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Secretaria de Educação a Distância
Curso
Licenciatura em Pedagogia EaD
Disciplina
Didática do Ensino
Professora
Valdirene Pereira Costa
Diagramação
DI – Sônia Maria Dias
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APRESENTAÇÃO
Prezados estudantes do Curso de Licenciatura em Pedagogia EaD do
IFSULDEMINAS Campus Muzambinho, sejam bem-vindos à disciplina Didática do
Ensino!
Será um prazer ensinar e aprender com vocês!
Espero que os textos, vídeos e atividades propostas possibilitem a construção
do conhecimento e ampliem seus olhares para essa área da educação tão importante
por envolver especificamente o processo de ensino-aprendizagem. Espero ainda que
percebam a importância dessa disciplina para a formação de vocês. Aliás, a didática
é a base para um bom trabalho docente e verão isso no decorrer do estudo dessa
disciplina que, a meu ver, é o “carro-chefe” da Pedagogia. Nesse sentido, pergunto-
lhes: o que será de um pedagogo se não houver didática em sua atividade
docente, uma vez que ela impacta diretamente no processo de ensino-
aprendizagem?
A ementa dessa disciplina é: “Educação e Sociedade. Educação Escolar.
Concepções de educação: tradicional, escolanovista, tecnicista e progressista.
Noções de Currículo. Plano de Curso, de unidade e de aula. Avaliação.
Interdisciplinaridade. Relação professor-educando”.
Vejam que alguns conteúdos dessa ementa como, por exemplo, a relação
Educação e Sociedade e, ainda, a reflexão sobre Currículo, já foram abordados em
outras disciplinas, inclusive na disciplina “Fundamentos de Currículo no Ensino
Fundamental”, ministrada por mim, no Módulo II. Outro exemplo, refere-se à disciplina
“História da Educação I”, também estudada no Módulo II e que contemplou o debate
educacional, orientado pelas correntes teóricas. São estudos que fazem um elo com
nossa ementa de Didática, especificamente, quanto ao estudo das tendências
pedagógicas e concepções de educação. São destaques pontuais, mas importantes
para que vocês compreendam que as disciplinas conversam entre si e são
organizadas de forma a manter um diálogo próprio entre elas e, dessa forma,
possibilitam que os conhecimentos se entrelacem e se complementem.
3
De um modo geral, a disciplina foi organizada com base nessa ementa, mas,
também, com foco nos objetivos de aprendizagem considerados em nosso Plano
de Ensino, que são:
Compreender o objeto de estudo da didática, explicando os fatores que
interferem e/ou determinam o processo ensino-aprendizagem em relação ao
espaço da sala de aula e à organização do trabalho pedagógico da escola.
Refletir sobre os fenômenos digitais e suas implicações no processo de ensino-
aprendizagem.
Analisar as concepções de educação no Brasil.
Criar atividades que relacionem o planejamento dos elementos constitutivos
da Didática – objetivos, avaliação, conteúdos e métodos – frente às questões
pertinentes à organização do trabalho pedagógico na escola.
Analisar a relação pedagógica professor-educando-conhecimento,
considerando os diferentes aspectos do ensinar e aprender.
Avaliar, ao final da disciplina, o papel do professor na sua relação com os
educandos, a escola, a comunidade e a sociedade.
Nossa disciplina possui 75 horas. É uma boa carga horária, mas vocês
precisarão “ir além” para adquirirem maior abrangência de aprendizagens
significativas nesse universo da didática do ensino, afinal, trata-se da formação
pedagógica de vocês, futuros professores. Por isso, é fundamental que alcem novos
voos, explorem publicações recentes na área, façam leituras constantes e busquem
conhecimentos novos, além do que disponibilizamos aqui no curso.
Não se esqueçam que ler, estudar e refletir, amplia horizontes e possibilita ter
um olhar crítico sobre a educação, a pedagogia e sua área de conhecimento. Isto é
dever de todo bom professor.
Nesta apostila, que é um material de minha autoria, escrito especialmente
para vocês, selecionei alguns conteúdos que julgo importantes para a formação de
professores, mas saibam que nessa área da Didática existem muitos livros e textos
importantes, ou seja, o contexto que engloba essa área é muito mais amplo do que
apresento aqui e é por isso que sugiro que ampliem a leitura e o estudo.
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Esclareço que para escrever esse material utilizei, como base de apoio, alguns
livros, textos e artigos de educadores renomados e estudiosos dessa área da
Educação e, em particular, da Didática. Espero que gostem da organização da
disciplina e aprendam com ela!
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SUMÁRIO
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ANEXOS
ANEXO I – TEXTO:
SANTOS, Roberto Vatan dos. Abordagens do processo de ensino e aprendizagem.
Integração, São Paulo, ano XI, n.40, p.19-31, jan/fev/mai, 2005.
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/177895/mod_resource/content/1/Texto%20Proc%20
ens-aprend.pdf
ANEXO II – TEXTO:
MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. In: Temas
Básicos de Educação e Ensino. São Paulo: EPU, 1986. Disponível em:
http://www.angelfire.com/ak2/jamalves/Abordagem.html. Acesso. 15 abr. 2022
ANEXO IV – TEXTO:
BATILANI, Italo; GASPARIN, João Luiz. Pedagogia histórico-crítica: a função social da
educação escolar. In: SEMINÁRIO DE PESQUISA PPE. Universidade Estadual de Maringá.
Paraná, n. 37, p. 1-9, 2015. Disponível em:
http://www.ppe.uem.br/publicacoes/seminario_ppe_2015/trabalhos/co_02/37.pdf. Acesso 15
abr. 2022
ANEXO V – TEXTO:
SILVA, Margarida Montejano; DE SORDI, Maria Regina Lemes. Organização do Trabalho
Pedagógico: Limites e possibilidades do curso de Pedagogia. Associação Nacional de Pós-
Graduação e Pesquisa em Educação. Revista Brasileira de Educação. Disponível em:
https://www.anped.org.br/biblioteca/item/organizacao-do-trabalho-pedagogico-limites-e-
possibilidades-do-curso-de-pedagogia. Acesso 05 jan. 2023.
ANEXO VI – TEXTO:
LUCKESI, Cipriano Carlos. Verificação ou avaliação: o que pratica a escola. Centro de
Referência em Educação. Série Ideias. FDE. n.8, p. 71-80, 1998. Disponível em:
http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_08_p071-080_c.pdf Acesso em 04 jan. 2023.
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ANEXO VIII – TEXTO:
LIMA, Louise; COSME, Ariana. As metodologias ativas como oportunidade de construção de
aprendizagens culturalmente significativas: reflexões a partir de Paulo Freire. In: NUNES,
César Augusto R.; POLLI, José Renato (Orgs.). Paulo Freire e os Direitos Humanos.
Jundiaí / Campinas: Fibra, Ediçoes Brasil e Brasílica, 2021, pp.131-140.
https://pedagogia.ava.ifsuldeminas.edu.br/mod/resource/view.php?id=25747
ANEXO IX – TEXTO:
FERRAZ, A. P. C. M.; BELHOT, R. V. Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação
das adequações do instrumento para definição de objetivos instrucionais. Gest. Prod., São
Carlos, v. 17. n. 2, 2010, p. 421-431. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/gp/a/bRkFgcJqbGCDp3HjQqFdqBm/abstract/?lang=pt Acesso em 05
jan. 2023.
ANEXO X – TEXTO:
SILVEIRA, Renê Trentim. A Relação Professor-Aluno de uma Perspectiva
Gramsciana. Educação e Realidade. Porto Alegre, v. 43, n. 1, p. 97-114, mar. 2018.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/edreal/a/QPNLhBM5344NYjGyWJMPvwP/abstract/?lang=pt Acesso
em 04 jan. 2023.
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Didática,
epistemologia,
especificidades e
pressupostos
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INTRODUÇÃO E OBJETIVOS (Unidade I)
Nesta Unidade I, estudaremos o conceito de didática, bem como suas
especificidades e alguns de seus pressupostos históricos. A pergunta norteadora
dessa primeira unidade é: O que é a didática?
Penso que a primeira coisa a se fazer ao trabalhar com a questão da didática,
é situar a instituição escola. Para Saviani (2003), a escola é local de socialização do
saber no sentido de humanização do homem. Para o autor, educar não é apenas
educar sujeitos para a sociedade, mas sim sujeitos conscientes que possam
transformá-la.
Ao pensar na escola, é preciso compreender, também, que ela é permeada
pelas diversas tendências pedagógicas que fazem parte do contexto histórico
educacional. Por isso, mais à frente, estudaremos alguns dos principais teóricos que
escreveram sobre essas tendências pedagógicas.
O principal objetivo desta unidade, é que você compreenda o conceito de
didática e perceba que há várias abordagens que abrangem o processo de ensino-
aprendizagem.
Que abordagens são essas?
Vamos lá?
responsável pelo estudo e reflexão sobre a teoria da Educação e é nesse sentido que
se localiza a , como a teoria e a prática da instrução e do ensino (HAYDT,
2006).
Portanto, didática está muito ligada à questão da aprendizagem. Veremos que,
inclusive, seu objeto de estudo é o próprio processo de ensino-aprendizagem e nosso
foco aqui é trazer à tona o conceito de didática.
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A Pedagogia é o estudo sistemático da educação. É a reflexão sobre
as doutrinas e os sistemas de educação. A Didática é uma seção ou
ramo específico da Pedagogia e se refere aos conteúdos do ensino e
aos processos próprios para a construção de conhecimentos.
Enquanto a Pedagogia pode ser conceituada como a ciência e a arte
da educação, a Didática é definida como a ciência e a arte do ensino
(HAYDT, 1997, p. 13, grifos nossos).
Resumindo:
Pedagogia: arte e ciência da educação.
Didática: ciência e arte do ensino.
12
e as duas irmãs, vitimados pela peste. Sua educação fundamentou-se em saber ler,
escrever e contar. Foram ensinamentos aprendidos em ambiente rígido com prática
da palmatória. O professor era o centro do processo, portanto, os conteúdos
escolares eram inquestionáveis. Talvez esse rigor da escola e a falta de carinho, que
marcaram a vida de órfão, tenham inspirado seus princípios de uma didática
revolucionária para o século XVII.
É na Pedagogia Moderna, na qual temos a figura de Comenius, que surge a
ruptura com o tal “dom de ensinar”. A partir dessa Pedagogia, que há o despertar de
certo olhar mais crítico para esse processo, entende-se que não se trata de ter o
determinismo do dom para ensinar. É preciso pensar em estratégias de ensino para
que os estudantes aprendam mais.
A concepção de Didática Moderna nasce com Jan Amós Comenius e tem o
respaldo em Jean-Jacques Rousseau (Educar para a emancipação do indivíduo).
O lema de Comenius era “Ensinar tudo a todos”. Por isso, chamam
Comenius de o pai da Didática Moderna.
Aumentar-se-á ao estudante a facilidade da aprendizagem, se lhe
mostrar a utilidade que, na vida cotidiana, terá tudo o que se lhe
ensina. (...). Portanto, não se ensine senão aquilo que se apresenta
como imediatamente útil (COMENIUS, 1957, p. 246).
E continua a nos ensinar:
Portanto: (1). Logo que uma coisa seja entendida, pense
imediatamente na utilidade que ela pode vir a ter, para que nada se
aprenda em vão; (2). Logo que uma coisa seja entendida, difunda-se
de novo, comunicando-a a outros, para que nada se saiba em vão
(COMENIUS, 1957, p. 265).
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Nessa obra, Didática Magna, não encontramos apenas teorias, mas também
suas experiências vividas em sala de aula, uma vez que ele faz diálogos entre a teoria
e a prática. São propostas metodológicas para facilitar a prática docente,
considerando que a disciplina é importante em sala de aula, mas despida de violência.
Nesse sentido, ele enfatiza que no processo de ensino-aprendizagem é fundamental
o respeito, o afeto e o prazer em ensinar e aprender.
Outra obra escrita por ele foi “Orbis Sensualim Pictus”, de 1658, que pode ser
considerada como uma primeira obra para crianças, associando palavras, conceitos
e, até mesmo, imagens.
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Figura 4 – Obra Orbis Sensualim Pictus, de Comenius
Esta obra, que associa texto e imagem, também representa uma maneira de
pensar em como se ensinar “tudo a todos”, o que demostra a atualidade do
pensamento de Comenius que, com certeza, foi um grande educador do século XVII
que até hoje deixa aprendizagens significativas nesse processo de ensinar e
aprender, inclusive, destaca-se que esse processo constitui o próprio objeto de
estudo da didática: o ensino (professor) e a aprendizagem (o educando), ou seja, o
processo de ensino-aprendizagem. A didática enfatiza a relação professor-educando.
Link: https://youtu.be/pDMjytkuJJw
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1.2 AS ABORDAGENS DO PROCESSO DE ENSINO-
APRENDIZAGEM
Todos nós aprendemos, mas para ensinar é preciso buscar um suporte teórico
para compreender melhor o processo de ensino-aprendizagem.
Neste tópico, indico a leitura do texto “Abordagens do processo de ensino-
aprendizagem”1, de Roberto Vatan dos Santos que, mesmo escrito em 2005, merece
nossa atenção, porque esse autor traz um comparativo importante sobre os
referenciais teóricos desse processo. Analisa quatro aspectos que são fundamentais
para compreendermos bem esse contexto da didática: escola, educando, professor,
processo de ensino-aprendizagem. Traz uma reflexão sobre as abordagens
tradicional, comportamentalista, humanista, cognitivista e sociocultural.
Vocês verão que o autor apresenta as ideias de quatro autores sobre as
abordagens do processo de ensino-aprendizagem:
Primeiro: o autor fala das estratégias de ensino de Bordenave (1984)
considerando a Pedagogia da Transmissão, Pedagogia da Moldagem e Pedagogia
da Problematização.
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Segundo: traz as tendências pedagógicas estudadas por Libâneo (1982), que
são: a) Pedagogia Liberal, em suas versões: conservadora, renovada progressista e
renovada não-diretiva; b) Pedagogia Progressista, em suas versões: libertadora,
libertária, de conteúdos.
Para aprofundar, sugiro que estudem um pouco mais as concepções sócio
epistemológicas, trazidas por Libâneo, referentes às Pedagogias Libertadora
(chamada pelo seu criador, Paulo Freire, de Pedagogia do Oprimido) e Crítico-social
dos conteúdos (por volta dos anos 80, baseada na concepção Histórico-crítica de
Educação, de Dermeval Saviani, preconizada por ele no final dos anos 70). Libâneo
liderou um grupo de educadores que defendiam a democratização dos conteúdos
culturais sistematizados, o acesso e a permanência das pessoas de classes
populares nas escolas públicas. E foi esse grupo que criou a chamada Pedagogia
Crítico-social dos Conteúdos.
Figura 6 – José Carlos Libâneo
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voltada para uma educação de conscientização e de prática social e procura
historicizar a educação.
Para aqueles que tiverem interesse, deixo na nota de rodapé, o link da minha
dissertação de mestrado2, pesquisa objetivada em estudar vida e obra desse
educador brasileiro, Dermeval Saviani.
Figura 7 – Dermeval Saviani
19
Neste texto de Santos (2005), vocês verão que o autor condensa uma análise
comparativa desses quatro autores ao abordar tanto dos pressupostos comuns
quanto dos diferentes, referentes às diversas abordagens que procuram explicar o
processo de ensino-aprendizagem.
De um modo geral, nesta primeira unidade, quis mostrar que a didática tem
como objeto de estudo, o processo de ensino aprendizagem e, este processo, envolve
a relação professor-educando (educador-educando), a construção do conhecimento
(depende da relação professor-educando, depende da didática – forma de ensinar
e de aprender, depende da seleção de conteúdos - planejamento), as estratégias
cognitivas e as formas de avaliar. A escola é esse mundo do conhecimento e a
questão pedagógica e didática está totalmente ligada à aprendizagem do pensar e,
para levar o educando à pensar, é necessário ter uma boa didática, que envolve
planejamento efetivo, seleção de conteúdos significativos que promovam críticas e
problematizações, conhecimento do assunto a ser tratado e estratégias bem
pensadas para avaliar (não se trata de pensar em nota – número; trata-se de pensar
nesse instrumento como uma possibilidade de aprendizagem: avaliar o quê? Para
quê? Como?).
É importante perceberem que a didática envolve o entrelaçamento entre:
planejamento (objetivos de ensino) / seleção de conteúdos (selecionar em funções
dos objetivos) / formas de avaliar (estabelecer os vínculos entre ensino e
aprendizagem).
Lembrem-se que o maior motivo do fracasso escolar, é a falta de preparo da
organização escolar (metodologias, didáticas de procedimentos adequados para
serem trabalhados com as crianças).
Todos esses tópicos – que correspondem a seleção de conteúdos desta
disciplina de didática (organização do trabalho pedagógico, avaliação, relação
professor-educando) – elencados acima, serão discutidos nas próximas unidades
desta apostila. As unidades se inter-relacionam.
20
Atenção – A leitura do texto indicado neste tópico 1.2 é
obrigatória e seu conteúdo poderá ser cobrado em atividades
avaliativas da disciplina.
21
Os paradigmas
educacionais e de
docência
22
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS (Unidade II)
23
2.1 AS ABORDAGENS DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Sobre o conteúdo abordado no texto, veremos que a autora, para cada uma
das abordagens (tradicional, comportamentalista, humanista, cognitivista,
sociocultural), apresenta uma fundamentação das características gerais delas e
aprofunda o estudo mostrando como cada uma interpreta a visão de homem, mundo,
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sociedade-cultura, conhecimento, educação, escola, ensino-aprendizagem,
professor-educando, metodologia, avaliação e, ao final, traça suas considerações
finais, abordagem por abordagem.
Isso possibilita ter uma visão geral dessas abordagens do processo de ensino-
aprendizagem e perceber sua multidimensionalidade (são várias dimensões e
estudaremos essa questão mais à frente, numa outra unidade dessa apostila).
Lembrem-se que vimos que “paradigmas” têm a ver com “modelo”, “padrão”,
etc. Neste tópico, ampliaremos nossas aprendizagens a respeito das abordagens do
processo de ensino-aprendizagem. Estudaremos novos modelos.
Para Becker (1994), existem três formas de representar a relação entre ensino
e aprendizagem. No início do texto, o autor apresenta os três modelos pedagógicos
com seus respectivos pressupostos epistemológicos: Pedagogia Diretiva, Pedagogia
não diretiva (com termos adequados à epistemologia genética) e Pedagogia
relacional ou construtivista (modelos sustentados por concepções epistemológicas).
25
Vocês perceberão que ele discorre sobre cada um dos modelos e, ao final,
apresenta um comparativo entre os modelos pedagógicos e epistemológicos.
Nos modelos pedagógicos, as teorias estudadas são: diretiva, não diretiva e
relacional e, nos modelos epistemológicos, as teorias são: empirismo, apriorismo e
construtivismo.
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E o modelo Pedagogia Não-Diretiva, em que consiste?
O autor aponta no texto que não é nada fácil detectar a presença desse
modelo, porque esse modelo está mais presente nas concepções pedagógicas,
epistemológicas e psicológicas do que na prática da sala de aula. Neste modelo, o
professor é um auxiliar do educando, ou seja, um FACILITADOR do processo de
ensino aprendizagem. Este professor, não-diretivo, acredita que o educando aprende
por si mesmo, porque já traz consigo certa capacidade de conhecer e, neste caso, o
professor precisa apenas “rechear” de conteúdo e organizar as ideias.
A epistemologia que fundamenta essa postura pedagógica é a apriorista (vem
de a priori, ou seja, aquilo que é posto antes como condição do que vem depois).
Já na Pedagogia relacional ou construtivista, o professor seleciona um
conteúdo significativo e leva para sala de aula, local onde o conteúdo é discutido e
problematizado entre os educandos e o professor. É dessa REFLEXÃO que ocorre a
construção do conhecimento. Assim, aprendizagem é construção.
A epistemologia desse professor se mostra bastante diferente dos demais
modelos (diretivo e não-diretivo). Esse professor age sobre um modelo relacional com
uma epistemologia também relacional. Tanto o conhecimento trazido pelo educando
quanto o meio social, são valorizados por esse professor que percebe nestes dois
aspectos uma relação constante (Pedagogia relacional).
Ao ler o texto de Becker (1994), procurem ampliar a compreensão de conceitos
importantes como “assimilação”, “acomodação”, “adaptação”, “organização”
“reflexão”, “bagagem hereditária”, “estágios”, “epistemologia genética” (Piaget);
“tábula rasa”.
27
LEIA O ANEXO III DESTA APOSTILA
Referências - Documentos ou textos para embasar o conteúdo
explicitado.
28
Teorias da
educação: as
concepções de
educação no Brasil
Valdirene Pereira Costa
29
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS (Unidade III)
LEITURA
OBRIGATÓRIA
PARA TODOS
PROFESSORES!
30
Analisa as concepções de educação: Pedagogia Tradicional, Pedagogia Nova
e Pedagogia Tecnicista e, a partir desta análise, aponta que esses modelos de ensino
não promovem a criticidade e não possuem a consciência dos condicionantes
histórico-sociais da educação que se origina a Pedagogia histórico-crítica,
fundamentada no materialismo histórico e dialético e publicada em 1991.
A obra “Escola e democracia” foi o pano de fundo, a introdução preliminar, à
pedagogia histórico-crítica. Neste sentido, essa obra dá continuidade e complementa
as análises apresentadas no livro “Escola e democracia”.
Nesta Unidade III, tópico 3.1, apresentamos algumas reflexões das obras
“Escola e Democracia” e “Pedagogia histórico-crítica”, de Dermeval Saviani. São
obras que trazem uma compreensão acerca das concepções de educação no Brasil.
Já no tópico 3.2, o foco é o texto “A Pedagogia histórico-crítica: a função social da
educação escolar”7, de Ítalo Batilani e João Luiz Gasparin. Trata-se de um texto
apresentado no Seminário de Pesquisa PPE da Universidade Federal do Paraná, em
2015.
.
31
Importante deixar claro, que indico como obrigatória a leitura das obras de
Dermeval Saviani: “Escola e Democracia” e “Pedagogia histórico-crítica”, mas no
âmbito da formação de vocês, uma vez que serão professores e precisam
compreender bem o contexto histórico-social que perpassam as teorias da educação,
porém, não se tratam de leituras obrigatórias para esta unidade da disciplina de
Didática do Ensino (claro que seria ótimo se conseguissem ler...).
Já o texto “A Pedagogia histórico-crítica: a função social da educação escolar”,
é leitura obrigatória desta Unidade III.
Para finalizar, friso que o objetivo desta Unidade é defender que uma
pedagogia que respeite a história e que seja crítica pode contribuir para a formação
dos indivíduos, tornando-os conscientes e, assim, capazes de buscar uma
transformação social por meio da luta coletiva.
Vamos estudar?
33
No terceiro capítulo, “Escola e Democracia II – Para Além da Teoria da
Curvatura da Vara”, o autor esboça, a partir das três teses do capítulo dois, a
pedagogia revolucionária e aponta que cabe ao professor rever sua própria prática
pedagógica com a finalidade de contribuir para a construção de uma escola ideal, na
qual a teoria esteja articulada com a prática visando a transformação social.
35
Acontece que, mesmo com essas diferenças, a relação entre educação e política é
uma relação íntima, elas são inseparáveis. Podemos dizer que existe uma relação
interna e outra externa entre elas. A relação interna se caracteriza pelo fato de que
toda prática pedagógica possui uma dimensão política, assim como toda prática
política possui uma dimensão educativa.
Quanto à relação externa entre educação e política, Saviani nos mostra que:
1) a educação depende da política no que diz respeito a determinadas condições
objetivas como a definição de prioridades orçamentárias, que se reflete na
constituição-consolidação-expansão da infraestrutura dos serviços educacionais, etc.
e, 2) a política depende da educação no que diz respeito a certas condições subjetivas
como a aquisição de determinados elementos básicos que possibilitem o acesso à
informação, à difusão das propostas políticas, a formação de quadros para os partidos
e organização políticas de diferentes tipos, etc. (p.85).
Enfim, educação e política são práticas distintas, mas inseparáveis e que estão
dentro de um mesmo contexto: a prática social.
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Saviani (2003, p.11), explica que o que diferencia o homem dos outros animais
é a necessidade de este precisar produzir sua própria existência: “em lugar de
adaptar-se à natureza, ele tem que adaptar a natureza a si, isto é, transformá-la. E
isto é feito pelo trabalho. Portanto, o que diferencia o homem dos outros animais é o
trabalho. ”
O autor diferencia “trabalho material” e “trabalho não-material”. O primeiro,
refere-se ao trabalho para adquirir os bens materiais, necessários para a subsistência
material; o segundo, refere-se à produção do saber, uma vez que, o homem para
produzir, precisa idealizar os objetivos da ação e, sendo assim, o trabalho não-
material caracteriza-se pela produção de ideias, conceitos, valores, habilidades. A
educação situa-se nessa categoria do trabalho (não-material), mas é importante
ressaltarmos que existem duas modalidades relacionadas com a produção não-
material:
a. Atividades em que o produto se separa do produtor (ex.: livro);
b. Atividades em que o produto não se separa do ato de produção (ex.:
professor x educando), ou seja, a aula é produzida pelos professores e
consumida pelos educandos ao mesmo tempo.
Falar da natureza da educação é esclarecer que ela é um fenômeno próprio
dos seres humanos, é uma exigência do processo de trabalho e “o trabalho
educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo
singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto
dos homens. ” (2003, p.15).
A respeito da especificidade da educação, vimos que a “própria
institucionalização do pedagógico através da escola é um indício da especificidade
da educação” e a escola existe porque as novas gerações querem adquirir o
conhecimento sistematizado e é na escola que acontece a socialização do saber; é
na escola que se produz o saber elaborado, ou seja, que se desenvolve o
conhecimento.
O autor mostra que, num primeiro momento, a educação acontece
naturalmente, historicamente; o homem vai aprendendo e internalizando ações até
surgir a escola, que é um aspecto da educação. A escola participa da natureza própria
do fenômeno educativo. Diante disso, entende-se a especificidade da educação
39
enquanto conhecimentos, ideias, valores, etc., sendo estes, elementos necessários
para a formação do homem, da humanidade. E esses conhecimentos, essas ideias,
seriam uma forma de “segunda natureza” que vão se produzindo, na medida em que
os homens vão construindo suas práticas pedagógicas, historicamente, diante de
suas relações sociais.
Saviani (2003), ao tratar da “Pedagogia Histórico-Crítica e a Educação
Escolar”, explica a expressão “histórico-crítica”,
[...] o que eu quero traduzir com a expressão histórico-crítica é o
empenho em compreender a questão educacional com base no
desenvolvimento histórico objetivo. Portanto, a concepção
pressuposta nesta visão da pedagogia histórico-crítica é o
materialismo histórico, ou seja, a compreensão da história a partir do
desenvolvimento material, da determinação das condições materiais
da existência humana (SAVIANI, 2003, p.88).
Este assunto será abordado na Unidade IV, na qual estudaremos essa questão
da organização do espaço e do trabalho pedagógico na escola.
Por ora, após estudarmos um pouco sobre as concepções de educação no
Brasil, com enfoque na Pedagogia histórico-crítica e, a partir desse conhecimento,
compreendermos o significado da expressão “histórico-crítica”, daremos sequência,
41
no tópico 3.2, à análise da função social da educação escolar na perspectiva da
pedagogia histórico-crítica.
Vamos ler o texto para compreender melhor essa questão da função social
da educação escolar?
43
Organização do
trabalho
pedagógico na
escola
Valdirene Pereira Costa
44
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS (Unidade IV)
pedagógico ao cotidiano da sala de aula. 7. ed. São Paulo: Libertad Editora, 2006.
11 VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível.
45
Depois, falamos dos paradigmas educacionais e também compreendemos que
o processo de ensino-aprendizagem possui várias dimensões: a humana, a técnica,
a político-social e que o bom professor não desenvolverá seu trabalho docente
olhando para apenas uma dimensão, mas que deverá articular as três dimensões
para que exista didática. E é nesta articulação das dimensões, que a didática estará
“situada”.
Aprendemos também que existem várias concepções de Educação:
Pedagogia Tradicional, Pedagogia Escolanovista – Pedagogia Escola Nova
(movimento de educadores contrários à Pedagogia Tradicional), Pedagogia
Tecnicista, Pedagogia Histórico-Crítica (Uma Concepção Revolucionária – uma
Teoria Crítica da Educação. Crítica no sentido de não ser uma teoria reprodutivista).
Estudamos isso na perspectiva do educador Dermeval Saviani.
Agora, nesta unidade, queremos desconstruir a possível ideia de que a
Didática é a “Salvação da Pátria”, porque muitas pessoas acreditam que a didática é
a disciplina que ensina o professor a ser “Um bom professor”. Não é bem assim!
Nesta unidade, ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO, veremos
que a didática tem a ver com organização, planejamento e sistematização de
processos.
Sabem por que o objeto de estudo da didática é o processo de ensino-
aprendizagem? Porque ela é uma “ciência” responsável pela organização desse
processo.
E, nesse sentido, é importante compreender que
Uma BOA DIDÁTICA tem a ver com possibilidades de fazer o educando tornar-
se um agente ATIVO, CRÍTICO e REFLEXIVO no processo de ensino-aprendizagem,
considerando nesse processo metodologias de ensino capazes de fazê-lo construir
conhecimentos ativamente. Claro! Isso vai depender de uma boa formação docente,
também.
Não é só isso. Uma BOA DIDÁTICA, além de contar com um bom
PLANEJAMENTO e uma boa ORGANIZAÇÃO, precisa possibilitar que o estudante
seja capaz de produzir, criar, recriar, debater, construir conhecimentos, refletir.
46
Vejam só: caso eu contribua para que o educando simplesmente
REPRODUZA, posso ser totalmente ORGANIZADO, mas não atuarei com uma BOA
DIDÁTICA. Minha atuação docente, neste caso, será algo técnico e simplista.
Perceberam? Não basta simplesmente trabalhar o método. É preciso
construir algo com o método. E o educando precisa participar ativamente desse
processo.
Outro fator importante, é pensamos em planejamento, considerando algumas
dimensões. Considero quatro dimensões como importantes: 1) uma dimensão global,
voltada para a organização do próprio Sistema de Ensino Nacional; 2) uma dimensão
ampla, voltada para a própria organização da escola (Projeto Político Pedagógico –
PPP); 3) uma dimensão específica, voltada para o ensino (Plano de Ensino) e, 4) uma
dimensão detalhada voltada para a organização da aula (Plano de Aula).
Vamos falar um pouquinho mais sobre as dimensões inseridas no âmbito da
ESCOLA, as quais apresentam um planejamento organizado nos seguintes
documentos: o Plano da Escola (PPP), Plano de Ensino e Plano de Aula.
1) Dimensão Global - O planejamento de um SISTEMA DE ENSINO – âmbito
Nacional, Brasil. A partir dele é preciso olhar para dentro da escola para, assim,
organizá-la de acordo com as leis e diretrizes nacionais.
2) Dimensão Ampla – Quando pensamos na organização do trabalho
pedagógico na ESCOLA.
Aqui temos o Projeto Político Pedagógico (PPP): documento que deve
ser construído coletivamente com toda a comunidade acadêmica
(gestão, professores, educandos, técnicos, pessoas que trabalham com
serviços gerais, pais, etc.). Este é um documento importantíssimo no
qual são descritas as dificuldades, os diagnósticos, as ações que
precisam ser realizadas, as metas para o ano letivo. Enfim, ao mesmo
tempo em que consiste num planejamento, consiste também para um
replanejamento do ano seguinte. Isso porque, é por meio do PPP que
verificamos o que deu certo e o que não deu; as ações, as metas
existentes, dentre elas, quais foram cumpridas e quais não foram, etc.
Trata-se de uma organização, de um planejamento para um ano inteiro.
47
Abaixo, uma definição de plano da escola:
48
Abaixo, uma definição de plano de ensino:
49
tendo em vista uma prática constantemente transformada para melhor
(LIBÂNEO, 1994, p. 241)
50
É importante fazer a leitura do texto na íntegra para compreenderem melhor
esse contexto histórico da Pedagogia, inclusive, porque as autoras refletem a respeito
das leis, diretrizes e projetos de ensino que se incluem nesse contexto.
As autoras dialogam com autores críticos como, por exemplo, Mészaros,
Gramsci e Saviani e, assim, proporcionam reflexões necessárias. Segue uma delas:
Retomando as ideias de Gramsci e Saviani quanto a interação social
dos sujeitos no processo de ensino-aprendizagem, no qual existe um
conteúdo histórico-cultural a ser socializado (transmitido), uma
experiência teórico-prática da docência a ser ensinada e aprendida
(vivenciada) e a pré-disposição de sujeitos a assumirem novos postos
de educadores na complexa organização da sociedade, constatamos
que os espaços de formação de professores representam suportes e
condições favoráveis para a aprendizagem da docência. Portanto,
concordamos com os teóricos que, na relação dinâmica entre os
sujeitos é possível uma mudança qualitativa na visão de mundo e na
ação do sujeito sobre o mundo. Que é possível, a partir das
contradições presentes nestes espaços, a transformação dos sujeitos
e do conhecimento de forma indireta e mediata (SILVA & DE SORDI,
s./d., s./p.).
51
Atenção – A leitura do texto indicado neste tópico 4.1, é
obrigatória e seu conteúdo poderá ser cobrado em atividades
avaliativas da disciplina.
52
Nessa perspectiva, o projeto político-pedagógico vai além de um
simples agrupamento de planos de ensino e de atividades diversas.
O projeto não é algo que é construído e em seguida encaminhado às
autoridades educacionais como prova do cumprimento de tarefas
burocráticas. Ele é construído e vivenciado em todos os momentos,
por todos os envolvidos com o processo educativo da escola (VEIGA,
2013, p. 12).
Atenção –
54
1) “Guarda-chuva” da escola, ou seja, organização da escola como um todo: as
finalidades da escola, a estrutura organizacional, o currículo, o tempo escolar,
o processo de decisão, as relações de trabalho, a avaliação.
2) Organização da sala de aula.
Considerá-lo assim, significa realizar uma gestão escolar democrática e participativa!
Veiga (2013, p.16-19) explica que os princípios que deverão nortear a escola
democrática, pública e gratuita, são: igualdade (“igualdade de condições de
permanência na escola”), qualidade (“não pode ser privilégio de minorias econômicas
e sociais”; “qualidade para todos”), gestão democrática (“princípio consagrado pela
Constituição vigente e abrange as dimensões pedagógica, administrativa e
55
financeira”), liberdade (“outro princípio constitucional. O princípio da liberdade está
sempre associado à ideia de autonomia”) e valorização do magistério (“é um
princípio central na discussão do projeto político-pedagógico”).
Ao planejar um projeto político-pedagógico é necessário pensar em cinco
dimensões:
PLANEJAMENTO DO PPP
Assim será possível ANALISAR A REALIDADE para projetar METAS que tenham
por base um PLANO DE AÇÃO que torne possível na PRÁTICA, ou melhor, no “chão
da escola”, operacionalizar este plano para, finalmente, monitorar os resultados que
seguirão para AVALIAÇÃO DO PRÓPRIO PPP (as metas foram atingidas? O plano
de ação foi concretizado?), questões a serem refletidas no coletivo, com participação
democrática.
Essas cinco dimensões contemplam os três marcos fundamentais para um bom
planejamento de projeto político-pedagógico: marco situacional, marco conceitual e
marco operacional. Inseri uma figura para tornar essa informação mais clara:
56
Figura 15 – Planejamento de um Projeto Político-pedagógico
57
ESTRUTURA DO PPP
Direciona
Direciona
58
PLANO é:
O resultado do planejamento (primeiro você pensa o que vai fazer – planejar –
e depois conclui suas ideias e intenções por meio do plano).
Um guia de orientação (diretrizes e meios de realização do trabalho docente).
59
MODELO DE UM PLANO DE ENSINO
60
MODELO DE UM PLANO DE AULA
DADOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Objetivo Geral:
Construir conhecimento sobre a temática “Planejamento e Plano” por meio
de um processo de ensino-aprendizagem que permita a reflexão-ação-
reflexão dos educandos.
Objetivos Específicos:
Compreender as diferenças entre Planejamento, Plano de Ensino e Plano de
Aula.
Criar um plano de aula e aplica-lo na sala de aula.
Analisar a aula dada.
Avaliar as facilidades e dificuldades encontradas em todo o processo de
elaboração até aplicação.
61
METODOLOGIA
RECURSOS
Quadro branco
Projetor multimídia
Notebook
Software de apresentação de Power Point
Texto para subsidiar atividade.
BIBLIOGRAFIA
62
https://www.scielo.br/j/gp/a/bRkFgcJqbGCDp3HjQqFdqBm/abstract/?lang=pt
Acesso em 05 jan. 2023.
MACEDO, Lino de. Ensaios pedagógicos: como construir uma escola para todos.
Porto Alegre: Artmed, 2005.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejar é antecipar ações para atingir certos
objetivos. Revista Nova Escola – Edição Especial Planejamento. N. 21, Jan.,
2009.
Fonte: Elaborado pela autora da apostila.
63
Objetivos (estabelecer os objetivos é uma tarefa muito importante, pois
deles vão depender os métodos e procedimentos e as várias formas de
avaliação);
Metodologia (aula expositiva dialogada, trabalho em grupo, debate, aula
prática, aula de exercícios, seminários, etc.);
Recursos (pedagógicos, tecnológicos, etc.);
Avaliação (sempre como um processo e não como um fim);
Referências Bibliográficas
O desenvolvimento metodológico poderá ser desdobrado assim:
Conhecimentos prévios dos educandos;
Introdução ao assunto;
Desenvolvimento e estudo ativo do assunto;
Sistematização e/ou Problematização;
Tarefas/Atividades (sala de aula ou para serem realizadas em casa)
Sobre a aula, Libâneo (1994) nos ensina que:
Devemos entender a aula como o conjunto dos meios e condições
pelos quais o professor dirige e estimula o processo de ensino em
função da atividade própria do aluno no processo de aprendizagem
escolar, ou seja, a assimilação consciente e ativa dos conteúdos. Em
outras palavras, o processo de ensino, através das aulas, possibilita
o encontro entre os alunos e a matéria de ensino, preparada
didaticamente no plano de ensino e nos planos de aula.
A realização de uma aula ou conjunto de aulas requer uma
estruturação didática, isto é, etapas ou passos mais ou menos
constantes que estabelecem a sequência do ensino de acordo com a
matéria ensinada, características do grupo de alunos e de cada aluno
e situações didáticas específicas.
Nas aulas se conjugam diversas formas didáticas, por meio das quais
é estabelecida a correspondência entre tipos de aulas e métodos de
ensino (LIBÂNEO, 1994, p. 177-178)
65
CORRELAÇÃO (como ele relaciona o que se ensina e o que se aprende –
interação)
Posto isto, podemos avançar para a próxima unidade (Avaliação da
Aprendizagem), uma vez compreendida como se dá a organização do trabalho
pedagógico, inicia-se na construção coletiva do projeto político-pedagógico que
reflete na organização do trabalho pedagógico em sala de aula em prol da formação
do cidadão crítico e criativo.
66
A avaliação da
aprendizagem
como instrumento
de ensino
Valdirene Pereira Costa
67
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS (Unidade V)
Figura 17: Avaliação – Como fazer? Para que fazer? Quando fazer?
12
Leia o texto – disponível no Anexo VI desta apostila.
13
Leia o texto – disponível no Anexo VII desta apostila.
68
Luckesi (1998), explica que a avaliação precisa estar em consonância com o
projeto político-pedagógico da escola, bem como com o plano de ensino. Só assim
terá sentido no contexto escolar.
70
Os pais também ficam ansiosos em casa esperando o resultado das provas
dos seus filhos. Muitos pensam que o importante são as notas bimestrais, as notas
que vão aprovar seus filhos para a próxima série. Acabam que nem se interessam em
saber se seus filhos estão realmente aprendendo. Contenta-se apenas com as notas
boas, muitas vezes até prometem prêmios, brinquedos, se obtivessem a nota maior
da sala de aula. Então temos:
Provas para testar;
Provas para reprovar;
Notas operadas sem pensar na aprendizagem.
Para compreendermos melhor a avaliação, devemos pensar que ela não é o
fim da aprendizagem e sim o meio que colabora para chegar até ela.
A prática da avaliação escolar vem nos mostrar o ato de avaliar como classificação
e não como diagnóstico. Essas classificações, transformadas em números, que
somadas e divididas resultam nas médias finais, não auxilia em nada no avanço e o
crescimento do educando.
Já a função diagnóstica, abre um espaço para raciocinar, discutir sobre como está,
o que precisa para ser atingida a perspectiva esperada. No entanto, a cultura
instalada na escola através das estruturas, não favorece a reflexão, sobretudo sobre
a avaliação.
Nesse sentido, Luckesi (1997) diz que a casa do saber se tornou casa da
passividade, da falta de interesse pelos assuntos que dizem respeito ao professor e
aos seus educandos. Enfim, parece que a nota basta e é, portanto, suficiente para
expressar tudo que a escola faz. É tão simples, tão fácil! Satisfaz a família (ou não),
a escola, o professor e a sociedade, embora não reflita as competências pessoais
dos educandos.
Luckesi (1998), traz em seu texto o conceito de avaliação. Vejamos:
O termo avaliar também tem sua origem no latim, provindo da
composição a-valere, que quer dizer “dar valor a...”. Porém, o conceito
“avaliação” é formulado a partir das determinações da conduta de
“atribuir um valor ou qualidade a alguma coisa, ato ou curso de
ação...”, que, por si, implica um posicionamento positivo ou negativo
em relação ao objeto, ato ou curso de ação avaliado. Isto quer dizer
que o ato de avaliar não se encerra na configuração do valor ou
qualidade atribuídos ao objeto em questão, exigindo uma tomada de
71
posição favorável ou desfavorável ao objeto de avaliação, com uma
consequente decisão de ação.
O ato de avaliar importa coleta, análise e síntese dos dados que
configuram o objeto da avaliação, acrescido de uma atribuição de
valor ou qualidade, que se processa a partir da comparação da
configuração do objeto avaliado com um determinado padrão de
qualidade previamente estabelecido para aquele tipo de objeto. O
valor ou qualidade atribuídos ao objeto conduzem a uma tomada de
posição a seu favor ou contra ele. E, o posicionamento a favor ou
contra o objeto, ato ou curso de ação, a partir do valor ou qualidade
atribuídos, conduz a uma decisão nova, a uma ação nova: manter o
objeto como está ou atuar sobre ele. A avaliação, diferentemente da
verificação, envolve um ato que ultrapassa a obtenção de
configuração do objeto, exigindo decisão do que fazer ante ou com
ele. A verificação é uma ação que "congela" o objeto; a avaliação, por
sua vez, direciona o objeto numa trilha dinâmica de ação. As
entrelinhas do processo descrito no tópico anterior demonstram que,
no geral, a escola brasileira opera com a verificação e não com a
avaliação da aprendizagem (LUCKESI, 1998, p.76).
72
Figura 19 – Paulo Freire
73
5.2 – AVALIAÇÃO MEDIADORA
reflexão para “contribuir, elucidar, favorecer a troca de ideias entre o professor e seus
educandos, num movimento de superação do saber transmitido a uma produção de
saber enriquecido [...]” (HOFFMANN, 1994, p.51).
74
possibilidades de abertura do aluno a novas condutas, de elaboração
de esquemas de argumentação, contra- argumentação, para o
enfrentamento de novas tarefas (HOFFMANN, 1994, p. 57).
preocupação é com a nota e esta serve como ameaça para manter a disciplina,
portanto, é instrumento de poder, e, então,
aprendizagens dos educandos, enfim, uma avaliação formativa que integra o ensino
e a aprendizagem, com sentido orientador do processo.
Um outro autor, Romão (2002, p. 45), diz que “as duas concepções –
diagnóstica e classificatória – perpassam as diversas modalidades de avaliação que
pontuaram a história da educação brasileira, com uma clara predominância,
infelizmente, da última”.
Hoffmann (1994), explica que existem diferentes concepções sobre o aprender
e o avaliar e é a partir dessas concepções que são delineados os diferentes
entendimentos a respeito dos termos: acompanhamento e diálogo.
75
A autora esclarece que muitos professores não refletem sobre “avaliação” e,
nem sequer, sentem-se incomodados para discutir o assunto devido a postura
conservadora e comportamentalista que possuem.
E finaliza o texto, detectando a necessidade de uma investigação que anuncie
a
76
Vimos que, pensamento crítico e metodologia problematizadora são essenciais
para garantir uma boa avaliação da aprendizagem. Ao invés de transmitir uma
informação, precisamos desencadear uma aprendizagem no educando, para que isso
aconteça, precisamos nos importar com três questões no processo de avaliação:
RACIOCÍNIO (o que ele pensa – criticidade)
ATUAÇÃO (o que ele faz – comportamento)
CORRELAÇÃO (como ele relaciona o que se ensina e o que se aprende –
interação)
77
Procedimentos de
ensino-
aprendizagem
78
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS (Unidade VI)
EDUCAÇÃO Ensino
79
ENSINAR APRENDER
Relativo ao SIMULTÂNEOS E
Relativo ao
professor CORRELACIONADOS aluno
80
Quadro 3 - Procedimentos de ensino aprendizagem
81
recursosáudio visuais a serem utilizados e, se houver alguma forma de avaliação,
é preciso constar nesse Plano de Aula, além das referências bibliográficas
utilizadas na preparação da aula.
82
2 – PROCEDIMENTO DE ENSINO-APRENDIZAGEM SOCIALIZANTES
USO DE JOGOS: o uso de jogos ajuda a criar na sala de aula uma atmosfera de
motivação que permite ao educando, seja ele criança ou adulto, participar ativamente
doprocesso ensino aprendizagem. Jogar é uma atividade natural do ser humano. Ao
brincar e jogar o indivíduo fica tão envolvido com o que está fazendo que coloca na
ação seu sentimento e emoção. O jogo, assim como a atividade artística, é um elo
integrador dos aspectos motores, cognitivos, afetivos e sociais. É brincando e
jogando que a criança ordena o mundo à sua volta, assimilando experiências e
informações e, sobretudo, incorporando atitudes e valores. É por intermédio do jogo
e do brinquedo que ela reproduz e recria o meio circundante.
83
que caracteriza basicamente o estudo de casos e o diferencia da técnica de solução
de problemas é o fato de as situações propostas serem reais ou baseadas na
realidade.
ESTUDO DO MEIO: é uma técnica que permite ao educando estudar de forma direta
o meio natural e social que o circunda e do qual ele participa. É uma prática educativa
que se utiliza de entrevistas, excursões e visitas como formas de observar e
pesquisar diretamente a realidade, coletando dados e informações para posterior
85
Os fenômenos
digitais e suas
implicações nos
processos de ensino-
aprendizagem na
contemporaneidade
Valdirene Pereira Costa
86
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS (Unidade VII)
16
Leia o texto – disponível no Anexo VIII desta apostila.
16 Leia o texto – disponível no Anexo IX desta apostila.
16 Citamos como exemplo o projeto “Escolas Conectadas” da Fundação Telefônica Vivo Brasil que,
“Smart Schools” do Instituto Tellus, cujo desafio é “Integrar o uso da tecnologia na jornada de
aprendizagem dos alunos, de forma intuitiva para os professores e que potencialize o ensino lúdico e
efetivo, é um desafio diário das escolas públicas. Nesse cenário, o projeto Smart School surge para
desenhar, conduzir e apoiar o processo de inovação pedagógica por meio da tecnologia em 5 escolas
estaduais da capital paulista, Escola Estadual (EE) Prof. Architiclino Santos, EE Francisco De Assis
Reys, EE João Amos Comenius, EE Doutor José Américo de Almeida e EE Ministro Costa Manso”
(Fonte: Smart Schools. Disponível em: https://tellus.org.br/projetos/smart-
schools/?utm_source=Google%20Grants&utm_medium=cpc&utm_campaign=Projetos%20Smart%20
School&gclid=EAIaIQobChMIrvHWk7Gw_AIVDUeRCh2OjwdnEAAYASAAEgLr7vD_BwE Acesso em
05 jan. 2023). Outro exemplo é Grupo Educacional Drummond, “possui 50 anos de tradição e é
referência em Ensino na cidade de São Paulo. Os Colégios têm como missão formar com maestria
a Geração do Terceiro Milênio, disponibilizando ferramentas pedagógicas que propõem uma
metodologia de ensino inovadora, ultrapassando os limites da sala de aula”. Esses colégios possuem
alguns diferenciais: “através da Sala de Aula Invertida, do Ensino Bilíngue, do Connected World, do
Makerspace, da Sala de Psicomotricidade, da Sala de Tecnologias Ativas e do FABLAB, o processo
de aprendizagem é dinâmico, onde o aluno é protagonista” (Fonte: Grupo Drummond. Disponível em:
https://drummond.com.br/colegio/colegio-carlos-drummond-de-
andrade/?gclid=EAIaIQobChMImdD6jbSw_AIVMUFIAB2oEwHrEAAYASABEgJ-Z_D_BwE Acesso
em 05 jan 2023). No âmbito internacional, destacamos a School 21, localizada em Londres, cujo “O
objetivo da School 21, fundada em 2013, é fazer uma revolução no currículo escolar e na pedagogia,
para ajudar a formar estudantes mais flexíveis, capazes de prosperar no século 21. Financiada pelo
Estado, a escola localizada em região periférica de Londres, onde parte dos alunos são filhos de
imigrantes, foi criada por Peter Hyman, que trabalhou como conselheiro do ex-primeiro-ministro inglês
Tony Blair entre 1994 e 2003” (Fonte: School 21. Disponível em: http://innoveedu.org/pt/school-21
Acesso em 05 jan. 2023)
88
emergem da sua análise sobre o currículo, sobre as dinâmicas da sala
de aula, sobre as necessidades dos seus alunos, dos recursos
didáticos necessários à prossecução da ação, assegurando que os
diferentes eixos que integram o processo de
ensino/aprendizagem/avaliação devam ser organizados em função da
possibilidade do educando aprender com compreensão sobre um
determinado tema, utilizando materiais físicos, concretos, palpáveis,
tecnológicos, entre outros (LIMA & COSME, 2021, p. 137).
89
Já o Espaço Maker, mesmo que dependa de certo recurso para ser montado,
vale cada esforço!
Espaço Maker - “o foco da educação Maker – termo em inglês que significa fazer –
é transformar os espaços de aprendizagem. Isso faz com que a escola se torne um
lugar para experimentação, aprendizagem criativa e prática do conhecimento”17. No
IFSULDEMINAS – Campus Muzambinho temos um Espaço Maker que é uma
plataforma de suporte à inovação e ao processo de ensino-aprendizagem, ou seja,
um local para inventar, aprender e ensinar, inclusive, por meio de projetos
desenvolvidos a partir de problemas locais. O Espaço Maker está localizado no CEAD
– Centro de Educação a Distância –, o projeto está atrelado ao ELITT – Escritório
Local de Inovação e Transferência de Tecnologia18
Freire (2016, p. 47), nos ensina que precisamos ter a consciência e “saber que
ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria
produção ou a sua construção”. Essas escolas “diferenciadas” baseiam suas práticas
educativas em situações que envolvem a concepção de uma educação
https://www.muz.ifsuldeminas.edu.br/noticias/2642-espaco-maker-um-lugar-para-criar-aprender-
ensinar-e-inventar Acesso em 05 jan. 2023.
90
problematizadora, na qual os educandos trabalham com projetos, dialogam entre si,
questionam o tempo todo e possuem liberdade para aprender. Nesses espaços, a
tecnologia (plataformas online, celulares, tabletes, conexões com internet, etc.) é
sempre bem-vinda. Freire (2016) continua a nos ensinar e afirma: “Quando entro em
uma sala de aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, às
perguntas dos alunos, a suas inibições; um ser crítico e inquiridor, inquieto em face
da tarefa que tenho – a de ensinar e não a de transferir conhecimentos” (p.47). O
importante, ao colocar o educando como sujeito do seu processo de formação, é
promover o senso crítico tornando-o autônomo e mais independente na sua formação.
Claro que, para propor esse cenário “diferenciado”, o professor precisa ter tido
uma boa formação docente capaz de fazê-lo pensar de forma “diferenciada” para
colocar em ação um bom planejamento (Plano de Ensino, Plano de Aula) e, ainda, é
necessário que a escola esteja aberta para receber essas propostas e ideias (PPP).
91
Vejam que temos aí um conjunto de particularidades que compõem a estrutura de um
bom trabalho educativo.
Uma ação educativa dialógica, pautada em uma concepção problematizadora
da Educação é o que torna possível a apreensão crítica do conhecimento significativo
por meio do diálogo (FREIRE, 2000 citado por LIMA & COSME, 2021, p. 137).
Ainda sobre a tecnologia, mas em outra dimensão, das políticas educacionais
no âmbito governamental, citamos um trecho da Base Nacional Comum Curricular -
BNCC:
[...] a Base Nacional Comum Curricular contempla o desenvolvimento
de competências e habilidades relacionadas ao uso crítico e
responsável das tecnologias digitais tanto de forma transversal –
presentes em todas as áreas do conhecimento e destacadas em
diversas competências e habilidades com objetos de aprendizagem
variados – quanto de forma direcionada – tendo como fim o
desenvolvimento de competências relacionadas ao próprio uso das
tecnologias, recursos e linguagens digitais –, ou seja, para o
desenvolvimento de competências de compreensão, uso e criação de
TICs em diversas práticas sociais, como destaca a competência geral
5: Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e
comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas
diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar,
acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver
problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva
(BNCC, 2018).
92
LEIA O ANEXO VIII DESTA APOSTILA:
93
7.2 OS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM: A TAXONOMIA DE BLOM
94
discentes, atingirem o nível de desenvolvimento cognitivo, por não saberem
exatamente o que deles é esperado durante e após o processo de ensino”.
Embora essa atividade de definição do conteúdo do curso/disciplina
seja realizada periodicamente, alguns educadores ainda a fazem de
modo inconsciente e se sentem despreparados quando solicitados a
realizar essa tarefa de modo diferente do habitual. É nesse contexto
que o uso de instrumentos que facilitam essa atividade é fundamental
(FERRAZ & BELHOT, 2010, p. 422).
95
Bloom e, por isso, ficou conhecida como “Taxonomia de Bloom”. Eles dividiram esse
trabalho conforme três domínios específicos de desenvolvimento: cognitivo
(relacionado ao aprender, dominar um conhecimento), afetivo (relacionado a
sentimentos e posturas) e psicomotor (relacionado a habilidades físicas específicas).
Esses três domínios foram amplamente discutidos, mas o mais conhecido e
utilizado é domínio cognitivo (FERRAZ & BELHOT, 2010, p. 422-23, grifo nosso).
E o que seria TAXONOMIA DOS OBJETIVOS COGNITIVOS?
É notório que todos somos capazes de aprender, mas cada um de nós atinge,
de forma diferente, níveis de profundidade e abstração do conhecimento. Essa é a
grande descoberta de Bloom e seus colaboradores:
Bloom e sua equipe ao direcionar seus estudos, fizeram uma
descoberta que viria a ser de grande notoriedade no meio
educacional: nas mesmas condições de ensino (desconsiderando as
variáveis externas ao ambiente educacional) todos os alunos
aprendem, mas se diferenciavam em relação ao nível de profundidade
e abstração do conhecimento adquirido (BLOOM; HASTIN; MADAUS,
1971).
Essa diferença poderia ser caracterizada pelas estratégias utilizadas
(que levariam ao estudo de estilos de ensino e aprendizagem) e pela
organização dos processos de aprendizagem para estimular o
desenvolvimento cognitivo. Naquele momento, o desenvolvimento
cognitivo e sua relação com a definição do objetivo do processo de
aprendizagem foram a direção tomada para a definição da taxonomia
(FERRAZ & BELHOT, 2010, p. 423).
Assim, a partir dessa revisão houve uma nova estrutura (mesmo com a base
sendo mantida) do processo cognitivo na taxonomia de Bloom. Portanto, “pensando
os objetivos em termos de verbos, substantivos e gerúndios, é possível escolher
estratégias, conteúdos e instrumentos de avaliação eficazes e efetivos” (FERRAZ &
BELHOT, 2010, p. 428).
99
Figura 26 – Taxonomia de Bloom – “revisada”
101
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS (Unidade VIII)
103
O autor sinaliza a necessidade de haver, na relação professor-aluno, uma
“interação orgânica e dialética”, uma “adesão orgânica”, “conexão sentimental” para
que, assim, se concretize o diálogo, a criticidade e a construção do conhecimento.
Silveira (2018) faz uma crítica à relação “meramente burocrática e formal”. O
professor precisa conhecer e sentir seu aluno visando construir um “bloco histórico”,
ou seja, o trabalho pedagógico não pode se basear em algo que atinja apenas o
âmbito individual, mas sim, coletivo.
[…] não mais apenas como elaboração ‘individual’ de conceitos
sistematicamente coerentes, mas além disso, e sobretudo, como luta
cultural para transformar a ‘mentalidade’ popular e difundir as
inovações filosóficas que se revelem ‘historicamente verdadeiras’ na
medida em que se tornem concretamente, isto é, histórica e
socialmente, universais (Gramsci, 2001, v. 1, C 10, § 44, p. 398, grifos
meus).
[...]
Em outras palavras, ao mesmo tempo em que educa o ambiente, o
filósofo é também por ele educado. Há, portanto, uma relação dialética
entre ambos, semelhante àquela que se constitui entre professor e
aluno: uma “relação ativa, de vinculações recíprocas”, de modo que
“[…] todo professor é sempre aluno e todo aluno, professor” (Gramsci,
2001, C 10, v. 1, §44, p. 399) (SILVEIRA, 2018, p. 104).
”.
Assim, o autor nos mostra que a conquista da autonomia não se deve apenas
à “ação diretiva do professor”, mas a uma “escola ativa” que não pratique uma
educação bancária (depositar informações em “baldes vazios”) e sim uma educação
problematizadora na qual o educando é sujeito e centro do processo no qual o
professor faz a mediação, priorizando uma relação amigável com seus educandos e
liberdade de pensamento via diálogos constantes.
Na conclusão do texto, Silveira (2018, p. 107-109) pontua elementos que
sintetizam uma possível concepção gramsciana da relação professor-aluno, nesta
ordem:
1) “Relação humanizada e humanizadora para ambos”.
2) “Relação de acolhimento e respeito recíprocos”.
3) “Essa atitude de acolhimento supõe que o professor jamais duvide da
capacidade do aluno para aprender aquilo que ele, professor, tem para
ensinar”.
4) “À passagem, pelo aluno, do senso comum ao saber elaborado, científico,
impõe ao professor pelo menos duas ordens de exigências que não se
desvinculam: uma que poderia ser denominada de técnico-profissional e outra
ético-política”.
5) “Reconhecer que o estabelecimento de relações amigáveis e afetuosas entre
professor e aluno não implica aderir ao espontaneísmo ou ao não diretivismo
pedagógicos. [...] Para Gramsci, autoridade e firmeza podem ser exercidas de
modo afetuoso e amoroso”.
Assim, o professor, relacionando com o aluno conforme os elementos
apontados acima, ensina e aprende ao mesmo tempo, transformando-se:
105
[...] aprende com o saber do aluno; incorpora à sua cultura elementos
da cultura dele; repensa ideias, valores e posições; reformula e
aprimora procedimentos didáticos; avalia e reconsidera objetivos e
estratégias; amplia suas experiências e seus horizontes. Ao estilo do
“filósofo democrático” de Gramsci, o intelectual professor, ao educar
o aluno e transformar o ambiente cultural em que atua, é também por
eles educado e transformado. Realiza-se, assim, a máxima “todo
professor é sempre aluno e todo aluno, professor” (SILVEIRA, 2018,
p. 109).
De acordo com o autor, Gramsci, entende que a relação pedagógica deve ser
uma relação dialética, na qual exista o equilíbrio entre autoridade-afeto, diretividade-
liberdade, senso comum-saber elaborado, educador-educando. E destaca que esse
caráter dialético da relação, não elimina a identidade dos contrários e que, “somente
sendo professor, o professor poderá ser também aluno. E somente sendo aluno, o
aluno poderá ser também professor”, via mediação do professor (SILVEIRA, 2018,
109).
106
8.2 REFLEXÕES SOBRE A DOCÊNCIA
107
Existe uma obra de Paulo Freire, denominada “Professora SIM, tia NÃO: cartas
a quem ousa ensinar”, na qual ele reúne várias cartas (são dez cartas) que trazem
reflexões sobre a prática educativa, sobre a docência. Essa obra já possui mais de
30 edições e que utilizo nesta apostila é a edição de janeiro de 2008 (19ª edição).
Por considerar essa obra essencial para a formação de professores, resolvi
selecionar alguns trechos nesta disciplina. Tratam-se de trechos destacados sob meu
olhar, portanto, fica o convite a vocês para realizarem uma leitura completa e ressaltar
outros trechos, considerando seus olhares sobre a obra.
Adianto-lhes que vale muito a pena ler essas cartas de Paulo Freire!
Quero dizer que ensinar e aprender se vão dando de tal maneira que
quem ensina aprende, de um lado, porque reconhece um
conhecimento antes aprendido e, de outro, porque, observando a
maneira como a curiosidade do aluno aprendiz trabalha para
apreender o ensinando-se, sem o que não o aprende, o ensinante se
ajuda a descobrir incertezas, acertos, equívocos.
O aprendizado do ensinante ao ensinar não se dá necessariamente
através da retificação que o aprendiz lhe faça de erros cometidos. O
aprendizado do ensinante ao ensinar se verifica na medida em que o
ensinante, humilde, aberto, se ache permanentemente disponível a
repensar o pensado, rever-se em suas posições; em que procura
envolver-se com a curiosidade dos alunos e os diferentes caminhos e
veredas, que ela os faz percorrer (FREIRE, 2008, p. 27, trecho da
primeira carta).
Não permitir que o medo facilmente nos paralise ou nos persuada de desistir de
enfrentar a situação desafiante sem luta e sem esforço
111
Somos todos seres humanos, por isso, inacabados
113
realmente humilde para poder reconhecer-se aprendendo muitas
vezes com quem sequer se escolarizou.
A escola democrática de que precisamos não é aquela em que só o
professor ensina, em que só o aluno aprende e o diretor é o mandante
todo-poderoso (FREIRE, 2008, p. 96-100, trecho da oitava carta,
grifos nossos)
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Movimento dialético: ensinar e aprender
Que o saber tem tudo a ver com o crescer, tem. Mas é preciso,
absolutamente preciso, que o saber de minorias dominantes não
proíba, não asfixie, não castre o crescer das imensas maiorias
dominadas (FREIRE, 2008, p. 127, trecho das “últimas palavras”).
Nestes destaques do livro de Paulo Freire, “Professora, sim, tia não”, minha
intenção foi trazer algumas reflexões sobre a docência.
115
Os trechos selecionados possibilitam essa reflexão e trazem ensinamentos.
Nos fazem atentar para a responsabilidade profissional dos educadores que precisam
estar em formação constante, ou seja, precisam perceber que nunca estarão “prontos
e acabados”: “humildemente, pelo contrário, é bom admitir que somos todos seres
humanos, por isso, inacabados. Não somos perfeitos e infalíveis”. Precisamos
estudar, pesquisar, dialogar em nosso contexto concreto e teórico.
Sobre a docência, outro ponto fundamental a refletir é sobre a educação
enquanto ato político, trata-se de uma prática política que surge a partir de um
movimento dialético entre ensinar-aprender e caminha para nos dar ciência de nossa
prática “gesta a ciência dela” e, por isso, a prática educativa é algo tão sério.
São citações de Freire (2008) que nos fazem refletir que, enquanto sujeitos
desse processo de ensinar e aprender, juntamente com nossos educandos, à
docência envolve muitas qualidades, como a humildade, a amorosidade, a coragem,
a tolerância, a competência, a capacidade de decidir, a segurança, a eticidade, a
justiça e, nesse conjunto de qualidades, o papel do estudo é essencial para trazer
toda essa consciência necessária: “estudar, implica a formação de uma disciplina
rigorosa que forjamos em nós mesmos, em nosso corpo consciente” e, ainda, sobre
estudo, Paulo Freire nos ensina que “a cada estudo e a cada reestudo que se faça,
em diálogo com os educandos, ratificações e retificações se vão fazendo”.
Sobre a escola, destaca-se que esta “é aventura, que marcha, que não tem
medo do risco, porque recusa o imobilismo” e que “sobretudo numa sociedade como
a nossa, de tradições tão autoritárias e discriminatórias do ponto de vista do sexo, da
raça e da classe, a cidadania é mesmo uma invenção, uma produção política” e,
nesse sentido, a escola deve contribuir para sua crescente construção porque é seu
dever lutar por ela, possibilitando, assim, a construção de uma escola democrática,
aberta e alegre que tanto almejamos. E, nisso, nós, docentes, temos um papel
fundamental: lutar por ela para torna-la possível ou contribuir para desmoronar essa
possibilidade. São reflexões necessárias àqueles que se projetam à docência e agem
nela.
Espero que, ao ter disponibilizado algumas partes deste livro, tenha
conseguido despertar a curiosidade de vocês para uma leitura da obra completa
116
desse nosso Patrono da Educação Brasileira, Paulo Freire. São ensinamentos que
precisamos carregar conosco em nossa prática docente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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FREIRE, Paulo. Professora, sim; tia, não: cartas a quem ousa ensinar. 19. ed. São
Paulo: Olho d’água, 2008.
HAYDT, Regina Célia Cazaux. Curso de Didática Geral. 4. ed. São Paulo: Ática,
1997.
HAYDT, Regina Célia Cazaux. Didática Geral. 8. ed. São Paulo: Ática, 2006
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar. 22. ed. São Paulo:
Cortez, 2011.
MACEDO, Lino de. Ensaios pedagógicos: como construir uma escola para todos?
Porto Alegre: Artmed, 2005.
118
ROMÃO, José Eustáquio. Avaliação: exclusão ou inclusão? Eccos Rev. Cient. n.1,
v. 4, 2002. Disponível em: https://periodicos.uninove.br/eccos/article/view/292 Acesso
em 02 jan. 2023.
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