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História da Educação

EDUCAÇÃO NA IDADE
MÉDIA
O Fim da Época Clássica e o início de um um novo tempo –
a Idade Média

O Império Romano acolheu os mais diversos cultos, dos quais


apenas um é monoteísta: o dos Judeus, povo da Palestina, local
onde nasceu Jesus, cerca de 5 anos antes da nossa era. (a) Aos 30
anos inicia a sua vida pública e durante dois anos e meio, Jesus,
acompanhado pelos seus discípulos percorre cidades e aldeias
anunciando a ‘’boa nova’’ (do Grego evangelho):
- aos olhos de Deus não há diferença entre os homens, todos
podem alcançar a vida eterna.
Esta mensagem é simultaneamente universal e revolucionária: i)
Universal porque, ao contrário do judaísmo, não privilegia
qualquer povo; ii) revolucionária porque, contrariando as
profundas desigualdades sócias do seu tempo, prega a igualdade
entre todos os seres humanos.
O Fim da Época Clássica e o início de um um novo tempo –
a Idade Média

Após a morte de Jesus, a mensagem cristã, reunida


no Novo Testamento, difundiu-se rapidamente,
beneficiando da unidade política do Império e das
suas excelentes vias de comunicação.
Os cristãos olhados como perturbadores da paz
social e da ordem do Império, serão objecto de
sucessivas e sangrentas perseguições.
Entre a primeira perseguição, ordenada por Nero,
em 64 e a última, a de Diocleciano, 303 e 305, a
História do Cristianismo enche-se de mártires 
O Fim da Época Clássica e o início de um um novo tempo –
a Idade Média

No decurso do século III, o cristianismo registou um crescimento sem


precedentes e ganha um aliado sem precedentes: O Imperador
Constantino publica em 313 o Edicto de Milão, em que garante inteira
liberdade de culto aos seguidores de Cristo e ordena que lhes sejam
devolvidos os bens confiscados na última perseguição.
Constantino foi baptizado no seu leito de morte em 337, mas tudo indica
que se tenha convertido 25 anos antes.
Constantino concede aos cristãos um tratamento especial: coloca-os nos
mais altos cargos do Império, cumula-os de generosas ofertas, concede-
lhes isenções fiscais, ergue, ao seu Deus, templos imponentes em Roma e
Jerusalém.
Preocupado com as divisões que começaram a surgir entre os seguidores
da fé cristã, é o próprio Imperador que convoca, em 325, o Concílio de
Niceia, onde se reúnem os bispos cristãos para definir verdades doutrinais 
O Fim da Época Clássica e o início de um um novo tempo –
a Idade Média

A partir de Constantino, todos os Imperadores, com excepção de


Julião, o Apóstata (361-363), professaram o cristianismo e em
380, o Imperador Teodósio proclama o Édito de Tessalónica,
pelo qual ordena a conversão de todos os habitantes do Império,
tornando-se o cristianismo a religião oficial do estado romano. O
Império romano, era, agora, um império cristão, tornando-se um
elemento essencial no mundo romano nos últimos séculos da sua
existência.
Decalcada do Império, a organização eclesiástica toma por base a
diocese, que corresponde à cidade, dirigida por um bispo. As
dioceses agrupam-se em províncias. Roma, que foi sede do
Império Romano, tornou-se a sede do cristianismo e o seu bispo
receberá o título de papa.
O Fim da Época Clássica e o início de um um novo tempo –
a Idade Média

No século III, o Império Romano mergulhou numa


profunda crise político-militar. Ao assassinato do
imperador Severo Alexandre, pelo seu próprio
exército, em 235, seguiu-se meio século de caos
político, apesar dos esforços do Senado. Os
historiadores designam este período de grande
agitação política como ‘’anarquia militar’
O Fim da Época Clássica e o início de um um novo tempo –
a Idade Média

Para além do descalabro político, o Império confrontou-se,


pela primeira vez com o perigo bárbaro. O exército
dificilmente conseguiu parar as investidas dos povos que
habitavam para lá do limites do Império (limes) e que
pressionavam as fronteiras, chegando Roma a estar
ameaçada.
O Império conseguiu sobreviver, no entanto, a esta primeira
investida, tendo o imperador Diocleciano (284-305)
efectuado reformas profundas na administração e no
exército.
 
O Fim da Época Clássica e o início de um um novo tempo –
a Idade Média

No final do século IV a ameaça Bárbara recomeçou com mais


violência e o imperador Teodósio, o último imperador a reinar
sobre um território unificado, dividiu o Império Romano à
sua morte (395), pelos seus dois filhos: o Honório coube o
Ocidente; a Arcádio, o Oriente

O Império do Oriente – estabeleceu a capital em


Constantinopla, cidade fundada por Constantino, em 324,
sobre a antiga cidade Grega de Bizâncio (hoje, é a capital
cultural da Turquia, com o nome de Instambul).
 
O Fim da Época Clássica e o início de um um novo tempo –
a Idade Média

Constantinopla tornou-se uma cidade grandiosa e o


Império Romano do Oriente (também chamado
Império Bizantino) resistirá mais de um milénio, até
1453, ano em que cai às mãos dos Turcos
 
O Fim da Época Clássica e o início de um um novo tempo –
a Idade Média

O Império do Ocidente - sucumbiu no século V perante as grandes


invasões dos povos bárbaros. (Estes povos, a quem os romanos
denominavam, genericamente Germanos, eram constituídos pelos
Alamanos, os Francos, os Burguinhões, os Vândalos, os Hérulos, os
Godos, os Visigodos, os Suevos, os Saxões, os Lombardos, entre outros)
Em 410, os Visigodos, sob o comando de Alarico invadem a cidade de
Roma, saqueando-a durante três dias, abalando profundamente o
poder romano e anunciando o seu fim próximo.
Em 476, o general Hérulo Odoacro põe-lhe oficialmente fim, ao depor
o último Imperador que se chamava Rómulo Augusto
 
O Fim da Época Clássica e o início de um um novo tempo –
a Idade Média

Do embate violento entre o mundo romano e o mundo bárbaro resultou um tempo novo: a
Idade Média

Viveu-se na Europa um longo tempo de instabilidade e violência, caracterizado:

O caos político favoreceu a anarquia e a injustiça. As leis, o Direito e a autoridade deixaram de


ser respeitadas, sendo substituídas pela prepotência dos mais fortes.
 
A vida económica foi desestruturada pelo longo período de guerras. (abandono dos campos, da
indústria e do comércio. Fome e epidemias. Diminuição da população)
 
Destruição das cidades. (Pilhagem, violência, quebra demográfica, decadência económica)
 
A vida cultural esmoreceu: A letra, as artes e o requinte da vida quotidiana que marcou a
Época Clássica extinguiu-se pouco a pouco.
O papel da Igreja durante a Idade Média

Foi nesta Europa em mutação que a Igreja assume


um papel de relevo, revelando-se uma verdadeira
âncora para as populações.

Com uma hierarquia rígida e uma organização


eficiente, a Igreja foi a única instituição que
permaneceu sólida, quando à sua volta tudo se
desmoronava.
O papel da Igreja durante a Idade Média

Com grande espírito de iniciativa e apostolado, a


Igreja prosseguiu a evangelização dos reinos
bárbaros, assumindo, de novo, uma posição
destacada nas altas esferas do poder.
O papel da Igreja durante a Idade Média

Entre os séculos IV e VIII, tudo muda: as cidades entram em


decadência, as populações fogem para os campos, o comércio
internacional definha, as comunidades fecham-se e pedem
protecção aos grandes senhores e à Igreja. Nasce o feudalismo
com a necessidade de os pequenos pedirem protecção aos fortes,
num mundo inseguro, violento e pobre. Caberá à Igreja Católica e,
em particular, aos monges, que iniciam o processo de criação de
ordens religiosas e que se refugiam nos mosteiros, a preservação
da cultura clássica, através da criação de bibliotecas monacais,
constantemente ampliadas pela diligente actividade dos copistas
(Marques, s/d).
O papel da Igreja durante a Idade Média

Entre os séculos IV e VIII, tudo muda: as cidades entram em


decadência, as populações fogem para os campos, o comércio
internacional definha, as comunidades fecham-se e pedem
protecção aos grandes senhores e à Igreja. Nasce o feudalismo
com a necessidade de os pequenos pedirem protecção aos fortes,
num mundo inseguro, violento e pobre. Caberá à Igreja Católica e,
em particular, aos monges, que iniciam o processo de criação de
ordens religiosas e que se refugiam nos mosteiros, a preservação
da cultura clássica, através da criação de bibliotecas monacais,
constantemente ampliadas pela diligente actividade dos copistas
(Marques, s/d).
O papel da Igreja durante a Idade Média

Entre os séculos IV e VIII, tudo muda: as cidades entram em


decadência, as populações fogem para os campos, o comércio
internacional definha, as comunidades fecham-se e pedem
protecção aos grandes senhores e à Igreja. Nasce o feudalismo
com a necessidade de os pequenos pedirem protecção aos fortes,
num mundo inseguro, violento e pobre. Caberá à Igreja Católica e,
em particular, aos monges, que iniciam o processo de criação de
ordens religiosas e que se refugiam nos mosteiros, a preservação
da cultura clássica, através da criação de bibliotecas monacais,
constantemente ampliadas pela diligente actividade dos copistas
(Marques, s/d).
O papel da Igreja durante a Idade Média

Nos três séculos que medeiam entre a queda do


Império Romano do Ocidente (476) e o começo do
reinado de Carlos Magno (768), a atividade docente
foi obra da Igreja, que a exerceu em ordem à
preparação de sacerdotes e às necessidades da vida
eclesiástica e religiosa (Carvalho, 1989)
Educação Monástica
Educação Monástica
Educação Monástica
Educação Monástica
Educação Monástica
Educação Monástica
Educação Monástica
Educação Monástica
Educação Monástica
Educação Monástica
Educação Monástica
Educação Monástica
Educação Monástica
Educação Monástica
Educação Monástica
Educação Monástica
Educação Monástica
Renascimento Carolíngio

 Carlos Magno (768-814) - Renascimento Carolíngio


Capitulares (787)
escolas: monacais, catedrais, palatina
Renascimento Carolíngio

Na intenção de Carlos Magno, as escolas catedrais e monásticas podiam cultivar e


ensinar as disciplinas das artes liberais, mas cumpria-lhes ministrar o ensino
elementar que a capitular prescrevia, franqueando-o a quem o quisesse frequentar,
porque o seu objetivo devia ser o da preparação de futuros sacerdotes, seculares e
regulares; por isso, o plano de estudos, inicial e fundamental, consistiu na «sanctae
religionis conversatio», ou seja a aprendizagem do ler, do entoar e do salmodiar, em
ordem ao acompanhamento correto do ofício divino.
As escolas dos presbíteros também se não afastavam deste objetivo, pois deviam
instruir no sentido dos alunos poderem rezar as horas canónicas de terça, de sexta, de
noa e de véspera, no impedimento do respetivo sacerdote. A escola catedral de Metz
tornou-se famosa pelo ensino do canto eclesiástico, atraindo alunos de todo o império.
Depreendem-se do conjunto das determinações docentes de Carlos Magno o propósito
de elevar a ilustração do clero, regular e secular, a partir dos conhecimentos que mais
diretamente importassem ao ofício divino, e a intenção de se estabelecer uma
organização hierárquica do ensino, que começaria nas escolas paroquiais e se
continuaria e desenvolveria nas escolas catedrais e monásticas.
Renascimento Carolíngio

 Existe alguma discordância sobre a existência de


uma Escola Palatina, o termo pode referir-se à ação
educativa nos indivíduos, adolescentes e homens de
idade, leigos e clérigos, que constituíam a casa e o
séquito real, e nele se não houvesse ministrado o
ensino, realizado reuniões docentes e conversações
eruditas e produzido uma variada literatura cortesã
(Carvalho, 1998)
Renascimento Carolíngio

Os misi dominici, ou delegados oficiais, tinham poderes para


visitar os mosteiros e inspecionar o cumprimento das
determinações régias; assim, uma capitular de 805 prescreve
que eles atentassem nos seguintes assuntos: «de lectionibus :
de cantu : de scribis, ut non vitiose scribant : de notariis : de
caeteris disciplinis : de computo: de medicinali arte». Esta
última referência às matérias de ensino indica que a
Medicina figurava no quadro de estudos de alguns mosteiros
(Carvalho, 1989)
 
Renascimento Carolíngio

Os misi dominici, ou delegados oficiais, tinham poderes para


visitar os mosteiros e inspecionar o cumprimento das
determinações régias; assim, uma capitular de 805 prescreve
que eles atentassem nos seguintes assuntos: «de lectionibus :
de cantu : de scribis, ut non vitiose scribant : de notariis : de
caeteris disciplinis : de computo: de medicinali arte». Esta
última referência às matérias de ensino indica que a
Medicina figurava no quadro de estudos de alguns mosteiros
(Carvalho, 1989)
 
Renascimento Carolíngio

Citado em Amado (2007)

 Carlos Magno (768-814) - Renascimento Carolíngio


Capitulares (787)
Restauração das antigas escolas: monacais,
catedrais, palatinas
Renascimento Carolíngio

Citado em Amado (2007)


Renascimento Carolíngio

Capitular de 789 (Carlos Magno)


"Nós, Carlos, pela graça de Deus rei dos Francos e dos Lombarbos,
patrício dos Romanos, dirigimos uma saudação amável ao abade
Baugulf, aos seus monges e aos nossos fiéis clérigos que lhe estão
confiados. Fazemos saber à vossa devoção agradável ao Senhor que,
com os nossos fiéis, julgamos útil que os bispos e os monges, cujo
governo a benevolência de Cristo nos entregou, procurem não só levar
uma vida regular e conservar a nossa santa religião, mas ainda
meditar as belas-letras e ministrar a instrução àqueles que, graças
a Deus, são capazes de aprender, segundo a capacidade de cada um.
Com efeito, do mesmo modo que uma regra estrita ocasiona completa
a dignidade moral, assim a aplicação a ensinar prepara o
encadeamento dos discursos, de tal modo que quem quer ser
agradável ao Senhor vivendo bem, deve também preocupar-se
em agradável, falando bem ( cont.)
Renascimento Carolíngio

Capitular de 789 (Carlos Magno)


Ele diz, com efeito: "Justificar-te-á pelas
tuas palavras; pelas tuas palavras também te condenarás". Embora seja
melhor agir bem que saber, todavia, é preciso saber antes de agir. Cada
um deve, portanto, aprender o que deseja executar, e a alma
compreenderá tanto melhor o que terá a fazer, quanto a linguagem,
louvando o Senhor todo poderoso, estiver ao abrigo de todo
o erro mentiroso. Na verdade, se todos os homens desejam evitar a
mentira, com muito maior razão devem evitar a sua possibilidade
aqueles que foram especialmente escolhidos para se consagrarem de
modo particular ao culto da verdade. Ora, nestes últimos anos, têm-nos
enviado frequentemente, de vários mosteiros, escritos onde se via
quais os assuntos de que os nossos irmãos tratavam nos seus santos e
piedosos discursos: na maioria desses escritos, encontrámos ideias
justas expressas numa linguagem bárbara, pois uma linguagem
Renascimento Carolíngio

Capitular de 789 (Carlos Magno)


grosseira, que se descurou polir, não podia traduzir exteriormente,
sem diminuição, as inspirações profundas de uma piedade sincera.
Daí o receio que começamos a ter de que talvez, se se tem menor
cuidado em escrever, a preocupação de bem compreender as
Sagradas Escrituras se torne também menor do que seria para
desejar. Todos nós sabemos muito bem que, se os erros de
palavras são perigosos, os do juízo são-no muito mais ainda. Por
consequência, exortamos-vos não somente a não descurar o
estudo das letras, mas ainda a pôr todos os vossos cuidados a
aprender humildemente e na intenção de ser agradável a Deus,
para melhor e mais facilmente penetrar os mistérios das
Sagradas Escrituras.
Renascimento Carolíngio

Capitular de 789 (Carlos Magno)


Ora, como nelas se encontram ornamentos, tropos e
outras figuras semelhantes, é evidente que cada um
compreenderá tanto mais depressa o seu sentido
espiritual, quanto melhor instruído for
primeiramente pelo ensino das letras. Mas não deve
encarregar-se dessa tarefa senão aqueles que possuem a
vontade e a capacidade de aprender e o desejo de ensinar aos
outros... Nós vos pedimos, se quereis ser-nos agradável que
envieis exemplares desta carta a todos os vossos sufragâneos
e colegas no episcopado e a todos os mosteiros".
Baixa Idade Média

 Cambi (1999, p. 171) se refere à Baixa Idade Média (século XII ao século XV)
da seguinte forma: Estamos diante de uma retomada de iniciativa da história
ocidental que se delineia em torno da nova realidade da Europa: o
desenvolvimento econômico, o incremento técnico, a afirmação de uma nova
classe social – a burguesia –, o impulso do pensamento, a dissensão política e
uma sociedade mais dinâmica e mais móvel; são fatores que vêm definir uma
época nova. [...] Antes de tudo, estamos agora longe dos limites da sociedade
feudal, fechada e bloqueada, agrícola e sem intercâmbios; estamos longe
daquela sociedade de ordens (trinitária, como foi chamada, e hierarquizada) e
dentro de um mundo que se torna cada vez mais conflitual e complexo, cada
vez mais articulado e plural, que vê o crescimento de protagonistas e tensões
(no nível político: o papado, o Império, as comunas, os estados nacionais).
Baixa Idade Média

 A Universidade de Paris, fundada entre 1200 e 1215, será o centro do debate intelectual
do século XIII. Alberto Magno procurou introduzir o pensamento aristotélico no curso
de artes liberais. A sua fama iria atrair a Paris os melhores espíritos do tempo. Tomás de
Aquino decidiu trocar a sua Itália natal por Paris para estudar com o grande Alberto e
acompanhá-lo-á para Colónia. As universidades organizaram os seus estudos a partir
dos cursos preparatórios das artes, onde se ensinava a gramática, a lógica e a ciência
aristotélica. Os estudos preparatórios eram concluídos com um bacharelato. A
continuação dos estudos podia desembocar numa licenciatura, com a defesa de uma
lição que permitia aos diplomados abrir uma nova escola e ensinar. para além dos cursos
preparatórios, havia estudos especializados em Medicina, Direito e Teologia, sendo a
última considerada a rainha dos estudos. Seguindo-se a Paris, a Universidade de Oxford
obtém alvará em 1214, Cambridge em 1231, Pádua em 1222 e muitas outras por essa
Europa for a (Marques, s/d).
Baixa Idade Média

Scientiae Thesaurus Mirabilis é o nome do documento


assinado pelo rei D. Dinis, em 1290, e reconhecido
pelo Papa Nicolau IV nesse mesmo ano, que criou os
Estudos Gerais e deu origem à Universidade de
Coimbra
.
Baixa Idade Média

Manacorda (1989) afirma que a Igreja tinha o controle da


educação: A crise do império carolíngio levara a uma nova
situação: a fonte, agora imperial, do direito escolar passara de
fato à Igreja, como também passa para ela o controle político,
anteriormente do império, sobre as escolas eclesiásticas. Além
disso, a Igreja foi abrindo suas escolas episcopais e paroquiais
também aos leigos, dando-lhes ao mesmo tempo instrução
religiosa e literária. Criou-se, em suma, um monopólio
eclesiástico da instrução.
O papel da Igreja durante a Idade Média

 Universidades (século XII): Programa de estudos:


trivium gramática, retórica, dialéctica, esta última
desenvolvendo-se, mais tarde, na filosofia;
quadrivium: Aritmética, geometria, astronomia,
música, e, mais tarde, a medicina.
As Universidades

 custo de vida e dos estudos (Fernandes, Claro & Veiga, 2003).

 Para qualquer estudante frequentar uma universidade


tornava-se dispendioso. A maioria dos estudantes tinha que
lidar com os custos dos estudos e com os custos de vida. Só os
que graduavam enfrentavam o custo das propinas para
admissão e para exame, o custo das cerimónias e celebrações de
graduação. Os custos de estudo incluíam as despesas avulsas e
as despesas contínuas. No primeiro mês de aulas os estudantes
tinham que pagar o direito do banco, o alojamento, as aulas
e/ou os exames, que são exemplos de despesas avulsas.

As Universidades

 custo de vida e dos estudos (Fernandes, Claro & Veiga, 2003).

 A matrícula, que conferia ao estudante certos direitos,


liberdades e privilégios concedidos a todos os membros da
universidade de Mompilher, era no valor de 29 soldos e 10
dinheiros, dos quais, 2 soldos eram entregues ao tesoureiro,
15 soldos ao notário, 12 soldos ao prior e 10 dinheiros ao
recipiendário. O direito de banco era no valor de 18 soldos
pagos no banqueiro-mor ou tesoureiro, para despesas da
universidade.


As Universidades

 custo de vida e dos estudos (Fernandes, Claro & Veiga, 2003).

 Estes valores aumentavam quando o aluno chegava a bacharel ou


licenciado. Se este aspirava a ser doutor, tinha que pagar 30 escudos em
ouro. O aluno, que desejasse sentar-se nas primeiras filas, tinha que pagar
mais 20 soldos ou 6 libras, e mais 10 soldos para a talha (do mestre. Além
disto, existia em muitas universidades os denominados bejaunium, uma
espécie de "propina de entrada" no corpo estudantil, exigida pelos
estudantes mais velhos junto dos caloiros. Entre as despesas permanentes
situavam-se as propinas pagas a doutores e mestres pelos seus cursos.


As Universidades

 Custo de vida e dos estudos (Fernandes, Claro & Veiga, 2003).

 Além disso, incluíam também os textos e livros, pergaminhos, papel e tinta, penas
e canivetes e a compra, tratamento ou aluguer do traje de estudante. A adicionar
aos custos gerais do estudo, encontravam-se as taxas pagas para a emissão e
certificação de documentos e testemunhos vários. Muitos dos estudantes não
pagavam essas despesas com muita vontade. A maioria dizia desprovida de
recursos ou acabavam por pagar com atrasos consideráveis. Os livros do estudante
que não pagasse ao seu mestre podiam ser apreendidos. Por outro lado, em
Mompilher, era proibido que o reitor, os regentes, os matriculadores e os notários
da universidade reconhecessem a qualidade de estudante a um jovem que não lhes
tivesse pago. Isto sob pena de se verem privados dos seus privilégios ou
condenados a pagar uma multa de 1000 libras
As Universidades

 Custo de vida e dos estudos (Fernandes, Claro & Veiga, 2003).

 Estas despesas encontravam-se ligadas à posição social e económica


dentro e fora da universidade. Os graduados pagavam mais que os
não-graduados, os ricos mais do que os pobres. Em Lisboa-Coimbra,
por exemplo, na sequência de um decreto do rei D. João I, de 1392,
os estudantes ricos de Direito tinham que pagar aos respectivos
professores uma propina para as aulas no valor de 40 libras; os
estudantes da classe média deveriam pagar 20 libras e os pobres
dez.
As Universidades

 Custo de vida e dos estudos (Fernandes, Claro & Veiga, 2003).

O fardo que os pobres tinham que suportar foi aliviado na maioria das
universidades, mas nunca foi inteiramente retirado. Entre os custos de
vida encontrava-se uma elevada soma para alojamento e alimentação,
para o vestuário, calçado, roupa de cama, lavagem e remendo de roupas,
para conforto pessoal (banhos, barbeiro e médico), para combustível e
iluminação (velas), para as viagens entre a universidade e a terra, para os
mensageiros, para todo o género de actividades de lazer, para as multas e,
por fim, uma soma provável para os juros sobre o dinheiro emprestado
As Universidades

 Custo de vida e dos estudos (Fernandes, Claro & Veiga, 2003).

A mesada dos pais estava longe de ser suficiente, a não ser se estes fossem
particularmente ricos, portanto, os estudantes tinham que procurar outros meios de
sustento. Alguns resolviam o problema recolhendo lixo, varrendo o chão, ao serviço do
colégio ou de um professor, empregando-se como vigilantes de estudos ou preceptores.
Quem quisesse ou precisasse poderia ainda desempenhar as funções de criados
pessoais de professores, reitores, decanos, directores de faculdades e outros
funcionários superiores da universidade, de criados de dignitários da Igreja ou de
nobres ou ainda de estudantes abastados. Podiam ainda trabalhar como empregados e
porteiros, cozinheiros, ajudantes de cozinha e criados de mesa nos colégios, hospícios,
residências de estudantes; como serventes ou membros do coro nas igrejas da cidade;
como cantores de rua, como trabalhadores ocasionais no comércio, como vendedores
de, por exemplo, produtos alimentares da sua região natal, e também como pedintes .
As Universidades

 Custo de vida e dos estudos (Fernandes, Claro & Veiga,


2003).

 Também era possível tirar apontamentos nas aulas e depois vendê-los, ou recopiar
manuscritos. Sabe-se de um estudante que, ao recopiar a Bíblia, ia apontando nas
margens a descrição das suas proezas nocturnas. Existem também descrições
sobre os copistas irlandeses, que embora copiassem bem, bebiam muito, gastando
num dia o que tinham ganho numa semana; de um florentino que instalou um tear
de tecer seda; e de um outro que fez moedas falsas e foi parar à cadeia.
As Universidades

 Custo de vida e dos estudos (Fernandes, Claro &


Veiga, 2003).

 Contudo, estes trabalhos extras faziam com que chegassem por vezes atrasados
às aulas. Entre as desculpas que os manuais de boas maneiras sugerem aos
estudantes, por chegarem tarde a uma aula temos: "Tive uma dor de cabeça", ou
"acordei tarde", "tive de tratar o gado", "andei a ajudar na vindima ou nas
colheitas", "a fazer a cerveja", "serrar madeira", etc..
As Universidades

Quando não conseguiam resolver o problema, só lhes restava pedir ajuda à


família. As nações tinham organizado um serviço postal para esse efeito.
Havia escrivães públicas que ensinavam a redigir este género de cartas. Havia
mesmo livros com vários modelos de cartas de negócios, discursos, de amor e
outras especialmente comoventes destinadas aos pais: "Roubaram-me os
livros", "a vida é cara", "aqui faz um frio medonho e não tenho lenha para me
aquecer", "vejo-me obrigado a comer pão escuro e tripas", "o último correio
que devia trazer-me a mesada foi assaltado e roubado pelos bandidos" ou "há
dois anos que não bebo vinho, não corto a barba nem lavo a cara.".
As Universidades

Todos os pretextos serviam: "Minha querida irmã, eu


estudo bem, estou feliz e de boa saúde, mas ando
descalço e sem camisa, não tenho com que encher a
barriga, manda-me pois, dês soldos de Tours, mas não
digas nada aos pais."
O papel da Igreja durante a Idade Média

 Método (Escolástica) – lição (leitura de um texto e


explicação do texto) e disputa - professores e alunos
discutiam um tema filosófico (o exemplo do sexo dos anjos
tornou-se emblemático deste formato) ou uma questão de
direito. Quaestiones (problemas sujeitos a exame) e
disputationes (exposição de argumentos a favor ou contra)

Repetição da matéria.
O Nome da Rosa (filme). Cenário: Mosteiro Beneditino, 1327)
Síntese (Amado, 2007, p. 16)

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