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03/2018

21.12.2018

Relatório de Final de Missão


Junto da Policia Judiciária de São Tomé e Príncipe
- 2018 -
Com o presente relatório concluiu-se a missão desta Assessoria em São
Tome e Príncipe, conforme termos de referência, junto da Direcção da
Policia Judiciária e por sua vez junto do Ministério da Justiça,
Administração Publica e Direitos Humanos.

Importa referir que esta Assessoria teve início em Setembro de 2017 e no


seguimento da solicitação, por parte do Governo da República Democrática
de São Tomé e Príncipe (RDSTP) às Autoridades portuguesas, para ajudar a
extinguir uma Policia de Investigação Criminal (PIC), que se tinha vindo a
degradar nos últimos anos, e criar a Policia Judiciária (PJ).

Assim, na altura foi elaborado um diagnóstico-base que traduziu um


trabalho de observação e recolha de dados no terreno e posterior análise
crítica dos mesmos. Este diagnóstico teve como exclusivo intuito ajudar na
construção de uma nova Policia de Investigação - que se concretizou em
Junho do corrente ano – e, consequentemente, contribuir construtivamente
para a extinção da PIC, salvaguardando os seus recursos físicos e humanos
que reunissem as condições e os quesitos necessárias para virem a integrar
a nova Instituição.

Paralelamente, para que a PJ de STP se tornasse uma realidade, foi


necessário aguardar a consolidação da vertente legal necessária,

Mário Pereira Coutinho


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nomeadamente a aprovação da Nova Lei Orgânica e outros regulamentos a
ela atinentes.

Nesse período de transição, importou efectuar os levantamentos


necessários que reflectiam o funcionamento da PIC para uma optimização
dessa mudança. Foi preparada a necessária adaptação dos funcionários que
integravam PIC e que se pretendia que transitassem para a nova Instituição,
facto que acarretou o cumprimento de novas regras de conduta e
metodologia de trabalho.

O testemunho do Ministério Publico na altura foi elucidativo na descrição


precisa da deficiente qualidade do trabalho desenvolvido pela PIC,
referindo como principal justificação para tão baixo desempenho a
estagnação e desinteresse por parte de uma parcela significativa dos
recursos humanos daquela Polícia.

A Assessoria notou com agrado, desde o inicio, um desejo de melhorar a


Instituição tanto na vertente prática, no que concerne à eficácia da sua
actuação, como na imagem projectada na sociedade de RDSTP, que todos
concordavam que se tinha vindo a degradar nos últimos anos sobretudo
devido à ausência de cadeia hierárquica e de disciplina.

Foi necessário abordar aspectos relacionados com a estrutura da anterior


Instituição e do seu funcionamento. Tal abordagem foi efectuada partindo
do geral para o particular, apontando algumas práticas com vista a melhorar
a organização da PIC, sugerindo sempre soluções que, colocadas em prática,
poderiam melhorar o seu funcionamento e subsequente a eficácia e, por fim,
pretendendo servir como um contributo útil na construção da Lei Orgânica
da PJ de STP bem como do restante corpo legal.

A baixa formação académica e profissional foram as duas causas principais


detectadas responsáveis pelo deficiente desempenho a par da falta de
material, para além de se ter identificado, nos recursos humanos, vários

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casos de corrupção e alcoolismo que foram devidamente ultrapassados com
a mobilidade dos funcionários sinalizados para outros Departamentos do
Ministério sem contacto com a Polícia.

Assim, esta Assessoria envidou a partilha de novos métodos de investigação


e de informação, ministrando cursos elementares de investigação criminal,
ética, deontologia e de tráfico de estupefacientes para, posteriormente,
serem ministrados outros avançados e específicos por peritos vindos de
Portugal após prévia tipificação consentânea com a realidade criminógena de
RDSTP.

Também o relacionamento com os outros Órgãos de Polícia Criminal (OPC)


não primava pelo mútuo entendimento: os interesses pessoais/Institucionais
encontravam-se acima dos interesses do Estado. Tal clima de desconfiança
foi ultrapassado pela promoção de formações profissionais conjuntas, em
que lhes foi relembrado quais as competências de cada OPC e formas de
articulação e colaboração conjuntas no combate à criminalidade.

A oferta de material como rádios, cobrindo a maioria do território nacional,


sirenes, pirilampos, algemas, munições, armas, entre outros, a par de
algumas viaturas e material informático através da Cooperação e Policia
Judiciária portuguesa, contribuíram de forma decisiva para um salto de
qualidade que há muito se desejava.

A rentabilização das instalações e sua recuperação contribuíram de


sobremaneira para a criação de um melhor ambiente de trabalho para todos
os funcionários. Também a criação de um espaço físico para o atendimento
do público – Piquete – e a respetiva sala de espera veio a contribuir de
forma decisiva, a par de uma nova dinâmica para se lidar com os desafios

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quotidianos e a prestação de serviço à população, para uma nova imagem da
Instituição junto da sociedade santomense.

A reorganização de toda a área da investigação, com a criação de novas


Brigadas especializadas pelo tipo de crime - Furto, Roubo, Crimes
Económicos, Homicídios, Crimes contra Mulheres e Crianças, Tráfico de
Estupefacientes e Ações Externas - e de acordo com o volume de situações
ocorridas, fruto da supramencionada análise à realidade criminógena de
RDSTP.

A potencialização dos meios técnicos e recursos humanos contribuíram


exponencialmente para a resolução da pendência processual e para uma mais
eficaz prevenção criminal.

Contudo, a carência de uma espinha dorsal que se traduzia numa ausência ou


ineficiência de cadeia hierárquica (as chefias existentes encontravam-se
ultrapassados por estagnação, conformismo ou falta de formações e
conhecimentos adequados), era um dos maiores problemas com que esta
Assessoria se deparou. Assim alguns funcionários mais novos foram
escolhidos pelo seu mérito profissional e académico para irem frequentar
um curso em Lisboa, na Escola da Policia Judiciária, enquanto os restantes
iriam tirar um tirocínio, praticando de imediato e exercendo as funções que
posteriormente poderão vir a desempenhar.

Havendo chefias, funcionários devidamente preparados, uns com


conhecimentos académicos ao nível da licenciatura e outros com formações
técnicas adequadas, pode-se começar a estabelecer sólidas cadeias de
comando adequadas, atualizadas e funcionais. Espera-se que novas edições
de curos de preparação de funcionários da investigação criminal, naquela
Escola de Policia portuguesa, possam ter lugar de maneira a abranger todos
os funcionários da PJ Santomense que venham a ser designados.
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Partilhando interesses institucionais e conhecimentos, através desta
Assessoria, foram também ultrapassadas barreiras que eventualmente
poderiam existir com o Ministério Publico e criar uma sinergia que tem vindo
a contribuir para um combate sério eficaz à criminalidade e
consequentemente para a consolidação de um Estado de Direito.

Os créditos apurados pela PJ, junto da sociedade santomense, têm vindo a


ser obtidos através do trabalho desenvolvido cujos resultados visíveis são
em prol da liberdade, da defesa da vida e da propriedade e da igualdade,
ajudando a criar uma sociedade mais justa para todos em RDSTP.

II
Regulamentos

Também esta Assessoria contribuiu para a consolidação da PJ de RDSTP


com a elaboração de regulamentos que irão assegurar o seu funcionamento
interno. Tal corpo legislativo parte de uma premissa base transversal: a
nova Policia de Investigação – PJ - que terá como competência reservada
todos os tipos de crime cuja moldura penal seja superior a três anos de
prisão.

Assim, foram oferecidos à Instituição, complementarmente à nova Lei


Orgânica, e aprovados pela tutela:

- Um regulamento para o Serviço de Piquete;


- Um manual de boas práticas para o Piquete;
- Um regulamento para Serviço Segurança;
- Um manual de Procedimentos de Segurança;
- Um regulamento para os Serviços de Transporte.

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Estatísticas Policiais
Tentando abranger outras áreas no âmbito da construção da nova
Instituição, continuou-se a apostar na sua reorganização. Após a aprovação
dos supramencionados regulamentos, também os Relatórios de todas as
actividades da PJ, nomeadamente os anuais devem obedecer a novas regras
para que sejam instrumentos de gestão uteis e eficazes para a tutela bem
como qualquer outra entidade que denote interesse pelas atividades desta
Polícia.

Havendo uma maior necessidade de explanar as actividades desenvolvidas


pela PJ, criou-se um circuito administrativo que a ser aplicado obter-se-iam
mais facilmente respostas, como por exemplo dados por crimes ou mesmo
processos entrados na PJ ou saídos, sabendo quantos para a acusação ou
para arquivo ou o material apreendido ou mesmo saber as actividades
desenvolvidas pelos funcionários no campo da investigação, ou quantas
queixas entradas no Piquete, ou quantos processos criados na PJ, entre
outras categorias. Pretendia esta Assessoria apontar metodologias de
trabalho em que a estatística é o fundamento essencial para futuramente se
elaborar os relatórios anuais de actividades da Policia Judiciária, assim
como definir estratégias de investigação.

Classificação de funcionários
A classificação dos funcionários da PIC nunca foi uma realidade, por uma
razão ou por outra, tal atividade nunca passou de um conjunto de boas
intenções. Com a extinção da PIC e a purga dos seus quadros, importou, com
a entrada em vigor da nova Lei Orgânica, pilar da nova Instituição – Policia
Judiciária - classificar de uma forma justa, honesta e independente todos
os funcionários, sejam eles da carreira da investigação, administrativa ou
auxiliar. Para isso, foi efectuado e entregue à tutela um projecto de
classificação, apontando todos os itens que se deve ter em conta para tal

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atividade já que, perante a nova Lei Orgânica, passou a ser necessário para
promoções.

Quadro de pessoal da Policia Judiciária, propostas


Aquando da extinção da PIC e da criação da nova Policia de investigação
criminal, designada por Policia Judiciária, importou desenhar um novo quadro
de recursos humanos visando colmatar as faltas actuais nas Brigadas de
investigação existentes bem como em outras a serem criadas, mas prever
também um quadro Administrativo e de Auxiliares suficientes, não
descurando o futuro Laboratório de Policia Cientifica.

Todas as categorias de pessoal têm em conjunto a função de construir a


Instituição que se pretende eficaz para fazer frente ao crime tendo em
atenção a realidade e a população Santomense e o seu enquadramento num
contexto globalizante.

Assim, foi elaborado um quadro de pessoal, para a área de investigação,


criando Secções, Brigadas e Núcleos, abrangendo, na sua maioria, tipos de
crimes que decorrem não só da realidade criminógena santomense como os
transnacionais consequência de um mundo globalizado.

Também a área Administrativa e a de Apoio à Investigação, não foram


esquecidas, no referido projecto, a necessidade de nomeação de um
Director Administrativo e de um chefe do Departamento Financeiro.

A área do Laboratório de Policia Criminal (LPC) não foi descurada nesse


quadro e foi também apresentada a devida proposta.

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Laboratório de Policia Cientifica
Nesta área torna-se muito difícil fazer qualquer previsão até porque as
obras para a criação do futuro LPC ainda não foram concluídas nem
adquiridos equipamentos forenses.

Contudo, podem-se avançar com alguns números que dependem sempre das
áreas de ciências forenses que irão ser instaladas.

Dever-se-á ter em conta que em algumas áreas laboratoriais terão de ser


admitidos indivíduos com licenciaturas específicas e adequadas (Física,
Química, Biologia, Engenharia entre outras).

De imediato, deve-se aumentar o número de elementos do sector da “Cena


do Crime”, já que são estes a dirigirem-se aos locais de crime para
recolherem, preservarem e posteriormente tratarem os vestígios de
diversas naturezas e elaborarem relatórios.

A necessidade da criação de um Laboratório decorre essencialmente da


necessidade de proporcionar uma consolidação da recolha de prova e sua
classificação como pericial o que, naturalmente, fará com que a investigação
de crimes mais comuns em RDSTP - furto, homicídio, violação, entre outros
- proporcione relatórios finais de qualidade e, consequentemente, mais e
melhores acusações por parte das autoridades judiciárias.

Contudo, a construção deste LPC deverá ser integralmente adequada às


necessidades da investigação criminal uma vez que, neste contexto, as
ciências forenses estão ao serviço daquela actividade, proporcionando
respostas sólidas às perguntas colocadas no âmbito do Direito Processual
Penal.

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Concursos
Devido à redução dos efectivos da Polícia Judiciária, essencialmente no
corpo de investigação criminal, importou criar condições para a abertura de
um concurso de admissão de Inspectores que viesse a colmatar essa
carência de recursos humanos já que os existentes são escassos para a
estratégia definida para enfrentar a realidade criminógena de RDSTP-

Concursos Externos
Assim, foi elaborado todo um Projecto, que se prevê suficiente de momento,
visando a abertura de um concurso externo de acesso ao Curso de formação
de Inspectores-adjuntos de 3ª Classe para a Policia Judiciária de São Tomé
e Príncipe, independentemente de possuírem o grau académico de
licenciatura.

Dos 178 indivíduos concorrentes para 25 vagas, com uma cota de 40% para
senhoras, chegaram à prova final um número total de 23 indivíduos, sendo
apenas 8 das 10 vagas femininas previstas preenchidas.

Tal como proposto nos termos de referência do concurso, os candidatos


foram submetidos a uma serie de exames com caracter eliminatório, como
prova documental, testes físicos, escritos, psicotécnicos, prova oral e por
ultimo testes médicos, todos eles visando avaliar objetivamente o mérito
dos candidatos.

Na área de apoio à investigação, foi lançado também um concurso que visou


a admissão de funcionários para que algumas situações injustas fossem
sanadas (que decorreram também da reestruturação que a Instituição
sofreu) e colmatar, consequentemente, falta de recursos humanos.

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Relativamente, ainda à área da investigação criminal, procedeu-se através
de uma parceria de Cooperação policial, com o apoio do PNUD-ONU, à
formação de chefias para 12 elementos da Policia Judiciária de RDSTP, que
decorreu na Escola de Polícia Judiciária em Loures, Portugal, entre Outubro
e Dezembro (duração de dois meses) do corrente ano.

Também se abriu um concurso externo, pela segunda vez para admissão de


Inspectores-adjuntos para a ilha do Príncipe. Da primeira resultou que os
candidatos possuíam habilitações literárias inferiores às solicitadas, fez
com que não houvesse nenhum efetivo candidato habilitado a prestar provas.

No segundo concurso foram apurados 3 indivíduos, após a primeira prova


documental. Até ao momento não houve continuidade das provas de
admissão, dada a alegada escassez de meios financeiros por parte do
Ministério da Justiça por RDSTP.

Concursos Internos – Sugestão


Como já foi referido anteriormente, a Instituição sofre de uma significativa
ausência de chefias, possuindo apenas, nos seus quadros um Inspector,
chefe de Brigada, sendo todos os outros com similar funções interinos.

Actualmente, para além dos funcionários que frequentaram o curso de


Chefias em Portugal, existem outros que, não estando habilitados com
aquele curso ou similar, tiveram contudo um tirocínio, forma de ganhar
experiencia, durante os dois meses da duração do curso em Portugal, os
quais estiveram a exercer e bem a chefia das Brigadas assegurando o bom
funcionamento da Instituição.
Assim, neste momento há mais funcionários de investigação criminal
habilitados para exercerem a chefia do que Brigadas.

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Tal como ressalta da Lei Orgânica, são os Inspectores que exercem as
chefias das Brigadas e, para obterem essa categoria, devem ser submetidos
a um concurso interno que permite, no total dos concorrentes capacitados
para o efeito, serão escolhidos os mais válidos para exercerem essa função.

Pelo exposto, sugere-se que se abra um concurso interno para as chefias


suficientes para colmatar os lugares em aberto. Este concurso, como
decorre da Lei Orgânica, deve obedecer às seguintes normas:
• Tempo mínimo de polícia;
• Boa classificação;
• Currículo adequado e submetido a exame documental, onde as
habilitações devem ser classificadas minuciosamente considerando-
se graus académicos e formação profissional (cursos, acções de
formação), reconhecimentos formais, entre outros;
• Elaboração de uma prova escrita e uma prova oral;
• A classificação final será obtida da média da avaliação curricular e
das restantes provas prestadas.

Para além do que decorre da Lei Orgânica, a forma supramencionada será a


mais adequada para construir esse concurso.

Formação na Ilha do Príncipe.


Por proposta desta Assessoria, foi ministrada formação no Região
Autónoma do Príncipe, onde se abordaram temas como técnicas de
investigação criminal e detecção de produtos estupefacientes.

A Delegação da Policia Judiciária naquela Ilha é composta apenas por três


funcionários, sendo que para esta formação foram também convidados
elementos de outros órgãos de polícia criminal locais - Alfândega, Policia

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Nacional e Serviços de Estrangeiros e Migração - tendo-lhes sido o papel de
cada um e visando a respetiva complementaridade.

Foi ainda fornecido àquela Delegação da PJ, para além dos modelos dos
autos em uso em formato digital, material especifico vocacionado para
detecção de vários tipos de estupefacientes.

No passado mês de Novembro, a Alfândega em operação conjunta, conseguiu


detectar uma grande quantidade de estupefaciente e efetuar detenções de
cidadãos nacionais e estrangeiros. É de sublinhar e elogiar pela apreensão,
já que esta foi a primeira que ocorreu desde sempre na Ilha do Príncipe.

Formação em Lisboa
O curso em Portugal visou essencialmente ministrar novos conhecimentos
tanto nas áreas da investigação criminal como em Direito Penal e Processual
Penal de S. Tomé e Príncipe e sobretudo capacitar indivíduos para poderem
futuramente chefiar as Brigadas, rentabilizando os recursos humanos, e
para que possam também eles, posteriormente, dar formação a novos
inspectores.

Juntamente com estes há outros elementos bastante válidos pelos seus


conhecimentos e experiência, que apesar de não estarem capacitados com o
referido curso, devem ser utilizados também como formadores aos futuros
funcionários da PJ.

Concurso para novos Inspectores


O concurso, tal como tinha sido programado, tem decorrido dentro dos
parâmetros previstos, entre Outubro e Dezembro do corrente ano, sendo
publicada a tabela dos admitidos ainda no presente mês de Dezembro.

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O Curso
Na sequência do concurso, o curso para os novos Inspectores deverá ter a
duração de 2/3 meses e ocorrerá em 2019 em RDSTP. A mencionada
variação da sua duração estará diretamente relacionada com o nível de
habilitações e de áreas dos instruendos admitidos.

O curso a ser ministrado deverá visar essencialmente matérias ligadas às


funções que irão exercer sob tutela de alguém mais antigo na PJ e
experiente na área de investigação criminal.

Cartões de Identificação
Com a extinção da PIC e a criação da nova Policia Judiciária, naturalmente
também houve necessidade de alteração do símbolo da Instituição. Assim,
através desta Assessoria, foram oferecidos à Instituição, em concreto aos
seus funcionários de investigação criminal, os novos crachás em metal bem
como outros crachás em borracha para serem suspensos ao pescoço,
facilitando a identificação no decorrer das operações no terreno.

Dado que os cartões que alguns funcionários possuem para se identificarem


também se encontram completamente ultrapassados, esta Assessoria
propôs à tutela seis desenhos/modelos que se traduzem em sugestões de
futuros cartões de identificação do pessoal de investigação para ser
escolhido aquele que melhor identificará/personificará a Instituição ora
criada.

Ultimas Sugestões
A questão mais importante de momento para a PJ, após a abertura do
concurso de ingresso de novos inspectores, é, sem dúvida, a criação do
Laboratório de Policia Científica (LPC).
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É urgente, para que a prova pericial seja produzida com qualidade em sede
de Direito Processual Penal, obter a credenciação nas várias áreas das
ciências forenses, tais como toxicologia, contrafacções e balística. Tal
credenciação deve ser acompanhada pela estruturação dos recursos
humanos habilitando-se, por exemplo, funcionários da PJ para se deslocarem
aos locais de crime e poderem observar, recolher, transportar e,
posteriormente, analisar os vestígios recolhidos.

Para que se possa vir a concretizar este objectivo deverá a tutela promover
o fim as obras de construção das instalações previstas para o referido
Laboratório que se encontram estagnadas há já algum tempo. Sem tal
finalização não se pode vir a concretizar o definido em alguns projetos
financiadores, tais como o Projecto PACED (U.E.) que comtempla equipar,
ainda que numa fase inicial, o futuro LPC ou a promoção de formações
necessários a futuros funcionários-peritos, através da estreita cooperação
com a congénere portuguesa.

Também a insatisfação de todos quanto à ocupação dos lugares de chefia de


Brigada, obriga a sugerir que seja aberto, quanto antes um concurso interno
para Inspectores, podendo assim evitar-se algum descontentamento e
sentimento de injustiça dos funcionários de investigação criminal.

Importa referir que a maioria dos funcionários se encontram há 10/12 anos


sem que tenham tido qualquer promoção, quando a Lei Orgânica refere que
ao fim de 3 anos numa categoria pode ser promovido à categoria seguinte
desde que tenha boa classificação.

Mesmo aquando da transição do quadro de recursos humanos da antiga PIC


para o actual quadro da PJ, apesar de várias promessas, nada foi
concretizado.

Mário Pereira Coutinho


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Para além das promoções, também até hoje não foram acertados quaisquer
valores de pagamento do trabalho extraordinário, nomeadamente quanto ao
Piquete, nem dos subsídios consagrados na Lei Orgânica.

Por fim, chama-se a atenção para a necessidade de criar hábitos e dever de


respeito – com consequências disciplinares se incumpridas - das regras
internas, princípios de ética e deontologia, respeito pela cadeia hierárquica
definida e, por fim, pelas Leis fundamentais do País.

Assim, deveria ser criado um Gabinete Disciplinar independente, apenas


respondendo à tutela, chefiado por um Magistrado do MP ou Magistrado
Judicial, coadjuvado por uma equipa de investigadores de forma a poder
combater os eventuais excessos, corrupção, ou qualquer outro tipo de crime
que seja denunciado contra a Instituição e seus funcionários.

Os temas ora elencados são atualmente os motivadores de algum


desconforto e insatisfação no seio dos funcionários da Policia Judiciária de
RDSTP-

São Tomé e Príncipe, 21 de Dezembro de 2018

O Assessor,

Mário Pereira Coutinho


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