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Redução da taxa de juros a “zero” II - taxa de juros real igual a zero, na forma
definida pelo Conselho Monetário Nacional;
Resolução nº 51/2022
PRELIMINARES
A requerente cursou o ensino superior, sendo que obteve financiamento junto ao FIES
(contrato n° 427.006.508) para que fosse possível concluir seus estudos, conforme
contrato em anexo.
Deverá ser observada a taxa de juros igual a zero, conforme determina o art. 5º-C, inciso
II da Lei 10.260/10:
Desta forma, a requerente postula pelo pagamento do FIES nos termos da Lei
13.530/2017, que trouxe alterações à Lei 10.260/2010, devendo a taxa de juros real
serem reduzidas a zero; e ainda ao perdão da dívida equivalente a 77% do saldo devedor.
DO DIREITO
O programa NOVO FIES trouxe benefícios ao aluno, criando uma forma de pagamento
mais benéfica. Vejamos o comparativo dos Programas:
Portanto o NOVO FIES (criado pela lei nº 13.530/2017) é mais benéfico para a
requerente, porquanto a taxa de juros é zero.
Nesse contexto, a norma mais favorável deve ser aplicada, até como uma forma de
erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais, um dos
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (Art. 3º, inciso III, da
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 - CRFB/88).
A justiça federal do Rio Grande do Sul tem entendido pelo direito à redução dos juros à
zero para o contratos firmados anteriores ao ano de 2018.
SENTENÇA
[...]
II - FUNDAMENTAÇÃO:
[...]
Mérito.
[...]
No que tange aos juros aplicáveis ao contrato, tem-se que o inciso II do art. 5º-C da Lei nº
10.260/2001, incluído pela Lei nº 13.530/2017, dispõe que a taxa real de juros para os
financiamentos concedidos a partir do primeiro semestre de 2018, deve ser igual a zero:
(…)
II - taxa de juros real igual a zero, na forma definida pelo Conselho Monetário Nacional;
(Incluído pela Lei nº 13.530, de 2017)
Já no que tange aos contratos firmados em momento anterior, como é o caso dos autos
(contrato firmado em 2014), o §10º do art. 5º da Lei nº 10.260/2001, com a redação
conferida pela Lei nº 13.530/2017, prevê a redução dos juros estipulados sobre o saldo
devedor dos contratos já formalizados:
Art. 5º. Os financiamentos concedidos com recursos do Fies até o segundo semestre de 2017
e os seus aditamentos observarão o seguinte: (Redação dada pela Lei nº 13.530, de 2017)
(...)
(...)
§ 10. A redução dos juros, estipulados na forma estabelecida pelo inciso II do caput deste
artigo, ocorrida anteriormente à data de publicação da Medida Provisória no 785, de 6 de
julho de 2017, incidirá sobre o saldo devedor dos contratos já formalizados. (Redação dada
pela Lei nº 13.530, de 2017)
Logo, o feito merece solução de parcial procedência para que seja aplicada ao contrato da
parte autora a previsão do §10º do art. 5º da Lei nº 10.260/2001, com a redação conferida
pela Lei nº 13.530/2017.
Em sede de tutela de urgência, a autora requer seja retirado o seu nome dos cadastros de
proteção ao crédito em face da revisão contratual.
III - DISPOSITIVO:
Custas e honorários advocatícios incabíveis na espécie (art. 54 da Lei nº 9.099/90 c/c art. 1º da
Lei 10.259/01).
Havendo recurso, abra-se vista à parte contrária para resposta e após remetam-se os autos à
Turma Recursal.
DESPACHO/DECISÃO
Trata-se de ação entre as partes acima, pela qual se objetiva, em sede de tutela de urgência, a
aplicação da taxa zero de juros sobre o saldo devedor do contrato, a partir de janeiro de 2018,
implicando em redução da parcela de R$ 424,04 para R$ 332,38.
Decido.
O inc. II do art. 5º-C da Lei nº 10.260/2001, incluído pela Lei nº 13.530/2017, citado pela
própria autora, dispõe que a taxa real de juros para os financiamentos concedidos a partir do
primeiro semestre de 2018, deve ser igual a zero:
[…]
II - taxa de juros real igual a zero, na forma definida pelo Conselho Monetário Nacional;
(Incluído pela Lei nº 13.530, de 2017)
Art. 5º. Os financiamentos concedidos com recursos do Fies até o segundo semestre de
2017 e os seus aditamentos observarão o seguinte: (Redação dada pela Lei nº 13.530, de
2017)
[...]
§ 10. A redução dos juros, estipulados na forma estabelecida pelo inciso II do caput deste
artigo, ocorrida anteriormente à data de publicação da Medida Provisória no 785, de 6 de
julho de 2017, incidirá sobre o saldo devedor dos contratos já formalizados. (Redação dada
pela Lei nº 13.530, de 2017)
Assim, não cabe à Caixa argumentar, como no evento 48, que a redução somente se aplica aos
contratos firmados a partir de 29/01/2018.
Defiro, pois a tutela, para que seja comprovado pelos réus, o cumprimento do disposto no §
10 do art. 5º da Lei nº 10.260/2001, com a redação dada pela Lei nº 13.530/2017, no prazo de
cinco dias úteis.
Na ocasião o STJ julgou que a redução da taxa de juros deveria reduzir para 3,4%, para
todos os contratos, inclusive para aqueles firmados antes da referida norma.
São diversas as situações relacionadas ao FIES em que se tem aplicado a norma mais
favorável ao aluno. Vejamos alguns exemplos.
2001 (Lei 10.260/2001): A lei estipulou que a amortização teria início no início do
mês subsequente ao da conclusão do curso;
2007: (Lei 11.941/2009): A lei criou carência de 06 meses contados a partir do
mês imediatamente subsequente ao da conclusão do curso;
2009: (Lei 11.941/2009): A lei ampliou a carência para 18 meses contados a
partir do mês imediatamente subsequente ao da conclusão do curso.
Veja neste caso que a lei 11941/2009 que ampliou a carência para iniciar o pagamento
das prestações é mais benéfica do que as leis anteriores, sendo o entendimento da
jurisprudência de que esta lei mais benéfica deve retroagir para abarcar os contratos
anteriores a sua vigência.
A Lei 12.202/2010 estipulou o art. 6-B da Lei nº. 10.260/2001, criando o programa
“carência estendida para médico residente”, ou seja, prorrogou a carência do FIES
durante a residência médica, sendo esta norma mais benéfica.
Art. 205 da CF: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.
Desta forma, a norma mais favorável deve ser aplicada, no caso sendo aplicada a
redução da taxa de juros a zero.
A Medida Provisória n.º 1.090/2021 criou uma injustiça tremenda aos usuários
adimplentes do FIES. Referida norma concedeu uma redução do saldo global da dívida
de até 92% para os inadimplentes (portanto o que de fato está previsto é o Perdão da
Dívida), porém não trouxe basicamente benefício algum para os pagantes regulares.
b) 77% de perdão da
dívida para os demais.
Art. 5º, §4º, inciso V da Lei Inadimplente há mais de 90 dias a) Desconto da totalidade
dos encargos;
10.260, modificado pela Lei e menos de 360 dias
14.375/2022; b) Perdão da dívida de
12% para pagamento à vista; ou
. parcelamento em até 150
parcelas com redução de juros e
multas;
Considerando que o aluno A está em dia com as prestações, em 03/2022 ele já teria
quitado R$47.500,00, ainda restando um débito de R$452.500,00.
Porém neste exemplo o aluno B não quitou nenhuma prestação desde o início da fase
de amortização. Ele poderá ser beneficiado pela Lei 14.375/2022 com até 99% de
redução do total do débito, ou seja poderá quitar a dívida integral (os R$500.000,00)
por apenas R$5.000,00 (99% de desconto).
O legislador (seja oriundo do poder legislativo ou executivo) não pode editar normas
que se afastem do princípio da igualdade, sob pena de flagrante inconstitucionalidade.
O intérprete e a autoridade política não podem aplicar as leis e atos normativos aos
casos concretos de forma a criar ou aumentar desigualdades.
Aliás, a própria norma prevê que a Lei deverá observar o PRINCÍPIO DA ISONOMIA:
Art. 1º Esta Lei altera as Leis nºs 10.260, de 12 de julho de 2001, 10.522, de 19 de
julho de 2002, e 12.087, de 11 de novembro de 2009, para estabelecer os requisitos e
as condições para realização das transações resolutivas de litígio relativas à cobrança de
créditos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), a Lei nº 10.861, de 14 de abril de
2004, para estabelecer a possibilidade de avaliação in loco na modalidade virtual das
instituições de ensino superior e de seus cursos de graduação, a Lei nº 13.988, de 14 de
abril de 2020, para aperfeiçoar os mecanismos de transação de dívidas, e a Lei nº
13.496, de 24 de outubro de 2017.
Parágrafo único. Para fins do disposto nesta Lei, serão observados, entre outros, os
princípios:
I - da isonomia;
Pois bem, deste entendimento, pode-se extrair que o princípio da isonomia deve obstar
discriminações e extinguir privilégios, devendo zelar pela igualdade na lei, a qual constitui
“exigência destinada ao legislador que, no processo de sua formação, nela não poderá
incluir fatores de discriminação, responsáveis pela ruptura da ordem isonômica”.
A requerente busca a antecipação dos efeitos da tutela, qual seja, o deferimento de seu
pedido de efetivação da renegociação e a revisão dos valores. Sendo assim, caso não
concedida a antecipação dos efeitos da tutela, o requerente poderá não conseguir dar
continuidade aos pagamentos e sofrer dano irreparável, na medida em poderá sofrer
execução dos bens.
Dessa forma, é direito do requerente, que deve ser concedido em caráter de urgência,
embasado em proteções legais, doutrinárias e jurisprudenciais, como está sendo
demonstrado através de documentos em anexo, exercer o direito à renegociação nos
termos da Lei 14.375/2022 com 77% de redução da dívida e redução da taxa de juros.
DOS PEDIDOS
ANTE O EXPOSTO, requer-se a:
Termos em que,
Pede Deferimento.