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1.

INTRODUÇÃO

O período gestacional de uma mulher é de aproximadamente 40


semanas. Ao nascer, a criança necessitará de todos os cuidados de adulto, afinal
de contas o ser humano é um dos poucos seres que ao nascer não está “pronto”
para a vida, mas está em constante desenvolvimento. Dizemos que as
necessidades básicas de um ser humano vão desde aprender a andar, até
desenvolver uma linguagem; afinal de contas, a linguagem é o meio de
comunicação do ser humano. Para Vygotsky (2009, p. 63) a linguagem é que
nos torna capazes de trocar ideias, histórias, fatos e relatar nossos
acontecimentos sem uma real necessidade da presença de algum objeto que
exemplifique ou ilustre aquilo que está sendo falado ou até mesmo a pessoa da
qual estamos falando.
Kipper (2012) enuncia que o Brasil sempre foi considerado um pais
monolíngue, e segundo a lei federal isso ainda permanece como realidade, uma
vez que a fala de um local é associada diretamente á identidade e a fatores
culturais de uma nação.
O que sabemos é que vivemos hoje num mundo com um sistema
capitalista em todos os sentidos e no âmbito da linguagem, não poderia ser
diferente. Afinal de contas, o poderio que a nação norte-americana detém faz
com que o inglês tenha uma hegemonia no contexto mundial. Sendo assim,
chegamos ao que chamamos de indivíduo bilíngue (leia-se a pessoa com
capacidade de comunicação em duas línguas). A seguir, discutiremos qual é,
então, o processo de aquisição/aprendizagem de uma segunda língua no âmbito
da neurociência e discorrer sobre o bilinguismo, bem como elencar se existem
benefícios ou malefícios cognitivos e cerebrais. Para isso, faremos uso de uma
pesquisa bibliográfica, buscando trazer os principais autores relacionados ao
tema deste trabalho.

2. PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ATRAVÉS DA


ÓTICA DA NEUROCIÊNCIA.

Oliveira (2013) enaltece o bum que ocorre hoje no âmbito da Neurociência


ao tentar entender a aquisição da linguagem. Nitidamente alguns conhecimentos
como o lugar da linguagem no cérebro, a compreensão e o processamento da
linguagem, são fundamenteis para aqueles que buscam o entendimento do
fenômeno linguístico e a forma como o cérebro funciona. A autora afirma que a
linguagem é um dos mais elaborados comportamentos cognitivos e conclui
dizendo:
São três as áreas que mais se desenvolveram neste
contexto da importância das neurociências no
processamento da linguagem: (i) a percepção da fala e o
reconhecimento da linguagem falada, (ii) a representação e
o processamento das palavras e (iii) o processamento do
discurso.

No que concerne a aquisição da linguagem, porém relacionado a


habilidade da leitura, Sternberg (2000) explica que há dois tipos de processos
cerebrais: o cognitivo, o qual inicia-se pela captação de informações pelo olhar
de quem lê, movimento sacádico, não linear. Através do olhar, a informação que
é captada é enviada para o cérebro, sendo então processada pela memória de
trabalho (MT) que acaba por fragmentar as informações. O conteúdo que
sobrevive à MT é processado na memória intermediária (MI), onde há o que
pode-se chamar de resgate de algum conhecimento prévio para que haja uma
construção do sentido. A informação segue então para a memória semântica,
onde são formados esquemas para seu armazenamento.
Já o processo metacognitivo, o autor explica dizendo que o mesmo é feito
através da ativação de estratégias mais elaboradas, as quais dependem da
intenção do sujeito, isto é, está relacionado a fatores externos e possui
motivações diversas.
Buchweitz (2016) afirma que a linguagem, considerando a habilidade de
fala, acaba por se desenvolver sem qualquer tipo de orientação. Diga-se que é
um processo inato a criança, não levando-se em consideração nenhum tipo de
fator como dificuldades econômicas ou ate mesmo sociais, ainda que esses
fatores, apesar de não impedirem alguém de desenvolver a linguagem, poderá
acarretar em alguns aspectos qualitativos e quantitativos.
O autor explica que os circuitos cerebrais que desenvolvem a linguagem
falada são conectados no cérebro. Os elementos do circuito da linguagem estão
ligados a níveis de processos auditivos que incluem: (a) o córtex auditivo
primário, que será responsável pelo processamento de informações auditivas
brutas; (b) os córtices temporal posterior e parietal inferior, que serão
responsáveis pela organização sistemática dos sons das palavras; (c) o córtex
temporal medial, que está diretamente relacionado ao significado das palavras;
e (d) o córtex frontal inferior, que processa a estrutura da linguagem.
Bastos e Alves (2013) enunciam que a neurociência cognitiva, hoje em
dia, pode contar com investigações em tempo real sobre como o cérebro se
comporta diante de diferentes estímulos ou durante a realização de tarefas,
fazendo uso de equipamentos tecnológicos de neuroimagem não-invasiva, como
por exemplo a tomografia por emissão de pósitrons – PET scanners e a
ressonância magnética funcional.
Os mesmos ainda chamam a atenção para o qual importante e necessário
é mencionar os trabalhos científicos pioneiros em neuroanatomia de Paul Pierre
Broca (1824-1880) e Carl Wernicke (1848-1905). Ambos descrevem e localizam
as áreas de produção (Área de Broca) e compreensão (Área de Wernicke) da
fala e linguagem.

2.1 PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE LINGUA ESTRANGEIRA

O mundo se torna cada vez mais globalizado, e isso implica em


transformações e mudanças no comportamento e postura do ser humano. Kipper
(2012) enaltece que há diversos tipos de pressão que faça uma pessoa aprender
uma segunda língua, (como chamaremos de L2), a chamada pressão; Tal
pressão pode ser de diversos tipos, como: econômica, administrativa, cultural,
política, militar, histórica, religiosa ou até mesmo, demográfica.
No entanto, Frizzo (2013) nos relembra que já existem muitos casos de
pessoas que, desde criança aprenderam duas línguas. Existem até casos de
crianças que aprendem duas línguas ao mesmo tempo. A autora traz a tona uma
discussão que permeia a mente de muitas pessoas; a crença de que o
aprendizado de duas línguas ao mesmo tempo fosse prejudicial a criança, e ela
fosse confundi-las ou não seria capaz de aprofundar seus conhecimentos em
nenhuma delas.
Na história da educação, a educação bilíngue já foi tida por educadores
como prejudicial para o desenvolvimento mental da criança (Hakuta e Garcia,
1989). Até mesmo em épocas passadas, pesquisas iniciais sobre o o
bilinguismo, diziam que ele seria a real causa de baixo quociente intelectual, e
até mesmo, confusão linguística (Diaz, 1983); falavam-se até mesmo em
mudança de personalidade (Ervin, 1964).
Nobre e Hodges (2010) relembram que por conta de tanto falatório e
afirmações como essas que começou-se a surgir o mito de que o bilinguismo
traria malefícios ao desenvolvimento cognitivo da criança. E não só, mas as
autoras ainda dizem que a falta de compreensão e conhecimento sobre questões
culturais, socioeconômicas e até mesmo metodológicas das pesquisas
realizadas nesta área, dificultaram o esclarecimento das peculiaridades
cognitivas dos indivíduos bilíngues.
As autoras ainda ressaltam que por mais que já existam argumentos que
sejam favoráveis e que listam os possíveis benefícios do bilinguismo nos campos
de aspectos sociais, culturais, e até econômicos de um individuo, ainda assim,
há um receio de que a aprendizagem de duas (ou até mesmo mais) línguas
possa trazer desvantagens e danos cognitivos e conflitos ao processo de
escolarização.
O que acaba passando despercebido e deve muito ser levado em
consideração é como afirma Flory e Souza (2009), a quantidade de crianças que
se desenvolve em contexto bilíngue em nosso país. Esse número se torna cada
vez mais crescente, fazendo emergir uma real necessidade de que haja mais
conhecimento acerca das consequências de uma segunda língua no
desenvolvimento infantil. De acordo com Wei (2006), se calcularmos como
bilíngues até as pessoas que aprendem uma língua estrangeira na escola, pode-
se dizer que há muito mais bilíngues do que menos monolíngues.
Sobre o aprendizado de duas línguas ao mesmo tempo, as autoras
Lightbown & Spada (1999, p.03) defendem a ideia de que:
The evidence suggests that, when simultaneous bilinguals
are in contact
with both languages in a variety of settings, there is every
reason to expect that they will progress in their development
of both languages at a rate and in a manner which are not
different from those of monolingual children .

Em uma tradução livre, as autoras dizem que as pesquisas apontam que


quando simultaneamente bilíngues estão em contato com ambas línguas (língua
materna e L2) numa variedade de ambientes, há razões para acreditar que eles
terão um desenvolvimento nas duas línguas tão igual quanto teria uma criança
monolíngue.
Frizzo (2013) é muito clara ao dizer que o cérebro infantil não pode ser
estigmatizado como sendo limitado, ou seja, aprender a L2 não diminuiria a
aprendizagem da língua materna. A autora ressalta que a aprendizagem entre
crianças e adultos não pode ser considerada semelhante. A aprendizagem na
infância se dá de uma maneira mais livre, sem uma necessidade de causa e
efeito, ou seja, há uma despreocupação que faz com que os conhecimentos de
uma nova língua sejam muito mais naturais do que no caso de um adulto, que
procura as vezes aprender uma nova língua por necessidade do meio.
Ligthbown & Spada (1999) enaltecem ainda que as crianças tendem a
tentar fazer mais uso da nova língua, enquanto os adultos e até mesmo
adolescentes tendem a permanecer por um tempo em silêncio, só fazendo uso
da mesma em extremas necessidades.
Buchweitz (2016) quebra paradigmas ao citar um estudo de imagens
cerebrais de quatro idiomas diferentes (espanhol, inglês, hebreu e chinês) que
ilustrou a universalidade da rede de linguagem no cérebro. O mais interessante
do estudo foi que em todos os idiomas, a rede frontal-temporal esquerda (área
essa que é considerada tradicional no desenvolvimento de linguagem) foi ativada
para a compreensão auditiva e, ainda, houve sobreposição considerável. O autor
conclui dizendo que esses resultados irão permear e embasar os futuros
modelos de predição de resultados de linguagem em todas as culturas. E ainda,
para desmistificar de uma vez por todas os efeitos negativos da aprendizagem
de duas línguas ao mesmo tempo, o autor enaltece dizendo que não há variação
nas estruturas que desenvolvem a compreensão da fala, apesar das
singularidades de idiomas falados.
Petitto (2009) por mais que uma criança somente seja exposta a uma
segunda língua num período mais tardio de sua vida, nada implícita no que
concerne adquirir esta competência linguística na sua nova língua. A pesquisa
que o autor fez demonstrou que a idade em que se apresenta a exposição a
duas línguas é um fator primordial no domínio da linguagem e leitura. Rocca
(2003) complementa o pensamento do autor dizendo que o que se observa é
que quanto mais tardiamente os indivíduos sejam apresentados a um segunda
língua, maiores serão a interferência dos traços de sotaque, ritmo, entonação e
sons da fala de sua primeira língua na produção da segunda.

3. CONCEITUANDO BILINGUISMO E O SER BILÍNGUE


Chegar a um conceito único do que é exatamente o bilinguismo tornou-se
cada vez mais amplo e difícil de conceituar, a partir do século XX. A prior, definir
o bilinguismo não parece ser uma tarefa difícil; quando consultamos o dicionário
Oxford (2000, pg. 117) bilíngue é definido como: “ser capaz de falar duas línguas
igualmente bem porque as utiliza desde muito jovem”. Opondo-se ao conceito
universal, Macnamara propõe que “um indivíduo bilíngue é alguém que possui
competência mínima em uma das quatro habilidades linguísticas (falar, ouvir, ler
e escrever) em uma língua diferente de sua língua nativa” (MACNAMARA, 1967
apud HARMERS e BLANC, 2000 p.6.).
No entanto, entre essas duas vertentes de pensamento, temos uma
definição proposta por Titone, que diz que bilinguismo é “a capacidade individual
de falar uma segunda língua obedecendo às estruturas desta língua e não
parafraseando a primeira língua” (TITONE, 1972 apud HARMERS e BLANC,
2000 p.7). Interessante ainda é citar autores como Barker e Prys Jones (1998)
que dentro inúmeros questionamentos feitos para se chegar a definição do
bilinguismo, perguntam se proficiência nas duas línguas deve ser considerado,
então, o único critério para a definição de bilinguismo, ou o modo como essas
línguas são utilizadas também deve ser levado em consideração?
Observando todas as tentativas que diversos autores propõem, não
podemos deixar de citar Mackey (2000) que ressalta que ao então definir tal
termo, devem-se considerar quatro questões:
1. O grau de proficiência na L2. O conhecimento de tais línguas não
necessariamente precisa ser equivalente em todos os níveis
linguísticos; por isso o individuo deve ser avaliado para se saber o
quanto se sabe da L2. Como um exemplo, o autor cita que um
individuo pode apresentar vasto vocabulário em uma das línguas, mas,
nela apresentar pronúncia deficiente.
2. A segunda questão que Mackey destaca é a função e o uso das
línguas, ou seja, em quais situações o indivíduo faz uso das duas
línguas.
3. A terceira questão levantada diz respeito à alternância de línguas.
Segundo Mackey é fundamental que seja estudado e analisado qual a
frequência com que o individuo mistura ambas línguas (materna e L2).
4. E, finalmente, deve também ser estudado, o que se conhece por
interferência, que pode ser explicado como uma língua influencia a
outra e como uma interfere na outra.
Quando nos referimos a pesquisas antigas, observamos que
anteriormente, só consideravam a existência de diferenças cognitivas em
bilíngues quando estes eram proficientes nas duas línguas. No entanto,
Grosjean (1999) diz que não é possível considerar um bilíngue como dois
monolíngues no mesmo indivíduo, ou seja, considerar cada língua em separado
sendo que as duas ou mais línguas coexistem num mesmo indivíduo e
frequentemente sofrem alguma interferência mútua, como citado anteriormente.
O autor ainda afirma que muitas pesquisas levam em consideração as funções
sociais das linguagens.
Nobre e Hodges (2010) afirmam que para entender essas diferenças
cognitivas, é deve-se considerar o indivíduo aprendiz e alguns dos fatores que o
cercam. As mesmas citam os aspectos sociais, culturais, contextuais, e até
mudanças biológicas. Por isso, elas dizem que deve haver um maior
aprofundamento sobre as dimensões da tríade biopsicossocial que constitui o
sujeito aprendiz e os impactos de uma segunda língua sobre elas e a cognição.
Wei (2006) cita algumas vantagens comunicativas e culturais no
desenvolvimento do bilinguismo, dando como exemplo, o relacionamento com
pais, família e amigos; comunicação com pessoas de outras nacionalidades e
etnias; sensibilidade para línguas e comunicação; maior conhecimento cultural o
que consequentemente faz com que o sujeito tenha maior visão de mundo, entre
outros.
Na visão de Butler e Hakuta (2004), as pesquisas datadas da década de
60, apresentavam falhas metodológicas graves, o que comprometiam
gravemente os resultados as quais chegavam. Sendo assim, considera-se que
os resultados de algumas destas pesquisas, que indicavam baixo desempenho
intelectual, poderiam estar muito mais associados com a pouca disponibilidade
de recursos socioeconômicos e acesso à informação, do que diretamente
relacionado ao bilinguismo.
3.1 OS IMPACTOS DA EDUCAÇÃO BÍLINGUE

Emmorey et al (2008) trazem em suas pesquisas dados que evidenciam


que aqueles que tiveram uma educação bilíngue desde muito pequenas, acabam
por desempenhar melhor tarefas que requerem atenção, monitoramento e até
mesmo troca de tarefas. Isso se daria por conta do uso constante que é feito um
controle atencional e principalmente de seleção de linguagem. Inúmeras vezes
as crianças tendem por ter que “escolher” qual língua falar, levando em
consideração o ambiente em que ela está inserida.
Seguindo a mesma linha de pensamento, Prior e Macwhinney (2010),
elucidam que a constante necessidade de selecionar qual língua a falar é um
processo que envolve uma ativação coordenada e ressonante das
características inter-relacionadas da linguagem ativada, bem como a rejeição de
competição e
interferência de uma língua sobre a outra.
O que não dá mais pra se negar, e a própria literatura acaba por aceitar
isso, é que bilíngues apresentam ganhos significativos nas funções executivas,
tais como: atenção, inibição, monitoramento e alternância de tarefas, como
afirma Bialystok (2008). De acordo com Bialystok (2007), quando bilíngues e
monolíngues são colocados para realizar uma tarefa que demanda o mesmo
domínio de conhecimento, os bilíngues acabam por apresentar uma habilidade
em controlar a atenção e ignorar informações inadequadas mais rapidamente do
que propriamente dito os monolíngues. Reforçando então a ideia de que o
bilinguismo tem, sim, um impacto positivo nos aspectos cognitivos relacionados
às funções executivas.
Contudo, Bialystok (2007) esclarece que crianças bilíngues não devem
ser consideradas mais inteligentes ou até mesmo detentoras de um maior
conhecimento do que as monolíngues; o que a autora explica é que crianças
bilíngues acabam por ter uma habilidade mais elevada em controlar o uso de
seus conhecimentos no quando tem que desenvolver uma tarefa.
Nobre e Hodges (2010) chamam a atenção para o fato que algumas
pesquisas publicadas revelaram que bilíngues acabam por ter um vocabulário
menos rico, o que se caracterizaria como uma desvantagem do bilinguismo.
Apesar de tal informação causar certa estranheza, isso pode ser explicado a
partir de uma inadequação metodológica nas pesquisas. As mesmas tendem a
avaliar o vocabulário receptivo e produtivo de bilíngues e monolíngues de forma
igual. Dessa forma, não se trata de um aspecto numérico, matemático; mas sim
de tempo necessário para apropriação de novos vocabulários.
Contudo, Flory e Souza (2009) são muito claros ao dizerem que o uso de
categorias de vantagens e desvantagens cognitivas dos bilíngues não abrange
todas as especificidades desse processo, independente de sua ordem
(cognitivos ou sociais). Sendo assim, a melhor forma para resolver esse dilema
se daria por ressaltar as diferenças entre bilíngues e monolíngues.
Segundo Langue (2012) em 2003, Ellen Bialystok, psicóloga e
neurocientista da Universidade York de Toronto submeteu um grupo de crianças
(monolíngues e bilíngues) a alguns testes para que se pudesse destacar então
o que haveria de diferentes. O teste consistia em identificar a forma gramatical
de algumas frases. A primeira frase dada aos dois grupos foi “Maçãs cresçam
em árvores”. Ambos identificaram o erram na frase. Quando então foi dada a
seguinte frase “Mação crescem em narizes” pode-se observar uma diferença
grande de resultado. Lembramos que o teste consistia em identificar a forma
gramatical, e não lexical. As crianças monolíngues acabavam por não ver que a
frase estava gramaticalmente correta, pois estavam focadas no sentido lexical;
enquanto as crianças bilíngues entendiam que a frase por si, não fazia sentido,
no entanto estava gramaticalmente correta.
Langue (2012) conclui dizendo que isso só deixou mais evidenciado que
bilíngues possuem um desenvolvimento maior que diz respeito ao sistema
executivo (habilidade mental, capaz de bloquear informações desnecessárias
necessário para praticamente tudo que fizemos como ler, dirigir um carro,
realizar cálculos matemáticos, entre outros); por isso eles foram capazes de se
concentrar na gramática, que era a principal tarefa e bloquear informações
irrelevantes.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ignorar que estamos evoluindo e criando uma nova geração de pessoas
é bobagem; mais ainda seria, dizer que a educação é algo que não deve crescer
e se reinventar constantemente. Observamos que o bilinguismo não é mais o
grande tabu que um dia já foi, ainda que gere qualquer tipo de discussão. O
embasamento cientifico está evidenciado e basta fazer uso da tecnologia que
nos rodeia para beber das informações e comprovar por si só. O fato é que
devemos acima de tudo, proporcionar uma visibilidade cada vez maior desse
bilinguismo, de modo que ele não se restrinja a determinadas classes sociais,
afinal de contas, seria arcaico e medieval possibilitar apenas a minoria ser um
cidadão do mundo, o que é justamente o que o bilinguismo acaba por fazer.
Ser bilíngue está além de ser capaz de falar, ler, escrever ou entender
duas línguas; ser bilíngue é ser um detentor de funções executivas mais
aprimoradas, é ser melhor preparado, é ser aquele que independente da
situação que se encontre, possa aproximar fronteiras e impedir barreiras de
serem construídas; ser bilíngue é acima de tudo, ser único.

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