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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Pró-Reitoria de Educação Continuada


Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão
Reconhecida pelo Decreto-Lei nº 9632 em 22 de agosto de 1946.
Recredenciada pela Portaria do MEC nº 622 de 17 de maio de 2012, DOU de 18/05/2012.

Beatriz Bacellar Pudo


RA00296848

SEMINÁRIO II

1. Que é lançamento? Trata-se de norma, ato ou procedimento? O “autolançamento”


constitui espécie de lançamento?
2. Que significa “constituição definitiva do crédito”? Quando se dá? O lançamento é
imprescindível à constituição definitiva do crédito? Neste sentido, você concorda com
o entendimento do Superior Tribunal de Justiça manifestado na Súmula nº 436
(Anexo I)? E com a manifestação do Supremo Tribunal Federal no HC 91725 e HC
108037 (Anexo II e III)?
3. Cotejar o sentido técnico das expressões “eficácia declaratória” e “eficácia
constitutiva” no lançamento tributário. Que relevância prática tem esta distinção?
Qual desses tipos de eficácia encontramos no lançamento tributário?
4. Que é homologação? O que se homologa: o pagamento efetuado antecipadamente, a
norma individual e concreta posta pelo contribuinte ou ambos? Diferençar
homologação expressa de homologação tácita. Ambas configuram atos
administrativos?
5. Determinada empresa contribuinte de ICMS declara e formaliza o seu débito fiscal,
de acordo com a lei, mas por motivos quaisquer não recolhe o montante devido. A
Fazenda Estadual de São Paulo encaminha a declaração do contribuinte para inscrição
na dívida ativa, para posterior execução. Entretanto, a Fazenda, na ação de execução,
impõe penalidades que entende cabíveis, além dos juros de mora. No seu entender, é
correto o procedimento do Fisco? Cf. Anexo IV.
6. A Lei nº 10.035/2000, alterando a Consolidação das Leis do Trabalho, acrescentou o
§ 3º ao art. 832 do referido Codex, estabelece que serão executados, nos autos da
reclamação trabalhista, os créditos previdenciários devidos em decorrência de decisão
proferida pelos Juízes e Tribunais do Trabalho, resultantes de condenação ou
homologação de acordo. Pergunta-se: a decisão judicial, nestas hipóteses, constitui o
crédito tributário? Há que se falar em lançamento? Analisar confrontando anexo V.

RESPOSTAS
1. O lançamento tributário trata-se de procedimento administrativo, porque pretende
materializar a cobrança de tributo, verificando a ocorrência do fato gerador, do
sujeito passivo da obrigação tributária, além de especificar a matéria tributável,
apontando o total do crédito e aplicando penalidade, quando cabível. O
autolançamento é quando o contribuinte declara o seu débito, ou seja, o próprio

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Fone: (11) 3124-9600 – http://www.pucsp.br
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contribuinte apura o tributo devido e o constitui e, portanto, o autolançamento é


uma espécie de lançamento tributário, isto é, uma das vias legais próprias para a
constituição do crédito tributário.
2. Existem três correntes a respeito da constituição definitiva do crédito tributário.
A primeira tem como principais representantes afirma que a constituição
definitiva do crédito decorre com a notificação válida do lançamento, pois é neste
momento que se constata a publicidade do ato administrativo. Nos tributos
sujeitos ao "lançamento por homologação", a constituição definitiva ocorre com
a introdução no sistema, pelo contribuinte, da norma individual e concreta
constituindo o crédito tributário. A segunda corrente entende que o crédito se
encontra definitivamente constituído quando não couber mais qualquer espécie de
recurso na esfera administrativa. Por fim, a terceira corrente estabelece que a
constituição definitiva do crédito se dá com a inscrição do débito na dívida ativa.
O entendimento do STJ manifestado na súmula nº 436 é dúbio, pois “a simples
entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo o débito fiscal” não
caracteriza a formalização da relação jurídica entre o sujeito passivo e ativo, bem
como a definição do crédito exigível. Acredito que a manifestação do Poder
Judiciário está correta. Isso porque, a partir do lançamento há a constituição do
crédito tributário de forma definitiva, o que impede que o mesmo seja revisto
oportunamente, tanto na esfera administrativa ou judicial. Todavia, no acórdão há
suspensão do andamento do processo criminal, pois o crédito tributário está em
discussão na esfera administrativa, e, portanto, com a exigibilidade suspensa.
Assim, apenas com o encerramento da fase administrativa é que o débito possuirá
os requisitos de: certeza, liquidez e exigibilidade, permitindo, então, o
prosseguimento na esfera penal.
3. Há distinção entre eficácia declaratória e constitutiva, uma vez que a primeira
declararia a existência de uma relação jurídica, a medida que nesta há a
constituição desta relação. No antecedente da norma jurídica há a descrição de um
fato hipotético, e no consequente a constituição de uma relação jurídica. Portanto,

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o caráter declaratório ocorre tão somente com o fato jurídico tributário que
discorre sobre o evento. Todavia, a eficácia constitutiva compactua com o
lançamento uma vez que com este nasce a relação jurídica estabelecida no
consequente da norma tributária. A adoção de uma teoria ou outra, traz reflexos
práticos para aplicação do direito, como no caso da decadência.
4. Homologar é confirmar, legitimar ou aprovar por uma autoridade judicial ou
administrativa, certos atos particulares, a fim de que produzam o efeito jurídico
que lhes são próprios. Homologar é admitir oficialmente. Se homologa, o
pagamento efetuado antecipadamente e a norma individual e concreta posta pelo
contribuinte. Homologação expressa: ato administrativo, inerente ao exercício do
controle administrativo, que atesta a extinção do crédito tributário realizada pelo
pagamento “antecipado” do contribuinte. Homologação tácita: fato jurídico do
silêncio, ou seja, a decadência do direito de lançar de ofício, contada da data do
fato gerador. É um ato de formalização do sujeito passivo.
5. Entendo que não, pela possibilidade da exigência do montante devido a título de
tributo, pois no caso do ICMS, quando o contribuinte declara o seu débito, está
realizado o chamado autolançamento. Ou seja, o próprio contribuinte apura o
tributo devido e o constitui. Todavia, para a execução das penalidades cabíveis é
necessário que a Fazenda proceda com o lançamento do respectivo crédito,
oportunizando-se o direito ao contraditório, para posterior cobrança em execução.
O contribuinte constitui o crédito principal, mas tão somente este, sendo que as
penalidades cabíveis e juros de mora são de responsabilidade da Administração
Pública proceder com o lançamento, nos termos do artigo 142, do CTN. No mais,
o autolançamento está sujeito à homologação do Fisco, devendo este, portanto,
discordando do ato praticado pelo contribuinte, constituir o respectivo crédito
tributário.
6. O crédito tributário decorre de uma obrigação tributária e tem a mesma natureza.
Neste contexto, a ocorrência do fato gerador faz surgir a obrigação tributária, e,
portanto, a existência da obrigação, por si só, não permite à Fazenda Pública

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submeter o sujeito passivo ao seu pagamento, para tanto, faz-se necessária a


constituição do crédito pelo lançamento. Com isso, entendo que o crédito
tributário é certo, líquido e exigível. E somente realizado o lançamento, surge o
crédito tributário. Por fim a decisão constitui o crédito tributário, porém não houve
lançamento.

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