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Instituto Superior de Ciências da Saúde Dr.

Victor Sá Machado

Curso Licenciatura em Psicologia Clínica

Tema:

Eu não tenho mais a cara que eu tinha:


quando surge a adolescência

Docente: Cíntia Lima


Discentes:
05-Aleksander dos Reis
06-Andréa de Ceita
13- Hiomira P. dos Santos
19-Valdmar E. Santos
25-Jecilina Paixão
29-Gesilay Lima

São Tomé- 2023

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Sumá rio
Introdução.............................................................................................................................................2
Enquadramento teórico..........................................................................................................................3
1. O percurso histórico da adolescência.........................................................................................3
1.1 Adolescência e puberdade..................................................................................................3
1.2. O corpo na adolescência.........................................................................................................4
1.3 O cérebro dos adolescentes................................................................................................5
1.4 As Mudanças no Pensamento na Relação com a Puberdade..............................................6
1.5. Os desafios na formação da personalidade, do autoconceito e da auto-estima........................6
1.6. Auto-conceito na adolescência................................................................................................9
1.7. Auto-estima na adolescência...................................................................................................9
1.8 A identidade e as relações familiares na adolescência...........................................................10
1.9. Sociabilidade e sexualidade..................................................................................................11
1.10. O adolescente na sociedade atual e a visão da Psicologia...................................................13
Conclusão............................................................................................................................................13
Referências Bibliográficas...................................................................................................................14

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Introdução

O objetivo deste trabalho é situar historicamente a construção do conceito de adolescência na


sociedade, destacando a diferença entre puberdade e adolescência.

Por adolescência, em geral, se costuma entender o período que se estende dos 12/13 anos até
aproximadamente os 20 anos. A organização mundial de saúde é mais específica, situando
essa etapa entre os 10 e os 19 anos, 11 meses e 29 dias. Trata-se de uma etapa de transição,
na qual não se é mais criança, mas ainda não se tem o status de adulto.

Nessa perspectiva, é preciso entender a adolescência como fenômeno cultural, produto do


século XX, derivada de processos históricos, políticos, sociais e econômicos.

Para tanto, será apresentado um panorama geral do desenvolvimento do adolescente,


considerando aspectos físicos, cognitivos, identitários, afetivos, familiares e sociais.

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Enquadramento teórico

1. O percurso histórico da adolescência

A ideia de diferenciar características específicas dos jovens existiu desde a Grécia antiga
com os filósofos, embora se referindo a uma minoria da população. Contudo, foi somente
com o advento do capitalismo, no processo de revolução industrial no ocidente que foi se
definindo a adolescência tal como a conhecemos hoje (Palacios E Oliva, 2003).

Na sociedade moderna, com o surgimento das tecnologias da informação e da comunicação,


o trabalho foi se tornando cada vez mais especializado e sofisticado.

Por outro lado, o desemprego crônico/estrutural da sociedade capitalista, aliado ao aumento


na expectativa de vida da população, trouxe o desafio de ampliar o mercado de trabalho, para
garantir a sobrevivência de todos. Com isto, houve a necessidade de retardar o ingresso dos
jovens no mercado e aumentar os requisitos para tal ingresso.

Embora os filhos dos operários tenham continuado a ingressar no mundo do trabalho muito
cedo, os filhos das classes médias e altas permaneceram nas escolas, que foram se
expandindo.

Com o passar do tempo, também as crianças e adolescentes das camadas populares foram
integrando o sistema escolar, introduzindo em diversos países o conceito de escolaridade
obrigatória que foi se prolongando até os 16 anos.

As mudanças no corpo e no desenvolvimento cognitivo, por exemplo, são marcas que a


sociedade destacou para definir o período da adolescência. Muitas outras coisas podem estar
acontecendo nessa época da vida do indivíduo e não foram sublinhadas (Contini, Kohler e
Barros, 2002). Do mesmo modo, podem acontecer essas mesmas coisas em outros períodos, e
não a marcamos como característica forte daquela etapa. Por exemplo, as mudanças corporais
que acontecem na terceira idade.

1.1 Adolescência e puberdade

A puberdade refere-se ao conjunto de modificações físicas que transformam o corpo infantil,


durante a segunda década de vida, em corpo adulto apto à reprodução. A adolescência, por
sua vez, se definiria como um período psicosociológico que se prolonga por vários anos,

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caracterizado pela transição entre infância e vida adulta. Como fenômeno biológico, a
puberdade é universal entre todos os membros da espécie humana.

Como fenômeno psicossocial, adolescência não é universal e, portanto, não tem o mesmo
padrão e significado em todos os povos e culturas.

1.2. O corpo na adolescência

O processo de transformação física da puberdade é desencadeado por vários mecanismos


hormonais que trazem consigo mudanças intensas e abruptas com ritmos, tempos e
características diferentes para meninos e meninas. Esses hormônios estimularão o
desenvolvimento das gônadas sexuais (ovários na mulher e os testículos no homem), que
começarão a produzir hormônios sexuais, sobretudo testosterona nos meninos e a
progesterona e os estrógenos nas meninas.

Nas meninas, o desenvolvimento mamário representa a primeira manifestação visível da


puberdade, com o aparecimento do chamado “broto mamário” ou “telarca” que por volta dos
13 ou 14 anos, vão adquirir um aspecto adulto, com aréola ampliada e integrada ao contorno
da mama (Ceitlin, 2001). Elas também começam a arredondar os quadris e a ter os primeiros
pelos pubianos.

A pélvis se alargará e aumentará a proporção da gordura corporal, ganhando cerca de 5 Kg ao


ano. Mais tarde, o útero, a vagina, os lábios e os clitóris aumentam de tamanho, enquanto os
pelos crescem, são pigmentados e se estendem até à raiz das coxas. A primeira menstruação
ou será um dos últimos eventos da puberdade, marcando o início da maturidade sexual da
menina que já está apta à reprodução, em geral em torno dos 12 anos, contudo, o crescimento
e a maturação seguem até por volta de 15 e 16 anos.

Nos meninos, a primeira manifestação das mudanças da puberdade é o aumento do tamanho


dos testículos, seguido do aparecimento dos pelos pubianos, ainda em pequena quantidade,
do crescimento do pênis e de uma primeira mudança na voz, que se tornará mais grave. A
velocidade do crescimento na estatura será intensa, em uma média de 10 a 12 cm por ano,
sendo conhecido como estirão da adolescência. Também aumentará a espessura dos ossos e a
massa muscular, com uma aquisição, em média, de 6 a 7 Kg por ano.

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Nesse cenário de mudanças, continuará o crescimento do pelo corporal, sendo que os faciais e
axilares tardarão um pouco mais, o aumento da oleosidade do rosto e o corpo mais magro e
anguloso terá características próximas do corpo adulto.

Puberdade é um processo gradual de vários anos de duração, ao longo do qual o corpo


adolescente experimentará uma série de mudanças. Há características da adolescência que são
próprias do nosso tempo, gerando conflitos e situações específicas, que não se encontravam
em gerações anteriores e que chegam em idades distintas para cada indivíduo. Não é de
estranhar que tais mudanças tenham impacto na forma de pensar, sentir e agir do adolescente.

Isto se dá não somente pela influência direta dos hormônios que interferem em elementos
como o desejo sexual, a auto-estima, a socialização, a agressividade e a instabilidade
emocional. Mas, esse impacto é gerado, sobretudo, como afirmam Palácios e Oliva (2003)
pelos fatores sociais e psicológicos presentes nessa etapa da vida, tais como: a reação dos pais
frente à primeira menstruação da filha; as relações com os companheiros quando o (a)
menino (a) mostra as primeiras mudanças, as exigências sociais aos adolescentes.

1.3 O cérebro dos adolescentes

Tendo em conta as mudanças físicas o cérebro humano cresci na adolescência, e com


mudanças significativas.

Segundo a bióloga Suzana (2005) diz que a puberdade é o ápice de númerosas conexões
sinápticas e de reorganização do córtex cerebral.

Alguns indícios indicam que tédio e desapego, as atividades infantil, cada hábito que gera
recompensa, gera prazer e desvaloriza hábitos da infância e ganha prazer por interesses novos
(musicas, religião, exporte etc.)

As mudanças na estrutura, no peso, levam o cérebro a ajustar seus mapas sensoriais e motores
a essa nova realidade corporal (olhar frequentemente no espelho, trocar-se, e comparar-se ).

Além disso, com o aumento da conexão sináptica há também uma expansão de substância
branca no lobo frontal. E também uma grande conexão no sistema nervoso, com todas essas
mudanças torna-se mais difícil os pais e educadores lidarem com os adolescentes de forma
mais serena dado ao crescimento.

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1.4 As Mudanças no Pensamento na Relação com a Puberdade

Esse novo corpo trará consigo mudanças significativas no campo afetivo e cognitivo. A esse
respeito o Piaget (2002) situa-se com o estágio operatório formal que é caraterizado pela
passagem do pensamento concreto para abstrato à partir da acção do sujeito sobre o mundo.
Os adolescentes podem raciocinar normalmente em relação a um tema e não ser bons em
outros conteúdos por exemplo, o aluno pode entender bem a matemática e não entender
muito bem o português. Tudo isso depende das suas expectativas, suas ideias prévias e seus
conhecimentos sobre uns outros conteúdos.

1.5. O adolescente e os desafios na formação da personalidade, do autoconceito e da


auto-estima

Desafios da personalidade em adolescentes

Essas mudanças corporais antes enunciadas e o desenvolvimento de um pensamento abstrato


vão ser essenciais na constituição da personalidade adolescente, especialmente no tocante ao
autoconceito, auto-estima e identidade.

Segundo Oliva (2003), para responder a pergunta fundamental: quem sou eu? “O adolescente
terá que delinear a imagem que tem de si mesmo; adotar alguns compromissos de caráter
religioso, escolher uma profissão, definir sua orientação sexual, optar por um estilo de vida e
de relações; assumir valores”.

Este período poderá revelar-se como uma fase do desenvolvimento humano particularmente
complicada, quer para o adolescente, quer para os seus pais, que muitas são vezes em que
revelam incapacidade em compreender e lidar com as mudanças comportamentais dos seus
filhos. É uma fase em que procuram a sua própria identidade e questionam as regras e limites
impostos. Existe uma enorme instabilidade emocional e a vontade de crescer rápido.

Para os pais torna-se um verdadeiro desafio diário lidar com este turbilhão de emoções e
comportamentos. Ainda ontem eram crianças e hoje, os seus filhos, cresceram e têm um

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espírito crítico para pôr tudo em causa. A adolescência é a fase do diário, do segredo, do
primeiro grande amor e da intimidade. O adolescente não se identifica com os modelos
parentais, mas sim revolta-se contra eles, rejeitando o seu domínio. Esta rejeição é necessária
para separar a sua identidade da dos pais e da necessidade de pertença a um grupo social de
referência.

A diferença de gerações também pode ser um obstáculo à relação entre pais e filhos. A forma
de ver o mundo é diferente, a tolerância escassa e a polarização de pretensões entre filhos e
pais provoca confrontos na relação que aumenta o comportamento rebelde e de oposição.

O jovem desvia o interesse do mundo exterior, para se concentrar cada vez mais em si
próprio. Procura diferenciar-se de todo o resto e, por esse motivo, rompe com a autoridade,
tanto dos pais como dos professores. Procura autonomia, o que por vezes implica um período
de crítica, e lhe faz perder, por exemplo, o interesse em participar nas atividades familiares.

Cresce a fantasia, através da qual compensa as inseguranças que experimenta no mundo real.
Por isso é tão difícil falar com eles. Os adolescentes consideram-se maduros e não gostam de
dar satisfações. Mas precisam. Se os adolescentes forem tratados com respeito, geralmente,
retribuem da mesma maneira.

Desafios do Autoconceito em adolescentes

Assim como construímos uma visão sobre os outros ao longo da vida, também formamos
uma imagem de nós mesmos. Esse conjunto de crenças e ideias sobre quem somos se chama
autoconceito.

Conforme passamos por algumas situações sejam elas positivas ou negativas, nosso
autoconceito pode se modificar. Existem diversos fatores que influenciam na forma como nos
enxergamos, desde as pessoas com quem nos relacionamos até os acontecimentos que nos
ocorrem.

Por isso, trabalhar o autoconceito é essencial para passar pelos momentos desafiadores da
vida com mais tranquilidade.

Na visão de Sisto e Martinelli (2004), adolescentes podem ter seu autoconceito influenciado
por diversos contextos como o familiar, o escolar, o meio social, a idade, a raça, o gênero e os
aspectos físicos. Pressupõe-se que, no ambiente familiar, ocorre o estabelecimento de
vínculos que podem ser harmoniosos, afetivos e solidários ou cobertos de sentimentos
maldosos e de ressentimentos. Quando a família constitui vínculos saudáveis, com uma

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educação que estabelece limites claros e disciplina firme, mas sem negar afeto, o
desenvolvimento do autoconceito familiar do adolescente poderá ser positivo.

Já o autoconceito escolar está relacionado com as capacidades, realizações e avaliações que o


adolescente tem de si mesmo nesse contexto. Dessa forma, se vivenciou momentos de
fracasso em suas relações familiares, poderá levar essa experiência para a escola, o que
poderia lhe causar sentimento de insegurança e falta de confiança na adolescência.

Desafios da autoestima em adolescentes

 O não aceitar a si mesmo e se dar pouco valor faz com que seja mais difícil para o
jovem manter relações saudáveis com os outros.

 Os jovens com baixa autoestima têm maior tendência de desenvolver depressão. Eles
não aceitam a si mesmos e, portanto, pensam que os outros não vão aceitá-los como
são.

 O baixo rendimento escolar às vezes é causado por problemas de autoestima dos


adolescentes. Acreditar que não é capaz de aprender se transforma em um obstáculo
para o aprendizado.

 Por se sentir menos que os outros, surge a concepção de que qualquer coisa que se
sinta, por mais importante ou grave que seja, não será do interesse das pessoas com
quem convive.

 Querer agradar para ser aceito pelos outros leva os adolescentes a querer ter uma
imagem que acham que é a ideal.

 Eles não tentam pelo constante medo de não corresponder às expectativas dos outros.

 Eles se deixam maltratar ou não são capazes de se opor com firmeza a um abuso pelo
medo de expor sua posição e pelo medo da rejeição.

 Por querer se sentir aceito no grupo, o adolescente pode realizar ações violentas ou
ilegais, mesmo que saiba que o que está fazendo não é certo.

 O adolescente com uma pobre imagem de si mesmo vai ter dificuldades para se tornar
independente. Isso acontece porque ele se convence de que não é capaz de conquistar
nada sem a ajuda dos outros.

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 O jovem não acredita nas suas capacidades e, portanto, não pensa em cenários futuros
de realização pessoal. Seu principal feio é o medo de fracassar.

1.6. Auto-conceito na adolescência

As mudanças físicas próprias da puberdade irão fazer o adolescente revisar a imagem que, até
então, havia construído de si, para incluir os novos aspectos que começam a configurar o
corpo adulto. As abstrações permitirão que os adolescentes integrem algumas características
que guardam relação entre si. É preciso considerar que durante a adolescência, se ampliam os
contextos nos quais os jovens participam e assumem novos papéis.

Cada um terá importância e proporcionará informações ao adolescente sobre sua imagem. Os


pais podem pedir obediência, respeito e amabilidade; os amigos lealdade ou amizade; o par
carinho, desejo e compromisso; a escola esforço e disciplina.

Autoconceito inclua ou reflita essas diferenças, dando lugar a uma imagem de si mesmo
composta por múltiplas características, algumas vezes até conflitantes entre si.

Em alguns casos, as contradições entre os componentes do autoconhecimento podem gerar


uma visão tão fragmentada e incoerente, que o adolescente pode mostrar-se inseguro sobre
quem realmente é. Sobretudo, se eles tentarem se ajustar às expectativas dos demais, criando
um eu ilusório, expressando coisas que não sente e não gosta, na intenção de agradar e de ser
aceito. Isto se torna mais forte se considerarmos a influência da mídia e dos valores da
sociedade atual, que ditam normas e modelos de comportamento aos quais os adolescentes
devem corresponder.

Além das singularidades pessoais, fortes diferenças nas famílias e nas classes sociais. Com
certeza, as condições oferecidas a um adolescente da classe média para atravessar esses
conflitos, não são as mesmas que as de um jovem das camadas populares, que muitas vezes,
abandona a escola e é inserido no mercado informal ou formal de trabalho.

1.7. Auto-estima na adolescência


A auto-estima que se refere à valoração afetiva do adolescente sobre si mesmo. Segundo
Oliva (2003), importantes diferenças em função do gênero, já que para as meninas a atração

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física ou as habilidades interpessoais são os melhores indicadores da avaliação global que
fazem de si mesmas.

Entre os meninos, as habilidades no esporte ou o sentimento de serem eficientes ocupam um


lugar prioritário. Ser popular entre seus pares na adolescência, tanto para meninos quanto
para meninas, adquire um significado especial. Para o autor, “ser valorizado e aceito pelos
amigos e companheiros é um indicador confiável do nível global de auto-estima”.

A relação com os pais também continua exercendo importante influência sobre o valor que os
adolescentes dão para si.

Fatores devem ser considerados nesse processo: as exigências sociais que definem um padrão
de corpo e de beleza; a transição do ensino fundamental para o médio, que acarreta novas
responsabilidades, e o início das relações sexuais, que trazem a nova tarefa de buscar um par,
acrescentando mais pressão sobre os sujeitos, e maior nível de insegurança.

1.8 A identidade e as relações familiares na adolescência

É necessário considerar também o conceito de identidade aludido inicialmente por Erik


Erikson, na década de 60, como o principal conflito que o adolescente deve solucionar. Desde
então, o estudo deste aspecto passou a ser bastante reconhecido no campo do
desenvolvimento do “eu”. A identidade vai incluir as normas dos grupos nos quais o
adolescente se integra; os valores que interioriza; sua ideologia pessoal e os compromissos
que assume, e vai recolher as experiências do passado, para dar significado ao presente e
dirigir sua conduta futura.

Em todas as etapas da vida, vamos nos transformando. Na adolescência, em função das


mudanças corporais já explicitadas e das demandas sociais, isto ganha força maior. Essa
metamorfose assume contornos mais visíveis aos olhos da sociedade.

Podemos supor que todos os aspectos, tanto no plano físico como das mudanças psicológicas,
que o adolescente experimenta, repercutirão sobre as relações sociais em que ele estabelece
em todos aqueles contextos dos quais participa: a família, o grupo de amigos, a escola.

Erik Erikson vai situar a adolescência como fundamental no percurso do desenvolvimento


humano.

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É nessa fase que o indivíduo desenvolve os pré-requisitos de crescimento fisiológico,
maturidade mental e responsabilidade social que o preparam para experimentar e ultrapassar
a crise de identidade. Assim, a adolescência é considerada um período de transição no qual o
indivíduo deve ter a oportunidade de explorar, testar, antes de assumir suas responsabilidades
adultas.

Um dos tópicos mais generalizados sobre a adolescência é de que, nesse período, ocorrem
importantes conflitos na relação do jovem comos seus pais, a explosão de conflitos, rebelião e
separação emocional em relação aos pais.

De acordo com Oliva (2003), os dados disponíveis permitem defender a ideia de que durante
a adolescência ocorre uma série de mudanças na relação do adolescente com os pais, porém
não tem que supor, necessariamente, conflitos graves. Inclusive, algumas pesquisas mostram
que é no começo da adolescência, no período que precede a puberdade, quando se dão as
maiores perturbações. Estas são temporais e tendem a normalizar-se.

Esses conflitos, segundo Smetana (1989), costumam relacionar-se, especialmente, com temas
do dia a dia, tais como: relação familiar, estudos, amizades, namoros, forma de vestir-se,
liderança nos grupos, etc.

Com a aquisição da autonomia, os adolescentes consideram esses assuntos de caráter íntimo,


ao contrário dos pais que querem fixar normas e regras. Por outro lado, há uma perda da
imagem idealizada dos pais poderosos da infância. Além disto, os adolescentes começam a
passar cada vez mais tempo com seu grupo de amigos, ampliando suas experiências em
relações mais igualitárias, que podem levá-los a desejar que, em família, essas relações
também tenham a mesma natureza.

Em geral, os pais querem manter sua autoridade, e muitas vezes até aumentam as restrições e
limites ao comportamento dos adolescentes, o que pode ocasionar conflitos. Na realidade,
uma compreensão mais adequada do que ocorre no contexto familiar durante a adolescência
exige uma visão sistêmica, que contemple as relações bidirecionais entre todos os elementos
que, de dentro ou de fora desse contexto, estejam interligados. Inclusive, para entender
melhor o processo de constituição da identidade do adolescente neste universo de
identificações e contradições, vividos na família.

1.9. Sociabilidade e sexualidade

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A sociabilidade do adolescente vai afirmar-se efetivamente no contato dos jovens entre si.
Neste sentido, os adolescentes se integram aos grupos e os tomam como fortaleza na
constituição de suas identidades.

Anna Freud chamou de mecanismo de defesa da intelectualização, o interesse do adolescente


por debater assuntos opostos aos seus próprios conflitos internos, disfarçados e elevados a um
plano intelectual. O ego, em respostas as pressões do id, aumenta seu poder de racionalidade
sobre o amor adolescente, na ótica psicanalítica de Anna Freud, há uma nova identificação,
quando os velhos desejos edipianos reaparecem, agora, mais perigosos porque podem se
realizar.

Na visão de Anna Freud estes sentimentos vêm acompanhados da revolução que marca o
redespertar da sexualidade na adolescência, e representa uma tentativa do adolescente de
ajustar-se às demandas mais complexas da sexualidade adulta.

Para Oliva (2003) o comportamento sexual é um âmbito em que se manifesta com clareza o
caráter de transição da adolescência. Os adolescentes deixaram de ser crianças e começam a
ver como seus desejos e necessidades sexuais se intensificam como consequência da
maturação dos seus corpos. Paralelamente a estas mudanças e novas percepções, o
adolescente enfrentará as contradições expressas no modo como a sociedade encara essa
temática da sexualidade.

Por um lado, há pressões e limites buscando exercer controle sobre as manifestações sexuais
desse período. Por outro lado, a própria sociedade, notadamente através da mídia, põe em
relevo temas, mensagens e imagens eróticas e sensuais, associadas ao sucesso, prazer,
liberdade etc. Bombardeado de informações contraditórias, às vezes distorcidas e
incompletas, muitas vezes, o jovem perde a referência.

Gonçalves e Godoi (2002), enfatizam que o tema deve ser tratado em uma perspectiva sócio-
cultural, considerando que a sexualidade abrange quem somos, os caminhos que seguimos até
chegarmos a ser homens e mulheres, como nos sentimos nesses papéis e representações e
como vivemos essas questões nas relações com os outros.

Embora se tenha avançado nesse campo, Oliva (2003) mostra que o masculino ainda é
definido na relação com à promiscuidade, precocidade e com grande valorização do ato
sexual. O feminino mostra uma actividade sexual mais reduzida, menos gratificante e que
gera mais sentimento de culpa. Essas diferenças são mais marcantes no início da

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adolescência, quando se mostram mais estereotipados os comportamentos que a sociedade
espera das meninas.

1.10. O adolescente na sociedade atual e a visão da Psicologia

Ao considerarmos a adolescência como um processo histórico, estamos assumindo que olhar


o adolescente hoje requer situá-lo em uma sociedade cujas mudanças vertiginosas nos põem
constantemente frente a novos valores, desafios e dilemas no campo da Psicologia e da
Educação de crianças e adolescentes. Assim, o conceito de adolescência é mutável e as
características definidas pelas teorias não podem ser pensadas de modo descontextualizado.
Falar de adolescência, hoje, nos leva a falar de temas importantes como a violência, o uso de
drogas, as doenças sexualmente transmissíveis, a influência dos meios de comunicação de
massa entre outros. O consumo, os estereótipos construídos e mantidos principalmente
através da mídia moldam comportamentos, definem valores e até sentimentos entre os
adolescentes.

Conclusão
Conclui-se que a puberdade é o processo que conduz o corpo humano à maturidade sexual,
tornando o indivíduo capaz de se reproduzir. Ela abrange um amplo conjunto de
modificações corporais e emocionais que ocorrem durante a adolescência, na transição entre
a infância e a idade adulta.

Estas alterações fisiológicas não acontecem em todos os rapazes e raparigas ao mesmo


tempo. Cada pessoa tem o seu próprio ritmo, o qual deve ser respeitado. Contudo, sabemos
que a puberdade começa geralmente entre os 8 e os 12 anos e está completa quando termina o
processo de desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários.

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Referências Bibliográficas

Xavier, A S. & Nunes, A. I. (2015). Psicologia do Desenvolvimento. (4ª Edição) Fortaleza-


Ceará. Edição UECE.

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