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Joana Silvestre Gonçalves

Centro de Respostas Integradas de Aveiro


Novembro 2018
Adolescência – Conceito
 Etimologicamente…
 do latim ad (a, para) + olescer (crescer) e
 adolesce, origem da palavra adoecer.

 Séc. XIX: etapa distinta do desenvolvimento,


associada a uma fase de tumulto, conflito e tensão para
o adolescente e para todos os que com ele lidavam.
Adolescência – Evolução
 Stanley Hall (1904): primeiro psicólogo a destacar o
período evolutivo da adolescência.
 “novo nascimento”: marcado por mudanças
significativas que culminavam numa definição de
personalidade, como consequência da maturação
sexual (origem biológica).
 “período de tempestade e tensão”: caracterizado por
alterações de comportamento que se modificavam à
medida que o individuo atinge a maturidade sexual.
Adolescência – Hoje…
 Atualmente…
período de mudanças major em todas as áreas de
funcionamento,implica perdas e ganhos, o
estabelecer de novas formas de pertencer / afiliar, e
a aceitação de uma imagem do corpo em mudança,
como resultado do início da puberdade;
Processo no continuum do desenvolvimento
individual, marcado por mudanças significativas,
tanto a nível físico, como cognitivo e social.
Adolescência – Hoje…
 OMS: adolescente - 10 aos 19 anos; jovem - 10 aos 24
anos de idade; período cultural e socialmente
determinado.
 As sociedades estabelecem elementos que definem a
progressão da infância para a idade adulta:
escolaridade; maturidade; autonomia; independência;
auto-determinação; responsabilidade; atividade sexual
afetivamente adulta, etc.
 Possibilita a construção da identidade, das escolhas
profissional e de projetos de vida.
Adolescência – Fisicamente…
 rápido aceleramento no crescimento
 desenvolvimento de caracteres sexuais primários e
secundários
 maturação reprodutiva
 aumento nas hormonas sexuais
 sexualidade genital ativa (não latente)
 flutuações no humor
Adolescência – Fisicamente ainda…
 Funções físicas e mentais atingem o seu pleno
desenvolvimento: velocidade, força, tempo de reação,
memória, e ideias novas, radicais e/ou divergentes com
impacto profundo na imaginação
 Enorme capacidade de resiliência: permite ultrapassar
crises e encontrar aspetos positivos em acontecimentos
negativos
 = Melhor período da vida!!
(exceto para alguns adolescentes, com mais
acontecimentos stressantes que gratificantes…)
Adolescência – Cognitivamente…
 pensamento mais abstrato e hipotético
 pensamento multidimensional e relativista
 desejo de autonomia e independência
 argumentação de valores e regras
 resolução do conflito Identidade (psicossocial –
estatuto e papéis) vs. Difusão (tomar decisões,
descoberta de si próprio) (Erikson)
 formação da identidade
Adolescência – Socialmente…
 mais tempo em atividades sociais (extra-familiares)
 maior importância ao grupo de pares (como fonte de
suporte e de modelamento)
 fenómenos de conformismo no grupo de pares, difícil
aceitação do diferente e desafio à autoridade parental
Adolescência – Autonomia
 Mudanças biológicas, fisiológicas e cognitivas preparam o
indivíduo para a autonomia – tarefa central e fundamental
da adolescência.
 Da dependência para a autonomia ocorre uma etapa longa
e densa a nível emocional e de conflitualidade psicológica.
 É um processo de individuação, de separação e de
formação de identidade, que envolve um movimento de
independência em relação aos pais na tomada de decisão,
nas regras e valores, e algum “desapego” emocional e
comportamental aos pais (em favor do grupo de pares)
Adolescência – Dimensões da Autonomia
 Cognitiva (de valores) - capacidade de se conduzir, os
valores são aceites após análise e consideração de
diversas alternativas
 Emocional - ´abandono´ dos laços infantis aos pais e
novo equilíbrio emocional na relação
 Funcional (comportamental) - capacidade de fazer
tarefas por si próprio, tomar decisões, demonstrando
auto-orientação
Adolescência – Para a autonomia…
 Luto pelo corpo infantil perdido: transformação corporal
inevitável e sem controlo, sentimentos de angústia e
impotência vs fascínio e desejo de mudança;

 Luto pelo papel e identidade infantis: medo da perda de


privilégios infantis e ambivalência perante ganhos e
prazeres da adolescência e vida adulta, medo de assumir
responsabilidades;

 Luto pelos pais da infância: tentativa de internalização dos


pais, securizantes e protetores, mas com desejos e ideias
não concordantes, gerando receios e culpabilidade...
Adolescência – Processo de Autonomia
Autonomia como processo de individuação, de
separação e de formação de identidade.

Ou seja, diferenciar-se, separar-se, ficar só, sentir-se


só, lidar com a dor e a perda para se transformar,
crescer… e escolher um modelo de identificação.

Mas… ninguém cresce sozinho!


Adolescência – Família…
 Toda a estrutura familiar se transforma para permitir a continuidade
funcional e organizacional do sistema, num processo co-evolutivo:
 Filhos procuram a sua autonomia quando experimentam relações
significativas fora da matriz familiar, sem se desvincularem dos laços e
do suporte parentais
 Pais exercem menor controlo sobre os filhos, aumentando a
flexibilidade das normas familiares, perante a crescente autonomização
dos filhos

 TAREFAS:
a) Facilitar o equilíbrio entre liberdade e responsabilidade,;
b) Renegociar relação pais-filhos;
c) Recentrar na vida conjugal e profissional;
d) Globalmente, socialização e individuação.
Adolescência – Pais, pares e riscos…
 Na adolescência os vínculos aos pais persistem mas de formas
diferentes, são “base segura” (bons objetos, figuras de vinculação
na reserva) a partir da qual se explora o ambiente, balanceando
entre proximidade e afastamento até à autonomização.

 No grupo de pares a heterogeneidade permite a aceitação da


diferença e do conflito como formas de desenvolvimento e
enriquecimento mental, permitindo o acesso à reflexão e à
maturidade. No grupo a coesão e a competitividade relacional
são verdadeiras, tal como a lealdade.

 Adolescência = momento de revelação da dependência e dos


problemas de desenvolvimento da infância (problemas de
comportamento e patologia do agir: anorexia, bulimia,
toxicodependência, comportamento agressivo e violento)
Adolescência – Grupo de pares…
 Tem função contentora, protetora e securizante perante
dúvidas e angústias
 Permite a busca de si mesmo, a exploração de interesses e
ideologias, num processo de socialização
 Avalia a capacidade de estabelecer relacionamentos
íntimos
 Permite a expressão de impulsos sexuais e agressivos e a
expansão intelectual e social
 Serve de base segura para a exploração de novos contextos
Adolescência – Grupos
 Rapazes e raparigas

 Códigos de roupas, dialetos e comportamentos, que os


diferenciam e ajudam ao estabelecimento de
sentimentos de segurança e de pertença - identidade
de grupo

 Pressão de pares: não necessariamente negativa!


Adolescência – Pressão de pares
 Necessária para o desenvolvimento da autonomia.
 O grupo confere segurança e aceitação ao adolescente, que
se compromete a ser leal e seguir as suas normas, até
desenvolver confiança suficiente para assumir posições por
si e aceitar as suas consequências (aceitação, exclusão,
negociação, manutenção ou saída do grupo).
 O grupo requer conformidade com interesses e desejos dos
seus membros, sendo difícil manter preferências / opções
individuais (evidente no uso de substâncias,
comportamentos de risco e/ou delinquentes).
Adolescência – Relações amorosas
 Normativas e relacionadas com diversos índices de
adaptação e funcionamento.
 Importantes no desenvolvimento psicossocial,
contribuindo para a capacidade de estabelecer relações
íntimas e de compromisso a longo prazo na idade adulta.
 Parceiros são fontes de companheirismo e suporte durante
a adolescência e posteriormente.
 Permitem o desenvolvimento da autonomia, individuação,
identidade e sexualidade.
 Relações amorosas de qualidade estão associadas a auto-
conceito romântico positivo e a elevada auto-estima.
Adolescência – Relações amorosas
 Caracterizam-se por…
 Envolvimento: duração, intensidade e consistência;
 Seleção do parceiro (características);
 Conteúdo: o que fazem, o que evitam, como variam;
 Qualidade: a relação permite experiências positivas,
intimidade e afeto, e forma de suportar e superar
conflitos;
 Processo cognitivo e emocional: respostas
emocionais, perceções, expetativas, esquemas e
atribuições a si próprio, ao outro e à relação.
Adolescência – Relações amorosas
 Emergência e desenvolvimento…
 Idade de início varia: 14 a 16 anos
 Duração superior a 3 meses
 Surgem no contexto de grupo e a partir dele
 Resultado natural das mudanças na qualidade e
estrutura das relações de grupo ocorridas ao longo da
adolescência (díades, precursoras do par romântico)
 Fases: Paixão, Filiação, Intimidade e Compromisso;
Iniciação, Estatuto, Afeto e Ligação (≠ autores).
Adolescência – Oportunidade ou risco?
 Importância das relações na Adolescência e em todas
as etapas do desenvolvimento

 E quando surgem várias dificuldades potenciadoras de


institucionalização?

 Como promover relações positivas e transformadoras


entre o adolescente, a família, os amigos, os/as amigos
íntimos, os pares, os técnicos e outros?
Adolescência – Vínculos…
“(…) O apego íntimo a outros seres humanos é o núcleo em torno
do qual gira a vida de uma pessoa, não só enquanto bebé, criança
pequena ou criança de escola, mas também durante a sua
adolescência e maturidade, até à velhice. É deste apego íntimo que
retiramos a força e o prazer da vida, e proporcionamos também
força e prazer a outros. Nessas questões a ciência atual e a
sabedoria tradicional identificam-se.”
Bowlby, 1973
Adolescência – Teoria da Vinculação
 John Bowlby, 1958: médico psiquiatra numa instituição
para crianças consideradas inadaptadas.

 Quais os efeitos das múltiplas vertentes das relações


interpessoais no desenvolvimento humano?

 Hipótese: experiências ocorridas em contexto familiar


têm um papel determinante em posteriores
perturbações da personalidade, em especial quando
ocorre privação de cuidados maternos e perturbação
duradoura na relação mãe-criança.
Adolescência – Ideias principais…
 A vinculação é o conjunto de relações intensas e duradouras
(com mãe, pai, cuidador, irmãos, companheiros), de base
biológica (isto é: filogenética, no sentido de se destinar à
proteção evolutiva da espécie), destinada a proteger o indivíduo
(fisicamente) e a criar um sentimento de segurança (psicológica).
Ela reduz o risco de sofrer, e aumenta a sensação de segurança.

 A importância da perda (temporária ou definitiva) da figura


materna no desenvolvimento de psicopatologia.

 Uma certa continuidade, quer nas ações quer nas defesas, entre
essa experiência de perda ou separação e algumas perturbações
do funcionamento da personalidade.
Adolescência – Teoria da Vinculação: fases
 1ª: “Attachment and loss: Vol.1 – Attachment; Vol.2 – Separation:
anxiety and anger; Vol.3 – Loss: sadness and depression”, teoria e
prática, infância, com M. Ainsworth (1969-1980)
 2ª: “Situação Estranha” – relação entre a qualidade da vinculação
(padrões) e algumas variáveis (desenvolvimento cognitivo,
relação com o self, relação com o jogo), forte exploração
empírica, ao longo do desenvolvimento (déc.70 a meados da
déc.80)
 3ª: “Adult Attachment Interview – AAI”, reconcetualização da V.
do domínio comportamental para o representacional – modelos
internos dinâmicos, ao longo do ciclo vital, e alargada aos pais.
Adolescência – Psicopatologia…
 Psicopatologia do Desenvolvimento
 Inscreve-se no funcionamento normal e no
funcionamento desviante, ao longo do ciclo vital.
 Objetivo: definir, delimitar e compreender as
trajetórias normais do desenvolvimento, analisando os
percursos desviantes e as variáveis envolvidas nestes e
nas mudanças de percurso – relações entre fatores de
risco e fatores de proteção e o papel da resiliência.
Adolescência – Relações…
 Para qualquer relação interpessoal, os indivíduos trazem
memórias de relações passadas e expetativas sobre relações
futuras, existindo estruturas cognitivas responsáveis pela
representação das relações interpessoais e mediação das mesmas
(working models, esquemas interpessoais, unidades de
representação de experiências relacionais, …)

 As pessoas são seres fundamentalmente sociáveis.

 As relações são verdadeiros constituintes do ser humano, que


desenvolve forças e vulnerabilidades através de relações
significativas, e também por elas é saudável ou
psicopatologicamente adoece…
Adolescência – Comportamento de vinculação…
 Partindo das hipóteses freudianas sobre o
desenvolvimento psicoafetivo e da etologia, os
comportamentos de vinculação têm por objetivo
evitar o stress da separação, e são de natureza
instintiva e biológica.

 A propensão para estabelecer vínculos emocionais


sólidos com determinadas pessoas é uma componente
fundamental da natureza humana, desde o
nascimento à velhice.
Adolescência – Teoria da Vinculação
 Comportamentos de vinculação do bebé para com a mãe
(figura que presta cuidados): chupar, agarrar, seguir com o
olhar, chorar e sorrir.
 Sistema de vinculação (interativo): fonte de proteção e de
suporte. Quando inacessível gera estado de tensão e a
procura da proteção e suporte anteriores, interrompendo
outras atividades. Se disponível e responsiva a FV (“base
segura”) estabelece maior sentimento de segurança e
permite o desenvolvimento de um padrão ou esquema de
vinculação.
 Da qualidade dos vínculos primitivos e atuais dependerá a
maior ou menor capacidade de autonomização da criança
e, posteriormente, do adolescente, do adulto…
Adolescência
“O adolescente confrontado com o desafio de mudança interna e
externa (mudanças corporais, de papeis, de relações perdidas e
ganhas, novas ideias e conceitos, novos ambientes e situações
vivenciais), conta não só com o seu «mundo interno», povoado (ou
não) de «bons objetos» propiciadores de confiança básica e de
segurança mas também com as relações atuais com os seus pais,
pares, amigos e adultos significativos”
(M. Fleming)
Adolescência – Sistemas e modelos internos…
 Sistema de vinculação vs sistema exploratório
comportamental (ativados de forma alternada, ao longo
de todo o desenvolvimento, etapas e crises)
 Modelos internos dinâmicos sobre acessibilidade e
responsividade da FV (estruturas cognitivas), com possível
correção por objetivos (mãe/criança), incluem:
 aspetos dinâmicos, estruturais e funcionais das
representações;
 aspetos cognitivos e afetivos;
 regras de regulação do comportamento, de avaliação de
experiências, de organização da atenção e da memória, com
impacto no pensamento e na linguagem
Adolescência – Resumindo…
 Comportamento de vinculação - CV(resulta no
estabelecimento de proximidade e proteção com FV);
 É mediado por sistemas comportamentais
progressivamente dirigidos por objetivos (representações
de si e do mundo);
 Permite o estabelecimento de ligações afetivas (figuras
paternas e outras);
 Vinculação é duradoura ou permanente mas os
comportamento só são ativados se necessário;
 CV organiza-se na personalidade e transforma-se no
padrão de vinculações futuras;
 As experiências com as FV na infância e adolescência são
determinantes no percurso desenvolvimental do indivíduo.
Adolescência – Experiências de separação…
 Experiências de separação (temporária) e perda (definitiva) da
FV são mecanismos patogénicos e desencadeiam:
1. Protesto (angústia de separação), objetivo é reencontrar a FV,
rejeitando outras;
2. Desespero (se a separação continuar), criança demonstra
preocupação pela ausência da FV, desanimo e pesar, postura
passiva, sem envolvimento com o meio;
3. Desvinculação, parece recuperar de certa letargia, aceita outras
figuras, se a mãe voltar pode não reconhecê-la ou evitá-la.
 Criam situações de stress que direcionam o desenvolvimento da
criança para a saúde mental ou psicopatologia
 Mas, a angústia de separação funda o sentimento de identidade
do Eu e do Outro
Adolescência
“Na infância crescemos através da construção de um espaço mental,
onde o pensamento da realidade se afirma, pela menor ativação das
relações fundamentais, as quais pelo prazer e desprazer, pelo amor
– ódio, permitem que o ser humano seja capaz de viver só, porque
acompanhado dentro de si por objetos internos, resultantes das
relações satisfatórias com os objetos parentais com que se vinculou.”
A. Dias
Adolescência – Esquemas de vinculação (padrões)
na infância
1. Inseguro – evitante: ausência de expetativas em relação à mãe, renúncia ao
amor e proteção ← recusas repetidas, maus tratos ou longos períodos vividos
em instituições ou condições desfavoráveis (37%).
2. Seguro: confiança nos pais, disponíveis e sensíveis aos seus sinais,
procurando segurança e proteção em situações de perigo (50%).
3. Inseguro – resistente / ambivalente: procura proteção perante o perigo
mas sem confiar nos pais, o que afeta a exploração ← experiências de
incapacidade de resposta ou ameaças de abandono utilizadas como pressão
(13%).

4. Desorganizado: comportamentos contraditórios, movimentos


despropositados e assimétricos, estereotipias, posturas anómalas, sinais de
apreensão, expressões de confusão, desorientação e desorganização.

Avaliados pelo procedimento experimental da “Situação Estranha”


(1 ano de idade)
Adolescência – Esquemas na adolescência e adultez…
1. Desligado / rejeitante: desvaloriza as relações e experiências de V na infância, pouca
informação, dificuldade em recordar o passado, contradiz-se, idealiza, nega os efeitos
negativos, discurso anónimo, impessoal, invulnerabilidade, força, moralidade ou
independência.
2. Seguro / autónomo: valoriza as relações de vinculação no desenvolvimento e na
personalidade, aborda de forma clara e objetiva experiências e relações, com
capacidade de integrar experiências positivas e negativas, de forma coerente, auto-
crítica e critica aos pais, com identidade pessoal.
3. Emaranhado / preocupado: confuso, não-objetivo para com as relações, disserta
sobre sentimentos, ‘agarrado’ a memórias do passado, com ressentimentos, carga
emocional negativa, culpabilidade e raiva.
4. Não resolvido em relação ao trauma: vivência de experiências traumáticas, perda
de figura de vinculação, lapsos na monitorização do raciocínio, do discurso, respostas
comportamentais desorganizadas, semelhantes às de abuso sexual ou físico.

Avaliados pela entrevista semi-estruturada “Adult Attachment Interview”


(adolescência e idade adulta)
Adolescência – Patologias da separação…
a) Encadeamento: impossibilita a obtenção de satisfação
ou segurança fora da família, tentativas de separação
como crime contra a família (ex. triangulação; famílias
centrípetas);

b) Delegação: o adolescente tem uma missão fora da


família, como prolongamento parental para satisfação das
necessidades deste (ex. parentificação; famílias com
forças centrípetas e centrífugas);

c) Expulsão familiar: rejeição e abandono do adolescente,


de modo extremo a sua eliminação física ou emocional
(famílias centrífugas).
Adolescência – Vinculação e saúde mental…
 Vinculação evitante: perturbações em que a ansiedade é evitada, o afeto é
contido e o comportamento disfuncional é diretamente expresso em
relação aos outros (perturbações do comportamento e de abuso de
substâncias, perturbações da personalidade narcisica ou anti-social)
 Vinculação ansiosa: perturbações em que há consciência da ansiedade
sentida, o afeto não é modelado e o comportamento disfuncional é
diretamente expresso em relação a si próprio (distúrbios afetivos,
depressão, perturbações da ansiedade, perturbação obsessivo-compulsiva,
perturbação da personalidade histérica, borderline ou esquizotípica)

 A relação pais-criança / adolescente tem impacto no desenvolvimento da


personalidade e de competências sociais, na etiologia das perturbações
psicológicas, na transmissão intergeracional de psicopatologia, e no
desempenho adequado em contextos de aprendizagem.
Adolescência – Vinculação e saúde mental…
Adolescência – Saúde mental e psicopatologia…
Adolescência – Promover a saúde mental…
 1. Importância de estabelecer vínculos
 2. Importância do acordo sobre objetivos e tarefas
 3. Relação de ajuda ou terapêutica = aliança + transferência +
relação real
 4. Atitude amigável, afetuosa e de respeito do técnico / terapeuta
favorece o trabalho terapêutico
 5. Adolescente participar com intencionalidade
 6. Promover experiências emocionais corretivas, em que o cliente
estabelece uma nova relação objetal com o técnico / terapeuta,
num padrão seguro (protetor e promotor de novo equilíbrio)
Adolescência
– Oportunidade, risco e nova(s) oportunidade(s)…

“A singularidade de uma relação de vinculação como que constitui uma


condição necessária para se perceber e reconhecer a própria singularidade
e identidade pessoal, na medida em que permite dar sentido ao
conhecimento que vamos construindo sobre nós próprios e sobre o
mundo”
(Isabel Soares)

“Só conhecemos as coisas que prendemos a nós”


(Saint-Éxupery, O Principezinho)
Adolescência
– Oportunidade, risco e nova(s) oportunidade(s)…
Alguma Bibliografia
 ALARCÃO, M. (1996). Re-criando vínculos: redes de suporte e relações intergeracionais.
Interações, 4, 41-49.
 ANTONUCCI, T. (1976). Attachment: a life-span concept. Human Development, 19, 135-142.
 BOWLBY, J. (1969) Apego (2ª Ed.). São Paulo: Martins Fontes.
 BOWLBY, J. (1973) Separação: Angústia e Raiva (2ª Ed.). São Paulo: Martins Fontes.
 BOWLBY, J. (1980) Perda: Tristeza e Depressão (2ª Ed.). São Paulo: Martins Fontes.
 CANAVARRO, M. C. (1997). Relações afetivas ao longo do ciclo de vida e saúde mental.
Dissertação de Doutoramento. Coimbra: FPCEUC.
 FLEMING, M. (1993). Adolescência e autonomia: o desenvolvimento psicológico e a
relação com os pais. Porto: Edições Afrontamento.
 RELVAS, A. P. (1996). O ciclo vital da família: perspetiva sistémica. Porto: Edições
Afrontamento.
 SOARES, I. (1996). Representação da vinculação na idade adulta e na adolescência:
Estudo-intergeracional Mãe-Filho(a). Dissertação de Doutoramento. Porto: FPCEUP.
 SPRINTHALL, N. A.; COLLINS, W. A. (1988). Psicologia do Adolescente – uma
abordagem desenvolvimentista (2ª Ed.). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
 STEVENSON-HINDE, J. (1982)(Eds.) The place of attachment in human behaviour. London:
Tavistock Institute of Medical Psychology.
Obrigada!

Joana Silvestre Gonçalves

234004410 / 11
JSGoncalves@arscentro.min-saude.pt

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