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Manual Técnico Adaptado da Bateria de tarefas de Teoria da Mente - Versão

Brasileira
(Chagas et al., 2016)

Introdução
A Bateria de tarefas de Teoria da Mente foi inicialmente projetada para avaliar a
compreensão da Teoria da Mente por crianças de diferentes faixas etárias e que variam muito em
seus perfis cognitivos e linguísticos. Desde o desenvolvimento da escala de avaliação inicial
(descrita por Hutchins, Prelock e Chace, 2008), a Bateria de tarefas de Teoria da Mente sofreu
uma revisão para melhorar seu conteúdo, assim como o material utilizado durante a administração.
Na sua forma atual, proposta por Hutchins, Prelock e Bouyea (2014), a Bateria de tarefas consiste
em 15 perguntas teste, contidas em nove tarefas (Tarefas de A à I). As tarefas são apresentadas
como vinhetas curtas, as quais são dispostas em dificuldade crescente e apresentam uma variação
em termos de conteúdo e complexidade, desde a capacidade para identificar expressões faciais até
a capacidade de inferir uma crença falsa de segunda ordem.
As ferramentas da Bateria de tarefas de Teoria da Mente foram desenvolvidas e
normalizadas de modo a avaliar a Teoria da Mente em três níveis gerais de desenvolvimento: A)
uma subescala inicial que se destina a captar as habilidades da Teoria da Mente e que surgem no
desenvolvimento da criança tipicamente entre o primeiro e o terceiro ano de vida; B) uma
subescalabásica destinada a explorar essas habilidades da Teoria da Mente e que surgem nos anos
pré-escolares (aproximadamente entre 3,5 a 5,5 anos de idade) e C) uma subescala avançada
destinada a explorar essas habilidades que surgem no final da infância (aproximadamente entre
5,5 a 8 anos de idade). Na descrição da Bateria de tarefas de Teoria da Mente (versão original),
itens teste de 1 a 5 compreendem a subescala inicial, itens teste de 6 a 10 compreendem a
subescala básica, e itens de 11 a 15 compreendem a subescala avançada. O teste também é
apropriado para crianças com transtorno invasivo do desenvolvimento e que possuem dificuldade
na verbalização. Desta forma, as respostas podem ser indicadas tanto através da comunicação
verbal quanto através do apontamento da resposta que a criança julga estar correta.
As normas preliminares para cada tarefa foram estabelecidas utilizando uma amostra
relativamente pequena de crianças (N=39) com desenvolvimento típico e dentro dos padrões de
normalidade e que se encontravam na faixa de idade de 2 a 12 anos. A versão original foi
avaliada para a confiabilidade teste-reteste e consistência interna (Hutchins, Prelock, &Chace,
2008) e, em seguida, revisada com base na melhoria da confiabilidade do item. A dificuldade de
cada item foi estimada para a amostra com desenvolvimento típico usando versões originais e
revisadas da bateria. Ainda, segundo o manual original, a Bateria de Tarefas poderia ser utilizada
adequadamente para populações clínicas de faixas etárias acima de 12 anos de idade, pois os
efeitos teto não foram observados.
Esta versão, traduzida e adaptada transculturalmente por Chagas et al., 2016 para o
português do Brasil, foi desenvolvida com a finalidade de observar o desempenho de sujeitos
acima de 60 anos de idade nas nove tarefas que compõem a Bateria de tarefas de Teoria da Mente,
considerando que a Teoria da Mente é uma das formas de avaliação da cognição social, domínio
recentemente incorporado aos critérios para diagnóstico de transtornos neurocognitivos pelo
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5a edição (APA, 2013)
Descrição da Tarefa

A Bateria de tarefas de Teoria da Mente consiste em um caderno de aplicação com


situações ilustradas apenas na frente de cada folha do caderno e, abaixo dessas ilustrações,
encontram-se as histórias e as perguntas que serão realizadas a fim de avaliar a Teoria da Mente.
Cada situação se refere a uma tarefa diferente, avaliando as diferentes habilidades do sujeito. São
propostas nove tarefas distintas, listadas de A à I, como por exemplo, a Tarefa de
Reconhecimento de Emoções e a Tarefa de Crença Falsa. Nestas tarefas estão contidas 26
perguntas objetivas, separadas nas categorias de Questões teste e Questões de controle.
As perguntas chamadas de Questões teste são consideradas de principal relevância e que,
quando respondidas corretamente, o sujeito obtém pontuação de valor um para cada item. São
estas perguntas que avaliam a tarefa proposta, o conhecimento e habilidade do sujeito em relação
à Teoria da Mente. No final da aplicação da Bateria de tarefas de Teoria da Mente, são somados
os pontos obtidos nestas questões, podendo-se atingir um total de 15 pontos.
Já as Questões de controle somam um total de 11 questões e são utilizadas para introduzir
a tarefa que será avaliada. Estas questões não possuem pontuação e estão dispostas de forma
aleatória ao longo do teste. Apesar de não conferirem pontos ao sujeito avaliado, possuem um
papel fundamental no decorrer da avaliação, pois são perguntas que introduzem o contexto e a
situação ao sujeito antes da pergunta teste. Caso ela seja respondida incorretamente, passa-se
automaticamente para uma nova vinheta, não sendo realizadas as Questões teste referentes a ela e,
portanto, não obtendo pontuação nestas questões. Além disso, seguindo a instrução da versão
original (Hutchins, Prelock e Bouyea, 2014), se o sujeito responder incorretamente um total de
cinco Questões de controle, independente de serem consecutivas, a Bateria de tarefas será
finalizada e apenas serão computados os pontos obtidos até aquele momento.
Além das questões descritas acima, a Bateria de tarefas de Teoria da Mente ainda possui
em seu conteúdo de avaliação as Questões de justificativa. Elas são encontradas em 10 das 15
Questões teste da Bateria e são utilizadas para investigar mais detalhadamente a tarefa
relacionada à situação apresentada, principalmente quando a resposta é fornecida de forma
correta, porém é notada a existência de algum prejuízo na cognição. A pontuação destas questões
é variável, podendo ser realizada de forma qualitativa ou quantitativamente. Uma sugestão de
pontuação de caráter ordinal é fornecida mais adiante.

Administração

A Bateria de tarefas de Teoria da Mente deve ser administrada em um ambiente


confortável e tranquilo, com o administrador sentado ao lado do sujeito. O caderno de aplicação é
colocado sobre uma mesa plana entre o administrador e o sujeito. O administrador deve
apresentar a tarefa como uma atividade e explicar: “Eu vou ler para você algumas histórias
curtas e depois irei fazer para você algumas perguntas sobre a história. Você pode responder
com palavras ou apontar para a resposta que julgar estar correta”. Na experiência dos autores,
alguns sujeitos vão querer ler a história junto do administrador. Nessa situação, os autores
desencorajam essa prática porque existe a possibilidade desta interferir no desempenho de quem
está sendo avaliado (por exemplo, alterando a pragmática da interação ou através de uma
mudança de foco na leitura). Se isso ocorrer, o administrador deve fazer uma pausa e informar ao
sujeito que “para essas histórias, eu vou ler e eu quero que você ouça com atenção e responda a
algumas perguntas”.
Não existem descrições no verso das páginas do livro da Bateria de tarefas de Teoria da
Mente. Isso se faz necessário para que o sujeito não olhe na parte de trás das páginas anteriores
para descobrir a resposta de uma pergunta. Para cada página, o administrador lê o texto na íntegra
enquanto vai apontando para as imagens que correspondem ao que está sendo falado. O
administrador deve ler e apontar em um ritmo lento e descontraído. Por exemplo, para as duas
primeiras páginas da Tarefa B, o administrador deve fazer o seguinte:

Administrador: “Esta é Bia” (apontar para Bia).


(Esperar 1 segundo)
“Bia quer uma bolacha para comer” (apontar para a bolacha).
(Esperar 3 segundos, vire a página)
“O que Bia quer?”

Se não houver resposta pelo sujeito, usar a instrução 1 “Bia quer um bolo (apontar para
o bolo), uma bolacha (apontar par a bolacha), um pirulito (apontar para o pirulito ou uma barra
de chocolate (apontar para a barra de chocolate)?

Os apontamentos também devem ser utilizados durante a aplicação das tarefas para
exaltar os aspectos relevantes das histórias que envolvem percepção e conhecimento (isto é, o que
as pessoas vêem ou não vêem e o que as pessoas pensam). Por exemplo, várias tarefas exigem
que o entrevistado considere a percepção ou crença de um personagem. Quando estes aspectos
estão presentes, eles devem ser enfatizados através do apontamento durante a leitura. Para ilustrar,
considere a Tarefa D:

Administrador: “Sandra está no parque” (apontar para Sandra)

“Vicente está no parque também” (apontar para Vicente)


“Sandra e Vicente estão olhando para uma estátua” (apontar a estátua)
(Esperar 1 segundo)
“Quando Sandra (apontar para o rosto de Sandra) olha para a estátua
(movimente o dedo que está apontando o rosto de Sandra para a estátua), o que ela vê? (apontar
para cada uma das 4 opções de resposta).

A folha de respostas da Bateria de tarefas de Teoria da Mente deve ser preenchida


durante a administração das tarefas; no entanto, o preenchimento deve ser feito o mais
discretamente possível, de modo a não distrair o entrevistado. Duas folhas de pontuação estão
disponíveis para uso: uma folha na versão completa e outra na versão reduzida. Em ambas as
folhas, haverá espaços para anotar quando o sujeito pular itens e espaços específicos para anotar
as respostas e as justificativas do sujeito. A forma completa apresenta, além disso, uma breve
informação sobre o conteúdo a ser explorado em cada item. Ela também inclui o texto, na íntegra,
de cada tarefa, bem como as instruções a serem seguidas no caso de não-resposta. A forma
completa pode ser desejável quando a bateria for administrada por pessoas com experiência
limitada com o material utilizado ou que estão utilizando a bateria com sujeitos que possam vir a
precisar de maior instrução (ou seja, aqueles com capacidades cognitivas ou verbais prejudicadas).
Nestas situações, a utilização da forma completa deve facilitar a administração, uma vez que evita
a necessidade do administrador recorrer ao manual para encontrar as instruções necessárias. A
forma reduzida, por sua vez, apenas indica as possíveis respostas para cada questão.
A Bateria de Tarefas da Teoria da Mente faz uso de uma regra muito simples para o
encerramento do teste: a) quando todas as questões são respondidas pelo sujeito; b) quando o
sujeito opta por interromper o teste antes de finalizá-lo; ou c) quando o sujeito responde
incorretamente a um número específico de questões de controle. A pontuação numérica é levada
em consideração e registrada apenas para as questões teste, sendo estas listadas de 1 a 15. As
questões de controle também fazem parte da avaliação da Bateria de tarefas de Teoria da Mente,
porém não possuem pontuação; elas são utilizadas para contextualizar a vinheta relatada e guiar o
entrevistado até a questão teste. Quando o sujeito responder incorretamente à questão de controle,
deve-se pular imediatamente para a próxima Tarefa, não se fazendo necessário realizar a questão
teste (quando isto ocorrer, a pontuação é considerada zero para esta tarefa). Devido a ordem das
tarefas na Bateria de tarefas de Teoria da Mente ser organizada em nível de dificuldade crescente,
a avaliação deve ser encerrada quando o sujeito responder incorretamente a quaisquer cinco
perguntas de controle, ou seja, as respostas erradas não necessariamente precisam ser
consecutivas (Ex: Na questão de controle do Teste B, o sujeito deve responder que Bia quer uma
bolacha. Caso ele dê qualquer outra resposta que não esta, será considerada incorreto). Quando
for atingido este número de perguntas de controle respondidas incorretamente, fatores de
desempenho tais como atenção e motivação e fatores relacionados ao próprio sujeito, como
limitação no funcionamento cognitivo geral e compreensão da linguagem e/ou memória de
trabalho, serão provavelmente os responsáveis. Deste modo, o desempenho positivo nas demais
tarefas não pode ser considerado um indicador válido do funcionamento da Teoria da Mente.
Em situações que o sujeito falhar em responder, instruções específicas são apresentadas
abaixo da respectiva pergunta a fim deduzir a resposta para cada uma das perguntas teste. Todas
as questões teste possuem dois níveis de instrução (instrução 1 e instrução 2), exceto as quatro
primeiras tarefas de reconhecimento de emoção, para as quais a questão é simplesmente repetida
no máximo duas vezes. Nenhuma instrução é dada para as questões de controle e a falta de
resposta a uma questão de controle constitui o fracasso para este item e, por extensão, à questão
teste associada. Para alguns propósitos, os profissionais podem ter uma necessidade de investigar
a qualidade e a natureza do raciocínio do sujeito por trás de uma determinada resposta. Esta
abordagem pode ser desejável quando o teste for aplicado em sujeitos com idade avançada ou
com elevado desempenho da comunicação verbal, que podem realizar com êxito os diferentes
níveis do teste ou até atingir a pontuação máxima, mas que, apesar disto, sinalizam evidências de
dificuldades na cognição social. Para estes fins, foram incluídas perguntas de justificativa, que só
devem ser feitas após uma resposta correta para uma pergunta teste (elas não são utilizadas para
questões de controle). Quando as perguntas de justificativa são usadas, a resposta do sujeito deve
ser anotada na íntegra na folha de resposta da Bateria de tarefas de Teoria da Mente.
Existem algumas outras situações em que a Bateria de tarefas de Teoria da Mente poderá
ser aplicada de forma completa. Por exemplo, existem sujeitos que desfrutam das atividades que
compõem a Bateria de tarefas de Teoria da Mente e optam por ler e responder todas as páginas do
caderno de aplicação, independente das respostas fornecidas às questões de controle anteriores.
Nestes casos, a Bateria é considerada concluída e os itens que se seguem ao item de encerramento
não são computados (isto é, tem uma pontuação de zero).
Abaixo, serão apresentadas as questões teste utilizadas para avaliar a Teoria da Mente e
que são consideradas na pontuação final do indivíduo. Também estão listadas as instruções
relacionadas respectivamente à sua questão teste. Como dito anteriormente, estas servem como
um meio para deduzir qual é a resposta correta. As quatro primeiras questões teste estão
relacionadas com o Reconhecimento de Emoção e não estão listadas a seguir por não utilizarem
as instruções em sua avaliação.

Instruções e Questões de Justificativa

Questão Teste 5: Questão da Emoção Baseada no Desejo: Como Bia vai se sentir se ela
conseguir uma bolacha?

Instrução 1: Aponte para a face que demonstra como Bia vai se sentir se ela conseguir uma
bolacha?

Instrução 2: Se a Bia conseguir uma bolacha, ela vai se sentir feliz, triste, brava ou assustada?

Justificativa opcional (apenas para sujeitos com aptidões verbais e que tenham respondido
corretamente): Por que Bia vai se sentir feliz?

Questão Teste 6: Questão de Crença Baseada na Percepção: Onde Patrícia pensa que seus óculos
estão?

Instrução 1: Aponte para onde Patrícia pensa que seus óculos estão.

Instrução 2: Ela pensa que eles estão em uma gaveta, uma escrivaninha, na mesa ou na cadeira?

Justificativa opcional (apenas para sujeitos com aptidões verbais e que tenham respondido
corretamente): Por que Patrícia pensa que eles estão em cima da mesa?
Questão Teste 7: Questão de Percepção do Outro: Quando Sandra olha para a estátua, o que ela
vê?

Instrução 1: Aponte para a figura que mostra o que ela vê.

Instrução 2: Quando Sandra olha para a estátua, ela vê isso ou aquilo (apontando para cada
imagem).

Questão Teste 8: Questão de Percepção do Outro: Quando Vicente olha para a estátua, o que ele
vê?

Instrução 1: Aponte para a figura que mostra o que ele vê.

Instrução 2: Quando Vicente olha para a estátua, ele vê isso ou aquilo (apontando para cada
imagem).

Justificativa opcional (apenas para sujeitos com aptidões verbais e que tenham respondido
corretamente): Por queSandra e Vicente não vêem a mesma coisa?

Questão Teste 9: Questão de Inferência da Ação Baseada na Percepção: Onde Francisco vai
procurar suas chaves?

Instrução 1: Aponte para onde Francisco vai procurar suas chaves.

Instrução 2: Francisco vai procurar suas chaves no sofá, na escrivaninha, na gaveta ou na cama?

Justificativa opcional (apenas para sujeitos com aptidões verbais e que tenham respondido
corretamente): Por que Francisco irá até o sofá?

Questão Teste 10: Questão Padrão de Crença Falsa:Onde Antônio irá procurar o livro primeiro?

Instrução 1: Aponte para onde Antônio irá procurar pelo livro primeiro.

Instrução 2: Ele irá procurar na gaveta, na escrivaninha, na mesa ou no cadeira?

Justificativa opcional (apenas para sujeitos com aptidões verbais e que tenham respondido
corretamente): Por queAntônio irá procurar pelo livro na mesa?

Questão Teste 11: Questão de Emoção Baseada na Crença: Se Luís achar que seu pai comprou
um avião para ele, como Luís irá se sentir?

Instrução 1: Aponte para como Luís irá se sentir se ele achar que o pai comprou para ele um
avião.
Instrução 2: Se Luís achar que o pai comprou para ele um avião, ele irá ficar feliz, triste, bravo
ou assustado?

Justificativa opcional (apenas para sujeitos com aptidões verbais e que tenham respondido
corretamente): Por que Luís irá se sentir feliz?

Questão Teste 12: Questão de Emoção Baseada na Realidade: Como Luís se sentiu quando o pai
deu um trem para ele?

Instrução 1: Apontepara a figura de como Luís se sentiu quando seu pai deu o trem para ele.

Instrução 2: Quando o pai deu o trem para Luís, Luís se sentiu feliz, triste, bravo ou assustado?

Justificativa opcional (apenas para sujeitos com aptidões verbais e que tenham respondido
corretamente): Por que Luís se sentiu triste?

Questão Teste 13: Questão de Emoção de Segunda Ordem: Quando o pai deu o trem para Luís,
como o pai achou que Luís se sentiu?

Instrução 1: Aponte para a figura que mostra como o pai achou que Luís se sentiu.

Instrução 2: Quando o pai deu o trem para Luís, o pai achou que Luís se sentiu feliz, triste, bravo
ou assustado?

Justificativa opcional (apenas para sujeitos com aptidões verbais e que tenham respondido
corretamente): Por que o pai acha que Luís se sentiu feliz?

Questão Teste 14: Questão de Discrepância entre a Mensagem e o Desejo: Qual tigela José
realmente quer?

Instrução 1: Aponte para a tigela que José realmente quer.

Instrução 2: Ele quer a tigela de salada, a tigela de macarrão, a tigela de pão ou a tigela de sopa?

Justificativa opcional (apenas para sujeitos com aptidões verbais e que tenham respondido
corretamente): Se José quer a tigela que está em cima da mesa, por que ele pediu a tigela que
está em cima do balcão?

Questão Teste 15: Questão de Crença Falsa de Segunda Ordem: O que a mãe responde para o
avô? Ela diz para ele que Henrique acha que ele vai ganhar um patins, uma bicicleta, uma bola de
basquete ou uma luva de beisebol?

Instrução 1: Aponte para a figura que mostra o que a mãe vai dizer que Henrique acha que vai
ganhar.
Instrução 2: A mãe vai dizer que Henrique acha que vai ganhar um patins, uma bicicleta, uma
bola de basquete ou uma luva de beisebol?

Justificativa opcional (apenas para sujeitos com aptidões verbais e que tenham respondido
corretamente): Por que a mãe vai dizer que Henrique acha que vai ganhar um patins?

Desenvolvimento e Conteúdo
A maior parte do conteúdo da Bateria de tarefas de Teoria da Mente foi coletada a partir
do vasto corpo da literatura, examinando as deficiências da Teoria da Mente nas crianças com
Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, assim como o desenvolvimento dentro dos padrões de
normalidade da Teoria da Mente. Este corpo da literatura incluiu um conjunto diversificado de
medidas previamente desenvolvidas a partir do qual idéias foram reunidas e o conteúdo foi
adaptado para acomodar um formato de livro-história que poderia fazer uso de suportes visuais
estáticos. O conteúdo foi selecionado, para criar uma bateria que abrangesse uma gama de
conteúdos da Teoria da Mente e que tivessem itens que variassem em complexidade e dificuldade.
Para todas as tarefas na Bateria de tarefas de Teoria da Mente, é apresentado aos sujeitos uma
opção de resposta correta e três plausíveis distrações, tornando a chance de responder
corretamente na ausência de conhecimento da Teoria da Mente igual a 25 %. Isto vale tanto para
as perguntas testes quanto para as perguntas de controle.
Durante o desenvolvimento, foi tomado cuidado para garantir que a linguagem utilizada
nas tarefas fosse informal e de fácil entendimento. Também foi desenvolvido um conteúdo para
atender a uma população diversificada. Assim, várias raças e etnias diferentes estão representadas
no conteúdo da história.

O domínio que se pretende avaliar em cada tarefa é resumidamente descrito a seguir:


TAREFA A: Tarefa de Reconhecimento de Emoção: destina-se a avaliar o reconhecimento de
estados emocionais dos sujeitos. Especificamente, os sujeitos são convidados a identificar uma
face feliz, triste, brava e assustada. Dois painéis que consistem em quatro figuras cada (duas
corretas e duas para distração) são apresentados a fim de diminuir respostas tendenciosas por
processo de eliminação. Quatro pontos (um para cada emoção) são possíveis para esta tarefa.
(Avaliada pelas questões 1 a 4).

Aponte para a face que está feliz.


Aponte para a face que está triste.

(Questões teste 1 e 2) (Questões teste 3 e 4)


TAREFA B: Tarefa da Emoção Baseada no Desejo: foi desenvolvida a partir de vários
paradigmas de pesquisa (Ex: Wellman, 1998; Wellman e Banerjee, 1991; Wellman e Bartsch,
1994) e se destina a avaliar a compreensão dos desejos pelos sujeitos. Mais especificamente, essa
tarefa tem o propósito de explorar o entendimento de que as pessoas são felizes quando os desejos
são satisfeitos. Um ponto é possível para esta tarefa. (Avaliada pela questão 5).

(Questão teste 5)

TAREFA C: Tarefa “Ver leva a Crer”: foi desenvolvida a partir de diversas pesquisas e
paradigmas experimentais (Ex: Baron-Cohen e Goodhart, 1994; Friedman, Griffin, Brownell e
Winner, 2003; Leslie e Frith, 1988) e se destina a avaliar o conhecimento dos sujeitos de que as
percepções influenciam nas crenças. O conteúdo específico dessa compreensão é a noção de que
ver algo (e mais comumente ouvir sobre alguma coisa) fornece acesso ao conhecimento. Um
ponto é possível nessa tarefa. (Avaliada pela questão 6).

(Questão teste 6)
TAREFA D: Tarefa de Ponto de Vista (Flavell, 1992): destina-se a avaliar a compreensão de que
as pessoas podem não enxergar a mesma coisa, dependendo do posicionamento. Um total de dois
pontos (um para cada perspectiva dos personagens) é possível nessa tarefa. (Avaliada pelas
questões 7 e 8).

Quando Sandra olha para a estátua, o


que ela vê?
Quando Vicente olha para a estátua, o
que ele vê?

(Questões teste 7 e 8)

TAREFA E: Tarefa de Inferência da Ação Baseada na Percepção (Hadwin, Baron-Cohen, Howlin


e Hill, 1996): foi adaptada para avaliar o entendimento de que as percepções influenciam no
comportamento. Assim, essa tarefa tem uma camada adicional de compreensão em relação a
Tarefa “Ver leva a Crer”. Para a Ação Baseada na Percepção, o sujeito deve entender que: i) O
conhecimento pode ser adquirido através da percepção visual (Ex: Ver as chaves no sofá leva ao
conhecimento de que as chaves estão no sofá) e ii) que o conhecimento conduz ao
comportamento (Ex: Sabendo que as chaves estão no sofá irá resultar em um comportamento de
busca de tal forma que a pessoa agora irá procurar pelas chaves no sofá). Um ponto é possível
nessa tarefa. (Avaliada pela questão 9).

(Questão teste 9)
TAREFA F: Tarefa Padrão de Crença Falsa (Wimmer e Perner, 1983): destina-se a avaliar a
capacidade dos sujeitos em inferir a crença no contexto de uma mudança inesperada de local.
Seguindo a recomendação de Siegal e Beattie (1991), a questão teste para o item padrão da Tarefa
de Crença Falsa clássica foi modificada para incluir a palavra “primeiro” (Ex: “Onde Antônio irá
procurar pelo seu livro primeiro?”) para diminuir a possibilidade dessa questão ser mal
interpretada. Ou seja, essa questão não deve ser interpretada como “Onde será que alguém precisa
olhar para ser bem sucedido em encontrar o objeto?”. Como a Tarefa de Ação Baseada na
Percepção, essa tarefa também inclui um entendimento da conexão “conhecendo-
observando”.No entanto, a Tarefa Padrão de Crença Falsa acrescenta ainda outra camada de
complexidade porque também deve incluir o entendimento de que as pessoas podem ter uma
crença que contradiz a realidade. Um ponto é possível para esta tarefa. (Avaliada pela questão 10).

(Questão teste 10)

TAREFA G: Tarefa de Emoção Baseada na Crença e na Realidade e Tarefa de Emoção de


Segunda Ordem: foram adaptadas (Hadwin et al., 1996) para avaliar o entendimento de que as
crenças, bem como os eventos contrários à elas, podem causar emoção. Esta tarefa também
incorporou uma tarefa de emoção de segunda ordem para avaliar o entendimento dos sujeitos de
que um observador irá inferir incorretamente a emoção de um protagonista baseado em uma
crença falsa sobre desejo do protagonista. Isso adiciona outro grau de complexidade e requer um
pensamento elaborado(ou seja, pensando sobre o que alguém acha das emoções e desejos de outra
pessoa). Um total de três pontos é possível para esta tarefa. (Avaliada pelas questões 11 a 13).

Se Luís achar que seu pai comprou um


avião para ele, como Luís irá se sentir?

(Questão teste 11) (Questões testes 12 e 13)


TAREFA H: Tarefa de Discrepância entre a Mensagem e o Desejo: foi adaptada (Mitchell,
Saltmarsh e Russel, 1997) para avaliar a capacidade de inferir a crença de outra pessoa ao
interpretar uma declaração de desejo no contexto de uma mudança de localização (isto é, crença
falsa). Esta tarefa foi escolhida porque representa uma parte diferente da Teoria da Mente,
enquanto confere vantagens sobre outras tarefas (por exemplo, teste tradicional dos Smarties,
tarefa de falso conteúdo), evitando erros de resposta devido a uma interpretação excessivamente
literal da pergunta teste (ver Fodor, 1992; Mitchell et al., 1997). Um total de um ponto é possível
para esta tarefa. (Avaliada pela questão 14).

(Questão teste 14)

TAREFA I: Tarefa de Crença Falsa de Segunda Ordem: foi adaptada (Silliman et al., 2003;
originalmente adaptada de Sullivan, Zaitchik e Tager-Flusberg, 1994) para explorar o
conhecimento de crenças falsas de segunda ordem. Esta tarefa é conhecida por ser o teste mais
desafiador na Bateria de Tarefas da Teoria da Mente. Não apenas pela complexa elaboração
envolvida (pensar sobre o que alguém acha sobre o que outra pessoa pensa), mas também inclui o
elemento de uma crença falsa. Um ponto é possível para esta tarefa. (Avaliada pela questão 15).

(Questão teste 15)


Pontuação
Questões teste: De acordo com o procedimento de pontuação de tarefas previamente
desenvolvidas na Teoria da Mente, os sujeitos não recebem pontos para os itens quando a questão
de controle associada não é superada. A pontuação total é simplesmente o número de respostas
corretas às questões testes. Este número é determinado através da observação da folha de
pontuação e é anotado na parte inferior desta. Pontuações possíveis variam de 0 a 15, com valores
mais altos indicando um maior conhecimento da Teoria da Mente. É importante notar, no entanto,
que esta é interpretada através de uma escala ordinal. Pelo fato do teste avançar em dificuldade e
os últimos itens, sem dúvida, refletirem um melhor desenvolvimento do conhecimento da Teoria
da Mente, a avaliação de pontuações ordinais isoladas podem atrapalhar a compreensão da Teoria
da Mente quando os primeiros itens forem respondidos incorretamente e os últimos itens
respondidos de forma correta. Felizmente, embora esses sejam raros os casos, a Bateria é
organizada para caminhar através de aspectos inicialmente simples da Teoria da Mente,
prosseguindo para aspectos mais complexos e sofisticados.

Questões de Justificativa Opcional:Questões de Justificativa Opcional estão disponíveis para 10


das 15 perguntas teste (ver abaixo). Essas 10 questões foram desenvolvidas porque, do ponto de
vista pragmático, elas se prestam a justificativa. Além disso, as respostas de justificativa para
essas 10 perguntas podem ser sucintamente articuladas quando o domínio da área da Teoria da
Mente que está sendo testada encontra-se presente. Quando se empregam as perguntas de
justificativa, uma variedade de opções de pontuação estão disponíveis. Uma opção é realizar uma
análise puramente qualitativa e procurar padrões na cognição ou na comunicação que possam
refletir lacunas no conhecimento da Teoria da Mente e sugerir áreas de enfoque clínico. Outra
opção é pontuar de acordo com um escala ordinal onde valores reflitam a variação na
integralidade e exatidão de uma resposta. O esquema de pontuação escolhido será guiado pelas
necessidades específicas dos profissionais. No entanto, são oferecidas algumas sugestões para
uma escala ordinal de pontuação. De uma forma geral, as respostas podem ser pontuadas como:
1= sem resposta; “Eu não sei”; ou outra resposta claramente incorreta.
2= resposta incorreta onde o sujeito não faz referência aos estados mentais internos (por exemplo,
querer, pensar, conhecer) OU resposta parcialmente incorreta onde os sujeitos referem um estado
mental interno, mas são invocados os estados mentais errados ou estão faltando detalhes
importantes e as ligações dos estados mentais e das consequências do mundo real são vagas ou
ausentes.
3= uma resposta correta completa.

Abaixo, encontram-se algumas opções de respostas e de pontuação para as questões de


justificativa, relacionadas às suas perguntas testes respectivamente:

Questão Teste 5 – Questão de Justificativa: Por que Bia vai se sentir feliz?
1= Eu não sei
2= Porque ela gosta de bolachas (estado mental incorreto)
3= Porque ela conseguiu a bolacha; ela conseguiu o que ela queria; porque ela queria uma
bolacha.
Questão Teste 6 – Questão de Justificativa: Por que Patrícia pensa que eles estão em cima da
mesa?
1= Porque eles estão em cima da mesa (ausência da referência de estado mental)
2= Porque ela pensa sobre esses tipos de coisas (referência ao estado mental, porém não
relacionado com o conhecimento baseado na percepção e a ideia de que ver leva ao saber).
3= Porque é onde ela os viu, ela os viu naquele lugar por último.

Questão Teste 7 e 8 – Questão de Justificativa: Por que Sandra e Vicente não vêem a mesma
coisa?
1= Porque eles não vêem a mesma coisa (simples correção da conclusão)
2= Porque Vicente não se preocupa com isso e Sandra está olhando para a frente da estátua
(interpretação incorreta do estado mental de Vicente, mas interpretação correta da perspectiva
visual de Sandra).
3= Porque eles estão de pé em lugares diferentes; porque Sandra está olhando para a frente da
estátua e Vicente está olhando para a parte de trás da estátua.

Questão Teste 9 – Questão de Justificativa: Por que Francisco irá até o sofá?
1= Porque elas estão no sofá (ausência de estado mental).
2= Porque ele não as viu em cima da cama (referência ao estado mental, porém não responde à
pergunta; não está claro se o sujeito compreende as ligações entre ver, conhecer e se comportar).
3= Porque é ali que ele as viu; porque ele sabe que elas estão lá; porque ele sabe que elas estão lá
porque é onde as viu.

Questão Teste 10 – Questão de Justificativa: Por que Antônio irá procurar pelo livro em cima
da mesa?
1= Porque é onde as pessoas colocam os livros (ausência de referência ao estado mental; resposta
incorreta).
2= Ele irá procurar por ele lá, mas não é realmente lá que ele está (não responde à pergunta; faz
referência ao estado mental, porém não reflete conhecimento claro das crenças falsas).
3= Porque lá é o lugar que ele o deixou; ele viu o livro em cima da mesa por último; porque é lá
que ele pensa que o livro está.

Questão Teste 11 – Questão de Justificativa: Por que Luis irá se sentir feliz?
1= Porque é o seu aniversário (resposta incorreta).
2= Porque ele acha que será divertido brincar com o avião (referência ao estado mental, mas não
estabeleceu conexões com necessidades e desejos)
3= Porque ele acha que está ganhando o que ele queria; porque é isso que ele queria para seu
aniversário.

Questão Teste 12 – Questão de Justificativa: Por que Luis irá se sentir triste?
1= Porque ele queria o avião agora e não mais tarde (referência ao estado mental, porém resposta
incorreta).
2= Porque seu aniversário não está divertido nesse momento (referência ao estado mental, mas
sem estabelecer conexão das vontades e desejos).
3= Porque ele não ganhou o que ele queria; porque ele pensou que iria ganhar um avião mas não
ganhou; ele está desapontado porque ele não ganhou o que ele mais queria.

Questão Teste 13 – Questão de Justificativa: Por que o pai acha que Luís se sentiu feliz?
1= Porque o pai gosta de trens (referência ao estado mental, porém resposta incorreta).
2= Porque crianças gostam de presentes (referência ao estado mental, porém resposta incorreta),
porque o pai lhe deu o trem (sem referência ao estado mental, mas com resposta parcialmente
correta).
3= Porque o pai acha que ele quer o trem; porque o pai comprou o trem pensando que era o que
Luis queria.

Questão Teste 14 – Questão de Justificativa: Se José queria a tigela que está em cima da mesa,
por que ele pediu a tigela que está em cima do balcão?
1= Porque José está com fome (referência ao estado psicológico, porém resposta incorreta).
2= Porque José quer comer macarrão (referência ao estado mental, porém resposta incorreta),
3= Porque José não sabia que ela trocou as tigelas; porque as tigelas foram trocadas e ele pensa
que a que ele deseja está em cima do balcão.

Questão Teste 15 – Questão de Justificativa: Por que a mãe vai dizer que Henrique acha que
vai ganhar um patins?
1= Porque Henrique quer um patins no seu aniversário (referência ao estado mental, porém
resposta incorreta).
2= Porque é isso que ela disse para ele (sem referência ao estado mental, porém resposta
parcialmente correta).
3= Porque é isso que ela acha que ele pensa; porque ela tentou enganá-lo para que ele pensasse
que iria ganhar um patins; porque ela disse que ele iria ganhar um patins e ela não sabe que ele
encontrou a bicicleta.

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