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AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ESCOLARES NA CONSTRUÇÃO DA

AUTOESTIMA:
O IMPACTO DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS DO CONTEXTO ESCOLAR NO
DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE

Débora Carolina Longhini

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo demonstrar algumas das influências que as
relações interpessoais escolares exercem na estruturação da autoimagem. A
autoimagem por sua vez constitui parte fundamental para o desenvolvimento da
autoestima. Sendo assim, fica evidente a estreita ligação entre as relações
interpessoais na escola e a autoestima, impactando significativamente a
aprendizagem.

Palavras-chave: autoimagem, autoestima; personalidade; relações interpessoais.

ABSTRACT

The present work aims to demonstrate some of the influences that school
interpersonal relationships exert on the structuring of self-image. Self-image, in turn,
is a fundamental part of the development of self-esteem. Thus, the close connection
between interpersonal relationships at school and self-esteem is evident, significantly
impacting learning.

Keywords: self-image, self-esteem; personality; interpersonal relationships.


Professora efetiva da Sala de Leitura na E.E. Olívia Bianco pertencente à Rede Estadual de São
Paulo. Artigo apresentado como requisito parcial para aprovação do Trabalho de Conclusão do Curso
de Pedagogia Segunda Licenciatura.
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INTRODUÇÃO

Este estudo discute a questão proposta no título – o impacto das relações


interpessoais do contexto escolar no desenvolvimento da personalidade. Para isso,
foram revisitados textos de estudiosos das áreas de biologia, psicologia, psiquiatria,
psicanálise, neurologia e educação. Todas essas áreas do conhecimento se
articulam e contribuem para a compreensão global do ser humano.
Ao considerar o autoconceito como uma atitude valorativa que o indivíduo
constrói sobre si mesmo, espera-se evidenciar as questões simbólico-pessoais e o
papel que a relação com o outro exerce na construção da própria personalidade.
Muitas pesquisas reiteram o quanto é importante, para a aprendizagem, que o
indivíduo tenha uma boa imagem de si mesmo e de suas capacidades. Possuir ou
não um autoconceito positivo tem influência tanto na relação da pessoa consigo
mesma, quanto no seu relacionamento com o mundo que a cerca.
Nesse sentido, o presente trabalho pretende colaborar com educadores e
estudantes enfatizando a formação de um vínculo afetivo positivo capaz de
favorecer uma educação de excelência.

Pesquiso para constatar. Constatando, intervenho. Intervindo eu educo e


me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e anunciar à
comunidade a possibilidade de transformação. (Freire, Paulo).

AUTOIMAGEM

De acordo com o Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa Michaelis,


autoimagem define-se como “a concepção pessoal que um indivíduo tem de si
mesmo, da qual deriva a consciência de sua identidade, de seu papel social e de
seu valor”. Ainda considerando o significado do vocábulo em si, Evanildo Bechara
(2011) propõe como sinônimo “satisfação consigo mesmo, confiança”.
Nesse sentido, as relações interpessoais escolares e suas vivências são
essenciais para a estruturação psíquica, pois trata-se do feedback do meio social
que lapida comportamentos e confere valores intimamente relacionados com a
construção da autoestima.
Podemos perceber que a autoimagem é a pedra fundamental sobre a qual se
estabelece a valorização do indivíduo. Portanto, um indivíduo que tem um conceito
negativo acerca de si mesmo, muito provavelmente desenvolverá o que comumente
chamamos de baixa estima ou autoestima negativa.
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AUTOCONCEITO OU AUTOIMAGEM COMO FUNDAMENTOS DA


AUTOESTIMA

Podemos considerar que o autoconceito influencia, peremptoriamente, a


maneira como uma pessoa percebe os conceitos, os objetos e as outras pessoas de
seu meio. É na relação com o outro que a personalidade se estrutura e, a partir da
personalidade, o comportamento e a forma de se relacionar com o mundo.
Fenichel (1981) afirma que “inicialmente sentimo-nos onipotentes pois
englobamos o mundo exterior como parte de nós”. A medida que o ego se separa do
mundo externo através de um processo gradativo que se dá na experiência social, o
indivíduo forma o conceito sobre si próprio e sobre o mundo que o rodeia atribuindo
juízo de valor a si, aos eventos, aos objetos e a tudo que o circunda.
Segundo Alethéa Kennerly (2006) o autoconceito é consequência das
avaliações realizadas pelas pessoas do ambiente mais próximo. Ele é constituído
pela estima e pelos sentimentos que o indivíduo desenvolve acerca do seu próprio
eu. É por isso que o autoconceito desempenha um papel central no psiquismo do
indivíduo. Trata-se de uma base extremamente importante para a experiência vital.
Ela permeia toda a saúde psíquica, a atitude para consigo mesmo e para com os
demais e, principalmente, o desenvolvimento construtivo da personalidade. É como
se o indivíduo, de alguma forma, correspondesse ao que se espera dele.
Considerando esse processo, percebemos que nem todas as pessoas que
cercam a criança têm a mesma influência na formação de seu autoconceito, pois
inicialmente, ela recebe informações sobre si mesma quase que exclusivamente dos
pais e dos familiares próximos. Sem dúvida, à medida que a criança cresce,
aparecem outras pessoas significativas como os professores, os colegas e os
amigos.
O ambiente escolar pode corroborar com os conceitos previamente
estabelecidos pelo núcleo familiar fortalecendo-os, ou conflitar-se com estes. A
medida que as relações interpessoais se expandem, tornam-se fundamentais para a
estruturação do indivíduo como ser social, pois a escola é o ambiente em que as
relações são inerentes ao desenvolvimento do trabalho em si.

A AUTOESTIMA E O PROCESSO EDUCACIONAL

Possuir ou não um autoconceito positivo tem influência tanto na relação da


pessoa consigo mesma, quanto nos seus relacionamentos com os outros. Para
Santos (2027), a autoestima é formada em diversas fases e está sujeita a
mudanças, por isso a base familiar e escolar precisa ser segura, possibilitando a
superação das dificuldades da vida com mais facilidade. É notório que a autoestima
surge com o sentimento, experimentado pela criança, de que pode ser amada e de
que é digna. Porém, nem sempre isso acontece surgindo a baixa autoestima.
É importante lembrar que, segundo Daniel Goleman (1995), crianças que
recebem mensagens consistentes na infância tornam-se mais aptos para
desenvolver plenamente sua inteligência.
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Não podemos deixar de destacar que “tornar-se pessoa” no contexto


educacional perpassa pelo entendimento das ideias de Vygotsky (apud GAUTHIER,
2010) quando ele afirma que “o desenvolvimento da aprendizagem está inter-
relacionado com o meio físico e social”, pois é onde a criança realiza uma série de
aprendizados, observando, experimentando, imitando e recebendo informações das
pessoas que a cerca. Afinal, ela é membro de um grupo sociocultural. Dessas
relações resulta o seu desenvolvimento mental que vai se transformando, assim
como o seu meio, numa construção permanentemente dinâmica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Encontrar a fonte da baixa autoestima de uma criança não é fácil. Por vezes,
as mensagens enviadas pelas pessoas significativas à criança são recebidas por
esta de forma vaga e sutil. Ainda, a criança ornamenta essas mensagens com
fantasias próprias. Não esquecendo que a autoestima rebaixada pode também
resultar de ou ser reforçada por situações e eventos sobre os quais os pais não têm
controle, ou nem sequer têm conhecimento.
Todas essas questões se articulam constituindo a personalidade e modelando
a forma de interação social de cada indivíduo. O meio tanto influencia como é
influenciado por essas interações.
Além dos eventos particulares de cada história pessoal, nossa sociedade atual
nutre uma visão equivocada da criança como mini adulto ou como ser incompleto,
não respeitando a plenitude característica dessa fase do desenvolvimento. Sem
dúvida isso leva à deterioração do senso de valor próprio da criança, impactando a
forma como ela interage no meio social e adquire conhecimento.
As situações de aprendizagem estão para além do conteúdo formal pois a
excelência acadêmica é atingida no desenvolvimento pleno do homem integral em
suas esferas física, psíquica e social.
Nesse sentido, a escola está a todo o momento, buscando mudanças para
melhorar a qualidade do ensino. O professor, em sua prática, tem a oportunidade de
utilizar metodologias que se baseiam no respeito pela produção do estudante,
valorizando não só o que ele consegue fazer, mas também incentivando o que pode
vir a fazer.
Esse movimento impele o professor a rever suas práticas pedagógicas
oferecendo além do conhecimento cognitivo, a afetividade nesta relação,
favorecendo assim, um melhor desempenho.

“O outro guarda um segredo: o segredo do que eu sou.” (J. P. Sartre).


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REFERÊNCIAS

GAUTHIER, Clemont et col. A pedagogia: Teorias e práticas da Antiguidade aos


nossos dias, Petrópolis: 2010.

GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. 12ª Ed. p. 295- 299. REPENSANDO


ESCOLAS: O ENSINO PELO SER, COMUNIDADES QUE SE ENVOLVEM, Rio de
Janeiro: Objetiva, 1995.

SANTOS, Adriana Aparecida. Revista gestão universitária. A INFLUÊNCIA DA


AUTOESTIMA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO
INFANTIL. Disponível em: http://gestaouniversitaria.com.br/artigos/a-influencia-da-
autoestima-no-processo-de-ensino-aprendizagem-na-educacao-infantil. Acesso em:
06/04/2022.

COLACITI, Alethéa Kennerly. A construção do autoconceito na infância: sua


importância no processo de desenvolvimento da criança. REVISTA CIENTÍFICA
ELETÔNICA DE PSICOLOGIA – ISSN: 1806-0625. Ano IV – Número 7 – Novembro
de 2006 – Periódicos Semestral. Acesso em: 05 abr.2022.

FENICHEL,Otto. Teoria psicanalítica das neuroses. ONIPOTÊNCIA E


AUTOESTIMA, Rio de Janeiro: Atheneu, 1981.

BECHARA, Evanildo. Dicionário da língua portuguesa Evanildo Bechara, - 1ed.


– Rio de Janeiro : Editora Nova Fronteira, 2011.

MICHAELIS. Autoestima. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/busca?


r=0&f=0&t=0&palavra=autoestima. Acesso em: 04 abr. 2022.

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