Você está na página 1de 17

LÍNGUA BRASILEIRA

DE SINAIS - LIBRAS
PROCESSO HISTÓRICO DO SURDO
Unidade de Aprendizagem 1

Patrícia Tomaz Mattão Rodrigues


APRESENTAÇÃO
Seja bem-vindo!

A Língua Brasileira de Sinais, LIBRAS, é uma língua que ao longo


dos anos vem conquistando o seu espaço na sociedade,
mostrando a comunidade ouvinte por meio dos movimentos em
prol dos seus direitos inclusivos, com características de um povo
com cultura e língua própria de uma sociedade, que ora vivencia
a opressão de uma sociedade excludente que ignora a
especificidade linguística e cultural.

Diante disto, a comunidade surda conquistou vários direitos,


dentre eles, o uso da sua língua materna, possibilitando uma
comunicação entre os surdos e ouvintes. Vale ressaltar que, para
além da comunicação, ocorre de forma efetiva a integração da
sociedade.

Para que esta integração social aconteça, é preciso disseminar a


história do surdo, sua cultura e sua língua. Nesta perspectiva,
espero instigar você a vontade de conhecer, aprender e
compreender a nossa língua, e quando falo nossa, refiro que
conforme a Lei 10.436/02, a LIBRAS é a segunda língua, para os
ouvintes. Parece confuso? Mas fiquem tranquilos, iremos
aprofundar neste assunto nas próximas Unidades de
Aprendizagem.

Nesta Unidade de Aprendizagem, serão apresentados a


Processo histórico do surdo, bem como, a cultura e
identidade da comunidade surda.

Bons estudos!
1
CONHEÇA O
CONTEUDISTA
Patrícia Tomaz Mattão Rodrigues

Possuo graduação em Pedagogia pelo Centro Universitário ICESP,


sou especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela
Faculdade Albert Einstein. Possuo experiência na área da educação,
atuando e pesquisando os seguintes temas: formação de
professores, linguagem, processamento auditivo, educação
inclusiva e língua brasileira de sinais. Em busca de aprimorar o
atendimento à pessoa com surdez, conclui a segunda graduação
em Fonoaudiologia, pelo Centro Universitário Planalto do Distrito
Federal – UNIPLAN. Estou cursando pós-graduação em Análise do
Comportamento Aplicada (ABA) a pessoas com TEA no contexto
clínico.

Sou professora titular do Centro Universitário ICESP, desde 2010,


nos cursos de Pedagogia e Enfermagem com as disciplinas de
LIBRAS, Alfabetização e letramento, Ludicidade: movimento e
corporeidade, Didática, Planejamento, Metodologia de Ciências,
Estágio II e TCC. Atuo como professora do Ensino Fundamental I
(alfabetização) e realizo atendimento fonoaudiológico na área da
linguagem, comunicação, dislexia, TDAH (Transtorno do déficit de
atenção e hiperatividade), TPAC (Transtorno no processamento
auditivo central), TEA (Transtorno do Espectro Autista) e gagueira.

2
UNIDADE DE
APRENDIZAGEM 1

OBJETIVO DA UNIDADE:

Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de:

Conhecer o processo histórico do surdo no Brasil e no


mundo;
Identificar a cultura surda e sua relação com o mundo dos
ouvintes;
Conhecer o surdo como ser consciente de sua identidade e a
sua importância na sociedade.

INTRODUÇÃO

Nesta Unidade de Aprendizagem, iremos conhecer e aprofundar


acerca da História do surdo, refletindo sobre a sua evolução e
suas conquistas. Para que isso aconteça, faremos uma viagem no
tempo, pois conhecer a história da pessoa com surdez nos leva a
refletir e questionar sobre os acontecimentos, desde a vivência
social até a oportunidade à educação. E percorrer com diferentes
olhares acerca da história, da identidade e das suas conquistas.
Vale ressaltar que, o saber histórico transforma a história de
qualquer povo, pois é a memória viva no presente, permitindo o
progresso de um povo, corroborando para mudanças e
surgimento de oportunidades.

3
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS

HISTÓRIA DO SURDO Desde dos tempos pré-históricos da


civilização, a história relata a
Quando escutamos ou lemos a existência de pessoas com
palavra “História”, desperta a deficiência, com isso a história dos
curiosidade para entender e surdos descreve o reconhecimento
conhecer um pouco mais sobre da sua identidade, língua e cultura,
aquele contexto. Antes de marcada por lutas em sua trajetória
iniciarmos a trajetória histórica da histórica, atos desumanos,
comunidade surda, precisamos discriminação, segregação,
definir o conceito da palavra “ preconceito e exclusão.
história”. A palavra “ História" vem
do grego que quer dizer O surdo era considerado ser
investigação do passado. imperfeito, na antiguidade, seus
direitos eram excluídos,
Heródoto, grego, é considerado por principalmente o direito à
muitos historiadores o “pai da sociedade, era visto como ser
História”, ele foi percussor em fazer diferente, ineducável, sendo alvo de
uso da investigação em seus discriminação e preconceito,
estudos. Diante disso, a história é deixado à margem da sociedade,
uma ciência humana que estuda o sofrendo tratamento de forma
desenvolvimento de uma sociedade desumana. Não tinham direito a
ao longo do tempo, com objetivo de testamento, a educação e não
resgatar através de estudos, e de poderiam frequentar o mesmo
suma importância para lugar que o ouvinte. Aristóteles (384
compreender o passado, presente e -322 a.C), afirmou que o ouvido era
vislumbrar o futuro. o órgão mais importante, pois
quando a pessoa não falava, não
Portanto, a história, nos havia linguagem,
proporciona entender todo o consequentemente não pensava, “ é
processo de constante a audição que contribuiu mais para
transformação da sociedade, a inteligência e o conhecimento...,
pensando neste processo, a história portanto, os nascidos surdo-mudo
nos permite compreender toda se tornam insensatos e
trajetória histórica do surdo. naturalmente incapazes de razão”.

4
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS

Este pensamento fortaleceu o Contudo, em 444 a.C, o historiador


discurso de incapacidade do surdo, grego Heródoto, afirmava que as
impedindo a realização das pessoas com surdez eram seres
atividades ou receber qualquer castigados pelos deuses. Com
informação. discurso diferente ao do historiador
Heródoto, no Egito os surdos eram
seres adorados, como deuses,
acreditava-se que eram mediadores
entre os deuses e os Faraós, com
isso conquistaram o respeito da
sociedade, ora temidos. Diante do
processo histórico, não podemos
deixar de citar o imperador
Justiniano, em 529 a.C, instituiu uma
lei que impedia que o surdo de
possuir contratos, seja ele heranças,
propriedades ou testamentos, com
ressalva dos surdos falantes.

A trajetória histórica do surdo não


Figura 1 – Aristóteles (384-322 finalizou na antiguidade, a luta pelo
a. C) reconhecimento continuou na
Sócrates em 360 a.C, relatava que Idade Média, que teve início após a
seria aceitável a comunicação dos queda do Império Romano no
surdos utilizando as mãos ou até Ocidente e finalizou durante a
mesmo o corpo. Com uma transição que deu início à Idade
concepção mais conservadora e Moderna. Este período, houve
opressora. Defendiam a utilização grandes retrocessos intelectuais,
de sinais para a comunicação do artísticos e filosóficos, por este
surdo, este registro foi escrito por motivo, ficou conhecido como “
Sócrates em 368 a.C, o filósofo fez Idade das Trevas”, por falta de
uma correlação ao seu discípulo conhecimento acerca da saúde da
Heródoto, com a atuação do população, pela falta de informação,
ouvinte diante ao indicar um objeto educação e pelos valores religiosos.
para solicitar algo, ou seja, o surdo
usará sinais com as mãos para que
possa conversar, ou até mesmo fará
uso de outros membros do corpo.
5
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS

Em meio a ignorância e sem medidas. Com isso, o surdo era


superstições as pessoas fora do excluído do convívio social, não
“padrão”, ou seja, as pessoas com tendo a oportunidade de executar
deficiência, tendo como verdade qualquer atividade.
que “um corpo deficiente
hospedava uma mente incapaz”. É importante destacar que os
fenômenos da natureza, as doenças
Entre 476 d. C a 1492, na Idade e todas as situações não explicáveis
Média, as pessoas com deficiência, ou compreendidos pelo homem, a
eram vistas com incapazes de Igreja Católica, com sua influência
conviver em sociedade devido às perante a sociedade, atribuía estes
suas limitações, os deficientes eram fenômenos exclusivamente a
abandonados e rejeitados por vontade de Deus. Diante disto é
culturalmente acreditar que o possível perceber que a ciência
homem é a imagem e semelhança durante este período não tinha
de Deus, diante desta afirmação, a força para ajudar a sociedade. Os
pessoa com deficiência era “ singelos avanços adquiridos na
imperfeita”, acreditava-se que ciência ocorreram com grande
devido a imperfeição o sujeito não influência dos povos orientais,
tinha “alma”, não sendo digno de gregos e árabes.
Deus. As crianças nascidas com
deficiência eram vistas pela Para os povos orientais, a pessoa
sociedade como um castigo para os com deficiência era bem vista,
pais pecadores, eram abandonadas acreditavam que eram agraciados
no período noturno para que a sua pelos deuses. Assim, eram aceitos
identidade fosse preservada nos templos e exerciam a medição
perante a sociedade. entre o homem e os Deuses, mas
não tinham privilégios com a
O padrão humano estabelecido convivência social e sofriam a
pela sociedade diante do viés da exclusão. Em 700 d.C, ocorreu o
perfeição divina é um marco social, primeiro registro de ensino a um
e tudo que está fora deste contexto, surdo a falar, por John Beverley, foi
causava medo e como considerado o primeiro educador
consequência o isolamento do de surdos. Adentramos a Idade
sujeito, e para o surdo não era Moderna, período este que trouxe
diferente, infelizmente a sociedade grandes transformações para a vida
não sabia lidar com essa condição, do surdo.
neste contexto a exclusão ocorria
6
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS

Agora, a ciência irá se fazer presente e buscar entender de forma


científica como ocorre a surdez, deixando a visão religiosa em busca
da razão. Este período é tão importante, pois os termos designados
no período anterior, são distinguidos valorizando a identidade da
pessoa surda.

Girolamo Cardano, médico italiano, em 1500 d.C, realizou uma


pesquisa onde comprovou que o surdo apresentava capacidade de
raciocinar, compreendendo símbolos, gráficos, objetos e figuras.
Tinha como objetivo, ajudar seu filho surdo, com a pesquisa
descobriu que “a escrita representava ideias e pensamentos e não
somente ideias faladas” (UNESP, 2012).

Diante da descoberta de Cardano em 1500 d.C, Juan Pablo Bonet


(1579-1633), padre espanhol, usava como método os sinais, a fala e
o alfabeto para ensinar os surdos, defendia que o uso do alfabeto
manual. Juan Pablo Bonet, 1620, iniciou seu trabalho com surdo
através de sinais, treinamento da fala e o uso de alfabeto
datilológico. Publicou o primeiro livro sobre a educação de surdos
em que expunha o seu método oral, e defendia o ensino precoce
do alfabeto manual aos surdos.

7
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS

Em 1510, Pedro Ponce de Lepn, Em 1760, criou a primeira escola


monge beneditino, usava sinais pública no mundo para Surdos em
rudimentares para a comunicação Paris, O Instituto Nacional para
dentro do monastério, alguns Surdos-Mudos, seus alunos
monges realizavam o voto do realizavam apresentações em praça
silencio, e para que pudessem pública, demonstrando a eficácia do
conversar sobre as tarefas diárias seu método.
usavam estes sinais.
Na Idade moderna, houve grandes
avanços para integração dos surdos
na sociedade, foi considerado o
período mais próspero, houve
fundações de várias escolas e houve
um “despertar” da sociedade
perante a deficiência auditiva. Não
podemos deixar de citar a trajetória
histórica do surdo na Idade
Contemporânea. Após 1760, houve
uma preocupação para a
alfabetização dos surdos em um
contexto mais abrangente.

Fonte: acervo SEAD Em 1775, Jean Marc Itard, médico


cirurgião francês, dedicou os seus
Charles Michel de L’Epée, em 1712,
estudos para entender quais as
foi um educador francês que
causas da surdez, usou vários
contribuiu para a integração do
métodos para desvendar tal
surdo na sociedade, sendo um dos
mistério, dessecou cadáveres de
primeiros a defender o uso da
surdos, usou descargas elétricas em
Língua de Sinais e reconheceu a
seus ouvidos, furou membranas
existência da língua. L’Epée,
timpânicas de alunos, levando a
aprendeu a língua de sinais para se
morte, alguns tiveram fraturas
comunicar com os surdos, com isso
cranianas, infecções devido as suas
ficou conhecido como o “Pai dos
intervenções. Após quase duas
Surdos”.
décadas de pesquisa, Itard rendeu-
se ao fato que o surdo só poderia
ser educado por meio da LIBRAS.
8
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS

A Sociedade Universal dos Surdos- puro (fala), afirmando que a fala é


mudos, criada em 1838 por incontestável, sendo superior aos
Berthier, a sociedade promovia sinais, excluindo oficialmente o uso
desenvolvimento cultural, marcando dos sinais.
uma evolução na cultura, pintura,
poesia e na literatura. Em 1847, No decorrer da trajetória histórica
Alexander Graham Bell, cientista e as pessoas com surdez
inventor, era filho de surda. Bell conseguiram grandes conquistas,
acreditava que os surdos deveriam com o uso da língua de sinais
estudar juntos com o ouvinte para tiveram a oportunidade de conviver
evitar que criassem congregações, em sociedade, e adquirir
para ele o casamento do surdo conhecimento de mundo, a partir
representava um perigo para a desta nova determinação, surge um
sociedade. retrocesso histórico, colocando o
surdo em uma situação
Após anos, surge a primeira desconfortável diante as suas
faculdade para surdos em conquistas sociais, pois se
Washington, 1864, fundada por consideravam incompreendidos.
Edward Gallaudet. Neste contexto, Após vários anos da proibição do
houve uma disseminação de uso da língua de sinais, as pessoas
instituições de educação para com surdez, eram considerados
surdos na Europa e no Mundo. Com incapazes, principalmente aquelas
isso, em 1878, aconteceu o I que não desenvolveram o mínimo
Congresso Internacional de Surdos- de fala, com isso gerou evasão
Mudos, em Paris, com objetivo de escolar, exclusão social e aumento
propagar o melhor método para de trabalhadores em atividade
educação dos surdos, denominado braçal.
leitura labial e o uso de gestos nos
primeiros anos escolares. Após 2 No início do século XX, as escolas
anos, este método foi abolido, em deixaram de utilizar a língua de
1880, aconteceu o II Congresso sinais, passando a oralizar os
Mundial de Surdos-Mudos, em surdos, pois o objetivo era educar o
Milão, com objetivo de definir qual surdo com a língua oral, acreditava-
seria a forma assertiva para educar se que o surdo desenvolveria como
o surdo, houve uma votação de os ouvintes no aprendizado da fala.
vários estudiosos onde foi decidido
que o melhor método era o oral

9
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS

Contudo, mesmo com a proibição um método que utiliza várias


do uso da Língua de Sinais, decisão formas de comunicação para que o
tomada no Congresso de Milão, as surdo obtivesse sucesso no
pessoas com surdez, persistiram processo de aprendizagem,
em usar a língua de sinais, praticava acreditava-se que a Comunicação
às escondidas dentro das escolas. Total era uma filosofia educacional.
Emmanelle Laboritt, atriz francesa,
com surdez profunda, relata em sua A década de 70, traz uma
autobiografia como ocorria esta transformação para a educação do
prática. surdo, delineando a Língua de
Sinais como língua independente de
“Quando o professor se virava língua oral, defendendo que haveria
para escrever no quadro-negro, momentos para utilizar a língua oral
tínhamos hábito de trocar e a gestualista, mas nunca de forma
informações na língua de sinais, concomitante. Nas décadas de 80 e
persuadidos de que ele não nos 90, surgia o bilinguismo, utilizado
escutava, já que não nos via Ora, atualmente, afirmando que o surdo
no começo, ele se voltava todas às tem sua língua materna, a língua de
vezes, era estranho, não sinais, sendo a segunda língua a do
compreendíamos imediatamente seu país.
por quê. Com o passar do tempo,
dei-me conta de que, ao falar com O SURDO NO BRASIL
as mãos, sem saber, emitimos
ruídos com a boca. A partir daí Foi fundada em 1857, a primeira
cuidamos de não mais emitir escola para surdo no Brasil, o
nenhum som e, desde aquele dia, Instituto dos Surdos-mudos,
trocamos nossas lições o mais atualmente, Instituto Nacional de
tranquilamente possível” Educação dos Surdos (INES). Em
(LABORITT, 1994, p. 84). 1871, o INES continuou sendo o
centro de referência para
Após anos utilizando o oralismo, integração e desenvolvimento da
surge na década de 60, o método “ Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).
ensino total, defendido por Ray
Hoolean, mudando a nomenclatura Como foi dito anteriormente, o
para “Total Comunication”, Congresso de Milão, em 1880,
originando da filosofia “ trouxe um marco histórico para a
Comunicação total”, trajetória do surdo no mundo
inteiro.
10
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS

Em decorrência a estas mudanças, no mercado de trabalho, ocorre


no Brasil, o método “ Combinado”, pesquisas para sistematizar o
que utilizava sinais com ensino da LIBRAS para os ouvintes.
treinamento em língua oral foi
substituído pelo oralismo. Seguindo A primeira grande conquista dos
a prática usada em outros países, o surdos no Brasil, resultou na
Brasil proibiu o uso dos sinais e em mobilização em torno da ampliação
consequência, os professores foram dos direitos na Constituição Federal
substituídos, para enfatizar a de 1988, como a garantia da
proibição, era muito comum educação para todos e o
amarrar as mãos das crianças para atendimento educacional
impedir a realização do uso dos especializado na rede regular de
sinais, contudo, a língua de sinais ensino., Mudanças significativas
sempre foi a língua preferida entre aconteceram, após a Constituição
os surdos. Seguindo a tendência Federal, reflexo da luta persistente
mundial, em 1911, o Instituto de da comunidade surda, atualmente a
surdos assumiria de fato o oralismo, maior conquista é o
estabelecendo o uso em todas as reconhecimento da Língua Oficial
disciplinas. da Pessoa Surda, LIBRAS,
considerado o grande avanço para
Após 4 décadas, em 1957, o a educação do surdo, vale ressaltar
Instituto de surdos, delineava a que algumas escolas brasileiras,
modernização em relação ao possuem uma abordagem bilíngue (
entendimento da surdez, com isso Libras e o português escrito).
alterou o nome para Instituto
Nacional de Educação de Surdos, Após conhecer um pouco da
visando um atendimento a nível trajetória do surdo, desde a
nacional. exclusão social a proibição do uso
de sinais e o reconhecimento da
Com objetivo de garantir o direito língua de sinais, não podemos
linguístico e cultural do surdo, em deixar de levar em consideração
1987, foi criada a Federação que as lutas da comunidade surda
Nacional de educação e Integração resultaram em vitórias, hoje temos
dos Surdos, a FENEIS, a federação reconhecimento do surdo no
dissemina a importância da LIBRAS contexto social e cultural.
(Língua Brasileira de Sinais) como
língua natural de comunicação do
surdo, além da inclusão do surdo
11
Concluindo a Unidade

Conhecemos até aqui a trajetória histórica do surdo, marcos


importantes que precisavam ser esclarecidos para entendermos a
complexidade histórica. Dentre alguns aspectos, foi destacado
como a pessoa com surdez era colocada à margem da sociedade,
sendo considerados incapazes e desapropriados dos seus direitos.
Foram apresentados os desafios vividos pelos surdos, com objetivo
de compreender os embates e divergências que ainda ocorrem no
processo de inclusão do surdo. Pontuamos sobre as experiências
educacionais desenvolvida pelo monge Pedro Ponce de Leon, na
sequência vários estudiosos que contribuíram para o
aprimoramento da comunicação do surdo, em seguida,
entendemos o objetivo do Congresso de Milão, o qual foi o divisor
de águas na história do surdo, onde foi discutido sobre a
comunicação da pessoa com surdo, excluindo o uso de sinais,
mostrando as discussões acerca das filosofias a educação dos
surdos, como: Oralismo, Comunicação total e o Bilinguismo. Após
refletirmos sobre a trajetória do surdo, ressaltamos o quanto é
importante o ouvinte conhecer o processo histórico vivenciado pelo
surdo para que possamos juntos assegurar a inclusão que não se
repita no futuro os equívocos do passado. Na próxima unidade de
aprendizagem iremos conhecer um pouco mais sobre Língua
Brasileira de Sinais.

12
DICA DO
PROFESSOR

Nesta unidade de aprendizagem conhecemos a trajetória


histórica do surdo, apresento a vocês um vídeo de forma muito
didática sobre o que estudamos. Para saber mais, assista o vídeo
a seguir:

https://youtu.be/jc9X1i9zy3o

13
EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO
QUESTÃO 1: Iremos descrever a história do surdo de forma
sistemática, contemplaremos os principais acontecimentos,
concepções e os principais envolvidos. Para realizar esta atividade,
sugiro que faça uma tabela com três colunas, com os seguintes
títulos, teórico, acontecimento e ano. Assim, iremos consolidar as
informações com maior destreza.

14
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse


assunto, veja a seguir as sugestões do professor.

Leitura:

Texto: “Cultura surda e identidade: estratégias de


empoderamento na constituição do sujeito surdo”
Castro Júnior, g. Cultura surda e identidade: estratégias de
empoderamento na constituição do sujeito surdo. In: ALMEIDA,
WG., org. Educação de surdos: formação, estratégias e prática
docente [online]. Ilhéus, BA: Editus, 2015, pp. 11-26. ISBN 978-
85-7455-445-7.

Link: almeida-9788574554457-02.pdf (scielo.org)

15
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS

FELIPE, Tanya A. Libras em contexto: Curso Básico. 8. ed. Rio


de Janeiro: WalPring Gráfica e Editora, 2007

HONORA, M. & FRIZANCO, M. L. E. Livro ilustrado de Lingua


Brasileira de Sinais: desvendando a comunicação usada pelas
pessoas com surdez. São Paulo: Ciranda Cultural, 2009.

Lanna Júnior, Mário Cléber Martins (Comp.). História do


Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil. –
Brasília: Secretaria de Direitos Humanos. Secretaria Nacional
de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, 2010.

Sêneca, L. Annaei. Sobre a ira (Ira). In: Diálogos. Trad. Juan M.


Isidro. Madrid: Editorial Gredos, 2001.

16

Você também pode gostar