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BACHARELADO EM PSICOLOGIA

ANA TERESA VEIGA (208768)


GEORGIA PISCHEL (208766)
GISLENE DA CRUZ BARBOSA (208905)
LIDIANE MACHADO (208953)
MARCOS ROBERTO S. M. DE MOURA (209180)

O DESENVOLVIMENTO MORAL NO PERÍODO DA ADOLESCÊNCIA

COTIA/SP
2023
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ANA TERESA VEIGA (208768)


GEORGIA PISCHEL (208766)
GISLENE DA CRUZ BARBOSA (208905)
LIDIANE MACHADO (208953)
MARCOS ROBERTO S. M. DE MOURA (209180)

O DESENVOLVIMENTO MORAL NO PERÍODO DA ADOLESCÊNCIA

Trabalho apresentado para a disciplina de


Desenvolvimento Humano II, no curso de
Psicologia, da Faculdade Lusófona de São
Paulo – FL-SP.

Prof. Me. Priscila Bonato Galhardo

COTIA/SP
2023
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................3

2. REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................................4
2.1. Conceito Adolescência .............................................................................4
2.2 Adolescência e Desenvolvimento Moral.....................................................5
2.3 Conceito Moral............................................................................................6
2.4 Raciocínio Moral.........................................................................................7
2.5 Comportamento Moral .............................................................................10
2.6 Análise de dados......................................................................................12
2.7 Resultados e Discussão...........................................................................12

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................13

4. REFERÊNCIAS..............................................................................................15
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1. INTRODUÇÃO
Existe na contemporaneidade o questionamento em relação à universalidade e
atemporalidade dos valores, assim como revela a falta de um consenso na
determinação sobre a melhor maneira de realizar a educação moral nas escolas.
Este estudo propôs uma discussão teórica sobre conceitos relacionados ao
tema da moral, à investigação empírica e a possível relação entre o comportamento
moral, o raciocínio moral, a conceituação da moral no adolescente de alunos do ensino
médio. Essa fase do desenvolvimento humano merece especial cuidado por ter a
particularidade, dos adolescentes não serem mais crianças e ainda não pertencerem a
vida adulta propriamente dita, o que pode gerar uma série de comportamentos
específicos desta fase etária como inseguranças, angústias, e a falta de pertencimento
na sociedade. Traz-se ainda, os resultados e as discussões, elaboradas com base na
análise do artigo, o qual descreve como 122 alunos de duas escolas (sendo uma
privada de orientação religiosa e outra pública e laica) acatam aos valores morais como
justiça, solidariedade, respeito e convivência democrática, e qual representação de si
eles possuem. Os resultados apontaram para uma caracterização predominantemente
sociocêntrica dos alunos e para correspondências afirmativas entre alguns dados de
perfil, como a autorrepresentação positiva, e os melhores níveis de respostas morais. A
base teórica do trabalho sustenta-se nos estudos sobre desenvolvimento moral de
Piaget (1993) que desenvolveu um modelo teórico explicativo do desenvolvimento
moral baseado no respeito e na compreensão das regras e posteriormente, na teoria
de Kohlberg (1992) que, apesar de ser alvo de críticas, constitui uma das contribuições
mais válidas e completas no que compreende esta temática.

Como garantir o desenvolvimento de valores morais na adolescência?


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2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Conceito Adolescência
Para descrever o processo de desenvolvimento moral e, mais especificamente, a
conceituação da moral na adolescência, é necessário fazer uma breve descrição sócio
histórica desta fase do desenvolvimento humano tão complexa, cheia de definições e
redefinições, qualidades e estados emblemáticos desta etapa chamada adolescência.
A adolescência pode ser genericamente definida como a etapa que se estende
desde os 12 ou 13 anos até aproximadamente os vintes anos de idade, sendo uma
etapa de transição onde já não se é mais criança, porém, não se tem o status de adulto
(COLL, 2007).
É o que Erikson (1968) denominou de uma “moratória social”, um compasso de
espera que a sociedade oferece a seus membros jovens enquanto eles se
preparam para exercer o papel de adultos (COLL et al., 2007).

Um fenômeno amplamente difundido, a adolescência, segundo os autores, é um


produto social, cultural e histórico, dado que muitos meninos e meninas ocidentais
considerados adolescentes podem caracterizar-se como tal por estarem ainda no
sistema escolar ou em algum outro contexto de aprendizagem ou na busca de um
emprego estável; por ainda terem dependência absoluta ou relativa de seus pais e
vivendo com eles; por estarem realizando a mudança de um sistema de apego, em
grande parte, centrado na família, passando pelo sistema de apego centrado no grupo
de iguais, a um sistema de apego centrado em uma pessoa de outro sexo; por terem
uma conexão cultural evidenciada pela sua idade, a idade adolescente, tendo
características que lhes são própria como moda, hábitos, estilo de vida e valores; por
terem preocupações e inquietações que, ao mesmo tempo em que não fazem parte da
infância, também não fazem parte da vida adulta. . (COLL et al., 2007, p. 310).

Os pontos descritos anteriormente, sobre as várias condutas que caracterizam o


adolescente, são relativos ao adolescente ocidental, trazendo a luz que o adolescente
descrito anteriormente não existiu sempre nesta forma amplamente difundida. Durante
muito tempo, até o final do século XIX, as crianças se incorporavam ao mundo do
trabalho, aproximadamente entre os sete anos e o começo da puberdade não existiam
na cultura a definição de adolescência, tampouco a adolescência era percebida como
componente do estágio do desenvolvimento humano. Somente no final do século XIX,
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com a industrialização, a formação e os estudos passaram a ser importantes,


introduzindo, a partir de então o conceito de escolaridade obrigatória, vigente até o
presente momento. Os autores chamam atenção para a singularidade deste momento
chamado adolescência em outras culturas diferentes das ocidentais, nas quais a
interiorização do status adulto ocorre em idade diversa do adolescente ocidental.
Sociedades primitivas tendem a adotar rituais associados às mudanças físicas da
puberdade, passados os citados rituais, o indivíduo sai transformado em um adulto.
Cumpre frisar que não se pode falar de adolescência no mesmo sentido que é utilizado
na cultura ocidental, pois os elementos descritos acima referentes à adolescência de
culturas primitivas não contêm os elementos identitários da cultural ocidental: continuar
no sistema escolar, ficar sob a dependência dos pais e formar um grupo a parte
identificável consigo mesmo.

É importante ressaltar a diferenciação entre puberdade e adolescência, onde a


puberdade pode ser definida como o conjunto de mudanças físicas que ao longo da
segunda década de vida transformam o corpo infantil em um corpo adulto capacitado
para a reprodução, se caracterizando como fenômeno universal inerente a todos os
membros de nossa espécie, como fator biológico de maior importância em nosso
calendário maturativo comum. Já a adolescência é entendida como um período
psicossociológico que se prolonga por vários anos a mais, em relação a puberdade, e
se caracteriza pela transição entre a infância e a idade adulta, não sendo
necessariamente universal, diferindo da puberdade, tendo variações de padrão nas
diversas culturas, o que pode ser evidenciado durante a variabilidade intercultural no
decorrer do último século.

2.2 Adolescência e Desenvolvimento Moral


Neste contexto, onde o indivíduo perpassa pelos processos de puberdade e
adolescência, tendo como palco a cultura pós-moderna, dinamizando com os aspectos
afetivos, cognitivos e morais que são indissociáveis, complementares e irredutíveis, é
possível observar uma gradação sob os mesmos aspectos indissociáveis citados
anteriormente que pode ser chamado de desenvolvimento moral. (ZAMBIANCO, 2020).

Para Piaget (1994a), a criança é ativa em seu processo de desenvolvimento


moral. Em seus estudos sobre o juízo moral na criança, tornou-se muito
conhecida a sequência evolutiva que ele propôs (1994a): a partir da anomia, a
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criança passaria pela etapa de heteronomia rumo à autonomia. Toda essa


progressão ocorreria paralela e dependentemente de uma evolução cognitiva e
afetiva, também descrita por ele e amplamente conhecida e utilizada como
apoio aos currículos escolares até os dias atuais. (BRAGA; MARTINS, 2020, p.
3).

Kolberg, seguindo o raciocínio Piagetiano, conduziu seus próprios estudos no


campo do desenvolvimento moral, propondo seis estágios inclusos em três níveis: pré-
convencional, convencional e pós-convencional. O nível pós-convencional é o que
corresponde aos jovens adolescentes: é a perspectiva de um indivíduo, um indivíduo
pós-convencional, que se comprometeu moralmente e cujo entendimento moral a de
que as leis e os valores devem ser de maneira que devam ser cumpridos por qualquer
pessoa, seja qual for seu papel social ou qualquer que seja a sociedade (p.4).

2.3 O Conceito Moral


Termos forjados por Kolberg, o pós-convencional, e Piaget, como a autonomia,
pressupõe condutas e comportamentos morais.
Para entender o conceito de moral é necessário o entendimento do constructo
ético que pode ser definido como a teoria ou a ciência do comportamento moral dos
homens em sociedade, ou seja, é a ciência de uma forma especifica de comportamento
humano (VAZQUEZ, 2005). Sendo a moral objeto da ética, que pode ser considerada
uma ciência de um tipo especifico do comportamento humano, sendo descrita como
um sistema de normas, princípios e valores, segundo o qual são regulamentadas as
relações mutuas entre os indivíduos ou entres estes e a comunidade, de tal maneira
que estas normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam aceitas livre e
conscientemente, por uma convicção intima, e não de uma maneira mecânica, externa
ou impessoal (p. 73).

Na moral encontramos dois planos: o normativo, construído pelas regras e


normas de ação e pelos imperativos que enunciam algo que deve ser e o fatual ou
plano dos fatos morais, constituído por certos atos humanos que se realizam
efetivamente, sendo independes de como pensemos que deveriam ser.
No estágio da autonomia de Piaget o indivíduo não somente respeita e cumpre
as regras (normativo), mas tem consciência acerca destas mesmas regras (fatual). O
mesmo pode ser apreendido do nível pós-convencional de Kolberg: a ação dos
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indivíduos é guiada por princípios éticos e morais e não apenas os convencionais ou


coletivos, culminando na interdependência do normativo com o fatual os dois planos da
moral.

2.4 Raciocínio Moral


Jean Piaget e Lawrence Kohlberg são dois importantes teóricos que estudaram
o desenvolvimento moral na adolescência. Ambos acreditavam que o desenvolvimento
moral é um processo gradual e contínuo que envolve uma mudança na maneira como
as pessoas pensam sobre a moralidade. Piaget argumenta que durante a
adolescência, a maioria dos jovens alcança o estágio de "moralidade autônoma". Neste
estágio, os jovens são capazes de pensar sobre a moralidade de forma mais
sofisticada, e são capazes de considerar as intenções por trás de uma ação ao avaliar
se ela é certa ou errada. Eles também começam a entender que as normas e regras
sociais são criadas por pessoas e, portanto, podem ser questionadas e mudadas.

Por outro lado, Kohlberg (1992), acreditava que alguns adolescentes podem
alcançar o nível pós-convencional, no qual a moralidade é baseada em princípios
universais e valores abstratos, como a justiça e a igualdade. Neste nível, os indivíduos
são capazes de pensar criticamente sobre as normas sociais e são capazes de agir de
acordo com seus próprios princípios morais, mesmo que isso signifique desafiar as
expectativas sociais. A teoria do desenvolvimento moral de Lawrence Kohlberg é uma
das mais influentes teorias na área da psicologia moral. Seu modelo baseia-se na ideia
de que a moralidade é um processo evolutivo que passa por estágios distintos de
desenvolvimento.

Desta forma, no texto a seguir apresentaremos sobre o que Kohlberg propôs


como sendo os três níveis de desenvolvimento moral, onde cada um contém dois
estágios neles inseridos. Kohlberg (1992) chegou à conclusão de que os conceitos de
heteronomia, onde a moralidade é baseada em regras impostas pela autoridade, e
autonomia, na qual a moral baseia-se em princípios universais que transcendem as
regras impostas pela autoridade, propostos por Piaget (1932/1994), não eram
suficientes para classificar os tipos de raciocínio moral que ele encontrou, em seus
estudos com adolescentes e adultos.
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Para Kohlberg, no nível pré-convencional, a moralidade é baseada em


recompensas e punições, e as crianças e os jovens seguem as regras e normas
estabelecidas pela autoridade para evitar punições. No nível convencional, a
moralidade é baseada em normas e valores compartilhados pela sociedade, e as
pessoas buscam a aprovação e aceitação social. Enquanto que no nível pós-
convencional, a moralidade é baseada em princípios éticos universais, e as pessoas
seguem seus próprios princípios e valores, mesmo que isso signifique desafiar as
normas e leis sociais convencionais.

O nível pré-convencional contém os estágios 01 e 02. Nesse nível, o indivíduo


julga o certo e o errado, apoiado apenas em seus interesses próprios, o que inclui o
medo da punição e a obediência. No estágio 01, dentro deste nível, o indivíduo tende a
obedecer às normas sociais por medo do castigo que pode vir a receber, sendo
denominado por Kohlberg (1992), como o estágio da moralidade heterônoma, que
inicia aos 2 anos e perdura até os 12 anos de vida. No que diz respeito ao estágio 02, o
indivíduo apresenta um raciocínio moral egocêntrico e segue as normas pensando em
interesses próprios, esse é considerado como sendo o estágio do individualismo.

No nível convencional, onde estão contemplados os estágios 03 e 04, a ação


moral correta é aquela baseada nas convenções e regras sociais determinadas por
pessoas que se apresentam como autoridades ou instituições reconhecidas
socialmente. O indivíduo formula juízos morais tendo como referência as regras do
grupo social e as expectativas que este tem sobre ele. O estágio 03, denominado
orientação do tipo “bom menino” / “boa menina”: a criança se comporta para viver de
acordo com as expectativas e necessidade de cumprir com aquilo que as pessoas
esperam dela, como ser um bom filho, um bom amigo ou um bom marido. Há uma
consciência inicial de que os interesses coletivos são mais importantes do que os
individuais. E no estágio 04, o indivíduo tem como perspectiva moral a manutenção da
ordem social e daquilo que foi proposto pelas autoridades sendo que, para tanto, todos
devem colaborar com a organização social e com as instituições.

Finalmente, há o nível pós-convencional, que compreende os estágios 05 e 06


nesse nível, o correto para o indivíduo, é agir guiado por princípios morais universais,
pautados pela reciprocidade e pela igualdade. O pensamento é regido por princípios
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morais e éticos e não por regras sociais, que só serão aceitas se estiverem
fundamentadas em princípios e valores gerais. No estágio 05, a criança reconhece que
algumas leis são melhores que outras, e que as vezes o que é moral pode não ser
legal e vice-versa. O indivíduo ainda acredita que as leis devem ser obedecidas para
manter a harmonia social, mas podem procurar mudar as leis por meio do devido
processo. Nesta fase, Kohlberg sustentou que uma pessoa experimentaria um conflito
ao tentar integrar a moralidade com a legalidade.

O estágio 06 é caracterizado pelos princípios éticos universais e considerado o


mais evoluído por Kohlberg, cujo raciocínio moral rompe com o contexto sócio legal e
baseia-se na reciprocidade e em princípios éticos universalizáveis, isto é, as regras só
são aceitas se estiverem fundamentadas em princípios e valores morais, o que atribui a
elas o caráter de mutabilidade, ou seja, podem ser mudadas se consideradas injustas.

É crucial para a Teoria dos Estágios de Kohlberg que os diferentes níveis de


raciocínio moral sejam vistos com a idade da pessoa. Para testar essa ideia, ele
analisou os vários estágios correspondentes às respostas das crianças de acordo com
as idades de cada uma, em uma entrevista padronizada de avaliação do juízo moral, a
Moral Judgment Interview (MJI) (COLBY; KOHLBERG, 1987). À medida que a idade
dos sujeitos aumentava, as crianças se apresentavam em estágios cada vez mais
elevados de raciocínio moral para responder aos dilemas. Outras análises estatísticas
demonstraram que a capacidade de usar cada estágio era um pré-requisito para passar
para o próximo nível mais alto (Hock, 2009).

É importante destacar que, segundo Kohlberg (1992), o desenvolvimento moral


é um processo contínuo e nem todos atingem o mesmo nível de desenvolvimento, além
disso, é possível que uma pessoa esteja em diferentes estágios de desenvolvimento
moral, dependendo da situação.

Embora a teoria de Kohlberg seja amplamente aceita e tenha contribuído


significativamente para a compreensão do desenvolvimento moral, ela também tem
sido alvo de críticas, uma das principais ressalvas é que sua teoria se baseia em
estudos realizados apenas em populações ocidentais, o que pode limitar sua validade
em outras culturas. Além disso, a teoria de Kohlberg tende a enfatizar o raciocínio
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moral em detrimento de outros aspectos do desenvolvimento moral, como a empatia e


a compaixão. Outro parecer é, que sua teoria é baseada em uma abordagem de
respostas verbais a dilemas morais hipotéticos, o que pode não refletir o
comportamento moral real em situações reais. Alguns pesquisadores argumentam
também, que o comportamento moral é influenciado por fatores contextuais, como o
poder e a influência da autoridade, o que não é levado em conta na teoria de Kohlberg.

Apesar desses julgamentos, a teoria de Kohlberg continua sendo uma das


teorias mais influentes na área da psicologia moral. Ao que ela enfatiza a importância
da reflexão crítica e do raciocínio moral autônomo para o desenvolvimento moral, o que
é um aspecto importante para o desenvolvimento da moralidade em qualquer cultura
ou sociedade. Portanto é de grande importância, considerar tais críticas ao avaliar a
teoria e desenvolver pesquisas futuras sobre o desenvolvimento moral humano.

2.5 Comportamento Moral


Em relação a moralidade, pode-se pautar que se trata de uma questão central
na filosofia, psicologia e sociologia. O comportamento moral é um pouco mais
complexo quando comparado ao raciocínio moral, havendo um pouco mais de
contradições. O comportamento moral geralmente é compreendido como a conduta
pró-social, ou seja, ações voluntárias em prol de beneficiar o outro, respeito às regras e
leis e seguir as normas éticas e morais da sociedade. No entanto, no que diz respeito
ao ato-antissocial, ele é compreendido como condutas referentes a não
conscientização das normas que devem ser respeitadas, ou seja, são aqueles que vão
contra as normas e regras sociais, podendo ser prejudicial e/ou destrutivos ao sujeito e
sociedade.

No entanto, é importante destacar que a moralidade não é algo absoluto e


imutável, mas sim culturalmente construída e mutável ao longo do tempo e espaço.
Segundo, (Tavares et al.,2015, como citado em, Braga & Martins, 2020), conforme as
etapas de desenvolvimento social e moral, os indivíduos podem partir de uma posição
social muito egocêntrica ao aderir a um valor, usando-o apenas em função das próprias
necessidades e ponto de vista (perspectiva social egocêntrica). Posteriormente,
passam por um período em que estendem suas considerações aos outros próximos,
como as pessoas efetivamente importantes (pais, família, grupo de amigos, gangue e
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às autoridades, regras e convenções sociais (autoridades institucionalizadas, lei escrita


e convencional – perspectiva social sociocêntrica). Finalmente, as pessoas passam a
aderir aos valores reconhecendo que eles podem ser necessários, bons ou justos, para
qualquer pessoa, em função de um princípio maior referente à dignidade do ser
humano como meio e fim de qualquer princípio moral ou perspectiva para além da
sociedade, ou propriamente moral.

Sendo assim, pode-se dizer que a moralidade não é uma questão apenas do
indivíduo, mas também dos grupos sociais, instituições, sistemas políticos e
econômicos. As normas e regras sociais frequentemente são estabelecidas e
reforçadas pelos grupos dominantes na sociedade, que possam ter interesses próprios
em questão.

Posto isto, no texto discorrido, trataremos principalmente sobre o


comportamento moral na adolescência, uma vez que, atualmente o comportamento
moral no adolescente vem sendo tema importante discutido na psicologia do
desenvolvimento, pois, é durante essa fase da vida que os jovens começam a
questionar as normas e valores estabelecidos, desenvolvem sua própria identidade
moral e começam a assumir responsabilidade de suas próprias ações, além de
passarem por mudanças significativas em termos de cognição, emoção e
comportamento. Nesta fase, eles são capazes de refletir sobre questões morais de
forma mais complexa do que em idades anteriores, tomam maior consciência das
normas sociais e culturais que os cercam e começam a questioná-las e até mesmo
desafiá-las muitas vezes.

No que diz respeito à impulsividade, arriscar-se em situações perigosas ou


reagir agressivamente a conflitos, durante a adolescência os jovens experimentam
emoções intensas e conflitantes, o que pode afetar seu comportamento moral. Como
citado acima, a moralidade não se trata de uma questão apenas do indivíduo e sim do
contexto em que está inserido, sendo assim, para promover um comportamento moral
positivo, é importante que eles tenham modelos positivos de comportamento moral em
suas vidas, incluindo pais, professores dentre outros adultos significativos. Também é
importante que os adolescentes tenham a oportunidade de participar de discussões
12

significativas sobre questões morais e éticas, permitindo que eles desenvolvam suas
habilidades de pensamento crítico e tomem decisões informadas e responsáveis.

Além disso, vale destacar a importância que os adolescentes tenham um senso


de pertencimento e conexão com sua comunidade, o que poderá ajudá-los a
desenvolver valores e atitudes pró-sociais. A educação moral também pode ser útil
para ajudar os adolescentes a compreender questões éticas e morais complexas, bem
como as consequências de suas ações.

Diante das informações supracitadas pode-se dizer que para promover um


comportamento moral de forma positiva em adolescentes, é necessário e de extrema
importância que os adultos significativos em suas vidas forneçam modelos positivos de
comportamento moral e oportunidades significativas para discussão, eles precisam ter
um senso de pertencimento e conexão com sua comunidade e por fim, devem receber
uma educação moral adequada, sendo assim, pode-se concluir que o comportamento
moral na adolescência é influenciado por uma variedade de fatores internos e externos.

2.6 Análise de dados


A análise do artigo selecionado e resultados foram obtidos de uma pesquisa
abrangente através de uma equipe de pesquisadores avaliando valores em crianças,
adolescentes e seus professores, sendo utilizado por esse artigo somente os
resultados relativos aos adolescentes, 122 alunos do ensino médio, analisados em
duas escolas localizadas no interior do Estado de São Paulo, idade da grande maioria
de16 anos 66,9%, 30,5% com 17 anos, e somente 2,5% estavam com 18 anos de
idade. As respostas foram classificadas segundo níveis crescente formando uma
escala de valores, utilizando alternativas que correspondem aos níveis de
desenvolvimento moral descritos por Kohlberg.

2.7 Resultados e Discussão


Os resultados apresentados no artigo, participantes foram 122 jovens do ensino
médio, pertencentes a Escola I (particular com orientação religiosa) 55,9% e Escola 2
(estadual de ensino público) 44,1%. Os resultados do estudo mostram uma tendência
para uma perspectiva sociocêntrica, apresentada na maioria dos resultados, revelando
em termos de conduta uma direção intermediaria entre perspectiva social egocêntrica e
13

a moral propriamente dita, as escolhas das respostas pelos alunos foram realizadas a
partir da obtenção de vantagens pessoais, esquiva de conflitos e não exatamente por
motivações em prol ao outro, ou da identificação com o outro.

Resultados apresentados diferem pouco entre as duas escolas no que refere a


solidariedade apresentando respostas similares, valores como respeito nenhuma
conseguiu atingir o nível correspondente as perspectivas morais, ambas apresentaram
no estudo uma perspectiva sociocêntrica. Valores como Justiça os resultados foram
preocupantes, nenhuma das escolas apresentaram resultado para reconhecimento da
dignidade, direitos, privacidade do outro e a honestidade como princípio maior. A
convivência democrática foi aquém do desejado para faixa etária e nível de
escolaridade, demonstrando através do artigo analisado que a perspectiva moral ainda
não foi atingida, a concordância dos valores ocorre ainda por obediência as regras para
não proporcionar consequências negativas para si, e não por um bem maior, mais
altruísta.

Por outro lado, no artigo citado, nas questões dissertativa nota se uma
percepção positiva dos relacionamentos entre familiares e professores com os alunos,
no convívio, tratamento, acolhimento e boa comunicação, aparece nos índices
superiores das respostas morais, identificados nos estudos de Kolberg, o senso de
pertencimento ajuda no desenvolvimento de valores e atitudes pró-sociais, revela a
importância das relações sociais no desenvolvimento da moral.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observar-se a importância dos fatores ambientais no processo de desenvolver o


conceito moral nos jovens, tendo em mente que o espaço para o diálogo deve ser
reservado, assim como é desejável que o jovem tenha modelos positivos de referência
moral. Desta forma, o que se almeja é muito mais do que atitudes interpessoais e os
indicadores materiais que as escolas e lares possam oferecer, deve-se cada vez mais
acolher os ambientes onde se possa expressar os pensamentos, ideias, opiniões e
sentimentos. Vale privilegiar espaços onde os afetos possam ser externalizados e
racionalizados pelos jovens, como propuseram Piaget (1993) e Kohlberg (1992), onde
as narrativas possam ser reconstruídas e as qualidades possam ser adsorvidas em
seus repertórios. Faz-se ainda necessário, que a força de vontade encontre o espaço
14

do empoderamento. Vale mencionar, que o projeto de construção de uma positiva


representação de si deve acompanhar o crescimento moral. Fica evidente, que não se
trata apenas de, em algum momento específico, materializar-se instantaneamente um
vir a ser ético. Este processo ocorre durante um longo e contínuo período evolutivo,
devendo ser, respeitoso, generoso, solidário e justo do tornar-se humano.

Ter a oportunidade de entrar em contato com esses conceitos, tendo como


foco o desenvolvimento do adolescente, contribui para ampliar os conhecimentos e
fornecer subsídios para que seja possível atuar na área da psicologia com o
profissionalismo e a seriedade que esta necessita.
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4. REFERÊNCIAS

Silva, M. E. F. (2021). Afinal, o que foi o debate de Kohlberg-Gilligan? Schème

Revista Eletrônica de Psicologia e Epistemologia Genéticas, 13(1), 4-40.

https://doi.org/10.36311/1984-1655.2021.v13n1.p4-40

Cruz, G. N. (2022, 16 de agosto). O comportamento moral das crianças. Revista


Educação Pública, 22(30).
https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/22/30/o-comportamento-moral-
das-criancas

Coll, C; Marcheis A.; Palacios J.& colaboradores (2004). Desenvolvimento psicológico e

educação 1: psicologia evolutiva. 2. Ed. Porto Alegre: Artes Medicas. V1.

SANCHEZ VÁZQUEZ, ADOLFO, 1915 – Ética / Adolfo Sanchez Vázquez; Tradução de

João Dell’ Anna. – 26ª ed. – Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

Estudos sobre Educação, Presidente Prudente-SP, v. 31, pc102020, p.325-344,


jan./dez. 2020.
ISSN: 2236-0441. DOI: 10.32930/nuances. v31i0.8330

Braga, A. M., & Martins, C. B. (2020). O uso de jogos digitais na formação continuada

de professores de educação básica: Uma experiência a partir da Teoria do

Design Instrucional. Revista de Tecnologia Aplicada na Educação, 7(1), 1-17.

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