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Autovalorização

Maria Aparecida Gonçalves Evangelista1


Dinâmica de grupo e relacionamento interpessoal

Resumo
Este artigo tem por objetivo esclarecer conceitos de auto- estima, autoimagem e a relação
destes com a estética, caracterizando- se como uma pesquisa bibliográfica do tipo explicativa,
por ter sido elaborada a partir de consultas em livros, artigos científicos e sites a base de
dados. O autoconceito de uma pessoa configura-se constantemente nas interações sociais com
os demais. Assim, a percepção que o sujeito tem sobre si mesmo está determinada pela
percepção das reações que os outros (no social) têm para com ele.

Palavra-chave: Autoimagem, Autoestima, Autoconceito.

Introdução

Para Gouveia et al (2005) autoimagem expressa a percepção que a pessoa tem de si e de seu
reflexo em comparação ao retorno de sentimentos pensamentos ou ações em seus
relacionamentos interpessoais. Sapountzi-Krepia et al (2001 apud SILVA: SILVA, 2004) cita
que quando se fala de autoimagem, refere-se ao reflexo que cada um vê ao se posicionar de
frente ao seu “espelho interior” e aos sentimentos e pensamentos gerados por essa
visualização. Visualização esta que envolve atitudes que o ser experimenta como pertencendo
ao corpo, habilidades e emissão do poder físico. O autor aponta também que doenças
orgânicas que afetam as estruturas do corpo podem alterar a imagem de uma pessoa.
Dependendo do significado emocional que essa mudança tem para o indivíduo, essas
.
1
Concludente do curso de Pós-graduação em Educação Especial com ênfase em deficiência
intelectual, física e psicomotora Institucional e Graduada em Licenciatura em História UNEB.
E-mail: Katehrinemary0508@gmail.com
alterações podem mudar o tratamento da sociedade para com a pessoa, causando,
principalmente, mudanças em sues padrões de auto aceitação, em seu desenvolvimento
cultural, e em suas relações. Com isso a autoimagem influencia diretamente a auto estima do
indivíduo2. Para compreender a imagem de si, torna-se necessário compreender a formação da
imagem: trata-se de um fenômeno psíquico que possibilita ao sujeito representar e registrar os
eventos vividos e/ou percebidos. A imagem forma-se como representação visual, que interfere
na maneira como o sujeito percebe, reage e interage com o meio social. A imagem é captada
pelo sujeito enquanto absorção psíquica, sendo passível de ambiguidades, em função de sua
evanescência e da possibilidade de sofrer distorções, podendo acarretar uma discrepância
entre a reprodução da realidade e as condições evanescentes da imagem. A imagem implica a
condição fundamental de reproduzir-se a partir de outras imagens impressas na subjetividade
(Andrade, 2003).

Todas as facetas da experiência pessoal sofrem interferência da forma como o sujeito se vê,
como ele se relaciona com outras pessoas e com as situações da vida e como reage a elas. O
desenvolvimento e a proteção da imagem de si relacionam-se com a capacidade da auto
avaliação adequada de sentimentos e comportamentos. Como um conceito pessoal, a imagem
de si habita a subjetividade do sujeito: o que ele pensa e sente sobre si mesmo e não o que o
outro, ou o meio social, pensa sobre ele. Como experiência íntima, essencial para uma vida
satisfatória, a autoestima exerce influência na interação do sujeito com o mundo3.

Desenvolvimento

2
FLORIANE, Flavia Monique. MARCANTE, Margara Dayana da Silva. BRAGGIO, Laércio
Antônio. Autoestima e autoimagem: a relação com a estética. Curso de Cosmetologia e
Estética da Universidade do vale do Itajaí- UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina.
3
FLORIANE, Flavia Monique. MARCANTE, Margara Dayana da Silva. BRAGGIO,
Laércio Antônio. Autoestima e autoimagem: a relação com a estética. Curso de Cosmetologia
e Estética da Universidade do vale do Itajaí- UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina.
Mosquera (apud MOSQUERA; STOBÄUS; JESUS; HERMÍNIO, 2006, p. 4) diferencia a
autoimagem da autoestima ao considerar a primeira como o “[...] (re) conhecimento que
fazemos de nós mesmos, como sentimos nossas potencialidades, sentimentos, atitudes e ideias
[...]”, e a segunda como o “[...] quanto gostamos de nós mesmos, nos apreciamos [...]”.
Ademais, salienta (p. 53- 54) que a autoimagem e a autoestima “[...] estão intimamente
ligadas ao processo de identidade e que, de certa maneira, formam uma estrutura persona
lógica que se interinfluencia, o que ajuda o indivíduo a ter coerência e consistência pessoais”.
Goñi e Fernández (2009) colocam que a heteroestima (estima/apreciação dos demais para
com a pessoa) serve como base para a autoestima, primeiramente vinda do ponto de vista dos
pais e cuidadores mais próximos, depois dos outros familiares, dos seus professores e do seu
círculo de amizades. A partir disso, a pessoa constrói um marco interpretativo próprio, ao
longo de todo seu desenvolvimento, que permite que a autoestima não se modifique a cada
opinião alheia, mas pode modificar-se quando necessário.

Mosquera, Stobäus, Jesus e Hermínio (2006), baseados nas ideias de García del Cura,
apresentam traços do que poderia-se considerar como uma autoestima mais real e positiva: ser
seguro e confiar em si mesmo, buscar momentos de felicidade, reconhecer suas
qualidades/defeitos, não considerar-se superior (nem inferior) aos demais, ser flexível, aberto
e compreensivo, ter capacidade de superar seus fracassos, saber estabelecer relações saudáveis
com os demais, ser crítico, construtivo e coerente consigo e com os outros.

Os autores destacam que, ao possuirmos uma autoimagem e uma autoestima mais


positivas/reais, favorecemos nossas relações interpessoais, pois nos conhecemos melhor e
gostamos mais de nós mesmos e conseguimos entender e gostar dos outros, tornando-nos
pessoas mais afetuosas e respeitadoras das individualidades e diferenças. Neste sentido, o
desenvolvimento de um real e coerente autoimagem e autoestima é de fundamental
importância para eu relacionar-me com os demais na sociedade4.

4
MENDES, Aline Rocha. DOHMS, Karina Pacheco. LETTNIN, Carla. ZACHARIAS,
Jamile. MOSQUERA, Juan José Mouriño. STOBAUS, Claus Dieter. Autoimagem,
autoestima e
Zacharias (2012) destaca que o autoconceito se relaciona com a percepção que a pessoa tem
de si, sendo esta proveniente de interações entre o sujeito e o seu meio social. Ademais, o
autoconceito contém um caráter descritivo, relacionado à autoimagem, e um avaliativo, que
diz respeito à autoestima. Portanto, a autoimagem é uma descrição que a pessoa faz de si, a
forma como ela se vê, estando esta percepção também relacionada ao modo como os outros a
percebem. Por seu turno, a autoestima é uma avaliação que o sujeito faz de si, estando esta
valoração relacionada também com o modo como os outros o avaliam5.

Na segunda metade do século XX, a Psicologia Social e a Psicologia


Cognitiva complementaram os estudos sobre o autoconceito. Goñi e
Fernández (2009) esclarecem que a Psicologia Social ressalta a importância
de que determinadas condições ambientais, como as experiências em grupos
familiares, também contribuem para a formação do autoconceito. Já a
Psicologia Cognitiva passa a considerar o self como um esquema, uma
estrutura hierárquica de valores, que permite ao sujeito ordenar informações
a respeito de si mesmo, podendo este esquema ser modificado pela
experienciação e ser atualizado de forma contínua 6.

Shavelson et al. (apud GOÑI; FERNÁNDEZ, 2009, p. 32) definem o autoconceito como “a
percepção que uma pessoa tem de si mesma, que se forma a partir das experiências e relações
com o meio, em que desempenham um importante papel tanto os reforços ambientais como os
outros significativos”. Mas Goñi e Fernández (2009) consideram que o autoconceito tem um
aspecto descritivo, ou seja, a pessoa faz descrições de si mesma, por exemplo, sobre seus
atributos físicos, suas características de comportamento, suas qualidades emocionais, com um
aspecto avaliativo, ou seja, ela realiza uma (auto) avaliação sobre suas condutas e
qualidades/defeitos. Portanto, é uma (auto) percepção, uma ideia mais real que a pessoa tem
de si mesma7.
5
MENDES, Aline Rocha. DOHMS, Karina Pacheco. LETTNIN, Carla. ZACHARIAS,
Jamile. MOSQUERA, Juan José Mouriño. STOBAUS, Claus Dieter. Autoimagem,
autoestima e autoconceito: Contribuições pessoais e profissionais na docência. IX ANPED
Sul, seminário de pesquisa em educação da região sul 2012.
6
MENDES, Aline Rocha. DOHMS, Karina Pacheco. LETTNIN, Carla. ZACHARIAS,
Jamile. MOSQUERA, Juan José Mouriño. STOBAUS, Claus Dieter. Autoimagem,
autoestima e autoconceito: Contribuições pessoais e profissionais na docência. IX ANPED
Sul, seminário de pesquisa em educação da região sul 2012.
7
MENDES, Aline Rocha. DOHMS, Karina Pacheco. LETTNIN, Carla. ZACHARIAS,
Jamile. MOSQUERA, Juan José Mouriño. STOBAUS, Claus Dieter. Autoimagem,
autoestima e autoconceito: Contribuições pessoais e profissionais na docência. IX ANPED
Sul, seminário de pesquisa em educação da região sul 2012.
Autoimagem

A autoimagem também constitui uma atitude diretamente relacionada à autoestima. Estudo


clássico de Erthal considera o conceito do self importante para a compreensão da
autoimagem. A maneira do indivíduo se ver em relação ao mundo servirá de “bússola” para
todos os seus comportamentos, durante a vida. Dessa forma, uma ansiedade pode decorrer da
divergência entre a imagem que o indivíduo tem de si e aquela que na realidade ele expressa.
Segundo o autor, pode-se negar a realidade externa a título de manutenção da autoimagem ou
aceitar as evidências e reformula tal percepção. Daí utilizar o chamado “self – fenomenal”
como sinônimo de autoimagem. A autoimagem acaba por ser uma forma do indivíduo se ver,
posto que apreende as informações que lhe são fornecidas e, muitas vezes, impostas ao seu
comportamento, à sua aparência física e à sua produção cognitiva.
A autoimagem tem função adaptativa e reguladora uma vez que incorpora memórias
episódicas e semânticas, traços e valores que concorrem para a manutenção e estabilidade do
self, permitindo às pessoas fazerem projeções para suas vidas e se auto avaliarem, planejando
e avaliando o desempenho de seus papéis, entre outros8.
Os estudos realizados por Morris Rosenberg sobre autoestima são bastante representativos
para explicação das condições associadas à sua elevação ou Diminuição. Para o autor, a
autoestima se divide em baixa, média e alta autoestima. A baixa autoestima se refere às
dificuldades do indivíduo que o incapacitam a enfrentar problemas; a média autoestima diz
respeito ao alternar-se entre sentimentos de auto aprovação e autor rejeição e a alta autoestima
corresponde ao autojulgamento que o sujeito faz de si, valorizando-se, apresentando
sentimentos de competência e autoconfiança9.
Com o objetivo de avaliar a autoestima, em sentido global, Rosenberg propôs sua escala,
conhecida por Escala de Autoestima de Rosenberg (EAR). Segundo o autor, a autoestima é
um componente fundamental da saúde mental e social do ser humano. Indica o ajuste do
indivíduo a sociedade em que vive. Refere-se à relação positiva ou negativa que o indivíduo
tem com um “objeto”. Traduz o próprio self. A Escala de Autoestima de Rosenberg (EAR) é
constituída por dez assertivas: 5 (cinco) se referem à autoimagem ou ao autovalor positivos e
8
SCHULTEISZ, Thais Sisti de Vicennzo. APRILLE, Maria Rita. Auto estima, conceitos
correlatos e avaliação. Revista Equilíbrio Corporal e Saúde, 2013;5(1):36-48.
9
Idem.
5 (cinco) à autoimagem negativa ou auto depreciação. As alternativas de respostas são
apresentadas no formato Likert de quatro pontos, alterando entre "concordo totalmente" e
"discordo totalmente"10.
O termo autoimagem é utilizado para a forma como o indivíduo se enxerga, seja em relação à
sua aparência física ou seu status social, podendo ser até um conjunto desses dois fatores.
Segundo Mosquera e Stobäus (2006) “A autoimagem surge na interação da pessoa com seu
contexto social, consequência de relações estabelecidas com os outros e para consigo mesmo.
” Jackson (1999) explica que “Uma tensão gerada quando há discordância ou discrepância
entre a imagem real do corpo, a imagem projetada sobre o corpo e uma imagem idealizada
para o corpo. (P.156) ” Segundo Coopersmith (1967) citado por Gobitta e Guzzo (2002), as
pessoas que solicitam ajuda psicológica expressam com frequência sentimentos de
inadequação, pouco valor e ansiedade associada à baixa autoestima. A baixa autoestima e
autoimagem negativa podem refletir de forma impactante na saúde psicológica do ser
humano, podendo culminar em um diagnóstico de depressão, ou de outros transtornos
psicológicos11.

Autoestima

Autoestima é o apreço que sinto por mim, é o sentimento que tenho perante uma auto
avaliação. Não significa ter orgulho, soberba ou sentimento de superioridade. Significa eu me
amar e me aceitar mesmo reconhecendo minhas fraquezas e meus defeitos. A forma como eu
me vejo, a minha autoimagem e a forma como eu me percebo, o meu autoconceito
influenciam diretamente o nível e a qualidade de autoestima. Depende de como o indivíduo
concebeu sua imagem e através desta imagem qual o conceito criou de si mesmo, desta junção

10
SCHULTEISZ, Thais Sisti de Vicennzo. APRILLE, Maria Rita. Auto estima, conceitos
correlatos e avaliação. Revista Equilíbrio Corporal e Saúde, 2013;5(1):36-48.
11
LAZANHA, Tainara Rodrigues. PARMEZANO, Bianca Caetano Balsimelli. MOLEDO,
Bianca de Oliveira. AZEM, Julia Tessaro. OLIVEIRA, Yanna Cano de. A importância da
autoestima e autoimagem no desenvolvimento humano: analise de produção cientifica. 16º
Congresso Nacional de iniciação cientifica.
nasce a autoestima, que para ser satisfatória depende da qualidade da autoimagem e do
autoconceito12.
William James (1890) defendia que a Autoestima englobava todos os atributos da pessoa, isto
é, o corpo, habilidades sociais, família, bens, etc. Sendo que se algum destes atributos fosse
diminuído, consequentemente, a pessoa sentir-se-ia diminuída. Dito isto, o autor definiu a
Autoestima como a razão entre o sucesso e as aspirações pessoais, enfatizando a forma de
gerar autoestima através do aumento do numerador – sucessos – ou o diminuir do
denominador – as pretensões que aspiramos.
Bednar e Peterson (1995) definem a autoestima como o “sentimento duradouro e afectivo de
valor pessoal, baseado em auto percepções precisas”. Segundo estes autores a autoestima
relaciona-se mais com a forma como as pessoas interpretam os feedbacks dos outros, em
detrimentos do conteúdo dos próprios feedbacks. Ainda assim, é de notar a influência que o
meio intrínseco da pessoa possui para estimar os níveis de autoestima, uma vez que, uma
pessoa que acredite em si própria e seja detentora de uma autoestima adaptativa tolera
eficazmente os feedbacks do exterior. Deste modo, pessoas com autoestima elevada possuem
um raciocínio pessoal de adequação a determinada situação, juntamente com uma sensação de
satisfação face às necessidades anteriores, o que conduz à procura de papéis profissionais que
sejam congruentes com as características de auto avaliação. Por outro lado, pessoas com baixa
autoestima13a são caracterizadas por um sentimento de inadequação pessoal, e uma
incapacidade de atingir a necessidade de satisfação com o passado (Korman, 1967).

Considerações finais
https://academiadeautoestima.com/auto-imagem-auto-conceito-auto-estima/.
12

13
GUERREIRO, Dina Patricia das Neves Vieria. Necessidade Psicológica de
Autoestima/Autocrítica: Relação com Bem-Estar e Distress Psicológico. Universidade de
Lisboa. Faculdade de Psicologia. 2015.
Podemos concluir que o estudo do autoconceito pode ser explicado e entendido por meio dos
diferentes enfoques psicológicos abordados até então. Os autores destacam que, ao
possuirmos uma autoimagem e uma autoestima mais positivas/reais, favorecemos nossas
relações interpessoais, pois nos conhecemos melhor e gostamos mais de nós mesmos e
conseguimos entender e gostar dos outros, tornando-nos pessoas mais afetuosas e
respeitadoras das individualidades e diferenças. Neste sentido, o desenvolvimento de uma real
e coerente autoimagem e autoestima é de fundamental importância para eu relacionar-me com
os demais na sociedade.
Referência Bibliográfica

FLORIANE, Flavia Monique. MARCANTE, Margara Dayana da Silva. BRAGGIO, Laércio


Antônio. Autoestima e autoimagem: a relação com a estética. Curso de Cosmetologia e
Estética da Universidade do vale do Itajaí- UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina.

GUERREIRO, Dina Patricia das Neves Vieira. Necessidade Psicológica de


Autoestima/Autocrítica: Relação com Bem-Estar e Distress Psicológico. Universidade de
Lisboa. Faculdade de Psicologia. 2015.

https://academiadeautoestima.com/auto-imagem-auto-conceito-auto-estima/.

LAZANHA, Tainara Rodrigues. PARMEZANO, Bianca Caetano Balsimelli. MOLEDO,


Bianca de Oliveira. AZEM, Julia Tessaro. OLIVEIRA, Yanna Cano de. A importância da
autoestima e autoimagem no desenvolvimento humano: analise de produção cientifica. 16º
Congresso Nacional de iniciação cientifica.

MENDES, Aline Rocha. DOHMS, Karina Pacheco. LETTNIN, Carla. ZACHARIAS, Jamile.
MOSQUERA, Juan José Mouriño. STOBAUS, Claus Dieter. Autoimagem, autoestima e
autoconceito: Contribuições pessoais e profissionais na docência. IX ANPED Sul, seminário
de pesquisa em educação da região sul 2012.

SCHULTEISZ, Thais Sisti de Vincenzo. APRILLE, Maria Rita. Auto estima, conceitos
correlatos e avaliação. Revista Equilíbrio Corporal e Saúde, 2013;5(1):36-48.

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