Você está na página 1de 25

Manual

de Formação
3536 Velhice, ciclo vital e aspetos sociais

Carolina Maria Pina de Almeida

1
Índice

1) Velhice – Ciclo Vital ……………………………………………………. pág. 5

2) Velhice – Aspetos Sociais …………………………………………….. pág. 12

3) Velhice – Socialização e Papéis Sociais …………….…..……….. pág. 20

Referências Bibliográficas ……………………………………………….… pág. 25

2
Envelhecimento / Distintas Áreas

Geriatria é a especialidade médica que trata de doença de idoso


ou de doentes idosos, mas também se preocupa em prolongar a vida
com saúde. O processo natural do envelhecimento associado as
doenças crônicas e a hábitos de vida inadequados são os
responsáveis pela limitação do idoso. Nesta fase é importante
focar sempre na prevenção, pois até o idoso aparentemente saudável
requer cuidados.

Objetivos da Geriatria:
Manter a saúde em idades avançadas.
Manter a funcionalidade.
Prevenir doenças.
Detetar e tratar precocemente as doenças.
Manter o máximo grau de independência do idoso.

Prevenção de doenças nos idosos:


Corrigir os hábitos que agridem a saúde (alimentação não
saudável, inatividade física, obesidades, etc...)
Adequar o ambiente doméstico, diminuindo assim o risco de
acidentes como quedas e suas consequências.
Estimular a prática de atividades físicas leves.
Equilibrar o estado emocional, ampliando a rede de apoio e
suporte ao idoso.

3
Gerontologia

Antes de mais nada, é preciso esclarecer que esta especialidade


não está ligada somente à área da saúde, pelo contrário, está aberta
a todas as áreas. O profissional desta área está apto a contribuir para
que o envelhecimento seja um processo saudável, bem-sucedido,
assistido e cuidado. Inclusive orientando a família e a sociedade sobre
como lidar com o seu idoso, fazendo intervenções e combatendo
preconceitos.

4
1) Velhice – Ciclo Vital

Velhice e tarefas do desenvolvimento psicológico

O ciclo de vida começa com a conceção e termina com a morte.


Entende-se por tarefas de desenvolvimento aquelas que a pessoa
deve cumprir para garantir seu desenvolvimento e seu ajustamento
psicológico e social. Dão a base de sustentação para o progresso
(pessoal e social) e bem-estar humano.

Teorias do Envelhecimento Psicossocial

Algumas teorias psicossociais tentam explicar o processo do


envelhecimento. São elas:

Eric Erickson – Teoria do Desenvolvimento

Erikson propõe uma conceção de desenvolvimento em oito estágios


psicossociais, oito idades que decorrem desde o nascimento até à morte,
pertencendo as quatro primeiras ao período de bebê e de infância, e as
três últimas aos anos adultos e à velhice, cada estágio é atravessado por
uma crise psicossocial entre uma vertente positiva e uma negativa.
Erikson dá especial importância ao período da adolescência, devido
ao fato ser a transição entre a infância e a idade adulta, em que se
verificam acontecimentos relevantes para a personalidade adulta.
Cada estágio contribui para a formação da personalidade total,
sendo por isso todos importantes mesmo depois de se os atravessar.
A formação da identidade inicia-se nos primeiros quatro estágios, e
o senso desta negociado na adolescência evolui e influencia os
últimos três estágios. Erikson perspetivava o desenvolvimento tendo em
conta aspetos de cunho biológico, individual e social.

5
Esquema de Desenvolvimento de Eric Erickson

Durante o primeiro ano de vida a


Confiança X criança é dependente das pessoas
Desconfiança que cuidam dela. Ocorrerá de
forma equilibrada se a criança
(até um ano de sentir que tem segurança e afeto,
idade) adquirindo confiança nas pessoas e
no mundo.

Neste período a criança passa a ter


Autonomia X controlo das suas necessidades
Vergonha e fisiológicas e a responder pelar sua
Dúvi higiene pessoal, o que dá
da
autonomia para tentar novas coisas
sem medo de errar. Se, no entanto,
(segundo e terceiro
for criticada ou ridicularizada
ano)
desenvolverá vergonha e dúvida.
quanto a sua capacidade de ser
Durante este período a criança
autônoma, provocando uma volta
passa a perceber
ao estágio as oudiferenças
anterior, seja, a
sexuais, os papéis desempenhados
Iniciativa X Culpa dependência.
por mulheres e homens na sua
cultura, se for reprimida e castigada
(quarto e quinto ano)
poderá desenvolver sentimento de
culpa e diminuir sua iniciativa.

A criança está na escola , o que


propicia o convívio com pessoas
Construtividade X que não são seus familiares. Caso
Inferioridade tenha dificuldades, pode vivenciar
a inferioridade em vez da
(dos 6 aos 11 construtividade.
anos)

Identidade X
O quinto estágio ganha contornos
Confusão
diferentes devido à crise
(Adolescencia)
psicossocial que nele acontece, ou
seja, Identidade Versus
Confusão. Neste

6
(dos 12 aos 18 anos) contexto o termo crise não possui
uma aceção dramática, por
tratar-se de a algo pontual e
localizado com pólos positivos e
negativos.
O interesse, além de profissional,
gravita em torno da construção de
Intimidade X
relações profundas e duradouras. A
Isolamento
vertente negativa é o isolamento
(jovem temporário ou duradouro.
adulto)

Produtividade X Pode aparecer uma dedicação à


Estagnação sociedade e n e c e s s i d a d e d e
educar, transmitir
(40 aos 70) conhecimentos.

Se o envelhecimento ocorre com


sentimento de produtividade e
Integridade X valorização do que foi vivido,
Desesperança haverá integridade, caso contrário,
(a partir dos 70) um sentimento de tempo perdido e
a impossibilidade de começar de
novo trará tristeza e desesperança.

Buhler – Teoria do Desenvolvimento

Buhler propôs que as pessoas desenvolvem através de sua vida útil, e que
o desenvolvimento idade (amadurecimento) é muito mais significativo do
que psicologicamente "idade mental" ou "quociente de inteligência",…

7
Segundo ela, essencialmente saudável que as pessoas enfrentam
desafios de forma contínua ao longo da vida. Eles tentam integrar quatro
tendências básicas, que incluem:

o Precisa de uma satisfação (por amor, sexo,


ego e reconhecimento),
o Fazendo auto-limitante adaptações (por encaixar,
pertencer, e permanecendo seguro),
o Movendo em direcção a expansão criativa (através
da auto- expressão e realizações criativas),
o Defender e restaurar a ordem interna (por ser fiel à
própria consciência e valores).

Jovem Adulto (de 20 a 40 anos) - PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS

Saúde física atinge o máximo, depois cai ligeiramente.


Habilidades cognitivas assumem maior complexidade.
Decisões sobre relacionamentos íntimos são tomadas.
A maioria das pessoas se casa; a maioria tem filhos.
Escolhas profissionais são feitas.

Meia- idade (de 40 a 65 anos) - PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS

Ocorre declínio da resistência e perícia.


Sabedoria e capacidade de resolução de problemas
práticos são acentuadas; capacidade de resolver novos
problemas declina.
Senso de identidade continua a se desenvolver.
Dupla responsabilidade de cuidar dos filhos e pais idosos pode
causar stress.
Partida dos filhos tipicamente deixa o ninho vazio.
Para alguns, sucesso na carreira e ganhos atingem o máximo;
para outros ocorre um esgotamento profissional.
Busca do sentido da vida assume importância fundamental.
Para alguns, pode ocorrer a crise da meia-idade.

Terceira idade (de 65 anos em diante) - PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS

A maioria das pessoas é saudável e ativa, embora a saúde e a


capacidade física declinem um pouco.
Retardamento do tempo de reação afeta muitos aspetos do
funcionamento.
8
A maioria das pessoas é mentalmente ativa. Embora a inteligência
e a memória possam se deteriorar em algumas áreas, a maioria
das pessoas encontra modos de compensação.
A reforma pode criar mais tempo para o lazer mas pode diminuir as
rendas.
As pessoas precisam enfrentar perdas em muitas áreas (perdas de
suas próprias faculdades, perda de afetos) e a iminência de
sua própria mo

9
.

Aspetos estruturais e funcionais da Velhice

Quadro 1 - Modificações fisiológicas do envelhecimento

ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS ALTERAÇÕES FUNCIONAIS


Sistema cardiovascular
Células e tecidos Sistema respiratório
Composição global do Sistema renal e urinário
corpo e peso corporal
Músculos ossos e articulações Sistema gastrointestinal
Pele e tecidos subcutâneos Sistema nervoso e sensorial
Tegumentos Sistema endócrino e metabólico
Sistema imunitário
Ritmos biológicos e sono

Fonte: Pessoas Idosas: uma abordagem global (Berger e


Poirier, 1995).

10
2) Velhice – Aspetos Sociais

A velhice e a sociedade

Em muitas culturas e civilizações, a velhice é vista com respeito e


veneração: representa a experiência, o valioso saber acumulado ao
longo dos anos, a prudência e a reflexão.
Velhice é o último período da evolução natural da vida. Implica
um conjunto de situações -- biológicas e fisiológicas, mas também
psicológicas, sociais, económicas e políticas -- que compõem o
quotidiano das pessoas que vivem nessa fase.

Não há uma idade universalmente aceite como o limiar da


velhice.

As opiniões divergem de acordo com a classe socioeconómica e o


nível cultural, e mesmo entre os estudiosos não há consenso.
Para compreender tal transformação, é preciso ter em conta o
aumento progressivo da longevidade -- e, portanto, da expectativa de
vida -- que se produziu nas últimas décadas do século XX, facto sem
precedentes na história. O fenómeno se deve aos avanços na área de
saúde pública e da medicina em geral, e à melhoria das condições de
vida em seus mais variados aspetos. Por isso, é cada vez maior o número
de pessoas que ultrapassam a idade de 67 anos de idade e, mais que
isso, que atingem essa idades em boas condições físicas e mentais.

11
o Velhice e envelhecimento: conceitos e análise

Não é preciso ir muito longe para constatar que o que se percebe,


então, é a impossibilidade de se estabelecer uma definição ampla e
aceitável em relação ao envelhecimento (Veras, 1994). Percebe-se
atualmente que os nossos referenciais sobre a terceira idade e tudo o
que se supunha saber é insuficiente para definir o que se atualmente
concebe como terceira idade/envelhecimento/velhice.
A característica principal da velhice é o declínio, geralmente físico,
que leva as alterações sociais e psicológicas. Os teóricos classificam tal
declínio de duas maneiras: a senescência e a senilidade.

12
Atitudes, Mitos e Estereótipos ligados à Velhice

O estereótipo é ―uma representação social sobre os traços típicos de


um grupo, categoria ou classe social (Ayesteran e Pãez, 1987) e
caracteriza-se por ser um modelo lógico para resolver uma
contradição da vida quotidiana, e serve sobretudo para dominar o real.
Lippmann (cit. por Castro et al, 1999) que entende os estereótipos
como pré-concepções rígidas, mais ou menos falsas e irracionais.
Socialmente, e no caso dos idosos, a valorização dos
estereótipos projecta sobre a velhice uma representação social
gerontofóbica e contribui para a imagem que estes têm se si próprios,
bem como das condições e circunstâncias que envolvem a velhice, pela
perturbação que causam uma vez que negam o processo de
desenvolvimento.
O ―Ancianismo‖ como conceito gerontológico, define-se como o
―processo de estereotipia e de discriminação sistemática, contra as
pessoas porque são velhas‖ (Staab e Hodges, 1998). Este problema surge,
quando o fenómeno de envelhecer é considerado prejudicial, de menor
utilidade ou associado à incapacidade funcional. A rejeição e
rotulagem de um grupo, em particular de indivíduos, desenvolvesse
porque as características individuais com traços negativos, são
atribuídos a

13
De facto, as atitudes negativas face aos idosos existem em todos
os níveis sociais: intervenientes, beneficiários, governantes etc. Assim,
perante esta diversidade de conceitos somos levados a questionar o
que se entende por mitos, estereótipos, crenças e atitudes?
No sentido de clarificar e uniformizar estas questões e baseados nos
pressupostos teóricos defendidos por Berger, 1995; Santos, 1995;
Nogueira, 1996 e Dinis, 1997; Castro et al, 1999, passaremos a apresentar
as seguintes conceptualizações.
Atitude, é um conjunto de juízos que se desenvolvem a partir das
nossas experiências e da informação que possuímos das pessoas ou
grupos. Pode ser favorável ou desfavorável, e embora não seja uma
intenção pode influenciar comportamentos.
Crença, é um conjunto de informações sobre um assunto ou pessoas,
determinante das nossas intenções e comportamentos, formando-se a
partir das informações que recebemos. Por exemplo: a ―ideia‖ de que
todos os idosos são sensatos e dóceis e nunca se zangam.
Estereótipo, é uma imagem mental muito simplificada de alguma
categoria de pessoas, instituições ou acontecimentos que é
partilhada, nas suas características essenciais por um grande número
de pessoas (Castro,
1999); dito de outra forma é um ―chavão‖, uma opinião feita, uma fórmula
banal desprovida de qualquer originalidade, ou seja é uma
―generalização‖ e

14
:

A maioria destes estereótipos está ligada não a características


específicas do envelhecimento, mas sim a traços da personalidade e a
factores socioeconómicos. E, se por um lado, a formação de estereótipos
simplifica a realidade, por outro, hiper- simplificam-na, levando muitas
vezes a uma ignorância acerca das características, minimizando as
diferenças individuais entre os membros de um determinado grupo. É
disso, exemplo, o estereótipo de que ―todos os idosos

15
16
Representações da Morte

A velhice é uma etapa da evolução humana. Nascer, crescer,


desenvolver e morrer são processos naturais que fazem parte do ser
humano. Entretanto, há outros fatores que contribuem para a
compreensão do homem e de sua existência.
A complexidade da existência humana pode ser vista por diversas
vertentes, por diversos olhares e saberes. É comum que algumas ciências,
mantenham uma visão de homem dicotomizada, uma visão que se
afunila apenas naquela característica específica sem perceber o
indivíduo como um todo, como um ser integral, um ser que é sim
biológico, mas também é um ser psicológico, é um ser social.
A velhice, na história, sempre ocupou dois papéis antagónicos, ou
representações sociais: ou referia-se à imagem do fim, da morte, do mal
e da perda, ou da sabedoria, do conhecimento e do respeito.

O problema social que representa a velhice nas sociedades modernas é


um exemplo paradigmático da forma como certas perspetivas,
científicas e não científicas, podem contribuir para o deformar através da
difusão de ideias e representações já construídas do que é a velhice.

As "pessoas idosas" — enquanto estereótipo socialmente produzido e


facilmente reconhecível — enquadram uma categoria de indivíduos, cujas
propriedades, relativamente homogéneas, são normalmente identificadas
com isolamento, solidão, doença, pobreza e mesmo exclusão social. Nesta
perspetiva comum, as pessoas idosas são consideradas como indivíduos
isolados, permanecendo oculta a dimensão familiar da identidade, da
existência. A lógica repousa na perceção da pessoa idosa enquanto
agente de ação social apartado dos laços sociais inerentes à instituição
familiar a que pertence e no quadro das relações tradicionais de amizade
e de vizinhança.

17
Esta avaliação, que decorre da posição que os agentes sociais ocupam
relativamente às situações problemáticas — porque existem situações
problemáticas de isolamento, solidão, doença e carências afetivas e
materiais —, impõe-se com maior visibilidade social e, desse modo,
adquire as condições para se apresentar como propriedade comum e
dominante da categoria dos indivíduos denominados idosos.

Estamos perante transformações estruturais que, quando associadas às


mudanças de comportamento face à nupcialidade e à família, conduzem
a configurações familiares bem distintas das que encontramos no passado.

A pessoa idosa no final do Século XX

Foi sobretudo a partir da segunda metade do século XX que emergiu


um novo fenómeno nas sociedades desenvolvidas − o
envelhecimento demográfico, ou seja, o aumento significativo do
número de pessoas idosas. Com isto, surgiu a necessidade, a nível
internacional, de caracterizar o fenómeno, de repensar o papel e o valor
da pessoa idosa, os seus direitos e as responsabilidades do Estado e da
sociedade para com este grupo específico da população.

18
Os meios de comunicação, da forma como estão hoje inseridos
em nossa vida, também têm um papel importante na construção desta
terceira idade. A televisão e o cinema, particularmente, possuem um
grande potencial para influenciar nos conceitos acerca da velhice. As
parcelas da população mais influenciáveis são as crianças e jovens. Estes
meios funcionam como um espelho da sociedade e contribuem para
estabelecer ou validar modelos de

19
3) Velhice – Socialização e Papéis Sociais

Aspectos sociais da velhice

O novo perfil do idoso, acrescido a um número cada vez maior


de cidadãos da terceira idade, forçosamente implica numa atenção
mais dedicada a esta categoria; seja por parte do governo, ou da
sociedade, como um todo. Esse novo perfil, do idoso com vida activa,
social, financeira, política e até amorosa, necessariamente altera as
relações familiares e profissionais. Essa nova atitude diante da vida e da
sociedade implica também em alterações das políticas económicas,
sociais e de saúde, para oferecer uma vida digna, a esta categoria
emergente, que já deu sua contribuição ao longo de toda a vida.
Apesar do evidente crescimento da população idosa, e das
transformações sociais dele decorrentes, a discussão sobre o
envelhecimento se dá num contexto em que a diversidade de conceitos
para explicar quem é o idoso e como se caracteriza o processo de
envelhecer, ainda está longe de diminuir.
Os estudos sobre a velhice e o processo de envelhecimento
abarcam as diversas possibilidades de pensar o lugar social ocupado
pelo idoso na realidade mundial. A velhice tem sido tratada como um
mal necessário, da qual a humanidade não tem como escapar. Por esse
princípio, o idoso também é tratado como um mal necessário, como
alguém que já cumpriu sua. função social: já trabalhou, já cuidou
da família, já contribuiu para educação dos filhos, restando a eles,
somente, esperar pela finitude da vida. O que se observa é que, com o
avanço das pesquisas na área da saúde, e o acesso da população idosa
aos diversos serviços, a população, de um modo geral, chega aos 60
anos com possibilidade de viver mais (e com qualidade de vida) do que
vivia há 20 anos atrás. Veras (2003, p.8) adverte que

20
direitos estabelecidos no Estatuto do Idoso que indicam e fortalecem
a inclusão social do idoso são:
1º Direito à vida: viver com dignidade, com acesso aos bens e
serviços socialmente produzidos;
2º Direito à informação: ter conhecimento, trocar ideias, perguntar,
questionar, compreender. A informação caminha por dois níveis
que se complementam: o primeiro refere-se à vida quotidiana e o
segundo refere-se à garantia dos direitos – como funcionam os
serviços prestados por meio da política social, como funciona a
rede de atendimento social, a gestão pública, como o poder
público emprega o dinheiro na área do envelhecimento.
3º Direito à vida familiar, à convivência social e comunitária:
receber apoio e apoiar a família, preservar laços e vínculos
familiares, trocar experiência de vida; receber suporte social,
psicológico e emocional.
4º Direito ao respeito: às diferenças, às limitações, ao modo de
entender o mundo, ao modo de viver neste mundo.
5º Direito à preservação da autonomia: ter preservada a
capacidade de realizar algumas tarefas sozinho ou com auxílio; ter
preservada a privacidade; ter preservada a capacidade de
realizar as actividades de vida diária e de vida prática.
6º Direito de cessar serviços que garantam condições de vida:
acesso aos serviços de saúde, educação, moradia, lazer, entre
outros.
7º Direito de participar, opinar e decidir sobre sua própria vida:
conhecer e participar de actividades recreativas e de convivência.

21
O modo de vida das pessoas de idade

Envelhecer com saúde, autonomia e independência, o mais tempo


possível, constitui assim, hoje, um desafio à responsabilidade individual e
colectiva, com tradução significativa no desenvolvimento económico dos
países.
Coloca-se, pois, a
questão de pensar o envelhecimento ao longo da vida, numa atitude
mais preventiva e promotora da saúde e da autonomia, de que a prática
de atividade física moderada e regular, uma alimentação saudável, o
não fumar, o consumo moderado de álcool, a promoção dos fatores
de segurança e a manutenção da participação social são aspetos
indissociáveis.

A chegada na terceira idade traz consigo muitas perdas e mudanças!

É comum nesta fase a perda de amigos e parentes, o que leva o idoso a


refletir sobre a chegada da sua própria morte;
É comum, nesta fase da vida, o aparecimento da depressão, o
problema mais comum na terceira idade. Surge em função do idoso não
saber lidar ou encarar de forma positiva estas mudanças que fazem parte
da sua vida. A depressão significa, em última instância, sentir-se sem saída
diante de um determinado conflito, problema ou situação, o que pode
gerar muito sofrimento e dor.
Aceitar o envelhecimento com naturalidade é o caminho certo,
procurando conviver bem com as limitações e valorizando aquilo que
faz parte exclusiva dos idosos. Chegar à terceira idade não significa
apenas o final da jornada de anos de trabalho e de missão cumprida em
relação à criação dos filhos, mas a entrada em um novo estilo de vida,

22
É a fase da vida em que os idosos podem realmente se dar ao "luxo"
de exercerem atividades que lhes tragam apenas prazer, alegria e
satisfação, sem a cobrança de um desempenho (como no trabalho) ou
sem a responsabilidade de educar ou de exercer um bom papel (é hora
de serem simplesmente eles mesmos, serem avós e não mais pais zelosos
com a educação, sem precisar mais ―dar o exemplo‖).

Em geral, o idoso mora ou isolado ou com o seu


cuidados informal. Estes, por si só, por causa das suas
próprias obrigações/atividades, não costumam dar a
atenção necessária, muitas vezes não dispondo do
seu tempo para ouvir o idoso, o que o leva a sentir-
se num plano secundário: essa falta de atenção da
família pode levar o idoso à diminuição de sua auto
estima e até à depressão, quando ele não tem
atividades sociais que compensem esta falta de
atenção familiar: por isso é importante que o idoso
tenha outras atividades extrafamiliares que lhe tragam
prazer, mantendo ou criando novas amizades e
contactos.
É importante que a atividade cerebral do idoso continue a ser
estimulada com leituras ou com quaisquer atividades que possam
prender a sua atenção e, principalmente, manter o contacto com
pessoas queridas a maior parte do tempo. O ser humano é um ser social
e o idoso precisa conversar e, principalmente, ser ouvido! Pedir-lhe,
simplesmente, que relate as suas experiências passadas, que conte
histórias da família, que fale sobre aquilo que gosta de falar são
maneiras de estimulá-lo e, mais do que isso, são atividades que lhe
trazem muito prazer.
Eles jamais devem ser infantilizados ou tratados como pessoas
inválidas, são pessoas que possuem mais limitações inerentes à idade!..

23
devem dar a perceber que se sentem incomodados com a presença do
idoso ou que não tem vontade de ajudá-lo, de ouvi-lo, pelo contrário,
devem agir no sentido de permitir, na medida do possível, a manutenção
da autonomia, da independência e da dignidade do idoso.
Como já foi dito, o ser humano é um ser social: o lazer, a distração, a
conversa, o bem-estar e as atividades em grupo são fundamentais para
todos, independentemente da idade.

Processo de envelhecimento / sensibilização à problemática da


pessoa idosa / Pessoa Idosa noutras Civilizações

A longevidade é, sem dúvida, um triunfo. Há, no entanto, importantes


diferenças entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento.
Enquanto, nos primeiros, o envelhecimento ocorreu associado às
melhorias nas condições gerais de vida, nos outros, esse processo acontece
de forma rápida, sem tempo para uma reorganização social e da área
de saúde adequada para atender às novas demandas emergentes. Para
o ano de 2050, a expectativa em Portugal, bem como em todo o mundo,
é de que existirão mais idosos que crianças abaixo de 15 anos, fenómeno
esse nunca antes observado.

O idoso tem sido encarado de formas diferentes ao longo dos tempos


e nas diversas culturas.
Face à panóplia de questões caracterizadoras do idoso na sociedade
actual, surge o debate em torno do envelhecimento e das respostas sociais
de apoio às pessoas idosas.

24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AYESTARAN, S.; PAEZ, D. (1987) – Representaciones sociales y estereótipos grupales.


In Paez [et al.] cap. V, p. 221-262.

BARROS, Célia Silva G. Pontos de psicologia do desenvolvimento. São


Paulo: Ática, 1990.

BERGER, Louise (1995) – Cuidados de enfermagem em gerontologia. In BERGER,


Louise; MAILLOUX-POIRIER, Danielle – Pessoas idosas: uma abordagem global:
processo de enfermagem por necessidades Lisboa: Lusodidacta, 1995. ISBN 972-
95399-8-7. p. 11-19.

BERGER, Louise; MAILLOUX-POIRIER, D. M. (1995) – Pessoas idosas: uma abordagem


global: processo de enfermagem por necessidades. Lisboa: Lusodidacta, 1995.
ISBN 972-95399-8-7.

DEBERT, Guita. G. A reivenção da velhice: socialização e processos de


reprivatização do envelhecimento. São Paulo: Editora da Universidade de São
Paulo; FAPESP, 1999.

ERBOLATO, R. M. P. L. Contatos sociais: relação de amizade em três momentos da


vida adulta. Tese (Doutorado em Psicologia). Campinas, SP: Centro de Ciências da
Vida: PUCCAMP, 2001.

ERBOLATO, R. "Relações sociais na velhice". In: FREITAS, E. V.; PY, L.; NERI, A. L.;

25

Você também pode gostar