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10 Perguntas e

respostas para
compreender o
Autismo

Patrícia Gonçalves e
Áurea E Om Spricigo Siqueira
Diagramação: Jéssica Helena Castilho

Editora Dialética e Realidade


ÁUREA E OM SPRICIGO SIQUEIRA
Dedicamos este trabalho a todos os indivíduos com
autismo que em meio a tantas discussões sobre
inclusão, adaptação, integração, modificação de
comportamento, entre outros conceitos que
permeiam esta condição, ainda se sentem à
margem da sociedade, encontrando por conta
própria novos trajetos para traçar sua história, por
seu modo diferente de compreender e interagir
com o mundo.
Agradecemos a todos que contribuíram para a
realização deste trabalho, seja com ideias, referências,
revisões ou apenas pela paciência em ouvir nossa
empolgação em estudar este assunto ainda tão
permeado de mitos e conceitos equivocados, como é
o autismo.
Quem somos?

Patrícia Gonçalves

Graduada em Pedagogia com habilitação em


Educação Especial e em Filosofia pela UFPR,
Psicopedagoga, Especialista em Metodologia do
Ensino de Língua Portuguesa e Literatura, Mestre
em Filosofia e Doutora em Educação pela UFPR
na linha de pesquisa Cognição, Aprendizagem e
desenvolvimento humano. Possui experiência
na Educação infantil, Ensino Fundamental e
no Ensino Médio na Educação de Adultos.
Também possui experiência na Educação Especial com salas de recursos, classe especial,
estudantes surdos, disléxicos e superdotados. Atualmente, além de pesquisar sobre o
Autismo, também leciona no ensino superior, pesquisa o desenvolvimento da
inteligência humana e trabalha diretamente com o enriquecimento curricular de
estudantes que se destacam por seu desempenho acadêmico e/ou potencial criativo.

Áurea E Om Spricigo Siqueira

Psicóloga graduada pela PUCPR, Mestre em


Educação pela PUCPR, na linha de pesquisa
História e Políticas de Educação, bolsista pela
CAPES. Possui experiência na área de docência
no Ensino Superior, atendimento psicológico
de indivíduos com diagnóstico de Autismo
sob a perspectiva da Análise Aplicada do
Comportamento - ABA, Avaliação Psicológica.
Realiza pesquisas nas áreas de Psicologia e Educação Especial. Pesquisadora do Núcleo
de Estudos e Pesquisas sobre Ensino Médio e Juventudes - NEPEMJ. Atua como
Psicoterapeuta de crianças, adolescentes e adultos e também com indivíduos que
apresentam altas habilidades ou superdotação.
"As pessoas mais interessantes
que você encontrará são aquelas
que não se encaixam em sua
caixa... Elas farão o que precisam,
elas farão suas próprias caixas."
TEMPLE GRANDIN
APRESENTAÇÃO

Olá!

Quando iniciamos nossa pesquisa para a produção deste material, percebemos


como ainda há muitos mitos e conceitos pouco científicos permeando a condição da
pessoa com Transtorno do Espectro Autista.

Foi no sentido de levar informação de forma correta, dinâmica e objetiva que


produzimos mais este e-book da série 10 perguntas e respostas para compreender,
com objetivo de auxiliar pais, professores e profissionais a desmistificar alguns
conceitos e a conhecerem mais acerca do Autismo.

No entanto, caro leitor, esta é uma leitura primária que lhe ajudará a conhecer e a
sanar algumas dúvidas a respeito deste Espectro, mas, sem a pretensão de torná-los
experts após a leitura. Pretendemos que com nosso material nossos leitores
rompam preconceitos e mitos criados ao longo do tempo e construam uma visão
mais clara e acessível sobre esta condição, que, por seu um amplo potencial de
pesquisa, certamente ainda teremos muito o que conhecer.

Um grande abraço das autoras e o desejo de uma excelente leitura!


PREFÁCIO

Quando o Autismo bate à porta, seja à porta da nossa casa, do consultório ou da


escola, a primeira impressão é de algo temido e desafiador. Se você está interessado
nessa obra, acredito que tenha experimentado ou, até mesmo, ainda experimente
sensações parecidas com as que descrevi. Essas sensações são naturais quando
estamos diante do desconhecido.

No caso do Autismo, além dos aspectos desconhecidos, o que é divulgado sobre o


tema está permeado de mitos e preconceitos. Por isso, é louvável quando especialistas
no assunto, equilibrando sensibilidade e técnica, produzem um conteúdo introdutório
com a leveza e a clareza necessárias para orientar famílias, professores e profissionais
sobre o Autismo.

Inicialmente, as autoras apresentam as origens históricas, permitindo a compreensão


da evolução do conceito, bem como a explicação do termo “espectro” e sua relação
com os níveis. Em seguida, há um tópico fundamental sobre as causas, que contribui
para desmistificar teorias que foram refutadas pela comunidade científica e para tirar o
peso da culpa que muitas famílias, até esse momento, possam carregar.

Há, também, uma reflexão a respeito do diagnóstico e sua importância, que não pode
ser desvinculada de outros dois assuntos: a garantia de direitos e o acesso ao
atendimento individualizado. Além de todos esses temas centrais abordados na obra,
as autoras apontam, em seu decorrer, sugestões de livros e filmes sobre o assunto,
para contribuir nesses primeiros passos da caminhada rumo à conscientização.

Aquelas sensações iniciais que relatei, de temor e desafio, são superadas com
conhecimento de qualidade. E é esse conhecimento que Patrícia e Áurea transbordam
nessa obra.

Lidia Daniela da Costa Gonçalves


Fonoaudióloga e Analista do Comportamento
Coordenadora da pós-graduação em ABA da Censupeg
SUMÁRIO

1. O que é autismo?....................................................................1

2. Qual a origem do autismo? ...............................................5

3. Existem diferentes níveis de autismo?.........................8

4. O que causa o autismo?.....................................................11

5. Quem pode diagnosticar o autismo?...........................16

6. Porque é importante diagnosticar?.............................20

7. Quais são os direitos da pessoa


com autismo?..........................................................................24

8. Os alunos com TEA têm direito


à inclusão escolar?................................................................30

9. Qual o atendimento ideal para a


pessoa com autismo?...........................................................34

10. A pessoa com autismo pode ser


independente?........................................................................39
O que é autismo?

O Autismo é um Transtorno Global do


Desenvolvimento - TGD. Também conhecido por
Transtorno do Espectro Autista, se refere a uma
condição do desenvolvimento neurológico, em
que há déficits na comunicação, na interação
social e no comportamento, através de padrões
restritos e repetitivos.

Ao longo dos anos, a concepção do termo


autismo passou por inúmeras mudanças. Em
1994 a Síndrome de Asperger e o Autismo eram
compreendidos pela quarta edição do Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais -
DSM como condições diferentes, no entanto,
ambas faziam parte dos TGDs. Na época, a
Síndrome de Asperger se referia à indivíduos com
desenvolvimento da linguagem dentro do
esperado para sua idade, enquanto as crianças
com autismo desenvolviam tardiamente a
comunicação verbal.

A partir de 2013, com a quinta edição do DSM, passou-se a utilizar o termo


Transtorno do Espectro Autista - TEA, englobando a antiga conceitualização da
Síndrome de Asperger e reformulando a compreensão do autismo. Desde então,
passou-se a considerar que estas são condições análogas, que variam de acordo
com a intensidade de apoio que o indivíduo precisará receber.

1
Vale ressaltar que as características do autismo são duradouras e persistentes,
podendo impactar a qualidade de vida da pessoa dentro do espectro e de sua
família (MELLO, 2007). Além disso, o indivíduo com TEA pode apresentar
dificuldades no desempenho intra e interpessoal, acadêmico ou laboral
(BRAGA, 2018). Contudo, para ser considerado autista, estes sintomas devem
ser manifestados desde o nascimento ou início da infância, ou seja, por volta
dos 12 e 24 meses (APA, 2013).

As pessoas dentro do espectro autista podem manifestar dificuldades para se


relacionar socialmente, o que faz com que optem por ações que não
necessitam dessa interação, por isso, é comum revelarem baixo ou nenhum
interesse em compartilhar suas aspirações, prioridades e escolhas, assim como
pouca iniciativa para começar e manter um diálogo. Além disso, podem
apresentar dificuldade para interpretar sentimentos e expressões faciais
(KHOURY, TEIXEIRA, CARREIRO, SCHWARTZMAN, RIBEIRO E CANTIERI, 2014).

Ao analisarmos os aspectos relacionados à comunicação e interação social,


podemos verificar dificuldade para desenvolver habilidades sociais
relacionadas tanto à comunicação verbal quanto à não verbal. Isso equivale a
dizer que em muitas situações, podem encontrar obstáculos para iniciar ou
manter um diálogo, fazer contato visual adequado enquanto estão dialogando,
bem como para compreender e utilizar conceitos abstratos, como figuras de
linguagem, metáforas, sarcasmo, maneirismos… (FACION, 2005).

2
Na última década, a temática do autismo vem sendo retratada com frequência na
mídia, seja em filmes, novelas, seriados e até reality shows, o legal é que quanto
mais se fala sobre isso, maior é a visibilidade social destes indivíduos, o que
possibilita que mais pessoas conheçam a realidade, as aptidões e as dificuldades
das pessoas com TEA, possibilitando que mitos e preconceitos sejam quebrados,
reduzindo as barreiras da sociedade, de maneira a aproximar o entendimento a
respeito desse transtorno.

Dito de outro modo, quanto mais conhecemos sobre um tema, nos tornamos
mais munidos de informação acerca dele, o que nos torna mais preparados para
lidar com uma pessoa dentro do espectro quando ela estiver diante de nós.

Diferente do que muitos pensam, as


pessoas dentro do espectro também
têm a necessidade de se sentirem
integradas e pertencentes a um
grupo, ainda que em algumas
situações possam agir de maneira
pouco sociável, indicando dificuldade
para compreender regras e
convenções sociais, como dizer bom
dia, com licença, por favor. Por isso, é
papel da sociedade compreender
essas particularidades e produzir
adaptações que promovam a
integração efetiva dos indivíduos com
TEA.

3
SUGESTÃO DE FILME

Temple Grandin
Ano de lançamento: 2010

Conheça esta inspiradora história real de Temple Grandin, uma mulher com
autismo que é referência no mundo no trato humanizado de bovinos. Este filme
é baseado no livro escrito por ela, em que compartilha suas dificuldades e
sucessos. Temple vivenciou períodos de pouco conhecimento sobre o autismo
na sociedade, fazendo com que fosse incompreendida durante sua infância e
adolescência. Atualmente ela exerce sua profissão e ministra palestras sobre
autismo e Ciência Animal por todo o mundo.

4
Qual a origem do autismo?

O primeiro estudo sobre o Transtorno do Espectro Autista foi realizado por


Eugene Bleurer, um psiquiatra suíço que em 1911, descreveu como
autismo a ruptura do contato com a realidade, de modo que esta condição
poderia dificultar ou impossibilitar a comunicação com outras pessoas. À
época, os estudos realizados por Bleurer denominavam os traços autísticos a
pacientes com diagnóstico de esquizofrenia (AJURIAGUERRA, 1977). Indivíduos
com esquizofrenia evidenciam a presença de delírios, alucinações, alterações
de pensamento, afetividade e rebaixamento da volição (BRAGA, 2018). Percebe-
se que estes sintomas são muito diferentes dos sinais de autismo.

Em 1943, o psiquiatra austríaco Leo Kanner descreveu o autismo infantil,


utilizando o termo "Distúrbio Autístico do Contato Afetivo”, a partir das
seguintes características: solidão e isolamento extremo, presença de
movimentos motores repetitivos (o que hoje nós conhecemos por
estereotipias), repetição de sons, sílabas, palavras e frases, que pode parecer
um eco, revelando falta de habilidade para utilizar a linguagem para se
comunicar e tendência à rituais. (TAMANAHA; PERISSINOTO; CHIARI, 2008).

5
No ano seguinte, o psiquiatra austríaco Hans Asperger realizou um estudo
denominado "Psicopatia Autística", partindo da observação de quatro crianças
que apresentavam as mesmas características retratadas por Kanner. Ambos
pesquisadores teceram considerações sobre a manifestação precoce de
sintomas autísticos e a presença de comportamentos específicos
(SCHWARTZMAN, 1995).

Em 1981, a psiquiatra inglesa Lorna Wing atentou-se para o elemento


nomeado de continuun ou spectrum, que se refere a compreensão que
indivíduos com TEA manifestam, desde mudanças no comportamento que
variam de acordo com diferentes níveis de desenvolvimento e graus de
comprometimento, somados a outros déficits permanentes. Esta visão
possibilita o entendimento do autismo como uma condição em que os
sintomas se manifestam de maneira particular em cada indivíduo (FACION,
2005).

Os precursores no estudo do autismo


contribuíram significativamente para a
compreensão descritiva e específica a qual
utilizamos nos dias de hoje. Embora o
conceito inicial tenha sofrido adaptações, o
termo "autismo" permaneceu ao longo dos
séculos. Atualmente a compreensão
universal acerca deste transtorno provém
da visão da Associação Americana de
Psiquiatria - APA, que apresenta os
critérios diagnósticos vinculados à
compreensão de um atraso na
comunicação e na interação social,
presença de padrão de comportamentos
restritos e estereotipados, além de
interesses fixos.

6
SUGESTÃO DE LEITURA

Transtorno do Espectro Autista:


uma brevíssima introdução
Lucelmo Lacerda

Neste livro Lucelmo Lacerda, historiador e pai


de uma criança autista, nos conta um pouco
da sua trajetória na busca de referências,
pesquisas e atendimentos quando recebe o
diagnóstico de seu filho. O resultado dessa
busca culminou em uma bela obra de leitura
rápida e simples, sem perder a profundidade
e o rigor teórico. Nela, pais, professores e
demais profissionais que desejam saber a
respeito do Transtorno do Espectro Autista
terão um excelente ponto de partida para
entender a condição, desmistificar alguns
conceitos, além de conhecer um pouco mais
sobre a legislação nacional e as pesquisas que
estão sendo desenvolvidas mundialmente
sobre o Autismo.

7
Existem diferentes níveis

de autismo?

Na terminologia oficial do autismo, utiliza-se o termo "espectro". Isso porque


cada pessoa que apresenta esta condição do neurodesenvolvimento manifesta
um quadro diagnóstico com múltiplas possibilidades, podendo variar de acordo
com a manifestação dos sintomas, o que irá interferir no grau de
funcionalidade e independência do indivíduo, de forma que diferentes pessoas
dentro do espectro irão apresentar uma variabilidade de características que
são particulares (BRAGA, 2018). A partir destes componentes, foram
subdivididos três níveis de gravidade dos sintomas: nível 1, nível 2 e nível 3. A
identificação dos níveis possibilita compreender com acurácia o grau de
suporte que cada indivíduo dentro do espectro precisará receber do cuidador
e da sociedade em geral, possibilitando assim, melhor atendimento das suas
necessidades no que tange à comunicação, interação social, estereotipias e
interesses fixos e restritos de comportamento.

Leve (Nível 1) Moderado (Nível 2) Severo (Nível 3)

Nível 1 - pode ser exemplificado pelo indivíduo que se comunica verbalmente,


mas têm a necessidade de auxílio de outra pessoa para começar uma
interação social. Comportamentos relacionados à fixação da rotina e rituais são
bastante comuns, podendo evitar mudanças ou abertura para novas situações.
Pode expressar dificuldade na organização e no planejamento (ASSUMPÇÃO;
KUCZYNSKI, 2018).

8
Nível 2 - o indivíduo indica dificuldade para se comunicar de maneira verbal e
não-verbal, assim como para interagir socialmente, mesmo na presença de
suporte. Pode apresentar pouco contato social, ou comportamentos sociais
atípicos. A presença de estereotipias e interesses restritos é frequente,
impactando diferentes contexto que convive. Em situações em que é impedido
de realizar a sua rotina, revela sofrimento. Precisa de grande suporte para se
relacionar com outras pessoas (SELLA; RIBEIRO, 2018).

Nível 3 - apresenta déficits significativos na comunicação verbal e não-verbal,


pode manifestar alguns sons ou fala ininteligível, impactando no seu
funcionamento como um todo. Demonstra intensa frustração e sofrimento
quando não consegue concluir o seu ritual, rotina ou estereotipia. O indivíduo
depende de suporte muito substancial de outra pessoa, tanto para se
comunicar e interagir socialmente, como também para enfrentar mudanças na
rotina ou no contexto (APA, 2013).

O nível de autismo de um indivíduo não define ou limita quem ele é, e sim


expõe o tipo de suporte que poderá precisar para se desenvolver ao longo da
vida. Essa identificação acaba facilitando para que a escola, a família e a
sociedade em geral compreendam as reais necessidades, o nível de autonomia,
as habilidades de comunicação de cada pessoa dentro do espectro, de maneira
a planejar o tratamento mais adequado, a quantidade de terapias e pensar em
adaptações no ambiente ou nas atividades propostas. Por isso, não existem
diferentes tipos de autismo, e sim uma mesma condição com características
que podem se manifestar de maneira particular.

9
Dia Nacional de Conscientização do

Autismo: 2 de abril

Esta é uma data que marca a importância da conscientização do autismo no


Brasil e que tem crescido a cada ano. A Lei 13.652/2018 possibilitou tornar
esse dia um marco para a população autista e seus familiares, pois é através
dela que podemos disseminar ainda mais conhecimento sobre TEA,
informando a população, ganhando visibilidade e freando o preconceito. Tem
sido muito comum que as pessoas dentro do espectro e suas famílias vistam
camisetas azuis, se reúnam em grandes grupos nos parques de suas cidades e
façam uma caminhada para celebrar este dia tão especial, alguns grupos
distribuem panfletos com informações sobre o autismo, outros utilizam faixas
e bandeiras para enfatizar a data comemorativa.

10
O que causa o autismo?

Até o presente momento não há estudos científicos conclusivos que


comprovem o que causa o autismo, principalmente pela complexidade desta
condição. No início das pesquisas sobre o TEA, havia inúmeras hipóteses a
respeito da sua origem, desde teorias relacionadas ao uso da vacina tríplice
viral como causadora do autismo, até a ideia de que a falta de vínculo afetivo
com a figura materna poderia desencadear o autismo na criança. Após muitas
décadas de pesquisa, essas teorias foram seriamente rejeitadas pela
comunidade científica e pela sociedade em geral.

Na atualidade, já se sabe que a causa do autismo é multifatorial, a partir da


combinação de fatores genéticos, ambientais e acontecimentos anteriores e
posteriores ao nascimento (ANTONIUK, 2012). Embora ainda não tenha sido
identificado um marcador genético específico.

Existem fatores de risco para autismo como: idade paterna e materna


avançada, complicações e infecções durante o período gestacional ou durante
o parto, utilização demasiada de ácido valpróico no período da gestação, baixo
peso ou prematuridade ao nascer. (HADJKACEM; AYADI; TURKI; YAICH;
KHEMEKHEM; WALHA, et al, 2016).

A identificação de sinais de risco para autismo pode ser


realizada a partir dos 14 meses, no entanto, o diagnóstico
definitivo pode ser realizado a partir dos 36 meses, tendo
em vista que as diferenças entre as síndromes, doenças e
transtornos estejam mais perceptíveis a partir dessa idade. É
bastante comum que o diagnóstico definitivo seja dado entre
os 3 e 5 anos (VOLKMAR; WIESNER, 2019).

11
Alguns pesquisadores apontam que o indivíduo com TEA pode apresentar
anomalias no cérebro, desde mudanças no volume de substância cinzenta e
branca, até alterações no cerebelo, sistema límbico, lobo frontal, entre outros
(ANTONIUK, 2012).

Vale ressaltar que o autismo não tem uma causa específica conhecida, pois a
sua causa é decorrente da combinação de fatores genéticos e ambientais. No
entanto, o que nós sabemos, é que o autismo tem sido diagnosticado quatro
vezes mais em indivíduos do sexo masculino do que no feminino, o que
equivale a dizer que 80% dos indivíduos dentro do espectro são homens,
enquanto 20% são mulheres (BRAGA, 2018).

Outro dado interessante, é que


de acordo com a Organização
das Nações Unidas - ONU, em
2015 estimava-se que 1% da
população mundial era autista. O
Centro de Controle de Doenças
(CDC), realizou uma pesquisa
nos Estados Unidos em 2018
que obteve como resultado que
a cada 59 nascimentos, 1 criança
apresentava TEA.

13
O que mostra que embora não tenha sido identificado um marcador genético
específico para o autismo, o número de diagnósticos está aumentando a cada
ano. "A razão para o aumento no número de diagnósticos vem sendo estudada
e as explicações mais consolidadas referem-se à maior acuidade dos
instrumentos diagnósticos, ao aumento do número de centros de referência
que identificam o transtorno, e ao aumento da informação sobre autismo entre
terapeutas, professores e a sociedade em geral" (SIQUEIRA, 2020, p.10, apud
HILL; ZUCKERMAN; FOMBONNE, 2015).

Independente da causa, o que precisamos nos atentar é que as pessoas com


autismo apresentam sinais característicos desde os primeiros anos de vida, por
isso é indispensável que todos tenham conhecimento a respeito disso, para
realizar o diagnóstico o quanto antes.

É bastante comum que os professores


da educação infantil percebam os
primeiros sinais de autismo e orientem
as famílias a buscar auxílio
especializado, por isso, é importante
que os pais estejam atentos ao
desenvolvimento e aos sinais
manifestados por seus filhos, afinal,
quanto antes a criança com autismo
for atendida em suas necessidades e
estimulada com suporte especializado,
melhor é o prognóstico.

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SUGESTÃO DE SÉRIE

Atypical
Ano de lançamento: 2019.

Retrata o cotidiano de um adolescente autista tentando entender o mundo


através da sua perspectiva. Expõe como a família lida com o autismo, mostrando
a realidade em diferentes âmbitos da vida: escolar, profissional, relacionamentos
amorosos e amizades. A série conta com uma boa dose de bom humor e aborda
pontos importantes sobre a passagem da adolescência para a vida adulta de
uma pessoa dentro do espectro.

15
Quem pode diagnosticar

o autismo?
Primeiramente é importante esclarecer que não existem testes de laboratório
específicos para detectar o autismo, o diagnóstico é eminentemente clínico e
multidisciplinar, assim, o autismo não é diagnosticado por suas causas, mas sim
por seus sintomas (LACERDA, 2017). Logo, além da observação clínica também
é imprescindível a descrição comportamental desde os primeiros dias de vida,
pois ainda há uma imensa dificuldade em definir um conjunto de sinais e
sintomas específicos que nos forneça o diagnóstico de TEA (TELMO,1990).

Como citamos acima, na maioria dos casos o diagnóstico definitivo é traçado


até aos três anos. Gillberg (2005) justifica dizendo que nesta fase a criança já
apresenta os sinais precoces da presença do autismo, como por exemplo, a
dificuldade em se comunicar, as estereotipias, a ausência do simbólico e da
vida imaginativa.
A partir da década de 80, o Autismo
foi retirado da categoria de psicose no
DSM III e no DSM III-R, bem como no
CID-10 e passou a ser considerado
como Transtorno Global do
Desenvolvimento. No DSM-IV-TR
(2002), passam a ser critérios do
transtorno autista as dificuldades na
interação social, na comunicação e as
atividades motoras estereotipadas, a
chamada tríade clínica de Lorna Wing.

No CID-10 o diagnóstico do TEA é regido por três grandes grupos:


- Anomalias qualitativas na interação social recíproca;
- Problemas qualitativos de comunicação;
- Comportamento, interesses e atividades restritas, repetitivas e estereotipadas.

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Para avaliar estas características, existem atualmente muitos testes que podem ser
aplicados, para verificação do diagnóstico de TEA, muitos deles já traduzidos para o
português, entre os quais podemos citar Autism Behavior Checklist (ABC),
Diagnostic Checklist for Behaviour-Disturbed Children, From E-1 e E-2, Behaviour
Rating Instrument for Autistic and Atypical Children (BRIAACC), Behaviour
Observation Scale for Autism (BOS), Childhood Autism Rating Scale (CARS), Autism
Diagnostic Interview- Revised (ADI-R), Autism Diagnostic Observation Schedule
(ADOS), Checklist for Autism in Toddlers (CHAT) e Behaviour Summarized Evaluation
(BSE), (SALDANHA et. al.,2009).

Como são muitas as áreas a serem observadas, o diagnóstico de autismo nunca


deve ser realizado por um único profissional. Ele deve ser realizado por uma equipe
multidisciplinar especializada neste transtorno, composta preferencialmente por
um médico neurologista infantil, psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos nos
casos em que a fala está extremamente prejudicada, da família e nos casos em que
a criança está em idade escolar, da escola.

O ideal é que cada um dos integrantes da equipe, dentro de sua especialidade,


analise as características do indivíduo em suas consultas ou sessões de avaliação e
forneça seu parecer através de um relatório. Cientes da análise e observação de
cada um dos profissionais, a equipe construirá um novo relatório de avaliação
multiprofissional em que possam afirmar com segurança que o diagnóstico final
foi concluído como TEA.

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Ressaltamos que a avaliação diagnóstica do
autismo se torna um momento complexo, delicado
e muito desafiador para a família. Assim, os
profissionais que participam deste processo
precisam dar apoio e se colocar à disposição para
esclarecer todas as dúvidas e realizar futuros
encaminhamentos ou atendimentos que se façam
necessários sempre no intuito de desenvolver a
criança e apoiar a família.

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SUGESTÃO DE LEITURA

Humor Azul: O lado engraçado do autismo


Rodrigo Tramonte
Neste divertido livro, Rodrigo Tramonte, autista e cartunista, procura mostrar o lado
engraçado e irreverente da vida dos autistas através de seus desenhos que contam as
aventuras e desventuras de Zé Azul e seus companheiros. Para desmistificar o que
algumas pessoas pensam sobre autismo ser uma doença ou um motivo de dor e
sofrimento, Rodrigo mostra que esta é, na verdade, apenas uma forma diferente de
enxergar as coisas e o mundo. O livro Humor Azul é uma ótima pedida para aqueles
que desejam conhecer um lado irreverente e divertido do autismo e para os autista
que podem se descobrir nas aventuras de Zé Azul e sua turma.

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10
Porque é importante

diagnosticar?

O diagnóstico de TEA é importante para a identificação da condição da pessoa


enquanto sujeito com suas características pessoais e individuais e também
porque as pessoas com este transtorno passam a ter uma série de direitos e
de atendimentos que só serão possíveis uma vez que se tenha um diagnóstico
conclusivo.

De acordo com Araújo (2019), outra questão muito importante é que quanto
mais rápido os traços de TEA forem identificados, mais rapidamente será
iniciada a estimulação e mais efetivos serão os ganhos no desenvolvimento
neuropsicomotor. A estimulação pode atingir o período ótimo definido pelas
denominadas “janelas de oportunidades” do cérebro das crianças e a detecção
precoce pode auxiliar a treinar habilidades que, se porventura houver um
atraso no diagnóstico, dificilmente poderão ser alcançadas.

Ainda de acordo com a autora, realizar o diagnóstico logo que os primeiros


sinais são notados é importante, pois, uma vez que o cérebro apresenta este
nível ótimo de formação de redes neurais e de habilidades nos primeiros
meses de vida, nessa fase a criança poderá ter resultados mais efetivos do que
quando o diagnóstico é tardio (ARAÚJO, 2019).

Para ela, a cultura popular de “esperar o tempo da criança” deve ser superada
e transformada em ação imediata para avaliar o período de cada aquisição do
desenvolvimento motor, de linguagem e interação social, que devem ser
alcançados dentro do padrão da normalidade, segundo escalas validadas
internacionalmente. Por exemplo, existe uma idade mínima e máxima
considerada normal para iniciar as primeiras palavras – se o bebê não emite
palavras após a idade considerada máxima é caracterizado atraso e ele deve
ser avaliado e estimulado imediatamente, pois as janelas de oportunidade da
linguagem estão abertas até a idade de 3 anos (ARAÚJO, 2019).

20
No âmbito escolar, as adaptações devem ser realizadas pelos professores,
desde o momento em que o estudante com TEA é inserido no ambiente
escolar, seja no ensino fundamental ou na educação infantil. O conceito de
adaptações curriculares é considerado como: estratégias e critérios de atuação
docente, admitindo decisões que oportunizam adequar a ação educativa
escolar às maneiras peculiares de aprendizagem dos alunos, levando em conta
que o processo de ensino-aprendizagem pressupõe atender à diversificação de
necessidades dos alunos na escola (MEC/SEESP/SEB,1998). Nos casos em que
há limitações nos cuidados com a higiene, alimentação e comunicação, o
estudante também pode contar com o apoio de um profissional especializado -
Lei Berenice Piana (BRASIL, 2012).

Assim, o diagnóstico será importante para que a família possa reivindicar essas
adaptações curriculares que constituem em possibilidades educacionais de
atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos e de suas
necessidades educacionais específicas.

Ainda a respeito do diagnóstico, é importante ressaltar que toda pessoa tem


direito de saber sobre a sua condição. Se o diagnóstico é realizado na infância,
é importante contar com a ajuda dos profissionais que realizaram a avaliação
para encontrar a melhor forma de contar para a criança sobre a sua condição.
Se a avaliação é realizada já na vida adulta, é o indivíduo quem vai escolher que
pessoas ele considera importante saber sobre a sua condição e quando
informar aos demais a respeito.

21
Berenice Piana

Mãe de um Autista, é a primeira pessoa a


conseguir a aprovação de uma lei por meio de
iniciativa popular no Brasil. Ela é reconhecida
como co-autora da Lei 12.764, sancionada em 28
de dezembro de 2012, que instituiu a Política
Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com
Transtornos do Espectro Autista.

22
Dia Mundial do Orgulho Autista:

18 de junho

Esta data surgiu da iniciativa de mudar a maneira negativa com que as mídias e
a sociedade enxergavam as pessoas com TEA, mostrando que o
funcionamento cerebral diferente do comum, ou seja, a neurodiversidade,
também faz parte da sociedade e precisa ser compreendida. No dia 18 de
junho, pessoas do mundo todo se agrupam para promover passeatas e
eventos em prol da promoção de um novo olhar sobre o autismo.

23
Quais são os direitos da

pessoa com autismo?


Após a realização do diagnóstico, a pessoa dentro do espectro é amparada por
inúmeras leis e decretos que asseguram seus direitos como Público alvo da
educação especial. Historicamente, pode-se observar que a Constituição de 1988
foi um marco que inaugurou e impulsionou o surgimento de muitas outras
legislações que compreendem esta população como pessoa com deficiência para
todos os efeitos legais. A importância destas leis está em garantir o acesso destes
alunos ao ensino regular e também o atendimento educacional especializado.
Abaixo, elaboramos uma tabela que traz os objetivos da legislação brasileira
direcionada à inclusão de indivíduos com autismo.

Constituição da República
Federativa do Brasil 1988
Estabelece promover o bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade
e quaisquer outras formas de discriminação. 1989 Lei n. 7.853/89
Como um dos princípios para o ensino e
Prevê direitos individuais e sociais das pessoas
garante, como dever do Estado, a oferta do
portadoras de deficiências, e sua efetiva
atendimento educacional especializado.
integração social. A inclusão, no sistema
educacional, da Educação Especial como
modalidade educativa que abrange a educação
precoce, a pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a
supletiva, a habilitação e reabilitação
Declaração de profissionais, com currículos, etapas e
1994 exigências de diplomação próprias
Salamanca
Prioriza o desenvolvimento de sistemas
educativos que incluem todas a crianças,
independente de dificuldades ou diferenças
individuais, por meio de medidas políticas e
orçamentárias.
1995 Lei nº 8.989/ 1995
Isenta do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) indivíduos portadores de
deficiência.

24
Lei n. 9.394/96 -
1996
Lei de Diretrizes e
Bases da Educação (LDB)
Capítulo V trata da Educação Especial. 1999 Decreto n. 3.298
Responsabiliza o educador e a instituição de
ensino pela inserção do indivíduo com autismo Regulamenta a Lei n. 7.853, de 24 de outubro
no ambiente escolar e na sociedade, como de 1989, que dispõe sobre a Política Nacional
uma prática de cidadania. para a Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência. Define a educação especial como
uma modalidade transversal a todos os níveis
e modalidades de ensino, enfatizando a
atuação complementar da educação especial

Resolução 2/2001 - 2001 ao ensino regular.

Diretrizes Nacionais para


a Educação Especial na
Educação Básica 2001 2001 – Lei n. 10.172
Prevê atendimento educacional especializado
Organizar com as áreas de saúde e assistência,
e condições necessárias para educação de
iniciativas direcionadas à ampliação de oferta
qualidade para educandos que comprovem
de estimulação educativa precoce para
necessidades educacionais especiais.
crianças com necessidades educacionais
especiais, em sistema de ensino especializados
ou escolas regulares de educação infantil.

Decreto n. 6.949/2009 -
Convenção sobre os 2009 Decreto n. 7.611/2011 -
Direitos das Pessoas com
Atendimento Educacional
Deficiência e seu Protocolo
2011 Especializado (AEE)
Facultativo
Prevê o desenvolvimento de instrumentos
Prevê que medidas de apoio individualizadas e
pedagógicos e didáticos, bem como um
efetivas sejam adotadas em ambientes que
sistema educacional inclusivo em todas as
maximizem o desenvolvimento acadêmico e
etapas de ensino, capaz de extinguir os
social, de acordo com a meta de inclusão
obstáculos de ensino e aprendizagem, para
plena.
promover o sucesso acadêmico de alunos com
necessidades educacionais especiais.

25
Lei n. 12.764/2012 -
2012
Política Nacional de
Proteção dos Direitos da
Pessoa com Transtorno
do Espectro Autista
Passou a considerar o indivíduo com TEA uma
pessoa com deficiência, para efeitos legais,
com o intuito de garantir todos os direitos
conquistados pelos sujeitos com deficiência.
Em caso de necessidade comprovada, prevê a
presença de um acompanhamento
especializado em sala de aula. Prevê o acesso
à profissionalização dos indivíduos com
autismo, atenção às necessidades de saúde
incluindo diagnóstico precoce, atendimento
2012 Lei n. 12.764/2012 -
multiprofissional, acesso à educação,
profissionalização, acesso à previdência e Política Nacional
assistência social, divulgação de informação
pública sobre o distúrbio e suas implicações, de Educação Especial na
incentivo à capacitação de profissionais,
estímulo à pesquisa científica. Esta lei também perspectiva da
versa sobre a reserva de vagas para indivíduos
com TEA em estabelecimentos que possuem
Educação Inclusiva
acima de 100 funcionários.
Prevê a garantia ao acesso, participação e
aprendizagens desses sujeitos na escola
regular comum, sugerindo diretrizes
específicas. Direciona a organização de redes
Lei 12.711/2012 2012 de apoio, formação continuada, identificação
de recursos, serviços e elaboração de práticas
Refere-se à entrada no ensino superior, nas
colaborativas
universidades e instituições federais de
educação a nível técnico e médio. Dispõe
sobre o ingresso de alunos pretos, pardos,
indígenas e pessoas com deficiência nas
instituições, cujas vagas serão ocupadas
proporcionalmente ao total de vagas no
mínimo similar à porcentagem de pretos,
pardos, indígenas e pessoas com deficiência
na habitação da unidade federativa em que
está localizada a instituição.

26
2014 Lei 13.005/2014 -

2015 Plano Nacional


Lei nº 13.146 - Lei de Educação
Brasileira de Inclusão da Assegura o atendimento das necessidades
Pessoa com Deficiência específicas na educação especial, através de
um sistema educacional inclusivo. Busca
(Estatuto da Pessoa com universalizar para indivíduos de 4 a 17 anos o
Deficiência). acesso às salas de recursos multifuncionais,
classes, escolas ou serviços especializados,
Prevê o acesso ao ensino superior, públicos ou conveniados.
profissionalizante e tecnológico pensando em
oportunidades e condições iguais com as
demais pessoas.
No que tange aos processos seletivos para
entrada no ensino superior, educação
profissionalizante e tecnológica, públicas e
privadas, devem ser implementadas medidas
visando o atendimento preferencial à pessoa 2017 Lei n. 13.438/2017
com deficiência nas Instituições de Ensino
Superior (IES), fornecimento de provas
altera a Lei n. 8.069/1990 -
adaptadas e tecnologia adequada às
Estatuto da Criança e do
necessidades do candidato.
Assegura-se o direito ao benefício mensal de Adolescente (ECA)
um salário-mínimo para a pessoa com
deficiência em que a família não consegue
Torna obrigatória a adoção pelo Sistema
prover ou que a própria pessoa não tenha
Único de Saúde – SUS, de um protocolo que
maneiras para se manter.
forneça padrões para avaliação de riscos de
atraso no neurodesenvolvimento infantil nos
primeiros 18 meses de vida.

2020
Lei 13.977/2020 -
Lei Romeo Mion
Institui a Carteira Nacional do Autista (Ciptea)
de expedição gratuita. Garante a atenção
integral, pronto atendimento e prioridade na
ordem de atendimento de serviços públicos e
particulares, principalmente na área da saúde,
educação e assistência social.

27
Ainda há muito o que ser feito em relação à legislação para a pessoa com TEA
no Brasil, como promover medidas de permanência no Ensino Médio,
capacitação de professores e de toda equipe pedagógica para atender alunos
dentro do espectro, ações que efetivem o diagnóstico precoce, e também
colocar em prática todas as leis que estão em vigor. No entanto, inúmeras
conquistas foram adquiridas ao longo de tantos anos de reivindicações e é
importante ressaltar que parte dos direitos que foram adquiridos surgiram do
movimento de pais e familiares de indivíduos dentro do espectro.

28
SUGESTÃO DE LEITURA

O que me faz pular


Naoki Higashida

Esta é mais uma obra escrita por


uma pessoa com Autismo. Nele
Naoki Higashida autista com grande
dificuldade de se comunicar
verbalmente, conta como aprendeu
a se expressar apontando as letras
em uma cartela de papelão, e, aos
treze anos escreveu seu próprio
livro.
É uma obra muito poética e sensível
que nos leva a entender um pouco
mais sobre a mente da pessoa
autista e sua forma de ver o mundo
através dos comportamentos muitas
vezes desconcertantes do autor, que
demonstram toda sua visão delicada
e natural a respeito do que está a
sua volta.

29
Os alunos com TEA têm
direito à inclusão escolar?

A resposta é sim!

Desde 1996 através da Lei de Diretrizes e Bases da educação brasileira LDB


9394/96, o estudante com TEA é considerado público alvo da educação
especial.

Uma vez que o Transtorno do


Espectro Autista é considerado
um Transtorno Global do
desenvolvimento - TGD, como
vimos anteriormente, sim, o
autista tem direito a inclusão
escolar dentro das escolas
regulares. Assim, para promover
a inclusão da pessoa Autista no
contexto escolar sugerimos
alguns aspectos primordiais:

30
• Conhecer mais a respeito desta condição.
• Conversar com a família e obter
informações específicas sobre o nível de
Autismo da criança e demais características
específicas.
• Identificar suas preferências, bem como as
ações que podem culminar em conflitos.
• Estabelecer uma rotina de regras de
convivência de forma visual.
• Apresentar funcionalidade às atividades
que serão realizadas.
• Fracionar as atividades em etapas
Adequar o nível de complexidade das
atividades.
• Ser claro e objetivo em seus comandos.
• Adequar a seleção de materiais.
• Desenvolver atividades complementares e alternativas.
• Alterar o tempo previsto das atividades possibilitando ao estudante alcançar os
objetivos propostos dentro do seu tempo.
• Trazer para sala de aula temas e assuntos de interesse do estudante .

Assim, quando pensamos em inclusão também é muito importante falarmos da


figura do professor que deve exercer a função de mediador no processo
inclusivo. É ele quem promove o contato inicial da criança com a sala de aula e é
o responsável por incluí-la nas atividades com toda a turma, realizando as
adaptações e alterações que se façam necessárias.

Observa-se no contexto da educação básica diferentes elementos da


aprendizagem, e o desenvolvimento de níveis de compreensão, que vão desde o
processo de alfabetização, posteriormente a assimilação de conceitos
matemáticos básicos, e, mais tarde, o entendimento de figuras de linguagem e
conceitos abstratos. Para o educando com TEA, cada etapa do processo de
ensino-aprendizagem pode evidenciar dificuldades e lacunas na aprendizagem,
podendo variar de acordo com inúmeros fatores, como o nível de estimulação
que o aluno recebe, a formação do professor, os recursos disponíveis, as
características do aluno, o engajamento da turma, entre outros.” (SIQUEIRA,
2021, p. 53).

31
Contudo, sabemos que nem todos os professores estão preparados para
trabalhar com a inclusão, seja por defasagem em sua formação, dificuldades na
estrutura física da escola ou pela falta de recursos que podem dificultar muito a
integração do estudante autista. A este respeito Santos exemplifica:

"A escola recebe uma criança com dificuldades em se relacionar, seguir regras
sociais e se adaptar ao novo ambiente. Esse comportamento é logo confundido
com falta de educação e limite. E por falta de conhecimento, alguns profissionais
da educação não sabem reconhecer e identificar as características de um
autista, principalmente os de alto funcionamento, com grau baixo de
comprometimento." (SANTOS, 2008, p. 9).

No entanto, a falta de formação e habilidade em trabalhar com estes estudantes


não deve ser uma desculpa para deixar de lecionar de forma inclusiva. Como
iniciamos este capítulo expondo, desde 1996 a inclusão é um processo
garantido por lei em nosso país e se há uma defasagem na formação dos
professores, devemos todos nos unir e procurar preencher essa lacuna com
novas formações, cursos e leituras de obras como esta, que tem como objetivo
desmistificar conceitos e promover a máxima de que toda pessoa com TEA
pode aprender desde que sejam consideradas suas limitações cognitivas,
comportamentais ou sociais, respeitando suas especificidades.

32
SUGESTÃO DE FILME

Rain Man
Ano de lançamento: 1988

Quando um vendedor que só


pensa em si mesmo recebe a
notícia de que seu pai faleceu, vai
atrás da herança como filho único,
mas descobre que não é o
herdeiro. Para tentar reaver o que
considera seu de direito, vai
encontrar o irmão para quem o pai
deixou todos os bens e se
surpreende porque ele é autista.

A diferença faz com que o


vendedor se sensibilize, evolua,
adquira novos aprendizados na
relação com o autista.

Este clássico conta com atuações memoráveis de Tom Cruise e Dustin Hoffman,
que mostra as idiossincrasias de um indivíduo com autismo, desde suas
preferências, até sua forma de comunicação.

33
Qual o atendimento ideal

para a pessoa com autismo?

Como vimos anteriormente, hoje o Transtorno do Espectro Autista recebe esse


nome justamente porque dentro da condição podem haver várias
características que distinguem uma pessoa com Autismo de outra. Dentre elas
pode haver incidência no comportamento que se qualifica por uma dificuldade
ao nível social, podem haver dificuldades no desenvolvimento da linguagem e
também existir distúrbios comportamentais (MELO; FALEIRO; LUZ, 2009).
Assim, tão vasto como podem ser as características do Autista, podem ser
também os tratamentos e atendimentos indicados, pois é com base nas
peculiaridades de cada um, que os encaminhamentos serão realizados.

Acerca da interação social, muitas pessoas com TEA apresentam alterações e


dificuldades na decodificação de expressões faciais, compreensão das
emoções e da necessidade de distanciamento, o que leva a uma grande
dificuldade em fazer amigos (OLIVEIRA, 2009).

34
Neste sentido, muitas famílias ficam extremamente chateadas quando, por
exemplo, seu filho é convidado para uma festa, todas as demais crianças estão
brincando juntas e o autista está sentado em um canto brincando sozinho.

Essa situação é muito comum e mesmo que cause desconforto aos pais,
devemos sempre pensar se está trazendo sofrimento para a criança, ou não.
Se ela está se sentindo incomodada, desejando estar junto dos outros, talvez
seja o momento de intervir, sugerir uma brincadeira em que ele também possa
interagir e estar com os demais. Mas, se a criança está inteiramente envolvida
em seu jogo ou brincadeira individual, forçar uma interação pode lhe causar
um sofrimento desnecessário.

Em relação a estas questões comportamentais, Garcia e Rodriguez (1997), dão


alguns exemplos de comportamentos assumidos pelos autistas como gostos
muito limitados e estereotipados, vinculação exagerada e obsessiva a
determinados objetos, rituais compulsivos, maneirismos motores
estereotipados e repetitivos, preocupação fixada na parte de um objeto e
dificuldade em lidar com as mudanças de ambiente. Em determinados casos
também podemos encontrar situações mais graves de agressividade,
hiperatividade e hábitos errados de alimentação e sono.

35
Nestes casos é essencial contar com o apoio de um psicólogo especialista
em Terapia Cognitivo Comportamental que possa ensinar o indivíduo com
autismo a lidar com a frustração, entender e aprender regras e limites.

A ABA - Applied Behavior Analysis, em


português Análise do Comportamento
Aplicada – é considerada atualmente o
modelo de atendimento de alta
eficácia para indivíduos com autismo.
É definida como uma ciência que
estuda o comportamento e como
mudá-lo. Trata-se de um campo de
estudo que abarca todos os
organismos e comportamentos
(LACERDA, 2017). Parte da observação
e análise da relação existente entre o
ambiente, o comportamento e a
aprendizagem (SKINNER, 1953).

O profissional conhecido por analista do comportamento, trabalhará com a


população autista o ensino de comportamentos adaptativos e a modificação
de outros. Dito de outro modo, depois de realizada a observação de um
comportamento disfuncional da criança, será elaborado um plano de ação
que possibilite a sua modificação. Podemos pensar por exemplo nos
comportamentos heterolesivos ou excessivos, que trazem prejuízos para a
criança e para as pessoas ao seu redor, além de dificultar a aprendizagem
de repertórios importantes para o seu desenvolvimento (BAER; WOLF;
RISLEY, 1968). Em relação às habilidades funcionais que a criança já possui,
podem ser realizadas atividades de manutenção que serão reforçadas
positivamente.

36
Esta abordagem tem se mostrado altamente eficaz no atendimento de indivíduos
dentro do espectro por possibilitar rotina, ambiente planejado e organizado
(SANTOS, 2008), tendo em vista que esta população costuma responder bem
diante de condutas e procedimentos explícitos e estruturados (CAMARGO,
RISPOLI, 2013).

Em relação a linguagem Telmo (1990), sustenta que a partir dos 2 anos é possível
notar a dificuldade ou ausência de comunicação. Algumas crianças autistas
adquirem a fala tardiamente, mas outras nunca chegam a falar, acabando por
utilizar outros sistemas de comunicação. O mesmo autor explica que a criança
que fala pode ainda apresentar ecolalia, inversão dos pronomes, articulação
incorreta das palavras e a não utilização da linguagem na sua função
comunicativa, ou seja, tem a pragmática alterada. O autor ressalta que outro
obstáculo à interação social é a prosódia, pois alguns indivíduos com autismo não
conseguem utilizar uma entoação adequada, o que dificulta sua interação.

Assim, é muito importante realizar testes audiométricos a partir dos 6 meses de


vida para que sejam descartadas qualquer possibilidade de surdez ou problemas
no processo auditivo. É essencial o acompanhamento com o
otorrinolaringologista e com o fonoaudiológico especialista em autistas,
realizando um trabalho de estimulação, reconhecimento do som e treinamento
articulatório.

Já o nutricionista pode auxiliar no processo de reconhecimento do sabor e


textura dos alimentos, diminuindo a repulsa por alguns sabores. Um terapeuta
ocupacional ou psicomotricista pode ajudar a desenvolver as questões motoras,
sensitivas, estimular a reabilitação cognitiva, além de trabalhar o desenvolvimento
motor e a estimulação sensorial.

É importante lembrar que até este momento o autismo não tem cura e não
existe um medicamento específico para tratar o autismo (GADIA et al., 2004;
KLIN, 2006; SCHWARTZMAN, 2011a, 2011b). No entanto, o médico neuropediatra
poderá indicar medicamentos que podem combater sintomas relacionados ao
autismo como agressão, hiperatividade, compulsividade ou dificuldade para lidar
com o sono. Mas lembre-se: cada caso é único e somente o especialista poderá
indicar se a intervenção medicamentosa é necessária.

37
SUGESTÃO DE LEITURA

Outra sintonia: a história do Autismo


John Donvan e Caren Zucker

Neste livro os jornalistas John Donvan e


Caren Zucker contam a história de Donald
Triplett que no início da década de 1930,
chamava atenção por seu comportamento
peculiar, sua tendência ao isolamento e
sua incrível capacidade de memorização.
Apesar dos esforços de seus pais, nenhum
profissional consegue chegar a um
diagnóstico. Depois de anos de
acompanhamento, muitas discordâncias
médicas, tratamentos controversos e,
principalmente, da luta de sua família,
chegam ao diagnóstico definitivo de que
Donald era autista.
Na obra os jornalistas contam essa
trajetória cheia de detalhes e sensibilidade
e apresentam o autismo como uma
diferença, não como uma deficiência.

38
A pessoa com autismo pode

ser independente?

Essa é a pergunta que aflige muitas famílias, que justifica muitas brigas,
discussões e lutas por direitos, na defesa de que seu filho seja respeitado e de
que tenha o direito de conviver em sociedade, formar a sua família e buscar seus
sonhos e objetivos de forma independente. Mas a resposta para essa pergunta
é depende.

Como a pessoa com TEA vai se comportar, compreender o mundo e interagir


com todos a sua volta depende muito do nível de Autismo, das limitações sociais,
comportamentais e de linguagem que ela apresenta e é claro, dos estímulos
recebidos desde os primeiros meses de vida. Assim, é muito difícil apresentar
uma resposta exata, pois as experiências que acompanharão este indivíduo
também farão parte de toda sua formação pessoal. Para Braga (2018, p.)

39
Se uma criança com autismo recebe atenção
e estimulação desde cedo, poderá ser um
adulto autossuficiente e capaz de estabelecer
relações sociais dentro das condições que
seu quadro diagnóstico lhes permite, com
maior ou menor desempenho para as
habilidades ou condutas adaptativas. Assim,
para essa questão nossa resposta será
DEPENDE, pois uma vida adulta e autônoma
está condicionada a uma infinidade de fatores
e elementos que precisam ser desenvolvidos
ainda na infância. Esse é um dos motivos de
falarmos muito sobre autismo associado à
criança, pois a sua vida adulta irá depender
do que fizermos por ela na sua fase de
desenvolvimento infantil.

Neste sentido, mais importante do que tentar imaginar como a criança com
TEA será na idade adulta, é oferecer a ela desde o momento em que se
recebe o diagnóstico, todos os estímulos e atendimentos necessários ao
seu desenvolvimento compreendendo suas limitações, respeitando suas
características pessoais e estimulando suas habilidades e potenciais.

40
PARA SABER MAIS !
No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, comumente
conhecido por DSM-V, encontram-se os critérios diagnósticos que são
observados em uma pessoa dentro do espectro autista. A edição mais recente
deste material é de 2013 e foi elaborado pela Associação Americana de
Psiquiatra, diferentes profissionais da saúde, como psiquiatras, pediatras,
psicólogos, entre outros, utilizam o DSM-V no cotidiano da sua prática clínica
como um recurso para auxiliar no diagnóstico. Abaixo estão as características
que englobam o Transtorno do Espectro Autista.

Transtorno do Espectro Autista

Critérios Diagnósticos 299.00 (F84.0)

A. Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos


contextos, conforme manifestado pelo que segue, atualmente ou por história
prévia (os exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos; ver o texto):

1. Déficits na reciprocidade socioemocional, variando, por exemplo, de


abordagem social anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa normal
a compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto, a dificuldade
para iniciar ou responder a interações sociais.

2. Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para


interação social, variando, por exemplo, de comunicação verbal e não verbal
pouco integrada a anormalidade no contato visual e linguagem corporal ou
déficits na compreensão e uso de gestos, a ausência total de expressões faciais
e comunicação não verbal.

41
3. Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando,
por exemplo, de dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a
contextos sociais diversos a dificuldade em compartilhar brincadeiras
imaginativas ou em fazer amigos, a ausência de interesse por pares.

Especificar a gravidade atual: A gravidade baseia-se em prejuízos na


comunicação social e em padrões de comportamento restritos e repetitivos.

B. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades,


conforme manifestado por pelo menos dois dos seguintes, atualmente ou por
história prévia (os exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos; ver o
texto).

1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos


(por exemplo: estereotipias motoras simples, alinhar brinquedos ou girar
objetos, ecolalia, frases idiossincráticas).

2. Insistência nas mesmas coisas,


adesão inflexível a rotinas ou padrões
ritualizados de comportamento verbal
ou não verbal (por exemplo:
sofrimento extremo em relação a
pequenas mudanças, dificuldades
com transições, padrões rígidos de
pensamento, rituais de saudação,
necessidade de fazer o mesmo
caminho ou ingerir os mesmos
alimentos diariamente).

3. Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou


foco (por exemplo: forte apego a ou preocupação com objetos incomuns,
interesses excessivamente circunscritos ou perseverativos).

42
4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por
aspectos sensoriais do ambiente (por exemplo: indiferença aparente a
dor/temperatura, reação contrária a sons ou texturas específicas, cheirar ou
tocar objetos de forma excessiva, fascinação visual por luzes ou movimento).

Especificar a gravidade atual: A gravidade baseia-se em prejuízos na


comunicação social e em padrões restritos ou repetitivos de comportamento.

C. Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do


desenvolvimento (mas podem não se tornar plenamente manifestos até que as
demandas sociais excedam as capacidades limitadas ou podem ser mascarados
por estratégias aprendidas mais tarde na vida).

D. Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativos no funcionamento


social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo no
presente.

E. Essas perturbações não são mais bem explicadas por deficiência intelectual
(transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por atraso global do
desenvolvimento. Deficiência intelectual ou transtorno do espectro autista
costumam ser comórbidos; para fazer o diagnóstico da comorbidade de
transtorno do espectro autista e deficiência intelectual, a comunicação social
deve estar abaixo do esperado para o nível geral do desenvolvimento.

43
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Mental disorders - DSM-5. 5th. ed. Washington: American Psychiatric Association,
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