonoaudiólogo ou otorrinolaringologista, pois são os únicos com habilitações
necessárias para orientar todas as etapas na realização deste processo. Quando
detectada qualquer anormalidade, é possível medir o seu grau e tipo de alteração,
assim como orientar as medidas preventivas ou curativas a serem tomadas,
evitando assim o agravamento.
O resultado é expresso em um audiograma, que é um gráfico que revela as
capacidades auditivas do paciente.

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http://otorrinobrasilia.com/perdaauditiva/

No caso de detectada a surdez em crianças, deve-se observar que há


diferentes tipos de problemas auditivos e deve-se recorrer a métodos que se
adaptem às necessidades da criança.
Cabe ao médico especialista
• Identificar a causa da surdez.
• Encaminhar ao fonoaudiólogo (especialista na área da linguagem, fala,
voz, audição, leitura e escrita);
• Indicar aparelhos para amplificação do som (AASI);
• Orientar os pacientes e responsáveis.

Tratamento
A surdez ou perda auditiva pode ser resultante de um acúmulo de cerume na
orelha externa ou de catarro na orelha média, nesses casos, uma limpeza ou uso de
medicamentos podem ser totalmente curativos. As infecções de ouvido constantes
devem ser muito bem tratadas. Quando uma infecção de ouvido dura muito tempo
ou se repete várias vezes, pode evoluir para uma diminuição da audição e em casos
extremos para a surdez.
Em outros casos, a perda auditiva pode ocorrer devido a uma lesão na cóclea
(orelha interna) por fatores genéticos, barulho excessivo, uso de medicamentos

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tóxicos, alterações específicas no metabolismo, entres outras causas. Para tais


situações não há métodos curativos. Estes pacientes podem se beneficiar de
aparelhos auditivos ou, nos casos de surdez severa ou profunda (total), do implante
coclear.
Aparelhos auditivos podem ajudar a ouvir bem melhor, apesar de não
deixarem a audição perfeita. Eles trabalham amplificando o som do ambiente e
utilizando o resíduo auditivo que o surdo possui.
Para pessoas com surdez sensorioneural severa ou profunda, o uso de
aparelhos auditivos pode ser insuficiente. Para estes casos existe o implante
coclear.
O implante coclear é também conhecido como ouvido biônico, é um
dispositivo eletrônico transformador de energia sonora em impulsos elétricos. Sua
função é substituir parcialmente a cóclea, captando os sons ambientes por um
microfone, transformando-os em impulsos elétricos que irão estimular diretamente o
nervo auditivo, que os conduzirá até o cérebro.
Pode trazer bons resultados em crianças nascidas surdas e em adultos que
perdem a audição repentinamente, é indicado em casos de surdez severa ou
profunda, porém, esse procedimento cirúrgico é feito somente após rigorosa
avaliação feita por equipe de médicos e fonoaudiólogos especializados.

http://canaldoouvido.blogspot.com.br/2013_03_03_archive.html

Leia mais sobre Implante Coclear:


http://www.implantecoclear.org.br/textos.asp?id=5

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Aula 3_História do Surdo

Milhares de anos após o surgimento da espécie humana, o homem já se


organizava em grandes e complexas sociedades. Começou então a dar seus
primeiros passos na moral e na ética, a filosofar e a pensar em sua existência.
A análise do homem, de suas potencialidades e limitações não poderia ser
feita tendo-se como base simplesmente aquilo que se podia ver na natureza
“concreta” visível.
As pessoas diferentes eram consideradas “não humanas”. Eram seres
desqualificados e inferiores, pessoas com defeito de nascença e, portanto, tidos
como animais que precisavam competir pela sobrevivência. Sendo inferiores,
deveriam ser eliminados.
Desse modo, os considerados “diferentes” enfrentariam os mesmos
problemas pelos quais passam todas as minorias humanas: busca pela
existência/imposição de padrões.
A padronização leva às práticas inferiorizadas e discriminatórias para aqueles
que não se adéquam aos padrões estabelecidos e impostos. Nesse caso, políticas
de assassinatos de bebês e crianças portadoras de alguma característica
considerada anormal não era objeto de escândalo, pois, era uma conduta da cultura
daquela época.
Sabe-se que o “diferente” causa certo desconforto ao homem, que pode
desejar tentar entender o porquê, entretanto, a solução mais simples e rápida era,
simplesmente, eliminar.
Tanto preconceito deu origem a regras extraoficiais até o nível religioso onde
os doentes ou diferentes eram considerados impuros e condenados por Deus, além
de ser considerado castigo o nascimento de descendentes doentes ou diferentes.
Temos ainda a concepção de Aristóteles, que entendia a educação possível
somente através da audição. Desse modo, nenhum surdo seria capaz de aprender
nada.
Os dados históricos sobre a surdez são escassos nos primórdios da
humanidade. Somente no início da era Moderna (século XVI) começamos a ter
subsídios sobre a surdez.

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Com o nascimento de Jesus, Filho de Deus para os cristãos, a teologia


ocidental no tratamento com o diferente mudou bruscamente. Eles, que quase
sempre eram considerados minorias linguísticas e culturais, não eram mais
considerados impuros e nem carregavam mais sobre si o castigo de seus pecados.
Segundo Jesus, todos seriam filhos de Deus, amados pelo Pai, não pelo que
poderiam ter, ser ou fazer, mas pelo que eram: seres humanos.
Não se pode dizer que a partir daí o problema tenha desaparecido e nem que
o preconceito tenha sido superado, entretanto, o que se sabe é que o homem não
conseguia mais anestesiar sua consciência, pois, a religião não endossava e a moral
exigia um tratamento mais correto.
Mesmo assim as mudanças vieram gradativamente através da vivência e não
por normas impostas e sistematicamente cumpridas.

Segundo Santo Agostinho, filósofo e teólogo cristão, a fé somente seria obtida


através da “captação” do Sermão. Para ele, surdos ou deficientes mentais não
poderiam crer, porque a fé vem através do sermão, da palavra falada. Para os
defensores de Santo Agostinho a Língua de Sinais com que se comunicavam faziam
às vezes da palavra falada e dessa forma eles teriam acesso aos ensinamentos de
Jesus, tal e qual um ouvinte. Mas, seu pensamento sobre o assunto, talvez nunca
venhamos a saber.
No final da Idade Média ocorreram avanços e retrocessos, porém, as
atrocidades contra surdos e pessoas diferentes continuaram a existir.

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Até o século XV, os surdos eram considerados primitivos e sem possibilidade


de serem educados. A partir do século XVI, surgem os primeiros pedagogos para
surdos, principalmente na França, Espanha, Inglaterra e Alemanha.
Podemos citar alguns: Rudolphus Agrícola, Girolano Cardano, Pedro Ponce
de Leon, Juan Pablo Bonet e Abade Charles-Michel de l'Épée.

http://deafkrause.de/deaf-history/alphabet/pedro-ponce-de-leon-1.html

No século XVIII, houve a fundação de várias escolas para surdos, a educação


evolui em qualidade e o uso da Língua de Sinais possibilita o domínio de diversos
assuntos e a profissionalização.

Segundo Oliver Sacks

Esse período que agora parece uma espécie de época áurea na história
dos surdos, testemunhou uma rápida criação de escolas para surdos em
todo o mundo civilizado; a saída dos surdos da negligência e da
obscuridade; sua emancipação e cidadania; a rápida conquista de
posições de eminência e responsabilidade – escritores, engenheiros,
filósofos e intelectuais surdos antes inconciliáveis tornaram-se
subitamente possíveis (SACKS, 1990, p.37).

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Em consequência do famoso Congresso de Milão ocorrido em 1880, quando


se considerou que a melhor forma de educação do surdo seria o oralismo, as
escolas de surdos abandonaram a Língua de Sinais. Fato que gerou sérias
controvérsias, já que os maiores interessados, os próprios surdos, sequer foram
consultados.
Na filosofia oralista busca-se a integração da criança surda na comunidade de
ouvintes desenvolvendo a língua oral. Desse modo, a surdez passa a ser uma
deficiência que deve ser minimizada através da estimulação auditiva.
O surdo, para viver em sociedade, deveria “ouvir” (com o uso de aparelhos
auditivos e com o uso de técnicas de leitura labial) e “falar” através de exaustivos
exercícios, ficando a comunicação escrita por último recurso. Para que fosse aceito
pelo grupo social, o surdo deveria então “superar” o defeito de nascença.
A oralização passou a ser então o principal objetivo da educação do surdo. O
ensino de outras disciplinas escolares ficou relegado a segundo plano, gerando um
período de queda no nível de escolarização dos surdos.
O oralismo dominou o mundo até a década de 60, quando Willian Stokoe
publicou o artigo “Sign Language Structure: na Outline Of the usual Communicaton
System of the American Deaf”, demonstrando que a língua de sinais usada pelos
americanos, é uma língua com todas as características das línguas orais.
A partir daí, surgiram várias pesquisas sobre o assunto. Este fato, aliado à
insatisfação de vários educadores com o oralismo, trouxe a língua de sinais de volta
às salas de aula.
Em 1968, Roy Holcon dá origem à Comunicação Total. Tal método trata dos
processos comunicativos ocorridos entre surdos e surdos e, entre surdos e ouvintes,
onde há preocupação com a aprendizagem da língua oral. Enfatiza a necessidade
de se considerar aspectos cognitivos, emocionais e sociais que devem caminhar
junto à aprendizagem da língua oral.
Na década de 80, a filosofia do Bilinguismo surge trazendo a ideia de que o
surdo deve primeiramente adquirir a Língua de Sinais (considerada sua língua
materna e natural). Somente como segunda língua deveria ser ensinada a língua
oficial do país, mas, preponderantemente na forma escrita. A ótica do Bilinguismo é

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focar a surdez como uma diferença linguística, e não como uma deficiência a ser
normalizada através da reabilitação (visão oralista).

Referência
SACKS, Oliver. Vendo Vozes - Uma jornada pelo mundo dos surdos. Rio de
Janeiro: Imago, 1990.

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Aula 4_História da Educação do Surdo no Brasil

Teve início com a decisão de D. Pedro II de fundar um instituto para a


educação de surdos-mudos, o que ocorreu em 1857. Através da Lei nº 839 de 26 de
setembro do mesmo ano foi designada uma verba para o estabelecimento, assim
como uma pensão anual para cada um dos 10 alunos admitidos no instituto.
Em seguida chegou ao Brasil, o surdo francês Hernest Huet para iniciar o
trabalho educacional. Por ter sido aluno no Instituto Francês, acredita-se que seu
trabalho seria com sinais e escrita, sendo considerado como aquele que introduziu a
Língua de Sinais Francesa no Brasil.
Inicialmente o instituto recebeu o nome de Imperial Instituto de Surdos Mudos.
Em 1956, passou a chamar-se Instituto Nacional de Surdos e Mudos e, no ano
seguinte, passou a ser Instituto Nacional de Educação dos Surdos.
Na proposta curricular do instituto constavam as disciplinas: português,
aritmética, história, geografia, linguagem articulada e leitura sobre os lábios (para
aqueles que tivessem aptidão).
Em 1862, com a saída de Huet o instituto passou a ser dirigido pelo Dr.
Manuel de Magalhães Couto, que, por não ser especialista na área, abandonou os
treinos de fala e leitura. Em 1868, após inspeção, o Instituto foi considerado um asilo
de surdos e o cargo de diretor passou para Tobias Leite, que restabeleceu as
disciplinas curriculares.
1897 - Sob as influências do Congresso de Milão, a educação dos surdos sofria
mudanças significativas. Em 1911, o então Instituto Nacional dos Surdos (INES)
passa a seguir as tendências adotando o oralismo puro em sala de aula. Neste
congresso foi definido que a educação dos surdos deveria ser oral, que a língua de
sinais afetaria os resultados de aprendizagem e, portanto, não era recomendada,
mais que isso, seria abolida. Vale acrescentar que os surdos não foram consultados
e que as decisões foram tomadas por ouvintes. Porém, a língua de sinais
permaneceu até 1957, quando a proibição é oficial.
O descontentamento com o oralismo e as pesquisas sobre línguas de sinais
deram origem a novas propostas. A tendência que ganhou destaque nos anos
setenta foi chamada Comunicação Total. Essa abordagem educacional chega ao

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Brasil após a visita de uma professora de surdos à Universidade Gallaudet, nos


Estados Unidos.
Trata-se da prática de utilizar sinais, leitura orofacial, amplificação sonora e
alfabeto manual. É permitido que os surdos utilizem da modalidade preferida para
sua comunicação. O objetivo é que a criança possa desenvolver uma comunicação
real com familiares, professores e seus pares e assim permitir sua integração no
meio social.
Analisando as duas filosofias, Oralismo e Comunicação Total, os resultados
apontaram para melhoria no processo educativo e na comunicação. Entretanto, os
alunos que eram instruídos pela Comunicação Total apresentaram sérios problemas
para expressar sentimentos, ideias em contextos extraescolares. Os resultados
acadêmicos foram inferiores para a faixa etária e a utilização dos sinais, embora
permitida, não era eficiente.
1980 - Na década de oitenta, são iniciadas as discussões acerca do bilinguismo no
Brasil. Ele chega ao Brasil, de fato, em 1990.
Linguistas brasileiros começaram a se interessar pelo estudo da Língua de
Sinais Brasileira (LIBRAS) e da sua contribuição para a educação do surdo.
1982 - A partir das pesquisas desenvolvidas por Lucinda Ferreira Brito sobre a
Língua Brasileira de Sinais, deram início às mudanças, seguindo o padrão
internacional de abreviação das Línguas de Sinais, tendo a brasileira sido batizada
pela professora de LSCB (Língua de Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros), para
diferenciá-la da LSKB (Língua de Sinais Kapor Brasileira), utilizada pelos índios
Urubu-Kapor no Estado do Maranhão.
1983 - Criação no Brasil, da Comissão de Luta pelos Direitos dos Surdos.
1986 - O Centro SUVAG (PE) faz sua opção metodológica pelo Bilinguismo,
tornando-se o primeiro lugar no Brasil, em que efetivamente esta orientação passou
a ser praticada.
1987 - Criação da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos
(FENEIS), EM 16/05/87, sob a direção de surdos.
1991 - A LIBRAS é reconhecida oficialmente pelo Governo do Estado de Minas
Gerais (lei nº 10.397 de 10/1/91).

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1994 - Começa a ser exibido na TV Educativa o programa VEJO VOZES (out/94 a


fev./95), usando a Língua de Sinais Brasileira.
1994 - Brito passa a utilizar a abreviação LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), que
foi criada pela própria comunidade surda para designar a LSCB.
1995 - Criado por surdos no Rio de Janeiro, o Comitê Pró-Oficialização da Língua de
Sinais.
1996 - São iniciadas, no INES, em convênio com a Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ), pesquisas que envolvem a implantação da abordagem
educacional com Bilinguismo em turmas da pré-escola, sob a coordenação da
linguista, E. Fernandes.
1998 - TELERJ - do Rio de janeiro, em parceria com a FENEIS, inauguraram a
Central de atendimento ao surdo - através do número 1402, o surdo em seu TS,
pode se comunicar com o ouvinte em telefone convencional.
1999 - Em março, começam a ser instaladas em todo Brasil, as telessalas com o
Telecurso 2000, legendado.
2000 - Closed Caption, ou legenda oculta. Após três anos de funcionamento no
Jornal Nacional, ela é disponibilizada aos surdos, também, nos programas
Fantástico, Bom Dia Brasil, Jornal Hoje, Jornal da Globo e programa do JÔ.
2000 - TELERJ: Telefone celular para surdos com a opção de SMS.
Em 24 de abril de 2002, através da Lei nº 10.436 a Língua Brasileira de Sinais é
reconhecida:

Art 1º - É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a


Língua Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela
associados.
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras, a
forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de
natureza visual motora, com estrutura gramatical própria, constituem um
sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de
comunidades surdas do Brasil (BRASIL. 2002).

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2005 - O Decreto 5626 em 22 de dezembro veio regulamentar a lei 10436.


2006 - Exame de Certificação Tradutor Intérprete de Libras – Prolibras, instrutor
de Libras e o Curso de Letras-Libras Bacharelado e Licenciatura EaD.
2010 - Curso Superior de Letras-Libras Bacharelado e Licenciatura presencial
UFSC.
2010 - Promulgada a lei 12.319 em 01 de setembro, que regulamenta o exercício da
profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.

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Aula 5_Principais Abordagens ou Filosofias de Ensino na Educação dos


Surdos

No passado, os surdos eram considerados incapazes de serem ensinados,


por isso eles não frequentavam escolas. No início do século XVI, começaram a
admitir a possibilidade de que procedimentos pedagógicos proporcionassem ao
surdo o aprendizado. Pedagogos que se dispuseram a trabalhar com surdos
estavam apresentando alguns resultados.
O objetivo deles era desenvolver o pensamento de seus alunos surdos para
que eles adquirissem conhecimentos e pudessem comunicar-se com o mundo
ouvinte. Utilizavam a língua falada como estratégia, em meio a outras, tentando,
com isso, alcançar os objetivos. Esses profissionais trabalhavam em segredo, sem
trocar experiências com outros pedagogos.
Na época, famílias nobres e influentes que tinham um filho surdo contratavam
os serviços de professores/preceptores para que ele não ficasse privado da fala e
consequentemente, dos direitos legais (bens de herança, por exemplo), que eram
subtraídos daqueles que não falavam. O espanhol Pedro Ponce de Leon é
reconhecido historicamente como o primeiro professor de surdos.
Na tentativa de educar os surdos, além da atenção que davam a fala e,
também a escrita, inventavam alfabetos digitais para que o aluno, que não podia
ouvir a língua falada, pudesse visualizar. O trabalho inicial era de leitura e escrita e
evoluía para leitura labial e articulação das palavras.
Os surdos que se beneficiavam desse atendimento pedagógico pertenciam a
famílias nobres, os demais em geral não tinham nenhuma atenção especial. É
possível que vivessem em grupos, sem receber nenhuma instrução e tenham
desenvolvido algum tipo de língua de sinais para se comunicarem.
Por volta desse período começaram a surgir propostas educacionais.
Oralismo
Surgiu por volta do século XVIII, e a partir das resoluções do Congresso de
Milão (1880), que trouxe uma completa mudança nos rumos da educação de surdos
acreditava-se que o uso de sinais desviasse o surdo da aprendizagem da língua
oral, que era a mais importante do ponto de vista social. Assim, no mundo todo, o

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oralismo foi o referencial assumido e as práticas educacionais vinculadas a ele


foram amplamente desenvolvidas e divulgadas. A língua de sinais foi oficialmente
proibida nas escolas e a comunidade surda foi excluída da política e instituições de
ensino
Na filosofia Oralista pretendia-se que os surdos fossem reabilitados, ou
“normalizados”, pois, a surdez era considerada uma patologia, uma anormalidade.
Eles deveriam comportar-se como se ouvissem, ou seja, deveriam aprender a falar.
Sinais e alfabeto digitais são proibidos, a comunicação deveria ser feita pela via
auditiva e pela leitura orofacial
Entretanto, nem todos eram capazes de desenvolver a oralidade
satisfatoriamente, muitos eram excluídos da possibilidade educativa e do meio
social, vivendo de forma clandestina.

Escola na Grécia - Oralismo – “Espelho” para treinamento labial

http://www.notisurdo.com.br/noticias/antonio21.html

Por quase um século essa abordagem não foi questionada, o atraso dos
indivíduos gerava falta de estímulo e evasão escolar. Os alunos frequentavam a
escola mais para aprender a falar do que propriamente para receber os conteúdos
escolares.
Os métodos orais sofrem uma série de críticas pelos limites que apresentam,
mesmo com o incremento do uso de próteses, pois, eram basicamente treinamentos
de fala, desvinculados de contextos dialógicos propriamente ditos.
Por volta de 1960, surgiram alguns estudos sobre a língua de sinais utilizada
pelas comunidades surdas. Algumas escolas ou instituições de surdos estariam
utilizando os sinais, mesmo às margens do sistema.

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O pioneiro trabalho de Wiiliam C. Stokoe (1919 – 2000) revelou que as


línguas de sinais eram verdadeiras línguas, preenchendo em grande parte os
requisitos das línguas orais.
Comunicação total
O fracasso e as críticas contra os resultados do Oralismo deram origem a
novos estudos e propostas para a educação dos surdos.
Em 1970, surgiu uma abordagem que foi chamada de Comunicação Total.
Era permitida então a prática de uma série de recursos: língua de sinais, leitura
orofacial, utilização de aparelhos de amplificação sonora, alfabeto digital. Os surdos
poderiam então expressar-se da maneira que achassem mais conveniente, havia
liberdade para a utilização dos recursos oferecidos. A surdez, então, não era
entendida como patologia, mas, como um fenômeno com significações sociais.
De forma ampla a criança poderia comunicar-se com familiares, professores,
surdos e ouvintes e dessa forma não sofreria as consequências do isolamento
impostas pela surdez.
Os alunos então utilizavam os sinais em contato com outros surdos fluentes.
Nos ambientes escolares o uso dos sinais ocorria, porém, obedecendo a estrutura
da Língua Portuguesa. Eles chamavam essa estratégia de “português sinalizado”.
Mesmo com a pretensão de facilitar a aprendizagem, o português sinalizado
produzia certa confusão para o aluno surdo.
Apesar dos benefícios que aparentemente vieram com essa abertura nas
possibilidades educacionais, verificaram-se alguns problemas em relação à
comunicação fora da escola. As dificuldades escolares continuaram a existir, pois, o
desempenho acadêmico ficou ainda abaixo do esperado.
Entre os surdos era possível desenvolver a língua de sinais propriamente dita,
e nos ambientes escolares havia um misto de sinais e língua oral, portanto, a falta
de uma língua oficial trouxe dificuldades.
Então, estudos sobre a língua de sinais foram cada vez mais apontando para
propostas que orientavam para uma educação bilíngue.
Bilinguismo
Na abordagem bilíngue considera-se a língua de sinais a língua natural dos
surdos, uma comunicação que eles aprendem com rapidez e que é eficiente e

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completa. Através do seu aprendizado precocemente, acredita-se que o


desenvolvimento cognitivo e social das crianças surdas seja semelhante ao das
crianças ouvintes da mesma faixa etária.
Na filosofia, orienta-se que a criança surda aprenda a língua de sinais o mais
cedo possível, que tenha contato com pessoas da comunidade surda para que a
língua se torne fluente. A família também deverá aprender a língua para comunicar-
se com ela.
Desse modo, a língua de sinais será sua primeira língua (L1) e a língua oficial
do país será considerada a segunda língua (L2) e língua de instrução, na
modalidade oral e, quando possível, na modalidade escrita.
Nessa abordagem identificam-se duas vertentes
• Na primeira, a criança surda deve adquirir a língua de sinais e a
modalidade oral da língua, o mais cedo possível, separadamente.
Posteriormente, ela deverá ser alfabetizada na língua oficial do país.
• Na segunda vertente, deve-se oferecer apenas a língua de sinais e,
posteriormente, somente a modalidade escrita da língua. A língua oral
seria então descartada.

Segundo Quadros (1997), o Bilinguismo é uma proposta de ensino usado por


escolas que se propõem a tornar acessível às crianças duas línguas no contexto
escolar.
A proposta bilíngue entende o sujeito surdo como participante de duas
realidades, vivendo ao mesmo tempo a realidade da língua materna, na qual tem
sua visão de mundo construída e aprimorada, e a realidade de uma segunda língua,
a utilizada no cotidiano da comunidade a que pertence.
Portanto, para o surdo não seria benéfica a sua adequação à realidade
ouvinte, usuária da língua oral, mas sim assumir sua condição de surdez como parte
de suas características e identidade.

Por recomendação do MEC, o ensino de surdos no Brasil precisa ser:

"(...) efetivada em língua de sinais, independente dos espaços em que o


processo se desenvolva. Assim, paralelamente às disciplinas

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curriculares, faz-se necessário o ensino de língua portuguesa como


segunda língua, com a utilização de materiais e métodos específicos no
atendimento às necessidades educacionais" (SALLES, et al; 2004, p.
47).

No Brasil, ainda é uma proposta recente, porém, há várias escolas que


adotam essa filosofia educacional.

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Aula 6_ Língua de Sinais

Trata-se de uma língua natural, desenvolvida pelos indivíduos com surdez,


que assegura uma comunicação completa e integral.
Elas são criações espontâneas, assim como as línguas orais, e foram se
aprimorando com o passar dos anos. Elas desenvolvem-se em todos os países,
porém, não são universais e sofrem alterações no vocabulário em todas as
gerações.

http://alinefenali.blogspot.com.br/2010/03/aula-dia-12032010.html

Cada país possui a sua própria língua de sinais e estas sofrem mudanças em
função das influências da cultura local. Possuem expressões regionais, gírias que
diferem de região para região.
Como todos sabem, existem várias línguas faladas no mundo,
consequentemente, existem várias línguas de sinais pelo mundo. A mais conhecida
é a Língua de Sinais Americana (ASL – American Sign Language).
Muitas línguas de sinais já receberam reconhecimento de governos em
muitos países, chamamos isso de reconhecimento oficial.
Algumas pessoas acreditam que ela deveria ser universal devido ao fato de
que as pessoas surdas são em pequeno número, porém, não é assim, a língua de
sinais não é baseada em gestos ou mímicas, trata-se de uma língua natural, com
léxico (léxico é todo o conjunto de palavras que as pessoas de uma determinada
língua têm à sua disposição para expressar-se, oralmente ou por escrito) e
gramática própria.

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Outro aspecto importante é que cada comunidade de surdos desenvolveu a


sua própria língua de sinais; tal como cada povo desenvolveu sua língua oral, é uma
construção que demora algum tempo, inclusive temos alguns países onde se verifica
a existência de mais de uma língua de sinais.
As línguas de sinais se diferem das línguas orais-auditivas, uma vez que elas
se realizam pelo canal visual e na utilização do espaço, por expressões faciais e até
movimentos gestuais perceptíveis pela visão, portanto, não são simplesmente
gestos e mímicas, trata-se de línguas com léxico e gramática próprias. Elas atendem
eficazmente às necessidades de comunicação, por ser um legítimo sistema
linguístico. Com elas é possível manter uma comunicação plena sobre qualquer
assunto.
São compostas pelos níveis linguísticos: o fonológico, o morfológico, o
sintático e o semântico, o que a legitimam como língua.

http://www.libras.com.br

A língua de sinais permite que crianças surdas em idade precoce se


comuniquem com pessoas surdas e com os pais que se disponham a aprendê-la,
plenamente, o que não ocorre com a língua oral.
Aprendendo a língua de sinais precocemente e utilizando no seu cotidiano, a
criança irá apresentar um desenvolvimento cognitivo semelhante ao da criança
ouvinte utilizando a língua oral.

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Estudos têm apontado que, quando a criança surda é exposta desde cedo à
língua de sinais, ela terá maior desenvolvimento linguístico que irá melhorar seu
desempenho acadêmico, facilitando o aprendizado da língua escrita.
A língua de sinais do nosso país é a Libras, abreviação de Língua Brasileira
de Sinais, é utilizada pela comunidade de surdos no Brasil e já foi reconhecida por
Lei, ou seja, é uma língua oficial, tal como nossa língua falada.

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Aula 7_Libras I

De acordo com nossa aula anterior, Libras, abreviação de Língua Brasileira


de Sinais, é a língua oficial das comunidades de surdos do Brasil, segundo a
Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002.
Ela surgiu naturalmente e é de grande importância para os surdos brasileiros.
A LIBRAS baseou-se primeiramente na Língua de Sinais Francesa, com
semelhanças entre as línguas de sinais europeias e a norte-americana.
A LIBRAS apresenta níveis linguísticos como fonologia, morfologia, sintaxe e
semântica. Nas línguas oral-auditivas existem as palavras e na LIBRAS, que é uma
língua visual e gestual, existem os sinais. Porém, não basta conhecer os sinais, é
necessário conhecer a gramática, que é diferente da que adotamos na Língua
Portuguesa. Há variações em função de regionalismo, dialetos e gírias.
Assim como as línguas de sinais de todos os países, a LIBRAS desenvolveu-
se ao longo de muitos anos e sofre alterações no vocabulário em todas as gerações,
pois, é uma língua viva.
A língua de sinais tem um caráter natural e vai sendo ensinada e modificada
de geração em geração. Por exemplo, temos variações regionais, ou seja, uma
palavra pode ter sinais diferentes dentro do Brasil. Exemplo: verde tem sinal próprio
no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Curitiba.
Existem variações sociais, que seriam alterações na configuração das mãos,
sem modificar o sinal. Exemplo disso é a palavra “conversar”, em que a mão
receptora pode estar aberta ou fechada.
Existem as mudanças históricas que ocorrem com os sinais com o passar dos
anos.
Veremos agora alguns exemplos de sinais icônicos e arbitrários. A língua de
sinais utiliza-se de gesto, visão e espaço, por causa disso, as pessoas pensam que
os sinais são a representação fiel do referente, ou seja, que são “desenhos” no ar
daquilo a que se refere. Porém, nem sempre acontece dessa forma.
Sinais icônicos são aqueles que reproduzem a imagem do referente. Por
exemplo: avião, borboleta, árvore, livro, casa, telefone. Os sinais destes se
assemelham ao objeto ou ao uso atribuído.

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Sinais arbitrários são aqueles que não mantêm nenhuma relação de semelhança
com o referente. Por exemplo: depressa, perdoar, namorar, porque etc. Nesses
casos não existe uma relação entre significado e sinal.

Vejamos agora, um pouco da estrutura gramatical em LIBRAS


A estrutura gramatical é organizada em cinco parâmetros principais que são:
a configuração da mão, o movimento, ponto de articulação, expressão facial e
orientação/direção.
Configuração da mão é o desenho da mão durante a realização do sinal.
Segundo pesquisas, existem em LIBRAS sessenta e quatro configurações diferentes
das mãos, sendo que 26 destas são as representações das letras.
Ponto de articulação é o local do corpo onde será realizado o sinal. O sinal
pode ser indicado, por exemplo: na boca, na barriga, no peito.
Durante a realização do sinal, a mão se desloca no espaço. Isso é
denominado movimento. Existem várias direções do movimento. Um movimento
pode ser unidirecional quando se movimenta em uma única direção. Pode ser
bidirecional quando se movimenta para duas direções podendo usar uma ou ambas
as mãos. E pode ser multidirecional quando explora várias direções.

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Ainda detalhando os movimentos, eles podem ser retilíneos (movimentos


retos), helicoidais (espiral), circulares, semicirculares, sinuosos (curvilíneo) ou
angulares (ziguezague).
Expressão facial e/ou corporal: são as expressões faciais e corporais,
movimentos do corpo, da face, da cabeça e dos olhos realizados no momento da
articulação do sinal. Por exemplo: expressão de alegria, medo, dor, raiva etc.
Orientação: orientação é a direção para a qual a palma da mão aponta na
produção do sinal.
A realização dos sinais pode ser com a mão dominante ou com ambas as
mãos. A posição da palma da mão poderá ser para cima, para baixo, para o lado,
para frente. A mão poderá entrar em contato com o corpo de diversas formas, com
um toque ou um risco, por exemplo.

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Aula 8_Alfabeto Manual de Libras

Historicamente o alfabeto manual teve origem ainda no império. Foi criado


pelo abade Charles-Michel de l’Épée, no século XVI, que foi o fundador da primeira
escola para deficientes auditivos em Paris. Ele foi o precursor no uso da língua de
sinais. Este método de linguagem utilizando sinais foi desenvolvido e aperfeiçoado
pelo abade Sicard e Clerc (que era surdo). Começaram a ensinar a língua de sinais
por meio gramatical.

http://eeblmlibras.blogspot.com.br/2011/04/colocar-o-alfabeto.html

Libras e Alfabeto Manual ou Datilologia são meios de comunicação. A língua


de sinais não depende da escrita, porém, o alfabeto manual tem uma estreita ligação
com a aprendizagem, pois ele é um sistema manual que corresponde a grafia
espacial. Assim como a língua de sinais, o alfabeto manual também não é universal,
cada país desenvolveu o seu próprio.
Ele consiste na soletração de letras e numerais com as mãos, é necessário
soletrar pausadamente, formando as palavras com nitidez. Ele é usado apenas para
soletrar nomes de pessoas, de lugares, de rótulos, endereços, e para vocábulos
inexistentes na língua de sinais. Pode ser usado também para descrever algo a que
se tem dúvida.
Muitas palavras em LIBRAS são simbolizadas pelas letras e não por sinais, é
o caso de MARÇO, onde são soletradas todas as letras. Outras se usam as iniciais,
como julho onde se soletram JUL.
Assim como as letras do alfabeto, os números também são representados
manualmente.

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http://eugeniafernandespedagoga.blogspot.com.br/2012_11_01_archive.html

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Aula 9_O Papel da Família

Os pais, enquanto esperam o nascimento de seus filhos criam uma imagem


ideal de como ele será, ao nascer. A não ser que haja, durante a gestação, algum
indício de risco para a saúde do bebê, a possibilidade de qualquer anormalidade é
descartada.
Falaremos aqui sobre os principais problemas enfrentados pelas famílias com
a descoberta da surdez de seus filhos.
Podemos considerar o diagnóstico da surdez como o marco inicial desse
processo.

http://lusifran.fonoaudiologa.zip.net/

A família se desorganiza emocionalmente. Por falta de conhecimento, os pais


sentem-se inseguros diante do futuro, pois não conseguem visualizar as
capacidades e potencialidades da criança. De modo geral, a sociedade, e nela
incluímos os próprios pais, costuma ter preconceito contra o que não conhece e que
foge aos padrões de normalidade a que está habituada. Esse preconceito se traduz
em atitudes de rejeição ou até mesmo de superproteção.
Passa por estágios em que seus sentimentos estão confusos em função da
realidade: sentimentos de ódio, pena, vulnerabilidade, desespero, impotência, que
são divididos em: negação, resistência, afirmação e aceitação.
Esse processo é intenso, principalmente se a criança surda é filha de pais
ouvintes, pois, a comunicação não se fará do modo convencional. Nesse caso, é
necessário replanejar a vida em função da nova realidade.
Os pais ouvintes, por descobrirem a surdez precocemente esperam que a
criança não tenha comprometimentos linguísticos e cognitivos, que falem na idade

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certa, que não se comuniquem através da língua de sinais. Enfim, esperam que com
os tratamentos que irão iniciar, que pode incluir a adaptação de aparelhos auditivos
e terapias, a criança se torne “ouvinte”.
A reação dos pais nunca é a mesma. Mas, em geral o que se vê é que há
uma necessidade de se buscar a “cura” para o filho e uma grande resistência de
aceitá-lo como um indivíduo surdo a ser inserido na sociedade. Eles buscam meios
para que seus filhos surdos possam ouvir e assim se tornarem membros da
sociedade ouvinte.

Os amigos do surdo não o aceitam, porque ele é diferente. A sociedade


não o aceita, porque ele é incompleto. Os familiares não o aceitam,
porque ele é defeituoso. A escola não o aceita porque ele é deficiente. O
surdo não se aceita, porque os outros não o aceitam (BERNARDINO,
2001, p. 40).

http://www.terapeutadebebes.com.br/2011/11/quase-duzentos-e-setenta-dias-dentro-da.html

Os pais devem buscar apoio em profissionais competentes de diversas áreas,


como: psicólogos, médicos, fonoaudiólogos, que poderão passar esclarecimentos
importantes ajudando-os a se sentirem preparados e seguros em relação à situação,
assim como conhecer famílias de pessoas surdas que possam transmitir suas
experiências, prestar solidariedade e auxiliá-los na busca das soluções mais
adequadas para cuidar do seu filho.
Cabe aos pais, com apoio dos profissionais, escolherem a melhor maneira de
inserir seu filho na sociedade, sabendo que não há um “conserto” a ser feito, pois, a

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surdez do seu filho deve ser aceita sem preconceitos, ela não o impossibilita de
desenvolver suas potencialidades e tornar-se um ser produtivo e competente,
porém, os pais deverão conhecer a sua forma de comunicação e seu processo de
aprendizagem.
A família é o agente modificador da realidade da criança, os pais, não
sabendo da sua surdez, relacionam-se com ela como se ela ouvisse; quando
descobrem a surdez, tendem a fechar-se para o mundo e para a criança em
consequência da frustração e do choque. Essa reação, que causa uma mudança
brusca no relacionamento com a criança, com certeza irá afetá-la emocionalmente,
trazendo problemas futuros. Portanto, a ligação afetiva, o estímulo através das
brincadeiras deve ser mantido e intensificado. É fundamental que os pais transmitam
segurança, demonstrem carinho, estabeleçam uma comunicação sem bloqueios
(conversando, olhando, demonstrando, facilitando a compreensão).
A família deverá preocupar-se permanentemente com a estimulação da
criança para o desenvolvimento da linguagem fazendo-a perceber as vibrações
produzidas pelos sons e encorajando-a a emitir sons. Deve estimular o olhar nos
olhos, despertar interesse pelos movimentos labiais e expressões faciais, aprender a
língua de sinais e utilizar com a criança. Enfatiza-se que os pais utilizem voz normal
quando se dirigir a criança, com frases simples e completas.
A colocação de limites pode parecer difícil para a maioria dos pais, pois, a
situação da criança acaba gerando uma superproteção dos pais em relação àquele
filho que lhe parece mais frágil, porém, é recomendado que lhe seja dado um
tratamento normal. Isso evitará conflitos em relação aos irmãos, será positivo para
sua formação, possibilitando que ele desenvolva uma conduta social adequada e se
torne um indivíduo mais seguro em suas decisões.

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http://prb10rj.org.br/o-diagnostico-psicopedagogico-na-fase-pre-escolar

O momento de encaminhar o filho para a escola pode ser um dos mais


angustiantes. Alguns pais ainda não conhecem as opções e os direitos de seus
filhos, porém, a possibilidade de verem seus filhos rejeitados por alguma instituição
de ensino é algo insuportável.
Nas escolas especiais, há a possibilidade de que a criança surda possa
relacionar-se com outras iguais a ela. Nas escolas comuns ela estará inserida junto
a um grupo diferente dela.
É importante que esse processo tenha o auxílio dos profissionais envolvidos
com a criança, para que os pais possam escolher com tranquilidade uma instituição
que atenda a criança em suas necessidades.
Reuniões entre pais, professor e equipe multidisciplinar são fundamentais. Os
pais devem sentir-se seguros ao encaminhar seu filho e esse processo deverá ser
constantemente revisto em função de melhorias ou novas perspectivas para a
criança.

Referências
BERNARDINO, Elidéa. Absurdo ou Lógica? Os surdos e sua produção
linguística. Minas Gerais: Espaço, 2001.

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Aula 10_Estimulação Precoce

Estimulação precoce é um conjunto de atividades voltadas para a criança


surda com idade de zero a três anos e que devem ser realizadas com o apoio da
sua família.

http://www.kidsofertas.com/tips/index.php

Um bebê em seus primeiros meses de vida tem necessidades próprias.


Quando se trata de uma criança surda é preciso sempre levar em consideração que
a falta da audição irá influenciar sua percepção do mundo para o resto de sua vida,
pois, irá impedir aquisição da linguagem nos moldes tradicionais assim como as
experiências vivenciadas em família, principalmente sendo filho de pais ouvintes.
Algumas crianças são protetizadas nessa fase e os pais têm uma grande
expectativa. Ao adquirirem os aparelhos de amplificação sonora (AASI) eles
acreditam que seu filho terá “corrigido” o seu problema e poderá ser considerado um
ouvinte, não mais será surdo.
É preciso que os pais sejam devidamente informados sobre os benefícios do
uso das próteses auditivas, pois, eles são imprescindíveis, sua função será a de
amplificar os sons do ambiente, possibilitando que a criança "perceba" os sons, mas
isto não irá modificar sua condição de pessoa surda na sociedade.
A indicação em geral é feita pelos especialistas, porém, os pais precisam
saber exatamente o que esperar, pois poderão experimentar sentimentos de
frustração em relação aos resultados e isso trará à criança prejuízos em seu
desenvolvimento emocional, cognitivo e social.
Sentindo-se rejeitada ou percebendo a decepção dos pais, a criança pode
desenvolver um comportamento negativo em relação ao uso dos aparelhos

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auditivos, portanto, os pais precisam ser orientados para incentivar a criança e


perceber os sons que ela começa a emitir, pois, eles têm significado e é o início de
um processo de desenvolvimento da linguagem.
A estimulação precoce busca criar situações de comunicação, que favoreçam
a expressão e interação contínua da criança com as pessoas, utilizando-se do olhar,
dos gestos, dos sinais, da linguagem oral etc.
A partir dos 2 a 3 anos, a criança busca conhecer o mundo, se torna cada vez
mais consciente de si como pessoa no convívio com outras crianças e adultos. Ela
irá desenvolver sinais espontâneos, expressões faciais e outras manifestações
comunicativas que precisam ser valorizadas pelos pais e profissionais que atuarão
com ela.
No ambiente escolar que começará a frequentar (creches, escolas de
educação infantil, terapias em grupo etc.), a criança descobrirá outras manifestações
como: partilhar brinquedos e brincadeiras, conversas, rotinas de atividades em que
deverá ter a atenção do professor para que possa desenvolver outros aspectos da
comunicação e socialização. Cabe ao professor compreender e estimular as
diversas formas de comunicação que serão desenvolvidas pela criança: sinais,
desenhos, escrita entre outros.
É dever do professor orientar os familiares para que assumam seu papel,
conscientemente, no trabalho de estimulação da criança surda dando continuidade
ao que se faz na escola.
Estimulação Auditiva
Conforme já falamos em aulas anteriores, há graus diferentes de perda
auditiva, portanto, nem todas as crianças surdas têm a mesma capacidade auditiva,
algumas têm resíduos auditivos que devem ser aproveitados. Podemos ajudá-las a
utilizar o resíduo auditivo e aprender a ter consciência do som.
Para se iniciar esse trabalho é preciso conhecer o grau de perda auditiva da
criança.
Estimulação Auditiva
Consiste num procedimento sistemático, destinado a aumentar a quantidade de
informações de uma pessoa através da audição, contribuindo para sua percepção
total.

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Objetivos da estimulação auditiva


• Percepção da presença/ausência de sons instrumentais e da fala pela
percepção auditiva.
• Desenvolvimento do resíduo auditivo.
• Atenção sonora – adquirindo consciência do mundo sonoro.
• Localização da fonte sonora
• Desenvolvimento da memória auditiva: lembrança e reconhecimento de
sons.
A estimulação auditiva deve ser iniciada o mais cedo possível, mesmo que a
criança não esteja ainda fazendo uso de aparelhos de amplificação sonora. A função
auditiva é desenvolvida nos primeiros anos de vida, quando ocorre a maturação das
fibras nervosas do ouvido.
O aparelho para a surdez tem a finalidade de aumentar o volume do som e
dirigi-lo diretamente ao ouvido da criança. A utilização sistemática das próteses é
importante, mas não será o suficiente para que a criança passe a ouvir e discriminar
os sons. Com o trabalho de estimulação a criança poderá aprender a reconhecer os
ruídos e sons ambientais. Posteriormente, com trabalhos mais específicos poderá
reconhecer também sons da fala que irão permitir que desenvolva o diálogo.
Este é um trabalho que deve ser realizado em conjunto com a família, pois, é
no ambiente doméstico que ela poderá de forma natural, atribuir significado aos sons
que irá perceber.

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Aula 11_Estimulação para Aquisição da Língua Brasileira de Sinais

Estimular uma criança que nasce ou torna-se surda no período que vai do
nascimento até os três anos de idade é fundamental para a aquisição da linguagem,
uma vez que é considerado um período crítico, porém, ideal devido ao que
denominam, plasticidade neuronal.

https://www.google.com.br/search?q=crian%C3%A7as+aprendendo+libras

Nem sempre isso ocorre, pois, pelo fato de ter uma família, na maioria das
vezes, de pessoas ouvintes, há um bloqueio na comunicação que a prejudica
sobremaneira. Por isso é tão importante o diagnóstico precoce e a busca de
informações com profissionais competentes na área da surdez.
Quando a surdez é congênita ou adquirida no período de zero a três anos,
geralmente, a criança utiliza o sistema motor para comunicar-se. Esse sistema
possibilita a aquisição de Língua Brasileira de Sinais, cuja estrutura é distinta
daquela apresentada pela Língua Portuguesa. No entanto, é possível que a criança
desenvolva sua linguagem em Língua Portuguesa, desde que seja exposta a um
ambiente linguístico adequado, com profissionais competentes e com a família
envolvida.
O ensino da LIBRAS deve ser introduzido desde a tenra idade para as
crianças com surdez. Este ensino requer um ambiente adequado e que as crianças
com surdez tenham contato com adultos surdos, isso favorecerá uma aprendizagem
contextualizada e significativa da língua. Entretanto, os pais deverão aprender
também, pois possibilitarão o desenvolvimento espontâneo da LIBRAS como forma
de expressão linguística, de comunicação interpessoal e como suporte do
pensamento e do desenvolvimento cognitivo de seu filho.

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Desse modo, a criança surda adquire maior rapidez e naturalidade para


demonstrar seus sentimentos, desejos e necessidades, sua linguagem se
desenvolverá de forma plena, pois, utilizando sua forma de comunicação natural
será possível maior estruturação do pensamento e da cognição.
Recomenda-se que os pais estejam tranquilos para ajudar a sua criança a dar
significado aos sinais que aprenderá. Devem utilizar as situações do dia a dia,
passando aos poucos os conceitos, pois a estimulação irá ajudar a desenvolver suas
potencialidades.

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Aula 12_O Papel da Escola e do Professor

12.1 – A escola
Crianças com surdez moderada, com adaptação de aparelhos, têm melhores
perspectivas em escolas regulares. Quando as crianças têm surdez severa/profunda
e necessitam de uma educação bilíngue é necessário observar alguns aspectos.
• Estrutura física;
• Capacitação dos professores;
• Recursos pedagógicos e tecnológicos;
• Disposição da equipe em receber o aluno;
• Currículo adequado;
• Adaptações necessárias;
• Professor que domine a língua de sinais;
• Intérprete de Libras;
Alguns pais optam pela escola para surdos e outros acreditam no trabalho
feito na escola regular. Seja qual for a escolha, é importante que:
• A escola proporcione ao aluno um ambiente estimulante, acolhedor e
solidário;
• A equipe escolar dê assessoria ao professor para buscar os recursos e
informações necessárias ao cumprimento de seu trabalho;
• A coordenação pedagógica oriente e auxilie os pais do aluno;
• A escola receba os profissionais que atuam junto ao aluno para reuniões
periódicas;
• A escola crie cursos de Libras na escola para os pais, alunos e equipe
escolar;
Ainda há um grande número de crianças surdas, filhas de pais ouvintes,
chegando à idade escolar desconhecendo sua língua materna (LIBRAS), sem uma
comunicação eficiente estabelecida, pois a língua utilizada pelas famílias, português
oralizado, não lhes acrescenta nenhum significado.
É no espaço escolar que a grande maioria dos alunos surdos terá
oportunidade de encontrar um ambiente linguístico que possibilite a aquisição da sua
primeira língua, a Língua de Sinais.

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Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, regulamenta o uso da Língua


de Sinais e da educação bilíngue para os surdos:

Art. 22. As instituições federais de ensino responsáveis pela educação


básica devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência
auditiva, por meio da organização de:
I - Escola e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos e
ouvintes, com professores bilíngues, na educação infantil e nos anos
iniciais do ensino fundamental;
II - Escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de ensino,
abertas a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino
fundamental, ensino médio ou educação profissional, com docentes das
diferentes áreas do conhecimento, cientes da singularidade linguística
dos alunos surdos, bem como com a presença de tradutores e
intérpretes de Libras - Língua Portuguesa.
§ 1º São denominadas escolas ou classes de educação bilíngue aquelas
em que a Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam
línguas de instrução utilizadas no desenvolvimento de todo o processo
educativo (BRASIL, 2005).

12.2 – O professor
Ao assumir o compromisso de ensinar seus alunos em sala de aula e levando
em conta suas individualidades e peculiaridades de aprendizado e desenvolvimento,
o professor muitas vezes não foi preparado para atender um aluno surdo presente e
que necessita do conteúdo em Libras, além de adaptações que viabilizem sua
aprendizagem.
A interação em sala e em sociedade dá-se por meio dos processos
comunicativos estabelecidos. Como imaginar a educação do surdo sem o principal
meio de comunicação, a língua de sinais?
O professor deverá receber todo apoio necessário para que sua formação
contemple o aprendizado da Língua de Sinais, assim como conhecimentos de
estratégias apropriadas para o atendimento do aluno surdo em sala de aula, já que
não basta apenas aceitar sua matrícula. É preciso acolhê-lo, promover a integração
com os demais colegas e assim, trabalhar em equipe: família, escola e comunidade.
A interação de todos, com certeza, irá favorecer a aprendizagem dos alunos,
sejam eles surdos ou ouvintes. Mas é necessário reforçar a importância da mudança
na pedagogia ao envolvermos alunos surdos. O processo não deverá ser o mesmo

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utilizado no currículo ouvinte. Adequações significativas deverão ser realizadas para


a contribuição efetiva na prática.
Há de se considerar, ainda, que as pessoas surdas têm acesso ao mundo
pela visão, aspecto que deve ser respeitado no ensino de alunos surdos.
É fundamental que o professor:
• respeite seu aluno e o receba de forma humana e acolhedora;
• busque estratégias e métodos diferenciados que auxiliem no aprendizado;
• incentive atitudes de respeito, amizade e solidariedade entre todos os
alunos;
• mantenha contato constante com a família da criança;
• busque orientação com a equipe escolar e faça encaminhamentos
profissionais, se necessário;
• busque conhecimento sobre a surdez e possibilidades educacionais;
• busque aperfeiçoamento para melhorar a qualidade de seu trabalho.

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Aula 13_Primeiros Anos Escolares

A vida escolar das crianças surdas começa muito cedo. Ainda bebês são
expostos a treinos, terapias, estimulações que visam um melhor desempenho no
futuro. Os primeiros anos de vida já constituem períodos de dificuldades: a surdez e
suas consequências, a família, a comunicação, a compreensão das coisas. Quanto
mais cedo a família buscar ajuda e orientação será melhor para a criança.
Há um período crítico em que os pais, inconformados, buscam curas
milagrosas, alternativas e novos exames que possam trazer outro diagnóstico, outra
perspectiva. É uma fase em que todos à sua volta estão emocionalmente
desorganizados, inseguros e a criança fica em compasso de espera, sendo
prejudicada por não estar realizando os atendimentos necessários e direcionados
que irão beneficiá-la. Sem um ambiente propício, onde ela possa desenvolver sua
língua natural e interagir, onde a aceitem independentemente do modo como se
comunica, tudo pode ficar muito ruim.
É fundamental o enfrentamento da família em face da notícia da surdez. O
apoio dos pais será decisivo para a segurança da criança que deverá iniciar
precocemente um trabalho incessante para adaptar-se a uma sociedade ouvinte.

http://mdemulher.abril.com.br/blogs/jogo-rapido-educacao/educacao-infantil/como-escolher-a-pre-escola-para-seu-filho/

É muito comum que os pais, até por orientação médica, forcem a oralização
como forma de normalizar a criança. Essa nem sempre é a solução ideal. Sem a sua
língua natural ela perderá tempo precioso que poderia ser utilizado aprendendo as
coisas de forma natural e prazerosa.

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A realidade ainda não é a ideal para a educação como um todo, aqui em


nosso país não é diferente. A educação dos surdos, assim como a de pessoas com
qualquer tipo de deficiência ou limitação, ainda atravessa graves problemas.
Um dos grandes entraves é a falta de preparo dos professores e das
instituições escolares para recebê-los, mesmo existindo uma legislação que prevê o
ingresso e a permanência de modo adequado.
Tanto para os alunos que são encaminhados para as escolas especiais,
quanto aos que iniciam sua escolarização no ensino regular incluídos nas salas com
os ouvintes a problemática existe, não são feitas adaptações curriculares, não há
professores que saibam a língua de sinais e os materiais e atividades não são
elaborados para esse alunado.
É certo que todas as crianças necessitam de estímulos, das interações com
outras crianças, de carinho e atenção que permita um desenvolvimento em todos os
aspectos. As crianças surdas não são diferentes, elas necessitam do convívio, das
trocas afetivas que irão beneficiar seu aprendizado e ajudá-las a conhecer sobre o
mundo.
Na escola, seja especial ou regular é fundamental um planejamento
adequado, ações pensadas para atender as suas particularidades e professores que
tenham formação adequada para estarem ali, com aquele grupo, tendo consciência
de seu papel e de suas possibilidades de realizar o trabalho.
Nas escolas de educação para surdos é desejável que o nível do aprendizado
seja condizente com a faixa etária, que a preocupação seja a qualidade do ensino,
que seja significativo e atenda às suas necessidades. É desejável que os alunos
sejam preparados gradativamente para frequentar o ensino regular e que, chegando
lá, possam receber a atenção devida.
Nas classes de inclusão deve haver uma preocupação com estratégias
adequadas para que esse aluno esteja lá: aprendendo, interagindo, crescendo em
todos os aspectos. O professor deve estar preparado para saber lidar com situações
de preconceito, promover um ambiente de solidariedade e igualdade entre os
colegas da turma, saber avaliar seus conhecimentos e sua aprendizagem com
critérios adequados. Também deve conhecer seus direitos e os de seu aluno e exigir
a presença do intérprete, de professor auxiliar que possa dividir com ele algumas

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tarefas, para que o trabalho seja cada vez melhor. Enfim, deve ser um profissional
consciente e atualizado.
A escola deve estar preparada para receber o aluno e organizar sua equipe
para promover uma permanência com aprendizado e qualidade, contando com a
parceria da família da criança. Ela deve ser um espaço de oportunidades e de
crescimento.

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Aula 14_Políticas Educacionais

Abordaremos neste capítulo algumas leis em vigor que regulam desde o


diagnóstico do recém-nascido até aspectos educacionais relacionados a pessoas
com surdez.
Citaremos a lei e apresentaremos uma pequena parte dela, em seguida
indicaremos um link de pesquisa para que possam acessá-lo na íntegra.
• Resolução SS - SP Nº 25, de 26 de fevereiro de 2008 – dispõe sobre o
diagnóstico da surdez.

Artigo 1º - O diagnóstico de audição em crianças recém-nascidas de Alto


Risco será realizado em todas as maternidades e hospitais de referência
para Gestação de Alto - Risco do Estado de São Paulo, integrantes ou
não do Sistema Único de Saúde – SUS (BRASIL,2008).

Acesse: http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=LegislacaoBusca&nota=431
(substituído).

• Lei nº 12.303, de 2 de agosto de 2010. – Teste da Orelhinha

“...Art. 1º É obrigatória a realização gratuita do exame denominado


Emissões Otoacústicas Evocadas, em todos os hospitais e
maternidades, nas crianças nascidas em suas dependências...”

Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12303.htm

• Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. - Sobre o reconhecimento da Língua


Brasileira de Sinais:

Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a


Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela
associados.
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a
forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de
natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um
sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de
comunidades surdas do Brasil (BRASIL, 2002).

Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm

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• Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. - regulamentação da Lei


10.436:

“...Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral,


parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por
audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.
...Art. 3o A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória
nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério,
em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de
instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino
e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.
... Art. 4o A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries
finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior
deve ser realizada em nível superior, em curso de graduação de
licenciatura plena em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua
Portuguesa como segunda língua.
“§ 1o A formação do instrutor de Libras pode ser realizada também por
organizações da sociedade civil representativa da comunidade surda,
desde que o certificado seja convalidado por pelo menos uma das
instituições referidas nos incisos II e III”.
...Art. 13. O ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa, como
segunda língua para pessoas surdas, deve ser incluído como disciplina
curricular nos cursos de formação de professores para a educação
infantil e para os anos iniciais do ensino fundamental, de nível médio e
superior, bem como nos cursos de licenciatura em Letras com
habilitação em Língua Portuguesa.
...Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir,
obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à
informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos
conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e
modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior.
...Art. 17. A formação do tradutor e intérprete de Libras - Língua
Portuguesa deve efetivar-se por meio de curso superior de Tradução e
Interpretação, com habilitação em Libras - Língua Portuguesa” (BRASIL,
2005).

Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm

• Resolução CNE/CEB Nº 2 de 11 de setembro de 2001 - sobre a educação de


alunos com necessidades educacionais especiais

§ único. O atendimento escolar desses alunos terá início na educação


infantil, nas creches e pré-escolas, assegurando-lhes os serviços de
educação especial sempre que se evidencie, mediante avaliação e

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interação com a família e a comunidade, a necessidade de atendimento


educacional especializado (BRASIL,2001).

Acesse: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0201.pdf

• Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996 - sobre a educação especial

Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a
modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede
regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.
§1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola
regular, para atender as peculiaridades da clientela de educação especial
(BRASIL, 1996).

Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm(substituído).

• Lei nº 11.796, de 29 de outubro de 2008 - dispõe sobre a instituição do Dia


Nacional dos Surdos.

“Art. 1º - Fica instituído o dia 26 de setembro de cada ano como o Dia


Nacional dos Surdos”.
Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11796.htm

• Decreto nº 3.691, de 19 de dezembro de 2000 - Lei do Passe Livre

Regulamenta a Lei no 8.899, de 29 de junho de 1994, que dispõe sobre o


transporte de pessoas portadoras de deficiência no sistema de transporte coletivo
interestadual.

Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3691.htm

• Lei nº 12.319, de 1º de setembro de 2010 - regulamenta a profissão de


Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais.

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“...Art. 2º O tradutor e intérprete terá competência para realizar


interpretação das 2 (duas) línguas de maneira simultânea ou consecutiva
e proficiência em tradução e interpretação da Libras e da Língua
Portuguesa “.

Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12319.htm

• Lei nº 8160, de 08 de janeiro de 1.991 - regulamentação do Símbolo


Internacional de Surdez

"Art.1º - É obrigatória a colocação, de forma visível, do ‘Símbolo


Internacional de Surdez" em todos os locais que possibilitam acesso,
circulação e utilização por pessoas portadoras de deficiência auditiva, e
em todos os serviços que forem postos à sua disposição ou que
possibilitem o seu uso (BRASIL, 1991).

Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8160.htm

http://www.dicionariolibras.com.br/website/portifolio_detalhar.asp?cod=124&idi=1&moe=6&id_portifolio=2519

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Aula 15_Métodos de Alfabetização

Uma das etapas de escolarização mais importante no percurso escolar das


crianças é a alfabetização. É uma fase complexa em que as crianças surdas
costumam sentir muitas dificuldades.
Com a proposta de inclusão em escolas regulares este processo mostra-se
ainda mais difícil quando tratamos da alfabetização de crianças surdas, pois elas
encontram barreiras de comunicação que dificultam as práticas de letramento.
A primeira dificuldade é que a maioria dos professores ainda não domina a
Libras e, com isso, dificulta a aprendizagem, pois, impede o acesso a um ensino-
aprendizagem eficiente e pautado em sua língua, que é garantido por lei.
As crianças surdas não dominam a língua oral naturalmente e, portanto,
apresentam dificuldade no estabelecimento da relação grafema-fonema, que seria
um pré-requisito para iniciar o processo.
Crianças ouvintes aprendem a escrever a Língua Portuguesa utilizando como
base a oralidade, relacionam o que está escrito com o que se fala e ouve. A criança
surda irá relacionar o escrito com o que ela vê: imagens, objetos, ações, expressões
e é, claro: os sinais. Portanto, devemos buscar alternativas para a criança surda
independente dessa possibilidade.
Para o desenvolvimento do processo de alfabetização com o surdo, há
também diversidade metodológica. Entre os métodos que se destacam estão: o
global e o analítico-sintético.

15.1 - Método global


Para a utilização do método global devem ser observados alguns requisitos
básicos, tendo em vista o histórico de cada criança. Este método é indicado para
alunos que iniciaram atendimento educacional e clínico assim que detectada a
surdez e, portanto, participaram de programas de estimulação precoce utilizando
aparelhos de amplificação sonora individual.
No período pré-escolar ela deverá estar desenvolvendo:
- A aquisição de linguagem em nível de recepção e emissão oral do Português e/ou
utilização da Língua Brasileira de Sinais;

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- O treinamento auditivo feito por profissionais e reforçado em casa irá ajudar em


pistas auditivas que são necessárias nesse método;
- O trabalho irá estimular as funções e habilidades de coordenação viso-motora
global; a coordenação motora fina; a percepção figura-fundo; a constância
perceptual; a posição espacial;
É importante observar que esse método é eficaz quando a criança não
apresentar distúrbios perceptuais (espelhamento, problema de memória etc.).
O professor irá ter como obstáculos nesse método o déficit de audição e de
linguagem do aluno.
Inicialmente o professor deverá criar textos com linguagem acessível, que
estejam dentro da faixa etária da criança e que tratem de forma simples de assuntos
interessantes. O objetivo é dar condições para que os alunos adquiram vocabulário
básico da vida diária.
Materiais para o trabalho com as crianças surdas no processo de
alfabetização.
• Textos produzidos pelos alunos e professores que formam um todo;
• Cartazes contendo os textos em letras de imprensa e ilustração feita
pelos alunos;
• Fichas com as frases dos textos; vocabulário (do tipo dicionário visual);
• Material de Análise Silábica

Propostas de atividades neste método


• O trabalho com eles deve pautar na observação do concreto: cores,
formatos, tamanhos;
• Criação de personagens, maquetes, bonecos para dramatizar;
• Montagem de cartaz para leitura de texto;
• Todos os textos trabalhados devem ser vivenciados pelos alunos;
• Montagem de cartazes com texto pela turma, inclusão de ilustrações;
• Exercícios de fixação, atividades de compreensão.

Vale ressaltar que as trocas de letras feitas pelos alunos surdos não são as
mesmas que ocorrem com os ouvintes. Suas trocas ocorrem por não conseguirem

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distinguir a palavra via leitura orofacial ou, por esquecimento de como é a grafia da
palavra, pois, estes alunos trabalham basicamente com a visualização e
memorização.

15.2 - Método analítico-sintético


Este método é mais indicado para alunos surdos que não tiveram estimulação
precoce, que tiveram diagnóstico tardio de surdez e ingresso tardio na escola.
Também utilizamos com alunos que apresentam dificuldade de memorização.
Caracteriza-se por explorar o todo significativo e as partes simultaneamente.

Dentro desse método, o professor poderá partir


• Da palavra, passando para a frase, formando um texto, retirando
novamente a palavra para decompô-la em sílabas;
• Da frase, retirando a palavra para chegar à sílaba;
• Da história, retirando a palavra-chave para depois destacar a sílaba.
Esse método confere mais autonomia para o aluno, permitindo que ele
reconheça palavras, forme novos vocábulos, formule frases e chegue a organizar
uma história.
É fundamental que o processo seja baseado na língua de sinais que é a
forma de comunicação desse aluno. Portanto, leitura e interpretação, exercícios,
dramatizações não podem ser de forma oral como é feito com alunos ouvintes.
Na escolha do melhor método de alfabetização para o surdo, devem-se levar
em conta as características do aluno, dentro de uma abordagem multissensorial, ou
seja, dar ênfase a todas as pistas: tátil-cinestésica, auditiva, visual e gráfica,
utilizando a Língua Portuguesa e a Língua Brasileira de Sinais.
O professor deve estar ciente de que o trabalho com esse aluno é de
aquisição de linguagem e não se limita ao simples processo de alfabetização.
Portanto, o tempo esperado para a realização do processo de alfabetização
corresponderá ao ritmo de aprendizagem de cada aluno. Em geral será maior que o
previsto para os alunos ouvintes.

Saiba mais

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Para conhecer mais sobre esse assunto tão importante, leia a reportagem da
Professora Maria Cristina da Cunha Pereira. Ela é linguista da Derdic e professora
da PUC de São Paulo.
http://acervo.novaescola.org.br/formacao/maria-cristina-pereira-fala-aprendizagem-lingua-portuguesa-
criancas-surdas-612889.shtml?page=2

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Aula 16_Libras II

A comunicação em LIBRAS não se resume aos sinais simplesmente, também


são componentes essenciais: expressão facial e movimento do corpo.
Expressão facial: serve como um componente não manual, que auxilia e
reforça ou entona um sinal. Também serve para dar sentido de pontuação a frase,
pedidos, ordens e outros atos da fala. Além disso, está ligada às expressões de
negação/afirmação e traduzem sentimentos dando mais clareza a comunicação.

Soletração: utilizado apenas quando não há um sinal específico para


designar uma palavra. Utiliza-se o alfabeto manual e sua correspondência nas letras
da Língua Portuguesa. Exemplo: nomes de pessoas, endereços, palavras que não
têm ou não se conhece o sinal em Libras.
Estrutura Sintática
A LIBRAS não obedece aos critérios gramaticais da Língua Portuguesa, pois
como já sabemos é uma comunicação diferenciada. A ordem dos sinais na
elaboração das sentenças obedece a uma regra própria que reflete a forma como o
surdo reflete e percebe visual e espacialmente a realidade.
Em LIBRAS não se usam preposições nem contrações porque estão
incorporadas ao verbo.
Exemplo 1
Eu fui viajar com ele (LP).
Eu viajar junto ele (LIBRAS).
Exemplo 2
Eu dei um presente para o meu irmão (LP).
Presente dar eu irmão (LIBRAS).

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Exemplo 3
Qual é o seu nome (LP)?
Nome você + expressão interrogativa (LIBRAS).
Em LIBRAS não usamos preposições, contrações, artigos e conjunções
porque estão incorporados ao sinal. É comum usar os chamados classificadores em
uma frase.
Classificadores: são morfemas que existem em línguas orais e de sinais.
Os classificadores estabelecem um tipo de concordância, pois, através de
recursos corporais explicam melhor uma ação, um objeto ou o ser como um todo. Se
eu quiser me referir a um objeto que caiu, eu posso gesticular o objeto caindo, ou se
quero dizer que a porta bateu, posso gesticular a porta batendo. Se quiser dizer que
a bola é grande, posso gesticular a bola e encher a boca de ar para simbolizar a
bola grande.

http://renata-libras.blogspot.com.br/2013/10/lingua-brasileirad-e-sinais.html

Existem muitas palavras que não têm um sinal específico, por isso é muito
comum em LIBRAS, usar os processos de derivação e composição. A seguir, alguns
exemplos.
Palavras simples: café, pessoa, mãe, cantar.

http://amigasdaedu.blogspot.com.br/2011/04/fichas-em-libras-alimentos.html

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Palavras compostas: zebra: cavalo listras (LIBRAS);


açougueiro: homem vender carne (LIBRAS);
calmante: pílula calma (LIBRAS);
pediatra: médico criança (LIBRAS).
Pode-se usar também um sinal convencional com outro indicando a forma do
objeto especificado.
Tijolo - sinais: retângulo + construção;
Cédula – sinais: retângulo + dinheiro.
Quando quer indicar uma categoria, usa-se um sinal por categoria ou grupo e
o sinal variados.
Meios de transporte - sinais: carro + variados;
Animais – sinais: leão + variados;
Frutas – sinais: maçã + variados.

http://librasnasescolas.blogspot.com.br/p/frutas-em-libras.html

Em LIBRAS não existe gênero do substantivo, então quando quiser identificar


quanto ao gênero, basta acrescentar o substantivo e o sinal indicativo do sexo
(homem ou mulher).
Prima – sinais: mulher + primo;
Primo - sinais: homem + primo.

http://crisblogmeumundo.blogspot.com.br/2010/12/libras-familia.html

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Geralmente os adjetivos (qualidades) aparecem na frase após o substantivo


referido. Por exemplo: menina bonita, feliz e esperta.
Há plural na LIBRAS quando se indica a quantidade ou usa-se repetidamente
os sinais. Exemplo: muito - ano/ dois - dia/ três – semana.
Quando quer intensificar uma ação, usa-se a repetição exagerada, ou os
advérbios de modo, muito ou rápido.
Por exemplo
Comer sem parar: COMER - COMER – COMER;
Beber sem parar: BEBER - BEBER – BEBER.
Existem sinais que apesar de terem uma única forma, têm vários significados. Ex.:
Mergulhar/ mergulhador/ mergulho;
Doce/ adocicado/ dulcificar/ adoçar/ edulcorar/ guloseima.
Em LIBRAS faz-se, também, o uso de gírias, gestos informais para
determinadas palavras, apelidos para pessoas e lugares criados para conversas
entre jovens e pessoas íntimas.

http://angelraid.arteblog.com.br/755837/Serie-Libras-Sinal-de-Facebook/

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Aula 17_O Processo de Leitura e Escrita

Nós, seres humanos, nascemos com os mecanismos de linguagem


específicos da espécie que se desenvolvem normalmente, independentemente de
qualquer problema existente.
Entretanto, quando o indivíduo nasce em um ambiente linguístico diferente do
seu, podem ocorrer sérias dificuldades. É o caso de crianças surdas, filhos de pais
ouvintes.
A língua de sinais é a língua natural para a pessoa surda e funciona como
suporte do pensamento. Ela é o seu meio de comunicação e através dela ele pode
pensar, planejar, sentir e aprender outras línguas. As crianças surdas, filhas de pais
surdos, têm acesso a língua de sinais desde o nascimento. Quando a criança surda
é filha de pais ouvintes, o conhecimento de sua língua natural pode ocorrer
tardiamente causando atrasos de linguagem, que se reflete em seu
desenvolvimento.
Embora a língua de sinais seja sua língua natural, não é nessa língua que ela
deverá aprender a ler e escrever. A língua de sinais é visual e especial e a língua
oficial do país é auditiva e oral, o que determina que os canais de recepção e
emissão sejam diferentes.
Como consequência, o aprendizado da leitura e escrita para os surdos será
diferente das pessoas ouvintes. Sua leitura de mundo é feita através de experiências
visuais e concretizadas em sua língua natural. No aprendizado da leitura e escrita é
necessário ir do mundo para o texto, dos conhecimentos concretizados na língua de
sinais que deverão ser traduzidos para o português.
A língua de sinais é organizada no cérebro da mesma forma que as línguas
orais, desse modo, como qualquer língua natural, tem um período ideal para
aquisição. Quando o aprendizado é tardio, ou ocorre de modo deficiente ela
enfrentará sérios problemas. Aprender a Língua Portuguesa é fundamental para
ocorrer o letramento. Para os surdos, o processo de leitura e escrita não é tarefa
fácil e exigirá do educador estratégias específicas.
A leitura e escrita é uma ponte para a sociedade ouvinte, para as informações
que estão ao seu redor e que permitirão entender os contextos, a comunicação e as

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trocas desde a idade escolar até a vida adulta. Através dessa forma de comunicação
o indivíduo surdo poderá, de forma eficiente, participar do mundo ouvinte.
Letramento é mais do que decodificar os signos escritos, é a utilização eficaz
da leitura e da escrita. Dependerá de uma escolarização real, de um trabalho
adequado e de material de leitura. O resultado positivo gera mudanças nos
indivíduos, consciência e aprimoramento pessoal.
As dificuldades enfrentadas pelos surdos vão desde a educação infantil até o
ensino médio, gerando muitas vezes desânimo, culminando com a evasão do aluno.
O professor deve realizar um trabalho contando com a comunicação em
língua de sinais, fazendo seu aluno perceber a importância da Língua de Sinais na
modalidade escrita.
Ele deverá aprender a conhecer a diferença entre as duas modalidades
linguísticas e conscientizar-se que o domínio desse processo lhe permitirá ser
compreendido por todos.
Vale ressaltar que a criança está em processo de construção e é fundamental
ter pleno domínio da língua de sinais, para depois, aprender a Língua Portuguesa,
portanto, a família deverá aprender Libras para colaborar com seu desenvolvimento
e aprendizagem.
A leitura deve ser uma das principais preocupações no ensino da Língua
Portuguesa para os surdos, sendo uma etapa para o aprendizado da escrita.
No processo de leitura e escrita o professor deve observar alguns critérios
importantes.
- Enfatizar os recursos visuais presentes na produção textual: figuras,
ilustrações da capa e páginas do livro;
- Identificação de lugares, referências temporais e espaciais;
- Explorar o material, revista, livro, cartaz;
- Dar explicações prévias;
- Diversificar as estratégias, com materiais que possam auxiliar a
compreensão;
- Auxiliar a criança a utilizar dicionário;
- Dominar a língua de sinais e/ou ter um intérprete de Libras atuando com
esse aluno.

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O professor deverá considerar os conhecimentos prévios que dizem respeito


à história de vida do aluno, o que ele traz na memória e suas experiências.

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Aula 18_A Proposta Bilíngue para a Educação dos Surdos

Na proposta bilíngue, a LIBRAS deve ser introduzida como primeira língua e o


Português (ou língua majoritária), como a segunda. A introdução da Língua de
Sinais deve ocorrer o mais cedo possível na educação da criança surda, pois, há um
período crítico para a aquisição da linguagem, o qual se situaria nos primeiros anos
de vida. A exposição à Língua de Sinais possibilitaria a aquisição da linguagem pela
criança surda no período e ativaria a sua competência linguística.
A exposição à LIBRAS, desde o início da vida das crianças surdas garante o
direito a uma língua de fato e, em decorrência dela, um funcionamento simbólico-
cognitivo satisfatório que facilitaria o ensino da Língua Portuguesa.
Dentro da proposta, a Língua de Sinais é uma língua natural, adquirida de
forma espontânea pela pessoa surda em contato com pessoas que a usam. Por
outro lado, a língua, nas modalidades oral e escrita, é adquirida de forma
sistematizada.
Ao adquirir a sua primeira língua e de se constituir como sujeito linguístico, a
criança surda teria oportunidades semelhantes àquelas oferecidas à criança ouvinte.
Além da questão linguística é fundamental estar atento à cultura que a criança
está inserida. Tanto a comunidade surda como a ouvinte tem a sua cultura e, por
isso, uma proposta além de ser bilíngue, deve ser bicultural. Isso é, deve favorecer o
acesso natural do surdo à comunidade surda, permitir que ele se reconheça como
parte integrante dessa comunidade e participe, ainda, na comunidade ouvinte.
As crianças surdas, filhas de pais ouvintes devem ser expostas à Língua de
Sinais em um ambiente que valorize essa modalidade de comunicação. Este
ambiente deverá ser favorecido proporcionando o contato da família e de
profissionais com adultos surdos fluentes nessa língua (professores, monitores ou
instrutores), pessoas que representem modelos positivos com quem a criança pode
se identificar na sua diferença. Trata-se do respeito e do reconhecimento de sua
singularidade e especificidade humana.
O surdo deixa de ser visto a partir de uma patologia, e passa a ser
considerado em sua diferença, como pertencente a uma comunidade minoritária, de

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usuários da Língua de Sinais, com a mesma capacidade e potencialidade de


qualquer indivíduo ouvinte.
Para que essa proposta seja implementada é necessária a presença de
monitor/instrutor surdo, visando garantir a apropriação e o ensino da LIBRAS, uma
língua viva, presente na comunidade de surdos, e uma cultura real. O instrutor surdo
é o profissional mais habilitado a atualizar profissionais da escola em LIBRAS e
prepará-los para receber alunos surdos em suas salas de aula/escola. O trabalho
deve vir integrado com um atendimento de apoio à família, visando garantir o
desenvolvimento educacional adequado aos alunos surdos.
A comunicação entre pais surdos e filhos surdos em geral é semelhante à
comunicação entre pais ouvintes e filhos ouvintes. No caso de pais ouvintes e filhos
surdos, as interações comunicativas podem ser muito deficitárias, dependendo do
tipo de informação recebida após o diagnóstico dos filhos e das perspectivas
realistas ou não, dadas sobre como se desenvolverá a comunicação deles.
Nota-se que algumas famílias, por não se encontrarem preparadas para se
confrontarem com a surdez de seus filhos, rejeitam a LIBRAS e buscam formas de
oralização. Impedem assim a interação da criança com outros surdos. Essa postura
gera o afastamento afetivo, desvalorização e isolamento, fatores que irão refletir em
seu desenvolvimento.
Ao aceitar, aprender e permitir a língua de sinais no dia a dia da criança, a
família reaproxima-se e melhora a interação e as expectativas de desenvolvimento.
Além disso, pensando nos aspectos emocionais da criança surda, os pais
ouvintes devem estabelecer contato com membros da comunidade surda e com os
serviços especiais a ela destinados.
A educação dessas crianças, através de uma perspectiva bilíngue se
concretiza somente com acesso à Língua de Sinais, por meio de interações sociais
com as pessoas surdas que garantam práticas comunicativas apropriadas ao
desenvolvimento pleno, cognitivo e linguístico.
Pais de crianças surdas devem interagir com outros pais e assim examinar as
questões relativas à educação de seus filhos, promovendo interações saudáveis e
que concorram para o crescimento e aprimoramento de seus filhos.

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Aula 19_O Trabalho da Equipe Multidisciplinar

O diagnóstico da surdez de uma criança é, sem dúvida, difícil de ser aceito


pela maioria das famílias. Em geral os pais experimentam sentimentos de tristeza,
medo, frustração, rejeição e negação. Apesar de estarem diante de uma realidade
atestada por médicos, sempre existem muitas dúvidas sobre o assunto.
Os pais tendem a achar um “culpado” para aquele acontecimento, tentam
“curas milagrosas” e, aos poucos começam a levantar questões a respeito de como
lidar com a situação, dentro das expectativas dadas e diante das primeiras
orientações recebidas:
• O que faremos? Há cirurgias possíveis?

• Qual será o tratamento? Meu filho vai falar?

• Quais serão as despesas? Será que teremos como pagá-las?

• Meu filho terá que falar por “sinais”?

Em geral, crianças com surdez, consequentemente apresentarão distúrbios


de fala e linguagem, devem ser atendidas por uma equipe multidisciplinar, composta
de: pediatra, neuropediatra, otorrinolaringologista, fonoaudiólogo e psicólogo.
Este acompanhamento deve ser integral e iniciar-se desde o diagnóstico. A
evolução do tratamento também varia muito em função do envolvimento familiar.
Crianças bem assistidas pelos familiares que buscam acompanhar o tratamento,
participando de cada etapa com interesse e carinho, conseguem melhores
resultados e com menos tempo.
Estudos mostram que famílias que dão pouco ou nenhum suporte às suas
crianças surdas, ignorando as terapias, sem interesse pelas necessidades da
criança, produzem resultados negativos e dificultam a evolução da criança, tanto do
ponto de vista da aprendizagem quanto dos aspectos emocionais.
Sabemos que a reorganização familiar nesse caso, leva algum tempo e que
alguns pais nunca aceitam realmente o fato, porém, eles devem ser esclarecidos e
amparados por estes profissionais.
Conhecendo as reais possibilidades de sua criança, os pais poderão tomar
decisões que irão beneficiá-la.

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Pais que se distanciam de seus filhos num momento tão complicado podem
estar prejudicando o desenvolvimento de linguagem, cognitivo e emocional. Por isso
é fundamental serem orientados por profissionais preparados para isso. Serão eles
que irão integrar as intervenções médicas e terapêuticas que serão necessárias para
a criança e seus pais.
A partir do diagnóstico feito pelo médico, deverão ser realizados os testes
para viabilizar a adaptação de próteses auditivas. O fonoaudiólogo é o profissional
que irá realizar esse trabalho, assim como as terapias visando o desenvolvimento da
linguagem, treinamento auditivo etc.
Vale ressaltar que exames auditivos e neurológicos devem ser repetidos
periodicamente, a fim de avaliar se houve evolução no quadro, se há modificações a
serem feitas, inclusive a respeito do tipo de aparelho auditivo e seus ajustes.
O psicólogo irá atuar na orientação dos pais sobre as questões emocionais
que envolvem a situação e poderá, também, acompanhar a criança.
As fases e necessidades devem ser constantemente avaliadas pela equipe
em conjunto com a família e a equipe escolar. O trabalho do psicopedagogo e de
professores itinerantes será necessário para o esclarecimento de dúvidas e para que
a criança possa transpor os obstáculos. Outros profissionais podem ser solicitados
em função das necessidades da criança.
Para que o trabalho traga resultados positivos é necessário que a família
esteja presente e participativa, avaliando sempre os rumos do atendimento dado à
sua criança.

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Aula 20_Desafios na Educação dos Surdos

“...O pensamento não é simplesmente expresso em palavras, é por meio


delas que ele passa a existir...” (Vygotsky 1989, p.108).
Com base nisso defende que a relação social e linguística tem relevância na
formação do indivíduo e destaca o meio social como responsável pelo atraso na
linguagem nas crianças:
Segundo Goldfeld, os problemas comunicativos e cognitivos da criança surda
têm origem no meio social que frequentemente não é adequado, pois, não utiliza a
língua de sinais de que a criança tem condições de adquirir de forma espontânea.
(1997, p.53).
Conforme já visto em aulas anteriores, a partir da lei 5626/05, as pessoas
surdas tiveram o reconhecimento de sua língua e do direito de uso. Essa lei orienta
em seu 14º artigo que:
As instituições de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas
surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos
processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares
desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação,
desde a educação infantil até a superior; sendo previsto o ensino da
Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas (BRASIL.
2005).

Entretanto, percebe-se descompasso entre as políticas educacionais para


surdos e suas práticas pedagógicas no que se refere ao ensino de língua
portuguesa.
A língua de sinais passou a ser difundida nas instituições de ensino. Embora
possua uma estrutura gramatical diferente na Língua Portuguesa ela é, sem dúvida,
importante para a inclusão dos surdos brasileiros, pois eles beneficiam-se com seu
uso em sala de aula e ela facilita o trabalho pedagógico.
Entretanto, mais do que isso, esses alunos deveriam ser considerados na
elaboração dos currículos na educação, pois, não se trata simplesmente de aceitar a
matrícula do aluno, mas sim de proporcionar a eles uma educação de qualidade.
Percebemos diversos problemas no processo de inclusão dos alunos surdos,
sendo a falta de professores capacitados um deles. Outro grande entrave a um
trabalho satisfatório é a falta de materiais e recursos, pois, em geral, os que são

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oferecidos são pensados por pessoas ouvintes e para alunos ouvintes, ou seja,
desconhecem as dificuldades e o que poderia melhorar o trabalho e facilitar a
aprendizagem.
Considerando-se que a grande maioria dos alunos surdos vem de famílias
ouvintes, chegamos também à conclusão de que uma grande parte deles não tem
contato com a língua de sinais em seus lares. Esse conhecimento de sua língua só
ocorrerá a partir do convívio com seus pares, muito provavelmente quando
ingressarem no ambiente escolar, o que já significa um atraso importante no
desenvolvimento cognitivo e conhecimento de mundo da criança. Portanto, a criança
já ingressa nos bancos escolares com grande defasagem em relação aos demais.
A proposta bilíngue, assim como entendemos fica extremamente prejudicada
devido a tantas dificuldades de acesso da criança à sua língua natural. É um
prejuízo difícil de mensurar.
Além disso, de acordo com as causas e tipos de surdez temos ainda uma
diversidade de situações: crianças que nascem surdas, outras que adquirem a
surdez após o nascimento, o que pode ocorrer antes ou depois da aquisição da
língua oral. Verificam-se então crises de identidade dentro do próprio grupo. São os
surdos que utilizam somente a língua de sinais, os oralizados, os bilíngues e alguns
que não foram inseridos numa língua para sua comunicação, que ficaram à margem
da sociedade.
Não raro, as crises familiares devido à descoberta da deficiência tomam
dimensões maiores na medida em que se percebem as consequências do problema:
o diagnóstico, a falta da comunicação em família, a rejeição da língua de sinais em
família, os problemas de aprendizagem, os problemas comportamentais, o fracasso
escolar da criança, a frustração dos pais etc.
A representação dos membros da comunidade surda ainda é pequena e nem
sempre traduzem as reais necessidades do grupo. O que seria um trabalho de
inclusão acaba sendo um processo que exclui.
Principais dificuldades enfrentadas:
• Professores ouvintes que desconhecem a língua de sinais e trabalham
em salas mistas (surdos e ouvintes).
• Falta de intérprete de libras.

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• Profissionais que desconhecem métodos e técnicas que proporcionariam


ao aluno a proficiência em português escrito.
• Concepção de que a oralidade é condição indispensável para o ensino da
escrita.
• Escolas inclusivas, onde não há sala de recursos.
• Profissionais que desconhecem as particularidades dos alunos surdos e,
portanto, não reconhecem seu potencial para aprender.

Para que haja uma mudança realmente significativa na situação atual é


preciso que todos os fatores levantados sejam considerados para uma verdadeira
transformação na educação dos surdos. Oferecer cursos de Libras é insuficiente,
afinal, estamos formando cidadãos que, apesar de suas limitações, podem alcançar
um estágio de completa autonomia e produtividade. Portanto, devem ter uma
formação adequada que lhes proporcione um futuro digno e feliz.

Referências
Goldfeld, M. A. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva socio-
interacionista. São Paulo, Plexus, 1997.
Vygotsky, L. S. Pensamento e linguagem., 2. ed. – Martins Fontes, São Paulo,
1989.

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Aula 21_Dificuldades de Aprendizagem

O desenvolvimento acadêmico dos surdos tem sido um objeto de


preocupação dos educadores. Determinações constitucionais preveem organização
especial de currículos, desenvolvimento de métodos, técnicas e recursos
educacionais, além de professores especializados e capacitados. O problema
linguístico cognitivo é apontado como o principal agravante nas dificuldades de
aprendizagem das crianças surdas.

http://professorrobertoaires.blogspot.com.br/2011/09/escrita-do-surdo-professor-roberto.html

A criança surda não recebe estímulos auditivos e não consegue aprender a


língua oral. A falta da compreensão da língua falada a impede de desenvolver uma
linguagem (em geral seus pais são ouvintes).
O tempo também é um fator importante. Já que não escuta, a criança surda
pode chegar à escola com uma deficiência de informações que crianças ouvintes
recebem muitas vezes sem perceber, ouvindo conversas, assistindo televisão e
essas informações não chegam às crianças surdas.
Os primeiros anos de vida já determinam um atraso na linguagem e na
comunicação importantes. Consequentemente seu pensamento também não se
desenvolve e ela enfrentará problemas, pois, ainda pequena ela já estará em
defasagem no seu desenvolvimento cognitivo em relação às crianças de sua faixa
etária.
Embora a grande maioria das crianças surdas tenha seu intelecto preservado,
sem os estímulos iniciais comuns a todas as crianças, ela terá dificuldade em
compreender as crianças de mesma idade e pode afastar-se do convívio.

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Para evitar dificuldades maiores, a família deverá empenhar-se e buscar


ajuda e orientação com o professor e os profissionais que deverão atendê-la
(fonoaudiólogo, psicopedagogo e psicólogo).
As dificuldades verificadas são diversas, até porque, cada criança tem seu
histórico: temos alunos oralizados, surdos profundos que nunca foram estimulados
antes de ingressar na escola, surdos filhos de pais surdos que já nascem
aprendendo Libras etc.
A maior dificuldade enfrentada por esses alunos é que, tendo um aprendizado
através de experiências eminentemente visuais e privadas dos sons, ao ingressar na
escola, é direcionado para ser instruído em uma língua que não entende, que não
ouve, que tem uma estrutura diferente da sua. Não se trata apenas de aprender
outra língua, como os ouvintes. Esperam que ele aprenda e utilize com a sociedade
uma língua oral auditiva que vai contra sua condição e contra suas possibilidades.
De qualquer modo, essa dificuldade enfrentada pelas crianças surdas é
conhecida e tem se buscado equacioná-la, embora não haja ainda uma fórmula de
sucesso que atenda a todos.
Entretanto, a criança ainda poderá apresentar outras dificuldades. É
importante o professor estar atento e verificar se são dificuldades em uma disciplina
ou em várias. Se a dificuldade está em um conteúdo somente, ou se ela é geral.
Quando se verificam dificuldades de aprendizagem em vários conteúdos é
preciso tomar medidas mais abrangentes.
O professor deverá informar a coordenação escolar e solicitar reunião com os
pais. Em alguns casos a criança poderá ser encaminhada para outros profissionais
que possam investigar melhor.
O importante é que medidas sejam tomadas visando à solução das
dificuldades da criança.

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Aula 22_Avaliação de Aprendizagem

http://www.tribunadabahia.com.br/2013/05/27/surdez-atinge-5-das-criancas

Avaliação é um recurso que o professor utiliza para verificar a aprendizagem


do seu aluno, assim como constatar quais são as suas dificuldades. A intenção
desta avaliação deve ser a de planejar novas estratégias que possam atingir o aluno
e ajudá-lo a ultrapassar obstáculos.
Quando a avaliação é diagnóstica ela pode servir para detectar problemas de
aprendizagem, ou até mesmo testar os conhecimentos prévios de alunos recém-
chegados ao ambiente escolar.
A avaliação também poderá ter a função de promoção, nesse caso ela deve
ser contínua. Isso significa que o aluno deve ser avaliado diariamente para que seus
progressos sejam percebidos. As provas periódicas não devem servir como único
objeto de avaliação e, sim, as observações diárias dos alunos, pois, estas é que irão
demonstrar o quanto o aluno aprendeu, as suas participações e o seu nível de
produtividade.
As avaliações feitas aos alunos também servem para que o professor se
autoavalie constantemente. Deverá ter senso crítico em relação a como expõe os
conteúdos, quais as estratégias que tem utilizado, quais as dúvidas que tem
conseguido esclarecer ou não, enfim, como tem conseguido contribuir para a
aprendizagem do seu aluno e como poderá melhorar suas práticas docentes.
Todos os profissionais da instituição deverão estar conscientes de que o mais
importante é que os alunos consigam aplicar os conhecimentos adquiridos em seu
dia a dia, de forma que esses conhecimentos possibilitem uma existência de
qualidade e o pleno exercício da cidadania.

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No caso dos alunos surdos, é fundamental considerar alguns aspectos.

• Suas dificuldades de aprendizagem são muito peculiares e, portanto,


devem ser utilizados critérios de avaliação diferentes dos que são
aplicados com os demais alunos ouvintes.
• Devido à utilização de sua língua materna (Libras) na comunicação, ele
terá dificuldades com a Língua Portuguesa, que tem estruturas diferentes.
Isso deve ser considerado sempre.
• O seu desempenho muito abaixo dos demais em Língua Portuguesa, que
será percebido na leitura, escrita e interpretação de textos, não pode
servir de referência para medir se os conteúdos foram aprendidos.
• O professor deve estabelecer conceitos a serem avaliados e qual a
melhor forma de avaliar.
Para que não seja feita uma avaliação injusta é fundamental que o professor
esteja atento a alguns aspectos importantes:

• saber que a Língua de Sinais é sua primeira língua e que a Língua


Portuguesa é considerada sua segunda língua, não sendo aprendida de
forma natural como a primeira;
• o aluno surdo deve ter assegurada sua comunicação em LIBRAS,
portanto, a presença do intérprete em todos os momentos, inclusive
durante as avaliações, e imprescindível;
• o aluno também deve ter acesso ao dicionário permanentemente;
• nunca comparar o texto escrito pelo aluno surdo com o texto de outro,
ouvinte. Ele poderá apresentar textos com vocabulário empobrecido,
frases aparentemente sem sentido e muito semelhantes a estrutura
da LIBRAS, que é sua língua natural;
• não supervalorizar as habilidades do aluno em Língua Portuguesa, mas,
preocupar-se mais com o conteúdo, priorizando a coerência, originalidade
e autoria das ideias;

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• certamente as dificuldades que ele apresenta em compreender a Língua


Portuguesa irão interferir em suas próprias produções, desse modo é
fundamental avaliar se o aluno demonstra competência para utilizar os
conhecimentos adquiridos em seu cotidiano, independente do que pode
demonstrar em seus textos.

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Aula 23_Recursos Pedagógicos e Tecnológicos

Você encontrará abaixo, sugestões de materiais interessantes que poderá


utilizar em sala de aula com alunos surdos (e ouvintes).
Primeiras frases em Libras

Baixe gratuitamente caderno de atividade:


http://www.editora-arara-azul.com.br/cadernoacademico/cadernodeatividades.pdf

Atividade para associar as letras do alfabeto com os sinais facilitam a


compreensão da criança.

Alfa libras

Domilibras (dominó de animais)

Pesquise no link http://www.brinquelibras.com.br/site_novo/ diversos materiais em


Língua Brasileira de Sinais.

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DVD histórias infantis


São seis histórias em vídeo em Libras, com áudio e legenda. As fadas, Dona cabra e
os sete cabritinhos, O príncipe sapo, A galinha ruiva, A galinha dos ovos de ouro, O
cão e o lobo.

http://rekcursos.loja2.com.br/2492754-DVD-HISTORIAS-INFANTIS-EM-LIBRAS

Linha de jogos em Libras

http://www.xalingo.com.br/

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Relógio em Libras

http://oficinadelibras.blogspot.com.br/2012_08_01_archive.html

Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue (Autores: Fernando Cesar Capovilla,


Walkíria Duarte Raphael, Aline C. L. Mauricio).

http://30porcento.com.br/detalhes.php?proc=9788531411786

• Materiais diversos, fonte Libras, cartilha sobre surdez, atividades de


alfabetização, fichas divertidas => http://acessolibras.com/downloads.html
Alguns recursos tecnológicos utilizados no processo de ensino-aprendizagem
e comunicação entre pessoas com Deficiência Auditiva.
• Dicionário LIBRAS ilustrado, que correlaciona a língua portuguesa escrita e os
sinais.

http://www.dicionariolibras.com.br/website/index.asp?novoserver1&start=1&endereco_site=www.dicionariolibras.com.br&par=&

cupom=&email

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• MSN Messenger – Possibilita desenvolvimento da comunicação (leitura e


escrita) via internet.

Web Libras é um software destinado a editores de sites capaz de traduzir todo o


conteúdo para leitores surdos. A nova ferramenta pode ser utilizada por qualquer
pessoa ou empresa que deseje tornar seu site ou blog acessível em Libras, que é o
segundo idioma oficial do Brasil.

O software está sendo disponibilizado gratuitamente, por tempo limitado, para


blogs pessoais e algumas ONGs.

http://www.pcdbrasil.com.br/site/blog.php?p=16

• Software Falibras, transmite a palavra em português para LIBRAS, capta


a fala através do microfone e exibe no monitor a interpretação
em LIBRAS na forma gestual e animada em tempo real.
• Sign Webmessage é um protótipo de software cujo objetivo é utilizar a
escrita da língua de sinais para comunicação assíncrona na Web, que
utiliza tanto LIBRAS como Língua Portuguesa.
• Signtalk é uma ferramenta para chat que consta da apresentação
da LIBRAS, da escrita da língua portuguesa e da escrita da língua de
sinais.
Acesse alguns jogos interativos que podem ser aplicados com seus alunos na
sala de informática.

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http://www.educajogos.com.br/jogos-educativos/alfabetizacao/nome-imagem-libras/

Hand Talk Tradutor para Libras


Eleito o melhor aplicativo social do mundo, pela ONU, o Hand Talk traduz
conteúdo para a LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais, que facilita a comunicação
entre Surdos e Ouvintes.
Tecnologia 3D
Hugo. Esse é o nome do boneco de aparência simpática que será o
interlocutor entre o Hand Talk e os deficientes auditivos usuários da tecnologia. Os
criadores realizaram estudos de linguagem corporal e tiveram o cuidado de garantir
que Hugo fosse um personagem atrativo.

https://itunes.apple.com/pt/app/hand-talk-tradutor-para-libras/id659816995?mt=8

Uni Libras
É um dicionário com índice em LIBRAS desenvolvido especialmente para
pessoas com deficiência auditiva. Este aplicativo permite que o usuário encontre
palavras através da língua brasileira de sinais obtendo vídeos, fotos e palavras em
português, além de oferecer opções de busca na internet, auxiliando na sua
comunicação em determinados momentos.

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-> Busca com índice em LIBRAS;


-> Busca com índice em Português;
-> Vídeos com intérprete de LIBRAS;
-> Download de conteúdo LIBRAS;
-> Busca por mais resultados na internet (é necessário acesso à internet).

http://www.unilibras.com.br/

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Aula 24_Libras III

Pronomes Pessoais
Os pronomes devem ser caracterizados como formas de localização espaço-
temporal no contexto do enunciado. O uso inadequado dos pronomes em Libras é
bastante comum, principalmente o de inverter os sinais EU e VOCÊ.
Exemplo
LÍNGUA PORTUGUESA LIBRAS

Eu olho para você. EU-OLHAR-VOCÊ

Você olha para mim. VOCÊ-OLHAR-EU

Para a criança surda, que utiliza LIBRAS, essa diferença deve ficar clara,
pois, ela indica toda uma contextualização. As pessoas do discurso (EU e VOCÊ)
têm a função de indicar papéis e ações, por isso são tão importantes.
Advérbios de tempo
Na LIBRAS não há marcação de tempo nas formas verbais, é como se os
verbos ficassem na frase quase sempre no infinitivo. O tempo é marcado
sintaticamente através de advérbios de tempo que indicam se a ação está ocorrendo
no presente: HOJE, AGORA; ocorreu no passado: ONTEM, ANTEONTEM; ou irá
ocorrer no futuro: AMANHÃ. Por isso os advérbios geralmente vêm no começo da
frase, mas podem ser usados também no final. Para um tempo verbal indefinido,
usam-se os sinais:
• HOJE, que traz a ideia de “presente”;
• PASSADO, que traz a ideia de “passado”;
• FUTURO, que traz a ideia de futuro.
Adjetivos em LIBRAS
Os adjetivos são sinais que formam uma classe específica na LIBRAS e
sempre estão na forma neutra, não havendo, portanto, nem marca para gênero
(masculino e feminino), nem para número (singular e plural).

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Muitos adjetivos, por serem descritivos e classificadores, apresentam


iconicamente uma qualidade do objeto, desenhando-a no ar ou mostrando-a a partir
do objeto ou do corpo do emissor.
Em relação à colocação dos adjetivos na frase, eles geralmente vêm após o
substantivo que qualifica. Exemplo da frase na estrutura de Libras:
Passado eu gordo muito-comer, agora eu magro evitar comer.
Pronomes demonstrativos e advérbios de lugar
Na LIBRAS, os pronomes demonstrativos e os advérbios de lugar têm o
mesmo sinal, somente o contexto os diferencia pelo sentido da frase acompanhada
de expressão facial.
Estes tipos de pronomes e de advérbios estão relacionados às pessoas do
discurso e representam, na perspectiva do emissor, o que está bem próximo, perto e
distante.
Estes pronomes ou advérbios têm a mesma configuração de mãos dos
pronomes pessoais (mão em d), mas os pontos de articulação e as orientações do
olhar são diferentes.
Por exemplo: “está aqui” é um apontar para o lugar perto e em frente do
emissor, acompanhado de um olhar para este ponto. “Aquele lá” é um apontar para
um lugar mais distante, o lugar da terceira pessoa, mas diferentemente do pronome
pessoal, ao apontar para este ponto há um olhar direcionado.
Pronomes possessivos
Os pronomes possessivos, como os pessoais e demonstrativos, também não
possuem marca para gênero e estão relacionados às pessoas do discurso e não à
coisa possuída, como acontece em português:
• EU - meu sobrinho;
• VOCÊ - teu pai;
• ELE – seu filho.

Para a primeira pessoa: meu (minha), pode haver duas configurações de


mão: uma é a mão aberta com os dedos juntos, que bate levemente no peito do
emissor; a outra é a configuração da mão em P com o dedo médio batendo no peito.

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Para as segunda e terceira pessoas, a mão tem esta segunda configuração


em P, mas o movimento é em direção à pessoa referida: segunda ou terceira.
Pronomes Interrogativos
Que, quem, onde
Os pronomes interrogativos QUE e QUEM geralmente são usados no início
da frase, mas o pronome interrogativo ONDE, e o pronome QUEM, quando está
sendo usado com o sentido de “quem é” ou “de quem é” são mais usados no final.
Todos os três sinais têm uma expressão facial interrogativa feita simultaneamente
com eles.
A figura abaixo diz respeito à pergunta: “o que você quer?” – em Libras,
VOCÊ QUERER O QUÊ?

http://csslibras.blogspot.com.br/2009_06_01_archive.html

QUAL, COMO, PARA-QUÊ e POR-QUÊ.


Na LIBRAS, há uma tendência para a utilização, no final da frase, dos
pronomes interrogativos QUAL, COMO e PARA-QUÊ, e para a utilização, no início
da frase, do pronome interrogativo POR-QUE, mas os primeiros podem ser usados,
também, no início e POR-QUÊ pode ser utilizado também no final.

http://www.youtube.com/watch?v=ssHF2A8W9rw

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Aula 25_O Processo de Inclusão

De acordo com a Declaração de Salamanca sobre Princípios, Política e


Práticas na área das necessidades educativas especiais (1994):

• toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a


oportunidade;
• de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem;
• toda criança possui características, interesses, habilidades e
necessidades de aprendizagem que são únicas;
• sistemas educacionais deveriam ser designados e programas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais características e necessidades;
• aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à
escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia
centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades;
• escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os
meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se
comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e
alcançando educação para todos; além disso, tais escolas provêm uma
educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em
última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional.
A inclusão escolar não é um modo de educar, mas uma forma de garantir que
cada um aprenda, resguardando sua singularidade. A diferença não se opõe à
igualdade e sim, à padronização.
De acordo com a nova visão, as pessoas com deficiência são detentoras de
direitos, são cidadãos e consumidores com autonomia. Desse modo é preciso
promover ambientes acessíveis, revisão de culturas, políticas e normas sociais.

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http://revistaescola.abril.com.br/formacao/falar-maos-432193.shtml

A inclusão educacional, ainda hoje, vem acontecendo sem um planejamento,


sem a preocupação de que as escolas e instituições precisam ser repensadas e
reorganizadas. Há barreiras arquitetônicas, atitudinais, comunicacionais e
metodológicas.
No caso específico da inclusão educacional dos surdos, a realidade ainda é
mais cruel, tendo em vista sua especificidade linguística. Ainda se utiliza a língua
falada com eles ignorando sua língua de sinais, utilizam-se métodos e estratégias
para ouvintes e não para surdos e acredita-se que é a partir da oralidade que eles
poderão aprender e ser avaliados em sua aprendizagem. Estes problemas ainda se
aliam ao fato de serem crianças surdas, em sua maioria, filhas de pais ouvintes e
que nem sempre chegam à escola preparadas para comunicar-se em sua língua
natural (Libras), pois seus familiares não a utilizam, portanto, já chegam em
desvantagem em relação aos demais colegas. A partir daí, recebendo uma instrução
destinada aos ouvintes, fica ainda mais difícil sua aprendizagem e permanência no
ambiente escolar.
É fundamental que o surdo seja considerado como possuidor de uma riqueza
cultural, que a sua língua de sinais seja utilizada em sua comunicação, pois, é seu
direito, e para que ele aprenda, o ambiente linguístico precisa ser adequado.
De acordo com o Decreto 5626, de 22 de dezembro de 2005, os alunos
surdos têm direito a escolas ou classes de educação bilíngue, professores bilíngues
que garantam a comunicação em Libras, atendimento especializado no contraturno
e utilização de equipamento e tecnologia de informação, entre outros benefícios a
eles destinados.

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Não podemos afirmar que todas as instituições não atendem as


determinações e as necessidades, pois, existem, felizmente, experiências de
sucesso na inclusão dos surdos, entretanto, de modo geral, ainda há muito a ser
feito. Professores e gestores devem estar atentos ao que a lei prevê e mais ainda,
rever constantemente seu trabalho, suas atitudes e seus conceitos em relação ao
trabalho inclusivo.

Recomendamos a leitura da reportagem da Revista Escola acessando o


link: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/falar-maos-432193.shtml ,onde
encontrarão exemplos de trabalhos de sucesso nas salas de inclusão de nosso país.

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Aula 26_Educação de jovens e adultos surdos

Lei nº 9394/96 – art.37 – parágrafo 1º.


Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos,
que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais
apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições
de vida e de trabalho, mediante cursos e exames (BRASIL, 1996).

http://surdohk.blogspot.com.br/2012_02_01_archive.html

Quando falamos em EJA para alunos surdos, deparamos com uma difícil
realidade para quem quer aprender, pois, dentro dessa modalidade de ensino é
comum encontrarmos, na sala de aula, indivíduos sem língua, ou seja, alunos que
não conhecem a Língua Portuguesa e nem a Língua Brasileira de Sinais.
Poderão apresentar sinais estereotipados e próprios e, como muitos não
falam, a comunicação é precária. Alguns podem escrever alguma coisa, seu nome,
endereço, letras soltas, porém, nem sempre sabem o significado do que
escreveram. São homens, mulheres, jovens, adultos e idosos, trabalhadores e
desempregados de todas as origens étnicas, socioeconômicas e culturais, que
buscam no EJA a oportunidade de realizar esse resgate social, sua identidade, sua
cidadania.
Muitos retornam à escola por necessidade, pois, nessa fase da vida
necessitam de algum preparo para ingressar no mundo do trabalho. Um dos
objetivos apontados em pesquisas é o desejo de estarem aptos a tirar a CNH
(Carteira Nacional de Habilitação).

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É necessário termos objetivos claros a respeito dessa educação, propiciando


a construção de uma linguagem, auxiliando na organização do pensamento no
espaço e tempo, proporcionando atividades prazerosas e significativas.

A abordagem deve ser apropriada a esse alunado.


• Utilizar temas atuais relacionados à vida, ao trabalho, ao cotidiano, às

emoções.
• Trabalhar com jornais, revistas, recursos eletrônicos que gerem
discussões e debates.
• Estudos de meio: passeios, visitas monitoradas.

• Viabilizar a elaboração de oficinas e exposições.

• Incentivar o conhecimento sobre profissões e cursos profissionalizantes

que possam interessá-los.


O surdo adulto, quando procura a escola e começa a aprender uma língua,
começa a desenvolver um interessante processo de ampliação das possibilidades
de comunicação e de autonomia da vida social.
Os professores deverão trabalhar primeiramente a Língua de Sinais. Esse
domínio irá facilitar a comunicação e a compreensão da Língua Portuguesa.
Trata-se de uma possibilidade de superação da exclusão social, pois, através
do desenvolvimento linguístico, aprendendo sua língua natural e através do
letramento na língua padrão da comunidade, o convívio será possível e, desse
modo, suas habilidades sociais serão maiores.
Seja por falta de informação, situações de fracasso, exclusão, imposição de
limitações, independente do que tenha afastado essa pessoa da escola na infância,
lá está ela, almejando encontrar uma nova oportunidade de crescimento individual e
social. Ela busca um ambiente diferente daquele que deixou, em que haja meios de
socialização, uma experiência positiva que mude seu conceito de escola e lhe traga
ganhos significativos.

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Aula 27_Fernando Capovilla e seu Estudo sobre a Educação dos Surdos

Professor da Universidade de São Paulo, Fernando César Capovilla, é


responsável pelo maior estudo já feito no mundo sobre o desenvolvimento de
cognição e linguagem de estudantes surdos, ele defende a educação bilíngue em
escolas específicas para surdos e é enfático, “Não se rouba a língua de uma
criança”.

www.ip.usp.br

Segundo sua pesquisa que teve início em 2001, na qual foram avaliados
cerca de 9.2 mil crianças e jovens surdos, com idades de 6 a 25 anos, os melhores
resultados foram dos que frequentaram escolas bilíngues, onde os alunos são
surdos e, em muitos casos, os professores também, exigindo o maior uso da Língua
Brasileira de Sinais (Libras).
Os alunos surdos foram submetidos a testes sobre compreensão de leitura,
vocabulário e memória. Capovilla defende a escola em tempo integral e a
alfabetização em Libras. O aprendizado da Língua Portuguesa seria gradativo, com
auxílio da leitura labial. Para ele, até o 7º ano do ensino fundamental as aulas devem
ser integralmente em Libras, para que o aluno adquira um bom vocabulário.
O autor demonstra não concordar com a educação para surdos ministrada
nas salas de inclusão do ensino regular, preconizada pelo Ministério da Educação,
pois, acredita que a cultura surda é depreciada e o trabalho dos intérpretes
educacionais não é satisfatório, devido à falta de uma formação adequada. Ele
acredita numa “inclusão programada”, na qual alunos surdos só convivem com os

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demais quando já conseguem se comunicar por Libras, português escrito e leitura


labial.
Analisando os resultados de sua pesquisa e seus estudos, Capovilla não
concorda que a separação dos alunos em escolas específicas para surdos possa
prejudicá-los, porém, ao contrário, quando afirma que estando num ambiente
escolar, com colegas e professores, onde a comunicação não é eficiente, os
problemas comportamentais e psicológicos são iminentes. Tais problemas vão
desde o isolamento, até distúrbios de personalidade e sensação de inadequação
social.
O Professor Capovilla concluiu que a inclusão na escola comum com sala de
apoio no contraturno é boa para crianças com deficiência auditiva. Crianças surdas
serão mais bem atendidas em escolas para surdos com proposta bilíngue.

A linguagem talvez seja a característica mais essencialmente humana,


dentre todas aquelas de que dispomos. E ela se desenvolve
naturalmente quando somos expostos a uma comunidade linguística cuja
modalidade de comunicação é adequada à nossa. Se a modalidade da
língua se adequa à modalidade que a criança tem intacta, o
desenvolvimento da linguagem se dá de modo natural. Isso é de
importância crucial, já que a linguagem é o principal veículo de
consciência, aprendizagem, memória, pensamento e expressão.
Privação de desenvolvimento de linguagem é uma das maiores tragédias
a que se pode condenar um ser humano (Capovilla, Estadão de
21/08/2008).

Professor Fernando César Capovilla


Professor do Instituto de Psicologia da USP.
Doutor em Psicologia Experimental e livre-docente em Neuropsicologia.
Atua na Avaliação de Desenvolvimento e Distúrbios de Cognição e
Linguagem com Intervenção Preventiva e Remediativa.
Autor de 50 livros e de 400 trabalhos científicos publicados, e coautor de 200
sistemas especialistas de multimídia para diagnóstico, comunicação e reabilitação
cognitiva em distúrbios neuromotores (e.g., paralisia cerebral e esclerose lateral
amiotrófica), neurolinguísticos (e.g., dislexia e afasia) e neurossensoriais (e.g.,
surdez congênita profunda).

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Saiba mais
Entrevista Prof. Fernando Capovilla à Globo News: Libras e educação bilíngue de
surdos: http://www.youtube.com/w=atch?v=uVbzA7fpJWE

Referências
http://cmdpdvalinhos.blogspot.com.br/2011_06_01_archive.html-acesso em
15/07/2014.
http://www.porsinal.pt/index.php?ps=destaques&idt=ent&iddest=120 – acesso= em
15/07/2014.

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Aula 28_Capacitação de Professores do Ensino Fundamental

O professor é peça fundamental para a formação da educação inclusiva, pois,


é quem irá viabilizar na sala de aula, as condições necessárias para atender a todos
os alunos em suas necessidades.
O educador, buscando oferecer uma educação igualitária, deve
primeiramente pensar-se como agente inclusivo, sentir-se realmente à vontade para
praticar a inclusão em sua sala de aula.
Não se pode pensar na formação de professores para alunos surdos de
maneira isolada, pois, é um trabalho que será refletido na sociedade como um todo.
O professor deve ser preparado para atender o desenvolvimento dos alunos, o ritmo
de aprendizagem de cada um e ter consciência do seu papel de educar e
desenvolver a todos.
Por muitos anos os indivíduos surdos não avançavam no processo
educacional e o pretexto apontado pelos professores era o fato de não serem
oralizados. Desse modo eram considerados incapazes e sem inteligência para
serem instruídos.
A aquisição da Libras e o seu reconhecimento como língua oficial dessa
comunidade abriu novos horizontes para a comunicação e para a educação. O
domínio da Libras por parte dos professores assegura que a educação seja uma
realidade e que esse alunado tenha suas potencialidades reconhecidas e
desenvolvidas ao longo do trabalho pedagógico.

Decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005:

Art. 3º - A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória


nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério,
em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de
instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino
e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios. § 2º - Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas
do conhecimento, o curso normal de nível médio, o curso normal
superior, o curso de pedagogia e o curso de Educação Especial são
considerados cursos de formação de professores profissionais da
educação para o exercício do magistério (BRASIL, 2005).

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Já há algum tempo, a disciplina Libras faz parte da grade curricular dos


cursos de formação de professores. Entretanto, há diversos profissionais formados
há anos, que desconhecem a disciplina e não buscam uma capacitação.
Do mesmo decreto mencionado vemos algumas especificidades relacionadas
à formação dos professores de Libras e dos instrutores:
Art. 4º - A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries
finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior
deve ser realizada em nível superior, em curso de graduação de
licenciatura plena em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua
Portuguesa como segunda língua. Parágrafo único. As pessoas surdas
terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput.
Art. 5º - A formação de docentes para o ensino de Libras na educação
infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental deve ser realizada em
curso de pedagogia ou curso normal superior, em que Libras e Língua
portuguesa escrita tenham constituído línguas de instrução, viabilizando
a formação bilíngue (BRASIL, 2005).

Não se pode mais ignorar as mudanças, nem alegar desconhecimento das


propostas. A educação inclusiva é uma realidade. Oferecer uma educação com
oportunidades iguais para todos requer que o professor se sinta preparado para
praticar a inclusão, com uma escola que lhe dê suporte e que também esteja em
condições de realizar um bom trabalho.
A escola deve ser um ambiente transformador, desenvolver a capacidade dos
alunos com a participação dos pais. O professor deve estar preparado para receber
os alunos surdos e realizar um atendimento de qualidade. Em sua formação é
necessário conhecer a história dos surdos, a problemática social, as relações
familiares e escolares, as dificuldades enfrentadas e, principalmente, dominar a
língua natural desses alunos, que lhe possibilitará traçar relações com a língua de
instrução, indispensável à produção do conhecimento.
Assim, o professor deve compreender a respeito das suas restrições sociais,
familiares e escolares às quais sempre foram submetidos os nexos políticos com a
sociedade e as formas de constituição do saber.

Referências
Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005 (Políticas Educacionais).
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm

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Aula 29_Tradutor e Intérprete de Libras-Língua Portuguesa

Acredita-se que a interpretação em língua de sinais é uma atividade tão


antiga quanto a própria língua e que tenha surgido dentro do meio familiar e de lá se
estendeu a professores de crianças surdas e religiosos.
As pessoas ouvintes, parentes, mestres, amigos dos surdos tentavam
melhorar as condições de vida deles e seu acesso à informação, entretanto, apesar
das boas intenções não eram capacitados para tal função.
No geral, havia uma visão paternalista sobre o sujeito surdo — o que, na
prática, fortalecia a visão do surdo como alguém incapaz de agir sozinho. Eram
comuns interpretações em que o intérprete não apenas interpretava, mas também
filtrava, modificava as informações, de modo a ficarem “mais fáceis para os surdos
entenderem” e, com isso, muito se perdia em termos de informação.
Entretanto, para que a profissão de intérprete de língua de sinais aqui no
Brasil ocorresse de modo formal, foi necessário que a Língua Brasileira de Sinais
fosse oficializada.
A Legislação que dispõe sobre o reconhecimento da Língua Brasileira de
Sinais como a língua oficial das comunidades surdas do Brasil e o direito da pessoa
surda de comunicar-se em Libras, foram fundamentais no processo de
reconhecimento e formação do profissional intérprete e sua inserção no mercado de
trabalho.
Vamos conhecer as atribuições desse profissional
O intérprete de libras deve ser um profissional capacitado e/ou habilitado em
processos de interpretação de língua de sinais, deve ter titulação, certificação e
registro profissional reconhecido pelo MEC para atuar em situações formais como:
escolas (ensino básico e superior), eventos culturais, reuniões técnicas, igrejas,
fóruns judiciais, atendimento na área da saúde, mídia televisiva, interlocução
sinalizada no recrutamento e treinamentos de surdo no mercado de trabalho.
Qual a formação desse profissional?
A formação do intérprete de Libras está em processo, as capacitações
técnicas para esse profissional têm sido ofertadas ao nível de pós-graduação.

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Segundo o Decreto n 5.626/2005, “A formação do tradutor e intérprete de


LIBRAS – Língua Portuguesa deve efetivar-se por meio de curso superior de
Tradução e Interpretação com habilitação em LIBRAS – Língua Portuguesa”.
Além do domínio da Libras e do português, ele deve ter conhecimento das
implicações da surdez no desenvolvimento do indivíduo surdo, conhecimento sobre
comunidade surda e dos aspectos culturais próprios deste grupo social e
convivência com membros desta comunidade.
A fluência da língua de sinais é obtida através da prática, sem dispor do
aparato teórico que lhe concederia uma graduação especifica na interpretação e
tradução da Libras.
O que existe de formalizado é o Prolibras, que é aplicado para certificar
pessoas que já são fluentes em língua de sinais – concedendo a proficiência na
língua. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o Instituto Nacional de
Educação e Pesquisa (INEP) aplicam essas provas.
A categoria profissional possui código de ética e respaldo institucional em
associações de pessoas surdas, Federação Nacional de Educação e Integração dos
Surdos, Federação Mundial dos Surdos, entre outras.
A atuação deste profissional
Apesar de ser uma profissão relativamente conhecida pela sociedade, as
suas atribuições ainda são desconhecidas e equivocadas. O intérprete de Libras é
tido como “facilitador”, como suporte técnico, como professor auxiliar e o pior de
todas as atribuições: como “tutor dos surdos”.
O trabalho é contemplado, mas, não é visto como técnica do processo
interpretativo. É comum o intérprete ser abordado por pessoas que se referem à
interpretação como um dom, ou ainda, questionado quanto a viabilidade de
transmissão integral da mensagem através da Libras e, em certas circunstâncias,
são suspeitos de facilitarem a situação para os surdos.
Suas funções ainda geram dúvidas até para si próprios que, por vezes,
sentem-se na posição de admiradores dos surdos e da língua e não como pessoas
aptas e profissionais para desempenhar as interpretações.
Quais são as atribuições para o exercício da função?

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O intérprete é aquele que tem o papel de intermediar a comunicação entre o


idioma do emissor ao idioma do receptor.
Dispõe da capacidade técnica para realizar escolhas lexicais, estruturais e
semânticas apropriadas às duas línguas em trâmite na interpretação.
Possibilita tanto ao emissor, quanto ao receptor, entender e ser entendido nas
nuances de suas respectivas línguas.
Um intérprete de Libras executa um processo mental que opera a
compreensão e a apropriação da mensagem em sua língua na modalidade oral e um
mecanismo para organização e efetuação da interpretação na língua espacial-visual.
Além do que, conta com a presteza da resposta técnica motora.
Entretanto, o profissional intérprete de língua de sinais ainda é conotado
como apoio didático e recurso estratégico de comunicação com o surdo; em muitas
situações, ainda denominado por portador de deficiência auditiva.
Percebe-se que em muitos casos sua função se confunde com a do professor
de sala, o que não deveria ocorrer. Não compete ao intérprete de Libras a função de
educador, ainda que execute a interpretação no espaço de ensino, seja em nível
básico ou superior, compete a ele a interlocução e a busca de subsídios, referente à
língua de sinais, para desempenhar a tarefa de estabelecer a comunicação entre
surdos e ouvintes.
Não é função de um intérprete repassar conteúdos durante a interpretação,
sua preocupação deve ser a escolha acertada da estrutura e sinalização na
passagem da língua fonte para a língua alvo.
Jamais deverá dar parecer sobre o desempenho do aluno, seu
aproveitamento ou responder como tutor pelo surdo, auxiliando-o na realização das
tarefas escolares.
O profissional deve seguir os critérios de neutralidade no desempenho da
função. Apesar disso percebe-se, no dia a dia do seu trabalho, situações em que os
papéis se confundem: professores que transferem ao intérprete a função de ensinar,
outros professores que ficam incomodados com a presença do intérprete e a
atenção que o aluno surdo e até os demais alunos dispensam a ele e o fato do aluno
surdo confiar muito mais nele do que em seu professor.

NÚCLEO COMUM
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Tais situações devem ser equacionadas em função dos benefícios que a


presença do intérprete traz para os alunos surdos.
Em resumo: o intérprete deve ser reconhecido na instituição em que atua
como tal, trabalhar em número suficiente de profissionais para a realização do
trabalho (evitando prejuízos ao desempenho e à saúde), ter o nível de graduação e
formação específica e remuneração condizente com sua função.

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Aula 30_A Comunidade Surda

http://alekinhosurdo.blogspot.com.br/

Uma "comunidade" pode nem sequer possuir um lugar físico, mas ser
simplesmente demarcada por um grupo de pessoas que partilha um interesse
comum. Enquanto uma organização social, a comunidade é uma entidade cultural.
Cultura possui vários significados, mas, podemos sintetizar dizendo que é um
conjunto de comportamentos aprendidos de um grupo de pessoas que possui sua
própria língua, valores, regras de comportamento e tradições.
“Cultura surda” pode ser definida como o jeito de o sujeito surdo entender o
mundo e modificá-lo em função de suas percepções visuais. De acordo com dados
da FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos, estima-se
que entre 15% e 25% dos brasileiros sejam portadores de algum grau de surdez
(adquirida ou congênita).
A língua de sinais define-se como uma língua natural dos surdos. Ela é o
símbolo da identidade e um meio de interação social.
Quando se propõe que o surdo aprenda Libras antes da Língua Portuguesa,
não está se negando a ele o acesso à sociedade ouvinte, mas, ao contrário, deseja-
se que ele tenha bases sólidas para aprender o português e assim integrar-se na
sociedade como um todo.
Sua cultura é representada principalmente pela sua língua, elemento de união
que permanece vivo nas comunidades.
Identidades Surdas (identidade política) são mais presentes em surdos que
pertencem à comunidade surda e apresentam características culturais: são
indivíduos que se aceitam como surdos, usam a língua de sinais sempre, pois é sua

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forma de expressão. Necessitam de intérpretes, de educação diferenciada,


assimilam pouco ou não assimilam a ordem da língua falada. A sua escrita obedece
a estrutura da língua de sinais, participam de associações e órgãos representativos
das comunidades surdas, utilizam tecnologia apropriada como legenda na TV,
telefone especial, campainha luminosa, despertador com vibração etc.
Deficiente auditivo, surdo ou surdo-mudo?
O termo deficiente auditivo pode conferir um tom pejorativo e
preconceituoso, referindo-se à pessoa como sendo anormal ou portador de uma
patologia, uma “deficiência”. Para a comunidade surda, o deficiente auditivo não
participa de Associações e não sabe LIBRAS.
Um termo muito utilizado: surdo-mudo é, com certeza, o mais arcaico e
incorreto. O fato de uma pessoa ser surda não significa que ela seja muda. A mudez
significa que a pessoa não emite sons vocais e não precisa estar associada à falta
de audição.
O termo correto é surdo, diz respeito a quem se comunica através da língua
de sinais. É aquele que representa a real situação desses indivíduos.
Toda criança constrói seu mundo a partir de experiências vividas, quando ela
nasce surda, sem som, ela aprenderá de forma diferente e precisará de um trabalho
especial para desenvolver sua personalidade. Ela deverá então ter acesso, o mais
depressa possível à língua de sinais (LIBRAS), pois é inteligente e capaz de
desenvolver-se por esta via, do mesmo modo que a criança ouvinte.
As comunidades surdas estão espalhadas pelo país, possuindo diferenças em
relação a hábitos, vestuários, situação socioeconômica e claro, variações
linguísticas regionais.
A cultura surda está ligada à ouvinte: surdos convivem diariamente com
ouvintes e isso traz grande influência. Portanto, a comunidade surda de fato, não é
só de sujeitos surdos, há também sujeitos ouvintes – membros de família,
intérpretes, professores, amigos e outros – que participam e compartilham os
mesmos interesses comuns em uma determinada região.
Dia da Língua Brasileira de Sinais – 24 de abril

NÚCLEO COMUM
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https://librasdiaria.wordpress.com/tag/cursos-de-libras/

No dia 24 de abril de 2002, foi sancionada a Lei nº 10.436, que reconhece


a Libras e outros recursos de expressão como meio legal de comunicação.
Muito além das celebrações, essa Lei é uma conquista para a comunidade
surda em nosso país, pois reconhece a Língua Brasileira de Sinas –Libras, como
meio legal de comunicação e expressão, assegurando assim, o uso e difusão desta,
que é própria e natural da pessoa surda.
Dia Nacional dos Surdos - Lei nº 11.796, de 29 de outubro de 2008, instituiu o
dia 26 de setembro de cada ano.

http://portalgualandi.com.br/site/index.php/26-de-setembro-dia-nacional-do-surdo-2/

O dia do surdo é comemorado em diversos países, em nosso país esta data


foi um marco histórico para a comunidade surda: a fundação da primeira escola de
surdos no Brasil. Eles comemoram a cidadania reconhecida através do movimento
iniciado há anos atrás, pelo direito a ter sua língua e cultura reconhecidas, como um
grupo minoritário, não como um grupo de “deficientes”.

Dia mundial da Língua de Sinais - 10 de setembro

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http://germanodutrajr.blogspot.com.br/2011/09/manifestacao-pelo-dia-mundial-das.html

A Associação de Surdos da Suécia teve a ideia de criar o Dia Mundial das


Línguas de Sinais 2011, em 10 de setembro de 2011. A atividade foi aceita pela
Federação Mundial de Surdos (WDF). A data foi escolhida em lembrança do
Congresso de Milão, ocorrido de 6 a 11 de setembro de 1880, o qual proibiu o uso
das línguas de sinais na educação de surdo, impondo o oralismo.

Símbolo: “Fita Azul” - julho/1999

http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/noticias/secretario-da-snpd-registra-passagem-do-dia-nacional-do-surdo

A fita na cor azul representa o “Orgulho Surdo”. Ela foi introduzida em


Brisbane, na Austrália, em julho de 1999, no Congresso Mundial da Federação
Mundial dos Surdos.
Ela representa a luta dos surdos e suas famílias ouvintes. Além disso, ela é
uma homenagem àqueles que morreram por serem classificados como “surdo” na
época da Alemanha nazista.

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Símbolo de Identificação – instituído em 08 de janeiro de 1991, através da Lei


nº 8160.

http://notisurdo.com.br/simbolo.html

Art. 1º - É obrigatória a colocação, de forma visível, do ‘Símbolo Internacional


de Surdez", em todos os locais que possibilitam acesso, circulação e utilização por
pessoas portadoras de deficiência auditiva, e em todos os serviços que forem postos
à sua disposição ou que possibilitem o seu uso.

Símbolo – “Acessível em Libras”

https://www.ufmg.br/marca/libras/

Foi criado em 2012, no Centro de Comunicação (Cedecom) da Universidade


Federal de Minas Gerais (UFMG), pelo Núcleo de Comunicação e Acessibilidades
(NCA) – na época, denominado Núcleo de Comunicação Bilíngue - Libras e
Português. O símbolo objetiva suprir a carência de um ícone que identifique,
visualmente, os conteúdos e serviços disponíveis na Língua Brasileira de Sinais
(Libras).

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Dia do Intérprete de Libras – 26 de julho

https://prolu.wordpress.com/page/2/

O dia 26 de julho é denominado o dia Nacional do profissional Intérprete


de Libras (ILS). A data foi acordada e promovida pela comunidade surda para
valorizar os profissionais que propiciam a eles acessibilidade comunicacional.

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Aula 31_A história de Hellen Keller e Anne Sulivan

Helen Keller nasceu em 1880, e por ter contraído escarlatina antes de


completar dois anos de idade, ficou cega e surda. Foi então condenada a uma vida
solitária, para o resto de seus dias, pois com essa idade ainda não havia aprendido
qualquer tipo de comunicação.
Segundo se conta, somente a filha de uma cozinheira de sua casa arriscava
fazer contato com ela. Esta levava puxões e empurrões da menina.
Pequena, sem compreender o mundo, com quatro anos, sequer compreendia
o porquê de estar ali. Aos seis anos, mostrava-se muito violenta.
Apesar de poucas informações e da escassez de tratamentos para a época
em que viviam, os pais foram buscar alguma ajuda com especialistas. A menina foi
encaminhada para uma escola especializada que a colocou sob os cuidados de uma
de suas ex-alunas, que tinha apenas vinte anos, mas que era cega também. Seu
nome era Anne Sullivan.

http://bostoncommon-magazine.com/home-page/articles/cause-for-celebration-the-perkins-possibilities-gala

No primeiro encontro entre as duas, Anne percebeu que Hellen trazia uma
boneca e escreveu na palma da mão da menina a palavra B-O-N-E-C-A. Foi
frustrante para a criança, pois não compreendia que cada coisa tinha um nome. A
menina ficava dia a dia mais violenta, até que um dia destruiu sua boneca.
Anne então teve outra ideia: colocou as mãos de sua aluna na água e
escreveu a palavra Á-G-U-A na palma de sua mão. A reação foi outra. A partir daí

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ela começou a interessar-se por todas as palavras do mundo. Questionava sua


professora para saber de tudo.
A comunicação entre as duas evoluiu muito a partir de então. Anos perdidos
eram recuperados com esforço e empenho da aluna e de sua mestra.
Colocando os dedos de Helen sobre a garganta, lábios e nariz, Anne ensinou
sua aluna a “ouvir” através da associação das vibrações produzidas pelas palavras
pronunciadas.
Helen desenvolveu um tato apuradíssimo. Aprendeu a língua de sinais na
palma da mão e ficou proficiente em braile. Chegou a aprender o inglês, o francês e
o alemão.
Helen foi a primeira surda cega a se formar em uma universidade, escreveu
uma autobiografia e tornou-se ativista política.
A história entre as duas, mestra e aluna, durou cerca de 49 anos. Apesar de
não ter experiência com o ensino e tendo em vista suas próprias limitações, Anne
ajudou Hellen a libertar-se da prisão imposta por suas condições. Tornou-se depois,
assistente de sua mestra e acompanhou-a até o final de sua vida.
Helen publicou doze livros, foi condecorada pelo presidente dos Estados
Unidos, com a medalha da liberdade, o maior reconhecimento que um civil pode
receber. Em 1965, entrou para o National Women’s Hall of Fame.
Sua história virou uma peça de teatro em 1951 e, em 1962, um filme dirigido
por Arthur Penn, que conquistou dois Óscares. Em 2000, a Disney fez uma
refilmagem para televisão.

http://www.classicline.com.br/o-milagre-de-anna-sullivan.html

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Helen morreu em 1968, aos 87 anos de idade.

Disponível no site:
http://www.updateordie.com/2013/08/19/a-incrivel-historia-de-hellen-keller-e-anne-
sulivan/

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Aula 32_Projetos

Os projetos escolares auxiliam os alunos a serem participantes no processo


de aprendizagem, e permitem que os professores realizem um trabalho
interdisciplinar abrangendo diversas áreas do conhecimento.
O projeto utiliza diversas estratégias como: pesquisa, discussões, solução de
conflitos, levantamento de hipóteses em atividades desenvolvidas em grupo que
permite maior interação e crescimento.
Utilizamos em um projeto uma série de possibilidades como: livros, material
impresso, vídeos, relatos, pesquisas de internet, experimentos científicos, estudos
de meio, entre outros.
Projetos ajudam a desenvolver a autonomia nos alunos, pois, requerem
planejamento das ações e decisões. Todo projeto é dividido em etapas que são
importantes para sua realização e para garantir que num processo organizado se
chegue aos objetivos propostos. Para isso, o professor deve ter uma postura flexível
e ajudar a turma a buscar esses objetivos, percebendo os interesses dos alunos
durante a realização das etapas.
O professor deve traçar o projeto sempre tendo em vista os objetivos
propostos para aquele ano escolar e que estão previstos no planejamento.
Roteiro de um projeto
- Objeto do Conhecimento: disciplinas a serem envolvidas no projeto;
- Conteúdo Específico: tema escolhido (adequado ao grupo, idade, mentalidade e
meio social);
- Objetivos específicos: o objetivo do professor com o projeto;
- Outros objetivos: mudanças de postura do grupo após o projeto (práticas) e
aprendizado (conhecimento adquirido pelo grupo);
- Justificativa: origem e intenção do projeto, aprendizado que o projeto irá
proporcionar às crianças;
- Desenvolvimento – etapas, cronograma;
- Recursos (materiais, equipamentos, custos etc.);
- Avaliação – deve ser contínua e de acordo com as etapas. Tanto o professor
quanto o grupo de alunos devem fazer avaliações;

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- Tempo de duração: pode ser de um bimestre, um semestre, dependerá do que se


planeja e do aprofundamento do tema.
Projetos realizados em classes de ouvintes e surdos necessitam do intérprete
de Libras e é desejável que o professor conheça a língua de sinais. Nas escolas
para surdos a língua natural deve ser a Libras e a Língua Portuguesa será a língua
de instrução.
Projeto deve buscar o desenvolvimento de aspectos como: solidariedade,
senso de equipe, cooperação e estar relacionado ao dia a dia dos alunos. Deve
contemplar as atribuições de tarefas, tempo de realização e permitir que se faça
análise de resultados, ou seja, deve haver uma organização de tempo (cronograma),
objetivos, culminância e conclusão.
As estratégias de avaliação devem ser diversificadas e respeitadas as
condições do aluno. Existem formas diferentes de avaliar cada etapa: debates,
gráficos, painéis, relatórios, seminários etc.
O projeto é algo que desperta o interesse e a curiosidade, portanto, deve
obedecer a prazos, mas, ao mesmo tempo ser flexível, em função de descobertas e
dificuldades que podem direcionar para maior aprofundamento ou até mudanças nos
rumos da pesquisa.
Saiba mais
Projeto
‘Libras: Um jeito diferente de se comunicar’, professor Rodiney Nunes (Escola
Jorge Teixeira). O projeto concorreu na categoria Ensino Fundamental e conquistou
o segundo lugar entre os projetos inscritos em Rondônia (2012).

http://www.seduc.ro.gov.br/portal/index.php/noticias-all/1109-projetos-educacionais-de-nova-londrina-em-ji-
parana-sao-premiados.html

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Projeto

Alunos surdos constroem sala ecológica.

http://www.clictribuna.com.br/noticias/alunos-surdos-constroem-sala-ecologica/

Projeto Amizade - Valores sociais e convivência escolar foram temas trabalhados,


discutidos e refletidos na EMEE Helen Keller. É fundamental que se promova nas
escolas atividades voltadas para a "Cultura da Paz"

http://surdohk.blogspot.com.br/2011/09/projeto-amizade-hk.html

Projeto
Fundação Volkswagen entrega 7.300 livros no Rio de Janeiro para instituições
do "Entre na Roda".

“O domínio da leitura é essencial para o desenvolvimento escolar, uma vez


que todas as disciplinas exigem compreensão de textos. Agora iniciamos, também,
na educação em Libras, com foco na inclusão”, diz a diretora da Fundação
Volkswagen, Conceição Mirandola (2012).

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http://robertopcosta.blogspot.com.br/2012/08/fundacao-volkswagen-entrega-7300-livros.html

Colégio Luiza de Marillac – Projeto sobre a inclusão de alunos surdos em sala


de aula (2012).

http://www.youtube.com/watch?v=Q6BLQVToB4o

Projeto sobre Drogas - A morte da cantora Amy Winehouse motivou o início do


projeto sobre "DROGAS", com os alunos das 6ªA/B, nas aulas de Português da
Profa. Ana Cláudia (EMEE Helen Keller).

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http://surdohk.blogspot.com.br/2011/09/projeto-sobre-drogas.html

Projeto incentiva uso da Língua Brasileira de Sinais nas escolas do Rio

http://eficienteemfoco.blogspot.com.br/2013/04/projeto-incentiva-uso-da-lingua.html

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