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História Geral

Sumário
1. Pré-História.....................................................................................................................04
2. Egito Antigo....................................................................................................................12
3. Mesopotâmia..................................................................................................................29
4. Pérsia...............................................................................................................................48
5. Hebreus...........................................................................................................................56
6. Fenícios...........................................................................................................................66
7. Grécia Antiga..................................................................................................................75
8. Roma Antiga...................................................................................................................94
9. Império Bizantino.........................................................................................................121
10. Os Bárbaros................................................................................................................136
11. Feudalismo.................................................................................................................145
12. Idade Média.................................................................................................................162
13. Renascimento.............................................................................................................174
14. Reforma Protestante..................................................................................................190
15. Mercantilismo.............................................................................................................196
16. Sistema Colonial........................................................................................................202
17. Absolutismo................................................................................................................208
18. Revolução Industrial..................................................................................................216
19. Iluminismo..................................................................................................................221
20. Revolução Americana................................................................................................229
21. Revolução Francesa..................................................................................................239
22. Era Napoleônica….…………….………………….………………………..…………….247
23. Movimentos Sociais do Século XIX………..….………………....……………………253
24. Neocolonialismo……………….…………………….……….…………………….….....258
25. Primeira Guerra Mundial...........................................................................................265
26. Socialismo..................................................................................................................274
27. Totalitarismo...............................................................................................................280
28. Segunda Guerra Mundial..........................................................................................286
29. Guerra Fria..................................................................................................................297
História do Brasil

Sumário
1. Expansão Mercantil Europeia.....................................................................................303
2. Grandes Navegações..................................................................................................309
3. Sistema Colonial..........................................................................................................314
4. Invasões Estrangeiras.................................................................................................325
5. Expansão Territorial.....................................................................................................336
6. Economia Mineradora Século XVIII............................................................................342
7. Processo de Independência.......................................................................................350
8. Primeiro Reinado.........................................................................................................358
9. Período Regencial........................................................................................................366
10. Segundo Reinado......................................................................................................375
11. República Velha..........................................................................................................386
12. Era Vargas...................................................................................................................407
13. República Populista...................................................................................................421
14. Ditadura Militar...........................................................................................................429
15. Brasil Contemporâneo..............................................................................................443
História Geral
Pré-História
O termo pré-história talvez seja um dos mais injustiçados de
todo o conhecimento histórico. A expressão em si transmite
a ideia de que pré-história é tudo aquilo que tenha
vindo, supostamente, antes da História. Ou seja, antes dos
primeiros registros escritos. A disciplina histórica,
etnocêntrica e excludente, especialmente a parir do século
XIX, definiu que a História deveria ser produzida com base
em documentos oficiais, ou da burocracia geral do estado.
Neste sentido as populações que não dominavam a escrita
ficaram subalternizadas e foram por muito tempo
consideradas irracionais ou pouco desenvolvidas. Desta
forma como dar conta então de grupos e sociedades
ágrafas e sem domínio da cultura escrita? Embora
agrafes,não ficam de fora da História e tem seu lugar
reservado nos estudos históricos.

Evolução humana na Pré-História:

De acordo com diversas pesquisas cientificas, o aparecimento dos primeiros ancestrais


do homem surgiu a cerca de 3,5 – 4 milhões de anos atrás. Os primeiros hominídeos
pertenciam ao gênero Australopithecus e se diferenciavam dos demais primatas por conta
de sua postura ereta, locomoção bípede e uma arcada mais próxima da atual espécie
humana. Apesar de ser considerado o primeiro ancestral humano, não existe um estudo
conclusivo sobre a escala evolutiva. Segundo alguns estudos, os sucessores do
Australopithecus foram os Homo habilis (2,4 milhões de anos) e o Homo erectus, o qual
haveria surgido há aproximadamente 1,8 milhões de anos atrás. O seu maxilar
apresentaria uma consistência maior e seus dentes seriam mais largos. Além disso, tinha
uma caixa craniana de maior porte e uma postura mais ereta. Segundo consta, este teria
habitado regiões diversas da África e da Ásia como o Java, China, Etiópia e Tanzânia. A
partir do processo evolutivo sofrido por esse último espécime, haveria surgido o chamado
Homo sapiens, uma espécie da qual descenderia o Homo neanderthalensis. Este
integrante do processo evolutivo humano teria vivido entre 230 e 30 mil anos atrás. De
acordo com os estudos a seu respeito, o neanderthalensis produzia
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armas e utensílios com maior sofisticação e realizavam rituais funerários simples. Durante
algum tempo, teria vivido juntamente como o Homo sapiens moderno. Este último
corresponde a nossa espécie e teria surgido no planeta há cerca de 150 mil anos atrás.
De acordo com os estudos sobre esse último estágio da escala evolutiva, o Homo sapiens
moderno teve a incrível capacidade de se espalhar em outras regiões do mundo em um
relativo curto espaço de tempo. Aproveitando das conquistas consolidadas por seus
ancestrais, teve a capacidade de desenvolver a linguagem, dominar o fogo e construir
instrumentos diversos.
Com a interrupção desse processo, dava-se início a outros processos que
empreenderiam a formação de manifestações e organizações sociais mais completas.
Depois disso, ocorreriam as transformações que encerrariam o extenso Período
Paleolítico, que termina em 8000 a.C.. Logo em seguida, ocorreria o desenvolvimento do
Período Neolítico (8000 a.C. – 5000 a.C.) e a Idade dos Metais, que vai de 5000 a.C. até
o surgimento da escrita, que encerra a Pré-história.

Paleolítico

Fonte: http://mediateca.cl/900/prehistoria/arte%20en%20el%20%20paleolitico.htm

Descrição da Imagem: Arte Rupestre do período paleolítico. Como podemos observar, a


imagem retrata cenas do cotidiano, neste caso a caça e utilização do arco e flechas.

Divisão do período paleolítico:


Os historiadores costumam dividir este período da pré-história em três partes, para assim
facilitar a aprendizagem sobre os costumes daquela época. São eles:

Paleolítico inferior:
Foi neste período que provavelmente as primeiras espécies de hominídeos surgiram, no
continente Africano. Entre eles estava o Autralopithecus, Homo habilis e Homo erectus.
A temperatura da terra nesta época era extremamente baixa, o que obrigava os homens e
animais a viverem dentro de cavernas para não morrerem de frio.
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Eles costumavam utilizar machados de pedras para cortar e esmagar os alimentos, se
defender dos predadores e furar coisas. Foi nesta época que os homens dominaram o
fogo, e já existia uma ideia primitiva de comunidade ou sociedade, pois havia grupos
nômades onde existiam espécies de famílias primitivas, que no conceito deles eram muito
importantes.

Paleolítico médio:
Neste período que surgiu o homem de neanderthal, que era um pouco mais inteligente
que seus antecessores. Eles começaram a explorar mais a distribuição geográfica e
passaram a ocupar a Europa enquanto desenvolviam um pouco mais as suas técnicas de
talhe, também chamadas de indústria musteriense. Nesta época também que surgiram os
sambaquis, que foram os primeiros hominídeos encontrados na América do Sul, situados
principalmente em áreas litorâneas. No paleolítico médio que os homens começaram com
a tradição cultural de reservar um lugar para depositar os restos mortais de seus entes
queridos e todos os pertences deles: vestes, colares, cerâmicas e ferramentas – além de
também depositarem no mesmo local conchas e restos mortais de animais. Era um
conceito primitivo de religião formando-se.

Paleolítico superior:
Neste período ocorreu a quarta glaciação – principalmente no norte da Europa – e com
isso os homens foram forçados a recuarem ainda mais para a vida nas cavernas. Foi aí
que se desenvolveu o homem de Cro-Magnon, que já era uma espécie do homem
moderno propriamente dito. Por não poderem sair da caverna todos os dias para caçar,
eles começaram a sentir a necessidade de capturar animais maiores e que a carne
pudesse durar mais tempo, como por exemplo os mamutes. Para conseguir este grande
feito eles começaram a desenvolver alguns tipos de armadilhas que eram montadas no
chão para capturar animais de grande porte, e depois os matavam, cozinhavam sua carne
em fogueiras e comiam.

Neolítico
Teve início em mais ou menos 10.000 a.C. e se prolongou até mais ou menos 5.000 a.C.
No Período Neolítico, os humanos aprenderam a domesticar os animais e a praticar a
agricultura, isto é, a cultivar os alimentos. A sedentarização do homem a partir da
agricultura e pecuária criará bases para uma sociedade mais complexa, haja vista o
crescimento populacional vertiginoso que o acesso constante a alimentos proporcionará.

Revolução neolítica ou Transição Demográfica Neolítica, às vezes chamada de


Primeira Revolução Agrícola, foi a transição em grande escala de muitas
culturas humanas do estilo de vida de caçador-coletor e nômade para um
agrícola e sedentário fixo, tornando possível uma população cada vez maior.

Desta forma, foi durante este período que as primeiras cidades surgiram, trazendo com
elas novas possibilidades e necessidades a essas populações. Além disso, nesse
período, eles passaram a dominar a técnica de polir a pedra para a fabricação de
instrumentos. Por isso, esse período é conhecido também como a Idade da Pedra Polida.
Essas transformações mudaram a forma de viver desses grupos humanos. Eles já não
precisavam mais mudar-se constantemente para encontrar comida e foram se tornando
sedentários, isto é, ficavam um longo tempo em um mesmo lugar esperando a hora de
colher os vegetais que haviam plantado. Enquanto esperavam, dedicavam-se a outras
atividades como a construção de casas, o trabalho com o barro e a argila, a fabricação de
cestos e tecidos e também de ferramentas
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Descrição da Imagem: Podemos verificar na imagem uma série de retratações do
cotidiano dos povos do neolítico. É possível observar uma comunidade com habitações
feitas com madeira e folhas, homens e mulheres trabalhando em funções específicas bem
como ferramentas feitas a partir da técnica de polimento da pedra, objetos de cerâmica,
um tear e alguns animais possíveis de domesticação.

Idade dos Metais


Pré-história e a Idade dos Metais:
Por fim, por volta de 7.000 a.C o homem chegou a chamada idade dos metais, que se
encerraria a partir do desenvolvimento de padrões de escrita, dando início então a
chamada Idade Antiga. Neste período o homem desenvolveu a metalurgia, tornando ainda
mais eficientes suas ferramentas e armas a partir do desenvolvimento das ligas de bronze
e ferro, materiais maleáveis e mais fáceis de dar forma. Além disso, foi durante a idade
dos metais que surgiram os primeiros impérios, haja vista o grande crescimento
demográfico do paleolítico. As relações sociais ficaram cada vez mais complexas e a
necessidade de organização resultou no surgimento do estado na medida em que
algumas profissões e atividades assumiram maior importância. Além do estado a
sociedade passou a estratificar-se, resultando em desigualdade social. Alguns indivíduos
adquiriram maior importância nessas sociedades em razão de sua autoridade moral e
liderança em determinadas situações, ou mesmo em razão da riqueza. Essas pessoas
passaram a possuir privilégios e poder sobre os demais. A produção também se
diversificou e em algumas comunidades também eram produzidos excedentes que seriam
comercializados com outras comunidades ou estados.

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Descrição da Imagem: Podemos verificar uma sociedade mais organizada, com
habitações mais complexas, a preocupação com a segurança e o desenvolvimento da
metalurgia

Mapa Mental:

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Vídeos aulas:
Canal: Stoodi | Vídeo aula: Pré-História
https://youtu.be/djMzV_7oc8w
Canal: "Se liga nessa História" | Vídeo aula: Pré-História
https://youtu.be/IAzZ9HXA2xw
Canal: "MundoEdu" | Vídeo aula: Pré-História
https://youtu.be/wQqGWPubiqA
Canal: "HistoriAção" | Vídeo aula: Pré-História
https://youtu.be/UKu2VzjsoBE

Exercícios:
1. (Enem) Se compararmos a idade do planeta Terra, avaliada em quatro e meio bilhões
de anos (4,5∙109 anos), com a de uma pessoa de 45 anos, então, quando começaram a
florescer os primeiros vegetais, a Terra já teria 42 anos. Ela só conviveu com o homem
moderno nas últimas quatro horas e, há cerca de uma hora, viu-o começar a plantar e a
colher. Há menos de um minuto percebeu o ruído de máquinas e de indústrias e, como
denúncia uma ONG de defesa do meio ambiente, foi nesses últimos sessenta segundos
que se produziu todo o lixo do planeta!
O texto permite concluir que a agricultura começou a ser praticada há cerca de
a) 365 anos.
b) 460 anos.
c) 900 anos.
d) 10.000 anos.
e) 460.000 anos.

2. (Enem) “De um estado de barbárie homogêneo e mais ou menos estático, vai nascer a
complexidade de aspectos do mundo moderno. Esta transformação, de consideráveis
consequências, foi extraordinariamente rápida e começou durante o quarto milênio a. C.
Longe de ser geral, ela se produziu em algumas regiões onde as condições de vida lhe
eram favoráveis. Nessas regiões, a vida do homem modificou-se muito rapidamente,
enquanto na maior parte do mundo o modo de existência primitivo persistiu durante
séculos, talvez milênios.” (J. Hawkes, Histoire de l’Humanité, Ed. UNESCO)
O texto refere-se à fase final do Neolítico, quando o homem desenvolveu novas técnicas e
aprimorou seus conhecimentos. Identifique as transformações ocorridas nesse período.
a) Surgimento da agricultura e vida urbana.
b) Surgimento da agricultura.
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c) Surgimento da vida urbana.
d) Surgimento de um mundo moderno.
e) O domínio do fogo, que proporcionou significativas mudanças na vida dos seres
humanos.

3. (Enem) Se compararmos a idade do planeta Terra, avaliada em quatro e meio bilhões


de anos (4,5∙109 anos), com a de uma pessoa de 45 anos, então, quando começaram a
florescer os primeiros vegetais, a Terra já teria 42 anos. Ela só conviveu com o homem
moderno nas últimas quatro horas e, há cerca de uma hora, viu-o começar a plantar e a
colher. Há menos de um minuto percebeu o ruído de máquinas e de indústrias e, como
denuncia uma ONG de defesa do meio ambiente, foi nesses últimos sessenta segundos
que se produziu todo o lixo do planeta!
O texto permite concluir que a agricultura começou a ser praticada há cerca de:
a) 365 anos.
b) 460 anos.
c) 900 anos.
d) 10.000 anos.
e) 460.000 anos.

4. (Enem) Segundo a explicação mais difundida sobre o povoamento da América, grupos


asiáticos teriam chegado a esse continente pelo Estreito de Bering, ha 18 mil anos. A
partir dessa região, localizada no extremo noroeste do continente americano, esses
grupos e seus descendentes teriam migrado, pouco a pouco, para outras áreas,
chegando ate a porção sul do continente. Entretanto, por meio de estudos arqueológicos
realizados no Parque Nacional da Serra da Capivara (Piauí), foram descobertos vestígios
da presença humana que teriam ate 50 mil anos de idade. Validadas, as provas materiais
encontradas pelos arqueólogos no Piauí
a) comprovam que grupos de origem africana cruzaram o oceano Atlântico ate o Piauí ha
18 mil anos.
b) confirmam que o homem surgiu primeiramente naAmérica do Norte e, depois, povoou
os outros continentes.
c) contestam a teoria de que o homem americano surgiu primeiro na América do Sul e,
depois, cruzou o Estreito de Bering.
d) confirmam que grupos de origem asiática cruzaram o Estreito de Bering ha 18 mil anos.
e) contestam a teoria de que o povoamento da América teria iniciado ha 18 mil anos.
Respostas:
1) D
2) A
3) D
4) E
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Fontes/Créditos:
https://m.brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-pre-historia.htm
https://www.infoescola.com/historia/pre-historia/
https://m.mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/a-evolucao-homem.htm
https://www.infoescola.com/pre-historia/periodo-mesolitico/
http://cienciasempre.blogspot.com/2016/01/a-historia-da-evolucao-humana.html?m=1
http://cultura.culturamix.com/curiosidades/as-etapas-da-evolucao-humana
https://blogdoenem.com.br/enem-2013-pre-historia/
https://www.sohistoria.com.br/ef2/periodos/p2.php
https://studymaps.com.br/pre-historia-paleolitico-neolitico-e-idade-dos-metais/
Mais exercícios sobre "Pré-História":
http://projetomedicina.com.br/site/attachments/article/503/exercicios_gabarito_resolucao_
pre_historia.pdf

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Egito Antigo

Introdução:
No processo de formação das primeiras civilizações, a região do Crescente Fértil foi um
importante espaço, na qual a relação de dependência do homem em relação à natureza
diminuía e vários grupos se sedentarizavam. A domesticação de animais, a invenção dos
primeiros arados, a construção
de canais de irrigação eram
exemplos de que a agricultura
viria a ocupar um novo lugar
no cotidiano do homem. Mais
do que isso, todo esse
conhecimento foi responsável
pela formação de amplas
comunidades.
Entre todas essas civilizações,
o Egito destacou-se pela
organização de um forte
Estado que comandou
milhares de pessoas. Os
registros iniciais da civilização que se formou às margens do Rio Nilo datam de
aproximadamente 6 mil anos. O que conhecemos sobre aquela civilização nos indica que
atingiu um padrão complexo na arte, na ciência, no comércio e na religião. Essa cultura
elaborada acentuava a diferença entre os que tinham e os que não tinham posses.
Situada no nordeste da África, a civilização egípcia teve seu crescimento fortemente
vinculado aos recursos hídricos fornecidos pelo Rio Nilo. Tomando conhecimento do
sistema de cheias desse grande rio, os egípcios organizaram uma avançada atividade
agrícola que garantiu o sustento de um grande número de pessoas. Além dos fatores de
ordem natural, devemos salientar que a presença de um Estado centralizado, comandado
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pela figura do Faraó, teve relevante importância na organização de um grande número de
trabalhadores subordinados ao mando do governo. Funcionários eram utilizados na
demarcação de terras e cada camponês era obrigado a reservar parte da produção para o
Estado. Legumes, cevada, trigo, uva e papiro estavam entre as culturas mais comuns
neste território. Observando as grandes construções e o legado do povo egípcio, abrimos
caminho para um interessante debate de cunho histórico. Tomando como referência as
várias descobertas empreendidas no campo da Astronomia, Matemática, Arquitetura e
Medicina, vemos que os egípcios não constituíram simplesmente um tipo de civilização
“menos avançado” que o atual. Afinal de contas, contando com recursos tecnológicos bem
menos avançados, eles promoveram feitos, no mínimo, surpreendentes.
Localização:
O Egito está localizado em região desértica, às margens do Rio Nilo, na porção nordeste
do continente africano, é banhado tanto pelo Mar Mediterrâneo quanto pelo Mar Vermelho
e limita-se com o Sudão e com o Deserto da Líbia. Apesar de situado numa região
desértica, com poucas chuvas, ele é cortado por um vale muito fértil percorrido pelo Rio
Nilo, rio que teve um papel decisivo na vida e, principalmente na economia do Antigo
Egito.

Podemos observar, no mapa abaixo, a região do Egito denominada Crescente Fértil

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O nome Crescente Fértil deriva do fato de que, se traçarmos uma faixa de união entre o
Rio Tigre, o Rio Eufrates, o Rio Nilo e o Rio Jordão, obteremos a forma de uma meia-lua
(lua crescente) e também por ter o seu solo muito fértil em um local onde a maior parte
das terras era muito árida para
qualquer cultivo.
Esse solo fértil deve-se graças ao
regime de enchentes anuais no Rio
Nilo que, durante os meses de junho
a setembro, o rio transbordava,
inundando suas margens; quando
voltava a seu leito normal, deixava o
vale fertilizado pelo húmus
(fertilizante orgânico) e pronto para
o plantio.
Quando falamos do Egito Antigo automaticamente devemos nos lembrar do Rio Nilo. A
civilização egípcia ficou conhecida como a dádiva do Nilo (Heródoto), pois, não fosse o rio
e sua capacidade hídrica, dificilmente teríamos uma sociedade tão complexa sendo
formada na região.
Foi a necessidade de ampliar as terras agriculturáveis, bem como o desenvolvimento de
“obras públicas” (canais de irrigação, represas, pontes e afins) capazes fazer crescer a
capacidade de produção para atender as necessidades de uma população cada vez
maior que resultou na formação do Estado e estratificações sociais. No auge de seu
desenvolvimento, tal estado abrangia uma área com cerca de 30 mil quilômetros
quadrados e uma população de 7 milhões de habitantes. A agricultura, por óbvio, era sua
principal atividade econômica e a vida em si, seu cotidiano, obedecia o calendário de
cheias e secas do Nilo.
Todavia, conforme citado, a necessidade de organizar todo este esforço produtivo fez
surgir o Estado a partir da organização de um corpo de dirigentes responsável por
planejar e distribuir tarefas visando maior produtividade. Todavia, tal corpo administrativo
passou a concentrar a posse da produção excedente, e desta forma acumulando mais
poder e, principalmente, privilégios.
Os Faraós
Neste contexto surgiu a figura do Faraó, um rei que dominava a
posse da terra e que teve seu poder legitimado pela religião
praticada na região. O próprio Faraó era considerado um deus
vivo, herdeiro do trono de Hórus. Entretanto, a sociedade egípcia
era bastante plural, no topo da pirâmide social estava o Faraó e
sua família, auxiliado por um corpo de altos funcionários do
Estado composto por militares, sacerdotes, burocratas e
escribas, estes últimos responsáveis por registrar praticamente
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tudo que ocorria nas terras irrigadas pelo Nilo. Nos estamentos menos privilegiados
estavam comerciantes, artesãos, camponeses e um bom número de escravos, conforme
podemos observar na imagem abaixo.

Como podemos perceber, a sociedade egípcia era organizada em torno do faraó, senhor
de todas as terras e de todas as pessoas. Ele era responsável pela justiça, pelas funções
religiosas, pela fiscalização das obras públicas e pelo comando do exército. O faraó era
considerado um deus vivo, filho de deuses e intermediário entre eles e a população. Em
sua honra, realizavam-se inúmeros cultos. Abaixo do faraó, e em ordem de importância,
estavam o Vizir do Alto Egito, o do Baixo Egito e o Sumo-Sacerdote de Amon-Rá, um dos
principais deuses do Egito Antigo. Os vizires contavam com a ajuda dos supervisores e
dos nomarcas, isto é, os governadores dos nomos, os distritos do Egito. Os nomarcas por
sua vez, eram auxiliados pelos funcionários do governo, os escribas, que sabiam ler e
escrever.

A história do Egito divide-se em três fases: o Antigo Império; Médio Império e o


Novo Império.
Ao longo desses três períodos, o Egito atingiu o apogeu. Porém, a partir do século VII
a.C. o Egito foi invadido por vários povos e perdeu o seu antigo esplendor. A seguir, uma
rápida explanação sobre cada período.

ANTIGO IMPÉRIO (3200 a.C. – 2100 a. C.)


Durante o Antigo Império foram construídas obras de drenagem e irrigação, que
permitiram a expansão da agricultura; são desse período ainda as grandes pirâmides dos
faraós Quéops, Quéfren e Miquerinos, construídas nas proximidades de Mênfis, a capital
do Egito na época. As pirâmides eram túmulos dos faraós. Para o seu interior era levada
grande quantidade de objetos que pertenciam ao soberano, como móveis, joias e outros
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objetos preciosos. Durante o Antigo Império, o faraó conquistou amplos poderes. Isso
acabou gerando alguns conflitos: os grandes proprietários de terra e os chefes dos
diversos nomos não aceitaram a situação e procuraram diminuir o poder do faraó. Essas
disputas acabaram por enfraquecer o poder político do Estado.
MÉDIO IMPÉRIO (2100 a.C. – 1580 a.C.)
Durante o Médio Império, os faraós reconquistaram o poder político no Egito. A capital
passou a ser Tebas. Nesse período, conquistas territoriais trouxeram prosperidade
econômica. Mas algumas agitações internas voltariam a enfraquecer o império, o que
possibilitou, por volta de 1750 a.C., a invasão dos hicsos, povo nômade de origem
asiática. Os hicsos permaneceram no Egito cerca de 170 anos.
NOVO IMPÉRIO (1580 a.C. – 715 a.C.)
O período iniciou-se com a expulsão dos hicsos e foi marcado por numerosas conquistas
territoriais. Em seu final ocorreram agitações internas e outra onda de invasões. Devido
ao enfraquecimento do Estado, o Egito foi conquistado sucessivamente pelos assírios
(670 a.C.), persas (525 a.C.), gregos (332 a.C.) e romanos (30 a.C.)

POLÍTICA E SOCIEDADE DO EGITO ANTIGO


Inicialmente, os egípcios se organizaram por meio de um conjunto de comunidades
patriarcais chamadas de nomos. Os nomos eram controlados por um chefe
chamado nomarca. Os nomos se agrupavam em duas regiões distintas, que formavam
dois reinos rivais: o reino do Alto Egito e o reino do Baixo Egito. Por volta de 3.200 a.C. o
reino do Norte dominou o reino do Sul, unificando assim, o Egito. O responsável por essa
união foi Menés, que passou, então, a ser chamado de faraó, cujo significado é “casa
grande”, “rei das duas terras”. O poder dos reis passava de pai para filho, isto é, era
hereditário. Como os egípcios acreditavam que os faraós eram deuses ou, pelo menos,
representantes diretos dos deuses na Terra, a forma de governo que se instalou foi
chamada de monarquia teocrática.
A centralização política do Egito não foi de fato uma constante em sua história. Vários
episódios de dissolução do Estado podem ser observados durante sua trajetória. Por volta
de 2.300 a.C., uma série de contendas internas e invasões deram fim à supremacia do
faraó. Nos três séculos subsequentes os nomos voltaram a ser a principal unidade de
organização sócio-política. Esse primeiro período que vai da unificação ao
restabelecimento dos nomos corresponde ao Antigo Império.
Ao fim do século XXI a.C., o Estado centralizado foi restabelecido graças aos esforços do
faraó Mentuhotep II. A servidão coletiva foi mais uma vez adotada, permitindo a
construção de vários canais de irrigação e a transferência da capital para a cidade de
Tebas. Mesmo sendo um período de diversas conquistas e desenvolvimento da cultura
egípcia, o Médio Império chegou ao seu fim em 1580, com a dominação exercida pelos
hicsos. A presença estrangeira serviu para que os egípcios se unissem contra a presença
dos hicsos. Com a expulsão definitiva dos invasores, temos o início do Novo Império.
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Nessa época, presenciamos a dominação egípcia sob outros povos. Entre as civilizações
dominadas pelos egípcios, destacamos os hebreus, fenícios e assírios. Tal expansão das
fronteiras possibilitou a ampliação das atividades comercias durante o Novo Império.
O Novo Império, considerado o mais estável período da civilização egípcia, teve seu fim
com a deflagração de uma série de invasões. Os assírios, persas, macedônios e romanos
invadiram e controlaram o Egito ao longo da Antiguidade. Ao longo de mais de 2500 anos,
os egípcios ainda foram alvo do controle árabe, turco e britânico

ECONOMIA
A agricultura era a atividade econômica principal dos egípcios. Inicialmente, para melhor
aproveitar as águas do rio Nilo, os camponeses uniam-se, empenhando-se na construção
de diques e no armazenamento de cereais para a época de escassez.
Com o tempo, a produção agrícola tornou-se variada, sendo cultivados algodão, linho
(utilizados na fabricação de roupas), trigo, cevada, gergelim, legumes, frutas e,
principalmente, oliveiras.
Às margens do rio os camponeses faziam pomares e hortas, produzindo favas, lentilhas,
grão–de–bico e pepinos. Cultivavam ainda uva, utilizada na fabricação do vinho.
Perto de suas casas, eles criavam porcos e carneiros. O trabalho no campo era realizado
com o auxílio de um arado de madeira puxado por bois.
Os camponeses que moravam nos pântanos e nos lagos costeiros, organizados em
equipes, criavam em tanques numerosas variedades de peixes. O peixe, seco e
conservado, era consumido muitas vezes com pão e cerveja, e constituía parte importante
da alimentação dos egípcios.
Contando com um intenso artesanato, o comércio também foi outra importante atividade
econômica no Egito Antigo.

RELIGIÃO
A religião desempenhava papel importante na sociedade egípcia: todos os aspectos da
vida de um egípcio eram regulados por normas religiosas.
Havia cerimônias religiosas para os acontecimentos individuais: nascimento, casamento,
morte, etc., e também para os acontecimentos que envolviam toda a sociedade, como as
festas na época da colheita.

Abertura da Boca: um dos rituais funerários do Antigo Egito


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As crenças egípcias giravam em torno da adoração de vários deuses, o politeísmo, e a
crença em deuses com forma humana e animal, o antropozoomorfismo. Muitos deles
eram associados a determinadas forças da natureza. O politeísmo egípcio era
acompanhado pela forte crença em uma vida após a morte. É a partir desse princípio
religioso que podemos compreender a complexidade dos rituais funerários e a preparação
dos cadáveres através do processo de mumificação.
Os antigos egípcios acreditavam numa vida após a morte e no retorno do espírito ao
corpo. Muito do que conhecemos hoje sobre os costumes e o modo de vida do Egito
Antigo está associado a essa crença. A maior parte do nosso conhecimento vem da
análise das pinturas e dos objetos deixados pelos egípcios nos túmulos.
RITUAIS DE VIDA E MORTE
Os egípcios acreditavam na vida após a morte, mas se quisessem gozar o outro mundo,
seus corpos teriam de sobreviver. Por essa razão, mumificavam seus mortos. A técnica de
preservar corpos é chamada de embalsamamento e os egípcios foram verdadeiros
mestres nessa atividade.

Deus Anúbis realizando uma mumificação


Após a morte, o corpo era esvaziado e desidratado com a ajuda de um sal especial. Em
seguida, embalsamado e envolvido com faixas de tecido de linho. As vísceras do morto
eram colocadas separadamente em quatro recipientes.

18
Somente o coração era substituído por algum objeto. Por ser impossível conservá-lo, uma
peça em forma de escaravelho (inseto de quatro asas, também chamado de bicho-bolo)
era colocada em seu lugar. Em geral, um texto sagrado envolvia o novo "coração". Assim,
o anterior era substituído simbolicamente.
Enquanto os embalsamadores se ocupavam da proteção do corpo, uma sepultura era
preparada e decorada.

Capela funerária de Tutmés III

Nem todos os egípcios eram enterrados em pirâmides, como acontecia com os faraós. O
sepultamento variava conforme a posição social do indivíduo e sua riqueza. Havia outros
tipos de túmulos: os hipogeus e as mastabas.
Os hipogeus eram túmulos subterrâneos cavados nas rochas, principalmente nos
barrancos de rios ou nas encostas de montanhas. Podiam possuir vários compartimentos
e ser ricamente decorados. As mastabas eram tumbas, de base retangular, que tinham no
interior uma sala para oferendas, uma capela e uma câmara mortuária subterrânea, onde
ficavam os mortos. As pessoas mais humildes eram enterradas em covas simples no meio
do deserto.
Para o interior do túmulo, os egípcios levavam objetos de uso diário e as riquezas que
possuíam e pintavam cenas cotidianas. Acreditavam que, agindo assim, garantiriam o
Conforto na vida após a morte. Um ponto curioso nos rituais do Egito era a zoolatria, ou
seja, a adoração de animais. Os animais tidos como sagrados eram também
cuidadosamente mumificados, após a morte, e depositados em cemitérios especiais.

OS DEUSES
Os egípcios cultuavam inúmeros deuses, com funções e aspectos variados. Existiam
deuses cultuados em todo Egito e outros adorados apenas em determinados lugares.
Entre os primeiros estavam os deuses ligados à morte e ao enterro, como Osíris.

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O culto ao Isis e Osíris era o mais popular no Egito Antigo.
Acreditava-se que Osíris e sua irmã-esposa, Isis, tinham
povoado o Egito e ensinado aos camponeses as técnicas da
agricultura. Conta a lenda que o deus Set apaixonou-se por Isis
e por isso assassinou Osíris. Esse ressuscitou e dirigiu-se para
o Além, tornando-se o deus dos mortos. Os antigos egípcios
acreditavam que as lágrimas de Isis, que chorava a morte do
esposo, eram responsáveis pelas cheias periódicas do Nilo.
Também era adorado o deus Hórus, filho de Isis e Osíris

O CONHECIMENTO E AS ARTES
Os egípcios desenvolveram importantes conhecimentos em diversas áreas: na aritmética,
na astronomia, ma química e na área da saúde.
A medicina egípcia apresentava grandes avanços, como a criação de tratamentos
médicos, delicadas intervenções cirúrgicas e tratamento de doenças, destaca-se ainda, a
mumificação de cadáveres.
A fim de resolver problemas práticos desenvolveram técnicas como o controle das
inundações, a construção de sistemas hidráulicos, a preparação da terra para a
semeadura de acordo com o ciclo das estações.
As manifestações artísticas tinham evidente conotação religiosa sempre voltadas para a
glorificação dos deuses e a vida de alguns faraós. Na arquitetura e na engenharia a
construção de pirâmides e templos representaram um grande avanço em tais áreas.

A ESCRITA EGIPCIA
A escrita egípcia era feita com sinais ou caracteres pictóricos que representavam imagens
de pássaros, insetos, objetos, etc., conhecidos como hieróglifos.
Segundo a maioria dos historiadores, os egípcios começaram a utilizar os hieróglifos por
volta de 3200 a.C. Essa, com certeza é uma das escritas mais antigas do mundo.
Nesta escrita, cada sinal representava um objeto: havia partes do corpo humano, plantas,
animais, edifícios, barcos, utensílios de trabalho, profissões, armas. Com o tempo, esses
desenhos foram substituídos por figuras mais simplificadas ou por símbolos gráficos.
Para representar sentimentos, como ódio ou amor, ou ações como amar e sofrer, os
egípcios desenhavam objetos cujas palavras que os designavam tinham sons
semelhantes aos das palavras que os hieróglifos se referiam a algo concreto, havia um
sinal vertical ao lado de cada figura. Se fossem referentes a algo abstrato, havia o
desenho de um rolo de papiro. Se correspondesse à determinada pessoa, os hieróglifos
traziam sempre a imagem de uma figura feminina ou masculina, mostravam um pequeno
sol.
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Para completar, os hieróglifos podiam ser escritos da direita para a esquerda ou vice-
versa a ordem certa, em cada caso, dependia da direção dos olhos das figuras humanas
ou dos pássaros representados.

A partir dos hieróglifos, os egípcios desenvolveram outros sistemas. Veremos agora, em


síntese, como eram empregados esses sistemas:
• Hieroglífico: considerado sagrado, era utilizado pelos sacerdotes;
• Hierático: era mais simples, utilizado pelos escribas nos papiros;
• Demótico: o mais simplificado era de uso popular.
Para escrever era utilizado o papiro, espécie de papel fabricado com o talo de uma planta
de mesmo nome, acompanhado de pincéis, paletas, tinteiros e um pilão. Quando eles iam
escrever esmagavam os pigmentos no pilão e depois transferiam a tinta para o tinteiro,
que tinha duas cavidades: Uma para tinta vermelha e outra para a tinta preta. Os pincéis
eram umedecidos com água que ficava numa bolsa de couro. Algumas paletas tinham
caráter espiritual para os escribas, sendo guardadas em seus túmulos.
A escrita hieroglífica foi decifrada pelo francês Jean-François Champollion, que, após
anos de estudo, concluiu seu trabalho em 1822, decifrando a Pedra de Roseta, um
pedaço de basalto negro onde estava gravado um texto em grego, hieróglifos e demótico.

Quem realizava este trabalho de registro eram os escribas. Os escribas eram altos
funcionários a serviço do faraó. Tinham como dever, anotar o que acontecia nos campos,
contar os grãos, registrar as cheias do Nilo, calcular os impostos que os camponeses
deveriam pagar, escrever contratos, atas judiciais, cartas, além de registrar os outros
produtos que entravam no armazém.

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Além da escrita, os escribas tinham que conhecer as leis, saber calcular impostos e ter
noções de aritmética. Os escribas possuíam um pictograma próprio, representado pela
paleta. Lê-se sech (escrever), e faz parte das palavras relacionadas com arquivos,
impostos e tributos.

A VIDA DOS EGÍPCIOS


A maior parte da população egípcia morava em pequenas cabanas feitas de junco,
madeira e barro. As casas eram construídas nos locais mais elevados, para não serem
atingidas pelas inundações. Essas casas, além de fornecer abrigo nas noites frias,
protegiam das tempestades de areia. Nas épocas de muito calor, as famílias procuravam
locais mais elevados para tomar ar fresco e fugir do mormaço do interior das casas.
A casa dos camponeses era simples, geralmente com uma única divisão e quase sem
móveis. Os camponeses possuíam apenas algumas esteiras, alguns utensílios de cozinha
e alguns vasos. Como não havia talhares, as pessoas comiam com as mãos.
As casas dos egípcios mais ricos eram confortáveis. Feitas com tijolos de barro secos ao
sol, elas eram bem decoradas e mobiliadas. Possuíam camas, mesas, cadeiras, e os
bancos tinham assentos de couro ou de palha. Mesmo as casas de alguns artesãos, que
não eram ricos, eram bem melhores que as casas dos camponeses.
A alimentação dos egípcios consistia de pão, cebola, alho, favas, lentilhas, rabanetes,
pepinos e, às vezes, peixe. Essa alimentação era regada por cerveja não fermentada. Os
pobres só comiam carne e frutas nos dias de festas. O vinho só aparecia na mesa dos
ricos, que, além dos alimentos citados, consumiam frutas, queijos e carnes de animais
domésticos e selvagens.
Em suas atividades de caça e pesca no Nilo, os egípcios navegavam em pequenas e
frágeis embarcações feitas de feixes de papiro atados. Os pescadores trabalhavam em
grupos e utilizavam enormes redes. Os nobres, porém, pescavam só por diversão, com
auxílio de lanças.
Os camponeses e artesãos vestiam-se apenas com um pedaço de tecido, colocado em
forma de tanga em volta da cintura. As mulheres usavam uma longa túnica e os meninos
geralmente andavam nus.
22
Os ricos usavam trajes mais requintados. Os nobres, por exemplo, usavam um saiote
pregueado e suas mulheres, vestidos bordados com contas.
Nas cerimônias, tanto os homens como as mulheres usavam pesadas perucas. Além
disso, independentemente de idade ou sexo, os egípcios gostavam de usar imensas joias
– tiaras, brincos, colares, anéis, braceletes e pulseiras. Essas joias podiam ser de ouro,
prata, pedras semipreciosas, contas de vidro, conchas ou pequenas pedras polidas de
cores bonitas.
Os egípcios tinham ainda seus jogos e divertimentos. Os jovens nobres, por exemplo,
costumavam sair em carros puxados por cavalos para ir ao rio pescar, apanhar aves ou
caçar hipopótamos e crocodilos. A luta e a natação eram os esportes mais populares. Os
barqueiros costumavam formar equipes e fazer competições no rio. Nessas ocasiões iam
armados com paus a fim de derrubar seus adversários na água. Os egípcios apreciavam
muito os jogos de tabuleiro. Esses jogos assemelhavam-se aos jogos de xadrez e de
damas que conhecemos hoje.
As crianças egípcias também tinham seus jogos e brinquedos. Gostavam muito de
dançar, disputar jogos de equipe, e brincar com bonecas e bolas.

AS MULHERES NA SOCIEDADE EGÍPCIA


Os relevos e pinturas dos túmulos fornecem imenso e importante material para se estudar
a vida cotidiana dos amigos egípcios. Apesar de os grandes túmulos terem pertencido
apenas aos membros dos grupos sociais mais ricos, algumas cenas de seu interior
permitem-nos lançar um olhar sobre o cotidiano de grande parte da população.
As informações transmitidas por estas cenas podem ser complementadas por objetos de
uso diário, que eram muitas vezes sepultados com seus proprietários. Os textos literários
e administrativos são também importantes.
Assim, é possível conhecer um pouco o papel das mulheres no Egito Antigo analisando a
decoração dos túmulos. Nessas cenas, a esposa ou a mãe do proprietário do túmulo têm
maior destaque. Em geral, as duas aparecem vestidas de forma simples, mas elegante,
sentadas comodamente com o homem à mesa de oferendas. Por vezes, elas
acompanham o homem quando ele observa cenas de trabalho.
No outro extremo, encontramos as mulheres ocupadas em trabalhos servis, fazendo pão
e cerveja, fiando ou tecendo. São atividades feitas, provavelmente, em aposentos
domésticos de uma casa mais rica.
A cor amarelada da pele das mulheres indica, entre outras coisas, uma menor exposição
ao sol do que a dos homens, representados com aparência mais avermelhada. Isso
sugere uma reclusão maior da mulher. É possível que não fosse seguro para elas se
aventurarem pelos espaços externos.

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Um texto de Ramsés III afirma: "Tornei possível à mulher egípcia seguir seu caminho,
podendo as suas viagens prolongar-se até onde ela quiser, sem que qualquer outra
pessoa a assalte na estrada", o que implica não ter sido sempre este o caso.
Nos túmulos mais antigos as mulheres estão ausentes dos trabalhos de maior destaque e
das diversões mais agradáveis. Para além das cenas de tocadoras de instrumentos e de
dançarinas acrobáticas, o papel das mulheres neste período parece ter sido muito restrito.
As mulheres não tinham quaisquer títulos importantes e, à exceção de alguns membros
da família real e das rainhas, dispunham de pouco poder político. O titulo que detinham
em geral era o de senhora da casa. Quase todas eram analfabetas.
Os egípcios registravam praticamente tudo que acontecia e para tal desenvolveram um
complexo sistema de escrita, a mais importante sendo a hieroglífica, baseada em
símbolos que poderiam significar letras, silabas ou mesmo frases inteiras.
Devido a grande complexidade, esta era utilizada em documentos mais importantes,
como por exemplo o livro dos mortos. Para documentos menos importantes eram
utilizados outros dois modelos de escrita hierática e demótica, também simbólicas, porém
mais práticas na execução, como podemos comparar na tabela abaixo.

Fonte da Imagem: http://www.fascinioegito.sh06.com/escrita.htm


A arquitetura e matemática também foram desenvolvidas de forma plena, como podemos
verificar nas pirâmides de Gizé, que permanecem até hoje como mostra da grandeza
deste importante povo da antiguidade.

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Mapa Mental:

Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Egito Antigo
https://youtu.be/-vBYuIUKU0s
Canal: "MundoEdu" | Vídeo aula: Egito Antigo
https://youtu.be/Z99Ktk1QeGs
Canal: "Se liga nessa História" | Vídeo aula: Egito Antigo
Parte 1
https://youtu.be/utW3AgZocWI
Parte 2
https://youtu.be/DlSjHyE3hdU

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Exercícios:
1. (ENEM 2009) O Egito é visitado anualmente por milhões de turistas de todos os
quadrantes do planeta, desejosos de ver com os próprios olhos a grandiosidade do poder
esculpida em pedra há milênios: as pirâmides de Gizeh, as tumbas do Vale dos Reis e os
numerosos templos construídos ao longo do Nilo. O que hoje se transformou em atração
turística era, no passado, interpretado de forma muito diferente, pois
a) significa, entre outros aspectos, o poder que os faraós tinham para escravizar grandes
contingentes populacionais que trabalhavam nesses monumentos.
b) representava para as populações do alto Egito a possibilidade de migrar para o sul e
encontrar trabalho nos canteiros faraônicos.
c) significava a solução para os problemas econômicos, uma vez que os faraós
sacrificavam aos deuses suas riquezas, construindo templos.
d) representava a possibilidade de o faraó ordenar a sociedade, obrigando os
desocupados a trabalharem em obras públicas, que engrandeceram o próprio Egito.
e) significava um peso para a população egípcia, que condenava o luxo faraônico e a
religião baseada em crenças e superstições.

2. (ENEM 2008) Ao visitar o Egito do seu tempo, o historiador grego Heródoto (484 –
420/30 a.C.) interessou-se por fenômenos que lhe pareceram incomuns, como as cheias
regulares do rio Nilo. A propósito do assunto, escreveu o seguinte:
“Eu queria saber por que o Nilo sobe no começo do verão e subindo continua durante
cem dias; por que ele se retrai e a sua corrente baixa, assim que termina esse número de
dias, sendo que permanece baixo o inverno inteiro, até um novo verão. Alguns gregos
apresentam explicações para os fenômenos do rio Nilo. Eles afirmam que os ventos do
noroeste provocam a subida do rio, ao impedir que suas águas corram para o mar. Não
obstante, com certa freqüência, esses ventos deixam de soprar, sem que o rio pare de
subir da forma habitual. Além disso, se os ventos do noroeste produzissem esse efeito, os
outros rios que correm na direção contrária aos ventos deveriam apresentar os mesmos
efeitos que o Nilo, mesmo porque eles todos são pequenos, de menor corrente.”
(Heródoto. História (trad.). livro II, 19-23. Chicago: Encyclopaedia Britannica Inc. 2.ª ed.
1990, p. 52-3 (com adaptações)).
Nessa passagem, Heródoto critica a explicação de alguns gregos para os fenômenos do
rio Nilo. De acordo com o texto, julgue as afirmativas abaixo.
I- Para alguns gregos, as cheias do Nilo devem-se ao fato de que suas águas são
impedidas de correr para o mar pela força dos ventos do noroeste.
II- O argumento embasado na influência dos ventos do noroeste nas cheias do Nilo
sustenta-se no fato de que, quando os ventos param, o rio Nilo não sobe.

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III- A explicação de alguns gregos para as cheias do Nilo baseava-se no fato de que
fenômeno igual ocorria com rios de menor porte que seguiam na mesma direção dos
ventos.
É correto apenas o que se afirma em
a) I.
b) II.
c) I e II.
d) I e III.
e) II e III.

3. (Unesp) É certo que as civilizações da Antiguidade legaram à posteridade um


respeitável acervo cultural. No entanto, para superar equívoco, assinale a alternativa
INCORRETA:
a) A pintura egípcia revela belos exemplos de descrição de movimento, sendo a figura
humana representada com a cabeça e os pés de perfil.
b) Entre as Civilizações Mesopotâmicas que se desenvolveram no vale dos rios Tigre e
Eufrates, predominou, durante certo tempo, a forma asiática de produção.
c) No período denominado Homérico, houve a dissolução das comunidades gentílicas e a
formação gradativa das Cidades-Estado da Grécia.
d) A escrita egípcia era em caracteres cuneiformes.
e) O Direito Romano, sujeito a novas interpretações, tornou-se parte importante do
Código de Justiniano, influenciou juristas da Idade Média e até das fases históricas
subsequentes.

4. (Fuvest) A partir do III milênio a. C. desenvolveram-se, nos vales dos grandes rios do
Oriente Próximo, como o Nilo, o Tigre e o Eufrates, estados teocráticos, fortemente
organizados e centralizados e com extensa burocracia. Uma explicação para seu
surgimento é
a) a revolta dos camponeses e a insurreição dos artesãos nas cidades, que só puderam
ser contidas pela imposição dos governos autoritários.
b) a necessidade de coordenar o trabalho de grandes contingentes humanos, para
realizar obras de irrigação.
c) a influência das grandes civilizações do Extremo Oriente, que chegou ao Oriente
Próximo através das caravanas de seda.
d) a expansão das religiões monoteístas, que fundamentavam o caráter divino da realeza
e o poder absoluto do monarca.
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e) a introdução de instrumentos de ferro e a conseqüente revolução tecnológica, que
transformou a agricultura dos vales e levou à centralização do poder.

Respostas:
1) A
2) A
3) D
4) B

Fontes/Créditos:
https://www.mundoedu.com.br/uploads/pdf/53832699ec370.pdf
https://blogdoenem.com.br/egito-antigo-historia-enem/
https://studymaps.com.br/egito-antigo/
https://www.sohistoria.com.br/ef2/egito/
https://m.brasilescola.uol.com.br/historiag/egipcio.htm
Mais exercícios sobre "Egito Antigo":
http://www.genevestibulares.com.br/blog/wordpress/wp-content/uploads/2012/03/lista-de-
exercicios-Hist%C3%B3ria-Antiga.pdf

28
Mesopotâmia

Introdução:
Com o domínio da agricultura, há cerca de 10 mil anos, a humanidade deixou de
ser nômade, isto é, de não ter lugar fixo para morar, sobrevivendo da caça e da coleta.
Desde então, o homem começou a domesticar plantas e animais e a viver em torno de
suas produções, o que levou ao surgimento da primeira civilização: a Mesopotâmia.
Na Mesopotâmia se desenvolveram várias técnicas e muitas invenções surgiram. Criaram
a escrita, a roda, a astronomia e desenvolveram com muita maestria a matemática,
a engenharia, entre outros conhecimentos.

O que é Mesopotâmia?
A Mesopotâmia é uma das primeiras civilizações conhecidas e desenvolveu-se entre os
vales dos rios Tigre e Eufrates, atualmente onde é o território da Síria e, principalmente,
do Iraque. Seu surgimento se deu por volta do ano 5.000 a.C.
Ao longo de aproximadamente 4.500 anos, foi habitada por diversos povos que ora
conviviam em harmonia, ora se confrontavam. Entre eles, podemos citar os sumérios,
acádios, amoritas (ou antigos babilônios), assírios e caldeus (ou novos babilônios) .
29
Esses povos trocaram suas culturas entre si. Assim, por exemplo, a língua, a escrita e
a religião passaram a ser características comuns dos mesopotâmicos. Por essa razão,
todas essas sociedades citadas acima, podem ser estudadas em conjunto, formando uma
única civilização.

O que significa Mesopotâmia?


A palavra Mesopotâmia foi criada pelos gregos antigos para designar a civilização que
vivia entre os rios Tigres e Eufrates. Em grego, “meso” significa “no meio” e “potamos” é
rio, portanto Mesopotâmia é “aqueles que estão entre os rios”, ou, também, “terra entre
rios”.
Lembrando que os próprios mesopotâmicos não se chamavam assim durante sua
história. Esse nome foi criado para se referir aos povos que citamos acima.

História da Mesopotâmia
O desenvolvimento da agricultura e a criação de animais aconteceram em diferentes
momentos e lugares. A Mesopotâmia foi uma das primeiras regiões em que essas
atividades ocorreram.
Inicialmente, os grupos que lá se estabeleceram eram basicamente caçadores-
coletores nômades e produziam instrumentos feitos de pedra, osso e madeira. Aos
poucos, esses grupos começaram a cultivar vegetais e animais. Graças à isso, eles
passaram a permanecer nos lugares que ocupavam, formando as primeiras aldeias.
Entre os produtos cultivados por eles, podemos citar a cevada, a tâmara, o linho,
o gergelim, a cebola, o alho, entre outros. Os primeiros animais a serem domesticados
foram ovelhas, cabras, porcos, bois e outros.
É importante ressaltar que a região da Mesopotâmia é desértica, portanto, para o
desenvolvimento agropecuário os mesopotâmicos aprenderam a lidar com as condições
naturais. Na época das cheias, os rios transbordavam e inundavam as áreas da planície.
Quando as águas baixavam, uma mistura de barro e húmus se depositavam sobre a terra,
favorecendo o cultivo agrícola.
Você já deve ter visto que os egípcios também utilizavam as cheias do rio Nilo para tornar
as terras cultiváveis. Por essa capacidade de aproveitar as condições naturais de rios
com características parecidas, os historiadores chamam a região compreendida entre a
Mesopotâmia e o Egito de “Crescente Fértil”.
Localização
A estreita faixa de terra que localiza-se entre os rios Tigre e Eufrates, no Oriente Médio,
onde atualmente é o Iraque, foi chamada na Antiguidade, de Mesopotâmia, que significa
“entre rios” (do grego, meso = no meio; potamos = rio).

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Essa região foi ocupada, entre 4.000 a.C. e 539 a.C, por uma série de povos, que se
encontraram e se misturaram, empreenderam guerras e dominaram uns aos outros,
formando o que denominamos povos mesopotâmicos. Sumérios, babilônios, hititas,
assírios e caldeus são alguns desses povos.
Esta civilização é considerada uma das mais antigas da história.

A família na Mesopotâmia
As famílias mesopotâmicas eram diferentes das que conhecemos hoje. São chamadas
por estudiosos de “famílias alargadas”, pois eram formadas por avós, pais, filhos, tios,
primos, netos, genros, noras, todos vivendo sob o mesmo teto. Ao casar, o homem levava
a mulher para morar e trabalhar nas terras da família dele.
Mas essa composição familiar não foi sempre assim. Com o passar do tempo, por volta
de 2000 a.C., as grandes famílias deram lugar às famílias mais restritas, compostas por
pais, filhos e algumas pessoas próximas.
Muitas famílias tinham seus próprios campos, plantações e rebanhos. Graças às riquezas
das terras férteis, algumas dessas famílias tornaram-se mais poderosas que outras.
Assim, começaram a surgir as primeiras desigualdades econômicas.

As cidades da Mesopotâmia
As primeiras cidades da Mesopotâmia originaram das aldeias onde a população cresceu e
seus habitantes diversificaram seus ofícios. Foi o caso, por exemplo, de Ur, Uruk, Nippur,
Lagash e Eridu, que surgiram ao sul da Mesopotâmia, na Suméria, por volta de 4.000 a.C.

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Características da Mesopotâmia
Principais características dos povos mesopotâmicos e ressaltar as coisas mais
importantes que você precisa saber:
• Sociedade hidráulica (dependência dos rios Tigre e Eufrates);
• Religião politeísta (crença em vários deuses);
• Monarquia hereditária (poder passado de pai para filho);
• Invenção da escrita (cuneiforme);
• Desenvolvimento da agropecuária;
• Criação de códigos registrados através da escrita (Código de Hamurabi);
• Coexistência de vários povos (sumérios, acádios, caldeus, amoritas e assírios);
• Surgimento da astronomia (observação do céu pelos sacerdotes).

Os sumérios (4000 a.C. – 1900 a.C.)


Foi nos pântanos da antiga Suméria que surgiram as primeiras cidades conhecidas na
região da Mesopotâmia, como Ur, Uruk e Nipur.
Os povos da Suméria enfrentaram muitos obstáculos naturais. Um deles era as violentas
e irregulares cheias dos rios Tigre e Eufrates. Para conter a força das águas e aproveita-
las, construíram diques, barragens, reservatórios e também canais de irrigação, que
conduziam as águas para as regiões secas.
Atribui-se aos Sumérios o desenvolvimento de um tipo de escrita, chamada cuneiforme,
que inicialmente, foi criada para registrar transações comerciais.
A escrita cuneiforme – usada também pelos sírios, hebreus e persas – era uma escrita
ideográfica, na qual o objeto representado expressava uma ideia, dificultando a
representação de sentimento, ações ou ideias abstratas, com o tempo, os sinais pictóricos
converteram-se em um sistema de sílabas. Os registros eram feitos em uma placa de
argila mole. Utilizava-se para isso um estilete, que tinha uma das pontas em forma de
cunha, daí o nome de escrita cuneiforme.
Quem decifrou esta escrita foi Henry C. Rawlinson, através das inscrições da Rocha de
Behistun. Na mesma época, outro tipo de escrita, a hieroglífica desenvolvia-se no Egito

Caracteres cuneiformes gravados na Suméria, por volta de 3200 a.C.

32
Os babilônios
Na sociedade suméria havia escravidão, porém o número de escravos era pequeno.
Grupos de nômades, vindos do deserto da Síria, conhecidos como Acadianos, dominaram
as cidades-estados da Suméria por volta de 2300 a.C.
Os povos da Suméria destacaram-se também nos trabalhos em metal, na lapidação de
pedras preciosas e na escultura. A construção característica desse povo é a zigurate,
depois copiada pelos povos que se sucederam na região. Era uma torre em forma de
pirâmide, composta de sucessivos terraços e encimada por um pequeno templo.
Os Sumérios eram politeístas e faziam do
culto aos deuses uma das principais
atividades a desempenhar na vida. Quando
interrompiam as orações deixavam
estatuetas de pedra diante dos altares para
rezarem em seu nome.
Dentro dos templos havia oficinas para
artesãos, cujos produtos contribuíram para a prosperidade da Suméria.
Os sumérios merecem destaque também por terem sido os primeiros a construir veículos
com rodas. As cidades sumérias eram autônomas, ou seja, cada qual possuía um
governo independente. Apenas por volta de 2330 a.C., essas cidades foram unificadas.
O processo de unificação ocorreu sob comando do rei Sargão I, da cidade de Acad.
Surgia assim o primeiro império da região.
O império construído pelos acades não durou muito tempo. Pouco mais de cem anos
depois, foi destruído por povos inimigos.
Os babilônios (1900 a. C – 1600 a.C.)
Os babilônios estabeleceram-se ao norte da região ocupada pelos sumérios e, aos
poucos, foram conquistando diversas cidades da região mesopotâmica. Nesse processo,
destacou-se o rei Hamurabi, que, por volta de 1750 a.C., havia conquistado toda a
Mesopotâmia, formando um império com capital na cidade de Babilônia.
Hamurabi impôs a todos os povos dominados uma mesma administração. Ficou famosa a
sua legislação, baseada no princípio de talião (olho por olho, dente por dente, braço por
braço, etc.) O Código de Hamurabi, como ficou conhecido, é um dos mais antigos
conjuntos de leis escritas da história. Hamurabi desenvolveu esse conjunto de leis para
poder organizar e controlar a sociedade. De acordo com o Código, todo criminoso deveria
ser punido de uma forma proporcional ao delito cometido.
Os babilônios também desenvolveram um rico e preciso calendário, cujo objetivo principal
era conhecer mais sobre as cheias do rio Eufrates e também obter melhores condições
para o desenvolvimento da agricultura. Excelentes observadores dos astros e com grande
conhecimento de astronomia, desenvolveram um preciso relógio de sol.
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Além de Hamurabi, um outro imperador que se tornou conhecido por sua administração
foi Nabucodonosor, responsável pela construção dos Jardins suspensos da Babilônia, que
fez para satisfazer sua esposa, e a Torre de Babel. Sob seu comando, os babilônios
chegaram a conquistar o povo hebreu e a cidade de Jerusalém.

Jardins Suspensos da Babilônia Torre de Babel

Após a morte de Hamurabi, o império Babilônico foi invadido e ocupado por povos vindos
do norte e do leste.
Os hititas (1600 a. C – 1200 a.C.)
Os Hititas foram um povo indo-europeu, que no 2º milênio a.C. fundaram um poderoso
império na Anatólia Central (atual Turquia), região próxima da Mesopotâmia. A partir daí,
estenderam seus domínios até a Síria e chegaram a conquistar a Babilônia.
Provavelmente, a localização de sua capital, Hatusa, no centro da Ásia Menor, contribuiu
para o controle das fronteiras do Império Hitita.
Essa sociedade legou-nos os mais antigos textos escritos em língua indo-europeia. Essa
língua deu origem à maior parte dos idiomas falados na Europa. Os textos tratavam de
história, política, legislação literatura e religião e foram gravados em sinais cuneiformes
sobre tábuas de argila.
Os Hititas utilizavam o ferro e o cavalo, o que era uma novidade na região. O cavalo deu
maior velocidade aos carros de guerra, construídos não mais com rodas cheias, como as
dos sumérios, mas rodas com raios, mais leves e de fácil manejo.
O exército era comandado por um rei, que também tinha as funções de juiz supremo e
sacerdote. Na sociedade hitita, as rainhas dispunham de relativo poder.
No aspecto cultural podemos destacar a escrita hitita, baseada em representações
pictográficas (desenhos). Além desta escrita hieroglífica, os hititas também possuíam um
tipo de escrita cuneiforme.

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Pictograma mostrando um guerreiro hitita.
Assim como vários povos da antiguidade, os hititas seguiam o politeísmo (acreditavam em
várias divindades). Os deuses hititas estavam relacionados aos diversos aspectos da
natureza (vento, água, chuva, terra, etc).
Em torno de 1200 a.C., os hititas foram dominados pelos assírios, que, contando com
exércitos permanentes, tinham grande poderio militar. A queda deste império dá-se por
volta do século 12 a.C.

Os assírios (1200 a. C – 612 a.C.)

Legenda: Painel de pedra que decorava o palácio do rei Assurbanipal, em Nínive,


arqueiros assírios colocam em fuga um contingente de árabes montados em camelos.
Os assírios habitavam a região ao norte da babilônia e por volta de 729 a.C. já haviam
conquistado toda a Mesopotâmia. Sua capital, nos anos mais prósperos, foi Nínive, numa
região que hoje pertence ao Iraque.

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Este povo destacou-se pela organização e desenvolvimento de uma cultura militar.
Encaravam a guerra como uma das principais formas de conquistar poder e desenvolver
a sociedade. Eram extremamente cruéis com os povos inimigos que conquistavam,
impunham aos vencidos, castigos e crueldades como uma forma de manter respeito e
espalhar o medo entre os outros povos. Com estas atitudes, tiveram que enfrentar uma
série de revoltas populares nas regiões que conquistavam.
Empreenderam a conquista da Babilônia, e a partir daí começaram a alargar as fronteiras
do seu Império até atingirem o Egito, no norte da África. O Império Assírio conheceu seu
período de maior glória e prosperidade durante o reinado de Assurbanipal.
Assurbanipal foi o último grande rei dos assírios. Durante o seu reinado (668 - 627 a.C.), a
Assíria se tornou a primeira potência mundial. Seu império incluía a Babilônia, a Pérsia, a
Síria e o Egito.
Ainda no reinado de Assurbanipal, os babilônios se libertaram (em 626 a.C.) e capturaram
Ninive. Com a morte de Assurbanipal, a decadência do Império Assírio se acentuou, e o
poderio da Assíria desmoronou. Uma década mais tarde o império caía em mãos de
babilônios e persas.
O estranho paradoxo da cultura assíria foi o crescimento da ciência e da matemática. Este
fato pode em parte explicado pela obsessão assíria com a guerra e invasões. Entre as
grandes invenções matemáticas dos assírios está a divisão do círculo em 360 graus,
tendo sido eles dentre os primeiros a inventar latitude e longitude para navegação
geográfica. Eles também desenvolveram uma sofisticada ciência médica, que muito
influenciou outras regiões, tão distantes como a Grécia.

Os caldeus (612 a. C – 539 a.C.)


A Caldeia era uma região no sul da Mesopotâmia, principalmente na margem oriental do
rio Eufrates, mas muitas vezes o termo é usado para se referir a toda a planície
mesopotâmica. A região da Caldeia é uma vasta planície formada por depósitos do
Eufrates e do Tigre, estendendo-se a cerca de 250 quilômetros ao longo do curso de
ambos os rios, e cerca de 60 quilômetros em largura.
Os Caldeus foram uma tribo (acredita-se que tenham emigrado da Arábia) que viveu no
litoral do Golfo Pérsico e se tornou parte do Império da Babilônia. Esse império ficou
conhecido como Neobabilônico ou Segundo Império Babilôncio. Seu mais importante
soberano foi Nabucodonosor.
Em 587 a.C., Nabucodonosor conquistou Jerusalém. Além de estender seus domínios,
foram feitos muitos escravos entre os habitantes de Jesuralém. Seguiu-se então um
período de prosperidade material, quando foram construídos grandes edifícios com tijolos
coloridos

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Em 539 a.C., Ciro, rei dos persas, apoderou-se de Babilônia e transformou-a em mais
uma província de seu gigantesco império.

A organização social dos mesopotâmios


Sumérios, babilônios, hititas, assírios, caldeus. Entre os inúmeros povos que habitaram a
Mesopotâmia existiam diferenças profundas. Os assírios, por exemplo, eram guerreiros.
Os sumérios dedicavam-se mais à agricultura.
Apesar dessas diferenças, é possível estabelecer pontos comuns entre eles. No que se
refere à organização social, à religião e à economia. Vamos agora conhecê-las:

A sociedade
As classes sociais - A sociedade estava dividida em classes: nobres, sacerdotes versados
em ciências e respeitados, comerciantes, pequenos proprietários e escravos.
A organização social variou muito pelos séculos, mas de modo geral podemos falar:
• Dominantes: governantes, sacerdotes, militares e comerciantes.
• Dominados: camponeses, pequenos artesãos e escravos (normalmente presos de
guerra).
• Dominantes detinham o poder de quatro formas básicas de manifestação desse
poder: riqueza, política, militar e saber. Posição mais elevada era do rei que
detinha poderes políticos, religiosos e militares. Ele não era considerado um deus,
mas sim representante dos deuses.
• Os dominados consumiam diretamente o que produziam e eram obrigados a
entregar excedentes para os dominantes

A vida cotidiana na mesopotâmia


Escravos e pessoas de condições mais humildes levavam o mesmo tipo de vida. A
alimentação era muito simples: pão de cevada, um punhado de tâmaras e um pouco de
cerveja leve. Isso era a base do cardápio diário. Às vezes comiam legumes, lentilha, feijão
e pepino ou, ainda, algum peixe pescado nos rios ou canais. A carne era um alimento
raro.
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Na habitação, a mesma simplicidade. Às vezes a casa era um simples cubo de tijolos
crus, revestidos de barro. O telhado era plano e feito com troncos de palmeiras e argila
comprimida. Esse tipo de telhado tinha a desvantagem de deixar passar a água nas
chuvas mais torrenciais, mas em tempos normais era usado como terraço.
As casas não tinham janelas e à noite eram iluminadas por lampiões de óleo de gergelim.
Os insetos eram abundantes nas moradias.
Os ricos se alimentavam melhor e moravam em casas mais confortáveis que os pobres.
Mesmo assim, quando as epidemias se abatiam sobre as cidades, a mortalidade era a
mesma em todas as camadas sociais.

A religião
Os povos mesopotâmicos eram politeístas, isto é, adoravam diversas divindades, e
acreditavam que elas eram capazes de fazer tanto o bem quanto o mal, não acreditavam
em recompensas após a morte, acreditavam em crença em gênios, demônios, heróis,
adivinhações e magia. Seus deuses eram numerosos com qualidades e defeitos,
sentimentos e paixões, imortais, despóticos e sanguinários.
Cada divindade era uma força da natureza como o vento, a água, a terra, o sol, etc, e do
dono da sua cidade. Marduk, deus de Babilônia, o cabeça de todos, tornou-se deus do
Império, durante o reinado de Hamurabi. Foi substituído por Assur, durante o domínio dos
assírios. Voltou ao posto com Nabucodonosor.
Acreditavam também em gênios bons que ajudavam os deuses a defender-se contra os
demônios, contra as divindades perversas, contra as enfermidades, contra a morte. Os
homens procuravam conhecer a vontade dos deuses manifestada em sonhos, eclipses,
movimento dos astros. Essas observações feitas pelos sacerdotes deram origem à
astrologia.

Política e economia
A organização política da Mesopotâmia tinha um soberano divinizado, assessorado por
burocratas- sacerdotes, que administravam a distribuição de terras, o sistema de irrigação
e as obras hidráulicas. O sistema financeiro ficava a cargo de um templo, que funcionava
como um verdadeiro banco, emprestando sementes, distribuído um documento
semelhante ao cheque bancário moderno e cobrando juros sobre as sementes
emprestadas.
Em linhas gerais pode-se dizer que a forma de produção predominante na Mesopotâmia
baseou-se na propriedade coletiva das terras administrada pelos templos e palácios. Os
indivíduos só usufruíam da terra enquanto membros dessas comunidades. Acredita-se
que quase todos os meios de produção estavam sobre o controle do déspota,
personificações do Estado, e dos templos. O templo era o centro que recebia toda a
produção, distribuindo-a de acordo com as necessidades, alem de proprietário de boa
parte das terras: é o que se denomina cidade-templo.
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Administradas por uma corporação de sacerdotes, as terras, que teoricamente eram dos
deuses, eram entregues aos camponeses. Cada família recebia um lote de terra e devia
entregar ao templo uma parte da colheita como pagamento pelo uso útil da terra. Já as
propriedades particulares eram cultivadas por assalariados ou arrendatários.
Entre os sumérios havia a escravidão, porém o número de escravos era relativamente
pequeno.

A agricultura
A agricultura era base da economia neste período. A economia da Baixa Mesopotâmia,
em meados do terceiro milênio a.C. baseava-se na agricultura de irrigação. Cultivavam
trigo, cevada, linho, gergelim (sésamo, de onde extraiam o azeite para alimentação e
iluminação), arvores frutíferas, raízes e legumes. Os instrumentos de trabalho eram
rudimentares, em geral de pedra, madeira e barro. O bronze foi introduzido na segunda
metade do terceiro milênio a.C., porem, a verdadeira revolução ocorreu com a sua
utilização, isto já no final do segundo milênio antes da Era Cristã. Usavam o arado
semeador, a grade e carros de roda;

A criação de animais
A criação de carneiros, burros, bois, gansos e patos era bastante desenvolvida.

O comércio
Os comerciantes eram funcionários a serviço dos templos e do palácio. Apesar disso,
podiam fazer negócios por conta própria. A situação geográfica e a pobreza de matérias
primas favoreceram os empreendimentos mercantis. As caravanas de mercadores iam
vender seus produtos e buscar o marfim da Índia, a madeira do Líbano, o cobre de Chipre
e o estanho de Cáucaso. Exportavam tecidos de linho, lã e tapetes, além de pedras
preciosas e perfumes.
As transações comerciais eram feitas na base de troca, criando um padrão de troca
inicialmente representado pela cevada e depois pelos metais que circulavam sobre as
mais diversas formas, sem jamais atingir, no entanto, a forma de moeda. A existência de
um comércio muito intenso deu origem a uma organização economia sólida, que realizava
operações como empréstimos a juros, corretagem e sociedades em negócios. Usavam
recibos, escrituras e cartas de crédito.
O comércio foi uma figura importante na sociedade mesopotâmica, e o fortalecimento do
grupo mercantil provocou mudanças significativas, que acabaram por influenciar na
desagregação da forma de produção templário-palaciana dominante na Mesopotâmia.

As ciências a astronomia
Entre os babilônicos, foi a principal ciência. Notáveis eram os conhecimentos dos
sacerdotes no campo da astronomia, muito ligada e mesmo subordinada a astrologia.
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As torres dos templos serviam de observatórios astronômicos. Conheciam as diferenças
entre os planetas e as estrelas e sabiam prever eclipses lunares e solares. Dividiram o
ano em meses, os meses em semanas, as semanas em sete dias, os dias em doze
horas, as horas em sessenta minutos e os minutos em sessenta segundos. Os elementos
da astronomia elaborada pelos mesopotâmicos serviram de base à astronomia dos
gregos, dos árabes e deram origem à astronomia dos europeus.

A matemática
Entre os caldeus, alcançou grande progresso. As necessidades do dia a dia levaram a um
certo desenvolvimento da matemática.
Os mesopotâmicos usavam um sistema matemático sexagesimal (baseado no número
60). Eles conheciam os resultados das |multiplicações e divisões, raízes quadradas e raiz
cúbica e equações do segundo grau. Os matemáticos indicavam os passos a serem
seguidos nessas operações, através da multiplicação dos exemplos. Jamais divulgaram
as formulas dessas operações, o que tornaria as repetições dos exemplos
desnecessárias. Também dividiram o círculo em 360 graus, elaboraram tábuas
correspondentes às tábuas dos logaritmos atuais e inventaram medidas de comprimento,
superfície e capacidade de peso;

A medicina
Os progressos da medicina foram grandes (catalogação das plantas medicinais, por
exemplo). Assim como o direito e a matemática, a medicina estava ligada a adivinhação.
Contudo, a medicina não era confundida com a simples magia. Os médicos da
Mesopotâmia, cuja profissão era bastante considerada, não acreditavam que todos os
males tinham origem sobrenatural, já que utilizavam medicamentos à base de plantas e
faziam tratamentos cirúrgicos. Geralmente, o medico trabalhava junto com um exorcista,
para expulsar os demônios, e recorria aos adivinhos, para diagnosticar os males.

As letras

Escrita cuneiforme gravada numa escultura do século XXII a.C. (Museu do Louvre, Paris).

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A linguagem escrita é resultado da necessidade humana de garantir a comunicação e o
desenvolvimento da técnica.

A escrita
A escrita cuneiforme, grande realização sumeriana, usada pelos sírios, hebreus e persas,
surgiu ligada às necessidades de contabilização dos templos. Era uma escrita ideográfica,
na qual o objeto representado expressava uma ideia. Os sumérios - e, mais tarde os
babilônicos e os assírios, que falavam acadiano - fizeram uso extensivo da escrita
cuneiforme. Mais tarde, os sacerdotes e escribas começaram a utilizar uma escrita
convencional, que não tinha nenhuma relação com o objeto representado.
As convenções eram conhecidas por eles, os encarregados da linguagem culta, e
procuravam representar os sons da fala humana, isto é, cada sinal representava um som.
Surgia assim a escrita fonética, que pelo menos no segundo milênio a.C., já era utilizado
nos registros de contabilidade, rituais mágicos e textos religiosos. Quem decifrou a escrita
cuneiforme foi Henry C. Rawlinson. A chave dessa façanha ele obteve nas inscrições da
Rocha de Behistun, na qual estava gravada uma gigantesca mensagem de 20 metros de
comprimento por 7 de Altura.
A mensagem fora talhada na pedra pelo rei Dario, e Rawlinson identificou três tipos
diferentes de escrita (antigo persa, elamita e acádio - também chamado de assírio ou
babilônico). O alemão Georg Friederich Grotefend e o francês Jules Oppent também se
destacaram nos estudos da escrita sumeriana.

A Literatura era pobre


Destacam-se apenas o Mito da Criação e a Epopeia de Guilgamesh - aventura de amor e
coragem desse herói semi-deus, cujo objetivo era conhecer o segredo da imortalidade.

O Direito
O Código de Hamurabi, até pouco tempo o primeiro código de leis que se tinha notícia,
não é original. É uma compilação de leis sumerianas mescladas com tradições semitas.
Ele apresenta uma diversidade de procedimentos jurídicos e determinação de penas para
uma vasta gama de crimes.
Contém 282 leis, abrangendo praticamente todos os aspectos da vida babilônica,
passando pelo comércio, propriedade, herança, direitos da mulher, família, adultério,
falsas acusações e escravidão. Suas principais características são: Pena ou Lei de Talião,
isto é, "olho por olho, dente por dente" (o castigo do criminoso deveria ser exatamente
proporcional ao crime por ele cometido), desigualdade perante a lei (as punições
variavam de acordo com a posição social da vitima e do infrator), divisão da sociedade em
classes (os homens livres, os escravos e um grupo intermediário pouco conhecido - os
mushkhinum) e igualdade de filiação na distribuição da herança.

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O Código de Hamurabi reflete a preocupação em disciplinar a vida econômica (controle
dos preços, organização dos artesãos, etc.) e garantir o regime de propriedade privada da
terra. Os textos jurídicos mesopotâmicos invocavam os deuses da justiça, os mesmos da
adivinhação, que decretavam as leis e presidiam os julgamentos.

Legenda: inscrição do Código de Hamurabi.

As artes
A mais desenvolvida das artes, porém não era tão notável quanto a egípcia. Caracterizou-
se pelo exibicionismo e pelo luxo. Construíram templos e palácios, que eram
considerados cópias dos existentes nos céus, de tijolos, por ser escassa a pedra na
região. O zigurate, torre de vários andares, foi a construção característica das cidades-
estados sumerianas. Nas construções, empregavam argila, ladrilhos e tijolos.

Escultura e a pintura
Tanto a escultura quanto a pintura eram fundamentalmente decorativas. A escultura era
pobre, representada pelo baixo relevo. Destacava-se a estatuária assíria, gigantesca e
original. Os relevos do palácio de Assurbanipal são obras de artistas excepcionais. A
pintura mural existia em função da arquitetura.

A música e a dança
A música na Mesopotâmia, principalmente entre os babilônicos, estava ligada à religião.
Quando os fiéis estavam reunidos, cantavam hinos em louvor dos deuses, com
acompanhamento de música. Esses hinos começavam muitas vezes, pelas expressões: "
Glória, louvor tal deus; quero cantar os louvores de tal deus", seguindo a enumeração de
suas qualidades, de socorro que dele pode esperar o fiel.
Nas cerimônias de penitência, os hinos eram de lamentação: "aí de nós", exclamavam
eles, relembrando os sofrimentos de tal ou qual deus ou apiedando-se das desditas que
desabam sobre a cidade. Instrumentos sem dúvida de sons surdos, acompanhavam essa
recitação e no corpo desses salmos, vê-se o texto interromper-se e as onomatopeias "ua",
"ui", "ua", sucederem-se em toda uma linha. A massa dos fiéis devia interromper a
recitação e não retomá-la senão quando todos, em coro tivessem gemido bastante.
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A procissão, finalmente, muitas vezes acompanhava as cerimônias religiosas e mesmo as
cerimônias civis. Sobre um baixo-relevo assírio do British Museum que representa a
tomada da cidade de Madaktu em Elam, a população sai da cidade e se apresenta diante
do vencedor, precedida de música, enquanto as mulheres do cortejo batem palmas à
oriental para compassar a marcha.
O canto também tinha ligações com a magia. Há cantos a favor ou contra um nascimento
feliz, cantos de amor, de ódio, de guerra, cantos de caça, de evocação dos mortos, cantos
para favorecer, entre os viajantes, o estado de transe.
A dança, que é o gesto, o ato reforçado, se apoia em magia sobre leis da semelhança. Ela
é mímica, aplica-se a todas as coisas:- há danças para fazer chover, para guerra, de
caça, de amor etc.
Danças rituais têm sido representadas em monumentos da Ásia Ocidental, Suméria. Em
Thecheme-Ali, perto de Teerã; em Tepe-Sialk, perto de Kashan; em Tepe-Mussian, região
de Susa, cacos arcaicos reproduzem filas de mulheres nuas, dando-se as mãos, cabelos
ao vento, executando uma dança. Em cilindros-sinetes vêem-se danças no curso dos
festins sagrados (tumbas reais de Ur).

O legado dos povos mesopotâmicos


Herdamos dos povos mesopotâmicos vários elementos de nossa cultura. Vejamos alguns:
• O ano de 12 meses e a semana de 7 dias;
• A divisão do dia em 24 horas;
• A crença nos horóscopos e os doze signos do zodíaco;
• A previsão dos eclipses;
• O hábito de fazer o plantio de acordo com as fases da lua;
• A circunferência de 360 graus.
O processo aritmético das operações matemáticas; multiplicação, divisão, soma e
subtração além de raiz quadrada e cúbica.

Curiosidades da Mesopotâmia
Por ter sido a civilização mais antiga, os mesopotâmicos foram precursores de várias
invenções e tecnologias da humanidade. Foram eles que chegaram na frente ao descobrir
várias técnicas, formas de construção, desenvolvimento agrícola, etc.
A roda, por exemplo, foi inventada há cerca de 6 mil anos para o transporte de grandes
blocos de pedras utilizadas nas construções de templos e palácios. Mais tarde esse
invento revolucionou os transportes e proporciona hoje a utilização de carros, aviões,
bicicletas, etc.
Os canais e diques utilizados na irrigação das lavouras até os dias atuais, também foram
criados pelos mesopotâmicos diante da necessidade de levar água para plantações mais
distantes das margens dos rios Tigre e Eufrates.

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Na matemática, desenvolveram cálculos, números e formas de calcular áreas. Graças à
necessidade de construir templos e palácios, a matemática teve que ser aprimorada.

Mapa Mental:

Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Mesopotâmia
Parte 1
https://youtu.be/4j7WKEXL0tQ
Parte 2
https://youtu.be/_UvP3-qtRBo
Canal: "Stoodi" | Vídeo aula: Mesopotâmia
https://youtu.be/ZclCE5ajfpA
Canal: "Se liga nessa História" | Vídeo aula: Mesopotâmia (Playlist)
https://www.youtube.com/playlist?list=PLPNLvl90MqKRA21UUfpOGo0Dzz1kfZKsR
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Mesopotâmia
Parte 1
https://youtu.be/teW66LEBvhw
Parte 2
https://youtu.be/VxgOLQmzGnk

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Exercícios:
1. (Fatec) O Iraque, recentemente em guerra com os EUA e Inglaterra, já foi palco de uma
grande civilização na Antiguidade, a Mesopotâmia. Desta civilização, inserida na área do
Crescente Fértil, é correto afirmar:
a) teve em Senaqueribe seu mais importante rei, que além de transformar a Babilônia
num dos principais centros urbanos, elaborou o 1º código de leis completo, assentado nas
antigas tradições sumerianas.
b) durante o governo de Nabucodonosor foram realizadas grandes construções públicas,
merecendo destaque os "Jardins Suspensos da Babilônia", considerados uma das
maravilhas do Mundo Antigo.
c) Nabopalassar, que substituiu Nabucodonosor, não conseguiu manter o império, que foi
conquistado por Ciro, o Grande, da Pérsia.
d) Assurbanípal, rei dos Assírios, depois de dominar a Caldeia, mudou a capital do império
para a cidade de Ur.
e) com Hamurábi, os sumerianos, vindos do planalto do Irã, fixaram-se na Caldéia e
fundaram diversas cidades autônomas, como Ur, Nínive e Babilônia.

2. (Fuvest) A partir do III milênio a. C. desenvolveram-se, nos vales dos grandes rios do
Oriente Próximo, como o Nilo, o Tigre e o Eufrates, estados teocráticos, fortemente
organizados e centralizados e com extensa burocracia. Uma explicação para seu
surgimento é:
a) a revolta dos camponeses e a insurreição dos artesãos nas cidades, que só puderam
ser contidas pela imposição dos governos autoritários.
b) a necessidade de coordenar o trabalho de grandes contingentes humanos, para
realizar obras de irrigação.
c) a influência das grandes civilizações do Extremo Oriente, que chegou ao Oriente
Próximo através das caravanas de seda.
d) a expansão das religiões monoteístas, que fundamentavam o caráter divino da realeza
e o poder absoluto do monarca.
e) a introdução de instrumentos de ferro e a conseqüente revolução tecnológica, que
transformou a agricultura dos vales e levou à centralização do poder.

3. (Ufrn) As sociedades que, na Antigüidade, habitavam os vales dos rios Nilo, Tigre e
Eufrates tinham em comum o fato de:
a) terem desenvolvido um intenso comércio marítimo, que favoreceu a constituição de
grandes civilizações hidráulicas.
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b) serem povos orientais que formaram diversas cidades-estado, as quais organizavam e
controlavam a produção de cereais.
c) haverem possibilitado a formação do Estado a partir da produção de excedentes, da
necessidade de controle hidráulico e da diferenciação social.
d) possuírem, baseados na prestação de serviço dos camponeses, imensos exércitos que
viabilizaram a formação de grandes impérios milenares.

4. (FABUS) Na Mesopotâmia – terra entre rios – viveram muitos povos. A região era fértil
e menos protegida que o vale do rio Nilo, o que favorecia a fixação de populações, a
formação de cidades e a disputa por terras. Sobre a Mesopotâmia é incorreto afirmarmos:
a) Comparado ao Egito, o Estado na Mesopotâmia participava menos da economia. As
estruturas econômicas e sociais, porém, eram muito semelhantes.
b) Os deuses, numerosos na mesopotâmia, eram representados com a forma humana.
Simbolizavam as forças da natureza e os astros do céu. Anu, Shaman e Sin, são
exemplos de deuses mesopotâmicos.
c) Um dos povos que dominaram a Mesopotâmia foi o assírio, que impôs seu domínio
pelo terror, saqueando, destruindo e massacrando os vencidos. Foi um dos primeiros
povos que teve um exército permanente.
d) Os babilônicos são responsáveis pela escrita mais antiga que se tem conhecimento.
Ela surgiu por volta de 3000 a.C. e era baseada em caracteres cuneiformes.
e) Na área científica, os mesopotâmicos deixaram contribuições notáveis na área da
matemática e da astronomia. Na medicina, antes do tratamento a base de ervas era feito
o exorcismo.

Respostas:
1) B
2) B
3) C
4) D

Fontes/Créditos:
https://www.mundoedu.com.br/uploads/pdf/534c1c13c8ef8.pdf
https://studymaps.com.br/resumao-mental-mesopotamia/
https://blogdoenem.com.br/mesopotamia-simulado-enem/
https://www.stoodi.com.br/blog/2018/08/24/mesopotamia/
https://www.sohistoria.com.br/ef2/mesopotamia/

46
Mais exercícios sobre "Mesopôtamia":
http://cantinhomaissaber.blogspot.com/2016/08/mesopotamia-exercicios-com-gabarito.html

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Pérsia
Introdução
Durante a Antiguidade, a região da Mesopotâmia foi marcada por um grande número de
conflitos. Entre essas guerras destacamos a dominação dos persas sobre o Império
Babilônico, em 539 a.C. Sob a liderança do rei Ciro, os exércitos persas empreenderam a
formação de um grande Estado centralizado que dominou toda a região mesopotâmica.
Depois de unificar a população, os persas inicialmente ampliaram as fronteiras em direção
à Lídia e às cidades gregas da Ásia menor.
Civilização Persa
A civilização persa foi uma das mais expressivas civilizações da Antiguidade. A Pérsia
situava-se a leste da Mesopotâmia, num extenso planalto onde hoje corresponde ao Irã,
localizado entre o golfo Pérsico e o mar Cáspio. Ao contrário das regiões vizinhas,
possuía poucas áreas férteis. Esta civilização estabeleceu-se no território por volta de 550
a.C..

Através de Ciro, que era um príncipe persa, realizou a dominação do Reino da região da
Média e, assim, deu início à formação de um bem-sucedido reinado que durou cerca de
vinte e cinco anos. Nesse período, este talentoso imperador também conquistou o reino
da Lídia, a Fenícia, a Síria, a Palestina, as regiões gregas da Ásia Menor e a Babilônia.
O processo de expansão iniciado
por Ciro foi continuado pela ação do
imperador Dario, que dominou as
planícies do rio Indo e a Trácia.
Nesse momento, dada as grandes
proporções assumidas pelo território
persa, Dario viabilizou a ordenação
de uma geniosa reforma
administrativa. Pelas mãos de Dario,
os domínios persas foram divididos
em satrápias, subdivisões do território a serem administrados por um sátrapa.

Persas

Mosaico representando os exércitos persas

48
O planalto do Irã, região montanhosa e desértica, situada a leste do Crescente Fértil,
entre a Mesopotâmia e a Índia, foi povoado pelos medos e pelos persas.

A princípio, os persas eram dominados pelos medos. Essa situação se inverteria por volta
de 550 a.C. Nessa época, sob o comando de Ciro, os persas dominaram os medos e
passaram a controlar a região.
Os persas conquistaram ainda outros povos que viviam nas proximidades do planalto do
Irã, impondo a todos a mesma administração. Eles acabaram por construir um vasto
império. Seu território compreendia a Ásia Menor, a Mesopotâmia e uma parte da Ásia
Central.
Esses domínios seriam ainda ampliados nos governos posteriores a Ciro: Cambises
conquistou o Egito em 525 a.C.; Dario I dominou a Ásia até o vale do rio Indo e também
uma pequena parte da Europa, onde se localizavam algumas colônias gregas.
Dario e depois seu sucessor, Xerxes, tentaram conquistar ainda a região da atual Grécia,
mas fracassaram. Em 330 a.C., o Império Persa foi conquistado por Alexandre Magno, da
Macedônia.

A formação do império persa


Ciro inaugurou o chamado império persa. Com o aumento da população, houve a
necessidade da expansão geográfica.
Ciro, o Grande (558-529 a.C.), tornou-se rei dos medos e persas, após haver conquistado
Ecbátana e destronado Astíages (555 a.C.). Conquistou também a Babilônia (539 a.C.). O
império ia desde o Helesponto até as fronteiras da Índia.
Ciro não proibia as crenças nativas dos povos conquistados. Concedia alguma
autonomia para as classes altas, que governavam as regiões dominadas pelos persas,
mas exigia, em troca, homens para seu exército, alimentos e metais preciosos. Ciro
morreu em 529 a.C.
Cambises , filho e sucessor de Ciro, iniciou uma difícil campanha militar contra o Egito,
em 525 a.C., finalmente vencida pelos persas na batalha de Pelusa. Nessa época o
império persa abrangia o mar Cáspio, o mar Negro, o Cáucaso, grande parte do
Mediterrâneo oriental, os desertos da África e da Arábia, o golfo Pérsico e a Índia.
Cambise pretendia estender seus domínios até Cartago, mas não conseguiu levar esse
plano adiante por causa de violenta luta interna pelo poder.
A luta pelo poder prosseguiu após a morte de Cambises. Dario, parente distante de
Cambises, aliou-se a fortes setores da nobreza, tomou o trono e iniciou uma nova era na
história da Pérsia

49
Ciro, o grande (imperador persa)

A organização do império

Os povos dominados pelos persas podiam conservar seus costumes, suas leis, sua
religião e sua língua. Eram obrigados, porém, a pagar tributos e a servir o exército persa.
Dario procurou organizar o império dividindo-o em províncias e nomeando pessoas de
sua confiança para governá-las. Para facilitar a comunicação entre as províncias, foram
construídas diversas estradas, entre elas a Estrada Real. Com mais de 2 mil quilômetros
de extensão, essa estrada ligava as cidades de Susa e Sardes. Por ela passavam os
correios reais, o exército e as caravanas de mercados.
A riqueza para sustentar esse enorme império era fornecida por camponeses livres, que
viviam em comunidades e pagavam impostos ao imperador. Havia também o trabalho
escravo, mas a maioria dos trabalhadores não pertencia a essa categoria
Dario I
Foi responsável também pela criação de um sistema de estradas e postos de
abastecimento como cavaleiros e cavalos a disposição para revezarem a transmissão de
mensagens e ordens, o que facilitava a administração de todo o território conquistado.
Dario também criou um padrão monetário chamado de dárico, que facilitou o
desenvolvimento do comércio entre as províncias do império.
Por volta de 490 a.C. Dario I tentou conquistar os estreitos de Bósforo e Dardanelos e
então os interesses persas chocaram-se com os interesses gregos em torno do mar egeu
(área do mediterrâneo). Tentando subjugar os gregos, Dario é morto e o poder é herdado
pelo filho Xerxes, que mantém a guerra contra os gregos. Os persas seriam derrotados
pelos gregos nas batalhas de Salamina e Plateia, em 480 e 479 a.C. cedendo a
hegemonia comercial do mar Egeu aos gregos após o fim das Guerras Médicas.

50
Fonte: http://www.ecunico.com.br/eisohomem/daniel/imperio%20medo.htm

No mapa acima podemos verificar toda a extensão do Império Persa. Segundo a legenda:
a área de cor rosa representa a Pérsia primitiva, onde a civilização teve origem; A área de
cor amarela retrata o território anexado por Ciro O Grande; área verde os territórios
anexados por Cambises e a área roxa os territórios conquistados por Dario I. A linha verde
que corta o centro do império representa a estrada real, principal rota de circulação dentro
do grande império.
Cultura e religião persas

Na arte, os persas receberam grande influência dos egípcios e dos mesopotâmicos.


Fizeram construções em plataformas e terraços, nas quais utilizaram tijolos esmaltados
em cores vivas.
No plano religioso, distinguiram-se por uma religião que ainda hoje é praticada em
algumas partes do mundo: o zoroastrismo. Seu fundador, Zoroastro (daí o nome da
religião), viveu entre 628 e 551 a.C.
De acordo com os princípios básicos do zoroastrismo, existem duas forças em constante
luta: o bem e o mal. O deus do bem é Ormuz, que não é representado por imagens e tem
como símbolo o fogo; o deus do mal é Arimã, representado por uma serpente.
Segundo o zoroastrismo, o dever das pessoas é praticar o bem e a justiça, para que, no
dia do Juízo Final, Ormuz seja vitorioso e, assim o bem prevaleça sobre o mal. Além
disso, aos bons estava reservada a vida eterna no paraíso.
Muitos dos valores do zoroastrismo acabaram sendo adotados por outras religiões. No
cristianismo, por exemplo, encontram-se presentes as ideias de Juízo Final e paraíso e a
dicotomia entre bem e mal.
Essa religião baseava-se na sinceridade entre as pessoas e foi transcrita no livro sagrado
Avesta. O imperador era quase um deus , pois, segundo a crença , governava por ordem
de deus.
51
A decadência do império
A tomada do estreito de Bósforo e Dardanelos no mar Negro pelas forças persas
prejudicou o intenso comércio grego na região. O clima de tensão entre várias cidades
gregas e o império persa transformou-se em longa guerra. Em 490 a.C., Dario tentou
invadir a Grécia, mas foi derrotado pelos gregos na batalha de Maratona. Dario morreu e
o poder passou as mãos de seu filho Xerxes, que continuou a luta contra a Grécia, sendo
derrotado em 480 e 479 a.C. nas batalhas de Salamina e Plateia.
Após sucessivas derrotas, os persas foram obrigados a se retirar e reconhecer a
hegemonia grega no mar Egeu e na Ásia Menor (Lídia). Com o enfraquecimento do
império, várias satrapias se revoltaram contra o domínio persa. Internamente a luta pelo
poder tornou-se mais e mais violenta. Entretanto, durante a Guerra do Peloponeso (entre
Atenas e Esparta) os persas tomaram novamente a Ásia Menor.
Com o assassinato de Dario III, um dos últimos sucessores do império, Alexandre Magno
dominou toda a Pérsia e suas satrapias e anexou-as ao império greco-macedônico.

Mapa Mental:

52
Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Pérsia
https://youtu.be/FXNPdrGTrp4
Site: "Stoodi" | Vídeo aula: Pérsia
Parte 1
https://www.stoodi.com.br/materias/historia/antiguidade-oriental/persia-localizacao-
economia-e-sociedade/
Parte 2
https://www.stoodi.com.br/materias/historia/antiguidade-oriental/persia-politica-religiao-e-
cultura/
Canal: "Se liga nessa História" | Vídeo aula: Pérsia
https://youtu.be/hb0ur5QvJ7Y

Exercícios:
1. (ENEM/2009) Em seu discurso em honra dos primeiros mortos na Guerra do
Peloponeso (séc. V a.C.), o ateniense Péricles fez um longo elogio fúnebre, exposto na
obra do historiador Tucídides. Ao enfatizar o respeito dos atenienses à lei e seu amor ao
belo, o estadista ateniense tinha em mente um outro tipo de organização de Estado e
sociedade, contra o qual os gregos se haviam batido 50 anos antes e que se
caracterizava por uma administração eficiente que concedia autonomia aos diferentes
povos e era marcada pela construção de grandes obras e conquistas.
PRADO, A. L. A.,Tucídides, História da Guerra do Peloponeso,
Livro I, São Paulo, Martins Fontes (com adaptações).
O “outro tipo de organização de Estado e sociedade” ao qual Péricles se refere era
a) o mundo dos impérios orientais, que rivalizava comercialmente com a Atenas de
Péricles.
b) o Império Persa, que, apesar de possuir um vasto território, tentou, em vão, conquistar
a Grécia.
c) o universo dos demais gregos, que não viviam sob uma democracia, já que esta era
exclusividade de Atenas.
d) o Alto Império Romano, que, se destacava pela supremacia militar e pelo intenso
desenvolvimento econômico.
e) o mundo dos espartanos, que, desconhecendo a escrita e a lei, eram guiados pelo
autoritarismo teocrático de seus líderes.

2. (Mackenzie SP/2010) Frank Miller inspirou-se na verdadeira Batalha de Termópilas,


ocorrida em 438 a.C, na Grécia, para escrever “Os 300 de Esparta”. A adaptação da
história em quadrinhos de Miller foi levada ao cinema, em 2006, pelo diretor Zack Snyder,
com o título “300”. A respeito do contexto das Guerras Médicas (500-479 a.C), tema
abordado no filme, assinale a alternativa correta.

53
a) O domínio e a expansão naval fenícia ameaçavam a hegemonia da Grécia sobre o mar
Egeu, o que ocasionou a formação de uma aliança defensiva grega.
b) Desenvolvendo uma política imperialista, Atenas entrou em conflito com Esparta que,
agrária e oligárquica, permaneceu fechada à expansão territorial.
c) O expansionismo persa, que já havia dominado cidades gregas da Ásia Menor e
estabelecido o controle persa sobre rotas comerciais do Oriente, ameaçava a soberania
da Grécia, tornando inevitável o conflito grego-pérsico.
d) Esparta, por priorizar a formação física e militar, cultivando no indivíduo o patriotismo
incondicional ao Estado, liderou a ofensiva grega contra os assírios, que ameaçavam as
instituições democráticas gregas.
e) O forte espírito militarista presente na cultura helenística e difundido em todas as pólis
gregas permitiu que, no conflito contra os medos, a Grécia obtivesse a supremacia militar
e se sagrasse vencedora.

3. (UFPB/2010) O Império Persa foi um dos maiores da Antiguidade. Depois de


conquistado por Alexandre, o Grande, a cultura grega foi introduzida nos antigos domínios
persas e naqueles posteriormente conquistados pelo rei macedônio, ensejando a
configuração da cultura helenística.
Sobre a cultura helenística, é correto afirmar:
a) Destacou-se por uma campanha sistemática de destruição de bibliotecas e combate às
culturas dos povos conquistados.
b) Caracterizou-se por uma religião monoteísta e o desprezo ao culto dos deuses
oriundos da cultura grega.

54
c) Distinguiu-se pela aversão à filosofia e, inversamente, por uma visão de mundo
fortemente pragmática e distante do pensamento abstrato.
d) Resultou da imposição da cultura grega sobre as demais culturas das regiões
conquistadas, a exemplo da egípcia e da persa.
e) Celebrizou-se pelo predomínio do monumentalismo e da grandiosidade no estilo
arquitetônico, com o exemplo marcante do Farol de Alexandria.

4. (UECE/2012) Ciro, o Grande (558-529 a.C.), reinou sobre o grande império persa.
Utilizou como método de organização política a tolerância em relação aos seus súditos,
concedendo-lhes relativa autonomia administrativa. Dividiu o imenso território em vinte
satrapias, cada uma dirigida por um sátrapa, que era um funcionário
a) privado, encarregado do governo da cidade e da administração dos bens do templo.
b) nomeado pelo rei para ocupar postos de chefia sob a autoridade de um governador.
c) nomeado inspetor pelo imperador persa, com as funções de polícia e vigilância.
d) do estado persa, que exercia o poder de um governo de fato.

Respostas:
1) B
2) C
3) E
4) D

Fontes/Créditos:
https://www.sohistoria.com.br/ef2/persas/
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/persas.htm
https://blogdoenem.com.br/persas-historia-enem/
https://www.facebook.com/seliganessahistoria/photos/a.1078828678918619/10502873851
06082/?type=3&theater
Mais exercícios sobre "A Pérsia":
https://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios-historia/exercicios-sobre-os-
persas.htm

55
Hebreus
Introdução
A cultura hebraica tem uma forte relação com o mundo contemporâneo. Levantando
apenas um dos mais básicos argumentos que justificam essa afirmação, podemos atribuir
a esse povo a criação de uma das maiores religiões do mundo atual: o cristianismo.
Tendo essa posição de destaque na compreensão dos valores da cultura ocidental
contemporânea, o estudo da civilização hebraica pode nos conceder intrigantes
instrumentos de reflexão sobre os nossos valores e nossa cultura.
Os Hebreus
Um pequeno povo em termos populacionais; eram algumas tribos que viviam no sul da
Mesopotâmia, nas proximidades de Ur (cidade da Suméria) até receberem o chamado de
Deus e iniciarem o caminho para o monoteísmo e para dar origem às duas maiores
religiões do mundo atual. Os Hebreus fundaram o judaísmo, a primeira religião
monoteísta, da qual derivou o cristianismo e, mais tarde, o islamismo. Porém, a trajetória
dos Hebreus/Judeus é extensa na distância e no tempo. O povo percorreu praticamente
todo o Crescente Fértil e passou por momentos de escravidão e dominações enquanto
construía sua religiosidade e cultura.

MAPA: Migrações hebraicas.


Povo que não chegou a constituir um império como os demais estudados, porém nos
transferiram o legado do monoteísmo. Conduzidos do sul da Mesopotâmia até a palestina,
os Hebreus se consideravam o povo eleito de Deus. Os Hebreus viveram, na Antigüidade,
03 períodos: o Patriarcado, o Juizado e a Monarquia.

56
1) Patriarcado
Inicialmente, os Hebreus viviam ao sul da Mesopotâmia, organizados em comunidades
lideradas pelos Patriarcas. Por volta de 2000 a.C., liderados por Abraão, estabeleceram-
se na região da Palestina, onde permaneceram até por volta de 1750 a.C. quando
emigraram para o Egito. Em 1250 a.C. Moisés leva seu povo de volta à Palestina, no
episódio chamado de Êxodo. Conforme relatos bíblicos, é nesta época, ao atravessar o
deserto do Sinai, que Moisés recebe a tábua dos Dez Mandamentos. Os hebreus
vagaram por 40 anos pelo deserto. Moisés morreu antes de chegar à Palestina.

IMAGEM: Moises recebe os mandamentos de Deus, no filme Os Dez Mandamentos


(1956)

2) Juizado
Governo exercido por líderes militares e políticos durante a fase de conquista da Palestina
frente a outros povos como Cananeus e filisteus. Destacaram-se figuras bíblicas como
Sansão e Jefté entre os juízes. Houve o desenvolvimento comercial e em consequência
disso o processo de desestruturação da organização comunitária.

3) Monarquia
As lutas contra os povos vizinhos levaram os hebreus a adotar a monarquia, centralizando
o poder para enfrentar melhor seus inimigos.
57
O primeiro rei foi Saul (1010 a.C.), sucedido por Davi (1006-966 a.C.), que reconquistou a
Palestina – derrotando os filisteus – expandindo territórios e transformando Jerusalém em
Capital. Salomão (966-926 a.C.) desenvolveu o comércio e o artesanato, construiu o
templo de Jerusalém e instituiu festas religiosas como: Sabá (comemoração ao sétimo dia
da criação); Páscoa (comemoração ao Êxodo); Pentecostes (comemoração ao
recebimento das tábuas da Lei – mandamentos). Salomão é tido por muitos historiadores
como o principal rei hebreu e seu governo é visto como o apogeu desse povo na
antiguidade. Após a morte de Salomão ocorreu o cisma, com a formação de dois reinos:
Israel e Judá.

Na passagem bíblica, o rei Davi teria derrotado o gigante Golias, expulsando os filisteus.

Após o Cisma, a Palestina sofreu vários domínios


como: Assírios conquistam Israel (séc. VIII a.C.).
Caldeus conquistam Judá. (Séc. VI a.C. -
Cativeiro da Babilônia). Alexandre Magno
(Macedônia) conquista a Palestina (Séc. IV a.C.).
Em 63 a.C. os romanos dominam a palestina .
IMAGEM: idealização sobre o Templo de Diáspora – Houve tentativas de luta contra o
Salomão. domínio romano, mas em 70 d.C. o exército
romano sufocou uma rebelião e destruiu o
segundo templo de Jerusalém. A partir daí os hebreus dispersaram-se pelo mundo,
espalhando-se em pequenas comunidades, que preservaram os elementos básicos de
sua cultura e o objetivo comum de retorno à Palestina. Apesar de não terem um Estado,
mantiveram-se como Nação (língua, religião, tradição histórica, etc. em como). Apenas
em 1947/48 foi fundado o Estado de Israel, precedida de lutas para expulsão do povo
palestino, que habitava a região.
58
Hoje os palestinos lutam pela criação de um Estado independente.

Localização
A Palestina localizava-se em uma estreita faixa a sudoeste do atual Líbano. O rio Jordão
divide a região em duas partes: a leste a Transjordânia; e a oeste, a Cisjordânia. Essa
região é atualmente ocupada pelo estado de Israel.
Até hoje a região é bastaste árida. O principal rio é o Jordão, e assim mesmo não era
suficiente para grandes obras de irrigação. Um solo pouco fértil e um clima bastante seco
impediam que a região fosse rica. No entanto, tinha bastante importância, pois era
passagem e ligação entre a Mesopotâmia e a Ásia Menor. E foi nessa região que
assentou o povo hebreu, um entre os muitos que vagaram e se estabeleceram na
Palestina.

Os reis hebreus
O primeiro rei hebreu foi Saul (1010 a.C.) que liderou guerras contra os filisteus, porém
morreu sem conseguir vencê-los. Foi sucedido por Davi (1006 a 966 a.C.), que conseguiu
derrotar os filisteus e estabeleceu domínio sobre a Palestina, fundando o Estado Hebreu,
cuja a capital passou a ser Jerusalém. E iniciou uma fase marcada pelo expansionismo
militar e pela prosperidade.
Em seguida, Salomão ( 966 a 926 a.C.); sábio e pacífico famoso pelo poder e riqueza.
Filho de Davi desenvolveu o comércio, aumentando a influência do reinado sem recorrer a
guerra. No entanto a fartura e a riqueza que marcaram o seu reinado exigiam o constante
aumento de impostos, que empobreciam mais e mais o trabalhador, criando um clima de
insatisfação no povo hebreu.

O cisma político-religioso: os reinos de Israel e Judá


Após a morte de Salomão, houve a divisão política e religiosa das tribos e o fim da
monarquia unificada.
Os hebreus dividiram-se em Dez tribos do norte e formaram o Reino de Israel, liderados
por Jerobaão. Após disputas internas, chegaram a um acordo em 878 a.C., com a
escolha de Omri para rei. Apesar de a veneração a Iavé persistir, foi introduzido o culto a
vários deuses.
Duas tribos do sul e formaram o Reino Judá, liderados por Reoboão, filho de Salomão
(924 a.C.).

A dominação estrangeira
O Reino de Israel, desde o inicio viveu na idolatria; isto fez com que a ira de Deus se
manifestasse sobre ele permitindo que no ano 722 a.C., fosse conquistado por Sargão II,
da Assíria, e seu povo fosse levado para o cativeiro, sendo seu território habitado por
outros povos, ali colocados por ordem do rei da Assíria.
59
O castigo de Deus veio sobre ela através do rei Nabucodonosor, da Babilônia, no ano 586
a.C. A cidade santa, Jerusalém, foi destruída e o Templo queimado e os nobres eram
amarrados e levados para o cativeiro.
O cativeiro durou até os dias de Ciro, rei da Pérsia que permitiu que o povo que estava
escravizado na Caldeia, regressar a Palestina e reerguer o Templo de Jerusalém (536
a.C.). A seguir a Palestina foi invadida por Alexandre da Macedônia (322 a.C.). Depois
passou a seu protetorado egípcio (301 a.C.), Colônia Síria (198 a.C.), e província romana
(63 a.C.).
No ano 70 da era cristã, após uma fracassada revolta contra a dominação romana,
Jerusalém foi conquistada por Tito e seus exércitos, ocorrendo uma segunda destruição
do Templo. Atualmente do templo de Jerusalém resta apenas um muro, conhecido como o
Muro das Lamentações.

A religião dos hebreus


Os hebreus foram um dos primeiros povos a cultuar um único deus, isto é, eram
monoteístas. No judaísmo, religião professada pelos hebreus, o único deus é Javé, cuja
imagem não pode ser representada em pinturas ou estátuas.
O judaísmo é baseado nos Dez Mandamentos supostamente revelados a Moisés no
monte Sinai. Os dois traços característicos da religião dos hebreus são o monoteísmo e o
salvacionismo isto é a crença na vinda de um Messias ou Salvador para libertar o povo
hebreu.
O Judaísmo constitui uma das bases do cristianismo, com o qual o Islamismo formou
tríade das religiões universais.

Páginas de uma Bíblia escrita em aramaico

Aspectos culturais
Da cultura criada pelos hebreus, a religião, é sem dúvida o legado mais importante. A
escrita e literatura, entre os hebreus, povo de língua semita, surgiu muito cedo através de
uma escrita própria. A arqueologia revelou a existência da escrita a partir de meados do
segundo milênios a. C., (época do Êxodo).
60
Aos poucos, porém eles foram substituindo, em sua escrita a sua língua original pelo
aramaico, que era a língua comercial e diplomática do Oriente, próximo na antiguidade. O
alfabeto hebraico atual é uma variedade do aramaico, que juntamente com a língua
aramaica tornou-se muito difundido, suplantando os outros alfabetos e línguas semitas.

Fragmento de pedra com escrita em aramaico


Nas artes o monoteísmo hebraico influenciou todas as realizações culturais dos hebreus.
Deve-se destacar a arquitetura, especialmente a construção de Templos, muralhas e
fortificações. A maior realização arquitetônica foi o Templo de Jerusalém.

Templo de Jerusalém
Nas ciências, não apresentaram progresso notável. A importância cultural da sociedade
hebraica residiu principalmente na esfera religiosa e moral (Na lei Mosaica), sua área de
influência atingiu o Ocidente e grande parte do oriente.
O Holocausto Judeu na 2ª Guerra
Durante a segunda grande guerra milhões de Judeus foram perseguidos, explorados,
expropriados e posteriormente mortos pelo regime nazista alemão no episódio conhecido
como HOLOCAUSTO (palavra de origem hebraica que significa sacrifício).
Após o conflito, a recém criada Assembléia Geral das Nacões Unidas (ONU) regulou a
divisão da palestina e a conseqüente criação do Estado de Israel em novembro de 1947,
quando os Judeus puderam finalmente retornar a terra prometida. No entanto, a região é
dominada e cercada por diversas nações de origem Árabe, o que resultou em novos
conflitos político-religiosos que até hoje resultam em mortes e tentativas de paz.
61
Mapa Mental:

Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Hebreus
https://youtu.be/RMF5eGtZQxg
Canal: "Humanas em foco" | Vídeo aula: Hebreus
https://youtu.be/nukqdrm_muY
Canal: "Mundo Edu" | Vídeo aula: Hebreus
https://youtu.be/OC3y-UjYLeg
Exercícios:
1. A história da civilização hebraica é marcada por diversos movimentos migratórios, bem
como por conflitos internos e externos ao seu próprio povo na região do Oriente Médio. A
partir de seus conhecimentos sobre a história dos hebreus, indique a alternativa que
relaciona corretamente as afirmativas abaixo com os eventos apresentados: - Saída
gloriosa dos hebreus do Egito, guiados por Moisés. - Dispersão do povo hebreu
provocada pelos romanos. - Divisão das tribos hebraicas em dois reinos: Israel e Judá. -
Movimento feito pelos judeus espalhados pelo mundo inteiro para a volta à Terra
Prometida.
a) Diáspora – Êxodo – Cisma – Sionismo.
b) Êxodo – Diáspora – Cisma – Sionismo.
62
c) Cisma – Diáspora – Êxodo – Sionismo.
d) Êxodo – Cisma – Diáspora – Sionismo.

2. (FABUS) Desde o século XX a.C. os hebreus buscavam a Terra Prometida a eles por
Deus. Chegando à Palestina eles foram obrigados a se retirar para o Egito em busca de
melhores terras. Mais tarde, de volta a Palestina, tiveram de lutar pela terra, e
posteriormente, muitos foram escravizados sendo retirados de sua terra. A este último
acontecimento, conhecemos como:
a) Êxodo.
b) Diáspora.
c) Cativeiro da Babilônia.
d) Travessia do Sinai.
e) Sionismo.

3. (UNIFRA) Um antigo conto mesopotâmico diz o seguinte: “Sargão, o poderoso Rei, de


Agade, eu sou. Minha mãe foi uma substituída, meu pai eu não conheci (...) concebeu-
me, secretamente ela me fez nascer. Ela me colocou numa cesta de junco, com betume
ela selou minha tampa. Ela me jogou ao rio que não me cobriu. O rio me conduziu e me
levou até Akki, o tirador de água. Akki (...) retirou-me quando mergulhava seu jarro”. Por
sua vez, o nascimento de Moisés é contado na Bíblia de maneira muito semelhante: “Foi-
se um homem da casa de Levi e casou com uma descendente de Levi. E a mulher
concebeu e deu à luz um filho; e, vendo que era formoso, escondeu-o por três meses.
Não podendo, porém, escondê-lo por mais tempo, tomou um cesto de junco, calafetou-o
com betume e piche, e, pondo nele o menino, largou-o no carriçal à beira do rio (...)
Desceu a filha do Faraó para se banhar no rio (...); vendo ela o cesto, enviou uma criada e
o tomou”. Segundo os historiadores da antiguidade, a semelhança entre as duas histórias
é resultado
a) da possível incorporação pelos hebreus no Novo Testamento de lendas de outros
povos que os antecederam.
b) da prática comum das mães da antiguidade afogarem seus filhos quando não podiam
criá-los.
c) de mera coincidência, pois os Hebreus viveram na península Arábica, portanto muito
distante dos mesopotâmicos que viveram no que hoje é o Iraque, o que impossibilitaria
qualquer relação entre as duas histórias.

63
d) da possível incorporação pelos hebreus de parte da cultura dos povos que os
subjugaram.

e) de mera coincidência, já que as referências a Akki e à filha do Faraó indicam que,


apesar das semelhanças, são histórias diferentes.

4. (UFSM)

O mapa acima indica os diversos caminhos do povo hebreu na Antiguidade, destacando a


migração de Ur para a Palestina (por volta de 1900 a.C.), a ida para o Egito (1700 a.C.), o
Êxodo (1200 a.C.), a deportação para a Babilônia e o regresso à Palestina (século VI
a.C.). A partir desses dados, pode-se inferir:
a) O povo hebreu realizou trocas comerciais e culturais com o Egito e a Mesopotâmia, e
essas trocas influíram na sua formação cultural e religiosa.
b) Como se percebiam como “povo eleito de Deus”, os hebreus recusavam qualquer
influência das culturas e das religiões dos povos do Oriente Médio.
c) A força política e militar dos hebreus se impôs sobre os reinos do Oriente Médio,
originando uma cultura e religião dominantes na região.
d) As migrações dos povos da Antiguidade eram raras, devido às péssimas condições de
estradas e à precariedade dos meios de transporte.
e) As migrações dos povos tornaram-se possíveis com as facilidades criadas pelas
sociedades estatais no Egito e na Mesopotâmia.

64
Respostas:
1) B
2) C
3) D
4) A

Fontes/Créditos:
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/hebreus-1.htm
https://mundoedu.com.br/uploads/pdf/5356bb44a73a5.pdf
https://www.sohistoria.com.br/ef2/hebreus/index.php
https://www.instagram.com/_sonhomed_/?hl=pt-br
https://blogdoenem.com.br/civilizacao-hebraica-judeus-historia-enem/
Mais exercícios sobre "Os Hebreus":
http://cantinhomaissaber.blogspot.com/2016/08/povos-hebreus-13-exercicios-com-
gabarito.html

65
Fenícios

Fenícios, povos dedicados ao comércio marítimo.


Introdução
Os fenícios localizavam-se na porção norte da Palestina, onde hoje se encontra o Líbano.
Os povos originários dessa civilização são os semitas que, saindo do litoral norte do Mar
Vermelho, fixaram-se na Palestina realizando o cultivo de cereais, videiras e oliveiras.
Além da agricultura, a pesca e o artesanato também eram outras atividades por eles
desenvolvidas.
A proximidade com o mar e o início das trocas agrícolas com os egípcios deu condições
para que o comércio marítimo destacasse-se como um dos mais fortes setores da
economia fenícia. Ao longo da faixa litorânea por eles ocupada surgiram diversas cidades-
Estado, como Arad, Biblos, Tiro, Sídon e Ugarit. Em cada uma dessas cidades um
governo autônomo era responsável pelas questões políticas e administrativas.

O poder político exercido no interior das cidades fenícias costumava ser assumido por
representantes de sua elite marítimo-comercial. Tal prática definia o regime político da
fenícia como uma talassocracia, ou seja, um governo comandado por homens ligados ao
mar. Em meados de 1500 a.C. a atividade comercial fenícia intensificou-se
consideravelmente fazendo com que surgisse o interesse pela dominação de outros
povos comerciantes.

No ano de 1400 a.C.os fenícios dominaram as rotas comerciais, anteriormente


controladas pelos cretenses, que ligavam a região da Palestina ao litoral sul do
Mediterrâneo. Na trajetória da civilização fenícia, diferentes cidades imprimiam sua
hegemonia comercial na região.
Por volta de 100 a.C. – após o auge dos centros urbanos de Ugarit, Sídon e Biblos – a
cidade de Tiro expandiu sua rede comercial sob as ilhas da Costa Palestina chegando até
mesmo a contar com o apoio dos hebreus.

66
Com a posterior expansão e a concorrência dos gregos, os comerciantes de Tiro
buscaram o comércio com regiões do Norte da África e da Península Ibérica.
Todo esse desenvolvimento mercantil observado entre os fenícios influenciou o domínio e
a criação de técnicas e saberes vinculados ao intenso trânsito dos fenícios. A astronomia
foi um campo desenvolvido em função das técnicas de navegação necessárias à prática
comercial. Além disso, o alfabeto fonético deu origem às línguas clássicas que
assentaram as bases do alfabeto ocidental contemporâneo.
No campo religioso, os fenícios incorporaram o predominante politeísmo das sociedades
antigas. Baal era o deus associado ao sol e às chuvas. Aliyan, seu filho, era a divindade
das fontes. Astarteia era uma deusa vinculada à riqueza e à fecundidade. Durantes seus
rituais, feitos ao ar livre, os fenícios costumavam oferecer o sacrifício de animais e
homens.
Os Fenícios ficavam na região do atual Líbano
Por lá eles fundaram cerca de 25 cidades-estado em uma região infértil para a agricultura,
mas de extrema importância estratégica, pois estava próxima a grandes centros da
antiguidade (Egito, Mesopotâmia, Persas), e bem situada ao leste do mediterrâneo.
Além disso, embora a agricultura não fosse possível pela pobreza relativa do solo, áreas
de floresta forneciam madeira de boa qualidade. Aproveitando-se deste recurso natural e
sua proximidade ao mar, os fenícios desenvolveram a navegação de modo excepcional,
tornando o comércio marítimo sua principal atividade econômica.

Veja acima o modelo clássico do barco fenício para o comércio. Eles desenvolveram uma
estrutura com grande capacidade de carga, e com a quilha no fundo do casco.
Para se ter uma ideia, enquanto gregos temiam navegar pelo atlântico atravessando as
colunas de Hércules (estreito de Gibraltar) os Fenícios foram capazes de estabelecer
rotas comerciais na região da Inglaterra e mar do norte.
67
Existem teorias não comprovadas que eles possam ter ido além e chegado a América,
precisamente na costa do Rio de Janeiro.
Pois bem, o governo nas cidades-estado fenícias era centralizado nas mãos de um
soberano de origem nobre e o cargo era transmitido hereditariamente. Cabe ressaltar que
cidades-estado são independentes entre si politicamente, mas apresentam a mesma
cultura, idioma, religião e afins.
Entre as principais cidades figuram Tiro, Ugarit, Sídon e Biblos. Esta ultima recebe esta
dominação devido ao principal produto transportado por seus navegadores, rolos de
papiro egípcios utilizados como livros (Biblos em grego).
De todas as cidades fenícias podemos dizer que Tiro foi a mais importante haja vista sua
capacidade de expansão comercial e fundação de novas colônias fenícias por todo o
mediterrâneo, como por exemplo Cartago, que futuramente rivalizaria com os romanos
nas chamadas guerras púnicas.

O mapa acima mostra as principais rotas comerciais fenícias, bem como os principais
produtos encontrados em cada região e que eram transportados por estes comerciantes
navegadores. Podemos observar também áreas onde os mesmos estabeleceram
colônias e entrepostos comerciais.
Conforme vimos, os fenícios precisaram se adaptar as condições climáticas e geográficas
de sua região original e por isso concentraram seus esforços no desenvolvimento do
comércio naval e também artesanato.
Se a agricultura e a pecuária visavam apenas a subsistência, a grande oferta de madeira
possibilitou uma industria naval sem precedentes e a presença de metais preciosos,
marfim e âmbar possibilitou o desenvolvimento de ourives. Além disso descobriram a
púrpura e fabricaram corantes a partir de um molusco.
68
Em se tratando de navegação orientavam-se pelo sol durante o dia e pela constelação
Ursa Maior durante as noites. Seus barcos eram movidos por vela e por remos. Veja na
imagem um barco de guerra fenício.

Há indícios de que desenvolveram algumas técnicas que ampliavam a velocidade de


suas naus, a exemplo, passavam cera de abelha no fundo dos seus barcos, diminuindo o
atrito dos cascos com a água.
As cidades fenícias que mais de desenvolveram na antiguidade foram Biblos, Tiro e
Sidon.

Características da Fenícia
A fenícia, terra de marinheiros e comerciantes, ocupava uma estreita área, com
aproximadamente 40 km de largura, entre o mar Mediterrâneo e as montanhas do Libano.
Atualmente essa região corresponde ao Libano e a parte da Síria.

69
O solo montanhoso da Fenícia não era favorável ao desenvolvimento agrícola e pastoril.
Vivendo como que espremido em seu território. o povo fenício percebeu a necessidade de
se lançar ao mar e desenvolver o comércio pelas cidades do Mediterrâneo.
Entre os fatores que favoreceram o sucesso comercial e marítimo da Fenícia, podemos
destacar que a região:
Era muito encruzilhada de rotas comerciais, o escoadouro natural das caravanas de
comercio que vinham da Ásia em direção ao Mediterrâneo;
Era rica em cedros, que forneciam a valiosa madeira para a construção de navios;
Possuía bons portos naturais em suas principais cidades (Ugarit, Biblos, Sidon e Tiro);
Tinha praias repletas de um molusco (múrice), do qual se extraía a púrpura, corante de
cor vermelha utilizando para o tingimento de tecidos, muito procurados entre as elites de
diversas regiões da Antiguidade.

As cidades fenícias
A Fenícia era, na verdade, um conjunto de Cidades-Estado, independentes entre si.
Algumas adotavam a Monarquia Hereditária; outras eram governadas por um Conselho
de Anciãos. As cidades fenícias disputavam entre si e com outros povos, o controle das
principais rotas do comércio marítimo.

Cultura dos Fenícios:


Do ponto de vista cultural os fenícios acabaram assimilando e ajudando a difundir
diversos elementos culturais dos povos que se relacionavam. Eram politeístas e seus
deuses representavam elementos ou fenômenos da natureza, em sua maioria.
Cada cidade homenageava um deus de maneira mais contundente, como se fosse um
padroeiro e assim como os gregos esses navegadores sacrificavam animais em
homenagem a esses deuses. Sepultavam seus mortos e era comum enfeitarem as
sepulturas com motivos egípcios.

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Por sua vez, para facilitar a comunicação e os registros de seus negócios comerciais
desenvolveram um novo sistema de escrita baseado nos alfabetos cuneiformes
mesopotâmicos e hieróglifos egípcios que acabou influenciando o alfabeto grego e
consequentemente o nosso alfabeto atual.
Economia
A principal atividade econômica dos fenícios era o comércio. Em razão dos negócios
comerciais, os fenícios desenvolveram técnicas de navegação marítima, tornando-se os
maiores navegadores de Antiguidade.
Desse modo, comerciavam com grande número de povos e em vários lugares do
Mediterrâneo, guardando em segredo as rotas marítimas que descobriam. Considerável
parte dos produtos comercializados pelos fenícios provinha de suas oficinas artesanais,
que dedicavam à metalurgia (armas de bronze e de ferro, joias de ouro e de prata,
estátuas religiosas). à fabricação de vidros coloridos e à produção de tintura de tecidos
(merecem destaque os tecidos de púrpura). Por sua vez, importavam de várias regiões
produtos como metais, essências aromáticas, pedras preciosas, cavalos e cereais. Tiro
era a principal cidade que se dedicava ao comércio de escravos, adquirindo prisioneiros
de guerra e vendendo-os aos soberanos do Oriente próximo. Expandindo suas atividades
comerciais, os fenícios fundaram diversas colônias que, a princípio, serviam de bases
mercantis. Encontramos colônias fenícias em lugares como Chipre, Sicília, Sardenha e sul
da Espanha. No norte da África, os fenícios fundaram a importante colônia de Cartago.

Relevo de um barco fenício


O alfabeto, uma criação fenícia
O que levou os fenícios a criarem o alfabeto foi justamente a necessidade de controlar e
facilitar o comércio. O alfabeto fenício possuía 22 letras, apenas consoantes, e era,
portanto, muito mais simples do que a escrita cuneiforme e a hieroglífica. O alfabeto
fenício serviu de base para o alfabeto grego. Este deu origem ao alfabeto latino, que, por
sua vez, gerou o alfabeto atualmente utilizado no Brasil.

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Os fenícios e a religião
A religião dos fenícios era politeísta e antropomórfica. Os fenícios conservaram os antigos
deuses tradicionais dos povos semitas: as divindades terrestres e celestes, comuns a
todos os povos da Ásia antiga. Assinale-se, como fato estranho, que não deram maior
importância às divindades do mar.
Cada cidade tinha seu deus, Baal (senhor), associado muitas vezes a uma entidade
feminina - Baalit. O Baal de Sidon era Eshmun (deus da saúde). Biblos adorava Adônis
(deus da vegetação), cujo culto se associava ao de Ashtart (a caldeia Ihstar; a grega
Astarteia), deusa dos bens terrestres, do amor e da primavera, da fecundidade e da
alegria. Em Tiro rendia-se culto a Melcart e Tanit.
Para aplacar a ira dos deuses sacrificavam-se animais. E, às vezes, realizavam-se
terríveis sacrifícios humanos. Queimavam-se, inclusive, os próprios filhos. Em algumas
ocasiões, 200 recém-nascidos foram lançados, ao mesmo tempo, ao fogo - enquanto as
mães assistiam, impassíveis, ao sacrifício.
Mapa Mental:

Prof. Jonatas ALexandre

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Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Fenícios
https://youtu.be/jby-tq544wo
Canal: "Se liga nessa História" | Vídeo aula: Fenícios
https://youtu.be/193_UCe1IJ8
Canal: "Tudo é História" | Vídeo aula: Fenícios
https://youtu.be/zm4fRRFYZXc

Exercícios:
1. (UECE/2011) Os Fenícios ocuparam uma estreita faixa de terra situada entre o Mar
Mediterrâneo e o atual Líbano. Tiveram prósperas cidades como Ugarit, Biblos, Beritos,
Sídon e Tiros. Essas, por estarem localizadas em uma área de intensa circulação dos
povos da Ásia, da África e da Europa foram invadidas e conquistadas sucessivamente por
vários impérios. Sobre os Fenícios, assinale o correto.
a) Com o objetivo de aumentar suas riquezas e solucionar problemas causados pela
baixa produção agrícola tentaram conquistar novas terras e povos.
b) Esta civilização está relacionada aos cananeus, e teve um comércio bastante
desenvolvido, sendo expert na navegação marítima. Criou o alfabeto.
c) A religião fenícia foi muito conhecida no mundo antigo, tendo sido reformada por
Zoroastro, também chamado de Zaratrusta.
d) Sua administração foi configurada por um forte regime monárquico e centralizador, sua
riqueza cobria os gastos da rica corte.

02. (UFTM MG/2006) Na Antiguidade, a civilização fenícia particularizou-se por:


a) formar um império teocrático, em que se fundiram as culturas grega e asiática.
b) elaborar o primeiro código de leis escritas, baseado em punições severas.
c) desenvolver o comércio marítimo, fundando colônias na bacia do Mediterrâneo.
d) ter uma crença monoteísta, o que modificou as sociedades do Oriente Próximo.
e) organizar-se em cidades-Estados, sob influência da democracia ateniense.

03. (PUC PR/2006) Algumas civilizações da Idade Antiga, embora brilhantes, não
formaram estados unificados, ou seja, sempre foram politicamente fragmentadas,
mostrando o predomínio periódico de algumas cidades.
São exemplos desse enunciado as civilizações:
a) persa e egípcia.
b) romana e hebraica.
c) sumeriana e romana.
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d) acadiana e persa.
e) grega e fenícia.

04. (UFPB/2006) Sobre os povos da Antiguidade Oriental, é correto afirmar:


a) A agricultura foi o principal fator de enriquecimento e desenvolvimento dos hebreus,
devido ao aproveitamento das águas através de complexos e amplos sistemas de
irrigação.
b) A religião constituiu a principal herança deixada pelos egípcios, de onde provém o
monoteísmo judaico.
c) O comércio marítimo marcou a presença histórica dos fenícios, que estabeleceram
contatos com diversos povos, ao longo da costa do Mar Mediterrâneo.
d) A guerra de conquista foi a principal característica dos sumérios, povo que construiu um
império que se estendia do Egito às fronteiras da Índia.
e) A escrita cuneiforme, uma das mais importantes formas de registro escrito, produzido
em blocos de argila, foi a principal contribuição dos persas, povo que habitou a
Mesopotâmia.

Respostas:
1) B
2) C
3) E
4) C

Fontes/Créditos:
https://www.sohistoria.com.br/ef2/fenicios/
https://blogdoenem.com.br/fenicios-historia-enem/
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/fenicios.htm
https://www.historiaemfoco.com.br/single-post/2016/07/26/MAPA-MENTAL-Fen
%C3%ADcia
Mais exercícios sobre "Os Fenícios":
https://exercicios.mundoeducacao.bol.uol.com.br/exercicios-historia/exercicios-
sobre-civilizacao-fenicia.htm

74
Grécia Antiga

Parthenon na acrópole de Atenas, um dos principais símbolos da Grécia Antiga


O que é Grécia Antiga?
A Grécia Antiga constituiu um longo período da História Antiga em que a civilização grega
se desenvolveu a tal ponto que exerceu enorme influência sobre a sociedade ocidental.

Introdução
Grécia Antiga é o nome dado à civilização que foi constituída na área que abrange o sul
da península Balcânica, ilhas do Mar Egeu e o litoral da Ásia Menor. A importância da
Grécia Antiga para o mundo ocidental é grande em virtude, principalmente, dos aspectos
cultural, científico, filosófico e político dessa civilização que foram legados à civilização
contemporânea. O primeiro processo de povoamento da região que pode ser considerado
como originário da civilização grega foi o que ocorreu na ilha de Creta, entre 2000 e 1400
a.C. Pouco se sabe sobre a forma de organização da sociedade cretense (ou minoica),
apesar de haver um grande trabalho arqueológico sendo realizado nas ruínas dos
palácios da ilha, cujo mais famoso é o de Cnossos. Entretanto, sabe-se que os cretenses
controlaram o comércio no Mar Mediterrâneo até que houve a extinção da civilização por
volta de 1400 a.C.
Antiguidade Clássica – Grécia
O termo Antiguidade Clássica refere-se a um longo período da História da Europa que se
estende aproximadamente do século VIII a.C., com o surgimento da poesia grega de
Homero, à queda do Império romano do ocidente no século V d.C., mais precisamente no
ano 476.
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No eixo condutor desta época, que a diferencia de outras anteriores ou posteriores, estão
os fatores culturais das suas civilizações mais marcantes, a Grécia e a Roma antigas.
Localização
A Grécia antiga compreendia uma região chamada Hélade e ocupava o sul dos Bálcãs
(Grécia continental), a Península do Peloponeso (Grécia peninsular), as ilhas do Mar
Egeu (Grécia Insular), além das colônias na costa da Ásia Menor e no sul da Península
Itálica (Magna Grécia).

A Grécia era uma região de clima ameno, propício ao assentamento humano, porém
havia poucas áreas férteis, gerando disputas pelo domínio dessas áreas. Os primeiros
habitantes da Grécia foram denominados de péslagos ou pelágios, e se encontravam em
um estágio de desenvolvimento igual ao de nossos índios, com cultura de subsistência,
com caça e pesca. Eles foram dominados por indo-europeus que desenvolveram o que
conhecemos por Civilização Grega.
Foi a partir de cerca de 2000 a.C. que ocorreram as invasões de povos indo-europeus,
sendo o primeiro deles os aqueus, que se tornaram sedentários, ocupando as melhores
terras. Eles formam as primeiras cidades gregas (Micenas, Argos, etc.). O contato com os
cretenses desenvolveu a civilização creto-micênica.
Esparta
Localizada na península do Peloponeso, mais precisamente na Lacedemônia, Esparta era
uma área de terras férteis e foi povoada pelos dórios. Seu caráter militarista, dizem que
veio de um homem chamado Licurgo, que criou o sistema espartano, onde desde a
infância o exército está presente para os cidadãos.
Esparta tinha três classes sociais: os espartíatas, com direitos e terras; os perieco, que
eram livres, mas não tinham terras; e os hilotas, que eram escravos conseguidos por
conquistas sobre as cidades vizinhas.

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Todo menino recém-nascido entre os espartíatas era levado a um conselho de anciãos,
chamado de Gerúsia, onde era determinado se ele era perfeito ou não, caso sim, poderia
viver, caso contrário, a mãe teria que eliminá-lo. Aos sete anos, a criança era levada ao
exército, aos doze aprendia a ler e escrever, aos dezessete tinha sua iniciação como
homem, matando escravos velhos ou que passassem o número permitido (quatro hilotas
para cada espartíata), inclusive crianças fracas.
Aos dezenove poderia acasalar, aos trinta seria julgado se deveria ser aceito como
cidadão e só ai casaria perante a lei. Somente aos sessenta e cinco é que sairia do
militarismo. A formação do espartano era tornar o homem um bom soldado. Tudo isso
pode parecer estranho e autoritário aos olhos do século XXI, mas são etapas constitutivas
da Civilização Grega.
Atenas
Atenas está localizada na Ática, uma região de poucas áreas férteis, o que logicamente
acabou por concentrá-las nas mãos de uma elite, chamada de eupátridas (os bem-
nascidos), que faziam parte da aristocracia local. Em Atenas, as classes sociais eram
mais divididas e, além dos eupátridas, havia os geogois (pequenos agricultores), os thetas
(classe mais marginalizada), os demiurgos (artesãos – trabalhadores das cidades), os
metecos (estrangeiros) e os escravos.
A política, desde o início, era uma monarquia hereditária (basileu), onde o rei era o chefe
da guerra, juiz e sacerdote, tendo um conselho de aristocratas, dito Areópago, para limitar
e controlar seu poder. Com o tempo, surgiu o arcontato, que passou a governar com o
apoio do conselho, formando-se um regime oligárquico.
Uma série de crises ocorreu, entre elas o problema das terras e o enriquecimento dos
comerciantes marítimos, pois Atenas ocupava lentamente o lugar dos fenícios no
comércio mediterrâneo; essas crises levaram às reformas de Drácon, que não deu muito
efeito, só dando certo com Sólon, que mexeu na economia, sociedade e na política,
fazendo uma abertura que daria na democracia. O caráter de suas reformas era
fortemente popular, para a época, sendo então exilado.
Os atenienses caíram nas tiranias de Psistrato e de seus filhos Hipías e Hiparco, tendo,
todos, o apoio do povo; foi somente com Clístenes que a democracia toma a forma que
conhecemos, sendo que era direta, onde o cidadão tinha o direito do voto e de fazer as
leis; porém ela era restrita, onde mulheres, menores de idade, estrangeiros e escravos
não participavam.
Para controlar os administradores foi feito o ostracismo, espécie de exílio de dez anos aos
maus políticos e administradores, onde esses eram banidos da cidade durante esse
período, porém sem perder seus bens. Atenas se notabilizou pela sua arquitetura
(acrópole), teatro (Ésquilo, Sófocles e Eurípedes), escultura (Fídias) e na filosofia
(Sócrates e Platão).
77
As Guerras Médicas
Com a Primeira Diáspora, os gregos foram dominar as costas da Jônia, na Ásia Menor
(costa da atual Turquia), e ao se expandirem para o oriente deram de frente com o
expansionismo do império persa, que queria cobrar tributos das cidades (colônias)
gregas.
Isto provocou um desagrado geral e, sob a liderança de Atenas, Mileto se levantou contra
o rei Dario, que pediu a rendição dos gregos para não haver uma invasão; como isso não
foi possível, ele partiu para invadir a Grécia, conseguindo êxitos iniciais, mais devido à
desunião das cidades-Estado gregas. A situação começou a se reverter com as vitórias de
Atenas em Maratona e Salamina, onde depois foi incentivada a criação da Liga de Delos,
para que fossem pagos tesouros (tributos) na dita ilha para financiar novas defesas contra
os Persas. Quando o tesouro foi transferido para Atenas, isto gerou protestos que
acabaram por começar uma luta fratricida entre as cidades-Estado gregas.
A Guerra do Peloponeso
Os atenienses tinham ficado donos de um império, que dominava grandes extensões, o
que provocou inveja e excessos de poder por parte dos atenienses, iniciando conflitos
entre Atenas e Esparta. O confronto durou cerca de vinte e sete anos, onde a derrota foi
dos atenienses, que caíram sob domínio dos espartanos, que pegaram gosto pelo luxo e
pelo dinheiro, que acabaram por perder os territórios conquistados para os persas. A
guerra acabou por enfraquecer os gregos, facilitando a invasão por parte dos
macedônios.
Divisão da história da Grécia
A história da Grécia é dividida, pelos historiadores, em quatro períodos principais:
• Pré-Homérico;
• Homérico;
• Arcaico;
• Clássico;
• Helenístico.

Tanto o período Homérico quanto o seu anterior são referências a Homero, autor das
obras “Ilíada” e “Odisseia”. Essas obras se dedicam a narrar, respectivamente, a Guerra
de Tróia, disputada entre gregos e troianos; e o retorno de Ulisses (Odisseu) da guerra.

Com isso, se constituem como importantes fontes para compreender a ocupação e


colonização das áreas próximas ao mar Egeu, e contribuíram para estabelecer
vínculos de origem e culturais entre o povo grego.

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Pré-Homérico (XX – XII a.C.)
Esse é o período em que, por volta de 2.000 a.C., diversos povos indo-europeus, entre
eles os aqueus, os jônios e os eólios, se estabelecem na península Balcânica a partir
de diversos fluxos migratórios. Últimos a chegarem nos Balcãs, os dórios (1.200 a.C.)
conseguem dominar a cidade de Micenas e passam a ter o controle da região do
Peloponeso. Diante do domínio dos dórios, outros povos se dispersam e passam a povoar
outras regiões do litoral grego e da Ásia Menor, no que ficou conhecido como primeira
diáspora grega.

Homérico (XII – VIII a.C.)


Após a diáspora, os gregos se espalharam pela região balcânica e se organizaram
em pequenas unidades produtivas chamadas “genos”. Baseados na propriedade
coletiva da terra, os genos eram formados por grandes famílias, sob o comando de um
líder, o “pater”, que possuía diversas funções comunitárias. Com o tempo, essas unidades
se tornaram incapazes de abastecer toda a população que vivia dela e começaram a se
desagregar. A migração em busca de melhores condições de sobrevivência provocaria
a segunda diáspora grega, que desta vez atingiu áreas próximas à península Itálica e ao
mar Negro.

Arcaico (VIII – VI a.C.)


Com a crise e declínio dos genos, os antigos “paters” passaram a distribuir suas terras,
anteriormente propriedades comunais. Com a distribuição desigual da propriedade
privada, surge a classe dos aristocratas e começa a formação do que daria origem
às cidades-estados gregas. Principais unidades político-administrativas do povo grego,
as cidades-estados passaram a desenvolver modelos próprios de organização interna
e de governo. Os dois casos modelos são Atenas e Esparta.É preciso levar em conta
que as cidades-estados existiram por centenas de anos e, nesse período, houve
variações nos modelos de governo e sociedade. Contudo, essas generalizações ajudam a
evidenciar algumas das peculiaridades de cada cidade-estado. Nesse período, também
foram criados os Jogos Olímpicos, que reuniam cidadãos de toda a Grécia na pólis de
Olímpia, para disputas desportivas em homenagem a Zeus, principal divindade grega.

Clássico (V – IV a.C.)
De maneira geral, no período Clássico houve a consolidação dos modelos de cidades-
estados gregas e, no caso de Atenas, da democracia. Contudo, também foi um período
de conflitos, inicialmente marcado pelo ataque do Império Persa à Grécia. Como os
persas eram conhecidos pelos gregos como “medos”, esse conflito foi denominado
de Guerras Médicas (499 – 449 a.C.). Ao final, os gregos saíram vencedores e limitaram
a expansão do Império Persa.
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O fim das Guerras Médicas marcou um período de hegemonia ateniense, mas que
também provocou o acirramento das disputas entre as póleis rivais. Atenas liderava
uma confederação de cidades chamada Confederação de Delos, enquanto Esparta
liderava a Liga do Peloponeso. Entre 431 e 404 a.C. as cidades-estados estiveram em
conflito, alternando períodos de hegemonia. Mas, esses conflitos acabaram provocando
o declínio da civilização grega e facilitando a ação de invasores.

Helenístico (III – II a.C.)


Com o enfraquecimento das cidades-estados, a Grécia foi conquistada por Filipe II, rei
da Macedônia. O filho de Filipe II, Alexandre, o Grande, havia sido aluno de Aristóteles
em Atenas e compartilhava da cultura grega. Ao expandir os domínios do pai, Alexandre
não apenas dominou vastas áreas e conquistou outros impérios, como difundiu a
cultura grega pelo Oriente. Essa fusão entre a cultura grega e a cultura oriental,
promovida pelas expedições de Alexandre, ficou conhecida como Helenismo.

O governo nas cidades-Estados


As cidades-Estado gregas conheceram a maioria dos sistemas de governo existentes
hoje. Atenas e Esparta, que sempre foram rivais, podem servir de exemplos para
estudarmos os tipos de governo que existiram nas demais cidades.
A monarquia foi o regime político inicial em todas as póleis gregas; todas elas foram, pelo
menos inicialmente, governadas por reis. Além de governarem as cidades, os reis
também desempenhavam funções religiosas, atuando como sacerdotes e representantes
dos deuses.
Na cidade de Esparta o governo era exercido simultaneamente por dois reis e dele
participavam duas assembleias: a Apela, formada por representantes do povo, e a
Gerúsia, um conselho de anciãos. O poder dos reis espartanos era limitado; magistrados
dos conhecidos como éforos vigiavam suas atividades.
As leis em Esparta foram elaboradas por Licurgo, o legislador que transformou a cidade
em um Estado militarista.
Outro sistema conhecido pelos gregos foi a oligarquia, em que o poder ficava dividido
entre pessoas que pertenciam às famílias mais importantes de uma cidade. O termo
oligarquia significa “governo de poucos”.
Em algumas cidades, os governos oligárquicos foram derrubados pela força. Aqueles que
assumiam o poder em seguida eram conhecidos como tiranos.
A tirania – governo dos tiranos – se estabelecia e se mantinha no poder por meio da força.

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O Ostracismo
O reformador Clistenes implantou uma lei em Atenas determinando eu qualquer cidadão
que ameaçasse a segurança da cidade poderia ser condenado ao exílio por dez anos,
isso era chamado de ostracismo. Ela lei procurava evitar que se repetisse um governo
tirano em Atenas.

Imagem de uma ostraca, objeto em que se escreviam os nomes dos condenados ao


ostracismo. Essa é a ostraca em que foi escrito o nome de Themistocles, estadista e
general grego.

Gregos contra Persas


Entre os séculos VI e V a.C., a expansão do Império Persa passou a ameaçar a
autonomia das cidades-estados gregas. Por volta de 500 a.C., os persas dominavam
várias colônias gregas na Ásia Menor e seu objetivo era conquistar também a Grécia. Na
luta contra o inimigo comum, as cidades-estados se uniram e conseguiram derrotar os
persas em várias batalhas. Esse conflito, que durou vários anos, ficou conhecido como
Guerras Greco-pérsicas ou Guerras Médicas, assim denominadas porque os gregos
chamavam os persas de medos.

Gregos contra gregos


A decadência da civilização grega iniciou-se a partir das Guerras do Peloponeso, quando
os gregos lutaram contra os gregos. As origens do conflito estão no descontentamento
geral, sobretudo de Esparta, em relação à supremacia ateniense.
Esparta era aristocrática e estava determinada a manter sua organização sem
interferências ou influencias atenienses. Atenas, democrática e também poderosa
guerreira, estava disposta a impor suas ideias e princípios.
Na primeira fase da guerra, entre 431 e 421 a.C., houve um certo equilíbrio entre as
partes, com espartanos e atenienses conseguindo algumas vitórias. Após esse período as
duas cidades fizeram um acordo de paz que deveria durar 50 anos.
Entre 415 e 413 a.C., a trégua foi quebrada pelos atenienses, que desejavam conquistar
regiões dominadas pelos espartanos.
81
Atenas foi derrotada e perdeu parte de sua frota e contingente militar. Os anos seguintes,
de 413 a 404 a.C., podem ser considerados de ofensiva dos espartanos. Esparta
aniquilou definitivamente Atenas, já bastante enfraquecida pelas perdas anteriores,
iniciando sua hegemonia (domínio) sobre o mundo grego.

A conquista do território grego pela Macedônia


Atenas, o centro glorioso do século de ouro da Grécia, chegava ao fim. Esparta também
não teve destino diferente; enfim, todas as cidades-estados ficaram enfraquecidas com as
Guerras do Peloponeso e tornaram-se alvos fáceis para a dominação de outros povos.
Os macedônios, povo que habitava o norte da Grécia, conseguiram progredir e fortalecer-
se econômica e militarmente. Aproveitando-se da fraqueza e da desunião dos gregos,
Filipe II, o rei da Macedônia, preparou um poderoso exército e conquistou o território
grego.
A política expansionista iniciada por Filipe II teve continuidade com seu filho e sucessor
Alexandre Magno, conhecido também como Alexandre O Grande, que consolidou a
dominação da Grécia e iniciou a conquista do império Persa.
A Macedônia tornou-se o centro do maior império formado até então, que só seria
superado anos depois pelo Império Romano.
As conquistas de Alexandre Magno, promovendo a fusão das culturas das várias regiões
conquistadas no Oriente com os valores gregos deu origem a cultura helenística, que teve
como centro de difusão cultural Alexandria, no Egito, e Pérgamo, na Ásia Menor.

Os Conhecimentos da Grécia Antiga


Os gregos foram os responsáveis pelo nascimento da Filosofia, termo grego que
significava amor à sabedoria, por volta do século IV a.C., na cidade de Mileto. Um dos
mais importantes pensadores gregos foi Pitágoras, matemático e filósofo. Pitágoras
desenvolveu a ideia de que o princípio comum do homem, dos animais, vegetais e
minerais era o átomo, considerado a menor parte da matéria. Segundo Pitágoras, o que
diferenciava os seres animados e inanimados eram as diferentes estruturas que os
átomos formavam em cada um deles. Além disso, ele formulou teorias sobre números e
os classificou em várias categorias: os pares, os impares e os números primos. Defendia,
também, a ideia que a terra era redonda. Os responsáveis pelo apogeu da filosofia grega
no século IV a.C. foram Sócrates, Platão e Aristóteles.
Sócrates não deixou nenhuma obra escrita. Ensinava nas ruas e nas praças. Seu
principal discípulo foi Platão, cujas obras, em forma de diálogos, conservam-se até
nossos dias. Aristóteles, por sua vez, foi o mais importante discípulo de Platão. Foi
responsável pelo estabelecimento das bases da Lógica, ciência que estuda os métodos e
processos que possibilitam diferenciar os argumentos verdadeiros dos falsos nos estudos
filosóficos. A Lógica é, até hoje, um instrumento fundamental para todas as outras
ciências.
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Entre os matemáticos gregos, além de Pitágoras, conhecido como o “pai da matemática”,
estão Euclides, Que estabeleceu os fundamentos da Geometria, e Arquimedes, conhecido
pelo famoso “Principio de Arquimedes” segundo o qual um corpo mergulhado na água
sofre, de baixo para cima, um impulso equivalente ao líquido que deslocou.
Os médicos também eram profissionais muito respeitados. O mais importante deles foi
Hipócrates de Cós, que é considerado o “Pai da Medicina”. Ainda hoje, os médicos, ao se
formarem, prestam o chamado “juramento de Hipócrates”.
Hipócrates, naquela época, já utilizava procedimentos muito parecidos aos que utilizam
nossos médicos para fazer diagnóstico de doenças como examinar o globo ocular,
verificar a temperatura do corpo, aspecto da urina e das fezes, entre outros.
Ao lado da Medicina praticada pelos médicos, havia também, tratamentos populares
baseados na superstição e na magia. Uma das práticas mais comuns era pendurar
amuletos no pescoço, atitude essa, tida como infalível para a prevenção e cura de várias
doenças.
Os mesmo avanços se verificaram na Astronomia e no campo da Geografia. Por volta do
século II a.C., os gregos mapearam o mundo conhecido, dividindo-o em meridianos e
paralelos e em três zonas: a frígida, a temperada e a tórrida. Usando cálculos
matemáticos, mediram a circunferência da terra, as distâncias dela do Sol e da Lua.
A preocupação dos gregos com a ciência era muito grande. Suas bibliotecas eram
repletas de obras importantes e todas elas possuíam cópias, para não se perderem em
caso de incêndio ou de outro tipo de desastre. E como os gregos trataram a História?
Alguns historiadores gregos tiveram uma grande importância para o desenvolvimento
dessa área de conhecimento, ao substituírem os mitos poéticos pela explicação histórica.
Os principais historiadores gregos foram Heródoto, considerado “o pai da história” , que
escreveu uma obra sobre a guerra dos gregos contra os persas, e Tucídides, que narrou a
historia da Guerra do Peloponeso, da qual participou.

O teatro grego e o legado cultural


Os gregos alcançaram notável desenvolvimento cultural e artístico. Sua produção tornou-
se tão rica e fecunda que ultrapassou os limites do tempo e do espaço geográfico e
influenciou toda a cultura ocidental e algumas sociedades orientais.
O teatro que surgiu na Grécia Antiga era diferente do atual. Os gregos assistiam à peças
de graça, mas não frequentavam o teatro quando queriam. Ir ao teatro era um dos
compromissos sociais das pessoas. Assim como havia rituais religiosos e assembleias
para decidir os rumos das cidades, existiam festivais de teatros. Dedicados às tragédias
ou às comédias, eles eram financiados pelos cidadãos ricos. E o governo pagava aos
mais pobres para comparecer às apresentações.
Os festivais dedicados à tragédia ocorriam em teatros de pedra, ao ar livre, onde se
escolhia o melhor autor.
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Embora alguns atores fizessem sucesso, os grandes ídolos do teatro eram os autores. As
apresentações duravam vários dias e começavam com uma procissão em homenagem ao
deus Dionísio, considerado o protetor do teatro. A plateia acompanhava as peças o dia
todo e reagia intensamente às encenações.
Atores e um coro participavam das apresentações. No palco, os atores pareciam
gigantes. Usavam sapatos de sola alta, roupas acolchoadas e máscaras feitas de pano
engomado e pintados, decoradas com perucas e capazes de amplificar as vozes.
A partir do Império Romano – que sucedeu a civilização grega – , o teatro entrou em
declínio. Os romanos preferiram o circo – na época, voltado para lutas entre gladiadores e
animais –,que predominou nos teatros das principais cidades do império.
Além do teatro, os gregos desenvolveram outras formas de expressão artística , tais como
escultura, a pintura, a música e a arquitetura.

Cópia do Discóbolo de Míron.


O mármore e o bronze eram utilizados por escultores como Fídias e Míron. Na
arquitetura, os gregos demonstraram grande habilidade em projetos de templos e edifícios
públicos. Para sustentar o peso das construções empregavam colunas, sem usar
argamassa.

Partenon de Atenas.

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As pinturas desapareceram em sua grande maioria, podendo ser vistas apenas em alguns
vasos que foram preservados.
A música era executada por um só instrumento de sopro ou de cordas, sendo os favoritos
a lira, a cítara e o aulo, um tipo de flauta. O canto era muito apreciado, e, por isso,
escreveram-se muitos poemas em forma de canção para acompanhamento com lira.
A cultura grega legou para a humanidade obras de arte fascinantes e um conjunto de
ideias que até hoje influenciam o pensamento de filósofos, estudiosos e cientistas.
As pinturas desapareceram em sua grande maioria, podendo ser vistas apenas em alguns
vasos que foram preservados.

Vaso grego, 500-490 a.C., Louvre, Paris. Detalhe de um vaso grego.

Conjunto grego tocando harpa, cítara e lira

A Religião na Grécia
Os gregos eram politeístas, isto é, acreditavam em vários deuses, assim como a maioria
dos povos da Antiguidade. Mas, ao contrário dos outros povos, tinham uma grande
intimidade com seus deuses, pois acreditavam que eles estavam a serviço das pessoas.
Os deuses gregos possuíam características humanas, defeitos e qualidades, fraquezas e
paixões. A diferença existente entre eles e os humanos é que os deuses eram imortais.
Os gregos acreditavam na existência de 12 grandes divindades, que se reunião em seus
tronos no alto do Monte Olimpo, onde moravam.
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O pai de todos os deuses era Zeus, casado com Hera. Apolo era o deus do Sol e protetor
das artes, Ares era o deus guerra, Poseidon, do mar. Afrodite era a deusa do amor, e
Palas Atena, da sabedoria, entre outros.
Geralmente, esses deuses e deusas eram associados a fenômenos naturais. A arma de
Zeus, por exemplo, era o raio – as tempestades seriam efeito de sua cólera. Por sua vez,
os terremotos, que eram comuns na Grécia, eram explicados pelo mau humor de
Poseidon, que batia com seu tridente no fundo do mar.

Zeus

Palas Atena
As Primeiras Olimpíadas
Foram os gregos que criaram os Jogos Olímpicos. Por volta de 2500 AC, os gregos
faziam homenagens aos deuses, principalmente Zeus.
Atletas das cidades-estados gregas se reuniam na cidade de Olímpia para disputarem
diversas competições esportivas: atletismo, luta, boxe, corrida de cavalo e pentatlo (luta,
corrida, salto em distância, arremesso de dardo e de disco). Os vencedores eram
recebidos como heróis em suas cidades e ganhavam uma coroa de louros.

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Os gregos buscavam através dos jogos olímpicos a paz e a harmonia entre as cidades
que compunham a civilização grega.
No ano de 392 AC, os Jogos Olímpicos e todas as manifestações religiosas do politeísmo
grego foram proibidos pelo imperador romano Teodósio I, após converter-se para o
cristianismo.

Olimpíadas na Grécia Antiga


No ano 1896, os Jogos Olímpicos são retomados em Atenas, por iniciativa do francês
Pierre de Fredy, conhecido com o barão de Coubertin. Nesta primeira Olimpíada da Era
Moderna, participam 285 atletas de 13 países, disputando provas de atletismo, esgrima,
luta livre, ginástica, halterofilismo, ciclismo, natação e tênis. Os vencedores das provas
foram premiados com medalhas de ouro e um ramo de oliveira.

A Mitologia Grega
Há muito tempo atrás, as pessoas não podiam explicar os eventos a partir da ciência. Por
isso explicavam os acontecimentos naturais a partir das histórias de deuses, deusas e
heróis. Os gregos tinham uma história para explicar a existência do mal e dos infortúnios.
Acreditavam que, em certa época, todos os males e infortúnios estiveram presos em uma
caixa. Pandora, a princesa mulher, abriu a caixa e eles se espalharam pelo mundo.
Os mais antigos mitos gregos falam do caos (confusão primitiva), de Gaia (mãe-terra),
Ponto (o mar) e Urano (céu). Do casamento de Urano e Gaia, nasceram os titãs, ciclopes
e gigantes, que personificaram as coisas grandes e poderosas da Terra: montanhas,
terremotos, furacões, etc. O mais forte dos titãs, Cronos, casou-se com sua irmã Reia, e
tiveram seis filhos. Temendo a rivalidade de seus filhos, Cronos devorou-os logo ao
nascer, exceto Zeus, que Reia escondeu numa caverna. Quando se tornou adulto, Zeus
derrotou o pai e obrigou-o a libertar os ciclopes da tirania de Cronos, e eles, em
recompensa, deram-lhe as armas do trovão e do relâmpago.
Além dos deuses, também os heróis tinham direito ao culto. Resultado da união entre um
deus e uma mortal (ou vice-versa), eram considerados intermediários entre os deuses e
os homens, atribuíam a eles a proteção do local onde estavam sepultados. Outros foram
homens excepcionais, cujos feitos, muito antigos, se tinham transformado em lenda.

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Temos o caso do Édipo que após ter sido expulso de Tebas por ter morto o pai sem o ter
reconhecido, conseguiu responder à esfinge, temos em Atenas, Teseu que fora seu
fundador e vencedor do Minotauro e ainda Hércules, um dos mais populares heróis
gregos e considerado como fundador dos Jogos Olímpicos.

Hércules e a Hidra Teseu e o Minotauro


Como vivia o povo grego na Antiguidade
De modo geral, o homem grego passava o dia fora de casa. Ocupava o tempo
trabalhando, fazendo compras ou conversando com os amigos sobre política e outros
assuntos. A mulher ficava em casa, cuidando da roupa e da alimentação e organizando o
trabalho dos escravos; era ela quem administrava as tarefas da casa.
Comparadas com as de hoje, as casas eram pequenas e sem conforto. Mas isso tinha
pouca importância, pois, em razão da suavidade do clima, a maior parte das atividades
diárias era desenvolvida fora de casa. Construídas com uma mistura de pedregulho e
terra cozida, as paredes eram tão frágeis que os ladrões eram chamados de
“arrombadores de paredes”, pois eles simplesmente escavavam uma passagem nelas
para entrar em casa. Nas pequenas janelas não havia vidros e, no inverno, elas eram
fechadas com madeira. As cozinhas eram raras e os alimentos eram preparados ao ar
livre.
Na Grécia Antiga não havia residências luxuosas. Mesmo um grande general, como
Temístocles, vivia numa casa simples, igual à de seus vizinhos. Os homens ricos não
eram respeitados pela ostentação, mas pelo que davam aos deuses e à cidade para
custear os festivais públicos. Nas cidades havia numerosas construções publicas. As
principais eram Odéon, consagrado aos exercícios de música; os teatros, onde se
representavam tragédias e comédias; os ginásios, que, de inicio eram usados como
lugares de treinamento e, depois, passaram a ser os lugares onde os filósofos davam
suas lições ao ar livre; os estádios, onde se efetuavam as corridas a pé e outros
exercícios, e os templos, onde eram cultuados os deuses.
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As casas ficavam dispersas, sem nenhum alinhamento, atrás dos templos e de outros
monumentos. As ruas eram estreitas e sinuosas. As condições de higiene eram precárias:
quase não havia esgotos e todo o lixo era jogado nas ruas para ser apanhado pelos cães.
Ao se levantar, os gregos comiam pão embebido em vinho diluído com água; no almoço,
comiam pão com queijo de cabra ou azeitona e figos; o jantar consistia de uma sopa de
cevada e pão de cevada. Às vezes, comiam também legumes preparados em azeite de
oliva e algumas aves caçadas no campo.
Nas famílias mais ricas, jantar era quase igual, mas o pão era de trigo e, as vezes, havia
também peixe, linguiça, queijo com mel e nozes, bolos e frutas secas.
Carne só em ocasiões especiais e depois de rituais. Nessas ocasiões, cabras e cordeiros
eram sacrificados no pátio das casas. As vísceras e gorduras eram queimadas no altar
como oferenda aos deuses, e a carne, depois de assada, era servida aos presentes. Só
nos grandes festivais da cidade se comia carne bovina. Depois do sacrifício, a carne era
distribuída entre os pobres.
A principal bebida dos gregos era o vinho. Mas eles não bebiam puro; preferiam mistura-lo
com água e, antes de bebê-lo , costumavam derramar algumas gotas no chão como
oferenda aos deuses. Os gregos comiam muito pão, e para adoçar a comida ou bebida
utilizavam o mel.
As roupas usadas pelos gregos eram simples. À parte a qualidade dos tecidos, todos se
vestiam da mesma maneira, com roupas fáceis de pôr e tirar. Os camponeses usavam
uma veste curta, feita da pele de animais.
Cabia às mulheres à tarefa de tecer o pano para fazer as roupas, tanto nas famílias ricas
quanto nas pobres. Eram elas que fiavam, tingiam e teciam a lã: a peça que saía do tear
estava pronta para ser usada. Não era preciso cortar nem costurar.

A Grécia hoje
A Grécia ocupa aproximadamente o território habitado pelos helenos do período Clássico.
Sua forma de governo é a república parlamentarista. A Grécia vive sob regime
democrático. Trata-se de uma democracia representativa, diferente daquela praticada no
período Clássico. Naquela época, as pessoas participavam diretamente, emitindo sua
opinião na Assembleia, que reunia todos os cidadãos. Na democracia moderna, os
cidadãos elegem seus representantes e são estes que exercem o poder.
A economia do país baseia-se na agricultura, na indústria e no turismo. As principais
culturas são: trigo, oliveiras, fumo, algodão e frutas. Dentre as principais indústrias,
destacam-se as têxteis, as de azeite e vinho, as de refino de petróleo, as de alumínio e
níquel e a mineração. Desde a Antiguidade, os gregos se distinguiram na construção
naval e na navegação. Essa tradição continua até hoje.
A frota grega atual, composta de navios de passageiros e mercantes, entre os quais
importantíssimos cargueiros e petroleiros, está entre as primeiras do mundo.
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Mapa Mental:

Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Grécia Antiga
Parte 1
https://youtu.be/0sVur4PJjcw
Parte 2
https://youtu.be/GiptK0MhFFI
Canal: "Se liga nessa História" | Vídeo aula: Grécia Antiga
Parte 1
https://youtu.be/-JLY_hoJUNE
Parte 2
https://youtu.be/mh3KgOYM3OY
Parte 3
https://youtu.be/Z3V0hV6l1gM

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Parte 4
https://youtu.be/fZ6tc3fvA3w
Parte 5
https://youtu.be/tFGw5Ya_Fqo
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Grécia Antiga
https://youtu.be/wJPK3QHZdDc
Site: "Stoodi" | Vídeo aula: Grécia Antiga
https://www.stoodi.com.br/resumos/historia/antiguidade-classica-grecia/
Exercícios:
1. (Enem PPL 2012) Mirem-se no exemplo Daquelas mulheres de Atenas Vivem pros
seus maridos Orgulho e raça de Atenas. BUARQUE, C.; BOAL, A. “Mulheres de Atenas”.
In: Meus caros amigos,1976. Disponível em: http://letras.terra.com.br. Acesso em 4 dez.
2011 (fragmento) Os versos da composição remetem à condição das mulheres na Grécia
antiga, caracterizada, naquela época, em razão de
a) sua função pedagógica, exercida junto às crianças atenienses.
b) sua importância na consolidação da democracia, pelo casamento.
c) seu rebaixamento de status social frente aos homens.
d) seu afastamento das funções domésticas em períodos de guerra.
e) sua igualdade política em relação aos homens.

2. (UFSCar-2002) E muitos a Atenas, para a pátria de geração divina,reconduzi, vendidos


que foram - um injustamente, o outro justamente; e outros por imperiosas obrigações
exilados, e que nem mais a língua ática falavam, de tantos lugares por que tinham errado;
e outros, que aqui mesmo escravidão vergonhosa levavam, apavorados diante dos
caprichos dos senhores, livres estabeleci. O texto, um fragmento de um poema de Sólon–
arconte ateniense, 594 a.C. - , citado por Aristóteles em A Constituição de Atenas, refere-
se
a) ao fim da tirania.
b) à lei que permitia ao injustiçado solicitar reparações.
c) à criação da lei que punia aqueles que conspiravam contra a democracia.
d) à abolição da escravidão por dívida.
e) à instituição da Bulé.

3. (FGV-2002) O período helenístico foi marcado por grandes transformações na


civilização grega. Entre suas características, podemos destacar:
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a) O desenvolvimento de correntes filosóficas que, diante do esvaziamento das atividades
políticas das cidadesEstado, faziam do problema ético o centro de suas preocupações
visando, principalmente, o aprimoramento interior do ser humano.
b) um completo afastamento da cultura grega com relação às tradições orientais,
decorrente, sobretudo, das rivalidades com os persas e da postura depreciativa que
considerava bárbaros todos os povos que não falavam o seu idioma.
c) A manutenção da autonomia das cidades-Estado, a essa altura articuladas primeiro na
Liga de Delos, sob o comando de Atenas e, posteriormente, sob a Liga do Peloponeso,
liderada por Esparta.
d) A difusão da religião islâmica na região da Macedônia, terra natal de Felipe II,
conquistador das cidades-Estado gregas.
e) O apogeu da cultura helênica representado, principalmente, pelo florescimento da
filosofia e do teatro e o estabelecimento da democracia ateniense.

4. (Fatec) "A cidade-estado era um objeto mais digno de devoção do que os deuses do
Olimpo, feitos à imagem de bárbaros humanos. A personalidade humana, quando
emancipada, sofre se não encontra um objeto mais ou menos digno de sua devoção, fora
de si mesma." (Toynbee, Arnold J. HELENISMO, HISTÓRIA DE UMA CIVILIZAÇÃO) Na
antiguidade clássica, as cidades-estados representavam
a) uma forma de garantir territorialmente a participação ampla da população na vida
política grega.
b) um recurso de expansão das colônias gregas.
c) uma forma de assegurar a independência política das cidades gregas entre si.
d) uma característica da civilização helenística no sistema político grego.
e) uma instituição política helenística no sistema político grego.

Respostas:
1) C
2) D
3) A
4) B

Fontes/Créditos:
https://querobolsa.com.br/enem/historia-geral/grecia-antiga
https://blogdoenem.com.br/civilizacao-grega-historia-enem/
https://www.sohistoria.com.br/ef2/grecia/
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https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-grecia-antiga.htm
https://studymaps.com.br/grecia-antiga/
Mais exercícios sobre "Grécia Antiga":
http://projetomedicina.com.br/site/attachments/article/497/exercicios_gabarito_resol
ucao_historia_antiga_exercicios_grecia.pdf

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Roma
Introdução
A Antiguidade Clássica refere-se a um período da História da Europa que ocorre
aproximadamente do século VIII a.C., quando surge a poesia grega de Homero, até a
queda do Império romano do ocidente no século V d.C., mais precisamente no ano 476.
O que diferencia esta época de outras anteriores ou posteriores são os fatores culturais
das civilizações mais marcantes, a Roma e a Grécia antigas.
Roma foi o último grande império do mundo antigo. Com exércitos poderosos dominou
terras que antes pertenciam a gregos, egípcios, mesopotâmios, persas e muitos outros
povos.
Com quase 1 milhão de habitantes, Roma transformou-se na maior cidade da
Antiguidade. Para lá se dirigiam pessoas dos lugares mais distantes, levando suas
culturas.
O poder do império construído pelos romanos era tão grande que acabou se tornando
uma referência para todo o mundo ocidental, mesmo séculos depois de ter chegado ao
seu final.

Origem de Roma: explicação mitológica


Segundo a mitologia romana, Rômulo e Remo são dois irmãos gêmeos, um dos quais,
Rômulo, foi o fundador da cidade de Roma e seu primeiro rei.
Conta a lenda que Rômulo e Remo eram filhos do deus grego Ares, ou Marte, seu nome
latino, e da mortal Reia Sílvia (ou Rhea Silvia), filha de Numitor, rei de Alba Longa.
Amúlio, irmão do rei Numitor, deu um golpe de estado, apoderou-se da coroa e fez de
Numitor seu prisioneiro. Reia Sílvia foi confinada à castidade, para que Numitor não
viesse a ter descendência. Entretanto, Marte desposou Reia que deu a luz aos gêmeos
Rômulo e Remo. Amúlio, rei tirano, ao saber do nascimento das crianças as jogou no rio
Tibre. A correnteza os arremessou à margem do rio e foram encontrados por uma loba,
que teria os amamentado e cuidado deles até que estes foram achados pelo pastor
Fáustulo, que junto com sua esposa os criou como filhos.

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Rômulo e Remo e o mito da fundação
Quando Remo tornou-se adulto, se indispôs com pastores vizinhos, estes o tomaram e
levaram à presença do rei Amúlio, que o aprisionou.
Fáustulo revelou a Rômulo as circunstâncias de seu nascimento, este foi ao palácio e
libertou ao irmão, matou Amúlio e libertou seu avô Numitor. Numitor recompensou os
netos dando-lhes direito de fundar uma cidade junto ao rio Tibre.
Os dois consultaram os presságios e seguiram até a região destinada a construção da
cidade. Remo dirigiu-se ao Aventino e viu seis abutres sobrevoando o monte. Rômulo
indo ao Palatino avistou doze aves, fez então um sulco por volta da colina, demarcando o
Pomerium, recinto sagrado da nova cidade. Remo, enciumado por não ser o escolhido,
zombou do irmão e, num salto, atravessou o sulco sendo morto por Rômulo, que o
enterrou no Aventino.
Rômulo, após a fundação da cidade, preocupou-se em povoá-la. Criou o Capitólio um
refúgio para todos os banidos, devedores e assassinos da redondeza. A notícia da nova
cidade se espalhou e os primeiros habitantes foram chegando, principalmente Latinos e
Sabinos. Rômulo, após longa batalha com os Sabinos, firmou acordo com Tito Tácio, seu
rei e com este reinou sob uma só nação na grande cidade de Roma.
A Rômulo também é atribuído a instituição do Senado e das Cúrias.

Origem de Roma: explicação histórica


De acordo com os historiadores, a fundação de Roma resulta da mistura de três povos
que foram habitar a região da península itálica: gregos, etruscos e italiotas.
Desenvolveram na região uma economia baseada na agricultura e nas atividades
pastoris. A sociedade, nesta época, era formada por patrícios (nobres proprietários de
terras) e plebeus (comerciantes, artesãos e pequenos proprietários). O sistema político
era a monarquia, já que a cidade era governada por um rei de origem patrícia.
A religião neste período era politeísta, adotando deuses semelhantes aos dos gregos,
porém com nomes diferentes. Nas artes destacava-se a pintura de afrescos, murais
decorativos e esculturas com influências gregas.

Localização
Roma é capital da Itália, país europeu localizado em uma das penínsulas do Mar
Mediterrâneo. Trata-se da Península Itálica, situada na cordilheira dos Alpes e banhada
pelos mares Adriático, Tirreno e Jônico.

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A história de Roma é dividida em três momentos:
• Monárquico (753-509 a.C.);
• Republicano (507-27 a.C.);
• Imperial (27 a.C. – 476 d.C.).

Período Monárquico: o domínio etrusco


Muitas das informações sobre o período Monárquico fundamentam-se nas lendas
contadas pelos romanos. Nessa época, a cidade deve ter sido governada por reis de
diferentes origens; os últimos de origens etrusca, devem ter dominado a cidade por cerca
de cem anos. Durante o governo dos etruscos, Roma adquiriu o aspecto de cidade.
Foram realizadas diversas obras públicas entre elas, templos, drenagens de pântanos e
um sistema de esgoto.
Nessa época, a sociedade romana estava assim organizada:
• Patrícios ou nobres: Descendentes das famílias que promoveram a ocupação
inicial de Roma. Eram grandes proprietários de terra e de gado.
• Plebeus: Em geral, eram pequenos agricultores, comerciantes, pastores e
artesãos. Constituíam a maioria da população e não tinham direitos políticos.
• Clientes: eram homens de negócios, intelectuais ou camponeses que tinham
interesse em fazer carreira pública e que por isso recorriam à proteção de algum
patrono, geralmente um patrício de posses.

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• Escravos: Eram plebeus endividados e principalmente prisioneiros de guerra.
Realizavam todo o tipo de trabalho e eram considerados bens materiais. Não
tinham qualquer direito civil ou político.
O último rei etrusco foi Tarquínio, o Soberbo. Ele foi deposto em 509 a.C., provavelmente
por ter descontentado os patrícios com medidas a favor dos plebeus.
No lugar de Tarquínio, os patrícios colocaram no poder dois magistrados, chamados
cônsules. Com isso, terminava o período Monárquico e tinha inicio o período Republicano.

Período Republicano
República é uma palavra de origem latina e significa “coisa pública”. Durante a passagem
da monarquia para a república, eram os patrícios que detinham o poder e controlavam as
instituições políticas. Concentrando o poder religioso, político e a justiça, eles exerciam o
governo procurando se beneficiar.
Para os plebeus, sem direito à participação política, restavam apenas deveres, como
pagar impostos e servir o exército.

Organização política e social na república


Na república, o poder que antes era exercido pelo rei foi partilhado por dois cônsules. Eles
exerciam o cargo por um ano e eram auxiliados por um conselho de 100 cidadãos,
responsáveis pelas finanças e pelos assuntos externos. Esse conselho recebia o nome de
Senado, e a ele competia promulgar as leis elaboradas pela Assembleia de Cidadãos,
dominada pelos patrícios.

Reprodução de uma sessão do Senado romano


À medida que Roma cresceu e se tornou poderosa, as diferenças entre patrícios e
plebeus se acentuaram. Marginalizados, os plebeus desencadearam uma luta contra os
patrícios, que se estendeu por cerca de dois séculos (V-IV a.C.) Durante esses dois
séculos, os plebeus conquistaram seus direitos.

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Entre eles, o de eleger seus próprios representantes, chamados tribunos da plebe. Os
tribunos tinham o poder de vetar as decisões do Senado que fossem prejudiciais aos
interesses dos plebeus.
Outras conquistas foram a proibição da escravização por dívidas e o estabelecimento de
leis escritas, válidas tanto para os patrícios quanto para plebeus. Até então, em Roma, as
leis não eram escritas e os plebeus acabavam julgados conforme os critérios dos
patrícios. Estabelecendo as leis por escrito, os plebeus garantiam um julgamento mais
justo.
Os plebeus conquistaram ainda a igualdade civil, com a autorização do casamento entre
patrícios e plebeus; a igualdade política, com o direito de eleger representantes para
diversos cargos, inclusive o de cônsul; e a igualdade religiosa, com o direito de exercer
funções sacerdotais.

A estrutura do poder na República Romana


Cônsules: chefes da República, com mandato de um ano; eram os comandantes do
exército e tinham atribuições jurídicas e religiosas.
• Senado: composto por 300 senadores, em geral patrícios. Eram eleitos pelos
magistrados e seus membros eram vitalícios. Responsabilizavam-se pela
elaboração das leis e pelas decisões acerca da política interna e externa.
• Magistraturas: responsáveis por funções executivas e judiciária, formadas em
geral pelos patrícios.
• Assembleia Popular: composta de patrícios e plebeus; destinava-se a votação
das leis e era responsável pela eleição dos cônsules.
• Conselho da Plebe: composto somente pelos plebeus; elegia os tributos da plebe
e era responsável pelas decisões em plebiscitos (decretos do povo).

A expansão das fronteiras romanas


Iniciado durante a República, o expansionismo romano teve basicamente dois objetivos:
defender Roma do ataque dos povos vizinhos rivais e assegurar terras necessárias à
agricultura e ao pastoreio. As vitórias nas lutas conduziram os romanos a uma ação
conquistadora, ou seja, a ação do exército levou à conquista e incorporação de novas
regiões a Roma. Dessa forma, após sucessivas guerras, em um espaço de tempo de
cinco séculos, a ação expansionista permitiu que o Império Romano ocupasse boa parte
dos continentes europeu, asiático e africano.
O avanço das forças militares romanas o colocou Império em choque com Cartago e
Macedônia, potências que nessa época dominavam o Mediterrâneo. As rivalidades entre
os cartagineses e os romanos resultaram nas Guerras Púnicas (de puni, nome pelo qual
os cartagineses eram conhecidos).

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As Guerras Púnicas desenvolveram-se em três etapas, durante o período de 264 a 146
a.C. Ao terminar a terceira e ultima fase das Guerras Púnicas, em 146 a.C., Cartago
estava destruída. Seus sobreviventes foram vendidos como escravos e o território
cartaginês foi transformado em província romana. Com a dominação completa da grande
rival, Roma iniciou a expansão pelo Mediterrâneo oriental (leste). Assim, nos dois séculos
seguintes, foram conquistados os reinos helenísticos da Macedônia, da Síria e do Egito.
No final do século I a.C., o mediterrâneo havia se transformado em um “lago romano” ou,
como eles diziam, Mare Nostrum(“nosso mar”).

Período de instabilidade política


Com o fim das Guerras Púnicas, em 146 a.C., iniciou-se um período de intensa agitação
social. Além dos escravos, povos da Península Itálica também se revoltaram, só que
exigindo o direito à cidadania romana. A expansão das conquistas e o aumento das
pilhagens fortaleceram o exército romano, que então se colocou na luta pelo poder.
Assim, esse período ficou marcado por uma acirrada disputa política entre os principais
generais, abrindo caminho para os ditadores.
Essa crise se iniciou com a instituição dos triunviratos ou triarquia, isto é, governo
composto de três indivíduos. O Primeiro Triunvirato, em 60 a.C., foi composto de políticos
de prestigio: Pompeu, Crasso e Júlio César. Esses generais iniciaram uma grande disputa
pelo poder, até que, após uma longa guerra civil, Júlio César venceu seus rivais e recebeu
o título de ditador vitalício.
Durante seu governo, Júlio César formou a mais poderosa legião romana, promoveu uma
reforma político-administrativa, distribuiu terras entre soldados, impulsionou a colonização
das províncias romanas e realizou obras públicas.
O imenso poder de César levou os senadores a tramar sua morte, o que aconteceu em 44
a.C. Os generais Marco Antonio, Lépido e Otávio formaram, então, o Segundo triunvirato,
impedindo que o poder passasse para as mãos da aristocracia, que dominava o Senado.
A disputa pelo poder continuou com o novo triunvirato. Em 31 a.C., no Egito, Otávio
derrotou as forças de Marco Antônio e retornou vitorioso a Roma. Fortalecido com essa
campanha, Otávio pôde governar sem oposição. Terminava, assim, o regime republicano
e iniciava o Império.

O Império Romano
Após vencer Marco Antonio, Otávio recebeu diversos títulos que lhe conferiram grande
poder. Por fim, em 27 a.C., o senado atribuiu-lhe o título de Augusto, que significava
consagrado, majestoso, divino.
O período Imperial, tradicionalmente, costuma ser dividido em dois momentos:
• Alto Império: período em que Roma alcançou grande esplendor (estende-se até o
século III d.C.)
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• Baixo Império: fase marcada por crises que conduziram a desagregação do
Império Romano (do século III ao século V).

Alto Império
Augusto, durante seu governo (27 a.C. a 14 d.C.), adotou uma série de medidas visando
controlar os conflitos sociais, solucionar problemas econômicos e, com isso, consolidar o
império fazendo com que Roma atingisse seu apogeu e vivesse um longo período de
prosperidade e de relativa tranquilidade social, também conhecido como Pax
Romana. Isso foi possível porque o imperador Otávio abandonou a política agressiva de
conquistas, promoveu a aliança entre aristocracia e os cavaleiros (plebeus enriquecidos)
e apaziguou a plebe com a política do “pão e circo” (panem et circenses), que consistia
em distribuir trigo para a população carente e organizar espetáculos públicos de circo.
Do governo de Augusto aos dois séculos que se seguiram, o Império Romano, por meio
de conquistas militares, ampliou ainda mais o seu território. Seus domínios estendiam-se
pela Europa, Ásia e África.

As conquistas abasteciam o império não apenas de riquezas e terras, mas também de


escravos, principal mão-de-obra e todas as atividades, tanto econômicas quanto
domésticas.
100
A comunicação entre Roma, o centro do vasto império, e as demais regiões era garantida
pela existência de uma extensa rede de estradas. Daí provém o famoso ditado: “Todos os
caminhos levam a Roma”.
As estradas romanas, além de possibilitar a comunicação entre as diferentes regiões do
império, facilitavam a movimentação de tropas e equipamentos militares, contribuindo
para o sucesso das campanhas.
Após a morte de Augusto (14 d.C.) até o fim do século II, quatro dinastias se
sucederam no poder. São elas:
• Dinastia Júlio-Claudiana (14-68): Com os imperadores Tibério, Calígula, Cláudio
e Nero, essa dinastia esteve ligada à aristocracia patrícia romana. Principal
característica dessa fase: os constantes conflitos entre o Senado e os imperadores.
• Dinastia Flávia (68-96): Com os imperadores Vespasiano, Tito e Domiciano,
apoiados pelo exército, o Senado foi totalmente submetido.
• Dinastia Antonina (96 – 193): Com Nerva, Trajano, Adriano, Antonio Pio, Marco
Aurélio e Cômodo, assinalou-se uma fase de grande brilho do Império Romano. Os
imperadores dessa dinastia, exceto o último, procuraram adotar uma atitude
conciliatória em relação ao Senado.
• Dinastia Severa (193 – 235): Com Sétimo Severo, Caracala, Macrino, Heliogábalo
e Severo Alexandre, caracterizou-se pelo inicio de crises internas e pressões
externas, exercidas por povos diversos, prenunciando o fim do Império Romano, a
partir do século III da era cristã.

Baixo Império
Essa fase foi marcada por crises em diferentes setores da vida romana, que contribuíram
para pôr fim ao grande império.
Uma das principais crises diz respeito à produção agrícola. Por séculos, os escravos
foram a principal mão de obra nas grandes propriedades rurais. Entretanto, com a
diminuição das guerras, o reabastecimento de escravos começou a ficar difícil.
Além disso, com o passar do tempo, os romanos tornaram-se menos hostis aos povos
conquistados, estendendo a eles, inclusive, parte de seus direitos. Ou seja, os povos
dominados deixaram de ser escravizados.
Essas circunstâncias colaboraram para transformar a produção no campo. Por causa dos
custos, muitos latifúndios começaram a ser divididos em pequenas propriedades. Nelas, o
trabalho escravo já não era mais tão importante. Nessa época, os lucros com a produção
agrícola eram baixos.
O lugar dos escravos passou a ser ocupado, aos poucos, por camponeses, que
arrendavam a terra em troca da prestação de serviços nas terras do proprietário. Havia
também os colonos que, sem poder abandonar a terra, não tinham direito à liberdade,
pois estavam ligados a ela por lei e por fortes laços pessoais.
101
O centro de produção rural era conhecido como Villa. Protegido por cercas e fossos, era
habitado pelos donos das terras e todos aqueles que dela dependiam.
Ao mesmo tempo em que a vida no campo se transformava, um grande número de
pessoas começou a deixar as cidades em direção ao campo, provocando a diminuição do
comércio e da produção artesanal. Para uma população empobrecida, as cidades já não
representavam mais uma alternativa de vida.
Arrecadando menos impostos pela diminuição das atividades produtivas, o governo
romano começou a enfraquecer e as enormes fronteiras já não tinham como ser vigiadas
contra a invasão de povos inimigos.

Detalhe de um monumento (arco) erguido pelo imperador Constantino. Nele está


retratada a ação dos exércitos romanos nas fronteiras do império contra povos inimigos.
Eles tomam de assalto as muralhas de uma cidade.

Divisão do Império
Em 395, o imperador Teodósio dividiu o império em duas partes: Império Romano do
ocidente, com capital em Roma; e Império Romano do Oriente, com capital em
Constantinopla. Com essa medida, acreditava que fortaleceria o império. Achava, por
exemplo, que seria mais fácil proteger as fronteiras contra ataques de povos invasores.
Os romanos chamavam esses povos de bárbaros, por terem costumes diferentes dos
seus.
A divisão estabelecida por Teodósio não surtiu o efeito esperado. Diversos povos
passaram a ocupar o território romano. Em 476, os hérulos, povo de origem germânica,
invadiram Roma e, comandados por Odoacro, depuseram o imperador Rômulo Augusto.
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Costuma-se afirmar que esse acontecimento marca a desagregação do Império Romano.
Na verdade, isso refere-se ao Império Romano do Ocidente , pois a parte oriental ainda
sobreviveu até o século XV.
Embora as invasões de povos inimigos tenham papel decisivo no fim do Império
Romano do Ocidente, outras circunstâncias também foram determinantes, tais
como:
• Elevados gastos com a estrutura administrativa e militar;
• Perda do controle sobre diversas regiões devido ao tamanho do império;
• Aumento dos impostos dos cidadãos e dos tributos dos vencidos;
• Corrupção política;
• Crise no fornecimento de escravos com o fim das guerras de expansão;
• Continuidade das lutas civis entre patrícios e plebeus;
• A difusão do cristianismo.
O fim do poderio romano constituiu um longo processo, que durou centenas de anos. A
partir daí, começou a se formar uma nova organização social, política e econômica, o
sistema feudal, que predominou na Europa ocidental até o século XV.

Como vivia o povo romano na Antiguidade


Para o povo romano a vida urbana era um padrão a ser seguido até mesmo pelos
camponeses que visitavam Roma ocasionalmente.
Além de centro político, administrativo, econômico e cultural, a cidade de Roma foi palco
de inúmeras diversões populares como teatro, as corridas de biga, os jogos de dados e as
lutas de gladiadores, uma paixão nacional.
As habitações da maioria dos romanos eram simples. A população mais pobre vivia em
pequenos apartamentos, em edifícios de até seis andares, que apresentavam riscos de
desabamento e incêndio. Apenas uma minoria vivia em casas amplas e confortáveis, com
água canalizada, rede de esgoto, iluminação por candelabros, sala de banhos e luxuosa
decoração interior.

A infância em Roma
Assim como na Grécia, a educação dos romanos variava de acordo com a classe social e
o sexo. Os meninos das classes privilegiadas aprendiam a ler e a escrever em latim e
grego com seus preceptores, isto é, com professores particulares. Além disso, deviam ter
conhecimentos de agricultura, astronomia, religião, geografia, matemática e arquitetura.
Em relação aos meninos das classes menos abastadas, isso mudava de figura. A maioria,
que não podia dispor de tempo integral para os estudos, dedicava-se ao trabalho agrícola
ou artesanal. O abandono de crianças, tão comum nos dias de hoje, também existia na
Roma Antiga, e as causas eram variadas. Abandonados, meninos e meninas estavam
destinados à prostituição ou à vida de gladiadores, Outros ainda se tornavam servo
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Ricos e pobres abandonavam os filhos na Roma antiga. As causas eram variadas:
rejeitavam-se ou afogavam-se as crianças malformadas, os pobres, por não terem
condições de criar os filhos, expunham-nos, esperando que um benfeitor recolhesse o
infeliz bebê, os ricos, ou porque tinham duvidas sobre a fidelidade de suas esposas ou
porque já teriam tomado decisões sobre a distribuição de seus bens entre os herdeiros já
existentes.
Importante assinalar que, na Antiguidade, grega e romana, o infanticídio era praticado. A
legislação da Roma imperial tentou condenar essa prática, e o imperador Constantino,
desde 315 – reconhecendo a importância do fator econômico na prática do abandono por
pais extremamente pobres – procurou fazer funcionar um sistema de assistência aos pais,
para evitar que vendessem ou expusessem seus filhos. Depois de 318 o infanticídio
passou a ser punido com a morte.

Os trabalhadores de Roma
Em Roma, como nas demais cidades do Império, existiam diferentes tipos de
trabalhadores, como carpinteiros, marceneiros, cesteiros, ceramistas, caldeireiros. Toda a
produção desses trabalhadores era vendida nas lojas das cidades.
É preciso lembrar que grande parte do trabalho na cidade era executada por escravos.
Em sua maioria prisioneiros de guerra, eram eles os responsáveis por qualquer tipo de
trabalho, desde os artesanais até os domésticos.

O papel das mulheres


As mulheres, independentemente da classe social a que pertenciam, eram educadas
primeiramente para ser esposas e mães. Era responsabilidade das mulheres mais
abastadas a administração de suas casas, dos escravos e a criação dos filhos. Em
hipótese alguma poderiam participar das decisões políticas. Além disso, deveriam ensinar
às suas filhas a arte de fiar, tecer e preparar a comida.
As mulheres de classes menos favorecidas podiam trabalhar ao lado de seus maridos ou
administrar seu próprio negócio, quando solteiras. Existia ainda um grupo de mulheres
virgens que dedicava toda a vida a zelar pela chama sagrada de Vesta, deusa do fogo,.
As vestais, como eram chamadas, deixavam suas famílias entre os 6 e os 10 anos para
passar aproximadamente 30 anos vivendo ao lado do templo, sem que pudessem casar.
Diferentemente de outras mulheres, as vestais não tinham de obedecer aos pais ou
maridos, possuíam o direito de se sentar nos melhores lugares nas lutas de gladiadores e
eram tratadas com respeito pelo sexo oposto.

A vida conjugal
Dentre as instituições romanas destacou-se o casamento. Em Roma, com apenas 12
anos as meninas se casavam por intermédio de arranjos familiares, isto é, os pais
escolhiam os maridos para as filhas.
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Um casamento com cerimônia pública era importante para mostrar à sociedade que os
nubentes pertenciam a uma família de posses. O divórcio também era comum, e pelos
motivos mais variados, não precisando, muitas vezes, nem esclarecer a causa da
separação. Ao findar o processo legal, o pai da moça recebia de volta o dote ofertado à
época do casamento, e os filhos do casal eram entregues aos ex-maridos.

Como se vestiam os romanos


As vestimentas variavam de acordo com o sexo e com a categoria social. As mulheres
solteiras vestiam uma túnica sem mangas que ia até os tornozelos; após o casamento,
passavam a usar trajes com mangas. As mulheres mais ricas vestiam roupas de seda e
algodão, enquanto as mais pobres usavam lã ou linho. Os homens livres trajavam túnica
de linho ou lã, até os joelhos, para não atrapalhar os movimentos. Os trabalhadores
vestiam roupas de couro, devido à maior durabilidade. A toga, manto comprido, era usada
apenas pelos cidadãos a partir dos 14 anos.
Os acessórios também constituíam elementos importantes em indumentária. Era comum
as mulheres utilizarem anéis, colares, pulseiras, braceletes e tornozeleiras, além de
maquiagem e perucas. Os homens, para completar seus trajes, davam mais ênfase às
sandálias, aos chinelos e às botas de feltro ou couro.

O direito romano
Desde criança, o romano era educado para atender as necessidades do estado e
respeitar as tradições e os costumes. Uma série de normas regia a conduta dos cidadãos
tanto na vida familiar como na vida pública. Daí surgiram leis que orientavam as relações
entre os indivíduos. Reunidas, essas leis formaram códigos jurídicos, que deram origem
ao Direito Romano.
O Direito Romano dividia-se em duas esferas: a pública e a privada. O Direito público era
composto pelo Direito civil, válido para os cidadãos romanos, e pelo Direito estrangeiro,
válido para os povos conquistados. O Direito privado regulava as relações entre as
famílias.
O Direito foi uma das grandes contribuições dos romanos para as sociedades ocidentais.
Seus fundamentos, adaptados e reelaborados, foram adotados por diversos povos,
servindo de base até hoje para muitas sociedades.

A cultura romana
A cultura romana foi muito influenciada pela cultura grega. Os romanos "copiaram" muitos
aspectos da arte, pintura e arquitetura grega.
Os balneários (casas de banhos) romanos espalharam-se pelas grandes cidades. Eram
locais onde os senadores e membros da aristocracia romana iam para discutirem política
e ampliar seus relacionamentos pessoais.
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Balneário romano
A língua romana era o latim, que depois de um tempo espalhou-se pelos quatro cantos do
império, dando origem na Idade Média, ao português, francês, italiano e espanhol.
A mitologia romana representava formas de explicação da realidade que os romanos não
conseguiam explicar de forma científica. Trata também da origem de seu povo e da
cidade que deu origem ao império. Entre os principais mitos romanos, podemos destacar:
Rômulo e Remo.

Literatura, arquitetura e arte


A mais conhecida obra literária dos romanos é Eneida. Ela foi escrita pelo poeta Virgílio, a
pedido do imperador Augusto. A intenção de Virgílio em Eneida é glorificar a cidade de
Roma. O livro, escrito em forma de versos, narra a lenda do herói troiano Eneias.
Segundo a história de Virgílio, Eneias teria fugido para a península Itálica depois da
Guerra de Troia. Lá teria fundado Alba Longa, o reino pertencente ao avô de Rômulo e
Remo, fundadores lendários de Roma.
A Roma declamada por Virgílio tinha a missão divina de proporcionar paz e vida civilizada
ao mundo. O imperador Augusto, por sua vez, era o designado pelos deuses para tornar a
realidade essa missão.
A arte romana foi influenciada tanto por etruscos, um dos povos que ocuparam a
península Itálica, quanto por gregos.
Na arquitetura, por exemplo, os romanos herdaram dos etruscos o arco e a abóbada, que
aperfeiçoaram, além de desenvolver novas técnicas de construção; dos gregos
aproveitaram as colunas.

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Interior do Panteão, pintura de Giovanni Paolo Pannini, realizada no século XVII. Essa
construção, do início da era cristã, ainda existe. (abóbada)

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Na escultura, as principais obras romanas foram as estátuas equestres e os bustos:

Estátua equestre do Imperador Marco Aurélio Busto de Marco Aurélio

Ciências e tecnologia
O desenvolvimento que os romanos alcançaram nas ciências foi bastante limitado e
sofreu marcante influencia dos gregos. A medicina somente passou a ter um caráter
científico depois que os primeiros médicos gregos se estabeleceram em Roma; a
matemática e a geometria que os romanos conheceram também não alcançaram
progresso significativo.
Na astronomia, as noções alcançadas pelos romanos também não ultrapassaram aquelas
herdadas da Grécia. Eles sabiam da existência de cinco planetas e tinham ideias não
muito precisas a respeito do movimento da Lua em torno da Terra. Seus conhecimentos
astronômicos permitiram que, no tempo de César (em 46 a.C.), fosse elaborado um novo
calendário – o calendário Juliano – que sobreviveu até os fins do século XVI (1582),
sendo substituído pelo calendário gregoriano, devido ao papa Gregório XIII. Esse
calendário, que não é muito diferente do Juliano, foi adotado porque os astrônomos
descobriram algumas inexatidões no antigo calendário romano.
A medição do tempo, para os romanos, apresentava dificuldades que somente puderam
ser superadas séculos mais tarde. Os dias eram divididos em 24 horas (12 diurnas, 12
noturnas). Os relógios existentes mostravam as horas pelo deslocamento da sombra em
relação à posição do Sol durante o dia.
Os romanos numeravam as horas contando-as a partir do nascer do Sol. Assim, o clarear
do dia acontecia na primeira hora; a sexta-hora correspondia ao meio-dia; a nona hora
equivalia ao meio da tarde, e assim por diante.
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Os dias dos meses foram divididos em fastos e nefastos. Dias fastos eram considerados
inteiramente favoráveis; nefastos, os dias negativos para algumas atividades, como as
comerciais (por exemplo, o comércio não podia funcionar naqueles dias).
Os primeiros dias do mês eram denominados calendas; os dias 5 e 7 chamavam-se
nonas; e os dia 13 e 15 recebiam o nome de dos. Eram considerados de má sorte os
meses de março, maio e metade de junho.
A geografia entre os romanos foi inteiramente baseada nos ensinamentos aprendidos dos
gregos, e a cartografia limitou-se ao conhecimento e à elaboração de itinerários; mapas
rudimentares que indicavam, unicamente, os percursos que ligavam diferentes lugares do
império.
Na história, os romanos limitavam-se à narração dos fatos acontecidos em épocas
determinadas. Os historiadores procuravam, ainda, destacar um sentido moral, extraído
dos episódios estudados. Entre os historiadores romanos, tiveram destaque Tito Lívio,
Tácito e Suetônio.
Foi na ciência do direito que se revelou o gênio dos romanos antigos. Em 450 a.C.,
ocorreu a promulgação da Lei das Doze Tábuas, o primeiro código escrito de leis
elaborado em Roma. Durante quase um milênio, a partir daquela data, o direito romano
sofreu uma evolução contínua, cujo apogeu foi marcado pela elaboração do Código de
Justiniano, em 535 d.C., quando o Império do Ocidente já havia sido invadido pelos
bárbaros.

Religião Romana
No culto familiar uma prática muito comum era a existência de santuários domésticos,
onde eram cultuados os deuses protetores do lar e da família. Os deuses protetores da
família eram os Lares.
Os bens e os alimentos estavam sob a proteção de divindades especiais,
os Panates ou Penates. Esses deuses eram cultuados pelo chefe da família junto à
lareira, onde o fogo permanecia sempre aceso. Durante as refeições, os romanos
espalhavam junto ao fogo migalhas de alimentos e gotas de leite e de vinho, como
oferendas às divindades. Com isso, acreditavam conseguir a proteção dos deuses. Nas
festas familiares oferecia-se aos deuses o sacrifício de um animal (boi, carneiro ou porco),
que depois era dividido entre todas as pessoas da família.
Além dos deuses ligados a família, havia os que eram cultuados pelos habitantes da
cidade. O culto público era organizado pelo Senado. Com ele, os fiéis esperavam obter
dos deuses boas colheitas ou vitórias nas guerras.
Os rituais religiosos romanos eram controlados pelos governantes romanos. O culto a
uma religião diferente a do império era proibida e condenada. Os cristãos, por exemplo,
foram perseguidos e assassinados em várias províncias do império romano.
Os doze principais deuses de Roma correspondiam aos principais deuses gregos.
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O quadro a seguir mostra a correspondência:

Júpiter: deus dos deuses da religião romana


Os deuses romanos eram os mesmos da Grécia, porém com outros nomes:

Durante o período republicano e imperial, os romanos seguiram a religião politeísta


(crença em vários deuses), muito semelhante à religião praticada na Grécia Antiga.

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Esta religião foi absorvida pelos romanos, graças aos contatos culturais e conquistas na
península balcânica. Porém, a religião romana não era, como muitos afirmam, uma cópia
da religião grega. Os romanos incorporaram elementos religiosos etruscos e de outras
regiões da península itálica. Muitos imperadores, por exemplo, exigiram o culto pessoal
como se fossem deuses. Esta prática começou a partir do governo do imperador Júlio
César.
Diferentemente da crença grega, os deuses romanos não agiam como mortais, isto é, não
tinham como os homens e os deuses gregos, virtudes e defeitos. Por isso não há relatos
das suas atividades, como na mitologia grega. No início da Idade Média, com seu
significativo crescimento, o cristianismo absorveu todas as crenças e outras práticas
ligadas à religião desenvolvida pelos romanos e passou a ser considerada religião oficial
do Império Romano, desta forma a prática do politeísmo foi, aos poucos, sendo
abandonada.

O cristianismo
No período Imperial surgiu em Roma uma nova religião: o cristianismo. Monoteísta, essa
religião pregava a salvação eterna, isto é, o perdão de todos os pecados e a recompensa
de viver no paraíso após a morte. Seu deus era um só – Deus – e Jesus Cristo, seu filho,
era o messias que tinha sido enviado à Terra para difundir seus ensinamentos.

Economia
A economia do império Romano teve como base uma única moeda corrente, a cobrança
de baixas tarifas alfandegárias e uma rede de estradas e portos protegidos. Tudo isso
para facilitar as trocas comerciais entre as várias regiões.
Embora a agricultura fosse a atividade econômica mais importante do mundo romano, o
comércio marítimo de produtos de subsistência, exóticos ou de luxo foi bastante
expressivo.
Roma, centro do império, consumia cereais importados da Sicília e da África, e azeite de
oliva proveniente em especial da região correspondente à Espanha e ao Egito. Os
mármores coloridos, utilizados nas principais construções e em esculturas da capital e de
outras cidades, vinham da Ásia e do norte da África.
O comércio de cerâmica, cujo principal centro de produção era Arezzo, na Itália, abastecia
o mercado romano, bem como as províncias ocidentais, as do norte e o sudeste do
império.
A produção em fábricas era praticamente desconhecida. Em sua maioria, os artigos eram
confeccionados por artesãos, que trabalhavam com uma pequena produção e muitas
vezes diretamente para os usuários das mercadorias encomendadas. Já as oficinas que
fabricavam moedas eram de propriedade do imperados e organizadas por seus
funcionários.
111
Moeda romana em ouro representando as duas faces de Janus - 225-212 a.C.

Moeda romana
O exército romano
As conquistas do Império Romano deveram-se principalmente à firmeza e à disciplina de
seus exércitos. A maior unidade de exercito era a legião, que contava com 4.800 soldados
cada uma. No apogeu do Império, a Paz Romana era defendida por trinta legiões, ou seja,
144 mil soldados.

Os legionários eram muito hábeis na construção de pontes flutuantes para atravessar os


rios. Essas pontes e a capacidade de manter um ritmo de marcha de mais ou menos 32
quilômetros por dia permitiam que as legiões se movimentassem muito depressa.
112
O legionário protegia-se com um capacete e uma e uma couraça. As pernas e os joelhos
também tinham proteção. No braço esquerdo usava um escudo de madeira coberto de
couro. Nos pés calçava sandálias de couro com pregos de ferro nas solas.
As armas ofensivas eram três: o pilo (tipo de lança com cerca de dois metros), o gládio
(espada curta de lâmina pontiaguda com dois gumes) e o punhal.

Gládio romano
Faziam parte também, do equipamento do legionário utensílios e ferramentas (cantil,
caçarola, marmita, pá, enxada, foice, etc.), além de alimentos (cereal), roupas e um estojo
de primeiros-socorros. Todo equipamento pesava cerca de 40 quilos e era transportado
numa espécie de armação de madeira e metal em forma de T.
A maioria dos soldados no tempo do império eram voluntários, isto é, alistavam-se no
exército porque queriam e não porque fossem obrigados. Para ser legionário era preciso
ser cidadão romano e ter pelo menos 1,74m de altura. O candidato quando aceito, ia para
um acampamento onde treinava marcha, cavalgada, nado e combate.
113
O Coliseu
Mundialmente conhecido, o Coliseu, construído por ordem do imperador Vespasiano e
concluído, durante o governo de seu filho Tito, é um dos mais grandiosos monumentos da
Roma Antiga.
A parede externa do anfiteatro preserva os quatro pavimentos da estrutura de concreto
armado; nas três arquibancadas inferiores estão as fileiras de arcos, e na quarta,
pequenas janelas retangulares.
Os assentos eram de mármore e a escadaria ou arquibancada dividia-se em três partes,
correspondentes às diferentes classes sociais: o podium, para as classes altas; a
meaniana, setor destinado à classe média; e os pórticos, para a plebe e as mulheres. A
tribuna imperial ficava no podium e era ladeada pelos assentos reservados aos senadores
e magistrados.
Por cima dos muros ainda se podem ver as bases de sustentação da grade de cobertura
de lona destinada a proteger do sol os espectadores. Para evitar problemas nas saídas
dos espetáculos, os arquitetos projetaram oitenta escadarias de saída. Em menos de três
minutos, o Coliseu podia ser totalmente evacuado. Suas arquibancadas tinham
capacidade para 80 mil pessoas.

O Coliseu, em Roma Coliseu de Roma, interior.


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O Coliseu de Roma foi construído sobre o lago da casa de Nero, a Domus Áurea e ficou
conhecido como Colosseo (Coliseu) porque ali foi achada a estátua gigante (colosso) do
imperador.
Conta a história que os gladiadores lutavam na arena e que o Coliseu, era o lugar onde os
cristãos eram lançados aos leões. Para a inauguração, apenas oito anos depois do início
das obras, em 80 d.C., as festas e jogos duraram cem dias, durante os quais morreram 9
mil animais e 2 mil gladiadores.
As atividades do Coliseu foram encerradas em 523 d.C., mas o espaço permanece
carregado de uma clima misterioso e símbolo do Império Romano e da cidade eterna.

Símbolos e curiosidades
Devido à sua história milenar, são associados vários símbolos a Roma: o Coliseu, a Lupa
Capitolina , os símbolos do cristianismo, e o famoso acrônimo S.P.Q.R., utilizado durante
a expansão imperial para designar as terras como sendo d' O Senado e (d)o Povo
Romano.
As cores da cidade são o dourado e vermelho, representando, respectivamente, o
cristianismo e o Império Romano.
Também devido à sua longa história, e dada a sua importância, Roma sempre teve uma
população diversa, caracterizada pelos diversos fluxos migratórios. Assim, costuma-se
dizer que um verdadeiro romano é aquele cuja família viveu em Roma pelo menos
durante sete gerações.

Principais imperadores romanos


• Augusto (27 a.C. - 14 d.C)
• Tibério (14-37)
• Caligula (37-41)
• Nero (54-68)
• Marco Aurelio (161-180)
• Comodus (180-192).

Roma hoje
Com uma população de quase 3 milhões de habitantes, Roma é a capital da Itália. Nela
situa-se o Vaticano, território independente, sede da igreja católica, e onde reside o papa.

115
Ao fundo, a Basílica de São Pedro, no Vaticano. Construída no século XVII por Bernini,
pintor, escultor e arquiteto italiano. A obra apresenta uma perfeição técnica considerada
inigualável.

Colunata da Basílica de São Pedro, no Vaticano.


116
As praças e ruas do centro histórico romano são consideradas o maior museu ao ar livre
do mundo. Igrejas, edifícios, estátuas, monumentos formam um inestimável tesouro de
arte e cultura. Milhões de turistas visitam a cidade todos os anos.
Quase 12 mil pessoas, entre técnicos, funcionários da administração, vigias e operários,
tem como única ou principal atividade a proteção e a conservação do patrimônio artístico
e cultural da cidade. Apesar disso, os edifícios históricos e as obras de arte estão
seriamente ameaçados.
Um dos maiores inimigos dos monumentos históricos de Roma é a poluição causada pela
fumaça lançada dos veículos. Ela provoca uma reação química que esfarinha as pedras,
mesmo as mais duras e resistentes. A velocidade da corrosão já foi até calculada: é de 5
milímetros em cada trinta anos. Esse ritmo vem arruinando baixos-relevos, colunas,
portas e esculturas de valor inestimável.
O governo italiano está investindo para restaurar esse patrimônio. Mas restaurar não é
suficiente: é preciso conservar. Para isso, estão sendo tomadas medidas para que a área
do centro histórico romano deixe de ser uma das poluídas da Europa.

Fontana di Trevi, em Roma.

117
Mapa Mental:

Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Roma Antiga
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Canal: "Pró Universidade Online" | Vídeo aula: Roma Antiga
https://youtu.be/_U5_yx-FxtI
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Roma Antiga
https://youtu.be/fs5tx4gqoIQ
Site: "Stoodi" | Vídeo aula: Roma Antiga
https://www.stoodi.com.br/materias/historia/antiguidade-classica-roma/
Exercícios:
1. (ENEM-2000) “Somos servos da lei para podermos ser livres.” Cícero “O que apraz ao
príncipe tem força de lei.” Ulpiano As frases acima são de dois cidadãos da Roma
Clássica que viveram praticamente no mesmo século, quando ocorreu a transição da
República (Cícero) para o Império (Ulpiano). Tendo como base as sentenças acima,
considere as afirmações:
I. A diferença nos significados da lei é apenas aparente, uma vez que os romanos não
levavam em consideração as normas jurídicas.
II. Tanto na República como no Império, a lei era o resultado de discussões entre os
representantes escolhidos pelo povo romano.
III. A lei republicana definia que os direitos de um cidadão acabavam quando começavam
os direitos de outro cidadão.
118
IV. Existia, na época imperial, um poder acima da legislação romana.
Estão corretas, apenas:
a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.

2. (ENEM 2012)

A figura apresentada é de um mosaico, produzido por volta do ano 300 d.C., encontrado
na cidade de Lod, atual Estado de Israel. Nela, encontram-se elementos que representam
uma característica política dos romanos no período, indicada em:
a) Cruzadismo — conquista da terra santa.
b) Patriotismo — exaltação da cultura local.
c) Helenismo — apropriação da estética grega.
d) Imperialismo — selvageria dos povos dominados.
e) Expansionismo — diversidade dos territórios conquistados.

3. (Ufrgs) Durante a República Romana, a escravidão aumentou consideravelmente sua


importância na sociedade e na economia, contribuindo para a crescente dependência da
República Romana em relação à mão de obra escrava. A dependência da mão de obra
escrava na República Romana devia-se
119
a) à expansão das grandes propriedades e ao aniquilamento da pequena propriedade
rural.
b) Às guerras de conquista empreendidas por Roma, as quais contribuíram decisivamente
para o predomínio dessa relação de trabalho.
c) À inexistência de mão de obra livre e ao desinteresse da população pelos trabalhos
manuais.
d) Ao conflito entre patrícios e plebeus na luta pela terra.
e) À necessidade de ampliação da oferta de mão de obra para o desenvolvimento do
artesanato.

4. (Upf) A respeito das guerras Púnicas, travadas entre Roma e Cartago, e correto
afirmar:
a) Desencadearam as lutas entre patrícios e plebeus em Roma e, com elas, a crise da
Republica.
b) Consolidaram Roma como a principal potencia militar e econômica no Mediterrâneo
ocidental.
c) Marcaram a consolidação do Império Romano sobre as províncias da Dacia e da
Tracia.
d) Deram inicio a expansão do cristianismo.
e) Esgotaram a economia romana e abriram caminho para as invasões bárbaras.

Respostas:
1) E
2) D
3) B
4) B

Fontes/Créditos:
https://blogdoenem.com.br/roma-antiga-cultura-e-legado/
https://studymaps.com.br/roma-antiga/
https://www.sohistoria.com.br/ef2/roma/
https://www.sohistoria.com.br/lendasemitos/romuloeremo/
Mais exercícios sobre "Roma Antiga":
http://projetomedicina.com.br/site/attachments/article/497/exercicios_gabarito_resol
ucao_historia_antiga_exercicios_roma.pdf
120
Império Bizantino
Introdução
O Império Bizantino ou Reinado Bizantino, inicialmente conhecido como Império Romano
do Oriente ou Reinado Romano do Oriente, sucedeu o Império Romano (cerca de 395)
como o império e reinado dominante do Mar Mediterrâneo.
Sob Justiniano I, considerado o último grande imperador romano, dominava áreas no
atual Marrocos, Cartago, sul da França e da Itália, bem como suas ilhas, Península
Balcânica, Anatólia, Egito, Oriente Próximo e a Península da Crimeia, no Mar Negro. Sob
a perspectiva ocidental, não é errado inserir o Império Bizantino no estudo da Idade
Média, mas, a rigor, ele viveu uma extensão da Idade Antiga.
Os historiadores especializados em Bizâncio em geral concordam que seu apogeu se deu
com o grande imperador da dinastia Macedônica, Basílio II Bulgaroctonos (Mata-
Búlgaros), no início do século IX. A sua regressão territorial gradual delineou a história da
Europa medieval, e sua queda, em 1453, frente aos turcos otomanos, marcou o fim da
Idade Média.

Origem
O Império Bizantino surgiu quando o imperador romano Constantino I decidiu construir
sobre a antiga cidade grega de Bizâncio uma nova capital para o Império Romano, mais
próxima às rotas comerciais que ligavam o Mar Mediterrâneo ao Mar Negro, e a Europa à
Ásia.
Além disso, já havia algum tempo que Roma era preterida por seus imperadores que
optavam por outras sedes de governo, em especial cidades mais próximas das fronteiras
ou onde a pressão política fosse menor. Em geral, eles tendiam a escolher Milão, mas as
fronteiras que estavam em perigo na época de Constantino eram as da Pérsia ao Leste e
as do Danúbio ao norte, muito mais próximas da região dos estreitos.
A nova capital, batizada de Constantinopla em homenagem ao Imperador, unia a
organização urbana de Roma à arquitetura e arte gregas, com claras influências orientais.
É uma cidade estrategicamente muito bem localizada, e sua resistência a dezenas de
cercos prova a boa escolha de Constantino. Em pouco tempo, a cidade renovada tornar-
se-ia uma das mais movimentadas e cosmopolitas de sua época. Sua religião, língua e
cultura eram essencialmente gregas, e não romanas, mas para os bizantinos a palavra
"grego" significava, de maneira injuriosa, "pagão". Os persas e os árabes também
chamavam os bizantinos de "romanos". A palavra bizantino vem de Bizâncio, o antigo
nome da capital do Império Romano do Oriente, Constantinopla. O termo bizantino
começou a ser utilizado somente depois do século XVII, quando os historiadores o
criaram para fazer uma distinção entre o império da Idade Média e o da Antiguidade.
Tradicionalmente, era conhecido apenas como Império Romano do Oriente (devido à
divisão do Império feita pelo imperador romano Teodósio I, no século IV da Era Cristã).
121
O que foi o Império Bizantino?
O Império Bizantino, que também ficou conhecido como Império Romano do Oriente, foi
uma das organizações políticas mais importantes e duradouras do mundo antigo e
medieval, já que durou de 395 a 1453 d.C. A história do império bizantino começou com a
fundação da cidade de Constantinopla sobre o que havia sido até então Bizâncio – uma
antiga colônia grega, fundada em 657 a.C. O fundador de Constantinopla, Constantino, o
Grande, filho de Constâncio Cloro, foi aclamado um dos imperadores romanos em julho
de 306 d.C., após a morte de seu pai, Constâncio Cloro.
• Divisão do Império Romano e guerras civis
Nessa época, toda a extensão do Império Romano estava vulnerável ao ataque de
bárbaros do Norte e também de povos do Oriente, como a dinastia sassânida da Pérsia.
No ano de 285, o imperador Diocleciano dividiu o império em duas partes, a oriental e a
ocidental. Cada parte passaria a ser governada por duas autoridades, um Augustus e
um Caesar (sucessor automático do primeiro), tendo o império, portanto, quatro chefes de
Estado. Constâncio Cloro era um dos césares e governava as regiões da Hispânia, Gália
e Britânia. Quando um césar morria, sucedia-o geralmente o herdeiro de sangue. Foi o
que ocorreu em 306, com Constantino ascendendo ao poder na parte Ocidental.
Entretanto, o então Augustus da mesma parte, Maxêncio, declarou-se único imperador,
desautorizando Constantino. Isso levou à primeira leva de guerras civis que marcaria os
anos seguintes. Constantino venceu Maxêncio em outubro de 312, na batalha de Mílvio.
Foi nessa ocasião que os soldados de Constantino apareceram com o símbolo da cruz e
das letras gregas “Chi” e “Rô” (iniciais de Christos) em seus escudos. O uso desses
símbolos nessa batalha tem a ver com o famoso sonho que Constantino teria tido, no qual
Cristo apareceu a ele e lhe disse que com aquele sinal (a Cruz) ele venceria. O fato é que
o jovem césar venceu e apossou-se da cidade de Roma. No ano seguinte, publicou
o Édito de Milão, que declarava oficialmente a tolerância a qualquer credo religioso – uma
forma de inibir qualquer perseguição aos cristãos.
O lado oriental do Império, a essa altura, havia sido unificado pelo cunhado de
Constantino, Licínio. Todavia, já em 314 os dois imperadores tiveram seu primeiro conflito,
do qual Constantino saiu com importantes vantagens, como a posse de regiões como a
Macedônia e a Grécia. As rusgas entre um e outro imperador duraram dez anos até que,
em 324, Constantino subjugou definitivamente Licínio na Batalha de Crisópolis.

Política
O nome se deve ao fato do imperador Constantino ter mudado a capital para a cidade
grega de Bizâncio, e como a cultura popular ainda era grega, ficou conhecido como
Império Bizantino. A organização política do Império Bizantino está montada na ideia de
uma monarquia hereditária, teocrática e cesaropapista, onde se percebe a submissão da
Igreja ao Estado. O governo é extremamente centralizador e intervencionista. Há um
controle rígido do Imperador sobre a Igreja, exército, corte, administração, sistema fiscal e
econômico.
122
Seu centro político era Constantinopla, pois comandava uma vasta região e muitos povos.

Mapa império bizantino

Identidade, continuidade e consciência


O Império Bizantino pode ser definido como um império formado por várias nações da
Eurásia que emergiu como império cristão e terminou seus mais de 1000 anos de história
em 1453 como um estado grego ortodoxo: o império se tornou nação.
Nos séculos que seguiram às conquistas árabes e lombardas do século VII, esta natureza
inter-cultural (assinalamos: não multinacional) permaneceu ainda nos Bálcãs e Ásia
Menor, onde residia uma poderosa e superior população grega.
Os bizantinos identificavam a si mesmos como romanos, e continuaram usando o termo
quando converteu-se em sinônimo de helênico. Preferiram chamar a si mesmos, em
grego, romioi (quer dizer povo grego cristão com cidadania romana), ao mesmo tempo
que desenvolviam uma consciência nacional como residentes de Romania (Romania é
como o estado bizantino e seu mundo foram chamados na sua época). O nacionalismo se
refletia na literatura, particularmente nas canções e em poemas como o Akritias, em que
as populações fronteiriças (de combatentes chamados akritas) se orgulhavam de
defender seu país contra os invasores.
Ainda que os antigos gregos não fossem cristãos, os bizantinos os reclamavam como
seus ancestrais. De fato, os bizantinos se referiam a eles mesmos como romioi por ser
uma forma de reter tanto sua cidadania romana quanto sua herança ancestral grega.
123
Um substituto comum do termo "heleno" (que tinha conotações pagãs) tanto como o
de romioi, foi o termo graekos (grego). Este termo foi usado frequentemente pelos
bizantinos (tanto como romioi) para sua auto-identificação étnica.
A dissolução do estado bizantino no século XV não desfez imediatamente a sociedade
bizantina. Durante a ocupação otomana, os gregos continuaram identificando-se como
romanos e helenos, identificação que sobreviveu até princípios do século XX e que ainda
persiste na moderna Grécia.
Economia
A Economia teve um importante papel na salvação do Império Bizantino, pois este só
sobreviveu devido à intensa prática de comércio marítimo em que os bizantinos estavam
relacionados. Somou-se a isto a atração de muitas riquezas do Ocidente durante o
apogeu da crise do império Romano e melhores condições para enfrentar a Invasões
Bárbaras.
O comércio era fonte de renda do império. Sua posição estratégica entre Ásia e Europa
serviu de impulso para esse desenvolvimento comercial, uma vez que se localizava na
passagem do Mar Negro para o Mar Mediterrâneo (Estreito de Bósforo). Baseada na
agricultura e comércio, com a existência de corporações, associações (moeda SOLIDUS)
A forte intervenção do Estado na economia é um ponto a se destacar. O Estado
fiscalizava as atividades econômicas por supervisionar a qualidade e a quantidade das
mercadorias. Entre estes estavam: perfumes, seda, porcelana e peças de vidro, além das
empresas dos setores de pesca, metalurgia, armamento e tecelagem.
Sociedade
A sociedade do Império Bizantino é marcada por ser uma sociedade rigidamente
hierarquizada e aristocrática. Vejamos os grupos sociais presentes no Império
Bizantino:
• Elite – composta por grandes comerciantes, donos de oficinas manufatureiras,
banqueiros, alto clero e funcionários destacados.
• Classe remediada – formada por artesãos, pequenos comerciantes.
• Trabalhadores pobres – Era a maioria da população, composta dos trabalhadores
das manufaturas, os servos dos latifúndios e os escravos.
Em 457 marca o início da Dinastia Leonina. Entretanto, em 527, o Império de Justiniano é
que mais vai se destacar, pois é com ele que o Império Bizantino viverá seus melhores
dias. Para ter uma melhor governabilidade aprimorou as leis do Império Bizantino e assim
surgiu o Corpus Júris Civilis, que era marcado por cinco livros:
• Código Justiniano – Conjunto de todas as Leis;
• Digesto ou Pandecta – Comentários, opiniões dos juristas romanos;
124
• Institutas – Resumo de todas as leis para estudantes;
Novelas ou Autênticas – Novas Leis.

Os objetivos de Justiniano eram:


• Unir o Oriente com o Ocidente por meio da Religião, para tanto se fazia necessário
vencer e superar as diferenças doutrinárias e acabar com o paganismo;
• Buscar um desenvolvimento arquitetônico e cultural;
• Para tanto se fazia necessário o aumento de impostos.
Dinastias latinas
Nesse período, os imperadores buscaram combater o helenismo, predominando as
instituições latinas. O latim também foi mantido como língua oficial.
De 395 a 457, estendeu-se a dinastia Teodosiana, cujo primeiro imperador foi Arcádio,
responsável pela expulsão dos visigodos no final do século IV. Destacou-se também o
cerco de Átila, o Huno, afastado, em 443, por meio do pagamento de um resgate de seis
mil libras de ouro.
De 457 a 518, estendeu-se a dinastia Leonina que foi deposta em 477 mais somente o
Imperador Basilisco ou (Bizânico) e foi restaurada em 491 por Anastácio I um de seus
herdeiros, na qual destacou-se, em 488, o acordo de combate aos hérulos levado a efeito
entre o imperador Zenão I e o rei dos ostrogodos, Teodorico.

O Império Bizantino, 1265. The Historical Atlas, William R. Shepherd, 1911.


125
A mais importante dinastia latina foi a Justiniana (518-610). Nela, o imperador Justiniano I
(527-565) buscou restaurar e dispor sob sua inteira autoridade a vastidão típica do
Império dos Antoninos (96-192). Em 534, sob o comando do general Belisário, o exército
de Justiniano conquistou o Reino dos Vândalos. Em 554, com a conclusão das Guerras
Góticas, na Península Itálica, o Império abraçava também o Reino dos Ostrogodos.
Para a posteridade, porém, o maior legado desse período foi o Corpus Juris Civili, base,
ainda hoje, da maioria dos códigos legislativos do mundo. O Corpus Juris Civili era
dividido em quatro partes: o Código Justiniano - compilação de todas as leis romanas
desde Adriano (117-138) -, o Digesto ou Pandectas - reunião de trabalhos de
jurisprudência de grandes juristas -, as Institutas - espécie de manual que facilitava o uso
do Código ou do Digesto -, e as Novelas ou Autênticas - novas leis decretadas por
Justiniano e seus sucessores.
Justiniano ordenou também a construção da Basílica de Santa Sofia, com estilo
arquitetônico próprio, o qual convencionou-se chamar de estilo bizantino.
No século VI, para combater a heresia do nestorianismo, o Patriarca de Alexandria,
Dióscoro, desenvolveu o monofisismo, formulação teológica também condenada pela
Igreja Católica e muito ligada a ideais de emancipação política no Egito e na Síria.
Desencadearam-se então movimentos de perseguição aos monofisistas, protegidos, no
entanto, pela esposa de Justiniano, a Imperatriz Teodora. Buscando manter a unidade do
Império, Justiniano desenvolveu a heresia do monotelismo, uma tentativa de conciliação
entre o monofisismo e o nestorianismo.
O cesaropapismo de Justiniano, que inclusive muito marcou o Império Bizantino, gerava
distúrbios na ordem e insatisfação da população, já indignada com a cobrança abusiva de
impostos. Em 532, estourava a Revolta de Nika, sufocada completamente pelo general
Belisário após oito dias.
Justiniano ainda se viu às voltas com terremotos, fome e a grande peste de 544. Após sua
morte, os lombardos, até então estabelecidos na Panônia como aliados, invadiram, em
568, a Itália setentrional. Os bizantinos mantiveram ainda o Exarcado de Ravenna, os
ducados de Roma e Nápoles, a Ístria, a Itália Meridional e a Sicília.
Os Justinianos ainda enfrentaram as investidas do Império Persa Sassânida, no Oriente,
e dos ávaros, no norte. Para tanto, deixaram para segundo plano a proteção dos
territórios conquistados na Espanha, no norte da África e na Itália, o que facilitou a
posterior fixação, nestas regiões, dos maometanos e dos Estados da Igreja.

O apogeu
Contudo, o Império sobreviveu, graças aos disciplinados exércitos, ao emprego do fogo
grego nas batalhas marítimas e a bons imperadores e generais. Entre os séculos VII e IX,
desenvolveu-se o movimento iconoclasta, que condenava o culto das imagens.

126
Vários imperadores iconoclastas enfrentaram problemas internos, resultantes de uma
população que não aderia ao movimento religioso. Já contra os turcos, os imperadores
deste tempo conseguiram manter seus territórios e se defender relativamente bem contra
os inimigos.
Em 867, subiu ao trono Basílio I, dando início à Dinastia Macedônica, que levou o Império
ao auge. Muitas vitórias foram obtidas frente aos turcos, eslavos e búlgaros. Basílio II, que
governou de 976 a 1025, completou a expansão do Império. Ele prejudicou os grandes
proprietários rurais em favor dos camponeses e venceu de uma vez por todas a Bulgária,
incorporando-a ao Império e recebendo a fama de Bulbassaurus (Mata-Búlgaros). Venceu
os normandos em Canas e restabeleceu a autoridade imperial na Apúlia (Itália).

Bandeira bizantina do século XIII


O declínio
A maré de sorte do Império, entretanto, parecia ter acabado. Em 1071, o imperador
bizantino Diógenes IV foi vencido e capturado pelos turcos seljúcidas na Batalha de
Manzikert. Essa batalha marcou a desintegração do sistema defensivo que durante
séculos protegeu a Ásia Menor e a entrada dos turcos na península anatólica. Com isso o
Império perdeu até um terço de sua população e recursos.
Por mais que a dinastia subsequente, aquela dos Comneni, tentasse recuperar o Império,
ataques do ocidente e do norte e a própria sorte dos imperadores impediram isso. A
Península Itálica estava definitivamente perdida. O declínio do Império veio acompanhado
de uma subserviência comercial aos interesses ora da República de Veneza (com a qual
o próprio Basílio II assinou um tratado), ora da República de Gênova, até que finalmente
Veneza desviou a Quarta Cruzada para Constantinopla, que caiu frente aos cruzados em
1204.
Três Estados com governantes bizantinos surgiram depois da primeira "queda" de
Constantinopla:
• O Império de Niceia
• O Despotado do Épiro
• O Império de Trebizonda
Destes, é o Império de Niceia que é considerado o verdadeiro sucessor.
127
Governado por imperadores fortes e bons, se tornou a primeira potência territorial na Ásia
Menor. A agricultura se desenvolveu, assim como o comércio, e várias cidades na Europa
foram recuperadas. Os Paleólogos, faltando com o seu juramento de lealdade,
assassinaram o legítimo imperador e depuseram a dinastia dos Vatatzes-Laskaris. Miguel
VIII Paleólogo fez uma aliança com Gênova e conseguiu reconquistar a antiga capital do
Império Bizantino no dia 25 de julho de 1261.
Contudo a dinastia dos Paleólogos não conseguiu recuperar a antiga glória imperial. A
retirada de tropas da Ásia para a defesa e reconquista da Europa abriu caminho para os
vários emirados turcos, inclusive aquele dos Otomanos, se instalarem em antigos
territórios do Império de Niceia.
Sem os territórios asiáticos e com a colonização comercial de Veneza e Gênova, o
destino do Império estava selado. Especialmente prejudicial era colônia genovesa de
Pera, que, instalada de frente a Constantinopla, dominava o comércio local, importante
para os bizantinos. Apesar de várias tentativas de obter apoio ocidental, culminando com
a promessa de união entre a Igreja Católica Romana, com sede em Roma, e a Igreja
Católica Ortodoxa, com sede em Constantinopla, no Concílio de Ferrara/Florença, poucos
foram os resultados. A cruzada pregada pelo papado para o resgate da Nova Roma foi
vencida pelos otomanos. A viagem do imperador João VIII ao Ocidente não rendeu frutos,
apesar dele ter sido muito bem tratado nos reinos ocidentais.

A queda de Constantinopla
A queda de Constantinopla significou a perda de um posto estratégico do cristianismo,
que assegurava o acesso de comerciantes europeus em direção às rotas comerciais para
a Índia e a China, sobretudo para os comerciantes venezianos e genoveses. Com a
dominação turca, a rota entre o Mediterrâneo e o Mar Negro ficou, senão bloqueada aos
navios cristãos, ao menos dificultada. Isto impulsionou uma corrida naval em busca de
outra rota em direção à Índia através do Oceano Atlântico, contornando a África,.Espanha
e Portugal rapidamente tiraram vantagem da posição geográfica para dominar as novas
rotas, causando o declínio das repúblicas marítimas de Veneza e Gênova. No final do
século XV, financiado pelos reis de Espanha, Cristóvão Colombo partiu para uma ousada
tentativa de alcançar a Ásia em uma nova rota através do oceano, para oeste,
descobrindo um novo continente, a América, descortinando um novo mundo para os
europeus. Este mesmo processo de fechamento do comércio no mar mediterrâneo, no
qual os turcos otomanos impediram o avanço europeu, fez com que toda a região
balcânica se tornasse mais dependente da produção própria, juntamente com a península
itálica. As diversas transformações econômicas e políticas que se seguiram à queda do
Império Romano do Oriente levaram os historiadores a convencionarem o ano de 1453
como o marco do fim da Idade Média e do fim do feudalismo na Europa, fazendo do
Império Bizantino um grande marco para as descobertas de novas terras, e para o
desenvolvimento do capitalismo no mundo.

128
Cultura

Basílica de Santa Sofia, Istambul, Turquia.


A cultura Bizantina está totalmente relacionada com o cristianismo, religião oficial e
obrigatória em todo território. Sua influência estava presente em todos os setores sociais.
A Igreja era tão importante para essa sociedade que o historiador Steven Runciman
chegou a afirmar que: “A atenção principal do bizantino estava dirigida para as questões e
os detalhes religiosos que lhe poderiam abrir ou fechar as portas do Céu”. Isto quer dizer
que, para os bizantinos, a vida neste planeta tinha pouca importância, o interessante era o
reino dos céus.
Em todos os lugares da capital do império, Constantinopla, havia pessoas que estavam
envolvidas em discussões teológicas e detalhes religiosos. Podemos destacar duas
discussões mais evidentes:
• Monofisismo: estes negavam a natureza terrestre de Jesus Cristo. Para eles
Jesus possuía apenas a natureza divina, espiritual. Esse movimento teve início no
século V com auge no reinado de Justiniano.
• Iconoclastia: para estes a ordem era a destruição das imagens de santos e a
proibição do uso delas em templos. Era baseada na forte espiritualidade da religião
cristã oriental. Teve apoio no século VIII, com o imperador Leão II, que proibiu o
uso de imagens de Deus, Cristo e Santos nos templos e teve forte apoio popular.
Não podemos deixar de destacar a construção imponente e bela da Igreja de Santa Sófia,
em Constantinopla, que é um dos exemplos mais claros de como a arquitetura bizantina é
majestosa. Trabalharam na construção da igreja de Santa Sófia cerca de 10 mil homens,
durante cinco anos. Sua cúpula, de 34 metros de diâmetro, eleva-se gradualmente até 56
metros de altura. No interior da igreja, toda noção de peso desaparece. A cúpula parece
flutuar, assentada num anel luminoso de janelas justapostas. O interior da igreja é
totalmente ornamentada com belos mosaicos, marfins e pedras preciosas.
129
Foram utilizadas nessa decoração cerca de 18 toneladas de ouro.
A arte bizantina
A arte Bizantina teve seu centro de difusão a partir da cidade de Constantinopla, capital
do Império Romano do Oriente, e desenvolveu-se a princípio incorporando características
provenientes de regiões orientais, como a Ásia Menor e a Síria.
A aceitação do cristianismo a partir do reinado de Constantino e sua oficialização por
Teodósio procuraram fazer com que a religião tivesse um importante papel como difusor
didático da fé ao mesmo tempo que serviria para demonstrar a grandeza do Imperador
que mantinha seu caráter sagrado e governava em nome de Deus.
A tentativa de preservar o caráter universal do Império fez com que o cristianismo no
oriente destacasse aspectos de outras religiões, isso explica o desenvolvimento de rituais,
cânticos e basílicas.
O apogeu da cultura bizantina ocorreu durante o reinado de Justiniano ( 526-565 d.C. ),
considerada como a Idade de Ouro do império.

Arquitetura
O grande destaque da arquitetura foi a construção de Igrejas, facilmente compreendido
dado o caráter teocrático do Império Bizantino. A necessidade de construir Igrejas
espaçosas e monumentais, determinou a utilização de cúpulas sustentadas por colunas,
onde haviam os capitéis, trabalhados e decorados com revestimento de ouro,
destacando-se a influência grega.
A Igreja de Santa Sofia é o mais grandioso exemplo dessa arquitetura, onde trabalharam
mais de dez mil homens durante quase seis anos. Por fora o templo era muito simples,
porém internamente apresentava grande suntuosidade, utilizando-se de mosaicos com
formas geométricas, de cenas do Evangelho.

Interior da Basílica de Santa Sofia


130
Na cidade italiana de Ravena, conquistada pelos bizantinos, desenvolveu-se um estilo
sincrético, fundindo elementos latinos e orientais, onde se destacam as Igrejas de Santo
Apolinário e São Vital, destacando-se esta última onde existe uma cúpula central
sustentadas por colunas e os mosaicos como elementos decorativos.

Pintura e Escultura
A pintura bizantina não teve grande desenvolvimento, pois assim como a escultura
sofreram forte obstáculo devido ao movimento iconoclasta . Encontramos três elementos
distintos: os ícones, pinturas em painéis portáteis, com a imagem da Virgem Maria, de
cristo ou de santos; as miniaturas, pinturas usadas nas ilustrações dos livros, portanto
vinculadas com a temática da obra; e os afrescos, técnica de pintura mural onde a tinta
era aplicada no revestimento das paredes, ainda úmidos, garantindo sua fixação.
Destaca-se na escultura o trabalho com o marfim, principalmente os dípticos, obra em
baixo relevo, formada por dois pequenos painéis que se fecham, ou trípticos, obras
semelhantes às anteriores, porém com uma parte central e duas partes laterais que se
fecham.

Pintura bizantina de caráter religioso


Mosaicos bizantinos
O Mosaico foi uma forma de expressão artística importante no Império Bizantino,
principalmente durante seu apogeu, no reinado de justiniano, consistindo na formação de
uma figura com pequenos pedaços de pedras colocadas sobre o cimento fresco de uma
parede.
131
A arte do mosaico serviu para retratar o Imperador ou a imperatriz, destacando-se ainda a
figura dos profetas.

Mosaico bizantino
Mapa Mental:

132
Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Império Bizantino
https://youtu.be/ly5KDnv8HXE
Canal: "Se liga nessa História" | Vídeo aula: Império Bizantino
https://youtu.be/RuqsJQkp-D8
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Império Bizantino
Parte 1
https://youtu.be/SZNp-xiavjE
Parte 2
https://youtu.be/xWRdwAplhog
Canal: "Stoodi" | Vídeo aula: Império Bizantino
https://youtu.be/cPBonGqr2ok
Exercícios:
1. (Unisc) A respeito da cidade de Constantinopla, capital do Império Bizantino, é correto
afirmar que
a) atualmente ela é conhecida como Alexandria e se localiza no Egito. Apesar de um
passado turbulento, seu centro histórico encanta e impressiona muitos turistas devido à
riquíssima variedade cultural que dá mostras dos diferentes povos e culturas que por lá
passaram.
b) o embrião da famosa cidade surgiu quando o imperador romano Constantino I decidiu
construir, sobre a antiga cidade grega de Bizâncio, uma nova capital para o Império
Romano, mais próxima às rotas comerciais que ligavam o Mar Mediterrâneo e o Mar
Negro à Europa e à Ásia.
c) ela é, ainda hoje, considerada a mais genuína representante do estilo gótico. É
principalmente na arquitetura religiosa que esse estilo pode ser en-contrado, haja vista
que a cidade tem mais do que um templo para cada um dos 365 dias do ano.
d) sua decadência está ligada à chegada dos portu-gueses às Índias. A partir de então, os
mercadores cristãos não mais para lá se dirigiram para buscar especiarias e artigos de
luxo.
e) ela foi conquistada em 1453 pelos venezianos, na última das Cruzadas. Esse episódio
assinala o fim definitivo do Império Romano do Oriente.

2. (Ufrgs) Assinale a alternativa que apresenta um dos resultados do entrecruzamento de


culturas no Império Bizantino.
a) As artes visuais diversificaram-se a ponto de serem eliminadas as características
estéticas de inspiração greco-cristã.
b) A adoração popular a ícones religiosos gerou crises na Igreja de Bizâncio.
c) Elementos clássicos, como a retórica e a língua grega, foram superados em função da
interação cultural cosmopolita.
d) A arquitetura passou a primar pela simplicidade, a fim de se adequar à doutrina
religiosa ortodoxa.
133
e) A estrutura jurídica do Império Bizantino não sofreu a influência do direito romano.

3. (Unifra) A partir do século III, o Império Romano enfrentou uma séria crise. Porém os
efeitos dessa crise não foram sentidos igualmente nas porções ocidental e oriental do
Império. Com a divisão feita por Teodósio em 395, passou a existir o Império Romano do
Oriente, ou Império Bizantino. Durante o longo período conhecido por Idade Média, várias
foram as transformações sofridas tanto no ocidente quanto no oriente.
A partir disso, que características são comuns ao Império Romano do Ocidente e ao
Império Bizantino?
I. Diversidade étnica no território, incluindo os cha-mados povos bárbaros.
II. Centralização política e administrativa, expressa na figura do imperador.
III. Sociedade marcada pela concentração de terras em mãos de poucos, onde a Igreja
possuía ampla porcentagem da riqueza agrária.
Das afirmações acima, está(ão) correta(s)
a) apenas I.
b) apenas III.
c) apenas I e II.
d) apenas I
e III. e) I, II e III.

4. (Ufpb) Em inícios do século VIII, o império Bizantino, tendo à frente Leão Isáurico,
encontrava-se abatido diante da expansão muçulmana. Leão enten-deu que as derrotas
do Império deviam-se à adoração crescente dos fiéis às imagens de santos e resolveu
destruí-las. Esse movimento ficou conhecido como:
a) Monofisista
b) Cesaropapista
c) Iconoclasta
d) Telefisista
e) Legitimista

Respostas:
1) B
2) B
3) D
4) C
134
Fontes/Créditos:
https://www.sohistoria.com.br/ef2/bizantino/p3.php
https://blogdoenem.com.br/imperio-bizantino-historia-enem/
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/imperio-bizantino.htm
https://www.facebook.com/seliganessahistoria/photos/a.567920536676105/11198424
54817241/?type=3&theater
Mais exercícios sobre "Império Bizantino":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/imperio-bizantino/

135
Os Bárbaros

Os bárbaros, além de exímios guerreiros, eram excelentes criadores de cavalos


Introdução
A palavra “bárbaro” significa “não grego”.
Os Bárbaros eram povos germânicos que não habitavam o Império Romano. Entre eles
estão os francos, os lombardos, os hunos, os visigodos, os vikings e os ostrogodos. Cada
povo possuía política e organização social própria. Eram povos harmônicos, que viviam
da agricultura e eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses, aos quais
ofereciam oferendas e dedicavam suas vitórias. Plantavam grãos e cultivavam animais
para o comércio e seu próprio consumo. De todos os povos bárbaros, um deles merece
maior importância: os hunos.

Bastante ambiciosos, os hunos eram hábeis guerreiros, porém violentos. Dedicavam-se a


invasões, saques e pilhagens para sua sobrevivência e expansão territorial. Por conta
desta ambição, durante anos pressionaram os demais povos bárbaros para uma invasão
ao Império Romano com o intuito de explorar terras férteis (a Germânia era um território
infértil, coberto por pântanos, o que dificultava o plantio) e acumular riquezas. Quando
finalmente conseguiram, no século V, contribuíram intensamente para a queda do
Império, mas não foram os principais responsáveis, pois na época das invasões o Império
já se encontrava em crise.

O Império Carolíngio

Com a desagregação do Império Romano e a organização da sociedade feudal, inúmeros


reinos se formaram. A partir de agora, conheceremos um pouco mais o Império dos
Francos.Vale lembrar que os romanos chamavam todos os povos que habitavam além
das suas fronteiras de bárbaros.

136
Isso pelo fato de falarem uma língua diferente e terem costumes muito diferentes dos
seus. Apesar disso, os romanos permitiram que muitos dos povos bárbaros ocupassem
parte de seu território. Na qualidade de aliados, eles ajudavam a defender as fronteiras
contra invasões inimigas, além de cultivarem as terras e criarem animais.

A presença de povos invasores no Império Romano aumentaria com a chegada dos


hunos à Europa. Assustados com os hunos, os povos que habitavam a região próxima
das fronteiras passariam a ocupar o território romano nem sempre de forma pacífica.

Com o tempo e a desagregação do Império Romano do Ocidente, essas ocupações


iniciais dariam início a reinos independentes. No interior deles, estariam presentes tanto
costumes romanos quanto dos povos invasores.
Formado na Gália (atual França), o reino Franco foi o mais duradouro desses reinos. Ao
estuda-lo poderemos perceber esse processo de formação da sociedade feudal, assim
como a consolidação ao longo dos séculos VI ao IX.

Os francos tiveram de enfrentar diversas batalhas para se estabelecer na Gália. A


ilustração acima mostra soldados francos. Eles lutavam com lanças e combates corpo a
corpo, utilizando espadas de lâminas largas.

A Gália
A Gália, conquistada pelo general romano Júlio César no século I a.C., era uma região
bastante povoada. Seus habitantes, os gauleses, eram hábeis agricultores. Tornaram-se
conhecidos por suas carroças com rodas revestidas de ferro, que evitava o desgaste da
madeira, material usado na época.
Ao chegarem à Gália, os romanos construíram grandes vias de comunicação ligando as
principais vilas. Essas vias favoreceram o desenvolvimento do comércio e do artesanato.
Foram ainda os romanos que introduziram na região técnicas de cultivo de videiras e de
fabricação de vinho.
Por um longo período, a região, dominada pelos romanos, ficou protegida contra
invasões. Entretanto, no princípio do século V, um povo de origem germânica atravessou
o rio Reno e entrou na Gália. Eram os francos. Eles conquistaram grande parte do
território, estabelecendo-se no norte e, sobretudo, no nordeste.

137
O Reino Franco
Os primeiros reis francos descendiam de Meroveu. Por isso, os reis dessa dinastia
chamam-se merovíngios. Meroveu, na metade do século V, lutou ao lado dos romanos
contra os invasores hunos. Clóvis, neto de Meroveu, venceu os alamanos, os burgúndios
e os visigodos, ampliando fronteiras do reino. Com isso, no final do século V, os francos já
dominavam grande parte da Europa central.
A importância de Clóvis aumentou quando ele se converteu ao cristianismo, em 496,
depois de derrotar os alamanos. Com a conversão, conquistou total apoio de condes
cristãos e bispos da Gália. Com a morte de Clóvis, em 511, o Reino Franco foi dividido
entre seus quatro filhos, ocasionando rivalidades e disputas entre eles. Por fim, em 628,
Dagoberto subiu ao trono e estabeleceu que, daí por diante, os reis francos teriam um
único sucessor.
Após o reinado de Dagoberto, vieram os reis indolentes, assim chamados por não
cumprirem as funções administrativas. O prefeito do palácio, uma espécie de primeiro-
ministro, era quem efetivamente administrava o reino. Um desses prefeitos, Pepino de
Heristal, tornou o cargo hereditário e passou-o a seu filho Carlos Martel. Carlos Martel
notabilizou-se por vencer os árabes, em 732, na batalha de Poitiers, detendo a invasão
muçulmana na região central da Europa.
Em 743, foi coroado o último rei merovíngio, Childerico III. O filho de Carlos Martel,
Pepino, o Breve, incentivado pelo papa Zacarias, depôs Childerico III, assumiu o trono e
fez-se aclamar rei. Com isso, iniciou-se uma nova dinastia, a dos carolíngios, nome
derivado de Carolus (Carlos, em latim). O sucessor de Pepino, o Breve, foi seu filho
Carlos Magno.

Carlos Magno sendo coroado pelo papa Leão III (ano 800)
O Império de Carlos Magno
O Império de Carlos Magno, também conhecido como o Império Carolíngio, foi o
momento de maior esplendor do Reino Franco (ocupava a região central da Europa). Este
período ocorreu durante o reinado do imperador Carlos Magno (768 – 814).
Carlos Magno assumiu o trono em 768 e por suas realizações, é considerado o mais
importante rei dos francos. Destacou-se por conquistas militares e pela organização
administrativa implantada nos territórios sob seu domínio.
138
Para as conquistas militares, Carlos Magno organizou um exército forte, do qual faziam
parte, além de seus soldados, os grandes proprietários de terras acompanhados de certo
número de camponeses equipados para a guerra. Com esse exército, ele expandiu as
fronteiras do reino, constituindo o Império Carolíngio.
Com uma política voltada para o expansionismo militar, Carlos Magno expandiu o império,
além dos limites conquistados por seu pai, Pepino, o Breve. Conquistou a Saxônia,
Lombardia, Baviera, e uma faixa do território da atual Espanha.
Nas regiões conquistadas, eram construídas fortalezas e igrejas em volta das quais
organizaram-se vilas que, posteriormente, passaram a ser ligadas por estradas. Sendo
cristão, Carlos Magno obrigava os povos conquistados a converterem-se ao cristianismo.
O governo de Carlos Magno não tinha uma sede fixa. Com sua corte, que se constituía
basicamente de familiares, amigos, membros do clero e funcionários administrativos,
viajava de um lugar para outro. As decisões políticas mais importantes, em geral, eram
tomadas no palácio de Aix-la-Chapelle, no noroeste da atual França.

Ilustração do palácio de Carlos Magno, em Aix-la-Chapelle.


No ano 800, em Roma, na noite de Natal, Carlos Magno foi coroado imperador pelo papa
Leão III. Com a coroação de Carlos Magno, a Igreja católica pretendia fazer reviver o
Império Romano do Ocidente e, ao mesmo tempo, unificar a Europa sob o comando de
um monarca cristão.
Embora as conquistas militares tenham sido significativas, foi nas áreas cultural,
educacional e administrativa que o Império Carolíngio demonstrou grande avanço. Carlos
Magno preocupou-se em preservar a cultura greco-romana, investiu na construção de
escolas, criou um novo sistema monetário e estimulou o desenvolvimento das artes.
Graças a estes avanços, o período ficou conhecido como o Renascimento Carolíngio.

Administração territorial
Para facilitar a administração do vasto território, Carlos Magno criou um sistema bem
eficiente. As regiões foram divididas em condados (administradas pelos condes). Para
fiscalizar a atuação dos condes, foi criado o cargo de missi dominici. Estes funcionários
eram os enviados do imperador para fiscalizar os territórios. Ou seja, eles deveriam
verificar e avisar ao imperador sobre a cobrança dos impostos, aplicação das leis e etc.
139
Carlos Magno e a reforma educacional
Carlos Magno tinha pouca instrução. Com idade avançada, aprendeu a ler e a escrever
em latim. Valorizou o ensino, promovendo obras para a sua difusão em todo o império.
Queria funcionários instruídos para ler os textos oficiais, que eram redigidos em latim.
O monge inglês Alcuíno foi o responsável pelo desenvolvimento do projeto escolar de
Carlos Magno. A manutenção dos conhecimentos clássicos (gregos e romanos) tornou-se
o objetivo principal desta reforma educacional. As escolas funcionavam junto aos
mosteiros (escolas monacais), aos bispados (escolas catedrais) ou às cortes (escolas
palatinas).
Estas escolas eram frequentadas, sem distinção de tratamento, por meninos de famílias
pobres e por filhos de nobres. Nelas eram ensinadas as sete artes liberais: aritmética,
geometria, astronomia, música, gramática, retórica e dialética.

Arte carolíngia
A arte sofreu uma grande influência das culturas grega, romana e bizantina. Destacam-se
a construção de palácios e igrejas. As iluminuras (livros pequenos com muitas ilustrações,
com detalhes em dourado) e os relicários (recipientes decorados para guardar relíquias
sagradas) também marcaram este período.

Iluminura de Carlos Magno sendo coroado pelo papa Leão III (ano 800)

Relicário

140
Enfraquecimento do império
Carlos Magno morreu em 814. Foi sucedido por seu filho, Luis, O Piedoso, que governou
até 840. Os filhos de Luis disputaram, durante três anos, a sucessão do império. Em 843,
pelo Tratado de Verdun, o Império Carolíngio foi dividido em três reinos distintos, cabendo
a parte ocidental a Carlos, o Calvo; a parte oriental a Luis, o Germânico; e a parte central
a Lotário.

Fonte: http://www.juserve.de/rodrigo/atlas%20historico/atlas%20historico.html
O desmembramento do Império Carolíngio pôs fim à tentativa de unificação da Europa
ocidental sob comando de um único monarca cristão.

O Império Carolíngio hoje


O Império Carolíngio corresponde aos territórios de França, Bélgica, Holanda, Alemanha,
Suíça, Áustria, Hungria, Eslováquia e República Tcheca, além de territórios do norte e
centro da Itália, de parte da Espanha e do norte da península Balcânica.

141
Mapa Mental:

Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Os Bárbaros
https://youtu.be/ZZ6lGZuXu7k
Canal: "Se liga nessa História" | Vídeo aula: Os Bárbaros
https://youtu.be/kQOxGcrXDb8
Canal: "Stoodi" | Vídeo aula: Os Bárbaros
https://youtu.be/nkw0wJZDP2o
142
Exercícios:
01. (FUVEST) - Sobre as invasões dos “bárbaros” na Europa Ocidental ocorridas entre os
séculos III e IX, é correto afirmar que:
a) Foi uma ocupação militar violenta que, causando destruição e barbárie, acarretou a
ruína de todas as instituições romanas.
b) Se, por um lado, causaram destruição e morte, por outro contribuíram, decisivamente,
para o nascimento de uma nova civilização, a da Europa Cristã.
c) Apesar dos estragos causados, a Europa conseguiu, afinal, conter os bárbaros,
derrotando-os militarmente e, sem solução de continuidade, absorveu e integrou os seus
remanescentes.
d) Se não fossem elas, o Império Romano não teria desparecido, pois, superada a crise
do século III, passou a dispor de uma estrutura socioeconômica dinâmica e de uma
constituição política centralizada.
e) Os godos foram os povos menos importantes, pois quase não deixaram marcas de sua
presença.

02. (UEL/PR) - A chamada “desintegração” do Império Romano remodelou a Europa. As


modificações que ocorreram levaram à formação de uma sociedade com características
próprias, conhecida como sociedade medieval. Sobre o período da Alta Idade Média (do
século V ao X), é correto afirmar:
a) Os povos que ocuparam o Império Romano mantiveram a estrutura política anterior,
com uma divisão equilibrada e estável das funções públicas.
b) Chamados de “bárbaros”, povos como os germanos e os hunos foram responsáveis
pela retomada da atividade mercantil e pela urbanização da Europa.
c) Com o caráter da migração ou invasão, a chegada dos chamados “bárbaros” esteve
relacionada à falência do mundo escravista e à debilidade militar de Roma.
d) A população residente no antigo Império Romano integrou-se com as várias tribos
germânicas invasoras, formando federações como a Gália e a Hispânia.
e) Os conflitos entre romanos e germanos, decorrentes das invasões, acabaram
caracterizando a denominada Guerra dos Cem Anos.

03. (UFSC/SC) - O debilitamento do Império Romano permitiu a invasão da Europa


Ocidental por tribos bárbaras vindas do norte e do leste, provocando:
a) O aparecimento de pequenos reinos com relativa noção administrativa e substituição
da economia agrícola por urbana.
b) A formação do Império Bizantino, a diminuição dos hábitos de consumo e a redução da
economia de mercado.
c) A desintegração da autoridade central, despovoamento das cidades e ruralização da
economia.

143
d) O abandono das cidades, aumento da escravidão e substituição da economia
monetária pela troca.
e) O colapso da cultura latina e a organização de pequenos estados políticos estáveis.

04. (FGV/SP) - Os romanos denominavam de bárbaros os povos que viviam fora de suas
fronteiras, não tinham seus costumes nem estavam submetidos às suas leis. Entre os
vários grupos de bárbaros que desarticularam o poder do Império Romano e se
apossaram de sua parte ocidental, destacavam-se os germanos. Sobre a sociedade
germânica, é incorreto afirmar que:
a) Vivia do pastoreio e da agricultura de subsistência.
b) Sua vida social era regulamentada pelos costumes (direito consuetudinário).
c) A instituição do comitatus baseava-se em uma relação pessoal e de lealdade entre o
chefe guerreiro e seus soldados.
d) Era uma sociedade primitiva, não conhecia o Estado.
e) Era uma sociedade monoteísta.

Respostas:
1) B
2) C
3) C
4) E

Fontes/Créditos:
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/os-barbaros.htm
https://www.historiaemfoco.com.br/single-post/2016/09/04/MAPA-MENTAL-Francos
https://www.sohistoria.com.br/ef2/carolingio/
Mais exercícios sobre "Os Bárbaros":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/reinos-barbaros/

144
Feudalismo
Introdução
A palavra feudo é de origem germânica e seu significado está associado ao direito que
alguém possui sobre um bem, geralmente sobre a terra. O feudo era a unidade de
produção do mundo medieval e onde acontecia a maior parte das relações sociais. O
senhor do feudo possuía, além da terra, riquezas em espécie e tinha direito de cobrar
impostos e taxas em seu território.
O feudo era cedido por um poderoso senhor a um nobre em troca de obrigações e
serviços. Quem concedia a terra era o suserano e quem a recebia era o vassalo. O
vassalo, por sua vez, podia ceder parte das terras recebidas a outro nobre, passando a
ser, ao mesmo tempo, vassalo do primeiro senhor e suserano do segundo.
O vassalo, ao receber a terra, jurava fidelidade a seu senhor. Esse juramento era uma
espécie de ritual que envolvia honra e poder: o vassalo se ajoelhava diante do suserano,
colocava sua mão na dele e prometia ser-lhe leal e servi-lo na guerra.

Representação de um suserano e seu vassalo.


Os suseranos e os vassalos estavam ligados por diversas obrigações: o vassalo devia
serviço militar a seu suserano, e este proteção a seu vassalo. Pode-se dizer que não
havia quem não fosse vassalo de outro.
Na sociedade medieval, o rei não cumpria a função de chefe de Estado. Apesar de seu
papel simbólico, ele tinha poderes apenas em seu próprio feudo. Sua vantagem era não
dever obrigações de vassalo, dentro de seu reino, a outro senhor.

A organização do feudo
A organização dos feudos baseou-se em duas tradições: uma de origem germânica,
o comitatus, e a outra de origem romana, o colonato. Pelo comitatus , os senhores da
terra, unidos pelos laços de vassalagem, comprometiam-se a ser fiéis e a honrar uns aos
outros. No colonato, o proprietário de terras dava proteção e trabalho aos colonos que,
em troca, entregavam ao senhor parte de sua produção.
145
Não é possível avaliar o tamanho dos feudos, mas estima-se que os menores tinham pelo
menos 120 ou 150 hectares. Cada feudo compreendia uma ou mais aldeias, as terras
cultivadas pelos camponeses, as florestas e as pastagens comuns, a terra pertencente à
igreja paroquial e a casa senhorial, que ficava na melhor terra cultivável.
Pastos, prados e bosques eram usados em comum. A terra arável era divida em duas
partes. Uma, em geral a terça parte do todo, pertencia ao senhor; a outra ficava em poder
dos camponeses. Nos feudos plantavam-se principalmente cereais (cevada, trigo, centeio
e aveia). Cultivavam-se também favas, ervilhas e uvas.
Os instrumentos mais comuns usados no cultivo eram a charrua ou o arado, a enxada, a
pá, a foice, a grade e o podão. Nos campos criavam-se carneiros que forneciam a lã;
bovinos, que forneciam leite e eram utilizados para puxar carroças e arados; e cavalos,
que eram utilizados na guerra e transporte.

A economia feudal
A economia feudal baseava-se principalmente na agricultura. Existiam moedas na Idade
Média, porém eram pouco utilizadas. As trocas de produtos e mercadorias eram comuns
na economia feudal. O feudo era a base econômica deste período, pois quem tinha a terra
possuía mais poder. O artesanato também era praticado na Idade Média. A produção era
baixa, pois as técnicas de trabalho agrícola eram extremamente rudimentares. O arado
puxado por bois era muito utilizado na agricultura.

Educação, artes e cultura


A educação era para poucos, pois só os filhos dos nobres estudavam. Marcada pela
influência da Igreja, ensinava-se o latim, doutrinas religiosas e táticas de guerras. Grande
parte da população medieval era analfabeta e não tinha acesso aos livros.
A arte medieval também era fortemente marcada pela religiosidade da época. As pinturas
retratavam passagens da Bíblia e ensinamentos religiosos. As pinturas medievais e os
vitrais das igrejas eram formas de ensinar à população um pouco mais sobre a religião.
Podemos dizer que, em geral, a cultura medieval foi fortemente influenciada pela religião.
Na arquitetura destacou-se a construção de castelos, igrejas e catedrais.

A Igreja no período medieval


A Igreja católica surgiu durante o Império Romano, mas foi durante a Idade Média que se
consolidou como a mais importante instituição da Europa ocidental. Naquela época, não
havia quem duvidasse da existência de Deus: ser católico era tão natural quanto o ato de
respirar.
A partir do século XV, os europeus levariam sua cultura para diversas regiões do mundo.
Dentre esses valores, estava o catolicismo. Foi assim, por exemplo, que o Brasil tornou-
se a maior nação católica do mundo.
146
Na imagem, Madona com o menino rodeada de anjos, de Ceni di Peppi Cimabue, 1270.
Principal poder espiritual e temporal na Europa durante a Idade Média, a Igreja Católica,
além de ser a única instituição com ramificações em todas as regiões e lugarejos, possuía
muitas terras e riquezas e era obedecida e temida pela quase totalidade dos habitantes.
Sabe-se que a Igreja chegou a possuir mais de um terço de todas as terras da Europa
Ocidental. As origens desta acumulação de bens materiais ainda hoje causam polêmicas
entre os historiadores.
Alguns apontam o complexo sistema de cobranças de impostos e de indulgências como
principal origem dos bens da Igreja. Além do dízimo, 10% das rendas de cada fiel, os
padres cobravam pesados tributos dos camponeses que viviam nas terras do clero e, em
períodos excepcionais, promoviam a venda de indulgências nos lugarejos, nas vilas e nas
cidades.
Para outros, a posse de terras pela Igreja provinha principalmente das doações feitas por
fiéis arrependidos dos seus pecados e por nobres e reis, que entregavam parte de suas
conquistas de guerra. Além disso, com o movimento das Cruzadas, a própria Igreja
conquistou extensas áreas territoriais.
Junto a toda essa riqueza, a Igreja acumulou cultura e conhecimento, pois controlava
grande parte do saber herdado da Antiguidade Clássica. Os mosteiros medievais ficaram
célebres por sua política de hospitalidade, dando abrigo temporário a peregrinos e
andarilhos e pelas minuciosas e caprichosas cópias manuais de textos e livros da
Antiguidade Clássica.
147
Como os livros, pergaminhos, manuscritos e documentos ficavam nos mosteiros e nas
universidades da igreja, os padres detinham praticamente o monopólio da cultura erudita
que, segundo a visão predominante na época, representava um perigo para as mentes e
as crenças cristãs.
O próprio sistema de organização e hierarquia da Igreja medieval ajudava a garantir a
consolidação do seu poder, e o papa, como representante máximo do poder espiritual,
acumulou também poder político ou temporal. Por ser a única autoridade reconhecida
como universal, ele agia como árbitro nos conflitos entre reinos e impérios.
Segundo a classificação bastante simplificada da época, a sociedade medieval estaria
dividida em três ordens: a Igreja, Primeira Ordem, tinha a função de orar; os nobres
pertenciam à Segunda Ordem, com a missão de garantir a segurança, ou seja, guerrear;
e a Terceira ordem era composta pelos trabalhadores, que deveriam prover as
necessidades das duas primeiras ordens.
Assim como tudo na sociedade medieval, a primeira Ordem tinha sua própria hierarquia: o
Alto Clero, composto pelo papa, bispos, cardeais e abades; e o Baixo Clero, formado
pelos clérigos, padres e monges. A maioria dos membros da Igreja provinha de famílias
nobres, que impunham a formação religiosa aos seus filhos não-primogênitos, mesmo
que não tivessem vocação ou vontade de servir a Igreja.
Com presença e atuação ostensivas, a Igreja impôs seus valores e crenças e criou na
Europa daquele tempo uma atmosfera de religiosidade que se manifestava até nas mais
simples atividades cotidianas: ao nascer, o indivíduo recebia o sacramento do batismo, ao
casar, o do matrimônio e ao morrer, a extrema-unção (também era enterrado no cemitério
da Igreja); a contagem e divisão do tempo era baseada em acontecimentos religiosos,
assim como as festas e o descanso semanal.
O poder da Igreja era tão grande nessa época que aqueles que enfrentavam seu poder
eram chamados de hereges ou infiéis. Herege é uma palavra de origem grega, que
significa “aquele que escolhe”, mas na Idade Média passou a denominar a pessoa ou o
grupo que defendia doutrina contrária à Igreja ou discordava dos seus dogmas, das suas
verdades.

Uma das penalidades aplicadas pela Igreja aos hereges era a morte na fogueira.
148
Para enfrentar os hereges e consolidar seu poder na sociedade, a Igreja Católica instituiu
o Tribunal do Santo Ofício que perseguia os hereges e aqueles que tinham
comportamentos e preferências contrários aos seus ensinamentos morais e disciplinares.

A sociedade medieval
A sociedade medieval era hierarquizada; a mobilidade social era praticamente inexistente.
Alguns historiadores costumam dividir essa sociedade em três ordens: a do clero; a dos
guerreiros e a dos camponeses.
Ao clero cabia cuidar da salvação espiritual de todos; aos guerreiros, zelar pela
segurança; e aos servos, executar o trabalho nos feudos. No mundo medieval, a posição
social dos indivíduos era definida pela posse ou propriedade da terra, principal expressão
de riqueza daquele período.
O Senhor feudal tinha a posse legal da terra, o poder político, militar, jurídico e até mesmo
religioso, se fosse um padre, bispo ou abade. Os servos não tinham a propriedade da
terra e estavam presos a ela por uma série de obrigações devidas ao senhor e à igreja.
Embora não pudessem ser vendidos, como se fazia com os escravos no Mundo Antigo,
não podiam abandonar a terra sem a permissão do senhor.
Havia também os vilões. Eram geralmente descendentes de pequenos proprietários
romanos que, não podendo defender suas propriedades, entregavam-nas a um senhor
em troca de proteção. Por essa origem, eles recebiam um tratamento diferenciado, com
maiores privilégios e menos deveres que os servos. Havia, finalmente,
os ministeriais, funcionários do senhor feudal, encarregados de arrecadar os impostos.

Servos - Os trabalhadores da terra


O servo era obrigado a trabalhar nas terras do senhor durante três dias por semana. Além
disso, tinha de entregar ao senhor parte do que produzia para o próprio sustento. O
trabalho nas terras do senhor era prioritário: ela tinha de ser preparada, semeada e
ceifada em primeiro lugar. Apenas depois de cuidar das terras do senhor, o servo poderia
se dedicar às suas plantações.

Servos trabalhando em um feudo medieval


149
O limite de todas essas regras entre o senhor feudal e o servo era muito bem
definido. Dentre as obrigações dos servos, estavam:
• A talha, imposto pago sobre a produção no manso servil;
• A corveia, trabalho compulsório nas reservas senhoriais;
• As banalidades, imposto pago pelo uso de instalações pertencentes ao senhor,
como forno e moinho.

Os cavaleiros
Os cavaleiros eram nobres que se dedicavam à guerra. A lealdade a seu senhor e a
coragem representavam as principais virtudes de um cavaleiro. Por muito tempo, para ser
cavaleiro, bastava possuir um cavalo e uma espada. Em troca de serviço militar a um
senhor, o cavaleiro recebia seu feudo, onde erguia uma fortaleza.
Pouco a pouco, porém, as exigências para se tornar um cavaleiro foram se tornando mais
rigorosas: além de defender o seu feudo e o de seu senhor, ele deveria professar a fé
católica e honrar as mulheres. O jovem nobre iniciava a aprendizagem aos 7 anos,
servindo como pajem na casa de um senhor, onde aprendia equitação e o manejo das
armas.
Aos 14 anos, tornava-se escudeiro de um cavaleiro, passando, pelo menos, a seu serviço,
tratando de seu cavalo e de suas armas, ao mesmo tempo que aprendia com ele as artes
do combate. Tomava parte em corridas, em lutas livres e praticava esgrima. Para se
preparar para torneios e combates, aprendia a correr a quintana: tratava-se de galopar em
grande velocidade em direção a um boneco de madeira e cravar-lhe a lança entre os
olhos.
O boneco era munido de um braço e montado sobre um pino de ferro. Quem não acertava
o alvo com a lança, fazia o boneco girar; ao girar, o braço do boneco batia nas costas do
cavaleiro. Depois do tempo de aprendizagem, se o jovem fosse considerado preparado e
digno, estava pronto para ser armado cavaleiro.

Cotidiano, mentalidades e aspectos culturais no período medieval


Como o período medieval foi bastante longo (aproximadamente mil anos), todos os
aspectos da vida cotidiana - moradia, vestuário, alimentação, etc. - passaram por
mudanças importantes e variaram muito de um lugar para o outro.
De modo geral, a população estava concentrada no campo (cerca de 80% das pessoas
viviam na zona rural) e, apesar de alguns períodos de maior crescimento demográfico, o
número de habitantes era pequeno. Estima-se que em paris, a maior cidade europeia da
época, tinha uma população de 160 mil habitantes, em 1250. E, em 1399, o número total
de habitantes do continente europeu não passava de 74 milhões.
O baixo crescimento da população resultava do elevado número de mortes, pois a média
de vida, na época, não ultrapassava os 40 anos de idade.
150
Os historiadores calculam que, de cada 100 crianças nascidas vivas, 45 morriam ainda na
infância. Era comum a morte de mulheres durante o parto e os homens jovens morriam
nas guerras ou vítimas de doenças para as quais ainda não se conhecia uma cura.

Na sociedade medieval, profundamente dominada pela religiosidade e misticismo, era


senso comum interpretar o surgimento de doenças e epidemias como sendo resultados
da ira divina pelos pecados humanos.
A falta de higiene, de água tratada e de um sistema de esgoto, provocou surtos de
epidemias que mataram milhares de pessoas. A Peste Negra, por exemplo, que se
espalhou pela Europa, somente no período de 1348 a 1350, matou cerca de 20 milhões
de pessoas.
Além das pestes, nesta época, outras doenças provocavam altos índices de mortalidade:
tuberculose, sífilis e infecções generalizadas provocadas pela falta de assepsia no
tratamento das feridas. Bastante limitada, a medicina não tinha ainda desenvolvido
tratamento adequado para muitas doenças. Além disso, as distancias, as dificuldades de
locomoção e o número reduzido de médicos tornavam ainda mais crítica a situação dos
doentes que na maioria das vezes eram atendidos em boticários ou curandeiras e se
medicavam com ervas e rezas. Aliás, essas mulheres curandeiras, que a Igreja tratava
como feiticeiras, também foram duramente perseguidas e mortas pela Inquisição, a partir
do século XII.
Mais dramática ainda era a situação das crianças, muitas vezes abandonadas em
estradas, bosques ou mosteiros pelos pais, que não tinham como sustentá-las. Além
disso, havia também grande número de órfãos, devido ao elevado índice de mortalidade
no parto: a falta de higiene provocava a chamada febre puerperal, que causava a morte
da mãe, e a incidência de blenorragia (doença sexualmente transmissível) muitas vezes
contaminava o filho, causando cegueira.
Numa população supersticiosa, que interpretava todos os acontecimentos naturais como
expressão da vontade divina, a doença era vista como punição pelos pecados.

151
Para se livrar desses pecados, as pessoas faziam então penitências, compravam
indulgências e procuravam viver de acordo com os mandamentos da Igreja. Mas, como
nem sempre conseguiam manter uma vida regrada, casta e desapegada das coisas e
prazeres materiais, homens e mulheres viviam em constante preocupação com a morte e
com o julgamento de Deus.
Sendo praticamente a única referência para a população, em quase todos os assuntos , já
que não havia Estados organizados e normas públicas, a Igreja assumia a tarefa de
controlar e organizar a sociedade. Um exemplo: como não havia registro público dos
nascimentos, o único documento da pessoa era o batistério. Devido à elevada taxa de
mortalidade infantil as crianças eram batizadas logo que nasciam, pois os pais queriam
garantir para seus filhos um lugar no Paraíso. Os nomes dos bebês derivavam, em sua
maioria, dos nomes de santos, de personagens da Bíblia ou dos avós ou amigos
influentes, e em diversas regiões não se usava o nome da família.
Também não existia casamento o casamento civil, como hoje, mas apenas um contrato
entre as famílias dos noivos. Em geral, e principalmente entre nobres, o casamento era
negociado pelas famílias de acordo com o seu interesse em aumentar a posse de terras,
a riqueza e o poder, ou para fortalecer alianças militares. Os noivos não participavam
desses acertos e, em muitos casos, só se conheciam no dia da cerimônia (a mulher, com
cerca de 12 anos, e o homem com mais do dobro da idade dela). O casamento por amor,
de verdade, só passou a existir na Europa por volta do século XVII.
Geralmente, nas famílias nobres, só o filho mais velho se casava, e os outros se tornavam
membros do clero ou cavaleiros errantes, que partiam para as guerras ou em busca de
aventuras e fortuna, já que toda a herança dos pais era reservada para o filho
primogênito. As mulheres que não se casavam iam para conventos ou se tornavam
damas de companhia das casadas.
O matrimonio só se tornou um sacramento da Igreja a partir de 1439, por decisão do
Concílio de Florença, que também tornou o casamento indissolúvel e proibiu a poligamia
e o concubinato. Para a Igreja, a única finalidade do sexo era a procriação e, por isso, os
cristãos deveriam regular a frequência e os limites do ato sexual.
Casamentos assim, sem que os noivos se conhecessem, acabavam abrindo espaço para
grande número de relações extraconjugais, embora os padres ameaçassem os adúlteros
com o “fogo do inferno”. Por isso, a literatura medieval é tão fértil em romances proibidos.

História Medieval - A vida como ela era


Nas famílias camponesas, todos trabalhavam muito. Além de cuidar das terras do senhor
do feudo, homens, mulheres e crianças faziam à colheita, moíam os grãos e construíam
pontes, estradas, estábulos e moinhos. Ao mesmo tempo, cultivavam seus lotes e
cuidavam dos animais e dos trabalhos artesanais e domésticos.

152
Os camponeses viviam em cabanas cobertas de palha, com piso de terra batida e a área
interna escura, úmida e enfumaçada. Em geral as cabanas tinham apenas um cômodo,
que servia para dormir e guardar alimentos e até animais. Os móveis, bastante rústicos,
resumiam-se à mesa e bancos de madeira e os colchões de palha.
No almoço ou no jantar, comiam quase sempre pão escuro e uma sopa de vegetais,
legumes e ossos. Carne, ovos e queijo eram caros demais, só em ocasiões especiais. Em
vários períodos houve falta de alimentos e a fome se espalhou por muitas regiões da
Europa, vitimando, os mais pobres.
Na mesa dos nobres, entretanto, não faltava uma grande variedade de peixes e carnes,
quase sempre secas e salgadas, para se conservar durante o inverno. No verão, para
disfarçar o gosto ruim e o mau cheiro da carne estragada, a comida era cozida com
especiarias e temperos fortes, raros e exóticos, que vinham do Oriente, custavam caro e
eram difíceis de obter. O açúcar, outra raridade, era considerado um luxo e usado até
como herança ou para pagamento de dotes. O vinho era consumido em grande
quantidade em quase todas as regiões, e os habitantes do norte da Europa também
costumavam consumir a cerveja.

VERONESE, Paolo. Bodas de Cana.1563. óleo sobre tela: color.; 6,66 x 9,90
cm. Museu do Louvre, Paris.

As festas, em especial as de casamento, duravam dias com bebida e comida farta e


diversificada: serviam-se vitelas, cabritos, veados e javalis, acompanhados de aves como
cisnes, gansos, pavões, perdizes e galos. Havia também apresentação de cômicos,
acrobatas, dançarinos, trovadores, cantadores e poetas, para diversão dos convidados.
Os jogos e a bebida, bastante comuns nas tavernas de todas as cidades, atraíam os
homens que consumiam muito vinho, jogavam dados e se envolviam em brigas e
confusões. Por isso, os padres amaldiçoavam as tavernas, apontadas como antros de
perdição, mas nem por isso conseguiram acabar com elas. Ao contrário, esses costumes
se acentuaram cada vez mais, com o crescimento dos centros urbanos.
153
Sujas e barulhentas, sem esgoto e sem água tratada, as cidades se tornaram focos de
contágio e disseminação de doenças e pestes.
Nas cidades, aglomeravam-se e conviviam todos os tipos de pessoas e profissões: ricos,
comerciantes, taberneiros, artesãos, padeiros, relojoeiros, joalheiros, mendigos,
pregadores, vendedores ambulantes, menestréis, etc. E na periferia das cidades, bastante
discriminados pela maioria da população, viviam outros grupos: judeus, muçulmanos,
hereges, leprosos, homossexuais e prostitutas, que estiveram entre os quais perseguidos
e reprimidos pela Inquisição, a partir do século XII.
Analfabeta, em sua maioria, a população falava a língua dominante em sua região de
origem e os idiomas ainda hoje falados na Europa foram formados nessa época, em
consequência dos contatos com pessoas e com línguas de origem germânica ou de
outras regiões com o latim, a língua romana.
Como não sabiam ler, essas pessoas só tinham acesso à literatura por meio de artistas
que se apresentavam em público para ler e contar histórias, declamar poesias ou cantar e
encenar espetáculos de teatro nas praças, ruas e tavernas das aldeias e cidades, muitas
vezes durante as festas.
As moradias dos nobres também se modificaram bastante, ao longo do tempo. Até o
século XII, seus castelos se resumiam a uma torre, onde habitava a família do senhor, e
eram feitos de madeira, sendo por isso mesmo muito vulnerável a incêndios e a ataques
de invasores. A partir dos anos 1200, tornaram-se comuns as construções em pedra e
tijolos e os castelos ganham novas dependências, como celeiros, estábulos, muralhas,
fossos e torres de vigia, para sua defesa. A mobília também se sofisticou e os nobres
passaram a usar tapeçaria e pratarias vindas do Oriente.

Vestuário medieval
As roupas e os sapatos da época eram bastante volumosos e escondiam quase
inteiramente o corpo, especialmente o da mulher.
As mais jovens até chegavam a revelar o colo, mas a Igreja sempre desaprovou os
decotes. Pode-se dizer também que já existia moda, naquele tempo, com a introdução de
novidades na forma de vestidos, chapéus, sapatos, joias, etc.
Vestuário básico das mulheres incluía roupa de baixo, saia ou vestido longo, avental e
mantos, além de chapéus com formas as mais variadas (imitando a agulha de uma torre,
borboletas, toucas com longas tiras) e exagerados (em alguns locais foi preciso alterar a
entrada das casas para que as damas e seus chapéus pudessem passar). Na época,
cabelos presos identificavam a mulher casada, enquanto as solteiras usavam cabelos
soltos.

154
As cores mais usadas pelas mulheres eram o azul real, o bordô e o verde escuro. As
mangas e as saias dos vestidos eram bufantes e compridas. As mais ricas usavam
acessórios, como leques e joias.

Para os homens, o vestuário se compunha de meias longas, até a cintura, culotes, gibão
(uma espécie de jaqueta curta), chapéus de diversos tamanhos e sapatos de pontas
longas. Os tecidos variavam de acordo com a condição social dos cavaleiros, o clima, a
ocasião e local e, nos dias de festa, por exemplo, usavam ricas vestimentas,
confeccionadas com tecidos orientais, sedas, lã penteada e veludo. E festa é o que não
faltava, o ano inteiro, nas feiras e nas datas religiosas e profanas da Europa Medieval.
Tanto nos castelos quanto nas vilas, aldeias e cidades, em tempos de fartura, tudo era
motivo para comer, beber e dançar, com fantasias, máscaras, procissões, muita alegria e
até certos excessos.
Os camponeses, apesar do sofrimento e a da penúria, gostavam de festas, danças e
músicas. Várias danças folclóricas europeias originam-se de festas e danças populares
medievais.
155
BRUEGEL, Pieter. Dança dos camponeses. 1568. Óleo sobre madeira de carvalho:
colorido; 114 x 164 cm. Museu Kunsthistoriches, Viena.

Os castelos
Os senhores feudais moravam em castelos fortificados, erguidos em meio às suas terras.
Até o século X, eram geralmente de madeira. Com o enriquecimento dos senhores
feudais, os castelos passam a ser construídos de pedra, formando verdadeiras fortalezas.
Dentro dele viviam, monotonamente, o senhor, sua família, os seus domésticos e, em
caso de guerra, todos os vassalos que ali se abrigavam do inimigo comum. O interior do
castelo era amplo, mas frio, espartanamente mobiliado, oferecendo pouca comodidade.
As únicas diversões eram, especialmente nos dias chuvosos, os cânticos dos jograis e as
graças dos bufões. Em dias de sol, periodicamente, o senhor do castelo saía à caça, ou
promovia torneios com cavaleiros vizinhos, disputando alegremente o jogo das armas.

Os servos da gleba
Os mais humildes dos vassalos eram os servos da gleba, que, de tão humildes, não
tinham vassalos. Era o mais baixo degrau da sociedade feudal. Além de terem de lavrar a
terra de seu suserano, davam-lhe o melhor de suas colheitas. Na guerra deviam lutar a
seu lado, às vezes armados apenas com paus ou precárias lanças.
156
Estavam sujeitos a prestar todo e qualquer serviço a seu senhor. Não podiam casar,
mudar de lugar, herdar algum bem, se não tivessem a permissão de seu senhor. Moravam
em miseráveis choupanas, nas próprias terras de seus suseranos.

Ordálio
Era o costume de submeter o acusado, de um crime a um perigo, para ver se era culpado.
(Por exemplo: colocar a mão em água fervendo; segurar um ferro em brasa. Acreditava-se
que, se inocente, Deus produziria um milagre, não deixando que algum mal acontecesse
ao presumível culpado). A Igreja lutou contra esse costume, procurando extingui-lo.

Os duelos
Os nobres costumavam praticar o duelo, para resolver suas questões pessoais. Também
contra isso lutou a Igreja, que procurou levar o julgamento dos crimes aos tribunais dos
príncipes e senhores, a quem caberia administrar a justiça.

A mulher
A mulher na sociedade feudal era considerada um mero instrumento, máquina de
procriação e objeto de propriedade e posse exclusiva do marido, seu amo e senhor. Não
tinha qualquer direito, sequer o de escolher seu futuro marido e quando queriam se casar.

O lendário cinturão de castidade


Era um artefato de ferro ou de couro que os homens colocavam em suas mulheres e que
tinha uma tranca (ou uma espécie de cadeado) para impedir que elas, na ausência de
seus maridos, mantivessem relações extraconjugais.
O cinto de castidade tinha apenas um orifício (não dois como desenham muitos
historiadores e artistas plásticos que tentam resgatar o mito dessa odiosa peça) por onde
saiam às fezes e a urina da mulher. O grande problema era que, por não poderem fazer
sua higiene, as mulheres acabavam vítimas de infecções urinárias graves por Escherichia
coli, uma bactéria que é constituinte da flora normal do intestino, mas que no sistema
urinário causa uma infecção gravíssima e que pode causar nefrite, nefrose e levar à
morte. Muitas morriam ainda muito jovens por causa desse tipo de costume.

A homossexualidade
Praticamente não existiam homossexuais declarados e assumidos na idade média, pois a
Igreja Católica os punia severamente e, diante do quadro de horrores a que estavam
sujeitos, nenhum homem se declarava homossexual ou assumia sua condição e opção
sexual.

157
Hábitos
A higiene na idade média era o ponto fraco, tanto que possibilitou o alastramento de
doenças que quase dizimaram com toda a Europa medieval, especialmente a Peste
Negra (peste bubônica) que exterminou quase dois terços da população.

Alimentação
Basicamente carne de caça, alguns animais domésticos e vegetais.

Lazer
As diversões dos homens, cavaleiros, suseranos e servos eram em grande parte os
duelos, as mulheres e cuidar dos filhos.
Características do Feudalismo
• Descentralização do poder;
• Suserania e Vassalagem;
• Laços de fidelidade e reciprocidade;
• Direito consuetudinário (baseado em tradições e costumes);
• Ruralização;
• Mão de obra camponesa servil
• Servidão
• Baixa produção;
• Baixo comércio;
• Baixo uso de moedas;
• Economia in natura (de subsistência);
• Sociedade Estamental;
• Grande instituição: Igreja Católica.

158
Mapa Mental:

Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Feudalismo
https://youtu.be/EDZVqcvffgQ
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Feudalismo
https://youtu.be/TzAn8V6aT04
Canal: "Stoodi" | Vídeo aula: Feudalismo
https://youtu.be/5YA1cjTtYhc

159
Exercícios:
1. (Ufrgs) Em relação à Igreja Católica durante o período feudal, NÃO se pode afirmar
que
a) assumiu as críticas ao sistema de poder feudal, preocupada com a situação de penúria
da maior parte dos servos.
b) foi a principal instituição com a função de veicular a ideologia das classes dominantes,
no caso, os senhores feudais.
c) estava diretamente interessada na defesa das relações servis, na qualidade de grande
proprietária de terras na Europa Ocidental.
d) apregoava ser a distinção entre senhores e servos absolutamente normal dentro de
uma sociedade cristã.
e) freou os movimentos contrários às classes dominantes e combateu as heresias através
da Inquisição.

2. (Ufsm) A respeito do feudalismo na Europa medieval, pode-se afirmar:


a) O trabalho era fundado na servidão, o que mantinha os trabalhadores presos à terra e
subordinados a uma série de obrigações como impostos e serviços.
b) A utilização da tecnologia mais avançada no século V até o VII, como o uso do arado e
a rotação de culturas, permitiu uma produção agrícola em larga escala, comercializada
entre os reinos.
c) O cultivo da terra, a qual era propriedade dos ser-vos, atendia ao consumo local; áreas
restritas eram exploradas em benefício dos senhores feudais.
d) A sociedade feudal era dividida em dois grupos sociais, senhores e servos, que
repartiam a terra, de forma que cada grupo ficasse com a parte que conseguia explorar.
e) O capital comercial acumulado com a produção agrícola permitiu que os estados
nacionais euro-peus se lançassem às grandes navegações no sé-culo XIII.

3. (Ucs) O feudalismo substituiu o escravismo antigo, estabelecendo novas relações de


trabalho, baseadas na mão de obra servil. No sistema feudal, os servos
a) poderiam ser vendidos como mercadorias e eram obrigados a trabalhar o tempo inteiro
para o senhor feudal.
b) estavam subordinados aos senhores feudais, por meio de obrigações, tais como: a
corveia e as banalidades.
c) eram trabalhadores livres, podendo pedir demissão e procurar outro emprego sempre
que quisessem.
d) eram, na sua maioria, prisioneiros de guerra, podendo ser trocados e vendidos nos
mercados locais.
e) recebiam salário compatível com o trabalho executado: quanto mais trabalhassem,
mais ganhavam.

160
4. (Ufpel)

O esquema acima representa a sociedade


a) urbana europeia do feudalismo ocidental, na Baixa Idade Média, fortemente
influenciada pelo Catolicismo.
b) de classes – durante a Idade Média da Europa Ocidental -, que se caracterizava pela
mobilidade social.
c) feudal, numa época em que os vassalos eram também os servos e a característica
desses Estados Nacionais era a centralização do poder político.
d) estamental da Idade Média europeia ocidental, caracterizada por laços de suserania e
vassalagem.
e) com os três estados nos quais estava dividida a França nas vésperas da Revolução de
1789, sendo o primeiro estado formado pela burguesia financeira e comercial.

Respostas:
1) A
2) A
3) B
4) D

Fontes/Créditos:
https://www.sohistoria.com.br/ef2/medieval/p1.php
https://www.mundoedu.com.br/uploads/pdf/55089439e0304.pdf
https://studymaps.com.br/feudalismo/
Mais exercícios sobre "Feudalismo":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/alta-idade-media-feudalismo/?
utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_campaign=Search-dsa-
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paginas&gclid=Cj0KCQjwhuvlBRCeARIsAM720HrdWSayGagqxYpBc-G6fF6i320W0-
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161
Idade Média
Baixa Idade Média (séc. XI-XV)
A Europa passou por um longo período de
instabilidade após a queda do Império Romano em
476. Conforme alguns historiadores, a formação
do feudalismo se deu do século III (ainda em meio
a crise do Império Romano) até o século IX. Todo
esse período foi marcado por invasões e
instabilidade. Do século IX ao XI veio o período de
consolidação do feudalismo, e depois chegamos a
Baixa Idade Média: nasce a burguesia Baixa Idade Média, quando a Europa passava por
transformações e atingiria o apogeu do sistema
feudal. Apogeu do Feudalismo (séc. XI-XIII) O século XI apresentou uma era de progresso
para a Europa. Mesmo que nesse tempo começassem as Cruzadas, em paralelo
assistiriamos ao Renascimento Comercial e Urbano e o desenvolvimento da Burguesia.
Acompanhemos alguns destaques desse período:
• Diminuem as guerras feudais e as invasões de povos à Europa (a última grande
invasão havia sido a dos Vikings no século IX);
• Ocorreram inovações técnicas e tecnológicas, como o surgimento dos moinhos de
vento e de água, a rotação trienal dos campos, o arroteamento de terras
(drenagens de pântanos e derrubada de florestas para novas áreas agrícolas) e o
incremento da metalurgia (graças ao início das Cruzadas);
• Aumento da produção agrícola, graças a estabilidade e as novas tecnologias;
• Aumento da população, com mais alimentação e menos conflitos, permitindo que a
população crescesse de 45 milhões para 75 milhões entre os séculos XI e XIV.
Renascimento Comercial e Urbano
O cresciemento populacional e da produção
permitiram que a realidade rural europeia
começasse a se transformar aos poucos. Esse
contexto possibilitou o surgimento das cidades e
da burguesia. As cidades medievais normalmente
surgiram próximas aos cruzamentos comerciais,
nas regiões das feiras; outras surgiram junto a
castelos e fortalezas. As cidades inicialmente
eram cercadas por altos muros (burgos). Porém,
com o tempo, as habitações ultrapassaram este
limite, sendo que a principal camada da população
que vivia fora do burgo eram os comerciantes e
artesãos, que passaram a ser chamados de burgueses. Com o crescente comércio, os
burgueses foram adquirindo mais poderes econômicos, passando também a lutar por
direitos políticos e sociais.
162
Com isto foram se conseguindo as emancipações das cidades (chamadas comunas), que
passaram a não estar sujeitas ao mando da nobreza feudal. As cidades conseguiram
autonomia e criaram corpo administrativo próprio, normalmente comandado pelos
burgueses. No início do século XIV destacavam-se na Europa as cidades de: Florença,
Paris, Milão, Londres, Colônia, Roma e Gênova, todas com população aproximada de
100.000 habitantes. O conjunto de transformações ocorridos neste período (aumento do
comércio, urbanização e o surgimento da burguesia) culminou no processo chamado de
Revolução Comercial. Aos poucos as cidades foram transformando-se em centros
culturais cada vez menos ligadas aos valores da Igreja. Nestas cidades destacaram-se as
Universidades, que a partir do século XII tornaram-se excelentes centros de ensino.

O pensamento da Baixa Idade Média continuava, no entanto, sendo de cunho religioso,


porém, passava-se a se dar mais ênfase a Santo Tomaz de Aquino, que propunha a
conciliação da fé e da razão. O comércio ganhou significativo impulso com o aumento da
produção agrícola, a maior produção artesanal urbana e o contato com os povos orientais.
Desenvolveram-se tanto rotas locais de comércio quanto rotas internacionais. Dentre as
rotas internacionais, destacamos:
• Rota Comercial do Norte: realizada através do Mar do Norte, abrangendo cidades
como Dantzig, Hamburgo e Londres. Era comandada pela Liga Hanseática.
• Rota Comercial do Sul: Realizada sobretudo no Mar Mediterrâneo, com destaque
para as cidades de Barcelona, Genova e Veneza. Seus principais produtos eram as
especiarias e artigos de luxo orientais.

163
Assistindo a estagnação no crescimento populacional
por boa parte do período medieval, a Europa
Ocidental viveu, durante a Baixa Idade Média, uma
expansão demográfica, com o crescimento de sua
população. Acompanhe no gráfico ao lado este
crescimento.
“Renega a ti mesmo e segue a Cruz! (...) Deixem
as hordas do Cristo Rei se atracar com o inimigo!
Os anjos cantarão suas vitórias! Que os
conhecedores da Palavra entrem em Jerusalém
portando o estandarte de Nosso Senhor e
salvador! Que o símbolo da fé seja mostrado em vermelho sobre o imaculado
branco, pureza e sofrimento expressados! E que Sua palavra se faça ouvida como
retumbante trovão, trazendo medo e luz para os infiéis! Que agora o exército do
Deus único grite em glória sobre os Seus inimigos!” Papa Urbano II. (em 1095, no
Concílio de Clermont)

As Cruzadas (1095-1270)
No fim do século XI o papa Urbano II convocou o Concílio de Clermont, no qual invocava
os cristãos europeus para que fossem lutar pela “Terra Santa” (Jerusalém), que havia sido
tomada pelos “infieis” muçulmanos. Iniciaria um período de quase 200 anos de guerra
entre cristãos e muçulmanos, sobre o qual destacamos as principais causas:
• Os cristãos (tanto católicos quanto ortodoxos) visavam reaver o controle de
Jerusalém, local de perigrinação tomado pelo império árabe-muçulmano;
Jerusalém é a região do santo sepulcro, local do sepultamento de Jesus Cristo;
• O papa ia em socorro dos bizantinos, que sofriam derrotas militares para os
muçulmanos, mas visava a reunificação da cristandade sob seu comando, uma vez
que os bizantinos haviam se separado do catolicismo há poucas décadas quando
criaram a Igreja Ortodoxa;
• Muitos nobres iam em busca de terras, pois havia o crescimento populacional da
nobreza europeia também. A nobreza chegou a criar reinos feudais ao redor de
Jerusalém;
• O papa havia prometido o perdão dos pecados (indulgências) aos cavaleiros que
participassem das expedições. Como era uma época de muita fé, reis importantes,
como Ricardo Coração-de-leão da Inglaterra, atenderam à convocação da Igreja.

164
As rotas das primeiras Cruzadas

Consequências das Cruzadas Ao fim de oito grandes expedições (incrementadas por


expedições menores intermediárias), os católicos conseguiram vencer apenas a primeira
Cruzada. A “Terra Santa” ficaria sob o poder muçulmano. Porém, em meio ao insucesso
militar cristão, novas rotas comerciais se abriam. Os caminhos usados pelos cavaleiros
cruzados agora eram também usados para se trazer especiarias do Oriente. As cidades
italianas desenvolviam seu comércio mediterrâneo e impulsionavam o Renascimento
Comercial e Urbano.
EXTRA: A Guerra Santa dos cristãos Normalmente quando nos referimos ao termo
“Guerra Santa” já nos remetemos à jihad dos muçulmanos. O que fazia com que a
jihad se tornasse Guerra Santa? A busca de perdão dos pecados e a luta pela
religião. Nesse sentido, o que difere a jihad das cruzadas? Praticamente nada. No
período medieval, tanto cristão quanto muçulmanos lutaram, mataram, cometeram
atrocidades (como a morte de crianças, velhos e mulheres inocentes) em nome da
sua religião. A guerra santa, então, não é um conceito restrito apenas ao islã

Crise do Feudalismo (séc. XIV-XV)


A Europa vivia seu período de estabilidade e o feudalismo, bem como suas instituições,
iam bem desde o século XI. Porém, o século XIV apresentou uma devastadora crise que
colocaria em xeque o Sistema feudal e a organização política e econômica da Europa
daquela época. Instaurava-se a Crise do Feudalismo.

165
Era uma crise vista como inerente ao próprio sistema e suas contradições internas, uma
vez que o feudalismo por si so era de produção para subsistência, mas assistia a um
crescimento populacional muito grande (como já vimos) e via o embrionario capitalismo
surgir, com a burguesia e o comércio internacional, seja de especiarias ou artigos
regionais. Mas o que desencadeou de fato a crise foi a crise ecológica/agrícola da década
de 1330, quando a produção mal dava para
alimentar os camponeses, que, subnutridos,
ainda tinham que sustentar clero e nobreza.
Ai veio a fome, seguiram-se a peste e as
revoltas. E para coroar esta crise, a Guerra
dos Cem Anos. O feudalismo não resistiria, e
alternativas foram aparecendo. Era época da
formação das Monarquias Nacionais, do
crescimento do comércio e da burguesia. Os
reis, a nobreza e a burguesia teriam que se
rearticular para resolver essa crise (é daí que
observamos o nascimento do Absolutismo). A queda de Constantinopla, pelos Turcos
Otomanos em 1453 (na imagem ao lado), foi o golpe final, pois dificultava ainda mais a
situação ao distanciar ainda mais as especiarias dos mercadores ocidentais (as
Navegações do século XV e XVI seriam a solução). Ao mesmo tempo, o Renascimento,
com as criticas ao poder católico, estava engatinhando.

A Crise Feudal
• Crise Agrícola (fome);
• Peste Negra (bubônica);
• Revoltas camponesas;
• Guerra dos Cem Anos (ING X FRA)

A Crise agrícola
Houve uma crise ecológica na década de 1330. Mesmo que as técnicas e a produção de
alimentos estivessem melhorando, a população estava crescendo como não crescia
antes. Na realidade, crises agrícolas eram mais ou menos comuns na Idade Média
europeia, mas a crise que se estabeleceu a partir da crise ecológica levou muita gente à
fome e deixou milhões de europeus sucetíveis às doenças.
A Peste Negra
O nome é Peste Bubônica, mas naquela época foi chamada de “peste negra” devido às
manchas negras que deixava pelo corpo da vítima atingida pela bactéria yersinia pestis,
transmitida aos humanos por pulgas.
166
No período, a Europa tinha muitos esgotos a céu aberto, lixos mal acomodados e ainda
sofria da crise agrícola, se tornando uma alvo fácil para a pandemia que veio do oriente,
possivelmente junto com as especiarias que chegavam da China. Aproximadamente 25
milhões de pessoas morreram em poucos anos. Era um terço do total da população
europeia da época. A peste negra causou, além das mortes, uma época de grande fervor
religioso e de perseguição a grupos religiosos minoritários, como os judeus.

A Guerra dos Cem Anos


Entre 1337 e 1453, a França e a Inglaterra estiveram em guerra. O conflito teve várias
razões políticas e econômicas. A causa política foi a disputa pelo trono francês: Eduardo
III, rei da Inglaterra, era neto de Filipe, o Belo, e reivindicava o direito à coroa francesa.
Por isso, em 1337, ele iniciou a invasão do território francês. Do ponto de vista
econômico, o motivo foi a disputa entre franceses e ingleses pela hegemonia de Flandres,
rica produtora de tecidos de lã. A matériaprima usada em Flandres vinha da Inglaterra,
mas a França pretendia conquistar o monopólio comercial dos tecidos daquela região.
Nos primeiros anos da guerra, os ingleses, mais bem organizados e com excelente
infantaria, obtiveram vitórias espetaculares. Apenas em 1429, um fato mudaria o curso da
guerra em favor dos franceses.
A camponesa Joana d'Arc, comandando um pequeno exército enviado por Carlos VII,
libertou Orléans, sitiada pelos ingleses. Seguiram-se outras vitórias, até que os franceses
conquistaram Reims.
167
Carlos VII foi então coroado rei da França, em meio ao entusiasmo nacional.
Preocupados com os ânimos nacionalistas dos franceses, reavivados por Joana d'Arc, os
ingleses planejaram matá-la. Aprisionada pelos ingleses, foi julgada por um tribunal da
Igreja sob a acusação de heresia e bruxaria. Acabou condenada e queimada viva em
Rouen, em 1431. Mesmo sem Joana d'Arc, os franceses derrotaram os ingleses numa
série consecutiva de batalhas. Em 1453, com a tomada da cidade de Bordeaux pelos
franceses, os ingleses se renderam e a guerra chegou ao fim.
Texto IN: ARRUDA, J.Jobson & PILLETTI, Nelson. Toda a História. São Paulo: Ática,
2000.

Joana D’Arc, queimada na fogueira da Inquisição durante a Guerra dos Cem Anos seria
transformada em santa pela Igreja Católica no início do século XX.
As revoltas camponesas
A crise como um todo incentivou os questionamentos ao poder senhorial. Muitos
senhores, sofrendo com as dificuldades que se impunham à Europa, acabaram elevando
os tributos feudais, dificultando ainda mais a penuriosa situação popular. Levantes
camponeses aconteceram, na Inglaterra, na França e em várias regiões europeias.
Destacamos as jacqueries na França como exemplo dessas revoltas.

168
EXTRA: Arquitetura Medieval A arquitetura medieval deferencia-se entre o
Românico e o Gótico. O Românico predominou na Alta Idade Média, refletindo tanto
a insegurança quanto a religiosidade do período. Caracterizado por grandes
edifícios maciços, com grossas paredes e pequeno número de janelas, o românico
tem como destaque a simplicidade. (Observe a figura abaixo e à direita). Na Baixa
Idade Média, surge o estilo gótico, marcado pela imponência e leveza, se
comparado ao estilo românico. As catedrais góticas eram construídas dentro das
cidades, com novas técnicas que permitiam edificações mais elevadas e paredes
menos espessas. Com grandes janelas e vitrais multicoloridos, davam a
demonstração da nova sociedade que se erigia: a sociedade burguesa. (figura à
esquerda).

Capela de Burgos. Estilo Gótico Igreja Notre-Dame-la-grande. Estilo Românico

169
Mapa Mental:

Vídeos aulas:
Canal: "Humanas em foco" | Vídeo aula: Idade Média
https://youtu.be/AZ56VuLIZAw
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Idade Média
https://youtu.be/7u9Iyi7UbLE
Canal: "Hexag Medicina" | Vídeo aula: Idade Média
https://youtu.be/uUbK3I_vlVo
Canal: "Se liga nessa História" | Vídeo aula: Idade Média
https://youtu.be/hehqnvTus1k

170
Exercícios
1. (Enem 2006) Os cruzados avançavam em silencio, encontrando por todas as partes
ossadas humanas, trapos e bandeiras. No meio desse quadro sinistro, não puderam ver,
sem estremecer de dor, o acampamento onde Gauthier havia deixado as mulheres e
crianças. Lá, os cristãos tinham sido surpreendidos pelos muçulmanos, mesmo no
momento em que os sacerdotes celebravam o sacrifício da Missa. As mulheres, as
crianças, os velhos, todos os que a fraqueza ou a doença conservava sob as tendas,
perseguidos ate os altares, tinham sido levados para a escravidão ou imolados por um
inimigo cruel. A multidão dos cristãos, massacrada naquele lugar, tinha ficado sem
sepultura.
J. F. Michaud. História das cruzadas. São Paulo: Editora das Américas, 1956 (com
adaptações).
Foi, de fato, na sexta-feira 22 do tempo de Chaaban, do ano de 492 da Hegira, que os
franj* se apossaram da Cidade Santa, apos um sitio de 40 dias. Os exilados ainda tremem
cada vez que falam nisso, seu olhar se esfria como se eles ainda tivessem diante dos
olhos aqueles guerreiros louros, protegidos de armaduras, que espelham pelas ruas o
sabre cortante, desembainhado, degolando homens, mulheres e crianças, pilhando as
casas, saqueando as mesquitas.
franj = cruzados. Amin Maalouf. As Cruzadas vistas pelos árabes. 2.ª ed. São Paulo:
Brasiliense, 1989 (com adaptações).
Avalie as seguintes afirmações a respeito dos textos acima, que tratam das Cruzadas.
I. Os textos referem-se ao mesmo assunto — as Cruzadas, ocorridas no período medieval
—, mas apresentam visões distintas sobre a realidade dos conflitos religiosos desse
período histórico.
II. Ambos os textos narram partes de conflitos ocorridos entre cristãos e muçulmanos
durante a Idade Média e revelam como a violência contra mulheres e crianças era pratica
comum entre adversários.
III. Ambos narram conflitos ocorridos durante as Cruzadas medievais e revelam como as
disputas dessa época, apesar de ter havido alguns confrontos militares, foram resolvidas
com base na ideia do respeito e da tolerância cultural e religiosa. É correto apenas o que
se afirma em
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.
171
2. (Enem 2011) Se a mania de fechar, verdadeiro habitus da mentalidade medieval
nascido talvez de um profundo sentimento de insegurança, estava difundida no mundo
rural, estava do mesmo modo no meio urbano, pois que uma das características da
cidade era de ser limitada por portas e por uma muralha.
DUBY, G. et al. “Séculos XIV-XV”. In: ARIÈS, P.; DUBY, G. História da vida privada da
Europa Feudal à Renascença. São Paulo: Cia. das Letras, 1990 (adaptado).
As práticas e os usos das muralhas sofreram importantes mudanças no final da Idade
Média, quando elas assumiram a função de pontos de passagem ou pórticos. Este
processo está diretamente relacionado com
a) o crescimento das atividades comerciais e urbanas.
b) a migração de camponeses e artesãos.
c) a expansão dos parques industriais e fabris.
d) o aumento do número de castelos e feudos.
e) a contenção das epidemias e doenças.

3. (Ufrgs 2011) A Idade Média também foi denominada “tempo das catedrais”. Data deste
período da História a construção da catedral de Burgos, na Espanha, reproduzida na
figura ao lado. O estilo arquitetônico da catedral de Burgos é o:

a) Renascentista.
b) Românico.
c) Gótico.
d) Barroco.
e) Moderno.
172
4. (Mackenzie 2014) Aquilo que dominava a mentalidade e a sensibilidade dos homens
da Idade Média era o seu sentimento de insegurança (...) que era, no fim das contas, a
insegurança quanto à vida futura, que a ninguém estava assegurada (...). Os riscos da
danação, com o concurso do Diabo, eram tão grandes, e as probabilidades de salvação,
tão fracas que, forçosamente, o medo vencia a esperança.
(Jacques Le Goff. A civilização do Ocidente medieval)
O mundo medieval configurou-se a partir do medo da insegurança, como retratado no
texto acima. Encontre a alternativa que melhor condiz com o assunto.
a) a) A crise econômica decorrente do final do Império Romano, a guerra constante, as
invasões bárbaras, a baixa demográfica, as pestes, tudo isso aliado a um forte conteúdo
religioso de punição divina aos pecados contribuiu para o clima de insegurança medieval.
b) A peste bubônica provocou redução drástica na demografia medieval, levando a
crenças milenaristas e apocalípticas, sufocadas, por sua vez, pela rápida ação da Igreja,
disponibilizando recursos médicos e financeiros para a erradicação das várias doenças
que afetam seus fiéis.
c) O clima de insegurança que predominou em toda a Idade Média decorreu das guerras
constantes entre nobres – suseranos – e servos – vassalos, contribuindo para a
emergência de teorias milenaristas no continente.
d) As enfermidades que afetavam a população em geral contribuíram para a demonização
de algumas práticas sociais, como o hábito de usar talheres nas refeições, adquirido, por
sua vez, no contato com povos bizantinos.
e) A certeza da punição divina a pecados cometidos pelos humanos predominava na
mentalidade medieval; por isso, nos vários séculos do período, eram constantes os autos
de fé da Inquisição, incentivando a confissão em massa, sempre com tolerância e diálogo.

Respostas:
1) D
2) A
3) C
4) A

Fontes/Créditos:
https://mundoedu.com.br/uploads/pdf/5510750f931aa.pdf
https://www.passeidireto.com/arquivo/43205587/historia-mapa-mental-idade-media
Mais exercícios sobre "Idade Média":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/baixa-idade-media-cruzadas/

173
Renascimento
O que foi o Renascimento?
O Renascimento foi um importante movimento de ordemartística, cultural e científica que
se deflagrou na passagem da Idade Média para a Moderna. Em um quadro de sensíveis
transformações que não mais correspondiam ao conjunto de valores apregoados pelo
pensamento medieval, o renascimento apresentou um novo conjunto de temas e
interesses aos meios científicos e culturais de sua época. Ao contrário do que possa
parecer, o renascimento não pode ser visto como uma radical ruptura com o mundo
medieval.

Idade Moderna - O Renascimento


As mudanças ocorridas na Europa, como o desenvolvimento do comércio e das cidades e
a expansão marítima, foram acompanhadas por um intenso movimento cultural.
Essas transformações faziam os europeus acreditarem que viviam em um novo tempo,
muito diferente daquele que imperou durante toda a Idade Média. Por isso, os europeus
dos séculos XIV ao XVI acreditavam estar presenciando o verdadeiro Renascimento.
Assim, em grande parte da Europa, começaram a surgir escritores e artistas preocupados
em expressar os valores daquela “nova” sociedade. Em grande parte, essas atividades
culturais eram financiadas por ricos comerciantes e banqueiros.

174
Legenda: Na imagem, detalhes do quadro A última ceia, de Leonardo da Vinci. Na pintura
renascentista começa a surgir a perspectiva. Até então, os artistas davam pouca
importância à noção de profundidade. De certa forma, o surgimento da perspectiva
representa as mudanças da forma de interpretar o mundo europeu renascentista.

Ideias e práticas do Renascimento


O comércio com o Oriente permitiu que muitos comerciantes europeus, principalmente de
cidades de Veneza e Florença, na península Itálica, acumulassem grandes fortunas.
Enriquecidos, alguns desses comerciantes, bem como governantes e papas, passaram a
financiar a produção artística de escultores, pintores, arquitetos, músicos, escritores, etc.
Essa prática ficou conhecida como mecenato. E ao mesmo tempo que impulsionava as
artes e as ciências, contribuía para reafirmar a autoridade politica daquelas pessoas que
financiavam e protegiam os artistas. Afinal, os que recebiam financiamento expressavam,
em grande parte, valores defendidos pelos mecena.
Entre os séculos XIV e XVI, a produção artística e literária foi t]ao intensa e variada que
esse período recebeu a denominação de Renascimento ou Renascença.
Esse movimento teve início na península Itálica, onde se localizavam cidades de intensas
atividades culturais, como Florença e Veneza. A partir desses pólos, o movimento se
alastrou por toda a Europa.

Contexto histórico

O período da Baixa Idade Média, que se estendeu dos séculos XI ao XV, foi marcado por
um renascimento urbano e pelo declínio da sociedade feudal na Europa.
O feudalismo, predominante durante a Alta Idade Média, começou a entrar em crise,
entre outros motivos, pela dinamização do comércio nas cidades.

O crescimento da atividade comercial, por sua vez, guarda relação com as Cruzadas -
expedições de caráter religioso, militar e econômico, ocorridas entre os séculos XI e XIII
que, entre outros objetivos, visavam recuperar o domínio cristão sobre Jerusalém.

As Cruzadas causaram profundos efeitos econômicos, abrindo novas rotas comerciais e


recuperando o domínio ocidental sobre antigos territórios, contribuindo com a recuperação
comercial vivida pela Europa. Esse processo resultou no Renascimento, um movimento
cultural muito influenciado pela Antiguidade Clássica e que marcava uma nova maneira
com que a sociedade europeia passou a ver o papel do homem no mundo.

Esse movimento se manifestou em diversas áreas, mas principalmente nas artes. O berço
do movimento foi a Itália: cidades como Gênova, Veneza, Florença e Roma se
beneficiaram com a reabertura do Mediterrâneo para o comércio com o Ocidente,
tornando-se o principal palco do Renascimento. Posteriormente o movimento se espalhou
por outras regiões da Europa.

175
Características

• Desenvolvimento cultural e artístico: a produção artística e cultural é a principal


marca do Renascimento. Grandes artistas, como Leonardo da Vinci,
Michelangelo e Rafael, manifestaram o ideal renascentista em pinturas, esculturas
e afrescos, além de desenvolverem estudos em diversas áreas do
conhecimento. Novas técnicas foram introduzidas, como as noções
de perspectiva e profundidade, a utilização de estudos de anatomia para
produção artística, e também uma nova forma de retratar o homem, que passou a
ocupar espaço central na arte renascentista. No campo da literatura, nomes
como Dante Alighieri, William Shakespeare e Miguel de Cervantes estiveram
entre os mais notáveis do período;
• Desenvolvimento científico: estudiosos como Nicolau Copérnico, Galileu
Galilei e Giordano Bruno promoveram avanços significativos nas ciências
naturais, inclusive alguns que desafiavam dogmas religiosos e provocaram uma
série de conflitos com a Igreja Católica;
• Antropocentrismo: inspirado no Humanismo - doutrina filosófica que valoriza o
ser humano -, é caracterizado por uma mudança de perspectiva, na qual o
homem é considerado o centro da criação divina e, consequentemente, do mundo.
Apesar de ser oposta ao teocentrismo, que colocava Deus como centro de todas
as coisas, o antropocentrismo ainda enxerga uma ligação importante entre o ser
humano e Deus. Marca, na verdade, o surgimento de uma nova relação entre
sociedade e religião;
• Racionalismo: é durante o Renascimento que ganha força o racionalismo, a
crença de que o conhecimento e a verdade sobre o mundo poderiam ser
alcançados através da razão, se desvencilhando de explicações que atribuíam
todas as coisas à vontade divina;
• Auge na Itália: o desenvolvimento do comércio no Mar Mediterrâneo e a
intensa atividade cultural fizeram com que as cidades da Península Itálica (onde
hoje está a Itália, mas à época dividida em várias repúblicas e reinos) fossem o
berço do Renascimento. Membros da burguesia, de famílias nobres e até mesmo
da Igreja gastavam muitos recursos financiando artistas renascentistas, ficando
conhecidos como mecenas. Posteriormente, em especial no século XVI, o
movimento se espalhou para outros países da Europa.
• Ascensão da burguesia: o renascimento comercial e urbano, a abertura de novas
rotas comerciais entre Ocidente e Oriente, e o crescimento do comércio nas
cidades europeias promoveram a ascensão da burguesia, que se tornaria um ator
político importante na sociedade europeia durante a Modernidade.

176
“Escola de Atenas”, pintada durante o Renascimento por Raphael. A Antiguidade Clássica
foi uma das principais inspirações do período renascentista.

Retomada da cultura clássica


Denominamos de cultura clássica o conjunto de obras literárias, filosóficas históricas e de
artes plásticas produzidas pelos gregos e pelos romanos na Idade Antiga. Os pensadores
do Renascimento queriam , acima de tudo, conhecer, estudar e aprender os textos da
cultura clássica, vistos como portadores de reflexões e conhecimentos que mereciam ser
recuperados. É importante salientar que a retomada dos textos da cultura greco-romana
teve como objetivo o conhecimento de outras formas de pensar, não para copiá-las, mas
sim para refletir sobre elas, dentro do contexto próprio da passagem da Idade Média para
a Idade Moderna. O pensamento renascentista originou-se da articulação entre os valores
culturais presentes nos textos antigos e aqueles herdados do pensamento medieval
católico.

O homem é a medida de todas as coisas


Talvez a mais marcante característica do Renascimento tenha sido a valorização do ser
humano. O humanismo (ou antropocentrismo, como é chamado com frequência) colocou
a pessoa humana no centro das reflexões. Não se trata de opor o homem a Deus e medir
forças.
177
Deus continuou soberano diante do ser humano. Tratava-se, na verdade, de valorizar as
pessoas em si, encontrar nelas as qualidades e as virtudes negadas pelo pensamento
católico medieval.

O ideal de universalidade
Os renascentistas acreditavam que uma pessoa poderia vir a aprender e a saber tudo o
que se conhece. Seu ideal de ser humano era, portanto, aquele que conhecia todas as
artes e todas as ciências. Leonardo da Vinci foi considerado, por essa razão, o modelo do
homem renascentista, pois dominava várias ciências e artes plásticas. Ele conhecia
Astronomia, Mecânica, Anatomia, fazia os mais variados experimentos, projetou inúmeras
máquinas e deixou um grande número de obras-primas pintadas e esculpidas. Da Vinci foi
a pessoa que mais conseguiu se aproximar do ideal de universalidade.

Provável auto-retrato de Leonardo da Vinci

A valorização da razão e da natureza


O Renascimento foi marcado pelo racionalismo, que se traduziu na adoção de métodos
experimentais e de observação da natureza.
Por essas preocupações e valores, os pensadores e escritores do Renascimento eram
conhecidos como humanistas.

Resumo dos fundamentos do Renascimento


O Renascimento significou uma nova arte, novas mentalidades e formas de ver, pensar e
representar o mundo e os humanos.
178
Principais características do Renascimento:
a) antropocentrismo (o homem como centro do universo): valorização do homem como
ser racional e como a mais bela e perfeita obra da natureza;
b) otimismo: os renascentistas tinham uma atitude positiva diante do mundo –
acreditavam no progresso e na capacidade humana e apreciavam a beleza do mundo
tentando captá-la em suas obras de arte;
c) racionalismo: contrapondo à cultura medieval, que era baseada na autoridade divina,
os renascentistas valorizavam a razão humana como base do conhecimento. O saber
como fruto da observação e da experiência das leis que governam o mundo;
d) humanismo: os humanistas eram estudiosos, sábios e filósofos, que traduziam e
estudavam os textos clássicos greco-romamos. Os conhecimentos dos humanistas eram
abrangentes e universais, versando sobre diversas áreas do saber humano. Com base
nesses estudos, fundamentou-se à valorização do espírito humano, das capacidades,
das potencialidades e das diversidades dos seres humanos;
e) hedonismo: valorização dos prazeres sensoriais, carnais e materiais, contrapondo-se
a ideia medieval de sofrimento e resignação.

Expressão cultural na Renascença


A arte da Renascença também se caracterizou pelo humanismo, naturalismo e realismo
na representação de seres e por uma grande preocupação com a racionalidade, o
equilíbrio, a simetria e a objetividade, tanto na arquitetura, pintura e escultura quanto na
literatura. A música passou a explorar, cada vez mais, temas não-religiosos e a utilização
da técnica do contraponto deu maior liberdade de criação os compositores.
Sem abandonar a fé e a religião, o renascentista não se sentia submetido, mas inspirado
e iluminado por elas. Ao contrário do que acontecia na Idade Média, a ciência e a filosofia
tornaram-se campos diferenciados. Os estudos científicos valiam-se da indução, da
observação da experimentação, buscando explicação para os fenômenos naturais
enquanto o penamento filosófico buscava entender a natureza e todas as possibilidades
do conhecimento humano.

Literatura e ciência na Renascença


A literatura renascentista foi marcada pela utilização dos idiomas nacionais com
linguagem clara e gramaticalmente correta. Os temas fundamentais das obras literárias
são diversificados, mas podemos destacar a valorização do lirismo amoroso, do uso
metafórico da mitologia greco-romana, dos grandes feitos de personalidades humanas e
dos temas relacionados à política e as sátiras dos costumes sociais e do cotidiano.

179
Os avanços na Medicina também foram significativos: o médico espanhol Miguel de
Servet descobriu a pequena circulação entre o coração e os pulmões; o francês Ambroise
Paré (1517-1590) combateu o uso do fogo e do azeite quente no tratamento de feridas
causadas por armas de fogo e o alemão Paracelso estudou a aplicação de certas drogas
medicinais.

Artistas e suas obras


O Renascimento teve início nas cidades da península Itálica, que acumulavam grandes
riquezas graças ao comércio. Com o tempo, esse movimento difundiu-se por toda a
Europa.
O período de maior produção renascentista na península Itálica foi de 1450 a 1550. No
restante a Europa, ele ocorreu durante todo o século XVI. Na península Itálica,
destacaram-se os seguintes nomes:

Leonardo da Vinci (1452 – 1519)


Pintor, arquiteto, escultor, físico, engenheiro, escritor e músico, destacou-se em todos
esses ramos da arte e da ciência. É autor, entre outros quadros famosos,
de Gioconda ou Mona Lisa e da Última ceia;

Michelangelo Buonarroti (1475 – 1564)


Arquiteto, escultor e pintor, ajudou a projetar a grandiosa cúpula da basílica de São Pedro,
em Roma. São dele também as esculturas Pietá, Davi, Moisés, além das pinturas da
Capela Sistina, situada ao lado da basílica de São Pedro;

180
La Pietà

Rafael Sanzio (1483 – 1520)


Autor de várias madonas (uma série de representações da Virgem com o menino Jesus) e
de retratos de papas e reis;

181
Sandro Botticelli (1444 – 1510)
Também pintou um grande número de madonas, além de quadros de inspiração religiosa
e pagã, como a A primavera e o Renascimento de Vênus;

A primavera

Renascimento de Vênus

182
Galileu Galilei (1564 – 1642)
Matemático, físico e astrônomo, foi um dos primeiros estudiosos de sua época e usar o
método experimental para estudar a natureza e comprovar suas teorias. Construiu a
primeira luneta astronômica, por meio da qual confirmou a teoria heliocêntrica de
Copérnico, que afirmava se o Sol era o centro do Universo. Ameaçado de morrer na
fogueira, ele viu-se obrigado a negar suas convicções;

Nicolau Maquiavel (1469 – 1527)


Filósofo, político e historiador, escreveu O príncipe, um tratado sobre política e governo. O
sistema político exposto nessa obra é caracterizado pelo princípio de que os fins
justificam os meios.

O Renascimento expandiu-se para outros países da Europa, adotando peculiaridades


locais que deram ao movimento características diferentes em cada região do continente.
Apresentamos a seguir as principais características do Renascimento em outras regiões
da Europa, além da península Itálica:

183
• Países Baixos: No campo da literatura e da filosofia, destacou-se Erasmo de
Roterdã (1466 – 1536). Cristão e moralista, foi considerado um dos mais ilustres
humanistas da Renascença. Criticou violentamente a sociedade de seu tempo na
obra Elogio da loucura. Na pintura merece destaque Jan Van Eyck (1390 – 1441).

Erasmo de Roterdã (retrato de Hans Holbein, o Jovem.)


• França: Dentre os renascentistas franceses merecem destaque François de
Rabelais (1494 – 1555), que em seus livros satirizou a monarquia e o cristianismo,
e Michel de Montaigne (1533 – 1592), filósofo e moralista, autor de Ensaios.

François de Rabelais
• Inglaterra: O principal representante do Renascimento foi William
Shakespeare (1564 – 1616).

184
William Shakespeare
• Espanha: Na pintura o expoente foi El Greco (1548 – 1625) Entre seus quadros
mais importantes estão O enterro do conde de Orgaz e Adoração dos pastores. El
Greco era grego, mas passou sua vida na cidade de Toledo, perto de Madrid. Na
literatura renascentista espanhola, destaca-se Miguel de Cervantes (1547 – 1616),
autor de Dom Quixote de la Mancha.

Legenda: O enterro do conde de Orgaz, uma das obras mais expressivas do pintor grego-
espanhol El Greco.

185
Mapa Mental:

Vídeos aulas:
Canal: "Humanas em foco" | Vídeo aula: Renascimento
https://youtu.be/E7aFKcjd8OY
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Renascimento
https://youtu.be/G6JVAIp_bjM
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Renascimento
https://youtu.be/QnjkthNjWu0
Site: "Stoodi" | Vídeo aula: Renascimento
https://www.stoodi.com.br/materias/?next=/materias/historia/renascimento-cultural/

186
Exercícios
1. (Enem) (...) Depois de longas investigações, convenci-me por fim de que o Sol é uma
estrela fixa rodeada de planetas que giram em volta dela e de que ela é o centro e a
chama. Que, além dos planetas principais, há outros de segunda ordem que circulam
primeiro como satélites em redor dos planetas principais e com estes em redor do Sol. (...)
Não duvido de que os matemáticos sejam da minha opinião, se quiserem dar-se ao
trabalho de tomar conhecimento, não superficialmente, mas duma maneira aprofundada,
das demonstrações que darei nesta obra. Se alguns homens ligeiros e ignorantes
quiserem cometer contra mim o abuso de invocar alguns passos da Escritura (sagrada), a
que torçam o sentido, desprezarei os seus ataques: as verdades matemáticas não devem
ser julgadas senão por matemáticos.
(COPÉRNICO, N. De Revolutionibus orbium caelestium)
Aqueles que se entregam à prática sem ciência são como o navegador que embarca em
um navio sem leme nem bússola. Sempre a prática deve fundamentar-se em boa teoria.
Antes de fazer de um caso uma regra geral, experimente-o duas ou três vezes e verifique
se as experiências produzem os mesmos efeitos. Nenhuma investigação humana pode se
considerar verdadeira ciência se não passa por demonstrações matemáticas.
(VINCI, Leonardo da. Carnets)
O aspecto a ser ressaltado em ambos os textos para exemplificar o racionalismo moderno
é:
a) a fé como guia das descobertas.
b) o senso crítico para se chegar a Deus.
c) a limitação da ciência pelos princípios bíblicos.
d) a importância da experiência e da observação.
e) o princípio da autoridade e da tradição.

2. (Uel) O Renascimento, amplo movimento artístico, literário e científico, expandiu-se da


Península Itálica por quase toda a Europa, provocando transformações na sociedade.
Sobre o tema, é correto afirmar que:
a) o racionalismo renascentista reforçou o princípio da autoridade da ciência teológica e
da tradição medieval.
b) houve o resgate, pelos intelectuais renascentistas, dos ideais medievais ligados aos
dogmas do catolicismo, sobretudo da concepção teocêntrica de mundo.
c) nesse período, reafirmou-se a ideia de homem cidadão, que terminou por enfraquecer
os sentimentos de identidade nacional e cultural, os quais contribuíram para o fim das
monarquias absolutas.
187
d) o humanismo pregou a determinação das ações humanas pelo divino e negou que o
homem tivesse a capacidade de agir sobre o mundo, transformando-o de acordo com sua
vontade e interesse.
e) os estudiosos do período buscaram apoio no método experimental e na reflexão
racional, valorizando a natureza e o ser humano.

3. (Enem) Acompanhando a intenção da burguesia renascentista de ampliar seu domínio


sobre a natureza e sobre o espaço geográfico, através da pesquisa científica e da
invenção tecnológica, os cientistas também iriam se atirar nessa aventura, tentando
conquistar a forma, o movimento, o espaço, a luz, a cor e mesmo a expressão e o
sentimento.
SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas: Unicamp, 1984.
O texto apresenta um espírito de época que afetou também a produção artística, marcada
pela constante relação entre:
a) fé e misticismo.
b) ciência e arte.
c) cultura e comércio.
d) política e economia.
e) astronomia e religião.

4. (Ufc) A cultura renascentista favoreceu a valorização do homem, estimulando a


liberdade de expressão presente em diferentes manifestações artísticas e literárias.
Entretanto, a participação da Igreja Católica, entre os mecenas, pode ser associada:
a) à renovação das ideias defendidas pela hierarquia eclesiástica, que se deixara
influenciar pelo liberalismo burguês.
b) à continuidade do cristianismo como religião dominante, limitando a liberdade de
expressão aos valores estabelecidos pela Igreja.
c) ao engajamento da intelectualidade católica nas experiências científicas, na tentativa
de conciliar razão e fé.
d) às novas condições de vida na Europa, que extinguiram a persistência dos valores
religiosos na sociedade.
e) ao surgimento de novas ordens religiosas, defensoras do mecenato como um meio de
maior liberdade de expressão.

188
Respostas:
1) D
2) E
3) B
4) B

Fontes/Créditos:
https://www.sohistoria.com.br/ef2/renascimento/
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/renascimento.htm
https://querobolsa.com.br/enem/historia-geral/renascimento
https://descomplica.com.br/blog/historia/mapa-mental-renascimento/
Mais exercícios sobre "Renascimento":
http://projetomedicina.com.br/site/attachments/article/646/historia_exercicios_idade
_moderna_renascimento.pdf

189
Reforma Religiosa
No século XVI, a Cristandade Ocidental passou por profundas alterações, as quais deram
origens às novas Igrejas Cristãs, acabando com a hegemonia que existia até então da
Igreja Católica. A partir dos movimentos reformistas, o
catolicismo teve sua supremacia abalada e sua organização
alterada, sendo obrigada a fazer sua Reforma
(Contrarreforma). À ruptura da unidade do cristianismo dá-se
o nome de Reforma Religiosa (ou Reforma Protestante) e
tem início na Alemanha, na reforma protagonizada por
Martinho Lutero. Após Lutero viriam as Reformas de João
Calvino (na Suíça e depois se espalhando pela Europa) e a
Reforma Anglicana (Inglaterra), levada adiante pelo próprio
Rei, Henrique VIII. Porém, devemos levar em conta que a
Reforma não trouxe críticas inéditas ao catolicismo, pois em
tempos anteriores, sobretudo séculos XIV e XV, existiram teólogos como John Huss
[imagem acima] que criticaram o catolicismo e seus exageros. Entretanto, os homens
antes do século XVI que criticaram a Igreja, acabaram sendo silenciados, ou por força das
ameaças ou por força do Tribunal da Inquisição.
O Contexto do século XVI
O século XVI apresentava alguns novos atores sociais que apoiariam a Reforma, como as
forças nacionais, setores da nobreza e o rei absolutista, que não aceitavam o “poder
universal” do papa intervindo nos assuntos internos. O avanço das relações capitalistas
(vivia-se a época moderna, aonde as relações feudais iam se desfazendo) fazia com que
a burguesia, avida por lucro, questionasse as ideias de “preço justo” e a crítica a usura da
Igreja. Num contexto de transformações socioeconômicas e políticas, as críticas ao
catolicismo ganhavam corpo e se questionava o excesso de luxo da Igreja, as vendas de
cargos e objetos sagrados (simonia) e a venda de indulgências (venda de perdão dos
pecados). Foi então que nasceu o movimento reformista.
A Reforma Luterana
No século XVI, a atual Alemanha era um emaranhado de pequenos principados, ducados,
cidades livres e outros territórios que faziam parte do Sacro Império Romano Germânico,
maior reino da Europa Cristã. Nesse reino prevalecia o poder local, com disputas entre os
senhores locais. Quem dava verdadeira unidade ao reino era o papa, poder universal. Na
região do Sacro Império, o monge Marinho Lutero, professor da Universidade de
Wittenberg se revoltou contra a venda de Indulgências (perdão dos pecados), autorizada
pelo Papa Leão X, que com a arrecadação de “contribuições” pretendia terminar a
construção da nova Basílica de São Pedro.

190
Lutero lançou, em 1517, as 95 Teses, criticando alguns pontos do catolicismo e
defendendo: Salvação pela fé (nega as “obras” exigidas pelo catolicismo); Apenas 02
sacramentos – batismo e eucaristia (no catolicismo são 07); A Livre interpretação da Bíblia
(a Igreja Católica era quem interpretava os textos bíblicos para os fiéis, sendo que as
bíblias sequer eram escritas em língua nacional, mas sim em latim); culto simples; Fim da
hierarquia eclesiástica e do celibato clerical. Com a doutrina luterana ganhando adeptos
nos territórios alemães (os príncipes desejavam se afastar do poder do papa) começou a
haver um conflito entre Lutero e a Igreja, resultando nos seguintes fatos:
• 1520 – O Papa Leão X excomungou Lutero.
• Lutero recebeu apoio de príncipes alemães dispostos a adotar o luteranismo para
se livrar da influência do papa;
• 1530 – Com o auxílio de Filipe Melanchton, Lutero redigiu a Confissão de
Augsburgo, com a doutrina da Igreja Luterana, que tem por base as idéias
lançadas nas 95 teses;
• 1555 – A Paz de Augsburgo – depois de anos de guerras entre os nobres católicos
e os pró-reforma, concedeu aos príncipes definirem a religião de seu Estado.
Calvino e a reforma para a burguesia
Outros movimentos foram influenciados pelas ideias de Lutero. Na suíça, Ulrich Zwinglio
deu início ao movimento reformista, obtendo êxito em partes daquele país. Os católicos
acabaram entrando em guerra contra os reformistas. Após a morte de Zwinglio, assumiu a
liderança do movimento o sacerdote francês João Calvino (Jean Calvin), que propagou
sua doutrina. Dentre os preceitos do calvinismo – semelhante ao luteranismo em muitas
das suas propostas – destacamos:
• Aceitação exclusiva das Sagradas Escrituras como instrumento para conhecer a
vontade divina;
• Predestinação absoluta – já se nasce predestinado à salvação ou à condenação
eterna.
• Eliminação das imagens de santos e de cerimônias pomposas;
• 02 sacramentos (igual ao luteranismo);
• justificativa da Usura.
Na França e nos Países Baixos os calvinistas eram chamados de Huguenotes; na
Inglaterra de puritanos e na Escócia de Presbiterianos.
Reforma na Inglaterra
A Reforma na Inglaterra foi provocada por fatores diversos, tais como:
• A disputa entre o poder nacional (Rei) e o poder universal (Papa);
191
• O nacionalismo inglês;
• O fato de o Papa ter negado a anulação do casamento de Henrique VIII;
Pretendendo casar-se com Ana Bolena, Henrique queria anular seu casamento com
Catarina de Aragão. Porém, o papa Clemente VII não aceitava a anulação do matrimônio.
Para conseguir seu divórcio, Henrique VIII reuniu um tribunal de bispos ingleses que
concordaram com o Rei. Como consequência disso, Henrique foi excomungado pelo
papa. Em 1534, Henrique fez com que o Parlamento aprovasse o Ato de Supremacia,
criando a Igreja Anglicana e transformando o rei da Inglaterra em seu único chefe.
É importante associarmos a Reforma Anglicana com o Absolutismo Monárquico
que se formava na Inglaterra, concentrando poderes nas mãos do rei.
Contrarreforma Católica
A Igreja católica viu-se em situação desesperadora com o avanço do protestantismo. Para
impedir o avanço de novos movimentos foi organizado o Concílio de Trento (1545-63),
reunindo autoridades da Igreja. Decidiu-se então tomar algumas medidas como:
Reafirmação dos dogmas da Igreja e da autoridade do papa; Criação do Index (índice dos
livros proibidos); reorganização da Inquisição (Santo Ofício); reconhecimento dos Jesuítas
como agentes da expansão da fé católica, entre outras medidas.

IMAGEM: pintura do Concílio de Trento

192
Mapa Mental:

Vídeos aulas:
Canal: "Humanas em foco" | Vídeo aula: Reforma Protestante
Parte 1
https://youtu.be/mfvG4zeo4cI
Parte 2
https://youtu.be/D-m7y6e8EXQ
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Reforma Protestante
https://youtu.be/TehnkrH4fdY
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Reforma Protestante
https://youtu.be/n-gxIqg5xwI
Canal: "Stoodi" | Vídeo aula: Reforma Protestante
https://youtu.be/53dofGGKW5w

193
Exercícios
1. (Vunesp-1998) "O Pai e o Filho vêm a um homem e nele fazem sua morada, se ele
amar Jesus Cristo (São João, XV, 23). Daí resulta a necessidade das obras porque o
amor, a caridade só se manifesta pelas obras (São João, XIV, 21; Mateus, VII, 21), são
obras que contam e Deus dará a cada um segundo suas obras." (Roland Mousnier, Os
séculos XVI e XVII. In História Geral das Civilizações.) A importância do acúmulo gradual
de boas obras para a salvação da alma é uma concepção:
a) luterana.
b) católica.
c) sunita.
d) jansenista.
e) anabatista.

2. (Fuvest-2000) Em 1748, Benjamin Franklin escreveu os seguintes conselhos a jovens


homens de negócios: “Lembra-te que o tempo é dinheiro… Lembra-te que o crédito é
dinheiro… Lembra-te que o dinheiro é produtivo e se multiplica… Lembra-te que, segundo
o provérbio, um bom pagador é senhor de todas as bolsas… A par da sobriedade e do
trabalho, nada é mais útil a um moço que pretende progredir no mundo que a
pontualidade e a retidão em todos os negócios”. Tendo em vista a rigorosa educação
religiosa do autor, esses princípios econômicos foram usados para exemplificar a ligação
entre:
a) protestantismo e permissão da usura
b) anglicanismo e industrialização
c) ética protestante e capitalismo
d) catolicismo e mercantilismo
e) ética puritana e monetarismo.

3. (Pucmg) Em 1517 começa, no Sacro Império Romano-Germânico, o movimento de


reforma liderado por Martinho Lutero, que defendia:
a) a fé como elemento fundamental para a salvação dos indivíduos.
b) o relaxamento dos costumes dos membros da Igreja daquela época.
c) a confissão obrigatória, o jejum e o culto aos santos e mártires.
d) o princípio da predestinação e da busca do lucro por meio do trabalho.
e) o reconhecimento do monarca como chefe supremo da Igreja.
194
4. (Unirio) No século XVI, diversos movimentos reformistas de caráter religioso eclodiram
na Europa. Sobre esses movimentos é correto afirmar que o:
a) Humanismo foi o primeiro movimento reformista que criticou os abusos contidos nas
práticas da Igreja Católica, propondo a submissão do Papa ao poder secular dos
imperadores e reis.
b) Luteranismo difundiu-se rapidamente entre os segmentos servis da Alemanha e das
regiões nórdicas, pois pregava a insubordinação e a luta armada dos camponeses contra
a nobreza senhorial e o clero, aliados políticos nessas regiões.
c) Calvinismo significou um recrudescimento das concepções e práticas reformistas, pois
criticou os valores burgueses através da condenação do empréstimo de dinheiro a juros e
do trabalho manual.
d) Anglicanismo reforçou a autoridade do Vaticano na Inglaterra com a promulgação do
Ato de Supremacia, por Henrique VIII, que devolveu os bens e as propriedades do clero
católico confiscados pela nobreza inglesa.
e) Concílio de Trento marcou a reação da Igreja à difusão do Protestantismo, reafirmando
os dogmas católicos e fortalecendo os instrumentos de poder do papado, tais como o
Tribunal do Santo Ofício e a criação do índice de Livros Proibidos.

Respostas:
1) A
2) C
3) A
4) E

Fontes/Créditos:
https://mundoedu.com.br/uploads/pdf/5367f8f421185.pdf
https://studymaps.com.br/reforma-protestante/
Mais exercícios sobre "Reforma Protestante":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/reforma-protestante-e-contrarreforma/

195
Mercantilismo
O que é mercantilismo?
O mercantilismo (ou capitalismo comercial) foi um conjunto de práticas que caracterizou a
economia das principais nações europeias entre os séculos XV e XVIII.

Jean-Baptiste Colbert (1619-1683) foi um político francês, e suas práticas para a


economia da França ficaram conhecidas como Colbertismo.

O que foi o mercantilismo?


O mercantilismo foi o conjunto de práticas econômicas adotado pelas nações europeias
entre o século XV e o século XVIII. Essas práticas econômicas são consideradas pelos
historiadores como o estágio de transição do modo de produção feudal para o modo de
produção capitalista. Nesse sentido, é incorreto afirmar que o mercantilismo foi um
sistema econômico, uma vez que não consistiu em um modo de produção, como o
feudalismo e o capitalismo.
196
Foi adotado pelas nações europeias durante o período das Grandes Navegações e da
montagem do sistema colonial no continente americano. Por conta disso, muitas das
práticas mercantilistas foram aplicadas pelos portugueses durante o período
de colonização do Brasil. É importante considerar que o mercantilismo adotou
características distintas de acordo com a realidade e a necessidade de cada país
europeu.

Como surgiu o mercantilismo?


O surgimento do mercantilismo, enquanto conjunto de práticas econômicas, está
diretamente ligado ao fim do feudalismo e à formação dos Estados Nacionais Modernos.
Por Estado Nacional Moderno, entende-se o conjunto de nações surgidas durante o
processo de centralização do poder na figura do rei.
Introdução
Com o declínio do feudalismo na Baixa Idade Média e o renascimento comercial na
Europa, o modelo econômico adotado pelos Estados Modernos que se constituíam
também apresentou transformações. A centralização política ajudou a promover
grandes expedições marítimas, um dos pilares da economia mercantilista, através
da abertura de novas rotas comerciais e do estabelecimento de relações coloniais,
principalmente na América.
Definição
O mercantilismo foi o modelo de política econômica predominante dos Estados Modernos
europeus entre os séculos XV e XVIII. Também chamado de “capitalismo comercial” por
alguns autores, o mercantilismo é comumente identificado como um período de
transição entre o feudalismo e o capitalismo liberal, que se consolidaria depois das
revoluções burguesas. Representa uma fase da economia europeia voltada para o
comércio, em oposição ao modelo de produção feudal adotado durante parte da Idade
Média, baseado na agricultura. O mercantilismo se espalhou pela Europa e
esteve associado às monarquias absolutistas durante o Antigo Regime, mas também
se manifestou em países que adotavam monarquias constitucionais, como Inglaterra e
Holanda. Podemos citar algumas características gerais desse sistema econômico, mas
cabe considerar que ele se manifestou de formas diferentes nos países em que foi
adotado, assim como apresentou variações ao longo do tempo.
Características
• Intervencionismo estatal: se constituiu em um dos pilares do mercantilismo. Com
a formação dos Estados Modernos, os reis estavam fortalecidos e dominavam
vastos territórios, antes divididos em feudos. Dessa forma, as coroas passaram a
ter um grande controle sobre a atividade econômica, patrocinando as relações
comerciais, as grandes navegações, estabelecendo tarifas para produtos
estrangeiros e cobrando impostos. A partir do século XVIII, filósofos e economistas
liberais, como Adam Smith, passaram a defender uma atuação mais restrita do
Estado na economia;
197
• Metalismo: baseava-se na concepção de que a riqueza de um Estado estava
relacionada à quantidade de metais preciosos que esse Estado possuía,
notadamente ouro e prata. Para conseguir tais metais as monarquias estabeleciam
relações comerciais e de exploração com as colônias, além de manter uma
balança comercial favorável;
• Balança comercial favorável: prática econômica que previa que os Estados
deveriam exportar produtos em maior quantidade do que importavam. Para isso, as
monarquias estimulavam a produção doméstica de diversos produtos e criavam
barreiras comerciais para a entrada de produtos estrangeiros. A adoção do
princípio da balança comercial favorável, dessa forma, evitava a saída de moedas
de um determinado Estado para outro;
• Protecionismo: aliado à manutenção da balança comercial favorável, o
protecionismo era adotado como forma de evitar a concorrência dos produtos
domésticos com produtos estrangeiros. Assim, os reis procuravam manter as
riquezas acumuladas dentro dos limites de seus países;
• Colonialismo: estabelecimento de colônias, principalmente na América, para
exploração comercial das metrópoles europeias. Os Estados europeus controlavam
o comércio com as regiões coloniais, estabelecendo monopólios e controlando a
venda de produtos no mercado europeu, bem como assegurando mercado para os
produtos manufaturados produzidos na metrópole;
• Monopólios: estabelecidos pelas coroas europeias, em parceria com a grande
burguesia comercial, para explorar o comércio com as colônias.
O mercantilismo nos diferentes países europeus
Entre os principais países que adotam o mercantilismo como modelo econômico,
podemos citar França, Inglaterra, Espanha e Portugal. Cabe lembrar que o tipo de
mercantilismo adotado não apenas observou características próprias em cada um dos
países, mas também apresentou variações dentro de um mesmo país ao longo do tempo.
• França: o principal impulsionador do mercantilismo na França foi Jean-Baptiste
Colbert, ministro da economia de Luís XIV. Colbert procurou desenvolver o
comércio na França, ao mesmo tempo em que dificultava a entrada de produtos
estrangeiros. Também foi responsável por impulsionar a fabricação de manufaturas
e artigos de luxo para abastecer o mercado europeu.
• Inglaterra: o mercantilismo inglês se fortaleceu ao longo do século XVII, também
priorizando a produção interna e dificultando a entrada de produtos estrangeiros
através dos Atos de Navegação, em 1651. A Inglaterra expandiu muito sua marinha
mercante e conquistou domínio sobre muitos territórios coloniais, se tornando uma
grande potência comercial.

198
• Espanha: entre os espanhóis, a prática mercantilista esteve ligada à exploração
dos metais preciosos encontrados nas colônias americanas. O baixo
desenvolvimento de manufaturas, em comparação com outros países europeus, e
o excesso de ouro e prata favoreceram a importação de produtos estrangeiros em
relação às exportações, contribuindo para um déficit da balança comercial.
• Portugal: desenvolveu um tipo de mercantilismo baseado principalmente na
exploração do comércio colonial, mas que apresentou variações ao longo do
tempo. Com a ascensão do marquês de Pombal, já no século XVIII, também
conseguiu obter algum desenvolvimento manufatureiro.
Mapa Mental:

199
Vídeos aulas:
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Mercantilismo
https://youtu.be/Z8sh6TR62pU
Canal: "Se liga nessa História" | Vídeo aula: Mercantilismo
https://youtu.be/Pw_sBBciJTM
Canal: "Hexag Medicina" | Vídeo aula: Mercantilismo
https://youtu.be/-j14ZfyMiVc
Exercícios
1. (FATEC SP/2012) O Mercantilismo pode ser definido como um conjunto de práticas e
doutrinas econômicas adotadas pelo Estado absolutista, na Idade Moderna, com o
objetivo de obter e acumular riqueza. Partindo do princípio de que a riqueza de uma
nação era determinada pela quantidade de metais preciosos mantidos dentro de seu
território, os estados absolutos desse período
a) utilizavam políticas intervencionistas para regular o funcionamento da economia e obter
uma balança comercial favorável.
b) estabeleciam a lei da oferta e da procura para garantir a livre concorrência e eliminar os
entraves ao desenvolvimento comercial.
c) eliminavam a livre iniciativa, submetendo as atividades econômicas rurais e urbanas ao
monopólio estatal.
d) criavam cooperativas multinacionais para dividir os custos de empreendimentos, como
a colonização de áreas periféricas.
e) proibiam as atividades manufatureiras e desviavam os capitais assim liberados para o
desenvolvimento de frotas comerciais.

2. (UFT TO/2014) “O Mercantilismo resulta numa exaltação do espírito de empresa e


trabalho criador. Realiza assim, em relação aos ideais pregados pela cultura medieval,
uma verdadeira subversão das hierarquias e dos valores. É levado a lutar contra os
preconceitos nobiliários, a ociosidade, o gosto da função pública, mantido pela venalidade
e hereditariedade dos ofícios”.
FONTE: DEYON, Pierre. O Mercantilismo.
SP: Perspectiva, 1992, p. 54.

O Mercantilismo tinha como princípio básico:

a) o princípio de autonomia entre a metrópole e a colônia.


b) o estímulo ao consumo de bens e produtos importados.
c) o enriquecimento e fortalecimento do Estado.
d) o desenvolvimento do exército para resguardar o Estado.
e) o aumento das taxas sobre produtos de exportação.

200
3. (FMABC SP/2017) “Parece lícito afirmar que os dois pontos cruciais do mercantilismo,
na teoria e na prática, foram a sua teoria monetária e a sua teoria da balança comercial.”
Francisco Falcon. Mercantilismo e transição. São Paulo:
Brasiliense, 1986, p. 95. Adaptado.

Os “dois pontos cruciais” citados no texto podem ser associados, respectivamente,

a) à dolarização da economia e ao monopólio do mercado colonial pelos países


colonizadores.
b) à unificação da moeda europeia e ao estímulo à importação de manufaturados para as
colônias.
c) ao livre-cambismo e ao controle alfandegário para impedir a entrada de mercadorias
importadas.
d) ao metalismo e ao prevalecimento do esforço exportador sobre as iniciativas
importadoras.

4. (UNIMONTES MG/2015) O mercantilismo pode ser considerado um conjunto de ideias


e práticas econômicas que predominaram na política da maior parte dos Estados
Nacionais europeus, entre os séculos XV e XVIII. NÃO é característica do mercantilismo:
a) A forte intervenção das monarquias na economia, através de medidas protecionistas,
visando à balança comercial favorável.
b) A existência dos monopólios concedidos pelos reis a certas companhias de comércio e
grupos privilegiados.
c) A concentração da maior parte do lucro nas mãos de comerciantes e intermediários e
não na mão dos produtores.
d) O predomínio da produção artesanal sobre o capital mercantil, pois a acumulação
primitiva de capital provinha do artesanato.

Respostas:
1) A
2) C
3) D
4) D

Fontes/Créditos:
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-mercantilismo.htm
https://querobolsa.com.br/enem/historia-geral/mercantilismo
https://studymaps.com.br/mercantilismo/
Mais exercícios sobre "Mercantilismo":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/mercantilismo/
201
Sistema Colonial
Sistema colonial é o conjunto de relações de dominação e subordinação envolvendo
metrópoles e colônias durante a época moderna. Relações mantidas entre áreas
metropolitanas e áreas periféricas eram diretas e exclusivas. Originando-se da expansão
marítima européia, em meados do século XVI, o sistema comercial mercantilista, também
conhecido como Sistema Colonial Tradicional, estendeu-se ate o século XVIII, quando
entrou em crise. A denominação mercantilista vincula esse tipo
de colonialismo à revolução comercial.
Áreas metropolitanas
Era o centro do sistema colonial, as metrópoles que disputavam e estabeleciam áreas de
influencia na América, na África e na Ásia. As metrópoles asseguravam de forma
exclusiva o abastecimento das colônias fornecendo produtos manufaturados e a mão-de-
obra escrava sempre com preços elevados. Por outro lado garantiam a apropriação de
toda a produção colonial, sempre a preços baixos revendendo-a por preços mais altos no
mercado europeu. Alem disso, gravava o mundo colonial com tributos, que as vezes eram
excessivos.
Áreas coloniais
Correspondia à periferia do sistema colonial. Porções de terra localizadas na América,
África e Ásia, onde se localizavam as colônias e feitorias. As primeiras áreas colônias, no
continente americano, operam na área de produção especializada de gêneros do
mercado, já as feitorias, típicas da África e Ásia, operavam na área de trocas de
mercadorias.
As colônias eram focadas na produção de especiarias para o abastecimento da
metrópole, principalmente de produtos tropicais que não eram encontrados na Europa, da
mesma forma na extração de metais preciosos.
Relações entre Metrópole e Colônia
Entres as duas áreas que formavam o Sistema Colonial existia um conjunto de regras e
relações que fora chamado de Pacto Colonial. Dentre as exigências impostas pela
metrópole sobre a colônia destacava-se o exclusivo e navegação coloniais, e o monopólio
estatal de determinados produtos coloniais, no caso do Brasil, o pau-brasil, sal,
diamantes, etc.
O exclusivo ou monopólio do comércio colonial era seu elemento essencial portanto o
definidor das relações metrópole-colônia.

202
A produção colonial
As colônias, em especial as localizadas nas áreas tropicais, tinham a função de
complementar a economia europeia.
Por essa razão, concentravam-se na produção em grande escala de alguns gêneros
agrícolas, altamente lucrativos, como o açúcar, ou de matérias-primas, como
o algodão ou, ainda, de minérios.
Isso tomava a produção colonial altamente especializada (para muitos monocultural) e
extrovertida, isto é, voltada para os interesses da metrópole.
Na montagem de um sistema produtor na América, os recursos naturais, no caso a terra,
eram abundantes. Os capitais, de um modo geral, eram escassos e a mão-de-obra era
até abundante em alguns países europeus, como França, Suíça, Inglaterra, por onde
vagavam milhões de mendigos. Não havia, contudo, o capital para remunerá-la.
A solução para o problema da mão-de-obra foi utilizar na colonização americana as várias
formas de trabalho compulsório, como a servidão temporária (indentured servants) nas
colônias inglesas da América do Norte, a mita, forma de servidão praticada pelos incas e
aproveitada pelos espanhóis na região do Peru. Para países como Portugal e Espanha,
onde a mão-de-obra era escassa, a solução foi a utilização da escravidão nas suas
colônias, pois com ela era possível uma maior acumulação de capitais, a partir da
periferia do sistema.
O escravismo mercantilista
A escravidão africana se constituiu em um dos principais fatores de aceleração da
acumulação primitiva de capital. Isso porque o negro escravo vincula-se a um duplo
aspecto do sistema escravista moderno:

203
de um lado, como produtor de mercadorias, barateando enormemente o seu custo de
produção, e, de outro, como a própria mercadoria. Nesse último aspecto, destaca-se a
importância do tráfico negreiro, uma das atividades comerciais mais lucrativas que a
burguesia europeia desenvolveu durante a Época Moderna.
O trabalhador-mercadoria foi o alimentador do lucrativo comércio triangular, formado pela
Europa, África e América, e que enriqueceu as companhias de traficantes portuguesas,
holandesas, inglesas e mesmo os grupos mercantis estabelecidos nas colônias.
Na colonização brasileira, o uso do escravo africano foi precedido das experiências
portuguesas nas ilhas atlânticas, descobertas na primeira metade do século XV. Entre
1436 e 1441, o comércio regular de escravos africanos garantia o suprimento de mão-de-
obra, não apenas para a produção açucareira insular, mas também para os trabalhos no
reino.
A partir de 1444 foi criada a Companhia de Lagos (depois da Guiné), que passou a ter o
monopólio do tráfico negreiro também para a colônia portuguesa na América.
Mapa Mental:

204
Vídeos Aulas:
Site: “Stoodi” / Vídeos Aulas e exercícios: “Colonização”
https://www.stoodi.com.br/materias/historia/inicio-da-colonizacao/

Exercícios
1. (UFRN) O sistema de colonização objetivado pela política mercantilista tinha em mira:
a) Criar condições para a implantação do absolutismo;
b) Permitir a economia metropolitana o máximo de auto-sufiência e situá-la
vantajosamente no comércio internacional, pela criação de complementos á economia
nacional;
c) Evitar conflitos eternos, resultantes dos choques entre feudalismo e capitalismo, que
entravavam o desenvolvimento dos países europeus;
d) Ganhar prestígio internacional;
e) Obter garantias de acesso às fontes de matérias-primas e aos mercados consumidores
no ultramar.

2. (MACK) Pode ser considerada uma característica do Sistema Colonial:


a) a adoção, por parte das metrópoles, uma política liberal que facilitou a emancipação
das colônias;
b) a não-intervenção do Estado na economia e o incentivo às atividades naturais;
c) o monopólio comercial metropolitano e a sua influência no aquecimento da burguesia e
no desenvolvimento do capitalismo;
d) a extinção do trabalho escravo e o desenvolvimento econômico das áreas coloniais;
e) a economia voltada para o mercado interno e para a acumulação capitalista no setor
colonial.

3. (ENEM 2016) Quando surgiram as primeiras notícias sobre a presença de seres


estranhos, chegados em barcos grandes como montanhas, que montavam numa espécie
de veados enormes, tinham cães grandes e ferozes e possuíam instrumentos lançadores
de fogo, Montezuma e seus conselheiros ficaram pensando: de um lado, talvez
Quetzalcóatl houvesse regressado, mas, de outro, não tinham essa confirmação.
PINSKY, J. et. al. História da América através de textos. São Paulo: Contexto, 2007
(adaptado).

A dúvida apresentada inseria-se no contexto da chegada dos primeiros europeus à


América, e sua origem estava relacionada ao:

205
a) domínio da religião e do mito.
b) exercício do poder e da política.
c) controle da guerra e da conquista.
d) nascimento da filosofia e da razão.
e) desenvolvimento da ciência e da técnica.

4. (ENEM 2018)
TEXTO I
E pois que em outra cousa nesta parte me não posso vingar do demônio, admoesto da
parte da cruz de Cristo Jesus a todos que este lugar lerem, que deem a esta terra o nome
que com tanta solenidade lhe foi posto, sob pena de a mesma cruz que nos há de ser
mostrada no dia final, os acusar de mais devotos do pau-brasil que dela.

BARROS, J. In: SOUZA, L. M. Inferno atlântico: demonologia e colonização: séculos


XVI-XVIII. São Paulo: Cia. das Letras, 1993.

TEXTO II

E deste modo se hão os povoadores, os quais, por mais arraigados que na terra estejam
e mais ricos que sejam, tudo pretendem levar a Portugal, e, se as fazendas e bens que
possuem souberam falar, também lhes houveram de ensinar a dizer como os papagaios,
aos quais a primeira coisa que ensinam é: papagaio real para Portugal, porque tudo
querem para lá.

SALVADOR, F. V. In: SOUZA, L. M. (Org.). História da vida privada no Brasil: cotidiano


evida privada na América portuguesa. São Paulo: Cia. das Letras, 1997.

As críticas desses cronistas ao processo de colonização portuguesa na América estavam


relacionadas à

a) utilização do trabalho escravo.


b) implantação de polos urbanos.
c) devastação de áreas naturais.
d) ocupação de terras indígenas.
e) expropriação de riquezas locais.

206
Respostas:
1) B
2) C
3) A
4) E

Fontes/Créditos:
https://www.infoescola.com/historia/sistema-colonial-mercantilista/
https://www.coladaweb.com/historia/sistema-colonial-mercantilista
https://imagohistoria.blogspot.com/2018/04/mapa-mental-antigo-sistema-
colonial.html
Mais exercícios sobre "Sistema Colonial":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/periodo-colonial/

207
Absolutismo
O que é absolutismo?
O absolutismo foi uma forma de governo que prezava pelo poder absoluto do monarca e
surgiu para atender as demandas da nobreza feudal e da burguesia mercantil.

O Palácio de Versalhes, construído pelo rei Luís XIV, é um símbolo do poder que os reis
absolutistas possuíam

Introdução
Absolutismo foi uma forma de governo muito comum na Europa entre os séculos XVI e
XIX e defendeu a teoria do poder absoluto do rei sobre toda a nação. O poder dos reis
durante a Idade Média era considerado limitado em comparação com o período
absolutista, pois havia muita fragmentação política e a influência do rei dependia de uma
relação de vassalagem, na qual a troca de favores entre reis e nobres garantia o poder
real.

Monarquias Nacionais Absolutistas (Absolutismo)


No quadro final da crise da Idade Média (séc. XIVXV), a centralização política nas mãos
dos reis surgiu como alternativa política capaz de restabelecer a ordem e a segurança.
Atuando como árbitro entre os senhores feudais e a burguesia, o rei conseguiu, aos
poucos, impor sua autoridade sobre todo o território do reino. Nesse processo que se deu
desde a Baixa Idade Média, a fragmentação política, tão marcante no feudalismo, deu
lugar ao poder centralizado e aos territórios unificados.
208
Surgiram na Europa monarquias centralizadas, como as da França, Inglaterra, Portugal e
Espanha, que chamamos de Estado Moderno ou Estado
Absolutista. Os Estados Nacionais Unificados Modernos
Centralizados e, finalmente, Absolutistas são característicos da
Europa Ocidental entre os séculos XVI e XVIII. Um dos pilares do rei
era o exército nacional, possibilitado pelo recolhimento de impostos
nacionais (que se sobrepõe aos impostos feudais). O rei absolutista
é fruto de uma espécie de equilíbrio de forças entre a nobreza
(decadente) e a burguesia (em ascensão), ao passo que precisa de
algum amparo da igreja católica (que funcionou na época ainda
como uma espécie de poder paralelo). algumas das formas
utilizadas pelo rei para manter o poder em suas mãos: O jovem Luis XIV, o Rei-sol,
que teria proferido a frase “O
• Aproximação com a burguesia; Estado sou Eu”.
• Concessão de cargos à nobreza;
• Arrecadação centralizada de impostos e moeda nacional;
• Unificação de pesos e medidas;
• Formação de exército permanente, normalmente composto de mercenários;
• Expansão dos territórios nacionais, através da guerra ou de colônias;
• Organização político-administrativa centralizada.

Observe no esquema abaixo as principais alianças do rei absolutista:

209
O Absolutismo na Europa
Os regimes absolutistas se destacaram na Europa Moderna, sobretudo em França,
Inglaterra, Espanha e Portugal. Observemos os casos
França – Nesse país o regime centralizado foi se estruturando durante a Guerra dos Cem
Anos (1337-1453). Devido ao esforço de Guerra para repelir os invasores ingleses, a
França foi criando um regime centralizado nas mãos da dinastia de Valois. No contexto
francês é importante destacarmos a figura mitológica de Joana D’Arc, tratada como
heroína naquele país (e transformada em santa no início do século XX). Joana receberia
mensagens de Deus, afirmando da vitória francesa e da ascensão dos Valois. Chegou a
lutar na Guerra e, durante ela, foi capturada pelos ingleses, que à levaram para a fogueira
da inquisição.
Inglaterra – Os ingleses também começam o processo de formação do Estado Unificado
ao longo da Guerra dos Cem Anos, porém, depois desse conflito nasce internamente a
Guerra das Duas Rosas (1455-85), entre os York e os Lancaster. Fruto do acordo politico
entre as duas famílias é a ascensão dos Tudor, na figura de Henrique, o primeiro rei
absolutista ingles.
Espanha – Espanha e Portugal são frutos da Guerra da
Reconquista (séc. VIII/IX – XV), quando os cristãos
europeus lutavam para retomar a península ibérica dos
muçulmanos (mouros). Em meio a reconquista foram
nascendo reinos como Castela, Aragão, Navarra e Leão,
que mais tarde se unificariam. O marco decisório para a
unidade foi o casamento dos “reis católicos” Fernando
de Aragão e Isabel de Castela (1469). A partir daí estaria
plantada a base para a formação da Espanha.
Portugal – Este reino também é fruto da Guerra da
Reconquista, mas muito mais da Revolução de Avis
(1385), movimento liderado pela burguesia portuguesa
que colocou no trono o indesejado D. João de Avis (já que este era filho ilegítimo do rei
que havia morrido, a nobreza pretendia entregar a coroa à Castela). A ascensão de D.
João de Avis gerara condições para o processo de expansão marítima após Portugal se
tornar o primeiro reino absolutista europeu.
Exceções – No processo de centralização do poder da Idade Moderna, são marcantes as
ausências de Itália e Alemanha, que só se unificariam no século XIX, sendo chamados de
os “Países de Unificação Tardia”. A Itália apresentava muitas cidade e repúblicas com
rivalidades entre si, além de pequenos reinos rurais e áreas pertencentes à Igreja. A
Alemanha, por sua vez, formava o Sacro Império Romano Germânico, um emaranhado
de reinos feudais sob o controle da Igreja Católica que só foi ter no início do século XIX.

210
Defensores do Absolutismo – Conforme se estabeleceram regimes centralizados na
Europa, foram também surgindo pensadores tentando explicá-los.
• Jean Bossuet: em “A política retirada das sagradas escrituras” era um dos
defensores da origem divina do poder real, dizendo que o rei era um predestinado
por Deus para exercer o poder, não devendo, deste modo, ser contestado.
• Thomas Hobbes: em “O Leviatã”, dizia que o poder real era virtude de um contrato
social que havia sido feito entre os membros da sociedade, os quais atribuíram
todo o poder a uma pessoa (o rei). O rei representava a ordem em oposição ao
caos de um tempo anterior.
• Nicolau Maquiavel: Autor de “O Príncipe”. Defendia que o monarca devia usar de
todos os meios para se manter no poder, mesmo que fossem meios imorais
(mentira, violência, etc.). A síntese do pensamento maquiavélico é: “os fins
justificam os meios”.
EXTRA: Trecho de “O Príncipe” de Nicolau Maquiavel “Nasce daí uma questão: se é
melhor ser amado que temido ou o contrário. A resposta é de que seria necessário
ser uma coisa e outra; mas, como é difícil reuni-las, em tendo que faltar uma das
duas é muito mais seguro ser temido do que amado. Isso porque dos homens pode-
se dizer, geralmente, que são ingratos, volúveis, simuladores, tementes do perigo,
ambiciosos de ganho; e, enquanto lhes fizeres bem, são todos teus, oferecem-te o
próprio sangue, os bens, a vida, os filhos, desde que, como se disse acima, a
necessidade esteja longe de ti; quando esta se avizinha, porém, revoltam-se. E o
príncipe que confiou inteiramente em suas palavras, encontrando-se destituído de
outros meios de defesa, está perdido: as amizades que se adquirem por dinheiro, e
não pela grandeza e nobreza de alma, são compradas mas com elas não se pode
contar e, no momento oportuno, não se torna possível utilizá-las.”

211
Mapa Mental:

Vídeos aulas:
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212
Exercícios
1. (Cesgranrio) A frase de Luiz XIV, "L'Etat c'est moi" (O Estado sou eu), como definição
da natureza do absolutismo monárquico, significava:
a) a unidade do poder estatal, civil e religioso, com a criação de uma Igreja Francesa
(nacional);
b) a superioridade do príncipe em relação a todas as classes sociais, reduzindo a um
lugar humilde a burguesia enriquecida;
c) a submissão da nobreza feudal pela eliminação de todos os seus privilégios fiscais;
d) a centralização do poder real e absoluto do monarca na sua pessoa, sem quaisquer
limites institucionais reconhecidos;
e) o desejo régio de garantir ao Estado um papel de juiz imparcial no conflito entre a
aristocracia e o campesinato.

2. (Pucmg) Oriundo da crise do feudalismo, o Estado Absolutista representou a


organização política dominante na sociedade europeia entre os séculos XV e XVIII,
podendo ser caracterizado pela:
a) supressão dos monopólios comerciais, possibilitando o desenvolvimento das
manufaturas nacionais.
b) quebra das barreiras regionalistas do feudo e da comuna, agilizando e integrando a
economia nacional.
c) abolição das formas de exploração das terras típicas do feudalismo, tornando a
sociedade mais dinâmica.
d) ascensão política do grupo burguês, que passa a gerir o Estado segundo seus
interesses particulares.
e) ausência efetiva de instrumento de controle, quer no plano moral ou temporal, sobre o
poder do rei.

3. (Enem 2010) O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel,
se seu propósito é manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros
poderá ser mais clemente do que outros que, por muita piedade, permitem os distúrbios
que levem ao assassínio e ao roubo.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe, São Paulo: Martin Claret, 2009.
No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão sobre a Monarquia e a função do
governante. A manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na
a) inércia do julgamento de crimes polêmicos.
213
b) bondade em relação ao comportamento dos mercenários.
c) compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.
d) neutralidade diante da condenação dos servos.
e) conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe.

4. (Enem 2012)

Na França, o rei Luís XIV teve sua imagem fabricada por um conjunto de estratégias que
visavam sedimentar uma determinada noção de soberania. Neste sentido, a charge
apresentada demonstra
a) a humanidade do rei, pois retrata um homem comum, sem os adornos próprios à
vestimenta real.
b) a unidade entre o público e o privado, pois a figura do rei com a vestimenta real
representa o público e sem a vestimenta real, o privado.
c) o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao conhecimento do público a figura de um
rei despretencioso e distante do poder político.
d) o gosto estético refinado do rei, pois evidencia a elegância dos trajes reais em relação
aos de outros membros da corte.
e) a importância da vestimenta para a constituição simbólica do rei, pois o corpo político
adornado esconde os defeitos do corpo pessoal.

Respostas:
1) D
2) B
3) E
4) E

214
Fontes/Créditos:
https://mundoedu.com.br/uploads/pdf/533f4be4c94b2.pdf
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-absolutismo.htm
https://studymaps.com.br/mercantilismo/
Mais exercícios sobre "Absolutismo":
http://projetomedicina.com.br/site/attachments/article/647/historia_exercicios_idade
_moderna_absolutismo.pdf

215
Revolução Industrial
A Revolução industrial foi um conjunto de mudanças que aconteceram na Europa nos
séculos XVIII e XIX. A principal particularidade dessa revolução foi a substituição do
trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas.
Até o final do século XVIII a maioria da população europeia vivia no campo e produzia o
que consumia. De maneira artesanal o produtor dominava todo o processo produtivo.
Apesar de a produção ser predominantemente artesanal, países como a França e a
Inglaterra, possuíam manufaturas. As manufaturas eram grandes oficinas onde diversos
artesãos realizavam as tarefas manualmente, entretanto subordinados ao proprietário da
manufatura.

A Inglaterra foi precursora na Revolução Industrial devido a diversos fatores, entre eles:
possuir uma rica burguesia, o fato do país possuir a mais importante zona de livre
comércio da Europa, o êxodo rural e a localização privilegiada junto ao mar o que
facilitava a exploração dos mercados ultramarinos.
Como muitos empresários ambicionavam lucrar mais, o operário era explorado sendo
forçado a trabalhar até 15 horas por dia em troca de um salário baixo. Além disso,
mulheres e crianças também eram obrigadas a trabalhar para sustentarem suas famílias.
Diante disso, alguns trabalhadores se revoltaram com as péssimas condições de trabalho
oferecidas, e começaram a sabotar as máquinas, ficando conhecidos como “os
quebradores de máquinas“. Outros movimentos também surgiram nessa época com o
objetivo de defender o trabalhador. O trabalhador em razão deste processo perdeu o
conhecimento de todo a técnica de fabricação passando a executar apenas uma etapa.
A Primeira etapa da Revolução Industrial
Entre 1760 a 1860, a Revolução Industrial ficou limitada, primeiramente, à Inglaterra.
Houve o aparecimento de indústrias de tecidos de algodão, com o uso do tear mecânico.
Nessa época o aprimoramento das máquinas a vapor contribuiu para a continuação da
Revolução.

216
A Segunda Etapa da Revolução Industrial
A segunda etapa ocorreu no período de 1860 a 1900, ao contrário da primeira fase,
países como Alemanha, França, Rússia e Itália também se industrializaram. O emprego
do aço, a utilização da energia elétrica e dos combustíveis derivados do petróleo, a
invenção do motor a explosão, da locomotiva a vapor e o desenvolvimento de produtos
químicos foram as principais inovações desse período.
A Terceira Etapa da Revolução Industrial
Alguns historiadores têm considerado os avanços tecnológicos do século XX e XXI como
a terceira etapa da Revolução Industrial. O computador, o fax, a engenharia genética, o
celular seriam algumas das inovações dessa época.
Mapa Mental:

217
Vídeos aulas:
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Exercícios
1. (Enem 2001) “... Um operário desenrola o arame, o outro o endireita, um terceiro corta,
um quarto o afia nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer a cabeça
do alfinete requeremse 3 ou 4 operações diferentes; ...” (SMITH, Adam. A Riqueza das
Nações. Investigação sobre a sua Natureza e suas Causas. Vol. I. São Paulo: Nova
Cultural, 1985. Jornal do Brasil, 19 de fevereiro de1997.)

A respeito do texto e do quadrinho são feitas as seguintes afirmações:


I. Ambos retratam a intensa divisão do trabalho, à qual são submetidos os operários.
II. O texto refere-se à produção informatizada e o quadrinho, à produção artesanal.
III. Ambos contêm a idéia de que o produto da atividade industrial não depende do
conhecimento de todo o processo por parte do operário. Dentre essas afirmações, apenas
a) I está correta.
b) II está correta.
c) III está correta.
d) I e II estão corretas.
e) I e III estão corretas.

2. (Enem 2009) A prosperidade induzida pela emergência das máquinas de tear escondia
uma acentuada perda de prestígio. Foi nessa idade de ouro que os artesãos, ou os
tecelões temporários, passaram a ser denominados, de modo genérico, tecelões de
teares manuais.

218
Exceto em alguns ramos especializados, os velhos artesãos foram colocados lado a lado
com novos imigrantes, enquanto pequenos fazendeiros-tecelões abandonaram suas
pequenas propriedades para se concentrar na atividade de tecer. Reduzidos à completa
dependência dos teares mecanizados ou dos fornecedores de matéria-prima, os tecelões
ficaram expostos a sucessivas reduções dos rendimentos.
THOMPSON, E. P. The making of the english working class. Harmondsworth: Penguin
Books, 1979 (adaptado).
Com a mudança tecnológica ocorrida durante a Revolução Industrial, a forma de trabalhar
alterou-se porque
a) a invenção do tear propiciou o surgimento de novas relações sociais.
b) os tecelões mais hábeis prevaleceram sobre os inexperientes.
c) os novos teares exigiam treinamento especializado para serem operados.
d) os artesãos, no período anterior, combinavam a tecelagem com o cultivo de
subsistência.
e) os trabalhadores não especializados se apropriaram dos lugares dos antigos artesãos
nas fábricas.

3. (Enem 2010) A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros, Tudo se transformava em lucro.
As cidades tinham sua sujeira lucrativa, suas favelas lucrativas, sua fumaça lucrativa, sua
desordem lucrativa, sua ignorância lucrativa, seu desespero lucrativo. As novas fábricas e
os novos altos-fornos eram como as Pirâmides, mostrando mais a escravização do
homem que seu poder.
DEANE, P. A Revolução Industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado).
Qual relação é estabelecida no texto entre os avanços tecnológicos ocorridos no contexto
da Revolução Industrial Inglesa e as características das cidades industriais no início do
século XIX?
a) A facilidade em se estabelecerem relações lucrativas transformava as cidades em
espaços privilegiados para a livre iniciativa, característica da nova sociedade capitalista.
b) O desenvolvimento de métodos de planejamento urbano aumentava a eficiência do
trabalho industrial.
c) A construção de núcleos urbanos integrados por meios de transporte facilitava o
deslocamento dos trabalhadores das periferias até as fábricas.
d) A grandiosidade dos prédios onde se localizavam as fábricas revelava os avanços da
engenharia e da arquitetura do período, transformando as cidades em locais de
experimentação estética e artística.
e) O alto nível de exploração dos trabalhadores industriais ocasionava o surgimento de
aglomerados urbanos marcados por péssimas condições de moradia, saúde e higiene.

219
4. (Enem 2012)

Na imagem do início do século XX, identifica-se um modelo produtivo cuja forma de


organização fabril baseava-se na
a) autonomia do produtor direto.
b) adoção da divisão sexual do trabalho.
c) exploração do trabalho repetitivo.
d) utilização de empregados qualificados.
e) incentivo à criatividade dos funcionários.

Respostas:
1) E
2) D
3) E
4) C

Fontes/Créditos:
https://www.sohistoria.com.br/resumos/revolucaoindustrial.php
https://studymaps.com.br/revolucoes-industriais/
Mais exercícios sobre "Revolução Industrial":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/revolucao-industrial/

220
Iluminismo
Introdução
O Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu durante o século XVIII na Europa,
que defendia o uso da razão (luz) contra o antigo regime (trevas) e pregava maior
liberdade econômica e política. Este movimento promoveu mudanças políticas,
econômicas e sociais, baseadas nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.
O Iluminismo tinha o apoio da burguesia, pois os pensadores e os burgueses
tinham interesses comuns.

As críticas do movimento ao Antigo Regime eram em vários aspectos como:


• Mercantilismo;
• Absolutismo monárquico;
• Poder da igreja e as verdades reveladas pela fé.

Com base nos três pontos acima, podemos afirmar que o Iluminismo defendia:
• A liberdade econômica, ou seja, sem a intervenção do estado na economia;
• O Antropocentrismo, ou seja, o avanço da ciência e da razão;
• O predomínio da burguesia e seus ideais.
As ideias liberais do Iluminismo se disseminaram rapidamente pela população. Alguns reis
absolutistas, com medo de perder o governo - ou mesmo a cabeça -, passaram a aceitar
algumas ideias iluministas.
Estes reis eram denominados Déspotas Esclarecidos, pois tentavam conciliar o jeito de
governar absolutista com as ideias de progresso iluministas.
221
Alguns representantes do despotismo esclarecido foram: Frederico II, da Prússia;
Catarina II, da Rússia; e Marquês de Pombal, de Portugal.
Alguns pensadores ficaram famosos e tiveram destaque por suas obras e ideias
neste período. São eles:

John Locke
John Locke é Considerado o “pai do Iluminismo”. Sua principal obra foi “Ensaio sobre o
entendimento humano”, aonde Locke defende a razão afirmando que a nossa mente é
como uma tábua rasa sem nenhuma ideia. Defendeu a liberdade dos cidadãos e
Condenou o absolutismo.

Voltaire
François Marie Arouet Voltaire destacou-se pelas críticas feitas ao clero católico, à
inflexibilidade religiosa e à prepotência dos poderosos.

Montesquieu
Charles de Secondat Montesquieu em sua obra “O espírito das leis” defendeu a tripartição
de poderes: Lesgislativo, Executivo e Judiciário. No entanto, Montesquieu não era a favor
de um governo burguês. Sua simpatia política inclinava-se para uma monarquia
moderada.

Rousseau
Jean-Jacques Rousseau é autor da obra “O contrato social”, na qual afirma que o
soberano deveria dirigir o Estado conforme a vontade do povo. Apenas um Estado com
bases democráticas teria condições de oferecer igualdade jurídica a todos os cidadãos.
Rousseau destacou-se também como defensor da pequena burguesia.

Quesnay
François Quesnay foi o representante oficial da fisiocracia. Os fisiocratas pregavam um
capitalismo agrário sem a interferência do Estado.

Adam Smith
Adam Smith foi o principal representante de um conjunto de ideias denominado
liberalismo econômico, o qual é composto pelo seguinte:
• O Estado é legitimamente poderoso se for rico;
• Para enriquecer, o Estado necessita expandir as atividades econômicas
capitalistas;
• Para expandir as atividades capitalistas, o Estado deve dar liberdade econômica e
política para os grupos particulares.

222
A principal obra de Smith foi “A riqueza das nações”, na qual ele defende que a economia
deveria ser conduzida pelo livre jogo da oferta e da procura.
Sociedades científicas independentes
Algo que também tem a ver com o desenvolvimento de sociedades científicas
independentes, que não estavam atreladas nem a igreja, nem a fé religiosa. Aos poucos,
a ciência se libertava da obrigação de agradar a Igreja e foi isto que estabeleceu as bases
para que o século XVIII (os anos 1700), virasse o século das luzes.
Durante todo este período, vários novos filósofos iluministas estabeleceram os ideais
que serviriam para reordenar as sociedades modernas. Principalmente, porque é deles a
inspiração para o ideal burguês e liberal, daquelas três palavras da Revolução
Francesa (1789): Igualdade, Liberdade e Fraternidade.
Concluindo e respondendo a pergunta o que foi o Iluminismo, podemos dizer que se
tratava de uma forma de pensar o mundo e as sociedades humanas. Um novo modelo,
que ia contra a igreja e a monarquia absolutista, inspirando a classe burguesa a procurar
alterar as estruturas sociais.

Síntese das ideias iluministas


Para que você tenha um guia rápido do que o Iluminismo defendia, podemos resumir as
principais ideias da seguinte forma:
• A ciência e o método científico como única forma de fazer progredir a humanidade;
• A necessidade de tornar todos os homens cidadãos plenos;
• A necessidade de permitir que os homens se expressem livremente;
• A reformulação da sociedade, eliminando privilégios da nobreza e do clero (igreja).

Estes são apenas alguns pontos e, é claro, nem todos os filósofos pensavam exatamente
da mesma forma, ou estavam preocupados com as mesmas questões. Mas, havia um
sentimento geral que se encontrava nestes ideais e que mais tarde resultaria na
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Esta declaração, criada durante a Revolução Francesa, se tornou um dos primeiros
documentos de direitos cidadãos, inspirando as constituições de vários países pelo
mundo. E nesta parte, podemos mudar o foco para o país onde surgiu o Iluminismo, tal
qual costumamos estudar o assunto nos livros didáticos.

223
Iluminismo: principais características

Quando se fala em características do Iluminismo, trata-se basicamente das


características do iluminismo francês. Ou seja, embora estivesse por toda a Europa, o
Iluminismo teve um centro de difusão e, a partir deste, teve impacto maior em alguns
países que em outros.
Suas características gerais eram sempre as mesmas, a partir da certeza de que a
razão era superior à fé, portanto:

• Negava a origem divina dos reis, porque não haviam provas desta origem;
• Ignorava qualquer crença religiosa que fosse contrária à evidência científica.

224
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225
Exercícios
1. (Enem 2012) Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para suspender
as leis ou seu cumprimento. Que é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa sem o
concurso do Parlamento, sob pretexto de prerrogativa, ou em época e modo diferentes
dos designados por ele próprio. Que é indispensável convocar com frequência os
Parlamentos para satisfazer os agravos, assim como para corrigir, afirmar e conservar as
leis. Declaração dos Direitos.
Disponível em http://disciplinas.stoa.usp.br. Acesso em: 20 dez. 2011 (adaptado).
No documento de 1689, identifica-se uma particularidade da Inglaterra diante dos demais
Estados europeus na Época Moderna. A peculiaridade inglesa e o regime político que
predominavam na Europa continental estão indicados, respectivamente, em:
a) Redução da influência do papa — Teocracia.
b) Limitação do poder do soberano — Absolutismo.
c) Ampliação da dominação da nobreza — República.
d) Expansão da força do presidente — Parlamentarismo.
e) Restrição da competência do congresso — Presidencialismo.

2. (Enem 2013) Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o
poder seja contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo
corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer
leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências dos
indivíduos. Assim, criam-se os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando de
forma independente para a efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se uma
pessoa ou grupo exercer os referidos poderes concomitantemente.
MONTESQUIEU, B. Do espírito das leis. São Paulo: Abril Cultural, 1979 (adaptado).
A divisão e a independência entre os poderes são condições necessárias para que possa
haver liberdade em um Estado. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo político em que
haja
a) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e políticas.
b) consagração do poder político pela autoridade religiosa.
c) concentração do poder nas mãos de elites técnicos-cientifícas.
d) estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições do governo.
e) reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos de um governante eleito.

226
3. (Enem 2000) O texto abaixo, de John Locke (1632-1704), revela algumas
características de uma determinada corrente de pensamento. “Se o homem no estado de
natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor absoluto da sua própria pessoa e
posses, igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele mão dessa liberdade, por
que abandonará o seu império e sujeitar-se-á ao domínio e controle de qualquer outro
poder? Ao que é óbvio responder que, embora no estado de natureza tenha tal direito, a
utilização do mesmo é muito incerta e está constantemente exposto à invasão de
terceiros porque, sendo todos senhores tanto quanto ele, todo homem igual a ele e, na
maior parte, pouco observadores da eqüidade e da justiça, o proveito da propriedade que
possui nesse estado é muito inseguro e muito arriscado. Estas circunstâncias obrigam-no
a abandonar uma condição que, embora livre, está cheia de temores e perigos
constantes; e não é sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com
outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se, para a mútua conservação da vida, da
liberdade e dos bens a que chamo de propriedade.”
(Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991)
Do ponto de vista político, podemos considerar o texto como uma tentativa de justificar:
a) a existência do governo como um poder oriundo da natureza.
b) a origem do governo como uma propriedade do rei.
c) o absolutismo monárquico como uma imposição da natureza humana.
d) a origem do governo como uma proteção à vida, aos bens e aos direitos.
e) o poder dos governantes, colocando a liberdade individual acima da propriedade.

4. (Enem 2003) Observe as duas afirmações de Montesquieu (1689-1755), a respeito da


escravidão: A escravidão não é boa por natureza; não é útil nem ao senhor, nem ao
escravo: a este porque nada pode fazer por virtude; àquele, porque contrai com seus
escravos toda sorte de maus hábitos e se acostuma insensivelmente a faltar contra todas
as virtudes morais: torna-se orgulhoso, brusco, duro, colérico, voluptuoso, cruel. Se eu
tivesse que defender o direito que tivemos de tornar escravos os negros, eis o que eu
diria: tendo os povos da Europa exterminado os da América, tiveram que escravizar os da
África para utilizá-los para abrir tantas terras. O açúcar seria muito caro se não
fizéssemos que escravos cultivassem a planta que o produz.
(Montesquieu. O espírito das leis.)
Com base nos textos, podemos afirmar que, para Montesquieu,
a) o preconceito racial foi contido pela moral religiosa.
b) a política econômica e a moral justificaram a escravidão.
c) a escravidão era indefensável de um ponto de vista econômico.
227
d) o convívio com os europeus foi benéfico para os escravos africanos. e) o fundamento
moral do direito pode submeter-se às razões econômicas.

Respostas:
1) B
2) D
3) D
4) E

Fontes/Créditos:
https://www.stoodi.com.br/blog/2018/04/23/o-que-foi-o-iluminismo/
https://www.sohistoria.com.br/resumos/iluminismo.php
https://studymaps.com.br/iluminismo/
Mais exercícios sobre "Iluminismo":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/iluminismo/

228
Revolução americana
A Revolução Americana é também conhecida como a independência dos Estados Unidos
e foi declarada em 4 de julho de 1776. Com esse processo, houve a separação das Treze
Colônias da América do Norte do vínculo colonial que existia desde meados do século
XVII e a transformação dos Estados Unidos em uma nação independente, com um
sistema republicano e federalista. Apesar de ter baseado-se nos ideais iluministas, que
pregavam ideais de liberdade e de igualdade de direitos, a independência dos Estados
Unidos foi realizada pela elite colonial e visava à garantia dos interesses e privilégios
dessa classe. Ela serviu de inspiração para outros movimentos semelhantes na América.
Fatores da independência
Antes da Independência, os EUA eram formado por treze colônias controladas pela
metrópole: a Inglaterra. Dentro do contexto histórico do século XVIII, os ingleses usavam
estas colônias para obter lucros e recursos minerais e vegetais não disponíveis na
Europa. Era também muito grande a exploração metropolitana, com relação aos impostos
e taxas cobrados dos colonos norte-americanos.
Guerra dos Sete Anos
Esta guerra ocorreu entre a Inglaterra e a França entre os anos de 1756 e 1763. Foi uma
guerra pela posse de territórios na América do Norte e a Inglaterra saiu vencedora.
Mesmo assim, a metrópole resolveu cobrar os prejuízos das batalhas dos colonos que
habitavam, principalmente, as colônias do norte. Com o aumento das taxas e impostos
metropolitanos, os colonos fizeram protestos e manifestações contra a Inglaterra.
Colonização nos Estados Unidos
• Colônias do Norte (nova Inglaterra): região colonizada por protestantes
europeus, principalmente ingleses, que fugiam das perseguições religiosas.
Chegaram na América do Norte com o objetivo de transformar a região num
próspero lugar para a habitação de suas famílias. Também chamada de Nova
Inglaterra, a região sofreu uma colonização de povoamento com as seguintes
características : mão-de-obra livre, economia baseada no comércio, pequenas
propriedades e produção para o consumo do mercado interno.
• Colônias do Sul: colônias como a Virginia, Carolina do Norte e do Sul e Geórgia
sofreram uma colonização de exploração. Eram exploradas pela Inglaterra e
tinham que seguir o Pacto Colonial. Eram baseadas no latifúndio, mão-de-obra
escrava, produção para a exportação para a metrópole e monocultura.

229
Comércio triangular

O comércio triangular promoveu o desenvolvimento das colônias da América do Norte.


No século XVII, a chegada dos ingleses na América do Norte promoveu a realização de
um projeto colonial bastante diferente daquele que foi instituído pelos países ibéricos.
Livres das possíveis exigências que a Inglaterra poderia impor na qualidade de metrópole,
a população das Treze Colônias foi capaz de desenvolver uma economia autônoma
baseada na combinação da pequena e média propriedade policultora junto à criação de
manufaturas.
Este modelo teve maior força junto às colônias do centro-norte, que se diferenciavam da
economia agrícola dos sulistas, praticamente sustentada pelas plantations que tinham sua
produção voltada para o mercado externo. De fato, com o passar do tempo, as duras
condições que marcavam a vida nas colônias do centro-norte foram dando lugar a uma
próspera economia que passou a se articular com outras regiões do planeta. Foi dessa
maneira que se originou o chamado comércio triangular.
Esse termo, na verdade, designa a intensa atividade mercantil que começou a integrar as
colônias norte-americanas às economias da América Central, África e Europa. Em linhas
gerais, esse comércio tinha origem na exportação de gado, peixe, madeira e outros
produtos alimentícios que saíam da América do Norte com destino às Antilhas. Ao
chegarem à América Central, os comerciantes norte-americanos aproveitavam para
realizar a aquisição de rum, açúcar e melaço.
Os produtos adquiridos eram utilizados para consumo interno e, principalmente, na
fabricação do rum, que seria usado para se adquirir escravos no litoral africano. Por fim,
os escravos trazidos da África eram revendidos para regiões das Antilhas e para as
colônias agroexportadoras da região Sul. Em algumas situações, os mesmos derivados
do açúcar obtidos na América Central serviam para a aquisição de tecidos e ferramentas
produzidas na Inglaterra.
230
Não restringindo sua atuação no mercado europeu, os colonos também foram capazes de
estabelecer laços comerciais com nações como Portugal e Espanha. Chegando à
Península Ibérica com carregamentos de cereais, madeira e peixe, os norte-americanos
obtinham carregamentos de vinho, sal e frutas que seriam negociados com a própria
Inglaterra. Por fim, a longa e lucrativa viagem acabava com o retorno à América com
produtos industrializados britânicos.
A ausência de leis inglesas que pudessem restringir a economia das Treze Colônias foi
um dos principais fatores que explicaram a articulação de todas essas movimentadas
negociações. Contundo, quando o comércio colonial passou a representar uma visível
ameaça aos interesses da Inglaterra, se desenvolveram uma série de atritos que
desembocaram no processo de independência dos Estados Unidos da América.
Leis restritivas
A efetiva colonização dos Estados Unidos por imigrantes ingleses e o consequente
desenvolvimento das Treze Colônias trouxeram à região norte do “Novo Mundo” (o
continente americano) grande prosperidade econômica. Nesse contexto, a Coroa Inglesa,
além de definir estratégias de ocupação e de defesa do novo território, também estipulou
a estrutura administrativa para o território colonial. Entre as medidas tomadas com vistas
ao funcionamento dessa estrutura estavam as leis restritivas, isto é, leis que tinham o
objetivo de oficializar o controle britânico sobre o que era produzido nas colônias norte-
americanas.
Linha de proclamação régia (1763):
• Proibia a entrada de colonos nos territórios a oeste.
Lei do açúcar (1764):
• Taxação sobre produtos importados (melaço).
Lei do selo (1765):
• Cobrava impostos sobre documentos comerciais: Jornais, livros e anúncios.
Lei dos alojamentos (1765):
Exigia alojamento para tropas britânicas.
Lei do chá (1773):
Só seria comercializado o chá vindo da Inglaterra.
Festa do chá de Boston (The Boston tea party)
Após a Inglaterra impor os novos impostos, os colonos reagiram. Boicotaram o “Ato
Townshend” (que impedia os americanos de negociarem com outros países, que não
fosse a Inglaterra), o que agravou mais ainda a situação. Em 1773, colonos americanos,
disfarçados de índios, se misturaram aos trabalhadores portuários em Boston, e lançaram
todo o carregamento de chá da Companhia das Índias (45 toneladas), ao mar.
231
Esse boicote foi organizado pelo grupo pró-independência intitulado “Os filhos da
Liberdade”. Após o boicote, o governo inglês puniu severamente os habitantes de Boston,
fechando o porto da cidade e delegando aos militares o direito de ocupar casas de civis.
Leis intoleráveis (1774):
• Julgar e punir severamente contrários a coroa.
O Iluminismo
As Luzes, como também ficou conhecido o Iluminismo, foi um movimento filosófico que
predominou na França do século XVIII. No entanto, suas origens remetem a um período
anterior, caracterizado pela expansão do liberalismo na Europa, que contou com nomes
como John Locke, considerado “pai do Iluminismo”.
Podemos sintetizar o conceito de iluminismo como um conjunto de ideias que visavam
criticar o Antigo Regime Europeu, ou seja, criticavam a sociedade aristocrática de
privilégios, o absolutismo monárquico e o mercantilismo. Além disso, questionavam o
controle ideológico promovido pela Igreja Católica.
Como podemos perceber, o iluminismo não ficou restrito à França e se expandiu não só
pela Europa, mas chegou à América, se tornando uma das principais influências da
Independência dos EUA e de outros movimentos emancipacionistas do continente
americano como a Inconfidência Mineira.
Primeiro Congresso da Filadélfia
Os colonos do norte resolveram promover, no ano de 1774, um congresso para tomarem
medidas diante de tudo que estava acontecendo. Este congresso não tinha caráter
separatista, pois pretendia apenas retomar a situação anterior. Queriam o fim das
medidas restritivas impostas pela metrópole e maior participação na vida política da
colônia. Porém, o rei inglês George III não aceitou as propostas do congresso, muito pelo
contrário, adotou mais medidas controladoras e restritivas como, por exemplo, as Leis
Intoleráveis. Uma destas leis, conhecida como Lei do Aquartelamento, dizia que todo
colono norte-americano era obrigado a fornecer moradia, alimento e transporte para os
soldados ingleses. As Leis Intoleráveis geraram muita revolta na colônia,
influenciando diretamente no processo de independência.

Segundo Congresso da Filadélfia


Em 1776, os colonos se reuniram no segundo congresso com o objetivo maior de
conquistar a independência. Durante o congresso, Thomas Jefferson redigiu a
Declaração de Independência dos Estados Unidos da América. Porém, a Inglaterra
não aceitou a independência de suas colônias e declarou guerra. A Guerra de
Independência, que ocorreu entre 1776 e 1783, foi vencida pelos Estados Unidos com o
apoio da França e da Espanha.

232
A Guerra pela independência
Os dois primeiros anos da guerra foram desfavoráveis aos colonos, pois além do exército
colonial esta mal armado e mal preparado as colônias habituadas com sua economia
política, recusavam-se a formar um governo central, e havia muitos colonos partidários da
monarquia que não queriam romper com a Inglaterra. Contando com seus próprios
recursos, os colonos não tinham possibilidade de vencer os ingleses.
Divergências entre o norte e o sul
• Os colonos, de acordo com seus interesses, dividiam-se quanto à posição a tomar
diante da Inglaterra;
• Os burgueses progressistas do norte e do centro conseguiam a simpatia da
população contra os ingleses e a coroa;
• Aristocratas e sulistas eram fiéis ao rei.
George Washington
George Washington foi o comandante do exército colonial foi um general impulsionador,
que manteve a moral das tropas elevado apesar de diversos contratempos que sofreu no
inicio da guerra.
Exército de beligerantes
Os britânicos estavam bem treinados, mas eram mal orientados, já os americanos eram
menos equipados e mal treinados, mas por outro lado conheciam o terreno e eram bem
orientados.
Paul Revere
Paul Revere percorreu Massachusetts na noite de 18 de Abril de 1775, para avisar se os
britânicos vinham a caminho por água ou por terra.
Ajuda francesa
A participação de tropas francesas é decisiva na consolidação das lutas pela
independência dos EUA. A intervenção acontece graças à afinidade com os norte-
americanos em relação aos ideais libertários do Iluminismo. É também um revide à
derrota sofrida na Guerra dos Sete Anos. Os franceses fornecem o capital necessário
para sustentar o movimento e aliciam os espanhóis contra os ingleses. A participação da
Marinha francesa é fundamental na ampliação da guerra, levada ao Caribe e às Índias.
Finalmente, em 1781, o Exército inglês se rende em Yorktown, depois de sitiado pelas
tropas rebeldes.
Lexington e Concord
Em Abril 1775 a guerra começou em pequenos conflitos em Lexington e Concord. Os
americanos forçaram os britânicos a retirar-se para Lexington e recuar para Boston sob
fogo cerrado.
Rendição em Yorktown
Graças ao apoio militar recebido, os colonos conseguiram finalmente derrotar as forças
metropolitanas inglesas na batalha de Yorktown, em 1781.
233
Guerra Revolucionária
A guerra durou 6 anos. A liderança de Washington desempenhou um papel vital para a
vitória americana.
Tratado de Versalhes
Reunido em 1783, reconhece a independência dos Estados Unidos da América. Os
aliados dos norte-americanos são recompensados: a França recupera Santa Lúcia e
Tobago, nas Antilhas, e suas possessões no Senegal; a Espanha ganha a ilha de Minorca
e a região da Flórida.
Governo Central
Em 1787, reuniram-se na Filadélfia representantes de todos os Estados para debater a
tese de um governo central, atribuindo-lhe o direito de criar impostos, cunhar moedas,
fixar pesos e medidas e responsabilizar-se pelas relações entre os Estados Unidos e as
nações estrangeiras. O cumprimento das decisões desse novo governo foi garantido com
a subordinação da Justiça dos Estados a um Poder Judiciário forte e central. As decisões
daquela convenção, submetidas a convenções estaduais e aprovadas, materializaram-se
na primeira Constituição dos Estados Unidos da América, em vigor até hoje. A partir daí,
foram convocadas eleições para o cargo de mandatário supremo.
Constituição americana
Em 1787, foi proclamada a Constituição norte-americana. baseada no espírito do
Iluminismo, a Carta Constitucional definia o Estado como Republica Federativa
presidencialista, esta estabelecia a existência de três poderes independentes: Executivo,
Legislativo e Judiciário. O chefe do executivo seria o Presidente da Republica, eleito pelo
período de quatro anos por representantes das Assembléias dos cidadãos( o povo).
Consequências da revolução americanas
• Enfraquecimento das estruturas do antigo regime;
• Divulgação da liberdade e garantias dos cidadãos;
• Libertação de outras colônias européias;
• Contribuição para revolução francesa.
“Marcha para o oeste”
“Marcha para o oeste” é o nome que dado ao processo de expansão territorial que
aconteceu nos Estados Unidos da América (EUA) ao longo do século XIX. Esse processo
foi marcado tanto pela expansão territorial como pelo estabelecimento de
colonos/habitantes nessas novas terras. Durante esse processo, os Estados Unidos
deixaram de ser um território recluso ao das antigas treze colônias, alcançou as planícies
centrais e estendeu-se até a costa oeste (costa do Oceano Pacífico).
A expansão territorial dos Estados Unidos foi iniciada logo após o fim da Guerra de
Independência travada contra os ingleses entre 1776-1781. A ratificação da vitória dos
colonos americanos foi dada pela assinatura do Tratado de Paris em 1783, responsável
por reconhecer a independência das treze colônias e o surgimento dos EUA como nação.

234
Outra consequência desse tratado foi a cessão, por parte da Inglaterra, de terras para os
Estados Unidos. Esse território estendia-se da região dos Montes Apalaches até a borda
do Rio Mississipi. A ocupação dessa área tornou-se polêmica entre colonos e Inglaterra,
uma vez que os ingleses não autorizavam os colonos a se estabelecerem nessas regiões
para se evitar conflito com os indígenas. Depois de assegurada a independência, os
americanos iniciaram uma rápida ocupação dessas terras à custa da vida de milhares
de indígenas. O processo de expansão territorial dos Estados Unidos também aconteceu
por meio da compra de territórios e da sua conquista pela guerra. Os territórios que foram
adquiridos a partir da compra e da diplomacia foram os seguintes:
• Luisiana, território comprado dos franceses em 1803.

• Flórida, território comprado dos espanhóis em 1819.

• Alasca, comprado dos russos em 1867.


Principais presidentes dos Estados Unidos
• George Washington (1789 – 1797);
• John Adams (1797 – 1801);
• Thomas Jefferson (1809 – 1817);
• James Madison (1809 – 1817);
• James Monroe (1817 – 1825).
Mapa Mental:

235
Vídeos aulas:
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Revolução americana
https://youtu.be/YXpk4JMwUos
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Revolução americana
https://youtu.be/jTuT8iiSF3g
Canal: "MundoEdu" | Vídeo aula: Revolução americana
https://youtu.be/fNo-avZTuOw
Canal: "Hexag Mackenzie" | Vídeo aula: Revolução americana
https://youtu.be/sojSFF8TpuQ
Exercícios
1. (Puccamp) As ordens já são mandadas, já se apressam os meirinhos. Entram por
salas e alcovas, relatam roupas e livros: (...) Compêndios e dicionários, e tratados
eruditos sobre povos, sobre reinos, sobre invenções e Concílios... E as sugestões
perigosas da França e Estados Unidos, Mably, Voltaire e outros tantos, que são todos
libertinos... (Cecília Meireles, Romance XLVII ou Dos sequestros. "Romanceiro da
Inconfidência") A Independência dos Estados Unidos teve grande repercussão no século
XVIII porque
I. pela primeira vez princípios iluministas foram incorporados a uma Constituição
contribuindo para acelerar a derrocada do Antigo Regime.
II. instituiu oficialmente a República Federativa Presidencialista, a divisão em três poderes
e a abolição da escravidão.
III. significou a primeira emancipação de uma colônia no Continente Americano, servindo
de modelo para outras lutas por independência.
IV. disseminou a postura anti-colonialista ao se configurar como um movimento pacífico
que contou com o apoio da França e da Espanha.
São corretas SOMENTE
a) I e II.
b) I e III.
c) III e IV.
d) I, IIIe IV.
e) II, III e IV.

2. (Ufrgs) A partir da segunda metade do século XVIII, o chamado antigo sistema colonial,
baseado nas práticas e nos princípios mercantilistas, enfrentou uma profunda crise. Desta
crise resultou um conjunto de movimentos de independência nas áreas coloniais da
América Latina. Considere os seguintes elementos.
I - A Revolução Industrial na Inglaterra.
236
II - A luta pela liberdade de comércio e pela autonomia.
III - O desenvolvimento socioeconômico das colônias.
IV - A influência das idéias iluministas.
V - A política napoleônica.
VI - A rivalidade entre a elite local e os representantes da elite metropolitana.
Quais dentre eles contribuíram para a emancipação das colônias e rompimento do pacto
colonial?
a) Apenas I e II.
b) Apenas I e IV.
c) Apenas I, III e V.
d) Apenas II, IV e VI.
e) I, II, III, IV, V e VI.

3. (Fatec) Dentre os motivos da independência americana, destacam-se:


a) a Guerra dos Sete Anos, a política monopolista da Grã-Bretanha e a influência das
idéias liberais iluministas.
b) a Guerra dos Setes Anos, a política liberal da Grã-Bretanha e a influência das idéias
liberais iluministas.
c) a Guerra dos Setes Anos, a política monopolista da Grã-Bretanha, a independência do
Brasil e a influência do fisiocratismo americano.
d) a Guerra dos Sete Anos, a política monopolista da Grã-Bretanha, a aliança com os
indígenas da costa oeste americana e a influência das idéias monopolistas francesas.
e) a Guerra das Duas Rosas, a política monopolista da Grã-Bretanha, a independência do
Brasil e a influência da Revolução Francesa.

4. (Fgv) Uma forma de arrecadação de imposto e de censura foi imposta pela metrópole
inglesa aos colonos das Treze Colônias, em 1765, através da(s):
a) leis denominadas, pelos colonos, intoleráveis;
b) Lei do Selo;
c) Lei Townshend;
d) criação de um tribunal metropolitano de averiguação de preços e documentos na
colônia.
e) permissão de circulação exclusiva de jornais ingleses metropolitanos.
237
Respostas:
1) B
2) E
3) A
4) B

Fontes/Créditos:
https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/marcha-para-oeste.htm
https://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-geral/independencia-dos-estados-unidos
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/colonizacao-dos-eua-4-independencia-e-
revolucao-americana.htm
https://guerras.brasilescola.uol.com.br/seculo-xvi-xix/guerra-independencia-dos-estados-
unidos.htm
https://descomplica.com.br/blog/historia/resumo-independencia-dos-eua/
https://guerras.brasilescola.uol.com.br/seculo-xvi-xix/a-festa-cha-boston.htm
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historia-america/leis-proibitivas-das-treze-colonias-
americanas.htm
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historia-america/o-comercio-triangular.htm
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-foi-revolucao-americana.htm
https://www.sohistoria.com.br/ef2/independenciaeua/
https://mundoedu.com.br/uploads/pdf/5432d0a90d912.pdf
Mais exercícios sobre "Revolução americana":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/eua-independencia/

238
Revolução Francesa

Introdução
A Revolução Francesa foi um movimento social e político ocorrido na França entre 1789
e 1799, que resultou no fim do Antigo Regime e, posteriormente, deu origem à
República Francesa. Foi uma revolução que impulsionou o poder político
da burguesia e, assim como em movimentos semelhantes, como a Independência dos
Estados Unidos, foi inspirada em ideias iluministas. Embora os acontecimentos aos
quais nos referimos tenham se passado na França, a Revolução Francesa afetou
diretamente outros países europeus e, inclusive, de outros continentes. Por essa razão, é
considerada por diversos historiadores o principal marco de transição entre a Idade
Moderna e a Idade Contemporânea.
Contexto histórico
Até 1789, a sociedade francesa, assim como as da maior parte dos países europeus,
estava organizada sob o Antigo Regime. Ou seja: era dividida em estamentos (divisões
determinadas pelo nascimento que impediam a mobilidade social) e o poder político era
concentrado pelo rei. Esta organização social, de características ainda feudais,
beneficiava uma pequena parcela da população, que fazia parte dos estamentos
privilegiados.
Desta forma, os conflitos fundamentais que atravessavam a sociedade francesa no final
do século XVIII se encontravam na divisão existente entre os três Estados que a
compunham:
• Primeiro Estado – Formado pelo clero, ou seja, os membros da Igreja, que
podiam ser oriundos da nobreza (alto clero) ou das classes populares (baixo
clero);
239
• Segundo Estado – Composto pela nobreza, também apresentava divisões
internas: a nobreza cortesã, ligada à corte real, e a nobreza provincial, ligada ao
campo. A nobreza cortesã, por sua vez, era constituída principalmente pela
nobreza tradicional, mas também era integrada por burgueses que conseguiam
comprar títulos;
• Terceiro Estado – Compreendia a maioria absoluta da população da França, e
era constituído por setores da burguesia, profissionais liberais, trabalhadores
urbanos e camponeses.
Crise do Antigo Regime e Revolução
Nessa divisão estamental, o Primeiro e o Segundo Estados eram isentos de impostos, e a
grande responsabilidade em custear as camadas privilegiadas recaía sobre o Terceiro
Estado. Apesar de arcar com os impostos, este grupo social não possuía representação
política, o que gerava grande insatisfação entre os setores que o compunham,
principalmente a burguesia. No caso dos camponeses, ainda persistiam relações
feudais de exploração sobre o uso da terra.
A situação vinha se agravando em virtude da crise econômica que atingia o Estado
francês, muito em razão das guerras nas quais a França havia se envolvido nos anos
anteriores, impondo uma série de dívidas ao regime do monarca Luís XVI. Os custos
para arcar com os privilégios do Primeiro e Segundo Estados geravam ainda mais
insatisfação popular.
Em 1788, a situação social se tornou incontornável. A inflação havia aumentado muito e
grande parte da população não conseguia sequer comprar comida. Em razão da
gravidade da crise, o rei convocou a Assembleia dos Estados Gerais pela primeira vez
desde 1614.
Embora contassem com a minoria de representantes na Assembleia Geral, o Primeiro e o
Segundo Estados esperavam impor um novo aumento de impostos como solução
para a crise econômica, por meio de uma votação que se desse com um voto por Estado,
independentemente da quantidade de membros presentes. O Terceiro Estado não
aceitou esta proposta de votação e o agravamento da crise culminou nos
acontecimentos da Revolução Francesa.
Em junho de 1789, os deputados do Terceiro Estado se declararam em Assembleia
Nacional, ou seja, representantes de toda a nação, constituindo um poder
independente do rei. A reação da nobreza gerou o agravamento do conflito. Seu ponto
de inflexão se deu em 14 de julho daquele ano, com o episódio da tomada da Bastilha –
uma prisão utilizada para encarcerar os inimigos da Coroa Francesa, símbolo do
despotismo característico do Antigo Regime – pelos revolucionários. Esta data é
comemorada até hoje na França como marco da Revolução.

240
Tomada da Bastilha
Durante o processo que durou dez anos, os acontecimentos que se desenvolveram a
partir da queda da Bastilha são divididos em três períodos principais, que indicam as
disputas entre as forças sociais que lideraram a Revolução Francesa. São eles:
1. Assembleia Nacional Constituinte e Monarquia Constitucional (1789-1792)
Em razão da revolta popular, o rei reconheceu o poder da Assembleia Nacional, que
eliminou os privilégios feudais sobre a posse da terra e aprovou a Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão. Baseada nos princípios do Iluminismo, a
Declaração estabelecia a igualdade jurídica entre os cidadãos e acabava com os
estamentos.
A Igreja foi separada do Estado, os poderes foram descentralizados e o poder do rei
passou a ser controlado pela Constituição. A representação política foi expandida,
embora com limitações, pois previa o voto censitário (exclusivo aos proprietários) e sem a
participação das mulheres.
2. Convenção Nacional Jacobina (Terror) (1792-1794);
Após a crise desencadeada pela tentativa de fuga do rei, a Assembleia Nacional
proclamou a República em 22 de setembro de 1792, passando a ser denominada de
Convenção e eliminando o voto censitário. Neste período, os jacobinos, grupo liderado
por Robespierre, ganharam força entre a sociedade francesa.

241
Os jacobinos se apoiavam principalmente nos sans-culotte, basicamente trabalhadores
urbanos, pequenos comerciantes e desempregados, com a plataforma de ampliação dos
princípios de 1789 e de controle de preços sobre os alimentos. Essa fase da
Revolução foi notabilizada por intensas perseguições políticas aos adversários dos
jacobinos, em especial aos girondinos (grupo moderado e ligado à alta burguesia), e em
razão disso ficou conhecida como Terror.
3. Diretório (1794-1799)
A perseguição promovida por Robespierre provocou reações e, em julho de 1794, com o
apoio de setores dissidentes, os girondinos reconquistaram o poder e condenaram o
líder jacobino à morte na guilhotina. Uma nova Constituição foi elaborada em 1795,
adotando novamente o voto censitário, e a Convenção Nacional foi substituída
pelo Conselho dos Anciãos e pelo Conselho dos Quinhentos. Estes dois órgãos do
poder legislativo eram responsáveis por eleger cinco pessoas para ocupar o Diretório,
responsável pelo poder executivo.
Nesta fase da Revolução, o Diretório tomou medidas para se distanciar tanto dos
restauradores monárquicos quanto dos revolucionários que ainda existiam, sem, contudo,
pôr fim à política do Terror – mas, desta vez, os alvos do Terror Branco foram os
jacobinos.
Com as dificuldades econômicas e os conflitos ocorridos neste período, incluindo as
guerras contra as monarquias vizinhas, os girondinos tiveram dificuldade para manter
o apoio popular.
Nesse momento, ganhava prestígio na sociedade francesa o jovem general Napoleão
Bonaparte, que havia liderado vitórias militares nos últimos anos. Parte da burguesia,
procurando legitimar seu controle, apoiaria o golpe que alçou Napoleão ao poder e
daria início a um novo período da história da França.
França antes da revolução:
• Absolutista: poder concentrado nas mãos dos reis (exemplo de rei absolutista: Luís
XVI)
• Clero e nobreza (isentos de impostos e luxo)
• Camponeses e burgueses: pagavam impostos
• Clima de descontentamento e revolta na França
• Queda da Bastilha (prisão política e símbolo do absolutismo)

Os jacobinos no poder da França


• Período do Terror
• Liderado por Robespierre
- mudanças radicais na França;
- nobres foram guilhotinados.

Napoleão no poder da França


• Pacificou a França e melhorou a economia
242
• Tentou transformar a França numa potência
• Guerras: conquista de territórios
• Bloqueio Continental a Inglaterra
• Campanha na Rússia: fracasso
Conclusão
A sociedade francesa passou por diversas mudanças em razão da Revolução Francesa. A
aristocracia perdeu o poder político que detinha para a burguesia, que se tornou a nova
classe dominante, marcando o fim do feudalismo e o início do capitalismo na França.
Encerrava-se aí a Revolução Francesa, que havia durado tempo suficiente para
transformar o mundo de sua época.

Mapa Mental:

243
Vídeos aulas:
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Revolução Francesa
https://youtu.be/3Lk7USwmOUg
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Revolução Francesa
https://youtu.be/bb6d54mQkL0
Canal: "MundoEdu" | Vídeo aula: Revolução Francesa
https://youtu.be/VgMLv8LwkCU
Canal: "Descomplica" | Vídeo aula: Revolução Francesa
https://youtu.be/I8q0S_XGwdg
Exercícios
1. (ENEM 2004) Algumas transformações que antecederam a Revolução Francesa podem
ser exemplificadas pela mudança de significado da palavra “restaurante”. Desde o final da
Idade Média, a palavra restaurant designava caldos ricos, com carne de aves e de boi,
legumes, raízes e ervas. Em 1765 surgiu, em Paris, um local onde se vendiam esses
caldos, usados para restaurar as forças dos trabalhadores. Nos anos que precederam a
Revolução, em 1789, multiplicaram-se diversos restaurateurs, que serviam pratos
requintados, descritos em páginas emolduradas e servidos não mais em mesas coletivas
e mal cuidadas, mas individuais e com toalhas limpas. Com a Revolução, cozinheiros da
corte e da nobreza perderam seus patrões, refugiados no exterior ou guilhotinados, e
abriram seus restaurantes por conta própria. Apenas em 1835, o Dicionário da Academia
Francesa oficializou a utilização da palavra restaurante com o sentido atual.
A mudança do significado da palavra restaurante ilustra
a) a ascensão das classes populares aos mesmos padrões de vida da burguesia e da
nobreza.
b) a apropriação e a transformação, pela burguesia, de hábitos populares e dos valores
da nobreza.
c) a incorporação e a transformação, pela nobreza, dos ideais e da visão de mundo da
burguesia.
d) a consolidação das práticas coletivas e dos ideais revolucionários, cujas origens
remontam à Idade Média.
e) a institucionalização, pela nobreza, de práticas coletivas e de uma visão de mundo
igualitária.

2. (ENEM 2009) Hoje em dia, nas grandes cidades, enterrar os mortos é uma prática
quase íntima, que diz respeito apenas à família. A menos, é claro, que se trate de uma
personalidade conhecida. Entretanto, isso nem sempre foi assim. Para um historiador, os
sepultamentos são uma fonte de informações importantes para que se compreenda, por
exemplo, a vida política das sociedades.
No que se refere às práticas sociais ligadas aos sepultamentos,
244
a) na Grécia Antiga, as cerimônias fúnebres eram desvalorizadas, porque o mais
importante era a democracia experimentada pelos vivos.
b) na Idade Média, a Igreja tinha pouca influência sobre os rituais fúnebres, preocupando-
se mais com a salvação da alma.
c) no Brasil colônia, o sepultamento dos mortos nas igrejas era regido pela observância
da hierarquia social.
d) na época da Reforma, o catolicismo condenou os excessos de gastos que a burguesia
fazia para sepultar seus mortos.
e) no período posterior à Revolução Francesa, devido as grandes perturbações sociais,
abandona-se a prática do luto.

3. (ENEM 2010) Em nosso país queremos substituir o egoísmo pela moral, a honra pela
probidade, os usos pelos princípios, as conveniências pelos deveres, a tirania da moda
pelo império da razão, o desprezo à desgraça pelo desprezo ao vício, a insolência pelo
orgulho, a vaidade pela grandeza de alma, o amor ao dinheiro pelo amor à glória, a boa
companhia pelas boas pessoas, a intriga pelo mérito, o espirituoso pelo gênio, o brilho
pela verdade, o tédio da volúpia pelo encanto da felicidade, a mesquinharia dos grandes
pela grandeza do homem. HUNT, L. Revolução Francesa e Vida Privada. In: PERROT, M.
(Org.) História da Vida Privada: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. Vol. 4. São
Paulo: Companhia das Letras, 1991 (adaptado). O discurso de Robespierre, de 5 de
fevereiro de 1794, do qual o trecho transcrito é parte, relaciona-se a qual dos grupos
político-sociais envolvidos na Revolução Francesa?
a) À alta burguesia, que desejava participar do poder legislativo francês como força
política dominante.
b) Ao clero francês, que desejava justiça social e era ligado à alta burguesia.
c) A militares oriundos da pequena e média burguesia, que derrotaram as potências rivais
e queriam reorganizar a França internamente.
d) À nobreza esclarecida, que, em função do seu contato, com os intelectuais iluministas,
desejava extinguir o absolutismo francês.
e) Aos representantes da pequena e média burguesia e das camadas populares, que
desejavam justiça social e direitos políticos.

4. (UEL) Compõe o cenário em que se desenrolou a Revolução Francesa


a) o cercamento das terras públicas pelo Estado com a consequente expulsão dos
camponeses para o trabalho na indústria.
b) o esgotamento da capacidade de ação da monarquia francesa frente às
transformações vividas pelo país, assim como diante dos anseios políticos burgueses.
245
c) a defesa jacobina da manutenção dos monopólios coloniais com a impotência do
Estado monárquico francês em atendê-los.
d) o apoio da monarquia francesa à Inglaterra por ocasião da guerra da independência
americana, com o consequente desgaste interno do Estado. e) a morte na guilhotina do
rei Carlos I e de sua esposa, a rainha Maria Antonieta, depois de serem condenados por
traição.

Respostas:
1) B
2) C
3) E
4) B

Fontes/Créditos:
https://querobolsa.com.br/enem/historia-geral/revolucao-francesa
https://studymaps.com.br/revolucao-francesa/
https://www.mundoedu.com.br/uploads/pdf/571d8110383ee.pdf
https://www.sohistoria.com.br/resumos/revolucaofrancesa.php
Mais exercícios sobre "Revolução Francesa":
https://blogdoenem.com.br/revolucao-francesa-simulado-enem-online-historia/

246
Era Napoleônica

Napoleão Bonaparte – Napoleão Bonaparte nasceu na Córsega, em 1769. Seguiu


carreira militar, atingindo a patente de general aos 25 anos de idade. Napoleão era
considerado um excelente estrategista militar. Durante a Revolução Francesa
posicionou-se ao lado dos Jacobinos. Liderou a revolução contra o governo do Diretório,
estabelecendo assim o governo chamado de Consulado. Este golpe ficou conhecido
como o Golpe de 18 de Brumário, pois marca o início de um novo período na história
francesa e, consequentemente, da Europa: a Era Napoleônica.
O Consulado: primeiro governo de Napoleão (1799-1804)
Este momento político na França serviu para consolidar o poder da alta burguesia. Este
governo possuía na sua estrutura três cônsules, eleitos pelo Senado, porém, esta
aparente democracia mascarava o poder que detinha o primeiro cônsul, Napoleão
Bonaparte. Napoleão preocupava-se com a segurança interna de seu território, uma vez
que precisava atingir o apoio de toda a pequena e alta burguesia francesa. Assim,
Napoleão buscou, neste primeiro governo, garantir a paz externa e afastar o potencial
perigo de qualquer invasão ao território francês.
Destaca-se neste governo de Napoleão:
• Economia – Criação do Banco da França, em 1800, controlando a emissão de
moeda e a inflação; criação de tarifas protecionistas, fortalecendo a economia
nacional.
• Religião – Elaboração da Concordata entre a Igreja Católica e o Estado, a qual
dava o direito do governo francês de confiscar as propriedades da Igreja, e, em
troca, o governo teria de amparar o clero.

247
• Direito – Criação do Código Napoleônico, representando em grande parte os
interesses dos burgueses, como casamento civil (separado do religioso), respeito à
propriedade privada, direito à liberdade individual e igualdade de todos perante a
lei, etc.
• Educação – Reorganização e prioridades para a educação e formação do cidadão
francês.
As repercussões obtidas neste período do governo agradaram à elite francesa. Com
o apoio destas, Napoleão foi elevado ao nível de cônsul vitalício, em 1802.
Império (1804-1814)
Napoleão Bonaparte foi coroado imperador por meio de um plebiscito popular, realizado
em 1804. Venceu com esmagadora quantidade de votos.
Neste governo, é possível destacar o expressivo número de batalhas militares de
Napoleão para a conquista de novos territórios para a França. O exército francês foi
reformado e modernizado, contando com recrutamento obrigatório, o que aumentou
consideravelmente o número de soldados franceses.
A Inglaterra, neste contexto, era a maior inimiga da França. Os ingleses eram contra a
expansão francesa e, com receio do poderoso exército francês, formaram alianças com a
Áustria, Rússia e Prússia. A fim de atingir a Inglaterra, Napoleão estabeleceu o Bloqueio
Continental, que decretava que todos os países europeus deveriam fechar seus portos
para o comércio com a Inglaterra.
Esta atitude de Napoleão Bonaparte tinha como intuito enfraquecer as exportações
inglesas, gerando uma crise industrial. Alguns países europeus descumpriram o bloqueio,
como Portugal (o que se relaciona com a vinda da família real portuguesa ao Brasil,
em 1808) e a Rússia.
Napoleão e seu imenso exército marcharam contra a Rússia, mas foram severamente
prejudicados e vencidos pelo rígido inverno russo, bem como pelo inóspito e imenso
território da Rússia.
Após essa derrota francesa, a situação da França piorou ainda mais, pois ocorreu a luta
da coligação europeia contra a França. Com o controle de Paris por soldados prussianos
e aliados, em março de 1814, o imperador Napoleão Bonaparte foi deposto.
Governo dos Cem Dias (1815)
Com a derrota para as forças da coligação europeia, Napoleão foi exilado na Ilha de Elba,
através do Tratado de Fontainebleau. Conseguiu fugir no ano seguinte e, com um
exército, entrou na França para reconquistar o poder. Porém, cem dias após sua
retomada ao poder, foi derrotado pelos ingleses pela segunda vez na Batalha de
Waterloo.

248
Napoleão foi preso e exilado pela segunda vez, desta vez na Ilha de Santa Helena, em
1815. Napoleão morreu em 1821.
O Congresso de Viena

“O Congresso de Viena”, Jean-Baptiste Isabey, 1819

Em 1814, a fim de restaurar a ordem nos países da Europa, representantes das grandes
potências se reuniram em Viena, na Áustria.
A França, derrotada, foi obrigada a aceitar uma série de imposições: limites novos,
conquistados por Napoleão, foram devolvidos; pagamento de uma multa de 700 milhões
de francos aos vencedores; teve de restaurar a monarquia, cujo trono foi ocupado por
Luís XVIII (rei por direito, de acordo com a sucessão monárquica anterior à Revolução
Francesa).
Santa Aliança foi o nome do exército criado para conter qualquer movimento
revolucionário que pudesse surgir neste período. Era formado por todas as potências
vencedoras, com exceção da Inglaterra.
O Congresso de Viena encerrou-se em 1815, mas caracterizou-se como um Período
Restaurador, uma vez que buscava restaurar o poder das antigas famílias nobres que
reinavam no continente antes da Revolução Francesa.

249
Mapa Mental:

Vídeos aulas:
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Era Napoleônica
https://youtu.be/VQL38F_RIbg
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Era Napoleônica
https://youtu.be/ta2npneckTE
Canal: "MundoEdu" | Vídeo aula: Era Napoleônica
https://youtu.be/vAfCYner4BM
Canal: "Descomplica" | Vídeo aula: Era Napoleônica
Parte 1
https://youtu.be/bRHU_R2sxLE
Parte 2
https://youtu.be/-w6dVU1Jvw4

250
Exercícios
1. (UFV) Durante o período Napoleônico (1799 - 1815), entre as medidas adotadas por
Bonaparte, assinale aquela que teve repercussões importantes nas relações comerciais
do Brasil com a Inglaterra:
a) Restauração financeira, com a consequente fundação do Bando da França, em 1800.
b) Decretação do Bloqueio Continental, em 1806, com o qual Napoleão visava arruinar a
indústria e o comércio ingleses.
c) Promulgação, em 1804, do Código Civil, que incorporou definitivamente à legislação
francesa os princípios liberais burgueses.
d) Expansão territorial da França, graças à incorporação de várias regiões da Europa,
formando o chamado "Império Napoleônico".
e) Criação do franco como novo padrão monetário.

2. (UEG) Em 1804, Napoleão Bonaparte recebeu o título de Imperador, mediante um


plebiscito. Durante sua cerimônia de coroação, ele retirou do Papa a coroa e colocou-a
em sua cabeça com as próprias mãos. Esse gesto ousado representou
a) O rompimento entre a Igreja Católica Romana e o novo Estado Revolucionário
Francês.
b) Que Napoleão estava assumindo todas as responsabilidades do Poder Moderador na
França.
c) Que Napoleão, símbolo máximo da força da burguesia, considerava-se mais importante
que a tradição da Igreja.
d) A criação de uma religião de Estado, tendo como figura central o Imperador, a exemplo
do Anglicanismo inglês.

3. (UNIRIO) "Milhares de séculos decorrerão antes que as circunstâncias acumuladas


sobre a minha cabeça encontrem um outro na multidão para reproduzir o mesmo
espetáculo." (Napoleão Bonaparte) Sobre o Período Napoleônico (1799 - 1815), podemos
afirmar que:
a) consolidou a revolução burguesa na França, através da contenção dos monarquistas e
jacobinos;
b) manteve as perseguições religiosas e confisco das propriedades eclesiásticas iniciadas
durante a Revolução Francesa;
c) enfrentou a oposição do Exército e dos camponeses ao se fazer coroar imperador dos
franceses;

251
d) favoreceu a aliança militar e econômica com a Inglaterra, visando à expansão de
mercados;
e) anulou diversas conquistas do período revolucionário, tais como a igualdade entre os
indivíduos e o direito de propriedade.

4. (UFMG) Marx, em A Sagrada Família, afirmou que o Golpe de 18 Brumário de 1799


instaurou um regime que "concluiu o Terror, pondo no lugar da revolução permanente, a
guerra permanente". Todas as alternativas contêm referências corretas relativas à
afirmação acima, exceto:
a) A concentração de um poder ditatorial nas mãos de Napoleão Bonaparte.
b) A repressão interna desencadeada pelo novo regime sobre os opositores do golpe.
c) As constantes campanhas militares empreendidas por Napoleão.
d) As proibições impostas à burguesia no campo associativo.
e) As severas interdições que limitaram a liberdade da imprensa francesa.

Respostas:
1) B
2) C
3) A
4) D

Fontes/Créditos:
https://www.mundoedu.com.br/uploads/pdf/5432d178362df.pdf
https://descomplica.com.br/blog/historia/mapa-mental-era-napoleonica/
https://blogdoenem.com.br/era-napoleonica-historia-enem/
Mais exercícios sobre "Era Napoleônica":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/era-napoleonica/

252
Movimentos Sociais do Século XIX
O século XIX apresentou, na Europa, a consolidação dos ideais burgueses liberais e a
vitória sobre as forças conservadoras/reacionárias. O avanço das forças produtivas
através da Revolução Industrial – que avançava sobre o continente – vinha junto com a
tomada de poder por parte da burguesia. Depois de alguma estabilidade de poucos anos
a partir do Congresso de Viena (1814- 15), em 1820 eclode a primeira leva de revoltas
liberais. Algumas revoltas foram contidas pela Santa Aliança.
Revoluções de 1820, 1830 e 1848
• Revolução liberal do Porto: Pedia que D.João voltasse para Portugal e assinasse
uma constituição. Portanto, era liberal para os portugueses, porém não foi liberal
para o brasileiros pois se D.João voltasse para Portugal o Brasil voltaria a ser
colônia e sofrer como sofria antes.
• Revolução liberal de Cádiz (Espanha): Se dá quando soldados espanhóis se
recusaram a vir para América reprimir movimentos de independência das colônias
e resolveram forçar o rei Fernando VII a aceitar uma constituição.
• Movimento de independência da Grécia: Em 1827, a Santa Aliança se uniu aos
grupos revolucionários gregos, em vez de se opor a eles. Fazendo isso, a Santa
Aliança traiu seus próprios ideias (se opor a movimentos revolucionários
protegendo o absolutismo). Isso aconteceu porque a Santa Aliança era liderada
pela Rússia e esta queria uma saída para mares quentes no Mediterrâneo.
Ajudando os gregos a conseguirem sua independência, a Rússia poderia ter uma
saída para os mares que não congelavam doada pela Grécia.
Após esse fato a Santa Aliança ficou desacreditada e foi desfeita.
Revolução liberal de 1830 na França
Carlos X tomou uma série de medidas que devolviam privilégios ao Clero a Nobreza. Isso
desagradou a burguesia que iniciou um grande movimento na França. O rei Carlos X foi
deposto e em seu lugar os burgueses colocaram um novo rei que defendesse seus
interesses, Luis Felipe de Orleans, o rei burguês.
Revolução liberal de 1848, a “Primavera do Povos”
Durante o governo de Luis Felipe, a França passa por uma terrível crise na indústria e na
agricultura. Culpa-se o governo da crise e começa uma revolta do operariado e do
burguês contra o rei. Há a deposição de Luis Felipe e a instauração de uma república.
Nessa república acontecem várias revoltas operárias resultantes do choque da Burguesia
(capitalismo) X Povo (socialismo). No meio disso tudo, Luis Napoleão Bonaparte
(sobrinho de Napoleão) é eleito presidente. Após fazer um plebiscito, ele se torna
Imperador e passa a ser chamado de Napoleão III.
Unificações: Itália e Alemanha
Itália e Alemanha não existiam como Estados Unificados até o século XIX. A Itália era
dividida em alguns reinos e ducados, enquanto a Alemanha fez parte no período medieval
do Sacro Império Romano Germânico. Mas foi no século que estamos estudando que
surgiram movimentos nacionalistas capazes de fazerem surgir os dois grandes países.

253
Itália
A Itália estava fragmentada em pequenos estados, como o Reino das Duas Sicílias, o
Reino Lombardo-Veneziano, o Reino do Piemonte-Sardenha, Estados da Igreja, Ducados
e territórios sob influência da Áustria.

Questão Romana (1870-1929)


O Papa Pio IX não aceitava perder terras da igreja no
momento da unificação italiana, por isso ficou no Vaticano
se dizendo prisioneiro. O problema apenas seria
contornado em 1929, quando Mussolini fechou com o
Papa o tratado de Latrão, reconhecendo o Vaticano como
Estado independente, localizado dentro da cidade de
Roma.

Foi a partir do Reino do Piemonte-Sardenha que se propagou a idéia nacionalista da


unificação, sobretudo devido a ação de seu primeiro-ministro, o Conde Cavour, e do
movimento do ilRisorgimento. Com o apoio da França e da Prússia o Reino
SardoPiemontês conseguiu arrebatar territórios da Áustria e iniciou o processo
nacionalista ao norte. No sul da Itália a unificação passaria pelas Duas Sicílias, onde
Giuseppe Garibaldi à frente dos “mil camisas vermelhas” foi o responsável pela
unidade da região. O processo de unificação estaria completo com a incorporação de
Roma em 1870. O Papa Pio IX não aceitou a incorporação das terras da Igreja e refugiou-
se no Vaticano, dando início à Questão Romana.
Alemanha
Após o Congresso de Viena (1814-15) existiam 38 Estados independentes que formavam
a Confederação Germânica, sendo que Prússia e Áustria eram os Estados mais
importantes dessa Confederação. Sob comando Prussiano havia surgido uma liga
aduaneira que eliminou tarifas alfandegárias entre diversos estados: a Zollverein. Porém,
tal liga excluía a Áustria.
A partir de 1861 governava a Prússia o rei Guilherme I, que, com auxílio de seu primeiro-
ministro Otto Von Bismarck, imprimiram um caráter militarista e industrializante na
Prússia, através de uma série de reformas. A partir deste contexto a Prússia passou a se
aproximar dos territórios confederados e unificar a região. A Prússia teve que fazer
guerras contra a Dinamarca (1864), a Áustria (1866) e a França (1870) para formar a
Alemanha. No Tratado de Frankfurt, a Alemanha anexava da França a Alsácia e a Lorena,
além de cobrar pesada indenização dos franceses. Em 1871 estava nascendo o Império
Alemão, sob governo do Kaiser Guilherme I.

As Raízes da Primeira Guerra Mundial


Além de ter tido uma unificação tardia e ter aparecido como uma potência atrasada na
corrida imperialista, a Alemanha havia tomado territórios de sua vizinha França, o que
suscitou um nacionalismo francês específico contra a Alemanha. Estaria nascendo já aqui
a base para a formação da Primeira Guerra Mundial, em 1914.

254
Mapa Mental:

Vídeos aulas:
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Movimentos Sociais do Séc. XIX
https://youtu.be/ZHNstpzHJjM
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Movimentos Sociais do Séc. XIX
https://youtu.be/A5m3EJ-BHI0
Canal: "Descomplica" | Vídeo aula: Movimentos Sociais do Séc. XIX
Parte 1
https://youtu.be/dG-9wrN6xcU
Parte 2
https://youtu.be/NceFCBtFS5Q

255
Exercícios
1. (Unirio) Os movimentos revolucionários que ocorreram em parte da Europa, entre 1830
e 1848, foram influenciados pelo avanço de ideias:
a) monárquicas.
b) socialistas.
c) liberais.
d) sindicalistas.
e) comunistas.

2. (Ufv) Tão logo pisei na rua, pela primeira vez respirei o ar das revoluções: o meio da
via pública estava deserto, as lojas não estavam abertas [...]. As barricadas estavam
sendo construídas com arte e por um número pequeno de homens, que trabalhavam com
muito cuidado. Não agiam como culpados, perseguidos pelo medo de serem flagrados em
delito, mas com o aspecto de bons operários que querem completar o trabalho
rapidamente e da melhor forma [...]. Somente o povo portava armas, guardava os locais
públicos, vigiava, comandava, punia. Era uma coisa extraordinária e terrível ver, nas mãos
unicamente dos que nada tinham, toda aquela imensa cidade, cheia de tantas riquezas,
ou melhor, aquela grande nação, porque, graças à centralização, quem reina em Paris
comanda a França. E assim, foi imenso o terror de todas as demais classes.
O texto refere-se aos movimentos democráticos de 1848 na Europa, a respeito dos quais
podemos afirmar CORRETAMENTE que:
a) constituíram-se numa série de revoltas às quais se juntavam trabalhadores e
burgueses contra o Antigo Regime.
b) tiveram pouco significado histórico porque, além de sua curta duração, ficaram restritos
à França.
c) foram um conjunto de revoltas de iniciativa exclusivamente popular, contra o Golpe do
18 Brumário de Napoleão Bonaparte.
d) compuseram uma série de movimentos que eclodiram em toda a Europa, cuja
reivindicação principal era mudar a forma de governo de autocrática para democrática.
e) significaram revoluções autênticas, de inspiração socialista, com ampla mobilização
popular, visando à mudança da ordem social.

3. (Ufrgs) A onda revolucionária que abalou a Europa em 1848, também conhecida como
"Primavera dos Povos", significou
a) o avanço das ideias liberais e nacionalistas, a consolidação da burguesia no poder e a
entrada do proletariado industrial no cenário político.
256
b) a vitória das diversas correntes socialistas que fundaram, a seguir, a Comuna de Paris.
c) a expansão dos setores conservadores que restauraram o Antigo Regime na Áustria,
Prússia e Rússia, afastados do poder desde o Congresso de Viena.
d) a conquista do Estado pela aliança constituída pela burguesia financeira e pelo
proletariado industrial em detrimento dos setores conservadores do Antigo Regime.
e) um retrocesso que retardou, na Europa ocidental, a ascensão do liberalismo político e
do nacionalismo, ideologias características das burguesias nacionais.

4. (Unesp) O desmonte do muro que dividia a cidade de Berlim e o acordo sobre a


reunificação alemã são fatores relevantes para a construção de uma nova Europa. No
entanto, a fundação do Estado moderno alemão remonta ao século XIX e se relaciona
com a:
a) cooperação abrangente entre a Prússia e a União Soviética.
b) multiplicação das taxas alfandegárias, a revogação da Liga Aduaneira, a aliança franco-
prussiana e a ação do Papa.
c) cooperação pacífica, duradoura e estável entre todos os Estados da Europa.
d) conhecida e inevitável neutralidade alemã na disputa de mercados.
e) reorganização do exército prussiano e com o despertar do sentimento nacionalista de
união.

Respostas:
1) C
2) A
3) A
4) E

Fontes/Créditos:
https://mundoedu.com.br/uploads/pdf/5470b4153bacf.pdf
https://descomplica.com.br/blog/historia/mapa-mental-o-seculo-xix-e-suas-repercussoes/
Mais exercícios sobre "Movimentos Sociais do Século XIX":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/ideias-sociais-e-politicas-do-seculo-
xix/

257
Neocolonialismo
Introdução
O neocolonialismo, ou imperialismo, foi o processo de colonização e ocupação da
África e da Ásia por grandes potências europeias, que se iniciou na segunda metade
do século XIX e continuou até meados do século XX.
Além da exploração dos territórios e povos colonizados, o neocolonialismo provocou
uma série de conflitos internacionais. Eles eram motivados tanto por disputas entre os
colonizadores, quanto pela independência dos territórios colonizados - o que causou
grande impacto no desenvolvimento destes países dali em diante.
Contexto histórico
Durante o século XIX, a Europa passou por um intenso processo de industrialização,
que se espalhou por países como Inglaterra, França, Bélgica, Holanda, Itália e Alemanha.
Este processo ficou conhecido como Segunda Revolução Industrial, e provocou uma
grande transformação nos processos de produção desses países.
Surgiram as primeiras grandes corporações industriais, que necessitavam de
matéria-prima para produzir e de mercados para comercializar seus produtos,
dentro da nova lógica de desenvolvimento do capitalismo.
Também foi um período marcado pela ascensão do nacionalismo no continente
europeu, que influenciou processos como a independência da Bélgica, em 1830, e as
unificações alemã e italiana, na década de 1870. Desse modo, os Estados nacionais que
se consolidavam competiam entre si para estabelecer novas fronteiras comerciais e
expandir seu parque industrial.
É nesse contexto que nasce o neocolonialismo, como resultado da disputa entre as
potências europeias para explorar territórios do continente africano e asiático,
principalmente em busca de matérias-primas e novos mercados para os bens
produzidos pela indústria.
Nesse processo, houve uma ocupação com moldes imperiais (daí o termo
“imperialismo”) sobre os territórios ocupados, a exploração de recursos naturais e mão
de obra, bem como o desmantelamento de culturas e tradições locais, e a influência
sobre a organização dos povos dominados
Conferência de Berlim
Os países europeus já tinham interesses no continente africano desde o início do século
XIX. No entanto, o momento considerado determinante para o estabelecimento dos
grandes impérios coloniais foi a Conferência de Berlim, realizada na capital alemã entre
1884 e 1885, liderada pelo chanceler germânico Otto von Bismarck.
O encontro foi organizado para mediar os interesses das potências europeias sobre o
território africano. Era uma resposta, principalmente, à ação de ocupação de uma
extensa área pelo rei da Bélgica, Leopoldo II - onde, hoje, fica a República Democrática
do Congo. O resultado da Conferência de Berlim foi a divisão da África entre os países
da Europa, o que foi responsável por estabelecer boa parte das fronteiras do
continente, sem respeitar traços culturais, étnicos e religiosos, além da própria
organização já existente entre os africanos.

258
Partilha da África na Conferência de Berlim
Como a Europa via a África
Ideologicamente, a colonização de territórios na África e Ásia não foi justificada como a
busca por mercados e matérias-primas, mas como uma tentativa de levar a civilização a
esses locais dominados pela barbárie.
A justificativa se pautou na existência de um imaginário construído na Europa de que o
continente africano era um lugar exótico a ser explorado e conquistado. Nesse
sentido, caberia aos europeus a tarefa de civilizar as regiões atrasadas, o que
também carregava um ideal de superioridade racial e cultural.
Estas ideias estavam baseadas no que foi chamado de darwinismo social, ou seja, a
utilização de noções elaboradas por Charles Darwin no estudo da evolução das espécies
no âmbito biológico, mas aplicadas a um contexto social e cultural, para explicar a
existência de civilizações evoluídas e atrasadas.
Um importante documento histórico desse período é o poema “O fardo do homem
branco”, escrito em 1898 por Rudyard Kipling, clamando ao “homem branco” que
cumpra seu papel civilizador nos territórios selvagens. Esse imaginário também
justificou diversas expedições científicas e religiosas no continente africano, e foi
amplamente retratado na literatura e, posteriormente, no cinema.
Colonialismo x neocolonialismo
Apesar de serem termos similares, cabe destacar algumas diferenças. entre
o colonialismo estabelecido pelos europeus do século XVI ao XVIII, principalmente nas
Américas, e o neocolonialismo dos séculos XIX e XX, que ocupou basicamente África e
Ásia.
259
Colonialismo
Estabelecido do século XVI ao XVIII, principalmente nas Américas. As nações
europeias implantaram colônias efetivas nos territórios americanos, buscando
produtos complementares à economia europeia, estabelecendo governos e impondo
sua cultura aos povos nativos.
Neocolonialismo
Ocupou basicamente África e Ásia, durante os séculos XIX e XX. Foi caracterizado
pela interferência em sociedades já estabelecidas, podendo demandar uso de força
militar, para atender interesses imediatos do processo de industrialização das
potências europeias. A administração dos territórios podia ser feita diretamente pelos
países europeus, ou por via indireta, através de alianças com elites locais.
Consequências no século XX
O neocolonialismo europeu provocou uma série de conflitos nas sociedades que foram
ocupadas, promovendo a exploração das populações locais e agressões a seus
direitos básicos. Como consequência, surgiram vários movimentos pela
independência dos territórios colonizados, alimentando lutas que se prolongaram por
boa parte do século XX.
Ao mesmo tempo, as disputas entre as potências imperialistas europeias atravessou
o século XIX e contribuiu, em última instância, para a Primeira Guerra Mundial em 1914.
Mapa Mental:

260
Vídeos aulas:
Canal: "Brasil Escola" | Vídeo aula: Neocolonialismo
https://youtu.be/6H2CDO1dNWE
Canal: "HistoriAção" | Vídeo aula: Neocolonialismo
https://youtu.be/zsVYvDhsr1Q

Exercícios
1. (Enem 2009) A formação dos Estados foi certamente distinta na Europa, na América
Latina, na África e na Ásia. Os Estados atuais, em especial na América Latina — onde as
instituições das populações locais existentes à época da conquista ou foram eliminadas,
como no caso do México e do Peru, ou eram frágeis, como no caso do Brasil —, são o
resultado, em geral, da evolução do transplante de instituições europeias feito pelas
metrópoles para suas colônias. Na África, as colônias tiveram fronteiras arbitrariamente
traçadas, separando etnias, idiomas e tradições, que, mais tarde, sobreviveram ao
processo de descolonização, dando razão para conflitos que, muitas vezes, têm sua
verdadeira origem em disputas pela exploração de recursos naturais. Na Ásia, a
colonização europeia se fez de forma mais indireta e encontrou sistemas políticos e
administrativos mais sofisticados, aos quais se superpôs. Hoje, aquelas formas anteriores
de organização, ou pelo menos seu espírito, sobrevivem nas organizações políticas do
Estado asiático.
GUIMARÃES, S. P. Nação, nacionalismo, Estado. Estudos Avançados. São Paulo:
EdUSP, v. 22, n.º 62, jan.- abr. 2008 (adaptado).
Relacionando as informações ao contexto histórico e geográfico por elas evocado,
assinale a opção correta acerca do processo de formação socioeconômica dos
continentes mencionados no texto.
a) Devido à falta de recursos naturais a serem explorados no Brasil, conflitos étnicos e
culturais como os ocorridos na África estiveram ausentes no período da independência e
formação do Estado brasileiro.
b) A maior distinção entre os processos histórico formativos dos continentes citados é a
que se estabelece entre colonizador e colonizado, ou seja, entre a Europa e os demais.
c) À época das conquistas, a América Latina, a África e a Ásia tinham sistemas políticos e
administrativos muito mais sofisticados que aqueles que lhes foram impostos pelo
colonizador.
d) Comparadas ao México e ao Peru, as instituições brasileiras, por terem sido eliminadas
à época da conquista, sofreram mais influência dos modelos institucionais europeus.
e) O modelo histórico da formação do Estado asiático equipara-se ao brasileiro, pois em
ambos se manteve o espírito das formas de organização anteriores à conquista.

261
2. (ENEM 2002) “O continente africano em seu conjunto apresenta 44% de suas fronteiras
apoiadas em meridianos e paralelos; 30% por linhas retas e arqueadas, e apenas 26% se
referem a limites naturais que geralmente coincidem com os de locais de habitação dos
grupos étnicos.
MARTIN, A. R. Fronteiras e Nações. Contexto, São Paulo, 1998.
Diferente do continente americano, onde quase que a totalidade das fronteiras obedecem
a limites naturais, a África apresenta as características citadas em virtude, principalmente,
a) da sua recente demarcação, que contou com técnicas cartográficas antes
desconhecidas.
b) dos interesses de países europeus preocupados com a partilha dos seus recursos
naturais.
c) das extensas áreas desérticas que dificultam a demarcação dos ―limites naturaisǁ.
d) da natureza nômade das população africanas, especialmente aquelas oriundas da
África Subsaariana.
e) da grande extensão longitudinal, o que demandaria enormes gastos para demarcação.

3. (ENEM 2005) Um professor apresentou os mapas abaixo numa aula sobre as


implicações da formação das fronteiras no continente africano.

262
Com base na aula e na observação dos mapas, os alunos fizeram três afirmativas:
I- A brutal diferença entre as fronteiras políticas e as fronteiras étnicas no continente
africano aponta para a artificialidade em uma divisão com objetivo de atender apenas aos
interesses da maior potência capitalista na época da descolonização.
II- As fronteiras políticas jogaram a África em uma situação de constante tensão ao
desprezar a diversidade étnica e cultural, acirrando conflitos entre tribos rivais.
III- As fronteiras artificiais criadas no contexto do colonialismo, após os processos de
independência, fizeram da África um continente marcado por guerras civis, golpes de
estado e conflitos étnicos e religiosos.
É verdadeiro apenas o que se afirma em
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.

4. (ENEM 2002) Um jornalista publicou um texto do qual estão transcritos trechos do


primeiro e do último parágrafos:
“Mamãezinha, minhas mãozinhas vão crescer de novo?. Jamais esquecerei a cena que
vi, na TV francesa, de uma menina da Costa do Marfim falando com a enfermeira que
trocava os curativos de seus dois cotos de braços. (...)”.
..........................................................................................................................................…
“Como manter a paz num planeta onde boa parte da humanidade não tem acesso às
necessidade básicas mais elementares? (...) Como reduzir o abismo entre o camponês
afegão, a criança faminta do Sudão, o Severino da cesta básica e o corretor de Wall
Street? Como explicar ao menino de Bagdá que morre por falta de remédios, bloqueados
pelo Ocidente, que o mal se abateu sobre Manhattan? Como dizer aos chechenos que o
que aconteceu nos Estados Unidos é um absurdo? Vejam Grozny, a capital da
Chechênia, arrasada pelos russos. Alguém se incomodou com os sofrimentos e as
milhares de vítimas civis, inocentes, desse massacre? Ou como explicar à menina da
Costa do Marfim o sentido da palavra .civilização. quando ela descobrir que suas mãos
não crescerão jamais? ..
UTZERI, Fritz. Jornal do Brasil, 17/09/2001.

263
Apresentam-se, abaixo, algumas afirmações também retiradas do mesmo texto. Aquela
que explicita uma resposta do autor para as perguntas feitas no trecho citado é:
a) “tristeza e indignação são grandes porque os atentados ocorreram em Nova Iorque”.
b) “ao longo da história, o homem civilizado globalizou todas as suas mazelas”.
c) “a Europa nos explorou vergonhosamente”.
d) “o neoliberalismo institui o deus mercado que tudo resolve”.
e) “os negócios das indústrias de armas continuam de vento em popa”.

Respostas:
1) B
2) B
3) E
4) B

Fontes/Créditos:
https://querobolsa.com.br/enem/historia-geral/neocolonialismo
https://insta-stalker.com/profile/resumosnotamil/
https://mundoedu.com.br/uploads/pdf/5432d6d8893b7.pdf
Mais exercícios sobre "Neocolonialismo":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/neocolonialismo-imperialismo/

264
Primeira Guerra Mundial
Introdução
Vários problemas atingiam as principais nações europeias no início do século XX. O
século anterior havia deixado feridas difíceis de curar. Alguns países estavam
extremamente descontentes com a partilha da Ásia e da África, ocorrida no final do século
XIX. Alemanha e Itália, por exemplo, haviam ficado de fora no processo neocolonial.
Enquanto isso, França e Inglaterra podiam explorar diversas colônias, ricas em matérias-
primas e com um grande mercado consumidor. A insatisfação da Itália e da Alemanha,
neste contexto, pode ser considerada uma das causas da Grande Guerra.

Vale lembrar também que no início do século XX havia uma forte concorrência comercial
entre os países europeus, principalmente na disputa pelos mercados consumidores. Esta
concorrência gerou vários conflitos de interesses entre as nações. Ao mesmo tempo, os
países estavam empenhados numa rápida corrida armamentista, já como uma maneira de
se protegerem, ou atacarem, no futuro próximo. Esta corrida bélica gerava um clima de
apreensão e medo entre os países, onde um tentava se armar mais do que o outro.
Existia também, entre duas nações poderosas da época, uma rivalidade muito grande. A
França havia perdido, no final do século XIX, a região da Alsácia-Lorena para a
Alemanha, durante a Guerra Franco Prussiana. O revanchismo francês estava no ar, e os
franceses esperando uma oportunidade para retomar a rica região perdida.
O pan-germanismo e o pan-eslavismo também influenciou e aumentou o estado de alerta
na Europa. Havia uma forte vontade nacionalista dos germânicos em unir, em apenas
uma nação, todos os países de origem germânica. O mesmo acontecia com os países
eslavos.
O início da Grande Guerra
O estopim deste conflito foi o assassinato de Francisco Ferdinando, príncipe do império
austro-húngaro, durante sua visita a Saravejo (Bósnia-Herzegovina). As investigações
levaram ao criminoso, um jovem integrante de um grupo Sérvio chamado mão-negra,
contrário a influência da Áustria-Hungria na região dos Balcãs. O império austro-húngaro
não aceitou as medidas tomadas pela Sérvia com relação ao crime e, no dia 28 de julho
de 1914, declarou guerra à Servia.

265
Política de Alianças
Os países europeus começaram a fazer alianças políticas e militares desde o final do
século XIX. Durante o conflito mundial estas alianças permaneceram. De um lado havia a
Tríplice Aliança formada em 1882 por Itália, Império Austro-Húngaro e Alemanha ( a Itália
passou para a outra aliança em 1915). Do outro lado a Tríplice Entente, formada em 1907,
com a participação de França, Rússia e Reino Unido.
O Brasil também participou, enviando para os campos de batalha enfermeiros e
medicamentos para ajudar os países da Tríplice Entente.
Desenvolvimento
As batalhas desenvolveram-se principalmente em trincheiras. Os soldados ficavam,
muitas vezes, centenas de dias entrincheirados, lutando pela conquista de pequenos
pedaços de território. A fome e as doenças também eram os inimigos destes guerreiros.
Nos combates também houve a utilização de novas tecnologias bélicas como, por
exemplo, tanques de guerra e aviões. Enquanto os homens lutavam nas trincheiras, as
mulheres trabalhavam nas indústrias bélicas como empregadas.
Fim do conflito
Em 1917, ocorreu um fato histórico de extrema importância: a entrada dos Estados
Unidos no conflito. Os EUA entraram ao lado da Tríplice Entente, pois havia acordos
comerciais a defender, principalmente com Inglaterra e França.
Este fato marcou a vitória da Entente, forçando os países da Aliança a assinarem a
rendição. Os derrotados tiveram ainda que assinar o Tratado de Versalhes, que
impunha a estes países fortes restrições e punições. A Alemanha teve seu exército
reduzido, sua indústria bélica controlada, perdeu a região do corredor polonês,
teve que devolver à França a região da Alsácia Lorena, além de ter que pagar os
prejuízos da guerra dos países vencedores. O Tratado de Versalhes teve
repercussões na Alemanha, influenciando o início da Segunda Guerra Mundial.
A guerra gerou aproximadamente 10 milhões de mortos, o triplo de feridos, arrasou
campos agrícolas, destruiu indústrias, além de gerar grandes prejuízos econômicos.

266
De cima para baixo e da esquerda para a direita: Trincheiras na Frente Ocidental; o avião
bi-planador Albatros D.III; um tanque britânico Mark I cruzando uma trincheira; uma
metralhadora automática comandada por um soldado com uma máscara de gás; o
afundamento do navio de guerra Real HMS Irresistible após bater em uma mina.
Principais causas que desencadearam a Primeira Guerra Mundial
• A partilha das terras da África e Ásia, na segunda metade do século XIX, gerou
muitos desentendimentos entre as nações europeias;
• Enquanto Inglaterra e França ficaram com grandes territórios com muitos recursos
para explorar, Alemanha e Itália tiveram que se contentar com poucos territórios de
baixo valor. Este descontentamento ítalo-germânico permaneceu até o começo do
século XX e foi um dos motivos da guerra, pois estas duas nações queriam mais
territórios para explorar e aumentar seus recursos;
• No final do século XIX e começo do XX, as nações europeias passaram a investir
fortemente na fabricação de armamentos. O aumento das tensões gerava
insegurança, fazendo assim que os investimentos militares aumentassem diante de
uma possibilidade de conflito armado na região;

267
• A concorrência econômica entre os países europeus acirrou a disputa por
mercados consumidores e matérias-primas. Muitas vezes, ações economicamente
desleais eram tomadas por determinados países ou empresas (com apoio do
governo);
• A questão dos nacionalismos também esteve presente na Europa pré-guerra. Além
das rivalidades (exemplo: Alemanha e Inglaterra), havia o pan-germanismo e o
pan-eslavismo. No primeiro caso era o ideal alemão de formar um grande império,
unindo os países de origem germânica. Já o pan-eslavismo era um sentimento
forte existente na Rússia e que envolvia também outros países de origem eslava.
Consequências da Primeira Guerra Mundial
Os acordos que deveriam dar fim aos conflitos da Primeira Guerra Mundial (1914-1918)
serviram para que um clima de rivalidades se agravasse. A imposição de multas e
sanções extremamente pesadas não conseguiu fazer com que o equilíbrio político real
fosse alcançado entre as potências econômicas mundiais. A grosso modo, podemos
afirmar que a Primeira Guerra pavimentou as possibilidades para a ocorrência de
um novo conflito internacional.
Totalitarismo
Mesmo posando ao lado dos vencedores, a Itália saiu frustrada do conflito ao não
receber os ganhos materiais que esperava. Na Alemanha, onde as mais pesadas
sanções do Tratado de Versalhes foram instituídas, a economia viveu em franca
decadência, e os índices inflacionários alcançaram valores exorbitantes. Esse
contexto de declínio e degradação acabou criando chances para que Itália e
Alemanha fossem dominadas por regimes marcados pelo nacionalismo extremo e a
franca expansão militar.
A Sociedade das Nações, órgão internacional incumbido de manter a paz, não conseguiu
cumprir seu papel. O Japão impôs um projeto expansionista que culminou com a
ocupação da Manchúria. Os alemães passaram a descumprir paulatinamente as
exigências impostas pelos Tratados de Versalhes e realizaram a ocupação da região da
Renânia. Enquanto isso, os italianos aproveitaram da nova situação para realizar a
invasão à Etiópia.
O equilíbrio almejado pelos países também foi impedido pela crise econômica que
devastou o sistema capitalista no ano de 1929. Sem condições de impor seus interesses
contra os alemães e italianos, as grandes nações europeias passaram a ceder espaço
aos interesses dos governos totalitários. Aproveitando dessa situação, os regimes de
Hitler e Mussolini incentivaram a expansão de uma indústria bélica, que utilizou a Guerra
Civil Espanhola como “palco de ensaios” para um novo conflito mundial.

268
Hitler e Mussolini em Munique, Alemanha, 18 de junho de 1940.

Estouro da Segunda Guerra Mundial


Fortalecidas nessa nova conjuntura política, Itália, Alemanha e Japão começaram a
engendrar os primeiros passos de uma guerra ainda mais sangrenta e devastadora:
a Segunda Guerra Mundial. A tão sonhada paz escoava pelo ralo das contradições de
uma guerra sustentada pelas contradições impostas pelo capitalismo concorrencial. Por
fim, o ano de 1939 seria o estopim de antigas disputas que não conseguiram ser
superadas com o trágico saldo da Primeira Guerra.

269
Mapa Mental:

Vídeos aulas:
Canal: "Stoodi" | Vídeo aula: Primeira Guerra Mundial
https://youtu.be/EScZfjMvpvo
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Primeira Guerra Mundial
https://youtu.be/7Fz0DEqB-AM
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Primeira Guerra Mundial
https://youtu.be/kCKuP2OqfEs
Canal: "Se liga nessa história" | Vídeo aula: Primeira Guerra Mundial
https://youtu.be/x5m6RAajIdM

270
Exercícios
1. (Puccamp 2001) Observe a gravura:

A imagem simboliza o fim da Primeira Guerra Mundial. Ao associar a imagem aos


acontecimentos daquele momento histórico, pode-se afirmar que
a) os conflitos prosseguiram depois da assinatura dos Tratados de Versalhes, já que a
França não concordou em ceder à Alemanha as regiões da Alsácia e Lorena.
b) não foram resolvidos os problemas que deram origem à Primeira Guerra, já que os
tratados de paz previam apenas uma trégua, com a suspensão dos conflitos bélicos.
c) na verdade não houve paz, uma vez que a Alemanha recusou-se a assinar o Tratado
de Versalhes, elaborado pela França e Inglaterra, que estabelecia o término dos conflitos.
d) os países europeus não tinham condições bélicas de prosseguir os conflitos, motivo
pelo qual pode-se explicar a rendição de todos os países envolvidos na guerra.
e) apesar da paz estabelecida, a guerra afetou profundamente a economia dos países
europeus, que tiveram que arcar com prejuízos imensos, mesmo os países vitoriosos.

2. (Acafe 2012) As alianças militares, as disputas colonialistas e a corrida armamentista


levaram a Europa à Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Acerca desse contexto é
correto afirmar, exceto:
a) A Rússia aliou-se com a Tríplice Aliança para derrotar os Sérvios em Sarajevo.
b) Os Estados Unidos da América entraram no conflito ao lado da Tríplice Entente.
c) Entre as inovações tecnológicas destacaram-se a utilização de submarinos, tanques de
guerra e encouraçados.
271
d) O Tratado de Versalhes considerou a Alemanha culpada pela guerra e impôs diversas
sanções ao governo alemão.

3. (Unesp 2003) A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) resultou de uma alteração da


ordem institucional vigente em longo período do século XIX. Entre os motivos desta
alteração, destacam-se
a) a divisão do mundo em dois blocos ideologicamente anta-gônicos e a constituição de
países industrializados na América.
b) a desestabilização da sociedade européia com a emergência do socialismo e a
constituição de governos fascistas nos países europeus.
c) o domínio econômico dos mercados do continente europeu pela Inglaterra e o cerco da
Rússia pelo capitalismo.
d) a oposição da França à divisão de seu território após as guerras napoleônicas e a
aproximação entre a Inglaterra e a Alemanha.
e) a unificação da Alemanha e os conflitos entre as potências suscitados pela anexação
de áreas coloniais na Ásia e na África.

4. (Ufpe 2001) Sobre o período compreendido entre a primeira e segunda guerra mundial
assinale a alternativa correta.
a) Apesar da vitória alcançada na Primeira Guerra, os países em que as democracias
liberais dominavam não conseguiram evitar a crise generalizada diante da
desorganização econômica européia.
b) Após a 1 Guerra, a Itália e a Alemanha passaram a viver um período de muito
desenvolvimento e fortalecimento da ordem democrática interna.
c) O fascismo italiano e o nazismo alemão cresceram com o apoio exclusivo dos militares,
já que a burguesia por sua tradição sempre foi defensora das instituições liberais.
d) Após a 1 Guerra, cresceram os discursos em favor da volta à monarquia, associada à
Igreja Católica, a quem a população deveria subordinar-se totalmente, para alcançar a
ordem e a prosperidade geral.
e) Uma das estratégias utilizadas pelo fascismo na Itália, como pelo nazismo na
Alemanha, foi a tolerância em relação a todos que lhe faziam oposição.

Respostas:
1) E
2) A
3) E
4) A

272
Fontes/Créditos:
https://www.sohistoria.com.br/ef2/primeiraguerra/
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/consequencias.htm
https://mundoedu.com.br/uploads/pdf/5432d5505519b.pdf
Mais exercícios sobre "Primeira Guerra Mundial":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/primeira-guerra-mundial/

273
Socialismo
O que é socialismo?
Socialismo é o sistema político e econômico que teve ascensão entre o fim do século
XVIII e a primeira parte do século XIX e que tem como essência o princípio da
igualdade. O sistema socialista é muito associado ao modelo marxista, mas não existe
só esse tipo de socialismo.
Principais características do Socialismo
As principais características do socialismo são:
• A igualdade de divisão de bens entre a sociedade;
• O poder centralizado no Estado – inclusive de controlar os meios de produção;
• A ausência de competição e lucro;
• A ausência de divisão de classes;

Em resumo, o socialismo é contra modos de produção privados, a obtenção de lucro, as


propriedades privadas e a competição de mercado.
Como funciona o socialismo?
Segundo as ideias socialistas, o poder é centralizado na mão do Estado. A população
trabalharia normalmente, porém em empresas estatais, regulamentadas e fiscalizadas
pelo Estado. Desta forma, o salário de todas as pessoas seria praticamente o mesmo –
todos receberiam a mesma quantidade que seus vizinhos, parentes, amigos e outros.
Outro ponto a destacar é que não haveria diferenças sociais entre a comunidade.
Os serviços de educação, saúde e transporte também seriam públicos.
Como surgiu o socialismo?
As ideias socialistas surgiram no final do século XVIII e início do XIX, no contexto das
implantações de grandes indústrias, com a Revolução Industrial. Com a transformação da
sociedade na dinâmica industrial, os operários estavam trabalhando em péssimas
condições, sem perspectiva de mudança. Foi neste momento que pensadores socialistas
começaram a imaginar um regime político em que não existisse a desigualdade
social.
Correntes do socialismo - Socialismo utópico
O socialismo utópico foi a corrente desenhada pelos primeiros pensadores socialistas,
como Rouvroy, Fourier e Owen. Eles acreditavam na distribuição equilibrada de riquezas
e na construção de uma nova sociedade a partir de um modo pacífico e consciente. Esses
pensadores tinham algumas ideias em comum, como ser contra o individualismo,
propriedade privada e competição. Justamente por isso, não acreditavam em conflitos
para se chegar nesse sistema político-econômico. A palavra utópico tem o significado de
ser algo inalcançável. Por isso mesmo, muitos pensadores consideram essa corrente do
socialismo idealista, já que ela espera por condições ideais para aplicá-la.
274
Socialismo científico
Já o socialismo científico, também conhecido como marxismo, era contra essa
idealização e acreditava que a participação dos operários na implantação do sistema
político-econômico era muito importante. Para essa corrente, criada por Karl Marx e
Engels, a transformação deveria vir “de dentro”, do grupo de proletários.
Uma de suas principais características (e diferença em relação ao socialismo utópico) é
considerar a reforma proletária a partir da luta de classes – quando dizemos luta, é
literalmente. Marx falava em pegar as armas e buscar uma divisão de bens materiais mais
igualitária.

Você deve estar pensando quais são essas classes. Para o socialismo científico, existem
apenas duas classes:
• A burguesia (os donos dos meios de produção), considerados exploradores;
• O proletariado (operários), considerados explorados.

Socialismo real
Por fim, o socialismo real foi aquele implementado em vários países, como Cuba e
antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), por exemplo.
Recebeu esse nome por ser o socialismo de fato implantado, e para fazer sentido no dia
a dia, algumas características foram adaptadas e colocadas em prática. Um exemplo
delas é a centralização do poder nas mãos de um único partido de orientação socialista.
Países considerados socialistas
Os países socialistas são:
• Cuba
• China
• Coreia do Norte
• Vietnã
• Laos
Principais autores do socialismo
Para entender o socialismo, precisamos conhecer alguns pensadores mais a fundo.
Destacamos 4 deles:
• Claude Henri de Rouvroy
• Charles Fourier
• Robert Owen
• Karl Marx
Claude de Rouvroy: mais conhecido como Conde de Saint-Simon, ele defendia a
unificação da Europa muito antes de existir a União Europeia.
275
Naquele contexto de Primeira Revolução Industrial, o francês acreditava que a indústria
deveria ser útil a vida – ele era um utilitarista.
Charles Fourier: ele ficou muito conhecido por ser um dos primeiros a pensar o
cooperativismo. Ele não concordava em enxergar tudo sob a ótica econômica, era contra
o capitalismo, o liberalismo, a extrema urbanização, o casamento e, inclusive, era contra a
monogamia.
Robert Owen: também responsável por incentivar o cooperativismo. É muito importante
estudar Owen porque ele tinha uma vida na indústria, mas não deixava de pensar nas
condições de seus operários. Ele propunha uma reforma não só no trabalho como na vida
das pessoas, a partir de mais educação.
Karl Marx: um dos mais conhecidos pensadores socialistas. Ele acreditava que para o
socialismo acontecer era preciso ter uma luta de classes, a chamada “revolução
proletária”.
Diferença entre socialismo, capitalismo e comunismo
Veja a diferença entre o capitalismo, socialismo e comunismo.
Capitalismo
É um sistema econômico e social, adotado na grande maioria dos países atualmente, que
tem como base os meios de produção privados, o trabalho assalariado e as atividades
com fins lucrativos. Neste caso, cada um por si. É um conceito oposto ao socialismo, que
prega o fim da divisão de classes e a forte presença do Estado.
Socialismo
É um sistema econômico e social baseado no fim dos meios de produção privados e na
centralização do poder nas mãos do Estado. Com o sistema socialista, a renda torna-se
igualitária, indiferente da função, e acaba-se com a divisão de classes. Neste caso,
o Estado socialista decide tudo por todos.
Comunismo
É um sistema econômico e social um pouco diferente do socialismo. Ele acredita no fim
do Estado (já que ele pode estar a serviço de algum grupo de interesse específico) e nos
meios de produção de forma coletiva. Neste caso, todos vivem em função de todos (sem
centralização do poder no Estado).

276
Mapa Mental:

Vídeos aulas:
Canal: "Stoodi" | Vídeo aula: Socialismo
https://youtu.be/lCcdXpNH4d4
Canal: "QG do Enem" | Vídeo aula: Socialismo
https://youtu.be/-es34R_db30

277
Exercícios
1. (FUVEST-SP) O que ocorreu na União Soviética em decorrência das mudanças
sociopolíticas instauradas pela Revolução Russa de 1917?
a) Estatização dos principais meios de produção.
b) Legalização do sistema pluripartidarista.
c) Criação de latifúndios.
d) Igualdade salarial de todos os cidadãos.
e) Eliminação de diferenças culturais e religiosas dos diversos grupos étnicos.

2. (FUVEST)“[...] Nunca certas previsões do marxismo pareceram mais verdadeiras do


que hoje: o que não deixa de ser bastante irônico, se considerarmos que isso se dá no
momento em que o marxismo está desacreditado como filosofia social[...]”.(Quentin
Skinner, historiador inglês, 1998)

O que permite o autor sustentar, respectivamente, a tese do descrédito e a da validade do


marxismo, fundamenta-se:

a) no fracasso das experiências socialistas em nosso século e no aumento extraordinário


tanto da riqueza quanto da pobreza no mundo.
b) no êxito do capitalismo em eliminar as crises financeiras periódicas e no seu fracasso
em fazer diminuir a população mundial.
c) na capacidade do capitalismo para controlar a pobreza e na sua dificuldade para
desenvolver tecnologias que resolvessem problemas ambientais.
d) no desaparecimento da luta de classes e na intensificação da concorrência e do conflito
imperialista entre as potências capitalistas.
e) no êxito do capitalismo em globalizar a economia e na incapacidade do “Welfare State”
(Estado do Bem-Estar Social) para humanizar o capitalismo.

3. (UFMG) Todas as alternativas apresentam ideias básicas do Socialismo Científico,


EXCETO:
a) a classe operária é a força revolucionária que deve tomar o poder político;
b) a ditadura do proletariado é a fase de transição para se alcançar o comunismo;
c) a evolução histórica é determinada pelo avanço da luta de classes;
d) a sociedade de cada época é determinada pelas condições econômicas;
e) o homem é solidário com seus semelhantes, abrindo mão de quaisquer privilégios.

278
4. (FGV) O movimento de Owenismo (Robert Owen), no chamado socialismo utópico do
século XIX, caracterizou-se por:

a) pretender a conquista do poder imediatamente e através da luta armada;


b) pretender destruir o sistema capitalista, através de sua paralisação por uma greve
universal e de duração indeterminada;
c) pretender a criação de comunidades-modelo, a base da cooperação nas quais não
haveria a instituição do lucro;
d) pretender chegar ao socialismo, através de barganhas entre a cúpula sindical e os
representantes dos patrões, unicamente;
e) sustentar que havia o capitalismo em virtude de os homens terem sido condenados à
miséria terrena, sendo o mundo celestial socialista, daí a abdicação de qualquer
movimento de rebelião ou greve.

Respostas:
1) A
2) A
3) E
4) C

Fontes/Créditos:
https://www.stoodi.com.br/blog/2018/03/07/socialismo/
https://pontesgeografia.blogspot.com/2019/01/blog-post.html
http://dellefrate.blogspot.com/2012/08/socialismo.html
Mais exercícios sobre "Socialismo":
https://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios-historia/exercicios-sobre-
socialismo.htm

279
Totalitarismo
Introdução
Os governos autoritários que se estabeleceram na Europa após a Primeira Guerra
Mundial ficaram conhecidos pelo conceito de totalitarismo. Apesar das diferenças entre
eles, algumas características em comum definem os regimes totalitários. Entre os
pesquisadores que utilizaram e desenvolveram o conceito de totalitarismo, podemos
destacar a filósofa alemã Hannah Arendt, em especial no seu livro “Origens do
Totalitarismo”, de 1951, em que desenvolve uma teoria do que seria um Estado
Totalitário. O termo totalitarismo, contudo, já era usado durante a luta política dos anos
1920 e 1930, com diferentes conotações, para se referir a regimes como a Itália fascista
de Mussolini.

Benito Mussolini
Contexto histórico
As consequências da Primeira Guerra Mundial afetaram de muitas maneiras os países
que participaram do conflito. No caso da Alemanha, a derrota na guerra e a imposição
do Tratado de Versalhes causaram grandes prejuízos materiais e impediram a
reconstrução do país após a instituição da República de Weimar. A crise de 1929,
iniciada nos Estados Unidos, atingiu todo o continente europeu e piorou ainda mais as
condições de vida de boa parte da população.
Já no caso da Itália, apesar de ter sido uma das nações vencedoras, o clima
político também era de dificuldades. Muitos jovens que haviam participado dos combates
acreditavam que os ganhos obtidos pela Itália no conflito não eram suficientes em vista
dos sacrifícios e das perdas que haviam sido impostos.
Esse ambiente de instabilidade social que surgiu no período entreguerras (1918-
1939) favoreceu o crescimento de movimentos autoritários e nacionalistas, que
buscavam justificar os problemas vividos por seus países na ação de grupos minoritários,
como comunistas, judeus, estrangeiros etc.
Com seu fortalecimento, esses movimentos chegaram ao poder de diversas formas, mas
uma vez no controle do Estado, demonstraram seu caráter autoritário, o desrespeito às
liberdades individuais e promoveram o fechamento político do regime.
280
Esse processo ocorreu em países como Itália, Alemanha, Espanha, Portugal, Bulgária,
Polônia e Hungria, entre outros, mas também teve repercussões fora da Europa. Dessa
forma, vemos que não é possível compreender o surgimento dos primeiros regimes
totalitários dissociado do contexto histórico que atravessava a Europa do pós-guerra.

Hitler e Mussolini. Ditadores da Alemanha e Itália

Características do totalitarismo
Em linhas gerais, podemos identificar o totalitarismo como um tipo de doutrina que
rejeita os preceitos fundamentais do liberalismo, em relação às liberdades individuais e de
organização política.
Os regimes totalitários são marcados pela centralização do poder de Estado nas mãos
de poucos indivíduos e não possuem independência efetiva entre os poderes. Em
relação às liberdades individuais e políticas, há restrições severas à liberdade de
manifestação e repressão de movimentos oposicionistas.
Dessa forma, podemos classificar os regimes totalitários a partir de algumas
características gerais:
• Estabelecimento de uma ideologia oficial do Estado;
• Existência de partido único e perseguição a movimentos oposicionistas;
• Construção de um ambiente de terrorismo policial e constante medo de ameaça
à ordem;
• Investimento maciço em propaganda e promoção da imagem do líder;
• Política armamentista e de militarização para combate de inimigos externos e
internos;
As principais referências de regimes totalitários são o nazismo, na Alemanha (1933-
1945), e o fascismo, na Itália (1922-1943). Alguns autores também classificam
o stalinismo, período em que Josef Stalin governou a União Soviética (1922-1953), como
um regime totalitário. Sob esse ponto de vista, há algumas diferenças importantes em
relação aos regimes fascistas.
281
Por exemplo, não há oposição à revolução social, mas à tentativa de manter movimentos
sociais sob o controle do Partido Comunista. E, ao contrário dos regimes fascistas,
também não há incentivo ao nacionalismo.
Problemas do conceito
Embora a ideia de totalitarismo seja amplamente utilizada para se referir a uma série de
governos - não apenas na Europa do período entreguerras, mas também de outras
ditaduras iniciadas após a Segunda Guerra Mundial -, alguns pesquisadores são críticos
do conceito.
Entre as críticas mais comuns, estão a de que o conceito se refere a governos muito
diferentes entre si, sendo mais viável, portanto, estudar cada um desses regimes a
partir de suas especificidades.
Além disso, a partir da segunda metade do século XX, o termo totalitarismo passou a ser
utilizado de maneira pejorativa para atacar adversários políticos, esvaziando seu
conteúdo teórico. Dessa forma, devemos procurar entender historicamente a construção
desse conceito para poder interpretá-lo nos diferentes contextos em que é utilizado.
Mapa Mental:

282
Vídeos aulas:
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Totalitarismo
https://youtu.be/uqTNKPDEVZY
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Totalitarismo
https://youtu.be/Dx6quavMty0
Canal: "Evolucional" | Vídeo aula: Totalitarismo
https://youtu.be/mkkGg1HQWO4

Exercícios
1. (Enem 2011) Os três tipos de poder representam três diversos tipos de motivações: no
poder tradicional, o motivo da obediência é a crença na sacralidade da pessoa do
soberano; no poder racional, o motivo da obediência deriva da crença na racionalidade do
comportamento conforme a lei; no poder carismático, deriva da crença nos dotes
extraordinários do chefe.
BOBBIO, N. Estado, Governo, Sociedade: para uma teoria geral da política. São Paulo:
Paz e Terra, 1999 (adaptado).
O texto apresenta três tipos de poder que podem ser identificados em momentos
históricos distintos. Identifique o período em que a obediência esteve associada
predominantemente ao poder carismático:
a) República Federalista Norte-Americana.
b) República Fascista Italiana no século XX.
c) Monarquia Teocrática do Egito Antigo.
d) Monarquia Absoluta Francesa no século XVII.
e) Monarquia Constitucional Brasileira no século XIX.

2. (ENEM 2008) Em discurso proferido em 17 de março de 1939, o primeiroministro inglês


à época, Neville Chamberlain, sustentou sua posição política: ―Não necessito defender
minhas visitas à Alemanha no outono passado, que alternativa existia? Nada do que
pudéssemos ter feito, nada do que a França pudesse ter feito, ou mesmo a Rússia, teria
salvado a Tchecoslováquia da destruição. Mas eu também tinha outro propósito ao ir até
Munique. Era o de prosseguir com a política por vezes chamada de ‗apaziguamento
europeu‘, e Hitler repetiu o que já havia dito, ou seja, que os Sudetos, região de
população alemã na Tchecoslováquia, eram a sua última ambição territorial na Europa, e
que não queria incluir na Alemanha outros povos que não os alemães.
ǁ Internet: (com adaptações).
Sabendo-se que o compromisso assumido por Hitler em 1938, mencionado no texto
acima, foi rompido pelo líder alemão em 1939, infere-se que
283
a) Hitler ambicionava o controle de mais territórios na Europa além da região dos
Sudetos.
b) a aliança entre a Inglaterra, a França e a Rússia poderia ter salvado a Tchecoslováquia.
c) o rompimento desse compromisso inspirou a política de ‗apaziguamento europeu‘.
d) a política de Chamberlain de apaziguar o líder alemão era contrária à posição
assumida pelas potências aliadas.

3. (Enem 2013) As Brigadas Internacionais foram unidades de combatentes formadas por


voluntários de 53 nacionalidades dispostos a lutar em defesa da República espanhola.
Estima-se que cerca de 60 mil cidadãos de várias partes do mundo — incluindo 40
brasileiros — tenham se incorporado a essas unidades. Apesar de coordenadas pelos
comunistas, as Brigadas contaram com membros socialistas, liberais e de outras
correntes político-ideológicas.
-SOUZA, I. I. A Guerra Civil Europeia. História Viva, n. 70, 2009 (fragmento).
A Guerra Civil Espanhola expressou as disputas em curso na Europa na década de 1930.
A perspectiva política comum que promoveu a mobilização descrita foi o(a)
a) crítica ao stalinismo.
b) combate ao fascismo.
c) rejeição ao federalismo.
d) apoio ao corporativismo.
e) adesão ao anarquismo.

4. (UFMG 2008) Leia este trecho: “Camisas negras de Milão, camaradas operários! Há
cinco anos, as colunas de um templo que parecia desafiar os séculos desabaram. O que
havia debaixo destas ruínas? O fim de um período da história contemporânea, o fim da
economia liberal e capitalista [...] Diante deste declínio constatado e irrevogável, duas
soluções aparecem: a primeira seria estatizar toda a economia da Nação. Afastamo-la,
pois não queremos multiplicar por dez o número dos funcionários do Estado. Outra impõe-
se pela lógica: é o corporativismo englobando os elementos produtores da Nação e,
quando digo produtores, não me refiro somente aos industriais mas também aos
operários. O fascismo estabeleceu a igualdade de todos diante do trabalho. A diferença
existe somente na escala das diversas responsabilidades. [...] O Estado deve resolver o
problema da repartição de maneira que não mais seja visto o fato paradoxal e cruel da
miséria no meio da opulência.”
(Discurso de Mussolini dirigido aos operários milaneses, em 7 de outubro de 1934. In:
MATTOSO, Kátia M. de Queirós. Textos e documentos para o estudo da história
contemporânea (1789-1963). São Paulo: Hucitec: Edusp, 1977. p. 175-177.)
284
A partir dessa leitura e considerando-se outros conhecimentos sobre o assunto, é
INCORRETO afirmar que o fascismo italiano:
a) era anticapitalista e se propunha instalar uma nova ordem social coletivista, sem
classes.
b) fazia uma defesa veemente do trabalho, destacando-o como elemento unificador das
forças sociais.
c) propunha a união do capital e do trabalho, mediada pelo Estado e baseada no
corporativismo.
d) se considerava criador de um tempo e de um homem novos, no que rivalizava com o
discurso socialista.

Respostas:
1) B
2) A
3) B
4) A

Fontes/Créditos:
https://www.historiaemfoco.com.br/single-post/2016/09/26/MAPA-MENTAL-Regimes-
Totalit%C3%A1rios
https://mundoedu.com.br/uploads/pdf/5432cb9188397.pdf
https://querobolsa.com.br/enem/historia-geral/totalitarismo
Mais exercícios sobre "Totalitarismo":
https://exercicios.mundoeducacao.bol.uol.com.br/exercicios-historia/exercicios-
sobre-totalitarismo.htm

285
Segunda Guerra Mundial
Introdução
A indústria de armas foi uma das soluções encontradas por alguns países para buscar
sair da crise. Ao mesmo tempo que gerava empregos, reforçava o poderio bélico das
nações, que tinham fortes disputas ainda (existem historiadores que acreditam que a 2ª
Grande Guerra é apenas uma continuação da 1ª, uma vez que as disputas imperialistas
não haviam sido totalmente resolvidas). Hitler, buscando seu Lebensraum (Espaço Vital),
desobedecia o Tratado de Versalhes e armava a Alemanha, inclusive na fronteira
francesa. Assim, o mundo assistia a construção da mais devastadora guerra de nossa
história, a 2ª Guerra Mundial.
Após o fim da Primeira Guerra Mundial, os países europeus buscaram meios para que as
disputas que engendraram esse desastroso conflito não mais se repetissem. Contudo, as
punições severas impostas pelo Tratado de Versalhes e a ineficiência da Liga das Nações
– em seu papel de manter a paz mundial – não conseguiram conter o revanchismo das
nações derrotadas. Em pouco tempo, ações imperialistas e expansionistas deram o sinal
de que as feridas estavam longe de serem sanadas.
Aproximação de Itália, Japão e Alemanha
No Oriente, os japoneses promoveram a invasão da Manchúria e prosseguiram com seu
projeto imperialista, dominando algumas regiões da Ásia e das ilhas do Pacífico.
O governo italiano, controlado por Mussolini, tomou conta da Abissínia (atual Etiópia) e
promoveu a invasão da Albânia. Por outro lado, a Alemanha Nazista reintegrou os
territórios do Sarre e estabeleceu a ocupação militar da Renânia. Em pouco tempo, a
semelhante atuação dessas três nações rendeu uma ameaçadora aproximação política.
Durante a Guerra Civil Espanhola, alemães e italianos firmaram sua união com a
participação nesse conflito. O envio de tropas serviu como um eficiente teste para as
novas tecnologias de guerra produzidas por esses países. Estava assim consolidado
o eixo Roma-Berlim. Logo em seguida, o Japão, que havia entrado em conforto com a
União Soviética durante a ocupação asiática, incorporou a aliança ítalo-germânica com a
assinatura do pacto Anticomintern, que preconizava a luta contra os comunistas.

As nações que acreditavam que poderiam contornar a possibilidade de outra guerra ainda
buscaram negociar diplomaticamente o avanço dessas nações. Na Conferência de
Munique, os alemães, que haviam incorporado a Áustria, comprometeram-se a respeitar
os domínios da Tchecoslováquia e da Polônia. Contudo, contrariando o que fora definido,
os alemães dominaram todo o território tcheco e exerceram uma forte pressão política sob
a autonomia territorial polonesa.
Antecedentes da Guerra:
• Crise do capitalismo liberal;
• Questionamentos ao liberalismo político e a democracia;
286
• Ascensão de regimes totalitários com pretensões imperialistas (Alemanha, Itália);
• Armamentismo;
• Esvaziamento da Liga das Nações;
• Política de apaziguamento de Inglaterra e França para com Hitler; Isolacionismo
Norte-americano;
• URSS isolada pelo “cordão sanitário” Expansão do pensamento socialista através
de sindicatos e movimentos sociais;
• Alemanha, Hitler e busca pela recuperação econômica;
• Expansionismo alemão (“espaço vital” e construção do III Reich).
Aliança da Alemanha com a URSS
Mediante essa situação, os ingleses e franceses firmaram um acordo para defender a
Polônia caso acontecesse qualquer tipo de invasão aos seus territórios. A decisão política
anglo-francesa foi vista com desconfiança pelos soviéticos, que decidiram assinar um
pacto militar com os alemães. Segundo o Pacto Germano-soviético(Ribbentrop-
molotov), as tropas da União Soviética manter-se-iam neutras caso os franceses e
ingleses declarassem guerra contra os alemães após uma possível invasão à Polônia.

Hitler e Stalin firmaram um pacto de não agressão em 1939


O início do conflito
O marco inicial ocorreu no ano de 1939, quando o exército alemão invadiu a Polônia. De
imediato, a França e a Inglaterra declararam guerra à Alemanha.
Combatentes
A Segunda Guerra Mundial contou com o envolvimento de dezenas de países. Os
participantes da Segunda Guerra Mundial podem ser agrupados em dois grupos.

287
• Aliados: Reino Unido, França, União Soviética e Estados Unidos eram os
membros principais;
• Eixo: Alemanha, Itália e Japão eram os membros principais.
Naturalmente, ao longo da guerra, diversos outros países foram tomando partido e
juntando-se a um dos dois lados que estavam na luta. Do lado dos Aliados, por exemplo,
lutaram o Canadá, o Brasil, a Austrália, a China, a Holanda etc. No Eixo, atuaram nações
como Hungria, Romênia, Croácia etc. É importante mencionar que em diversos locais
que os nazistas pisaram houve colaboracionismo, mas também houve resistência.
Um símbolo do colaboracionismo com os nazistas foi Vidkun Quisling, nazista da
Noruega que organizou o plano de invasão de seu próprio país com os alemães.
Símbolos de resistência contra os nazistas foram, por exemplo, os guerrilheiros
(partisans) da Bielorrússia (conhecida atualmente como Belarus) que organizaram forças
nas florestas de seu país e atuaram por anos sabotando os nazistas.
Fases da Segunda Guerra Mundial
A Segunda Guerra Mundial pode ser dividida em três fases para melhor
entendimento dos acontecimentos do conflito, a saber:
• Supremacia do Eixo (1939-1941): nessa fase, tornaram-se notórios o uso
da blitzkrieg e a conquista de diversos locais pelas tropas da Alemanha.
Além disso, na Ásia, os japoneses conquistaram uma série de territórios
dominados por britânicos, franceses e holandeses.
• Equilíbrio de forças (1942-1943): nessa fase, os Aliados conseguiram
recuperar-se na guerra, tanto na Ásia quanto na Europa, e equilibraram
forças com os alemães. Essa fase ficou marcada pela indefinição de quem
ganharia o conflito.
• Derrota do Eixo (1944-1945): nessa fase, o Eixo estava em decadência. A
Itália foi invadida; Mussolini, deposto; os alemães e japoneses passaram a
ser derrotados sucessivamente e ambos os países entraram em colapso.
A guerra, conforme mencionado, foi iniciada quando os alemães invadiram a Polônia em
1º de setembro de 1939. A partir desse momento, os alemães iniciaram a utilização de
uma tática que se destacou no conflito: a blitzkrieg. Essa palavra em alemão significa
“guerra-relâmpago” e consistia, basicamente, em uma tática em que artilharia e
infantaria faziam ataques coordenados contra as linhas adversárias com o objetivo de
abri-las. A partir da abertura das linhas, a infantaria e os blindados faziam rápidas
movimentações no território para penetrar na brecha que foi aberta. Entre 1939 e 1941, os
alemães conquistaram a Polônia, Dinamarca, Noruega, Holanda, Bélgia, França,
Iugoslávia e Grécia. Nesse período, as conquistas aconteciam em uma velocidade
assombrosa, com as forças alemãs passando a dominar grande parte do continente
europeu.
288
Em 1941, a Alemanha parecia invencível, e os alemães organizaram o seu plano mais
ousado em toda a guerra: a Operação Barbarossa. Essa operação consistia em
coordenar a invasão do grande adversário dos alemães na Europa: o bolchevismo
soviético. Até esse momento, ambas as nações estavam em paz, pois, em 1939, haviam
assinado um pacto de não agressão, em que concordavam em não lutar entre si durante
um período de 10 anos.
A invasão da União Soviética aconteceu em 22 de junho de 1941, e o plano dos alemães
era conquistar o país em oito semanas. O fracasso dos alemães nesse sentido destruiu
toda e qualquer possibilidade de o fazerem em longo prazo, pois a Alemanha não tinha
recursos e nem dinheiro para uma guerra de longa duração contra os soviéticos.
Os alemães tinham três objetivos: Moscou, Leningrado e Stalingrado. A capital soviética
quase foi conquistada (Moscou) porque os alemães chegaram a poucos quilômetros dela,
mas falharam. Leningrado foi cercada pelos alemães durante 900 dias e deixada para
morrer de fome – os relatos sobre a fome na cidade mostram o desespero da população
diante da falta de alimento.
O ponto-chave da Segunda Guerra Mundial aconteceu em uma cidade do sul da União
Soviética (sul da atual Rússia) que fica às portas do Cáucaso e à beira do rio
Volga: Stalingrado. A conquista dessa cidade era crucial para os alemães garantirem o
controle sobre os poços de petróleo do Cáucaso, além de ser simbólico conquistar a
cidade que levava o nome do líder da União Soviética, Josef Stalin.
A luta em Stalingrado foi duríssima e estendeu-se de julho de 1942 até 1943. Antes de
Stalingrado os alemães haviam conquistado vastos territórios da União Soviética (os
alemães tinham conquistado os Países Bálticos, Ucrânia, Bielorrússia etc). Em
Stalingrado, os alemães sofreram a derrota que iniciou a virada dos Aliados.
A batalha por Stalingrado resultou na morte de 1 a 2 milhões de pessoas, e a descrição
dessa batalha define-a como um inferno. A cidade foi arrasada, e os alemães estiveram
bem perto de conquistá-la, mas a resistência dos soviéticos garantiu a derrota dos
alemães. Durante essa batalha, diariamente, milhares de soldados e de munição eram
enviados para as tropas soviéticas. A derrota dos alemães veio logo após a Operação
Urano.
As tropas alemãs foram empurradas para fora da cidade e, sem autorização para recuar,
foram cercadas pelos soviéticos. Nesse momento, o exército, a indústria e a economia
alemã iniciaram seu colapso. Começava a recuperação dos Aliados na luta contra os
alemães. Outra batalha importante que selou o destino dos alemães na União Soviética
foi a batalha travada em Kursk, em 1943.
Nesse ano também (1943), britânicos e americanos ampliaram seus esforços na luta
contra os alemães. A partir dos esforços dos Estados Unidos e da Inglaterra, as tropas
alemãs foram expulsas do norte do continente africano. Depois, os Aliados debateram a
respeito das possibilidades de um ataque contra os alemães na Normandia. Esse plano,
no entanto, foi adiado, e americanos e britânicos optaram por invadir a Sicília.
289
Com o desembarque de tropas aliadas na Sicília, iniciou-se a reconquista da Itália, e os
alemães foram obrigados a reforçar as defesas no norte italiano.
Foi na frente de batalha travada na Itália, inclusive, que as tropas brasileiras lutaram entre
1944 e 1945. A partir de 1944, a situação da Alemanha na guerra era caótica, e mais
derrotas ocorreram.
Em junho de 1944, britânicos e americanos lideraram no dia 6 o desembarque de tropas
conhecido como Dia D. Essa operação fazia parte dos planos de reconquista da França
(ocupada pelos alemães desde 1940). No Dia D, foram mobilizados cerca de 150 mil
soldados, que desembarcaram em cinco praias da Normandia: os codinomes das praias
eram Utah, Juno, Sword, Gold e Omaha.

No mapa, podemos identificar as cinco praias designadas para o desembarque das


tropas dos Aliados.
Na virada de 1944 para 1945, a situação da Alemanha era desesperadora. Nos primeiros
meses de 1945, os alemães acumularam grande parte de suas perdas em toda a
Segunda Guerra Mundial. Na virada do ano, foi travada a última ofensiva dos alemães
na Batalha das Ardenas, que tinha como objetivo recuperar territórios na França e
Bélgica. A campanha foi um fracasso e serviu para enfraquecer as tropas alemãs que
ainda resistiam no front oriental.

Uma consequência direta da derrota nas Ardenas foi a perda de territórios na Polônia,
quando os soviéticos conseguiram avançar do rio Vístula para o rio Oder e ficar à beira da
fronteira com a Alemanha. Além disso, os soviéticos avançaram pelo Leste Europeu
conquistando locais como Budapeste (Hungria) e a Iugoslávia.

290
Segunda Guerra Mundial na Ásia

O conflito na Ásia ficou marcado pela luta travada entre japoneses e americanos no que
também ficou conhecido como Guerra do Pacífico. Ao longo da década de 1930, o Japão
também manifestou intenções expansionistas baseado em um forte militarismo. O
resultado direto disso foi a Segunda Guerra Sino-Japonesa, conflito iniciado em 1937 que
se fundiu com a Segunda Guerra Mundial e, portanto, só teve fim em 1945.
Antes mesmo do início da Segunda Guerra Mundial, os japoneses haviam participado de
uma batalha contra os soviéticos entre junho e agosto de 1939. A Batalha de Khalkhin
Gol, como ficou conhecida, foi travada basicamente por disputas territoriais existentes
entre japoneses e mongóis (apoiados pelos soviéticos).
Os japoneses foram derrotados nessa batalha, o que foi fundamental para o caminho que
os japoneses tomaram em seguida. Com a derrota nessa batalha, os japoneses passaram
a priorizar levar a guerra para o sul da Ásia, ou seja, para as colônias europeias que
ficavam no sudeste asiático, e contra os Estados Unidos.
Em 1937, foi iniciada a guerra do Japão contra a China. Em 1940, os japoneses invadiram
a Indochina Francesa e, em 1941, além de atacarem os americanos em Pearl Harbor,
invadiram uma série de colônias britânicas e a colônia holandesa.
O ataque a Pearl Harbor é entendido como marco da Guerra no Pacífico e aconteceu em
dezembro de 1941. Por causa desse ataque, os americanos declararam guerra contra o
Japão e iniciaram a sua luta contra o exército e marinha japoneses. Alguns momentos
marcantes da luta travada no Pacífico foram as batalhas de Midway (vista como a virada
dos americanos na luta contra os japoneses), Guadalcanal e Tarawa, que aconteceram
entre 1942 e 1943.
291
De 1944 em diante a situação do Japão era similar à da Alemanha: o país estava em
ruínas, mas seguia resistindo. No ano final da guerra, batalhas cruciais foram travadas
em Iwo Jima, Okinawa e nas Filipinas, sendo as duas primeiras ilhas pertencentes ao
território japonês. Nessas batalhas ficou evidente que a resistência promovida pelos
japoneses seria realizada até a morte.
Os soldados japoneses, de fato, lutaram até a morte – pouquíssimos renderam-se aos
americanos. Além da doutrinação imposta aos soldados, a rendição na cultura japonesa
era vista de forma vergonhosa, sendo assim, os soldados lutavam até ser mortos ou, em
casos extremos, cometiam o seppuku – um ritual de suicídio no qual uma adaga é enfiada
nas entranhas.
Após a rendição dos nazistas, os Aliados exigiram na Declaração de Potsdam, em julho
de 1945, a rendição incondicional dos japoneses; caso contrário, eles enfrentariam a sua
própria destruição. Os japoneses não aceitaram se render e, em represália a isso, os
americanos organizaram os ataques a Hiroshima e Nagasaki com bombas atômicas.
Bombas atômicas
Existe um debate intenso entre os historiadores a respeito da questão ética por trás do
lançamento dessas bombas sobre o Japão. Existem aqueles que defendem a hipótese de
que o lançamento foi apenas uma demonstração de força dos americanos e totalmente
desnecessário, tendo em vista a situação em que o Japão estava naquele momento.
Por outro lado, existem aqueles que afirmam que o lançamento foi justificado dentro
daquele cenário porque o Japão negava-se a se render, e a invasão da ilha principal do
Japão custaria a vida de milhares de soldados americanos. Além disso, dentro do cenário
de resistência dos japoneses até a morte, os americanos não sabiam até quando o
conflito se estenderia. Assim, o lançamento seria justificado como ferramenta para forçar
o fim da guerra.
Argumentos à parte, o lançamento das bombas atômicas foi um dos capítulos mais tristes
da história mundial. Os relatos narram toda a destruição e o horror que se espalharam em
6 e 9 de agosto de 1945. Após o lançamento da segunda bomba, os japoneses renderam-
se incondicionalmente aos americanos.
Fim da Segunda Guerra Mundial
A batalha final no cenário de guerra europeu foi travada em Berlim, capital alemã, onde foi
organizada a resistência final dos nazistas em uma situação tão desesperadora que havia
tropas compostas por velhos e crianças. O ataque a Berlim foi realizado apenas pelos
soviéticos e, logo após as tropas do Exército Vermelho entrarem
no Reichstag (Parlamento alemão), Hitler e sua esposa (Eva Braun) cometeram suicídio.
O comando da Alemanha foi transmitido para Karl Dönitz, e os alemães renderam-se
oficialmente no dia 8 de maio de 1945.
No cenário asiático, a guerra teve fim oficialmente no dia 2 de setembro de 1945, quando
os japoneses assinaram sua rendição incondicional aos americanos.
292
A rendição japonesa foi resultado direto do lançamento das bombas atômicas sobre
Hiroshima, em 6 de agosto, e Nagasaki, em 9 de agosto.
Consequências
Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo passou por intensas e radicais
transformações. Logo após a guerra já estava predefinido o cenário que caracterizaria o
mundo pelas décadas seguintes: o da bipolarização do período da Guerra Fria. O Leste
Europeu foi ocupado pelas tropas do Exército Vermelho, e toda essa região ficou sob a
influência do comunismo soviético.
As potências dos Aliados reuniram-se em 1945 e debateram a respeito das mudanças
territoriais que aconteceriam no mapa europeu. Assim, a Alemanha, por exemplo, perdeu
territórios para os soviéticos (a chamada Prússia Oriental passou a ser da União Soviética
e atualmente é conhecida como Oblast de Kaliningrado e fica na atual Rússia). Vale
mencionar também que a Alemanha foi ocupada por tropas britânicas, americanas,
francesas e soviéticas.
Após a Segunda Guerra, foram criados tribunais que julgaram os crimes de
guerra cometidos por alemães e japoneses. Pessoas que estiveram diretamente
envolvidas com o Holocausto e com os massacres cometidos pelo Japão na Ásia foram
julgadas no Tribunal Militar Internacional de Nuremberg e no Tribunal Internacional para o
Extremo Oriente.
Mapa Mental:

293
Vídeos aulas:
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Segunda Guerra Mundial
https://youtu.be/xN1y-uaW7gI
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Segunda Guerra Mundial
https://youtu.be/4hEDjSdszSU
Canal: "Se liga nessa história" | Vídeo aula: Segunda Guerra Mundial
https://youtu.be/_LW3qj7xzpg
Canal: "Stoodi" | Vídeo aula: Segunda Guerra Mundial
https://youtu.be/__S7-FzRQII

Exercícios
1. (ENEM 2008) Em discurso proferido em 17 de março de 1939, o primeiroministro inglês
à época, Neville Chamberlain, sustentou sua posição política: ―Não necessito defender
minhas visitas à Alemanha no outono passado, que alternativa existia? Nada do que
pudéssemos ter feito, nada do que a França pudesse ter feito, ou mesmo a Rússia, teria
salvado a Tchecoslováquia da destruição. Mas eu também tinha outro propósito ao ir até
Munique. Era o de prosseguir com a política por vezes chamada de ‗apaziguamento
europeu‘, e Hitler repetiu o que já havia dito, ou seja, que os Sudetos, região de
população alemã na Tchecoslováquia, eram a sua última ambição territorial na Europa, e
que não queria incluir na Alemanha outros povos que não os alemães.
ǁ Internet: (com adaptações).
Sabendo-se que o compromisso assumido por Hitler em 1938, mencionado no texto
acima, foi rompido pelo líder alemão em 1939, infere-se que
a) Hitler ambicionava o controle de mais territórios na Europa além da região dos
Sudetos.
b) a aliança entre a Inglaterra, a França e a Rússia poderia ter salvado a Tchecoslováquia.
c) o rompimento desse compromisso inspirou a política de ‗apaziguamento europeu‘.
d) a política de Chamberlain de apaziguar o líder alemão era contrária à posição
assumida pelas potências aliadas.
e) a forma que Chamberlain escolheu para lidar com o problema dos Sudetos deu origem
à destruição da Tchecoslováquia.

2. (Enem 2009) A primeira metade do século XX foi marcada por conflitos e processos
que a inscreveram como um dos mais violentos períodos da história humana. Entre os
principais fatores que estiveram na origem dos conflitos ocorridos durante a primeira
metade do século XX estão
a) a crise do colonialismo, a ascensão do nacionalismo e do totalitarismo.
b) o enfraquecimento do império britânico, a Grande Depressão e a corrida nuclear.
294
c) o declínio britânico, o fracasso da Liga das Nações e a Revolução Cubana.
d) a corrida armamentista, o terceiro-mundismo e o expansionismo soviético.
e) a Revolução Bolchevique, o imperialismo e a unificação da Alemanha.

3. (Enem 2012) Com sua entrada no universo dos gibis, o Capitão chegaria para
apaziguar a agonia, o autoritarismo militar e combater a tirania. Claro que, em tempos de
guerra, um gibi de um herói com uma bandeira americana no peito aplicando um sopapo
no Furer só poderia ganhar destaque, e o sucesso não demoraria muito a chegar.
COSTA, C. Capitão América, o primeiro vingador: crítica.

Disponível em: www.revistastart.com.br. Acesso em: 27 jan. 2012 (adaptado).


A capa da primeira edição norte-americana da revista do Capitão América demonstra sua
associação com a participação dos Estados Unidos na luta contra
a) a Tríplice Aliança, na Primeira Guerra Mundial.
b) os regimes totalitários, na Segunda Guerra Mundial.
c) o poder soviético, durante a Guerra Fria.
d) o movimento comunista, na Segunda Guerra do Vietnã.
e) o terrorismo internacional, após 11 de setembro de 2001.

295
4. (Fei) Não pode ser considerado um fator que propiciou a eclosão da Segunda Guerra
Mundial:
a) A ascensão de regimes totalitários na Itália e na Alemanha nos anos 20 e 30.
b) Os efeitos da crise de 29 na economia européia.
c) As cláusulas punitivas do Tratado de Versalhes, imposto à Alemanha ao final da
Primeira Guerra Mundial.
d) A vitória dos republicanos na Guerra Civil Espanhola barrando o avanço do fascismo na
Espanha.
e) A união entre a Áustria e a Alemanha empreendida por Hitler.

Respostas:
1) A
2) A
3) B
4) D

Fontes/Créditos:
https://mundoedu.com.br/uploads/pdf/5432d28b90370.pdf
https://www.suapesquisa.com/segundaguerra/
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/aliancas-segunda-guerra.htm
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/segunda-guerra-mundial.htm
Mais exercícios sobre "Segunda Guerra Mundial":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/segunda-guerra-mundial/

296
Guerra Fria
Introdução
A Guerra Fria, que teve seu início logo após a Segunda Guerra Mundial (1945) e a
extinção da União Soviética (1991), é a designação atribuída ao período histórico de
disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a União Soviética,
disputando a hegemonia política, econômica e militar no mundo.

Causas
A União Soviética buscava implantar o socialismo em outros países para que pudessem
expandir a igualdade social, baseado na economia planificada, partido único (Partido
Comunista), igualdade social e falta de democracia. Enquanto os Estados Unidos, a outra
potência mundial, defendia a expansão do sistema capitalista, baseado na economia de
mercado, sistema democrático e propriedade privada.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o contraste entre o capitalismo e socialismo era
predominante entre a política, ideologia e sistemas militares. Apesar da rivalidade e
tentativa de influenciar outros países, os Estados Unidos não conflitou a União Soviética
(e vice-versa) com armamentos, pois os dois países tinham em posse grande quantidade
de armamento nuclear, e um conflito armado direto significaria o fim dos dois países e,
possivelmente, da vida em nosso planeta. Porém ambos acabaram alimentando conflitos
em outros países como, por exemplo, na Coreia e no Vietnã
Com o objetivo de reforçar o capitalismo, o presidente dos Estados Unidos, Harry Truman,
lança o Plano Marshal, que era um oferecimento de empréstimos com juros baixos e
investimentos para que os países arrasados na Segunda Guerra Mundial pudessem se
recuperar economicamente.
297
A partir desta estratégia a União Soviética criou, em 1949, o Comecon, que era uma
espécie de contestação ao Plano Marshall que impedia seus aliados socialistas de se
interessar ao favorecimento proposto pelo então inimigo político.
A Alemanha por sua vez, aderiu o Plano Marshall para se restabelecer, o que fez com
que a União Soviética bloqueasse todas as rotas terrestres que davam acesso a Berlim.
Desta forma, a Alemanha, apoiada pelos Estados Unidos, abastecia sua parte de Berlim
por vias aéreas provocando maior insatisfação soviética e o que provocou a divisão da
Alemanha em Alemanha Oriental e Alemanha Ocidental.
Em 1949, os Estados Unidos juntamente com seus aliados criam a Otan (Organização
do Tratado do Atlântico Norte) que tinha como objetivo manter alianças militares para
que estes pudessem se proteger em casos de ataque. Em contra partida, a União
Soviética assina com seus aliados o Pacto de Varsóvia que também tinha como objetivo
a união das forças militares de toda a Europa Oriental.
Entre os aliados da Otan destacam-se: Estados Unidos, Canadá, Grécia, Bélgica, Itália,
França, Alemanha Ocidental, Holanda, Áustria, Dinamarca, Inglaterra, Suécia, Espanha. E
os aliados do Pacto de Varsóvia destacam-se: União Soviética, Polônia, Cuba, Alemanha
Oriental, China, Coreia do Norte, Iugoslávia, Tchecoslováquia, Albânia, Romênia.

Origem do nome
É chamada "fria" porque não houve uma guerra direta entre as superpotências,
dada a inviabilidade da vitória em uma batalha nuclear.

Envolvimentos Indiretos
Guerra da Coreia : Entre os anos de 1951 e 1953 a Coreia foi palco de um conflito
armado de grandes proporções. Após a Revolução Maoista ocorrida na China, a Coreia
sofre pressões para adotar o sistema socialista em todo seu território. A região sul da
Coreia resiste e, com o apoio militar dos Estados Unidos, defende seus interesses. A
guerra dura dois anos e termina, em 1953, com a divisão da Coreia no paralelo 38. A
Coreia do Norte ficou sob influência soviética e com um sistema socialista, enquanto a
Coreia do Sul manteve o sistema capitalista.
Guerra do Vietnã : Este conflito ocorreu entre 1959 e 1975 e contou com a intervenção
direta dos EUA e URSS. Os soldados norte-americanos, apesar de todo aparato
tecnológico, tiveram dificuldades em enfrentar os soldados vietcongues (apoiados pelos
soviéticos) nas florestas tropicais do país. Milhares de pessoas, entre civis e militares
morreram nos combates. Os EUA saíram derrotados e tiveram que abandonar o território
vietnamita de forma vergonhosa em 1975. O Vietnã passou a ser socialista.

Fim da Guerra Fria


A falta de democracia, o atraso econômico e a crise nas repúblicas soviéticas acabaram
por acelerar a crise do socialismo no final da década de 1980. Em 1989 cai o Muro de
Berlim e as duas Alemanhas são reunificadas.
298
No começo da década de 1990, o então presidente da União Soviética Gorbachev
começou a acelerar o fim do socialismo naquele país e nos aliados. Com reformas
econômicas, acordos com os EUA e mudanças políticas, o sistema foi se enfraquecendo.
Era o fim de um período de embates políticos, ideológicos e militares. O capitalismo
vitorioso, aos poucos, iria sendo implantado nos países socialistas. Em 1991 a União
Soviética chegava ao seu fim.
Mapa Mental:

Vídeos aulas:
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Guerra Fria
https://www.youtube.com/playlist?list=PLeCukjmqL07ED1G6LlvShl2qpDDk3CEnG
Canal: "Me salva" | Vídeo aula: Guerra Fria
https://youtu.be/Y6gEgUJMmIk
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Guerra Fria
https://youtu.be/x6T_AsE8Rts
Canal: "Se liga nessa história" | Vídeo aula: Guerra Fria
https://youtu.be/HRb2OnO5EUw
Canal: "Hexag Medicina" | Vídeo aula: Guerra Fria
https://youtu.be/Fnv1Bo8Ozp0
299
Exercícios
1. (ENEM 2009) Do ponto de vista geopolítico, a Guerra Fria dividiu a Europa em dois
blocos. Essa divisão propiciou a formação de alianças antagônicas de caráter militar,
como a OTAN, que aglutinava os países do bloco ocidental, e o Pacto de Varsóvia, que
concentrava os do bloco oriental. É importante destacar que, na formação da OTAN,
estão presentes, além dos países do oeste europeu, os EUA e o Canadá. Essa divisão
histórica atingiu igualmente os âmbitos político e econômico que se refletia pela opção
entre os modelos capitalista e socialista.
Essa divisão europeia ficou conhecida como
a) Cortina de Ferro.
b) Muro de Berlim.
c) União Europeia.
d) Convenção de Ramsar.
e) Conferência de Estocolmo

2. (ENEM 99) Os 45 anos que vão do lançamento das bombas atômicas até o fim da
União Soviética, não foram um período homogêneo único na história do mundo. (...)
dividem-se em duas metades, tendo como divisor de águas o início da década de 70.
Apesar disso, a história deste período foi reunida sob um padrão único pela situação
internacional peculiar que o dominou até a queda da URSS.
(HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos. São Paulo: Cia das Letras,1996)
O período citado no texto e conhecido por ― Guerra Fria‖ pode ser definido como aquele
momento histórico em que houve
a) corrida armamentista entre as potências imperialistas européias ocasionando a
Primeira Guerra Mundial.
b) domínio dos países socialistas do Sul do globo pelos países capitalistas do Norte.
c) choque ideológico entre a Alemanha Nazista / União Soviética Stalinista, durante os
anos 30.
d) disputa pela supremacia da economia mundial entre o Ocidente e as potências
orientais, como a China e o Japão.
e) constante confronto das duas superpotências que emergiram da Segunda Guerra
Mundial.

300
3. (ENEM 2004) Em conflitos regionais e na guerra entre nações tem sido observada a
ocorrência de sequestros, execuções sumárias, torturas e outras violações de direitos. Em
10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou a Declaração
Universal dos Direitos do Homem, que, em seu artigo 5º, afirma: Ninguém será submetido
a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Assim, entre
nações que assinaram essa Declaração, é coerente esperar que
a) a Constituição de cada país deva se sobrepor aos Direitos Universais do Homem,
apenas enquanto houver conflito.
b) a soberania dos Estados esteja em conformidade com os Direitos Universais do
Homem, até mesmo em situações de conflito.
c) a violação dos direitos humanos por uma nação autorize a mesma violação pela nação
adversária.
d) sejam estabelecidos limites de tolerância, para além dos quais a violação aos direitos
humanos seria permitida.
e) a autodefesa nacional legitime a supressão dos Direitos Universais do Homem.

4. (ENEM 2003) Segundo Samuel Huntington (autor do livro, O choque das civilizações e
a recomposição da ordem mundial), o mundo está dividido em nove ―civilizações‖
conforme o mapa abaixo. Na opinião do autor, o ideal seria que cada civilização principal
tivesse pelo menos um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Sabendo-se que apenas EUA, China, Rússia, França e Inglaterra são membros
permanentes do Conselho deSegurança, e analisando o mapa acima pode-se concluir
que
a) atualmente apenas três civilizações possuem membros permanentes no Conselho de
Segurança.
b) o poder no Conselho de Segurança está concentrado em torno de apenas dois terços
das civilizações citadas pelo autor.
301
c) o poder no Conselho de Segurança está desequilibrado, porque seus membros
pertencem apenas à civilização Ocidental.
d) existe uma concentração de poder, já que apenas um continente está representado no
Conselho de Segurança.
e) o poder está diluído entre as civilizações, de forma que apenas a África não possui
representante no Conselho de Segurança.

Respostas:
1) A
2) E
3) B
4) A

Fontes/Créditos:
https://www.mundoedu.com.br/uploads/pdf/5470b41fe77f5.pdf
https://descomplica.com.br/blog/geografia/mapa-mental-guerra-fria/
https://www.sohistoria.com.br/ef2/guerrafria/
Mais exercícios sobre "Guerra Fria":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/guerra-fria/?page=3

302
História do Brasil
Expansão mercantil europeia
Introdução
Durante a Baixa Idade Média (séculos X ao XV), as relações comerciais eram
estabelecidas apenas entre o sudoeste da Ásia, o norte da África e a Europa, ficando
assim o mercado limitado a essas regiões.
Com as grandes navegações a partir do século XV, com a circunavegação da África feita
pelos portugueses, a descoberta do caminho marítimo para as Índias por Vasco da Gama,
a descoberta da América por Colombo.
O ciclo se completa com a volta ao mundo de Fernão de Magalhães (veja no mapa).
Assim, aumentaram-se as regiões produtoras e consumidoras, surgindo o mercado
mundial.

Mapa da expansão marítima europeia


O eixo naval saía assim do mar Mediterrâneo para os oceanos Atlântico e Índico. A
descoberta de novos continentes e o surgimento deste mercado mundial é que
denominamos de expansão marítima e comercial europeia.
Esta expansão marítima e comercial europeia dos séculos XV e XVI representou um dos
aspectos básicos da transição do feudalismo para o capitalismo nascente.

303
Causas que levaram à Expansão Marítima
• A procura de especiarias: a partir do século XI, as cidades de Gênova e Veneza
(norte da Itália) passaram a dominar o Mediterrâneo Oriental.
• Os mercadores italianos iam buscar nos portos de Alexandria e Constantinopla os
produtos orientais (especiarias, tecidos, perfumes, tapetes, pedras preciosas) e os
distribuíam no mercado europeu, cobrando altos preços e obtendo grandes lucros.
• A burguesia europeia passou a se interessar em quebrar o monopólio italiano sobre
o comércio no mar Mediterrâneo, mas, para isso, era necessário descobrir um novo
caminho para as Índias.
• A escassez de metais preciosos na Europa: a grande quantidade de moedas
usadas pelos países europeus para fazer o pagamento das importações resultou
numa escassez de metais preciosos e as minas europeias não conseguiam
atender à demanda.
• Era preciso encontrar novas minas fora do continente europeu.
• Aliança entre o rei e a burguesia: a burguesia e a monarquia aliadas buscam a
valorização do comércio e a centralização do poder. Esta aliança possibilitaria
derrotar a nobreza feudal.
• A burguesia fornecia à monarquia os capitais necessários para armar exércitos e
centralizar o poder. Os reis, por sua vez, deveriam promover o desenvolvimento do
comércio, atendendo aos interesses da burguesia.
• Busca de tecido e tapetes: para satisfazer os anseios consumidores da
burguesia.
• Busca de porcelana: pelo mesmo motivo acima.
• Sentimento de aventura: para se conhecer e ver regiões do mundo que nunca
ninguém tinha visto.
As Grandes Navegações só foram possíveis por causa dos avanços tecnológicos
do século XV. A única maneira de quebrar o monopólio comercial italiano era descobrir
um novo caminho marítimo para as Índias. No entanto, até o século XV, isto era
impossível, porque as técnicas de navegação eram muito rudimentares e não permitiam a
navegação em alto mar.
A partir do século XV, houve um grande avanço técnico na Europa Ocidental. O
desenvolvimento da cartografia, que possibilitou a elaboração de mapas mais
exatos combinados com os estudos de astronomia.
Outro fator importantíssimo foi o aperfeiçoamento das embarcações com o
surgimento da caravela com velas triangulares. Estas caravelas foram a chave para
as Grandes Navegações.
304
Os navegadores passaram a utilizar a bússola e o astrolábio que determinava a
latitude e a longitude. Todo esse progresso técnico-científico possibilitou que as
navegações a longa distância se transformassem em um empreendimento mais
seguro.
O Ciclo Português
O ciclo oriental ou português visava a contornar o litoral da África para chegar às Índias
(oriente). O grande impulso para os descobrimentos portugueses foi a criação do Centro
de Geografia e Náutica, localizado em Sagres (sul de Portugal), pelo Infante Dom
Henrique (“O Navegador”). O Estado financiava as pesquisas e reservava para si a
exclusividade das viagens. A tomada de Celta, em 1415, no norte da África, marcou o
início das conquistas de além-mar.
O Ciclo Espanhol
O ciclo ocidental ou espanhol objetivava chegar ao Oriente (Índias) viajando pelo ocidente
(“El Ocidente por el poniente”), segundo os planos do navegador Cristóvão Colombo,
natural da República de Gênova (Itália), que acreditava na esfericidade ou redondeza da
terra. Recebeu apoio dos “Reis Católicos” que governavam a Espanha: Fernão (rei de
Aragão) e Isabel (rainha de Castela). Suas caravelas eram: Santa Maria (nau capitânia),
Pinta e Nina.
Mapa Mental:

305
Vídeos aulas:
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Expansão marítima europeia
https://youtu.be/h_hx9cai_y4
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Expansão marítima europeia
https://youtu.be/YI8EGs0r4rw
Canal: "Stoodi" | Vídeo aula: Expansão marítima europeia
https://youtu.be/CakNTGc7Ef0

Exercícios
1. (Fuvest) Os portugueses chegaram ao território, depois denominado Brasil, em 1500,
mas a administração da terra só foi organizada em 1549. Isso ocorreu porque, até então,
a) os índios ferozes trucidavam os portugueses que se aventurassem a desembarcar no
litoral, impedindo assim a criação de núcleos de povoamento.
b) a Espanha, com base no Tratado de Tordesilhas, impedia a presença portuguesa nas
Américas, policiando a costa com expedições bélicas.
c) as forças e atenções dos portugueses convergiam para o Oriente, onde vitórias
militares garantiam relações comerciais lucrativas.
d) os franceses, aliados dos espanhóis, controlavam as tribos indígenas ao longo do litoral
bem como as feitorias da costa sul-atlântica.
e) a população de Portugal era pouco numerosa, impossibilitando o recrutamento de
funcionários administrativos.

2. (Ufpi) O período da nossa história conhecido como Pré-colonizador pode ser


caracterizado pelos seguintes pontos:
I. A descoberta de metais preciosos, particularmente, prata e diamantes na região
amazônica.
II. A montagem de estabelecimentos provisórios, conhecidos como feitorias, onde eram
feitas trocas comerciais entre os navegantes portugueses e os povos indígenas do Brasil.
III. A criação das cidades de São Vicente e Desterro no litoral da América Portuguesa.
IV. A utilização da mão-de-obra indígena para a exploração de madeira, particularmente,
do pau-brasil.
Dentre as afirmativas anteriores estão corretas apenas:
a) I e II
b) II e III
c) II e IV
d) III e IV
306
e) I e IV

3. (Pucmg) Sobre o expansionismo ultramarino europeu, entre os séculos XV-XVII, é


correto afirmar que, EXCETO:
a) a tomada de Constantinopla pelos turcos e a segunda conquista de Ceuta pelos
portugueses são os marcos iniciais da expansão.
b) os descobrimentos e a colonização das terras do Novo Mundo constituíram-se num
desdobramento da expansão comercial.
c) o afluxo de metais preciosos das áreas coloniais, principalmente ouro e prata,
contribuiu para a superação da crise econômica europeia.
d) o deslocamento do eixo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico contribuiu para a
ampliação das fronteiras geográficas.
e) a consolidação dos Estados Nacionais e a absolutização dos regimes europeus têm
relação também com os efeitos das viagens ultramarinas.

4. (Pucpr) Em plena Idade Média (1139/1140) nasceu Portugal, originário do Condado


Portucalense. Enquanto o feudalismo era a marca política da Europa Ocidental, em
Portugal mostrava-se frágil: o pequeno reino nascia unificado. Sobre o tema e evolução
posterior, assinale a opção correta:
I - O Condado Portucalense transformou-se em Estado, tendo sua independência
proclamada por D. Afonso Henriques.
II - Nos finais do século XIV ocorreu uma crise dinástica: com a morte de D. Fernando
extinguiu-se a dinastia de Borgonha.
III - A Revolução de Avis levou ao trono D. João, Mestre de Avis, apoiado pela burguesia
de Lisboa e do Porto, além da adesão entusiástica da "arraia miúda".
IV - A dinastia de Avis repeliu a política de expansão marítima, fixando prioridades da
agricultura, meio de agradar à alta nobreza lusitana.
V - Devido à política da dinastia de Avis, a expansão marítima somente ocorreria com o
advento da dinastia de Bragança.
a) As opções I, II e III estão corretas.
b) Apenas a opção III está correta.
c) As opções II, III e IV estão corretas.
d) As opções III, IV e V estão corretas.
e) As opções II, IV e V estão corretas

307
Respostas:
1) C
2) C
3) A
4) A

Fontes/Créditos:
https://blogdoenem.com.br/expansao-maritima-e-comercial-europeia-historia-enem/
https://descomplica.com.br/blog/historia/mapa-mental-expansao-maritima/
Mais exercícios sobre "Expansão mercantil europeia":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/expansao-maritima/

308
Grandes Navegações
Introdução
Na medida em que os Estados modernos iam se consolidando, os reis e a burguesia
trataram de empreender novas atividades lucrativas, na busca de mercados e produtos
que pudessem solucionar os problemas internos.
As potências europeias se lançaram inicialmente à busca de rotas marítimas que
levassem às Índias (nome que se dava genericamente para a Ásia), onde obtinham
especiarias e mercadorias de luxo.
Nesse contexto, as potências europeias foram conquistando terras até então
desconhecidas, inicialmente a costa africana, e formaram verdadeiros impérios coloniais,
dominando boa parcela do mundo, e dividindo, através de tratados, as novas terras.
Nessa expansão comercial e marítima os europeus chegaram na América e iniciaram uma
longa história de exploração e devastação sobre nosso continente. Baseados nos
princípios mercantilistas da época, colonizaram e exploraram nosso continente em
benefício dos Estados Europeus.

Causas:
• Busca de novas rotas para Oriente (Índias) ;
• Monopólio comercial Italiano (Genova e Veneza);
• Rei Absolutista + Burguesia;
• Época do Mercantilismo;
• Época do Renascimento;
• Novas tecnologias; Igreja e a Busca de fiéis Espírito Cruzadista da nobreza;

309
Grandes Navegações
O processo de expansão marítima foi liderado pelos portugueses, que ao longo do século
XV buscaram fazer o contorno ao continente africano para chegarem às “índias”. Já os
espanhóis, através da viagem de Cristóvão Colombo, visavam fazer a volta ao mundo
para atingir o extremo oriente. Acompanhe no mapa abaixo algumas das principais
viagens.

Portugal e Espanha foram os precursores das Navegações e fizeram tratados


dividindo as áreas coloniais entre si. Os primeiros tratados foram:
1. Bula Intercoetera (1493) – Elaborada pelo papa Alexandre VI, criava uma linha
imaginária a 100 léguas para oeste das ilhas de Açores e Cabo Verde. A partir da
linha dividiam-se as colônias entre Portugal e Espanha. As colônias do Oeste
seriam espanholas e as do Leste caberiam a Portugal.
2. Tratado de Tordesilhas (1494) – O rei de Portugal, D.João II, considerou que seu
país fora prejudicado na primeira partilha, forçando a Espanha a fazer novo acordo.
O princípio básico era o mesmo do anterior, dividia-se o mundo colonial através de
uma linha imaginária, a linha de Tordesilhas, a qual ficaria a 370 léguas de Cabo
Verde. É nesse tratado que os portugueses recebem (mesmo que sem ter
explorado a região ainda) uma parcela do atual Brasil.

310
Mapa Mental:

311
Vídeos aulas:
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Grandes navegações
https://youtu.be/ptL_RrwmpNI
Canal: "Humanas em foco" | Vídeo aula: Grandes navegações
https://youtu.be/mtSIVG25rwU
Canal: "Hexag Medicina" | Vídeo aula: Grandes navegações
https://youtu.be/6u1L4V7zDps

Exercícios
1. (Pucmg) O expansionismo marítimo europeu, nos séculos XV-XVI, gerou uma
autêntica "Revolução Comercial", caracterizada por, EXCETO:
a) incorporação de áreas do continente americano e africano às rotas tradicionais do
comércio.
b) ascensão das potências mercantis atlânticas, como Portugal e Espanha.
c) afluxo de metais preciosos da América para o Oriente, resultante do escambo de
mercadorias.
d) deslocamento parcial do eixo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico.
e) perda do monopólio do comércio de especiarias por parte dos italianos.

2. (Uerj) O mundo conhecido pelos europeus no século XV abrangia apenas os territórios


ao redor do Mediterrâneo. Foram as navegações dos séculos XV e XVI que revelaram ao
Velho Mundo a existência de outros continentes e povos. Um dos objetos dos europeus,
ao entrarem em comunicação com esses povos, era a:
a) busca de metais preciosos, para satisfazer uma Europa em crise
b) procura de escravos, para atender à lavoura açucareira nos países ibéricos
c) ampliação de mercados consumidores, para desafogar o mercado saturado
d) expansão da fé cristã, para combater os infiéis convertidos ao protestantismo

3. (Ufpe) A chegada dos portugueses à Índia alarmava os venezianos que então


dominavam o comércio das especiarias, pelo Mediterrâneo. Com relação ao período
expansionista dos estados nacionais europeus, assinale a alternativa incorreta:
a) Os esforços da Escola de Sagres foram, em parte, responsáveis pela utilização do
astrolábio, entre outros instrumentos de navegação, e pelas viagens de expansão
ultramarina portuguesa.
b) A centralização do poder e a formação dos estados nacionais europeus têm uma
estreita relação com o desenvolvimento econômico comercial.

312
c) Os reis limitavam o poder da Igreja em seus territórios, pois atribuíam-se o direito de
investidura dos bispos, sem consultar o papa.
d) Os reis borgonheses conseguiram muito tarde a centralização política do reino devido
às lutas constantes contra os árabes.
e) A burguesia portuguesa desenvolveu suas atividades em cidades litorâneas em função
da pesca e depois do comércio entre o Mediterrâneo e o Mar do Norte.

4. (Unesp) A transição gradativa do Mundo Medieval para o Mundo Moderno dependeu


da conjugação de inúmeros fatores, europeus e extra-europeus, que ganharam
dimensões e características novas. A inserção do Mundo não-europeu no contexto do
colonialismo mercantilista, inaugurado pelos grandes descobrimentos, contribuiu para:
a) a aceitação, sem resistência, da tutela cultural que o europeu pretendeu exercer sobre
os povos da África e da Ásia.
b) acarretar profunda contenção na expansão civilizatória do Mundo PréColombiano.
c) o indígena demonstrar sua inadaptabilidade racial para o trabalho.
d) que o tráfico negreiro, operação comercial rentável, fosse determinado pela apatia e
preguiça do ameríndio.
e) a montagem de modelo político-administrativo caracterizado pela não intervenção do
Estado Absoluto na vida das colônias.

Respostas:
1) C
2) A
3) D
4) B

Fontes/Créditos:
https://mundoedu.com.br/uploads/pdf/534d5add7112d.pdf
https://jolygram.com/profile/studdycah/photo/1857607413001454202_7459245602
Mais exercícios sobre "Grandes navegações":
http://projetomedicina.com.br/site/attachments/article/648/historia_exercicios_idade
_moderna_grandes_navegacoes.pdf

313
Sistema Colonial
Introdução
Em 22 de abril de 1500, Pedro Álvares Cabral chegava ao Brasil com sua frota de
navios que tinha como destino a Ásia e essa data marca, na história tradicional, a
“descoberta” do Brasil.
Sabemos hoje que, na verdade, os portugueses já tinham conhecimento da existência do
Brasil desde pelo menos 1498, quando o navegador Duarte Pacheco teria passado por
nosso litoral, e que a chegada de Cabral ao nosso país não foi por acaso, mas fazia parte
de um projeto – sair de Portugal, averiguar as riquezas do Brasil e chegar as “índias” para
fazer comércio de especiarias.
Por outro lado, questionamos o termo “descobrimento”, uma vez que existem
possibilidade de chineses, vikings e até mesmo fenícios terem “descoberto” o Brasil antes.
Ainda assim, os indígenas não teriam sido os primeiros descobridores?
De qualquer maneira, a chegada de Cabral marcou o início de um processo colonizador e
exploratório sobre o país, no qual foram sistematicamente exterminados os nossos
indígenas, do ponto de vista cultural ou físico.
Período Pré-colonial (1500-1530)

Antes da chegada de Martim Afonso, o território colonial lusitano esteve sob ameaça de
outros exploradores
É evidente o interesse português na fundação de colônias e na exploração das mesmas
nessa época, uma vez que a política econômica deste estado estava orientada pelo
mercantilismo, alicerçado na busca de metais preciosos e na exploração colonial.
Acontece que no Brasil, de imediato, não foram encontrados produtos rentáveis para
Portugal, daí a pouca importância dada pelos portugueses ao Brasil nos primeiros anos,
até 1530.
Portugal era proprietário do Brasil, como previa o Tratado de Tordesilhas, porém
optou por não colonizá-lo, preferindo realizar o lucrativo comércio com as Índias.

314
Nesse período pré-colonial, a relação entre Brasil e Portugal deu-se, sobretudo através do
escambo e da fundação de feitorias. Um dos
produtos mais atrativos no Brasil era o pau-brasil,
árvore de cujo tronco extraísse uma tintura
avermelhada (brasil), muito aproveitada na pintura
de tecidos e que tinha um bom valor comercial na
Europa. Através do escambo, os portugueses
adquiriam as árvores de pau-brasil pra comerciar na
Europa. As feitorias tinham como importante função
servir de entreposto comercial, eram instaladas no
litoral e recebiam dos indígenas a tão esperada
madeira. Em contrapartida os portugueses davam
aos indígenas produtos europeus de baixo valor, tais como tecidos, canivetes, espelhos,
etc.
A Luta pelo Território Brasileiro
No período da chegada dos europeus à América, houve a
divisão do mundo entre Portugal e Espanha. O problema é que
não só estes dois países navegavam. Ao longo do século XVI,
ingleses, holandeses e franceses foram se lançando as
navegações e contestando esta partilha do Mundo.
“ONDE ESTÁ O TESTAMENTO DE ADÃO QUE DIZ QUE O
MUNDO PERTENCE A PORTUGAL E ESPANHA?” Rei
Francisco I, França

Ao longo do período pré-colonial o território brasileiro foi


ameaçado pelos invasores estrangeiros que procuravam fazer o escambo do pau-
brasil com os indígenas ou fundar feitorias. Entre 1516-19 e 1526-28, Cristóvão
Jacques esteve combatendo os piratas, em especial franceses, no litoral brasileiro. Em
1530, devido a uma série de ocorrências, a Coroa Portuguesa decidiu colonizar o
Brasil, estabelecendo em definitivo seu domínio sobre sua colônia.
1500 – Por que não colonizar?
• Comércio lucrativo com o Oriente (Índias);
• Falta de atrativos econômicos no Brasil (metais preciosos);
• Falta de recursos econômicos para Portugal sistematizar colonização;
1530 –Por que Colonizar?
• Declínio do comércio oriental;
• Pressão estrangeira pela posse da terra;
• Possibilidade do açúcar;

315
Colonização (a partir de 1530)
Em 1530, Portugal enviou a primeira expedição colonizadora do Brasil, chefiada por
Martim Afonso de Souza. A colonização do Brasil seria possível, sobretudo, devido à
exploração colonial do açúcar, especiaria das mais requisitadas e valiosas na Europa,
cuja qual os portugueses já tinham experiência produtiva (das ilhas portuguesas do
Atlântico). O solo brasileiro, juntamente com seu clima, era propício ao plantio em larga
escala da cana-de-açúcar.

Ao vir para o Brasil, Martim Afonso de Souza fez as seguintes realizações:


• Distribuiu Sesmarias;
• Trouxe as primeiras mudas de cana-de-açúcar;
• Fundou a Vila de São Vicente (1532);
Administração Colonial: As Capitanias Hereditárias
Não possuindo capitais suficientes para o empreendimento da colonização do Brasil, a
Coroa portuguesa viu como alternativa colonizadora viável a utilização do sistema de
Capitanias Hereditárias para colonizar seu território americano. Tal sistema de distribuição
de terras também já era utilizado por Portugal nas ilhas do Atlântico.

316
Desta forma, em 1534, D. João III dividiu a colônia em 15 faixas paralelas, doadas a
nobres portugueses que se chamariam Capitães Donatários.

Porém, apesar de ser um sistema possível para a administração colonial brasileira, as


capitanias hereditárias acabaram não obtendo o resultado esperado, ou seja, não
conseguiram colonizar e explorar satisfatoriamente o Brasil. Eis alguns dos motivos do
fracasso das Capitanias Hereditárias:
• Falta de comunicação entre capitanias;
• Ataques de piratas e de alguns grupos indígenas;
• Algumas capitanias sequer chegaram a ser colonizadas, por falta de recursos do
seu capitão Donatário.
Apesar do fracasso (ou malogro), o sistema de capitanias hereditárias perdurou até 1759
e conviveu com outras estruturas administrativas criadas pelo governo português, como
os governos-gerais. Diante do insucesso, muitas acabaram compradas pelo governo,
outras incorporadas por abandono.
ARRUDA, José Jobson, e PILETTI, Nelson. Toda a História. São Paulo: Editora Ática,
2000.

317
Os Governos-Gerais
Devido a falta de sucesso das Capitanias no processo de colonização o governo
português criou, pelo Regimento de 1548, o Governo-Geral.
O Governador-Geral tinha muitos poderes e muitas obrigações como: deveria neutraliza a
ameaça constante dos indígenas, combatendo-os ou fazendo alianças com eles,
combater os corsários, fundar povoações, construir navios e fortes, garantir o monopólio
real do pau-brasil, incentivar a expansão da cana-de-açúcar, procurar metais preciosos e
defender os colonos.
Tomé de Souza (1549-53)
• Fundou Salvador;
• Introduziu o gado bovino no Brasil;
• Incentivou a criação de engenhos;
• Trouxe o 1° bispo e 1° grupo de jesuítas;
• Organizou entradas para procura de metais preciosos;
• Introduziu a mão-deo-bra escrava africana no Brasil.
Duarte da Costa (1553-58)
• Fundou escolas com auxilio dos jesuítas;
• Inicia a Confederação dos Tamoio, revolta indígena contra os maus tratos e
escravização por parte dos portugueses;
• Ocorre a invasão francesa no Brasil que gerou a França Antártica no Rio de
Janeiro.
Mém de Sá (1558-72)
• Pacificação dos Tamoio, por ação dos jesuítas;
• Expulsão dos franceses do Rio de Janeiro, por Estácio de Sá;
• Fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro;
• Combate a escravidão indígena.
Ciclo da Cana-de-Açúcar
Junto com as capitanias hereditárias e seus donatários, começa o plantio de cana-de-
açúcar no Brasil. Os portugueses esperavam que ao introduzir o cultivo da cana,
conseguissem firmar a colonização, garantir a presença portuguesa e com
isso, impedir as invasões externas e ameaças estrangeiras.
Os holandeses desempenhavam papel importante no ciclo da cana no Brasil. Primeiro,
faziam empréstimos para que portugueses cultivassem a cana na América Espanhola.
Além disso, eram eles quem compravam a maior parte da matéria-prima, refinavam
e vendiam o açúcar.

318
Quando em meados do século XVII, foram expulsos do litoral do nordeste brasileiro e
depois de algumas tentativas frustradas de invadir o território brasileira, os holandeses
conquistam a região do Caribe.
É nesse momento que começam a plantar sua própria cana-de-açúcar e entre os anos
de 1680 e 1700 param de comprar a cana dos portugueses. Além disso, passam a
controlar o transporte e comércio do produto e dominam o mercado consumidor europeu,
iniciando a crise do ciclo da cana-de-açúcar no Brasil.
Com a descoberta do ouro no final do século XVII, a economia passou a se voltar para a
extração do minério, principalmente na região de Minas Gerais.
O Ciclo do Ouro
A partir do final do século XVII, a descoberta do ouro impulsionou a extração e
exportação dos minérios, tornando essa atividade a principal desta fase colonial no
país.

"O Ciclo do Ouro” de Rodolfo Amoedo

As primeiras grandes reservas de ouro do Brasil foram descobertas pelos


bandeirantes na região que hoje é Minas Gerais. Portugal passou décadas explorando
e canalizando esses recursos tão valiosos. A metrópole cobrava altos impostos em
cima da atividade, como o chamado “quinto”, taxa de 20% sob todo ouro retirado das
minas.

319
Desde a segunda metade do século XVIII, o ouro começou a ficar mais
escasso. Entretanto, Portugal não diminuiu os impostos sobre ele, já que o país havia
acabado de passar por um terremoto e precisava de recursos para se restabelecer. Ao
contrário, decretou a chamada “derrama”, imposto que obrigava cada região aurífera
(extratora de ouro) a recolher uma tonelada e meia de ouro por ano e entregá-lo para
Portugal.
Crise do Período Colonial
A crise do sistema colonial brasileiro aconteceu devido ao declínio da produção de
açúcar, da escassez do ouro e das aspirações de liberdade influenciadas pelas
emancipações de outras colônias pelo mundo.
Desde a chegada da Família Real no Brasil em 1808, muitas transformações
ocorreram. Uma das mais significativas foi a abertura dos portos por Dom João VI,
que acabou rompendo com o pacto colonial, ou seja, com a restrição do comércio
da metrópole com a colônia. Desenhavam-se assim as questões políticas e
econômicas que culminaram na Independência do Brasil.
Por volta de 1820, a população portuguesa, tomada por uma grave crise econômica,
pela insatisfação e não reconhecimento da autoridade inglesa, passa a pedir a volta
de Dom João VI para Portugal.
Esse movimento ficou conhecido como a Revolução Liberal do Porto e exigia
também uma constituição que garantisse o fim do absolutismo português e
a recolonização do Brasil, que a essas alturas já via o surgimento de forças pró-
independência em seu território.
Dom João VI acabou por ceder à pressão e volta para Portugal, deixando seu
filho Dom Pedro como regente no Brasil.
É nesse momento que o chamado Partido Brasileiro, composto por uma elite
latifundiária, ganha força e se alia a Dom Pedro para tentar a emancipação da
colônia. Esse partido surgiu como uma resposta às investidas portuguesas no sentido de
recolonizar o Brasil e fechar os portos.
Enquanto Portugal tentava a recolonização de seu território na América, o príncipe
regente no período, Dom Pedro, tomava decisões que cada vez mais desagradaram
a metrópole e davam andamento ao processo de emancipação. Algumas dessas
medidas foram a organização da Marinha Brasileira e a expulsão das tropas
portuguesas.
Em maio de 1822, cansado das pressões portuguesas, Dom Pedro cria o Tratado do
Cumpra-se, que determinava que as decisões vindas de Portugal precisavam ser
admitidas por ele antes de entrarem em vigor.
Além disso, em junho do mesmo ano, Dom Pedro convoca uma Assembleia
Constituinte, fator determinante que levou à Independência do Brasil, uma vez que
significaria que o Brasil não mais estaria sob a regência da Constituição
portuguesa.
320
Dom Pedro estava em uma viagem quando recebeu uma carta de Portugal que queria
anular a Assembleia Constituinte e exigia seu retorno para Portugal mais uma vez. Foi
nesse momento, no dia 07 de setembro de 1822, que Dom Pedro proclamou
a Independência do Brasil.
Mapa Mental:

321
Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Sistema Colonial
Parte 1
https://youtu.be/QoSWUeL3fW0
Parte 2
https://youtu.be/oRLtfByWTnA
Canal: "Descomplica" | Vídeo aula: Sistema Colonial
https://youtu.be/V9LCaI0vxs4
Canal: "Se liga nessa história" | Vídeo aula: Sistema Colonial
Parte 1
https://youtu.be/sP2kl0irjBQ
Parte 2
https://youtu.be/FujdWn0da8E
Parte 3
https://youtu.be/Jc87AkLky3E

Exercícios
1. (Puccamp) Não, é nossa terra, a terra do índio. Isso que a gente quer mostrar pro
Brasil: gostamos muito do Brasil, amamos o Brasil, valorizamos as coisas do Brasil
porque o adubo do Brasil são os corpos dos nossos antepassados e todo o patrimônio
ecológico que existe por aqui foi protegido pelos povos indígenas. Quando Cabral chegou,
a gente o recebeu com sinceridade, com a verdade, e o pessoal achou que a gente era
inocente demais e aí fomos traídos: aquilo que era nosso, que a gente queria repartir,
passou a ser objeto de ambição. Do ponto de vista do colonizador, era tomar para
dominar a terra, dominar nossa cultura, anulando a gente como civilização. (Revista
"Caros Amigos". ano 4. no. 37. Abril/2000. p. 36).
Considere as afirmações adiante sobre o papel da Igreja no processo de colonização.
I. Várias ordens religiosas atuaram na catequização dos índios brasileiros: franciscanos,
carmelitas, beneditinos e, principalmente, jesuítas.
II. As ordens religiosas acumularam, gradativamente, um considerável patrimônio
econômico, para o qual a mão-de-obra indígena foi fundamental.
III. A expansão do catolicismo não contou com o apoio da Coroa Portuguesa, que
mantinha com a Igreja o regime de padroado.
IV. A Inquisição não chegou a atuar no Brasil Colônia, uma vez que o grande sincretismo
existente impedia o estabelecimento de dogmas.
São corretas SOMENTE
a) I e II
b) II e III
c) III e IV
322
d) I, II e IV
e) I, III e IV

2. (Fatec) O governo de Tomé de Souza foi marcado


a) por uma intensa luta contra os franceses, no Rio de Janeiro, e por conflitos com os
jesuítas, que se opunham à escravização dos índios.
b) pela fundação do Colégio de São Paulo de Pirati-ninga, em 1554.
c) pela criação do primeiro bispado do Brasil, tendo à frente o bispoD. Pero Fernandes
Sardinha.
d) pela grande habilidade política do governador, a qual acabou por deixá-lo no poder por
quase 15 anos.
e) pelo Armistício de Iperoig e pela vitória contra os franceses, que foram expulsos do Rio
de Janeiro em 1567.

3. (UCS) Sobre a colonização do Brasil por Portugal, é correto afirmar que


a) mesmo tendo a Metrópole se afastado dos princí-pios econômicos do sistema colonial,
os seus objetivos foram plenamente alcançados.
b) a montagem da empresa colonial obedecia aos princípios do mercantilismo e, nesse
sentido, Lisboa preocupou- se em incentivar, na Colônia, as atividades complementares à
economia metropolitana.
c) apesar de o Brasil ser uma colônia de exploração, os princípios mercantilistas não
foram aplicados aqui com rigor, o que possibilitou o desenvolvimento de atividades que
visavam ao crescimento da Colônia.
d) apesar de a colonização atender aos princípios mercantilistas, estes, em grande parte,
não foram respeitados, uma vez que a economia colonial se voltou mais para o comércio
interno.
e) a metrópole se interessava pelo desenvolvimento econômico da Colônia e, por isso,
preocupava-se em incentivar toda a atividade que explorasse os recursos que viessem a
beneficiar a terra.

4. (Enem) O açúcar e suas técnicas de produção foram levados à Europa pelos árabes no
século VIII, durante a Idade Média, mas foi principalmente a partir das Cruzadas (séculos
XI e XIII) que a sua procura foi aumentando. Nessa época passou a ser importado do
Oriente Médio e produzido em pequena escala no sul da Itália, mas continuou a ser um
produto de luxo, extremamente caro, chegando a figurar nos dotes de princesas
casadoiras. CAMPOS, R.
323
Grandeza do Brasil no tempo de Antonil (1681-1716). São Paulo: Atual, 1996.
Considerando o conceito do Antigo Sistema Colonial, o açúcar foi o produto escolhido por
Portugal para dar início à colonização brasileira, em virtude de
a) o lucro obtido com o seu comércio ser muito vantajoso.
b) os árabes serem aliados históricos dos portugueses.
c) a mão de obra necessária para o cultivo ser insuficiente.
d) as feitorias africanas facilitarem a comercialização desse produto.
e) os nativos da América dominarem uma técnica de cultivo semelhante.

Respostas:
1) A
2) C
3) B
4) A

Fontes/Créditos:
https://mundoedu.com.br/uploads/pdf/539b2e83c2927.pdf
https://brasilescola.uol.com.br/historiab/periodo-precolonial.htm
https://imagohistoria.blogspot.com/2018/04/mapa-mental-antigo-sistema-
colonial.html
https://querobolsa.com.br/enem/historia-brasil/brasil-colonia
Mais exercícios sobre "Sistema Colonial":
http://projetomedicina.com.br/site/attachments/article/675/historia_do_brasil_period
o_colonial_periodo_do_acucar.pdf

324
Invasões Estrangeiras
Invasões Francesas
No século 16, quando teve início a sua expansão marítima, a França vivia um período de
relativo equilíbrio político, depois de uma fase marcada por lutas internas no plano
religioso e social. O rei Francisco 1º exercia sua autoridade sem contestação. A economia
crescia, as artes e ciências progrediam, ainda refletindo as grandes mudanças
decorrentes do Renascimento italiano. Pouco tempo após a chegada dos primeiros
portugueses ao litoral brasileiro, os franceses já marcavam sua presença na região, desde
a foz do rio Amazonas ao Rio de Janeiro. Já em 1504 o navio Espoir (Esperança),
comandado pelo capitão Paulmier de Gonneville, alcançou o litoral brasileiro à altura de
Santa Catarina.
Esse tipo de expedição, empreendida tanto por armadores quanto por corsários, passou a
ficar tão frequente que, em 1526, veio de Portugal uma frota com objetivo específico de
patrulhar a costa e expulsar os franceses que navegavam naquela região. No comando
estava Cristóvão Jaques, que, dez anos antes, já havia percorrido o litoral brasileiro em
uma expedição guarda-costas. Dessa última vez a sua frota chegou a enfrentar naus
francesas, aprisionando tripulantes.
Contexto histórico das invasões francesas
As descobertas territoriais feitas por portugueses e espanhóis no final do século XV e
início do XVI e os lucros advindo da exploração colonial, deixaram outras nações
europeias interessadas neste empreendimento. Após o Tratado de Tordesilhas, que
dividiu as recém-descobertas terras entre espanhóis e portugueses, aumentou muito o
descontentamento dos países que ficaram de fora como, por exemplo, Holanda, França e
Inglaterra. Estes países começaram então investir na invasão das terras recém-
descobertas, entre elas as colônias portuguesas, principalmente o Brasil.
Embora tenha investido na colonização, principalmente através do estabelecimento
de um sistema administrativo (governo-geral) e da cultura da cana-de-açúcar,
Portugal teve dificuldades em proteger o extenso litoral brasileiro.
Os franceses no Brasil
Objetivos
• Os franceses tinham como objetivo principal fundar uma colônia em território
brasileiro para poder participar ativamente do lucrativo e novo mercado da
exploração colonial;
• Franceses protestantes queriam também fundar uma colônia no Brasil para
viverem longe da perseguição religiosa que sofriam na França.
O contrabando de pau-brasil
Já na época da exploração do pau-brasil, início do século XVI, os franceses fizeram várias
incursões no litoral brasileiro com o objetivo de fazer o contrabando desta madeira.
325
Invasões Francesas - Partida de Estácio de Sá (Benedito Calixto)
Mercadores e corsários
Em 1534, o capitão francês Jacques Cartier chegou ao estuário do rio São Lourenço, no
atual Canadá. Ali, os franceses se estabeleceram para construir uma colônia. Somente
bem mais tarde, já no século 17, é que ela se desenvolveria, mas o interesse francês na
América prosseguiu: corsários e mercadores das regiões francesas da Bretanha e da
Normandia continuaram a incluir o Brasil entre seus objetivos. Em termos econômicos, a
principal atração do território brasileiro era o pau-brasil, madeira de cor
avermelhada utilizada no tingimento de tecidos, já que na época a indústria têxtil na
França, bem como no restante da Europa, estava em pleno desenvolvimento.
A França Antártica
Em 1555, os franceses invadiram o Rio de Janeiro e construíram o forte Coligny
numa das ilhas da baía da Guanabara: estava assim fundada a França Antártica,
que teve cinco anos de vida. A colônia francesa foi desbaratada pelos portugueses, sob
o comando do terceiro governador-geral, Mem de Sá, em 1560. Mas o fim da França
Antártica não significou a expulsão definitiva dos franceses do litoral sul e sudeste
do Brasil. Corsários e comerciantes continuaram o tráfico de pau-brasil com a mesma
frequência, inclusive na própria região da baía da Guanabara. Mem de Sá enviou então
seu sobrinho Estácio de Sá para erguer uma fortaleza no local. Ela ficou pronta em 1565
e deu origem à cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mesmo assim, somente dois
anos depois é que os franceses seriam expulsos de vez da Guanabara.

326
França Equinocial
Os franceses passaram então a ocupar territórios mais ao norte e a nordeste do Brasil,
sempre buscando comerciar com os índios: peles, madeira, algodão, pimenta e outros
produtos, além de animais como macacos e papagaios. Em 1584 foram expulsos da
região que hoje corresponde ao estado da Paraíba, o mesmo ocorrendo a seguir em
Sergipe, Rio Grande do Norte e Ceará. Mas eles retornariam mais tarde, desta vez no
Maranhão, tendo à frente Daniel de la Touche. Ali, fundaram, em 1612, a atual capital do
estado, São Luís, e uma colônia que chamariam de França Equinocial. Dali seriam
expulsos três anos depois.
Piratas e intelectuais
Em 1616, perderiam seu último território no país, o Pará. Depois disso, instalaram-se ao
norte do continente sul-americano, na região que hoje é a Guiana. Durante o século 18,
corsários franceses ainda assolaram o Rio de Janeiro, invadido por duas vezes para
saque do ouro das Minas Gerais que o porto escoava. No século seguinte, após a
independência do Brasil, a França passou a exercer outro tipo de influência sobre o
país, desta vez no aspecto mais estritamente cultural, e que se estendeu ainda ao
longo do século 20. Por exemplo, vários professores franceses lecionaram no
departamento de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo,
que ajudaram a fundar.
Invasão Holandesa
Nove anos após a expulsão dos franceses, o território colonial brasileiro sofreu
uma invasão holandesa, em 1624. Os motivos que traziam os holandeses ao Brasil
eram muito diferentes. Para compreendê-los, é necessário fazer algumas considerações
sobre o período em que Portugal (União Ibérica) esteve sob o domínio espanhol, bem
como sobre as relações internacionais da Espanha.
União Ibérica - Sob domínio espanhol, colônia sofreu invasões estrangeiras
A passagem do século 16 ao 17, foi marcada por uma crescente dificuldade dos
portugueses em expandir ou manter sua empreitada colonial na América. A morte do rei
dom Sebastião na batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, abriu uma crise dinástica sem
precedentes em Portugal, uma vez que não havia deixado herdeiros. Seu tio-avô, o
cardeal dom Henrique assumiu o trono, como regente, mas apenas até 1580, quando sua
morte pôs fim à dinastia de Avis, estabelecida em 1385.
Com o trono português vazio e a urgência em se restabelecer o comando de um reino
detentor de vastas possessões em diversos continentes, alguns candidatos entraram em
cena na política sucessória. Entre eles, os mais fortes eram dona Catarina, duquesa de
Bragança, e Felipe 2º, rei da Espanha, que por ser neto de D. Manuel, o venturoso,
requeria o direito à sucessão portuguesa. Diante de um impasse nas negociações
diplomáticas, Felipe 2º recorreu à solução militar, promovendo a invasão de Portugal por
suas tropas.

327
Um rei com duas coroas
Em 1581, Felipe 2º tornou-se rei de duas coroas, delegando o governo de Portugal a um
vice-rei espanhol. No entanto, os portugueses procuraram resguardar certas prerrogativas
em relação às suas colônias, apresentando uma lista de exigências ao novo rei, o que
deu origem, em 1581, ao Juramento de Tomar.
Por meio deste documento, Felipe 2º assumia uma série de compromissos com o povo
português, entre os quais a manutenção da exclusividade de navios portugueses no
comércio colonial, a permanência de funcionários portugueses no plano administrativo; o
respeito às leis e aos costumes, bem como o compromisso da preservação da língua
portuguesa.
Além disso, a principal cláusula de compromisso reportava-se à colônia, vetando aos
espanhóis a possibilidade de intromissão nos negócios portugueses com suas
possessões de além-mar. Dessa forma, estabeleceu-se uma incorporação de Portugal
aos quadros da coroa espanhola, mas procurou-se preservar sua independência legal e
administrativa. Esta anexação no campo formal resguardou a relação de Portugal com o
Brasil, buscando manter a política do exclusivo colonial.
Os inimigos da Espanha
No entanto, no plano da política internacional, a posição de Portugal modificava-se
bastante. Para os inimigos da coroa espanhola, os ataques às possessões portuguesas
passaram a configurar ataques à política expansionista de Felipe 2º. No Brasil, portanto,
os reflexos da União Ibérica foram rapidamente sentidos, sobretudo pelos
sucessivos ataques sofridos ao longo de sua vasta costa litorânea, promovidos
pelos países inimigos da Espanha: Holanda, Inglaterra e França.
Em 1583, os franceses atacaram Santos e Rio de Janeiro, incitando os colonos a lutar
contra o domínio espanhol. A partir de 1594, passaram a investir contra o nordeste
brasileiro; em 1597, na Paraíba e no Rio Grande do Norte, e, em 1612, iniciaram, com o
apoio da Coroa francesa, a fundação da França Equinocial, uma tentativa de estabelecer
uma empresa colonial no Maranhão. Os ingleses, por sua vez, atacaram Salvador em
1587 e saquearam Santos em 1591.
Nova Holanda
Mas sem dúvida, foram os holandeses aqueles que tiveram maiores êxitos na tentativa de
impor uma ruptura no império colonial ibérico. Em 1630, estabelecem a ocupação de
Pernambuco e de vasto território do nordeste brasileiro, numa extensão que iam do atual
estado de Alagoas até o Maranhão, a que deram o nome de Nova Holanda.
A União Ibérica teve fim em 1640, quando D. João 4º ascendeu ao trono português,
dando início à dinastia de Bragança, que perduraria até 1910.

328
Espanha e Holanda
Portugal já havia estabelecido relações comerciais com os ricos negociantes holandeses,
que passaram a financiar a produção açucareira no Brasil e a controlar toda a sua
comercialização no mercado europeu. Por outro lado, no mesmo período, a Espanha
pretendia dominar todo o território dos Países Baixos, na qual a Holanda estava situada,
pois a circulação de mercadorias naquela região contribuía significativamente para
abastecer os cofres do tesouro espanhol.
Não obstante, em 1581, sete províncias do Norte dos Países Baixos, incluindo a Holanda,
criaram a República das Províncias Unidas e passaram a lutar por sua autonomia em
relação aos espanhóis. Ao incorporar Portugal, aproveitando-se do seu controle
sobre o Brasil, a Espanha planejou impedir que os holandeses continuassem a
comercializar o açúcar brasileiro. Era uma tentativa de sufocar economicamente a
Holanda e impedir sua independência.
As invasões holandesas
Os holandeses reagiram rapidamente, concentrando seus esforços no controle das
fontes dos produtos que negociavam. Surgiu assim, em 1602, a Companhia das
Índias Orientais. Essa empresa, de porte enorme, se apossou dos domínios
coloniais portugueses no Oriente. Em decorrência dos êxitos desse
empreendimento, os holandeses criaram, em 1621, a Companhia das Índias
Ocidentais. Esta ficou encarregada de recuperar o controle do açúcar brasileiro e
monopolizar o seu comércio nos mercados europeus.
Para controlar a produção e comercialização do açúcar era necessário ocupar e se
apoderar de partes do território colonial brasileiro onde ele era produzido. Desse modo,
contando com uma frota composta de 26 navios e 500 canhões, os holandeses
iniciaram sua primeira invasão do Brasil em 1624. Atacaram a cidade de Salvador,
na época o centro administrativo da colônia. Mas, um ano após terem chegado,
foram expulsos, sem grandes dificuldades.
Uma segunda tentativa de invasão se deu em 1630, dessa vez em Pernambuco. Os
holandeses conseguiram conquistar as vilas de Olinda e Recife. Houve combates,
mas os invasores holandeses resistiram e estabeleceram o controle de uma
extensa parte do litoral brasileiro que ia do Sergipe ao Maranhão. A Companhia das
Índias Ocidentais nomeou um governador para administrar o domínio recém
conquistado, que ficou conhecido como o Brasil-holandês.
Maurício de Nassau
Para o cargo de governador, foi nomeado o conde João Maurício de Nassau, que chegou
ao Recife em janeiro de 1637. No período em que governou o Brasil-holandês, entre 1637
a 1644, Nassau procurou estabelecer uma administração eficiente e um bom
relacionamento com os senhores de engenho da região. Desse modo, foram colocados a
disposição dos proprietários de engenho recursos financeiros, para serem utilizados na
compra de escravos e de maquinário para o fabrico do açúcar.
329
Nassau também criou as Câmaras dos Escabinos, que eram órgãos de representação
municipal, a fim de estimular a participação política da população nas decisões de
interesse local. Durante o governo de Nassau, as vilas de Recife e Olinda passaram por
um intenso processo de urbanização e melhoramentos que mudaram completamente a
paisagem local.
Com o fim do domínio espanhol sob Portugal, em 1640; o novo rei português, D.
João 4º, decidiu recuperar o Nordeste brasileiro retirando-o do domínio holandês.
Esse período coincidiu com o descontentamento dos senhores de engenho do
Nordeste brasileiro diante dos holandeses. Nassau já havia partido e, para explorar
ao máximo a produção do açúcar brasileiro, a Holanda adotou inúmeras medidas
impopulares, em especial o aumento dos impostos, o que contrariava os interesses
dos proprietários de engenho.
Batalhas contra os holandeses
A luta contra os holandeses no Nordeste brasileiro foi iniciada pelos próprios
senhores de engenho da região e durou cerca de dez anos. Sob iniciativa dos
senhores, os colonos da região foram mobilizados e travaram várias batalhas
contra os holandeses. As mais importantes foram a de Guararapes e Campina de
Taborda.
Mas a expulsão definitiva dos holandeses teve início em junho de 1645, em
Pernambuco, através da eclosão de uma insurreição popular liderada pelo
paraibano André Vidal de Negreiros, pelo senhor de engenho João Fernandes
Vieira, pelo índio Felipe Camarão e pelo negro Henrique Dias. A chamada
Insurreição Pernambucana, chegou ao fim em 1654, tendo libertado o Nordeste
brasileiro do domínio holandês.
Porém, a expulsão dos holandeses do território brasileiro teria um impacto negativo
sobre a economia colonial. Durante o período em que estiveram no Nordeste, os
holandeses tomaram conhecimento de todo o ciclo da produção do açúcar e
conseguiram aprimorar os aspectos técnicos e organizacionais do
empreendimento. Quando foram expulsos do Brasil, dirigiram-se para as Antilhas,
ilhas localizadas na região da América Central.
O fim de um ciclo açucareiro
Lá montaram uma grande produção açucareira que, em pouco tempo, passou a
concorrer com o açúcar do Brasil e logo se impôs no mercado europeu.
Consequentemente, provocou a queda das exportações brasileiras. Já na segunda
metade do século 17, os engenhos brasileiros estavam em decadência.
Era o fim do chamado ciclo da cana-de-açúcar na história econômica do Brasil.
Restava a Portugal encontrar outros meios para explorar economicamente a
Colônia. Um novo ciclo de exploração colonial teria início com a descoberta de
riquezas minerais como o ouro, a prata e os diamantes, na região que ficaria
conhecida como a das Minas Gerais.
330
Mapa Mental:

331
Mapa Mental:

Vídeos aulas:
Canal: "Se liga nessa história" | Vídeo aula: União Ibérica
https://youtu.be/2A8tOVRJ_IE
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: União Ibérica
https://youtu.be/e-D8PaF8JFM
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Invasões Francesas
https://youtu.be/mP-lbetjXeY
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Invasões Francesas
https://youtu.be/Nq6MH-je6Ss
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Invasões Holandesas
https://youtu.be/DumpARI-oO0
Canal: "Humanas em foco" | Vídeo aula: Invasões Holandesas
https://youtu.be/wxKBMvojoKQ
332
Exercícios
1. (Fgv) A administração de Maurício de Nassau sobre parte do Nordeste do Brasil, no
século XVII, caracterizou-se
a) por uma forte intolerância religiosa, representada, principalmente, por meio do confisco
das propriedades dos judeus e dos católicos.
b) pela proteção às pequenas e médias propriedades rurais, o que contribuiu para o
aumento da produção de açúcar e tabaco em Pernambuco.
c) por uma ocupação territorial limitada a Pernambuco, em função da proteção militar
efetuada por Portugal nas suas colônias africanas.
d) por inúmeras vantagens econômicas aos colonos e pela ausência de tolerância
religiosa, representada pela imposição do calvinismo.
e) pela atenção aos proprietários luso-brasileiros, que foram beneficiados com créditos
para a recuperação dos engenhos e a compra de escravos.

2. (Fatec/2006) Em relação ao período da ocupação holandesa no Nordeste brasileiro,


afirma-se:
I. A invasão deveu-se aos interesses dos comerciantes holandeses pelo açúcar produzido
na região, interesses esses que foram prejudicados devido à União Ibérica (1580-1640).
II. Foi, também, uma consequência dos conflitos econômicos e políticos que envolviam as
relações entre os chamados Países Baixos e o Império Espanhol.
III. As medidas econômicas de Nassau garantiam os lucros da Companhia das Índias
Ocidentais e os lucros dos senhores de engenho, já que aumentaram a produção do
açúcar.
IV. A política adotada por Nassau para assentar os holandeses na Bahia acabou por
deflagrar sua derrota e o fim da ocupação holandesa, graças à resistência dos índios e
portugueses expulsos das terras que ocupavam.
São verdadeiras as proposições:
a) I e II.
b) I, II e III.
c) II, III e IV.
d) I, III e IV.
e) II e IV.

3. Sobre as invasões francesas na colônia americana de Portugal, indique a


alternativa incorreta.
a) No século XVI, mais especificamente no ano de 1555, os franceses fundaram a
chamada França Antártica na Baía de Guanabara (atual Rio de Janeiro).

333
b) Após duas tentativas malsucedidas de estabelecimento de uma civilização francesa,
nos séculos XVI e XVII, no Brasil colonial, os franceses passaram a saquear, através de
corsários (piratas), algumas cidades do litoral brasileiro, no século XVIII.

c) No ano de 1615, os franceses venceram os portugueses e permaneceram no


Maranhão. Mas ao não conseguirem obter lucros com o comércio na região, deslocaram-
se para a região das Guianas, onde fundaram uma colônia, a chamada Guiana Francesa.

d) Os Tamoios foram os principais povos indígenas que perpetuaram aliança com os


franceses. Desse acordo surgiu a Confederação dos Tamoios – aliança entre diversos
povos indígenas do litoral (tupinambás, tupiniquins, goitacás, entre outros) que possuíam
um objetivo em comum: derrotar os colonizadores portugueses.

4. (Fuvest-SP) Entre as mudanças ocorridas no Brasil Colônia durante a União Ibérica


(1580 - 1640), destacam-se:
a) a introdução do tráfico negreiro, a invasão dos holandeses no Nordeste e o início da
produção de tabaco no Recôncavo Baiano.
b) a expansão da economia açucareira no Nordeste, o estreitamento das relações com a
Inglaterra e a expulsão dos jesuítas.

c) a incorporação do Extremo-Sul, o início da exploração do ouro em Minas Gerais e a


reordenação administrativa do território.

d) a expulsão dos holandeses do Nordeste, a intensificação da escravização indígena e a


introdução das companhias de comércio monopolistas.

e) a expansão da ocupação interna pela pecuária, a expulsão dos franceses e o


incremento do bandeirismo.

334
Respostas:
1) E
2) B
3) C
4) E

Fontes/Créditos:
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/franceses-no-brasil-brasil-colonial-
sofreu-duas-grandes-invasoes.htm
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/invasao-holandesa-portugal-perde-
pernambuco-para-holanda.htm
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/uniao-iberica-sob-dominio-
espanhol-colonia-sofreu-invasoes-estrangeiras.htm
https://www.historiadobrasil.net/brasil_colonial/invasoes_francesas.htm
https://scontent-gru2-2.xx.fbcdn.net/v/t1.0-
9/fr/cp0/e15/q65/17626221_1637002503274772_837260870469333841_n.jpg?
_nc_cat=100&_nc_ht=scontent-gru2-
2.xx&oh=7c72e1171bb681206f1fc3541b44bf22&oe=5D5B15DC
https://touch.facebook.com/prevestdesesperado/photos/a.1575602519414771/16370
02503274772/?type=3&source=54
https://i.pinimg.com/originals/5c/a5/f7/5ca5f771d6411197a4cf2955fa1e7234.jpg
https://mundoedu.com.br/uploads/pdf/53e1298a30963.pdf
Mais exercícios sobre "Invasões Estrangeiras":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/uniao-iberica-e-invasoes-holandesas/

335
Expansão Territorial
Introdução
No período da União Ibérica, a Linha de Tordesilhas ficou sem efeito, permitindo um
avanço do território brasileiro rumo ao interior. Duas formas básicas de expedições foram
responsáveis pelo avanço ao oeste, as Entradas e as Bandeiras.
• Entradas – Patrocinadas pelo governo colonial, visava uma expansão respeitando
os limites da Linha de Tordesilhas. Eram feitas desde o período inicial da
colonização.
• Bandeiras – Organizadas por particulares, sobretudo da região onde atualmente
fica o estado de São Paulo.
A pobreza da inicialmente próspera capitania de São Vicente, frente ao sucesso do
empreendimento açucareiro no Nordeste, levou à organização de bandeiras, expedições
cujo objetivo era procurar riquezas no interior da colônia e apresamento de nativos, além
de ataques contratados a quilombos, como ocorreram posteriormente.(...) (...)Muitas
bandeiras atacaram as missões jesuíticas do Oeste e Sul da colônia, capturando dezenas
de milhares de nativos e cobrando um valor alto pelos aculturados por estarem mais
adaptados ao trabalho agrícola.
VICENTINO, Cláudio e DORIGO, Gianpaolo. História para o Ensino Médio. São Paulo:
Scipione, 2001.

Acima observamos a imagem idealizada sobre um bandeirante. Idealizada pois sabemos


hoje que os bandeirantes, responsáveis por expedições que ajudaram a desbravar o
interior do Brasil, eram pessoas bastante pobres e que se vestiam e comportavam de uma
forma mais próxima com os indígenas (algumas tribos não eram escravizadas, mas se
tornavam “parceiras” dos exploradores) e não no modelo bem vestido, bem armado e
“arrumadinho” da idealização.
336
As Bandeiras avançavam sem se importar com os limites de Tordesilhas. Os
principais tipos de Bandeiras são:
a) Monções – Bandeiras de comércio, utilizando bastante a via fluvial;
b)Apresadoras – Bandeiras de captura aos índios. Agiam, sobretudo, contra as reduções
jesuíticas;
c) Sertanismo de Contrato – Contratados para enfrentar tribos hostis ou negros fugitivos
(quilombos);
d)Prospectoras – Visavam achar metais preciosos (ouro, prata, etc.) no interior brasileiro.
Ao longo do século XVII (continuando no século XVIII) o Brasil expandiu seu
território em várias direções. Diante da nova situação, o Tratado de Tordesilhas se
tornava inadequado, sendo necessários novos tratados de fronteira.
Fatores da Expansão do Brasil
• Região Amazônica – Missões Jesuíticas e “Drogas do Sertão”.
• Pecuária – Nordeste = zona do sertão / Sul = Vacaria do mar.
• Oeste – Bandeiras, comércio e economia mineradora.
Em 1680 os portugueses criaram a Colônia do Santíssimo Sacramento, no atual Uruguai,
que na época era território espanhol. A intenção da Colônia do Sacramento era fazer o
comércio e tirar proveito da boa economia mineradora de prata na região. Sacramento
constituía-se, portanto, numa área de contrabando originado da parceria Portugal-
Inglaterra e tornou-se uma espécie de “território da discórdia” entre Portugal e Espanha,
que iriam disputá-lo por mais de um século.
A ocupação do interior
Os portugueses basicamente dividiam o Brasil em “litoral” e “sertão”. Por isso, ao
lermos documentos históricos mais antigos podemos vir a fazer confusão com a
expressão “sertão” (já que hoje é comum estarmos usando a expressão sertão para
definirmos parte do nordeste brasileiro).
O fato é que, aos poucos, entre o século XVII e XVIII, os luso-brasileiros foram
ultrapassando os limites litorâneos e a Linha de Tordesilhas e ocupando o interior,
dando os primeiros passos para a formação do Brasil atual.
Seja com a atividade de bandeiras, com a pecuária ou com a mineração do século
XVIII, o Brasil avançava aos poucos, superando sua lógica de produção litorânea
vinculada à necessidade de atender a Portugal.
Economias novas, como a pecuária, iriam se estabelecendo junto ao processo de
expansão, como podemos ver no mapa a seguir.

337
338
Mapa Mental:

Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Expansão Territorial Brasileira
https://youtu.be/Daobh9yY3cY
Canal: "ProEnem" | Vídeo aula: Expansão Territorial Brasileira
https://youtu.be/P47RDGisxOU
Canal: "História e Geografia com Rodrigo Baglini" | Vídeo aula: Expansão Territorial
Brasileira
https://youtu.be/q8RxZfODhqM

339
Exercícios
1. (Uel) No Brasil Colônia, a pecuária teve um papel decisivo na
a) ocupação das áreas litorâneas.
b) expulsão do assalariado do campo.
c) formação e exploração dos minifúndios.
d) fixação do escravo na agricultura.
e) expansão para o interior.

2. (Cesgranrio) Apesar do predomínio da agromanufatura açucareira na economia


colonial brasileira, a pecuária e a extração das "drogas do sertão" foram fundamentais. A
esse respeito, podemos afirmar que:
a) ocorreu uma grande absorção da mão-de-obra escrava negra, particularmente na
pecuária.
b) a presença do indígena na extração das "drogas do sertão" foi essencial pelo
conhecimento da geografia da região nordeste.
c) por serem atividades complementares, a força de trabalho não se dedicava
integralmente a elas.
d) ambas foram responsáveis pelo processo de interiorização do Brasil colonial.
e) possibilitaram o surgimento de um mercado interno que se contrapunha às flutuações
do comércio internacional.

3. (Mackenzie) A historiografia tradicional atribui ao bandeirismo o alargamento do


território brasileiro para além de Tordesilhas. Sobre esta atividade é correto afirmar que:
a) jamais converteu-se em elemento repressor, atacando quilombos ou aldeias indígenas.
b) as Missões do Sul foram preservadas dos ataques paulistas, devido à presença dos
jesuítas espanhóis.
c) na verdade, o bandeirismo era a forma de sobrevivência para mestiços vicentinos,
rudes e pobres e a expansão territorial ocorreu de forma inconsciente como subproduto
de sua atividade.
d) eram empresas totalmente financiadas pelo governo colonial, tendo por objetivo alargar
o território para além de Tordesilhas.
e) era exercida exclusivamente pelo espírito de aventura dos brancos vinculados à elite
proprietária vicentina, cujas lavouras de cana apresentavam grande prosperidade.

340
4. (Ufrgs) Como objetivos da expansão oficial, podemos destacar
a) a recuperação econômica das áreas canavieiras, destruídas pelos holandeses, e a
exploração econômica da Amazônia.
b) a preação de indígenas e o aproveitamento econômico do rio da Prata.
c) a defesa do território e a extinção do Quilombo de Palmares.
d) a exploração econômica da Amazônia e o aproveitamento econômico da Prata.
e) a obtenção de riquezas, graças à exploração de jazidas minerais.

Respostas:
1) E
2) D
3) C
4) D

Fontes/Créditos:
https://www.mundoedu.com.br/uploads/pdf/5420933ae6ce7.pdf
https://www.facebook.com/historiadigital/photos/a.1923269447745947/215767193430
5696/?type=3&theater
https://www.facebook.com/historiadigital/?hc_ref=ARTeEwXhyOEw6-
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26CSd5pFQZoVqOdVTFahYbLyuaSWI-Tw&__tn__=kC-R
Mais exercícios sobre "Expansão Territorial":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/expansao-territorial/

341
Economia Mineradora Século XVIII
Introdução
O século XVIII, por causa da mineração aurífera, ficou conhecido no Brasil como o
“Século do Ouro”. Foi um período de grandes mudanças econômicas e sociais,
produzindo na colônia uma nova realidade histórica decorrente da mineração.

Mudanças econômicas – O fim do domínio holandês sobre o nordeste brasileiro, em


1654, provocou uma grave crise na economia açucareira, que acabou afetando toda
a colônia. Por isso, a segunda metade do século XVII foi marcada pela
intensificação de expedições exploratórias para o interior, como as bandeiras, que
em pouco mais de três décadas descobriram grandes reservas de ouro em Minas
Gerais.
Alcançaram depois outros pontos, como Goiás e Mato Grosso. Era o início da
grande mineração aurífera no Brasil. Assim, quando a importância dos engenhos
foi superada pela importância das minas de ouro, o polo econômico da colônia
mudou em três sentidos:
Do Nordeste para o Sudeste, tendo Minas Gerais como maior centro minerador e o
Rio de Janeiro como o grande porto exportador de ouro;
1. Do litoral para o interior, onde se situavam as principais minas;
2. Do campo para a cidade, sendo a mineração uma atividade tipicamente urbana,
dando origem a várias cidades, como Vila Rica, Mariana, São João Del Rei, Cuiabá
etc.

342
Vila Rica (atual Ouro Preto), antiga capital de Minas Gerais, foi a principal cidade fundada
por causa da mineração no século XVIII. Fonte: http//:www.capitaldeminas.com.br

Você sabia que por causa do ouro brasileiro a população de Portugal diminuiu entre
1700 e 1730?
Era a corrida em busca do ouro brasileiro, visando o enriquecimento rápido e fácil. Por se
tratar de uma atividade urbana e interiorana, a mineração exigiu o abastecimento de
alimentos, tecidos e escravos em cidades cada vez mais populosas. Foi assim que se
desenvolveu no Brasil um comércio interno interligando várias regiões,
principalmente o Sudeste e o Sul através do tropeirismo.
O tropeirismo, por sua vez, era o comércio de gado bovino, equino e muar entre o Rio
Grande do Sul e a Capitania de São Vicente (SP), daí partindo para Minas Gerais e
Goiás. Era comum também o comércio de charque e couro transportados sobre o lombo
de mulas.
Os tropeiros, praticantes do tropeirismo, guiavam o gado vivo pelo “Caminho das Tropas”,
cujo trajeto principal partia de Viamão (RS) até Sorocaba (SP), percorrendo mais de mil
quilômetros. Os pontos de pernoite eram também pontos de comércio, ficando
conhecidos como “pousos de tropa”, que deram origem a importantes cidades no
interior de Santa Catarina e Paraná, contribuindo para o povoamento do sul do
Brasil.

343
A rota principal dos tropeiros e os vários “pousos de tropa” – Fonte:
http//:www.editoradobrasil.com.br
Você já ouviu falar no feijão tropeiro? Já o experimentou?
Um dos pratos mais tradicionais da culinária mineira, o feijão tropeiro tem origem no
século XVIII, combinando feijão com farinha, toicinho e charque. Era, não por acaso, a
base alimentar dos tropeiros que abasteciam os pólos mineradores de gado e
mantimentos.

344
Mudanças sociais
A população urbana de Minas Gerais, cada vez mais numerosa e capitalizada,
passou também a dispor de uma grande variedade de serviços urbanos: comércio
varejista, carpintaria, alfaiataria, barbearia, advocacia, medicina, além das
atividades desempenhadas por artistas, padres, militares e funcionários públicos
ligados à crescente estrutura fiscal e burocrática da colônia. As pessoas ligadas a
essas atividades formavam uma classe média urbana, situada entre os pólos
extremos da riqueza (senhores de escravos) e da pobreza (escravos).
A vida dos escravos também mudou. As chances de alforria na mineração eram
maiores que no engenho de açúcar. Os escravos podiam ser premiados por
descobertas nas minas. Era uma forma de estimular o trabalho, permitindo a muitos
a compra de sua alforria. Veja na imagem:

Dica: Muitos dos escravos premiados com a alforria por descobertas de metais
continuavam trabalhando nas minas.
Isso quer dizer que a mineração, assim como os engenhos de açúcar, também
contava com trabalhadores livres, embora o trabalhador escravo fosse
predominante. Fique ligado! O ENEM cobra a “regra”, mas também a “exceção”.
Como os polos mineradores ainda pouco urbanizados eram pouco convidativos às
mulheres brancas e livres, alguns mineradores encontravam dificuldades no
casamento convencional.
Por isso, algumas escravas encontraram no casamento com seu senhor uma
oportunidade de alforria e ascensão social, a exemplo de Chica da Silva, escrava
alforriada por ocasião do casamento com seu senhor, o contratador João Fernandes de
Oliveira, homem mais rico da mineração diamantífera no Brasil.
345
Mapa Mental:

Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Economia Mineradora Século XVIII
https://youtu.be/BrFY5z-HaMM
Canal: "MultiRio" | Vídeo aula: Economia Mineradora Século XVIII
https://youtu.be/jBfknDUyR58
Canal: "Aula de" | Vídeo aula: Economia Mineradora Século XVIII
https://youtu.be/QfOraN_0424

346
Exercícios
1. (UFCE) Leia o trecho abaixo.
"Na mineração, como de resto em qualquer atividade primordial da colônia, a força de
trabalho era basicamente escrava, havendo entretanto os interstícios ocupados pelo
trabalho livre ou semi-livre." (Souza, Laura de M. Desclassificados do Ouro: pobreza
mineira no século XVIII. 3 ed. Rio de Janeiro: Graal, 1990, p.68)

Com base neste trecho sobre o trabalho livre praticado nas áreas mineradoras do Brasil
Colônia, é correto afirmar que:

a) devido à abundância de escravos no período do apogeu da mineração, os homens


livres conseguiam viver exclusivamente do comércio de ouro.

b) em função da riqueza geral proporcionada pelo ouro, os homens livres dedicavam-se à


agricultura comercial, vivendo com relativo conforto nas fazendas.

c) perseguidos pela Igreja e pela Coroa, os homens livres procuravam sobreviver às


custas da mendicância e da caridade pública.

d) sem condições de competir com as grandes empresas mineradoras, os homens livres


dedicavam-se à "faiscagem" e à agricultura de subsistência.

e) em função de sua educação, os homens livres conseguiam trabalho especializado nas


grandes empresas mineradoras, obtendo confortáveis condições de vida.

2. A atividade mineradora no Brasil concentrou-se, sobretudo, na região de Minas Gerais,


onde foram construídas vilas e cidades como Ouro Preto, Mariana e Diamantina. Em
cidades como essas, é possível ver até hoje os reflexos da vida social e cultural que
surgiu em torno da mineração. Em termos artísticos, podemos dizer que o gênero de arte
largamente praticado em Minas, na época da Mineração, foi:

a) o realismo

b) o surrealismo

c) o barroco

d) o expressionismo abstrato

e) o dadaísmo

347
3. (UFES) A expansão do ouro aparentemente simples atraiu milhares de pessoas para a
América Portuguesa cuja população estimada passou de 300 000 habitantes em 1690
para 2 500 000 em 1780. Metade desse aumento demográfico ocorreu na região
mineradora. Considerando essas afirmações, pode-se afirmar que:

a) O denominado “ciclo do ouro” possibilitou uma espécie de atração centrípeta para o


mercado interno desenvolvido pela mineração e, assim, contribuiu como fator de
integração regional na América Portuguesa.

b) A população atraída para a mineração também desenvolveu intensa atividade agrária


de subsistência, propiciando reconhecida autossuficiência que inibiu qualquer tipo de
polarização.

c) O Regimento dos Superintendentes / Guardas-Mores e Oficiais Deputados para as


Minas que em 1702 instituiu a Intendência das Minas mantinha rigorosa disciplina militar e
constante vigilância na Estrada Real, impedindo o ingresso de emboabas e mascates nas
regiões de ouro e diamantes.

d) O denominado “ciclo do ouro” ocasionou uma espécie de atração centrífuga, pois as


riquezas auríferas de Goiás e da Bahia contribuíram para financiar simultaneamente o
denominado renascimento agrícola no Nordeste do Brasil no final do século XVII.

e) A integração regional da América Portuguesa consolidou-se durante a União Ibérica


(1580-1640) quando foi removida a linha de Tordesilhas, possibilitando a convergência
das regiões de pecuária para o grande entreposto comercial que consagrou a região de
Minas Gerais.

4. A economia mineradora brasileira, florescida na época colonial, na passagem do século


XVII para o século XVIII, só foi possível pela ação de determinadas figuras históricas que
desbravaram e adentraram pelo sertão brasileiro. Tais figuras eram:

a) os jesuítas

b) os bandeirantes

c) os militares

d) os comunistas

e) os huguenotes

348
Respostas:
1) D
2) C
3) A
4) B

Fontes/Créditos:
https://descomplica.com.br/blog/historia/mapa-mental-mineracao-no-brasil/
https://blogdoenem.com.br/mineracao-revisao-enem/
Mais exercícios sobre "Economia Mineradora Século XVIII":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/economia-mineradora/

349
Processo de Independência
Introdução
Enquanto o governo absolutista português reprimia com vigor os movimentos
republicanos no Brasil, o absolutismo na Europa era contestado pela Revolução
Francesa, que atingiu caráter dramático e preocupava toda a realeza do Velho
Mundo. Mas em 1799, Napoleão Bonaparte colocava um ponto final na desordem
política que caracterizou a Revolução Francesa e iniciava um período onde ele
próprio se colocava como o grande dono do poder, chegando a arrogar-se, em
1804, o título de Imperador. Bonaparte queria destruir a Inglaterra e para isso
decretou o Bloqueio Continental em 1806, pelo qual proibia as nações europeias de
fazer comércio com aquele país. Portugal, como já sabemos, tinha uma estreita
vinculação com a Inglaterra e, por isso, manteve contato com os ingleses forçando
as forças napoleônicas a invadir a península ibérica.
D. João VI no Brasil
• Napoleão invade península ibérica (1807);
• D. João e a família real fogem para o Brasil (RJ).

Atitudes de D. João:
• Abertura dos portos às nações amigas
• 1810 – tratados de comércio com a Inglaterra:
Taxas de importação:
• Portugal – 16%
• Inglaterra – 15%
• Outros países – 24%
350
Desenvolvimento
• 1815 – Brasil elevado a Reino Unido a Portugal e Algarves - Congresso de
Viena;
• 1817 – Revolução pernambucana Portugal – Revolução do Porto (1820) –
liberalismo português e tentativa de recolonizar o Brasil;
• D. João VI volta a Portugal;
• D. Pedro – Príncipe regente do Brasil;
• Cortes portuguesas pedem volta de D. Pedro a Portugal;
• Criação do “Partido Brasileiro” – José Bonifácio;
Série de fatos:
• 09/jan/1822 – “dia do fico”;
• 07/set/1822 – proclamação da independência;
• 1º/dez/1822 – D. Pedro I coroado Imperador.
Independência do Brasil
• Interesse Inglês;
• Brasil independente politicamente de Portugal, porém tem forte dependência
econômica da Inglaterra – manutenção do tratado de 1810.
Reconhecimento da Independência
• EUA – 1824; (dentro da lógica da Doutrina Monroe, de apoio às independências
americanas);
• Portugal – 1825; (exige indenização);
• Inglaterra – 1827.
O Brasil Independente
Ao emancipar-se de Portugal, pouco se alterou no Brasil. Podemos dizer,
basicamente, que o país ganhava autonomia política-administrativa e livre
comércio, porém, suas estruturas socioeconômicas permaneciam inalteradas.
O Brasil manteve o regime monárquico (a única monarquia a se consolidar em
nosso continente no pós-independência), não alterava sua economia
agroexportadora, continuava privilegiando os latifundiários e mantinha a base da
mão de obra na escravidão.
Em síntese, o Brasil fazia a independência sem transformar-se. A própria questão
da unidade territorial chama a atenção: a América Espanhola fragmentou-se em
diversos países (Argentina, Chile, Uruguai, México, Colômbia, etc), enquanto a
América Portuguesa formava um único país, o Brasil.
351
O quadro Independência ou morte de Pedro Américo, feito em 1888, no período final
da monarquia. Nele o pintor deixou registrado o lado romantizado da independência,
colocando como figura central desse processo D. Pedro I, visto como um bravo que
estava disposto a dar a vida pela independência do país. Na realidade, sabemos que não
era bem assim e que nossa independência é fruto de um processo de ruptura gradual
entre a colônia e a metrópole.

352
Mapa Mental:

353
Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Independência do Brasil
https://youtu.be/hOiKSiek0xw
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Independência do Brasil
Parte 1
https://youtu.be/cMIyhtXaP4M
Parte 2
https://youtu.be/YTu5v-fpAcs
Canal: "Se liga nessa história" | Vídeo aula: Independência do Brasil
Parte 1
https://youtu.be/4L8wjScpNCY
Parte 2
https://youtu.be/CEuuVvLa64s
Canal: "Hexag Medicina" | Vídeo aula: Independência do Brasil
https://youtu.be/r70sXhxErpc

Exercícios
1. (Enem 2009) No tempo da independência do Brasil, circulavam nas classes populares
do Recife trovas que faziam alusão à revolta escrava do Haiti:
Marinheiros e caiados
Todos devem se acabar,
Porque só pardos e pretos
O país hão de habitar.
AMARAL, F. P. do. Apud CARVALHO, A. Estudos pernambucanos. Recife: Cultura
Acadêmica, 1907.
O período da independência do Brasil registra conflitos raciais, como se depreende
a) dos rumores acerca da revolta escrava do Haiti, que circulavam entre a população
escrava e entre os mestiços pobres, alimentando seu desejo por mudanças.
b) da rejeição aos portugueses, brancos, que significava a rejeição à opressão da
Metrópole, como ocorreu na Noite das Garrafadas.
c) do apoio que escravos e negros forros deram à monarquia, com a perspectiva de
receber sua proteção contra as injustiças do sistema escravista.
d) do repúdio que os escravos trabalhadores dos portos demonstravam contra os
marinheiros, porque estes representavam a elite branca opressora.
e) da expulsão de vários líderes negros independentistas, que defendiam a implantação
de uma república negra, a exemplo do Haiti.
354
2. (Enem 2010) Em 2008 foram comemorados os 200 anos da mudança da família real
portuguesa para o Brasil, onde foi instalada a sede do reino. Uma sequência de eventos
importantes ocorreu no período 1808-1821, durante os 13 anos em que D. João VI e a
família real portuguesa permaneceram no Brasil. Entre esses eventos, destacam-se os
seguintes:
• Bahia – 1808: Parada do navio que trazia a família real portuguesa para o Brasil, sob a
proteção da marinha britânica, fugindo de um possível ataque de Napoleão.
• Rio de Janeiro – 1808: desembarque da família real portuguesa na cidade onde
residiriam durante sua permanência no Brasil.
• Salvador – 1810: D. João VI assina a carta régia de abertura dos portos ao comércio de
todas as nações amigas, ato antecipadamente negociado com a Inglaterra em troca da
escolta dada à esquadra portuguesa.
• Rio de Janeiro – 1816: D. João VI torna-se rei do Brasil e de Portugal, devido à morte de
sua mãe, D. Maria I.
• Pernambuco – 1817: As tropas de D. João VI sufocam a revolução republicana.
GOMES. L. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta
enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Editora
Planeta, 2007 (adaptado).
Uma das consequências desses eventos foi
a) a decadência do império britânico, em razão do contrabando de produtos ingleses
através dos portos brasileiros,
b) o fim do comércio de escravos no Brasil, porque a Inglaterra decretara, em 1806, a
proibição do tráfico de escravos em seus domínios.
c) a conquista da região do rio da Prata em represália à aliança entre a Espanha e a
França de Napoleão.
d) a abertura de estradas, que permitiu o rompimento do isolamento que vigorava entre as
províncias do país, o que dificultava a comunicação antes de 1808.
e) o grande desenvolvimento econômico de Portugal após a vinda de D. João VI para o
Brasil, uma vez que cessaram as despesas de manutenção do rei e de sua família.

3. (Enem 2010) Eu, o Príncipe Regente, faço saber aos que o presente Alvará virem: que
desejando promover e adiantar a riqueza nacional, e sendo um dos mananciais dela as
manufaturas e a indústria, sou servido abolir e revogar toda e qualquer proibição que haja
a este respeito no Estado do Brasil.
Alvará de liberdade para as indústrias (1º de Abril de 1808). In: Bonavides, P.; Amaral, R.
Textos políticos da História do Brasil. Vol. 1. Brasília: Senado Federal, 2002 (adaptado).

355
O projeto industrializante de D. João, conforme expresso no alvará, não se concretizou.
Que características desse período explicam esse fato?
a) A ocupação de Portugal pelas tropas francesas e o fechamento das manufaturas
portuguesas.
b) A dependência portuguesa da Inglaterra e o predomínio industrial inglês sobre suas
redes de comércio.
c) A desconfiança da burguesia industrial colonial diante da chegada da família real
portuguesa.
d) O confronto entre a França e a Inglaterra e a posição dúbia assumida por Portugal no
comércio internacional.
e) O atraso industrial da colônia provocado pela perda de mercados para as indústrias
portuguesas.

4. (Enem 2011) No clima das ideias que se seguiram à revolta de São Domingos, o
descobrimento de planos para um levante armado dos artífices mulatos na Bahia, no ano
de 1798, teve impacto muito especial; esses planos demonstravam aquilo que os brancos
conscientes tinham já começado a compreender: as ideias de igualdade social estavam a
propagar-se numa sociedade em que só um terço da população era de brancos e iriam
inevitavelmente ser interpretados em termos raciais.
MAXWELL. K. Condicionalismos da Independência do Brasil. In: SILVA, M.N. (coord.) O
Império luso-brasileiro, 1750-1822. Lisboa: Estampa, 1986.
O temor do radicalismo da luta negra no Haiti e das propostas das lideranças populares
da Conjuração Baiana (1798) levaram setores da elite colonial brasileira a novas posturas
diante das reivindicações populares. No período da Independência, parte da elite
participou ativamente do processo, no intuito de
a) instalar um partido nacional, sob sua liderança, garantindo participação controlada dos
afro-brasileiros e inibindo novas rebeliões de negros.
b) atender aos clamores apresentados no movimento baiano, de modo a inviabilizar novas
rebeliões, garantindo o controle da situação.
c) firmar alianças com as lideranças escravas, permitindo a promoção de mudanças
exigidas pelo povo sem a profundidade proposta inicialmente.
d) impedir que o povo conferisse ao movimento um teor libertário, o que terminaria por
prejudicar seus interesses e seu projeto de nação.
e) rebelar-se contra as representações metropolitanas, isolando politicamente o Príncipe
Regente, instalando um governo conservador para controlar o povo.

356
Respostas:
1) A
2) C
3) B
4) D

Fontes/Créditos:
https://www.mundoedu.com.br/uploads/pdf/5407ba00edfc4.pdf
https://www.historiaemfoco.com.br/mapahb
https://docs.wixstatic.com/ugd/fba040_c2df4c89edcb498e99d48688712a819d.pdf
Mais exercícios sobre "Processo de Independência":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/independencia-do-brasil/

357
Primeiro Reinado (1822 – 1831)
Introdução
De início, o Império teve que combater as províncias contrárias à Independência.
Tratava-se de províncias com uma forte presença portuguesa ou com forte
aproximação com a metrópole Portugal. Províncias como a Bahia, Piauí, Pará,
Maranhão e a Província Cisplatina (atual Uruguai) foram combatidas pelas forças
imperiais e por mercenários estrangeiros (como são exemplos o Inglês Cochrane e
o francês Labatut) forçando-se a integração com o Império que nascia. Controlando
as províncias pró-lusitanas e obtendo aos poucos o reconhecimento externo da
independência, o Império necessitava agora de uma Constituição para legitimar sua
existência. Prevendo isto, mesmo antes da independência, em junho de 1822, foi
convocada uma Assembleia Nacional Constituinte
A “Constituição da Mandioca” – 1823
A Assembleia Constituinte, composta pelos grandes proprietários e liderada por Antônio
Carlos Andrada apresentou, em 1823, uma proposta constitucional que apresentava os
seguintes pontos:
• Fortalecimento do poder legislativo;
• Aversão aos estrangeiros, sobretudo portugueses;
• Voto censitário (votavam apenas indivíduos com rendimento superior a 150
alqueires de mandioca por ano).
Constituição de 1824
Não contente com a proposta da “Constituição da Mandioca”, D. Pedro nomeou um
Conselho de Estado que redigiu a nova 1ª carta constitucional do Brasil, que foi
outorgada pelo Imperador. Características:
• Centralização do poder;
• Monarquia hereditária;
• Religião Católica ligada ao estado;
• Voto censitário;
• 04 poderes: executivo, legislativo, judiciário e Moderador.
O poder Moderador servia como uma espécie de árbitro dos três poderes. O Rei
podia, através das atribuições do moderador, dissolver a Câmara dos Deputados e
convocar novas eleições; escolher os senadores (cargo vitalício) através de um
lista dos eleitos.

Foi o exagero do poder moderador, junto com a centralização administrativa, que causou
uma série de críticas à Constituição de 1824.
358
Confederação do Equador (1824)
Em Pernambuco iniciou um movimento contra o autoritarismo de D. Pedro I, devido
à excessiva centralização do poder em suas mãos e a outorga da Constituição de
1824. Logo outras províncias se juntaram a Pernambuco, como o Rio grande do
Norte, o Ceará, a Paraíba e Alagoas. A revolta iniciou quando D. Pedro nomeou um
novo presidente para Pernambuco, destituindo Paes de Andrade, representante das
forças políticas locais. Entre os planos dos revoltosos estava:
• Formar um novo Estado reunindo as províncias do Nordeste;
• Montar uma República federalista;
• Inspirava-se no modelo de república dos EUA.
Todavia, um projeto de Pais de Andrade abolindo o tráfico negreiro em recife
arrefeceu o ânimo “revolucionário” da classe dominante. Além disso, a participação
popular no levante, através de brigadas próprias, atemorizou as elites regionais,
temerosas de comoções sociais mais profundas, especialmente as que
envolvessem negros, como ocorrera no Haiti.
LOPEZ, Luiz Roberto. História do Brasil Imperial. 4ª Edição. Mercado Aberto

Um dos principais líderes da Confederação foi Frei Caneca, que ao final do movimento,
reprimido violentamente por D. Pedro, acabou sendo fuzilado

359
A Guerra da Cisplatina (1825-28)
Em 1816, em meio às lutas de independência do vice-reino do Prata (colônias
espanholas), D. João VI invadiu a região do atual Uruguai, anexando ao território
brasileiro a região que passou a se chamar Província Cisplatina. Em 1825, sob a
influência da Argentina, e com a liderança de Lavalleja, os uruguaios iniciaram sua luta
para se tornarem independentes do Brasil. O conflito teve fim apenas em 1828, causando
um grande gasto ao Império Brasileiro que não conseguiu manter esta área sob sua
influência. Sob mediação da Inglaterra, potência com interesses na região platina, foram
feitos tratados e acordos que levaram à criação da República Oriental do Uruguai.
A Crise do 1º Reinado
O primeiro reinado foi marcado pelo autoritarismo de D. Pedro I e pela impopularidade do
imperador. Uma série de fatores levaram o rei a abdicar ao trono em 1831.
Eis alguns desses principais fatores:
• Estilo autoritário de D. Pedro I;
• Violências nas repressões políticas, como foi o caso da Confederação do Equador;
• O fracasso da política militar externa e os altos gastos da Guerra da Cisplatina;
• “Hiato Intercíclico” – Crise econômica decorrente da falta de um grande produto de
exportação (o café só apareceria como grande produto mais tarde);
• Ingerência de D. Pedro nos assuntos portugueses.
D. Pedro I era filho mais velho de D. João VI e, com a morte de seu pai, em 1826,
tornou-se o legítimo herdeiro do trono português. Mas os políticos liberais
brasileiros não queriam que D. Pedro I fosse imperador do Brasil e ao mesmo
tempo rei de Portugal. Por isso ele renunciou ao trono português, em favor de sua
filha Maria da Glória. Como ela era menor de idade, o trono ficou sob regência do
irmão de D. Pedro I, D. Miguel, que em 1828, por meio de um golpe de Estado,
proclamou-se rei de Portugal. A atitude de D. Miguel revoltou o Imperador brasileiro,
que elaborou planos militares para reconquistar o território herdado por sua filha.
Os políticos liberais brasileiros temiam uma possível união entre Brasil e Portugal,
caso D. Pedro I conseguisse reconquistar o trono para Maria da Glória.
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral. Editora Saraiva.

• Oposição a D. Pedro I – liberais;


• Jornalista Líbero Badaró – assassinado;
• Viagem de D. Pedro I a MG – Protestos contra o imperador;
• MARÇO 1831 – “Noite das garrafadas”
• MARÇO 1831 – Ministério dos Marqueses
360
• 07 de abril de 1831 – D. Pedro abdica ao trono em favor de seu filho, D. Pedro de
Alcântara, na data com 05 anos. Abaixo: quadro da Abdicação.

Mapa Mental:

361
Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Primeiro Reinado
Parte 1
https://youtu.be/FDLn8-4MO4w
Parte 2
https://youtu.be/Y6UlVAWdT1Y
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Primeiro Reinado
https://youtu.be/4cU2Iu4cV3k
Canal: "Se liga nessa história" | Vídeo aula: Primeiro Reinado
Parte 1
https://youtu.be/t_VaHl2Aqrs
Parte 2
https://youtu.be/hpSPchMzqJM
Parte 3
https://youtu.be/YWow6fkvB3U
Canal: "Brasil Escola" | Vídeo aula: Primeiro Reinado
https://youtu.be/LiQI8jufWgg
Canal: "Descomplica" | Vídeo aula: Primeiro Reinado
https://youtu.be/waAVzbAAro4

Exercícios
1. (Enem 2011) Art. 92. São excluídos de votar nas Assembleias Paroquiais: I. Os
menores de vinte e cinco anos, nos quais não se compreendam os casados, e Oficiais
militares que forem maiores de vinte e um anos, os Bacharéis Formados e Clérigos de
Ordens Sacras. IV. Os Religiosos, e quaisquer que vivam em Comunidade claustral. V. Os
que não tiverem de renda líquida anual cem mil réis por bens de raiz, indústria, comércio
ou empregos. Constituição Política do Império do Brasil (1824).
Disponível em: https://legislação.planalto.gov.br. Acesso em: 27 abr. 2010 (adaptado).
A legislação espelha os conflitos políticos e sociais do contexto histórico de sua
formulação. A Constituição de 1824 regulamentou o direito de voto dos “cidadãos
brasileiros” com o objetivo de garantir
a) o fim da inspiração liberal sobre a estrutura política brasileira.
b) a ampliação do direito de voto para maioria dos brasileiros nascidos livres.
c) a concentração de poderes na região produtora de café, o Sudeste brasileiro.
d) o controle do poder político nas mãos dos grandes proprietários e comerciantes.
e) a diminuição da interferência da Igreja Católica nas decisões político-administrativas.

362
2. (Enem 2011) Uma explicação de caráter histórico para o percentual da religião com
maior número de adeptos declarados no Brasil foi a existência, no passado colonial e
monárquico, da

a) incapacidade do cristianismo de incorporar aspectos de outras religiões.


b) incorporação da ideia de liberdade religiosa na esfera pública.
c) permissão para o funcionamento de igrejas não cristãs.
d) relação de integração entre Estado e Igreja.
e) influência das religiões de origem africana.

3. (Enem 2012) Após o retorno de uma viagem a Minas Gerais, onde Pedro I fora
recebido com grande frieza, seus partidários prepararam uma série de manifestações a
favor do imperador no Rio de Janeiro, armando fogueiras e luminárias na cidade.
Contudo, na noite de 11 de março, tiveram início os conflitos que ficaram conhecidos
como a Noite das Garrafadas, durante os quais os “brasileiros” apagavam as fogueiras
“portuguesas” e atacavam as casas iluminadas, sendo respondidos com cacos de
garrafas jogadas das janelas.

363
VAINFAS, R. (Org.). Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008
(adaptado).
Os anos finais do I Reinado (1822-1831) se caracterizaram pelo aumento da tensão
política. Nesse sentido, a análise dos episódios descritos em Minas Gerais e no Rio de
Janeiro revela
a) estímulos ao racismo.
b) apoio ao xenofobismo.
c) críticas ao federalismo.
d) repúdio ao republicanismo.
e) questionamentos ao autoritarismo.

4. (Enem 2004) Constituição de 1824: “Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a
organização política, e é delegado privativamente ao Imperador (…) para que
incessantemente vele sobre a manutenção da Independência, equilíbrio, e harmonia dos
demais poderes políticos (...) dissolvendo a Câmara dos Deputados nos casos em que o
exigir a salvação do Estado.”
Frei Caneca:
“O Poder Moderador da nova invenção maquiavélica é a chave mestra da opressão da
nação brasileira e o garrote mais forte da liberdade dos povos. Por ele, o imperador pode
dissolver a Câmara dos Deputados, que é a representante do povo, ficando sempre no
gozo de seus direitos o Senado, que é o representante dos apaniguados do imperador.”
(Voto sobre o juramento do projeto de Constituição)
Para Frei Caneca, o Poder Moderador definido pela Constituição outorgada pelo
Imperador em 1824 era
a) adequado ao funcionamento de uma monarquia constitucional, pois os senadores eram
escolhidos pelo Imperador.
b) eficaz e responsável pela liberdade dos povos, porque garantia a representação da
sociedade nas duas esferas do poder legislativo.
c) arbitrário, porque permitia ao Imperador dissolver a Câmara dos Deputados, o poder
representativo da sociedade.
d) neutro e fraco, especialmente nos momentos de crise, pois era incapaz de controlar os
deputados representantes da Nação.
e) capaz de responder às exigências políticas da nação, pois supria as deficiências da
representação política.

364
Respostas:
1) D
2) D
3) E
4) C

Fontes/Créditos:
https://www.mundoedu.com.br/uploads/pdf/5432cfda6fd35.pdf
https://descomplica.com.br/blog/historia/mapa-mental-primeiro-reinado-1822-1831/
http://s3-sa-east-1.amazonaws.com/descomplica-blog/wp-
content/uploads/2015/04/mapa-primeiro-reinado.jpg
Mais exercícios sobre "Primeiro Reinado":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/primeiro-reinado/

365
Período Regencial (1831-1840)
Introdução
No período que foi de 1831 até 1840, o Brasil foi governado por regentes, uma vez que D.
Pedro de Alcântara (futuramente D. Pedro II) ainda era menor de idade e a constituição
imperial previa que o país seria governado por um conselho de três regentes eleitos pelo
legislativo enquanto D. Pedro de Alcântara não atingisse a maioridade. Para alguns
historiadores, o período regencial foi uma experiência muito próxima da república,
pois havia eleições para o executivo e troca de governadores após o período de
mandato. Este período foi marcado por grandes embates políticos e pela luta
armada em várias regiões do país.
1. Regência Trina Provisória (1831)
De abril a junho de 1831, assumiu o governo uma regência trina provisória, uma vez que
o legislativo não estava reunido no momento da abdicação de D. Pedro I. Os membros
dessa regência eram Lima e Silva, Carneiro Campos e o Senador Vergueiro. De
início, os regentes decidiram pela suspensão do poder moderador.
2. Regência Trina Permanente (1831-35)
Após reunião do legislativo foi eleita então a Regência trina Permanente, composta
por Lima e Silva, Bráulio Muniz e Carvalho Costa. Destaca-se deste período, o
ministro da justiça, Padre Feijó, responsável pela criação da Guarda Nacional, do
Código do Processo Criminal e do Ato Adicional.
3. Regência Una de Feijó (1835-37)
• Oposição dos regressistas;
• Eclosão de Revoltas regenciais;
• Renúncia de Feijó.
4. Regência Una de Araújo Lima (1837-40)
• Centralização do poder;
• Lei Interpretativa do Ato Adicional (1840) – reduz poder das províncias / enfraquece
assembleias provinciais;
• Liberais: Golpe da maioridade.

366
O período regencial, que se iniciara em 1831, teve no Ato Adicional de 1834 um
alento de abertura liberal e um ensaio de regime menos centralizado. Para os
monarquistas conservadores, a Regência foi uma “verdadeira” república, tendo
mostrado sua ineficiência. [...] A Regência foi sacudida por várias rebeliões
localizadas: a Cabanagem, no Pará, a Balaiada, no Maranhão, a Sabinada, na Bahia
e [...] a Guerra dos farrapos, no Rio Grande do Sul. Essas rebeliões, que atestavam
o descontentamento com o governo central, também espelhavam as tensões
sociais do Brasil independente. A resposta a essas manifestações veio com a
antecipação da maioridade do imperador, em 1840, para justificar a nova
centralização do poder. O medo à “desordem” e à “anarquia” congregou antigos
opositores políticos num esforço conjunto para recuperar a ordem nacional.
PRADO, Maria Lígia. A formação das nações latino-americanas. Editora Atual, SP.

Revoltas Regenciais
A instabilidade política do período regencial leva às chamadas “Rebeliões Regenciais”.
Entre suas motivações estava o excesso de centralização política, a cobrança de
inúmeros tributos, e a situação de miséria em que se encontrava a maioria da população.
Nesse momento houve a clara possibilidade do Brasil ter se fragmentado, a partir
da influência de ideias republicanas, como ocorreu na Sabinada, na Cabanagem e
Revolução Farroupilha.

367
Um ciclo de revoltas - Podemos perceber que o Brasil apresentou entre 1789 e 1850
uma série de revoltas, que vão da Inconfidência Mineira até a Revolta Praieira, que
tem pelo menos um aspecto comum: são influenciadas direta ou indiretamente pela
onda liberal/iluminista que assolava a Europa nesse momento. Então podemos
considerar ainda movimentos como a Revolução Farroupilha como ecos da
Marselhesa (obviamente destacando um contexto diferenciado).

A Revolta dos Malês


(Bahia, 1835) Foi uma revolta de escravos muçulmanos que ocorreu em Salvador, na
madrugada de 23 para 24 de janeiro de 1835. Envolveu mais de 700 negros, entre
escravos e ex-escravos, que lutavam pela liberdade. Porém, como houve denuncia da
rebelião, as forças policiais deram fim imediatamente a esta que foi a maior rebelião
urbana de escravos do Brasil.
A Cabanagem (Pará, 1835 – 1840)
Teve como ponto de partida as disputas locais em torno da nomeação do presidente da
província o que dividiu a elite paraense. Devido a condição de miséria em que vivia a
população, a revolta contou com a adesão de índios, mestiços e negros que, moravam
em cabanas, a beira dos rios, devendo a este fato o nome do movimento. Em 1835, os
Cabanos tomaram a cidade de Belém, as forças do Governo Central conseguem retomar
o poder, porém, perde novamente para os revoltosos, instala-se por dez meses um
governo de caráter eminentemente popular, que acaba sendo traído por vários
participantes. Como não havia consenso entre seus líderes, e indefinições quanto aos
rumos do governo, acontece o esvaziamento da revolta.
Em 1836, Feijó enviou uma poderosa força militar para a região, os Cabanos resolveram
deixar a capital e resistir no interior. A repressão foi violenta, o Pará foi “pacificado” às
custas de um total de mortos superior a 30 mil, perto de 20% de toda a população da
província.
A Balaiada (Maranhão, 1838 – 1841)
Foi mais uma manifestação resultante da crise pela qual passava a sociedade
brasileira durante o período regencial. Origina-se nas disputas políticas pelo
controle do poder local. Os rebeldes eram formados pela camada pobre e miserável da
região, incluindo escravos que sonhavam com a liberdade. Contestavam os privilégios
dos latifundiários e comerciantes portugueses.
Os principais líderes do movimento foram o vaqueiro Raimundo Gomes, apelidado
de “Cara Preta”, Manuel dos Anjos Ferreira, o “Balaio”, fabricante de balaios (daí a
inspiração para o nome da revolta), e o negro Cosme Bento das chagas, que liderou
uma força de cerca de 3 mil escravos fugitivos. O negro Cosme denominava-se
Tutor e Defensor das Liberdades Bem-te-vis, os balaios eram também conhecidos
como bem-te-vis, nome derivado de um jornal.
368
Ocorreram várias manifestações, inclusive no interior da província. Chegaram até mesmo
a ocupar a Vila de Caxias, importante centro urbano da província.
Devido às divergências entre seus líderes e à falta de unidade entre rebeldes, o
movimento entrou em rápido declínio. Quando então foi nomeado para reprimi-lo o
coronel Luís Alves de Lima e Silva. O governo imperial consegue a rendição de muitos
rebeldes, oferecendo-lhes anistia, inclusive aos chefes que ajudassem a perseguir
aqueles que continuavam rebelados. Aliás, foi graças a essa vitória que o coronel recebeu
o título de Barão de Caxias.
A Sabinada (Bahia, 1837 – 1838)
O excesso de autonomia local, as dificuldades econômicas vivenciadas pela província já
há muito tempo, o descontentamento dos grupos médios urbanos e a resistência da
população local contra as determinações do governo central, foram os principais motivos
para explosão do movimento. A revolta inicia quando da instituição do recrutamento
forçado para a formação de tropas que iriam combater os farroupilhas no Rio Grande
do Sul.
Liderado pelo médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, a quem se deve o
nome da revolta, que utilizava seu jornal, o Novo Diário da Bahia, para criticar o
governo dos regentes e o presidente da província.
Tinham como objetivo separar a Bahia do resto do Brasil e organizar uma república
com caráter provisório, até a maioridade de D. Pedro de Alcântara. Buscavam,
sobretudo, manter a autonomia provincial conseguida com o Ato Adicional de 1834,
assumiram também, o compromisso de libertar os “crioulos” (escravos nascidos no Brasil)
que apoiassem a revolução, mantendo, porém, os demais sob o cativeiro.
Os revoltosos acabaram encurralados na Capital, pelas tropas da polícia local. Em 1838,
chegaram as tropas do governo central, contaram com o apoio dos senhores de engenho
da região do Recôncavo. Ao final da violenta repreensão, muitos revoltosos foram
queimados vivos, e os prisioneiros foram entregues a um grupo, composto pelos
grande proprietários rurais da província, cuja crueldade valeu-lhe o apelido de Júri
de Sangue.
A Revolução Farroupilha (Rio Grande do Sul, 1835 – 1845)
Foi a mais longa rebelião da história brasileira. Em 1824, os estancieiros e
charqueadores viram frustradas as suas intenções políticas. O primeiro presidente da
província nomeado por D. Pedro I se apresentava desvinculado dos problemas locais. Em
1825 acontece a Guerra Cisplatina, que alongou-se até 1828. O Brasil perdeu a guerra e
surgiu a República Oriental do Uruguai. O Que afetava grandemente os estancieiros e
charqueadores, pois muitos perderam as terras que possuíam na Antiga Cisplatina
ficando impedidos de se utilizarem do gado e das pastagens do Uruguai.
Um sentimento antigoverno imperial tomou conta do Rio Grande. Em meio a essa
situação, foi fundado em 1831 o Partido Farroupilha com o ideário exaltado.

369
Nos anos que se seguiram a abdicação de D. Pedro I até o Ato Adicional de 1834, a
agitação político-partidária tomou conta das ruas da Corte e das principais cidades do Rio
Grande de São Pedro. Os liberais exaltados não poupavam esforços em criticar o
governo regencial e Propunham mudanças radicais na estrutura do poder, entre elas
o federalismo, a abolição do poder moderador e a promulgação de uma nova carta
constitucional, reivindicavam, ainda, maior autonomia provincial e a redução dos
altos impostos que incidiam sobre o charque gaúcho, que, dessa forma, não tinha
condições de competir em situação de igualdade com o charque platino. A situação era
bem diferente do que ocorria no restante do país, onde a economia se voltava
predominantemente ao mercado externo.
Em 20 de setembro de 1835, Teve início a Revolução Farroupilha, quando Bento
Gonçalves, filho de um rico proprietário de terras no Rio Grande do Sul, toma a cidade de
Porto Alegre. O objetivo imediato era pressionar o regente do Brasil, padre Feijó, a
apoiar a deposição do então presidente da Província, Antônio Rodrigues Fernandes
Braga. Todavia, os rio-grandenses se dividiram. Em alguns locais se concentravam os
legalistas, aqueles que defendiam a ordem monárquica e, em outros os farroupilhas.

370
Mapa Mental:

Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Período Regencial
https://youtu.be/osT4DLhHynI
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Período Regencial
Parte 1
https://youtu.be/T5rZjzDuHtY
Parte 2
https://youtu.be/o1qEMQ2PLTE
Canal: "Brasil Escola" | Vídeo aula: Período Regencial
Parte 1
https://youtu.be/dIDLmZd3wEU
Parte 2
https://youtu.be/ZpgYRXIwo4E
Canal: "Descomplica" | Vídeo aula: Período Regencial
https://youtu.be/yJGNbPnyIdE
Canal: "Hexag Medicina" | Vídeo aula: Período Regencial
https://youtu.be/YYl3qYmL_l4
371
Exercícios
1. (Enem 2010) Após a abdicação de D. Pedro I, o Brasil atravessou um período marcado
por inúmeras crises: as diversas forças políticas lutavam pelo poder e as reivindicações
populares eram por melhores condições de vida e pelo direito de participação na vida
política do país. Os conflitos representavam também o protesto contra a centralização do
governo. Nesse período, ocorreu também a expansão da cultura cafeeira e o surgimento
do poderoso grupo dos "barões do café", para o qual era fundamental a manutenção da
escravidão e do tráfico negreiro. O contexto do Período Regencial foi marcado
a) por revoltas populares que reclamavam a volta da monarquia.
b) por várias crises e pela submissão das forças políticas ao poder central.
c) pela luta entre os principais grupos políticos que reivindicavam melhores condições de
vida.
d) pelo governo dos chamados regentes, que promoveram a ascensão social dos "barões
do café".
e) pela convulsão política e por novas realidades econômicas que exigiam o reforço de
velhas realidades sociais.

2. (UFSM 2003) O Período Regencial no Império brasileiro (1831-1840) caracterizou-se


pelo governo exercido por representantes do Poder Legislativo que promoveram
a) uma estabilidade política fundamentada no centralismo e na ampliação das atribuições
do poder Moderador.
b) a criação da Guarda Nacional em 1831, composta por tropas de confiança e
controlada, principalmente, pelos grandes fazendeiros, que receberam o posto de
comando e o título de coronéis.
c) a mudança da Constituição de 1824 através do Ato Adicional de 1834, no qual a
Regência Una passaria a ser Trina e o poder municipal se restringiria ao Executivo.
d) a criação das faculdades de Direito de São Paulo, de Olinda/ Recife e de Porto Alegre,
com o fim de formar uma classe política nacional diferenciada das influências recebidas
nas universidades portuguesas.
e) o surgimento de movimentos armados, que contestavam a legalidade do governo
regencial, como a Revolução Pernambucana, a Cabanagem e a Revolução Farroupilha.

3. (Uel) No governo do regente Araújo Lima (1837-1840) foi aprovada a Lei de


Interpretação ao Ato Adicional. Esta lei
a) modificava alguns pontos centrais da Constituição vigente, extinguindo o Conselho de
Estado, mas conservando o Poder Moderador e a vitaliciedade do Senado.

372
b) buscava a centralização como forma de enfrentar os levantes provinciais que
ameaçavam a ordem estabelecida, limitando os poderes das Assembléias Legislativas
Provinciais.
c) criava o Município Neutro do Rio de Janeiro, território independente da Província, como
sede da administração central, propiciando a centralização política.
d) revelava o caráter liberal dos Regentes, suspendendo o exercício do Poder Moderador
pelo governo, eixo da centralização política no Primeiro Reinado.
e) restabelecia os poderes legislativos dos Conselhos Municipais, colocando nas mãos
dos conselheiros o direito de governar as Províncias.

4. (Uff) O Período Regencial, compreendido entre 1831 e 1840, foi marcado por grande
instabilidade, causada pela disputa entre os grupos políticos para o controle do Império e
também por inúmeras revoltas, que assumiram características bem distintas entre si. Em
1838, eclodiu, no Maranhão, a Balaiada, somente derrotada três anos depois. Pode-se
dizer que esse movimento:
a) contou com a participação de segmentos sertanejos - vaqueiros, pequenos
proprietários e artesãos - opondo-se aos bem-te-vis, em luta com os negros escravos
rebelados, que buscavam nos cabanos apoio aos seus anseios de liberdade;
b) foi de revolta das classes populares contra os proprietários. Opôs os balaios
(sertanejos) aos grandes senhores de terras em aliança com escravos e negociantes;
c) foi, inicialmente, o resultado das lutas internas da Província, opondo cabanos
(conservadores) a bem-te-vis (liberais), aprofundadas pela luta dos segmentos sertanejos
liderados por Manuel Francisco dos Anjos, e pela insurreição de escravos, sob a liderança
do Negro Cosme, dando características populares ao movimento;
d) lutou pela extinção da escravidão no Maranhão, pela instituição da República e pelo
controle dos sertanejos sobre o comércio da carne verde e da farinha - então monopólio
dos bem-te-vis -, sendo o seu caráter multiclassista a razão fundamental de sua
fragilidade;
e) sofreu a repressão empreendida pelo futuro Duque de Caxias, que não distinguiu os
diversos segmentos envolvidos na Balaiada, ampliando a anistia decretada pelo governo
imperial, em 1840, aos balaios e aos negros de Cosme, demonstrando a vontade do
Império de reintegrar, na vida da província, todos os que haviam participado do
movimento.

373
Respostas:
1) E
2) B
3) B
4) B

Fontes/Créditos:
https://www.mundoedu.com.br/uploads/pdf/5432ceddcca08.pdf
https://br.pinterest.com/pin/836825174483585979/?lp=true
https://i.pinimg.com/originals/f1/c2/40/f1c240f36fbcdc5ef3bdbcdc8a590fc2.jpg
Mais exercícios sobre "Período Regencial":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/periodo-regencial/

374
Segundo Reinado (1840-1889)
Introdução
De 1840 a 1889 o Brasil foi governado pelo imperador D. Pedro II e viveu a fase final
da monarquia, que deixou de existir a partir de um golpe promovido pelos militares
em 1889. Muitos historiadores consideram que esse período pode ser dividido em 03
fases mais ou menos distintas, as quais são:
• Consolidação (1840-1850);
• Conciliação (1850-1870);
• Declínio (1870-1889).

1. Política
Consolidação e Conciliação
O 2º Reinado iniciou, como vimos, com a antecipação da maioridade de D. Pedro II,
que assumiu o trono aos 14 anos de idade. D. Pedro II teve sua maioridade
antecipada por uma articulação feita pelos liberais, que se encontravam afastados
do poder durante a Regência de Araújo Lima. Dessa forma, o monarca escolheu
liberais para comporem seu ministério.

Conservadores x Liberais
“Não havia nada mais parecido com um conservador do que um liberal no poder”.

375
“Eleições do Cacete”
A eleição para a Câmara dos deputados de 1840 foi marcada pela intensa disputa entre
conservadores e liberais, tendo como sinal disso as fraudes eleitorais e o uso da
violência. Nas eleições, os liberais venceram mas foram acusados de terem utilizado
fraude para esta vitória. D. Pedro II dissolveu a Câmara e convocou novas eleições.
Parlamentarismo no Brasil
Em 1847 foi instituído o regime parlamentarista no Brasil. Nesse sistema, o presidente do
Conselho de Ministros (primeiro-ministro) seria o chefe do ministério e encarregado de
organizar o gabinete do governo. Apesar de existir um primeiro-ministro, ainda assim o
Poder Moderador (rei) se sobrepunha a todos os outros, por isso esse parlamentarismo
foi chamado de Parlamentarismo às avessas
Período da Conciliação
Houve um período em que liberais e conservadores governaram juntos, por meio de
acordos e distribuições de cargos políticos. Este período, que foi de 1853 até 1861,
ficou conhecido como o período da conciliação. Após esse período houve um certo
equilíbrio político entre esses dois partidos , uma vez que não tinham divergências
profundas.
Revolta Praieira - PE (1848-50)
Na metade do século XIX, a produção açucareira era, em Pernambuco, uma das
principais atividades econômicas. Mas esta atividade estava controlada pelas mãos de
poucas famílias que dominavam a vida política local, como os Cavalcanti. O comércio,
outra atividade econômica vital para a região, era controlado pelos portugueses. A maioria
da população vivia em dificuldades, o que levava ao apoio das ideias liberais radicais, que
combatiam a desigualdade social. O partido da Praia era um forte defensor dessas ideias
e apoiava O presidente da província, Chichorro da Gama, pelo fato de o mesmo não estar
envolvido com os donos de engenho e comerciantes. Porém, em 1848, o governo imperial
demitiu da Gama, fazendo eclodir a Revolta da Praieira.
• Líderes: Pedro Ivo, Borges da Fonseca;
• Lançado o Manifesto ao Mundo;
Manifesto ao Mundo (1849)
Voto livre e Universal; Liberdade de imprensa; garantia de trabalho ao cidadão brasileiro;
fim do poder moderador; proibição de portugueses comerciarem; estabelecimento da
Federação
• Sem resoluções quanto a questão da escravidão;
• Repressão imperial.
Derrotadas as tendências separatistas, expressas em algumas rebeliões provinciais, as
elites sociais e políticas e o governo do Império consolidaram a construção de um Estado
centralizado. Preservaram, assim, a unidade territorial do país. A maioria da população
continuava afastada da disputa pelo poder.
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral. Editora Saraiva.

376
2. Economia
No segundo reinado, despontava no Brasil um produto de exportação que traria um novo
sustentáculo para as forças agro-exportadoras, trata-se do Café, o novo “ouro”
brasileiro. Veja no gráfico as exportações brasileiras:

Modernização
Na segunda metade do século XIX o Brasil experimentou um crescimento na sua
indústria, sobretudo no setor de alimentos e vestiários. Eis alguns dos fatores que
contribuíram para o crescimento industrial:
• Capital excedente do Café;
• Fim do tráfico negreiro (1850);
• Investimentos estrangeiros (ferrovias/bancos);
• Tarifa Alves Branco (1844)

377
Transição da mão-de-obra
• Da mão-de-obra escrava a mão-de-obra livre;
• Pressão inglesa;
• Bill Aberdeen (Inglaterra - 1845) – proíbe o tráfico negreiro no Atlântico;
• Lei Eusébio de Queirós (1850) – proíbe o tráfico negreiro para o Brasil.
Imigrantes:
Um grande número de imigrantes veio para o Brasil na metade do século XIX. O Objetivo
principal do governo é que os braços
imigrantes substituíssem a mão de obra
escrava. Por essa intenção, o governo
contribuiu com a entrada de europeus, através
da imigração subvencionada, ou seja, o
governo brasileiro arcava com as despesas de
viagem de vinda do europeu. Nas fazendas os
imigrantes se estabeleceram através do
sistema de parceria (que acabou fracassando)
e, mais tarde, o colonato.
Lei de terras (1850)
No ano de 1850, foi aprovada a lei de terras, a qual estabelecia que o meio normal de se
adquirir uma propriedade era a Compra e não a posse da área. Perante a vinda de
imigrantes para o Brasil, a Lei de terras constituía uma forma de se evitar a disseminação
da pequena propriedade e de manutenção dos grandes latifúndios, uma vez que as terras
sem donos eram vendidas pelo Estado a altos preços, dificultando o acesso à terra.
3. Política Externa
Durante o 2º Reinado, importantes acontecimentos marcaram as relações entre o
Brasil e outras nações, sendo destaque a Questão Christie, o envolvimento do
Império brasileiro na Região platina e a Guerra do Paraguai. Questão platina Para
manter seus interesses na região do prata, o Brasil manteve constantes intervenções
naquela região. Dentre os interesses do império brasileiro, destacamos:
• Garantir direito de navegação pelo rio da prata – acesso ao MT;
• Impedir avanço dos vaqueiros uruguaios sobre o RS;
• Impedir anexação do Uruguai pela Argentina.

378
Intervenções na região do prata
• Guerra contra Oribe (1850-51) – Brasil e Colorados (Uruguai) contra Blancos
(Uruguai) e Argentina;
• Guerra contra Rosas (1852) – Brasil x Argentina;
• Guerra Contra Aguirre (1864-65) – Brasil, Argentina e Colorados (Uruguai) contra
Blancos (Uruguai);
Guerra do Paraguai (1864-70)
• Tríplice Aliança (BRA/URU/ARG) X Paraguai
• 1865 – Paraguai invade MT e Argentina;
• 1865 – Batalha de Riachuelo : destruição da frota paraguaia;
• 1868 – Dezembradas (Itororó / Avaí / Angosturas / Lomas Valentinas) – Caxias;
• 1869 – Tomada de Assunção;
• 1870 – Conde D’Eu: Comanda a Campanha da Cordilheira – caçada a Solano
Lopes
Causas da Guerra:
• Desenvolvimento paraguaio Interesse inglês na Região Disputa regional por
terras e Rio da Prata.

379
Consequências:
• Paraguai destruído Brasil endividado Brasil: fortalecimento do exército 4.
Declínio e queda da Monarquia.

4. Declínio e queda da Monarquia

A partir da década de 1870, começam a se espalhar cada vez mais no Brasil as


ideias republicanas.
Tais ideias se disseminavam quanto mais enfraquecia a monarquia. Um dos pilares
do republicanismo foi o exército, desvalorizado pelo governo imperial, esta
instituição só foi começar a ter um maior prestigio entre a população e nos meio
políticos após a Guerra do Paraguai, porém, continuava sem receber maior atenção
do governo.
Uma série de acontecimentos foi enfraquecendo as bases de sustentação da
monarquia no Brasil, de onde destacamos: O Abolicionismo, O Republicanismo, A
Questão Religiosa e A Questão Militar.
O Republicanismo
As ideias republicanas já haviam feito parte de vários movimentos dentro da
história do Brasil, tal como foi na Inconfidência Mineira, na Conjuração Baiana, na
Revolução Pernambucana ou na Confederação do Equador. Porém, foi a partir de
1870, que o movimento republicano passou a ter bases sólidas e concretas. Neste
ano foi lançado, no Rio de Janeiro, o Manifesto Republicano, defendendo a
implantação da República no Brasil.

Manifesto Republicano - “Somos da América e queremos ser Americanos”


380
Em 1873, foi fundado o PRP (Partido Republicano Paulista), Partido este que seria
apoiado por importantes fazendeiros do café de São Paulo. Os partidos republicanos
estaduais iam se disseminar pelo Brasil no período final do Império. Após 1888, boa parte
dos ex-senhores de escravos voltou-se contra a Monarquia e aliaram-se as fileiras
republicanas.
A Questão Religiosa
Desde o período colonial, a Igreja Católica era uma instituição vinculada ao Estado, sendo
que, quando da Independência do Brasil, esta instituição ficou ao lado do Estado que
nascia. A Constituição Imperial de 1824 trazia em seu texto dois pontos que vinculavam a
Igreja ao estado: O Padroado (o rei nomeava os bispos da Igreja) e o Beneplácito (o rei
autorizava o culto e as bulas da Igreja no Brasil)
Em 1864, houve proibição papal da permanência da maçonaria dentro dos quadros da
Igreja. D. Pedro II, membro da maçonaria, não deu beneplácito para esta bula papal.
D. Vidal de Oliveira, bispo de Olinda, e D. Antônio de Macedo, bispo de Belém, preferiram
desobedecer ao Imperador e expulsaram de suas dioceses párocos ligados à maçonaria.
Por essa indisciplina, o Imperador decidiu por processar e condenar a prisão os
“rebeldes”.
A Questão Militar
No período final do Império as Forças Armadas via sua influência crescer na sociedade
brasileira. Cada vez mais, jovens de classes menos abastadas eram atraídos pela
instituição. As escolas militares começavam a ganhar importância.
Porém, o poder civil exercia o poder sobre os militares, e estes tinham baixos soldos,
lentas promoções e para o exército quase inexistiam investimentos.
Os oficiais do exército passaram a defender posições radicalmente contrárias à
Monarquia, se postando ao lado das ideias abolicionistas e republicanas. Nas
escolas militares cresciam a Mentalidade Positivista.
Em 15 de novembro de 1889 os militares positivistas, apoiados por um grupo de
intelectuais e latifundiários foi responsável pelo golpe que depôs a monarquia no
Brasil, finalizando um processo de corrosão do poder imperial, sobretudo após
1870.

Imagem: O Marechal Deodoro da Fonseca Proclama a República no Brasil. Mais uma


vez, assim como na Independência, teríamos um movimento de elite, sem participação
popular e, também, sem mudanças significativas para a população menos favorecida do
país.
381
Mapa Mental:

Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Segundo Reinado
https://youtu.be/7zs6-atp_ik
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Segundo Reinado
https://youtu.be/4jthFzSOHTo
Canal: "Brasil Escola" | Vídeo aula: Segundo Reinado
Parte 1
https://youtu.be/XjYdUexwBbU
Parte 2
https://youtu.be/0sYJMniqx-I
Canal: "Descomplica" | Vídeo aula: Segundo Reinado
https://youtu.be/q6olTom4nOc

382
Exercícios
1. (ENEM 99) Viam-se de cima as casas acavaladas umas pelas outras, formando ruas,
contornando praças. As chaminés principiavam a fumar; deslizavam as carrocinhas
multicores dos padeiros; as vacas de leite caminhavam com o seu passo vagaroso,
parando à porta dos fregueses, tilintando o chocalho; os quiosques vendiam café a
homens de jaqueta e chapéu desabado; cruzavamse na rua os libertinos retardios com os
operários que se levantavam para a obrigação; ouvia-se o ruído estalado dos carros de
água, o rodar monótono dos bondes.

(AZEVEDO, Aluísio de. Casa de Pensão. São Paulo: Martins, 1973)

O trecho, retirado de romance escrito em 1884, descreve o cotidiano de uma cidade, no


seguinte contexto:
a) a convivência entre elementos de uma economia agrária e os de uma economia
industrial indicam o início da industrialização no Brasil, no século XIX.
b) desde o século XVIII, a principal atividade da economia brasileira era industrial, como
se observa no cotidiano descrito.
c) apesar de a industrialização ter-se iniciado no século XIX, ela continuou a ser uma
atividade pouco desenvolvida no Brasil.
d) apesar da industrialização, muitos operários levantavam cedo, porque iam diariamente
para o campo desenvolver atividades rurais.
e) a vida urbana, caracterizada pelo cotidiano apresentado no texto, ignora a
industrialização existente na época

2. (ENEM 2002) Comer com as mãos era um hábito comum na Europa, no século XVI. A
técnica empregada pelo índio no Brasil e por um português de Portugal era, aliás, a
mesma: apanhavam o alimento com três dedos da mão direita (polegar, indicador e
médio) e atiravam-no para dentro da boca. Um viajante europeu de nome Freireyss, de
passagem pelo Rio de Janeiro, já no século XIX, conta como “nas casas das roças
despejam-se simplesmente alguns pratos de farinha sobre a mesa ou num balainho,
donde cada um se serve com os dedos, arremessando, com um movimento rápido, a
farinha na boca, sem que a mínima parcela caia para fora”. Outros viajantes oitocentistas,
como John Luccock, Carl Seidler, Tollenare e Maria Graham descrevem esse hábito em
todo o Brasil e entre todas as classes sociais. Mas para Saint-Hilaire, os brasileiros
“lançam a [farinha de mandioca] à boca com uma destreza adquirida, na origem, dos
indígenas, e que ao europeu muito custa imitar”. Aluísio de Azevedo, em seu romance
Girândola de amores (1882), descreve com realismo os hábitos de uma senhora abastada
que só saboreava a moqueca de peixe “sem talher, à mão”. Dentre as palavras listadas
abaixo, assinale a que traduz o elemento comum às descrições das práticas alimentares
dos brasileiros feitas pelos diferentes autores do século XIX citados no texto.
a) Regionalismo (caráter da literatura que se baseia em costumes e tradições regionais).
b) Intolerância (não-admissão de opiniões diversas das suas em questões sociais,
políticas ou religiosas).
c) Exotismo (caráter ou qualidade daquilo que não é indígena; estrangeiro; excêntrico,
extravagante).
383
d) Racismo (doutrina que sustenta a superioridade de certas raças sobre outras).
e) Sincretismo (fusão de elementos culturais diversos, ou de culturas distintas ou de
diferentes sistemas sociais)

3. (ENEM 2007)

Considerando a linha do tempo acima e o processo de abolição da escravatura no Brasil,


assinale a opção correta.
a) O processo abolicionista foi rápido porque recebeu a adesão de todas as correntes
políticas do país.
b) O primeiro passo para a abolição da escravatura foi a proibição do uso dos serviços
das crianças nascidas em cativeiro.
c) Antes que a compra de escravos no exterior fosse proibida, decidiu-se pela libertação
dos cativos mais velhos.
d) Assinada pela princesa Isabel, a Lei Áurea concluiu o processo abolicionista, tornando
ilegal a escravidão no Brasil.
e) Ao abolir o tráfico negreiro, a Lei Eusébio de Queirós bloqueou a formulação de novas
leis antiescravidão no Brasil.

4. (ENEM 2007) Um dia, os imigrantes aglomerados na amurada da proa chegavam à


fedentina quente de um porto, num silêncio de mato e de
febre amarela. Santos. — É aqui! Buenos Aires é aqui! —
Tinham trocado o rótulo das bagagens, desciam em fila.
Faziam suas necessidades nos trens dos animais onde
iam. Jogavam-nos num pavilhão comum em São Paulo.
— Buenos Aires é aqui! — Amontoados com trouxas,
sanfonas e baús, num carro de bois, que pretos guiavam
através do mato por estradas esburacadas, chegavam
uma tarde nas senzalas donde acabava de sair o braço
escravo. Formavam militarmente nas madrugadas do
terreiro homens e mulheres, ante feitores de espingarda ao ombro.
(Oswald de Andrade. Marco Zero II – Chão. Rio de Janeiro: Globo, 1991.)

384
Levando-se em consideração o texto de Oswald de Andrade e a pintura de Antonio Rocco
reproduzida acima, relativos à imigração européia para o Brasil, é correto afirmar que
a) a visão da imigração presente na pintura é trágica e, no texto, otimista.
b) a pintura confirma a visão do texto quanto à imigração de argentinos para o Brasil.
c) os dois autores retratam dificuldades dos imigrantes na chegada ao Brasil.
d) Antonio Rocco retrata de forma otimista a imigração, destacando o pioneirismo do
imigrante.
e) Oswald de Andrade mostra que a condição de vida do imigrante era melhor que a dos
escravos.

Respostas:
1) A
2) E
3) D
4) C

Fontes/Créditos:
https://mundoedu.com.br/uploads/pdf/5432cdc9e455a.pdf
https://twitter.com/historiadigital/status/1073246602834427905
Mais exercícios sobre "Segundo Reinado":
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385
República Velha
República é a forma de governo vigente no Brasil desde 15 de novembro de 1889,
quando foi proclamada por José do Patrocínio na Câmara Municipal do Rio de
Janeiro. Desde essa data, o Brasil já teve seis diferentes repúblicas, a saber:
• Primeira República (1889-1930);
• Governo Provisório e Constitucional de Vargas (1930-1937);
• Estado Novo (1937-1945);
• Quarta República (1945-1964);
• Ditadura Militar (1964-1985);
• Nova República (1985-Dias atuais).
A atual república brasileira é conhecida como Nova República e está em vigor
desde o fim da Ditadura Militar. Com a Nova República, foi inaugurado um novo
período democrático, além de ter sido redigida e promulgada, em 1988, uma
nova Constituição para o Brasil.
Proclamação da República:
A Proclamação da República foi resultado de um golpe militar que derrubou a
monarquia brasileira, que se enfraqueceu a partir do momento em que esse regime
perdeu o apoio das elites econômicas do país. Isso aconteceu, principalmente, pela
insatisfação de dois grupos muito importantes naquele momento: o Exército e
a elite cafeeira paulista.
No caso do Exército, essa insatisfação vinha desde a Guerra do Paraguai. Os militares
consideravam-se humilhados pela monarquia e exigiam melhorias salariais e no sistema
de promoção de carreira. Além disso, não pode ser esquecida a influência dos ideais
positivistas, que difundiam o republicanismo no seio do exército.
Já no caso da elite cafeeira paulista, é importante mencionar que essa classe havia
aderido há tempos os ideais republicanos. Uma prova disso foi a criação do Partido
Republicano Paulista na década de 1870. Quando a conspiração contra a monarquia
tomou força, a elite cafeeira não colocou nenhuma resistência para a mudança de regime.
Os historiadores também levantam a hipótese de que o desgaste nas relações da
monarquia com a Igreja e com a elite cafeeira do Vale do Paraíba foram fatores
relevantes. O historiador Boris Fausto, no entanto, comenta que o papel desses grupos na
Proclamação da República é muito pequeno, uma vez que não dispunham de grande
força de transformação política no Brasil.
A década de 1880 vivenciou uma crise política crônica no país. No final desse período, a
conspiração contra a monarquia ganhou força no Exército. Poucos dias antes do golpe
que resultou na Proclamação da República, os conspiradores reuniram-se com
o marechal Deodoro da Fonseca para convencê-lo a aderir ao golpe.
386
Com a Proclamação da República, o Brasil tornou-se um país federalista, isto é, as
províncias (renomeadas agora de estados) passaram a ter mais autonomia em relação ao
Governo Federal, e foi adotado o presidencialismo, como determinou a Constituição de
1891. A princípio o cargo de presidente tinha duração de quatro anos.
A Proclamação da República foi em boa parte resultado de uma aliança entre militares e
cafeicultores. Estes dois grupos, porém, divergiam quanto a forma de governar o país,
sendo possível identificarmos dois projetos de governo diferenciados:
Projeto Republicano Liberal e o Projeto Republicano Positivista.

O francês Auguste Comte, idealizador do positivismo, influenciou o projeto republicano


defendido por amplos setores do exército.

A luta contra a monarquia brasileira e a sua derrubada em 1889 trouxeram à tona


um debate sobre os projetos republicanos e a forma de organização estatal que se
daria após o golpe que depôs D. Pedro II. Nesse debate, três projetos republicanos
principais se destacaram.
O primeiro a ser citado foi o projeto republicano liberal (que pode também ser
chamado de moderado ou evolucionista) defendido principalmente pelas elites agrárias,
principalmente os cafeicultores de São Paulo e Rio de Janeiro. O objetivo era formar um
Estado liberal que garantisse a participação de uma maior parcela da população na vida
pública. Nesse sentido, defendiam eleições para os cargos estatais. Pregavam ainda a
necessidade de uma descentralização política dentro de uma república federativa,
garantindo autonomia às antigas províncias. O interesse nesse modelo era garantir que
as oligarquias regionais controlassem suas bases eleitorais e propiciassem condições
para os investimentos econômicos nos ramos em que atuavam.
O segundo foi o projeto republicano jacobino, ou radical, defendido por alguns setores
sociais urbanos. Eles espelhavam suas propostas na República Francesa instaurada em
1793 e comandada por Danton e Robespierre, cujo espaço à participação popular na vida
pública deveria ser garantido pelo Estado. Eram, assim, defensores da liberdade de
reunião e discussão e que o processo de constituição republicana deveria ser realizado
através de uma revolução nos moldes franceses, chegando inclusive a defender a
execução de membros da família real brasileira.
O terceiro foi o projeto republicano positivista, cujos principais defensores eram
oficiais do exército. Eles baseavam suas propostas na ideologia elaborada pelo cientista
social francês Auguste Comte, cuja forma de organização social deveria ser guiada pelos
conhecimentos produzidos racionalmente e cientificamente. A proposta política era de
formar um Estado centralizado que organizaria a nação e garantiria os direitos dos
cidadãos. Para se conseguir alcançar esse ideal republicano positivista seria necessário
realizar uma ditadura republicana, tolhendo as ações individuais para a formação da
República.
387
Um dos lemas dos positivistas era inspirado na frase de Comte, “o amor por
princípio; a ordem por base; o progresso por fim”, que acabou sendo adotado em
partes na nova bandeira brasileira: Ordem e Progresso.
Nos primeiros anos da república o que houve foi uma mescla das propostas do
primeiro e último projeto apresentados, já que da aliança entre cafeicultores e
exército pela derrubada da monarquia resultou um governo provisório comandado
pelo marechal Deodoro da Fonseca, com autonomia para os estados. Essa situação
perdurou até 1891 quando uma nova constituição foi elaborada.
Os diferentes projetos republicanos:
• República Positivista: centralização política nas mãos do presidente. Postura
predominante entre os militares. Prevaleceu entre 1889 e 1894, durante a
chamada República da Espada;
• República Liberal: federalismo descentralizado com grande autonomia para os
estados. Postura predominante entre os cafeicultores paulistas. Prevaleceu entre
1894 e 1930, durante a chamada República Oligárquica;
• República Jacobina: formação de uma república com forte participação popular e
favorável a criação de medidas com alcance social. Postura predominante entre
setores da classe média urbana que não chegou a se concretizar.
Temos a República Velha dividida em dois períodos:
• República da Espada (1889-1894) – dos governos militares.
• República dos Coronéis (1894-1930) – dos governos civis ligados aos coronéis.
República da Espada (1889-1894):
Na República da Espada, o Brasil foi governado por Deodoro da Fonseca e Floriano
Peixoto. Destacaram-se as medidas autoritárias de Deodoro e as revoltas contra o
governo de Floriano.
Com a Proclamação da República, foi formado um governo provisório no qual
Deodoro da Fonseca foi nomeado o presidente provisório. Algumas mudanças
foram tomadas de imediato, como a mudança da Bandeira Nacional e a elaboração
de uma nova Constituição, que foi promulgada em 1891.
O governo provisório de Deodoro da Fonseca deveria ainda garantir a realização de uma
Assembleia Constituinte e criar novas instituições republicanas em substituição às que
existiam durante o Império. Tinha o apoio dos cafeicultores paulistas, da oligarquia de
Minas Gerais e Rio Grande do Sul, principalmente, além do exército.
Essa última instituição estava dividida entre duas alas principais: uma ligada a Deodoro,
cujos membros não tinham uma forte convicção republicana; e os ligados a Floriano
Peixoto, formada por positivistas que viam uma clara função para o exército: a de garantir
a existência da república e fomentar o desenvolvimento do país, principalmente com a
industrialização, através de um governo centralizado.
388
Apesar das diferenças, os grupos se mantinham unidos em prol do projeto
republicano. O que não acontecia com a marinha, pois era fortemente influenciada
por oficiais monarquistas.
Politicamente, Deodoro da Fonseca extinguiu inicialmente as instituições do
Império:
• A Constituição de 1824;
• O Conselho de Estado;
• O Senado, a Câmara dos Deputados, as assembleias provinciais e as
câmaras municipais;
• Além de banir a família imperial do país e promover a separação entre Estado
e Igreja;
• Realizou ainda a “grande naturalização”, concedendo cidadania brasileira a
todos os estrangeiros que residiam no país naquele momento.
Quanto à política econômica, Deodoro da Fonseca nomeou como ministro da Fazenda o
intelectual baiano Rui Barbosa(1849-1923), que defendia ideias próximas às dos
positivistas. A principal medida de Rui Barbosa foi tentar estimular a industrialização no
país, configurando o primeiro esforço estatal no estímulo a esse setor econômico.
O objetivo era angariar recursos para o financiamento da industrialização e da agricultura,
munindo o mercado de moeda para atender as necessidades surgidas com o fim do
escravismo e a adoção do trabalho assalariado. Para realizar essa proposta, o governo
decidiu pela concessão do direito a alguns bancos privados em emitir o papel-moeda.
Criou ainda leis para facilitar a formação de sociedades anônimas, empresas cujas ações
eram negociadas na Bolsa de Valores, e também taxas alfandegárias protecionistas, que
visavam a impedir a entrada de mercadorias estrangeiras, estimulando a produção das
indústrias.
O intelectual baiano Rui Barbosa, ministro da Fazenda no Governo Provisório, foi
um dos responsáveis pelo Encilhamento.
O resultado foi catastrófico. A inflação no Brasil passou de 1,1% em 1889 para 89,9% em
1891, já que a emissão de moeda não foi acompanhada do fortalecimento de seu lastro,
uma quantidade em ouro que sustentasse essa emissão, de acordo com as diretrizes
econômicas financeiras do capitalismo naquele momento. A especulação na Bolsa
também cresceu, gerando posteriormente uma série de falências. Essa crise econômica
ficou conhecida como Encilhamento, devido ao fato da palavra se referir ao local em que
os cavalos de corrida se preparam antes dos páreos, no momento em que são feitas as
apostas.
As oligarquias pretendiam manter o federalismo, assegurando a manutenção de seus
poderes regionais. Para isso, pressionaram pela realização de uma Assembleia
Constituinte, medida que vinha sendo postergada pelos militares.
389
As eleições para a constituinte ocorreram em 07 de setembro de 1890, iniciando os
debates em novembro de 1890. O resultado foi a promulgação da constituição em
24 de fevereiro de 1891 e a eleição indireta de Deodoro da Fonseca para presidente
e de Floriano Peixoto como seu vice, dando início ao primeiro governo
constitucional da República.
O governo constitucional de Deodoro da Fonseca teve seu início ainda influenciado pela
crise política conhecida como Encilhamento e também pela oposição ao seu poder que se
constituiu no Congresso Nacional. Deodoro da Fonseca foi eleito com pequena margem
de votos frente ao outro candidato, Prudente de Morais. Em um período em que o voto de
vice-presidente era realizado separadamente, foi sintomático da fragilidade do apoio tido
por Deodoro da Fonseca o fato de que o candidato ao cargo de vice na chapa de
Prudente de Morais, Floriano Peixoto, tenha tido mais votos que o presidente.
O posicionamento autoritário de Deodoro da Fonseca era já conhecido e havia
criado indisposições com a oposição oligárquica, principalmente os cafeicultores,
que pretendiam ter uma participação maior nas decisões dos rumos a serem
tomados pela República recém-constituída. As rusgas entre o presidente e o
Congresso Nacional se iniciaram com a destituição dos presidentes estaduais que se
opuseram a ele nas eleições de 1891. No lugar dos destituídos foram nomeados pessoas
da confiança do presidente para ocuparem esses postos.
Em uma tentativa malsucedida de acalmar os ânimos políticos, Deodoro da Fonseca
nomeou como ministro da Fazenda o Barão de Lucena, velha figura política ligada à
oligarquia rural brasileira. Entretanto, o barão era um monarquista e sua função seria
chefiar o ministério do presidente, gerando insatisfações tanto entre os oficiais militares
positivistas quanto com os cafeicultores paulistas, que temiam a volta da monarquia.
A situação iria se acirrar quando a oposição apresentou um projeto de lei no Congresso,
denominado Lei das Responsabilidades, que pretendia diminuir as atribuições do Poder
Executivo. O resultado foi o fechamento do Congresso e a decretação do estado de
sítio em 3 de novembro de 1891, ficando proibidas as reuniões públicas,
manifestações e críticas às autoridades governamentais. Líderes da oposição foram
presos, mas conseguiram escapar da prisão, como Prudente de Morais, Campos Sales
e Bernardino de Campos.
Deodoro da Fonseca anunciou ainda uma reforma constitucional que ampliaria os
poderes do presidente, caracterizando toda essa situação como um golpe de
Estado.
A oposição se movimentou contra as ações de Deodoro da Fonseca em Minas
Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Nesse último estado, os grupos políticos
contrários ao presidente pegaram em armas contra a tentativa de golpe. Mesmo
dentro das forças armadas houve oposição à postura de Deodoro da Fonseca,
tendo como principal articulador do encaminhamento das insatisfações o vice-
presidente Floriano Peixoto. Mas as movimentações contrárias a Deodoro da
Fonseca não se restringiram às elites políticas e ao exército.
390
Em 22 de novembro de 1891, os trabalhadores da Estrada de Ferro Central do Brasil
entraram em greve contra o golpe de Estado. Caracterizava assim uma greve
política contra o golpe de Deodoro da Fonseca e, possivelmente, tenha sido a erupção da
primeira greve política que se teve notícia na história da luta dos trabalhadores no
Brasil.
Em 23 de Novembro, a marinha também foi atingida pela insatisfação. A reação ocorreu
com o almirante Custódio de Melo, que passou a comandar os navios atracados na Baía
de Guanabara, apontando os canhões para o Rio de Janeiro e ameaçando um
bombardeio caso Deodoro da Fonseca não renunciasse. O presidente não conseguiu
se manter no cargo frente à enorme pressão que sofria, renunciando em 23 de
novembro.
Resumo:
O Governo Mal. Deodoro da Fonseca (1889 – 1891):
Fase provisória:
• Cancelamento de instituições imperiais;
• Decretos;
• Separação entre Igreja e Estado (criação do casamento civil);
• Grande naturalização;
• Eleições para Assembleia Constituinte;
• Encilhamento (Rui Barbosa).
Constituição (1891):
• República Federativa com autonomia para os estados;
• 3 poderes: executivo, legislativo (bicameral) e judiciário;
• Voto universal masculino (excluindo-se mulheres, menores de 21 anos,
analfabetos, mendigos, padres e soldados);
• Voto aberto;
• Eleições diretas (excetuando-se a primeira eleição presidencial, vencida por
Deodoro).
Fase Constitucional (1891):
• Atritos entre o presidente (avesso à ideia de democracia ou oposição) e o
parlamento (controlado majoritariamente por cafeicultores desejosos de maior
descentralização política).
• Nov/1891 – Deodoro fecha o congresso e decreta Estado de Sítio. Reação de
diversos setores contra o gesto do presidente: cafeicultores, setores do exército,
greve de trabalhadores da Estrada de Ferro Central do Brasil e marinha.

391
Floriano Peixoto assumiu a presidência no mesmo dia da renúncia de Deodoro.
Deodoro da Fonseca governou o país de 1889 a 1891.
Interessante é notar como a atuação de vários setores do exército brasileiro na
política nacional não foi pautada pelo respeito às instituições democráticas
representativas. A história da República brasileira é recheada de tentativas de
golpes militares, sendo que em vários casos eles foram bem-sucedidos.
Governo de Floriano Peixoto:
Depois do afastamento de Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto assumiu a presidência
em 23 de novembro de 1891. Justamente por ocupar o posto de vice-presidente,
muitas pessoas questionaram sua posse, uma vez que ele não havia sido eleito por
votos diretos.
Elas não consideravam a legitimidade de seu governo e por isso pediam a
convocação imediata de novas eleições. Apesar disso, e até mesmo por sua
autoridade militar, conseguiu chegar ao fim do mandato.
Entre as principais medidas políticas de seu governo, é possível citar a suspensão do
estado de sítio iniciado por seu antecessor, reabertura do Congresso Nacional, adotou
medidas para combater os monarquistas e centralizou o poder nas mãos do presidente.
No que diz respeito a economia, adotou medidas protecionistas que tinham como objetivo
conseguir o apoio do setor industrial brasileiro que estava ascendendo naquele momento.
Para isso, concedeu uma série de empréstimos e proteção aduaneira.
Ainda que tenha sido chamado de “Marechal de Ferro”, ele adotou diversas
medidas de caráter populista, que desagradaram, em especial, os grandes
produtores rurais, principalmente aqueles ligados à cafeicultura.
Eles possuíam ideias liberais e descentralizadas e essa insatisfação é uma das células
embrionárias da República Oligárquica que vigorou no Brasil desde o final do governo
de Floriano Peixoto, em 1894, até a Revolução de 1930.
Como medidas populares, o Marechal implementou a redução de impostos, baixou
o preço de alimentos e outros insumos, além de facilitar o acesso habitacional. Tais
medidas fizeram que as classes menos favorecidas tivessem grande admiração por
ele. Essas insatisfações fizeram com que uma série de revoltas eclodissem por todo o
país, entre elas a Revolta Armada, em 1893, no Rio de Janeiro e a Revolução
Federalista (1893-1895), no Rio Grande do Sul. Todas elas foram duramente reprimida
pelo presidente, sempre com o uso de violência.
Resumo:
O Governo de Mal. Floriano Peixoto (1891 – 1894):
• Consolidador da República (apelidado de “Mal. de Ferro” devido a firmeza de
suas atitudes em relação a seus opositores);
392
• Medidas populares no RJ (apoio popular): redução de aluguéis, construção de
casas populares, destruição de cortiços e eliminação de imposto sobre a carne
para baixar o preço.
Crise inicial pela posse:
• “Manifesto dos 13 generais”;
Revolução Federalista (RS 1893 – 1895):
PRR – Júlio de Castilhos: “castilhistas” ou “pica-paus”, defensores de uma república
positivista ultra-centralizada vs PF – Gaspar Silveira Martins: “maragatos”, defensores de
maior autonomia para o poder legislativo e descentralização política.
• Alguns eram antigos membros do partido liberal durante a monarquia, por isso,
eram identificados como partidários da monarquia.
• Floriano apóia o PRR de Júlio de Castilhos;
• Revolta também conhecida com “Revolução da Degola”.
• Revolta da Armada (RJ 1893): novamente a marinha se opõe ao presidente e
ameaça bombardear o RJ.
• Floriano compra navios dos EUA e reprime os revoltosos.
• Os revoltosos da armada chegaram a se unir aos federalistas do RS. Ambos foram
derrotados.
Em 15 de novembro de 1894 chega ao fim o governo de Floriano Peixoto e tem
início a República das Oligarquias, com a ascensão do paulista Prudente de Morais
a presidência do Brasil.
REPÚBLICA DOS CORONÉIS (ou: Rep. Oligárquica, ou: Rep. do Café-com-leite)
O Período da História do Brasil compreendido entre 1894 e 1930 é um período
marcado pelo mando dos “Coronéis” no cenário político brasileiro.
Através de acordos políticos, as várias oligarquias regionais dominantes
mantinham-se no poder, usando de métodos por vezes bastante autoritários, como
é o caso do “voto de cabresto” ou das fraudes eleitorais.
Início e término da República das Oligarquias:
A República das Oligarquias teve início em 1894, com o governo de Prudente de
Morais, representante da oligarquia cafeicultora da região sudeste do Brasil.
Presidentes da República deste período:
• 1894 a 1898 - Prudente de Morais;
• 1898 a 1902 - Campos Sales;
• 1902 a 1906 - Rodrigues Alves;

393
• 1906 a 1909 - Afonso Pena;
• 1909 a 1910 - Nilo Peçanha;
• 1910 a 1914 - Marechal Hermes da Fonseca;
• 1914 a 1918 - Wenceslau Brás;
• 1918 a 1919 - Delfim Moreira;
• 1919 a 1922 - Epitácio Pessoa;
• 1922 a 1926 - Arthur Bernardes;
• 1926 a 1930 - Washington Luis.
Características:
• Coronelismo
• Descentralização do poder
• Ruralização
• “Voto de cabresto”
• Fraudes eleitorais
• “Política dos Governadores”
• “Política do Café-com-leite” (SP/MG)
A República Oligárquica (1894 – 1930)
• OLIGARQUIA = Governo de poucos.
• Período em que o Brasil foi controlado por cafeicultores da região sudeste,
especialmente de SP e MG. No âmbito regional, outras oligarquias ligadas ao
setor rural estavam no poder.
Estrutura Política
Política do Café-com-Leite:
• Oligarquias de SP e MG (as duas mais poderosas do país) alternavam-se na
presidência da República.
• Oligarquias menos expressivas apoiavam o acordo em troca de cargos ou
ministérios, como por exemplo o RS, BA, RJ, entre outros.O
EXCEÇÕES:
• 1910 – 1914: Hermes da Fonseca (MG + RS) X Rui Barbosa (SP) “Política das
Salvações” “Campanha Civilista”
• 1922 – 1926: Arthur Bernardes (SP + MG)* X Nilo Peçanha (RJ + BA + RS + PE)
“Reação Republicana”
394
Política dos Governadores:
Acordo firmado entre o presidente (a partir de Campos Sales 1898 – 1902) e os
governadores estaduais que previa o apoio mútuo e a não interferência de ambos
em seus governos.
Coronelismo:
Poder local dos coronéis (nome pelo qual os latifundiários eram conhecidos). Usavam seu
prestígio pessoal para arregimentar votos em troca de financiamentos obras infra-
estruturais como barganha política. Quanto maior o “curral eleitoral” (número de eleitores
que o coronel podia controlar) do coronel, maior o seu poder.
Fraudes eleitorais ou manipulação de resultados:
• Clientelismo;
• Voto em troca de pequenos favores ou “presentes”;
• Voto de Cabresto;
• Voto a partir de intimidações pessoais;
• Manipulação de dados com votos repetidos e/ou “criação” de eleitores fantasmas;
• “Degola” política em caso de vitória de opositores: não reconhecimento e titulação
da vitória por parte da Comissão Verificadora de Poderes.
Estrutura Econômica:
• Café: principal produto (agroexportação).
Funding Loan (1898):
• Renegociação da dívida brasileira;
• Novo empréstimo;
• Suspensão de juros por 3 anos;
• 13 anos para início do pagamento e 63 anos para a quitação integral.;
• Garantias: receitas da alfândega do RJ e demais se necessário, receitas da
Estrada de Ferro Central do Brasil e do serviço de abastecimento de água do RJ;
• Retirada do meio circulante e queima de moeda;
• Convênio de Taubaté (1906);
• Plano de valorização artificial do café;
• Governo comprava os excedentes de café e estocava;
• Diminuindo a oferta do produto, seu preço mantinha-se estável;
• O governo contraía empréstimos para comprar esse excedente;

395
• Cobrava-se impostos para equilibrar as contas do governo e honrar compromissos;
• O país se endividava e ampliava sua dependência com o exterior;
• O governo almejava vender o estoque de café quando a procura aumentasse, no
entanto, isso nunca ocorria, então o café estragava e o governo amargava
prejuízos;
• O bolso dos cafeicultores estava salvo.
Borracha:
• Importante entre 1890 e 1910 (aproximadamente);
• Utilizada na fabricação de pneus (expansão da indústria automotiva);
• Extraída na região Norte (PA e AM);
• Decadência associada a produção inglesa em suas colônias asiáticas;
• Cacau: Importante durante a primeira guerra mundial (1914 – 1918);
• Demais produtos: açúcar, couro, algodão e mate. Todos agrícolas ou do setor
primário, destinados basicamente a exportação. Nenhum deles com números
expressivos.
Indústria:
• Impulsionada pela I Guerra Mundial (1914 – 1918);
• Substituição de importações (dificuldade de importar dos países em guerra);
• Capitais acumulados decorrentes do café;
• Basicamente na região Sudeste;
• Entrada de um grande número de imigrantes (disponibilidade de mão-de-obra);
• Impulso aos centros urbanos;
• Bens de consumo não duráveis.
A Política Externa durante a República Velha:
• Barão do Rio Branco
– principal responsável pela política externa brasileira no período.
• A questão de Palmas (1893 – 1895):
– Disputa de BRA e ARG pela antiga região missioneira, no atual estado de Santa
Catarina;
– BRA tem ganho de causa com aval dos EUA.
• Questão do Amapá (1900):
– BRA e FRA disputavam a região fronteiriça entre o estado do Amapá e a Guiana
Francesa.

396
– BRA tem ganho de causa com arbítrio da Suíça e incorpora definitivamente toda
a região a leste do Rio Oiapoque.
• Anexação do Acre (1903):
– Interesse na extração do látex.
– Atritos entre seringueiros brasileiros e bolivianos.
– Brasil compra a região da Bolívia pelo valor de 10 milhões de dólares (Tratado de
Petrópolis).
– Bolívia recebe em troca do território área que lhe dava acesso ao Rio Madeira, e,
portanto ao Oceano Atlântico.
Conflitos sociais:
Movimentos Messiânicos:
• Líderes religiosos.
• Guerra de Canudos (BA 1896 – 1897): Antônio Conselheiro (líder).
• Causas: miséria crônica da população nordestina, má distribuição de terras,
descaso com o trabalhador rural, seca, aumento de impostos, separação entre
religião e Estado decorrente da proclamação da República.
• Camponeses seguem Antônio Conselheiro, formando o Arraial de Canudos (ou
Arraial do Belo Monte), no interior da BA. Comunidade forma um Estado paralelo a
República, abandonando as fazendas, deixando de pagar o dízimo e os impostos
republicanos.
• Governo republicano + Coronéis + Igreja unem-se contra Canudos.
• Campanha de difamação contra Canudos atinge os principais jornais da capital,
associando Canudos ao retorno da monarquia.
• Após 4 expedições militares, Canudos é massacrada.
• Fonte bibliográfica frequentemente citada: “Os Sertões” de Euclides da Cunha.
Revolta de Juazeiro (CE – 1913):
• Líder: Padre Cícero.
• Causa: Intervenção do governo central no Ceará, retirando do poder a tradicional
família Accioly (Política das Salvações).
• Padre Cícero lidera um exército formado por fiéis que recuperam o poder para a
tradicional família.
• Prestígio político do Padre Cícero aumenta consideravelmente, e a família Accioly
retoma o controle do Estado do Ceará.
Guerra do Contestado (SC/PR 1912 – 1916):
• José Maria (líder).

397
• Causas: exploração de camponeses, concessão de terras e benefícios para
empresas inglesas e americanas que provocaram a expulsão e marginalização de
pequenos camponeses.
• Origem do nome: Região contestada entre os estados de Santa Catarina e Paraná.
Assim como Canudos, os participantes foram violentamente massacrados.

Banditismo Social ou Cangaço (NE 1890 – 1940):


• Bandos armados que percorriam o interior nordestino sobrevivendo de delitos.
• Principais bandos: Lampião e Curisco.
• Causas: miséria crônica da população nordestina, seca, má distribuição de terras,
descaso do Estado e dos coronéis para com os mais pobres, violência.
• Mito do “Robin Hood”.
• Os cangaceiros foram perseguidos pela polícia volante e exterminados um a um.
Eram os únicos que despertavam medo nos coronéis, justamente por não terem
perspectiva de melhorar sua condição e portanto não precisar temer o desrespeito
das leis vigentes.
Revolta da Vacina (RJ – 1904):
• Projeto de modernização do RJ (Presidente Rodrigues Alves).
• Destruição de cortiços e favelas, ampliação das avenidas, construção de novos
prédios inspirando-se em Paris.
• Expulsão de comunidades pobres das regiões centrais, inflação, alta do custo de
vida.
• Vacinação obrigatória contra a varíola (Oswaldo Cruz) desencadeia conflito.
• Durante o conflito, um grupo de partidários radicais do Mal. Floriano Peixoto,
denominados “jacobinos florianistas” tenta tomar o poder, não obtendo resultados
satisfatórios.
• Repressão do governo. Sem maiores consequências.
Revolta dos Marinheiros ou Revolta da Chibata (RJ 1910):
• João Cândido (líder), posteriormente apelidado de “Almirante Negro”.
• Causas: maus tratos, baixos soldos, péssima alimentação e castigos corporais
(como a chibata, por exemplo) dentro da marinha.
• Marinheiros tomam 2 navios e ameaçam bombardear o Rio caso continuassem os
castigos na marinha.
• Governo promete atender as reivindicações e solicita que marinheiros se
entregassem.

398
• Envolvidos foram presos e mortos. João Cândido sobrevive mas é expulso da
marinha.
• Castigos corporais na marinha são abolidos.
Movimento operário:
• Causas: ampla exploração dos trabalhadores urbanos das fábricas e ausência de
legislação trabalhista que amparasse os trabalhadores.
• Até a década de 20 predomínio de imigrantes italianos de ideologia anarquista.
• Principais formas de luta: formação de sindicatos e organização de greves.
• A partir de 1922 o principal instrumento de luta operária foi o PCB, que tenta
organizar os operários.
• Postura do governo em relação ao movimento operário: repressão (“caso de
polícia”).
A Semana de Arte Moderna (SP – fev/1922):
• Crítica aos padrões artísticos e literários formais (métrica, rima, saudosismo,
sentimentalismo).
• Criação de uma nova estética sem fórmulas fixas e limitadoras da criatividade.
• “Paulicéia Desvairada” – MÁRIO DE ANDRADE: primeira obra modernista.
• Principais representantes: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel
Bandeira, Menotti del Picchia (literatura), Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Di
Cavalcanti (pintura), Villa- Lobos (música), Vitor Brecheret (escultura).
O Tenentismo:
• Movimento da baixa oficialidade do exército (tenentes e capitães).
• Classe média urbana e letrada.
• Contra o poder central das oligarquias.
• Objetivos: moralização política (voto secreto, fim das fraudes, afastamento do
controle oligárquico), ensino obrigatório, centralização positivista.
• Programa elitista para o povo, mas sem o povo.
• Consideravam-se a “salvação nacional”.
Revolta do Forte de Copacabana ou os 18 do Forte (RJ 1922):
• Contra a posse do presidente Arthur Bernardes (1922).
• Episódio das “Cartas Falsas”.

399
• Movimento fracassou, mas 18 integrantes (sendo um civil) marcharam em
Copacabana contra uma tropa do governo de mais de 3 mil homens.
• Sobreviveram ao gesto suicida dois tenentes: Siqueira Campos e Eduardo Gomes.
Rebelião Paulista (1924):
• Tenentes tomam o poder de São Paulo, liderados por Isidoro Dias Lopes, por 22
dias, até a reorganização das tropas federais. Fogem para o Paraná onde
se encontram com outro grupo de tenentes vindos do RS, liderados por Luís Carlos
Prestes.
Coluna Prestes (1924 – 1926):
• Líder: Luís Carlos Prestes (“o Cavaleiro da Esperança”).
• Marcha pelo interior do Brasil tentando debilitar o governo de Arthur Bernardes e
conseguindo mais adeptos para a causa tenentista. Caráter social mais amplo:
alguns mencionavam o desejo pelo voto feminino e pela reforma agrária.
Fracassou.
• Seus integrantes se exilaram na Bolívia. Alguns retornaram ao Brasil
posteriormente.
O fim da República Velha:
• Manifestações de diversos setores abalam o poder do governo.
• Movimento operário.
• Movimento tenentista.
A Revolução de 30:
• Crise de 29 abala poder econômico dos cafeicultores.
• Governo não tem como valorizar artificialmente o café.
• Rompimento do pacto do café-com-leite: era a vez de MG indicar o candidato,
porém, SP indica o paulista Júlio Prestes para a sucessão do presidente
Washington Luís.
• MG + RS + PB formam a ALIANÇA LIBERAL com os candidatos Getúlio
Vargas (RS) e João Pessoa (PB) para presidente e vice, respectivamente.
• Aliança liberal recebe apoio de alguns tenentes e classe média urbana, além de
várias outras oligarquias dissidentes.
• Júlio Prestes vence eleição fraudulenta.
• Protestos contra o resultado das urnas tomam conta do país.
• João Pessoa é assassinado na PB.

400
• Agitação popular aumenta.
• Exército resolve depor o então presidente Washington Luís antes mesmo da posse
de Júlio Prestes e entregar a presidência ao comandante em chefe da revolta,
Getúlio Vargas.

Mapa Mental:

401
402
Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: República Velha
https://youtu.be/8PAMZzDvN1A
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: República Velha
Parte 1
https://youtu.be/oe3u1Gzy0Vk
Parte 2
https://youtu.be/iXmAy2h5tkU
Parte 3
https://youtu.be/j20Tx76l3Nk
Canal: "Se liga nessa história" | Vídeo aula: República Velha
https://youtu.be/9FQQmWBJdUg
Canal: "Descomplica" | Vídeo aula: República Velha
https://youtu.be/3PF7tRXbuC0

Exercícios
1. (Enem 2010) – Para consolidar-se como governo, a República precisava eliminar as
arestas, conciliar-se com o passado monarquista, incorporar distintas vertentes do
republicanismo. Tiradentes não deveria ser visto como herói republicano radical, mas sim
como herói cívico religioso, como mártir, integrador, portador da imagem do povo inteiro.
CARVALHO, J. M. C. A formação das almas: O imaginário da Republica no Brasil. São
Paulo: Companhia das Letras, 1990.
I – Ei-lo, o gigante da praça, / O Cristo da multidão!
É Tiradentes quem passa / Deixem passar o Titão.
ALVES, C. Gonzaga ou a revolução de Minas. In: CARVALHO. J. M. C. A formação das
almas: O imaginário da Republica no Brasil. São Paulo: Companhiadas Letras, 1990.
A 1ª República brasileira, nos seus primórdios, precisava constituir uma figura heroica
capaz de congregar diferenças e sustentar simbolicamente o novo regime. Optando pela
figura de Tiradentes, deixou de lado figuras como Frei Caneca ou Bento Gonçalves. A
transformação do inconfidente em herói nacional evidencia que o esforço de construção
de um simbolismo por parte da República estava relacionado
a) ao caráter nacionalista e republicano da Inconfidência, evidenciado nas ideias e na
atuação de Tiradentes.
b) à identificação da Conjuração Mineira como o movimento precursor do positivismo
brasileiro.
c) ao fato de a proclamação da República ter sido um movimento de poucas raízes
populares, que precisava de legitimação.
d) à semelhança física entre Tiradentes e Jesus, que proporcionaria, a um povo católico
como o brasileiro, uma fácil identificação.
403
e) ao fato de Frei Caneca e Bento Gonçalves terem liderado movimentos separatistas no
Nordeste e no Sul do país.

2. (Enem 2013) Nos estados, entretanto, se instalavam as oligarquias, de cujo perigo já


nos advertia Saint-Hilaire, e sob o disfarce do que se chamou “a política dos
governadores”. Em círculosconcêntricos esse sistema vem cumular no próprio poder
central que é o sol do nosso sistema.
Prado , P. Retrato do Brasil . rio de Janeiro: José olympio, 1972.
A crítica presente no texto remete ao acordo que fundamentou o regime republicano
brasileiro durante as três primeiras décadas do século XX e fortaleceu o(a)
a) poder militar, enquanto fiador da ordem econômica.
b) presidencialismo, com o objetivo de limitar o poder dos coronéis.
c) domínio de grupos regionais sobre a ordem federativa.
d) intervenção nos estados, autorizada pelas normas constitucionais.
e) isonomia do governo federal no tratamento das disputas locais.

3. (Enem 2010) O artigo 402 do Código penal Brasileiro de 1890 dizia: Fazer nas ruas e
praças públicas exercícios de agilidade e destreza corporal, conhecidos pela
denominação de capoeiragem: andar em correrias, com armas ou instrumentos capazes
de produzir uma lesão corporal, provocando tumulto ou desordens. Pena: Prisão de dois a
seis meses.
SOARES, C. E. L. A Negregada instituição: os capoeiras no Rio de Janeiro: 1850-1890.
Rio de Janeiro: SecretariaMunicipal de Cultura, 1994 (adaptado).
O artigo do primeiro Código Penal Republicano naturaliza medidas socialmente
excludentes. Nesse contexto, tal regulamento expressava
a) a manutenção de parte da legislação do Império com vistas ao controle da
criminalidade urbana.
b) a defesa do retorno do cativeiro e escravidão pelos primeiros governos do período
republicano.
c) o caráter disciplinador de uma sociedade industrializada, desejosa de um equilíbrio
entre progresso e civilização.
d) a criminalização de práticas culturais e a persistência de valores que vinculavam certos
grupos ao passado de escravidão.
404
e) o poder do regime

4. (Enem 2009) Como se assistisse à demonstração de um espetáculo mágico, ia


revendo aquele ambiente tão característico de família, com seus pesados móveis de
vinhático ou de jacarandá, de qualidade antiga, e que denunciavam um passado ilustre,
gerações de Meneses talvez mais singelos e mais calmos; agora, uma espécie de
desordem, de relaxamento, abastardava aquelas qualidades primaciais. Mesmo assim era
fácil perceber o que haviam sido, esses nobres da roça, com seus cristais que brilhavam
mansamente na sombra, suas pratas sem iempoeiradas que atestavam o esplendor
esvanecido, seus marfins e suas opalinas – ah, respirava-se ali conforto, não havia
dúvida, mas era apenas uma sobrevivência de coisas idas. Dir-se-ia, ante esse mundo
que se ia desagregando, que um mal oculto o roia, como um tumor latente em suas
entranhas.
CARDOSO, L. Crônica da casa assassinada. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002
(adaptado).
O mundo narrado nesse trecho do romance de Lúcio Cardoso, acerca da vida dos
Meneses, família da aristocracia rural de Minas Gerais, apresenta não apenas a história
da decadência dessa família, mas é, ainda, a representação literária de uma fase de
desagregação política, social e econômica do país. O recurso expressivo que formula
literariamente essa desagregação histórica é o de descrever a casa dos Meneses como
a) ambiente de pobreza e privação, que carece de conforto mínimo para a sobrevivência
da família.
b) mundo mágico, capaz de recuperar o encantamento perdido durante o período de
decadência da aristocracia rural mineira.
c) cena familiar, na qual o calor humano dos habitantes da casa ocupa o primeiro plano,
compensando a frieza e austeridade dos objetos antigos.
d) símbolo de um passado ilustre que, apesar de superado, ainda resiste à sua total
dissolução graças ao cuidado e asseio que a família dispensa à conservação da casa.
e) espaço arruinado, onde os objetos perderam seu esplendor e sobre os quais a vida
repousa como lembrança de um passado que está em vias de desaparecer
completamente.

Respostas:
1) C
2) C
3) D
4) E

405
Fontes/Créditos:
https://mundoedu.com.br/uploads/pdf/5470b4836f016.pdf
https://descomplica.com.br/blog/historia/mapa-mental-primeira-republica/
https://www.instagram.com/p/BiFUfponJzt/
http://www.grupodehistoria.com.br/resumos/republicavelha.pdf
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiadobrasil/brasil-republica.htm
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-foi-republica-velha.htm
Mais exercícios sobre "República Velha":
https://enem.estuda.com/questoes/?cat=1&subcat=429

406
Era Vargas (1930 – 1945)
Introdução
Em 1930 iniciou-se um novo período na História Brasileira. Trata-sede um período em que
uma nova elite, liderada pelo político gaúcho, Getúlio Vargas, chegava ao poder. Não era
o fim da dominação dos ricos sobre os pobres, antes, se tratava de uma reorganização do
poder político entre as elites. Nessa fase, a economia brasileira vai se adequar à nova
conjuntura econômica internacional, marcada pela Grande depressão e pelo surgimento
de propostas intervencionistas do Estado na Economia, como o caso estadunidense do
New Deal ou pelo intervencionismo Fascista surgido na Europa.
Para se adequar a nova realidade, o Brasil passou por um processo de industrialização e
diversificação produtiva. O grande responsável pelas transformações políticas seria
Vargas, que ficou no poder entre 1930 e 1945 e voltaria na década de 1950.
O Governo Vargas, de 1930 a 1945, é dividido em 03 fases:
• Governo Provisório (1930-34);
• Governo Constitucional (1934-37);
• Governo Ditatorial – Estado Novo (1937-45).
Características Gerais:
• Centralização;
• Autoritarismo;
• Modernização;
• Indústria de base
• “Industrialização por substituição de importações;”
• Diversificação produtiva;
• Nacionalismo;
• Trabalhismo;
• Populismo.
1) Governo Provisório (1930-1934)
• Aglutinação de forças
• Forças sociais – oligarquias dissidentes, classe média, setores da burguesia
urbana.
• Industrialização por substituição de importações
• Dissolução do Congresso Nacional, das Assembleias estaduais e das Câmaras
Municipais;
• Nomeação de interventores estaduais;

407
• Criação dos ministérios: do Trabalho, Indústria e Comércio; e da Educação e
Saúde;
• Controle dos meios de comunicação e dos sindicatos;
• Código eleitoral de 1933 – voto secreto, feminino.
A Revolução Constitucionalista de 1932
Com a Revolução de 1930, São Paulo perdera sua
hegemonia política sobre a nação, sendo o próprio governo
estadual controlado por Getúlio (interventor). Em 1932,
tentando retomar o poder, os paulistas desencadearam um
movimento revolucionário. Quando Getúlio nomeou como
interventor de São Paulo o militar pernambucano João
Alberto Lins de Barros, os ânimos se acirraram. Os partidos
paulistas (Partido Democrático e Partido Republicano
Paulista) se uniram na Frente Única. A Frente Única exigia a
autonomia política para São Paulo e a convocação de uma
Assembleia Nacional Constituinte para o país, uma vez que
a constituição de 1891 tinha sido declarada extinta em 1930.
Surgiu ainda o MMDC, movimento em homenagem a quatro
jovens mortos em confrontos com o governo, a saber:
Martins, Miragaia, Drausio e Camargo. Devido à pressão
que sofreu, Vargas nomeou como interventor do estado um
paulista e marcou data para a eleição da Assembleia
Nacional Constituinte, que faria a nova Constituição.
Constituição de 1934
• Manutenção da República Federativa;
• Separação dos poderes;
• Eleição direta;
• Voto universal secreto;
• Voto feminino;
• Direitos para os trabalhadores: salário mínimo, jornada de 08 horas,
descanso semanal, férias remuneradas, indenização por demissão sem justa
causa, proibição do trabalho para menores de 14 anos;
• A assembleia nacional Constituinte também elegeu o presidente da
República. Getúlio Vargas foi confirmado no poder, assumindo como
presidente constitucional.

408
2) Governo Constitucional (1934-1937)
O período em que Getúlio esteve no governo de forma constitucional foi marcado pelo
surgimento de duas correntes político-ideológicas antagônicas, que refletiam no cenário
brasileiro o conflito europeu entre fascistas e socialistas.
Ação integralista Brasileira (AIB) 1932 vs Aliança Nacional Libertadora (ANL) 1935
Ação integralista Brasileira (AIB) 1932
• Fascismo no Brasil;
• Repúdio a Democracia Liberal;
• Governo autoritário;
• Não ao Comunismo;
• Principal representante – Plínio Salgado;
• Verde-amarelismo - nacionalista;
• Estado forte (submissão do indivíduo);
Aliança Nacional Libertadora (ANL) 1935
• Comunistas à frente;
• Frente ampla;
• Anti-integralista;
• Anti-imperialista;
• Suspensão da dívida externa;
• Nacionalização das empresas estrangeiras, defesa das liberdades
individuais, reforma agrária;
• Principal nome: Luís Carlos Prestes.

409
Intentona Comunista (1935)
Os comícios da ANL, tendo Prestes à frente, levavam
milhares de pessoas às ruas. Essa situação fez com que
Prestes, o PCB e a III Internacional (reunião dos partidos
comunistas do mundo, sob orientação soviética) vissem uma
possibilidade de fazer uma revolução capaz de derrubar
Getúlio. Em 07 de julho de 1935, prestes divulgou um
manifesto onde defendia a Revolução e a luta armada. A
revolução estava planejada para o início de 1936, porém, o
movimento que se deu em Natal, Rio Grande do Norte,
precipitou-a. Houve ainda uma tentativa de sublevação em
Recife. Ambas as tentativas de tomada do poder
fracassaram. No Rio de Janeiro, Prestes organizou, sem
sucesso, um levante militar. Na tarde de 27 de novembro,
todos os revolucionários já haviam se entregado. Prestes e
seus seguidores foram presos e o governo Vargas deu início a uma forte repressão
política. Em meio a Intentona, ficou famoso o caso de Olga Benário, espiã soviética de
origem alemã que veio ao Brasil para auxiliar no processo revolucionário. Olga (na
imagem, indo prestar depoimento) teve um romance com Luis Carlos Prestes e acabou
engravidando. Depois do fracasso da Intentona, foi deportada para a Alemanha nazista,
onde faleceu, mas antes viu nascer sua filha Anita. Enquanto isto, Prestes amargurou 10
anos de prisão, a maior parte do tempo na solitária.

410
A caminho da ditadura Usando a insurreição comunista como pretexto, Vargas
suspendeu a Constituição de 1934. Aproximando-se dos Integralistas, o presidente
criou vários casos de “ameaças comunistas”, criando na população o pensamento
da necessidade de um governo forte. Com a criação do suposto plano Cohen, falso
plano comunista de tomada ao poder, Vargas criou bases para dar um golpe de
Estado e tornar-se ditador.

3) Estado Novo (1937-45)


O Golpe – 1937 – suposto plano comunista para assumir o poder no Brasil – Plano
COHEN
Constituição Polaca (1937)
Tão logo assumiu o poder, Vargas outorgou uma nova constituição à nação: a
Constituição Polaca, de forte inspiração fascista, que daria o tom do novo momento vivido
pelo Brasil: a Ditadura Varguista.
Entre as características da Constituição de 1937, destacamos:
• Centralização do poder nas mãos do presidente, com a extinção do cargo de
vice-presidente a possibilidade do presidente legislar;
• Fim do federalismo, com a imposição de um centralismo político e o fim das
autonomias estaduais. Os estados passariam a ser governados por
interventores nomeados pelo governo central;
• Controle do governo sobre a imprensa e as manifestações públicas;
• Estabelecimento da pena de morte para crimes políticos;
• Extinção dos partidos políticos.
Características Políticas do Estado Novo:
• Centralização política, fortalecimento do poder dos governadores (interventores);
• Ampliação da Lei Trabalhista, com a criação da CLT (1937), com intenção de
controlar as massas; Atualização do salário mínimo, jornada de 44 horas, carteira
profissional, férias remuneradas, etc...
• Surgimento dos “Sindicatos Pelego” – sindicatos atrelados ao Estado para
promover a propaganda pró-Vargas;
• Criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), para controlar os
meios de comunicação em massa, impondo a censura e fazendo a propaganda do
regime em programas como “A Hora do Brasil”;

411
• Crescente burocratização e criação do DASP (Departamento de Administração do
Serviço Público);
• Nascimento da Polícia Secreta, coordenada por Filinto Muller, responsável pela
repressão aos inimigos do regime de Vargas.
As bases da estabilidade do Estado Novo
• Conjuntura internacional (Guerra Mundial; ascensão do fascismo) favorecia a
expansão industrial nacional.
• O apoio da burguesia industrial e agroexportadora e de boa parte das oligarquias
latifundiárias, que se beneficiavam com a política governamental.
• Apoio das classes médias urbanas, tranquilizadas pela repressão ao comunismo e
beneficiadas com a ampliação dos empregos.
• Apoio do alto comando do exército, que tinha acesso às decisões governamentais.
• Desorganização das camadas populares, com a repressão policial e a criação das
leis trabalhistas, que traziam o apoio dos trabalhadores urbanos.
• Controle da propaganda nacional através do DIP (Departamento de Imprensa e
Propaganda).
• Investimentos maciços do Estado em obras, como é o caso da Cia. Vale do Rio
Doce (CVRD) e a Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), com a Usina de Volta Redonda.
Além dessas empresas, Vargas investiu na Fábrica Nacional de Motores, na
Indústria Química e iniciou a construção da CHESF (Cia. Hidrelétrica do São
Francisco – que foi inaugurada no governo de Eurico Dutra).

Como ditador Vargas assume o esquema político denominado populismo. Com


suas concessões ao povo como as Leis Trabalhistas e o Ministério do Trabalho ele
conseguira manter os sindicatos sob a tutela do governo. Assim, conseguia influir
na opinião pública, apresentando o Estado como benevolente mediador dos
conflitos trabalhistas. Getúlio concentrou quase todo o poder em suas mãos.
Tentou atender aos interesses dos grandes proprietários de terra e dos industriais
ao mesmo tempo que concedia aos trabalhadores algumas de suas reivindicações
como o salário mínimo.

412
O Brasil vai à Guerra
Em 1939 iniciou a 2ª Guerra Mundial e Vargas tinha uma grande simpatia com o
regime de Hitler (além de guardar grandes semelhanças com o regime alemão). Não
só a simpatia política pesava, mas também o volume de exportações para a
Alemanha era significativo, quase se equiparando ao que se exportava pra os EUA.

Vargas soube, porém, se colocar em neutralidade no conflito até que os EUA – na


época adotando a “Política da Boa Vizinhança – concederam empréstimos ao
presidente brasileiro para que este pudesse investir na Cia. Siderúrgica Nacional.
Desse modo, Vargas se comprometeu com os EUA, para quem estava exportando
quantidades significativas de borracha e algodão por ocasião do conflito.
Em 1941, o Brasil cedeu uma base aérea no Rio Grande do Norte para os EUA
poderem usar a América do Sul como “trampolim” para atacar as forças do Eixo no
norte da África.
Em 1942, submarinos nazistas atacaram navios comerciais brasileiros no litoral baiano.
Apesar de tentar esconder o ataque do grande público, a notícia veio à tona e
manifestações populares em todo o país [na imagem acima] fizeram com que Vargas
declarasse guerra ao Eixo.
Em 1943 o Brasil participou da Guerra com a FAB (Força Aérea Brasileira) e a FEB (Força
Expedicionária Brasileira), esta última contando com mais de 25.000 homens que
participaram da Campanha da Itália sob o comando militar dos EUA e ajudaram a
derrubar o fascismo e o nazismo naquele país.

O Brasil enviou para a 2ª Guerra Mundial um número expressivo de combatentes


para auxiliar a luta contra o Eixo. A Força Aérea Brasileira (FAB), que havia sido
criada em 1941 chegou a enviar 49 pilotos para o Mediterrâneo, com destaque para
o 1º GAC, cujo símbolo e grito de guerra era “Senta a Púa!”. Também enviamos a
Força Expedicionária Brasileira (FEB), com o lema “A Cobra está fumando”. A FEB
enviou mais de 25 mil homens pra guerra.
413
Abertura democrática
Com o envolvimento do Brasil na 2ª Guerra Mundial ao lado dos aliados, ficava difícil e
contraditório para Getúlio manter-se no poder de forma ditatorial, uma vez que lutava
contra as ditaduras fascistas.
O fim da 2ª Guerra trouxe o fortalecimento dos grupos liberais (anti-ditadura) e Getúlio
teve que acabar cedendo. Permitiu a existência de partidos políticos e marcou eleições
para a sucessão presidencial.
Queremismo
Com as eleições se aproximando, houve um movimento popular liderado pelo PTB e pelo
PCB para que Getúlio permanecesse no poder. Tendo como lema “queremos Getúlio”
este movimento ficou conhecido como Queremismo. Porém, a oposição, receosa de que
Getúlio se mantivesse no poder, obriga o mesmo a renunciar. Nas eleições presidenciais
se elegeria Eurico Gaspar Dutra.

414
Mapas Mentais:

415
416
Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Era Vargas
https://youtu.be/_wU11Tb2-9I
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Era Vargas
https://youtu.be/CaPyaqNeU7s
Canal: "Se liga nessa história" | Playlist: Era Vargas
https://www.youtube.com/playlist?list=PLPNLvl90MqKS8Wc2UdN9kfSsbUmK3ahZg
Canal: "Descomplica" | Vídeo aula: Era Vargas
https://youtu.be/8padssLL99Q
Canal: "Stoodi" | Vídeo aula: Era Vargas
https://youtu.be/m-OjylhYLR8

417
Exercícios
1. (Enem 2009) A definição de eleitor foi tema de artigos nas Constituições brasileiras de
1891 e de 1934. Diz a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1891:
Art. 70. São eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistarem na forma da lei.
A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1934, por sua vez,
estabelece que:
Art. 180. São eleitores os brasileiros de um e de outro sexo, maiores de 18 anos, que se
alistarem na forma da lei.
Ao se comparar os dois artigos, no que diz respeito ao gênero dos eleitores, depreende-
se que
a) a Constituição de 1934 avançou ao reduzir a idade mínima para votar.
b) a Constituição de 1891, ao se referir a cidadãos, referia-se também às mulheres.
c) os textos de ambas as Cartas permitiam que qualquer cidadão fosse eleitor.
d) o texto da carta de 1891 já permitia o voto feminino.
e) a Constituição de 1891 considerava eleitores apenas indivíduos do sexo masculino.

2. (Enem 2013)

– Haverá ainda quem resista à poderosa influencia do partido mulherista?!


PEDERNEIRAS, R. Revista da Semana , ano 35, n. 40, 15 set. 1934. In: LEMOS, R.
(Org.). Uma história do Brasil através das caricaturas (1840-2001). Rio de Janeiro: Bom
Texto; Letras e expressões, 2001.

418
Na imagem, da década de 1930, há uma crítica à conquista de um direito pelas mulheres,
relacionado com a
a) redivisão do trabalho doméstico.
b) liberdade de orientação sexual.
c) garantia de equiparação salarial.
d) aprovação do direito ao divórcio.
e) obtenção da participação eleitoral.

3. (ENEM 2012) Elaborado pelos partidários da Revolução Constitucionalista de 1932, o


cartaz apresentado pretendia mobilizar a população paulista contra o governo federal.

Essa mobilização utilizou-se de uma referência histórica, associando o processo


revolucionário
a) à experiência francesa, expressa no chamado à luta contra a ditadura.
b) aos ideais republicanos, indicados no destaque à bandeira paulista.
c) ao protagonismo das Forças Armadas, representadas pelo militar que empunha a
bandeira.
d) ao bandeirantismo, símbolo paulista apresentado em primeiro plano.
e) ao papel figurativo de Vargas na política, enfatizado pela pequenez de sua figura no
cartaz.
419
4. (Enem 2010) De março de 1931 a fevereiro de 1940, foram decretadas mais de 150
leis novas de proteção social e de regulamentação do trabalho em todos os seus setores.
Todas elas têm sido simplesmente uma dádiva do governo. Desde aí, o trabalhador
brasileiro encontra nos quadros gerais do regime o seu verdadeiro lugar.
DANTAS, M. A força nacionalizadora do Estado Novo. Rio de Janeiro: DIP, 1942. Apud
BERCITO, S. R. Nos Tempos de Getulio: da revolução de 30 ao fim do Estado Novo. São
Paulo: Atual, 1990.
A adoção de novas políticas públicas e as mudanças jurídico-institucionais ocorridas no
Brasil, com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, evidenciam o papel histórico de
certas lideranças e a importância das lutas sociais na conquista da cidadania. Desse
processo resultou a
a) criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que garantiu ao operariado
autonomia para o exercício de atividades sindicais.
b) legislação previdenciária, que proibiu migrantes de ocuparem cargos de direção nos
sindicatos
c) criação da Justiça do Trabalho, para coibir ideologias consideradas perturbadoras da
"harmonia social".
d) legislação trabalhista que atendeu reivindicações dos operários, garantindo-lhes vários
direitos e formas de proteção.
e) decretação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que impediu o controle estatal
sobre as atividades políticas da classe operária.

Respostas:
1) E
2) E
3) D
4) D

Fontes/Créditos:
https://www.mundoedu.com.br/uploads/pdf/5432ca56af4c8.pdf
https://brasilescola.uol.com.br/historiab/governo-vargas.htm
https://brasilescola.uol.com.br/historiab/era-vargas.htm
https://brasilescola.uol.com.br/historiab/vargas.htm
Mais exercícios sobre "Era Vargas":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/era-vargas/

420
República Populista 1945 a 1964
Introdução
Entre 1945 e 1964, a República brasileira viveu uma fase onde prevaleceu a
democracia liberal, com o retorno dos governos eletivos.
Do ponto de vista político continuamos a observar as praticas populistas adotadas
por Vargas no período anterior.
O período também corresponde ao imediato pós-Guerra e a construção da ordem
internacional baseado nos sistema de bipolarização política-ideológica-econômica
da Guerra Fria.
Nessa época vamos assistir ao confronto de diferentes projetos de
desenvolvimento para o Brasil e América Latina. Dentre essas propostas,
destacaram-se sobretudo as ideias nacionalistas e as ideias liberais. Os
Nacionalistas defendiam que o país deveria buscar um desenvolvimento autônomo,
sem a abertura ao capital estrangeiro enquanto os liberais acreditavam ser
impossível tal desenvolvimento, sendo necessários os investimentos externos
capitalistas.
A) Governo Dutra (1946-1951)
A grade marca do Governo do general Eurico Gaspar Dutra é o alinhamento do
Brasil ao lado dos Estados Unidos no cenário da Guerra Fria.
• Liberalismo-não-intervenção do Estado na economia;
• Abertura ao capital estrangeiro;
• Rompe relações com a URSS;Fecha PCB;
• Intervenções nos sindicatos;
• Proibição da greve nos “serviços essenciais”;
• Economia: Plano SALTE.

A Constituição de 1946 - Junto com o novo período vinha também uma nova
constituição para o país, a mais democrática de até então. Os pontos básicos da
Constituição de 1946 são os seguintes:
Volta da democracia, Voto secreto e universal (exceto para analfabetos, cabos e
soldados);
3 poderes;
Leis trabalhistas;
Mandato presidencial de 05 anos;
Corporativismo Sindical;
Proibição de greves em setores estratégicos.

421
B) Governo Vargas (1951-1954)
Vargas voltou ao poder, desta vez pelo voto direto. Seu governo foi marcado pelo
apelo nacionalista e pelas práticas populistas.
• Nacionalismo: Eletrobrás / Petrobrás;
• Lei dos lucros extraordinários (vetada);
• Aumento de 100% no salário mínimo;
• Oposição: UDN / Carlos Lacerda;
• Atentado de Toneleiros (05/08/54): Rubens Vaz é morto e Carlos Lacerda fica
ferido
• Suicídio de Vargas
As oposições se articularam, principalmente dentro das forças armadas, exigindo-lhe a
renúncia. Pressionado, vendo desaparecer todo o apoio político de que dispunha e
perante a eminência de um golpe, Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no coração nas
primeiras horas da manhã de 24 de agosto de 1954.
Vicentino, Cláudio e Dorigo, Gianpaolo. História para o Ensino Médio. Scipione, 2001
Governos de Transição (1954-56)
➔ Café Filho – afasta-se por problemas de saúde.
➔ Carlos Luz – deposto por golpe preventivo de Henrique Lott.
➔ Nereu Ramos – governa até JK assumir.
C) Governo Juscelino Kubitschek (1956-61)
O Governo JK, como era conhecido Juscelino Kubitschek, foi marcado pela
tranquilidade política e pela modernização do país;
• “50 anos em 5”;
• Tranquilidade política;
• Prosperidade econômica;
• Nacionalismo associado com o capital internacional;
• Economia: Plano de METASEnergia, Transporte, Industria, Educação e
Alimentação;
• Construção de Brasília;
• Indústria Automobilística (GEIA);
• Indústria Naval (GEICON);
• Rodovias - Belém-Brasília;

422
• SUDENE.
A indústria desenvolveu-se a passos largos e novos produtos começaram a ser fabricados
no Brasil. Nos anos 1930, havia-se desenvolvido a indústria leve, de bens de consumo
não-duráveis (têxteis, alimentos), quase sempre em mãos privadas, e, nos anos 1940, a
indústria pesada, de base (aço, mecânica), em mãos do governo. Durante a presidência
nasceu e fortaleceu-se a indústria de bens de consumo duráveis (automóveis,
eletrodomésticos), quase sempre em mãos de empresas multinacionais. Assim, o modelo
de industrialização por substituição de importações, implantado primeiramente na
República Velha, durante a Primeira Guerra Mundial, se consolidava. Desse modo, por
volta de 1960, os principais produtos importados pelo Brasil (petróleo e trigo) não eram
itens industrializados.
Vicentino, Cláudio e Dorigo, Gianpaolo. História para o Ensino Médio. Scipione, 2001.
D) Governo Jânio Quadros (1961)
Em 1961 foi eleito para presidente Jânio Quadros, um dos mais típicos
representantes do discurso populista. Tendo apoio da UDN e como vice-presidente
João Goulart (PTB), Jânio permaneceu apenas por 07 meses no governo, onde
destacamos os seguintes pontos:
• Política externa independente;
• Aproximação com a URSS e a China Comunista;
• Condecoração de Che Guevara;
• Ação Moralizadora;
• Proíbe uso dos biquínis;
• Proíbe corrida de cavalos em dias úteis;
• Proíbe o uso de lança-perfumes;
• Economia: aumento da inflação e crescimento da dívida externa;
• 25/08/61 Renuncia - “forças terríveis.”
E) Governo João Goulart “Jango” (1961-64)
No momento da renúncia de Jânio, o seu vice-presidente, João Goulart, “Jango”,
como era conhecido, encontrava-se em viagem de negócios na China Comunista. A
oposição, temendo as ideias “esquerdizantes” de Jango pronunciou pela
impossibilidade de Jango assumir o governo. Jango assumiria o poder, sobretudo
devido a ação do governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola. Brizola
comandou o movimento da legalidade. Deputados e senadores aceitaram a posse
de Goulart, mas impuseram uma exigência ao mesmo: o Parlamentarismo.

423
1) Parlamentarismo (1961-1963);
A solução encontrada para a posse de Jango foi a criação do regime
parlamentarista, criado através de um Ato Adicional à Constituição de 1946.
2) Presidencialismo (1963-1964);
Em janeiro de 1963 foi realizado um plebiscito que restabeleceu o presidencialismo.
Nesta fase destacamos:
• Plano Trienalministro Celso Furtado;
• Lei de remessas de lucros;
• Reformas de Base;
• Apoio ao governo: UNE, CGT, Ligas Camponesas;
• 13/03/1964 Comício da central do Brasil;
• Contra o governo: ESG, IBAD, IPES;
• 19/03/1964 “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” - SP;
• 31/03/1964 – inicia golpe militar.

No Comício da Central do Brasil, Jango anunciava as Reformas de Base, entre elas


a Reforma Agrária. Poucos dias depois seria derrubado por um golpe militar.

424
Mapa Mental:

Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: República Populista
https://youtu.be/G9ub4tL2HOM
Canal: "Professor Eloir - História" | Vídeo aula: República Populista
https://youtu.be/pCzNplsTk58

425
Exercícios
1. (ENEM 2005) Zuenir Ventura, em seu livro “Minhas memórias dos outros” (São Paulo:
Planeta do Brasil, 2005), referindo-se ao fim da “Era Vargas” e ao suicídio do presidente
em 1954, comenta: Quase como castigo do destino, dois anos depois eu iria trabalhar no
jornal de Carlos Lacerda, o inimigo mortal de Vargas (e nunca esse adjetivo foi tão
próprio).
Diante daquele contexto histórico, muitos estudiosos acreditam que, com o suicídio,
Getúlio Vargas atingiu não apenas a si mesmo, mas o coração de seus aliados e a mente
de seus inimigos. A afirmação que aparece “entre parênteses” no comentário e uma
consequência política que atingiu os inimigos de Vargas aparecem, respectivamente, em:
a) a conspiração envolvendo o jornalista Carlos Lacerda é um dos elementos do desfecho
trágico e o recuo da ação depolíticos conservadores devido ao impacto da reação popular
b) a tentativa de assassinato sofrida pelo jornalista Carlos Lacerda por apoiar os
assessores do presidente que discordavam de suas idéias e o avanço dos conservadores
foi intensificado pela ação dos militares.
c) o presidente sentiu-se impotente para atender a seus inimigos, como Carlos Lacerda,
que o pressionavam contra a ditadura e os aliados do presidente teriam que aguardar
mais uma década para concretizar a democracia progressista.
d) o jornalista Carlos Lacerda foi responsável direto pela morte do presidente e este fato
veio impedir definitivamente a ação de grupos conservadores.
e) o presidente cometeu o suicído para garantir uma definitiva e dramática vitória contra
seus acusadores e oferecendo a própria vida Vargas facilitou as estratégias de regimes
autoritários no país.

2. (ENEM 2008) O ano de 1954 foi decisivo para Carlos Lacerda. Os que conviveram com
ele em 1954, 1955, 1957 (um dos seus momentos intelectuais mais altos, quando o
governo Juscelino tentou cassar o seu mandato de deputado), 1961 e 1964 tinham
consciência de que Carlos Lacerda, em uma batalha política ou jornalística, era um trator
em ação, era um vendaval desencadeado não se sabe como, mas que era impossível
parar fosse pelo método que fosse.
Hélio Fernandes. Carlos Lacerda, a morte antes da missão cumprida.
In: Tribuna da Imprensa, 22/5/2007 (com adaptações).
Com base nas informações do texto acima e em aspectos relevantes da história brasileira
entre 1954, quando ocorreu o suicídio de Vargas (em grande medida, devido à pressão
política exercida pelo próprio Lacerda), e 1964, quando um golpe de Estado interrompe a
trajetória democrática do país, conclui-se que

426
a) a cassação do mandato parlamentar de Lacerda antecedeu a crise que levou Vargas à
morte.
b) Lacerda e adeptos do getulismo, aparentemente opositores, expressavam a mesma
posição político-ideológica.
c) a implantação do regime militar, em 1964, decorreu da crise surgida com a contestação
à posse de Juscelino Kubitschek como presidente da República.
d) Carlos Lacerda atingiu o apogeu de sua carreira, tanto no jornalismo quanto na política,
com a instauração do regime militar.
e) Juscelino Kubitschek, na presidência da República, sofreu vigorosa oposição de Carlos
Lacerda, contra quem procurou reagir.

3. (ENEM 2003) A seguir são apresentadas declarações de duas personalidades da


História do Brasil a respeito da localização da capital do país, respectivamente um século
e uma década antes da proposta de construção de Brasília como novo Distrito Federal.
Declaração I: José Bonifácio
Com a mudança da capital para o interior, fica a Corte livre de qualquer assalto de
surpresa externa, e se chama para as províncias centrais o excesso de população vadia
das cidades marítimas. Desta Corte central dever-se-ão logo abrir estradas para as
diversas províncias e portos de mar. (Carlos de Meira Matos. Geopolítica e modernidade:
geopolítica brasileira.)
Declaração II: Eurico Gaspar Dutra
Na América do Sul, o Brasil possui uma grande área que se pode chamar também de
Terra Central. Do ponto de vista da geopolítica sul-americana, sob a qual devemos
encarar a segurança do Estado brasileiro, o que precisamos fazer quanto antes é realizar
a ocupação da nossa Terra Central, mediante a interiorização da Capital.
(Adaptado de José W. Vesentini. A Capital da geopolítica.)
Considerando o contexto histórico que envolve as duas declarações e comparando as
idéias nelas contidas, podemos dizer que
a) ambas limitam as vantagens estratégicas da definição de uma nova capital a questões
econômicas.
b) apenas a segunda considera a mudança da capital importante do ponto de vista da
estratégia militar.
c) ambas consideram militar e economicamente importante a localização da capital no
interior do país.
d) apenas a segunda considera a mudança da capital uma estratégia importante para a
economia do país.
427
e) nenhuma delas acredita na possibilidade real de desenvolver a região central do país a
partir da mudança da capital.

4. (ENEM 2009) A mais profunda objeção que se faz à ideia da criação de uma cidade,
como Brasília, é que o seu desenvolvimento não poderá jamais ser natural. É uma
objeção muito séria, pois provém de uma concepção de vida fundamental: a de que a
atividade social e cultural não pode ser uma construção. Esquecem-se, porém, aqueles
que fazem tal crítica, que o Brasil, como praticamente toda a América, é criação do
homem ocidental.
PEDROSA, M. Utopia: obra de arte. Vis – Revista do Programa de Pós-graduação em
Arte (UnB), Vol. 5, n. 1, 2006 (adaptado).
As ideias apontadas no texto estão em oposição, porque
a) a cultura dos povos é reduzida a exemplos esquemáticos que não encontram respaldo
na história do Brasil ou da América.
b) as cidades, na primeira afirmação, têm um papel mais fraco na vida social, enquanto a
América é mostrada como um exemplo a ser evitado.
c) a objeção inicial, de que as cidades não podem ser inventadas, é negada logo em
seguida pelo exemplo utópico da colonização da América.
d) a concepção fundamental da primeira afirmação defende a construção de cidades e a
segunda mostra, historicamente, que essa estratégia acarretou sérios problemas.
e) a primeira entende que as cidades devem ser organismos vivos, que nascem de forma
espontânea, e a segunda mostra que há exemplos históricos que demonstram o contrário.

Respostas:
1) A
2) E
3) C
4) E

Fontes/Créditos:
https://mundoedu.com.br/uploads/pdf/5470b42831d37.pdf
https://brasilescola.uol.com.br/historiab/republica-populista-1945-1964.htm
Mais exercícios sobre "República populista":
https://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios-historia-do-brasil/exercicios-
sobre-regime-liberal-populista-1945-1964.htm

428
Ditadura Militar
Introdução
Ditadura militar é o regime político no qual membros das Forças Armadas de um país
centralizam política e administrativamente o poder do Estado em suas mãos, negando à
maior parte dos cidadãos a participação e a decisão nas instituições estatais.
Ditadura militar no Brasil
No Brasil, o período mais recente de ditadura militar ocorreu entre os anos de 1964
e 1985. Com o argumento de evitar a realização de uma ditadura comunista no
Brasil, em período de Guerra Fria, as Forças Armadas brasileiras realizaram
um golpe de Estado em 31 de março de 1964, que depôs o presidente João Goulart.
Eleito como vice-presidente em 1960, Jango (como era conhecido) assumiu o poder após
a renúncia de Jânio Quadros, em 1961.

Tanques patrulham a Esplanada dos Ministérios, em Brasília


(Acervo Arquivo Público do Distrito Federal)
Defendida pelos militares como uma ação revolucionária, a ditadura que vigorou no Brasil
pode ser caracterizada como uma ditadura civil-militar. Isso em decorrência da efetiva
participação de setores importantes do empresariado brasileiro, principalmente os ligados
aos grandes bancos e federações industriais do país.

“(...) em 64 a Nação recebeu um tiro no peito. Um tiro que matou a alma nacional.
(...) Os personagens que pareciam fazer parte da história brasileira ou da História
do Brasil como nós imaginávamos, estes personagens de repente sumiram. Ou fora
do poder, ou presos ou mortos. E em seu lugar surgiram outros, que eu nunca tinha
visto. Idiotas que nem mereciam ser notados. De repente, eles eram mais do que
donos do poder, eram donos da realidade! Ai me veio a percepção clara de que o
Brasil tinha mudado para sempre. (...) Havia sido cometido um assassinato político.
Ali morreu um país, morreu uma liderança popular, morreu um processo. Uma
derrota política da qual você jamais vai se recuperar nos mesmos termos. (...) Não
se matam somente as pessoas, também se matam os países, os processos
históricos.” (Herbert de Souza)

429
Características Gerais
• Autoritarismo;
• Fortalecimento do poder executivo (presidente);
• Atos Institucionais (Ais) → decretos-lei;
• Cassação de mandatos;
• Eleições indiretas para presidente;
• Bipartidarismo: ARENA x MDB;
• Censura, perseguição e repressão;
• Abertura econômica alinhamento com bloco capitalista;
• “Milagre Econômico Brasileiro.”
Cresce dívida externa AI-1 (Ato Institucional nº1) - 1964
Logo após a deposição de Jango formou-se uma junta militar que assumiu o poder
e decretou o Ato institucional nº 1. O AI-1 decretava:
• Realização de eleições indiretas para presidente da República num prazo máximo
de dois dias após a publicação do ato. Eleições diretas seriam realizadas em 1965;
• Fortalecimento dos poderes do presidente, que podia suspender os direitos
políticos de qualquer cidadão por 10 anos e decretar estado de sítio [Suspensão
temporária de direitos e garantias constitucionais do indivíduo] sem autorização do
congresso;
• Suspensão temporária da estabilidade dos funcionários públicos;
• Após a publicação do AI-1, o Congresso, pressionado pelos militares, escolheu o
primeiro presidente do regime militar, Humberto de Alencar Castelo Branco.
Governo Castelo Branco (1964-1967)
O primeiro governo dos militares representava uma ala moderada das forças armadas,
que ao invés do uso da violência física utilizou as medidas políticas (cassação de
mandatos e suspensão de direitos) para aplacar a oposição. Muitos senadores,
deputados, juízes e líderes sindicais tiveram seus direitos políticos suspensos. A
UNE (União Nacional dos Estudantes) foi declarada ilegal, universidades foram
invadidas e sindicatos sofreram intervenção. No campo econômico, destaca-se no
governo de Castelo Branco o PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo),
elaborado pelos ministro da Fazenda, Otávio Gouveia de Bulhões, e do Planejamento,
Roberto Campos. O PAEG foi uma tentativa de estabilizar a economia nacional e
retomar o crescimento econômico. Entre outras medidas do PAEG estão:
• Aumento de preços dos produtos e serviços oferecidos pelas estatais
(petróleo, energia);
• Aumento de impostos;
• Indexação Monetária (ORTN Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional);
• Arrocho salarial (setor público);

430
• Livre negociação entre patrões e empregados (setor privado).
Uma das consequências do PAEG, bastante impopular, foi a volta de investimentos
estrangeiros, principalmente de um dos apoiadores da ditadura militar, os Estados
Unidos.

Com a situação política no Brasil se deteriorando, o governo militar perdia apoio.


Um dos principais aliados do regime em seu início era Carlos Lacerda (aquele que
tomou um tiro de raspão no pé e engessou a perna lá no tempo do Getúlio,
lembra?) agora passava a fazer parte da oposição (desde antigos tempos ele
sonhava em ser presidente, mas via que os militares não iam lhe dar chance...).
Além disso, as eleições diretas para prefeitos e governadores de 1965 se mostrou
desfavorável aos militares. Isso iria provocar um endurecimento no regime, pois
não estava conseguindo fazer a “limpeza”. A chamada “Linha Dura” começava a
ganhar mais espaço no governo.

O mandato de Castelo Branco, que conforme previa o AI-1 duraria até 1965, foi
prorrogado até 1967.
Além disso, em 1965, os militares decretaram o AI-2.
AI-2 (1965)
• Eleições indiretas para Presidente da República;
• Fortalecimento do Executivo (presidente pode decretar recesso do poder
legislativo);
• Bipartidarismo: ARENA e MDB.

AI-3 e AI-4
Em fevereiro de 1966, foi decretado o AI-3, que previa eleições indiretas para
governadores de estados e prefeitos de municípios de “segurança nacional” e
capitais de estados. No mesmo ano, o Congresso foi fechado, sendo reaberto
apenas em 1967 pelo AI-4, para aprovar a constituição de 1967.

431
A Constituição de 1967
Antes de qualquer coisa, a nova constituição servia para dar ares de legalidade ao regime
militar. Esta constituição mantinha o Brasil como federação, apesar de diminuir o poder
dos estados-membros ao reforçar o poder do executivo central. Características da
Constituição de 1967: restringiu a liberdade de opinião e expressão; deixou o direito de
reunião a descoberto de garantias plenas; estendeu o foro militar aos civis, nas hipóteses
de crimes contra a segurança interna (ou seta, segurança do próprio regime imperante);
fez recuos no campo dos direitos sociais; manteve as punições, exclusões e
marginalizações políticas decretadas sob a égide dos Atos Institucionais.
A Nova constituição teria vida curta pois seria logo ultrapassada pelos atos
ditatoriais dos militares e pelo AI-5.

Governo Costa e Silva (1967-1969)


No início de 1967 a linha dura chegava ao poder com o marechal Arthur Costa e
Silva. Havia uma onda de cassações de parlamentares e ocorreu o fechamento do
congresso, decretado pelo presidente.
Neste momento as oposições começavam a luta pela volta da democracia, se
articulando através de vários movimentos:
• Frente Ampla;
• Passeata dos Cem Mil (1968);

• Greves: bastante agressivas, em Osasco (SP) e Contagem (MG) com violenta


repressão governamental;
• Movimento Artístico: Criação dos CPC's (Centros Populares de Cultura),
procurando aproximar a arte da população em geral.

432
AI-5
Como a oposição aumentava e alguns grupos partiam para a luta armada, o regime
endurecia. Em dezembro de 1968, Costa e Silva decretou o mais violento dos Atos
Institucionais, o AI-5, que previa:
• O fechamento do Legislativo (Senado e Câmara dos Deputados) pelo
presidente da República, que podia legislar nos períodos de recesso;
• Suspensão dos direitos individuais, incluindo a suspensão do hábeas
corpus;
• Intervenção do governo federal em municípios e estados;
• Possibilidade de o presidente decretar estado de sítio sem permissão do
congresso.
O AI-5 só seria revogado 11 anos depois. Com este Ato Institucional, o Brasil
mergulhava de vez na ditadura total.
Logo após decretar o AI-5, Costa e Silva sofreu um derrame cerebral e seu vice, o
civil Pedro Aleixo, foi proibido pelos militares de assumir o poder. Desse modo,
formou-se uma junta militar que indicou o nome do novo presidente, que foi
escolhido pelo voto indireto representando a ARENA, era Emílio Garrastazu Médici.
Governo Médici (1969-1974)
Médici governou o país com grande violência, repressão e torturas. Instaurou o
regime de censura aos meios de comunicação e passou a combater as guerrilhas
que se alastravam pelo país.
Os guerrilheiros do Brasil se inspiravam nos modelos de Cuba e da China, onde as
guerrilhas socialistas derrubaram os governos de direita e implantaram o modelo
socialista.
Para enfrentar as guerrilhas e a oposição como um todo, os militares contaram com
órgãos de informação eficientes como o CIEx (Centro de informação do Exército), o
Cenimar (Centro de Informações da Marinha), o Cisa (Centro de Informação Social
do Exército) e o SNI (Sistema Nacional de Informações), controlado diretamente
pelo presidente.
Haviam ainda órgãos como o DOPS (Departamento de Ordem Publica e Social), o
CODI (Comando de Operações de Defesa Interna), o DOI (Destacamentos de
Operações internas) e a OBAN (Operação Bandeirantes). Este último subordinava
os órgãos de informação e tem sua sigla associada à tortura e a violência.
No final do governo Médici, a guerrilha, tanto no campo quanto na cidade, havia
sido praticamente esmagada.
Além dos grupos guerrilheiros, milhares de pessoas foram acusadas de
“subversão” e torturadas em todo o país.

433
Economia: o “Milagre brasileiro”
Durante o governo Médici, a economia cresceu em ritmo bastante acelerado, graças
ao ingresso maciço de capitais estrangeiros no Brasil. Capitais estes que vinham
para o país atraídos pela estabilidade política propiciada pela ditadura e pelos
ajustes econômicos feitos desde o início do regime. Com investimentos externos e
as baixas taxas de juros do mercado internacional na época foi possível se chegar
ao “milagre” da economia.
O modelo da economia brasileira era baseado no intervencionismo estatal, cujas
empresas (estatais) produziam nos setores de “segurança nacional” (energia,
transportes, telecomunicações...) dando infraestrutura para as multinacionais que
instalavam a indústria de bens de consumo duráveis (eletrodomésticos,
automóveis) e aproveitavam da mão-de-obra barata e sob controle do governo.
O Brasil, pela primeira vez, passava a ser um país exportador, mas sob um custo
social que perdura até nossos dias: a concentração de renda. “achatava-se” o
salário dos trabalhadores menos especializados e promovia-se a classe média, que
via aumentar seu padrão de vida e dava sustentáculo ao imaginário que começava a
se construir de “Brasil potência”.
Junto ao milagre, surgia a campanha ufanista promovida pelo governo, com
slogans como “Brasil, ame-o ou deixe-o”, “Até 1964 o Brasil era o país do futuro:
agora o futuro chegou”, “Ninguém mais segura este país”, entre outros. O
tricampeonato mundial de futebol em 1970 fazia o povo vibrar e o governo
comemorava como se o próprio Médici fosse da seleção... agora o Brasil era o
máximo. E as coisas iam de vento em popa para os ditadores, um dia o “rei” Pelé,
com todo seu apego popular, falou que a ditadura tinha de existir, pois “o povo não
está pronto para a democracia”.

Governo Geisel (1974-79)


Em 1973 o mundo viveu a Crise do Petróleo, devido ao aumento do preço do
petróleo pelos países da OPEP. Nessa crise internacional o “milagre brasileiro”
começou a ter fim, uma vez que as exportações e os investimentos externos
diminuíram sensivelmente. Ernesto Geisel, o general que substituiu Médici em 1974
veio com o projeto de realizar a abertura política “lenta,

434
gradual e segura”. Isso devido ao desgaste do regime e conforme a previsão inicial
dos golpistas de golpe, “limpeza” e retorno. Chegava a hora dos militares
retornarem aos quartéis.
Algumas das medidas tomadas por Geisel foram:
• Desmontagem do aparelho repressivo;
• Morte de Vladimir Herzog e Manuel Fiel Filho
• Proálcool (1975) - crise do petróleo;
• Acordo nuclear Brasil-Alemanha - Usinas Nucleares de Angra dos Reis;
• Pacote de Abril (1977) Senadores “Biônicos” (retrocesso na abertura)
• Iniciam as votações para a Anistia;
• Fim do AI-5 (1979)
Descontentes com o processo de abertura política, alguns membros da linha-dura das
forças armadas, liderados pelo ex-ministro Sylvio Frota, tentaram dar um golpe para
derrubar Geisel. Não conseguiriam.
Governo Figueiredo (1979-1985)
• Continua abertura política;
• Lei da Anistia (1979);
• Greves no ABC paulista - destaque: líder sindical Luís Inácio Lula da Silva;
• 1981 - Atentado do Rio Centro - “linha dura”
• 1982 eleições diretas em todos os níveis, exceto Presidente da República;
• 1984 Campanha das “Diretas Já” PT/PDT/PMDB/ etc;
• Emenda Dante de Oliveira – derrotada.

435
A inflação, que já vinha crescendo desde a época do “milagre”, escapou de
qualquer controle, sendo alimentada até mesmo pelo mecanismo da correção
monetária. Na falta de recursos externos, emitia-se dinheiro internamente, ativando
o crescimento da inflação e ocasionando o grande déficit das contas públicas.
Assim, já no início da década de 80, o Brasil passava a viver uma situação marcada
pela estagflação, isto é, estagnação econômica junto com inflação.
Em 1985, depois do desgaste total do regime militar, iria se concretizar a abertura
política, ainda que em eleição indireta, a oposição teria uma vitória sobre os
militares, com a escolha de Tancredo Neves e Sarney, para presidente e vice,
respectivamente. Era o fim do governo militar e o início de um novo período
democrático na história do Brasil.
O Atentado do Riocentro, do
dia 30 de abril de 1981,
aconteceu quando mais de
20 mil pessoas se reuniam
num show em comemoração
ao Dia do Trabalho.
Planejado pelo alto comando
do DOI-CODI, o atentado
acabou matando um
sargento que estava dento
do carro quando uma das
duas bombas do atentado
explodiram. Para a
Comissão Nacional da
Verdade, o atentado foi
“concebido e orquestrado
para ser apresentado como
ato terrorista insano a ser
atribuído aos opositores do
Estado Ditatorial Militar”

Um dos maiores movimentos de massa que nosso país já viu foi o movimento
Diretas Já, em que se pediam eleições diretas para presidente em 1985. Esse
movimento contou com alguns dos nomes de mais destaque de nossa história política
recente, como Lula, Brizola e Ulisses Guimarães, líderes de seus partidos (a saber, PT,
PDT e PMDB) e entusiastas opositores do regime militar. Fruto desse movimento foi a
proposta de emenda constitucional do senador Dante de Oliveira. Apesar de toda a
manifestação e de todo clima eufórico com a possibilidade do povo escolher seu
presidente, a emenda foi derrotada na votação em Brasília.
Então, em 1985 ainda teríamos eleições indiretas, mas com uma novidade: a
oposição, com Tancredo Neves e José Sarney derrotou os militares nessas
eleições.

436
437
Mapas Mentais:

438
Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Ditadura Militar
https://youtu.be/4ceFMDndn_0
Canal: "Historizando" | Vídeo aula: Ditadura Militar
https://youtu.be/KT2w-jyfqoA
Canal: "Descomplica" | Vídeo aula: Ditadura Militar
https://youtu.be/HGrq8Eit31E
Canal: "Stoodi" | Vídeo aula: Ditadura Militar
https://youtu.be/TdZJBZazsjk

439
Exercícios
1. (ENEM 2012) Diante dessas inconsistências e de outras que ainda preocupam a
opinião pública, nós, jornalistas, estamos encaminhando este documento ao Sindicato dos
Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, para que o entregue à Justiça; e da
Justiça esperamos a realização de novas diligências capazes de levar à completa
elucidação desses fatos e de outros que porventura vierem a ser levantados.
Em nome da verdade. In: O Estado de S. Paulo, 3 fev. 1976. Apud. FILHO, I. A.
Brasil, 500 anos em documentos. Rio de Janeiro: Mauad, 1999.
A morte do jornalista Vladimir Herzog, ocorrida durante o regime militar, em 1975, levou a
medidas como o abaixo-assinado feito por profissionais da imprensa de São Paulo. A
análise dessa medida tomada indica a
a) certeza de cumprimento das leis.
b) superação do governo de exceção.
c) violência dos terroristas de esquerda.
d) punição dos torturadores da polícia.
e) expectativa da investigação dos culpados.

2. (ENEM 2006) Os textos a seguir foram extraídos de duas crônicas publicadas no ano
em que a seleção brasileira conquistou o tricampeonato mundial de futebol. O General
Médici falou em consistência moral. Sem isso, talvez a vitória nos escapasse, pois a
disciplina consciente, livremente aceita, e vital na preparação espartana para o rude teste
do campeonato. Os brasileiros portaram se não apenas como técnicos ou profissionais,
mas como brasileiros, como cidadãos deste grande pais, cônscios de seu papel de
representantes de seu povo. Foi a própria afirmação do valor do homem brasileiro, como
salientou bem o presidente da Republica. Que o chefe do governo aproveite essa pausa,
esse minuto de euforia e de efusão patriótica, para meditar sobre a situação do pais. (...) A
realidade do Brasil e a explosão patriótica do povo ante a vitória na Copa.
Danton Jobim. Última Hora, 23/6/1970 (com adaptações).
O que explodiu mesmo foi a alma, foi a paixão do povo: uma explosão incomparável de
alegria, de entusiasmo, de orgulho. (...) Debruçado em minha varanda de Ipanema, [um
velho amigo] perguntava: — Será que algum terrorista se aproveitou do delírio coletivo
para adiantar um plano seu qualquer, agindo com frieza e precisão? será que, de outro
lado, algum carrasco policial teve animo para voltar a torturar sua vitima logo que o
alemão apitou o fim do jogo?
Rubem Braga. Última Hora, 25/6/1970 (com adaptações).

440
Avalie as seguintes afirmações a respeito dos dois textos e do período histórico em que
foram escritos.
I. Para os dois autores, a conquista do tricampeonato mundial de futebol provocou uma
explosão de alegria popular.
II. Os dois textos salientam o momento politico que o pais atravessava ao mesmo tempo
em que conquistava o tricampeonato.
III. A época da conquista do tricampeonato mundial de futebol, o Brasil vivia sob regime
militar, que, embora politicamente autoritário, não chegou a fazer uso de métodos
violentos contra seus opositores.
É correto apenas o que se afirma em
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III

3. (ENEM 2013)
PSD - PTB - UDN
PSP - PDC - MTR
PTN - PST - PSB
PRP - PR - PL - PRT
Finados
FORTUNA, Correio da Manhã , ano 65, n. 22 264, 2 nov. 1965.
A imagem foi publicada no jornal Correio da Manhã, no dia de Finados de 1965. Sua
relação com os direitos políticos existentes no período revela a
a) extinção dos partidos nanicos.
b) retomada dos partidos estaduais.
c) adoção do bipartidarismo regulado.
d) superação do fisiologismo tradicional.
e) valorização da representação parlamentar.

441
4. (ENEM 2010)
Opinião
Podem me prender
Podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião.
Aqui do morro eu não saio não
Aqui do morro eu não saio não.
Se não tem água
Eu furo um poço
Se não tem carne
Eu compro um osso e ponho na sopa
E deixa andar, deixa andar...
Falem de mim Quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã seu doutor,
Estou pertinho do céu
Zé Ketti.Opinião.
Disponível em: http:/www.mpbnet.com.br. Acesso em: 28 abr.2010.
Essa música fez parte de um importante espetáculo teatral que estreou no ano de 1964,
no Rio de Janeiro. O papel exercido pela Música Popular Brasileira (MPB) nesse contexto,
evidenciado pela letra de música citada, foi o de
a) entretenimento para os grupos intelectuais.
b) valorização do progresso econômico do país.
c) crítica à passividade dos setores populares.
d) denúncia da situação social e política do país.
e) mobilização dos setores que apoiavam a Ditadura Militar.

Respostas:
1) E
2) D
3) C
4) D

Fontes/Créditos:
https://www.mundoedu.com.br/uploads/pdf/5432dd7f11a5a.pdf
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-ditadura-militar.htm
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-ditadura-militar.htm
https://descomplica.com.br/blog/historia/mapa-mental-ditadura-militar/
Mais exercícios sobre "Ditadura Militar":
https://www.stoodi.com.br/exercicios/historia/ditadura-militar/

442
Brasil Contemporâneo
Introdução
No final dos anos 1970 a Ditadura Militar Brasileira dava sinais de esgotamento. A
crise econômica que assolava o mundo depois de 1973 (Crise do Petróleo)
impossibilitava o “Milagre Brasileiro” de continuar. A pressão popular por
democracia somava-se aos problemas econômicos e levava os militares a iniciar a
abertura “lenta, gradual e segura” desde o governo Geisel.
Em 1979 a Lei da Anistia perdoou os inimigos da Ditadura e permitiu que muitos
intelectuais e artistas voltassem de seus exílios no exterior. No início dos anos 80, o
pluripartidarismo e as eleições diretas em estados e capitais voltava. Havia o
desmanche gradual de todo o aparelho de censura e repressão da ditadura.
Mesmo com a derrotada da Emenda Dante de Oliveira (1984), proposta de emenda
nascida do movimento Diretas Já em 1984, o regime militar chegaria ao fim na
última eleição indireta de nosso país em 1985, quando Tancredo Neves e José
Sarney venceram o pleito para presidência.
Iniciava o período da Redemocratização, que teria que conviver com a herança
militar do endividamento e a inflação. Desde então, constrói-se mais um capítulo da
história do Brasil.

Campanha Diretas Já, 1984.


Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2014-01-24/maior-movimento-popular-da-
historia-do-brasil-diretas-ja-completa-30-anos.html
A partir da eleição, ainda indireta, de Tancredo Neves para presidente do Brasil, os
militares finalmente se afastavam do poder. O país entrava em um período de
redemocratização, mas com uma enorme herança do regime ditatorial que havia se
seguido, havia a grande disparidade social e uma imensa dívida externa que nos
assombra até hoje. A economia brasileira era marcada pela super-inflação. Ainda, na
esfera política, houve a doença do presidente, que não chegou a assumir, falecendo, e
cedendo lugar a seu vice, José Sarney, primeiro presidente deste novo período, mas que
já tinha sido um dos grandes nomes dentro da ARENA.
Nesta fase da história do Brasil, vemos nosso país a procura da democracia, do
ajuste econômico e social, ainda vamos ver o Brasil se inserindo no processo de
globalização e adotando a política neoliberal.

443
GOVERNO SARNEY (1985-1989)

O governo de José Sarney foi marcado pela busca de métodos para o combate à
inflação, principalmente com o lançamento do plano cruzado, do ministro Dílson
Funaro.
PLANO CRUZADO (1986)
• Combate à inflação;
• Congelamento de preços por um ano;
• Reajuste salarial e abono;
• “Gatilho salarial”
• Consequências do plano: ágio, desabastecimento.
NOVOS PLANOS ECONÔMICOS
• 1986 | Plano Cruzado II: descongelamento de preços e inflação;
• 1987 | Plano Bresser: congelamento de preços e salários por 90 dias;
• 1989 | Plano Verão: devido à expectativa de novo congelamento, os empresários
promoviam um aumento de preços, desencadeando o crescimento da inflação, que
chegou a 1764% no último anos do governo Sarney
MORATÓRIA
Em 1987, devido aos problemas econômicos, o Brasil acabou por declarar a “Moratória
Técnica” (impossibilidade de pagar os juros da dívida externa).
CONSTITUIÇÃO DE 1988
Um dos pontos positivos do governo Sarney foi a promulgação da nova
constituição brasileira, que colocou (pelo menos em teoria) o nosso país como um
dos mais democráticos do mundo.
444
CARACTERÍSTICAS:
• Democracia liberal, com separação dos 03 poderes e eleição direta dos
principais cargos;
• Possibilidade de 2º turno nas eleições para cargo de presidente, governador
e municípios com mais de 200.000 eleitores;
• Voto obrigatório entre 18 e 70 anos, facultativo a analfabetos e jovens dos 16
aos 18 anos;
• Liberdade sindical e garantia do direito de greve;
• Nacionalismo econômico, com reserva de determinadas atividades ao
Estado;
• Intervenção do Estado na economia;
• Direitos trabalhistas e assistência social para população;
• Descentralização administrativa e financeira;
• Racismo considerado crime inafiançável;
• Previa plebiscito para 05 anos após promulgação da constituição para definir
forma de governo: presidencialismo, parlamentarismo ou monarquia.

445
GOVERNO COLLOR (1990-1992)

Collor surgiu nas eleições de 1989 como um fenômeno. Praticamente


desconhecido, concorrendo por um partido criado às pressas para sua candidatura
(o PRN), era o candidato ideal que os setores conservadores queriam para evitar a
ascensão da esquerda (diga-se: Lula) ao poder.
Com um discurso bastante populista, Collor conseguia a simpatia da população.
Ele se dizia “o caçador de marajás”, o representante dos “descamisados”, fazia
Cooper, andava de jet ski, era jovem, boa-pinta. Mas não é só isso: recebeu o apoio
descarado de alguns setores da mídia. Collor derrotou Lula nas primeiras eleições
diretas para presidente que o Brasil teria desde a ditadura.
ECONOMIA – PLANO COLLOR (1990)
• Reintroduzia o Cruzeiro e congelava os preços. Para evitar o
desabastecimento confiscou todas as poupanças e contas correntes acima
de 50 mil cruzeiros, por um prazo de 18 meses;
• Corte nos gastos públicos, com demissão de funcionários do governo e
aumento de impostos;
• Anúncio de privatizações e diminuição dos impostos de importação.
Com isso, o plano pretendia tornar a economia brasileira mais eficiente, com um
Estado mais “enxuto” e um setor privado voltado para a adequação à concorrência
com produtos estrangeiros. Pretendia também a entrada de grande volume de
mercadorias importadas a preços baixos, uma vez que seus impostos haviam
sofrido cortes, para, assim, favorecer a queda da inflação. Nos primeiros meses, o
plano obteve a queda da inflação e a contenção do consumo; logo em seguida, no
entanto, o país mergulhou em profunda recessão. O nível de atividade industrial
despencou com a concorrência estrangeira, só agravando o quadro social. As
demissões se multiplicaram num nível alarmante, tendência mantida nos anos
seguintes.
VICENTINO, Cláudio e DORIGO, Gianpaolo. História para o Ensino Médio. Scipione,
2001
446
PLANO COLLOR II (1991)
Nova tentativa de conter inflação, com congelamento de preços e salários e aumento das
taxas de juros.
IMPEACHMENT
Em 1991 foram feitas denúncias de que Paulo César Farias, o PC, amigo pessoal de
Collor e tesoureiro de sua campanha, estaria pressionando dirigentes de estatais
para realização de negócios favoráveis a grupos particulares.
Em 1992, Pedro Collor, irmão do presidente, denunciava que Fernando Collor era
beneficiário de transações financeiras obscuras, levando o Congresso Nacional a
instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o
funcionamento do chamado ”Esquema PC”.
Descobriu-se que homens de negócio forneciam dinheiro para Collor e alguns
parlamentares em troca de favores governamentais.
O “caçador de marajás” era na verdade um “caçador de si mesmo”. A descoberta
do Esquema PC levou milhares de pessoas às ruas em protesto contra o
presidente. Collor renunciaria antes de ser afastado. Em seu lugar assumiria seu
vice-presidente, o mineiro Itamar Franco.
GOVERNO ITAMAR FRANCO (1992-1994)

Assumiu o poder após Collor, seu vice, Itamar Franco. No seu governo ocorreu um
período de tranquilidade política com economia dando sinais de melhora, voltando
a crescer chegando a atingir, em 1994, a taxa de 5%.
Porém, o grande destaque do Governo Itamar Franco ficou por conta do novo plano
econômico, o Plano Real, do ministro Fernando Henrique Cardoso.

447
O PLANO REAL
• Contenção da inflação sem congelamento de preços ou confiscos;
• Criação da URV (Unidade Real de Valor) como moeda referência para o futuro
Real;
• Real: equivalência com o Dólar (1x1);
• Abertura econômica.
GOVERNO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO / FHC (1994-2002)

FHC obteve êxito em seu plano de combate à inflação e isso auxiliou sua vitória
eleitoral em 1º turno contra Lula e outros candidatos. A grande marca do governo
FHC foi a adesão ao Neoliberalismo, observe os principais acontecimentos:
• Privatizações: Companhia Siderúrgica Nacional, Companhia Vale do Rio
Doce, Telefonia;
• Fim do monopólio da Petrobrás sobre a extração e o refinamento de petróleo
no Brasil;
• Abertura econômica – Globalização;
• Falência de empresas brasileiras;
• Aumento do desemprego;
• Mercosul inicia em 1995 – União Aduaneira entre Brasil, Uruguai, Paraguai e
Argentina;
• 1997: Emenda constitucional permite reeleição;
• Segundo Mandato: vitória em 1º turno;
• 1999: Itamar Franco (governador de MG) decreta moratória de MG por 90 dias.
Consequência: fuga de capitais do país, queda na bolsa de valores,
desvalorização do real;
• Questão fundiária MST x Governo;
• Economia “recomendações” do FMI.
448
GOVERNO LULA (2003-2010)

Em 2002, foi eleito Luís Inácio Lula da Silva, líder histórico da oposição e um dos
fundadores de seu partido (PT). Lula chegou ao poder representando um anseio por
mudanças, por reformas sociais. O ex-operário subiu ao poder com propostas
alternativas ao Neoliberalismo. Apesar de sua proposta, o novo governo seguiu a
cartilha do FMI, promovendo reformas questionáveis como as reformas da
previdência e tributária.
Do ponto de vista da política externa, o governo Lula demonstrou forte liderança em
seu bloco regional, o Mercosul, e apontou para a liderança entre os países em
desenvolvimento.
PRINCIPAIS DESTAQUES
• Aproximação com os países em desenvolvimento (China, África do Sul,
México, Índia, etc.);
• Fortalecimento do MERCOSUL e não adesão à proposta da ALCA (Área de
Livre Comércio das Américas);
• Programas sociais: Bolsa Escola, Bolsa Família, Fome Zero; — Contexto de
crescimento da classe média e diminuição dos brasileiros abaixo da linha da
miséria;
• PAC – programa de aceleração do crescimento;
• Brasil = liderança da América Latina e um dos líderes do G20 (grupo de
“oposição” ao G8);
• Investimentos em Universidades Federais, com a expansão dos campi e
criação do PROUNI;
• Escândalos de Corrupção, com destaque para o “Mensalão” (julgado em
2013);
• Grande aprovação popular, encerrando o mandato com aprovação de 83%.
449
GOVERNO DILMA ROUSSEFF (2011-2016)

Aparece como sucessora do Presidente Lula, depois de ser Ministra da Casa Civil do ex-
presidente. Assume dando continuidade ao projeto de governo do PT, com a manutenção
do Bolsa-família, dos investimentos em áreas públicas, prosseguimento do PAC (em sua
segunda fase, o PAC 2).
DESTAQUES
• Dilma tornou-se a primeira mulher a discursar na abertura da Assembleia
Geral das Nações Unidas (ONU), em 2012;
• Corte de impostos sobre os produtos da cesta básica;
• Cortes no IPI (imposto sobre produção industrial) para incentivar a produção
e consumo;
• Redução da tarifa de energia elétrica;
• Sofreu impeachment – pedaladas fiscais.

450
GOVERNO MICHEL TEMER (2016-2018)

Desde o Impeachment de Dilma, seu vice-presidente Michel Temer assumiu a


função presidencial. Existe um grande debate sobre o afastamento de Dilma, com o
antagonismo de opiniões girando em torno de Impeachment vs. Golpe.
De qualquer modo, Temer levou adiante medidas de austeridade, como a
flexibilização das leis trabalhistas, a lei da terceirização, o congelamento de
investimentos em educação e saúde por 20 anos e tentou aprovar a Reforma da
Previdência.
GOVERNO BOLSONARO (2019-)

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), assumiu o governo federal em 2019 com a
missão de apresentar soluções para temas urgentes que atravessam mandatos. A
articulação junto ao Congresso Nacional e a integração entre os estados está na base dos
desafios.
Reformas na economia
Entre as promessas está a reforma tributária e uma nova reforma trabalhista. Além delas,
a de maior expectativa: a reforma da previdência.

451
Combate à corrupção
Brasileiros foram às ruas diversas vezes vestidos de verde e amarelo contra escândalos
de corrupção. Foi com as mesmas cores que votaram em Bolsonaro em 2018, com a
expectativa de mudança. O presidente eleito afirma que não vai tolerar o envolvimento de
corruptos no governo.
Crise Carcerária
Bolsonaro realizou uma campanha marcada por promessas na área da Segurança
Pública. O posicionamento defendido é o de agravar as penalidades e intensificar políticas
de guerra às drogas.
Infraestrutura e mobilidade
O Brasil parou em maio deste ano após uma greve dos caminhoneiros. O país não dispõe
de infraestrutura para dar alternativa de mobilidade. O processo de diálogo é complexo,
isto porque a categoria é composta em parte expressiva por motoristas autônomos que se
organizam independente de sindicatos.
As categorias já demonstraram insatisfação após o acordo firmado com o governo federal.
As medidas aprovadas de desconto no diesel tem prazo para acabar. A anistia a multas
foi vetada, decisão mantida posteriormente pelo Congresso. A realização de novas
greves não são descartadas.
Políticas para imigrantes
De acordo com o IBGE, apenas neste ano chegaram ao Brasil mais de 10 mil
venezuelanos. A participação do governo federal na gestão de recursos e políticas
públicas voltadas para o reforço no serviço público tem sido crucial para remediar a crise
no estado do Roraima, porta de entrada dos imigrantes.
Atualmente, o governo federal realiza processo de interiorização - encaminhamento
voluntário dos venezuelanos para outros estados para desafogar a concentração - em
parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU). A entidade é duramente criticada
por Bolsonaro.

452
Mapa Mental:

453
Vídeos aulas:
Canal: "Parabólica" | Vídeo aula: Redemocratização do Brasil
https://youtu.be/ksyBneLcPe8
Canal: "MundoEdu" | Vídeo aula: Redemocratização do Brasil
https://youtu.be/pFl4Kdwf2a0

1. (ENEM 2015) Não nos resta a menor dúvida de que a principal contribuição dos
diferentes tipos de movimentos sociais brasileiros nos últimos vinte anos foi no plano da
reconstrução do processo de democratização do país. E não se trata apenas da
reconstrução do regime político, da retomada da democracia e do fim do Regime Militar.
Trata-se da reconstrução ou construção de novos rumos para a cultura do país, do
preenchimento de vazios na condução da luta pela redemocratização, constituindo-se
como agentes interlocutores que dialogam diretamente com a população e com o Estado.
GOHN, M. G. M. Os sem-terras, ONGs e cidadania.
São Paulo: Cortez, 2003 (adaptado).
No processo da redemocratização brasileira, os novos movimentos sociais contribuíram
para
a) diminuir a legitimidade dos novos partidos políticos então criados.
b) tornar a democracia um valor social que ultrapassa os momentos eleitorais.
c) difundir a democracia representativa como objetivo fundamental da luta política.
d) ampliar as disputas pela hegemonia das entidades de trabalhadores com os sindicatos.
e) fragmentar as lutas políticas dos diversos atores sociais frente ao Estado.

2. (ENEM 2014)

454
A discussão levantada na charge, publicada logo após a promulgação da Constituição de
1988, faz referência ao seguinte conjunto de direitos:
a) Civis, como o direito à vida, à liberdade de expressão e à propriedade.
b) Sociais, como direito à educação, ao trabalho e à proteção à maternidade e à infância.
c) Difusos, como direito à paz, ao desenvolvimento sustentável e ao meio ambiente
saudável.
d) Coletivos, como direito à organização sindical, à participação partidária e à expressão
religiosa.
e) Políticos, como o direito de votar e ser votado, à soberania popular e à participação
democrática.

3. (ENEM 2011)

A análise da tabela permite identificar um intervalo de


a) 1940-1950 – direito de voto para os ex-escravos.
b) 1950-1960 – fim do voto secreto.
c) 1960-1970 – direito de voto para as mulheres.
d) 1970-1980 – fim do voto obrigatório.
e) 1980-1996 – direito de voto para os analfabetos
455
4. (ENEM 2016) Batizado por Tancredo Neves de “Nova República”, o período que marca
o reencontro do Brasil com os governos civis e a democracia ainda não completou seu
quinto ano e já viveu dias de grande comoção. Começou com a tragédia de Tancredo,
seguiu pela euforia do Plano Cruzado, conheceu as depressões da inflação e das
ameaças da hiperinflação e desembocou na movimentação que antecede as primeiras
eleições diretas para presidente em 29 anos. O álbum dos presidentes: a história vista
pelo JB. Jornal do Brasil, 15 nov.1989.
O período descrito apresenta continuidades e rupturas em relação à conjuntura história
anterior. Uma dessas continuidades consistiu na
a) Representação do legislativo como a fórmula do bipartidarismo.
b) Detenção de lideranças populares por crimes de subversão.
c) Presença de políticos com trajetórias no regime autoritário.
d) Prorrogação das restrições advindas dos atos institucionais.
e) Estabilidade da economia com o congelamento anual de preços

Respostas:
1) B
2) B
3) E
4) C

Fontes/Créditos:
https://mundoedu.com.br/uploads/pdf/59aee172a0386.pdf
https://www.destakjornal.com.br/brasil/eleicoes-2018/detalhe/os-5-principais-
desafios-de-bolsonaro-no-governo
https://descomplica.com.br/blog/historia/mapa-mental-nova-republica/
Mais exercícios sobre "Brasil Contemporâneo":
http://projetomedicina.com.br/site/attachments/article/455/historia_brasil_nova_rep
ublica.pdf

456
Bibliografia
https://www.mundoedu.com.br
http://brasilescola.uol.com.br
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br
https://www.stoodi.com.br
https://querobolsa.com.br
https://www.sohistoria.com.br
https://www.portalsaofrancisco.com.br
https://www.historiadobrasil.net
https://www.infoescola.com
http://cienciasempre.blogspot.com
http://cultura.culturamix.com
https://blogdoenem.com.br
https://studymaps.com.br
https://www.passeidireto.com
https://www.coladaweb.com.br
https://imagohistoria.blogspot.com
https://pontesgeografia.blogspot.com
http://dellefrate.blogspot.com
https://www.suapesquisa.com
http://projetomedicina.com.br
http://www.grupodehistoria.com.br
Acervo quase completo da revista de história da biblioteca nacional para download:
http://notaterapia.com.br/2019/01/21/acervo-quase-completo-da-revista-de-historia-da-biblioteca-
nacional-para-download-gratuito/
Playlist de História - Prof. Dimas: https://www.youtube.com/playlist?
list=PLzoo5nTBxl5KJFUhEEFdE_jE_eDco8LAC
Dez de História: https://www.youtube.com/channel/UCxnq8mfKzOdLvjYcHFcm0wQ
Nota Dez em História professor Eduardo
Luiz: https://www.youtube.com/channel/UCQpTamaG17Gi1wI2teLmJaA
Canal Parabólica | Playlist: História Geral: https://www.youtube.com/playlist?list=PLMra4G0-
Z7pOmDWJfnFQXEG3P17E9erqs
457
Canal Parabólica | Playlist: História do Brasil: https://www.youtube.com/playlist?
list=PLMra4G0-Z7pPPztK7F69zHzpzAtaHEnJ5
História - Prof. Otto Barreto + Asuen: https://www.youtube.com/playlist?
list=PLl0H0UdZ0kIIuKauPzRJ1qFqD-TnX38wT
Historizando:
https://www.youtube.com/channel/UCzBqM9Gs_XnfOjpoZmwUriQ
O que mais cai em história:
https://youtu.be/f8Td3vd-VwU
Canal: "Débora Aladim":
https://www.youtube.com/user/deboraaladim
Canal: "Se Liga Nessa História":
https://www.youtube.com/user/seliganessahistoria1
Tudo é História: https://www.youtube.com/channel/UC1FRhz5TiB7Mdh0wP0kmxrg
Playlist: SIMULADO HUMANAS | ENEM 2018:
https://www.youtube.com/playlist?list=PLPNLvl90MqKSfSK-QJgMaL3H1AhjVz_Zx
Extra | Para te ajudar no ENEM e outras matérias:
Canal: "Stoodi":
https://www.youtube.com/user/stoodibr
Parabólica:
https://www.youtube.com/playlist?list=PLMra4G0-Z7pPPztK7F69zHzpzAtaHEnJ5
Playlist: Redação:
https://www.youtube.com/playlist?list=PLIdiUrsoqaXNDFqhgms52t4uDHxTxNiTN
Canal: "YouTube Educação"
https://www.youtube.com/channel/UCs_n045yHUiC-seliganessahistoria1
Descomplica:
https://www.youtube.com/user/sitedescomplica
MundoEdu
https://www.youtube.com/user/PortalMundoEdu
Vídeo: AO VIVO | Aulão do ENEM 2018 no YouTube Edu
https://youtu.be/Kx6PMxuAiKg
Canal: "QG do Enem - ENEM 2018"
https://www.youtube.com/user/qgdoenem
Vídeo: Aulão ENEM 2018 em parceria com O Globo e Estácio
https://youtu.be/fekreOJkOuQ

458
Me Salva – Apostila Redação
https://materiais.mesalva.com/apostila-redacao-enem
Me Salva – ENEM: Apostilas
https://www.mesalva.com/enem/apostilas
Rápido de Revisão para o Enem
https://cdn-c411.kxcdn.com/wp-content/uploads/2016/01/guia-estudos-enem.pdf

“’Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade
muda.” – Paulo Freire

“’A História é vital para a formação da cidadania porque nos mostra que para
compreender o que está acontecendo no presente é preciso entender quais foram os
caminhos percorridos pela sociedade” – Boris Fausto

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https://www.youtube.com/channel/UCq8LAPjIXKgGyVbBAmbWQjA/featured

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