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PSICOLOGIA DA LIBERTAÇÃO
Adolfo Pizzinato
Histórico
implicam uma mudança não apenas no papel dos psicólogos (assistentes sociais,
as pessoas envolvidas.
reconhece a liberdade do outro, que deixa de ser um sujeito “sujeitado”, para ocupar
Psicologia da Libertação:
• Desideologização;
• Conscientização;
• Compromisso;
Salvador, onde continuou seus estudos no noviciado. Iniciou seus estudos na área
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O marxismo e a psicanálise seriam posteriormente duas fontes que nutririam
freudiano”, sendo Viktor Frankl seu principal protagonista. Esta tese havia sido
precedida por outros dos trabalhos: “Complejo o cultura? Una crítica antroplógica a
sobre os que publica seu primeiro livro, Psicodiagnóstico de América Latina (Blanco,
20001).
materiais em que se desenvolve a vida das pessoas) à que Martín-Baró seria muito
difícil seguir, depois do advento, da cada vez mais influente Teologia da Libertação,
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onde dedicou-se à atividades acadêmicas, direção de institutos de pesquisa em
A vida de Ignácio Martín-Baró pode ser descrita brevemente dizendo que foi
1966. Publicou onze livros e uma ampla lista de artigos, científicos e culturais, em
da América Latina, as repercussões de sua obra, sua vida e sua morte, atingiram a
em plena guerra civil salvadorenha para reforçar um das principais idéias que
levadas a cabo por aquelas que deveriam ser as próprias forças maiores de
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pode configurar-se como uma das partes centrais de um projeto sócio-político
iniciou-se no início dos anos 1980 e conduzida sob os auspícios e incentivos dos
opressão estatal. Martín-Baró foi dos que optaram por uma terceira via, muitas
vezes tida como utópica. Seguiu suas atividades religiosas e acadêmicas, ruma a
Fundamentos
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Toda a obra psicológica, na concepção da psicologia da libertação, responde
alvo; e do “desde onde” esta pratica emerge (Blanco, 1993). As bases da prática da
Teologia da Libertação, que emergiam na época como uma nova forma da Igreja
Católica interagir e assistir seus fiéis (Blanco, 1993). Estas novas práticas,
de um pensador político. São as marcas dos tempos em que cada um vive, que se
não deixaram de ser ouvidos pelo grupo de jesuítas em El Salvador (Blanco, 2001).
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viviam (e ainda vivem) os povos latino-americanos, abre as portas a uma
miseria que margina a grandes grupos humanos. Esa miseria, como hecho colectivo,
es una injusticia que clama al cielo” (CELAM, 1977, p. 25). À partir deste encontro
nova Teologia), pôs-se à clamar por uma mudança radical nas estruturas latino-
americanas, que naquele momento precisavam, como hoje, passar por uma maior
ricos e pobres e entre poderosos explorados. Uma situação tal que “exige
1977, p. 37). A descrição que a Conferência de Puebla nos deixou, deveria incluir-se
dois pilares do que viria ser a Psicologia da Libertação enquanto campo teórico-
Epistemologia
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Embora o tema da liberdade e da libertação de indivíduos e grupos humanos
seja tão antigo quanto a própria noção de humanidade, as idéias sobre a submissão
(Montero, 2000).
de emancipação social nas ciências sociais, de um modo geral, foi a teoria Marxista
Libertação supõe uma ontologia, uma epistemologia, uma metodologia, uma posição
com o matiz ideológico, que paulatinamente vai tornando-se uma matriz conceptual
de primeira ordem, que regerá a atividade prática. Tanto a que se move dentro de
uma dimensão estritamente de campo, como aquela que se debate nos limites da
potencial):
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• Crítica à assepsia;
socialmente negativas.
Nesta perspectiva, a libertação não pode ser encarada como algo natural, um
O modelo de sujeito que à Psicologia Social lhe resulta mais pertinente, nos
proporcionam o estudo de três dos autores clássicos mais mencionados nas mais
ativo frente ao meio, dotado de uma infinita potencialidade para usar ferramentas de
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natureza material e sobretudo simbólica para relacionar-se com o meio que o rodeia,
que vai sofrendo modificações no transcurso do devir histórico, graças, entre outras
razões, a sua capacidade para modificá-lo, e que é capaz de buscar uma solução
racional aos problemas que o afligem. Um dos mais firmes supostos da teoria sócio-
superiores; b) frente à adaptação passiva própria dos animais inferiores (por estarem
Libertação.
ser feitas com bases em crenças e estereótipos que podem advir de processos de
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intercâmbio cultural e social, vale a pena considerar alguns aspectos nessa direção.
faz, pelo menos implicitamente, uma antecipação da forma como essa pessoa
do interlocutor e a impressão que se têm do mesmo, seja ele quem for. Em outras
o tom de nossa linguagem. Dentro das perspectivas propostas por Martín-Baró, não
como a brasileira, fica fácil pensar nos problemas que qualquer criança “diferente”
poderá enfrentar na escola. Essa diferença, seja ela intelectual, física ou étnico-
cultural pode ser facilmente um fator inibidor da socialização se não houver uma
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historicamente excluídos e marginalizados, em um país que nega as diferenciações
e preconceitos étnicos.
A inclusão social, por sua vez, nem sempre faz sentido em uma sociedade,
com algumas formas de encarar a sociedade, tais como a capitalista, por exemplo.
perigoso.
Não seria tão importante afirmar que é necessário uma nova caracterologia para
que o que nos encontramos aqui) de dada caracterologia. Atrás disso, pode estar
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em metodologias consistentes de pesquisa em ciências humanas. Toda a questão
Nesse sentido, Martín-Baró (1996) postula que aquele que faz ciência sem
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seriam presentes nas figuras da “santa mãezinha” e do “pai irresponsável” (Martín-
Baró, 1996).
influente (de forma direta) no desenvolvimento social infantil (depois da família) tem
bancária, vertical e seletiva foi relatada por muitos autores, sobretudo os vinculados
por um psicólogo, como sugere Martín-Baró (1996). Segundo o autor, no que diz
rivais, a aspirar o triunfo próprio como a única meta desejável, o que na realidade
desejada infunde o individualismo intenso nos alunos, como norma e critério nas
memorística (onde o que pode caracterizar mais uma criança é o lugar em que ela
superioridade intelectual (e muitas vezes até natural) de certas classes sociais, que
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O Fatalismo enquanto Identidade Social
básica, como uma maneira de situar-se frente à própria vida, como uma matriz de
mais negativas.
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São todas questões pertinentes à investigação, ainda mais se pensarmos que
determinação de tudo o que ocorre na vida, mesmo de uma forma bem mítica.
2. “A própria ação não pode mudar este destino fatal”. A vida das pessoas
está controlada por forças superiores, mais poderosas, que desestimulam qualquer
atitude.
da atitude fatalista:
cada um).
1. Conformismo e submissão.
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2. Tendência a não fazer esforços, à passividade.
ele concebe uma “síndrome” fatalista que, na verdade, começa a desenhar uma
transcendendo as dimensões nacionais e grupais, sem com isso significar que esta
algum ditador, o militar golpista (meio populista e meio gorila – subornável em tudo,
enquanto atitude frente a vida das pessoas, do fatalismo enquanto estereótipo social
que se aplica aos latino-americanos (mesmo que seja aplicado pelos próprios latino-
caracterização que se lhes atribui e, deste modo, possui um impacto sobre sua
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Já a obra de Martín-Baró, além de genuinamente latino-americana traz alguns
nos USA ou em algum país europeu. Existem como bem aponta Martín-Baró,
Conscientização
pessoais;
humano/humano e humano/natureza;
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Prática Psicológica
atuação:
oprimidos, na voz das massas populares é de onde se pode ouvir a voz de Deus)
chave da teoria), foi assinalado por Martín-Baró (1988) enquanto necessidades de:
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cognitiva latino-americana). Enquanto forma de criação de uma práxis libertadora
povo, com uma sociedade e, com uma concepção de fazer ciência desde uma
transformadoras ocupa lugar central. Estas ações transformadoras não poderão ser
levadas a cabo sem a participação ativa e incorporada das maiorias. Esta atividade
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da população, assim como a atividade profissional do psicólogo, devem ser encaras
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Referências Bibliográficas:
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