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Instituto Superior Politécnico de Manica

Aula 2:
A ordem social: Direito e outras
ordens normativas
O Homem como ser eminentemente social

O Homem sempre viveu em


comunidade: clã, tribo, família,
cidade (polis), Sociedade e
Estado são, entre outras, formas
organizativas em que se tem
manifestado a natureza societária
ou a sociabilidade do homem ao
longo da História.
Cont.

 Podem ser agrupadas em dois grandes grupos as


tentativas de explicação da razão de ser da vida
do Homem em sociedade, segundo diversos
autores:
 a) Concepção naturalista da sociedade: Autores
como Aristóteles, Cícero, S. Tomás de Aquino,,
Leão XIII, etc., acreditam na origem natural da
sociedade, isto é, entendem que a origem da
sociedade tem o seu fundamento ou explicação
na natural sociabilidade do homem, na
tendência natural para o homem conviver com
outros homens de modo a satisfazer as suas
necessidades e realizar-se como pessoa.
Cont.

 b) Concepção contratualista da sociedade:


Segundo autores como Jhon Locke, Thomas
Hobbes e Jean-Jacques Rousseau, a origem
da sociedade baseia-se no contrato social.
Pare eles, a vida do Homem em sociedade
não era natural, mas antes resultava de um
acordo de vontades entre os homens.
Defendem que, antes de viverem em
sociedade, os homens viviam num estado
pré-social ou “estado de natureza” (status
A necessidade do Direito no Mundo Social

 Já na Antiguidade se dizia que onde


existe o Homem existe Sociedade (ubi
homo, ibi societas). Mas também se
dizia que onde houver Sociedade haverá
Direito (ubi societas, ibi ius).
Cont.

 A ordem jurídica é, pois, a ordem social


regulada ou constituída pelo Direito, ou seja, por
um conjunto de normas gerais, abstractas e
imperativas, cuja observância pode ser
assegurada de forma coerciva pelo Estado.
 A sociedade é instituído pelo Direito, através da
definição de regras de conduta e padrões de
comportamento individual e colectivo e de um
sistema organizativo em que se estrutura e
6 funciona a sociedade
Cont.

 O Direito regula, assim, um conjunto de relações


que poderíamos figurar num “triângulo normativo”
da seguinte forma: relações entre cidadãos (linha
de base), que têm lugar num plano de igualdade
jurídico-social; relações entre os cidadãos e o
Estado (linha ascendente), determinando-se aquilo
que os cidadãos devem à sociedade (Estado)
como contribuição para o bem comum; relações
entre o Estado e os cidadãos (linha descendente),
7
em que o primeiro (Estado) aparece com
Cont.

 As linhas da estrutura da ordem jurídica


esboçada correspondem, assim,
respectivamente, às três intenções
normativas clássicas da Justiça: justiça
comutativa, justiça geral ou legal; justiça
distributiva.
Justiça legal ou geral

 Vincula à conduta de todos e a dos


governantes em relação aos indivíduos;
determina que as partes da sociedade dêem
à comunidade o bem que lhe é devido.
 Exige relações solidárias e distribuição
eqüitativa dos bens sociais.
Justiça distributiva (Proporcionalidade

 Visa a igualdade e a distribuir os bens


conforme as necessidades de cada um.
 Exige que a sociedade dê a cada
particularidade (indivíduo e grupo), o bem
que lhe é devido.
 A exigência de igualdade se apresenta sob
forma diferenciada. 
 Visa distribuir retribuições iguais para
pessoas desiguais
Justiça Comulativa ( Equilíbrio)

 Visa a igualdade e atende as relações entre


as pessoas:
 É a justiça sob o aspecto particular.
  Diz respeito a igualdade das relações entre
as pessoas.
 Exige que cada pessoa dê a outra o que lhe
é devido.
 
As diversas ordens sociais
normativas e sua interligação

 Ao contrário da ordem natural, em que os


fenómenos ocorrem segundo uma sucessão
invariável (ciclo de reprodução animal, marés,
ciclo de água, movimentos da terra, etc.), a
ordem social é constituída por uma rede
complexa e mutável de regras provenientes
de ordens normativas de diversa índole, a
saber:
Cont.

 a) A ordem moral – aponta normas ou regras que tratam


de influenciar a consciência e moldar o comportamento do
indivíduo em função daquilo que se considera o Bem e o
Mal;
 As normas morais visam o indivíduo e não directamente a
organização social em que se integram; a ordem moral
tem como sanção a reprovação da formação moral da
pessoa ou a má reputação;
 b) A ordem religiosa – tem por função regular as
condutas humanas em relação a Deus, com base na Fé;
Cont.

c) A ordem de trato social – aponta normas que se


destinam a permitir uma convivência agradável entre
as pessoas mas que não são propriamente
indispensáveis à subsistência da vida em sociedade.
Inclui normas sobre a maneira de estar e se
comportar em acontecimentos sociais (normas de
etiqueta e boas maneiras, de cortesia e urbanidade);
normas sobre a forma de vestir (moda), normas
típicas de uma profissão (deontologia), normas de
uma determinada região (usos e costumes), etc.;
Cont.

 d) A ordem jurídica - é constituída pelas


normas mais relevantes da vida em sociedade
e, ao contrário, das outras ordens normativas,
serve-se da coacção como meio de garantir a
observância das suas normas, caso estas não
forem acatadas voluntariamente.
 É, pois, um conjunto de normas que regulam as
relações sociais, impondo-se aos homens de
forma obrigatória e com recurso à
15 coercibilidade.
Resumo

 Podemos assim dizer que todas as ordens sociais


enunciadas têm em comum o facto de as suas normas
(normas morais, religiosas, de trato social e jurídicas)
serem gerais, abstractas e obrigatórias.
 A generalidade, a abstracção e a imperatividade ou
obrigatoriedade são, pois, características comuns às
mesmas.
 No entanto, e como marca diferenciadora, só a ordem
jurídica (ou de Direito) se caracteriza pela coercibilidade,
assegurada pelo Estado em caso de não cumprimento
16 voluntário das suas normas (normas jurídicas).
Introdução ao Estudo de Direito

Obrigado
&
Bom Trabalho!

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