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Unidade I
A Língua Brasileira de Sinais e a Educação de Surdos
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
fenômenos linguísticos per se, específicos das línguas de sinais, não observados nas
línguas faladas, ou que, pelo menos, não se manifestam da mesma forma nas línguas
faladas, exatamente por serem línguas visual-espaciais.
QUADROS, Ronice Müller de. Libras. São Paulo: Parábola, 2019.
Sueli Fernandes
Como pode haver uma língua sem sons? Movimentos desenhados no ar pelas
mãos podem expressar conceitos abstratos? Palavras devem ser soletradas com o
alfabeto manual? Essas são algumas das perguntas que nos fazemos quando nos
defrontamos com a língua de sinais do Surdos.
Infelizmente, a grande maioria das pessoas desconhece que esse conjunto de
“gestos desenhados no ar” estrutura uma língua organizada que se presta às mesmas
funções das línguas orais para as pessoas que ouvem.
Mas o que caracteriza essa língua? Qual a sua história? De onde ela surgiu? A
língua de sinais é tão antiga quanto a humanidade. Nos relatos históricos sobre a
existência de Surdos, desde a Antiguidade, faz- -se sempre menção à forma
“diferente” de comunicação que era utilizada. No entanto, vimos que apenas
recentemente a linguística da língua de sinais passou a ser uma área de estudo em
expansão.
A Libras é a sigla localizada para designar a língua Brasileira de sinais, já que
cada país tem sua própria língua, que expressa os elementos culturais daquela
comunidade de Surdos.
É utilizada pelas Comunidades Surdas Brasileiras, principalmente dos centros
urbanos, pois muitas vezes os Surdos que vivem em localidades distintas e zonas
rurais acabam por desconhecê-la e desenvolver um sistema gestual próprio de
comunicação, restrito às situações e às vivências cotidianas. Há, também, alguns
Surdos que vivem nas grandes cidades que desconhecem a língua de sinais por
inúmeros fatores: a não aceitação pela família, a falta de contato com outros Surdos
que a utilizem, a opção metodológica da escola em que foi educado, entre outros
aspectos.
No Brasil, os primeiros estudos formais sobre a língua brasileira de sinais datam
da década de 1980. Nesses poucos anos de pesquisas, há uma significativa produção
acadêmica e literária que nos apontam à complexidade estrutural e funcional dessa
língua.
No entanto, mesmo que tentemos “adivinhar” seu conteúdo, basta dez minutos
de conversa com um grupo de Surdos para nos sentirmos completamente
“estrangeiros” em meio ao inesgotável universo de signos que povoam sua interação
e nos deixam à mercê de qualquer tentativa de dedução lógica do que seja o objeto
da discussão.
Como um sistema linguístico autônomo, as regras de organização gramatical
da Libras diferem completamente da língua portuguesa. A língua de sinais apresenta
complexidade estrutural (organização em todos os níveis gramaticais: fonológico,
morfossintático, semântico e pragmático) e presta-se às mesmas funções das línguas
orais.
Sinalizando...