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LIBRAS
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS
Revisão
Marcelo Costa | Mila Marques
Equipe Técnica
Fabiana Nascimento |Layla Lopes | Marcelo Costa | Marssicléa Brito |
Mila Marques | Zumma da Silva
Projeto gráfico
Luiz Felipe Albuquerque | Márcia Lousan | Marcos Rodrigues | Sílvio Pinto Jr.
Ilustrações
Juliana Fonseca Mascarin | Luiz Felipe Albuquerque
Estagiários
Adriana Gomes de Lira | Adriano Vilaça | Cléia Brandão | Cris ne Brenda Gomes
Dienne da Silva e Silva |Lucrécio Brito | Nathalya Brandão | Pedro Aizamor
Sheila Poinho | Vanderlene Sena
08 Introdução
10 História da Libras
12 O que é Libras?
13 Quem são os surdos e quem são os ouvintes?
14 Culturas e identidades em questão
16 5 Parâmetros de Libras
1
19 Alfabeto em Libras
21 Numerais
24 Nome no Sinal
25 Saudações, períodos e expressões
28 Armativo/Negativo/Exclamativo
29 Adjetivos
MÓDULO 1 34 Pronomes Pessoais
36 Pronomes Interrogativos
38 Tempo
41 Dias da Semana
42 Calendário
44 Objetos
Cores 47
Sentimentos 50
Família 55
Estado Civil 57
Alimentação 59
Verduras 63
Frutas 65
Bebidas 67
2
Meios de Transporte 70 MÓDULO 2
Animais 73
3 79 Pontos Turísticos
81 Serviços
83 Meios de Comunicação
85 Instrumentos Musicais
MÓDULO 3
Natureza 88
Esportes 91
Jogos e Brincadeiras 93
Higiene 95
Saúde 98
Variados 1 101
Variados 2 105
Referência 111 MÓDULO 4
Módulo
1
CURSO BÁSICO
DE LIBRAS
Introdução
Há pessoas que acreditam que as línguas de sinais são somente um conjunto de gestos que
interpretam as línguas orais. No entanto pesquisas sobre a língua de sinais vêm mostrando que estas
línguas são comparáveis em complexidade e expressividade a quaisquer línguas orais, expressando ideias
sutis, complexas e abstratas. Os seus usuários podem discutir filosofia, literatura ou política, além de
esportes, trabalho, moda e utilizá-la com função estética para fazer poesias, contar histórias, cantar, criar
peças de teatro e humor. Como toda língua, as línguas de sinais aumentam seus vocabulários com novos
sinais introduzidos pelas comunidades surdas em resposta às mudanças culturais e tecnológicas, assim a
cada necessidade surge um novo sinal desde que se torne aceito, sendo utilizado pela comunidade.
Acredita-se também que somente existe uma língua de sinais no mundo, mas como as pessoas
ouvintes em países diferentes falam diferentes línguas, também as pessoas surdas por todas as partes do
mundo comunicam-se mediante sinais de diferentes línguas, também as pessoas surdas por toda parte do
mundo, que estão inseridas em “Culturas Surdas”, possuem suas próprias línguas, existindo, portanto
muitas línguas de sinais diferentes, citando apenas algumas, como mostra o quadro na página seguinte.
Estas línguas são diferentes umas das outras e independem das línguas de sinais orais-auditivas
utilizadas nesses e em outros países, por exemplo: o Brasil e Portugal possuem a mesma língua oficial, o
português, mas as línguas de sinais destes países são diferentes. No entanto, também pode acontecer que
a mesma língua de sinais seja utilizada por dois países, como é o caso da língua de sinais americana que é
usada pelos surdos dos Estados Unidos e Canadá.
Em períodos remotos pessoas que apresentavam qualquer tipo de deficiência não frequentavam
escolas, a ideia da incapacidade perpetuou-se por longos anos. Nos países mediterrâneos uma lei romana
chegava a proibir a herança de fortunas familiares para os que não podiam falar. Há povos que
sacrificavam pessoas devido a sua deficiência e os surdos eram grandes alvos. Algumas famílias mais
abastadas contratavam professores que prestavam seus serviços em casa.
Aristóteles (384-322 a.C), considerava os surdos incapazes de ter participação social e de viverem
em comunidade. Na época da exclusão, período que se estende do início do século XVII (1620) e avança
sobre o século XX, foram fundadas diversas escolas especiais voltadas à educação de pessoas deficientes.
O sucesso de ações isoladas daqueles que trabalhavam em casa entusiasmaram a propagação dessas
metodologias para mais pessoas deficientes.
No século XVII surge a língua de sinais e a sua utilização no processo de ensino. O abade L’Epée foi
um dos grandes responsáveis por esse avanço. Ele reuniu surdos dos arredores de Paris e criou a primeira
escola pública para surdos e também a precursora no uso da língua de sinais. Essa modalidade de ensino
foi abafada pela força da Medicina e da Filosofia, que não acreditavam na capacidade da pessoa surda.
No Brasil, o principal personagem da história dos surdos não é um brasileiro e sim um francês.
Hernest Huet nasceu em 1822 e aos 12 anos ficou surdo. Sua família pertencia à nobreza daquele
país. Huet se formou professor e emigrou para o Brasil, em 1855. Apoiado por D. Pedro II, ele fundou, no dia
26 de setembro de 1857, o Imperial Instituto de Surdos-Mudos, hoje chamado de Instituto Nacional de
Educação de Surdos (INES).
Começou alfabetizando sete crianças com o mesmo método do abade L’Epée. Essa foi a primeira
escola a aplicar a língua de sinais na metodologia de ensino. Em 1880, durante o Congresso de Milão,
decidiu-se proibir o uso de língua de sinais na educação dos surdos. Essa deliberação ultrapassou as
fronteiras da Europa e refletiu-se nos surdos brasileiros. Em 1911, a direção do INES, referência nacional
em educação dos surdos, adotou o Oralismo, convencida de que os sinais atrapalhavam o
desenvolvimento da linguagem (RAMOS, 2000).
Na segunda metade do século XX, a comunicação total retoma a importância dos sinais para os
surdos; Preocupou-se apenas em utilizar simultaneamente todos os recursos, visuais e orais, para atingir
a comunicação.
Decreto 5.626 regulamenta a Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002 Art.18 da Lei n°10.098 de
19 de dezembro de 2000
Neste curso quando nos referimos aos surdos, estamos nós referindo àqueles que utilizam a
Libras assim como você utiliza a Língua Portuguesa. Os surdos para identificar aqueles que não são
surdos costumam perguntar: - Você é ouvinte? Assim o termo ouvinte é uma forma de reconhecer o
não surdo. Talvez não tenha ficado claro o suficiente quem são os surdos e quem são os ouvintes, mas
com certeza gradativamente com o decorrer do curso você compreenderá o significado de tais termos.
Uma Pesquisadora Surda da Universidade Federal de Santa Catarina, Flaviane Reis, explica a
expressão Povo Surdo como “uma estratégia de poder, de identidade. O que constitui este povo? As
associações, organizações locais, nacionais e mundiais de surdos, as lutas, a cultura, as políticas. É
uma representação simbólica não como uma simples comunidade a quem podem impor regras, mas
como uma estrutura forte que se defende, impõe suas próprias regras, seus próprios princípios”.
(REIS, p. 19, 2006).
Quando falamos sobre cultura muitas coisas podem vir a nossa mente, há diferentes
culturas e diferentes modos de conceituar cultura, depende do espaço onde ela é discutida. Aqui,
neste espaço lingüístico, usamos o termo cultura para expressar “jeitos de ser e estar no mundo”, e
ressaltaremos a todo o momento os jeitos de ser e estar no mundo do povo surdo, ou seja, a Cultura
Surda.
Sobre Cultura Surda podemos dizer com as palavras de Sá (p.01, 2006) que “Cultura”, neste
texto, é definida como um campo de forças subjetivas que dá sentido(s) ao grupo”. No século XXI, mais
do que nunca, tem-se dado extremo valor à estética do corpo e da linguagem, mesmo que ocultamente
tem se mantido o paradigma da alta e da baixa cultura. O discurso que ecoa é que surdas são
pessoas deficientes, que precisam entrar na linha da normalização, precisa urgentemente ser igual à
maioria, precisam falar ver, ouvir, andar fazer parte de uma cultura ditapadrão para então serem
considerados incluídos na sociedade. O embate acontece exatamente porque existe um campo de
forças subjetivas que dá sentido(s) ao grupo,ou seja, existe a Cultura Surda e é a língua de sinaisa
marca subjetiva que dá sentido(s) a esta cultura.
Os surdos são organizados social e politicamente, possuem um estilo de viver que é próprio de
quem usa a visão como meio principal de obter conhecimento. A cultura surda é também híbrida e mestiça,
pois não se encontra isolada no mundo, está sempre em contato direto com outras culturas e evolui da
mesma forma que o pensamento humano.
As Libras foram criadas e desenvolvidas por surdos do Brasil para a comunicação entre eles e existe
há tanto tempo quanto a existência das comunidades de surdos.
A maior divulgação da língua de sinais no Brasil começou quando foi fundado o Instituto Nacional da
Educação dos Surdos (INES) em 1857,chamada, então, de mímica. Sendo o INES a única escola para
surdos por muitos anos; funcionando em regime de internato, recebia alunos de todas as regiões do Brasil,
os quais, ao voltarem para suas cidades, nas férias, difundiam essa língua por todo país. Assim, a LIBRAS
difere da língua de sinais de Portugal. Como havia professor que dominava a Língua de Sinais Francesa no
INES, na sua fundação.
Libras hoje traz um pouco das características desta língua de sinais francesa e difere da língua de
sinais de portugal, embora os dois países, Brasil e Portugal tenham historicamente dividido a mesma
língua oral, a partir de um Congresso em Milão, Itália, em 1880, a filosofia educacional começou a mudar
na Europa e, consequentemente, em todo mundo. O método combinado que utilizava tanto sinais como o
treinamento em língua oral foi substituído em muitas escolas pelo método oral puro, o oralismo. Muitas
pessoas acreditavam que a única forma possível para que as crianças surdas se integrassem ao mundo
dos ouvintes seria falar e ler os lábios.
E assim muitas escolas passaram a insistir com os alunos surdos para que entendessem a língua
oral e aprendessem a falar. Os professores surdos já existentes nas escolas, naquela época, foram
afastados, e os alunos desestimulados a usarem a língua de sinais (mímica) tanto dentro quanto fora da
sala de aula.
MITO FATO
Os sinais são formados a partir da combinação do movimento das mãos com um determinado
formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo, espaço em frente ao corpo,
altura, lateralidade e profundidade.
Configuração das Mãos: são formas das mãos, que podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou
outras feitas pela mão predominante (mão direita para os destros), ou pelas duas mãos do emissor ou
sinalizador. Os sinais APRENDER (em frente à testa), SÁBADO (em frente à boca), OUVIR (ao lado do
ouvido) e GOSTAR (em frente ao peito) têm a mesma configuração de mão e sua utilização vai depender do
ponto de articulação.
APRENDER
3 Movimento: os sinais podem ter um movimento ou não. Os sinais citados acima tem movimento,
com exceção de PENSAR, que como os sinais AJOELHAR, EM-PÉ, não tem movimento.
Com Movimento
AVIÃO HELICÓPTERO
Sem Movimento
EM PÉ PENSAR DE JOELHOS
5 Expressão Facial e/ou Corporal: muitos sinais, além dos quatro parâmetros mencionados acima,
em sua configuração têm como diferenciador também, a expressão facial e corporal, como os sinais
ALEGRE, CHORAR, TRISTE. Há sinais feitos somente com a bochecha como LADRÃO.
A B C CD ((
EFG H I
J K L M N
OPQ R S
T U V W X
Y Z
oNIBUS
HOJE e
DIA 9
VEXAME
KETCHUP
CULTURA
QUEIJO
FEITO
ZEBRA
GARRAFA
SALADA
Os numerais quando utilizados podem ter formas diferentes para se apresentar, assim como as
línguas. Isso também acontece em Libras quando utilizamos para apresentar os numerais cardinais,
ordinais, quantidade, medida, idade, dias da semana ou mês, horas e valores monetários. Neste módulo,
serão apresentados os numerais em relação às situações mencionadas acima.
Cardinais : Usado como código representativo é sinalizado da seguinte forma:
0 1 2 3 4
0 1 234
5 6 7 8 9
5 67 8 9
Exemplo: número do telefone, número da caixa postal, número da casa, número da conta no banco etc.
Dica!
• Os numerais ordinais do PRIMEIRO até o NONO têm a mesma forma dos cardinais, mas aqueles possuem
movimentos enquanto estes não possuem.
• Os ordinais do PRIMEIRO até o QUARTO têm movimentos para cima e para baixo e os ordinais do QUINTO
até o NONO têm movimentos para os lados. A partir do numeral DEZ, não há mais diferença entre os
cardinais e ordinais.
Usado para quantidades. São sinalizados com adição de movimento, porém há diferenças na
configuração de mão e no posicionamento dos números de 1 a 4, observe:
1 2 3 4
5 6 7 8 9
5 67 8 9
Exemplo: quantidade de canetas, mesas, pessoas etc.
16 40 58
MEU NOME
MEU NOME MEU SINAL
MEU SINAL
SEU NOME
SEU NOME SEU SINAL
SEU SINAL
OLÁ!
OUVINTE
BOA TARDE
BOA NOITE
QUERO TE APRESENTAR
Negativa
NÃO
Exclamativa
!!!!!!!!
GRANDE GIGANTE
PEQUENO
OU OU
DURO MOLE
DIFÍCIL FÁCIL
FEIO(A) BONITO(A)
( ) GROSSO
( ) BONITO
( ) MAGRO
( ) VELHO PESSOA
( ) GORDO
( ) USADO
( ) ALTO
( ) FEIO
( ) GRANDE
( ) DIFÍCIL
( ) MOLE
( ) PEQUENO
( ) FORTE (PESSOA)
( ) VELHO (OBJETO)
( ) FÁCIL
( ) MAL/MAU
( ) FRACO
( ) PEQUENO
( ) FORTE (OBJETO)
( ) DURO
( ) BONITO
( ) FEIO
( ) FINO
( ) ALTO
( ) MOLE
( ) GROSSO
( ) GIGANTE
( ) DURO
( ) JOVEM
( ) GORDO
( ) MAL/MAU
( ) DIFÍCIL
( ) MOLE
( ) EDUCADO
( ) FÁCIL
( ) FRACO
Pessoas no Singular
1ª PESSOA DO PLURAL
2ª PESSOA DO PLURAL
3ª PESSOA DO PLURAL
O QUÊ?/QUEM? QUAL?
QUER? QUANDO?
SEMANA MÊS
Em Libras não há marca de tempo nas formas verbais, é como se, nas frases, muitos verbos
ficassem no infinitivo. O tempo é marcado sintaticamente através dos advérbios de tempo que indicam se a
ação está ocorrendo no presente: HOJE, AGORA; se ocorreu no passado: ONTEM, ANTEONTEM; ou irá
ocorrer no futuro: AMANHÃ, por isso os advérbios de tempo são específicos. Geralmente a frase, no
presente, não é marcada, ou seja, não há nenhuma especificação temporal; já para a frase no passado,
pode-se utilizar o sinal PASSADO ou o sinal JÁ, e para a frase no futuro, pode-se utilizar o sinal FUTURO.
PASSADO JÁ
Dica!
• Nenhuma marca faz ideia de tempo presente;
• PASSADO: traz a ideia de ação/evento que foi realizado;
• FUTURO: traz ideia de ação/evento que será realizado.
ABRIL MAIO
JUNHO JULHO
NOVEMBRO DEZEMBRO
MAIO
SETEMBRO
DEZEMBRO
ABRIL
AGOSTO
JUNHO
AR-CONDICIONADO ARMÁRIO
GELADEIRA MESA
PANELA CADEIRA
FOGÃO
AR-CONDICIONADO
GELADEIRA
CADEIRA