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PEDAGOGO(A) NO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL- SUAS

Porque a educação não está apenas dentro da sala de aula. "Reduzir a


ação pedagógica à docência é produzir um reducionismo conceitual, um
estreitamento do conceito pedagógico” (Libâneo e Pimenta, 1999).
As Diretrizes Curriculares Nacionais, para o Curso de Pedagogia, em “Finalidade do Curso
de Pedagogia”, destacam que:
A educação do pedagogo deve propiciar estudos de campos do
conhecimento, tais como o filosófico, o histórico, o antropológico, o
ambiental-ecológico, o psicológico, o linguístico, o sociológico, o político, o
econômico, o cultural, para nortear a observação, análise, execução e
avaliação do ato docente e de suas repercussões ou não em
aprendizagens, bem como orientar práticas de gestão de processos
educativos escolares e não escolares, além da organização, funcionamento
e avaliação de sistemas e de estabelecimentos de Ensino.
O documento se articula sobre o perfil e as competências desse profissional:
[...] atuar com ética e compromisso com vistas à construção de uma
sociedade justa, equânime, igualitária; trabalhar, em espaços escolares e
não - escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes
fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do
processo educativo; identificar problemas socioculturais e educacionais com
postura investigativa, integrativa e prepositiva em face de realidades
complexas, com vista a contribuir para superação de exclusões sociais,
étnico-raciais, econômicas, culturais, religiosas, políticas e outras.
Autores como Pimenta (2002) e Libâneo (2002) defendem a posição de que as áreas de
atuação dos pedagogos são amplas em nossa sociedade e que isso deve ser considerado na
formação desse profissional. Libâneo assim se manifesta sobre a vastidão do campo de atuação
do pedagogo:
É quase unânime entre os estudiosos, hoje, o entendimento de que as
práticas educativas estendem-se às mais variadas instâncias da vida social
não se restringindo, portanto, à escola e muito menos à docência, embora
estas devam ser a referência da formação do pedagogo escolar. Sendo
assim, o campo de atuação do profissional formado em Pedagogia é tão
vasto quanto são as práticas educativas na sociedade. Em todo lugar onde
houver uma prática educativa com caráter de intencionalidade, há aí uma
Pedagogia. (LIBÂNEO, 2002: 51).
Nas empresas, em especial, o (a) pedagogo (a) poderá implantar e coordenar projetos no
campo de desenvolvimento de recursos humanos, particularmente em trabalhos de formação de
pessoal, sendo inclusive responsável pela qualificação dos serviços oferecidos nesse espaço. Há
uma compreensão de que, quando são realizados investimentos na formação do pessoal que
integra a empresa, por exemplo, esse movimento intenta fortalecer a capacidade produtiva da
própria instituição.
O papel da Pedagogia é promover mudanças qualitativas no
desenvolvimento e na aprendizagem das pessoas, visando ajudá-las a se
constituírem como sujeitos, a melhorar sua capacidade de ação e as
competências para viver e agir na sociedade e na comunidade. (FRANCO;
LIBÂNEO; PIMENTA, 2007, p.89).
Em pesquisas realizadas, há um entendimento de que é fundamental a reconstrução da
Pedagogia, tendo em vista os novos campos de atuação profissional para o pedagogo, nos
contextos escolar e extraescolar, fato que, até bem pouco tempo, era impensável. Para tanto, há
uma provocação quanto à necessidade de aprofundar e alargar a compreensão do
desenvolvimento da ciência pedagógica e toda a reflexão teórica referente à problemática
educativa na sua multidimensionalidade. Ao que tudo indica, há nesse campo, tarefas
sociopolíticas a serem definidas e estudadas, com foco especial para o papel do pedagogo no
espaço escolar e no extraescolar.
No âmbito extraescolar, o (a) Pedagogo (a) está dentro das categorias profissionais de
nível superior definida pela Norma Operacional Básica de recursos Humanos do Sistema Único
de Assistência Social-NOB-RH/SUAS, aprovada pela resolução Nº 269, de 13 de dezembro de
2006, do Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS e ratificada pela Resolução Nº 17, de
20 de junho de 2011, do CNAS, especificamente no Art. 2º, § 3º e Art. 3º, que tem por objetivo
atender as especificidades dos serviços socioassistenciais, das funções essenciais de gestão do
Sistema Único de Assistência Social – SUAS e exercer a prática pedagógica que contribuirá com
o fortalecimento da cidadania dos usuários da Assistência Social.
Educador (a) por excelência, o (a) pedagogo (a), faz parte da equipe de referência
ou, como dizemos, equipe técnica de nível superior dos CRAS – Centro de Referência de
Assistência Social e do CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social, são
duas unidades públicas que pertencem à Secretaria Municipal de Assistência Social. Ambas
atuam com foco em pessoas em situações vulneráveis e de risco social e pessoal, cada um com
tua especificidade.
As suas funções não estão previamente nem claramente definidas dentro da política de
assistência, mas de acordo com algumas pesquisas, conversas com profissionais da área,
profissionais das equipes técnicas e experiência própria, posso dizer que o trabalho do (a)
pedagogo (a) é indispensável dentro do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos –
SCFV, no Serviço de proteção Integral a Família- PAIF, atendimentos multidisciplinares e
contribuir nas ações das equipes técnicas transdisciplinares. O (a) pedagogo (a) é capacitado (a)
para agir e desenvolver seu trabalho em conjunto com várias áreas e contextos.
De início, o (a) pedagogo (a) necessita tomar posse do seu papel enquanto técnico (a) da
Assistência, delimitar seu espaço e perceber-se como profissional que presta serviço à
Assistência Social. A partir daí, deve compreender os usuários do Sistema Único da Assistência
Social (Suas) como indivíduos que necessitam reconhecer-se enquanto sujeitos de direitos e
pessoas que necessitam resgatar sua identidade, autoestima e em busca de autonomia,
protagonismo e empoderamento.
Como já dito, desde 2011 o (a) pedagogo (a) faz parte da equipe de referência/técnica da
assistência social, não tendo, ainda, suas funções definidas, porém é necessário compreender
suas atribuições enquanto técnico. Que podem ser:
 Busca Ativa;
 Visita às famílias,
 Atendimento multidisciplinar;
 Atendimento individual ou particularizado;
 Acompanhamento familiar multidisciplinar;
 Atividades grupais;
 Reuniões com as famílias;
 Acompanhamento da participação dos usuários nos Serviços;
 Participação do planejamento das ações dos Serviços, Programas e
Projetos, juntamente com os demais membros da equipe de
referência/técnica;
 Palestra para divulgação dos serviços;
 Colaborar na elaboração de material gráfico e didático;
 Promover capacitação continuada com os demais da equipe de
referência/equipe técnica;
 Outras atividades afins com os demais membros da equipe de
referência/equipe técnica.
O trabalho do (a) Pedagogo (a) na assistência não é fácil, pois o técnico precisa ter a
sensibilidade de atrelar os saberes educacionais aos saberes das ações desenvolvidas na política
de assistência social, dessa forma, ele deve compreender os usuários como sujeitos em
formação, para garantir ás famílias uma acolhida e atendimento de qualidade e respeito, trabalhar
fortalecimento de vínculos e até mesmo a reconstrução dos vínculos que já foram rompidos.
Desenvolve papel muito importante junto aos demais membros da equipe de
referência/técnica na elaboração do Planejamento, Execução, Acompanhamento e Avaliação das
ações desenvolvidas nas Unidades Sociais que ofertam os serviços da Proteção Social Básica-
PSB e Proteção Social Especial- PSE, assim o planejamento deve ser pautado na organização de
ideias sobre a lógica da intervenção social.
É necessário ultrapassar os “muros da escola”, pesquisando para obter conhecimento,
aprender sobre o que irá ser desenvolvido na assistência social e o mais importante, apesar de
ser uma profissão multifacetada, ainda faz- se de grande necessidade, lidar com o pré-conceito,
das pessoas de pouco conhecimento sobre a profissão, muitas veem o pedagogo somente como
o profissional que ensina/cuida de crianças ou até mesmo que fazem trabalhos de artesanato –
eu, particularmente não fiz curso de artesanato, nem pintura, admiro os profissionais que se
dedicam a essa arte, para mim é um lindo dom, mas eu sou pedagoga, não artesã, podemos
aprender, ampliar habilidades, para desenvolver os trabalhos, atividades com os usuários/alunos,
como qualquer membro da equipe de referência/ técnica, como qualquer educador de qualquer
área, mas não por sermos pedagogos, teremos a obrigação e o dom de saber fazer artesanato,
como disse acima, podemos aprender ou melhorar habilidades, mas não tivemos curso em nossa
graduação, pelo menos eu não.
O(a) pedagogo(a) NÃO deve trabalhar ou ser colocado a trabalhar, dentro do Sistema
Único de Assistência Social, fazendo apoio pedagógico, ele deve desenvolver ações estratégicas,
trabalho articulado com a equipe interdisciplinar de referência, fundamentado nas ações de
Assistência Social, no processo de interação dialógica construindo as relações de aprendizagem
e socialização.
Enfim, os muitos papéis do (a) pedagogo (a) não estão somente em conceitos de
desenvolvimento de homem e de mundo, mas também na sua aplicação prática na nossa vida,
com o outro, no grupo, nas iniciativas e organizações ou na sociedade. Pedagogia na assistência
social é também lidar consigo, com o outro, como as perguntas de tal forma que o seu agir possa
contribuir para o saudável desenvolvimento das condições sociais.
Aproveito para deixar aqui as minhas observações, conclusões e advogar a cerca da
valiosa contribuição que nós, pedagogos, temos no campo social, por sermos profissionais
versáteis, dinâmicos, criativos e que apresentam um conjunto de conhecimentos pedagógicos
específicos dos muitos aspectos que incidem no processo de ensino-aprendizagem.
Portanto, os gestores de qualquer secretaria ou empresa, devem observar e valorizar esse
profissional, atentar sobre os conhecimentos que o (a) pedagogo (a) pode agregar e contribuir
para a articulação entre o conhecimento próprio de profissional e os saberes inerentes de cada
profissional que está trabalhando em conjunto dentro da assistência social ou qualquer outra
instituição pública ou particular, organizando, orientando e acompanhando os demais
profissionais para complementar e melhorar as atividades dentro do local de trabalho.
Referências Bibliográficas

A atuação do pedagogo no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS). Disponível em:

http://editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/
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Estado de Mato Grosso. Secretaria de Trabalho e Assistência Social.Orientações para atuação do


psicólogo/a e pedagogo/a no SUAS.
“Pedagoga na Assistência Social?”: Um relato de experiência sob a perspectiva da educação
popular. Disponível em: http://educere.bruc.com.br/ANAIS2013/pdf/9963_5403.pdf

FELDEN, Eliane de Lourdes et. al. O Pedagogo no contexto contemporâneo: desafios e


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em: http://www.reitoria.uri.br/~vivencias/Numero_017/artigos/pdf/Artigo_07.pdf

NASCIMENTO, Kely-Anee de Oliveira et. al. A prática pedagógica do Pedagogo no contexto


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BUBNIAK, Érica Elisa Nickel. Os novos espaços de atuação do Pedagogo e os desafios para sua
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Ferreira, Stela da Silva. NOB-RH Anotada e Comentada – Brasília, DF: MDS; Secretaria Nacional
de Assistência Social, 2011. 144 p. ; 23. ISBN: 1. Gestão do Trabalho no SUAS, Brasil. 2.
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República Federativa do Brasil- Imprensa Nacional Brasília- DF. Oficial da União, CNAS. p 3 .
RESOLUÇÃO Nº 17, DE 20 DE JUNHO DE 2011. Terça-feira. 21 de junho de 2011

https://pedagogaeducadoraporexcelencia.blogspot.com/2017/03/

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