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O CLIMA: A ATMOSFERA E A VIDA TERRESTRE - GRUPO PROMINAS


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O CLIMA: A ATMOSFERA E A VIDA TERRESTRE - GRUPO PROMINAS
Núcleo de Educação a Distância

PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.

O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.

GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO


Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino

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Prezado(a) Pós-Graduando(a),

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!


Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
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outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-


ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu-
ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos
conhecimentos.

Um abraço,

Grupo Prominas - Educação e Tecnologia

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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!

É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha


é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização.
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.

Estude bastante e um grande abraço!

Professora: Adriana Penna


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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profisisional.

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CAPÍTULO 01
INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 02
A ATMOSFERA TERRESTRE

CAPÍTULO 03
METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA

CAPÍTULO 04
CONCEITOS FUNDAMENTAIS: CLIMA, ESTADOS ATMOSFÉRICOS,
FATORES DO CLIMA E ATRIBUTOS
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CAPÍTULO 05
ESCALAS DO CLIMA

CAPÍTULO 06
ENERGIA SOLAR E TRANSFERÊNCIA DE CALOR

CAPÍTULO 07
AS FLORESTAS E O CLIMA

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CAPÍTULO 08
A INFLUÊNCIA OCEÂNICA E DAS ÁGUAS NO CLIMA

CAPÍTULO 09
MASSAS DE AR E AS FRENTES

CAPÍTULO 10
AS PRINCIPAIS MASSAS DE AR ATUANTES NA AMÉRICA DO SUL

CAPÍTULO 11
DOMÍNIOS CLIMÁTICOS DO BRASIL

CAPÍTULO 12

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MUDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL E DESEQUILÍBRIO AMBIENTAL

CAPÍTULO 13
ANOMALIAS CLIMÁTICAS

Considerações Finais _________________________________________ 65

Referências __________________________________________________ 66

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INTRODUÇÃO
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A Geografia realiza o estudo do clima analisando dados que


expressam o resultado das dinâmicas naturais: a temperatura, a pres-
são atmosférica, a umidade do ar, etc. Esta apostila tráz um conjunto de
elementos fundamentais para compreender a formação dos principais
tipos de clima em diversas escalas de análise.
Abordar um tema tão complexo em tão poucas páginas é como
querer abraçar o mundo com as mãos, e é mais ou menos isso que
teremos que fazer para realizar este estudo. Inicialmente serão apre-
sentados alguns aspectos gerais da atmosfera do planeta, seguindo
da explicação dos conceitos da climatologia, fatores que influenciam o
clima, para finalmente chegar a compreender a dinâmica global e local
dos fenômenos atmosféricos, além da caracterização dos domínios cli-
máticos do Brasil e as causas do chamado aquecimento global.
Para auxiliar a compreensão de palavras possivelmente novas,
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elaborou-se notas de rodapé que apresentam mais detalhes sobre os
termos e assuntos menos conhecidos, o conteúdo das notas pode ser
visualizadas ao final da apostila.
Contudo, espera-se contribuir com a formação do estudante
apresentando novos horizontes, novas paisagens, enfim, novas formas
de olhar o mundo.

O Planeta Terra

A Terra pode ser considerada, de um ponto de vista científico e


didático, uma série de esferas concêntricas (uma dentro da outra). A li-
tosfera, a esfera central, constitui a parte sólida do planeta . No entanto,
três quartos da litosfera é recoberta de água, que forma a hidrosfera. A
terceira grande esfera, a biosfera, é um ambiente intermediário em que
estão reunidos todos os seres vivos. Envolvendo as três esferas existe
um manto transparente móvel e impalpável, com espessura ainda não
bem definida e da qual depende toda forma de vida: a atmosfera.

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A ATMOSFERA TERRESTRE
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Para chegar a ter as características atuais que propiciaram a


vida humana, o planeta terra passou por várias modificações. A atmosfe-
ra terrestre, segundo as teorias modernas, originou-se lentamente duran-
te um longo tempo geológico. Um dos eventos que contribuiu para isso
ocorreu a 4,5 milhões de anos, quando o Sol emitiu uma onda de energia
violentíssima, que varreu a superfície dos planetas, eliminado possíveis
atmosferas e volatilizando rochas recém solidificadas. Assim a atual at-
mosfera teria nascido do carbono, nitrogênio e água liberados pela terra
tempos depois de sua formação, durante o processo de resfriamento. O
interior do planeta ainda conserva certa quantidade desses gases em
combinações químicas. Durante milhões de anos esses gases permane-
ceram no interior da terra, sendo posteriormente expelidos pelos vulcões,
passando a flutuar sobre a crosta que resfriava e acumulando-se aos
poucos. O oxigênio, elemento fundamental à vida, teria sido o resultado
de um processo muito lento, prolongado e vinculado à evolução dos ve-
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getais, que são as principais fontes de oxigênio na terra. Todavia, algum
oxigênio deve ter existido antes de qualquer vida vegetal. A decomposi-
ção do vapor de água (H2O) pelas descargas elétricas e pela radiação
solar, deve ter formado nas camadas superiores da atmosfera peque-
nas quantidades de oxigênio, suficientes para possibilitar a existência de
plantas primitivas. Existem fósseis de algas com 1 bilhão de anos e 400
milhões de anos, os quais devem ter sido as primeiras plantas da terra e
os primeiros produtores de oxigênio em larga escala (Tarifa, 1997).
Durante esse processo, também se desenvolveu um número
de organismos consumidores de oxigênio, resultando em um equilíbrio
entre a produção e consumo de oxigênio. Com o passar do tempo, o
carbono em excesso foi fixado em combustíveis fósseis, pedras sedi-
mentares (notavelmente pedra calcária), e conchas animais.
O oxigênio livre na atmosfera reagiu com o amoníaco, foi libe-
rado azoto, simultaneamente as bactérias também iniciaram a conver-
são do amoníaco em azoto. Aumentando a população vegetal, os níveis
de oxigénio cresceram significativamente (enquanto níveis de dióxido
de carbono diminuíram). No princípio o oxigênio combinou com vários
elementos, mas eventualmente acumulou-se na atmosfera resultando
em extinções em massa.
Com o aparecimento de uma camada de ozônio (O3), a Ozo-
nosfera, as formas de vida no planeta ficaram mais bem protegidas da
radiação ultravioleta. Esta atmosfera de oxigênio-azoto é um tipo de ter-
ceira atmosfera Esta última, tem uma estrutura complexa que age como
reguladora da temperatura e umidade da superfície.
Desde o período geológico denominado Cambriano, que a

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composição da atmosfera continua a mesma.

Composição Química da Atmosfera

A atmosfera compreende uma mistura de gases mais ou me-


nos uniforme até a altitude de 160 km. Os gases mais importantes são:
o Nitrogênio que corresponde a 78,8 % do volume global, e o Oxigênio
que ocupa 20,95% do referido volume. Além desses há o Argônio, com
0,93%, o Dióxido de carbono (CO2), com 0,03% e, em proporção menos
significativa o Hélio, Hidrogênio, neônio, Criptônio. Próximo à superfície
da terra existem também partículas sólidas orgânicas e inorgânicas. As
partículas nocivas aos organismos vivos são denominadas poluentes.
As partículas sólidas existentes no ar são levantadas pelos ventos e
caem em virtude de seu próprio peso, um movimento incessante deter-
minado pelas correntes ascendentes e descendentes. As partículas só-
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lidas desempenham um papel importante nos processos atmosféricos,
principalmente aqueles relativos à precipitação, ativando a formação de
gotas de chuva ou de cristais de neve. (Tarifa, op. cit.)
No ar pode haver uma quantidade variável de vapor da água,
segundo a temperatura do ar e disponibilidade de água no solo, sendo
que pode chegar ao volume de máximo de 4% (nos trópicos úmidos).
Em estado gasoso a água é imperceptível ao olho humano. Em estado
líquido, em forma de gotas forma as nuvens e os nevoeiros e em esta-
dos sólidos formam os cristais de neve ou grãos de gelo. No estado lí-
quido, a água logo volta para terra sob forma de chuva, neve ou granizo.
O ozônio está concentrado entre as altitudes de 15 e 35 quilô-
metros da atmosfera. O conteúdo de ozônio da atmosfera é baixo sobre
o Equador e alto na direção dos pólos, nas latitudes maiores que 50° o
ozônio é formado quando, sob a influência da radiação ultravioleta, as
moléculas de oxigênio se rompem e os átomos separados combinam-
-se individualmente com outras moléculas de oxigênio. O modelo da
distribuição do ozônio dentro da atmosfera é considerado como sendo
o resultado de algum mecanismo de circulação, que transporta o ozônio
para níveis adequados onde sua destruição é menos provável e sua
concentração é desta forma, assegurada.

Tabela 1.1 – Composição média da atmosfera seca abaixo de 25 quilômetros


(segundo Barry e Chorley, 1976).
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Estrutura Vertical da Atmosfera segundo Processos Físicos

À medida que a altitude aumenta, as moléculas gasosas que


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compõe a atmosfera tornam-se cada vez mais escassas e a distância
entre elas aumenta, isto é, diminui a densidade. Para cada milhão de
moléculas ao nível do mar existe apenas uma a 95.000 metros de altura.
A atmosfera está estruturada em camadas relativamente quen-
tes, separadas por duas camadas relativamente frias. Os contatos en-
tre essas camadas são áreas de descontinuidade, e recebem o sufixo
"pausa", após o nome da camada subjacente.
Podemos separar as camadas segundo suas propriedades fí-
sicas em:
- Troposfera é a camada atmosférica que se estende da su-
perfície da Terra até a base da estratosfera (0 - 7/17 km). Esta camada
responde por oitenta por cento do peso atmosférico e é a única camada
em que os seres vivos podem respirar normalmente. A sua espessura
média é de aproximadamente 12km, atingindo até 17km nos trópicos e
reduzindo-se para em torno de sete quilômetros nos pólos.
- Tropopausa, é uma zona de transição de espessura entre 3 e
5 km, caracterizada pela isotermia.
- Estratosfera tem altura média de 70 km, sua temperatura au-
menta de acordo com a altitude até 46 km, desta faixa em diante é
isotermal até 52 km, onde inicia a estratopausa. Muitos aviões a jacto
circulam na estratosfera porque ela é muito estável.
- Estratopausa coincide com a Ozonosfera, apresenta pequena
concentração de vapor d'água. É nesta camada que existe a camada de
ozônio e onde começa a difusão da luz solar (que origina o azul do céu).
- Mesosfera, nesta a temperatura diminui com a altitude, esta é a
camada atmosférica onde há uma substancial queda de temperatura che-

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gando até a -90º C em seu topo. Está situada entre a estratopausa em
sua parte inferior e mesopausa em sua parte superior, entre 50 a 85 km de
altitude. É na mesosfera que ocorre o fenômeno da aeroluminescência das
emissões da hidroxila e é nela que se dá a combustão dos meteoróides.
- Mesopausa é a região da atmosfera que determina o limite
entre uma atmosfera com massa molecular constante de outra onde
predomina a difusão molecular.
- Termosfera (80/85 - 640+ km) nesta a temperatura aumenta
com a altitude rápida e monotonicamente as moléculas se movem em
trajetórias aleatórias tal, que raramente se chocam. É a camada onde
ocorrem as auroras e onde se realiza orbitas espaciais.
Também existem classificações segundo a absorção de ener-
gia eletromagnética, denominado de distribuição iônica. Nela temos a
Ionosfera que abrange a região a partir da mesoesfera até altura de
550 km na termosfera. A asborção dos raios é maior nas camadas mais
baixas, sendo nas altas alto indice de reflexão
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METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA

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Os principais pontos do debate em torno do objeto e o método
da Climatologia é destacado no texto a seguir, produzido a partir das
contribuições de M. Sorre (2006, p.89).
“(...) Os fenômenos que tem como teatro a atmosfera podem
ser estudados sob muitos pontos de vista. A condensação do vapor d´
água, a chuva a descarga elétrica, o relâmpago são fenômenos físicos
cujo estudo pertence ao ramo da física que se denomina de meteoro-
logia. Esta se preocupa com a medida desses fenômenos, determina
as condições físicas em que são produzidos, investiga a natureza das
relações que existe entre eles e os fatores que os condicionam e tenta
prever a repetição dos mesmos. Aí está toda a tarefa da meteorologia
sob o seu duplo aspecto, estático e dinâmico: definição quantitativa dos
fenômenos, pesquisa de suas leis, previsão. Quando estudamos as va-
riações geográficas da lamina de água precipitada na superfície do solo,
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quando comparamos as diferenças de ritmo de oscilação térmica de
uma região para outra, quando caracterizamos a atmosfera de determi-
nado lugar pela combinação dos meteoros, quando investigamos a rela-
ção entre esses fatos e outros fatos geográficos, tais como distribuição
dos vegetais, animais ou homens, nós trabalhamos imbuídos de outro
espírito. Fazemos climatologia, geral, descritiva conforme o caso. (...)”
“(...) meteorologistas e climatólogos podem fazer observações
com os mesmos instrumentos, sobre os mesmo fenômenos, a tempera-
tura, por exemplo. Eles elaboram séries registradas nos mesmos arqui-
vos. Todavia, a apreciação da justeza, da sensibilidade dos aparelhos,
a crítica matemática das séries, o estudo das variações tendo em vista
a previsão, tudo isso é essencialmente da alçada do meteorologista. Ele
é preparado para essa tarefa, já que possui a formação de físico. Aos
olhos do climatólogo essas variações termométricas aparecem primei-
ro como um elemento da particularidade climática de um lugar ou de
uma região. Esta particularidade climática é, apenas um elemento das
características geográficas, as quais compreendem ainda, a forma do
terreno, as águas, o mundo vivo. (...)”.
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CONCEITOS FUNDAMENTAIS: CLIMA,
ESTADOS ATMOSFÉRICOS, FATORES
DO CLIMA E ATRIBUTOS

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A definição de clima neste contexto é fundamental para dife-
renciação da meteorologia.
Definição clássica de clima, segundo Hann (1884) é o estado
médio da atmosfera sobre um lugar, mais exatamente “o conjunto dos
fenômenos meteorológicos que caracterizam a condição média da at-
mosfera em cada lugar da terra”.
A média aritmética é apenas uma abstração, destituída de re-
alidade. Ela apresenta um caráter estático, artificial, não menciona o
desenvolvimento dos fenômenos no tempo. A definição de Hann omitiu
um fator fundamental: a noção de ritmo, um elemento fundamental na
climatologia. O ritmo irá se tornar um fator de análise, o fator tempo (du-
ração). A constância de um estado atmosférico não deverá ser negligen-
ciando, pois cada momento de duração modifica um terreno, um estado
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fisiológico de um ser vivo, e este também influencia o meio climático (
pode-se pensar da perda de cobertura vegetal em períodos de seca).
Uma melhor definição de clima é dada por Sorre (2006, p. 89),
“uma série de estados atmosféricos, sobre um determinado lugar em
sua sucessão habitual. Cada um desses estados atmosféricos caracte-
riza-se pelas suas propriedades dinâmicas e estáticas da coluna atmos-
férica, composição química, pressão, tensão dos gases, temperatura
grau de saturação, comportamento quanto aos raios solares, poeiras
ou matéria orgânicas em suspensão, etc. É o que a linguagem comum
denomina de tempo.
Cada um dos atributos do clima: a temperatura, a pressão, o es-
tado elétrico, só podem ser separados por um artifício de análise, pois na
realidade se encontram juntos e atuam em conjunto sobre os seres vivos.
O que determina o clima, as circunstâncias que o regulam, são
considerados fatores do clima, por exemplo: latitude, altitude, situação
relativa às massas oceânicas e continentais, aos centros de ação e aos
movimentos gerais da atmosfera, exposição e declividade etc.

Fatores do Clima

A sucessão das mudanças nos tipos de tempo (weather) que


ocorre dia a dia, mês a mês, e anos para ano, na superfície da terá é
fundamentalmente o resultado do movimento do ar, que por usa vez
resulta da ação de várias forças sobre as partículas de ar. A origem
principal dessas forças é a energia recebida do sol.
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Esta energia aquece a atmosfera e coloca em movimento o


que se pode chamar de máquina atmosfera. O vapor d´água é um dos
principais meios ou veículos para fazer circular essa energia, através
das mudanças de estado que ora consomem, ora liberam energia. Os
processos que intervém são complexos, mas, de modo geral, a circula-
ção geral da atmosfera é uma consequência do aquecimento diferencial
ou desigual da superfície da terra e da própria atmosfera , fruto das di-
ferentes estações do ano e da latitude, assim como da rotação da terra.
O resultado é que a energia radiante do sol se transforma em
energia cinética do ar em movimento ou vento. A componente vertical
do vento é pequena e na maioria dos casos pode ser desprezada em
comparação aos valores dos movimentos horizontais ou advectivos.
Entretanto, temos que admitir que os levantamentos ou movimentos
verticais do ar são a causa principal de quase todas as formas de pre-
cipitação, da formação da nebulosidade e, porque não dizer, de quase
todas as modalidades de tipos de tempo.
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Ainda resta-nos concluir como os elementos ou variáveis im-
portantes, a distribuição de terras e águas, a distância dos oceanos, o
relevo (orientação, exposição), a altitude, a topografia e a ação antrópi-
ca, principalmente nas escalas menores.
“(...) em cada instante em cada ponto do globo, a atmosfera é
uma combinação singular que tem muita pouca chance de se reproduzir
de uma maneira perfeitamente idêntica.” Os atributos climáticos, tempe-
ratura, luminosidade, estado higrométrico (presença de água), não são
os mesmos.” (Sorre, 2006, p. 91) Entretanto, é possível comparar-se os
diversos estados, agrupá-los em tipos característicos, de cada período
do ano. Para isso os fatores dos quais dependem a sucessão, deverão
estar estáveis ou pelo menos apresentando uma regularidade relativa.
Esta análise deve ser restrita a condições geográficas específicas o que
contribui para definição de escalas do clima.

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ESCALAS DO CLIMA
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A realidade climática pode objetivamente ser caracterizada por


unidades espaciais com grandezas escalares completamente diferen-
ciadas, que variam desde o nível do globo atmosfera como um todo, até
o nível interno dos espaços urbanos ou agrários.
A partir do momento que se aproxima a unidade de análise da
superfície da terra o números de variáveis que intervém no processo
tornam-se maiores.

Categorias Taxonômicas do Clima

Nível Zonal

Os principais fatores que atuam nesse nível de organização cli-


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mática são: latitude, altitude, distância dos oceanos (continentalidade) e
o próprio movimento de rotação da terra. Torna-se pois, nesse nível im-
portante a estruturação do globo em faixas ou grandes zonas climáticas
(faixas latitudinais). Os climas zonais resultam do equilíbrio resultante
entre a recepção diferencial de calor entre as várias faixas de latitude,
dos deslocamentos dos ventos para oeste provocados pelo movimento
de rotação da terra, pela distribuição das terras e águas.
Ex: mapeamento de temperatura da superfície terrestre

Ilustração – Fonte: www.Wikipédia.com.br

A Terra tem um sistema de compensações de temperatura,


pressão e umidade, que mantém um equilíbrio dinâmico natural, em
todas as suas regiões.

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A exceção à regra são os chamados climas azonais, ocorrem
onde são menores a quantidade de água, e a espessura da troposfera,
como nos desertos e cordilheiras de grande altitude. Por exemplo: a
presença da cadeia montanhosa dos Andes causando a formação de
um clima de montanha ou de neve constante dentro da zona equatorial.
Nesse nível de abordagem torna-se geralmente necessário um
longo período de observações meteorológicas (30 anos conforme reco-
menda a Organização Meteorológica Mundial). Para explicação da gê-
nese dos climas zonais, busca-se estudar a circulação geral da atmos-
fera, caracterizando os grandes movimentos ondulatórios, quer sejam
dos ventos de oeste ou dos ventos alísios . O nível da documentação
cartográfica, as bases em mapas utilizados oscilam entre 1:50.000 a
1:10.000. (Tarifa, 1997)

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Nível Regional

A grandeza escalar, tamanho ou extensão espacial num estudo


de clima regional, varia bastante, surgem muitas vezes “climas intrare-
gionais” dependendo da combinação dos fatores.
Nos estudos de clima de caráter regional são variáveis impor-
tantes: a exposição, forma e orientação do relevo. Principalmente por-
que nesse nível que as variações, ano a ano na localização e frequência
dos centros de alta e baixa pressão organizados em células de circula-
ção geral definem o ritmo da variação anual, sazonal, e mensal dos prin-
cipais elementos climáticos. A irregularidade climática sobre determi-
nada região, resulta interação entre os fluxos tropicais e extratropicais.
Nesta abordagem é importante analisar as médias de um longo
período e acompanhá-las com estudos de variação mês a mês ou es-
tação por estação, durante, por exemplo, cinco ou dez anos. De acordo
com a representatividade dentro da série de 30 ou mais anos, selecio-
na-se o que será chamado de “anos padrão”. (Tarifa, op.cit.)
A definição abstrata de “clima regional”, segundo Sorre (2006)
é uma forma de aproxima-se da realidade concreta de uma região ge-
ográfica, onde o dinamismo atmosférico apresenta-se simples, e a to-
pografia bastante uniforme. Podem ser enquadradas nesta situação as
regiões intertropicais de grandes extensões. A uniformidade do clima, e
ao mesmo tempo a regularidade da sucessão dos estados atmosféricos
através do ano, caracterizam, com efeito, essas áreas, em oposição às
regiões temperadas. O clima estacional, como das montanhas, também
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pode ser caracterizado como um clima regional.

Limite Climático

O “limite climático”, não é linear, no entanto, há casos em que


um obstáculo, como uma montanha pode constituir uma espécie de li-
mite. De modo geral formam-se manchas, onde se deve fazer a combi-
nação de elementos característicos das regiões climáticas de contato,
o que pode resultar em surgimento de um outro clima na vizinhança
constituindo uma transição.

Clima Local

O clima local é uma combinação singular, irredutível (Sorre,


2006). A ação dos fatores do clima é possível de ser generalizada, e,
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portanto, pode-se agrupar os climas locais em climas regionais.
A influência das alterações provocadas pelas atividades do ho-
mem no clima, exige a introdução de novos instrumentos, adotando a va-
riação diária dos elementos climáticos como objeto de análise. O estudo
do clima local deve apoiar-se nos conhecimentos do relevo, da forma de
ocupação e uso do solo, e de espécies que possam ser bioindicadoras.

Microclima

Em uma escala mais reduzida pode-se falar a existência de


“microclimas”. Notadamente pode-se se falar de clima típico de “Poços
de Caldas”. No entanto, a temperatura e os movimentos de ar não são
os mesmos na praça central e nas que se dirigem a ela. Pode-se encon-
trar também diferenças de um lado a outro de uma mesma rua, da zona
urbana para um campo de trigo, de um bosque mais adensado para
outro menos denso. O que se observa num microclima são variações
imperceptíveis de uma coluna atmosférica, é uma análise detalhada,
formando um recorte aprofundado além do clima local. Nesse nível de
análise é preciso realizar medições locais, trabalho de campo com uso
de equipamentos (radiômetros, albedômetros , etc...).

Natureza e Campo da Climatologia

Vale repetir a definição de clima segundo Sorre (2006, p. 90)

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“uma série de estados atmosféricos sobre um lugar em sua sucessão
habitual”. Esta definição destaca o importante papel da noção sintética
de “tipos de tempos”.
A climatologia utiliza-se de dois grandes métodos de trabalho,
o método separativo analítico, e a climatologia sintética ou dinâmica.
O método separativo analítico consiste em registrar e analisar
elementos climáticos de um determinado lugar com o objetivo de cal-
cular médias aritméticas, baseadas em longas séries de observações.
É também o chamado método estatístico. Tem a vantagem de permitir
determinar os valores extremos, necessários para a escolha dos culti-
vos agrícolas e de outras finalidades. Não explica, contudo, a gênese do
clima nem acompanha a sua variação cotidiana.
O método da climatologia sintética ou dinâmica é a mais com-
plexa, implicando no estudo do perfil vertical da atmosfera e na carac-
terização dos tipos de tempo e sua sucessão habitual. Procura explicar
os climas em função da freqência dos tipos de tempo.
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A climatologia trata da classificação dos tipos de tempo, do
estudo de sua repartição espacial e temporal.
O tipo de tempo é um estado transitório, mas que necessita de
“memória”, um registro, para ser conservado, ou seja, é preciso realizar
medidas periódicas dos elementos: temperatura, umidade, pluviosidade
(chuvas), vento, insolação, etc.
Para registrar esta complexidade são usadas algumas técni-
cas, como a construção de cartas (mapas) onde os elementos apare-
cem representados em conjunto ou a proposição de índices que combi-
nam elementos significativos, como a pluviosidade e a temperatura em
determinado espaço geográfico.
Os tipos de tempo por sua vez, resultam de uma série de enca-
deamentos de causa e efeito extremamente complexos. Para explicá-los
é preciso recuar o mais longe possível nesta cadeia de relações causais.
Em primeiro lugar, o tempo, é determinado pelo tipo de ar exis-
tente num determinado ponto e esse tem diferentes características con-
forme a origem e a evolução sofrida. Os movimentos de ar dependem
dos campos de pressão nos diversos níveis da atmosfera.
As grandes correntes de ar são influenciadas pelos sistemas
de relevo, repartição de terras e águas, rotação do globo e quantidade
de energia solar.
De todos esses fatores decorre que a climatologia é um estudo
eminentemente geográfico, constituindo uma das tarefas mais impor-
tantes do geógrafo na sua investigação da superfície do globo. Para
compreender melhor os processos que influenciam a formação do cli-
ma, segue a explicação detalhada de cada um dos itens: energia solar
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e transferência de calor, a latitude e movimento da terra, pressão at-


mosférica, a floresta e o clima, massas de ar e tipos de clima no Brasil.

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ENERGIA SOLAR E TRANSFERÊNCIA
DE CALOR

Quase todos os fenômenos atmosféricos dependem da ação O CLIMA: A ATMOSFERA E A VIDA TERRESTRE - GRUPO PROMINAS

do sol. Sua energia chega a terra através de um movimento ondulatório


que se propaga no espaço em diferentes comprimentos de ondas, cons-
tituindo o espectro eletromagnético.
A energia do espectro eletro magnético é absorvida e refratada
ao chegar a atmosfera terrestre o processo de transferência de calor
envolve diversas formas e variáveis que será detalhado a seguir.

Processos de Transferência de Calor

Condução: transferência por contato de molécula para molécula.


Convecção: movimento de massas de ar que esquenta em
contato com superfície, e se expande. Ao ficar menos denso, o ar quen-
2727
te é substituído por ar frio. Este movimento que evita o aquecimento ex-
cessivo da atmosfera, difunde o calor horizontalmente ou verticalmente.
Radiação de ondas curtas: por exemplo, a energia radiante do
sol que não exige meio ou massa para transporte, ocorre mesmo no
vácuo, por intermédio de ondas eletromagnéticas curtas.
Radiação de ondas longas: por exemplo, a parcela que deixa a
terra após o balanço energético do que á absorvido e emitido.

A Energia Solar

A energia solar é composta por diferentes radiações, que variam


segundo o comprimento de onda (medido pela unidade microns). De 0,2
a 0,4 microns são os raios chamados de ultravioleta que formam 9% do
total. De 0,4 a 0,7 é a luz visível responsável por 41%. De 0,7 a 4 microns
são os raios infravermelhos, que constituem 50% do total. O sol transita
calor sob a forma de ondas curtas (não sensíveis), ao chocar-se com a
terra, o calor retorna a atmosfera sob forma de ondas longas (sensíveis).

Diferença entre Calor e Temperatura

O calor é energia que se transfere por convecção ou condução.


È um efeito vibratório das moléculas. Quanto mais rápido o movimento
delas maior será a temperatura do corpo. Temperatura, portanto, é me-
dida de energia, de movimento das moléculas que constituem um corpo.
A energia percebida como luz é resultado de um movimento on-
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dulatório de comprimento de ondas entre 0,4 a 0,8 microns. Os elétrons,


por serem menores que os átomos ou moléculas, efetuam saltos curtos e
rápidos de uma órbita para outra. Esses saltos produzem como consequ-
ência, vibrações de alta frequência, ondas curtas e bastante penetrantes.

Balanço de Radiação na Atmosfera

Ao penetrar na atmosfera terrestre, a radiação solar é parcial-


mente refletida ou absorvida pelos gases atmosféricos.
As camadas superiores do planeta refletem em torno de qua-
renta por cento da radiação solar. Destes, aproximadamente 17% são
absorvidos pelas camadas inferiores, sendo que o ozônio interage e
absorve os raios ultravioleta, o dióxido de carbono e o vapor d' água
absorvem os raios infravermelhos. Restam 43% da energia, esta alcan-
ça a superfície do planeta. Que por sua vez reflete dez por cento das
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radiações solares de volta (Wikipédia, 2006).
A quantidade de radiação solar que incide na superfície terres-
tre também poderá variar em função dos seguintes fatores:
Latitude do lugar - inclinação dos raios solares em função da lati-
tude define a penetração da energia solar, que por sua vez tem aproxima-
damente 33% da energia absorvida por toda a superfície atingida durante
o dia, sendo uma parte muito pequena desta re-irradiada durante a noite.
Declinação do sol – a variação é pequena cerca de 3%, predo-
minando a constante solar da ordem de 1,94 cal/cm3/min. (Conti, J.B.;
Furlan, S.A., 1998, p. 92)
Vapor d´água - além dos efeitos descritos, existe ainda a influ-
ência do vapor d'água e sua concentração variável. (o vapor dá água é
mais conhecido como nuvens, podem chegar a ocupar cerca de metade
da troposfera, portanto, refletindo até 30% do calor recebido pelo sol)
(Tarifa, 1997)

Índice de Absorvicidade

Os diferentes materiais possuem capacidade diferente de ab-


sorção da radiação solar que chega à superfície terrestre. A radiação que
pode ser absorvida é indicada por uma fração tendo como incide máximo
1 representado por um corpo negro. Já um material branco, por exemplo,
a neve, não absorve quase nada o índice de absorção será baixo.
Este mesmo índice, pode ser usado para compreender a ca-
pacidade do material em emitir energia radiante, pois segundo o físico

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Kirchhoff: a absorvicidade de um material é igual a sua emissividade
para um mesmo comprimento de onda e uma mesma temperatura.

Índice de Reflexividade

O contrário da absorção é a reflexão. O coeficiente de reflexão


é denominado albedo (radiação visível refletida). Este índice indica a
proporção de reflexão da energia solar pela superfície, o que varia con-
forme o comprimento de onda, o ângulo dos raios incidentes e a natu-
reza da superfície refletora. Exemplos: a neve 75%, areia 25%, campo
cultivado 20- 25%; nuvens mais de 60% . (Tarifa, 1997)
Este índice é importante, por exemplo, para medir a reflexão dife-
renciada por cobertura vegetal, ou diferentes formas de ocupação do solo.
Ao penetrar na atmosfera a energia solar aquece o ar, parti-
cularmente o vapor d´água, mas a maior parte da energia alcança a
29
superfície da terra, aquecendo-a também. Essa superfície não é plana
nem homogênea, pois os solos, as rochas e as plantas absorvem dife-
rentemente essa energia. Uma parte dela é convertida em calor, que é
reemitido para a atmosfera. (Conti, J. B.; Furlan, S. A.,1998)
Os oceanos e outros ambientes aquáticos absorvem maior
parte da energia que chega à superfície. A produção de calor na água,
no entanto, atinge somente as camadas superficiais. As florestas, com-
paradas ao solo nu, também absorvem muita energia e emitem menos
calor. (Conti, J. B.; Furlan, S. A., op. cit.)
O papel das florestas na determinação do clima foi durante mui-
to tempo bastante menosprezado pelos estudos geográficos, que res-
tringiram a importância das florestas somente ano nível local. Entretanto,
este quadro está mudando, devido ao agravamento da situação climática
no globo e dos alertas de um ambientalismo com bases científicas.
O próximo típico irá exemplificar melhor os processos pelos
quais as florestas devem ser consideradas um fator climático.
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AS FLORESTAS E O CLIMA

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Segundo Primavesi, (1997, p. 22) “Antigamente as florestas ocu-
pavam cerca de 60% a 80% da superfície da terra, desde bosques ralos até
florestas impenetráveis. A floresta sempre foi abrigo de inúmeros animais,
continham a fonte de alimento do homem para a caça e de outros seres vi-
vos. Hoje as florestas quase desapareceram, e muitas vezes não era para
dar lugar à agricultura, derrubava-se indiscrimadamente áreas de encosta
de montanha, planícies arenosas ou terrenos rochosos inutilizáveis.”
A derrubada da floresta abre caminho para ação dos ventos,
algumas vezes, esse se torna tão insistente e secador, que impede pra-
ticamente a agricultura e qualquer reflorestamento. A exposição dos so-
los aos efeitos erosivos, acabam destruindo a fertilidade dos solos, que
são lixiviados pelas chuvas o que impede a fixação das sementes.
As florestas nos trópicos úmidos são excelentes termostatos. Se-
gundo Primavesi (1997, p. 22), “até 1500 m de altura a temperatura sobre a
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floresta é menor, e dentro da selva as flutuações de temperatura são míni-
mas, mais ou menos 10° C. também a incidência do vento na Hiléia Amazô-
nica é zero. Mas embora não influa no macroclima, ela influi intensamente
no estado higrométrico que produz em determinadas superfície, provocando
neblina, orvalho e chuvas locais. E como impede a livre circulação do vento,
evita o dessecamento regional. O vento leva a umidade e o gás carbônico,
fazendo diminuir consideravelmente o crescimento das culturas. E como as
árvores não somente impedem um excesso de insolação, mas igualmente
a irradiação do solo, de dia é mais fresco embaixo delas e a noite é mais
quente. Nos países de clima temperado usam-se renques de árvores como
“filtro de ar”, uma vez que o ar frio possui tendência de correr para baixo nas
ladeiras. Ao passar pelo renque de arvores, aquece-se 1° a 3° C podendo
isso ser decisivo para evitar uma geada nas partes inferiores da encosta.
As florestas têm grande importância na regulação das águas,
tanto de chuvas como também na manutenção do nível freático dos rios
e das nascentes. Enquanto existiam florestas em abundância o clima tro-
pical era regular, chovia-se mais frequentemente e com menos violência.
Havia uma época definida para começar e encerrar as chuvas, atualmen-
te já não há mais datas definidas. Na floresta amazônica nunca houve
enchentes, entretanto com a derrubada da mata elas passaram a ocorrer.
As florestas de montanha contribuem para a infiltração das
águas, garantindo a perenidade das fontes, riachos, e rios. As árvores
protegem o solo das regiões de captação de águas. Sem as florestas os
ventos secam a paisagem, as chuvas causam inundações, pois o solo
deixa de ser permeável sem cobertura vegetal e, portanto, as águas não
abastecem mais os rios e fontes (Primavesi, op. cit.).
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O fato de existir uma ligação entre as florestas e a regulação


das águas, fenômenos de absorção de radiação solar, deve-se atribuir a
ela um papel importante na manutenção e regulação do clima.
Ainda segundo Primavesi (1997, p. 28) “Desde que derruba-
ram entre 12 e 14% da mata amazônica, descobriu-se que sua vocação
não era para pastagens. Mas, a chuva nos Andes diminuiu em 40%. E
como eram parcas, mais ou menos 300 mm/ano, a situação começou a
se tornar crítica”.
Para compreender a diferenciação do clima na escala mais
ampla, serão destacados outros aspectos globais de determinação dos
tipos de tempo.

Latitude e Movimento da Terra

Segundo as observações de Conti,J.B.; Furlan,S.A. (1998),


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inicialmente é importante compreender a divisão dos hemisférios em
latitudes:
0° - 30°C – baixas latitudes
30°C – 60°C – médias latitudes
60°C – 90°C – altas latitudes
A influência da latitude na temperatura é muito importante e de-
corre principalmente das diferentes quantidades de calor solar recebido. A
maior incidência de energia sobre uma superfície ocorre quando os raios
luminosos estão em posição perpendicular à mesma. No equador e nos
trópicos (nos solstícios de verão), os raios luminosos atingem esta posição.
Quando isso ocorre, a camada de ar que está entre o sol e a superfície é
menor nessas regiões, ou seja, os raios solares percorrem uma distância
menor, portanto as perdas de energia são menores. Esse fato explica por-
que as temperaturas nos trópicos são mais altas do que nos pólos.
Nas regiões tropicais de intensa nebulosidade, a média térmica
tende a diminuir. Portanto, embora a região do equador receba doze
horas de luz por dia durante o ano, segundo Conti,J.B.; Furlan, S.A.
(1998), a luz que atinge diretamente a vegetação é bem menor do que
nas regiões subtropicais, onde há menor cobertura de nuvens.
A dinâmica atmosférica das baixas latitudes é controlada pela
ZCIT, pelo “Doldrum” e pelas altas pressões tropicais. A Zona de Con-
vergência Intertropical, é a área do globo que recebe maior incidência
de sol, e região para onde convergem os ventos alísios originados na
rotação da terra para oeste. Nesta faixa está a área de formação do
“doldrum” que corresponde às áreas de máxima pluviosidade do globo,
devido à umidade original da região, planícies cobertas de rios, flores-

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tas, sujeita a influencia oceânica, e intensa formação de nuvens. É
nesta latitude, no continente Asiático que ocorre também o clima de
monção, marcado por mudanças sazonais muito pronunciadas determi-
nando o forte contraste entre a estação seca e chuvosa.

Fonte: http://www.master.iag.usp.br/ensino/Sinotica , 2007.


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A região dos pólos, altas latitudes contam com temperaturas
médias bastante baixas, assim como o nível de pluviosidade. Há uma
alternância entre um inverno bastante rigoroso de massas frias polares
e grandes turbulências atmosféricas, e um verão curto. O recorde de frio
nesta região foi registrado em Vostok na Antártida no dia 24 de agosto
de 1960, cerca de 88,3 °C negativo. No verão a temperatura média che-
ga a 10 °C onde predomina a vegetação de coníferas. Em áreas onde a
temperatura é mais baixa, há predomínio da vegetação conhecida como
tundra, onde ocorre o solo conhecido como permafrost.
Nas latitudes médias o clima é influenciado pelas massas frias
polares e massas quentes equatoriais e tropicais. Esta região possui as
quatro estações do ano bem caracterizadas. As médias de temperatura
oscilam entre 10°C e 20° C.

Rotação da Terra

Outro fator importante que interagem na formação de fluxos de


ar é o movimento de rotação da terra de oeste. Segundo o astrônomo
inglês Halley este movimento dá origem a chamada força de Coriolis,
que determina a trajetória dos ventos alíseos de nordeste no hemisfério
norte e de Sudeste no hemisfério Sul. A velocidade de rotação em torno
da vertical é máxima nos pólos e nula no equador. Cada ponto da terra
tem portanto seu turbilhão local, que é proporcional ao seno da latitude.
(Conti, J.B.; Furlan, S.A.,1997)
Antes de compreender o funcionamento das massas de ar e
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frentes, é importante compreender a relação entre a latitude e a pressão


atmosférica na formação de diferentes fenômenos climáticos.

A Pressão Atmosférica

Fonte: http://web.rcts.pt/~pr1085/index.html,2007.
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A pressão atmosférica é a força por unidade de área, exercida
pelo ar contra uma superfície. Se a força exercida pelo ar aumenta num
determinado ponto, a pressão também aumentará neste ponto. A pres-
são atmosférica é medida através de um equipamento conhecido como
barômetro. As unidades de medida utilizadas são: polegadas ou milí-
metros de mercúrio, kilopascal, atmosfera, milibar (mb) e hectopascal
(hPa), sendo os dois últimos mais usados entre os cientistas.
A Terra atrai as moléculas dos gases constituintes da atmosfera.
O peso do ar exerce pressão sobre todos os corpos à superfície da Terra.

Fatores que Influenciam a Pressão Atmosférica:

• Altitude – a pressão atmosférica diminui à medida que a alti-


tude aumenta. Com o aumento da altitude, o ar torna-se mais rarefeito
exercendo uma menor pressão, há também uma menor quantidade de
atmosfera por cima.
• Latitude – Na figura pode observar-se a existência de faixas
de pressão à superfície terrestre.

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Fonte: http://web.rcts.pt/~pr1085/index.html,2007.

As altas pressões polares são anticiclones de origem térmica.


Nas regiões polares, o Sol incide mais obliquamente, fazendo com que
a intensidade das radiações solares sejam menores, originando um me-
nor aquecimento do solo. O ar em contacto com o solo muito frio tem um
intenso arrefecimento contraindo-se, e a pressão por ele exercida, au-
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menta. Estes anticiclones formam-se sobre os continentes, nas regiões
frias como a Sibéria, a Escandinávia, o Canadá e a Finlândia.
As baixas pressões equatoriais são depressões barométricas
de origem térmica e dinâmica. O Sol nestas regiões incide mais perpen-
dicularmente, fazendo com que a intensidade das radiações solares
seja maior, originando um maior aquecimento do solo. O ar em contacto
com o solo tem um grande aquecimento, o que o torna menos denso e,
associado à convergência dos ventos, sobe na atmosfera.
As altas pressões subtropicais são anticiclones de origem di-
nâmica que resultam de um movimento descendente do ar que, tendo
subido nas regiões equatoriais, arrefeceu e ficou mais denso, e vai des-
cer nas regiões tropicais. Localizam-se a uma latitude aproximada de
30º Norte ou Sul.
As baixas pressões das regiões temperadas ou subpolares
são depressões barométricas de origem térmica que têm origem no
aquecimento do ar em contacto com superfícies quentes. O ar frio e
denso proveniente dos pólos, à medida que se desloca para latitudes
inferiores aquece, torna-se menos denso e sobe na atmosfera. Estes
centros de ação formam-se sobre os continentes durante o Verão e so-
bre os oceanos durante o Inverno e localizam-se a uma latitude aproxi-
mada de 60º Norte ou Sul.
Temperatura – Quando a temperatura do ar aumenta, a pressão
atmosférica diminui. Com o aumento de temperatura, as moléculas de
um dado volume de ar agitam-se cada vez mais, distanciando-se uns dos
outros, tornando o ar menos denso, exercendo assim menor pressão.
Umidade – um aumento da umidade absoluta faz diminuir a
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pressão atmosférica.

Centros de Alta e Baixa Pressão

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A pressão do ar é um dos fatores determinantes das condições
do tempo. A figura abaixo ilustra um sistema de baixa e um sistema de
alta pressão. Centros de altas pressões ou anticiclones (A) – partes
da atmosfera em que os valores da pressão crescem da periferia para
o centro. Nestes centros, o ar tende descer próximo do centro de alta
pressão, onde são encontrados os maiores valores de pressão. Os
ventos giram no sentido dos ponteiros do relógio (no Hemisfério Norte,
no hemisfério sul gira no sentido anti-horário). Normalmente o tempo é
estável, a formação de nuvens e chuvas são inibidas nesses sistemas.
Centros de baixas pressões, depressões ou ciclones (B) – par-
tes da atmosfera em que os valores da pressão crescem do centro para
a periferia. Nestes centros, o ar tende subir próximo do centro de baixa
pressão. Os ventos giram no sentido contrário ao dos ponteiros do
relógio (no Hemisfério Norte, no Hemisfério Sul gira no sentido horário)
ao redor de seu centro. Normalmente o tempo é instável, nele ocorre a
formação de tempestade e os ventos são mais intensos.
De um modo geral:
• A subida gradual da Pressão atmosférica permite prever tem-
po bom e seco.
• Uma descida nos valores da Pressão atmosférica anuncia
tempo úmido e chuva.
• Um aumento lento e contínuo da pressão atmosférica, acom-
panhado de uma melhoria progressiva do estado do tempo, deixa pre-
ver um período de bom tempo relativamente prolongado (ter em conta a
possível formação de nevoeiros no Inverno).
• Se estiver tempo bom e a pressão atmosférica elevada (pelo

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menos 1020 hPa) e se o barômetro não oscilar significativamente em
torno dessa valor, não haverá mudança de tempo.
• A chegada de nuvens de tipo cúmulos (carneirinho) e uma
queda acentuada da pressão atmosférica, muitas vezes acompanhada
de rajadas de vento, anunciam geralmente aguaceiros com certa violên-
cia, e mesmo tempestades.
• Se a chegada de ar frio se conjuga com um aumento excep-
cionalmente rápido da pressão atmosférica, então a melhoria do estado
do tempo será apenas de curta duração.
• Se as nuvens passam à baixa altitude, podemos dizer que a
chuva está eminente.

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A INFLUÊNCIA OCEÂNICA E DAS
ÁGUAS NO CLIMA
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O oceano recobre 70,8% do planeta, e da biosfera interagindo


com a massa atmosférica e outros componentes do quadro natural sen-
do de relevante influencia no clima, principalmente pelo mecanismo de
aquecimento diferencial, que será explicado a seguir.
Segundo Tarifa (1997), os oceanos são menos frios no inver-
no, particularmente nas médias latitudes. Em outras palavras, os mares
e as regiões litorâneas sob sua influencia direta são mais frescos no
verão e ligeiramente mais quentes no inverno em relação às áreas situ-
adas mais para o interior. Em escala menor este fenômeno se verifica
nas margens de lagos de grandes dimensões, como, por exemplo, os
grandes lagos Americanos. Esta inércia térmica da água tem um papel
regulador sobre os climas oceânicos e é explicada por três razões:
1. A água tem um calor específico bem superior ao da terra, para
elevar um certo valor da temperatura de duas massas idênticas de terra
3838
e de água, é necessário fornecer mais calor a água do que a terra, ou se
o calor for o mesmo será necessário um tempo mais longo para aquecer
a água do que a terra. O resfriamento da água também será mais lento.
2. As ondas, as correntes e os movimentos de convecção per-
mitem aos oceanos armazenar, uma grande quantidade de calor numa
espessura considerável. A energia solar na água, ao contrário da terra,
só se propaga por condução, e só atinge pequenas profundidades.
3. Os poderosos mecanismos de evaporação e de condensação
que atuam na superfície dos oceanos implicam numa transferência de
energia do mar para o ar, ao mesmo tempo, que esta se torna mais tímida
e mais “opaca”, às radiações de ondas longas provenientes do Sol.
Por essas razões a amplitude térmica anual (diferença entre
o verão e o inverno) é mais acentuada em regiões distantes do mar. A
amplitude térmica anual varia também com a latitude, sendo muito fraca
nas zonas equatoriais e mais pronunciadas nas altas e médias latitudes,
principalmente pela variação entre a duração do dia e da noite, fato pro-
vocado pela inclinação do eixo da terra em direção ao plano da Elíptica
(do qual decorre as estações do ano).

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MASSAS DE AR E AS FRENTES
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Os movimentos de ar, massas de ar e ventos resultam da dis-


tribuição desigual de energia solar na atmosfera terrestre, resultado de
sua curvatura. A diferença de temperatura exerce uma função muito
importante na formação de áreas de baixa e alta pressão atmosférica e,
consequentemente, no movimento das massas de ar e dos ventos, pois
os deslocamentos do ar ocorrem de uma área de alta pressão (fria) para
uma área de baixa pressão (quente).
O ar aquecido das zonas de baixas latitudes próximas ao equador
se expande, torna-se leve e sobe (ascende), criando uma área de baixa
pressão ou ciclonal. O ar mais frio e denso das áreas de médias e altas
latitudes, desce, fazendo surgir uma área de alta pressão. Nas baixas la-
titudes a ZCIT (Zona de Convergência Intertropical, próximo ao equador)
corresponde a área de baixa pressão entre as latitudes de 25° e 35°, faixa
onde ocorre os anticiclones subtropicais e encontro dos ventos alísios.
4040
Figura: ZCIT, Fonte:http://www.master.iag.usp.br/ensino/Sinotica/AULA15/
AULA15.HTML, 2007.

As massas de ar apresentam horizontalmente características fí-


sicas mais ou menos uniformes (temperatura e umidade). Formam-se em
grandes zonas planas onde o ar pode estar suficientemente tempo parado
para tomar as características físicas próprias da superfície em baixo dele.

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Podem ter vários quilômetros de espessura. Conforme a zona em que se
desenvolvem são classificadas como equatoriais (quentes e muito úmidas),
tropicais (quentes) e polares (frias) ou massas de ar marítimas (geralmente
muito úmidas) e massas de ar continentais (geralmente secas).
Uma vez que as massas apresentam uma tendência para igua-
lar a pressão, estabelece-se, assim, uma dinâmica atmosférica, ou seja,
uma circulação geral de ar quente entre os trópicos e os pólos, passan-
do pelas zonas de médias latitudes.
Quando uma massa de ar se desloca sobre uma superfície
mais fria do que ela, é chamada uma massa de ar quente. Se a superfí-
cie está mais quente do que ela, é chamada uma massa de ar frio.
As massas de ar frias são mais instáveis, apresentam boa vi-
sibilidade e permitem a formação de trovoadas e de nuvens cumulifor-
mes. As massas de ar quentes são mais estáveis e estão associadas
a uma visibilidade mais restrita favorecendo a formação de neblinas e
nevoeiros e nuvens do tipo estratificado.
41
As áreas frias ou de alta pressão, como as polares, e as subtro-
picais ou de latitudes médias são dispersoras de massas de ar e ventos, e
recebem o nome de áreas anticiclonais; as quentes ou de baixa pressão at-
mosférica (de baixa latitude), como as equatoriais, são receptoras de mas-
sas de ar e ventos e são chamadas de áreas ciclonais. (Wikipédia,2007)
As massas de ar são veículos da transferência de calor na atmos-
fera através do globo. Quando uma massa de ar se desloca, a sua parte
dianteira passa a ser conhecida por frente. A massa de ar em deslocamen-
to vai-se modificando, porque encontra condições de superfície diferentes,
e o seu movimento provoca variações de pressão. As massas de ar aca-
bam por chocar umas com as outras, normalmente nas latitudes médias,
produzindo a maioria dos fenômenos meteorológicos mais interessantes.
O ar de um lado da frente sopra tipicamente numa direcção
diferente da outro lado o que faz com que o ar convirja (embata um no
outro) ou se empilhe na zona da superfície frontal. Como o ar tem que
ir para algum lado, acaba por subir e o vapor de água condensa. Se há
umidade suficiente (quantidade de vapor de água) no ar, há uma proba-
bilidade de que as gotas aumentem de tamanho e acabem precipitando,
caindo no solo sob a forma de chuva.
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42
O chamado sistema frontal é composto, de um modo geral, por
uma frente fria, o uma frente quente que a antecede. As frentes oclusas
surgem quando a frente fria, movendo-se mais depressa, ultrapassa a
frente quente e ambas se encontram à superfície, na fase final do siste-
ma. (Wikipédia, 2007)
Frente fria é a borda dianteira de uma massa de ar frio, em
movimento ou estacionária. Em geral a massa de ar frio apresenta-se
na atmosfera como um domo de ar frio sobre a superfície. O ar frio, rela-
tivamente denso, introduz-se abaixo do ar mais quente e menos denso,
provocando uma queda rápida de temperatura junto ao solo, seguin-
do-se tempestades e também trovoadas. A chuva para abruptamente
após a passagem da frente. As frentes frias chegam a deslocar-se a 64
Km/h. Uma frente fria é uma zona de transição onde uma massa de ar
frio (polar, movendo-se para o equador) está a substituir uma massa de
ar mais quente e úmido (tropical, movendo-se para o pólo).

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Fonte: Wikipédia, 2007

As frentes são prenunciadas por ventos de noroeste no hemis-


fério norte e suldoeste no hemifério sul. As frentes frias se movem rapida-
mente e podem baixar a temperatura do ar na primeira hora cerca de 5 °C.
O ar frio eleva o ar quente à sua frente e este vai arrefecendo à
medida que é obrigado a subir. Desde que seja suficientemente úmido,
o ar quente condensa formando cumulus e depois cumulonimbus, que
produzem uma frente de trovoadas e cargas de água fortes com rajadas.
Os ventos altos soprando nos cristais de gelo no topo dos
cumulonimbus geram cirrus e cirrostratus que anunciam a frente que se
aproxima. Depois de a frente passar, o céu acaba por clarear aparecen-
do alguns cumulus de bom tempo (cumulus humilis). Ocorre também
uma considerável queda na temperatura do ar, uma vez que a massa
43
de ar frio passa então a dominar a dinâmica atmosférica desta região.
Se o ar que se eleva é quente e estável, as nuvens predomi-
nantes são stratus e nimbostratus, podendo-se formar nevoeiro na área
de chuva. Se o ar for seco e estável, o teor de umidade no ar aumentará
e aparecerão somente nuvens esparsas, sem precipitação.
Frente quente é a parte dianteira de uma massa de ar quente
em movimento. O ar frio é relativamente denso e o ar quente tende a
dominá-lo, produzindo uma larga faixa de nuvens e uma chuva fraca e
persistente e às vezes nevoeiro esparso.

Figura: Nuvens associadas a frentes quentes

Fonte: Wikipédia, 2007.

As frentes quentes tendem a deslocar-se lentamente e podem ser


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facilmente alcançadas por frentes frias, formando frentes oclusas. Quando


uma frente deixa de se mover, designa-se por frente estacionária. Uma
frente quente é uma zona de transição onde uma massa de ar quente e
úmido que está para substituir uma massa de ar fria. As frentes quentes
deslocam-se do equador para os pólos. Como o ar quente é menos denso
que o ar frio, a massa de ar quente sobe por cima da massa de ar mais frio
e geralmente ocorre precipitação. Muitas vezes, uma camada de nuvens fi-
nas (cirrus) é observada a mais de 1000 km à frente da superfície da frente
quente (umas 48 horas antes dela chegar a esse local). Depois surgem cir-
rostratus e altostratus. A uns 300 km antes da frente surgem então stratus e
nimbostratus e eventualmente começará a cair uma chuva leve. Depois da
frente passar, observam-se nuvens do tipo cumulus de bom tempo.
A temperatura eleva-se já ligeiramente antes da chegada da
frente quente, porque as nuvens aumentam localmente o "efeito de es-
tufa" na atmosfera, absorvendo radiação da superfície terrestre e emi-
tindo radiação de volta à superfície.
44
AS PRINCIPAIS MASSAS DE AR
ATUANTES NA AMÉRICA DO SUL

O CLIMA: A ATMOSFERA E A VIDA TERRESTRE - GRUPO PROMINAS


Conhecendo a dinâmica das áreas de baixa pressão e alta pres-
são torna-se mais facil compreender os sitemas atmosféricos atuantes em
nosso continente e como eles colaboram na formação dos tipos de tempo.
Dependendo da estação do ano, as massas avançam para o
território brasileiro ou dele recuam. O avanço ou recuo dessas é que irá
determinar o clima, associado com os fatores do relevo e umidade local.
A palavra massa de ar pode ser substituída por “sistemas e
subsistemas atmosféricos” e permitem análise em unidades menores,
como os sistemas frontais, ou de descontinuidades ou perturbações
presentes nesses sistemas.
As características das formas de relevo da América do Sul fo-
mentam um número reduzido de massas de ar continentais. Apenas a
planície amazônica, em caráter mais definido e permanente e o setor
central da planície platina – o Chaco funciona como fontes restritas de
4545
massas de ar. As massas de ar marítimas sobrepõem-se interferindo
muito mais no continente, principalmente na vertente atlântica, já que na
vertente do pacífico as interferências são barradas pela cordilheira dos
Andes. (Monteiro, C.A.F. 1963)
A classificação das massas de ar baseia-se nas diferenças de
temperatura (polar ou tropical) e umidade (continental ou marítima); os
perfis verticais dessas variáveis indicam o processo de formação da
massa de ar;

Polar Atlântica

• Participa na circulação regional principalmente durante o


inverno. A orientação meridiana da Cordilheira andina divide essa em
duas massas: a Pa (Polar atlântica) e a Pp (Polar pacífica).
• Forma-se sobre áreas oceânicas em latitudes altas como
transformação da polar continental
• Fria, úmida, instável e profunda (estende-se através da tro-
posfera)
• Penetram no continente sul-americano pelo oeste ou pelo sul/
sudoeste
• Mantém interferência no Brasil meridional durante todo o ano.
Sobre outras regiões é mais expressiva no inverno.
• É representada na classificação internacional de Bergeson
como mP, e quando sua trajetória é no continente utiliza-se cP.
O CLIMA: A ATMOSFERA E A VIDA TERRESTRE - GRUPO PROMINAS

Massa Equatorial Continental (Ec)

• Origina-se na planície amazônica.


• É uma célula divergente dos alísios.
• Mantêm-se durante todo o ano na região amazônica
• Massa de ar quente e de umidade específica
• No verão austral (sul) é tende a avançar para noroeste ou su-
deste, sudeste de acordo com a posição da frente Polar Atlântica (Pa).

Massa Tropical Continental (Tc)

• Pouco frequente
• Restrita ao verão
• Ocorre pela influencia da Frente Polar Atlântica (Pa) na de-
pressão do Chaco.
46
• O ar seco e quente da planície ganha movimento divergente
ao ar frio.
• A mesma sinalização Tc em cartas sinóticas, em outras épo-
cas do ano, referem-se a Pa modificada, chamada também de “ Polar
velha”
• Localiza-se no corredor de planícies centrais do continente

Massa Tropical Atlântica (Ta ou Tm)

• Individualiza-se do anticiclone semifixo do Atlântico Sul


• Massa quente, úmida, estável graças ao sistema de alta pres-
são de emissão contra-horário daquele anticiclone.
• Grande poder de penetração para o interior do continente
• Atividade constante o ano inteiro na região Leste, Sul e Cen-
tro Oeste.
• Influencia oscila segundo latitude e alterações na fonte do
anticiclone.
• No verão se torna instável devido ao aquecimento basal em
contato com continente, e pelo efeito orográfico (contato com relevo
acentuado)
Monteiro, C.A.F. (1963), realiza a descrição mais usual do pro-
cesso, quase clássico de atuação das frentes de inverno no Brasil:
Durante o inverno, após o solstício, o anticiclone semifixo do
Atlântico avança para o leste do continente até altura do meridiano 55°,
seus avanços e recuos são regulados pelo sistema de depressões ao

O CLIMA: A ATMOSFERA E A VIDA TERRESTRE - GRUPO PROMINAS


longo da frente Polar Atlântica. O anticiclone do Pacífico, mais próximo
do continente entra em choque frequentemente, com o anticiclone mi-
gratório Polar, em seus avanços para o norte do continente, implicando
em atividade para frente polar Pacífica e reforço do anticiclone Polar.
Com o fortalecimento deste anticiclone há o avanço dele para o norte
provocando intensas ondas de frio no sul. E o fato do hemisfério norte
estar no verão, há um recuo da ZCIT para cima do equador.
A Massa Tropical Atlântica irá contrapor-se a Massa Polar Atlân-
tica, que age na região a partir do sul, deste encontro decorre fenôme-
nos frontológicos que regulam estados atmosféricos que se sucedem.
Na carta sinótica abaixo, pode-se notar áreas de alta pressão
representadas pela letra A, e a área de triângulos marcando o avanço
da frente fria no continente.

47
Fonte: Fuvest, s.d.

A atuação desses sistemas atmosféricos é um importante fa-


O CLIMA: A ATMOSFERA E A VIDA TERRESTRE - GRUPO PROMINAS

tor na diferenciação dos tipos de clima no Brasil, marcando diferenças


entre o domínio equatorial da região norte amazônica, o clima tropical
do centro oeste, nordeste sudeste, o semi-árido, as áreas serranas do
sudeste, e o domínio subtropical.

48
DOMÍNIOS CLIMÁTICOS DO BRASIL

O CLIMA: A ATMOSFERA E A VIDA TERRESTRE - GRUPO PROMINAS


Este capítulo foi elaborado como um resumo do trabalho de
Furlan, S. e Conti, J. B. (1998), este recorte didático inclui também al-
guns acréscimos a fim de contemplar às rápidas mudanças e avanços
nas pesquisas ambientais. Com objetivo de auxiliar a compreensão da
definição de clima no Brasil, segue o texto proposto.
O território brasileiro compreende uma área situada a partir de
5º16' de latitude norte a 33º45' de latitude sul, logo, predominando nas
baixas latitudes. Esta grande extensão tem uma pequena parcela acima
da linha do equador, que divide os dois hemisférios terrestres, mais ao
sul será atravessado pelo trópico de Capricórnio, que sinaliza o limite
meridional da declinação anual do Sol.
Por estar nesta faixa o país é marcado pelas características da
tropicalidade:
- temperaturas médias superiores a 18ºC e diferenças sazo-
4949
nais marcadas pelo regime de chuvas em 95% do território.
- desde limite o norte até o paralelo 20° de latitude sul possui a
amplitude térmica anual é inferior a 6°C.
- na faixa do Equador ao trópico de Capricórnio tem a circula-
ção atmosférica controlada pela ZCIT (Zona de Convergência Intertro-
pical), alísios e altas pressões subtropicais.
- o alto índice pluviométrico controla os regimes fluviais, em
quase todas as bacias hidrográficas, com exceção da Amazônica que é
controlada pelo degelo dos Andes.
Entretanto, há muitas diferenças que precisam ser destacadas,
fatores de escala local e regional que influenciam na determinação dos
tipos de climas.

O Domínio Equatorial

Na área mais próxima a linha do equador, predomina a influên-


cia de fatores zonais, como a ZCIT, a ação dos alísios e da baixa pres-
são equatoriais (doldrums). A massa equatorial continental (Ec), quente
e instável, exerce grande influência na Amazônia ocidental ao passo
que a massa equatorial marítima (Em) e a ZCIT afetam, com maior in-
tensidade, o médio e baixo Amazonas e o litoral.
Devido à permanência da célula de alta pressão (Ec) a Amazô-
nia Ocidental tem grande índice de pluviosidade. A cidade de ltaranquá,
situada à margem do rio Negro, na Amazônia ocidental, tem precipita-
ção anual média de 3496 mm. As médias térmicas estão acima de 24ºC
O CLIMA: A ATMOSFERA E A VIDA TERRESTRE - GRUPO PROMINAS

em toda a região, exceto o planalto das Guianas.


Por outro lado, há uma diagonal subúmida que se estende de
Roraima ao sul do Pará, chegando até Rondônia e parte do Acre, cujas
médias pluviométricas são menos elevadas, apresentando alternância
da estação seca e da chuvosa e caracterizando um clima equatorial
subúmido. Faz parte desta região cidades como Santarém, no médio
Amazonas, onde foi registrada uma média pluviométrica de 1973 mm.
No baixo Amazonas, os totais anuais de precipitação aumen-
tam em relação à região subúmida. Esta área possui um período de
estiagem de apenas dois meses, como resultado da ação da massa
equatorial marítima e da circulação de leste (alísios) ex: Belém, no baixo
curso, teve 2204 mm de precipitação.
A influência da massa polar atlântica, embora rara, pode ocor-
rer no trecho mais interiorizado, favorecido pelo "corredor" de terras
baixas do interior do continente (depressão do Paraguai), que canaliza
o ar frio de procedência meridional favorecendo a chegada do frio até
50
cidades do estado do Acre no extremo norte do país.

O Domínio Tropical

O restante da região Centro-Oeste, o Nordeste e o Sudeste


constituem o domínio do clima tropical, o qual, por sua vez, apresenta
variações segundo a atuação dos diversos sistemas atmosféricos e dos
fatores geográficos.
Praticamente em toda essa imensa área do espaço brasileiro
as temperaturas médias anuais estão acima de 18°C e há uma nítida
alternância entre estação seca e estação chuvosa. A época da estia-
gem, porém, não é a mesma. Na maior parte do Brasil central as chuvas
ocorrem de outubro a março, e a seca, de abril a setembro.
No Brasil central a dinâmica é controlada pela ZCIT, massa
equatorial continental (Ec), massa tropical marítima (Tm) e anticiclone mi-
gratório polar. É frequente, também, a presença das chamadas linhas de
instabilidade tropicais (IT), alongadas depressões que se movem de no-
roeste para sudeste, na vanguarda da frente polar atlântica (FPA), quase
sempre causadoras de tempestades e turbulências. É significativa, ainda,
a atuação da massa tropical continental (Tc), cuja área geográfica mais
importante é a depressão do Paraguai, onde determina longas estiagens.
O Pantanal mato-grossense localizado na depressão do Paraguai,
aparece com marcante individualidade, por se tratar de uma área de clima
muito quente, dominada pelas baixas pressões do centro do continente,
possui índice de pluviosidade relativamente modesto (inferior a 1 200 mm).

O CLIMA: A ATMOSFERA E A VIDA TERRESTRE - GRUPO PROMINAS


Em sua porção mais ocidental já se observam características próximas da
semi-aridez, denotando a transição para o domínio natural do Chaco.
A cidade de Corumbá, no estado de Mato Grosso do Sul, está
na divisa do Brasil com a Bolívia, a 145 m de altitude sobre o nível do
mar, apresentando uma média térmica de 14,6ºC e uma precipitação
anual de apenas 1121 mm.
O litoral oriental do Nordeste, bem como seu trecho setentrio-
nal, são climas atípicos quanto à distribuição anual das chuvas, apre-
sentando máximos entre março e agosto, no período de outono/inverno,
sendo determinado por fatores orogênicos (relevo) e a ação da massa
Tropical Atlântica (Ta).

A Mancha Semi-Árida

Área de escassa pluviosidade (inferior a 600 mm anuais) dentro


51
do domínio tropical, é conhecida como “sertão nordestino” abrange quase
1 milhão de km, desde os litorais dos Estados do Ceará e Rio Grande do
Norte até o médio São Francisco, prevalece o domínio da seca.
As chuvas, além de escassas, são irregulares, quando ocorre são
fenômenos turbulentos e torrenciais, em grandes quantidades concentra-
das em pouco tempo, provocando desequilíbrios ambientais. Em virtude de
se registrarem aí as médias térmicas mais altas do país (acima de 26ºC),
o déficit hídrico é severo e há alguns indícios de desertificação (exemplo,
região do Serindó, no Rio Grande do Norte; Raso da Catarina, na Bahia).
Na Bahia na região conhecida como Sertão de Canudos (margem direita
do rio São Francisco, próximo às cabeceiras do rio Vaza Barris), aparece
uma das mais extensas manchas áridas, com pluviosidade anual muito
reduzida. Exemplos: Cocorobó, 457 mm e Formosa, 403 mm.
A vegetação da caatinga (xerofítica) presente na região, retrata
este quadro de escassez hídrica. A paisagem é de solos pedregosos
sendo denominado pelos geólogos de “campos de inselbergs”. O do-
mínio do semi-árido não se apresenta, porém de forma homogênea,
exibindo grande diversidade de um ponto para outro.
O período da estiagem não é o mesmo em toda a região, em
virtude das diferenças na dinâmica atmosférica.
As causas da escassez de precipitação naquele ponto do ter-
ritório brasileiro são explicadas por diferentes hipóteses. Entretanto, a
mais aceita atualmente é de que seja causada pela influência oceânica
da temperatura da superfície do mar.
O CLIMA: A ATMOSFERA E A VIDA TERRESTRE - GRUPO PROMINAS

As águas do Atlântico equatorial são menos quentes ao sul do


52
equador não só em virtude do desequilíbrio térmico entre os dois hemis-
férios como também porque são alimentadas pela corrente fria proce-
dente da costa sul-africana, a corrente de Benguela. O giro anti-horário
(sentido anticiclônico) da massa oceânica do Atlântico sul transporta
essas águas para latitudes mais baixas, provocando redução da chuva
em toda a sua área de influência: costas da Namíbia, de Angola, arqui-
pélagos de Santa Helena, de Ascensão, de Fernando de Noronha e
Nordeste brasileiro, especialmente os litorais do Ceará e do Rio Grande
do Norte. A mancha semi-árida, que se estende por quase 10º de latitu-
de, seria um prolongamento dessa área de fraca pluviosidade que afe-
ta o Atlântico subtropical, fenômeno que na escala global não constitui
exceção, sendo também registrado no oceano Pacífico. Por exemplo, a
ilha de Malden, que apesar de estar situada em pleno Pacífico equato-
rial (4º lat. S), apresenta uma precipitação anual de apenas 730 mm e
as ilhas Galápagos (0º de latitude) recebem 367 mm.

O Domínio Subtropical

O trópico de Capricórnio, linha imaginária que marca o limite


meridional da declinação anual do Sol, sinaliza também o início da área
de clima subtropical. Naturalmente, as fronteiras climáticas são referên-
cias dinâmicas já que dependente de variações naturais.
O Brasil subtropical começa numa faixa de latitude corresponden-
te à posição dos Estados de São Paulo e Paraná, a partir da qual há o do-
mínio da massa polar Atlântica e dos sistemas atmosféricos extratropicais.

O CLIMA: A ATMOSFERA E A VIDA TERRESTRE - GRUPO PROMINAS


Do ponto de vista da dinâmica atmosférica, o Brasil meridional apresenta
características que o aproximam das latitudes médias. Apesar disso, os
sistemas intertropicais também se fazem presentes no Sul do Brasil.
A massa tropical atlântica atua com vigor ao longo da costa,
especialmente ao norte da desembocadura do rio Itajaí em Santa Cata-
rina, intensificando a precipitação nas encostas voltadas para o oceano.
A massa equatorial continental (úmida), a tropical continental (seca) e
as linhas de instabilidade tropicais (designadas pelas letras IT) exercem
uma ação periférica, restringindo-se ao setor oeste e ao norte.
O anticiclone migratório polar, com sua linha de descontinuida-
de frontal (frente polar), afeta com regularidade a região, principalmente
durante o outono e o inverno, seguindo várias trajetórias. Sua atuação
pode provocar formação de geadas e quedas de neve que podem com-
prometer as safras agrícolas quando ocorrem em momentos inoportu-
nos. As nevascas atuam principalmente no planalto catarinense e com
relativa frequência, sobre a serra gaúchas. As cidades mais conhecidas
53
por este fenômeno são: São Joaquim e Friburgo em Santa Catarina e
Caxias do Sul, Gramado e Canela no Rio Grande do Sul.
O CLIMA: A ATMOSFERA E A VIDA TERRESTRE - GRUPO PROMINAS

Fonte: Ross, 1998.

As médias térmicas no Sul do Brasil caracterizam-se por apre-


sentar valores anuais geralmente inferiores a 18ºC, com variações de-
terminadas pela altitude e distância do mar. A amplitude térmica atual é
mais acentuada que no restante do país, aproximando-a, também nes-
se particular, das médias latitudes.
As precipitações são superiores a 1250 mm e distribuem-se com
relativa uniformidade ao longo do ano. A cidade de Curitiba no Paraná,
por exemplo, possui temperatura média de 16,5° C está situada a 947 de
altitude com média de precipitação de1412 mm. Já na cidade de Alegrete
a 104 m de altitude do nível do mar, a média da temperatura é de 18,6°C
e a média de precipitação chega a 2610 mm. Apesar de não se definir
uma estação seca, as máximas tendem a se situar em dezembro/janeiro
no norte da região, passando para junho/julho no extremo sul.
Nas planícies do Rio Grande do Sul verificam-se ocasionalmente
54
a ocorrência de "tornados", violentos movimentos turbilhonares com alguns
metros de diâmetro, havendo convergência do ar seguida de ascensão em
forma de funil. Verificam-se, preferencialmente, nos meses de primavera e
resultam de súbitas e acentuadas baixas de pressão. Manifestam-se por
ventos com velocidade acima de 100 km/h, causando grandes estragos.

As Áreas Serranas do Sudeste

Dentro do domínio tropical, outra área que aparece com mar-


cante individualidade são os planaltos e serras do Sudeste. Abrangem
o sul de Minas Gerais e do Espírito Santo e partes dos Estados de São
Paulo e Rio de Janeiro, onde altitudes acima de 1000 m determinam
condições especiais de clima. Trata-se de um clima azonal, que não
pode ser explicado em virtude da latitude. É o chamado clima tropical de
altitude, no qual as temperaturas médias anuais caem para menos de
18ºC e a pluviosidade se acentua, sobretudo nas encostas litorâneas,
em posição de barlavento (face que está na frente ao vento).
Os diferentes climas azonais do globo dependem dos níveis de
altitude e sua incidência coincide com as grandes cadeias de montanhas:
Andes, Montanhas Rochosas, Alpes, Cáucaso, Himalaia etc. Além de mais
frios, concentram maior umidade em relação às regiões baixas adjacentes.
Os maciços montanhosos exibem grande variedade de micro-
climas, pois em virtude das diferentes exposições das vertentes, muda-
-se a insolação e a ação dos ventos dominantes. As características pai-
sagísticas refletem esses contrastes. As que estão expostas aos ventos

O CLIMA: A ATMOSFERA E A VIDA TERRESTRE - GRUPO PROMINAS


úmidos (vertentes a barlavento) são chuvosas e recobertas por florestas
exuberantes, ao passo que as que se encontram em situação inversa
(vertentes a sotavento) são mais secas e apresentam cobertura vegetal
menos exuberante. Em nosso país, apesar da pouca expressividade
das altitudes do relevo, a Mata Atlântica, que recobre a serra do Mar, é
um bom exemplo de floresta de encosta a barlavento.
Nas áreas de relevo muito dessecado, os fundos de vale estão
sujeitos a freqentes episódios de inversão térmica em virtude da ação
do vento de montanha, denominado catabático, que transporta o ar frio
para as partes mais baixas. Em áreas industrializadas, a inversão tér-
mica concorre para agravar a poluição atmosférica em virtude da ação
de bloqueio que exerce sobre os mecanismos de dispersão dos gases
com micropartículas.
O clima nas áreas serranas do sudeste é em grande parte, contro-
lado pela ação da massa tropical marítima (Tm) e é afetada, ocasionalmen-
te, pela: equatorial marítima (Em), oscilações da ZCIT e linhas de instabi-
55
lidade tropicais (IT). Porém, são as massas polares (MP), dinamizadoras
da frente polar atlântica (FPA), as principais responsáveis por seu regime
pluviométrico, caracterizado pela concentração das chuvas no verão.
Durante a estação fria, as massas polares chegam até aí reforça-
das pelo ar polar do pacífico, através de uma trajetória predominantemente
continental, sendo, portanto, menos úmidas e mais estáveis. No verão, ao
contrário, são desviadas para o litoral, na altura do estuário do rio da Prata,
em virtude do grande aquecimento do continente e vão atingir, frequente-
mente, as áreas serranas do Sudeste, onde provocam intensas precipi-
tações. Muitas vezes permanecem aí semi-estacionadas, em virtude da
resistência oferecida pela massa tropical atlântica, e são responsáveis por
chuvas continuadas que desencadeiam grandes transtornos: enchentes,
deslizamentos de encostas e destruições de áreas habitadas.
As médias pluviométricas mais elevadas aparecem no trecho pau-
lista da serra do Mar próximo à cidade de Bertioga, onde se assinala 4000
mm de índice médio de pluviosidade. Esse valor só é comparável ao das
áreas mais chuvosas do globo, como, por exemplo, a Ásia das monções.
A altitude proporciona boas condições de salubridade e aí se
situam conhecidas estações de saúde, como Campos de Jordão-SP
situada a 1600m de altitude com temperatura média de 13,6 C e preci-
pitação de 1.563 mm, Poços de Caldas-SP cerca de 1200 m de altitude
com precipitação de 1745 mm e média térmica de 17,5 C; entre outras.
O CLIMA: A ATMOSFERA E A VIDA TERRESTRE - GRUPO PROMINAS

56
MUDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL
E DESIQUILÍBRIO AMBIENTAL

O CLIMA: A ATMOSFERA E A VIDA TERRESTRE - GRUPO PROMINAS


O clima é regulado pela dinâmica atmosférica, a qual obedece
a modelos clássicos conhecidos. Fatores como a latitude ou a estação
do ano determinam os fluxos zonais (direção leste-oeste) e nos meridia-
nos (norte-sul); ambos, por sua vez, são impulsionados pelos grandes
anticiclones estacionários.
Uma mudança significativa do clima supõe, portanto, variação
nesse arcabouço global.
Analisando as grandes mudanças climáticas no tempo geoló-
gico, especialistas atribuem as causas das alterações na circulação at-
mosférica a fatores externos ao sistema climático, como, por exemplo,
nas flutuações no fluxo de energia solar, em decorrência de fenômenos
planetários ou de perturbações na órbita da Terra. Entretanto, também
se constata causas em fonte internas do sistema climático. Nesta ca-
tegoria estão as mudanças atuais provocadas pela ação humana que
5757
interfere nos padrões de absorção de energia pela atmosfera.
Segundo relatórios do IPCC, Painel Intergovernamental sobre
as mudanças Climáticas, estabelecido pela ONU e pela Organização
Mundial de Meteorologia, em 1988 com objetivo e pesquisar o aqueci-
mento global e seu impacto, os países terão que adotar medidas para
eliminar ou pelo menos diminuir os danos ambientais provocados pelas
ações humanas para evitar grandes catástrofes ambientais. Este grupo,
integrado por importantes cientistas do mundo inteiro já lançou diversos
relatórios e publicará em 2007 o seu quarto número (Davis, 2007). De-
vido à confiabilidade de suas projeções e dados, desde que lançou seu
primeiro relatório, tornou-se uma grande polêmica mundial, despertando
grande parte da sociedade para a necessidade de mudanças urgentes
no padrão de desenvolvimento e da efetivação de acordos internacionais
para resolução dos problemas que estão afetando todo o globo.

Compreendendo o Aquecimento Global

A atmosfera atual tem uma concentração de gases que é man-


tida pelas atividades biológicas na biosfera. Essa inter-relação se dá em
diferentes escalas. Uma floresta tropical e um campo, ou a superfície dos
oceanos, por exemplo, produzem e consomem volumes diferentes de O² e
CO² no processo da fotossíntese. Outro exemplo da inter-relação do clima
com a biosfera refere-se à quantidade de energia absorvida e devolvida à
atmosfera. Um ecossistema com uma quantidade elevada de matéria orgâ-
nica (biomassa), como uma floresta tropical, absorve grandes quantidades
O CLIMA: A ATMOSFERA E A VIDA TERRESTRE - GRUPO PROMINAS

de energia e devolve à atmosfera, sob a forma de calor, uma quantidade


dessa energia menor do que a devolvida por um deserto (Conti, J. B., et.
al., 1998). Logo, pode-se afirmar que as alterações humanas provocadas
na superfície terrestre pelas práticas agrícolas, desmatamento, urbaniza-
ção afetam significativamente as trocas energéticas atmosféricas.
A mudança nos processos de absorção e reflexão dos raios
solares, atua desequilibrando o balanço de energia nas camadas bai-
xas, além de influir na força e na direção dos ventos de superfície e nos
valores da umidade relativa no regime de chuvas.
A floresta tem papel fundamental na dinâmica local dos ciclos
de chuva, principalmente na Amazônia. A eliminação da cobertura ve-
getal diminui a capacidade de retenção de energia solar pela superfície
inibindo a formação de fluxos de ar ascendentes, chamados “correntes
térmicas”. A estabilidade atmosférica tende a se acentuar, diminuindo
a possibilidade de formação de nuvens e, portanto, da ocorrência de
chuvas ( Conti, J.B. et. al. , 1998).
58
O Efeito Estufa

As atividades antrópicas atuam sobre o clima através de mudan-


ças na composição atmosférica, particularmente no C02, ozônio e aero-
sóis. Há evidência inequívoca de que o conteúdo de C02 da atmosfera
está aumentando ao longo dos anos, como resultado do uso de combus-
tíveis fósseis para a produção de energia (Barry e Chorley, 1976). A emis-
são dos gases CFC´s, presentes principalmente nos aerosóis causam
danos na camada de ozônio, e tornaram-se proibidos desde a década de
70 com o acordo internacional de Montreal. Logo, o buraco na camada
de ozônio atribuída aos usos desses gases atualmente está controlado.
(Gore, 2006). Entretanto o mesmo não ocorre com o dióxido de carbono.

Figura: Concentração mensal de gás carbônico na atmosfera, medida em


Mauna Loa, Havaí, de 1958 a 1998.

O CLIMA: A ATMOSFERA E A VIDA TERRESTRE - GRUPO PROMINAS

Fonte: http://earthobservatory.nasa.gov/Library/Giants/Revelle/revelle_2.html ,2007

A acumulação de consideráveis volumes de resíduos indus-


triais na baixa atmosfera, principalmente de dióxido de carbono, forma
uma espécie de barreira impedindo a saída do calor emitido pela terra
(ondas longas) e, portanto, causando o aumento da temperatura global,
o efeito estufa.
Segundo os relatórios dos cientistas do IPCC (Painel Internacio-
nal sobre Mudança Climática), as temperaturas globais médias têm varia-
59
do menos de 1ºC desde o começo da civilização. Atualmente a previsão é
que ocorra um aumento global de temperatura entre 1,4ºC e 5,8ºC até o
ano 2100. A década de 90 segundo o IPCC, foi a mais quente desde que
os registros sobre o clima começaram a feitos, no mundo todo.

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/2253_graficosclima/page5.
shtml dióxido de carbono

Urbanização e Mudanças Climáticas

O processo de urbanização e industrialização produziu em todo


mundo um fenômeno climático especifico, dos grandes aglomerados ur-
banos. Cidades cosmopolitas como Nova York e São Paulo modificaram
O CLIMA: A ATMOSFERA E A VIDA TERRESTRE - GRUPO PROMINAS

drasticamente a paisagem natural, o que alterou os processos de ab-


sorção, difusão e reflexão da energia solar, além de aumentar conside-
ravelmente a concentração de poluentes que perturbam o mecanismo
atmosférico, produzindo o que se chama de clima urbano.
A alteração na superfície com a ocupação urbana em detrimentos
de solos permeáveis causa principalmente no verão, o fenômeno conhe-
cido como Ilhas de calor, que se estabelecem sobre áreas urbanizadas,
causando desconforto térmico, além de trazer consequências indesejáveis.
Um fenômeno muito comum nos meses de inverno é a ocor-
rência das Inversões térmicas, responsáveis pelo agravamento da po-
luição atmosférica em virtude do papel de bloqueio que exercem, dificul-
tando a dispersão dos resíduos e micropartículas. Os vales ou as bacias
comprimidas entre montanhas tendem a apresentar uma alta frequência
de condições de inversão térmica, o que dificulta a dispersão dos po-
luentes. Em noites claras e calmas, que sucedem a um período de ex-
cessiva radiação terrestre para o espaço das vertentes montanhosas, o
60
ar se torna frio e denso e desce vertente abaixo empurrando o ar mais
quente do fundo do vale, criando uma condição de inversão térmica.
Tal fenômeno pode ser observado nas cidades do vale do Paraíba, na
divisa entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

As Enchentes Urbanas

Há uma tendência de aumento da precipitação sobre as áreas


urbanas, e esse fato deve-se parcialmente aos poluentes que assegu-
ram uma abundância de núcleos de condensação. Outros fatores que
auxiliam a explicação da incidência de maior precipitação sobre as áre-
as urbanas são: o acréscimo de vapor d'água devido aos vários proces-
sos de combustão, a convecção térmica sobre a ilha de calor urbano e
a turbulência mecânica criada pelo efeito de fricção das estruturas da
cidade sobre os fluxos de ar.
As enchentes urbanas são produzidas por chuvas torrenciais
agravadas pela impermeabilização do solo urbano que levam ao co-
lapso a rede de escoamento, produzindo extravasamentos e danos em
extensas áreas. Na cidade de São Paulo o número de pontos críticos de
inundações aumentou consideravelmente nos últimos anos.

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Fonte: INPE/CPTEC, 2007
ANOMALIAS CLIMÁTICAS
O fenômeno “El Niño” representa o aquecimento anormal das
águas superficiais e sub-superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. A pa-
lavra El Niño é derivada do espanhol, e refere-se à presença de águas
quentes que todos os anos aparecem na costa norte de Peru na época de
Natal. Os pescadores do Peru e Equador chamaram a esta presença de
águas mais quentes de Corriente de El Niño em referência ao Niño Jesus
ou Menino Jesus. Na atualidade, as anomalias do sistema climático co-
nhecidas como El Niño e La Niña representam uma alteração do sistema
oceano-atmosfera no Oceano Pacífico tropical, que tem consequências
no tempo e no clima em todo o planeta. Nesta definição, considera-se
não somente a presença das águas quentes da Corrente El Nino, mas
também as mudanças na atmosfera próxima à superfície do oceano, com
o enfraquecimento dos ventos alísios (que sopram de leste para oeste)
na região equatorial. Com aquecimento do oceano e com o enfraqueci-
mento dos ventos, começam a ser observadas mudanças da circulação
da atmosfera nos níveis baixos e altos, determinando mudanças nos pa-
drões de transporte de umidade, e por tanto, variações na distribuição
das chuvas em regiões tropicais e de latitudes médias e altas. Em algu-
mas regiões do globo também são observados aumento ou queda de
temperatura. A figura abaixo mostra a situação observada em dezembro
de 1997, no pico do fenômeno El Niño 1997/98 (Oliveira, G.S. 2001)
No El Niño, águas mais quentes são observadas no Oceano
Pacífico Equatorial Oeste e as mais frias na costa oeste da América do
Sul. Águas mais quentes no Oceano Pacífico, provocam mais evapora-
ção, formação de nuvens numa grande área. O ar que sobe no Pacífi-
co Equatorial Central e Oeste descerá no Pacífico Leste (junto à costa

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oeste da América do Sul), juntamente com os ventos alísios em baixos
níveis da atmosfera (de leste para oeste).
Outro ponto importante é que os ventos alísios, junto à costa da
América do Sul, favorecem um mecanismo chamado pelos oceanógra-
fos de ressurgência, que seria o afloramento de águas mais profundas
do oceano. Estas águas mais frias têm mais oxigênio dissolvido e vêm
carregadas de nutrientes e micro-organismos vindos de maiores pro-
fundidades do mar, que vão servir de alimento para os peixes daquela
região. Não é por acaso que a costa oeste da América do Sul é uma das
regiões mais piscosas do mundo. O que surge também é uma cadeia
alimentar, pois os pássaros que vivem naquela região se alimentam dos
peixes, que por sua vez se alimentam dos microorganismos e nutrientes
daquela região. (Oliveira, op. cit.)
O evento de El Niño e La Niña tem uma tendência a se alternar
cada 3-7 anos. Porém, de um evento ao seguinte o intervalo pode mu-
dar de 1 a 10 anos;
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As intensidades dos eventos variam bastante de caso a caso.
Algumas vezes, os eventos El Niño e La Niña tendem a ser intercalado
por condições normais. (INPE/CPTEC, 2007)
Quando o ocorre o evento La Niña, os ventos alísios tornam-se
mais intensos, e a água torna-se mais quente no Pacífico Equatorial Oes-
te criando um desnível entre o Pacífico Ocidental e Oriental. A ressurgên-
cia também irá aumentar no Pacífico Equatorial Oriental, e portanto virão
mais nutrientes das profundezas para a superfície do Oceano, ou seja,
aumenta a chamada ressurgência no lado Leste do Pacífico Equatorial.

Fonte: Oliveira, 2001.

Por outro lado, devido a maior intensidade dos ventos alísios as


águas mais quentes irão ficar represadas mais a oeste do que o normal,
portanto, novamente teríamos aquela velha história: águas mais quentes
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geram evaporação e consequentemente movimentos ascendentes, que


por sua vez geram nuvens de chuva e que geram a célula de Walker, que
em anos de La Niña fica mais alongada que o normal. A região com grande
quantidade de chuvas é do nordeste do Oceano Índico à oeste do Oceano
Pacífico passando pela Indonésia, e a região com movimentos descenden-
tes da célula de Walker é no Pacífico Equatorial Central e Oriental. É impor-
tante ressaltar que tais movimentos descendentes da célula de Walker no
Pacífico Equatorial Oriental ficam mais intensos que o normal o que inibe,
e muito, a formação de nuvens de chuva (Oliveira,op.cit.).

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O conhecimento da dinâmica climática oferece uma visão im-
portante dos processos naturais e traz a compreensão de que realmen-
te existem ligações, não só invisíveis, mas visíveis entre os diversos
fatores que compõe o planeta terra, uma interação entre a biosfera,
(a vida que compõe o planeta) e a atmosfera (camada de gases que
envolve a Terra). Na análise de climas locais, observam-se interações
entre os fatores do local e os globais que se entrelaçam resultando em
ambientes e paisagens únicas e insubstituíveis.
As mudanças climáticas podem afetar de forma importante a
vida na terra, as atividades agrícolas, que garantem a alimentação, a
geração de energia em grande escala, a economia, a vida nas cidades,
e a saúde humana.
O clima é apenas um dos reflexos da complexa dinâmica do
planeta Terra, e de importância vital para ser humano. Cada vez mais,
as pesquisas científicas têm demonstrado o descaso das ações huma-
nas com danos ambientais, e que tal postura, se não for revertida urgen-
temente pode comprometer toda a vida na terra.
Espera-se, contudo, que não seja tarde demais para podermos
atuar e reverter os efeitos negativos, evitar mortes, catástrofes, e final-
mente garantir um futuro sustentável para humanidade e para o planeta.

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