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A viabilidade do uso de Softwares de Smartphones para realização

de treinamentos voltados à manutenção de condicionamento físico


por pessoas adultas (de 18 a 30 anos) no âmbito da cidade de
Marechal Cândido Rondon, Paraná;

LUZ, Luis Eduardo Beiger da 1


RU 2000393
ALMEIDA, Cynthia Adriane de 2

RESUMO

O presente estudo pretende discorrer sobre a possibilidade da utilização, por parte


de profissionais da Educação Física, de aplicativos destinados a auxiliar na
prescrição de treinamentos voltados à ginástica de condicionamento físico. Para
tanto, foi utilizado de revisão bibliográfica de artigos científicos que debatem sobre
temas diretamente ou indiretamente relacionados ao assunto, sendo que foram
definidos inicialmente pressupostos e pré-requisitos para viabilizar a adoção dessa
ferramenta em auxílio ao trabalho realizado pelos profissionais de educação física,
foram portanto elencadas aplicações já existentes para tal uso, bem como a
adequação dessas aos pressupostos delimitados e posteriormente verificados
quando da adoção dessas aplicações em atividades de condicionamento físico na
cidade de Marechal Cândido Rondon, localizada no interior do Estado do Paraná,
delimitando o grupo de possíveis usuários beneficiados em cidadãos adultos,
classificados na faixa etária dos 18 aos 30 anos. Ao final, foram elencados
pressupostos para a aplicação de tais tecnologias, seus potenciais efeitos e os
requisitos a serem observadas pelo profissional de educação física no uso de
aplicações para os fins estabelecidos no presente artigo, bem como, possíveis
benefícios relacionados a esta prática na população estudada.

Palavras-chave: Tecnologia. Prescrição de Exercícios. População rural. Políticas


públicas. Inclusão digital.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, devido a grande expansão da tecnologia em suas derivadas


formas, impactando as ciências como um todo, ocorre o questionamento na área da

1Aluno do Centro Universitário Internacional UNINTER. Artigo apresentado como Trabalho de


Conclusão de Curso. 1º Semestre - 2021.
2 Professor Orientador no Centro Universitário Internacional UNINTER
Educação Física sobre a viabilidade da utilização de softwares de smartphones para
realização de treinamentos voltados à manutenção de condicionamento físico por
pessoas adultas (de 18 a 30 anos) no âmbito das cidades, como por exemplo,
utilizamos a cidade de Marechal Cândido Rondon, Paraná. Essa cidade conforme
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), se trata de uma
cidade com fortes características rurais (pois, conforme IBGE (2010) possui uma
densidade demográfica de 62,59 habitantes por quilômetro quadrado), ainda
conforme IBGE (2010) Marechal Cândido Rondon possui a população adulta da
faixa etária estudada, em número inferior às demais populações (o número de
pessoas residentes em Marechal Cândido Rondon, PR, estando na faixa etária entre
15 anos a 29 anos é contabilizado em torno de 12159 pessoas, e o número total de
habitantes é de 46819 pessoas) possui ainda, uma grande parte desse grupo de
pessoas residentes na área urbana da cidade (consoante dados do IBGE (2010), no
grupo de indivíduos entre 15 e 29 anos, 10793 pessoas residem em área urbana e
1366 em área rural), sendo que esse é um potencial grupo frequentador do setor de
academias de ginástica e praticantes de atividades físicas, entretanto, segundo
banco de dados referente a quantidade de academias locais constantes no site do
Conselho Regional de Educação Física da 9ª Região Estado do Paraná (CREF9) é
deveras pequeno. Segundo dados obtidos no campo destinado a consulta pública
por pessoas jurídicas cadastradas no site do CREF9 (2021) há apenas vinte e duas
academias na cidade, considerando todos os segmentos. Hipoteticamente falando,
em caso de cada um desses indivíduos do grupo estudado desejar inscrever-se em
uma dessas academias, seria um número de 552 alunos por instituição.
Outro aspecto que traz atenção no debate sobre os objetos da presente
pesquisa diz respeito à influência que os meios digitais possuem na nossa
sociedade e a evolução que estes representam. Dados recentes da Fundação
Getúlio Vargas (FGV) divulgados por Meirelles (2020) afirmam que em junho de
2020, o número de smartphones no Brasil era de 234 milhões de aparelhos, sendo
estimado cerca de 2 aparelhos por habitante.
Considerando esses dados, com vistas a possibilitar a realização de
atividades voltadas a manutenção do condicionamento físico, se faz necessário
avaliar a viabilidade de pessoas na faixa etária dos 18 a 30 anos, utilizarem
softwares (comumente conhecidos como aplicativos) de Smartphones, para tanto,
primeiramente faz-se necessário descrever os principais softwares já existentes para
realização dessa determinada função, que possam ser utilizados por esse grupo de
indivíduos em seus smartphones, em um segundo momento, demonstrar o uso de
novas tecnologias e consequentemente inferir o seu impacto no acesso dos
indivíduos dessa faixa etária aos programas de condicionamento físico, bem como, a
importância do uso dessas tecnologias na cidade estudada, considerando a grande
extensão rural do município (segundo os dados trazidos acima, há diversos
indivíduos residentes na área rural do município) e a oferta de serviços
especializados em condicionamento físico;
O questionamento que se dá é se os softwares disponíveis são adequados
para o fim a que se destinam na cidade estudada e para o público definido na
pesquisa, ressaltando-se que não se almeja de forma alguma a substituição dessa
maneira da atividade especializada desenvolvida pelo educador físico, mas sim, a
apresentação dos aplicativos como uma ferramenta a ser utilizada por este
profissional para atingir o máximo possível de alunos, atuando como forma de
facilitar o acesso para os seus alunos e clientes com vistas a melhora dos índices de
condicionamento físico na população estudada.

2 A APLICAÇÃO DE SOFTWARES DE SMARTPHONES PARA VIABILIZAR O


CONDICIONAMENTO FÍSICO PARA ADULTOS EM MARECHAL CÂNDIDO
RONDON

É de conhecimento público que nos encontramos atualmente em plena época


da “revolução digital”, para tanto, é possível citar o artigo de Mello e Teixeira (2018)
os quais corroboram com a afirmação acima, trazendo que “a revolução digital, que
está em pleno curso no mundo todo, é um fenômeno sem volta – e vai impactar (já
está impactando) todos os setores: indústria, comércio, saúde, energia, educação,
serviços e agricultura.”.
Os temas relacionados a Educação Física no mundo foram sempre
influenciados pelo período histórico onde a educação física esteve inserida, tal como
na Grécia antiga, a civilização encontrava nos esportes e na atividade física,
significados que iam além da manutenção da saúde, o que era justificado pela
existência de guerras e necessidades de manutenção de exércitos, dessa forma, a
manutenção do treinamento físico era sobretudo destinada a garantir uma melhor
performance para os exércitos em batalhas. Outro fato relevante trazido por Capraro
e Souza (2017) ressalta que na Grécia antiga, “alguns filósofos pregavam os
exercícios e os cuidados corporais com a higiene como parte de uma educação que
também colaborava com o desenvolvimento intelectivo”, sendo dessa maneira uma
informação importante de como se dava a Educação Física naquela época, já sendo
incentivada numa perspectiva de manutenção do condicionamento físico e qualidade
de vida.
Passando-se os anos, após a ascensão do poder do império romano,
sobretudo no território europeu, essa civilização que se tornou uma das mais
importantes de sua época possuía também uma noção sobre a atividade física,
sendo que Capraro e Souza (2017) nos traz que:

Ao término das tarefas cotidianas, normalmente duas ou três horas antes de


o sol se pôr, as pessoas se dirigiam a uma das termas de sua cidade. Lá
seguiam um rito que consistia em um banho em água morna, sucedido de
imersão em água bem quente e, por último, em água fria, geralmente em
piscinas enormes. Se estivessem dispostas a pagar, as pessoas poderiam
também entrar em uma sala com vapor quente (uma espécie de sauna)
para receberem massagem, depilação, corte de cabelo e até serviços
sexuais. Algumas termas tinham até as chamadas palestras (espaços para
treinamento físico, semelhantes às academias de hoje em dia). (CAPRARO
E SOUZA, 2017, p. 78).

Com o passar dos anos, o império romano entrou em queda e surgiu na


Europa um novo período histórico conhecido como Idade Média, que perdurou entre
os anos de 470 D.C. e 1450 D.C. Na Idade Média, o corpo humano era tratado como
“receptáculo da alma”, devido as grandes influências da Igreja sob os seres
humanos. Junto a isso surgiu a chamada inquisição, a qual consistia em uma
censura a diversos comportamentos, com o viés de manter a população
exclusivamente vivendo sob o que era apregoado pela Igreja. Capraro e Souza
(2017, p. 87) nos traz que nessa época “os cuidados excessivos com a assiduidade
corporal poderiam ser tomados, em locais cuja presença da Inquisição fosse intensa,
como sinais de vaidade, luxúria e preguiça”, o que de certa forma, trouxe uma certa
estagnação às atividades de condicionamento físico e de treinamento.
Essas práticas perduraram até a existência do chamado Renascimento, esse
movimento, iniciado por volta do século XV e mantido até meados do século XVI,
conforme Capraro e Souza (2017, p.89) consistia em “movimento artístico,
intelectual e cultural caracterizado pela influência dos padrões estéticos, corporais e
filosóficos típicos da antiguidade clássica, principalmente os padrões Greco-
Romanos”, fato que colaborou com o ressurgimento de atividades de lazer, de
treinamento e competições. Após o término da era Renascentista, foram sendo
seguidas revoluções e fatos históricos, até a ocorrência da Revolução Francesa, que
veio trazer o advento dos filósofos em diversas áreas, e posteriormente a revolução
industrial, ambas trouxeram ao mundo novas e importantes formas de estabelecer
os cuidados com a aptidão e o condicionamento físico.
No Brasil, sobretudo, tivemos dois períodos importantes da Educação Física
entre o fim do século XIX e meados do século XX, os períodos conhecidos como
higienista e eugenista tiveram a Educação Física como uma de suas principais
preocupações, obviamente influenciados por estudos europeus, devido a escassez
naquela época, de pesquisadores e doutrinadores em território nacional.
Durante o período higienista, o qual coincidiu com o período da primeira
revolução industrial. Havia um interesse legítimo na prática de Educação Física,
sobretudo na construção corporal dos indivíduos da classe trabalhadora o que é
corroborado por Capraro e Souza (2017, p. 105) quando “a disciplina de Educação
Física era utilizada como forma de ajudar no controle do corpo, que deveria tornar-
se saudável, robusto e harmonioso”, mas com interesses trabalhistas, pois “havia o
interesse das elites nacionais de que os operários se tornassem cada vez mais
aptos às grandes cargas de trabalho nas fábricas”. Ainda é interessante ressaltar a
importância dada à Educação Física naquela época como uma ferramenta para a
prevenção de doenças, tendo em vista a grande maioria dos estudiosos nesse
período estar lotada na área da medicina.
Após esse período, já sob influência da época da Segunda Revolução
Industrial, no período entre os anos de 1918 a 1930, os ideais higienistas no Brasil,
passaram a ser substituídos por ideais eugênicos, os quais pretendiam sobretudo a
formulação de uma “raça brasileira”. Para tanto, os pesquisadores dessa época,
conforme nos traz Capraro e Souza (2017, p. 111) utilizavam a Educação Física
como uma ferramenta para o fortalecimento de futuras gerações, o que era
visualizado principalmente no ensino dessa disciplina nas escolas e na formação do
exército nacional, a qual ocorria por meio do treinamento físico, era inegável
portanto a relação entre a educação física e a melhora da performance de indivíduos
com o objetivo de criação de uma sociedade geneticamente “superior”.
Outro ponto importante fora a educação física exercida durante o período
militarista no Brasil, durante os anos da chamada Ditadura Militar, que perdurou
entre 1964 e 1985. Nesse período, conforme Capraro e Souza (2017, p. 118) era
visível a contribuição de ideais higienistas e eugenistas na educação física, mas com
influências sobretudo, nacionalistas. Ainda, era visível a prática das atividades
físicas nas escolas, entretanto com um viés “desportivo”, com valorização de
práticas de jogo como futebol, existindo a regulamentação da educação física em
todos os níveis do ensino, mas acompanhada de uma certa valorização e
diferenciação dentre aqueles alunos mais aptos para a prática desportiva em
detrimento daqueles menos aptos.
Após esses períodos, durante as décadas posteriores à redemocratização do
Brasil, surgiram outros pesquisadores, bem como instituições de ensino voltadas ao
estudo da área da Educação Física, as quais hoje contribuem para uma evolução e
inserção das atividades físicas em nossa sociedade.
Dessa forma, um fato interessante a se observar no histórico trazido acima é
o forte papel que a Educação Física possuiu desde as sociedades mais primitivas
(como aquelas do período greco-romano, por exemplo) e até os dias atuais, sendo
uma ciência que acompanha os contextos históricos e sociais para a sua evolução.
Conforme já explanado, o assunto do uso da tecnologia nos dias atuais é de
relevante importância, pois a cada dia estamos mais conectados e inseridos em um
“mundo digital”. Corroborando com os estudos que afirmam estarmos em uma época
de revolução digital, como profissionais da área da educação física, devemos estar
preparados para os avanços e as influências que essa era trará para os conceitos de
atividade e condicionamento físico.
Já é realidade em nossas vidas a existência de aplicativos que permitem a
consulta e apresentação de documentos de identificação pessoal 3, que substituem
os pagamentos em dinheiro 4 e que permitem a leitura de livros virtuais 5, entre outras
facilidades promovidas pela criação desses aplicativos.
Além disso, é de responsabilidade do profissional de educação física, “prestar
serviços que favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo
para a capacitação e/ou restabelecimento de níveis adequados de desempenho e
condicionamento fisiocorporal dos seus beneficiários, visando à consecução do
bem-estar e da qualidade de vida” (CONFEF, 2002).
Bem como, essa responsabilidade do profissional de educação física o coloca
como um profissional cujas atribuições se sobrepõem aos níveis locais e regionais, e
o coloca como um promotor da saúde, o que na definição da Organização Mundial
da Saúde (OMS) trata-se de “um estado de completo bem-estar físico, mental e
social, e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade.” (OMS,
1946).
Cabe portanto ao profissional de educação física, além de prescrever
treinamentos aos seus alunos, buscar se adequar ao momento e ao contexto
histórico-social onde está inserido para garantir ser um promotor da saúde. No
contexto atual, os espaços destinados à atividade física vêm sofrendo uma crise,
devido às restrições governamentais impostas pela prevenção à disseminação do
Coronavírus, fato este que resultou em diversos danos ao setor, conforme exemplo
citamos publicação do jornal Metrópoles, desenvolvida por Garzon e Araújo (2020)
os quais relatam que no Distrito Federal quarenta academias foram fechadas e 4,5
mil pessoas foram demitidas por conta das restrições relativas à pandemia do
chamado Coronavírus, nos primeiros meses do ano de 2020.
Atualmente existem estudos acerca do uso da tecnologia para o
desenvolvimento de treinos voltados ao condicionamento físico, dentre eles
destacamos os de Barros e Silva (2018) que desenvolveram em seu estudo, um
projeto de criação de um software para smartphones com o escopo de incentivar

3 Disponível em <hhttps://portalservicos.denatran.serpro.gov.br/#/> Acesso em: 18 mar, 2021;


4 Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/pix> Acesso em: 18 mar, 2021
5 Disponível em: <https://www.oficinadanet.com.br/aplicativos/23789-os-10-melhores-aplicativos-
gratis-para-ler-livros-digitais> Acesso em 18 mar, 2021.
pessoas na prática de atividades físicas para combater o sedentarismo, e Herrmann
e Kim (2017), os quais desenvolveram estudo baseado principalmente nos efeitos do
uso de aplicativos desenvolvidos para realização de exercícios físicos sob o
comportamento dos indivíduos, avaliando aspectos como o desenvolvimento do
hábito da realização de tais atividades.
Ainda, foram levados em consideração os estudos desenvolvidos por Direito
et al. (2015) e Rocha et al. (2017) os quais versam principalmente sobre o uso de
aplicativos voltados a promoção da saúde. No primeiro estudo, intitulado
“Smartphone apps to improve fitness and increase physical activity among young
people: protocol of the Apps for IMproving FITness (AIMFIT) randomized controlled
trial” se realizou uma avaliação específica sobre a aplicação desses em atividade
física, promoção da saúde em pessoas jovens, e no segundo, “Uso de apps para a
promoção dos cuidados à saúde”, é trazido um compêndio de formas de utilização
desses aplicativos em diversos setores da promoção da saúde, como nutrição,
atividade física e uso de fármacos.
Para tanto, para a elaboração do presente artigo, se utilizou da literatura de
artigos científicos, periódicos e publicações que tratam do tema, artigos estes
desenvolvidos tanto no âmbito nacional quanto internacional. Em virtude de a
temática escolhida não se tratar de uma exclusividade regional, ou do município
estudado, pois a questão associada a aplicativos desenvolvidos para smartphones
está diretamente relacionada a rede mundial de computadores, é possível buscar
conteúdos em fontes de outras regiões, estados e países.
Foi portanto realizada pesquisa, através de consulta bibliográfica a jornais,
publicações científicas e bancos de dados, sobre a região que é foco do presente
estudo, ou seja, a cidade de Marechal Cândido Rondon, localizada na região Oeste
do estado do Paraná, para isso, tratando da demografia regional, do acesso a locais
para execução de treinamentos físicos por parte da população e ainda das
características de renda encontradas na população local, fatores estes que podem
interferir nas questões relacionadas ao treinamento físico e qualidade de vida.
Dessa maneira, foi desenvolvida tanto pesquisa quantitativa, analisando-se
portanto os números de pessoas cuja idade encontra-se dentro dos padrões
selecionados para o presente estudo, a quantidade de espaços existentes na cidade
que são voltados ao condicionamento físico e a prática e atividades físicas, e a
posse dessas pessoas do meio necessário para a prática das atividades físicas de
maneira não-presencial, o que se definiu que seria por meio de um aplicativo de
smartphone, principalmente devido a grande popularização desses aparelhos,
conforme nos traz Meirelles (2020) quando afirma que em nosso país, há quase dois
aparelhos smartphones por habitante.
Além disso, qualitativamente, buscou-se apresentar os aplicativos já
existentes para a finalidade de execução de treinamentos físicos voltados ao
condicionamento físico e a manutenção da qualidade de vida, comparando as suas
características com aquelas reveladas como importantes nos artigos pesquisados.
Como definição de exercício físico e atividade física, foram utilizados os
conceitos trazidos pelo CONFEF (2002), os quais tratam exercício físico como:

Sequência sistematizada de movimentos de diferentes segmentos


corporais, executados de forma planejada, segundo um determinado
objetivo a atingir. Uma das formas de atividade física planejada, estruturada,
repetitiva, que objetiva o desenvolvimento da aptidão física, do
condicionamento físico, de habilidades motoras ou reabilitação orgânico-
funcional, definido de acordo com diagnóstico de necessidade ou carências
específicas de seus praticantes, em contextos sociais diferenciados.
(CONFEF, 2002).

Já a Atividade Física para o CONFEF (2002) é tida como:

Todo movimento corporal voluntário humano, que resulta num gasto


energético acima dos níveis de repouso, caracterizado pela atividade do
cotidiano e pelos exercícios físicos. Trata-se de comportamento inerente ao
ser humano com características biológicas e socioculturais. No âmbito da
Intervenção do Profissional de Educação Física, a atividade física
compreende a totalidade de movimentos corporais, executados no contexto
de diversas práticas: ginásticas, exercícios físicos, desportos, jogos, lutas,
capoeira, artes marciais, danças, atividades rítmicas, expressivas e
acrobáticas, musculação, lazer, recreação, reabilitação, ergonomia,
relaxamento corporal, ioga, exercícios compensatórios à atividade laboral e
do cotidiano e outras práticas corporais. (CONFEF, 2002).
Foram levantados, com auxílio de pesquisa através da plataforma Google
Play Store portanto os possíveis aplicativos já desenvolvidos por editores online
aptos a serem utilizados por pessoas na idade de 18 a 30 anos e residentes na
cidade de Marechal Cândido Rondon – Paraná, sendo que foram identificados
quatro exemplares que se assemelham ao modelo trazido por Barros e Silva (2018)
o qual trouxe um protótipo contendo algumas das seguintes necessidades, as quais
foram utilizadas como atributos de pesquisa:

 Possibilitar ao usuário verificar as suas informações de perfil;


 Possibilitar o usuário e ao seu treinador o seu histórico de atividades;
 Possibilitar cadastro de alunos pelo Educador Físico;
 Acompanhamento de localização através de Mapas;
 Possibilidade de login (acesso ao sistema) e logout (sair do sistema)

Os principais argumentos de Barros e Silva (2018) para a utilização de


aplicativos nessas condições, seriam o de minimizar a possibilidade de lesões e
possibilitar o acompanhamento do aluno pelo educador físico através dos resultados
compartilhados.
Sendo assim, através de pesquisa na Loja Virtual de Aplicativos do Google,
foram encontrados quatro aplicativos que possuem algumas das características
citadas por Barros (2018), e que poderiam ser utilizados por Personal Trainers para
o desenvolvimento de rotinas de treino para os seus alunos, são os aplicativos
conforme descritos abaixo:

Aplicativo Trei.no®
 Possibilita ao usuário verificar as suas informações de perfil;
 Possibilita apenas ao Educador Físico / treinador acessar o histórico
Disponível em de atividades e o cadastro de treinamentos;
<https://play.google.co  Possibilita o cadastro de alunos pelo Educador Físico / treinador;
m/store/apps/details?  Possibilidade de login (acesso ao sistema) e logout (sair do
id=trei.no&hl=pt_BR&g sistema);
l=US&showAllReviews
=true>
Aplicativo Tecnofit  Possibilita ao usuário verificar as suas informações de perfil;
Personal®.
 Possibilita ao usuário e ao seu treinador visualizar o seu histórico de
Disponível em atividades;
<https://play.google.co
m/store/apps/details?
id=br.com.tecnofit.App  Possibilita o cadastro de alunos pelo Educador Físico;
Personal&hl=pt_BR&gl
=US> acesso em 18
 Possibilidade de login (acesso ao sistema) e logout (sair do sistema)
mar. 2021
Aplicativo TopTreino  Possibilita apenas ao usuário visualizar o seu histórico de atividades;
ficha de treino®.
 Possibilidade de login (acesso ao sistema) e logout (sair do sistema)

Disponível em
<https://play.google.co
m/store/apps/details?
id=com.r15tec.academ
ia04&hl=pt_BR&gl=US
> Acesso em 18 mar.
2021
Aplicativo Treinus®.  Possibilita ao usuário verificar as suas informações de perfil;
Disponível em  Possibilita ao usuário e ao seu treinador visualizar o seu histórico de
<https://play.google.co atividades;
m/store/apps/details?
id=com.af2g.treinus>  Possibilita o cadastro de alunos pelo Educador Físico;
Acesso em 19 mar.
 Acompanhamento de localização através de Mapas;
2021
 Possibilidade de login (acesso ao sistema) e logout (sair do sistema)

A partir dessa seleção, foram portando analisados os mesmos aplicativos


através das características trazidas pelos estudos de Rocha (2017):

Tecnofit
Trei.no® Toptreino® Treinus®
Personal®
Apresenta a possibilidade de conclusão de metas? Sim* Sim* Sim** Sim*
Apresenta metas pré estabelecidas Sim* Sim** Não Sim*
Apresenta notificações em tempo real? Sim Sim Não Sim
Possui abordagem atrativa? Sim Sim Sim Sim
Possui treinos personalizados? Sim Sim Sim Sim
Possui mensagens personalizadas para metas pessoais? Não Não Não Sim*
Possui características que estimulem a competição nas
Não Não Não Sim
redes sociais?

* Através de acompanhamento no software disponível ao Treinador ou Educador Físico;


** Através de observações de dados lançados pelo aluno ou cliente no aplicativo;
*** depende de compartilhamento por parte do aluno ou cliente;

Dessa maneira, em análise aos dados trazidos no quadro acima, é possível


inferir que ambos os aplicativos acima relacionados, possuem algumas das
capacidades citadas como importantes no estudo de Rocha (2017), entretanto, faz-
se necessária a presença do treinador ou educador físico que acompanhará o
treinamento em ambos os casos.
É notável avaliar a presença de grande parte dos itens trazidos como
necessários em ambos os estudos, sendo os de Barros e Silva (2018) e Rocha
(2017), no aplicativo Treinus®.
O referido aplicativo, conforme TREINUS 6 (2018), permite aos usuários
cadastrados como treinadores ou educadores físicos a prescrição de treinos online,
envio de correio eletrônico ou de mensagens instantâneas, acompanhamento da
gestão financeira e elaboração de respostas aos alunos quando da consecução de
seus treinamentos, ainda, para os usuários cadastrados como alunos e atletas, a
possibilidade de interagir com os profissionais (treinadores e educadores físicos)
através do aplicativo.
Cabe ressaltar que ambos aplicativos se constituem em aplicações gratuitas
compartilhadas através da Google Play Store, entretanto, há opções de pagamento
de planos por parte do aplicativo Trei.no e Treinus, os quais possibilitam algumas
facilidades de acesso e melhorias aos profissionais mediante o pagamento de
mensalidades aos desenvolvedores, variando, conforme o site trei.no 7 entre os
valores de R$ 99,90 à R$ 299,00.
O aplicativo Treinus8, também é adquirido por parte dos treinadores e
educadores físicos mediante pagamento, ou seja, diferentemente de aplicativos
como os aplicativos Tecnofit® e Toptreino ficha de treino® citados acima, o aplicativo
Treinus® possui planos para aquisição por parte dos profissionais com valores a
partir de R$ 97,00 mensais, para gerenciar treinamentos de aproximadamente 20
atletas, contando ainda com a necessidade de pagamento de uma taxa de adesão,
quando da aquisição do referido plano.
Os usuários dos aplicativos Trei.no e Treinus, cadastrados como alunos e/ou
atletas, não necessitam realizar pagamento, uma vez que para esses, o aplicativo é
disponibilizado gratuitamente na loja virtual de aplicativos, não possuindo a
possibilidade de elaboração de treinamentos ou de avaliações físicas de alunos, fato
que fica restrito aos treinadores.
Dessa maneira, faz-se necessário levar em consideração a necessidade do

6 Disponível em <https://www.treinus.com.br/>. Acesso em 23 mar. 2021.


7 Disponível em <https://trei.no/> acesso em 18 mar. 2021.
8 Disponível em <https://www.treinus.com.br/investimento/>. Acesso em 19 de mar. de 2021.
investimento por parte daquele profissional que deseje por ventura, iniciar a
utilização do aplicativo acima descrito, sendo que, este possui a característica de ser
um aplicativo não gratuito, apesar de possuir as demais características citadas
acima.
Cabe ressaltar que ambos os quatro aplicativos estudados não requerem por
parte dos usuários atletas ou clientes a necessidade de aquisição, podendo ser
utilizados de maneira gratuita, bastando a realização de instalação no seu
smartphone.
As propostas de utilização de ambos os aplicativos se constituem em
realização de treinamentos por parte de pessoas, de maneira individual e remota, ou
seja, mesmo sem a presença do profissional de educação física no local do
treinamento, é possível ao atleta ou aluno a realização de seus treinamentos, para
tanto, faz-se necessário a utilização de imagens, vídeos e/ou outras ferramentas
orientativas para que os exercícios sejam realizados com qualidade e sem oferecer
riscos ao praticante, conforme indica a proposta desenvolvida por Barros e Silva
(2018).
Conforme os dados levantados na presente pesquisa, uma quantidade
considerável de possíveis alunos (quer seja, pessoas na idade entre 18 a 30 anos
de idade) reside na área rural do município estudado (Marechal Cândido Rondon),
segundo dados do IBGE (2010) seriam aproximadamente 1366 de um total de
12159 pessoas, o que representa aproximadamente 11% do grupo estudado.
Para esses indivíduos, o deslocamento diário a um local que ofereça
possibilidade de treinamentos físicos, geralmente localizados no perímetro urbano,
seria inviável economicamente ou por uma questão de tempo, vindo dessa maneira
o uso de aplicativos facilitar e democratizar as práticas de condicionamento físico a
essa população, podendo dessa maneira realizar treinamentos de maneira “remota”
(à distância) podendo acessar prescrições lançadas pelo seu treinador por meio do
aplicativo.
Devido à ausência de estudos voltados à prática de atividades físicas para
pessoas residentes em área rural no estado do Paraná, utilizamos como base o
estudo de Ribeiro et al. (2017, p. 336) o qual relata as dificuldades que idosos
possuem na cidade de Palmas, Paraná, com relação a políticas públicas perenes
voltadas a saúde, sendo que no referido estudo, fora constatado que equipes de
saúde deslocam para comunidades rurais quando um idoso se encontra acometido
por doença, porém, também constatou que há diferenças entre o acesso aos
serviços de saúde por idosos residentes em Meio Urbano e Meio Rural, o que
também se aplica aos adultos, uma vez que o ambiente rural é similar para jovens,
adultos e idosos.
Dessa forma, como tratado anteriormente, o uso de aplicativos para
smartphones, para que os treinadores ou educadores físicos possam prescrever
exercícios físicos é também uma forma de democratização da saúde e qualidade de
vida, pois aquele indivíduo residente em ambiente rural, não precisaria se deslocar
ao centro da cidade para frequentar uma academia ou espaço destinado a prática de
ginástica de condicionamento físico, ele poderia receber as prescrições de um
profissional, através do aplicativo, podendo ter acesso a vídeos, fotos e demais
informações sobre a correta execução do exercício.
Ocorre ainda, que a comunidade residente no ambiente rural é empregada
rotineiramente em atividades como a agricultura, pecuária, piscicultura, entre outras
atividades que demandam rotinas sobretudo com intensa prática, não havendo
portanto cargas horárias bem definidas, uma vez que se fazem necessárias
adaptações nas cargas trabalhistas devido aos períodos de plantio, colheita,
manutenção do rebanho, entre outros, o que faz com que a flexibilização de horários
seja importante para o trabalhador rural.
Durante a leitura dos estudos de Direito et al. (2015, p. 9), um aspecto
importante com relação a aplicativos de smartphone é a possibilidade de que esses
podem ser utilizados pelos atletas ou clientes, nos locais e nos horários em que
esses escolherem, podendo ser aplicados nas mais diversas rotinas. Fato este que
se aplica muito bem ao grupo em questão.
Outro aspecto interessante que fora analisado, é a necessidade de as
academias e espaços destinados ao condicionamento físico manterem suas
atividades, em períodos de “distanciamento social”, conforme o que vivemos nos
dias atuais, não apenas no Brasil, mas em diversos países no mundo, visando evitar
a propagação de doenças transmissíveis.
Conforme nos traz o estudo de Aquino et al. (2020), o distanciamento social é
uma das diversas medidas adotadas para evitar a propagação de epidemias
mundiais, das quais se incluem o Coronavírus, mas que impacta diretamente na
impossibilidade de reunião de grupos de pessoas em espaços como exemplo em
academias de musculação ou ginástica, ou eventos como corridas, competições,
torneios, entre outros.
Essa questão foi um assunto despertado durante a vigência da pandemia de
Coronavírus, mas que serve como alerta, ainda porque Aquino et al. (2020) nos traz
que em casos de pandemias como a presente, “estratégias nacionais de
distanciamento social precisariam se manter em vigor por, pelo menos, dois terços
do tempo até a disponibilização de uma vacina”, sendo assim, é mister que
educadores físicos e profissionais da área de Educação Física estejam preparados
para atendimento a população em atividades mesmo em períodos críticos como
esses, pois ainda há riscos de novas pandemias mundiais, como foram os exemplos
do vírus H1N1 no ano de 2010, o surto de Ebola no norte da África em 2013 a 2016,
a Gripe Aviária no período de 2003, entre outras.
Mas ainda, mesmo deixando de se levar em consideração a questão do
distanciamento social voltado a reduzir a possibilidade de contágio por doenças
transmissíveis, ainda devemos lembrar que existem pessoas que necessitam manter
certo distanciamento social por motivos diversos, onde se inclui pessoas acometidas
pela chamada “Fobia Social”, a qual conforme nos traz Burato et al. (2009):

Fobia Social caracteriza-se por um medo acentuado e persistente de


situações sociais ou de desempenho nas quais o indivíduo teme se sentir
envergonhado ou embaraçado. Os principais medos estão relacionados à
exposição, como parecer ridículo, dizer tolices, ser observado pelas outras
pessoas, interagir com estranhos ou pessoas do sexo oposto, ser o centro
das atenções, comer, beber ou escrever em público, falar ao telefone e usar
banheiros públicos. (BURATO et al., 2009, p. 167).

Ou seja, mais uma vez é possível se utilizar da tecnologia para democratizar,


ou seja, incluir em atividades como a ginástica de condicionamento físico pessoas
que possuam algum tipo de doença a qual não a permita frequentar espaços
públicos, como as academias, em virtude dos problemas relacionados a
socialização. Essas pessoas poderiam ser beneficiadas com a possibilidade de
executar seus treinamentos em suas residências, sem serem expostas ao convívio
social em academias, mas, ainda assim, podendo receber informações e ser
acompanhada por um profissional de educação física durante seus treinamentos
visando o condicionamento físico e a manutenção da qualidade de vida.
Ainda sobre populações especiais, e a importância da prática das atividades
físicas por esses indivíduos citamos o trabalho desenvolvido por Vara e Pacheco
(2018, p. 52) o qual traz que “a diminuição da prática de atividade física em pessoas
que pertencem a grupos especiais tende a causar a redução da aptidão física
desses indivíduos, o que pode aumentar diversos fatores de risco”. Fator esse que
desperta a necessidade do profissional de educação física em levar em
consideração esse público em sua área de atuação pois é também um promotor da
saúde.
Um fator a ser relacionado, não trazido por Rocha (2017) ou Barros e Silva
(2018), mas considerando a existência na sociedade de diversos tipos de
populações especiais, como pessoas acometidas por lesões ou comorbidades como
cardiopatias, obesidade, entre outras, deve o treinador ou profissional de educação
física, nunca abrir mão da realização de uma avaliação física antes da prescrição da
atividade física. Essa avaliação física é possibilitada por alguns dos aplicativos
estudados, diretamente como é o caso dos aplicativos Treinus, Tecnofit Personal,
Toptreino, os quais possuem campos específicos para a formulação e inserção de
avaliações físicas e indiretamente por parte do aplicativo Trei.no, o qual não possui
tal campo mas tal avaliação pode ser solicitada mediante mensagem pelo treinador.
Novamente com relação a utilização de aplicativos para a execução de
exercícios físicos por pessoas saudáveis, fora pesquisado no estudo desenvolvido
por Hermann e Kim (2017, p. 6) o qual descreveu que, após a realização de um
acompanhamento de cinco meses de um grupo de quarenta e sete indivíduos
fisicamente ativos, onde uma parcela utilizou aplicativos para a execução de
treinamento físico (32 participantes) e outra parcela não utilizou aplicativos para a
realização de treinamento físico (15 participantes) o principal resultado que pode ser
atingido fora que, apesar de não haverem ganhos significativos de condicionamento
físico em ambos os grupos, os que utilizaram aplicativos para a realização de
treinamentos tornaram-se mais favoráveis ao uso dessa ferramenta do que aqueles
que não os utilizaram.
Importante relacionar que os estudos de Hermann e Kim (2017) foram
realizados em um grupo de indivíduos fisicamente ativos, os quais apenas inserira,
ou não, em suas rotinas a realização de exercícios físicos utilizando-se de
aplicativos desenvolvidos para smartphone, ou seja, tais protocolos não foram
testados com iniciantes, ou pessoas que iniciaram as suas atividades partindo de um
status quo sedentário (não realizavam atividade física).
Conforme nos trazem Telles et al. (2016) apud Vara e Pacheco (2018):

Embora a atividade física seja importante, o primeiro obstáculo a ser


enfrentado em sua realização é o processo de adesão, ou seja, dar o
primeiro passo. Quando alguém está vivendo sob um comportamento
sedentário, reorganizar a vida para começar uma atividade física ou um
programa de exercício físico pode ser difícil. (TELLES et al. 2016 apud
VARA E PACHECO, 2018, p. 33).

Dessa forma, ao profissional de Educação Física optar pelo uso de aplicativos


eletrônicos para a prescrição e orientação de exercícios físicos ele deve possuir a
consciência de que aquele público sedentário que iniciar a utilização de tais meios
pode sentir as dificuldades de utilização dessa tecnologia, independentemente dos
recursos utilizados, mas em virtude da própria condição do atleta ou cliente. Ainda,
extraímos de Vara e Pacheco (2018, p. 33) que manter a realização de determinado
exercício físico de maneira regular, conhecido como “processo de aderência” ao
exercício físico, trata-se de um desafio, sendo que como forma de evitar a
desistência do indivíduo e manter o estímulo para este se manter na atividade é
importante a presença da companhia de outra pessoa, mas se essa pessoa desistir
o outro pode tomar a mesma atitude.
Portanto, ao optar o profissional de educação física pelo uso de aplicativos
para a prescrição e orientação de exercícios físicos, este deve utilizar a criatividade,
possibilitando o compartilhamento de informações de treino ao usuário com os seus
contatos, ou a possibilidade de realização de treinos conjuntos (entre dois ou mais
usuários).
Sendo assim, a presente pesquisa carece de um posterior estudo voltado a
avaliação de grupos de indivíduos, utilizando-se dos aplicativos desenvolvidos para
a prescrição de exercícios físicos, por um tempo específico, sendo acompanhados
por pesquisadores, para a verificação de todas essas variáveis, entretanto, verificou-
se através da literatura e da análise bibliográfica que o profissional que se presta a
prescrever e orientar exercícios físicos utilizando-se de aplicativos para
smartphones, necessita possuir criatividade para desenvolver formas de treinamento
que não venham a ser consideradas pouco atrativas ou que venham a desestimular
a prática por parte de seus atletas ou clientes.
Além disso, o profissional de Educação Física pode utilizar também os
aplicativos como um complemento às atividades físicas “presenciais”, onde junto aos
treinamentos prescritos na academia é possível ser lançado ao atleta ou cliente
através do aplicativo complementações para o seu treinamento, fichas de
treinamento e ainda realização de avaliações físicas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto no presente trabalho, inicialmente, se buscou discorrer


sobre o problema apresentado, quer seja a possibilidade do uso de aplicativos de
smartphone por adultos (com faixa etária entre 18 e 30 anos) moradores da cidade
de Marechal Cândido Rondon, Paraná, para a realização de treinamentos para a
manutenção do condicionamento físico.
Sendo assim, inicialmente fora realizada pesquisa sobre o local de
desenvolvimento da pesquisa (a cidade de Marechal Cândido Rondon) e a
existência da população na idade a ser pesquisada, a qual demonstrou que é um
público expressivo, composto por grande parte da população residente em área
urbana, mas com uma parcela significativa (aproximadamente 11%) residente na
área rural do município.
Em seguida, fora contextualizada a evolução da Educação Física nas
sociedades, com destaque a atualidade, onde vivemos em uma sociedade que
vivencia a chamada revolução digital, onde atualmente, grande parte das pessoas
se utiliza de meios eletrônicos, dentre eles os smartphones e seus aplicativos, para
a realização de tarefas cotidianas.
Dessa maneira, os profissionais da Educação Física também precisam estar
inseridos na evolução social, assim como estiveram em todas as evoluções
ocorridas na história da humanidade. Sendo dessa forma, necessário desenvolver
formas de prescrição de treinamento utilizando-se de softwares ou aplicativos
voltados para uso em smartphones.
Esses aplicativos, em sendo utilizados pelos profissionais da área, devem
preencher alguns requisitos, trazidos no presente trabalho, dentre os quais se
destacam possibilitar o acompanhamento por parte do treinador ao seu aluno,
possibilitar a formulação de rotinas de treinamentos específicas e ainda possibilitar
notificações, integração entre o treinador e seu aluno e possuir ferramentas que
facilitem a descrição dos exercícios por parte do treinador de modo a dirimir
eventuais dúvidas por parte do aluno.
Todos esses aspectos foram abordados com base em estudos desenvolvidos
por pesquisadores de diversas áreas como Barros e Silva (2018) e Rocha (2017),
ainda levando em consideração os estudos desenvolvidos por Direito et al. (2015) o
qual abordou o assunto através da ótica do comportamento humano. Porém, ainda é
necessário a continuidade dos estudos e possível aplicação dos dados estudados
nessa pesquisa em ambiente de campo, voltado a avaliar como os indivíduos se
comportariam com o uso desses aplicativos a curto e longo prazo, pois através
simplesmente da análise bibliográfica não foi possível definir qual seria o melhor
aplicativo para esse tipo de utilização, uma vez que compreendem análises
subjetivas e práticas sobre as aplicações e seus usuários.
Fato importante a se considerar é que tais aplicativos podem auxiliar os
profissionais da Educação Física em suas atividades quando houver a restrição de
treinamentos presenciais, conforme visualizamos atualmente nas restrições
adotadas com foco em prevenir a disseminação da pandemia causada pelo
coronavírus, conforme tratado nos estudos de Aquino et al. (2020) o que causou
impacto direto no setor de academias e condicionamento físico. Ainda, podendo ser
utilizado para a democratização de treinamentos para pessoas afastadas da
sociedade por questões médicas, como é o caso de pessoas portadoras de Fobia
Social, ou pessoas que por falta de tempo e questões logísticas não consegue se
deslocar para a prática de atividades físicas nos centros urbanos, como é o caso dos
trabalhadores ou residentes em área rural.
Algo positivamente observado nos estudos de Hermann e Kim (2017)
diversos participantes da pesquisa desenvolvida por esses pesquisadores foi que os
usuários de aplicativos para a prática de atividades físicas se mostrou favorável a
continuação do uso desses aplicativos, sendo que isso nos traz um dado importante,
principalmente quando avaliado a luz da gestão de espaços voltados às atividades
físicas, uma vez que isso o coloca como um investimento interessante a ser
realizado no setor.
Sendo assim, fora identificado que é possível ao profissional da educação
física o uso de aplicativos para desenvolvimento de rotinas de exercícios físicos para
a população adulta na cidade de Marechal Cândido Rondon, pois, já existe no
mercado uma quantidade relativamente adequada de aplicativos que cumprem os
requisitos, entretanto, se faz necessário a observação de determinados aspectos
pelo profissional, como a necessidade de manter o atleta ou aluno sob supervisão
evitando que este se sinta desmotivado, a necessidade de elaboração do programa
de treinamentos a partir de uma avaliação física, buscando analisar o perfil do
possível usuário e com acompanhamento da realização dos treinamentos por parte
de seu atleta ou cliente.

REFERÊNCIAS

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pandemia de COVID-19: potenciais impactos e desafios no Brasil. Ciência & Saúde
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