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CURSO TÉCNICO EM

AGROPECUÁRIA
INTEGRADO AO ENSINO
MÉDIO
FILOSOFIA – MÓDULO II

TURMA 138

RAYSA MARTINS DO NASCIMENTO


SUMÁRIO
PALAVRAS DO PROFESSOR..................................................................................................2
APRESENTAÇÃO DO COMPONENTE CURRICULAR........................................................3
UNIDADE I – INTRODUÇÃO À FILOSOFIA........................................................................4
1. ORIGEM DA FILOSOFIA E SUA IMPORTÂNCIA......................................................4
1.1. Objetivos e finalidades da disciplina........................................................................7
1.2. Filosofia como instrumento para o respeito e diálogo............................................10
ATIVIDADE I - AV1 – 10,0 pontos..........................................................................................13
UNIDADE II – PENSAMENTO MÍTICO AO PENSAMENTO RACIONAL.......................14
1. DO MITO A RAZÃO.....................................................................................................14
1.1. Filosofia antiga.......................................................................................................18
1.1.1 Pré-socráticos (VII ao V a.c).............................................................................18
1.1.2 Socráticos (V a IV a.c)......................................................................................20
1.1.3 Pós-socráticos (IV a.c a IV d.c)........................................................................22
ATIVIDADE II – AV1 – 10,0 pontos........................................................................................24
REFERÊNCIAS........................................................................................................................25
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PALAVRAS DO PROFESSOR

Estudantes,

Chegamos ao módulo II do seu Curso Técnico em Agropecuária. Este material


objetiva ajudá-los (as) em sua formação acadêmica e profissional no que diz respeito aos
conhecimentos sobre Filosofia. A disciplina visa prepará-los (as) para os desafios na vida
em sociedade, profissional e no âmbito pessoal, uma vez que a filosofia é presente na
vida diária do indivíduo.

Estou com vocês pela primeira vez como professora, me chamo Raysa
Nascimento, sou formada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Amapá
(UNIFAP) e Mestre em Antropologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Desejo contribuir na descoberta de vocês sobre como a filosofia nasceu, seus
desdobramentos e a importância de seu uso em nossa vida cotidiana. Quero lembrar que
estamos trabalhando em equipe e por isso preciso do retorno de vocês sobre o material
recebido, a impressão de vocês sobre o conteúdo, dificuldades ou dúvidas e ainda
sugestões e diálogos sobre o assunto tratado no decorrer da disciplina.

Para um contato contínuo ou outras demandas, deixo meu contato pelo WhatsApp
(96) 98106-4206 ou pelo e-mail raysa.nascimento@ifrr.edu.br Confiante em suas
participações, apreciações e uso deste material, desejo bom estudo e aproveitamento do
conteúdo.
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APRESENTAÇÃO DO COMPONENTE CURRICULAR

O Componente Curricular Filosofia, com carga horária de 20h, que integra o


módulo II do Curso Técnico em Agropecuária, traz como ementário: Introdução a filosofia;
origem e importância; objetivos e finalidades; Pensamento mítico ao pensamento racional.
Logo, este material de estudo foi confeccionado para que vocês possam apreender e
compreender como ocorreu o nascimento da filosofia, os conceitos teóricos relevantes à
reflexão sobre a disciplina e como ela colabora para nossa vida prática. Vamos promover
momentos de reflexão sobre a disciplina dando aos alunos(as) conhecimento para realizar
essa análise através de situações exemplos.

Dessa maneira, convido vocês a explorarem esse material, no qual foram


colocados textos que possibilitarão a compreensão do conteúdo, além de material
audiovisual de apoio para que vocês procurem refletir sobre o papel que desempenham
no mundo e como o estudo da filosofia pode auxiliá-los(as) na transformação da realidade
da qual vocês partem.

Desejo a vocês um ótimo aproveitamento do conteúdo e estudo. Cuidado para não


deixarem atividades acumuladas. Procure realizá-las no período de execução descrito em
cada unidade.
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UNIDADE I – INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

Nesta unidade iremos trabalhar a Introdução à filosofia; sua origem e importância;


e os objetivos e finalidades da disciplina. A partir desses conteúdos, vocês deverão ser
capazes de desenvolver autonomia do pensar na leitura da realidade de forma crítica. Ser
tolerante diante da diversidade. Respeitar as diferenças e resolver conflitos a partir do
diálogo.

A Unidade I será executada no período de 04 a 08 de outubro. Terá como atividade


avaliativa uma redação, que encontra-se na página 13. Essa redação corresponde à AV1
e deverá ser escrita e entregue em folha separada, que será entregue pela equipe
pedagógica junto deste material, ou seja, para correção você somente entregará a folha
de atividade avaliativa, e não essa apostila. Atente-se para os prazos e não deixe para
fazer a atividade próximo do encerramento. Bom estudo!

1. ORIGEM DA FILOSOFIA E SUA IMPORTÂNCIA

Fonte: Blog toda matéria

Quando falamos em filosofia o que surge na cabeça de vocês? Na imagem acima


temos Sócrates, filósofo grego que revolucionou a história humana, falaremos dele mais a
frente, na imagem ele está posicionado com as mãos no queixo, assim como ficamos ao
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refletir sobre algo. Podemos então relacionar a filosofia com o ato de pensar? Uma
reflexão profunda? Um questionamento? Vamos, nesta unidade da disciplina de Filosofia,
explorar a origem da filosofia para que vocês entendam do que se trata e como ela
contribui na nossa vida prática.

A filosofia é uma forma diferenciada de pensar e agir que nos conduz a questionar
racionalmente a nós mesmos e o que se constrói como resultado das ações humanas.
Trata-se de ultrapassar a opinião e construir uma resposta de um problema. Costumo
falar que a filosofia é a busca incessante por conhecimento, vejam que aqui não falo
verdade, uma vez que a filosofia é uma disciplina que não crê em verdades absolutas, ela
compreende que cada indivíduo, dentro de sua sociabilidade, de sua cultura, a partir de
suas crenças, valores e moral, possui uma verdade. Dessa maneira, a filosofia é a busca
incessante de conhecer as diversas verdades humanas.

A filosofia ocidental teve seu início na Grécia antiga. A palavra “filosofia” -


philosophia é uma palavra de origem grega. Philo vem de philia, relacionada com
companheirismo, amor fraterno, amizade. Sophia vem de sophos, que quer dizer sábio.
Relatos apontam que Pitágoras foi o primeiro a usar o termo "filósofo", ou "amante da
sabedoria", para referir-se a si mesmo, quando questionado sobre o que fazia. Assim, em
geral, quando se parte da etimologia da palavra, temos que "filosofia" é o amor ao saber,
a amizade profunda à sabedoria; e o filósofo, então, é aquele que tem um apreço especial
pela sabedoria e vive em busca do conhecimento.

A filosofia, nesta perspectiva grega, é uma atividade que visa levar ao saber. É
difícil dar-se se uma definição genérica de filosofia, já que esta varia não só quanto a
cada filósofo ou corrente filosófica, mas também em relação a cada período histórico. No
entanto, podemos definir aqui, para fins de trabalharmos com a disciplina, que a filosofia é
uma atividade que visa aguçar o senso crítico do individuo para que este possa ter a
capacidade de fazer uma análise sobre algum contexto que lhe é dado como verdade
absoluta. Temos aqui a filosofia como investigação crítica.

A atividade filosófica surgiu nas colônias gregas da Antiguidade, entre os séculos


VII e V a.C. O raciocínio que se caracterizou posteriormente como filosófico surgiu em
oposição ao pensamento baseado nos mitos (falaremos especificamente disso na
Unidade II). A necessidade de entender o mundo a partir de explicações racionais, com
apresentação de provas incontestáveis e de argumentos bem formulados e com boa base
teórico racional, colaborou para o surgimento da filosofia. O contexto sociopolítico, as
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manifestações religiosas e culturais que vigoravam também foram fundamentais para o


surgimento e, posteriormente, para o crescimento e a expansão do pensamento filosófico.

Podemos dizer que o ser humano, desde sua origem, em sua existência cotidiana,
faz afirmações, nega, deseja, recusa e aprova coisas e pessoas, elaborando juízos de
fato e de valor por meio dos quais procura orientar seu comportamento. Entretanto, houve
um momento em sua evolução histórico-social em que o ser humano começa a conferir
um caráter filosófico às suas indagações e perplexidades, questionando racionalmente
suas crenças, valores e escolhas. A filosofia tem seu início marcado pela necessidade
humana de ter contato com explicações racionais, provas e justificativas para que seja
possível validar suas crenças, valores e conhecimentos. Assim, a importância da filosofia
está nessa busca constante de entender para explicar e dar sentido a vida e os
acontecimentos rotineiros.

Fonte: Blog Faces da filosofia

Na charge acima, vemos Deus e Sócrates, Deus está animado para responder aos
questionamentos que Sócrates sempre fez achando que assim fecharia o ciclo de
indagações do filósofo, apesar disso, ele o surpreende ao dizer que possui mais
perguntas mesmo sem ainda ter ouvido as respostas. Essa é a representação clara da
filosofia, a necessidade de explicações e busca incessante do saber, o não se contentar
com o que esta dado sem investigar os motivos, razões e circunstâncias para as questões
postas. Os filósofos atualmente são aqueles que não se contentam com o sistema,
aqueles que diariamente fazem perguntas. Sempre tentando dar justificativas racionais
para as perguntas propostas à eles. Mas não devemos esperar que a filosofia venha para
resolver todas as nossas perguntas, na realidade o filósofo e a filosofia acaba propondo
mais perguntas do que dando as respostas.

Assim, para a filosofia podemos chegar sempre as nossas próprias conclusões,


sem necessitarmos aceitar as ideias que a todo momento pessoas querem nos impor,
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seja por crença, valores, moral e etc. A disciplina acredita que sempre podemos e
devemos criticar o que chega até nós para assim não sermos manipulados, isso é o que a
filosofia traz de mais rico em si, a autonomia do pensar.

1.1. Objetivos e finalidades da disciplina

Como visto acima, a Filosofia tem como objetivo aguçar o senso crítico do individuo
para que este possa ter a capacidade de fazer uma análise sobre algum contexto que lhe
é dado como verdade absoluta. Mas como a disciplina nos fará ser críticos? É certo que
todos nós, homens e mulheres, somos seres pensantes, nós nos diferenciamos de outros
seres humanos, como os animais, por pensarmos e termos a capacidade de racionalizar.
Mas pergunto, todos nós pensamos filosoficamente? Pensar e pensar filosoficamente são
coisas diferentes, e a filosofia está aqui com a proposta de nos ensinar a pensar de forma
filosófica, ou melhor, de forma crítica, a fim de demonstrar a capacidade que temos para
refletir sobre tudo aquilo que nos é dado diariamente. Marilena Chauí (2000) nos ajuda no
sentido de explicar o que é necessário para pensar filosoficamente através do que a
autora chama de atitude e reflexão filosófica.

Fonte: Um sábado qualquer

A primeira característica da atitude filosófica é negativa: é um dizer "não" ao


senso comum, a crenças, opiniões e valores recebidos na experiência cotidiana; é recusar
o "é assim mesmo" e o "é o que todo mundo diz e pensa". Numa palavra, distanciar-se
dos preconceitos, colocando entre parênteses nossas crenças e opiniões para indagar
quais são suas causas e qual é seu sentido, assim como diz Sócrates na tirinha acima. A
segunda característica da atitude filosófica é positiva: é uma interrogação sobre o que são
as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos.
É também uma interrogação sobre o porquê e o como disso tudo e de nós próprios. O que
é? Por que é? Como é? Essas são as indagações fundamentais da atitude filosófica. Se
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reunirmos essas duas características da atitude filosófica, deparamos com a atitude


crítica.

A reflexão filosófica também se volta para compreender o que se passa em nós


nessas relações que mantemos com a realidade circundante, para aquilo que dizemos e
sentimos, para as ações que realizamos, indagando o que são, como são, por que são e
para que são. Assim, a reflexão filosófica significa um passo adiante da atitude filosófica.
Na reflexão filosófica, três grandes indagações são fundamentais: 1) quais os motivos, as
razões e as causas do que pensamos, dizemos e fazemos? 2) qual é o sentido do que
pensamos, dizemos e fazemos? 3) qual é a intenção ou a finalidade do que pensamos,
dizemos e fazemos? A reflexão filosófica, ou o "conhece-te a ti mesmo", dirige-se ao
pensamento, à linguagem e à ação, ou seja, volta-se para os seres humanos. Suas
questões se referem à capacidade e à finalidade de conhecer, falar e agir, próprias dos
humanos. É um saber sobre os humanos como seres pensantes, falantes e agentes, ou
seja, sobre a realidade interior aos seres humanos, bem como sobre as relações que
estabelecem entre si. No esquema abaixo, vemos a diferença e complementação entre os
dois processos para o pensar de forma crítica.

Fonte: Livro Convite à filosofia

Esclarecidos do que se trata a atitude e a reflexão filosófica, podemos concluir que


para pensar filosoficamente precisamos abdicar de nossas certezas, do que julgamos
conhecer, nos despir de nossas crenças e questionar tudo que nos é colocado como
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verdade absoluta. Isso é importante no sentido de que conhecendo as coisas em sua


profundidade podemos entender e escolher acreditar e seguir ou não essa crença, valor,
moral, verdade e etc., quando conhecemos e escolhemos com plena consciência seguir
um caminho podemos dizer que estamos tomando as rédeas de nossa vida, que não
estamos esperando a vida passar e nos levar para algum lugar, somos nós próprios os
responsáveis por nossas escolhas e isso é feito com consciência e autonomia, sendo a
principal finalidade da disciplina filosofia justamente essa, nos dar a capacidade de
conhecer para escolher os caminhos a seguir e as ideias para acreditar. Temos com a
filosofia o poder de conduzir nossa própria vida, ao invés de sermos levados por ela.

Deixarei duas tirinhas como exercício de fixação para que vocês analisem levando
em consideração o que foi discutido até aqui sobre a importância da filosofia para a vida
prática e como ela nos ajuda na condução de nossa existência no mundo. Apesar de não
estar dentro da folha de avaliação, levarei em consideração a resolução deste, caso
precisem de nota ao final da disciplina.

Esperar ou realizar?
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Fonte: Blog em diálogo

No diálogo acima, Mafalda questiona se o mundo está “assim” por muitas pessoas
pensarem igual a Miguelito, através do que foi discutido acima e lembrando que as
tirinhas de Mafalda fazem críticas à sociedade, exponha o que a charge quer nós dizer
com o questionamento da menina sobre um mundo cheio de pessoas que pensam como
Miguelito. Quando puderem e tiverem acesso à internet, mandem suas considerações
para meu WhatsApp ou e-mail sobre a análise das charges acima.

1.2. Filosofia como instrumento para o respeito e diálogo


A disciplina ainda nos ajuda em outra questão, no bem viver em sociedade. Uma
vez que nos propomos a sermos seres críticos e a conhecer antes de julgar, nos tornamos
abertos ao diálogo. Digo isso no sentido de que, como já citei acima, a filosofia busca o
conhecimento, uma vez que entende que existem diversas verdades, essas verdades são
construídas de acordo com as crenças, valores, cultura, religião e etc., a qual pertence o
indivíduo, sendo assim, cada sujeito possui uma verdade. A filosofia pretende então
conhecer todas essas verdades sem prejulgamentos. Vamos colocar uma situação
exemplo para que vocês compreendam melhor.

No Brasil, segundo dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


(IBGE), a maior parte das pessoas no país é adepta de religiões católicas e/ou
evangélicas, dessa maneira é inegável que o catolicismo, com séculos de tradição no
país, tenha se enraizado na cultura e costumes dos brasileiros. A Umbanda e o
Candomblé, ambas religiões de matriz africana são praticadas por 0,3% da população
brasileira (Ver gráfico abaixo), há um forte julgamento para as pessoas que são adeptas
dessas religiões. Santana aponta que “A multiplicidade de divindades, guias e protetores
cultuados por seus praticantes é considerada maléfica pelo restante da sociedade, seja
numa perspectiva religiosa, seja pelo prisma comunitário efetivo.” (2016:02). Assim, as
pessoas que praticam as religiões de matriz africana são comumente denominadas pelo
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restante da população como “macumbeiros”.

Fonte: Instituto Mercado Popular

Não estamos aqui generalizando, que todos veem as religiões de matriz africana
dessa forma, no entanto, quem de vocês nunca ouviu coisas do tipo quando estão se
referindo aos praticantes da religião ou ao lugar de culto dessa religião, denominados por
eles de Terreiro? “Ali eles fazem trabalho”, “Isso é um terreiro de macumba”, “Eles têm
parte com o demônio”, dentre outras denominações depreciativas. A partir desses
julgamentos e preconceitos destilados temos inúmeros casos de intolerância religiosa
destinados à essa população.

Segundo dados da Fundação Cultural Palmares (FCP), somente no Distrito


Federal foram depredados, saqueados ou queimados 21 templos, desde o ano
passado. Além disso, o Disque 100 (do Ministério das Mulheres, da Igualdade
Racial, Juventude e dos Direitos Humanos) registrou 705 crimes de intolerância
religiosa entre atos de vandalismo e perseguição no país somente no ano de
2015. Apesar de contar com apenas 0,3% da população, os casos de intolerância
religiosa contra religiões de matriz africana chegam a 71% das denúncias, de
acordo com o mesmo órgão oficial do governo. (SANTANA, 2016:02)
E ai vocês me perguntam, mas como a filosofia poderia ajudar nisso? O medo do
desconhecido e o desdém culmina numa série de ataques e questionamentos que
resultam na violação da proteção constitucional prevista na nossa Carta de 1988 que
assegura a liberdade de crença, livre exercício de cultos religiosos e a não privação de
direitos por sua religião. Primeiramente, entendemos que vocês irão utilizar a atitude e
reflexão filosófica a partir de agora em suas vidas. Fazendo isso, você não irá acreditar e
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reproduzir o que as pessoas comumente falam sobre as religiões de matriz africana e


seus praticantes, uma vez que terão autonomia e criticidade no pensamento. O segundo
ponto é que, irão buscar conhecer as ideias, o que prega essas religiões e assim
desmistificar o que vem sendo reproduzido por séculos. Não estou dizendo aqui que
vocês devem frequentar esses cultos, mas sim pesquisar na internet assuntos que
explicam como funciona a religião, ouvir as pessoas que são adeptas, enfim, ler a respeito
para conhecer.

Para que isso funcione, você deverá deixar em suspenso suas crenças e ir em
busca do conhecimento sobre a religião livre de prejulgamentos e preconceitos criados e
reproduzidos pelo restante da população. Vocês então conhecerão a verdade dessa
religião e dessas pessoas, terão conhecimento aprofundado e poderão respeitar suas
escolhas. Uma vez que é preciso permitir que as pessoas tenham a liberdade de buscar o
melhor caminho para serem felizes, de acordo com sua fé e ideologia, sem quaisquer
empecilhos, respeitando as liberdades individuais – falamos aqui da religião, mas isso se
aplica a cultura, valores morais, gênero, orientação sexual, dentre tantos outros fatores
que nos tornam diferentes. Exercer sua religião não afeta em nada a vida do outro, assim
como estes podem frequentar seus cultos ou missas, os adeptos de religião de matriz
africana podem fazer seus cultos religiosos no terreiro. Não permitir que esses indivíduos
façam suas próprias escolhas fere o direito deles de existir e se expressar, dessa forma, a
melhor maneira de resolver tais questões é respeitando o espaço do outro e buscando
conhecimento para compreensão e tolerância com as diferenças.
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ATIVIDADE I - AV1 – 10,0 PONTOS

1. A partir do estudo da Unidade I que tratou sobre a origem e importância da filosofia


para a vida cotidiana e com a ajuda de uma cena da série “Merlí” disponibilizada à vocês,
façam uma redação de, no máximo 30 linhas, de uma reflexão sobre opiniões que são se-
guidas pela maioria e apontando como a filosofia ajudaria nessa ruptura de opinião coleti-
va não problematizada e na produção do sujeito enquanto ser independente e autônomo
na formulação de suas próprias ideias, opiniões e pensamentos. Essa redação correspon-
de à AV1 e deverá ser escrita e entregue em folha separada, que será entregue pela
equipe pedagógica junto deste material, ou seja, para correção vocês somente entregarão
a folha de atividade avaliativa, e não essa apostila. Usem esta página como rascunho.
Atentem-se para os prazos e não deixem para fazer a atividade próximo do encerramento.
Bom estudo!
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UNIDADE II – PENSAMENTO MÍTICO AO PENSAMENTO RACIONAL

Nesta unidade vamos estudar a mudança na forma do pensar mítico ao pensa-


mento racional através dos conceitos e bases históricas que envolvem a temática. Ao fi-
nal, você deverá realizar procedimentos práticos a partir dos conceitos apreendidos, as-
sim como desenvolver autonomia do pensar na leitura da realidade de forma crítica.
A Unidade II será executada no período de 11 a 15 de outubro. Como atividade
avaliativa vocês irão responder ao questionário sobre os assuntos tratados nesta unidade.
Esse questionário corresponde à AV2 e deverá ser respondido e entregue em folha se-
parada, que será entregue pela equipe pedagógica junto deste material, ou seja, para
correção vocês somente entregarão as folhas de atividades avaliativas, e não essa aposti-
la. Atentem-se para os prazos e não deixe para fazer as atividades próximo do encerra-
mento. Bom estudo!

1. DO MITO A RAZÃO
Os seres humanos podem ser identificados e caracterizados como seres que
pensam e criam explicações. Criando explicações, criam pensamentos. Na criação do
pensamento, estão presentes tanto o mito como a racionalidade, ou seja, a base
mitológica, enquanto pensamento por figuras, e a base racional, enquanto pensamento
por conceitos. Esses elementos são constituintes do processo de formação do
conhecimento filosófico. Este fato não pode deixar de ser considerado, pois é a partir dele
que os humanos desenvolvem suas ideias, criam sistemas, elaboram leis, códigos,
práticas.
Podemos dizer que a mitologia surge na Grécia Antiga, a partir do espanto do ser
humano com o mundo, ou seja, a partir do estranhamento com tudo aquilo que o rodeava
e que, naquele momento, ainda não possuía uma explicação racional. A mitologia era
narrada em forma de poesia e era cantada nas ruas. Assim, a mitologia era passada de
geração para geração através dos poetas, o que garantia a divulgação e manutenção dos
valores, hábitos e crenças do povo grego. Num dado momento da cultura grega, as
explicações mitológicas tornam-se insuficientes e o homem sente a necessidade de
buscar respostas mais racionais para as questões que o afligiam.
Mito, do grego mýthos, é uma narrativa tradicional cujo objetivo é explicar a origem
e existência das coisas. Esse foi o recurso utilizado durante anos para explicar tudo o que
existe no Universo. Desta forma, foram criados mitos para explicar a origem dos homens,
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do universo, dos sentimentos, de fenômenos naturais, entre outros. O mito era


considerado uma história sagrada, narrada pelo rapsodo - que era a pessoa escolhida
pelos deuses para transmitir oralmente as narrativas. Essa ideia de que o narrador era
uma escolha divina, dava ao mito um caráter incontestável, afinal deuses eram
inquestionáveis. Essa narrativa era pertinente para responder os questionamentos até
que, a partir do século VII a.C. as explicações oriundas dessas histórias foram deixando
de satisfazer os primeiros filósofos gregos, os pré-socráticos. Isso marca o advento de
uma etapa fundamental na história do pensamento e do desenvolvimento de todas as
concepções científicas produzidas ao longo da história humana e o surgimento da
filosofia.

É importante apontar o contexto histórico que culminou no surgimento da filosofia


na Grécia. Segundo Menezes (2019) uma série de fatores conduziram à relativização do
pensamento, desmitificação e busca de melhores explicações sobre a realidade. Temos
alguns acontecimentos que foram importantes para consolidação da filosofia. O primeiro
ponto é o comércio, navegações e diversidade cultural vinda com esse, devido a
localização geográfica a Grécia se tornou um importante centro do comércio e potência
marítima, isso possibilitou o contato destes com uma diversidade cultural e a partir da
descrença e relativização das culturas alheias, que estavam entrando em contato,
acabaram por relativizar a sua própria. O surgimento da escrita alfabética também foi
fundamental, lembrando que somente a partir de outros filósofos tivemos conhecimento
sobre as ideias defendidas pelos pré-socráticos e até mesmo por Sócrates, tão importante
para a filosofia. O surgimento da moeda exigia deles um grau maior de atenção e
racionalização, por exemplo, as trocas mediadas pela moeda faziam com que o usuário
tivesse que perceber que uma quantidade de produtos é equivalente a uma quantidade
específica de moeda. Já a invenção do calendário e seu uso, fez com que percebessem
a regularidade de alguns eventos da natureza, como as estações do ano, essa percepção
através do calendário tira dos deuses a responsabilidade pelo clima, por exemplo.

Com o desenvolvimento da pólis (cidades-estado da Grécia), há uma


intensificação da vida pública e com isso o desenvolvimento da política. Mais pessoas
passaram a ocupar essas pólis e com isso, esses indivíduos voltavam suas atenções para
a organização desse espaço, deixando em segundo plano a relação com os deuses e
divindades. Por fim, a partir de todos esses acontecimentos, ocorre o surgimento da
razão, devido ao seu grau maior de entendimento, a população grega passou a
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necessitar de explicações melhores que estivessem de acordo com seu grau de


abstração e desmitificação. É esse cidadão começa então a contemplar a natureza e
estabelecer relações de causa e efeito, se questionando "o que causa o que?" e
ordenando essas indagações. A partir disso, a natureza que até então era misteriosa
passou a ser organizada de forma racional.

E nesse contexto surge então a filosofia que deixou de ser compreendida como
uma cosmogonia, uma explicação do cosmo (Universo) a partir das relações que fizeram
nascer (gonos) as coisas, essa explicação aceita teorias religiosas e mitológicas.
Enquanto que a cosmologia busca e aceita as explicações sobre a origem do universo
apenas se essas partirem da razão (lógos). No quadro abaixo, podemos observar o ponto
que difere a mitologia da filosofia.

Fonte: Toda matéria

Reflexão – Mito

Nesse momento, vamos fazer um exercício de análise de um mito. Antes de tudo,


quero deixar claro que este exercício não é avaliativo, no entanto, quem puder e desejar
pode compartilhar suas impressões e reflexões comigo via e-mail ou WhasApp. Após
lerem o relato mítico, reflitam qual a mensagem que este deseja passar a partir de sua
narrativa, uma vez que os mitos desejam repassar mensagens e ensinamentos a partir de
suas histórias.
Mito da caverna de Platão (adaptado)
Imaginemos homens que vivam numa caverna cuja entrada se abre para a luz em
toda a sua largura, com um amplo saguão de acesso. Imaginemos que esta caverna seja
habitada, e seus habitantes tenham as pernas e o pescoço amarrados de tal modo que
não possam mudar de posição e tenham de olhar apenas para o fundo da caverna, onde
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há uma parede. Imaginemos ainda que, bem em frente da entrada da caverna, exista um
pequeno muro da altura de um homem e que, por trás desse muro, se movam homens
carregando sobre os ombros estátuas trabalhadas em pedra e madeira, representando os
mais diversos tipos de coisas. Imaginemos também que, por lá, no alto, brilhe o sol.
Finalmente, imaginemos que a caverna produza ecos e que os homens que passam por
trás do muro estejam falando de modo que suas vozes ecoem no fundo da caverna.
Se fosse assim, certamente os habitantes da caverna nada poderiam ver além das
sombras das pequenas estátuas projetadas no fundo da caverna e ouviriam apenas o eco
das vozes. Entretanto, por nunca terem visto outra coisa, eles acreditariam que aquelas
sombras, que eram cópias imperfeitas de objetos reais, eram a única e verdadeira
realidade e que o eco das vozes seriam o som real das vozes emitidas pelas sombras.
Suponhamos, agora, que um daqueles habitantes consiga se soltar das correntes
que o prendem. Com muita dificuldade e sentindo-se freqüentemente tonto, ele se voltaria
para a luz e começaria a subir até a entrada da caverna. Com muita dificuldade e
sentindo-se perdido, ele começaria a se habituar à nova visão com a qual se deparava.
Habituando os olhos e os ouvidos, ele veria as estatuetas moverem-se por sobre o muro
e, após formular inúmeras hipóteses, por fim compreenderia que elas possuem mais
detalhes e são muito mais belas que as sombras que antes via na caverna, e que agora
lhes parece algo irreal ou limitado.
Suponhamos que alguém o traga para o outro lado do muro. Primeiramente ele
ficaria ofuscado e amedrontado pelo excesso de luz; depois, habituando-se, veria as
várias coisas em si mesmas; e, por último, veria a própria luz do sol refletida em todas as
coisas. Compreenderia, então, que estas e somente estas coisas seriam a realidade e
que o sol seria a causa de todas as outras coisas. Mas ele se entristeceria se seus
companheiros da caverna ficassem ainda em sua obscura ignorância acerca das causas
últimas das coisas. Assim, ele, por amor, voltaria à caverna a fim de libertar seus irmãos
do julgo da ignorância e dos grilhões que os prendiam. Mas, quando volta, ele é recebido
como um louco que não reconhece ou não mais se adapta à realidade que eles pensam
ser a verdadeira: a realidade das sombras. E, então, eles o desprezariam.…

Instituto Holos. Disponível em:


<https://www.holos.org.br/assets/materiais/o_mito_mito_da_caverna_a00932df92d5f3cfc8699c93f91e1149.pdf.>
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1.1. Filosofia antiga


O período da filosofia antiga é dividido em três momentos: os pré-socráticos, os
socráticos também conhecido como período clássico ou antropológico e o pós-socrático,
que é denominado como período helenístico. Falaremos sobre cada um desses períodos
e apontaremos apenas seus principais representantes e suas ideias para que vocês
possam ter um panorama sobre o período.

1.1.1 Pré-socráticos (VII ao V a.c)

Os pré-socráticos, como foi citado acima, foram os primeiros filósofos e eles


buscavam investigar princípios lógicos para a origem do universo, a construção de uma
cosmologia – explicação racional e sistemática das características do universo – que
substituísse a antiga cosmogonia – explicação sobre a origem do universo baseada nos
mitos. No entanto, eles fizeram essa busca voltando-se para investigação da natureza,
tanto que eram chamados de filósofos da natureza. Sendo o principal objetivo destes,
encontrar o princípio substancial ou substância primordial (arché) existente em todos os
seres, a “matéria-prima” de que são feitas todas as coisas. É difícil conhecer o
pensamento do período pré-socrático em toda a sua dimensão, pois são poucos os
escritos encontrados dos pensadores e suas teorias, até mesmo suas datas de
nascimento e morte são incertas. No vasto mundo grego, a filosofia teve como berço mais
precisamente a cidade de Mileto, situada na Jônia, litoral ocidental da Ásia menor (região
hoje pertencente ao território da Turquia). Caracterizada por múltiplas influências culturais
e por um rico comércio, Mileto abrigou os três primeiros pensadores da história ocidental
a quem atribuímos a denominação filósofos. São eles: Tales, Anaximandro e Anaxímenes.
Tales de Mileto (623-546 a.C.) é tido como o primeiro pensador que deu início à
indagação racional sobre o universo. Inspirando-se em concepções egípcias, juntamente
com suas próprias observações de corpos hídricos – como rios e mares –, bem como da
vida animal e vegetal, ele dizia: “Tudo é água”. Assim para Tales, a água – por
permanecer basicamente a mesma em todas as transformações dos corpos, apesar de
assumir diferentes estados (sólido, líquido e gasoso) – séria a arché, a substância
primordial, a origem única de todas as coisas, presente em tudo que existe.
Como princípio vital, a água penetraria todos os seres, de maneira que tudo seria
animado por ela. Apesar da simplicidade da afirmação de Tales a respeito da água – e
19

considerando que a água não representava para ele o mesmo que apresenta hoje para
nós –, pela primeira vez tentava-se explicar a multiplicidade da realidade de maneira
sintética e simples, empregando um elemento natural e concreto, visível para todos.
Outro filósofo de Mileto, Anaximandro (610-542 a.C.), discípulo de Tales procurou
aprofundar as concepções do mestre sobre a origem única de todas as coisas e resolver
os problemas que Tales lançara. Ele buscou em meio aos diversos elementos observados
e determinados no mundo natural – especialmente os tradicionais pares de contrários que
se “devoram entre si” (água, terra, ar e fogo) –, mas não lhe foi possível identificar entre
eles o princípio único e primordial de todos os seres.
Anaximandro pensou, então, que deveria haver alguma substância diferente, ilimitada,
e que dela nascessem o céu e todos os mundos neles contidos. Foi assim que o filósofo
chegou à conclusão de que a arché é algo que transcende os limites do observável, ou
seja, que não se situa em uma realidade ao alcance dos sentidos, como a água. Por isso
denominou-a ápeiron, termo grego que significa “o indeterminado”, “o infinito” no tempo. O
ápeiron seria a “massa geradora” dos seres e do cosmo, contendo em si todas os
elementos opostos.
A discussão sobre o problema da arché prosseguiu com Anaxímenes (588-524
a.C.), discípulo de Anaximandro. Ele concordava que a origem de todas as coisas era
indeterminada, mas recusou-se a atribuir a essa indeterminação o caráter de arché. Para
Anaxímenes, a substância primordial não poderia ser um elemento situado fora dos
limites da observação e da experiência sensível, como dizia seu antecessor.
Em discordância com aspectos do pensamento dos dois mestres anteriores, mas
buscando uma síntese entre eles, Anaxímenes incorporou argumentos de ambos e
propôs o ar como princípio de todas as coisas. Ele considerou o fato de que o ar, quase
inobservável, é um elemento mais sutil que a água, mas que ao mesmo tempo nos anima,
nos dá vida, como testemunha nossa respiração. Infinito e ilimitado, penetrando todos os
vazios do universo, o ar constituiria uma arché menos indeterminada que o ápeiron.
Também seria um princípio ativo, gerador de movimento, como nos ventos.
Falamos apenas de três filósofos da natureza do período pré-socrático, no entanto,
pela complexidade e grande quantidade de representantes dessa corrente, será
disponibilizado um vídeo com mais informações sobre os pensadores do período e as
ideias que estes defendiam para que vocês possam tomar ciência destes.
20

1.1.2 Socráticos (V a IV a.c)

Os socráticos, como o nome já diz, corresponde ao período em que Sócrates viveu,


este período é também denominado de clássico ou antropológico por se voltar ao estudo
do homem. Apesar disso, Sócrates viveu no mesmo período de alguns pré-socráticos, o
que os afastava destes era sua forma diferente de investigação filosófica. Os pré-
socráticos se voltavam para observação da natureza, enquanto que os socráticos se
debruçavam sobre a explicação do ser humano. Como podemos perceber pelo nome que
divide os períodos da filosofia antiga, Sócrates foi um grande divisor de águas, tanto que
é conhecido como o pai da filosofia. Isso ocorre, pois foi a partir da dúvida e do olhar
direcionado para o interior do ser humano que ele provocou uma revolução na Filosofia.
Sócrates viveu entre (469 a.C e 399 a.C), em Atenas, na Grécia Antiga. Ele trouxe
como método o diálogo. O diálogo socrático se dirigia a todos, convidando-os a
analisarem suas supostas certezas e se abrirem à novos conhecimentos. O filósofo fazia
isso em praça pública, e o método socrático seguia quatro etapas:

1. Exortação: que consiste em uma provocação, incitação e estímulo para que outro
pessoa aceitasse participar de um diálogo.

2. Indagação: tendo a pessoa aceitado o diálogo, Sócrates iniciava os


questionamentos sobre algum ponto sobre a sociedade ateniense (política, ética,
organização da pólis, etc.). O filósofo queria com isso saber a opinião do indivíduo
sobre determinado assunto.

3. Ironia: o filósofo buscava então contradições nas opiniões dos indivíduos para que
estes percebessem e pudessem refletir mais sobre a opinião dada e assim buscar
o conhecimento.

4. Maiêutica (dar a luz): esse “dar a luz” consistia em fazer com que o interlocutor
elaborasse suas próprias ideias, apreendesse por si só e entendesse como adotou
para si, começando assim a viver uma vida autêntica.

Para falar sobre o método socrático é importante começar apontando a


diferenciação feita pelo filósofo e que nos serve até os dias de hoje sobre opinião e
conhecimento. Todos possuem uma opinião formada sobre algo, apesar disso, essa
opinião pode ou não ser acompanhada de conhecimento sobre o tema. Sócrates então
perguntava a opinião e usava a ironia para saber se todos tinham embasamento e
conhecimento para mantê-las. Aqui, nos aproximamos do já visto na unidade I desse
21

material, quando falamos que a filosofia é esse questionar continuo e se despir de ideias
que nós foram repassadas. Daí podemos compreender os motivos de Sócrates ser o pai
da filosofia.

Sócrates assim sustentava que para conhecer a natureza e persuadir sobre os


outros, você precisa conhecer a si mesmo. Além do autoconhecimento, suas teorias
tinham como propósito levar às pessoas sabedoria e a prática do bem. O filósofo foi
condenado a morte sob várias acusações, entre elas estavam a de desrespeitar a religião
e o sacerdócio e de corromper a juventude com seu método, uma vez que ao fazer os
jovens pensarem estes começavam a questionar os padrões da pólis, o que enfraquecia o
domínio dos governantes sobre os cidadãos. Podemos compreender os motivos de
políticos, governantes e grandes poderosos desconsiderarem a ciência filosófica, uma vez
que essa dá autonomia ao sujeito.

Fonte: um sábado qualquer

Falaremos de mais dois filósofos do período socrático: Platão e Aristóteles. Platão


(428 a 347 a.c) foi o responsável por descrever e registrar os ensinamentos deixados por
Sócrates, uma vez que não há nada registrado pelo próprio autor, dessa forma, apenas
em contato com as obras de Platão podemos ter acesso à informações sobre a vida e
obra do pai da filosofia. Podemos ver assim que Platão foi discípulo fiel de Sócrates, e se
destacou entre os filósofos gregos por suas teorias idealistas. Para Platão, as ideias
22

pensadas por nós são formuladas a partir do que sentimos, vemos, ouvimos ou tocamos e
estão “guardadas” em um mundo inteligível. O mundo das ideias é a perfeição é possível
e desejada, enquanto que o mundo dos sentidos é a realidade e por isso está sujeito a
erros e deformações.

O autor contribuiu também com discussões sobre política. Três de seus livros se
destacam: A República o autor fala sobre a organização da pólis. No livro O Político ele
descreve as qualidades intelectuais que são necessárias ao governante. E no livro As
Leis ele chama atenção para o exercício da cidadania pelos cidadãos e mostra como as
leis são criadas. Portanto, vemos aqui os estudos dos socráticos voltados para questões
humanas e que envolvem a vida em sociedade.

O último autor que vamos falar é Aristóteles (384 a 322 a.c), este foi aluno de
Platão e ficou marcado por ser o primeiro a sistematizar e organizar as áreas do
conhecimento. Ainda, foi defensor ferrenho da democracia como sistema político e forma
justa de governo. O autor também defendeu a necessidade do conhecimento prático ser
feito por meio da observação e da atenção dos sentidos do corpo. Podemos destacar dois
livros importantes sobre suas teorias: Política onde trata sobre organização política da
cidade baseada em ações éticas individuais e no exercício da democracia. E Ética a
Nicômaco onde expõe noções sobre virtude, ética e racionalidade prática.

Finalizamos então percebendo que o período socrático foi de intensa observação


sobre as ações humanas em sociedade, questões envolvendo sua vida prática e uma
busca incessante do conhecimento. Separando totalmente o foco do período anterior, que
se voltava para natureza, do momento em que os estudos da filosofia se voltavam para a
vida do homem e as relações que são estabelecidas nos espaços que ocupa.

1.1.3 Pós-socráticos (IV a.c a IV d.c)

O período pós-socrático é também chamado de Helenístico. O ultimo período da


Filosofia Antiga foi marcado pela expansão das cultura grega em toda a região do
mediterrâneo e o surgimento da civilização romana. Os temas relacionados à natureza e
ao homem prevalessem mas é dada ênfase nas diferentes formas de busca pela
felicidade. Destacam-se como principais pensadores do período helênico Zenão, Epicuro,
Pirro e Antístenes. Cada um deles foi responsável foi difundir novas teorias filosóficas que
tentava dar uma resposta para chegar a felicidade.

Zênon de Cítion ou Zenão, foi fundador do Estoicismo, doutrina filosófica que tinha
23

como principal elemento buscar o equilíbrio interior através da racionalidade e do controle.


Segundo Zenão, a felicidade poderia ser encontrada caso o ser humano conseguisse
controlar seus instintos, desejos, suas paixões, seus vícios. Outra doutrina, o Epicurismo
foi fundada por Epicuro de Samos, esse sistema filosófico tratava de questões morais,
como a obtenção do prazer sendo um substituto para a felicidade, uma filosofia que
valoriza a busca pelo prazer acima de tudo.

O Ceticismo, fundado por Pirro, também ganhou força no período, a doutrina tinha
como principal característica o negativismo e o desprezo às coisas materiais. Para os
ceticistas a felicidade estava em não julgar as coisas, sem julgamentos é possível o
indivíduo encontrar a felicidade. O Cinismo foi uma doutrina influenciada a partir da teoria
de Antístenes e Diógenes, que valorizavam a vida simples, desprezando os bens
materiais e os prazeres como fama, poder e riqueza. Somente um homem que vive de
acordo com seu eu essencial, sem se preocupar com nenhuma convenção social, em
harmonia com sua verdadeira forma de ser, seria apta a alcançar a felicidade, segundo
esses autores. Ao final desse ponto, percebemos que o objetivo principal dos filósofos
pós-socráticos era encontrar respostas para se alcançar a felicidade, se diferenciando
assim das duas correntes anteriores.
24

ATIVIDADE II – AV1 – 10,0 PONTOS

Após leitura atenciosa da unidade II, vocês terão como atividade avaliativa um
questionário com dez questões sobre os assuntos tratados no decorrer desta unidade.
Esse questionário corresponde à AV2 e deverá ser respondido e entregue em folha se-
parada, que será entregue pela equipe pedagógica junto deste material, ou seja, para
correção vocês somente entregarão as folhas de atividades avaliativas, e não essa aposti-
la. Atentem-se aos prazos e não deixem para fazer as atividades próximo do encerramen-
to. Bom estudo!
25

REFERÊNCIAS

ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. 5a ed. São Paulo: Martins fontes, 2007.

ARANHA, M.L.A.; MARTINS, M.H.P. Filosofando 5a ed. São Paulo. Editora Moderna,
2013.

BUZZI, A. R. Filosofia para principiantes: a existência humana no mundo. Editora


Vozes, 2011.

CABRAL, João Francisco Pereira. "O Mito e a Filosofia". Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/mito-filosofia.htm. Acesso em 12 de setembro de
2021.

CHAUÍ, M S. Iniciação a Filosofia. 2a ed. São Paulo. Editora Ática, 2014.

CHAUÍ, M S.; Oliveira, P.S., Filosofia e Sociologia, 1a ed. São Paulo. Editora Ática,
2009.

CHAUÍ, M. S. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000.

FUNDAÇÃO ARIGATOU. Aprender a viver juntos: um programa intercultural e inter-


religioso para a educação ética <https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000212787>
acessado em 07/08/2021

GHIRALDELLI, JR.P. Introdução à Filosofia. Baureri-SP:Manole, 2003.

Instituto Holos. Mito da Caverna. Disponível em:


<https://www.holos.org.br/assets/materiais/o_mito_mito_da_caverna_a00932df92d5f3cfc8
699c93f91e1149.pdf.> acessado em 07/09/2021

LUCKESI, C.; PASSOS, E.S. Introdução à filosofia. São Paulo: Cortez, 2004.

MACIEL JUNIOR, A. “Pré-Socráticos: a invenção da razão”. Odysseus, São Paulo,


2007.

MENEZES. Pedro. A origem da filosofia. Disponível em:


<https://www.todamateria.com.br/origem-filosofia/> acessado em 13/09/2021.

SANTANA, I. Diversidade religiosa: liberdade individual e dignidade humana.


<https://mercadopopular.org/direito/diversidade-religiosa-liberdade-individual-e-dignidade-
humana/> acessado em 10/09/2021
FILOSOFIA Nota:_____

Nome:___________________________________________ Turma: _________ Data: ___/__/2021

Curso: ____________________________ Profa.: __________________ Tipo de avaliação: Redação


Instruções:
* O conteúdo para esta atividade está na Unidade I da apostila.
* Não será aceita a utilização do corretivo. Se rasurar, passe um traço na escrita incorreta.
* Use somente caneta esferográfica azul ou preta.
* Valor da avaliação: 10,0 (dez) – UNIDADE I - Atividade I - AV1

A partir do estudo da Unidade I que tratou sobre a origem e importância da filosofia para a vida cotidia -
na e com a ajuda de uma cena da série “Merlí” disponibilizada à vocês, faça uma redação de, no máximo 30 li-
nhas, fazendo uma reflexão sobre opiniões que são seguidas pela maioria e apontando como a filosofia ajudaria
nessa ruptura de opinião coletiva não problematizada e na produção do sujeito enquanto ser independente e au-
tônomo na formulação de suas próprias ideias e opiniões.

FOLHA DE REDAÇÃO
FILOSOFIA Nota:_____

Nome:___________________________________________ Turma: _________ Data: ___/__/2021

Curso: ____________________________ Profa.: __________________ Tipo de avaliação: Questionário


Instruções:
* Para esta atividade, utilize o texto da Unidade II.
* Use somente caneta esferográfica azul ou preta.
* Valor da avaliação: 10,0 (cinco) – UNIDADE II - Atividade II- AV2

Com base nos conteúdos estudados na Unidade II e sua análise, leia as questões e marque apenas uma
alternativa. Ao final, preencha o gabarito com as alternativas escolhidas de cada questão. Essa avaliação tem o
valor de 10,0 pontos.

01. Quais filósofos do período da Filosofia antiga d) Cosmologia aceita explicações com base na
eram denominados de “Filósofos da natureza”? razão, enquanto a cosmogonia aceita explicações
a) Pré-Socráticos;
com base na mitologia e religião.
b) Socráticos;
04. Que filósofo ficou conhecido como o “pai da
c) Pós-socráticos; filosofia”?
d) Nem uma das anteriores. a) Tales de Mileto;
02. Quais fatores culminaram no surgimento da b) Sócrates;
filosofia na Grécia. c) Platão;
a) Descrença no cristianismo.
d) Zenão;
b) Invenção do calendário e extinção da religião
05. O método socrático obedecia uma ordem
c) Surgimento da escrita, moeda, comércio e
dividida em quatro partes, assinale a alternativa
navegações. que corresponda a sequência correta:
d) Aumento de crença na religião e busca por a) Exortação; Ironia; Maiêutica e Indagação;
explicações dos deuses através da razão. b) Indagação; Ironia; Exortação e Maiêutica;

03. Sobre Cosmogonia e Cosmologia assinale a c) Maiêutica; Ironia; Exortação e Indagação;


alternativa correta: d) Exortação; Indagação; Ironia e Maiêutica;
a) Cosmogonia aceita apenas explicações racionais; 06. Qual o propósito das teorias socráticas?
b) Cosmologia e Cosmogonia aceitam explicações a) Levar o indivíduo a conhecer a verdade que
tanto mitológicas como racionais; envolve questões da natureza;
c) Cosmologia aceita explicação apenas se estas b) Levar às pessoas sabedoria e prática do bem
tiverem baseadas na razão, até mesmo uma razão voltando-se para o interior do homem;
mitológica; c) Ensinar os indivíduos os passos para felicidade;
d) Nem uma das anteriores.
07. Entendendo que os estudos socráticos eram GABARITO
voltados para questões humanas e que envolvem
1 2 3 4 5
a vida em sociedade, quais temas ganharam
destaque no período?
a) Dinheiro, poder e capitalismo;
GABARITO
b) Natureza, origem e ambiente;
6 7 8 9 10
c) Política, ética e democracia;
d) Religião, mitos e divindades;
08. Quais os principais nomes do período pós-
socrático:
a) Tales de Mileto, Anaximandro e Pitágoras;
b) Platão, Sócrates e Aristóteles;
c) Zenão, Pirro e Epicuro;
d) Zenão, Pirro, Epicuro e Antístenes;
09. Assinale a alternativa que aponta
corretamente e respectivamente os estudos dos
pré-socráticos; socráticos e pós-socráticos:
a) Origem do universo a partir da razão;
Observação da natureza e busca pela felicidade.
b) Busca pela felicidade, observação da natureza
como origem do universo e relações humanas;
c) Origem do universo com base na observação da
natureza, foco nas relações humanas e busca de
maneiras diversas de se chegar a felicidade;
d) Origem do universo com base na felicidade;
relações humanas e busca da natureza como origem
humana.
10. Aponte qual das teorias abaixo corresponde
a valorização e busca pelo prazer acima de tudo:
a) Ceticismo
b) Cinismo
c) Estoicismo
d) Epicurismo
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RORAIMA
CAMPUS AMAJARI
DEPARTAMENTO DE ENSINO
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

PLANO DE ENSINO DE ATIVIDADES NÃO PRESENCIAIS

CURSO: Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio Turma: 138 Ano: 2021
Professor(a): Raysa Martins do Nascimento
Componente curricular: Filosofia Módulo II
CH Total do componente: 20h CH já cumprida: 0h CH a cumprir: 20h
DATA DE INÍCIO: 04/10/2021 DATA DE CONCLUSÃO (PREVISÃO): 15/10/2021

atividadeNota da
Ementa/ Bases Procedimentos Ferramentas/Recursos/ Avaliação

CH/semanal
Semanas

Tecnológicas Competências e Metodológicos Material Didático para (instrumento/


Tema (s) principal (is) Habilidades / Execução da Atividade T P prazo e critérios Observações
Subtema (s) Estratégias de avaliação)
Didáticas

Desenvolver a autonomia Instrumento AV1


04/10 a 08/10/2021

do pensar na leitura da avaliativo: Material complementar para os estudantes


INTRODUÇÃO A realidade de forma -Estudo dos - Apostila disponibilizada. Redação - Vídeo para atividade com cena da série
FILOSOFIA: crítica. conteúdos; 10 “Merlí”

10h

10h
- Prazo para entrega
- Origem e importância; - Analise de - Vídeo com cena da série Link pro vídeo:
- Objetivos e finalidades. Respeitar as diferenças e tirinhas. “Merlí” 15/10/2021
ser tolerante diante da https://www.youtube.com/watch?
diversidade. v=wMPcbAXLVwY

Instrumento AV2
avaliativo:
11/10 a 15/10/2021

PENSAMENTO Realizar procedimentos Questionário


MÍTICO AO práticos, a partir dos -Estudo dos Material complementar para os estudantes:
- Apostila disponibilizada. 10 - Vídeo sobre os pré-socráticos.
PENSAMENTO conceitos apreendidos. conteúdos; Prazo para entrega

10h

10h
- Link pro vídeo:
RACIONAL Perceber relações de - Analise de 15/10/2021
- Vídeo sobre os pré-socráticos; https://www.youtube.com/watch?
- Mito e razão; poder, posicionando-se mito.
- Filosofia antiga. adequadamente. v=hbDr8L4M1T8&list=PLOrMKGbR9xDz
d8o4MduFAQPAwT522HSg5&index=1&t=
463s

* CH= CARGA HORÁRIA; *S= SEMANA; *T= CH TEÓRICA; *P= CH PRÁTICA


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SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RORAIMA
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Acompanhamento Pedagógico:
Diante da oferta de atividades não presenciais, para o acompanhamento do processo ensino/aprendizagem do discente, serão
disponibilizados os Canais de comunicação E-mail raysanascimento.rn@gmail.com, Whats App (96) 98106-4206, se o discente tiver
disponibilidade e acesso a internet, faremos encontros por meio das plataformas virtuais, com a finalidade de sanar dúvidas quanto ao conteúdo
do material impresso. Os dias para este atendimento serão de segunda a sexta, em horário comercial. Caso o estudante não atinja a nota para
aprovação, será realizada uma recuperação ao final do semestre.

Referências Básica e Complementar:


ARANHA, M.L.A.; MARTINS, M.H.P. Filosofando 5a ed. São Paulo. Editora Moderna, 2013.
CHAUÍ, M. S. Convite à Filosofia. 6a ed. São Paulo: Ática, 1997.
CHAUÍ, M S. Iniciação a Filosofia. 2a ed. São Paulo. Editora Ática, 2014.
CHAUÍ, M S.; Oliveira, P.S., Filosofia e Sociologia, 1a ed. São Paulo. Editora Ática, 2009.
Bibliografia Complementar:
ABBAGNANO,N. Dicionário de Filosofia. 5a ed. São Paulo:Martins fontes, 2007.
GAARDEN, J. O mundo de Sofia. São Paulo:Cia das Letras, 2001.
GHIRALDELLI, JR.P. Introdução à Filosofia. Baureri-SP:Manole, 2003.
LIPMAN, M. O Pensar na Educação. Petrópolis: Vozes, 1995.
LUCKESI, C.; PASSOS, E.S. Introdução à filosofia. São Paulo: Cortez, 2004.

Raysa Martins do Nascimento


DOCENTE
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RORAIMA
CAMPUS AMAJARI
DEPARTAMENTO DE ENSINO
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

Lucas Correia Lima


COORDENADOR DO CURSO E/OU DIRETOR DE EXTENSÃO

Marizete Pinheiro de Oliveira


SETOR PEDAGÓGICO

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