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Letras - Inglês (Licenciatura) 29/05/2022

Lyvia Vitória Gomes de Sena Matrícula: 20210054684

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CCHLA - DEPARTAMENTO DE LETRAS ESTRANGEIRAS E MODERNAS

TEORIAS DA LINGUÍSTICA I

A Teoria Gerativista de Noam Chomsky vista pela Epistemologia Genética

Tomando como base a Epistemologia Genética e o Gerativismo, a intenção deste


ensaio é explicar como é a aquisição de uma segunda língua levando em consideração a
Gramática Universal (GU) e experiências próprias.
No livro “knowledge of language”(1986) Chomsky responde a uma pergunta que o
incomodava “Como é possível que os seres humanos, cujos contatos com o mundo são
breves, pessoais e limitados, sejam ainda assim capazes de conhecer tanto quanto
conhecem?”. Esse questionamento é muito semelhante ao feito por Jean Piaget “Como um ser
humano adulto chega a conhecer o que conhece”. É inegável que apesar de Piaget não se
considerar Gerativista sua pesquisa anda lado a lado com a teoria de Chomsky já que ambos
acreditam que a aquisição de conhecimento está biologicamente ligada à espécie humana.
Quando somos crianças entramos em contato com nossa língua materna através de
nossos pais, observamos e adquirimos conhecimento enquanto nos desenvolvemos, e assim
uma criança fala as primeiras palavras, mas como uma criança com seus poucos anos de vida
consegue formar frases? Essa resposta está no que Chomsky chama de Gramática Universal,
aqui abreviada em GU.
Para ele, a GU é um conhecimento inato da espécie humana, nela se encontram todas
as regras possíveis para todas as línguas, sendo a GU a base para todas elas. Chomsky
também dialoga sobre a faculdade da linguagem que é considerada a propriedade básica da
linguagem humana, sendo a capacidade de encaixar um conjunto infinito de expressões da
linguagem. Junto com a GU, a faculdade da linguagem é responsável pela formação de
sentenças de acordo com o parâmetro da língua. Como exemplo podemos dizer que todas as
línguas têm como base frasal Sujeito (S), Verbo (V) e Objeto (O), mas em alguns casos a
ordem pode ser mudada de acordo com a língua. No português temos a organização SVO
como podemos ver na frase “Eu vou para o mercado” e essa organização se estende a todas as
frases, mesmo quando o sujeito está oculto a ordem será a mesma “(Eu) Vou para o
mercado”. Então, durante a aquisição de sua língua materna a criança entenderá e criará uma
estrutura lógica correspondente, “todas as frases são formadas assim”, e enquanto seu
vocabulário for se expandindo ela começará a criar sentenças seguindo essa lógica.
Quando começamos a aprender a língua inglesa nas escolas, uma das primeiras coisas
que aprendemos é que os adjetivos são colocados antes do substantivo, “I like red balls”, e
então temos o que Piaget chama de Objeto de Conhecimento Moderadamente Discrepante.
Toda a criação da frase se assemelha à estrutura lógica criada para a língua portuguesa, com
exceção desta pequena mudança, e assim começa uma série de exercícios feitos pelo
professor(a) para promover a assimilação desse novo conhecimento, até que em um momento
isso seja natural.
Porém para línguas em que a organização dos parâmetros é diferente do português,
como o japonês, onde as frases são SOV, a discrepância do conhecimento é maior e leva um
tempo para se acostumar. Nesse quesito a GU não é tão bem utilizada quanto na aquisição da
língua inglesa pois a estrutura do japonês é muito diferente da estrutura da nossa língua
materna, e há também a diferença dos sistemas de escrita. Na aquisição de línguas com essa
diferença na escrita, onde não utilizamos o alfabeto romano, primeiro é necessária a criação
de outra estrutura lógica baseada no sistema de escrita da língua em questão e a partir daí
usamos a GU para tentar entender e associar, junto com a nossa estrutura lógica, os
parâmetros dessa língua que é tão diferente da nossa língua materna.
Assim, comparando a GU com a Teoria Epistemológica de Piaget, podemos concluir
que a GU seria a primeira estrutura lógica da criança e a partir dela são desenvolvidas outras
estruturas lógicas que culminam na fluência da língua materna. Levando essa lógica adiante,
desse mesmo modo se adquire uma segunda língua.

REFERÊNCIAS

FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Lingüística: I. objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2002.

DOS SANTOS, Carmen Sevilla Gonçalves. Fundamentos Psicológicos da educação. UECE s.d.

ROSSEEL, EDDY. Piaget e Chomsky: Um Encontro Histórico para o Ensino de Línguas.


Perspectiva; r. CED. Florianópolis. 113), 135-149. Jul./Dez. 1984

Weedwood, Bárbara. História concisa da lingüística. [Trad.] Marcos Bagno. São Paulo: Parábola
Editorial, 2002

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