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Ensino e Aprendizagem:

Teorias, métodos e avaliação

Derli Barbosa dos Santos

Formação Inicial e
Continuada

+
IFMG
Derli Barbosa dos Santos

Ensino e Aprendizagem:
Teorias, métodos e avaliação
1ª Edição

Belo Horizonte
Instituto Federal de Minas Gerais
2021

© 2021 by Instituto Federal de Minas Gerais


Todos os direitos autorais reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico
ou mecânico. Incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de
armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização por escrito do
Instituto Federal de Minas Gerais.

Pró-reitor de Extensão Carlos Bernardes Rosa Júnior


Diretor de Programas de Extensão Niltom Vieira Junior
Coordenação do curso Derli Barbosa dos Santos
Arte gráfica Ângela Bacon
Diagramação Eduardo dos Santos Oliveira

FICHA CATALOGRÁFICA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

S237 Santos, Derli Barbosa dos.


Ensino e aprendizagem: teorias, métodos e avaliação. [recurso
eletrônico] / Derli Barbosa dos Santos. – Belo Horizonte : Instituto
Federal de Minas Gerais, 2021.
48 p. : il. color.

E-book, no formato PDF.


Material didático para Formação Inicial e Continuada.
ISBN 978-65-5876-137-2

1. Ensino. 2. Aprendizagem. 3. Método. I.Santos,Derli Barbosa


dos. III. Título.

CDD 370.152.3
Catalogação: Rejane Valéria Santos - CRB-6/2907

Índice para catálogo sistemático:


1. Aprendizagem 370.152.3

2021
Direitos exclusivos cedidos à
Instituto Federal de Minas Gerais
Avenida Mário Werneck, 2590,
CEP: 30575-180, Buritis, Belo Horizonte – MG,
Telefone: (31) 2513-5157
Sobre o material

Este curso é autoexplicativo e não possui tutoria. O material didático,


incluindo suas videoaulas, foi projetado para que você consiga evoluir de
forma autônoma e suficiente.
Caso opte por imprimir este e-book, você não perderá a possiblidade
de acessar os materiais multimídia e complementares. Os links podem ser
acessados usando o seu celular, por meio do glossário de Códigos QR
disponível no fim deste livro.
Embora o material passe por revisão, somos gratos em receber suas
sugestões para possíveis correções (erros ortográficos, conceituais, links
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Palavra do autor

Olá, seja bem-vindo ao curso Ensino e Aprendizagem!


Nos últimos anos, temos percebido mudanças bastante significativas nos espaços
educacionais. O ensino tradicional vem sendo gradualmente substituído por um ensino
mais moderno, no qual o aluno passa a se reconhecer como um sujeito ativo nos
processos de ensino-aprendizagem.
As mudanças no ambiente escolar, causadas também pelos avanços científicos e
tecnológicos, são bastante perceptíveis e sentidas por todos os atores da educação. Os
professores precisam buscar formas de inovar no ensino, utilizando metodologias atrativas
e recursos tecnológicos que auxiliem a aprendizagem. O aluno, por sua vez, precisa
reconhecer o seu protagonismo, buscando, no professor e nos recursos pedagógicos
disponíveis, novos conhecimentos e aplicações para aquilo que aprende. Os recursos
didáticos, elaborados por diversos profissionais da educação, precisam ser adaptados a
essa nova realidade, oferecendo condições para que alunos, professores e demais
pessoas envolvidas nos processos de ensino atuem de forma cooperativa em prol da
aprendizagem.
Algumas perguntas são recorrentes nesses novos modelos de educação: os
professores estão preparados para inovar no ensino, utilizando métodos modernos e
tecnologias educacionais? Os alunos estão preparados para serem protagonistas nos
processos de ensino-aprendizagem? Os materiais didáticos estão sendo produzidos de
forma a atender as demandas do ensino contemporâneo? Os métodos tradicionais de
ensino precisam ser totalmente abandonados? Este curso foi proposto para auxiliar você a
refletir sobre esses questionamentos, não exatamente dando as respostas para eles, mas
permitindo que você chegue às suas próprias conclusões.
Neste curso, você irá conhecer as principais teorias de aprendizagem desenvolvidas
ao longo dos anos e verá alguns exemplos de métodos e estratégias de ensino
relacionadas a estas teorias. Além disso, serão apresentadas algumas metodologias ativas
de ensino. Por fim, será discutido o papel da tecnologia no ensino e como os processos
avaliativos são importantes para verificar a eficácia de uma estratégia de ensino e o nível
de aprendizagem do estudante.
Este curso foi desenvolvido para professores em atuação, para professores em
formação, para estudantes, enfim, para qualquer pessoa interessada em compreender os
diversos fenômenos que envolvem a sala de aula e buscam alternativas de estudos que
promovam maior interação e aprendizagem. Se você é um desses inquietos, que está
sempre em busca de novos conhecimentos, veio ao lugar certo.
Bons estudos!
Apresentação do curso

Este curso está dividido em três semanas, cujos objetivos de cada uma são
apresentados, sucintamente, a seguir.

Compreender aspectos gerais sobre ensino/aprendizagem


SEMANA 1 e conhecer as principais teorias de aprendizagem
desenvolvidas ao longo do tempo.

Diferenciar teorias, métodos e estratégias de ensino e


SEMANA 2 reconhecer a tecnologia como ferramenta essencial na
educação contemporânea.

Reconhecer a avaliação como mecanismo fundamental


SEMANA 3 para verificar a aprendizagem e também a eficiência do
método de ensino escolhido.

Carga horária: 30 horas.


Estudo proposto: 2h por dia em cinco dias por semana (10 horas semanais).
Apresentação dos Ícones

Os ícones são elementos gráficos para facilitar os estudos, fique atento


quando eles aparecem no texto. Veja aqui o seu significado:

Atenção: indica pontos de maior importância


no texto.

Dica do professor: novas informações ou


curiosidades relacionadas ao tema em estudo.

Atividade: sugestão de tarefas e atividades


para o desenvolvimento da aprendizagem.

Mídia digital: sugestão de recursos


audiovisuais para enriquecer a aprendizagem.
Sumário

Semana 1 – Teorias de Ensino/Aprendizagem.............................................. 15


1.1. A importância do assunto ................................................................... 15
1.2. Teorias de ensino/aprendizagem ....................................................... 17
1.2.1. Comportamentalismo ......................................................................... 18
1.2.2. Construtivismo ................................................................................... 20
1.2.3. Humanismo ........................................................................................ 22
Semana 2 – Metodologias de Ensino ............................................................ 25
2.1. Teoria, método, metodologia ou estratégia? ...................................... 25
2.2. Métodos de ensino ............................................................................. 26
2.3. Metodologias ativas de ensino ............................................................... 27
2.4. Alguns métodos ...................................................................................... 27
2.5. Tecnologias na educação ....................................................................... 29
Semana 3 – Avaliação do Ensino e da Aprendizagem .................................. 31
3.1. O que é avaliar? ................................................................................. 31
3.2. Avaliação somativa x avaliação formativa .......................................... 33
3.3. Instrumentos avaliativos ..................................................................... 34
Referências ................................................................................................... 37
Currículo do autor.......................................................................................... 39
Glossário de códigos QR (Quick Response) ................................................. 41
Semana 1 – Teorias de Ensino/Aprendizagem Plataforma +IFMG

Objetivos
Compreender aspectos gerais sobre ensino/aprendizagem e
conhecer as principais teorias de aprendizagem
desenvolvidas ao longo do tempo.

Mídia digital: Antes de iniciar os estudos, vá até a sala


virtual e assista ao vídeo “Apresentação do curso”.

1.1. A importância do assunto

Atividade: Para iniciar os seus estudos, vá até a sala


virtual e faça o “Quiz de Introdução”.

“O mundo mudou”. Uma pequena frase, simples e objetiva, muitas vezes repetida, e
que diz bastante sobre o que vivenciamos atualmente. É verdade! O mundo mudou. E
muda sempre. É um processo contínuo. As mudanças sociais, ambientais, econômicas,
políticas, religiosas e várias outras ocorrem desde sempre. A diferença é que num curto
intervalo de tempo, em poucos anos, o mundo mudou muito. E, por isso, essa frase se
tornou tão significativa.
Os avanços científicos e tecnológicos, atrelados a uma série de outros fatores,
como êxodo rural, industrialização, globalização, urbanização e por aí vai, fizeram com que
a sociedade apresentasse mudanças relevantes nas últimas décadas. A forma de se
comunicar mudou, a produção de conhecimento aumentou, os meios de transporte são
mais rápidos, as notícias chegam em segundos, enfim, as diferenças observadas entre o
mundo contemporâneo e o antigo são muitas.
As mudanças ocorridas no mundo são sentidas em todos os setores da sociedade,
e nos espaços educacionais não poderia ser diferente. A inserção de tecnologias nos
processos de ensino e aprendizagem, a carga de conhecimento trazida pelos alunos,
devido ao fácil e rápido acesso a informações, a rapidez na produção e divulgação de
conhecimento a partir de pesquisas científicas, entre outras coisas, são responsáveis por
uma educação mais moderna (e isso pode ser bom ou ruim dependendo do ponto de
vista).

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Fato é que o aluno já não é mais o mesmo do passado. Aquele sujeito “cru”, sem
experiência ou conhecimento algum, submisso ao professor, pronto para “ouvir, decorar e
repetir” já não existe mais. A escola também não é igual. Um local com mesas, cadeiras,
quadro, giz e um professor para “transmitir” conhecimento foi substituído por um local de
interações humanas, vivências e experiências sociais e afetivas intensas. Os professores
também não são os mesmos (ou pelo menos não deveriam ser). Aquele ser autoritário,
detentor do conhecimento, de pouco afeto, deu espaço para uma pessoa que compartilha
o que sabe, mas também aprende com o outro; para uma pessoa afetiva, que interage,
que reconhece os méritos do seu aluno e compreende as necessidades do outro.
Os fatos acima citados, além de inúmeros outros processos de mudanças sociais,
levaram a novas relações nos processos de ensino e aprendizagem, facilmente
perceptíveis por qualquer pessoa que esteja inserida num ambiente escolar. Basta ouvir
relatos de professores que estão há mais tempo no exercício da docência, ou ouvir os avós
falando sobre como era o ensino no passado, ou até mesmo fazendo uma breve leitura
sobre o funcionamento de escolas no século XX, e chegamos à conclusão de que
realmente muita coisa mudou quando se fala em ensino e aprendizagem. O modo de
ensinar vem ganhando novas opções nesse novo mundo e aprender atualmente é algo
que pode ocorrer de muitas maneiras. Mas, o que é ensinar e o que é aprender?
Ensinar é o mesmo que passar para outras pessoas um conhecimento sobre algo,
transmitir uma informação sobre um assunto. Aprender significa adquirir conhecimento
sobre alguma coisa, adquirir habilidade, compreender ou dominar algum assunto. Veja que
ensinar e aprender são ações complementares, são os opostos que se atraem. Quando
alguém passa uma informação, um outro alguém recebe aquela informação. Quando um
ensina, um outro aprende. Atente para o fato de que ensinar e aprender não são ações
necessariamente executadas por pessoas. Porém, considerando o objetivo deste curso, de
relacionar o ensino e a aprendizagem com os espaços educacionais, o foco aqui será nas
relações de ensino e aprendizagem estabelecidas entre professores e alunos.
Sempre que falamos em ensinar e aprender numa escola, devemos relacionar três
elementos: o que ensina (normalmente o professor), o que aprende (em geral, o aluno) e o
conhecimento (ou habilidade, aquilo que está sendo ensinado e aprendido). É a relação
holística entre esses elementos que fundamenta tudo o que ocorre numa escola. O
trabalho da gestão escolar, da pedagogia, da secretaria, das educadoras de apoio, da
biblioteca e de vários outros departamentos escolares é dar o suporte necessário para que
essa relação professor/aluno/conteúdo ocorra de maneira efetiva, enquanto que o papel do
professor e do aluno é garantir que o ensino e a aprendizagem se concretizem.
Ensinar e aprender são processos que dependem de ações efetivas de pessoas
envolvidas com a educação. Mas como executar essas ações corretamente? Como utilizar
estratégias de ensino adequadas para cada conteúdo? Como estudar de modo
consistente? Sobretudo, como fazer todas essas coisas num mundo tão mudado, com
pessoas diferentes, com conhecimentos novos a todo momento, com relações
interpessoais intensas?
Conhecer os mecanismos de aprendizagem, com origens no âmbito da psicologia,
utilizar diferentes métodos de ensino e saber como avaliar a eficácia do método e o nível
de aprendizagem dos alunos sempre foi importante, desde os primórdios da educação.

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Mas agora, além de saber tudo isso, é fundamental reconhecer que a tecnologia veio para
ficar, e que esta é, e será, cada vez mais parte indissociável do ensino. É importante
aceitar que alunos e professores não são mais os mesmos, e estimular um ensino ativo,
que coloque todos os envolvidos na educação, sobretudo os alunos, como protagonistas
dos processos de ensino/aprendizagem.

Dica do Professor: Leia o artigo “Ensino-


aprendizagem: uma interação entre dois Processos
comportamentais” para ampliar os seus conhecimentos
sobre o assunto (download).

1.2. Teorias de ensino/aprendizagem

A forma como as pessoas aprendem é algo discutido desde a antiguidade.


Sócrates, Platão e Aristóteles, por exemplo, ainda na Grécia Antiga, já elaboravam ideias
de como as pessoas incorporam uma nova informação. Os primeiros pensamentos sobre
aprendizagem estavam muito mais ligados à capacidade de as pessoas interagirem com o
ambiente e com os outros, por meio da comunicação, da locomoção, das expressões etc.
Portanto, aprender era sinônimo de desenvolver processos orgânicos e experiências
pessoais e não necessariamente estudar para adquirir habilidades que pudessem
contribuir para um desenvolvimento da sociedade.
A ideia de aprendizagem como uma atividade social é algo mais recente. A
necessidade de pessoas capacitadas, com amplos conhecimentos e habilidades, para o
mercado de trabalho, para a realização de pesquisas e para o desenvolvimento científico e
tecnológico, exige das pessoas, hoje, muito mais do que saber se comunicar, por exemplo.
É necessário ir além. Aprender atualmente é compreendido como algo mais complexo,
para além do desenvolvimento orgânico. Envolve a capacidade de compreender,
interpretar, aplicar conhecimentos, solucionar problemas, elaborar e testar hipóteses. Por
isso os processos de ensino e aprendizagem são cada vez mais amplos e exigem, cada
vez mais, de professores e alunos, bem como de toda a sociedade.
Nas últimas décadas, por conta das necessidades de aprendizagem, cada vez mais
intricadas, os processos de ensino/aprendizagem e as relações professor x aluno vêm
sendo amplamente discutidos e investigados. Há uma clara ruptura sobre o que o
professor quer ou pretende ensinar, sobre o que o aluno quer ou espera aprender, e sobre
o que a sociedade espera que o aluno aprenda. As reclamações de professores e alunos
sobre as dificuldades enfrentadas no ensinar e no aprender são cada vez mais frequentes.
Geralmente há uma troca de acusações sobre os problemas escolares (política,
metodologias ultrapassadas e alunos desinteressados são alguns dos “culpados”) quando,
na verdade, toda a sociedade mudou e, cada vez mais, se faz necessário entender os
fatores relacionados ao processo ensino/aprendizagem, para que todos atuem de forma
mais coerente com a realidade atual.

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A maneira como as pessoas aprendem, isto é, as teorias de ensino/aprendizagem,


estão entre um dos assuntos mais estudados quando se fala em pesquisas na área da
educação. Talvez porque compreender como alguém incorpora o conhecimento seja um
dos possíveis caminhos para tornar o ensino mais eficiente. A partir dessa compreensão é
possível definir melhor as metodologias e as estratégias de ensino, bem como a forma de
avaliar.
Geralmente dividimos as teorias de ensino em três grandes grupos, a saber:
comportamentalismo, construtivismo e humanismo.

1.2.1. Comportamentalismo

O comportamentalismo ou behaviorismo (do inglês behavior = comportamento) é,


resumidamente, uma área da psicologia que se preocupa em compreender as relações
dos indivíduos com estímulos e as respostas dadas a esses estímulos. O que o indivíduo
pensa, sente ou possui de conhecimentos e experiências pessoais não é levado em
consideração para essa teoria de ensino/aprendizagem. Para os comportamentalistas, o
objetivo é identificar quais estímulos provocam certos comportamentos.
As ideias comportamentalistas tiveram início, de certa forma, por acaso, com os
trabalhos realizados pelo fisiologista russo Ivan Pavlov, ainda na década de 1920. Ao
estudar os processos digestivos de animais, Pavlov começou a perceber que determinadas
ações (estímulos repetidos frequentemente) geravam respostas específicas das espécies
estudadas. Por exemplo, durante pesquisas para analisar a produção de saliva em cães a
partir de estímulos alimentares, o russo percebeu que após um período de experimentos
os cachorros começaram a produzir saliva antes mesmo da entrega da comida, somente
pela apresentação da tigela. Com isso, Pavlov elaborou a ideia de condicionamento
clássico, que consiste em reforçar determinadas respostas dos indivíduos com a repetição
de estímulos que levam àquela ação. Vejamos mais um exemplo: todas as vezes que
Pavlov fornecia o alimento ao cão ele tocava um sino. Após um determinado tempo,
bastava tocar o sino para que o cachorro começasse a salivar. Significa que a resposta
“salivação” foi condicionada ou ficou conectada com o som do sino.

Atenção: Pavlov não desenvolveu a psicologia do


comportamento, tampouco criou o termo
comportamentalismo. As pesquisas desse cientista
foram no campo do condicionamento clássico e as
ideias dele foram utilizadas posteriormente para dar
início ao comportamentalismo.

Pavlov, em geral, trabalhou com animais e, por isso, boa parte de suas pesquisas
foram em relação ao comportamento animal. Entretanto, o russo também fez experimentos
de condicionamento clássico com seres humanos e os resultados obtidos por ele
representam o início de um trabalho na área de psicologia comportamental.

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John Broadus Watson, psicólogo dos Estados Unidos, bastante influenciado pelas
ideias elaboradas por Pavlov sobre condicionamento clássico, que deu início ao
movimento comportamentalista na psicologia, sendo considerado o “pai do
comportamentalismo”. Watson buscava explicar que a aprendizagem, independentemente
de ser animal ou humana, era promovida a partir de um condicionamento gerado pela
relação estímulo-resposta. Portanto, o comportamento representa uma adaptação pessoal
aos estímulos a que somos expostos. Pensando em termos educacionais, seria como
adaptar o ambiente de ensino e o roteiro de estudos, criando estímulos que levassem a
respostas (comportamento) positivas ou corretas por parte dos estudantes. Para isso era
necessário conhecer qual comportamento era promovido por cada tipo de estímulo.
Edwin Guthrie e Edward Thorndike, outros dois norte-americanos, assim como
John Watson, que foram grandes influenciadores da psicologia do comportamento. Ambos
aprofundaram estudos nessa área do conhecimento, contribuindo com diferentes
pesquisas e informações, mas tendo como foco principal a relação estímulo-resposta.
Burrhus Frederic Skinner, psicólogo, inventor e filósofo norte-americano, além de
professor na Universidade Harvard, foi um dos grandes influenciadores do
comportamentalismo na educação. Skinner não focalizou seus estudos no estímulo-
resposta, mas no que vinha depois, na consequência dessa relação, naquilo que pode, ou
não, reforçar aquela resposta. Esse psicólogo deu origem ao chamado condicionamento
operante.
Para Skinner, cada indivíduo pode emitir dois tipos de respostas frente aos
estímulos, a respondente e a operante. Uma resposta respondente é aquela inata,
involuntária, os chamados reflexos, como, por exemplo, a dilatação da pupila em casos de
diminuição da luminosidade. Uma resposta operante seria aquela na qual o indivíduo
modifica o mundo exterior, realiza alguma ação sobre o meio. Quando, por exemplo, em
um dia frio, o sujeito veste um casaco. Diferentemente de respostas respondentes, a
resposta operante pode, ou não, ser emitida, mesmo diante do mesmo estímulo.
Skinner propôs que as respostas operantes poderiam ser condicionadas, ou seja,
modificadas, dependendo do tipo de consequência que aquela resposta gerava. A
consequência era chamada de reforço. Um reforço positivo aumentava a frequência
daquela resposta diante daquele estímulo. Um reforço negativo diminui a frequência
daquela resposta mediante certo estímulo. Dito isso, conclui-se que o importante nessa
teoria é a relação resposta-reforço e não estímulo-resposta, como proposto pelos primeiros
behavioristas.
Vejamos um exemplo da teoria de Skinner no ambiente escolar. O professor ensina
um conceito para o aluno. Após alguns dias é aplicada uma prova na qual o conhecimento
sobre aquele conceito é exigido. Se o aluno repetir o conceito corretamente, de acordo
com o professor ou com os livros utilizados, o aluno recebe uma nota alta (reforço
positivo). Caso ele seja perguntado novamente, ele repetirá aquela resposta, tendo em
vista que ela foi avaliada positivamente. Mas, se o estudante der uma resposta diferente do
que está no livro didático, o professor dará a ele uma nota baixa (reforço negativo) e, com
isso, aquela resposta não será repetida, considerando que ela foi mal avaliada.

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As ações dos alunos, respostas operantes, quando são boas do ponto de vista
escolar, são reforçadas positivamente por meio de elogios, destaques, notas altas, prêmios
(como ir a um passeio) e vários outros mecanismos. Já as ações ruins recebem reforço
negativo, como castigo, nota baixa, ficar sem recreio e assim por diante. São os
comportamentos sendo moldados (condicionados), levando a uma aprendizagem correta
do ponto de vista social.
Num primeiro momento, a abordagem comportamentalista no ambiente escolar não
apresenta nada de errado. Reforçar positivamente atitudes corretas e negativamente
ações incorretas é algo comum, até mesmo na educação dada pelos pais. Entretanto,
quando se fala em aprendizagem num sentido mais moderno, isto é, adquirir conhecimento
e ser capaz de aplicá-lo, e não somente replicá-lo ou saber se comportar, percebemos que
o comportamentalismo pode ser ultrapassado, pois estimula o treinamento e a
aprendizagem mecânica em detrimento de uma educação ampla.

Dica do Professor: Explore a apostila “Subsídios


teóricos para o professor pesquisador em ensino de
ciências” para conhecer um pouco mais as principais
teorias de ensino (download).

1.2.2. Construtivismo

O construtivismo é uma teoria que considera a aprendizagem como um processo de


construção do sujeito, relacionando suas experiências pessoais, sociais, afetivas e
cognitivas. O aluno não é um sujeito passivo, que repete o que lhe foi explicado, mas um
sujeito ativo, que interage com o meio, resolvendo problemas que criem conflitos mentais e
levem a um desenvolvimento pessoal, criando avanços no pensamento, na argumentação
e no raciocínio lógico. O professor construtivista é um mediador que cria situações que
permitam ao aluno progredir mentalmente.
Diferentemente do comportamentalismo, que cria estímulos para condicionar o
aluno, sendo este um sujeito passivo, que responde aos estímulos, no construtivismo o
aluno é estimulado a desenvolver sua aprendizagem à medida que se desenvolve
enquanto cidadão, levando em consideração o que já sabe, ou seja, as experiências que já
possui devido à sua interação com o meio. O que o sujeito sabe, juntamente com os novos
estímulos promovidos pelo professor, levam a um nível mais avançado de interpretação,
de conhecimento, de habilidades, de capacidade de resolver problemas.
O pioneiro e mais conhecido autor construtivista é Jean Piaget. Entretanto, vários
outros pesquisadores fizeram contribuições importantes com essa teoria da aprendizagem,
com destaque para Lev Vygotsky e David Ausubel.
Piaget propôs que a aprendizagem se dá pela interação entre fatores internos
(mente, conhecimentos pessoais) e fatores externos (meio). A aprendizagem se dá por um
processo chamado equilibração majorante. É através de etapas desse equilíbrio que o

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conhecimento vai sendo construído. Segundo este autor, todo ser humano tende a
organizar sua mente, formando estruturas psicológicas coerentes, isto é, a mente busca
sempre interpretar o meio e se adaptar a ele. Todas as vezes que uma nova situação é
vivenciada, o organismo (mente) busca uma reestruturação por meio de esquemas de
assimilação, ou seja, o sujeito tende a assimilar aquela nova situação, interpretando-a e
acomodando-a na sua estrutura cognitiva. Assim, o organismo estará adaptado àquela
nova situação e sua estrutura psicológica ficará novamente organizada.
Considerando a teoria piagetiana para o espaço educacional, fica evidente o papel
de mediador do professor e de protagonista do aluno. O professor deve criar mecanismos
que levem a um conflito cognitivo numa estrutura mental organizada do aluno.
Simplificando, o docente precisa estimular o discente a vivenciar novas situações e este,
por sua vez, deve interpretá-las e acomodá-las numa estrutura cognitiva, gerando
aprendizagem e experiência. É o aluno que precisa buscar informações que o auxiliem a
interpretar aquela situação e a construir o seu próprio conhecimento.
Para Piaget, a forma como crianças, adultos e adolescentes chegam ao equilíbrio
majorante é diferente. Isso por que cada um está em etapas de desenvolvimento cognitivo
diferentes e se relaciona de maneiras distintas com o meio. É extremamente importante
levar esse aspecto em consideração, uma vez que certas disciplinas ou conceitos poderão,
ou não, ser compreendidos dependendo do nível cognitivo em que o aluno se encontra.
Vygotsky considera que mais importante para a aprendizagem, que a interação com
o meio de um modo geral, é o contexto social, cultural e histórico no qual o sujeito está
imerso. O envolvimento de um indivíduo com a sociedade por meio da troca de
significados é o que leva ao desenvolvimento cognitivo. Nessa teoria a aprendizagem
sempre se dá pela relação com outras pessoas e nunca individualmente.
Dois conceitos são fundamentais para se compreender a teoria de Vygotsky, o signo
e o instrumento. Signos são coisas que possuem significado, como símbolos, palavras,
ideias, ícones, gesto etc. Instrumentos são objetos utilizados para fazer algo, como um
lápis. Cada sociedade possui, culturalmente e historicamente, signos e instrumentos
diferentes. Ao interagir com a sociedade na qual está alocado, o organismo desenvolve
significados semelhantes ao daquele lugar, sendo capaz de manusear aqueles
instrumentos e se comunicar com aquelas pessoas de forma adequada.
Vygotsky desenvolveu a ideia de zonas de desenvolvimento proximal. Essa teoria
busca identificar qual o nível de conhecimento de uma pessoa e até onde esse indivíduo é
capaz de ir numa próxima etapa de aprendizagem. Na interação com a sociedade, por
exemplo, o sujeito analisa o que sabe e por meio da troca de significados, de experiências
e de conhecimentos, é capaz de chegar num próximo estágio de desenvolvimento
cognitivo. No fim desse processo, o indivíduo sai de uma zona de maturação intelectual
para a próxima zona de cognição, mais complexa e com mais informações.
Levando as ideias de Vygotsky para o contexto educacional, percebemos que a
aprendizagem deve ser estimulada por meio da interação social, ou seja, um aprende com
o outro. O professor, como mediador, e considerando que a sala de aula é um ambiente
bastante heterogêneo, deve estimular a interação e a troca de significados. Além disso, o
professor é uma pessoa que já internalizou significados socialmente aceitos em relação a

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determinados conhecimentos (ou matérias) e ele deve passar esses signos para os alunos.
Este, por sua vez, deve compreender esses signos e verificar se a forma como
compreendeu está adequada para a área de conhecimento em questão.
Ausubel contribuiu bastante com o construtivismo a partir da ideia de aprendizagem
significativa. Para esse autor, o aspecto mais importante para a aprendizagem de alguém
é aquilo que a pessoa já sabe. Esse conhecimento prévio é chamado de subsunçor e deve
ser levado em consideração durante o ensino, sendo necessário, portanto, averiguá-lo.
A aprendizagem significativa seria aquela que possui significado, isto é, aquela que
se relaciona com algum conhecimento que já está presente na estrutura cognitiva do
aprendiz e, por isso, faz sentido para ele. Nessa interação, do novo com o velho, o
conhecimento é enriquecido e se torna mais elaborado.
No construtivismo de Ausubel, o aluno precisa ter uma predisposição para aprender,
o que significa que este precisa estar interessado em relacionar o que está sendo ensinado
com aquilo que ele já conhece. O papel do professor também é fundamental, pois é
necessário ensinar de acordo com o que o aluno tem de subsunçores. Para isso, o docente
precisa identificar os conhecimentos prévios e apresentar situações novas que possam ser
ancoradas a estes conhecimentos, modificando-os e aprimorando-os.

1.2.3. Humanismo

O humanismo é uma teoria de ensino/aprendizagem que foca muito mais no


professor e no aluno, enquanto pessoas (com sentimentos, conhecimentos, anseios, ideias
e ações), que em técnicas ou métodos de ensino. O humanismo se concentra no
crescimento pessoal, no professor como facilitador da aprendizagem e nas interações
pessoais. O aluno tem liberdade para escolher quais atividades deseja realizar, pensando
em seus interesses pessoais e nos do grupo.
O objetivo da teoria, ou filosofia, humanista é fazer com que o sujeito “aprenda a
aprender” e seja o autor de sua própria história. A metodologia escolhida para o ensino não
é importante, desde que o objetivo final seja sempre formar pessoas independentes, com
capacidade de argumentar, de propor ideias, de modificar a sua própria realidade e de se
embasar teórica e cientificamente.
Paulo Freire foi um dos grandes influenciadores do humanismo. Para ele a
aprendizagem ocorre graças a utilização do contexto do aluno nos processos de ensino.
Perceba que em outras teorias, o que o aluno já sabe é usado para relacionar com o novo.
Na pedagogia freireana o que o aluno sabe é usado como técnica de ensino, ou seja, as
experiências dos estudantes são levadas em consideração, de tal modo que os estudos
façam sentido e o aluno desenvolva um senso crítico.
A interação entre os pares é um outro aspecto fundamental das ideias de Paulo
Freire. Todos devem interagir, compartilhar experiências, para que a aprendizagem
alcance a todos, isto é, não existe hierarquia.

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Observe que todas as teorias citadas fazem sentido e, de alguma forma, parecem
estar corretas. A visão de como se aprende está diretamente relacionada ao momento
histórico e social, às experiências, observações e valores de cada ser. Portanto, não há
uma teoria totalmente certa ou completamente errada. Há uma interação entre as
diferentes teorias e, o conjunto delas, é basicamente o que leva uma pessoa a aprender.
Se formo considerar o mundo atual, por exemplo, percebemos que as pessoas
aprendem mais rápido, com maior facilidade. Isso se deve ao fato de a humanidade já ter
avançado muito em termos de conhecimentos e experiências, em termos de tecnologias
digitais de informação e comunicação, que facilitam o acesso ao conhecimento. Então
podemos dizer que aprendemos por meio da conexão com a tecnologia, que amplia a
obtenção de informações e a aplicação de conhecimento e desenvolvimento de
habilidades.
Já temos, assim, mais uma opção de como as pessoas aprendem. Aprender é um
processo amplo, que envolve uma série de fatores e, por isso, não podemos delimitar a
aprendizagem a uma única teoria, bem como, não podemos querer que as pessoas
aprendam de uma única forma. Mas esse assunto será tratado na próxima semana.

Atividade: Para concluir a primeira semana de


estudos, vá até a sala virtual e faça o “Questionário da
Semana 1”.

Concluída essa semana de estudos é hora de uma pausa para reflexão. Faça a
releitura de tudo que lhe foi sugerido, assista aos vídeos propostos e analise todas essas
informações com base na sua experiência. Esse intervalo é importante para amadurecer
as novas concepções que esta etapa lhe apresentou!

Nos encontramos na próxima semana.


Bons estudos!

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Semana 2 – Metodologias de Ensino Plataforma +IFMG

Objetivos
Diferenciar teorias, métodos e estratégias de ensino e
reconhecer a tecnologia como ferramenta essencial na
educação contemporânea.

Mídia digital: Antes de iniciar os estudos dessa


semana, vá até a sala virtual e assista ao vídeo
“Metodologias de Ensino”.

2.1. Teoria, método, metodologia ou estratégia?

No contexto do ensino e da aprendizagem, alguns termos são comumente utilizados


e, muitas vezes, de forma equivocada. Diferenciar alguns conceitos é fundamental para
compreendermos como se dá a análise educacional no que se refere ao ato de ensinar e
aprender.
Teoria se refere a um conjunto de conhecimentos sobre determinada área. É
quando algo já foi minimamente estudado e há uma sistematização de informações sobre
aquilo. Quando falamos em teorias de aprendizagem, nos referimos a pesquisas feitas
nesse campo do conhecimento e às informações existentes sobre essa área do saber.
Sendo assim, teorias de aprendizagem são as ideias principais, já estudadas e divulgadas,
sobre como o ser humano aprende. É basicamente tudo aquilo que estudamos durante a
primeira semana.
Método é uma palavra de origem grega, que significa “caminho, via”. Método seria,
antes de mais nada, a estruturação de um caminho para se chegar a um objetivo final.
Métodos de ensino são maneiras lógicas, organizadas, sistematizadas, para se ensinar
algo, para se alcançar um objetivo de ensino. Um método de ensino pode se basear em
uma ou mais teorias de ensino. Sabendo como o sujeito aprende (teoria), pode-se criar um
percurso formativo (método) para aplicar aquela teoria.
Estratégia se refere aos meios que utilizamos para conseguir alguma coisa. Em
termos de ensino, estratégias seriam as etapas de um método, ou seja, os mecanismos
utilizados para se desenvolver um método de ensino.
Metodologia é a junção da palavra “método” com o sufixo “logia” (que significa
estudo de). Portanto, metodologia é o estudo das bases filosóficas e epistemológicas, do
contexto no qual um método foi criado, das relações daquele método com as teorias de
ensino e assim por diante.
Veja um exemplo relacionando esses termos: um professor percebe que no seu
contexto educacional a melhor forma para se aprender é por meio de relações

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Plataforma +IFMG

interpessoais (construtivismo de Vygotsky), com a troca de signos. Para possibilitar a


aplicação dessa teoria (construtivismo), o professor resolve adotar como método de ensino
“três momentos pedagógicos de Delizoicov”, que é dividido em três etapas:
problematização inicial, organização do conhecimento e aplicação do conhecimento. Para
colocar esse método em andamento o professor precisa definir estratégias: como será feita
a problematização inicial? Pode ser por meio de uma busca local para verificar problemas
na comunidade, por meio da leitura de um texto, por meio de uma pesquisa na internet;
como será organizado o conhecimento? Por meio de leituras de livros didáticos, por meio
de aulas práticas; como será aplicado o conhecimento? Por meio da solução do problema
inicialmente identificado, por meio de uma feira cultural com intercâmbio de
conhecimentos. A metodologia aqui poderia ser a avaliação dos resultados obtidos com o
método escolhido, a verificação do quanto os alunos aprenderam, do quanto o trabalho
possibilitou construção de conhecimento. Essa seria a análise, o estudo do método.

2.2. Métodos de ensino

É muito comum utilizarmos, no nosso dia a dia, os termos metodologias de ensino e


métodos de ensino como se fossem sinônimos. Inclusive, fala-se mais em metodologias de
ensino do que em métodos de ensino. Mas, como já vimos, quando falamos do conjunto de
estratégias utilizadas para ensinar, nos referimos a método e, quando falamos do estudo
de um método, das suas origens e eficácia, nos referimos a metodologias.
Existem muitos métodos de ensino e estes são classificados e nomeados com base
em diferentes critérios. Veja alguns exemplos:
- Métodos nomeados a partir do idealizador: três momentos pedagógicos de
Delizoicov, Método Waldorf, Método Keller, Método Montessori, Método Freire.
- Métodos nomeados a partir da estratégia principal: aprendizagem baseada em
problemas, aprendizagem baseada em pesquisa, aprendizagem por projetos, método
expositivo, aprendizagem por estudo de caso.
- Métodos nomeados a partir da concepção filosófica que os embasa: método
sociointeracionista, método construtivista, método comportamentalista, método humanista.
Todos os métodos de ensino se baseiam em uma ou até mesmo em mais de uma
teoria de aprendizagem. A adoção de um determinado método deve estar de acordo com o
objetivo de ensino proposto pelo professor. Este deve ter em mente que cada aluno é um
ser único, em formação e que aprende de maneira diferente dos demais, tanto em termos
teóricos, quanto em termos de estratégias e métodos. Por isso, utilizar uma variedade de
estratégias é fundamental para que todos tenham as mesmas oportunidades de
aprendizagem.

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Plataforma +IFMG

2.3. Metodologias ativas de ensino

Metodologia ativa de ensino é o processo pelo qual os métodos ativos estão sendo
estudados, gerando informações sobre como esses métodos são utilizados e com qual
frequência, que resultados eles apresentam no contexto educacional e em que situações
eles podem ser melhor aproveitados. Mas o que são esses métodos ativos?
O ensino tradicional, comumente reconhecido como aquele no qual o professor é o
detentor do conhecimento, controla os espaços de ensino/aprendizagem e transmite o que
sabe para os alunos, vem sendo substituído por um ensino mais contemporâneo, no qual o
aluno se reconhece como autor da sua própria história e assume um protagonismo maior,
quando se trata de buscar conhecimento e progredir em sua própria aprendizagem. É aí
que entram os métodos ativos.
Os métodos ativos representam um conjunto de estratégias nas quais o objetivo
principal é fazer com que o aluno aprenda de forma autônoma. O professor assume o
papel de mediador, de sujeito que cria situações ou que apresenta problemas reais que
estimulem os alunos a buscarem conhecimentos específicos para solucionarem tais
problemas. O aluno precisa estar no centro das atenções, participando ativamente da
construção do seu próprio conhecimento.

Dica do Professor: Leia o artigo “Abandono da


narrativa, ensino centrado no aluno e aprender a
aprender criticamente” para ampliar seus
conhecimentos sobre metodologias ativas de ensino
(download).

Os métodos ativos, em geral, mesclam várias teorias de aprendizagem,


possibilitando que os alunos interajam com o meio e uns com os outros, utilizem
conhecimentos que já possuem, desenvolvam senso crítico e, por isso, estão entre os
métodos mais aceitos e adotados atualmente.
Entre as vantagens dos métodos ativos podemos destacar: motivação dos
envolvidos no processo, uso de tecnologias, maior abrangência de conteúdo, relação com
teorias de aprendizagem modernas, participação efetiva do aluno e desenvolvimento da
autonomia.

2.4. Alguns métodos

A seguir, são descritos alguns métodos de ensino adotados nos espaços escolares.
Muitos deles são utilizados rotineiramente e boa parte dos envolvidos no processo de
ensinar e aprender, até mesmo o professor que o adotou, não tem conhecimento da
nomenclatura e da origem teórica de tal método.

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Plataforma +IFMG

- Expositivo: conhecido também como método tradicional, é aquele no qual o


conhecimento é transmitido do professor para o aluno. Por transmissão, entende-se
professor como “detentor do conhecimento” e o aluno como “indivíduo sem informação que
recebe ou decora os dados que estão sendo transmitidos”. O foco desse método é o
conteúdo, geralmente presente em um livro base, que precisa ser aprendido pelos
estudantes. As estratégias mais comuns nesse método são a oralidade, o uso de quadro
para anotação de informações, a leitura do livro didático e, devido à modernização das
escolas, o uso de projetores digitais. A teoria base desse método é o comportamentalismo.
- Três momentos pedagógicos de Delizoicov: é um método que envolve três etapas
básicas de desenvolvimento: problematização inicial, organização do conhecimento e
aplicação do conhecimento. O professor é o mediador que apresenta uma problemática
num primeiro momento. Em seguida, os alunos precisam buscar informações para
compreenderem melhor o problema apresentado e para proporem soluções. Por fim, os
alunos, juntamente com o professor, podem solucionar a questão e devem verificar em que
outras situações aquele mesmo conhecimento pode ser aplicado. É um método que tem
suas bases no humanismo.
- Método Freire: metodologia baseada nos trabalhos de Paulo Freire, no qual o
contexto de cada aluno é fundamental para a aprendizagem. O professor deve adotar
estratégias que relacionem o que ele quer ensinar com aquilo que o aluno vivencia,
fazendo com que o estudo tenha um sentido mais pessoal e humano.
- PBL (Problem Based Learning): Aprendizagem Baseada em Problemas é um
método ativo de ensino, baseado no construtivismo, no qual um problema é apresentado
aos alunos e os mesmos precisam buscar conhecimentos para solucioná-lo. Apesar de a
princípio ser parecido com o método de Delizoicov, o PBL é focado na prática e é mais
comum em cursos de medicina. As turmas precisam ser pequenas com, no máximo, 10 a
12 alunos, e as discussões são bastante incentivadas, além de pesquisas individuais para
aprofundamento no tema.
- 5W1H: ou aprendizagem por projetos. Tem seu nome originado em palavras
inglesas: what, why, who, when, where e how, que significam, respectivamente: o que, por
que, quem, quando, onde e como. Esses termos são a base de construção de um projeto
e, após a elaboração, o que foi proposto deve ser executado. O professor auxilia na
produção e no desenvolvimento, mas são os alunos que propões o que querem fazer e
como vão fazer. É um método centrado no estudante e, portanto, ativo.
- IBL (Inquiry Based Learning): Aprendizagem Baseada em Investigação, é um
método que busca solucionar problemas de maneira colaborativa por meio das etapas do
método científico. É um método ativo e construtivista, no qual o professor é o mediador e o
aluno é o protagonista. O conhecimento é construído de forma coletiva, por meio de
experiências, pesquisas, trocas de informações, proposição e teste de hipóteses e
divulgação de dados.
- Mapa conceitual: também considerado uma estratégia e não um método, a
construção de mapas conceituais estimula o relacionamento de conceitos ou ideias-chave
dentro de um conteúdo geral. Tem suas origens na aprendizagem significativa de Ausubel.

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- Experimentos: podem ser utilizados como estratégia dentro de um método ou


como método de ensino. Estimulam o aluno a propor hipóteses, a definir métodos de
estudo e de aprendizagem, a fazer aulas práticas colaborativas e a desenvolver o senso
argumentativo, por meio de apresentação e defesa de dados obtidos.
- Flipped classroom: conhecido popularmente como Sala de Aula Invertida,
transforma os espaços não formais de ensino como extensões da sala de aula. Em geral, o
aluno tem acesso ao material de estudo antes da explicação e tem a responsabilidade de
estudar, pesquisar, fazer atividades e desenvolver o conhecimento de forma autônoma. Na
sala de aula o professor estaria à disposição para tirar dúvidas, acrescentar informações e
mediar debates e trocas de informações que promovam um desenvolvimento coletivo. É
um método ativo, baseado no construtivismo.
- Webquest: são sequências didáticas, em geral, feitas com auxílio de tecnologias
digitais de informação e comunicação, na qual o aluno tem acesso a um roteiro de estudo
que inclui vídeos, textos para leitura, exercícios, jogos e outros instrumentos. A cada etapa
concluída, um novo arquivo é liberado para o aluno ir avançando no conteúdo e
aprofundando conhecimentos.
São muitos os métodos existentes, cada um com suas particularidades e com suas
origens filosóficas e históricas. Algumas outras formas de ensinar e aprender, comuns nos
espaços educacionais, podem ter suas bases nas ideias de Vygotsky.
Feiras ou exposições científicas e culturais, congressos, simpósios e outros tipos de
eventos são feitos com o objetivo de haver intercâmbio científico e cultural. A troca de
signos é intensa e a ampliação de conhecimentos fica evidente por parte das pessoas que
participam desses acontecimentos.
No fim, o mais importante não é o método escolhido, mas a certeza de que todos
estejam desenvolvendo suas habilidades. Para isso, é importante que o professor
questione, no momento que prepara as suas aulas: a atividade promove o pensamento? É
colaborativa? Possibilita a construção de conhecimento? Está contextualizada? É
problematizadora? Se sim para a maioria dessas perguntas, significa que é um método de
qualidade.

2.5. Tecnologias na educação

Como você deve ter percebido, boa parte dos métodos de ensino podem envolver
estratégias que necessitem da utilização de tecnologias digitais de informação e
comunicação. Além disso, a própria educação contemporânea envolve aquilo que
frequentemente vem sendo chamado de ensino híbrido.
O ensino híbrido é aquele que envolve momentos de estudos presenciais, com
tópicos a serem aprendidos online. Esse ensino é uma tendência na educação do século
XXI e cada vez mais professores e instituições adotam essa estratégia. Perceba que o
ensino híbrido não é um método de ensino, mas sim uma estratégia que pode ser utilizada
dentro de diferentes métodos.

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De certa forma, a tecnologia já está inserida no contexto educacional, não é mais


uma escolha. O ensino híbrido já existe, até mesmo sem que o professor coloque isso no
seu planejamento. Quando o aluno é solicitado a realizar uma “pesquisa”, ou tem uma
tarefa de casa a fazer, é comum que ele busque informações na internet. Assim, ele estará
aprendendo, ou melhor, estudando online.
As tecnologias estão aí para facilitar os processos de ensino e aprendizagem. Por
meio delas é possível aprimorar o ensino. Não se deve ter a tecnologia como substituta do
papel do professor, tampouco como redutora da responsabilidade do aluno. Os
instrumentos tecnológicos devem ser vistos como recursos educacionais que ampliem a
comunicação, a troca de informações, o aprofundamento de conhecimentos, o
desenvolvimento de métodos e assim por diante.

Atividade: Para concluir a segunda semana de


estudos, vá até a sala virtual e participe do Fórum
“Metodologias de Ensino”. Inicie uma nova publicação,
propondo, a partir do que aprendeu aqui e de suas
experiências, uma maneira de estudar ou de ensinar
que você considera eficaz para a educação
contemporânea.

Concluída essa segunda semana de estudos é hora de uma pausa para refletir
sobre o assunto. Faça uma breve releitura de tudo que lhe foi sugerido, assista aos vídeos
propostos e analise todas essas informações com base na sua experiência. Esse intervalo
é importante para amadurecer as novas concepções que esta etapa lhe apresentou!

Nos encontramos na próxima semana.


Bons estudos!

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Semana 3 – Avaliação do Ensino e da Aprendizagem

Objetivos
Reconhecer a avaliação como mecanismo fundamental para
verificar a aprendizagem e também a eficiência do método de
ensino escolhido.

Mídia digital: Antes de iniciar os estudos dessa


semana, vá até a sala virtual e assista ao vídeo
“Avaliação nos processos de Ensino/Aprendizagem”.

3.1. O que é avaliar?

Avaliar, no sentido estrito da palavra, é o mesmo que dar valor a algo, classificar,
quantificar. Avaliar, no âmbito educacional, seria, portanto, dar valor à aprendizagem de
alguém, quantificar (dar notas) para o nível de conhecimento, classificar os alunos. Essa
ideia de avaliação persiste, e é pouco discutida quando se fala em processos seletivos
(concursos, vestibulares), mas no âmbito educacional ela é cada vez mais questionada.
A forma tradicional de avaliar é muito parecida com a forma tradicional de ensinar, e
tem relações diretas com a teoria comportamentalista de aprendizagem. Sendo assim, a
avaliação consistia numa atribuição de notas maiores para alunos capazes de reproduzir,
corretamente, o que tinham ouvido o professor explicando durante as aulas, ou o que
tinham lido no livro didático. As habilidades desenvolvidas pelos alunos, a capacidade de
aplicar o que aprendeu e os pequenos passos evolutivos na rotina escolar não eram
levados em consideração e ainda não são em muitas instituições de ensino.
O desenvolvimento de teorias construtivistas e humanistas de aprendizagem trouxe
à tona discussões sobre como os professores avaliam os alunos. Ora, se a forma de
aprender não é a mesma, se cada aluno é único em desenvolvimento e em
especificidades, como avaliar todos por igual? Como aplicar provas e esperar que todos
tenham o mesmo desempenho, decorando o conteúdo conforme esperado pelo professor?
Teorias modernas de aprendizagem mostram que avaliar é reconhecer os méritos
de cada um dentro de habilidades próprias, é compreender que o sujeito aprende de
maneiras diferentes e utiliza o conhecimento de formas variadas. Por isso as avaliações
devem ser de vários tipos e não apenas a que verifica a reprodução de conceitos, mas as
que criam oportunidades para que os alunos demonstrem seus progressos.
Howard Gardner, psicólogo e professor na Universidade Harvard, desenvolveu a
chamada Teoria das Inteligências Múltiplas. Em suma, essa teoria afirma que a inteligência
humana estaria dividida em nove tipos, sendo que o desenvolvimento de determinadas

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áreas do cérebro estaria relacionado com o desenvolvimento de cada uma dessas
inteligências. Cada ser humano está propenso a desenvolver mais algumas do que outras
inteligências. Veja a seguir:
- Lógico-matemática: inteligência relacionada com a capacidade de resolver
problemas matemáticos e lógicos, além da interpretação de assuntos abstratos.
- Linguística: inteligência relacionada ao apreço pelas linguagens e palavras.
- Musical: capacidade de desenvolver conhecimentos musicais, tocar instrumentos.
- Corporal-cinestésica: relacionada àqueles que conseguem controlar movimentos
do corpo, como dançarinos, atores e atletas.
- Espacial: capacidade de se localizar geograficamente e compreender o mundo
visualmente, podendo transformá-lo. É comum em arquitetos, engenheiros, geógrafos etc.
- Intrapessoal: inteligência relacionada à capacidade de se conhecer, de ter
autocontrole, de identificar fatores inconscientes e transformá-los em conscientes.
- Interpessoal: capacidade de entender as ações e motivações dos outros, os
interesses coletivos. Comum em professores, políticos e outros.
- Naturalista: aqueles capazes de compreenderam fenômenos naturais, de
classificarem organismos, de interpretarem padrões da natureza.
- Existencial: característica de filósofos, espiritualistas, líderes religiosos. Pessoas
com capacidade de discutir e apresentar questões sobre a existência humana.

Atenção: A teoria das inteligências múltiplas mudou a


forma como as pessoas enxergam a educação e a
aprendizagem.

A partir da teoria das inteligências múltiplas de Gardner, percebeu-se que, não é


porque alguém sabe mais sobre algo, que um outro indivíduo seja menos inteligente que
ele. Em outras áreas, aquele que sabia mais pode saber menos e vice-versa. Essa teoria
fez com que educadores de todo o mundo começassem a refletir sobre a forma como
ensinam e sobre a forma como avaliam. Para ensinar, seria preciso lançar mão de uma
variedade de estratégias educacionais que atinjam e possibilitem o desenvolvimento de
todas as inteligências. Para avaliar. seria preciso levar em consideração a habilidade de
cada indivíduo, oportunizando que ele demonstre o que aprendeu dentro de sua
capacidade cognitiva.
Outro aspecto interessante sobre avaliação educacional nos tempos modernos é o
fato de que o que precisa ser avaliado não é só o aluno, mas todo o contexto escolar. O
aluno faz parte de um todo e qualquer aspecto negativo pode prejudicar a aprendizagem. É
preciso criar mecanismos que possibilitem avaliar o método de ensino, se está sendo
eficaz, se contribui com o desenvolvimento dos alunos; avaliar o espaço de ensino, se é

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Pró-Reitoria de Extensão 32
adequado para o que se pretende desenvolver; avaliar o professor, se cumpre o que
planeja, se está comprometido com o aluno e com o desenvolvimento da educação; enfim,
avaliar o contexto (político, social, econômico), se favorece o crescimento individual e
coletivo.

Dica do Professor: Leia o artigo “A avaliação da


aprendizagem como processo construtivo de um novo
fazer” e aumente seus conhecimentos sobre avaliação
(download).

3.2. Avaliação somativa x avaliação formativa

Voltando as atenções novamente para a avaliação da aprendizagem, podemos


considerar dois tipos de mecanismos avaliativos: o somativo e o formativo.
Uma avaliação somativa se preocupa em gerar dados de aprendizagem. É
geralmente feita com a atribuição de notas em provas, testes, seminários, trabalhos e
outros. Esse tipo de avaliação tem um peso histórico na educação, uma vez que é a partir
dela que os alunos são aprovados ou reprovados para a série seguinte.
As avaliações somativas, em si, não são um problema para a educação. É por meio
dela e dos dados que ela apresenta (notas, aprovações, reprovações), que são
desenvolvidas políticas públicas para a educação e que a instituição se organiza para
oferecer o melhor para os alunos. O problema das avaliações somativas está no caráter
punitivo que elas apresentam. A atribuição de notas, algo feito quase que exclusivamente
pelo professor, é usado muitas vezes como instrumento para controlar o comportamento
dos alunos (característica do comportamentalismo clássico). Em várias situações, o próprio
aluno que obtém notas baixas pode se sentir desmotivado e desistir no meio do processo.
Professores e alunos devem compreender que as avaliações somativas, apesar de
atribuírem notas, são instrumentos para avaliar o trabalho como um todo. Elas dão
respaldo para que uma metodologia seja utilizada, elas informam o quanto os alunos
compreenderam sobre certo conceito, o quanto aquilo precisa ser reforçado e até que
ponto se pode avançar no conteúdo. Avaliações somativas, por si só, não podem, ou não
poderiam, ser utilizadas para aprovação e reprovação, elas precisam ser compreendidas
como parte do processo, e não o final dele.
As avaliações formativas, ou também avaliações processuais, são aquelas que
ocorrem ao longo de todo o percurso metodológico. Elas envolvem um olhar diferenciado
do professor, que deve ser capaz de perceber os pequenos avanços de cada aluno e os
pontos nos quais há maior dificuldade. Uma avaliação formativa possibilita caminhar de
mãos dadas, pois o professor está sempre auxiliando o aluno a superar os desafios e a
resgatar conhecimentos que o ajudem a progredir. Nesse tipo de avaliação, todo o
contexto é levado em consideração – os aspectos culturais, as origens do aluno, as

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Pró-Reitoria de Extensão 33
interações sociais, a estrutura de ensino, os recursos disponíveis, a dedicação do
estudante e assim por diante.
Independente de qual forma de avaliação o professor escolha, ele deve ter como
foco a aprendizagem, as habilidades e competências dos alunos. Verificar esses aspectos
é essencial para a identificação de erros e acertos e para o planejamento ou
replanejamento das próximas etapas do ensino.

3.3. Instrumentos avaliativos

Instrumento avaliativo é a ferramenta que o professor, a instituição ou até mesmo o


aluno adota para avaliar o desenvolvimento da aprendizagem. Cada instrumento avaliativo
possibilita verificar o nível de desenvolvimento de aspectos específicos. Há avaliações que
permitem analisar as habilidades, outras que ajudam a verificar a aplicação de
conhecimentos, outras ainda que informam a capacidade interpretativa dos alunos, e
aquelas, ainda, que identificam a argumentação. E não para por aí, há avaliação da
oralidade, da capacidade de solucionar problemas, da compreensão de conceitos e muitas
outras.
Alguns exemplos de instrumentos avaliativos são: provas escritas, objetivas ou
subjetivas, provas orais, seminários, trabalhos escritos, debates, produção textual,
simulados, jogos, experimentos, teatro, desenho, maquete, portfólio, álbum, livretos,
autoavaliação, avaliação diagnóstica, reuniões, visitas guiadas, exercícios e narrativa. Veja
a quantidade de instrumentos citados e esses são apenas alguns exemplos, existem
dezenas de outros.
O professor, com a participação efetiva dos alunos, deve adotar instrumentos
avaliativos que o ajudem a analisar o aspecto de interesse e ao mesmo tempo que
oportunize aos diferentes alunos demonstrarem o seu desenvolvimento pessoal.
O processo de ensino/aprendizagem é complexo e depende da interação efetiva e
constante entre todos os atores da educação. São estes, atuando de forma conjunta, sem
julgamentos ou críticas, mas com muita disposição e troca de experiências, que podem
melhorar a cada dia o cenário educacional do nosso país, fazendo com que estudar se
transforme em algo prazeroso.

Mídia digital: Ao final dos estudos dessa semana, vá


até a sala virtual e assista ao vídeo “Conclusões”.

Concluída essa última semana de estudos, faça uma pequena pausa para refletir
sobre o assunto estudado. Leia novamente e de forma breve o que foi sugerido, assista

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aos vídeos propostos e analise todas essas informações com base na sua experiência.
Esse momento ajuda a internalizar as novas ideias que esta etapa lhe apresentou!

Atividade: Para concluir o curso e gerar o seu


certificado, vá até a sala virtual e responda ao
questionário “Avaliação geral”.
Este teste é constituído por 10 perguntas de múltipla
escolha, que se baseiam em todo o conteúdo estudado
ao longo do curso. Dedique um tempo para revisar as
informações apresentadas durante as semanas e só
depois disso inicie o teste.

Aqui se encerra esta nossa jornada sobre ensino/aprendizagem. O que você


aprendeu aqui é apenas parte de um assunto bastante extenso e que ganha cada vez mais
espaço nas discussões sobre educação. Espero que você tenha ampliado seus
conhecimentos nessa área e, sobretudo, tenha se motivado a aprender cada vez mais
sobre o tema e a melhorar os espaços educacionais com os quais você se relaciona.
Por fim, sugiro que você explore a plataforma +IFMG. Nela você vai encontrar
muitos outros cursos interessantes, que podem contribuir ainda mais com a sua formação
e crescimento pessoal e profissional.

Parabéns pela conclusão do curso. Foi um prazer tê-lo conosco!

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Pró-Reitoria de Extensão 36
Referências

KRAEMER, M. E. P. A avaliação da aprendizagem como processo construtivo de um novo


fazer. Revista da rede de avaliação institucional da educação superior, Campinas, v.
10, n. 2, p. 137-147, jun. 2005.

KUBO, O. M.; BOTOMÉ, S. P. Ensino-aprendizagem: uma interação entre dois processos


comportamentais. Revista Interação, Curitiba, v. 5, n. 1, p. 133-171, jan.-dez. 2001.

MOREIRA, M. A. Abandono da Narrativa, Ensino Centrado no Aluno e Aprender a


Aprender Criticamente. In: VI Encontro Internacional e III Encontro Nacional de
Aprendizagem Significativa, 2010, São Paulo-SP. Disponível em:
<https://www.if.ufrgs.br/~moreira/Abandonoport.pdf> Acesso: 06/08/2020.

______. Subsídios teóricos para o professor pesquisador em ensino de ciências.


Porto Alegre: Instituto de Física da UFRGS, 2016.

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Currículo do autor

Derli Barbosa dos Santos, possui Mestrado em Ensino de Ciências pelo


Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências da Universidade
Federal de Ouro Preto - UFOP, Pós-Graduado em Educação Ambiental e
Sustentabilidade pelo Centro Universitário Internacional - UNINTER e
Licenciado em Ciências Biológicas pelo Instituto Federal Goiano -
Campus Rio Verde. Atualmente é Professor efetivo do Instituto Federal de
Minas Gerais - Campus São João Evangelista. Leciona Biologia para o
ensino médio/técnico e disciplinas da área de ensino de ciências para o
curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Tem especial interesse em
um ensino interdisciplinar, com foco numa educação que aproxime o
aluno da realidade social. Busca um ensino, tal qual Paulo Freire, que
parte das vivências e experiências do educando e o aproxima dos
conteúdos científicos abordados. Preocupa-se com a construção no processo ensino/aprendizagem de
uma consciência crítica sobre os valores socioeconômicos e ambientais presentes na sociedade
moderna. Tem se dedicado a trabalhos que mostrem aos alunos a aplicabilidade do conhecimento
adquirido no ambiente escolar e que socializem o conhecimento científico, possibilitando ao educando um
entendimento de como se faz ciência e como esta pode ser utilizada em favor da economia, sociedade e
meio ambiente. Além disso, procura utilizar metodologias ativas nos processos de ensino/aprendizagem,
tornando o aluno protagonista na construção de seu próprio conhecimento.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0375367237313602

Feito por (professor-autor) Data Revisão de layout Data Versão

Derli Barbosa dos Santos 24/09/2020 Viviane Lima Martins 01/12/2020 1.0

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Glossário de códigos QR (Quick Response)

Dica do professor
Ensino-
Mídia digital
aprendizagem: uma
Apresentação do
interação entre dois
curso.
processos
comportamentais.

Dica do professor
Subsídios teóricos Mídia digital
para o professor Metodologias de
pesquisador em ensino.
ensino de ciências.

Dica do professor Mídia digital


Abandono da
Avaliação nos
narrativa, ensino
processos de
centrado no aluno e
Ensino-
aprender a aprender
Aprendizagem.
criticamente.

Dica do professor
A avaliação da
Mídia digital
aprendizagem como
Conclusões.
processo construtivo
de um novo fazer.

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Plataforma +IFMG
Formação Inicial e Continuada EaD

A Pró-Reitoria de Extensão (Proex), neste ano


de 2020 concentrou seus esforços na criação do Programa
+IFMG. Esta iniciativa consiste em uma plataforma de
cursos online, cujo objetivo, além de multiplicar o
conhecimento institucional em Educação à Distância (EaD),
é aumentar a abrangência social do IFMG, incentivando a
qualificação profissional. Assim, o programa contribui para o
IFMG cumprir seu papel na oferta de uma educação pública,
de qualidade e cada vez mais acessível.
Para essa realização, a Proex constituiu uma equipe
multidisciplinar, contando com especialistas em educação,
web design, design instrucional, programação, revisão de
texto, locução, produção e edição de vídeos e muito mais.
Além disso, contamos com o apoio sinérgico de diversos
setores institucionais e também com a imprescindível
contribuição de muitos servidores (professores e técnico-
administrativos) que trabalharam como autores dos materiais
didáticos, compartilhando conhecimento em suas áreas de
atuação.
A fim de assegurar a mais alta qualidade na produção destes cursos, a Proex
adquiriu estúdios de EaD, equipados com câmeras de vídeo, microfones, sistemas de
iluminação e isolação acústica, para todos os 18 campi do IFMG.
Somando à nossa plataforma de cursos online, o Programa +IFMG disponibilizará
também, para toda a comunidade, uma Rádio Web Educativa, um aplicativo móvel para
Android e IOS, um canal no Youtube com a finalidade de promover a divulgação cultural e
científica e cursos preparatórios para nosso processo seletivo, bem como para o Enem,
considerando os saberes contemplados por todos os nossos cursos.
Parafraseando Freire, acreditamos que a educação muda as pessoas e estas, por
sua vez, transformam o mundo. Foi assim que o +IFMG foi criado.

O +IFMG significa um IFMG cada vez mais perto de você!

Professor Carlos Bernardes Rosa Jr.


Pró-Reitor de Extensão do IFMG
Características deste livro:
Formato: A4
Tipologia: Arial e Capriola.
E-book:
1ª. Edição
Formato digital

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