Você está na página 1de 12

FACULDADE DE TECNOLOGIA, CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO

PÓS GRADUAÇÃO
LATO – SENSU

Intervenção Psicopedagógica na Escola

SÃO PAULO
2016

1
INTRODUÇÃO

Em 20 de setembro de 2001, houve um avanço político com a


aprovação do Projeto de Lei 10891, da autoria do Deputado Estadual
(SP) Claury Alves da Silva. O Projeto de Lei 10891 que:

"Autoriza o poder Executivo a implantar assistência psicológica e


psicopedagógica em todos os estabelecimentos de ensino básico
público, com o objetivo de diagnosticar e prevenir problemas de
aprendizagem". BRASIL. Projeto de Lei 10.891.

ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO

Quanto à sua prática e atuação, o psicopedagogo reúne


conhecimento de várias áreas e estratégias pedagógicas e
psicológicas que o possibilita voltar-se para o processo de
desenvolvimento e aprendizagem, atuando numa linha preventiva
e/ou terapêutica.

Numa linha preventiva, o psicopedagogo pode desempenhar uma


prática docente, envolvendo a preparação de profissionais da
educação ou atuar dentro da própria escola.

A intervenção Psicopedagógica

Quando falamos sobre intervenção está claro que vamos interferir em


um processo que está em curso e para o qual nosso conhecimento
pode produzir alguma modificação; no nosso caso específico, a
intervenção sobre processos de ensino-aprendizagem.

Essa resposta, genérica como está, pode ser utilizada por duas áreas
que, historicamente, têm se ocupado dos processos de ensino-
aprendizagem:

a psicologia e a pedagogia.

2
A psicopedagogia encampa entre seus atores diversas categorias
profissionais: pedagogos, psicólogos, assistentes sociais,
fonoaudiólogos etc.

Então, poderíamos nos perguntar: qual a natureza do trabalho do


psicopedagogo?

Embora a transdisciplinaridade entre as áreas do saber seja algo


importante a conquistar, as especificidades de cada área não podem
ser ignoradas, sobretudo do ponto de vista prático.

O psicólogo não foi, e não é essa sua função mesmo que saiba,
habilitado a ensinar, principalmente tomando como parâmetro os
aspectos intrínsecos à metodologia de ensino curricular.

Da mesma forma, o pedagogo não foi habilitado a lidar com aspectos


mais específicos (da compreensão e manejo) da subjetividade,
embora em seu trabalho possa produzir atividades que, embora não
tenham essa finalidade, sejam terapêuticas.

Dessa forma, como contextualizar o trabalho do psicopedagogo? Ele


deve ensinar? Ele deve terapeutizar? O que ele deve fazer?

Essa resposta não é simples e não tem um único caminho. Do que


observamos no quotidiano, aliado às discussões de área, a
psicopedagogia tem sido trabalhada sob diversas perspectivas.

A natureza do trabalho do psicopedagogo é social.

Portanto, destina-se às relações sociais do processo de ensino-


aprendizagem.

Essas relações são consideradas dentro de um contexto histórico,


multideterminado, e a forma de compreendê-los requer uma leitura
que considere seu movimento através de teses-sínteses-antíteses, ou
seja, uma leitura dialética.

Dessa forma, o papel do psicopedagogo fica claro: ele vai intervir nos
processos de ensino-aprendizagem a partir da intervenção nos
elementos que compõem esse processo, sejam esses elementos:
pessoas, métodos, concepções etc.

A figura do aluno, da família, da escola ou do professor com problema


desaparece, surgindo em seu lugar, e superando-a, a figura da
intervenção nas relações – mesmo quando a dificuldade se apresenta
em um único elemento, pois é preciso a participação de todos no
processo de superação dessa dificuldade.
3
É preciso estar junto para superar processos de fracasso, dificuldade
ou mesmo para produzir criatividade, potencialidade ou felicidade.

Tomando essas considerações como fundamento de nossas próximas


reflexões vamos discutir as duas fases da intervenção
psicopedagógica: o plano de intervenção e as estratégias de
intervenção.

1. O plano de intervenção

O plano de intervenção é construído a partir das necessidades de


trabalho levantadas no diagnóstico.

Para Meira (2000, p.18), O plano deve necessariamente


abarcar direta ou indiretamente (isto vai depender das
possibilidades e necessidades de cada caso) todos os
envolvidos no processo e indicar os objetivos que se pretende
atingir a curto, médio e longo prazo com cada um dos
segmentos, bem como algumas estratégias que serão
utilizadas. É importante destacar que estes planos
particularizados são fundamentais para o bom andamento do
trabalho.

Esta proposta deve ser apresentada para a família e caso haja


concordância, depois será discutida com a criança ou adolescente e
com a escola.

Esse plano deve ser elaborado como a continuidade do diagnóstico


em seu momento de ação e enfrentamento da demanda levantada.

Nesse sentido, alguns elementos são essenciais na elaboração desse


plano:

objetivo geral do trabalho

– onde queremos chegar ao final de nossas ações ou o que


pretendemos obter de resultados ao final do trabalho;

objetivos específicos do trabalho

- a ser realizado, a curto, médio e longo prazos, com: criança,


adolescente, pais ou responsáveis e escola (funcionário envolvidos).

 descrição de estratégias gerais a serem utilizadas;

4
 definição do contrato de trabalho: regras, horários, freqüência,
locais,honorários etc.

 definição do monitoramento e avaliação das etapas de trabalho


estipuladas segundo as estratégias utilizadas.

Para além do projeto delineado no plano de intervenção, o


psicopedagogo tem de estar atento aos objetivos que devem permear
sua prática de trabalho.

Nesse sentido vamos discuti-los:

1.1. Objetivo geral:

O objetivo geral do trabalho a ser conduzido junto aos alunos,


familiares e escola é intervir nos processos de ensino-aprendizagem
de modo a garantir sua efetividade.

1.2. Objetivos específicos:

com o aluno

◊ reconstrução da demanda como produto de um processo e não


como resultado de incapacidades pessoais;

◊ resgate do sentimento de capacidade a partir da desmistificação


dos rótulos impostos;

◊ resgate do sentido social do conhecimento enquanto um


instrumento de compreensão e transformação do mundo;
resgate da vontade de aprender;

◊ comprometimento com o processo de aprendizagem enquanto


condição para humanização;

◊ superação daquilo que a escola e a família apontam como


dificuldades no processo de escolarização e desenvolvam da maneira
mais plena possível suas possibilidades e potencialidades de
desenvolvimento;

◊ compreender o modo como a criança aprende para discutir com a


professora estratégias de aproveitamento dessa lógica.

com a escola

A partir de referenciais de análise das diversas áreas que subsidiam o

5
trabalho em Educação, contribuir para a compreensão sobre o
processo de aprendizagem do aluno de forma a reunir subsídios que
possam ser utilizados em uma possível reorganização do trabalho
pedagógico em função das necessidades e possibilidades;

 estimular o questionamento das explicações psicologizantes que


colocam o aluno e sua família como responsáveis pelos
problemas educacionais;

 demonstrar, de forma clara, a importância do professor e seu


papel no processo de reversão de processos de fracasso
escolar;
 conquistar o professor para um trabalho solidário de parceria
que possa levar à superação das dificuldades que impedem o
aluno de desenvolver plenamente suas potencialidades de
aprendizagem;
 trocar conhecimentos som o professor sobre a diversidade
metodológica de ensino-aprendizagem.

Todas essas questões sobre o plano de intervenção são fundamentais


para que o psicopedagogo possa construir um planejamento
consistente e coerente com suas concepções de trabalho.

MEIRA, M.E.M. Contribuindo para o processo de reversão do


fracasso
escolar: o trabalho de acompanhamento de alunos com queixas
escolares.
Bauru: Universidade Estadual Paulista / Faculdade de Ciências /
Departamento
de Psicologia, novembro, 2000 (mimeo).

2. Estratégias de intervenção com a escola

Intervir em processos de ensino-aprendizagem com profissionais que


compõem o contexto escolar é uma tarefa bastante enriquecedora
caso exista um encontro.

O contexto escolar tem uma história que se traduz pela história da


educação brasileira, a história da própria escola, a história de seus
funcionários e a história de seus alunos.

Todas essas histórias se cruzam no contexto escolar e formam uma


dinâmica específica para cada local.

Dependendo da dinâmica estabelecida na escola, a presença de outro

6
profissional externo a ela ou, se interno, interessado em trabalhar
suas representações e ações no processo de ensino-aprendizagem,
pode não ser bem visto.

Adentrar o espaço escolar requer bastante respeito por parte do


psicopedagogo:

- respeito a todas as histórias ali encontradas,


- às conduções até ali realizadas,
- aos desafios ali postos,
- as potencialidades ali encontradas.

Seu trabalho será tão melhor recebido na medida em que conseguir


inserir-se no contexto escolar contribuindo com o crescimento de
todos, inclusive o seu.

Algumas vezes, os aliados do psicopedagogo talvez não sejam a


professora, a diretora ou a coordenadora pedagógica.

É preciso considerar todos os possíveis aliados: outros alunos,


serventes, inspetores, no momento de discutir estratégias de
trabalho para a superação de qualquer processo de dificuldade ou
fracasso.

As técnicas têm de ser subordinadas às possibilidades da escola, bem


como às avaliações do psicopedagogo. Nesse sentido, elencamos um
pequeno rol de estratégias que são úteis no trabalho com
funcionários da escola:

 entrevistas;

 discussão de caso;

 estudo de texto;
 dinâmicas;

 dramatizações;

 vídeos com discussões;

 questionários;

 vivências;

 “rolling playing”;

 capacitações;

7
 palestras.

Em todos os casos, o essencial para o primeiro contato com o público


que sofre estigma social é o acolhimento.

Saber ouvir sem interpor pré-conceitos é essencial para o


psicopedagogo, bem como para os demais profissionais.

Nos casos de vieses de encaminhamento, motivados por


discriminação, cabe ao psicopedagogo desvelar essas situações,
denunciá-las e discutir formas de integração social a partir dessas
diferenças.

O Psicopedagogo na Instituição Escolar

Diante do baixo desempenho acadêmico, as escolas estão cada vez


mais preocupadas com os alunos que têm dificuldades de
aprendizagem, não sabem mais o que fazer com as crianças que não
aprendem de acordo com o processo considerado normal e não
possuem uma política de intervenção capaz de contribuir para a
superação dos problemas de aprendizagem.

Neste contexto, o psicopedagogo institucional, como um profissional


qualificado, está apto a trabalhar na área da educação, dando
assistência aos professores e a outros profissionais da instituição
escolar para melhoria das condições do processo ensino-
aprendizagem, bem como para prevenção dos problemas de
aprendizagem.

Por meio de técnicas e métodos próprios, o psicopedagogo possibilita


uma intervenção psicopedagógica visando à solução de problemas de
aprendizagem em espaços institucionais. Juntamente com toda a
equipe escolar, está mobilizado na construção de um espaço
adequado às condições de aprendizagem de forma a evitar
comprometimentos. Elege a metodologia e/ou a forma de intervenção
com o objetivo de facilitar e/ou desobstruir tal processo.

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituição

8
escolar relacionam-se de modo significativo. A sua formação pessoal
e profissional implicam a configuração de uma identidade própria e
singular que seja capaz de reunir qualidades, habilidades e
competências de atuação na instituição escolar.

A psicopedagogia é uma área que estuda e lida com o processo de


aprendizagem e com os problemas dele decorrentes. Acreditamos
que, se existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com
essas dificuldades, o número de crianças com problemas seria bem
menor.

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de


aprendizagem, buscando conhecê-lo em seus potenciais construtivos
e em suas dificuldades, encaminhando-o, por meio de um relatório,
quando necessário, para outros profissionais - psicólogo,
fonoaudiólogo, neurologista, etc. que realizam diagnóstico
especializado e exames complementares com o intuito de favorecer o
desenvolvimento da potencialização humana no processo de
aquisição do saber.

Segundo Dembo (apud FERMINO et al, 1994, p.57),


"Evidências sugerem que um grande número de alunos
possui características que requerem atenção
educacional diferenciada". Neste sentido, um trabalho
psicopedagógico pode contribuir muito, auxiliando
educadores a aprofundarem seus conhecimentos sobre
as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes
contribuições de diversas áreas do conhecimento,
redefinindo-as e sintetizando-as numa ação educativa.

Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e


como ensinante.

Além do já mencionado, o psicopedagogo está preparado para


auxiliar os educadores realizando atendimentos pedagógicos
individualizados, contribuindo para a compreensão de problemas na
sala de aula, permitindo ao professor ver alternativas de ação e ver
como as demais técnicas podem intervir, bem como participando do
diagnóstico dos distúrbios de aprendizagem e do atendimento a um
pequeno grupo de alunos.

9
Para o psicopedagogo, a experiência de intervenção junto ao
professor, num processo de parceria, possibilita uma aprendizagem
muito importante e enriquecedora, principalmente se os professores
forem especialistas nas suas disciplinas. Não só a sua intervenção
junto ao professor é positiva. Também o é a sua participação em
reuniões de pais, esclarecendo o desenvolvimento dos filhos; em
conselhos de classe, avaliando o processo metodológico; na escola
como um todo, acompanhando a relação professor e aluno, aluno e
aluno, aluno que vem de outra escola, sugerindo atividades,
buscando estratégias e apoio.

Segundo Bossa (1994, p.23), ... cabe ao


psicopedagogo perceber eventuais perturbações no
processo aprendizagem, participar da dinâmica da
comunidade educativa, favorecendo a integração,
promovendo orientações metodológicas de acordo
com as características e particularidades dos
indivíduos do grupo, realizando processos de
orientação. Já que no caráter assistencial, o
psicopedagogo participa de equipes responsáveis
pela elaboração de planos e projetos no contexto
teórico/prático das políticas educacionais, fazendo
com que os professores, diretores e coordenadores
possam repensar o papel da escola frente a sua
docência e às necessidades individuais de
aprendizagem da criança ou, da própria ensinagem.

O estudo psicopedagógico atinge seus objetivos quando, ampliando a


compreensão sobre as características e necessidades de
aprendizagem de determinado aluno, abre espaço para que a escola
viabilize recursos para atender às necessidades de aprendizagem.

Para isso, deve analisar o Projeto Político-Pedagógico, sobretudo


quais as suas propostas de ensino e o que é valorizado como
aprendizagem. Desta forma, o fazer psicopedagógico se transforma
podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxílio de
aprendizagem.

Em 20 de setembro de 2001, houve um avanço político com a aprovação do


Projeto de Lei 10891, da autoria do Deputado Estadual (SP) Claury Alves da Silva.

10
O Projeto de Lei 10891 que:

"Autoriza o poder Executivo a implantar assistência psicológica e psicopedagógica


em todos os estabelecimentos de ensino básico público, com o objetivo de
diagnosticar e prevenir problemas de aprendizagem". BRASIL. Projeto de Lei
10.891.

ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO
Quanto à sua prática e atuação, o psicopedagogo reúne conhecimento de várias
áreas e estratégias pedagógicas e psicológicas que o possibilita voltar-se para o
processo de desenvolvimento e aprendizagem, atuando numa linha preventiva
e/ou terapêutica.
Numa linha preventiva, o psicopedagogo pode desempenhar uma prática docente,
envolvendo a preparação de profissionais da educação ou atuar dentro da própria
escola.

Referências

BRASIL. Projeto de Lei 10.891. Disponível


emwww.psicopedagogiaonline.com.br. Acesso em 25 de julho de
2005.
BOSSA, Nádia. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da
prática. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1994.
FERMINO, Fernandes Sisto; BORUCHOVITH, Evely; DIEHL, Tolaine
Lucila Fin. Dificuldades de aprendizagem no contexto
psicopedagógico. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.
IGEA, Benito del Rincón e colaboradores. Presente e futuro do
trabalho psicopedagógico. Porto Alegre : Artmed, 2005.
POLITY, E. Pensando as dificuldades de aprendizagem à luz das
relações familiares. Disponível emwww.psicopedagogiaonline.com.br.
Acesso em 18 de junho de 2005.
SOUZA, Audrey Setton Lopes. Pensando a inibição intelectual:
perspectiva psicanalítica e proposta diagnóstica. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 1995.

JULIANE FELDMANN
Pedagoga, pós-graduada em Psicopedagogia Institucional e Clínica,

11
ATIVIDADES COMPLEMENTARES :

Pesquise e responda :

1- “ Estimular os alunos a serem melhores em sala de aula ” , qual sua


opinião sobre essa afirmação.
2- Quais agentes deverão ser envolvidos na execução de um plano de
Intervenção ?
3- Qual a natureza do trabalho do Psicopedagogo na Escola ?

TRABALHO FINAL DE MÓDULO

Pesquise e elabore um trabalho :

“ Como deve ser elaborado um plano de intervenção Psicopedagógico “

Configuração do Trabalho Final de Módulo

Capa :

Nome da faculdade

O curso

A unidade estudada

O tema do trabalho

O professor

O pólo

Data

O aluno

NOTA:

TODO TRABALHO REALIZADO NA PÓS-GRADUAÇÃO É DIGITADO,


INDIVIDUAL E COM CONCLUSÃO PESSOAL

12

Você também pode gostar