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Seguiremos agora um percurso que tem como objetivo permitir a você assimilar os
conceitos básicos da teoria gerativa. Começaremos do ponto que já mencionamos como
sendo um passo a diante na história da lingüística e que permitiu que ela compusesse a
lista das ciências cognitivas: a linguagem sendo interna ao indivíduo. O que isso quer
dizer exatamente? Quer dizer que enquanto outras correntes tentavam entender como as
línguas se organizam, olhando apenas para os dados lingüísticos produzidos pelos
indivíduos (palavras, sentenças, textos, etc.), a teoria gerativa está interessada
justamente na capacidade contida nos indivíduos que permite a geração desses dados.
Daí surge o conceito de Faculdade da Linguagem que é uma espécie de órgão mental
que vai conter essa capacidade que o ser humano tem de, com recursos finitos, gerar
infinitas frases sintaticamente bem construídas sem nenhum aprendizado específico para
isso. Esse conhecimento inato sobre a linguagem vai ser o objeto de estudo central da
teoria gerativa.
Ainda com base nessa idéia é que a teoria gerativa cria a dicotomia Competência
e Desempenho, em que a noção de desempenho se aproxima muito do conceito de
“parole” (fala) explicitado por Saussure, isto é, diz respeito ao uso concreto da
linguagem pelos indivíduos, já a noção de competência tem diferenças cruciais em
relação ao conceito saussuriano de “langue” (língua), pois enquanto para Saussure, a
“langue” se constrói como sistema a partir do social, a competência para Chomsky é o
conhecimento inconsciente das regras básicas estruturais que vem embutido na
faculdade da linguagem de forma inata.