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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR

CÂMPUS PROFESSOR FRANCISCO GONÇALVES QUILES


DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ADMINISTRAÇÃO

CLEIDIANE ESTER TIMM

O USO DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO


CONTROLE EXTERNO DOS PROCESSOS DE PRESTAÇÃO DE
CONTAS PÚBLICAS MUNICIPAIS: UM ESTUDO NO TRIBUNAL DE
CONTAS DO ESTADO DE RONDÔNIA

Cacoal / RO
2019
CLEIDIANE ESTER TIMM

O USO DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO


CONTROLE EXTERNO DOS PROCESSOS DE PRESTAÇÃO DE
CONTAS PÚBLICAS MUNICIPAIS: UM ESTUDO NO TRIBUNAL DE
CONTAS DO ESTADO DE RONDÔNIA

Artigo apresentado à Fundação Universidade


Federal de Rondônia – UNIR, Câmpus
Professor Francisco Gonçalves Quiles, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Administração.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Angela de Castro


Correia Gomes.

Cacoal / RO
2019
CLEIDIANE ESTER TIMM

O USO DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO


CONTROLE EXTERNO DOS PROCESSOS DE PRESTAÇÃO DE
CONTAS PÚBLICAS MUNICIPAIS: UM ESTUDO NO TRIBUNAL DE
CONTAS DO ESTADO DE RONDÔNIA

Natureza: Artigo apresentado à Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR –


mediante banca examinadora formada por:

_____________________________________________ __________
Prof.ª Dr.ª Angela de Castro Correia Gomes – UNIR Nota

_____________________________________________ __________
Prof. (a) Nota

_____________________________________________ __________
Prof. (a) Nota

________________
Média

Cacoal / RO
2019
Dedico este trabalho à minha família,
especialmente à minha mãe, ao meu pai, ao
meu irmão e ao meu avô Arnor Carlos Timm
(in memoriam), que me ensinaram valores
importantes para toda a vida.
Quero agradecer em primeiro lugar a Deus
pelas bênçãos recebidas, à minha família, à
minha orientadora Prof.ª Dr.ª Angela de Castro
Correia Gomes, aos meus amigos e colegas do
TCE-RO por terem me dado todo apoio
necessário para que eu chegasse até aqui.
“Que os vossos esforços desafiem as
impossibilidades, lembrai-vos de que as
grandes coisas do homem foram conquistadas
do que parecia impossível.”
Charles Chaplin
O USO DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO
CONTROLE EXTERNO DOS PROCESSOS DE PRESTAÇÃO DE
CONTAS PÚBLICAS MUNICIPAIS: UM ESTUDO NO TRIBUNAL DE
CONTAS DO ESTADO DE RONDÔNIA1

Cleidiane Ester Timm2

RESUMO:
A crescente busca pela eficiência da administração pública tem exercido considerável influência sobre a
atividade de controle externo desempenhada pelos Tribunais de Contas, que passaram a desenvolver novos
métodos e tecnologias para fiscalizar seus entes jurisdicionados, visando as boas práticas de gestão. Neste
sentido, o objetivo do presente artigo consistiu em analisar a influência do uso de tecnologias de informação e
comunicação na atividade fiscalizatória exercida pelo Tribunal de Contas do Estado de Rondônia sobre as
prestações de contas públicas municipais. A pesquisa é caracterizada como exploratória e descritiva, com
abordagem qualitativa e quantitativa, tendo como técnicas e procedimentos de coletas de dados a pesquisa
bibliográfica, documental e análise de conteúdo de entrevistas. Os resultados apontam que o desenvolvimento e
utilização de novas tecnologias da informação e comunicação, aliados à melhoria das metodologias de trabalho
no TCE-RO, estão promovendo um novo alinhamento em todo corpo organizacional da Corte de Contas e
estabelecendo uma conexão com os administradores do patrimônio público. Foram encontradas as seguintes
contribuições: envio de informações diretamente das prefeituras ao Tribunal de Contas, procedimentos de análise
mais objetivos, maior transparência, agilidade e controle aos processos. Sugere-se que este novo modelo de
controle adotado pelo TCE-RO amplie-se até as suas entidades jurisdicionadas, a fim de melhorar a
administração da máquina pública, visto que ainda há um número razoável de prestações de contas com
pareceres desfavoráveis à aprovação ou favoráveis à aprovação com ressalvas, em casos que evidenciam
impropriedade ou qualquer outra falta de natureza formal, de que não resulte dano aos recursos financeiros
públicos.

PALAVRAS-CHAVE: Prestação de contas. Tecnologias da informação e comunicação.


Tribunal de Contas.

INTRODUÇÃO

A prestação de contas é um dever de toda pessoa física ou jurídica, pública ou


privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre bens e serviços. Deste modo,
todo gestor, na qualidade de agente público, tem que prestar contas de suas ações (o que faz,
como faz e por que faz) perante a sociedade e às instituições de controle, obrigação essa

1
Artigo apresentado à Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR, Câmpus Professor Francisco
Gonçalves Quiles, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração sob orientação
da Prof.ª Dr.ª Angela de Castro Correia Gomes.
2
Acadêmica do 8º período do curso de Administração – Fundação Universidade Federal de Rondônia.
E-mail: cleidiane.timm1998@gmail.com
conhecida doutrinariamente como accountability.

A Lei Complementar Federal nº 101/2000 (Lei da Responsabilidade Fiscal - LRF),


estabelece as normas e princípios de finanças públicas que norteiam a responsabilidade na
gestão fiscal. Para agregar ainda mais relevância ao controle da gestão pública, foi criada a
Lei Complementar 131/2009, acrescentando dispositivos à LRF, permitindo disponibilização,
em tempo real, de informações sobre a execução orçamentária e financeira da União, dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios (BRASIL, 2000; 2009).

Os Tribunais de Contas são instituições que se dedicam exclusivamente e


integralmente à fiscalização dos recursos públicos. Sua atuação apresentou-se de forma
independente, autônoma e insubordinada de qualquer poder, desde sua criação em 7 de
novembro 1890. Suas atividades são na área administrativa, sendo um órgão auxiliar do Poder
Legislativo, com atuação na área do controle da legalidade administrativa conforme previsto
na Constituição Federal (SPECK, 2013).

Nos últimos anos, os Tribunais de Contas têm investido no desenvolvimento e


implantação de sistemas eletrônicos, como o SIGAP e PCE, para trazer mais agilidade,
transparência e acessibilidade nas tramitações processuais da Corte de Contas. Neste sentido,
o art. 1º, Resolução nº 06/2014 da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do
Brasil (Atricon) determina a “divulgação de decisões e de pautas de julgamento como
instrumento de comunicação dos Tribunais de Contas do Brasil com o público externo de
interesse e com a sociedade” (ATRICON, 2014). Portanto, as diretrizes estabelecidas pela
Atricon visam aprimorar e alinhar os trabalhos de todos os TCs brasileiros.

Nesse sentido, foi abordada a evolução das ferramentas (sistemas) utilizadas pelo
Tribunal de Contas do Estado de Rondônia para atender à crescente demanda pela eficiência
da Administração Pública, principalmente nos quesitos das prestações de contas dos poderes
executivos municipais, com a finalidade de concretização dos direitos e garantias
fundamentais, conforme a Constituição Federal de 1988.

A pesquisa foi delimitada na área a Administração Pública, com estudo sobre a


influência do uso de tecnologias de informação nos processos de prestação de contas
municipais (prefeituras) e sendo realizada no Tribunal de Contas do Estado de Rondônia.
Na história jurídica brasileira sempre houve uma dificuldade para compreender a
natureza dos Tribunais de Contas. Na Constituição de 1934 ele foi colocado junto ao capítulo
do Ministério Público, posteriormente inserido no Poder Judiciário em 1937, e em 1946 foi
deslocado para a atual situação, junto ao Legislativo (AVON, 2012).

Apesar de os Tribunais de Contas terem todas as suas competências voltadas para o


controle externo sobre a utilização dos recursos e bens públicos, sua atuação é pouco
conhecida entre a maior parte da população. Visando aprimorar o sistema de controle externo
do Brasil e garantir a representação, a defesa, o aperfeiçoamento e a integração dos TCs e de
seus Membros (Ministros, Conselheiros, Ministros Substitutos e Conselheiros Substitutos),
surge então, em 16 de agosto de 1992 a Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do
Brasil (Atricon). Neste sentido, a Atricon atua como um elo para alinhar os trabalhos de todos
os TCs, inclusive nos aspectos sobre implantação de sistemas e novos procedimentos
(ATRICON, 2019).

Ao longo dos últimos anos, os Tribunais de Contas têm investido em inovações


tecnológicas visando auxiliar na fiscalização da arrecadação e aplicação dos recursos e
políticas governamentais. Cabe ao Tribunal de Contas do Estado verificar se as instituições
governamentais estaduais e municipais estão utilizando recursos de forma efetiva e eficiente.

Diante do exposto, a pesquisa buscará responder ao seguinte questionamento: Qual a


influência do uso de tecnologias de informação e comunicação, pelo Tribunal de Contas
do Estado de Rondônia, na atividade fiscalizatória dos processos de prestações de contas
públicas municipais?

O objetivo do presente artigo consistiu em analisar a influência do uso de tecnologias


de informação e comunicação na atividade fiscalizatória exercida pelo Tribunal de Contas do
Estado de Rondônia sobre as prestações de contas públicas municipais. Tendo como objetivos
específicos: descrever as principais funções dos sistemas eletrônicos (SIGAP e PCE)
utilizados pelo TCE-RO; verificar a relação entre os sistemas eletrônicos SIGAP e PCE com
as funções operacionais dos setores internos sobre as prestações de contas; abordar a
influência dos sistemas eletrônicos nas prestações de contas.

A presente pesquisa se justifica pela relevância da atuação dos Tribunais de Contas


na fiscalização e controle das finanças públicas no cenário atual do país. Os TCs são
instituições essenciais no sistema político brasileiro, colaborando para a aplicação correta e
eficiente dos recursos públicos.

O estudo proporcionou uma visão ampla sobre as atividades desempenhadas pelos


Tribunais de Contas, tendo em vista que estas instituições se dedicam integralmente e
exclusivamente à fiscalização dos recursos públicos, no entanto, sua atuação ainda não é
conhecida pela maior parte da sociedade (SPECK, 2013). Conforme pesquisa realizada em
2016 pela Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), apenas 17%
dos dois mil e dois cidadãos entrevistados sabem quais são as atribuições deste órgão
(ATRICON, 2016). Além disso, agregará conhecimento na área de Controle Externo na
Administração Pública para a comunidade acadêmica.

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesta seção apresenta-se a fundamentação teórica que está dividida em subseções


com o objetivo de esclarecer os principais pontos relevantes ao tema proposto nesta pesquisa.
Isto posto, serão abordados alguns aspectos fundamentais à compreensão deste tema por meio
da colaboração de trabalhos de pesquisadores sobre o assunto.

1.1 O PROCESSO DE CONTROLE EXTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO


BRASIL

A Administração Pública, assim como a administração de empresas, é ciência que


trata das organizações no processo de tomada de decisões e utilização de recursos. Santos et
al. (2014, p. 3) afirmam que “a administração de uma organização é feita mediante a efetiva
gestão de seus recursos financeiros, estruturais e de recursos humanos, de acordo com os
objetivos e finalidades da entidade”. Funcionando, portanto, como instrumento do governo
para planejar, organizar, dirigir e controlar as ações administrativas, visando o bem da
coletividade.

O Estado estrutura-se em três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e três


níveis (União, estados e municípios). A Constituição Federal Brasileira de 1988 estabelece:
“Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário”. O Poder Legislativo tem a função de criar leis, é o poder-símbolo
do regime democrático representativo, sendo constituído nas repúblicas e monarquias por
congressos, parlamentos, assembleias ou câmaras. Ao Poder Executivo compete a gestão dos
recursos públicos, visando sempre o bem comum. E finalmente, o Poder Judiciário, o qual
tem como objetivo garantir os direitos individuais, coletivos e sociais vinculado à resolução
de conflitos (BRASIL, 1988).

No atual sistema brasileiro, o Poder Legislativo possui como uma das atribuições o
controle externo. Scliar (2009) frisa que o Poder Legislativo é responsável, em primeiro
plano, pelo julgamento das prestações de contas do Poder Executivo nas três esferas
federativas. Este julgamento é precedido pela emissão, independente, de um parecer prévio do
Tribunal de Contas, o qual é peça político-institucional e jurídica fundamental para o
exercício dessa competência das Casas Legislativas.

Assim como a organização dos Poderes está descrita constitucionalmente, a


fiscalização contábil, financeira e orçamentária também é apresentada e caraterizada para
definir os direitos e deveres das instituições públicas. Dispõe o artigo 70 e seu parágrafo único
da Constituição Federal de 1988:

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial


da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será
exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de
controle interno de cada Poder.
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e
valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma
obrigações de natureza pecuniária.

Deste modo, em todas as entidades, tanto da administração pública direta quanto da


administração pública indireta, os gestores devem prestar contas aos órgãos de controle
externo. Os órgãos vinculados ao Poder Executivo, como ministérios e secretarias, compõem
a administração pública direta, atuando em políticas públicas de caráter essencialmente de
Estado (GONZÁLEZ, 2017).

As entidades que compõem a administração pública indireta são: Autarquias,


Fundações Públicas (de direito público ou privado), Sociedades de Economia Mista e
Empresas Públicas. O surgimento dessas entidades ocorreu com a elevação da complexidade
das funções do Estado moderno, houve a necessidade de uma adaptação estrutural, ou seja,
descentralização de parte dos serviços públicos com o objetivo de atribuir maior
operacionalidade às atividades econômicas (BRASIL, 1995). Ou seja, o Estado delegou a
terceiros a realização de alguns serviços públicos.

O controle externo, então, fiscaliza as ações da administração pública direta e


indireta e o seu funcionamento. A criação de um órgão para analisar a legalidade, aprovar as
contas e gastos públicos e realizar controle das atividades econômicas de todas as entidades
públicas desde o início teve como objetivo combater o mau uso dos recursos por parte dos
gestores públicos (CASTILHO, 2015). E o fortalecimento do controle externo favoreceu a
democratização do Estado e sendo, também, um reforço dos princípios da legalidade e da
publicidade (MATIAS-PEREIRA, 2015).

Dentre os princípios administrativos constitucionais brasileiros diretamente ligados


aos atos dos agentes públicos, o princípio da legalidade apresenta-se como um dos mais
importantes para a Administração Pública. Baseia-se no Art. 5º da Constituição Federal, que
diz “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei".
Portanto, o gestor público pode fazer apenas aquilo que a lei autoriza ou permite. Assim, todo
ato considerado inválido terá seu autor responsabilizado pelos danos ou prejuízo causados
(PALUDO, 2013).

O princípio da publicidade consiste em regulamentar a publicação oficial dos atos


administrativos, ressalvando as hipóteses de sigilo previstas constitucionalmente (MAZZA,
2016). Bernades (2015, p. 25) destaca que, “administradores públicos, que têm o dever de
prestar contas aos seus administrados, e isso não exige apenas publicidade, mas pressupõe
transparência”. Portanto, o princípio da publicidade pode, sim, ser correlacionado com
transparência.

No que tange ao princípio da legalidade, seu propósito coíbe a possibilidade do


gestor público agir de forma independente, ou seja, sem vinculação aos mandamentos da leis,
tendo sua eficácia através da execução jurídica dos atos de improbidade, portanto, evitando a
corrupção no sistema (PIRES, 2012). Neste sentido, foi aprovada a Lei Complementar Federal
nº 101, de 04 de maio de 2000 (Lei da Responsabilidade Fiscal), que foi desenvolvida com o
objetivo de ser um amparo às normas sobre finanças e orçamento público (BRASIL, 2000).
1.2 TRIBUNAIS DE CONTAS ESTADUAIS COMO ÓRGÃOS DE CONTROLE
EXTERNO

O controle externo sobre as atividades da Administração Pública é todo controle


exercido por um Poder ou órgão sobre a gestão de outros. O objeto de trabalho são todos os
atos administrativos em todos os poderes nas três esferas de governo e atos de gestão de bens
e valores públicos (LIMA, 2011).

Os Tribunais de Contas (TCs) são instituições essenciais do sistema político


brasileiro, visto que sua atuação contribui para a aplicação correta e eficiente dos recursos
públicos, tendo papel central o combate à corrupção. Diferentemente de outras instituições de
controle (Ministério Público, Polícia, Comissões Parlamentares de Inquérito), que
eventualmente entram nesta questão, os TCs são a instituição que se dedica exclusivamente e
integralmente à fiscalização dos recursos públicos (SPECK, 2013).

De acordo com Speck (2013), a organização das competências dos Tribunais de


Contas no Brasil segue o modelo federativo de forma parcial. O país soma ao todo 34 TCs. O
Tribunal de Contas da União (TCU) é responsável por fiscalizar os recursos arrecadados pela
União, sua aplicação na administração pública direta e indireta, e os repasses aos estados,
municípios e organizações não governamentais. Os Tribunais de Contas Estaduais têm a
atribuição de fiscalizar os recursos estaduais e municipais, bem como, as suas aplicações. Os
Tribunais de Contas dos Municípios (TCMs) foram criados nos estados da Bahia, Ceará, Pará
e Goiás para a fiscalização a nível municipal. Existem ainda, os TCs próprios dos municípios
do Rio de Janeiro e São Paulo.

O Tribunal de Contas foi criado em 7 de novembro 1890, por inciativa do então


ministro do Estado da Fazenda, Rui Barbosa, com o Decreto nº 966-A. Na época, a ideia era
criar um órgão para auxiliar o Poder Legislativo e exercer papel de orientação sobre os
gestores dos três poderes da administração pública. Desde o seu início, a sua atuação
apresentou-se de forma independente, autônoma e não se subordinando a qualquer poder
(AGUIAR, 2015).

Os Tribunais de Contas possuem diversas atribuições, expostas em 11 incisos no


artigo 71 da CF/88. Conforme disposto no quadro 1, Avon (2012, p. 56) descreve as diversas
competências dos TCs, “das quais se verifica que somente duas, em sentido estrito, podem ser
relacionadas a uma atividade de auxílio à ação fiscalizadora do Poder Legislativo, contidas
nos incisos I e IV, sendo as demais relacionadas ao exercício de competências privativas”,
onde qualquer outro órgão não poderia exercê-las.

Quadro 1: Funções atribuídas aos Tribunais de Contas


Função Descrição
Técnico-opinativa (art.71, I) Compreende a apreciação das prestações de contas anuais, mediante emissão de
parecer prévio, para fins de julgamento pelo legislativo.
Jurisdicional administrativa Corresponde ao julgamento das contas dos administradores e demais
(art. 71, II) responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e
indireta.
Jurisdicional disciplinar (art. Aplicação de sanções previstas em lei aos responsáveis, em caso de ilegalidade
71, VIII) de despesa ou irregularidade de contas.
Pericial (art. 71, IV) Realização de inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Três
Poderes do Estado.
Informativa (art. 71, V, VI e Quando fiscaliza as contas nacionais das empresas supranacionais, quando
VII) fiscaliza a aplicação dos recursos repassados pela União mediante convênio e
quando dá ciência ao congresso nacional sobre suas auditorias e inspeções.
Fiscalizadora (art. 71. IX e Fixação de prazo para as entidades corrigirem irregularidades e sustar a
X) execução de ato.
Investigativa (art. 74, Apuração de denúncias de irregularidades e ilegalidades.
parágrafo único)
Fonte: Adaptado de Brasil (1988); Avon (2012).

Mariela (2016) ressalta que a atividade do Tribunal de Contas é na área


administrativa, sendo um órgão auxiliar do Poder Legislativo, atuando na área do controle da
legalidade administrativa conforme previsto na Constituição Federal, estando, portanto,
sujeito ao prazo decadencial para situações jurídicas constituídas há mais de cinco anos,
conforme estabelecido no art. 54, da Lei n. 9.784/99. Portanto, os TCs, como órgãos
pertencentes à Administração Pública, devem, obrigatoriamente, submeter-se à norma federal.

1.2.1 A Atribuição dos TCEs sobre a Prestação de Contas Públicas Municipais

O artigo 70 da Constituição Federal de 1988 trata da fiscalização contábil, financeira


e orçamentária e, de acordo com o seu parágrafo único, a prestação de contas é obrigação de
todo gestor público e também pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize,
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros. Assim, todo gestor público deve prestar
contas à sociedade e às instituições de controle (BRASIL, 1988).

A prestação de contas para o gestor apresenta-se como uma obrigação, já para a


sociedade é um direito de ser informado de como estão sendo utilizados os recursos
financeiros públicos (FURTADO, 2007), conforme apresentado na Fig. 1. Os Tribunais de
Contas possuem Instruções Normativas específicas sobre os elementos e demonstrativos que
devem conter na prestação de contas.

Representam a Sociedade Entes


Sociedade Fiscalizadores
(Legislativo, TC)

Fonte de
Recursos Prestação
Prestação
de Contas e
de Contas e
Resultados
Resultados

Gestor Público

Figura 1: O dever de prestar contas da gestão.


Fonte: TCE-RO (2017).

A Lei de Responsabilidade Fiscal, em seu artigo 49, disciplina a transparência fiscal,


“As contas prestadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis durante todo o
exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela elaboração,
para a consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade” (BRASIL, 2000).
Portanto, a prestação de contas anuais pelo chefe do Poder Executivo (presidente da república,
governador e/ou prefeito) não exclui o dever de prestar contas imediatamente, durante todo o
exercício, ao Poder Legislativo e à população.

O Tribunal de Contas deve apreciar as prestações de contas anuais do Poder


Executivo, mediante a elaboração de parecer prévio que deve ser feito com no máximo
sessenta dias após o recebimento da documentação. Além disso, o TCE julga as Contas dos
demais gestores municipais, inclusive do Presidente da Câmara (Art. 71, II da CF/88). O
artigo 31, inciso 2º da Constituição Federal de 1988 determina que o parecer prévio, emitido
pelo Tribunal de Contas sobre a prestação de contas anuais do prefeito, só deixará de
prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal (BRASIL, 1988).

A Súmula nº 10/TCE-RO traz em seu enunciado que “o encaminhamento


intempestivo dos balancetes mensais não impede, por si só, o julgamento regular como
ressalva da prestação de contas” (TCE-RO, 2017, p. 548). A omissão no dever de prestar
contas provoca várias prescrições para o gestor municipal inadimplente, sendo: ato de
improbidade administrativa, é considerado crime comum, gera inelegibilidade, instauração de
tomada de contas pelo órgão competente e intervenção do estado no município. Sendo esta
última providência a mais eficaz para “estimular” os prefeitos a cumprirem o princípio da
prestação de contas (FURTADO, 2007).

O fortalecimento, por determinação constitucional, das funções dos Tribunais de


Contas surge no cenário da administração pública para aumentar o índice de transparência das
despesas públicas, conforme a Lei Complementar nº 101/2000 (Lei da Responsabilidade
Fiscal). Ao lado dessas medidas, o Estado intensificou o uso de novas tecnologias da
informação e comunicação, em prol do aperfeiçoamento da gestão pública (MATIAS-
PEREIRA, 2015).

1.3 O USO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A definição básica de Tecnologia da Informação consiste em: TI = hardware +


software, ferramentas que se utilizam para criar, armazenar e propagar dados e informações
na criação do conhecimento. A TI está inserida em grupo maior, denominado Sistema de
Informação (SI). Os sistemas de informação podem ser definidos como um conjunto de cinco
componentes: hardware, software, dados, procedimentos e pessoas (SILVA; RIBEIRO;
RODRIGUES, 2005).

Para Moscove, Simkin e Bagranoff (2002, p. 23), um sistema de informações


consiste em “um conjunto de subsistemas inter-relacionados que funcionam em conjunto para
coletar, processar, armazenar, transformar e distribuir informações para fins de planejamento,
tomada de decisões e controle.” Baseando-se em três componentes principais: entradas,
processos e saídas. Este último, tratando-se de informações processadas para tomada de
decisões.

Rezende (2005, p. 5) define que “os sistemas de informação podem ser classificados
em: manuais; mecanizados; informatizados; automatizados; e sistemas de informações
gerenciais e estratégicos”. Conforme o quadro 2, pode-se compreender a definição de cada
classificação.a’

Quadro 2: Classificação dos sistemas de informação


Classificação Definição
Manuais São trabalhados sem qualquer recurso de tecnologia da informação.
Mecanizados São os que não agregam valor aos serviços da administração pública.
Informatizados Racionalizam processos e agregam valores “inteligentes” para a administração
pública.
Automatizados Utilizam recursos de automação eletrônica, robótica, bancária e outras tecnologias.
Gerenciais e estratégicos Geram informações para os gestores tomarem decisões.
Fonte: Adaptado de Rezende (2005, p. 5 e 6).

Assim como as empresas privadas, as instituições públicas têm investido em novas


tecnologias, equipamentos, procedimentos e na capacitação dos seus servidores. Garcia (2011,
p. 22) descreve que os trabalhos manuais estão cada vez mais sendo reduzidos e que “as
tecnologias da informação e as inúmeras ferramentas disponíveis no mercado inundam todos
os setores da economia promovendo a agilidade no desempenho das tarefas e maior
conformidade dos processos”. Desde modo, as organizações públicas estão desenvolvendo ou
adquirindo sistemas de acordo com as suas necessidades.

No Brasil, assim como na maioria dos países, as Tecnologias de Informação e


Comunicação na Administração Pública se ampliaram na segunda metade da década de 1990,
envolvendo diversas áreas e capital humano. A partir desse momento, passou-se a formar
grandes bancos de dados, tanto para arquivar registros quanto para gerenciar informações
importantes no processo de tomada de decisão (BALBE, 2010).

O uso de sistemas facilita a interação entre as instituições da Administração Pública e


a sociedade, além de contribuir para o desenvolvimento da democracia, permitindo
transparência administrativa (FREIRE, 2010). Neste sentido, nada pode ser escondido do
cidadão, mas conforme a Constituição Federal de 1988, em seu art. 37, a Administração
Pública direta e indireta em qualquer nível dos três Poderes deverá obedecer ao princípio da
publicidade (BRASIL, 1988).

A partir da Constituição Federal de 1988, os instrumentos de controle social


previstos em diversas normas constitucionais e legais se multiplicaram. De acordo com Lima
(2015, p. 117), “numa democracia, o controle social é exercido desde o processo de
elaboração das políticas públicas, por exemplo, mediante consultas e audiências públicas, até
o acompanhamento e monitoramento de sua execução”. Neste sentido, a transparência e
participação na administração pública são fatores decisivos para o controle efetivo da
sociedade sobre a gestão pública.

A transparência consiste em apresentar informações com linguagem clara e de fácil


entendimento a toda a sociedade interessada, nessa perspectiva, Mendes (2001, p. 335), diz
que "a ideia de transparência possui a importante função de fornecer subsídios para o debate
acerca das finanças públicas, o que permite uma maior fiscalização das contas públicas por
parte da sociedade. A busca pela transparência é a busca pela legitimidade". Neste contexto,
as novas tecnologias exercem um papel fundamental na democratização da informação, o que
não é diferente em seu trabalho nos Tribunais de Contas Estaduais.

1.4 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NOS TRIBUNAIS DE


CONTAS ESTADUAIS

Os Tribunais de Contas dos Estados nos últimos anos vêm modernizando as


estruturas organizacionais, priorizando a eficiência da gestão e o avanço da especialização da
área técnica. A Associação dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon) estabeleceu, por meio
da Resolução nº 6/2014, as diretrizes para a política de comunicação dos TCs, que incluem a
divulgação eletrônica da pauta e dos documentos dos processos, a transmissão das sessões
pela internet, entre outros (ATRICON, 2014).

À vista disso, vários Tribunais de Contas brasileiros desenvolveram sistemas


eletrônicos para envio de documentações pelos jurisdicionados como: prestações de contas,
editais de concurso público ou processo seletivo, licitações e envio de informações relevantes,
principalmente contábeis, financeiras e orçamentárias, possibilitando o acesso na integra dos
processos ou documentos mais relevantes (LIMA, 2015).

No Tribunal de Contas do Estado de Rondônia, a Instrução Normativa Nº 13/TCE-R-


2004 dispõe sobre as informações e documentos que devem ser encaminhados pelos gestores
e demais responsáveis na administração direta e indireta a nível estadual e municipal. O artigo
3º, parágrafo único desta IN, determina que: “os órgãos, entidade e demais jurisdicionados,
que ainda não utilizam a informática como ferramenta de trabalho, devem envidar esforços
para sua gradativa integração a essa indispensável tecnologia” (TCE-RO, 2017), diante disso,
ferramentas da modernidade vêm para facilitar a operacionalização dos trabalhos de inserção
de dados e informações.

Atualmente, os Tribunais de Contas possuem instrumentos que auxiliam no controle


externo, sendo visto como uma instituição de referência para Administração Pública.
Conforme o Art. 1º da Instrução Normativa Nº 019/TCE-RO-2006, o sistema informatizado
utilizado por esta Corte de Contas para armazenar dados de informações contábeis,
patrimoniais, administrativas e gerenciais da entidade pública e respectivos controle interno é
o SIGAP - Sistema Integrado de Gestão e Auditoria Pública (TCE-RO, 2017).

O Plano Estratégico 2016-2020 elaborado pelo Tribunal de Contas do Estado de


Rondônia traz o Mapa Estratégico com perspectivas organizacionais, objetivos estratégicos e
indicadores de desempenho, onde uma das perspectivas é voltada para pessoas, inovações e
tecnologia, conforme exposto no quadro 3 (TCE-RO, 2015).

Quadro 3: Perspectivas de pessoas, inovação e tecnologia


Objetivo estratégico Descrição
Promover a política de Propor adoção de ferramentas e de boas práticas de gestão de pessoas que
valorização dos servidores epromovam a valorização do servidor e o aprimoramento de desempenho
a melhoria do desempenho institucional.
Desenvolver ambiente favorável à inovação e ao processo criativo por meio de
Implementar a gestão da estruturas que incentivem e apoiem a busca, a descoberta, a experimentação, o
inovação desenvolvimento, a reprodução e a aplicação de melhorias em produtos,
serviços, processos e técnicas organizacionais.
Fortalecer a estrutura Sedimentar a estrutura do parque tecnológico e promover ações que visem ao
tecnológica e a gestão da desenvolvimento da gestão da informação do Tribunal de Contas, com foco na
informação do Tribunal satisfação dos clientes envolvidos
Fonte: Adaptado do Planejamento Estratégico TCE-RO 2016-2020 (TCE-RO, 2015).

Um planejamento estratégico tem como objetivo auxiliar os gestores a pensarem no


longo prazo de uma organização e sua elaboração determinará o caminho que a organização
irá seguir para alcançar os objetivos pretendidos (PAIVA; LEPRE; PINHEIRO, 2010). O
Plano Estratégico elaborado pelo TCE-RO, a cada quatro anos, visa dar continuidade aos
trabalhos desenvolvidos e traçar os objetivos para os anos seguintes.

2 METODOLOGIA

O presente trabalho está baseado nos tipos de pesquisa exploratória e descritiva.


Segundo Prodanov (2013), a pesquisa exploratória tem como finalidade levantar informações
sobre o objeto que será investigado, possibilitando a delimitação do tema, estabelecimento
dos objetivos e a formulação de hipóteses sobre o assunto. Uma pesquisa descritiva é quando
os fatos serão observados, registrados, analisados e correlacionados sem ser manipulados e o
objetivo é descobrir a frequência que um fenômeno ocorre, sua natureza, características,
relações, causas e conexões com outros fenômenos (BARROS; LEHFELD, 1986).

O método utilizado foi o dedutivo, que tem suas proposições nas situações gerais
para explicar as particularidades e chegar à conclusão das afirmativas (SANTOS, 2000). No
que tange à abordagem da pesquisa, classifica-se como quali-quantitativa. Na pesquisa
qualitativa, segundo Michel (2005), o pesquisador participa, compreende e interpreta os dados
sobre o fenômeno estudado. Nesta abordagem, a verdade não requer comprovação numérica
ou estatística, considera-se apenas a parte subjetiva do problema. A pesquisa quantitativa
considera que todo fenômeno/informação pode ser quantificável, fazendo uso de recursos
estatísticos para garantir a melhor interpretação dos resultados, evitando contestações durante
a análise (PRODANOV, 2013).

As técnicas de coleta de dados foram a bibliográfica, documental e entrevista. A


bibliográfica tem como objetivo explicar problemas levantados a partir da consulta em
referenciais teóricos publicados em livros, artigos, dissertações, periódicos e outras fontes
(CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). A documental, segundo Gil (2002) se assemelha muito
à pesquisa bibliográfica, tendo como diferença a natureza das fontes, pois a pesquisa
documental utiliza materiais que ainda não foram muito estudados, ou que ainda podem ser
reinventados. A entrevista, segundo Michel (2005), é uma ferramenta importante para a
investigação social, pois permite um diálogo organizado e frente a frente, para a obtenção de
informações sobre determinado assunto.

Sobre os procedimentos de coleta de dados, foram realizados levantamentos


bibliográficos em livros, artigos, dissertações e revistas eletrônicas disponibilizadas em sites,
repositórios, na biblioteca da Fundação Universidade Federal de Rondônia, campus de Cacoal
e Faculdades Integradas de Cacoal – UNESC, com o objetivo de descrever sobre os aspectos
fundamentais para a compreensão do tema proposto.

A pesquisa documental foi dividida em duas fases. A primeira ocorreu durante o mês
de julho, através de consulta aos pareceres prévios no Sistema de Acompanhamento de
Processos (SAP), com acesso disponível aos servidores, estagiários e colaboradores do
Tribunal de Contas e no sistema de Processo de Contas Eletrônico (PCE), com acesso externo
disponível no Portal TCE-RO (Link: http://www.tce.ro.gov.br/), onde foi possível consultar
alguns documentos dos processos. A segunda fase foi realizada por meio de pesquisa in loco
para consultar documentação que não foi possível acessar no sistema, onde as informações
necessárias foram coletadas diretamente na Secretaria de Processamento e Julgamento da
Corte de Contas localizada em Porto Velho. Para realização dessa etapa, a pesquisadora
permaneceu na capital durante uma semana no período de 12 de agosto a 17 de agosto de
2019.

A pesquisa sobre os sistemas de informação foi realizada por meio de uma de acesso
aos sistemas informatizados do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia (PCE e SIGAP),
onde a pesquisadora explorou as funções e características de cada sistema, visando obter
informações para subsidiar a análise e também, para servir como base para a elaboração do
formulário de entrevista.

Foram elaborados três formulários de entrevistas para serem aplicados (APÊNDICE


A). O primeiro formulário foi composto de 6 questões abertas e questões fechadas em dois
quadros para classificar o desempenho dos sistemas, sendo realizado no dia 15 de outubro de
2019, com um auditor de controle externo com 23 anos de experiência, que será identificado
como auditor A1. O segundo formulário também foi constituído de 6 questões abertas e os
dois quadros para classificar o desempenho dos sistemas, sendo realizada a entrevista no dia
15 de outubro de 2019, com uma auditora de controle externo com 5 anos de experiência, que
será identificada como auditor A2. O pré-teste foi aplicado em 12 de outubro de 2019 com um
servidor do Tribunal de Contas rondoniense, que também auxiliou em algumas mudanças no
formulário de entrevista.

O terceiro formulário de entrevista, destinado aos conselheiros, foi elaborado com 8


questões abertas e os dois quadros para classificar o desempenho dos sistemas, sendo aplicado
no dia 18 de outubro de 2019, com um conselheiro que atua no TCE há 32 anos, tendo
iniciado sua carreira na Corte Contas como técnico, e no dia 21 de outubro de 2019 com um
conselheiro-substituto com 9 anos de experiência, que serão, respectivamente, classificados
como conselheiro C1 e conselheiro C2. Considerando a disponibilidade dos conselheiros,
agenda de reuniões e viagens, não foi possível entrevistar todos, mas ressalta-se que o
formulário foi encaminhado para o e-mail de alguns gabinetes.

Para Barros e Lehfeld (1986), o universo da pesquisa compreende o conjunto de


elementos que possuem características específicas para um estudo. O elemento corresponde a
cada unidade ou membro do universo. A amostra é composta por um conjunto de elementos
representativos deste universo ou população, contudo, a pesquisa documental não foi por
amostragem, mas censitária e foi composta pelos processos de prestações de contas das
prefeituras dos 52 (cinquenta e dois) municípios do estado de Rondônia que o Tribunal de
Contas do Estado fiscaliza, emitidos no período correspondente aos anos de 2000 a 2018.

Além disso, alguns servidores do TCE-RO ligados diretamente aos setores que
apreciam as prestações de contas fizeram parte da amostra da pesquisa, uma vez que foram
realizadas entrevistas. A equipe que analisa as prestações de contas é composta por 6
auditores e 2 técnicos de controle externo, sendo que desse total foram entrevistados 2
auditores de controle externo. Em relação aos conselheiros foi entrevistado 1 conselheiro de
um total de 7 membros que fazem parte do pleno e 1 conselheiro-substituto de um grupo que é
composto por 3 pessoas. Assim, de 18 pessoas, a entrevista foi aplicada a 4 delas,
considerando a acessibilidade e consentimento.

A escolha desse período (2000 – 2018) foi realizada por meio de uma análise dos
anos de implantação de cada sistema, onde a quantidade de anos de cada período fosse
equivalente aos outros períodos e ainda houvesse a possibilidade de acesso aos dados. Até o
exercício de 2006, todas as Prestações de Contas Anuais eram encaminhadas por meio físico,
configurando o período antes de implantação dos sistemas de informação. A partir do
exercício financeiro de 2007, com a IN nº 019/TCE-RO-2006, as remessas de dados e
informações relativas às operações orçamentárias, financeiras e patrimoniais da
Administração Direta e Indireta dos municípios passaram a ser encaminhadas por meio
informatizado, através do Sistema Integrado de Gestão e Auditoria Pública (SIGAP), e no
final do exercício de 2014 foi lançado o sistema Processo de Contas eletrônico (PCE), visando
atender o objetivo estabelecido no Plano Estratégico do Tribunal de Contas para o período
2011/15, relativamente à redução no tempo de apreciação e julgamento de processos. O
período de abrangência da pesquisa documental está sintetizado na Fig. 2, para melhor
compreensão.
Figura 2: Período de abrangência da pesquisa documental.
Fonte: autoria própria (2019).

Para a realização da pesquisa, foi formalizado Requerimento - SEI nº 4145/2019


(ANEXO A), requerendo autorização para utilização dos dados disponibilizados no Sistema
de Acompanhamento Processual (SAP) e Processo de Contas Eletrônico (PCE), assim como
acesso acompanhado ao arquivo do TCE-RO, sendo autorizada a utilização dos dados pelo
Conselheiro Presidente desta Corte de Contas (ANEXO A).

Os entrevistados assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO


B) e um termo de autorização para gravação de voz (ANEXO C). Os dados obtidos através
das análises foram protegidos por meio do mascaramento de informações sensíveis, como
nome dos municípios (APÊNDICE B), os quais não foram citados, considerando que a análise
disponibilizou tão somente dados estatísticos das informações de cada ano, limitando-se ao
período de 2000 a 2018, além disso, não foram mencionados os nomes dos servidores
entrevistados.

Foi assinado pela pesquisadora o Termo de Isenção de Responsabilidade (ANEXO


D), o qual isenta integralmente a Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR, a
orientadora e os professores que compuserem a banca para o ato de defesa presencial e
qualquer responsabilidade sobre o conteúdo e ideias expressas no presente Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC).

A pesquisa foi realizada no Tribunal de Contas do Estado de Rondônia (TCE-RO) e


em processos de Prestações de Contas das 52 Prefeituras municipais do estado com foco na
influência do uso de tecnologia de informação e comunicação no controle exercido pelo TCE-
RO.

A análise documental se constitui numa técnica da pesquisa qualitativa (MATOS,


2019) e sua importância é percebida porque além de complementar informações ainda explora
aspectos não trabalhados até o momento, como o caso das prestações de contas pelas 52
prefeituras de Rondônia com o uso de novas ferramentas tecnológicas implantadas pelo TCE-
RO, como suporte ao controle externo. Foi realizada análise documental dos pareceres prévios
de julgamento das prestações de contas no período correspondente aos anos de 2000 a 2018,
disponibilizados nos sistemas SAP e PCE. Os índices de contas dos poderes executivos
municipais aprovadas, aprovadas com ressalvas ou reprovadas em cada ano, permitiram fazer
um comparativo de antes e depois da implantação das TICs. A análise dos dados coletados
com a realização das entrevistas ocorreu através de avaliação de conteúdo, e posteriormente
agrupados de acordo com o grau de semelhança e os objetivos estabelecidos.

A análise quantitativa ocorreu sobre as informações da pesquisa documental e das


questões fechadas das entrevistas e os dados foram lançados em gráficos e tabelas,
respectivamente, para facilitar o entendimento e torná-los mais claros ao leitor.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta seção evidencia-se os resultados dos dados documentais coletados nos


pareceres prévios do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia sobre as prestações de contas
dos 52 municípios do estado, no período de 2000 a 2018 e os dados coletados durante a
pesquisa de campo, através de entrevistas com alguns servidores e conselheiros do TCE-RO.

3.1 FUNÇÕES DOS SISTEMAS ELETRÔNICOS SIGAP E PCE

O Sistema Integrado de Gestão e Auditoria Pública – SIGAP do Tribunal de Contas do


Estado de Rondônia é uma ferramenta importante para fiscalização, controle e recebimento
dos dados e informações relativos às operações administrativas, orçamentárias, financeiras,
patrimoniais e fiscais dos órgãos jurisdicionados ao TCE-RO, conforme Lima (2015). Esse
sistema coleta informações necessárias para o controle externo no âmbito municipal e
estadual, visando subsidiar a análise das contas anuais encaminhadas pelos seus órgãos
jurisdicionados, além disso, serve de instrumento de planejamento para auditorias e inspeções
(TCE-RO, 2019).

Um dos auditores de controle externo entrevistado vem acompanhando as


transformações e melhorias nas metodologias e ferramentas de trabalho do TCE-RO desde o
final da década de 90 e explica que o SIGAP é um sistema bem abrangente, tendo como
projeto inicial fazer dele um grande guarda-chuva com sistemas que pudessem ficar abaixo
dele, os chamados módulos. Assim, como suporte ao controle externo, os sistemas contribuem
para uma maior agilidade na análise da legalidade da aprovação das contas e gastos públicos,
que se constituem funções do órgão de controle externo, conforme Castilho (2015).

Por meio de consulta no portal da Corte de Contas do Estado de Rondônia na página


do sistema SIGAP, pode-se observar que o mesmo está dividido em vários módulos: Contábil,
Gestão Fiscal, Projeção de Receitas, Declaração de Bens e Rendas, Corporativo, Editais de
Concursos, Obras, Editais, Fiscap, além de disponibilizar outros arquivos, como: avisos,
instruções, legislações, manuais, Agenda do Gestor e Contas Públicas (TCE-RO, 2019). A
função de cada módulo do SIGAP foi descrita conforme evidencia o quadro 4.

Quadro 4: Descrição dos módulos do sistema SIGAP


Módulo Descrição
“Destina-se a extrair informações dos dados de natureza administrativa, orçamentária,
Contábil financeira e patrimonial, encaminhados através do Módulo Validador de Dados, cuja base são
os registros pertinentes das entidades jurisdicionadas.”
“É um módulo de tecnologia própria, destinado a receber os dados do Relatório Resumido de
Execução Orçamentária – RREO e do Relatório de Gestão Fiscal – RGF, de que tratam os
Gestão Fiscal
artigos 52 a 55 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), e demais documentação
complementar, dos municípios do Estado de Rondônia.”
“Constituindo-se em sistema de dados e informações que estabelece critérios para as
Projeção de
estimações das receitas públicas, integrantes das propostas orçamentárias anuais das
Receitas
administrações diretas e indiretas, do Estado e dos Municípios.”
“Sistema destinado ao envio da declaração de bens e rendas por parte das autoridades e
Declaração de servidores públicos ao Tribunal de Contas do Estado de Rondônia, no momento de posse ou,
Bens e inexistindo esta, na entrada em exercício de cargo, emprego ou função, bem como no final de
Rendas cada exercício financeiro, no término da gestão ou mandato e nas hipóteses de exoneração,
renúncia ou afastamento definitivo.”
“Sistema desenvolvido por este Tribunal para transmissão dos arquivos em formato
Corporativo
eletrônico.”
“Destinado a receber os editais de concursos públicos, processos seletivos simplificados e
Editais de processos seletivos públicos, de que tratam os artigos 37, inciso II, IX e 198, § 4º da
Concursos Constituição Federal, e demais documentações complementares, dos municípios do Estado de
Rondônia.”
“Destinado ao encaminhamento de dados e informações e acompanhamento de Obras e
Obras
Serviços de Engenharia executados pela administração pública municipal e estadual.”
“Destinado a receber dados e documentos relativos aos editais de licitação e dos atos de
dispensa ou inexigibilidade de licitação já publicados, envolvendo recursos próprios do Estado
Editais ou dos Municípios do Estado de Rondônia, para fins de análise prévia pelo Tribunal de
Contas, nos termos do artigo 113, § 2º, da Lei Federal nº 8.666/93, desde que se enquadrem
nos critérios de risco, materialidade e relevância definidos por esta Corte.”
“É um Sistema Informatizado de Fiscalização de Atos de Pessoal disponibilizado pelo
Tribunal de Contas do Estado de Rondônia aos órgãos e entidades da administração pública
Fiscap direta e indireta do Estado e dos Municípios, que permite o envio eletrônico de documentos e
informações referentes aos benefícios de aposentadoria e pensão civil, e cancelamento de ato
concessório, para fins de registro ou averbação.”
Fonte: Elaborado com dados do portal SIGAP do TCE-RO (2019).
Essa divisão do sistema SIGAP em módulos vai ao encontro do conceito de Moscove,
Simkin e Bagranoff (2002), que classificam um sistema de informações como um conjunto de
subsistemas inter-relacionados que funcionam em conjunto para coletar, armazenar,
processar, transformar e distribuir informações auxiliando no planejamento, tomada de
decisões e controle.

O encaminhamento das informações pelas entidades jurisdicionadas é feito por meio


da transmissão dos dados. Esse procedimento varia um pouco conforme o módulo, mas o
auditor explica que normalmente é feito através de token, que permite a certificação digital,
posteriormente a assinatura eletrônica. Sobre o procedimento de envio da prestação de contas
o auditor destaca que: “a prestação de conta em si, tem três etapas: uma etapa de transmissão
e duas etapas de homologação. A etapa de transmissão é feita pelo contador e as de
validação são feitas pelo controlador e pelo gestor dessas informações”. Desse modo, o TCE
concretiza a processo de prestação de contas, fiscalizando os recursos e suas aplicações
(SPECK, 2013), ou seja, quanto está sendo recebido, a origem, a eficiência e a eficácia da
aplicação de tais recursos, além de outros aspectos.

Relacionado à outras funcionalidades do SIGAP, destaca-se ainda, o Contas Públicas,


recurso que permite a qualquer usuário o acesso às informações orçamentárias
individualmente de cada município do estado de Rondônia a partir de 2013 até 2017. Entre as
informações disponíveis estão os valores e índices de gastos com pessoal, saúde, educação,
número do processo, parecer sobre as contas (favorável à aprovação, favorável à aprovação
com ressalvas ou contrário à aprovação) e nome do prefeito durante o exercício (TCE-RO,
2019). As informações desse módulo são obtidas após o julgamento das contas, formando
uma espécie de histórico do município. No entanto, segundo o auditor A1, a atualização da
página foi descontinuada após a implantação do aplicativo “Tô no controle/Opine aí”, um
portal que traz informações detalhadas para a população de como estão sendo as arrecadações
e gastos públicos em cada município.

Quanto ao desempenho do sistema SIGAP, os 4 entrevistados que participaram da


pesquisa classificaram todas as características como positivas, ressalvando-se abstenções em
duas características, como evidencia a tabela 1. Por outro lado, destacaram alguns pontos que
ainda estão sendo estudados para futuras melhorias.
Tabela 1: Desempenho do processo do sistema SIGAP
Características Respostas
É pouco burocrático (pouco papelório) 4
O sistema é ágil (rápido) 3
Facilita o acesso e/ou extração de dados/informações 4
Fácil de operacionalizar 4
Fácil quanto a transmissão de dados 3
Proporciona maior transparência 4
Fonte: Dados das entrevistas em pesquisa de campo (2019).

As respostas vão ao encontro do que esclarece Garcia (2011), de que está havendo
uma redução dos trabalhos manuais e que as tecnologias da informação, aliada a outras
ferramentas, estão promovendo celeridade em diversas operações ou atividades, além de
padronizar os processos e manter a conformidade.

Evidencia-se que em relação a agilidade do sistema SIGAP, três entrevistados


consideram o SIGAP ágil em um contexto geral, no entanto, o auditor A1 ressaltou que:
“Como as linguagens de programação vão avançando, então a tendência do sistema é migrar
para essas novas linguagens para que ele se torne mais ágil, considerando isso, ele é um
sistema que foi escrito em uma linguagem mais antiga, contudo, ele é bem utilizado”. Neste
sentido, ele descreve que o ideal seria pesquisar também a “ponta inicial”, ou seja, com quem
manda as informações.

No ponto sobre a transmissão de dados, o conselheiro C2 ressaltou não ter muito


conhecimento sobre como é o procedimento de transmissão de dados, uma vez que o mesmo
não faz parte do corpo técnico, por isso preferiu não classificar se o SIGAP facilitou ou
dificultou esse trabalho.

Já o PCE (Processo de Contas Eletrônico) é um sistema que foi importado do Tribunal


de Contas da Paraíba, originalmente chamado de ‘Tramita’, e ao ser incorporado ao TCE-RO
recebeu o nome de PCE, conforme informado pelo auditor A1. Esse sistema é responsável por
todo o controle dos processos do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia e a sua
implantação trouxe inúmeros benefícios, entre eles: aumentar a transparência, acessibilidade e
agilidade no trâmite processual, atendendo, desse modo, um dos objetivos estabelecidos pelo
Plano Estratégico do TCE-RO.

Para o usuário interno (servidor), ao fazer o login com o número de matrícula e senha
aparece o ambiente do setor com as informações do servidor, mesa de trabalho e links de
consultas. Na mesa de trabalho aparece as listas dos processos sob responsabilidade do
servidor, dos processos a serem distribuídos internamente, dos processos a serem recebidos,
processos a serem tramitados e dos processos tramitados e ainda não recebidos. Nos links de
consultas aparecem os processos pendentes no setor, os processos que se encontram no setor,
os documentos que se encontram no setor, pesquisa de processos e documentos e pesquisa de
decisões expedidas (TCE-RO, 2014).

O sistema permite realizar todas as atualizações processuais, incluindo o protocolo,


cadastro de pessoa jurídica interessada no documento protocolado, assinatura eletrônica, entre
outras. De acordo com o auditor A1:

“O PCE tornou mais explícito a quantidade de processos, dando uma transparência


maior da situação de cada unidade. Agora conseguimos saber quantos processos
tem em cada unidade e dimensionar quais são urgentes, proporcionando um
controle maior sobre todos os processos.”

Diante disso, Freire (2010) salienta que, além de facilitar a relação administração
pública – sociedade, os sistemas de informação ainda contribuem para uma maior
transparência dos atos e decisões sobre a coisa pública, assim como preconiza a Constituição
Federal de 1998 e a Lei da Responsabilidade Fiscal (BRASIL, 1988; 2000).

Para usuários externos o PCE permite a consulta de processos públicos formalizados a


partir de 2010 (processos sigilosos e administrativos não são listados). O filtro de pesquisa
apresenta vários campos para localizar um processo, dentre eles: número do processo,
categoria, subcategoria, setor de entrada, exercício, data de entrada, nome do jurisdicionado,
relator, interessado, assunto, situação, etc. Além disso, os entrevistados destacaram o sistema
Push, que seria uma interface do PCE e facilita o acompanhamento das decisões do TCE,
permitindo que os gestores públicos, advogados e cidadãos, após preenchimento de dados e
cadastramento, recebam e-mails informando sobre processos em tramitação na Corte de
Contas, conforme explica Mendes (2001) e determina a Resolução nº 06/2014 (ATRICON,
2014).

Ao localizar o processo pode-se verificar os dados gerais, tramitações/andamentos


processuais, comunicações, juntados/apensados, arquivos eletrônicos e peças/anexos/apensos.
Clicando em qualquer documento (arquivo eletrônico) o usuário consegue visualizar na
íntegra todo o conteúdo. O mesmo ocorre para os juntados/apensados, além de poder ver todo
o conteúdo, é possível abrir os seus dados gerais, onde o usuário é conduzido para uma nova
tela do processo ou documento apensado/juntado. Desse modo, os sistemas permitem a
composição de um importante banco de dados, seja para arquivar dados e informações,
gerenciá-las e usá-las para tomar decisões, como salienta Balbe (2010).

Em síntese, a função do Processo de Contas Eletrônico é a tramitação e controle de


todos os processos, desde o protocolo até a publicação final da decisão no Diário Oficial.
Desse modo, o PCE segue as regras do direito processual. A tabela 2 evidencia a percepção
dos entrevistados em relação ao desempenho do PCE, todos os participantes classificaram o
sistema com as características positivas.

Tabela 2: Desempenho do processo do sistema PCE


Características Respostas
É pouco burocrático (pouco papelório) 4
Agilidade no trâmite processual 4
Não provoca um grande acúmulo nos processos a serem analisados 4
Facilita o acesso e/ou extração de dados/informações 4
Fácil de operacionalizar 4
Fácil quanto a inserção de arquivos 4
Melhoria da produtividade 4
Confiabilidade e eficácia 4
Proporciona maior transparência 4
Fonte: Dados das entrevistas em pesquisa de campo (2019).

Sobre a integração entre os dois sistemas (SIGAP e PCE), o auditor A1 explica que
algumas funcionalidades são automáticas e outras ainda são manuais. Sobre as tarefas que
ainda são executadas manualmente ele menciona que:

“Quando estávamos utilizando o sistema de Gestão Fiscal ele era feito assim,
automático, através de um comando ele carregava, mas hoje não é feito assim,
voltamos fazer manual. Então pode-se considerar que houve um pequeno retrocesso
no sistema, mas foi por conta de outra política da direção do Tribunal e com isso
houve uma mudança no relatório e os alertas passaram a ser um pouco mais
abrangentes.”

Portanto, por mais que os sistemas desempenhem diversas funções automaticamente,


por meio da utilização de recursos de automação eletrônica e outras tecnologias, algumas
delas ainda precisam ser executadas manualmente, conforme classifica Rezende (2005). Tal
afirmativa (auditor A1) vem ao encontro do relato do conselheiro C1, ao esclarecer que a
máquina não pode substituir, embora possibilite a captura de informações orçamentárias e
financeiras em tempo real pela Corte de Contas, a expertise do auditor ao capturar a
efetividade e não os números de uma gestão.
3.2 RELAÇÃO ENTRE OS SISTEMAS ELETRÔNICOS SIGAP E PCE COM AS
FUNÇÕES OPERACIONAIS DOS SETORES INTERNOS SOBRE AS PRESTAÇÕES DE
CONTAS

Inicialmente, faz-se necessário um breve esclarecimento sobre como funciona hoje e


como era no passado, o processo de prestação de contas e o procedimento adotado pelo
Tribunal de Contas do Estado de Rondônia para apreciação das mesmas.

De acordo com o conselheiro C2, o prazo das prestações de contas dos órgãos da
administração direta, autarquias, fundações e demais entidades instituídas ou mantidas pelo
poder público é até 31 de março do ano subsequente, conforme disposto na Constituição do
Estado de Rondônia (art. 52, alínea “a”) e no artigo 12 do Regimento Interno do TCE-RO
(TCE-RO, 2017). Findado o prazo para encaminhamento das prestações de contas ao TCE-
RO, é dado início a análise das contas, onde é elaborado de imediato o Relatório Inicial, sendo
um documento preliminar feito pelo corpo técnico.

Após a elaboração do Relatório Inicial, o jurisdicionado apontado como responsável


tem a oportunidade de apresentar a sua defesa, transcorrido esse prazo é elaborado o chamado
relatório de defesa, em sequência o processo é encaminhado ao Ministério Público de Contas
(MPC) e somente depois de passar por todas essas análises em diferentes setores, o processo é
tramitado ao gabinete de conselheiro relator, conforme mostra o fluxograma de
macroprocessos (ANEXO G), que foi aprovado por meio da Resolução n. 293/2019/TCE-RO,
revogando parcialmente as Resoluções n. 146/2013/TCE-RO e n. 176/2015/TCE-RO.

Conforme o auditor A2 explica, hoje as prestações de contas municipais são enviadas


por meio de um módulo do sistema SIGAP chamado de Receptor e para que estas
informações sejam encaminhadas é necessário que elas passem por três etapas: primeiro as
informações são inseridas pelo contador do município, posteriormente o controlador interno
faz uma revisão das informações e em seguida, o gestor, mediante certificado digital, faz a
assinatura e encaminha.

Após uma análise preliminar da documentação que foi encaminhada pelo município, a
equipe faz o recebimento definitivo para gerar um processo eletrônico no PCE. Conforme
mencionou o auditor A2 entrevistado:
“Quando chega aqui nós fazemos ainda fazemos uma análise preliminar da
documentação antes de recebê-la em definitivo e gerar um processo eletrônico,
fazemos a análise preliminar para saber se os documentos contidos são os exigidos,
e após isso que a documentação entra definitivamente no Tribunal e é encaminhada
ao sistema PCE, que é o sistema que controla todos os processos do Tribunal.”

Com isso, as prefeituras precisam cumprir o que dispõe a Instrução Normativa Nº


13/TCE-R-2004, encaminhando ao Tribunal de Contas as documentações exigidas para a
fiscalização orçamentária, financeira, operacional, patrimonial e contábil, além de empenhar-
se na implementação gradativamente de novas tecnologias (TCE-RO, 2017).

Antigamente, as prestações de contas eram protocoladas, digitalizadas, autuadas e


distribuídas aos relatores, para que a partir desse momento fosse encaminhada ao corpo
técnico com a finalidade de iniciar a análise preliminar, conforme mostram os fluxogramas de
2013 e 2015 (ANEXOS E e F, respectivamente). Caso estivesse faltando algum documento,
entrava-se em contato com os responsáveis, notificando a ausência da(s) informação(ções), e
então era necessário aguardar o retorno do jurisdicionado, enquanto isso o processo
permanecia sem andamentos.

Neste sentido, essa análise preliminar antes do recebimento definitivo das informações
tornou o procedimento de análise mais objetivo, pois a documentação só é recebida após
verificado que as informações são as exigidas. Se referindo à prestação de contas, o
conselheiro C1 descreve que:

“É encartada no processo cujos elementos são descritos na Lei Orgânica da Corte,


regulamentados pelo regimento interno e instruções adjacentes, que adornam os
elementos integrantes da prestação de contas. Se a prestação de contas carecer
dados elementos materiais e de aspectos de relevância a época todos eram
fiscalizados, hoje de maneira diferente são eleitos pela perspectiva da materialidade
(...) e o processo embora diferente, eletrônico e mais ágil, ainda é o mesmo, ou seja,
formaliza-se aquele processo de auditoria ele é apreciado em apartado e as
informações são trazidas para serem consolidadas na prestação de contas. Então os
aspectos formais é que todo processo de prestação de contas é oferecido para o
contraditório e a ampla defesa do jurisdicionado e logo após apreciado no mesmo
formato.”

Destaca-se que após a apreciação do TCE-RO o resultado é encaminhado ao


parlamento municipal, e a partir desse momento a responsabilidade de atuar no processo passa
a ser da câmara (BRASIL, 1988). Conforme o conselheiro C2, todo o conteúdo contido no
processo está ao acesso dos gestores municipais, onde os mesmos têm a oportunidade de
fazerem aperfeiçoamentos na gestão antes da emissão do parecer prévio do TCE-RO e
julgamento da câmara municipal.
3.3 INFLUÊNCIA DOS SISTEMAS ELETRÔNICOS NAS PRESTAÇÕES DE CONTAS

Em relação aos resultados (pareceres prévios) emitidos pelo TCE-RO, pode-se dividir
em dois períodos: antes da implantação das TIC’s e posterior a implantação das TIC’s (1º com
a implantação do SIGAP e 2º com o lançamento do PCE). Nesse sentido, os resultados serão
apresentados separadamente para que se possa fazer uma análise detalhada em cada fase.

O primeiro período compreende os anos de 2000 até 2006, quando as prestações de


contas ainda eram protocoladas e analisadas fisicamente, nota-se que o parecer que era
emitido apresentava apenas duas opções: favorável ou desfavorável à aprovação. Além disso,
conforme mostra o gráfico 1, os pareceres favoráveis à aprovação apresentaram uma
tendência crescente, onde automaticamente houve uma redução das contas desfavoráveis à
aprovação.

Gráfico 1: Resultado do julgamento das contas no período de 2000 a 2006 (antes do SIGAP e
PCE)
60
52 52 52 52 52 52 52
50
42 46
40 38 38 36 37
34
30

20 18 16
14 14 15
10
10
6
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Favorável à aprovação Desfavorável à aprovação Total Geral

Fonte: Pesquisa documental realizada em julho/agosto de 2019.

O segundo período foi com a implantação das tecnologias de informação e


comunicação, onde passou-se a utilizar o sistema SIGAP, a partir do exercício de 2007, para
auxiliar no procedimento de encaminhamento das prestações de contas. No gráfico 2 observa-
se que a partir das análises das prestações de contas de 2009 passou-se a utilizar o “favorável
à aprovação com ressalvas”. Ressalvando-se as contas de 3 prefeituras municipais no
exercício de 2007, devido terem passado por recurso de reconsideração e serem reanalisadas,
onde o segundo parecer foi favorável à aprovação com ressalvas. E neste momento, o índice
de contas aprovadas caiu drasticamente no mesmo ano após a implementação do parecer
prévio favorável à aprovação com ressalvas.

Destaca-se ainda que após a realização das entrevistas, durante buscas pelas
legislações do TCE-RO, foi localizada a Lei Complementar Nº 154/1996, que dispõe sobre a
Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia, e dá outras providências, onde o
seu artigo 16 determina como as contas serão julgadas. É nesse aspecto que encontra-se uma
ambiguidade, pois a legislação vigente desde o ano de 1996 já apresentava o julgamento das
contas favoráveis à aprovação com ressalvas, no entanto, na pesquisa documental só foram
verificadas esse tipo de parecer a partir do exercício de 2007.

Gráfico 2: Resultado do julgamento das contas no período de 2007 a 2014 (implantação do


SIGAP - 2007)
60
52 52 52 52 52 52 52 52
50
41 42 41 43
39
40
32 33
29
30
20
20
13 12
8 10 10 10
10 7 7 6
3 3 3 2
1 1
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Favorável à aprovação Favorável à aprovação com ressalvas


Desfavorável à aprovação Outras
Total Geral

Fonte: Pesquisa documental realizada em julho/agosto de 2019.

Ainda no segundo período (após a implantação dos sistemas), houve a implantação do


PCE no final do exercício de 2014 e início do exercício de 2015 (gráfico 3), onde os
processos tornaram-se eletrônicos, trazendo algumas melhorias para todo o ciclo de vida
processual. Nesta fase, o índice de aprovação com ressalvas apresentou uma tendência
descendente. Salienta-se que alguns processos tiveram recursos e novamente estão no setor de
decisão, além disso, as prestações de contas do exercício de 2018 foram consideradas no
período analisado, no entanto, ainda estão em andamento na Corte de Contas.

Observa-se ainda que, em 2012 e 2016, houve um aumento significativo dos pareceres
desfavoráveis à aprovação. Logo, verificou-se que os respectivos anos correspondem ao
último ano de mandato e ano de eleições. Neste sentido, o Tribunal de Contas do Estado de
Rondônia juntamente com a Escola de Contas vêm trabalhando com cursos e seminários para
orientar os gestores públicos, entre essas capacitações destaca-se o “Seminário Fechando as
Contas – Regras e Orientações para Gestores Públicos em Fim de Mandato”.

A variável ‘outras’ foi utilizada na pesquisa os processos que tiveram pareceres com
dois tipos de julgamentos, por conta de haver dois gestores em um mesmo exercício. Fato que
ocorreu nos anos de 2014, 2015 e 2016 (um em cada ano), pois 3 municípios tiveram dois
gestores em um mesmo exercício, em ambos, os primeiros gestores tiveram as prestações de
contas sob sua responsabilidade com o parecer prévio ‘favorável à aprovação’, já no período
de responsabilidade dos segundos gestores o pleno do TCE-RO foi contrário à aprovação ou
favorável à aprovação com ressalvas dessas prestações de contas.

Gráfico 3: Resultado do julgamento das contas no período de 2015 a 2018 (implantação do


PCE - 2015)
60
52 52 52 52
50
46
40

30 29
24
20 20

10 6 9
4 8
1 11 6
1
0
2015 2016 2017 2018

Favorável à aprovação Favorável à aprovação com ressalvas


Desfavorável à aprovação Sem decisão (processo em andamento)
Processo em julgamento após recurso Outras
Total Geral

Fonte: Pesquisa documental realizada em julho/agosto de 2019.

É importante ressaltar ainda que os dados foram coletados a partir dos pareceres que
encontravam-se disponíveis para acesso no PCE, por meio de uma ferramenta de pesquisa no
portal do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia denominada GSA (Google Search
Appliance) e em consulta in loco na Secretaria de Processamento e Julgamento (SPJ), neste
sentido, frisa-se que podem ter havido recursos por parte do jurisdicionado em alguns
processos que tiveram parecer desfavorável a aprovação e não tenham sido
acessados/pesquisados.
Pelo exposto, nota-se que o Tribunal de Contas rondoniense vem buscando cumprir o
que preconiza o art. 54 da Lei n. 9.784/99, como órgão auxiliar do Poder Legislativo
(MARIELA, 2016), verificando assim, todo o aspecto legal das contas públicas e atos
administrativos e atos de gestão de bens que lhe cabem analisar e exercer controle externo
(LIMA, 2011).

Observou-se que o desenvolvimento e implantação de novas tecnologias e ferramentas


de trabalhos aprimoraram o procedimento de análise das prestações de contas, facilitando a
verificação das informações contidas nos processos. Neste sentido, aspectos que antes
poderiam acabar passando despercebidos, como divergências de valores em balanço, por
conta do grande volume dos processos físicos, hoje dificilmente não serão analisados. Neste
sentido, acredita-se que essa análise aprimorada por parte do Tribunal de Contas interferiu nos
resultados, visto que os índices de pareceres desfavoráveis à aprovação diminuíram
consideravelmente, exceto nos últimos anos de mandatos, especialmente em 2012 e 2016.
Infere-se ainda que o julgamento como ‘favorável à aprovação com ressalvas’ desde a sua
adoção tornou-se maioria nos índices anuais dos resultados.

Conforme evidencia o conselheiro C1, no início das atividades do Tribunal de Contas


do Estado de Rondônia todo procedimento era feito de forma manual, desde o protocolo até a
tramitação final eram controlados por meio de livros de protocolo. No início dos anos 90
passaram a ser desenvolvidos programas de informática para atender as necessidades dos
setores, dentre eles foi desenvolvido o ‘SAP’ (Sistema de Acompanhamento Processual), com
o objetivo de auxiliar no registro e acompanhamento dos processos. Este sistema foi
atualizado e utilizado por vários anos (TCE, 2019). No entanto, os processos continuavam
sendo físicos e muitas vezes com grande volume.

Durante a elaboração do Planejamento Estratégico 2011-2015, estabeleceu-se como


uma das metas dar maior celeridade e transparência nos atos processuais, em consonância
com o previsto no PPA 2004-2007, Programa de Modernização do Sistema de Controle
Externo dos Estados, Distrito Federal e Municípios Brasileiros - PROMOEX e Programa
Nacional de Gestão Pública e Desburocratização – GESPUBLICA (TCE, 2019). Esse fato foi
um marco para o desenvolvimento e implantação de um sistema que tornasse todos os
processos do TCE-RO eletrônicos. Nesta busca por novas tecnologias, o Tribunal de Contas
rondoniense conheceu o sistema ‘Tramita’ do Tribunal de Contas da Paraíba, sendo assinado
um termo de cooperação que permitia a disponibilização desse sistema, que foi customizado e
recebeu o nome de PCE.

Analisando os dois períodos (antes dos sistemas versus depois dos sistemas: SIGAP e
PCE) que foram pesquisados e divididos nos 3 gráficos apresentados, constatou-se no período
anterior à implantação dos sistemas SIGAG e PCE que os índices nos anos de 2000 a 2006
ficaram com uma média aritmética anual de 74,45% dos pareceres ‘favoráveis à aprovação’ e
apenas 25,55% ‘desfavoráveis à aprovação’ (gráfico 1).

Já o gráfico 2 (período de 2007 a 2014) evidenciou que apenas 26,92% das contas
estavam aptas à aprovação, sendo que a maior variação ocorreu em 2009, após a adoção do
julgamento como ‘favorável à aprovação com ressalvas’, que conforme a Súmula nº 10/TCE-
RO, o encaminhamento dos balancetes mensais fora do prazo não impede, por si só, o
julgamento regular como ressalva da prestação de contas (TCE-RO, 2017). Neste sentido, o
índice de pareceres ‘favorável à aprovação com ressalvas’ foi de 50,72%, ‘desfavorável à
aprovação’ ficou em 22,12% e ‘outras’ com apenas 0,24%.

Por último, conforme o gráfico 3, foram considerados apenas os exercícios de 2015 a


2017 (desconsiderando o ano de 2018), visto que os processos do último exercício ainda
estavam em andamento e não foram julgados pela Corte de Contas. Nesse caso, os índices
foram: 7,05% ‘favorável à aprovação’, 63,46% ‘favorável à aprovação com ressalvas’,
19,23% ‘desfavorável à aprovação’, 8,98% ainda estão em julgamento após recurso e 1,28%
‘outras’ (categoria que foi descrita anteriormente).

Em consideração ao exposto, observou-se que a implantação de novas tecnologias da


informação e comunicação aliadas ao desenvolvimento de novas metodologias de trabalho
pelo Tribunal de Contas do Estado de Rondônia, aprimorou a análise e o julgamento das
contas municipais, tornando os processos de prestações de contas mais céleres e transparentes,
com as informações mais específicas que são exigidas pelo TCE-RO, além de ter possibilitado
aos órgãos jurisdicionados e cidadãos o acesso em tempo real às informações processuais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do presente trabalho foi examinar como as ferramentas de tecnologia de


informação e comunicação são utilizadas e contribuem no acompanhamento das prestações de
contas públicas municipais.

Os objetivos foram atingidos, visto que foram encontradas as seguintes contribuições:


envio de informações diretamente das prefeituras ao Tribunal de Contas por meio de
transmissão de dados no SIGAP, procedimentos de análise mais objetivos, maior
transparência, agilidade e controle aos processos com a implantação do Processo de Contas
Eletrônico (PCE).

Constatou-se que antes da implantação dos sistemas o procedimento de análise das


contas era moroso por conta da dificuldade de manusear a grande quantidade de papéis que
era encaminhada pelos entes jurisdicionados e protocolada no TCE-RO. Muitas vezes
faltavam documentos e havia a necessidade de entrar em contato com os responsáveis e
aguardar o envio do restante das informações, enquanto isso o processo permanecia sem
andamento.

Depois da adoção das TICs no encaminhamento e apreciação das contas, foi possível
um aprofundamento maior e uma análise mais cuidadosa, houveram melhorias na próprias
metodologias de trabalho, que passaram a ser padronizadas. As informações tornaram-se mais
específicas, uma vez que o sistema possui layouts para transmissão de dados.

Quanto ao período em que as contas são apreciadas anualmente para emissão do


parecer prévio do TCE-RO, não sofreu alterações. Fato que pode ser justificado pelo prazo
que os poderes executivos municipais têm para encaminhar a prestação de contas, para
posterior análise da Corte de Contas. Sendo uma questão complexa, visto que esse prazo é
regulamentado pela Constituição Estadual e não pode ser alterado pelo Tribunal de Contas.
Nesse sentido, é um procedimento que não envolve apenas o uso da tecnologia da informação
para reduzir o tempo de análise, mas está vinculado a uma série de outros fatores como:
legislações, metodologias de trabalho e quantitativo de servidores do corpo técnico para
desenvolver o trabalho.

Ressalta-se ainda a dificuldade de acesso às informações dos processos de prestação


de contas mais antigos, pois muitos deles não foram digitalizados e por isso não estavam
disponíveis para consulta. Foi necessária uma pesquisa in loco na Secretaria de
Processamento e Julgamento (SPJ) do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia, em Porto
Velho, visando consultar os pareceres prévios que foram emitidos pela Corte de Contas.

Sugere-se que este novo modelo de controle adotado pelo Tribunal de Contas do
Estado de Rondônia seja ampliado até as suas entidades jurisdicionadas, a fim de melhorar a
administração da máquina pública, visto que ainda há um número razoável de prestações de
contas com pareceres desfavoráveis à aprovação ou favoráveis à aprovação com ressalvas, em
casos que evidenciam impropriedade ou qualquer outra falta de natureza formal de que não
resulte dano aos recursos financeiros públicos. Acrescenta-se que o TCE-RO juntamente com
a Escola Superior de Contas (ESCon) já vem trabalhando não só como um órgão fiscalizador,
mas também como um órgão que instrui seus jurisdicionados.

Propõe-se como sugestões para estudos futuros pesquisas relacionadas à atuação do


Tribunal de Contas do Estado de Rondônia e transformações advindas do desenvolvimento e
inserção de novas tecnologias e metodologias de trabalhos nas diversas áreas da
administração pública em um contexto geral, bem como pesquisas específicas sobre o
aplicativo “Tô no Controle/Opine aí”, disponibilizado pelo TCE-RO para que o cidadão possa
atuar de modo mais ativo no controle dos gastos públicos e denunciar irregularidades no
serviço público.

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