Você está na página 1de 12

TERAPIA ABA: DESENVOLVENDO HABILIDADES SOCIAIS EM CRIANÇAS COM

TEA

1. INTRODUÇÃO

Gomes e Silveira (2016, p. 15) “definem autismo como um transtorno que


acomete a sequência e a qualidade do desenvolvimento infantil, caracterizado por
alterações significativas na comunicação e na interação social e pela presença de
interesses restritos e comportamentos repetitivos”.
Segundo o DSM-V(Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais,
APA, 2013), um dos critérios diagnósticos para o Transtorno do Espectro autista
(TEA), é o déficit na comunicação social e na interação social em múltiplos
contextos, como; déficits na reciprocidade sociemocional, variando, por exemplo, de
abordagem social anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa normal a
compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto, a dificuldade para
iniciar ou responder a interações sociais.
O autismo é um transtorno global da evolução que sua manifestação se da
anterior aos três anos de idade e afeta severamente a tríade: comunicação,
interação social e comportamento. Não tem causa definida, porém, alguns estudos
evidenciam causas biológicas, pré-natais, entre outros. É mais prevalente em
meninos tem como características: atraso na aquisição da fala, ecolalia, estereótipo,
dificuldade na interação social e alteração no comportamento (DSM-V-TR, 2013).
O autismo surgiu a partir de estudos de Kanner (1943, p. 217-250), no artigo
intitulado: Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo (Autistic Disturbarices of Affective
contact), na Revista Nervous Children. Nessa primeira publicação, apresentou que o
“isolamento autístico”, se apresentava em certas crianças desde o inicio da infância
relatando que se tratava de um distúrbio inato.
Sampaio e Freitas (2011) entende que o Transtorno do Espectro Autista
(TEA), é agregado a vários problemas neurológicos ou neuroquímicos, entretanto,
atualmente não se encontrou nenhum exame para investigar sua origem.
Geralmente os diagnósticos são avaliados através de avaliações clinicas, nas
observações dos sintomas em que a pessoa apresenta.
De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria (2002, p. 32) um
sujeito com autismo frequentemente pode demonstrar dezoito classes de
comportamentos.
Para Silva et al. (2012), o autismo exibe desajustes relacionadas a não
interação social, comunicação e inadequações comportamentais. Quanto mais cedo
se descobre o diagnostico mais eficiente será o seu tratamento.
Abreu-Rodrigues e Ribeiro (2007, p.116) definem a “Analise do
comportamento como uma ciência do comportamento fundamentada na filosofia do
Behaviorismo Radical e que tem como objeto de estudo a interação do individuo com
o ambiente”. Essa ciência iniciou com trabalhado sobre processos básicos de
aprendizagem desenvolvidos por Skinner na década de 1930. Nessa perspectiva a
Analise do Comportamento como ciência tem como objetivo elaborar princípios
comportamentais gerais empregados de forma igual em humanos e não humanos,
em nível de laboratório e demais ambientes.
Portanto, “a aplicação dos princípios dessa ciência para a resolução de
problemas socialmente relevantes é chamada de Analise do Comportamento
Aplicada ou simplesmente ABA, sigla derivada do termo original em inglês” Applied
Behavior Analysis” (GOMES; SILVEIRA, 2016, p. 15). A prática desses princípios
não ocorre de maneira exclusiva em pessoas com TEA; ela abrange uma variedade
de campos, incluindo a educação, psicologia, fonoaudiologia, dentre outros, ou seja,
podendo utilizar ABA qualquer demanda comportamental socialmente relevante.
Segundo os experimentos desenvolvidos por Skinner com pombos e ratos por
meio da conhecida Caixa de Skinner “que permitia o controle automatizado” da
apresentação de eventos ambientais antes e após a ocorrência de uma resposta
arbitrariamente definida (tradicionalmente, bicar um disco transiluminado, no caso
dos pombos, e pressionar uma barra, no caso dos ratos). Quando os animais
efetuavam a resposta requerida o aparato disponibilizava, por exemplo, um bocado
de ração. “O ambiente do animal era organizado de modo que seu comportamento
operava sobre o ambiente, produzindo uma consequência, dai o nome
comportamento operante”. (HUBNER; MOREIRA et al. 2013, p. 23 - 24).
Análise do Comportamento Aplicado (ABA), tem como “objetivo em suas
intervenções com pessoas com Transtorno do espectro autista (TEA), desenvolver
repertórios de habilidades sociais e diminuir os comportamentos inadequados,
utilizando os métodos dos princípios comportamentais” (GOULART; ASSIS, 2002, p.
3).
As intervenções da terapia comportamental podem ser de grupo ou individual,
sendo necessárias, orientações à família e visitas periódicas na escola, é importante
que aconteça essa troca de informações entre escola, família e equipe para que
sejam encontradas formas mais adequadas de lidar com as dificuldades da criança e
juntos analisarem o comportamento, para melhor intervenção terapêutica.
Para Fialho (2017), a estimulação precoce, ainda na infância, de pessoas com
TEA, a fim de construir habilidades sociais é de fundamental importância para a
instalação de repertórios necessários para as interações e o desenvolvimento destas
pessoas.
Nessa perspectiva, o treino de THS (treino de habilidade social) é de suma
importância, pois ajudará preparar o individuo para situações novas, antecipando os
acontecimentos, de forma bem objetiva, utilizando uma linguagem mais clara e
através de imagens. Estudos comprovam a melhoria de alguns pacientes TEA após
as intervenções de alguns procedimentos básicos de THS (modelação, ensaio
comportamental, reforçamento, etc.) Essas intervenções tem objetivo de preparar o
individuo para algumas situações novas, como também á se comunicar, interagir e
ter atenção à outra pessoa.
Caballo (1996) ressalta que o contato visual é muito importante para se
trabalhar, pois geralmente crianças com TEA apresentam dificuldade de olhar
enquanto fala, e olhar para outra pessoa enquanto fala com ela, significa que esta
com interesse pelo o que o outro está falando, o olhar esta acompanhado da fala,
que é empregada junto com a conversação, para sincronizar, se o ouvinte olhar
mais, produz mais resposta por parte de quem fala, o olhar é uma forma de reforço
para quem fala isso faz com que o falante se sinta mais segura ao falar e a
probabilidade de continuar a conversação é maior.
De acordo com Fialho (2017), vale destacar que para iniciar o treino de
conversação, a criança deve ter um bom repertório verbal estabelecido. Para isso,
utilizam-se pistas visuais (imagens de temas de interesse e rotina das crianças) com
o intuito de falar sobre o conteúdo, responder perguntas com uso de dicas verbais
pelo terapeuta e reforçadores atrativos para a criança.
Outro instrumento terapêutico usado para o THS citado por Fialho (2017),
refere-se as histórias sociais, onde são confeccionados livros curtos contendo uma
imagem e uma frase por página apresentando o passo a passo da interação social
que se deseja ensinar. Esse material, portanto, deve ser lido com a criança e em
seguida, deve-se encenar a interação a fim de treinar cada repertório.
O ensaio comportamental é o mais utilizado no procedimento de THS, pois
no ensaio comportamental o paciente representa cenas curtas que simulam
situações da vida real, com objetivo de aprender e modificar modos de respostas
não adaptativas, substituindo-as por novas respostas. Ou seja, o ensaio ajuda o
paciente a vivenciar algumas situações ao qual apresenta dificuldade, e os demais
ou o terapeuta ajuda utilizando á modelação, que é utilizada para expor o paciente a
um modelo que mostra corretamente o comportamento que esta sendo o objetivo do
treinamento e permite à aprendizagem observacional desse modo de atuação.
O feedback e reforçamento são dois elementos fundamentais do THS, pois o
reforçamento está presente ao longo de todos as sessões do THS e serve tanto para
adquirir novos comportamento, recompensando aproximações sucessivas, como
para aumentar determinados comportamentos adaptativos no paciente, o reforço
pode ser através de gesto positivos e elogios. Já o feedback proporciona
informações especifica ao sujeito, essencial para o desenvolvimento e melhora de
uma habilidade, com feedback poderá mostrar os acertos e onde precisa melhorar
mais, com isso ajuda o paciente ater uma nova visão sobre o comportamento.
Segundo Caballo (1996), a aquisição de novos comportamentos no THS
baseia-se na melhora progressiva dos diferentes componentes moleculares que
compõe cada comportamento.
Para Sargi (2017), três pilares devem orientar o trabalho com habilidades
sociais: referencial teórico, instrumento de avaliação e análise da cultura. Dessa
forma, a atuação profissional não perde seu caráter científico e evitam-se as
inferências do que se considera socialmente adequado ou não.
Habilidade social pode ser definida como emissão de vários comportamentos
diante de situações. Quando se fala de habilidade social, não pode esquecer-se de
olhar para historia social ao qual o individuo este inserido. Segundo Caballo
(2006) citado por Sargi (2017) tal habilidade é concebida como a expressão de
comportamentos emitidos por um indivíduo em um contexto interpessoal, no qual manifesta
sentimentos, atitudes, opiniões, ações de modo adequado à situação, respeitando as ações
do outro, de modo a solucionar conflitos e minimizar a probabilidade de futuros problemas.
Destaca ainda que o comportamento socialmente habilidoso é aprendido sendo considerado
um padrão modificável.
Caballo (1996) apresentou estudos sobre as habilidades sociais e as
expressões de atitudes, sentimentos, opiniões e desejos, não se esquecendo do
respeito mutuo, com objetivos de resolução de problemas imediatos e diminuição de
problema futuros.
O presente artigo tem por objetivo apresentar o treinamento de habilidade
social, com as intervenções baseadas na analise do comportamento, através de
terapia grupal em crianças com TEA (transtorno do espectro autista).

2. METODOLOGIA

Para realização da presente pesquisa foi feita uma revisão sistemática que
constitui um processo de reunião, avaliação crítica e sintética de resultados de
múltiplos estudos.
Essas revisões são avaliadas como estudos observacionais retrospectivos ou
estudos experimentais de recuperação e análise crítica da literatura. Têm como
objetivos testar hipóteses, fazer um levantamento, congregar, ponderar criticamente
a metodologia da pesquisa e resumir os resultados de múltiplos estudos primários.
Reúne e sistematiza os dados dos estudos primários. É ponderada a evidência
científica de maior grandeza e são recomendadas na tomada de decisão na prática
clínica ou na gestão pública (GIL, 2010).
Os critérios de inclusão estabelecidos para selecionar os artigos publicados
foram: terem sido publicados no período de 2010 a 2017; disponíveis em linguagem
portuguesa com texto completo, que contemplem o tema abordado. Foram excluídos
os artigos que não se enquadrem nos objetivos do trabalho, aqueles cujos textos
não estavam de forma integral, além de cartas, editoriais e comentários. As buscas
foram realizadas no período de julho a setembro de 2017.
O levantamento de informações foi realizado nas seguintes bases de dados:
SciELO – Scientific Eletronic Library Online; LILACS (Literatura Latino-Americana e
do Caribe em Ciências da Saúde); PUBMED (National Library of Medicine and
National Institutes of Health) e obras de autores como: Kanner (1948), Salter (1949),
Caballo (1996), Del Prette et al. (2005) dentre outros.

3. RESULTADOS

Seis trabalhos foram selecionados para integrar este estudo, cujos anos de
publicação variaram entre 2010 e 2017, conforme descrito anteriormente, com maior
quantidade produzida no ano de 2016 segundo as bases de dados. Os métodos
TEACCH, ABA e PECS foram os mais comentados pelos autores. O Quadro 1
apresenta o título de cada trabalho, respectivos autores, ano de publicação e foco da
pesquisa, para facilitar a visualização dos resultados obtidos

Quadro I – Obras selecionadas conforme critérios de inclusão


Autor/ano Objetivos Metodologia Resultados
Dias (2017). Analisar como as Pesquisa bibliográfica com
O psicólogo
estratégias de intervenção levantamento nas bases de
escolar poderá
na análise do dados como Scielo, Pepsic,
proporcionar nesse
comportamento podem Google Acadêmico, Revista
espaço um ambiente
auxiliar os alunos autistas Autismo, Projeto Integrar,
democrático, onde se
no contexto escolar ITCR-campinas
possa discutir acerca
das demandas
trazidas pelos
professores, bem
como trazer
intervenções para
que as práticas
educacionais possam
ser aplicadas de
maneira a
proporcionar um
melhor
desenvolvimento de
alunos com alguma
deficiência.
Ribeiro Realizar uma revisão sobre Dividido em tópicos da Apesar de existir
(2016). os métodos de intervenção seguinte forma: breve inúmeras intervenções
com a criança autista no reflexão sobre o Transtorno focadas na temática do
ambiente escolar do Espectro do Autismo – Transtorno do
TEA, descrevendo suas Espectro Autista - TEA,
principais características; é preciso divulgar os
seguindo com a discussão resultados
de Intervenções satisfatórios, a fim de
Educacionais e oportunizar a melhoria
Comportamentais com os na qualidade de vida
alunos autistas no ambiente de nossos alunos
escolar, com ênfase no autistas, ajudando-os
Método TEACCH, PECS e na aquisição de novas
ABA. habilidades e na
manutenção de
habilidades já
existentes.
Locatelli; Aborda sobre o autismo, Pesquisa bibliográfica a O tratamento
Santos dando ênfase aos métodos partir de artigos científicos, especializado está
(2016). de intervenção com as jornais, revistas e materiais voltado a estimulação
crianças autistas disponíveis na Internet que cerebral, visto que no
versam sobre o tema em caso do autismo os
questão. neurônios comunicam-
se menos, por isso tem
menos percepção da
realidade e o
acompanhamento do
profissional em
Psicologia se faz de
sua importância dentro
do contexto da equipe
multidisciplinar.

Gomes et al. Analisar as estratégias de Revisão de literatura através Os resultados


(2016). intervenção da Terapia de pesquisa bibliográfica de esboçaram que
Cognitivo Comportamental abordagem descritiva e atualmente as
(TCC) no tratamento dos natureza qualitativa. estratégias utilizadas
Transtornos do Espectro do pelos Psicólogos são:
Autismo (TEA). o TEACHH e o ABA,
demonstrando-se
eficazes na
identificação do
autismo e classificação
dos déficits
comportamentais.

Bordin Verificar a efetividade da Pesquisa de cunho Com relação aos


(2015) Análise do Comportamento bibliográfico, teórico- aspectos que tornam
Aplicada ao tratamento de descritiva. efetiva uma
crianças diagnosticadas intervenção em ABA
com autismo no tratamento de
crianças com
diagnóstico autista e
quais as implicações à
prática da educação, a
utilização da
intervenção por via dos
princípios da Análise
do Comportamento
Aplicada promove
maior independência e
bem estar para a
criança e sua família, o
que alterará o modo
como ambas se
relacionarão com o
mundo.
Gonçalves Apresentar modelos de Foi feito uma análise de A interpretação
(2011). intervenção na abordagem literatura e foram dos resultados
Cognitiva- Comportamental entrevistados seis permite a
especialistas da área sobre a conclusão de
intervenção precoce. Isso é que algumas
um paradigma não abordagens
experimental, é um foram
tratamento de dados em uma comprovadas
abordagem qualitativa cientificamente,
outras não.
Estudos têm
relatado
resultados
mistos. É preciso
saber escolher o
que for mais
adequado às
necessidades
individuais da
criança com
autismo.

Fonte: Da própria autora

4. DISCUSSÕES

No estudo realizado por Dias (2017) A Análise do Comportamento Aplicada


ganhou maior proporção na clínica como Terapia ABA (ABA Therapy), mas
cientificamente, seria mais viável mencionar intervenções em ABA (Applied
Behaviour Analysis). É considerada uma abordagem da psicologia que também pode
ser utilizada no atendimento com autistas. A ABA vem do campo do Behaviorismo,
tendo suas origens nos estudos de Skinner, e é considerada como uma ciência que
“observa, analisa e explica a associação entre o ambiente, o comportamento
humano e a aprendizagem” (DIAS, 2017, p. 04). Logo, se um determinado
comportamento de um aluno autista é analisado, pode-se pensar em uma
intervenção para alterar aquele comportamento.
Já Ribeiro (2016) assinala que a Análise do Comportamento é ciência do
comportamento, que fornece conhecimentos cientificamente comprovados sobre
como e porque o comportamento ocorre.
Camargo e Rispoli (2013) abordam que a Análise Comportamental Aplicada –
ABA – também pode ser “definida como uma tecnologia que é aplicada em situações
de vida reais, onde comportamentos apropriados e inapropriados podem ser
melhorados, aumentados ou diminuídos” (p.642).
Acrescentam Locatelli e Santos (2016) que o sistema ABA é diretivo, no
sentido em que se desenvolvem as potencialidades das crianças, direcionando estas
potencialidades por etapas para que ela seja cumprida de forma adequada. Sendo
também um método de terapia lúdica, vez que aproveita o espaço para a criança
brincar e as referências delas para ensinar, tornando a terapia prazerosa.
Locatelli e Santos (2015, p. 209) acrescentam que “cada habilidade é
ensinada de forma individual, iniciada por uma indicação ou instrução, tendo o apoio
quando necessário. O suporte deve ser retirado o mais rápido possível para que a
criança não se torne dependente dele”.
De acordo com a AMA (2018, p. 1) existem inúmeras técnicas e métodos de
ensino através do tratamento de Análise Aplicada do Comportamento que tem se
revelado útil do contexto de intervenção, tais como: “(a) tentativas discretas, (b)
análise de tarefas, (c) ensino incidental, (d) análise funcional”.
Deste modo, o método de tratamento ABA constrói pré–requisitos para que a
criança perceba o mundo de uma forma mais adequada e direciona as suas
potencialidades para que a mesma utilize essa capacidade de aprender para
realmente se tornar independente. Assim, o sistema ABA resgata essa
potencialidade e transforma em comportamento adequado em habilidades efetivas.
Conforme Gomes et al. (2016) o método ABA é aplicado em âmbito
educacional, proporcionando uma atenção especial a esses pacientes. Sua
aplicação consiste logo com a criança pequena, que não elimina seu uso em jovens
e adultos. Sua terapêutica é individual e requer envolvimento tanto dos pais como
em ambiente escolar.
Têm como característica não ser punitiva, gerando sempre ações que
positivem o esforço e objetivos alcançados pelos pacientes, contemplando assim
atividades sociais, educacionais, de linguagem, cuidados pessoais, motoras e suas
brincadeiras (LEAR, 2010).
Corrobora com esses resultados o estudo de Bordin (2015) ao afirmar que
para ensinar novas habilidades e para manter habilidades já existentes no repertório
comportamental das crianças diagnosticadas com autismo utiliza-se,
respectivamente, de esquemas de reforçamento contínuo e intermitente. O
reforçamento contínuo é utilizado para aquisição de comportamento, ou seja,
quando o profissional for ensinar uma nova habilidade a uma criança com autismo
deve reforçar continuamente e contingentemente cada comportamento em direção
ao comportamento esperado.
Por outro lado, o reforçamento intermitente é utilizado para manter o
comportamento adquirido, isto é, depois que o comportamento já tiver sido instalado.
Tal esquema garante que não haja saciação do reforço e, também, que o processo
seja próximo do natural, posto que, em conjuntura natural, o reforço não é alcançado
sucessivamente.
Assim, arremata Gonçalves (2011) que a intervenção precoce é muito
importante para a reabilitação da criança com autismo. As metodologias aplicadas
pelos programas de intervenção podem melhorar a inclusão de crianças com
autismo, mas há uma grande diferença entre cada metodologia, ou seja depende
muito e é difícil tomar partido, também as pessoas são tão diferentes, precisava de
um modelo para cada pessoa. A metodologia ABA é muito mais eficaz. O ABA vai
aos sintomas centrais no autismo, vai atacar o autismo em si.
No modelo ABA durante o tratamento comportamental, as habilidades são
geralmente ensinadas em uma situação de um a um, o aluno com o professor via a
presentação de uma instrução ou uma dica, com o professor auxiliando o aluno
através de uma ordenação de apoio, aprendizagem sem erro, repetidas diversas
vezes em diversos ambiente e situações (GONÇALVES, 2011).
A maior crítica ao modelo ABA, a de supostamente robotizar as crianças. O
que não se parece correcto, já que a ideia é reabilitar precocemente estas crianças
para evoluírem ao nível comportamental da autonomia da auto-ajuda e socialização
(MELLO, 2007).
Também é um modelo que tem um método de longa duração e que tem um
alto custo económico, mas como os outros modelos através de treino e instrução, os
pais podem aprender e utilizar, como terapeutas, e assim poderem eles mesmos
tratar os seus filhos (MELLO, 2007).

CONCLUSÃO

A criança com autismo apresenta grandes dificuldades em relação aos


aspectos pragmáticos da linguagem e conversação, compreensão limitada no que
se refere a maneira de como as pessoas usam a linguagem
No que diz respeito ao comportamento, há uma restrição de interesses e
atividades, resistência a mudanças na rotina e atividades especificas, fixação em
partes de objetos e manipulação de brinquedos e /ou objetos de forma não funcional
(APA, 2002).
Através desse estudo, foi possivel compreender que a Terapia ABA nos casos
de TEA é realizada através do ensino de repertórios socialmente relevantes e
funcionais. Tem como finalidade também fazer com que comportamentos
inadequados desapareçam, e novas formas de comunicação sejam estabelecidas.
Diante do exposto, o treino de habilidades sociais deve começar desde o
início da intervenção de crianças com TEA sendo aperfeiçoada à medida que elas se
desenvolvem e conforme as exigências sociais de cada idade. Objetivo final de
qualquer terapia deve ser a promoção da qualidade de vida e autonomia do sujeito que é
inserido dentro de uma comunidade verbal e social.
Verificou-se também que o método ABA traz importantes contribuições para o
desenvolvimento das habilidades sociais das crianças com autismo, sobretudo, porque as
atividades são introduzidas em contextos naturais, ou seja, em situações que fazem parte da
rotina das crianças. As intervenções realizadas ocorrem de maneira sistemática. Contudo,
vale ressaltar que a participação da família é de suma importância, tendo como premissa o
desenvolvimento e a melhora na qualidade de vida da criança com TEA.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU-RODRIGUES, Abreu-Rodrigues, RIBEIRO, Michela Rodrigues


(organizadoras). Análise do comportamento: pesquisa, teoria e aplicação– Porto
Alegre: Artmed, 2007. Disponível em:<
https://aprender.ead.unb.br/pluginfile.php/279993/mod_resource/content/2/Rodrigues
%2C%20J.%20A.%20%20%20Ribeiro%2C%20M.%20R.%20%20%282007%29.%2
0An%C3%A1lise%20do%20Comportamento%20%20Pesquisa%2C%20Teoria%20e
%20Aplica%C3%A7%C3%A3o.pdf>.

AMA. Associação Mão Amiga: Associação de Pais e Amigos de Pessoas Autistas.


Tratamento. Disponível em:<http://www.ama.org.br/site/tratamento.html>. Acesso
em: 20 nov. 2018.

APA (American Psychiatry Association). Diagnostic and Statistical Manual of Mental


disorders - DSM-5. 5th ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.

CABALLO, V. E. O treinamento em habilidades sociais. In: CABALLO, V.E.


(Org.). Manual de técnicas de terapia e modificação de comportamento. São
Paulo: Livraria Santos Ed., 1996.
CAMARGO, S. P. H.; RISPOLI, M. Análise do comportamento aplicada como
intervenção para o autismo: definição, características e pressupostos filosóficos.
Revista Educação Especial. Santa Maria, v. 26 n. 47, set./dez. 2013. Disponível
em: <http://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/6994/pdf_1>

DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, Z. A. P.; BARRETO, M. C. M. Grupo RIHS:


Relações interpessoais e Habilidades Sociais. In: WORKSHOP DE GRUPOS DE
PESQUISA, 2. E JORNADA CIENTÍFICA DA UFSCar, 6., 2005, São Carlos.

GOULART, Paulo; ASSIS, Grauben José Alves de. Estudos sobre autismo em
análise do comportamento: aspectos metodológicos. Rev. bras. ter. comport.
cogn., São Paulo , v. 4, n. 2, p. 151-165, dez. 2002 . Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-
55452002000200007&lng=pt&nrm=iso>.

LEAR, K. Help Us Learn: A Self-Paced Training Program for ABA. 2. ed.


Toronto: Training Manual. 2010.

MELLO, A. M. S. R.. Autismo: Guia Prático. São Paulo: AMA, 2007.

Você também pode gostar