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PERONDI ADVOGADOS ASSOCIADOS S/S

João Batista Costa Saraiva


Sérgio Roberto Perondi
Daniel Perondi

EXMA. SRA. DRA. DESEMBARGADORA LUSMARY FATIMA TURELLY DA


SILVA DA TERCEIRA VICE-PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
RIO GRANDE DO SUL.

Recurso Especial n.º 50015532620198210016

*AGRAVO DE INSTRUMENTO
(Art. 1042 e seguintes do NCPC)

IZABELA SCHWANKE GENZ, sucessora do agravante, menor impúbere,


neste ato representada pela sua mãe Sra. RUBIA BEATRIZ SCHWANKE,
vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência, via de seus procuradores
abaixo firmado, nos autos da Apelação Cível e Recurso Especial (processos n.º
5001553-26.2019.8.21.0016), na esteira do artigo 1042 e seguintes do NCPC,
interpor AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DESPACHO
DENEGATÓRIO DO RECURSO ESPECIAL, constando como parte
requerida, ora agravada, LIZIANE BURTET, LEANDRO BURTET,
MAURICIO BURTET e ADRIANA, ao Egrégio Superior Tribunal de
Justiça, segundo laudas em anexo, requerendo, após atendidas as formalidades
legais, a remessa ao Superior Tribunal de Justiça, para julgamento.

Nestes Termos,
Espera Deferimento.

Ijuí/RS, 15 de fevereiro de 2024.

PP PP PP
Bel. João Batista Costa Saraiva Bel. Sérgio Roberto Perondi Bel. Daniel Perondi
OAB/RS 86.735 OAB/RS 16.561 OAB/RS 69.092

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Rua Sete de Setembro, 345, Sala 81, Edifício Hass Center, Ijuí/RS – CEP:98.700-000 Fone/Whats: (055)3332-8399 1
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RAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

Recurso Especial n.º 5001553-26.2019.8.21.0016

ORIGEM: 5° Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul

NATUREZA: Apelação Cível

RECORRENTE: Izabela Schwanke Genz neste ato representada pela sua mãe Sra.
Rubia Beatriz Schwanke
RECORRIDO: Liziane Burtet e outros

I - DAS RAZÕES DE CONHECIMENTO E PROVIMENTO


DO PRESENTE AGRAVO

COLENDO STJ:

A respeitável decisão da 3º Vice-Presidente, Desembargadora Lizete


Andreis Sebben, pela negativa ao Recurso Especial incorreu, data vênia, em flagrante
equívoco, uma vez que este agravante interpôs Recurso Especial com fundamento no
artigo 105, inciso III, alínea “a” e “c” da Constituição Federal, face a violação expressa
do disposto no art. 1.022, II e § único e do artigo 489, § 1º, I à V do CPC/2015, tendo em
vista que a decisão recorrida não enfrentou a boa-fé objetiva que
caracteriza a má-fé e a divergência jurisprudencial citada no referido
Recurso em função que não é necessário a averbação na matricula, bastando
ao credor fazer a prova que o terceiro adquirente tinha conhecimento que o alienante vinha
sofrendo uma demanda de conhecimento ou de execução, a qual CARACTERIZA a
FRAUDE À EXECUÇÃO objeto de discussão.

Assim, a omissão na decisão guerreada, ao não enfrentar a boa-fé


objetiva que culmina na aplicação do art. 792, IV do CPC em conjunto com a Súmula 375
do STJ, que fundamenta toda a tese de defesa do agravante, acaba por cercear a defesa da
parte prejudicada, havendo cristalina ofensa às normas infraconstitucionais supracitadas.

Portanto, a irresignação deste agravante cinge-se quanto à


negativa da aplicação do art. 792, IV do CPC em conjunto com a Súmula 375 do STJ
e divergência jurisprudencial.

Ora Eméritos Ministros, a decisão agravada aduz que a Câmara


Julgadora “apreciou todas as questões deduzidas, decidindo de forma clara e conforme a
sua convicção”. Assevera ainda que, se a decisão guerreada não correspondeu à
expectativa da parte, tal fato não deve por isso ser imputado como vício ao julgado.

A negativa de seguimento ao Recurso Especial veio assim


fundamentada, in verbis:

“RECURSO ESPECIAL EM APELAÇÃO CÍVEL Nº 5001553-26.2019.8.21.0016/RS

RECORRENTE: MARCELO GENZ (EMBARGADO)


RECORRIDO: ADRIANA GIORDANI (EMBARGANTE)
RECORRIDO: LEANDRO BURTET (EMBARGANTE)
RECORRIDO: LIZIANE BURTET (EMBARGANTE)
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RECORRIDO: MAURICIO BURTET (EMBARGANTE)

EMENTA

RECURSO ESPECIAL. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE. PEDIDO DE SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL


DEFERIDO. CONSTRIÇÃO SOBRE IMÓVEL. EMBARGOS DE TERCEIRO. FRAUDE À EXECUÇÃO NÃO
CONFIGURADA. CIRCUNSTÂNCIA DOS AUTOS EM QUE O CONJUNTO PROBATÓRIO NÃO
INFIRMA A PRESUNÇÃO DE BOA-FÉ DOS ADQUIRENTES, NEM INDICA QUE A TRANSAÇÃO
TENHA SIDO MOVIDA POR CONLUIO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
INOCORRÊNCIA. ENTENDIMENTO DO ÓRGÃO JULGADOR EM SINTONIA COM A TESE FIRMADA
PELA CORTE SUPERIOR NO JULGAMENTO DO TEMA 243 DOS RECURSOS REPETITIVOS. REEXAME
DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. RECURSO NEGADO PELO
REFERIDO TEMA E NÃO ADMITIDO QUANTO ÀS DEMAIS QUESTÕES.

DECISÃO

Vistos.
I. Trata-se de recurso especial interposto em face de acórdão proferido por Câmara Cível deste
Tribunal de Justiça, cuja ementa se transcreve:

APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO. CONSTRIÇÃO SOBRE IMÓVEL. EMBARGOS DE TERCEIRO.


ADQUIRENTES DE BOA-FÉ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APRECIAÇÃO EQUITATIVA.
DESCABIMENTO.
1. PRELIMINAR CONTRARRECURSAL. PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE. APELO QUE ATACA DE FORMA
SUFICIENTE OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 1.010
DO CPC. REJEIÇÃO.
2. SEGUNDO ENTENDIMENTO MAIS RECENTE DO STJ, O RECONHECIMENTO DE FRAUDE À
EXECUÇÃO DEPENDE DO REGISTRO DA PENHORA DO BEM ALIENADO OU DA PROVA DA MÁ-FÉ
DO TERCEIRO ADQUIRENTE. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA N. 375 DO STJ E RESP N. 956943/PR,
JULGADO SOB O RITO PREVISTO PARA OS RECURSOS REPETITIVOS.
3. ADEMAIS, O ÔNUS DA PROVA DE QUE O TERCEIRO EMBARGANTE AGIU EM CONLUIO COM O
EXECUTADO É DO CREDOR. INCLUSIVE PORQUE A MÁ-FÉ NA RELAÇÃO NEGOCIAL NÃO PODE SER
PRESUMIDA, DEVENDO SER DEMONSTRADA PELO EMBARGADO.
4. CASO EM QUE O CONJUNTO PROBATÓRIO NÃO INFIRMA A PRESUNÇÃO DE BOA-FÉ
DOS ADQUIRENTES, NEM INDICA QUE A TRANSAÇÃO TENHA SIDO MOVIDA POR CONLUIO.
5. DESCABE A FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS MEDIANTE APRECIAÇÃO EQUITATIVA NA
HIPÓTESE EM QUE A CONDENAÇÃO OU O PROVEITO ECONÔMICO OU O VALOR ATUALIZADO DA
CAUSA FOR LÍQUIDO OU LIQUIDÁVEL, NOS TERMOS DO ART. 85, §§ 2º E 6º-A, DO CPC. RECURSO
ADESIVO PROVIDO.
PRELIMINAR CONTRARRECURSAL REJEITADA. NO MÉRITO, APELAÇÃO DESPROVIDA E RECURSO
ADESIVO PROVIDO.

Opostos embargos declaratórios, restaram desacolhidos.

Em suas razões recursais, forte no art. 105, III, a e c, da Constituição Federal, a


parte recorrente alegou violação aos arts. 792, IV, § 2º, e 1.022 do Código de Processo Civil.
Defendeu a nulidade do acórdão recorrido por negativa de prestação jurisdicional. Sustentou, em
síntese, a ocorrência de fraude à execução na hipótese, pois comprovado que, quando da compra
do imóvel em questão, os recorridos tinham conhecimento de que o vendedor vinha sofrendo
uma demanda que poderia levá-lo à insolvência, assumindo o risco de adquirir imóvel litigioso e
afastando a presunção de boa-fé. Destacou, no mais, que a "ausência da averbação não é
impedimento para o reconhecimento da fraude à execução". Suscitou dissídio jurisprudencial. Ao
final, pugnou pelo provimento do recurso para reconhecer a fraude à execução, "tornando
ineficaz a Escritura Pública de Compra e Venda do imóvel matriculado sob o n. ° 19.187, no
Registro de Imóveis da Comarca de Ijuí", com majoração dos honorários sucumbenciais.
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Com as contrarrazões, vieram os autos a esta Vice-Presidência para exame de


admissibilidade.

É o relatório.

II. Inicialmente, registro que com o óbito da parte ora recorrente, suspende-se, a
princípio, o processo (art. 313, inciso I e § 1º, do Código de Processo Civil/2015), possibilitando-se
assim a sucessão processual pelo seu espólio ou pelos seus sucessores (art. 110 do Código de
Processo Civil/2015).

No caso dos autos, a herdeira do de cujus já realizou a abertura de inventário,


acostando aos autos as respectivas certidões de óbito, termo de nomeação de inventariante e
procuração outorgada pela inventariante nomeada pelo espólio (evento 76).

Assim, estando regular a representação (CPC, art. 75, inciso VII), DEFIRO o pedido
de habilitação formulado.

III. RECURSO ESPECIAL

Cumpre, inicialmente, salientar que a esta Terceira Vice-Presidência compete


apenas a análise dos pressupostos processuais específicos e constitucionais do recurso especial,
cabendo à Corte Superior, em caso de julgamento do recurso, o pronunciamento sobre
honorários sucumbenciais recursais, nos termos do art. 85, § 11, do Código de Processo
Civil/2015.

Sobre o tema, a propósito, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça que “Os


honorários recursais previstos no § 11 do art. 85 do CPC/2015 somente têm aplicação quando
houver a instauração de novo grau recursal, e não a cada recurso interposto no mesmo grau de
jurisdição (Enunciado n. 16 da ENFAM: 'Não é possível majorar os honorários na hipótese de
interposição de recurso no mesmo grau de jurisdição')" (AgInt nos EAREsp 802.877/RS, Rel.
Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, CORTE ESPECIAL, julgado em 05/04/2017, DJe de
09/05/2017).” (EDcl no AgInt no REsp 1734266/SC, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA,
DJe 07/12/2018)

Feita tal ponderação, passo à admissibilidade recursal.

O recurso não deve ser admitido.

Ao deliberar sobre a questão controvertida, a Câmara Julgadora assim consignou, no que


pertine:

Conforme orientação que tem sido observada no âmbito deste Tribunal, alinhada aos
termos da Súmula n. 375 do STJ, o reconhecimento da fraude à execução depende do
registro da penhora do bem alienado ou da prova da má-fé do terceiro adquirente.

No REsp n. 956943/PR, julgado sob o rito previsto para os recursos repetitivos, aquela
Corte Superior reafirmou o teor dessa Súmula, acrescentando a presunção de boa-fé na
prática do ato e atribuindo ao credor o ônus da prova de que o terceiro agiu de má-fé, isto
é, de que tinha conhecimento de que a alienação levaria o devedor à insolvência.

Transcrevo a ementa:

PROCESSO CIVIL. RECURSO REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC. FRAUDE DE EXECUÇÃO.


EMBARGOS DE TERCEIRO. SÚMULA N. 375/STJ. CITAÇÃO VÁLIDA. NECESSIDADE. CIÊNCIA
DE DEMANDA CAPAZ DE LEVAR O ALIENANTE À INSOLVÊNCIA. PROVA. ÔNUS DO CREDOR.

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REGISTRO DA PENHORA. ART. 659, § 4º, DO CPC. PRESUNÇÃO DE FRAUDE. ART. 615-A, §
3º, DO CPC.
1. Para fins do art. 543-c do CPC, firma-se a seguinte orientação: 1.1. É indispensável
citação válida para configuração da fraude de execução, ressalvada a hipótese prevista no
§ 3º do art. 615-A do CPC.
1.2. O reconhecimento da fraude de execução depende do registro da penhora do bem
alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente (Súmula n. 375/STJ).
1.3. A presunção de boa-fé é princípio geral de direito universalmente aceito, sendo
milenar a parêmia: a boa-fé se presume; a má-fé se prova.
1.4. Inexistindo registro da penhora na matrícula do imóvel, é do credor o ônus da prova
de que o terceiro adquirente tinha conhecimento de demanda capaz de levar o alienante
à insolvência, sob pena de tornar-se letra morta o disposto no art. 659, § 4º, do CPC.
1.5. Conforme previsto no § 3º do art. 615-A do CPC, presume-se em fraude de execução a
alienação ou oneração de bens realizada após a averbação referida no dispositivo.
2. Para a solução do caso concreto: 2.1. Aplicação da tese firmada.
2.2. Recurso especial provido para se anular o acórdão recorrido e a sentença e,
consequentemente, determinar o prosseguimento do processo para a realização da
instrução processual na forma requerida pelos recorrentes.
(REsp 956.943/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro JOÃO OTÁVIO
DE NORONHA, CORTE ESPECIAL, julgado em 20/08/2014, DJe 01/12/2014)

Ademais, o art. 844 do CPC é expresso no sentido de que somente com a averbação da
constrição no registro do bem há a presunção absoluta de conhecimento por terceiros.

Na espécie, em razão da ausência de averbação e de registro da existência de qualquer


processo com possibilidade de redução do proprietário à insolvência na matrícula do
imóvel (Evento 2, doc. 2, fls. 19/26), subsiste a eficácia do ato jurídico frente à execução,
nos termos do inc. IV do art. 54 da Lei nº 13.097/2015, in verbis:
(...)

Diante desse especial contexto em que afastada a presunção de fraude, cabia ao credor a
prova do concilium fraudis entre a parte adquirente e o executado.

Na mesma linha, relevante trecho da sentença, cujas razões adoto como no presente
julgamento e transcrevo:

Neste caso em julgamento, observando a matrícula do imóvel em discussão (Evento 2,


INIC1, fls. 21/24), não consta qualquer indicação da existência da ação judicial entre
Everton Luis Machado Beal e Marcelo Genz.

Tomando como base o teor da súmula, não havendo registro da penhora na matrícula (ou
alguma outra indicação da existência da ação), resta verificar a presença ou não de prova
de má-fé dos adquirentes.

Sobre isso, produziu-se prova oral, pela qual restou evidenciado, em linhas gerais, que as
partes integrantes deste processo são pessoas conhecidas na cidade de Ijuí e que havia
comentários da dificuldade financeira pela qual atravessava Everton Luis Machado Beal,
também conhecido como Tom, e que ele estaria se desfazendo dos seus bens.

Seguem as declarações referidas.

(...)

Não se duvida que os comentários acima indicados efetivamente existissem nesta cidade
de Ijuí, que é de porte pequeno/médio e na qual as pessoas tendem a conhecer umas às
outras, notadamente se pertencentes da mesma faixa etária e de partes sociais
semelhantes.

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No entanto, reputo muito frágil para fins de comprovação em demanda judicial ligar
má-fé dos adquirentes – que, em si, já deve ser considerada conduta grave – a eventuais
conversas genéricas entre os integrantes da cidade, incluindo-se os embargantes.

Diversa seria a situação se demonstrada concreta conversa envolvendo os adquirentes no


sentido da aquisição do imóvel para evitar a sua constrição judicial, mesmo que futura.
Ocorre que esta demonstração não veio aos autos.

Com isso, concluo não haver prova suficiente da má-fé dos adquirentes. Não há,
portanto, como caracterizar a aquisição do imóvel como sendo de má-fé.

[...]

Como bem salientado pelo culto Magistrado, a prova produzida nos autos não é capaz
de afastar a presunção de boa-fé na relação negocial, especialmente porque sequer
havia informação sobre ações em andamento na matrícula do imóvel, demonstrando
que o embargado não adotou as cautelas necessárias ao deixar de registrar os processos
em trâmite na matrícula, ou seja, não resguardou o seu direito.

A respeito da certidão de ônus da Justiça Estadual que consta da Escritura de Compra e


Venda (evento 2, doc. 4, fls. 6-10, da origem), foi informado o trâmite do processo n.
016/1.09.0000720-7, ação esta que, por si só, não possuía o condão de levar o alienante
à insolvência. Deve-se levar em conta que em 26/11/2012 foi proferida sentença de
improcedência no feito e que o valor da causa era inferior ao do débito. Somente no ano
de 2016 a sentença foi reformada no acórdão lavrado no apelo n. 70054311709, cujo
dispositivo foi assim redigido:

Por todo o exposto, o voto é no sentido de dar parcial provimento ao recurso, para julgar
parcialmente procedente a presente Ação Ordinária, condenado o demandado Everton no
pagamento de indenização por danos morais à parte demandante,
arbitrado quantum indenizatório em R$ 12.000,00. O montante deverá ser corrigido desde
a data de publicação da decisão, devidos juros de mora legais desde a citação no feito.
Resta condenado ainda Everton ao ressarcimento dos valores despendidos pelo
demandante, no valor de R$ 62.486,90, atualizado pelo IGPM a contar do ajuizamento da
demanda e de juros legais, desde a citação; acrescido do pagamento de lucros cessantes,
considerando o período em que foi administrado pelo demandado, de setembro de 2008
até janeiro de 2009, no valor líquido mensal de R$ 2.395,59 (50% do valor de 4.791,18
pretendido pelo autor) a ser devidamente atualizado dos respectivos vencimentos,
acrescido de juros legais. Do total da condenação, deve ser descontado o valor dos
locativos – referentes ao período de maio de 2008 a janeiro de 2009 -, no montante
mensal de R$ 2.000,00, atualizado a contar dos respectivos vencimentos e acrescidos de
juros legais a contar da citação. Ante a sucumbência recíproca, condeno a parte autora ao
pagamento de 30% das custas processuais e a parte demandada ao pagamento dos 70%
restantes. Fixo honorários advocatícios ao procurador da parte contrária, arbitrados esses,
ao procurador do autor, em montante equivalente a 10% do valor atualizado da
condenação, e ao procurador do réu em R$ 800,00. Suspensa a exigibilidade do
pagamento pelo demandante em razão da concessão do benefício da AJG.

Considerada a oportunidade de julgamento, de forma colegiada em grau recursal, para os


fins do art. 85, § 1º, do CPC, adoto mesmo posicionamento recém editado pelo Plenário do
STJ, em sessão de 09 de março de 2016, quanto à interpretação possível na aplicação do
novo CPC aos processos em trâmite no âmbito desta Corte. Reconheço, para tanto, que,
em que pese se trate de norma de direito processual, apanhando em curso os processos
que aguardam julgamento colegiado, no caso específico de aplicação do art. 85, § 1º, do
novo CPC, tem-se hipótese de possível agravamento econômico à parte sucumbente para
situação recursal em procedimento de cumulação de honorários até então inexistente e
imprevisível à parte, descabendo sua aplicação em concreto. Orientação que segue o
disposto no enunciado 6 do STJ em relação às diretrizes daquele Corte para a aplicação do
novo CPC.

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O mero conhecimento acerca do processo em questão, o qual sequer constava da


matrícula do imóvel em razão da inércia do embargado - somente na Certidão de Ônus
da Escritura Pública de Compra e Venda -, somado ao fato de que fora proferida
sentença de improcedência, não gera presunção de que os adquirentes, ora
embargantes, tinham ciência da possibilidade de insolvência do executado, o que afasta
a aplicação do art. 792, IV, do CPC.

Até porque a má-fé na relação negocial não pode ser presumida, devendo ser
comprovada pelo embargado, a quem incumbe, nos termos do art. 373, II, do CPC, a
produção de provas capazes de evidenciar a fraude no negócio levado a efeito entre
o embargante e o executado.

No mesmo diapasão, precedentes desta Corte:

(...)

Por sua vez, deve ser acolhida a pretensão recursal dos embargantes em relação à fixação
dos honorários advocatícios, tendo em vista a expressa vedação de fixação por equidade
diante da liquidez do valor da causa no caso dos autos, nos termos do art. 85, §§ 2º e 6º-A,
do CPC:

(...)

Em razão disso e diante da procedência dos pedidos formulados nos embargos de terceiro,
os honorários advocatícios devidos ao patrono da parte embargante devem ser fixados em
10% sobre o valor atualizado da causa, em atenção ao disposto no art. 85, §2º, do CPC, os
quais vão majorados para 12% em virtude da sucumbência recursal do embargado, nos
termos do art. 85, §11, do CPC. Suspensa a exigibilidade em razão da gratuidade de justiça
deferida ao embargado.

Ante o exposto, voto por rejeitar a preliminar contrarrecursal e, no mérito, desprover a


apelação do embargado e dar provimento ao recurso adesivo dos embargantes, nos
termos da fundamentação.

(grifei)

Em sede de embargos declaratórios, prestou, ainda, os seguintes esclarecimentos:

Na hipótese em apreço, entretanto, não vislumbro qualquer lacuna no aresto recorrido


que justifique o acolhimento dos presentes embargos, porquanto, como se confere do teor
do julgamento, restaram devidamente analisadas as questões trazidas ao exame do
Tribunal e explicitadas as razões de convencimento do colegiado.

Como asseverado no aresto recorrido, de acordo com orientação que tem sido seguida
neste Tribunal, na forma da Súmula n. 375 do STJ, o reconhecimento da fraude à execução
depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova da má-fé do terceiro
adquirente. Outrossim, conforme decidido no REsp n. 956943/PR, presume-se a boa-fé na
prática do ato, sendo do credor o ônus da prova de que o terceiro agiu de má-fé, isto é, de
que tinha conhecimento de que a alienação levaria o devedor à insolvência.

Ainda, devidamente ressaltado o teor do art. 844 do CPC, no sentido de que apenas com a
averbação da constrição no registro do bem é que há a presunção absoluta de
conhecimento por terceiros.

E como explicitado no julgamento, no caso em tela, em razão da ausência de averbação e


de registro da existência de qualquer processo com possibilidade de redução do
proprietário à insolvência na matrícula do imóvel, subsiste a eficácia do ato jurídico frente
à execução. Logo, afastada a presunção de fraude, cabia ao credor a prova do concilium
fraudis entre a parte adquirente e o executado.

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Relativamente à certidão de ônus da Justiça Estadual informando o trâmite do processo n.


016/1.09.0000720-7, desserve ao fim pretendido pela parte, pois tal feito, isoladamente,
não possuía o condão de levar o alienante à insolvência.

O mero conhecimento acerca do processo em questão, o qual sequer constava da


matrícula do imóvel, somado ao fato de que fora proferida sentença de improcedência,
não gera presunção de que os adquirentes tinham ciência da possibilidade de insolvência
do executado, o que afasta a aplicação do art. 792, IV, do CPC.

As questões aventadas nos autos foram apreciadas por este Colegiado e a conclusão
adotada pelo acórdão proferido está devidamente fundamentada e motivada, ausente
qualquer vício que implique nulidade do julgado.

Evidente, portanto, a pretensão da parte embargante de ver rediscutida a matéria posta


no recurso e já apreciada por este Juízo, o que não é permitido pelo sistema processual
vigente.

Com efeito, resguardado de qualquer ofensa está o art. 1.022 do Novo Código de
Processo Civil, haja vista que ofensa somente ocorre quando o acórdão contém erro material
e/ou deixa de pronunciar-se sobre questão jurídica ou fato relevante para o julgamento da causa.
A finalidade dos embargos de declaração é corrigir eventual incorreção material do acórdão ou
complementá-lo, quando identificada omissão, ou, ainda, aclará-lo, dissipando obscuridade ou
contradição.

Consigna-se, ademais, não ter o Órgão Julgador deixado de se manifestar acerca


de tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência
aplicável ao caso em julgamento ou, ainda, qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º, do
Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/2015), situações que caracterizariam omissão,
conforme o disposto no parágrafo único do artigo 1.022 do mesmo diploma.

Quanto ao ponto, importa registrar que, quando da realização do “Seminário – O


Poder Judiciário e o novo Código de Processo Civil”, pelo Superior Tribunal de Justiça, através da
Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, foram aprovados 62 enunciados, valendo
destacar o de número 19: “A decisão que aplica a tese jurídica firmada em julgamento de casos
repetitivos não precisa enfrentar os fundamentos já analisados na decisão paradigma, sendo
suficiente, para fins de atendimento das exigências constantes no art. 489, § 1º, do CPC/2015, a
correlação fática e jurídica entre o caso concreto e aquele apreciado no incidente de solução
concentrada.”

O juiz não está obrigado a responder a todas as alegações das partes, quando já
tenha encontrado motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem se obriga a ater-se aos
fundamentos indicados pelas partes, tampouco a responder um a um a todos os seus
argumentos.

Nesse sentido: “não há falar em negativa de prestação jurisdicional se o tribunal


de origem motiva adequadamente sua decisão, solucionando a controvérsia com a aplicação do
direito que entende cabível à hipótese, apenas não no sentido pretendido pela parte”. (AgInt no
AREsp 629.939/RJ, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, DJe 19/06/2018).

Aliás, cumpre destacar ser insuficiente a mera alegação de omissão, pois,


conforme se extrai dos enunciados 40 e 42 do Seminário supra referido, “Incumbe ao recorrente
demonstrar que o argumento reputado omitido é capaz de infirmar a conclusão adotada pelo
órgão julgador” e, ainda, “Não será declarada a nulidade sem que tenha sido demonstrado o
efetivo prejuízo por ausência de análise de argumento deduzido pela parte”.

Todavia, de tal ônus não se desincumbiu a parte recorrente.


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Assim, não há falar, no caso, em negativa de prestação jurisdicional. A Câmara


Julgadora apreciou as questões deduzidas, decidindo de forma clara e conforme sua convicção
com base nos elementos de prova que entendeu pertinentes. No entanto, se a decisão não
correspondeu à expectativa da parte, não deve por isso ser imputado vício ao julgado.

Daí por que, não obstante a insurgência manifestada, de ofensa ao art. 1.022 do
CPC/2015 não se pode cogitar.

Quanto às demais alegações, melhor sorte não assiste à parte recorrente.

Como se vê, o entendimento manifestado no acórdão impugnado não destoa da


tese firmada pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça a partir do julgamento do Recurso
Especial n. 956.943/PR – Tema 243 do STJ, sob a sistemática dos Recursos Repetitivos:

PROCESSO CIVIL. RECURSO REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC. FRAUDE DE EXECUÇÃO.


EMBARGOS DE TERCEIRO. SÚMULA N. 375/STJ. CITAÇÃO VÁLIDA. NECESSIDADE. CIÊNCIA
DE DEMANDA CAPAZ DE LEVAR O ALIENANTE À INSOLVÊNCIA. PROVA. ÔNUS DO CREDOR.
REGISTRO DA PENHORA. ART. 659, § 4º, DO CPC. PRESUNÇÃO DE FRAUDE. ART. 615-A, §
3º, DO CPC.
1. Para fins do art. 543-c do CPC, firma-se a seguinte orientação:
1.1. É indispensável citação válida para configuração da fraude de execução, ressalvada a
hipótese prevista no § 3º do art. 615-A do CPC.
1.2. O reconhecimento da fraude de execução depende do registro da penhora do bem
alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente (Súmula n. 375/STJ).
1.3. A presunção de boa-fé é princípio geral de direito universalmente aceito, sendo
milenar a parêmia: a boa-fé se presume; a má-fé se prova.
1.4. Inexistindo registro da penhora na matrícula do imóvel, é do credor o ônus da prova
de que o terceiro adquirente tinha conhecimento de demanda capaz de levar o alienante
à insolvência, sob pena de tornar-se letra morta o disposto no art. 659, § 4º, do CPC.
1.5. Conforme previsto no § 3º do art. 615-A do CPC, presume-se em fraude de execução a
alienação ou oneração de bens realizada após a averbação referida no dispositivo.
2. Para a solução do caso concreto: 2.1. Aplicação da tese firmada.
2.2. Recurso especial provido para se anular o acórdão recorrido e a sentença e,
consequentemente, determinar o prosseguimento do processo para a realização da
instrução processual na forma requerida pelos recorrentes.
(REsp 956.943/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro JOÃO OTÁVIO
DE NORONHA, CORTE ESPECIAL, DJe 01/12/2014 - Grifei)

Assim, estando a Câmara Julgadora em conformidade com a orientação firmada


pelo STJ acerca da matéria, deve ser negado seguimento ao recurso, nos termos do inciso I do art.
1.030 do CPC.

Ademais, inegável a constatação de que a alteração das conclusões firmadas na


decisão impugnada, tal como pretendida nas razões recursais, demandaria necessariamente
a incursão no conjunto fático-probatório dos autos, o que é vedado em sede de recurso especial,
a teor do enunciado n. 7 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça.

Nesse sentido: "In casu, rever o entendimento do Tribunal de origem, o qual


afastou a fraude à execução, pelas ausências de registro da penhora nas matrículas dos imóveis
e de comprovação da má-fé do adquirente, demandaria necessário revolvimento de matéria
fática, o que é inviável em sede de recurso especial, à luz do óbice contido na Súmula n. 07/STJ".
(AgInt no REsp n. 2.092.873/SP, relatora Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, julgado
em 13/11/2023, DJe de 17/11/2023.)

A roborar: "Rever o entendimento do Tribunal de origem, no sentido de aferir a


caracterização de fraude à execução, forçosamente, ensejaria em rediscussão de matéria fática,
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com o revolvimento das provas juntadas aos autos, o que é vedado pela Súmula 7 do
STJ". (AgInt no AREsp n. 2.038.357/PR, relator Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em
2/10/2023, DJe de 5/10/2023.)

Relembro, por oportuno, “a errônea valoração da prova que enseja a incursão


desta Corte na questão é a de direito, ou seja, quando decorre de má aplicação de regra ou
princípio no campo probatório e não que se colham novas conclusões acerca dos elementos
informativos do processo”. (AgInt no AREsp 1.361.190/DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
Terceira Turma, DJe 06-05-2019)

Resta prejudicado o pedido de redimensionamento da verba sucumbencial, haja


vista a rejeição das teses formuladas no presente recurso especial.

Inviável, portanto, a submissão da inconformidade à Corte Superior.

IV. Ante o exposto, NEGO SEGUIMENTO ao recurso especial, tendo em vista


o Tema 243 do STJ; e NÃO ADMITO em relação às demais questões.

Retifiquem-se os registros de autuação para que passe a


constar Izabela Schwanke Genz, representada por Rubia Beatriz Schwanke, no polo ativo da
presente demanda.

Oficie-se ao juízo do inventário comunicando a existência da presente ação bem


como o deferimento da referida habilitação.

Intimem-se.”

Já o recurso de apelação teve a seguinte decisão, senão vejamos:

“APELAÇÃO CÍVEL Nº 5001553-26.2019.8.21.0016/RS


TIPO DE AÇÃO: Dissolução
RELATORA: DESEMBARGADORA ISABEL DIAS ALMEIDA
APELANTE: ADRIANA GIORDANI (EMBARGANTE)
APELANTE: LEANDRO BURTET (EMBARGANTE)
APELANTE: LIZIANE BURTET (EMBARGANTE)
APELANTE: MAURICIO BURTET (EMBARGANTE)
APELANTE: MARCELO GENZ (EMBARGADO)
APELADO: OS MESMOS

RELATÓRIO

Trata-se de apelação cível e recurso adesivo interpostos, respectivamente, pelo


embargado MARCELO GENZ e pelos embargantes ADRIANA GIORDANI, LEANDRO BURTET,
LIZIANE BURTET, MAURICIO BURTET, contra sentença do evento 155 da origem, que julgou
procedentes os pedidos formulados nos embargos de terceiro, cujo dispositivo foi assim redigido
após acolhimento dos embargos de declaração (evento 176 da origem):

ISSO POSTO, julgo procedentes os pedidos feitos por Liziane Burtet, Leandro Burtet,
Maurício Burtet, Adriana Giordani e Everton Luis Machado Beal nestes Embargos de
Terceiro opostos contra Marcelo Genz, para o fim de declarar a inocorrência de fraude à
execução relativa à aquisição do imóvel de matrícula nº 19.187 do CRI de Ijuí, com relação
ao processo 5000189-68.2009.8.21.0016 (número dos autos físicos 016/1.09.0000720-7).

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Em suas razões de apelo (evento 163 dos autos originários), o embargado relata
os fatos e alega que o assistente litisconsorcial, Sr. Everton Luis Machado Beal, era proprietário de
dois imóveis que foram vendidos antes do julgamento da apelação n. 70054311709, que levou a
sua insolvência. Refere que foram apresentadas certidões de ônus aos apelados/embargantes,
quando tomaram ciência de que o vendedor era réu na ação movida pelo recorrente, de modo
que assumiram o risco. Requer a aplicação do art. 792, IV, do CPC. Aponta, assim, ter provado que
tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência, o que caraterizaria a fraude à
execução. Postula o provimento do apelo.

Por sua vez, nas razões do recurso adesivo (evento 196 da origem), os
embargantes postulam, em suma, que os honorários advocatícios sejam fixados em percentual
entre 10 e 20% sobre o valor do proveito econômico obtido ou sobre o valor da causa, bem como
sua majoração em grau recursal.

Apresentadas as contrarrazões apenas pelos embargantes (evento 197 da


origem), alegaram, preliminarmente, ausência de impugnação específica aos fundamentos da
sentença, uma vez que teve como base a ausência de indicação da existência da ação na matrícula
do imóvel e de prova da má-fé dos adquirentes na realização do negócio, enquanto que, no apelo,
houve alegação de que os apelados estavam cientes da ação que corria contra o vendedor e que
assumiram o risco da realização do negócio. Asseveram que não houve impugnação quanto
à ausência de má-fé dos adquirentes. No mérito, aduzem que a ação n. 016/1.09.0000720-7 não
era capaz de levar o alienante à insolvência, pois adquiriram o imóvel em 25/9/2014 (avaliado em
R$ 600.000,00), após a sentença de improcedência proferida em 11/12/2012, a qual somente foi
reformada em 5/9/2016, mas que o valor atribuído à causa era inferior ao patrimônio do devedor.
Afirmam que o alienante permaneceu sendo proprietário de outro imóvel urbano mais valioso
que o adquirido pelos embargantes e que ainda hoje possui empresa individual. Sequer havia
certidão de protesto de títulos contra o alienante, conforme confessado na contestação que o
embargado não diligenciou os protestos até o ano de 2018. Postularam a manutenção da
sentença de procedência.

A parte apelante/embargada foi intimada acerca da preliminar contrarrecursal e


se manifestou pela sua rejeição no evento 10 do presente recurso.

O apelante/embargado peticionou no evento 16, requerendo a retirada do


processo da pauta da sessão virtual sem videoconferência e inclusão do feito em sessão por
videoconferência.

Após, subiram os autos a esta Corte, vindo conclusos para julgamento.

Foram observados os dispositivos legais, considerando a adoção do sistema


informatizado.

É o relatório.

VOTO

Os recursos são adequados, tempestivos, o da parte embargada está dispensado


do preparo em razão da gratuidade da justiça deferida no agravo de instrumento n. 70083799098
(evento 17 da origem), enquanto o dos embargantes está acompanhado do comprovante de
preparo (evento 199 dos autos originários). Assim, passo ao seu enfrentamento.

De plano, afasto a preliminar contrarrecursal de não conhecimento do recurso por


ofensa ao princípio da dialética recursal, uma vez que o apelo do embargado ataca de forma
suficiente os fundamentos da decisão ao expor os motivos pelos quais entende que os
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embargantes assumiram o risco do negócio por terem ciência do trâmite de ação judicial contra o
alienante do imóvel, assim atendendo aos requisitos do art. 1.010 do CPC.

Melhor situando o objeto da controvérsia, adoto o relato do ilustre Magistrado


Dr. Guilherme Eugênio Mafassioli Correa, vertido nos seguintes termos:

Liziane Burtet, Leandro Burtet, Maurício Burtet e Adriana Giordani opôs Embargos de
Terceiro contra Marcelo Genz, qualificados.

Disseram que os imóveis de matrículas nº 19.187 e 38.340 foram vendidos em 25/09/2014


e 23/11/2015, não sendo em fraude à execução. Negaram má-fé. Requereram o
reconhecimento de que a compra do imóvel de matrícula nº 19.187 do CRI de Ijuí não
tenha ocorrido em fraude à execução.

Na impugnação, o embargado alegou fraude à execução nas aquisições dos imóveis, já


que a ação contra Everton Luis Machado Beal iniciou em 2009. Requereu a improcedência.

Everton Luis Machado Beal se manifestou negando a fraude à execução.

Recebidos os embargos, foi suspensa a execução (fl. 38).

Houve réplica.

Na instrução, inquirida uma testemunha.

Apresentados memoriais.

Vieram-me os autos conclusos.

Sobreveio sentença de procedência dos embargos de terceiro, desafiando


apelação pela parte embargada e apelo adesivo pelos embargantes.

Conforme orientação que tem sido observada no âmbito deste Tribunal, alinhada
aos termos da Súmula n. 375 do STJ, o reconhecimento da fraude à execução depende do registro
da penhora do bem alienado ou da prova da má-fé do terceiro adquirente.

No REsp n. 956943/PR, julgado sob o rito previsto para os recursos repetitivos,


aquela Corte Superior reafirmou o teor dessa Súmula, acrescentando a presunção de boa-fé na
prática do ato e atribuindo ao credor o ônus da prova de que o terceiro agiu de má-fé, isto é, de
que tinha conhecimento de que a alienação levaria o devedor à insolvência.

Transcrevo a ementa:

PROCESSO CIVIL. RECURSO REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC. FRAUDE DE EXECUÇÃO. EMBARGOS DE
TERCEIRO. SÚMULA N. 375/STJ. CITAÇÃO VÁLIDA. NECESSIDADE. CIÊNCIA DE DEMANDA CAPAZ DE LEVAR O
ALIENANTE À INSOLVÊNCIA. PROVA. ÔNUS DO CREDOR. REGISTRO DA PENHORA. ART. 659, § 4º, DO CPC.
PRESUNÇÃO DE FRAUDE. ART. 615-A, § 3º, DO CPC.
1. Para fins do art. 543-c do CPC, firma-se a seguinte orientação: 1.1. É indispensável citação válida para
configuração da fraude de execução, ressalvada a hipótese prevista no § 3º do art. 615-A do CPC.
1.2. O reconhecimento da fraude de execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da
prova de má-fé do terceiro adquirente (Súmula n. 375/STJ).
1.3. A presunção de boa-fé é princípio geral de direito universalmente aceito, sendo milenar a parêmia: a
boa-fé se presume; a má-fé se prova.
1.4. Inexistindo registro da penhora na matrícula do imóvel, é do credor o ônus da prova de que o
terceiro adquirente tinha conhecimento de demanda capaz de levar o alienante à insolvência, sob pena
de tornar-se letra morta o disposto no art. 659, § 4º, do CPC.
1.5. Conforme previsto no § 3º do art. 615-A do CPC, presume-se em fraude de execução a alienação ou
oneração de bens realizada após a averbação referida no dispositivo.
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2. Para a solução do caso concreto: 2.1. Aplicação da tese firmada.


2.2. Recurso especial provido para se anular o acórdão recorrido e a sentença e, consequentemente,
determinar o prosseguimento do processo para a realização da instrução processual na forma requerida
pelos recorrentes. (REsp 956.943/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro JOÃO
OTÁVIO DE NORONHA, CORTE ESPECIAL, julgado em 20/08/2014, DJe 01/12/2014)

Ademais, o art. 844 do CPC é expresso no sentido de que somente com a


averbação da constrição no registro do bem há a presunção absoluta de conhecimento por
terceiros.

Na espécie, em razão da ausência de averbação e de registro da existência de


qualquer processo com possibilidade de redução do proprietário à insolvência na matrícula do
imóvel (Evento 2, doc. 2, fls. 19/26), subsiste a eficácia do ato jurídico frente à execução, nos
termos do inc. IV do art. 54 da Lei nº 13.097/2015, in verbis:

Art. 54. Os negócios jurídicos que tenham por fim constituir, transferir ou modificar direitos
reais sobre imóveis são eficazes em relação a atos jurídicos precedentes, nas hipóteses em
que não tenham sido registradas ou averbadas na matrícula do imóvel as seguintes
informações: (Vigência)
I - registro de citação de ações reais ou pessoais reipersecutórias;
II - averbação, por solicitação do interessado, de constrição judicial, do ajuizamento de
ação de execução ou de fase de cumprimento de sentença, procedendo-se nos termos
previstos do art. 615-A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil
;
III - averbação de restrição administrativa ou convencional ao gozo de direitos registrados,
de indisponibilidade ou de outros ônus quando previstos em lei; e
IV - averbação, mediante decisão judicial, da existência de outro tipo de ação cujos
resultados ou responsabilidade patrimonial possam reduzir seu proprietário à
insolvência, nos termos do i nciso II do art. 593 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973
- Código de Processo Civil .
Parágrafo único. Não poderão ser opostas situações jurídicas não constantes da matrícula
no Registro de Imóveis, inclusive para fins de evicção, ao terceiro de boa-fé que adquirir ou
receber em garantia direitos reais sobre o imóvel, ressalvados o disposto nos arts. 129 e
130 da Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005

Diante desse especial contexto em que afastada a presunção de fraude, cabia ao


credor a prova do concilium fraudis entre a parte adquirente e o executado.

Na mesma linha, relevante trecho da sentença, cujas razões adoto como no


presente julgamento e transcrevo:

Neste caso em julgamento, observando a matrícula do imóvel em discussão (Evento 2,


INIC1, fls. 21/24), não consta qualquer indicação da existência da ação judicial entre
Everton Luis Machado Beal e Marcelo Genz.

Tomando como base o teor da súmula, não havendo registro da penhora na matrícula (ou
alguma outra indicação da existência da ação), resta verificar a presença ou não de prova
de má-fé dos adquirentes.

Sobre isso, produziu-se prova oral, pela qual restou evidenciado, em linhas gerais, que as
partes integrantes deste processo são pessoas conhecidas na cidade de Ijuí e que havia
comentários da dificuldade financeira pela qual atravessava Everton Luis Machado Beal,
também conhecido como Tom, e que ele estaria se desfazendo dos seus bens.
Seguem as declarações referidas.

Cleber Roger Strey referiu conhecer as partes Leandro, Evandro e Marcelo há mais de
trinta anos. São pessoas conhecidas na cidade. Prestou serviços para Marcelo e Everton,
na implantação de informática no pub. Leandro Burtet frequentava o local. Sabe de
demanda judicial entre Marcelo e Tom (Everton).
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Tom alugou o imóvel para outra pessoa. Essa demanda judicial era conhecida na cidade.
Todas as partes eram conhecidas, inclusive as famílias das partes. Sabe que Leandro
comprou o imóvel de Tom, o pub.

Os boatos na cidade eram que Tom estava mal financeiramente e se desfazendo dos bens.
O pub durou um ano ou ano e pouco. Sabe que havia reclamações de barulho do pub. Não
sabia dos resultados da ação em primeiro grau. Sabe que Everton tinha outro imóvel além
do imóvel onde era o pub e ele vendeu ambos. Não sabe qual imóvel foi vendido primeiro.

Atualmente Everton faz chapeamento, não sabendo onde ele mora. Não sabe onde
Marcelo mora. Conhece a empresa de Marcelo. Não sabe se em cima da empresa há local
de moradia. Não tem vínculo próximo com Everton Beal. Nunca viu documento sobre os
fatos referidos, sendo apenas de conversas na cidade e por ter prestado serviço a Marcelo
e Everton.

Não se duvida que os comentários acima indicados efetivamente existissem nesta cidade
de Ijuí, que é de porte pequeno/médio e na qual as pessoas tendem a conhecer umas às
outras, notadamente se pertencentes da mesma faixa etária e de partes sociais
semelhantes.

No entanto, reputo muito frágil para fins de comprovação em demanda judicial ligar má-fé
dos adquirentes – que, em si, já deve ser considerada conduta grave – a eventuais
conversas genéricas entre os integrantes da cidade, incluindo-se os embargantes.

Diversa seria a situação se demonstrada concreta conversa envolvendo os adquirentes no


sentido da aquisição do imóvel para evitar a sua constrição judicial, mesmo que futura.
Ocorre que esta demonstração não veio aos autos.

Com isso, concluo não haver prova suficiente da má-fé dos adquirentes. Não há, portanto,
como caracterizar a aquisição do imóvel como sendo de má-fé.

[...]

Como bem salientado pelo culto Magistrado, a prova produzida nos autos não é
capaz de afastar a presunção de boa-fé na relação negocial, especialmente porque sequer havia
informação sobre ações em andamento na matrícula do imóvel, demonstrando que o embargado
não adotou as cautelas necessárias ao deixar de registrar os processos em trâmite na matrícula,
ou seja, não resguardou o seu direito.

A respeito da certidão de ônus da Justiça Estadual que consta da Escritura de


Compra e Venda (evento 2, doc. 4, fls. 6-10, da origem), foi informado o trâmite do processo n.
016/1.09.0000720-7, ação esta que, por si só, não possuía o condão de levar o alienante à
insolvência. Deve-se levar em conta que em 26/11/2012 foi proferida sentença de improcedência
no feito e que o valor da causa era inferior ao do débito. Somente no ano de 2016 a sentença foi
reformada no acórdão lavrado no apelo n. 70054311709, cujo dispositivo foi assim redigido:

Por todo o exposto, o voto é no sentido de dar parcial provimento ao recurso, para
julgar parcialmente procedente a presente Ação Ordinária, condenado o
demandado Everton no pagamento de indenização por danos morais à parte
demandante, arbitrado quantum indenizatório em R$ 12.000,00. O montante
deverá ser corrigido desde a data de publicação da decisão, devidos juros de mora
legais desde a citação no feito. Resta condenado ainda Everton ao ressarcimento
dos valores despendidos pelo demandante, no valor de R$ 62.486,90, atualizado
pelo IGPM a contar do ajuizamento da demanda e de juros legais, desde a citação;
acrescido do pagamento de lucros cessantes, considerando o período em que foi
administrado pelo demandado, de setembro de 2008 até janeiro de 2009, no valor
líquido mensal de R$ 2.395,59 (50% do valor de 4.791,18 pretendido pelo autor) a
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ser devidamente atualizado dos respectivos vencimentos, acrescido de juros


legais. Do total da condenação, deve ser descontado o valor dos locativos –
referentes ao período de maio de 2008 a janeiro de 2009 -, no montante mensal
de R$ 2.000,00, atualizado a contar dos respectivos vencimentos e acrescidos de
juros legais a contar da citação. Ante a sucumbência recíproca, condeno a parte
autora ao pagamento de 30% das custas processuais e a parte demandada ao
pagamento dos 70% restantes. Fixo honorários advocatícios ao procurador da
parte contrária, arbitrados esses, ao procurador do autor, em montante
equivalente a 10% do valor atualizado da condenação, e ao procurador do réu em
R$ 800,00. Suspensa a exigibilidade do pagamento pelo demandante em razão da
concessão do benefício da AJG.

Considerada a oportunidade de julgamento, de forma colegiada em grau recursal,


para os fins do art. 85, § 1º, do CPC, adoto mesmo posicionamento recém editado
pelo Plenário do STJ, em sessão de 09 de março de 2016, quanto à interpretação
possível na aplicação do novo CPC aos processos em trâmite no âmbito desta
Corte. Reconheço, para tanto, que, em que pese se trate de norma de direito
processual, apanhando em curso os processos que aguardam julgamento
colegiado, no caso específico de aplicação do art. 85, § 1º, do novo CPC, tem-se
hipótese de possível agravamento econômico à parte sucumbente para situação
recursal em procedimento de cumulação de honorários até então inexistente e
imprevisível à parte, descabendo sua aplicação em concreto. Orientação que
segue o disposto no enunciado 6 do STJ em relação às diretrizes daquele Corte
para a aplicação do novo CPC.

O mero conhecimento acerca do processo em questão, o qual sequer constava da


matrícula do imóvel em razão da inércia do embargado - somente na Certidão de Ônus da
Escritura Pública de Compra e Venda -, somado ao fato de que fora proferida sentença de
improcedência, não gera presunção de que os adquirentes, ora embargantes, tinham ciência da
possibilidade de insolvência do executado, o que afasta a aplicação do art. 792, IV, do CPC1.

Até porque a má-fé na relação negocial não pode ser presumida, devendo ser
comprovada pelo embargado, a quem incumbe, nos termos do art. 373, II, do CPC, a produção de
provas capazes de evidenciar a fraude no negócio levado a efeito entre o embargante e
o executado.

No mesmo diapasão, precedentes desta Corte:

APELAÇÃO CÍVEL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. EMBARGOS DE TERCEIRO. COMPRA E


VENDA NÃO LEVADA A REGISTRO. HIPOTECA POSTERIORMENTE CONSTITUÍDA SOBRE O
BEM. COMPROVADA A BOA-FÉ DO TERCEIRO ADQUIRENTE. - Preliminar contrarrecursal de
não conhecimento do recurso afastada, haja vista que mesmo que revel, pode a parte, a
qualquer momento, apresentar ao processo seus argumentos e documentos, os quais
serão normalmente analisados pelo Juízo. - O contrato particular de promessa de compra e
venda de imóvel é instrumento hábil para a defesa da posse mediante embargos de
terceiro, ainda que não registrado no ofício competente, nos termos da Súmula nº 84 do
Superior Tribunal de Justiça. - No caso, dos documentos carreados aos autos, incontroverso
que o embargante, ora apelado, adquiriu o imóvel em 20 de junho de 2006, conforme
contrato particular de promessa de compra e venda, tendo a hipoteca sido registrada
apenas em 03/01/2007, portanto, sendo posterior à compra e venda realizada entre o
embargante e os executados, resta comprovada a boa-fé do terceiro adquirente. APELO
DESPROVIDO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70078355336, Décima Sétima Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Gelson Rolim Stocker, Julgado em 27/09/2018)

Apelação cível. Embargos de terceiro do adquirente de imóvel. Boa-fé do adquirente.


Anotação na matrícula do imóvel da existência de ação contra o alienante. Cancelamento
da averbação. Justificam-se os embargos de terceiro do adquirente de boa-fé por causa da
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ordem judicial que determinou anotação na matrícula da existência de ação judicial contra
o alienante, averbação inoponível ao adquirente de boa-fé e que restringe a aquisição
regular da propriedade, do que decorre o cancelamento da anotação restritiva. Apelação
do demandado desprovida. (Apelação Cível Nº 70078459658, Vigésima Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Cini Marchionatti, Julgado em 12/09/2018)

APELAÇÃO CÍVEL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. EMBARGOS DE TERCEIRO.


Preliminares. Revelia do embargado. Configuração. Contudo a presunção de veracidade
dos fatos afirmados pelo autor e não contestados é relativa e não absoluta, não
implicando o reconhecimento do pedido. Nulidade da sentença. Não há como reconhecer
afronta ao art. 1.022 do CPC/15 quando a parte opôs embargos de declaração que foram
desacolhidos pelo julgador a quo por entender não haver obscuridade, contradição,
omissão ou erro material a ser suprido. Embargos de terceiro. Comprovado o ato de
constrição do bem, a posse da embargante e a sua qualidade de terceira na ação de
rescisão em que foi determinada a imissão na posse do embargado, devem ser acolhidos
os embargos de terceiro opostos, especialmente considerando que, quando firmou o
contrato de promessa de compra e venda não havia a averbação da ação na matrícula do
imóvel, sendo, portanto, terceira de boa-fé. PRELIMINARES REJEITADAS. APELAÇÃO
PARCIALMENTE PROVIDA. (Apelação Cível Nº 70078041050, Décima Oitava Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Heleno Tregnago Saraiva, Julgado em 30/08/2018)

Por sua vez, deve ser acolhida a pretensão recursal dos embargantes em relação à
fixação dos honorários advocatícios, tendo em vista a expressa vedação de fixação por equidade
diante da liquidez do valor da causa no caso dos autos, nos termos do art. 85, §§ 2º e 6º-A, do
CPC:
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do
vencedor.
[...]
§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por
cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo
possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos:
[...]
§ 6º-A. Quando o valor da condenação ou do proveito econômico obtido ou o valor
atualizado da causa for líquido ou liquidável, para fins de fixação dos honorários
advocatícios, nos termos dos §§ 2º e 3º, é proibida a apreciação equitativa, salvo
nas hipóteses expressamente previstas no § 8º deste artigo. (Incluído pela Lei nº
14.365, de 2022) [sublinhei]

No mote:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. SEGUROS. PLANO DE SAÚDE. TRATAMENTO


DOMICILIAR (HOME CARE). NEGATIVA DE COBERTURA. DESCABIMENTO.
COPARTICIPAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE COBRANÇA, NO CASO
CONCRETO. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. ARBITRAMENTO SOBRE
O VALOR DA CAUSA. IMPOSSIBILIDADE DE FIXAÇÃO POR APRECIAÇÃO
EQUITATIVA. I. NO CASO EM TELA, A AUTORA SOFREU INFARTO CEREBRAL (CID10
I63.9), NECESSITANDO DE ATENDIMENTO DOMICILIAR 24 HORAS POR
PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM, COM DIETA ENTERAL E BOMBA DE INFUSÃO
PARA ADMINISTRAÇÃO E FORNECIMENTO DE FRALDAS, BEM COMO A
REALIZAÇÃO DE FISIOTERAPIA E FONOAUDIOLOGIA. POR SUA VEZ, A
AUTORIZAÇÃO RESTOU NEGADA PELA REQUERIDA, SOB A ALEGAÇÃO DE QUE O
REFERIDO TRATAMENTO NÃO ESTÁ COBERTO
PELO PLANO DE SAÚDE CONTRATADO. II. ENTRETANTO, OS CONTRATOS DE
PLANOS DE SAÚDE ESTÃO SUBMETIDOS ÀS NORMAS DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR, NA FORMA DA SÚMULA 608, DO STJ, DEVENDO SER
INTERPRETADOS DE MANEIRA MAIS FAVORÁVEL À PARTE MAIS FRACA NESTA
RELAÇÃO. DE OUTRO LADO, OS PLANOS DE SAÚDE APENAS PODEM ESTABELECER
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PARA QUAIS DOENÇAS OFERECERÃO COBERTURA, NÃO LHES CABENDO


INTERFERIR NO TIPO DE TRATAMENTO QUE SERÁ PRESCRITO OU O NÚMERO DE
SESSÕES, INCUMBÊNCIA ESSA QUE PERTENCE AO PROFISSIONAL DA MEDICINA
QUE ASSISTE O PACIENTE, AINDA QUE NÃO HAJA PREVISÃO EM DIRETRIZ DE
UTILIZAÇÃO OU NO ROL DE PROCEDIMENTOS DA ANS, QUE É MERAMENTE
EXEMPLIFICATIVO. III. IGUALMENTE, O REFERIDO TRATAMENTO NÃO ESTÁ
PREVISTO NAS HIPÓTESES DE EXCLUSÃO DO ART. 10, DA LEI Nº 9.656/98, A QUAL
DISPÕE SOBRE OS PLANOS E SEGUROS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE. IV.
DESTA FORMA, IMPRESCINDÍVEL O TRATAMENTO DOMICILIAR (HOME CARE), O
QUAL, SEGUNDO O EGRÉGIO STJ, CONFIGURA TÃO-SOMENTE UM
DESDOBRAMENTO DO TRATAMENTO HOSPITALAR CONTRATUALMENTE
PREVISTO, NÃO PODENDO SER LIMITADO PELA OPERADORA
DO PLANO DE SAÚDE (RESP 1378.707/RJ). V. OUTROSSIM, O EGRÉGIO STJ
PACIFICOU O ENTENDIMENTO NO SENTIDO QUE NÃO HÁ ILEGALIDADE OU
ABUSIVIDADE NA CLÁUSULA QUE AUTORIZA A COBRANÇA DE COPARTICIPAÇÃO
FINANCEIRA NOS CONTRATOS DE PLANO DE SAÚDE, SEJA EM PERCENTUAL SOBRE
O CUSTO DO TRATAMENTO, SEJA EM MONTANTE FIXO, DESDE QUE FIGURE DE
FORMA CLARA E EXPRESSA A OBRIGAÇÃO PARA O CONSUMIDOR NO
CONTRATO.PORÉM, DEVE SER AFASTADA A COBRANÇA DE COPARTICIPAÇÃO,
UMA VEZ QUE AS TERAPIAS SÃO REALIZADAS NO DOMICÍLIO, MAS COMO UM
DESDOBRAMENTO DA INTERNAÇÃO HOSPITALAR, PARA O QUE O CONTRATO NÃO
PREVE QUALQUER COBRANÇA. VI. NOS TERMOS DO ART. 85, § 2º, DO CPC,
DEVEM SER FIXADOS ENTRE 10% E 20% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO, DO
PROVEITO ECONÔMICO OBTIDO OU, NÃO SENDO POSSÍVEL MENSURÁ-LO,
SOBRE O VALOR ATUALIZADO DA CAUSA. POR SUA VEZ, NA FORMA DO § 6º-A
DO ART. 85 DO CPC, RECENTEMENTE INCLUÍDO PELA LEI N° 14.365/2022,
QUANDO O VALOR DA CONDENAÇÃO OU DO PROVEITO ECONÔMICO OBTIDO
OU O VALOR ATUALIZADO DA CAUSA FOR LÍQUIDO OU LIQUIDÁVEL, PARA FINS
DE FIXAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, NOS TERMOS DOS §§ 2º E 3º, É
PROIBIDA A APRECIAÇÃO EQUITATIVA, SALVO NAS HIPÓTESES EXPRESSAMENTE
PREVISTAS NO § 8º DESTE ARTIGO. VII. NO CASO DOS AUTOS, CONSIDERANDO
QUE A CONDENAÇÃO E O PROVEITO ECONÔMICO NÃO ESTIMÁVEIS,
OS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS DEVEM SER ARBITRADOS EM 10% SOBRE
O VALOR DA CAUSA, DEVIDAMENTE ATUALIZADO, O QUE SE REVELA
ADEQUADO COM RELAÇÃO À COMPLEXIDADE DA DEMANDA E O LABOR
DESENVOLVIDO PELO ADVOGADO, BEM COMO AOS PARÂMETROS ADOTADOS
POR ESTA CÂMARA NOS CASOS ANÁLOGOS. ALÉM DISSO, A FIXAÇÃO
DOS HONORÁRIOS POR APRECIAÇÃO EQUITATIVA, NA FORMA DO § 8° DO ART.
85 DO CPC, POSSUI APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA, SOMENTE NAS NAS CAUSAS EM
QUE FOR INESTIMÁVEL OU IRRISÓRIO O PROVEITO ECONÔMICO, QUANDO
O VALOR DA CAUSA FOR MUITO BAIXO, O QUE NÃO É O CASO. APELAÇÃO DA RÉ
DESPROVIDA. APELAÇÃO DA AUTORA PROVIDA. (Apelação Cível, Nº
50489234620198210001, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Jorge André Pereira Gailhard, Julgado em: 31-08-2022) [grifei]

Em razão disso e diante da procedência dos pedidos formulados nos embargos de


terceiro, os honorários advocatícios devidos ao patrono da parte embargante devem ser fixados
em 10% sobre o valor atualizado da causa, em atenção ao disposto no art. 85, §2º, do CPC, os
quais vão majorados para 12% em virtude da sucumbência recursal do embargado, nos termos do
art. 85, §11, do CPC. Suspensa a exigibilidade em razão da gratuidade de justiça deferida ao
embargado.

Ante o exposto, voto por rejeitar a preliminar contrarrecursal e, no


mérito, desprover a apelação do embargado e dar provimento ao recurso adesivo dos
embargantes, nos termos da fundamentação.”
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Já a decisão que julgou os embargos declaratórios entendeu pelo


desacolhimento dos embargos, senão vejamos:

“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CÍVEL Nº 5001553-26.2019.8.21.0016/RS

TIPO DE AÇÃO: Dissolução


RELATORA: DESEMBARGADORA ISABEL DIAS ALMEIDA
EMBARGANTE: MARCELO GENZ (EMBARGADO)

RELATÓRIO

Trata-se de embargos de declaração opostos por MARCELO GENZ contra o


acórdão (evento 24) que, nos autos dos embargos de terceiro em que contende com ADRIANA
GIORDANI, LEANDRO BURTET, LIZIANE BURTET, MAURICIO BURTET, à unanimidade, rejeitou a
preliminar contrarrecursal, negou provimento à apelação do ora embargante e deu provimento
ao recurso adesivo dos ora embargados.

Em suas razões (evento 35), a parte embargante afirma que a decisão contraria o
artigo 792, IV, do CPC, incidindo o julgado em "contradição", ante a falta de prova da má-fé do
terceiro adquirente e quanto ao fato de esse não ter conhecimento de que o alienante vinha
sofrendo uma ação que poderia levá-lo a insolvência. Pugna seja prequestionado o aludido
dispositivo legal. Requer o acolhimento dos embargos.

Oferecidas contrarrazões pelo desacolhimento (evento 45).

Vieram os autos conclusos para julgamento.

É o relatório.

VOTO

Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço dos embargos de


declaração.
O artigo 1.022 do CPC elenca expressamente as hipóteses de cabimento dos
aclaratórios:

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou
a requerimento;
III - corrigir erro material.
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em
incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º.

A parte embargante afirma que o acórdão incorreu em vícios, nos termos do art.
1.022 do CPC.

Na hipótese em apreço, entretanto, não vislumbro qualquer lacuna no aresto


recorrido que justifique o acolhimento dos presentes embargos, porquanto, como se confere do
teor do julgamento, restaram devidamente analisadas as questões trazidas ao exame do Tribunal
e explicitadas as razões de convencimento do colegiado.

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Como asseverado no aresto recorrido, de acordo com orientação que tem sido
seguida neste Tribunal, na forma da Súmula n. 375 do STJ, o reconhecimento da fraude à
execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova da má-fé do terceiro
adquirente. Outrossim, conforme decidido no REsp n. 956943/PR, presume-se a boa-fé na prática
do ato, sendo do credor o ônus da prova de que o terceiro agiu de má-fé, isto é, de que tinha
conhecimento de que a alienação levaria o devedor à insolvência.

Ainda, devidamente ressaltado o teor do art. 844 do CPC, no sentido de


que apenas com a averbação da constrição no registro do bem é que há a presunção absoluta de
conhecimento por terceiros.

E como explicitado no julgamento, no caso em tela, em razão da ausência de


averbação e de registro da existência de qualquer processo com possibilidade de redução do
proprietário à insolvência na matrícula do imóvel, subsiste a eficácia do ato jurídico frente à
execução. Logo, afastada a presunção de fraude, cabia ao credor a prova do concilium
fraudis entre a parte adquirente e o executado.

Relativamente à certidão de ônus da Justiça Estadual informando o trâmite do


processo n. 016/1.09.0000720-7, desserve ao fim pretendido pela parte, pois tal feito,
isoladamente, não possuía o condão de levar o alienante à insolvência.

O mero conhecimento acerca do processo em questão, o qual sequer constava da


matrícula do imóvel, somado ao fato de que fora proferida sentença de improcedência, não
gera presunção de que os adquirentes tinham ciência da possibilidade de insolvência do
executado, o que afasta a aplicação do art. 792, IV, do CPC.

As questões aventadas nos autos foram apreciadas por este Colegiado e a


conclusão adotada pelo acórdão proferido está devidamente fundamentada e motivada, ausente
qualquer vício que implique nulidade do julgado.

Evidente, portanto, a pretensão da parte embargante de ver rediscutida a matéria


posta no recurso e já apreciada por este Juízo, o que não é permitido pelo sistema processual
vigente.

Por fim, o prequestionamento quanto à legislação invocada fica estabelecido


pelas razões de decidir, seguindo compreensão do disposto no art. 1.025 do CPC.

Outrossim, do exame dos autos, não verifico, por ora, qualquer conduta passível
de aplicação de multa por interposição de recurso protelatório (art. 1.026, §§2º e 3º CPC/2015),
inexistindo motivos para condenação nas penas correspondentes.

Destarte, não se enquadrando em nenhuma das hipóteses previstas no artigo


1.022 do CPC, os presentes embargos declaratórios devem ser desacolhidos.

Ante o exposto, voto por desacolher os embargos de declaração.”

II - DO PREQUESTIONAMENTO IMPLÍCITO E EXPLÍCITO

Especificamente quanto à exigência do prequestionamento da matéria


suscitada neste recurso, para efeito de sua admissibilidade, esclarece o agravante ter
seguido a orientação da jurisprudência deste Colendo Tribunal, na medida em que os
artigos de lei supracitados foram explicitamente e implicitamente debatidos pelo agravante,
inclusive sendo mencionado no v. acórdão que o prequestionamento quanto à legislação
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invocada fica estabelecido pelas razões de decidir, seguindo compreensão do disposto no


art. 1.025 do CPC.

Opostos embargos de declaração pela agravante, o Tribunal a quo decidiu


por desacolher os aclaratórios, e ato contínuo, não admitiu o Recurso Especial interposto.

III - DOS FATOS E FUNDAMENTOS DE DIREITO

No caso em tela, a decisão que negou seguimento ao Recurso Especial não


pode prosperar, senão vejamos:

Excelentíssimos Ministros, desde a apelação, de forma incansável, o


recorrente, ora agravante, busca seja observado o fato de ter ocorrido decisão pelo Juízo
monocrático de acordo com orientação que tem sido seguida no Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul, na forma da Súmula n. 375 do STJ, onde reconhecimento da fraude à
execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova da má-fé do
terceiro adquirente, cuja decisão foi omitida quando deixado de observar a boa-fé
objetiva do alienante que caracteriza a sua má-fé, não ter reconhecido a certidão de ônus
como documento que comprova ter o alienante pleno conhecimento que a alienação levaria
o devedor a insolvência, bem como não ter adotado o art. 792, IV do CPC em conjunto
com a Súmula 375 do STJ como medida.

A omissão, principalmente pela boa-fé objetiva, o que caracteriza a má-fé


do alienante, apontada no Recurso Especial e Embargos Declaratórios, contudo, sem
qualquer análise, pois a matéria simplesmente foi ignorada sendo usado a Súmula n. 375
do STJ como argumento para não reconhecer a certidão de ônus fornecida numa Escritura
Pública de Compra e Vendo como documento público capaz de trazer informação ao
alienante que o devedor vem sofrendo um processo que pode leva-lo a insolvência.

Colendo STJ, a contradição do Julgado, também vem quando a 5° Câmara


adotou as razões da sentença, “...não havendo registro da penhora na matrícula (ou alguma outra
indicação da existência da ação...”, ora Excelentíssimos Ministros, alguma outra indicação da
existência da ação, uma certidão de ônus positiva da Justiça Estadual não serve como
indicação da existência de uma ação judicial contra o proprietário do imóvel, caso não
sirva, então para que serve uma certidão de ônus.

Excelentíssimos Ministros, cabe ao STJ analisar os seguintes fatos: 1°) a


certidão de ônus positiva na esfera cível apresentada quando da lavratura da Escritura
Pública de Compra e Venda, trata-se de documento capaz de caracterizar que o terceiro
adquirente tomou conhecimento da demanda judicial que vem sofrendo o proprietário do
imóvel; 2°) Se é necessário a averbação na matricula do registro do imóvel que o
proprietário vem sofrendo uma demanda, seja de conhecimento, seja de execução; 3°) resta
configurado a boa-fé objetivo do alienando por tomar conhecimento que o proprietário do
imóvel vem sofrendo uma ação de conhecimento ou de execução, assumindo o risco, o que
caracteriza a má-fé; 4°) deve ser aplicado o art. 792, IV do CPC em conjunto com a
Súmula 375 do STJ.

Esses são os pontos a ser analisados pelo Superior Tribunal de Justiça.

Em assim ocorrendo, primeiramente cabe o presente Recurso, pela


infringência do então artigo 1022 do CPC, pois não apreciada a matéria essencial,
levantada para apreciação.
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Portanto, se não apreciada a matéria pelo Tribunal “a quo” quanto a boa-fé


objetiva que caracteriza a má-fé do terceiro adquirente, fato que por si só se aplica o art.
792, IV do CPC em conjunto com a Súmula 375 do STJ, pois resta comprovado pela
CERTIDÃO DE ÔNUS que os alienantes tiveram conhecimento que o vendedor vinha
sofrendo uma demanda judicial que poderia leva-lo a insolvência.

Já ao contrário do entendimento do Julgador, ao não admitir o Recurso


Especial, pelo fato levantado que não restou comprovado a má-fé dos adquirentes e que a
boa-fé se presume, deixando de analisar a boa-fé objetiva que caracterizaria a má-fé
dos agravados.

Portanto, trata-se de matéria de alta relevância para julgamento da causa, e


assim, necessária a sua análise, e por isso o artigo 1022 do CPC também restou afrontado,
um descuido na aplicação do art. 792, IV do CPC, como levantado nos julgamentos, tanto
na sentença, quanto recurso de apelação e embargos declaratórios, pois existem
informações, argumentos e provas que os alienantes assumiram o risco, restando
configurado a boa-fé objetiva que caracteriza a má-fé pelo fato dos recorridos terem
pleno conhecimento, via certidão de ônus, que o proprietário do imóvel vinha
sofrendo uma medida judicial.

A decisão de segundo grau, proferida pela 5ª Câmara Cível do Tribunal de


Justiça do RS, alegou que pelo mero conhecimento acerca do processo em questão, o qual
sequer constava da matrícula do imóvel, somente na Certidão de Ônus da Escritura Pública
de Compra e Venda, não gera presunção de que os adquirentes, ora embargantes, tinham
ciência da possibilidade de insolvência do executado, o que afasta a aplicação do art. 792,
IV, do CPC, desprovendo a apelação do embargado ora agravante, contrariando
literalmente o dispositivo da Lei Federal 13.105/15, onde aplica que na alienação ou a
oneração de bem é considerada fraude à execução quando ao tempo da alienação ou da
oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência, assim, a vítima
imediata acaba sendo o Poder Judiciário, haja vista embaraçar a missão constitucional que
lhe fora delegada não só de dizer o direito, mas também de concretizá-lo.

Excelentíssimos Ministros, todo alienante ou terceiro interessado deve


buscar todas os meios possíveis e necessários para restar configurado sua boa-fé, e não se
pode reputar do desidioso como alguém de boa-fé, pois ninguém pode falar na existência
do desconhecimento da ação quando apresentada certidão de ônus, e nela vem registrado
que contra o proprietário do imóvel existe uma ação de conhecimento, dessa forma,
ninguém pode alegar sua própria torpeza em seu benefício, ou seja, uma pessoa não pode
se beneficiar de sua própria má conduta e assumir um risco, restando configurado a boa-
fé objetiva que caracteriza a má-fé.

In casu, inobstante não tenha sido averbado ou registrado na matricula do


imóvel que o proprietário vinha sofrendo uma medida judicial de conhecimento ou de
execução, quando fornecida a certidão de ônus, os adquirentes passaram a tomar
conhecimento que o proprietário do imóvel vinha sofrendo uma medida judicial,
assumiram o risco, restando configurado sua boa-fé objetiva o que caracteriza a má-
fé dos terceiros adquirentes, devendo ser aplicado o art. 792, IV do CPC em conjunto com
a Súmula 375 do STJ, tornando-se ineficaz a Escritura Pública de Compra e Venda,
respondendo o bem pelas dívidas contraídas pelo proprietário, ou seja, resta configurado a
Fraude à Execução.

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A confrontação de teses trazidas na decisão, no caso em tela, é a própria


leitura da decisão trazida para divergência a decisão ora em análise, dispensando-se
maiores comparações, até porque, não se exige o reexame do contexto fático-probatório, o
que esbarraria na Súmula 7 do Superior Tribunal de Justiça, mas sim, numa análise da boa-
fé objetiva que caracteriza a má-fé, bem como da certidão de ônus, documento oficial
que trouxe conhecimento aos agravados, em virtude que em decisão na 5ª Câmara Cível
do Tribunal de Justiça do RS, ao negar provimento ao Recurso de Apelação interposto pelo
ora agravante, reconhecendo não ter sido provado a má-fé dos terceiros adquirentes e
que a certidão de ônus não teve o condão de provar que os memos tomaram
conhecimento da ação que vinha sofrendo o proprietário do imóvel, contrariando
assim, literalmente o dispositivo da Lei Feder, razão pela qual, deve ser aceito o presente
recurso especial.

IV -DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL

Excelentíssimos Ministros, a jurisprudência é clara quanto a fraude à


execução, aplicando-se a Súmula 375 do STJ em conjunto com o art. 792, IV, CPC, por ser
de responsabilidade do credor comprovar que o adquirente do imóvel, independente de
registro em cartório competente, prove que o mesmo tinha ciência que o alienante vinha
sofrendo uma demanda, respondendo o bem pelos danos materiais (prejuízo – perdas e
danos) experimentados em face do negócio realizado.

Segundo quadro comparativo mencionado no Recurso Especial, que traz


divergência jurisprudencial, inclusive em decisão recente no TJRS (Apelação Cível, Nº
50008002220188210043) RECONHECENDO A APLICAÇÃO DA FRAUDE À
EXECUÇÃO quando o adquirente do imóvel tinha conhecimento que o alienante
vinha sofrendo uma demanda judicial, independente de constar no registro.

O acórdão acima, julgado pela 20° Câmara Cível do TJRS em 15.03.2023,


teve entendimento contrário a decisão da 5° Câmara Cível do TJRS, pois o mesmo
entendeu que por mais que não exista qualquer restrição sobre os bens, a boa-fé não se
cogita, pois o embargante na época em que firmou a dação sabia que os bens objeto da
ação encontravam-se onde foi registrado a penhora no imóvel, tinha conhecimento do feito
executivo, e mesmo com a ciência da existência da ação, realizou o negócio, restando
configurado a ocorrência de fraude à execução, nos termos do art. 792, IV, do CPC.

Divergência de entendimento dentro do mesmo Tribunal de Justiça.

Já o acórdão, apelação n°. 5019236-86.2020.8.24.0039, do TJSC, Quinta


Câmara de Direito Civil, decisão proferido em 13.07.2021, teve entendimento diverso do
julgamento da 5° Câmara Cível do TJRS, inclusive usando recente posicionamento do
STJ (AgInt no REsp n. 1.760.517/SP, Minª. Nancy Andrighi), entendendo que
demanda judicial em curso que pode ensejar futura execução, ter o terceiro
adquirente prévio conhecimento da existência de demanda via CERTIDÃO
DE ÕNUS, dando ciência do processo que vinha sofrendo o proprietário do imóvel em
questão, resta configurado a Fraude à Execução.

Portanto Excelentíssimos Ministros, referida decisão trata-se de um caso


semelhante com o que está em discussão, com entendimento totalmente contrário a 5°
Câmara Cível do TJRS, aplica-se o art. 792, IV, CPC, bem como a Súmula 375 do
STJ, restando caracterizada a fraude à execução, inclusive adotando recente julgamento
do STJ.
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Daniel Perondi

O acórdão, apelação n°. 0010914-05.2023.8.16.0000 do TJPR, Décima


Terceira Câmara Cível, decisão proferida em 23.06.2023, em recentes decisões proferida
em junho de 2023, também teve entendimento contrário a decisão da 5° Câmara Cível do
TJRS., pois as decisões acima, trazido com paradigma, entende que há fraude à
execução, quando demonstrado pela parte exequente que o adquirente tinha ciência
da existência e ação em nome do vendedor.

O acórdão, apelação n°. 0008717-77.2023.8.16.0000 do TJPR, da Décima


Quinta Câmara Cível, proferida em 07.06.2023, é claro quanto ao fato que não é
necessário estar averbado na Matricula do Imóvel a referida pendência
judicial, A AUSÊNCIA da averbação não é impedimento para reconhecimento da
fraude à execução, uma vez que o terceiro adquirente tinha conhecimento do imbróglio
jurídico.

Assim, o entendimento adotado pela 15° Câmara Cível do TJPR, é pela


NÃO EXIGÊNCIA DA AVERBAÇÃO NA MATRICULA, basta ao credor provar que
o adquirente tinha ciência da demanda jurídica para restar caracterizado a fraude à
execução, decisão que contrária a 5° Câmara Cível do TJRS, que entende pela exigência da
averbação na matricula, e que a certidão de ônus informada na Escritura Pública de
Compra e Venda não gera presunção de que o adquirente tem ciência da possibilidade de
insolvência do executado.

Os acórdãos, apelação Cível 1004334-26.2022.8.26.0152, da 30° Câmara de


Direito Privado, julgado dia 28/09/2023, e apelação 1043399-87.2022.8.26.0100, da 21°
Câmara de Direito Privado, julgado dia 13/09/2023, ambas do TJSP, EM
RECENTÍSSIMAS decisões proferida (setembro de 2023), também tiveram
entendimento divergente da decisão da 5° Câmara Cível do TJRS., entenderam que
se já havia sido ajuizada demanda em face do vendedor ora executado, não estando
averbado na matricula, não sendo solicitada a expedição de certidões dos
distribuidores cíveis, ASSUMEM O RISCO, configura a responsabilidade objetiva,
restando provado que os adquirentes tinha conhecimento de demanda que poderia levar o
proprietário do imóvel a insolvência, restando configurado a BOA-FÈ OBJETIVA que
gera a MÁ-FÉ, caracterizando a fraude à execução, devendo ser aplicado o dispositivo
do art. 792, IV, CPC e Súmula 375 do STJ.

Já o STJ, no EREsp 655.000/SP, 2ª Seção, DJe 23/06/2015, teve o


entendimento de que INEXISTINDO REGISTRO DA PENHORA NA MATRÍCULA
DO IMÓVEL, é do credor o ônus de provar de que o terceiro adquirente tinha
conhecimento de demanda capaz de levar o alienante a insolvência, quando solicitado as
certidões negativas, tudo no desiderato de evitar eventual problema futura, na certidão de
distribuições cíveis, veio a informação que o proprietário do imóvel vinha sofrendo uma
demandas judicial que estava em conhecimento e que poderia levar a uma futura execução,
desta forma, o próprio STJ já tem entendimento contrário a decisão da 5° Câmara
Cível do TJRS, razão pela qual, deve ser reformada a presente decisão e decretado a
fraude à execução.

EM ASSIM SENDO, A APRECIAÇÃO DO RECURSO ESPECIAL É


MEDIDA QUE SE IMPÕEM, seja por contrariar dispositivo legal, art. 792, IV do
CPC, seja por existir divergência jurisprudencial, bem como pelo fato da 5° Câmara
Cível do TJRS não ter levantado nenhum argumento quanto a BOA-FÉ OBJETIVA
que caracteriza a má-fé, devendo ser aplicado a Súmula 375 em conjunto com o CPC,

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dando PROVIMENTO AO PRESENTE AGRAVO DE INSTUMENTO, decretando


a subida do Recurso Especial ao STJ.

Vejamos as razões do recurso especial aqui transcrito, conforme segue:

“...
RAZÕES DO RECURSO ESPECIAL

Apelação Cível n.º 5001553-26.2019.8.21.0016 - 5ª Câmara Cível


Embargos de Declaração n.º 5001553-26.2019.8.21.0016 - Juízo da 2ª Vara Cível da Comarca de
Ijuí

AJG

ORIGEM: 5.ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul

NATUREZA: Apelação Cível

RECORRENTE: Marcelo Genz


RECORRIDOS: Liziane Burtet, Leandro Burtet, Mauricio Burtet e Adriana Giordani

COLENDO STJ:

Em acórdão, o Egrégio Tribunal de Justiça, através de sua 5.ª


Câmara Cível, por unanimidade de votos: Desprover a apelação do embargado, ora
recorrente, em razão da ausência de averbação e de registro da existência de qualquer
processo com possibilidade de redução do proprietário à insolvência na matrícula do
imóvel, a certidão de ônus da Justiça Estadual que consta da Escritura de Compra e
Venda (evento 2, doc. 4, fls. 6-10, da origem), foi informado o trâmite do processo n.
016/1.09.0000720-7, ação esta que, por si só, não possuía o condão de levar o alienante à
insolvência, não gera presunção de que os adquirentes, ora recorridos tinham ciência da
demanda judicial que vinha sofrendo o vendedor do imóvel, ora executado, o que afasta a
aplicação do art. 792, IV, do CPC, isto segundo Ementa e parte do acórdão a seguir
transcritos:

“EMENTA
APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO. CONSTRIÇÃO SOBRE
IMÓVEL. EMBARGOS DE TERCEIRO. ADQUIRENTES DE BOA-
FÉ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APRECIAÇÃO EQUITATIVA.
DESCABIMENTO.
1. PRELIMINAR CONTRARRECURSAL. PRINCÍPIO
DA DIALETICIDADE. APELO QUE ATACA DE FORMA SUFICIENTE
OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO. PREENCHIMENTO
DOS REQUISITOS DO ART. 1.010 DO CPC. REJEIÇÃO.
2. SEGUNDO ENTENDIMENTO MAIS RECENTE DO STJ, O
RECONHECIMENTO DE FRAUDE À EXECUÇÃO DEPENDE DO
REGISTRO DA PENHORA DO BEM ALIENADO OU DA PROVA DA
MÁ-FÉ DO TERCEIRO ADQUIRENTE. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA N.
375 DO STJ E RESP N. 956943/PR, JULGADO SOB O RITO PREVISTO
PARA OS RECURSOS REPETITIVOS.
3. ADEMAIS, O ÔNUS DA PROVA DE QUE O TERCEIRO
EMBARGANTE AGIU EM CONLUIO COM O EXECUTADO É DO
CREDOR. INCLUSIVE PORQUE A MÁ-FÉ NA RELAÇÃO NEGOCIAL
NÃO PODE SER PRESUMIDA, DEVENDO SER DEMONSTRADA PELO
EMBARGADO.
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4. CASO EM QUE O CONJUNTO PROBATÓRIO NÃO INFIRMA A


PRESUNÇÃO DE BOA-FÉ DOS ADQUIRENTES, NEM INDICA QUE A
TRANSAÇÃO TENHA SIDO MOVIDA POR CONLUIO.
5. DESCABE A FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
MEDIANTE APRECIAÇÃO EQUITATIVA NA HIPÓTESE EM QUE A
CONDENAÇÃO OU O PROVEITO ECONÔMICO OU O VALOR
ATUALIZADO DA CAUSA FOR LÍQUIDO OU LIQUIDÁVEL, NOS
TERMOS DO ART. 85, §§ 2º E 6º-A, DO CPC. RECURSO ADESIVO
PROVIDO. PRELIMINAR CONTRARRECURSAL REJEITADA. NO
MÉRITO, APELAÇÃO DESPROVIDA E RECURSO ADESIVO
PROVIDO”

Da decisão, Colendo STJ, houveram Embargos Declaratórios, com


Pedido de Efeito Infringente interpostos pelo ora recorrente, em especial, no sentido do
Tribunal não ter se pronunciado quanto ao teor e fundamentos do artigo 792, IV do CPC,
cuja matéria requer seja apreciada, devendo ser prequestionada, pois é prerrogativa
exclusiva e única do credor provar que o terceiro adquirente tinha conhecimento de ação
que poderia levar o alienante a insolvência ou que estivesse de má-fé.

A contradição do Julgador vem quanto a falta de prova da


litigância de má-fé do terceiro adquirente e quanto ao fato do mesmo não ter
conhecimento que o alienante vinha sofrendo uma ação que poderia leva-lo a insolvência.

A má-fé dos terceiros adquirentes ora recorridos, vem provada


quando os mesmos tomaram conhecimento que o alienante vinha sofrendo uma ação que
poderia leva-lo a insolvência, quando na Escritura Pública de Compra e Venda (evento 2,
doc. 4, fls. 6-10 da origem), tomaram ciência via certidão de ônus da Justiça
Estadual, que tramitava um processo contra o alienante, ou seja, agiram com boa-fé
objetiva os referidos terceiros adquirentes, o que caracteriza a má-fé, pois em hipótese
nenhuma se pode falar na existência do desconhecimento da ação pelos próprios, contudo
não se pode reputar do desidioso como alguém de boa-fé, pois ninguém pode falar na
existência do desconhecimento da ação, pois não se pode reputar de desidioso como
alguém de boa-fé, ninguém pode alegar sua própria torpeza em seu benefício, uma vez que
os recorridos/terceiros adquirentes sabiam da demanda que vinha sofrendo o alienante,
ASSUMIRAM O RISCO.

Colendo STJ, a contradição do Julgado também vem quando a 5°


Câmara adotou as razões da sentença, “...não havendo registro da penhora na matrícula
(ou alguma outra indicação da existência da ação...” porém, na certidão de ônus da
Justiça Estadual que consta da Escritura de Compra e Venda, foi informado o trâmite
da ação, foi indicado a existência da ação, fato que resolveria o cerne do problema, ou
seja, os terceiros adquirentes tomaram conhecimento da demanda que poderia levar o
alienante a insolvência, como o levou, fato que por si só já caracterizaria a má-fé.

Já a decisão que julgou os embargos declaratórios, embora levantada


a matéria em relatório, entendeu pelo desacolhimento dos embargos, senão vejamos:

EMENTA
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO
ADESIVO. CONSTRIÇÃO SOBRE IMÓVEL. EMBARGOS DE
TERCEIRO. ADQUIRENTES DE BOA-FÉ. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. APRECIAÇÃO EQUITATIVA. DESCABIMENTO.
1. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE
OU ERRO MATERIAL NO ACÓRDÃO EMBARGADO. ART. 1.022
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C/C 489, § 1º AMBOS DO CPC/2015. 2. AS QUESTÕES


AVENTADAS NOS AUTOS FORAM APRECIADAS PELO
COLEGIADO, SENDO QUE A CONCLUSÃO ADOTADA PELO
ACÓRDÃO EMBARGADO ESTÁ DEVIDAMENTE
FUNDAMENTADA E MOTIVADA, AUSENTE QUALQUER VÍCIO
QUE IMPLIQUE NULIDADE DO JULGADO. 3. PRETENSÃO DA
PARTE EMBARGANTE DE VER REDISCUTIDA A MATÉRIA
POSTA NO RECURSO E JÁ APRECIADA POR ESTE JUÍZO, O
QUE NÃO É PERMITIDO PELO SISTEMA PROCESSUAL
VIGENTE. 4. PREQUESTIONAMENTO DA LEGISLAÇÃO
INVOCADA CONFORME ESTABELECIDO PELAS RAZÕES DE
DECIDIR, SEGUINDO COMPREENSÃO DO DISPOSTO NO ART.
1.025 DO CPC. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DESACOLHIDOS.

In casu, a decisão unânime que desproveu o recurso de apelação


interposto pelo recorrido em razão da ausência de averbação e de registro da existência de
qualquer processo com possibilidade de redução do proprietário à insolvência na matrícula
do imóvel, bem como deixou de observar a certidão de ônus da Justiça Estadual emitida na
Escritura Pública de Compra e Venda, fato que caracteriza a má-fé do terceiro adquirente,
contrariando literalmente dispositivo da Lei Federal, razão pela qual cabível o presente
Recurso Especial, com fundamento no artigo 105, III, “a” e “c” da Constituição Federal,
senão vejamos:

1) DOS FATOS:

Que o recorrente, Marcelo Genz, em fevereiro de 2009, ajuizou Ação


Ordinária de Dissolução de Sociedade (proc. 016/109.0000720-7) contra Everton Machado
Beal, proprietário do imóvel vendido aos recorridos.

Em 26.11.2012, foi proferida sentença, julgada improcedente (evento


2 – OUT-INST PROC6, fls. 111). Em 30/01/2013, foi interposto recurso de apelação. Em
25/09/2014, foi adquirido o imóvel supra pelos recorridos mediante Escritura Pública de
Compra e Venda (evento 2 – CONT E DOCS4, fls. 64), dia 31/08/2016, foi proferido pela
5° Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, decisão do
recurso de apelação, que por unanimidade reformou na integra a sentença proferida pela
juíza “a quo”. (evento 2 – OUT-INST PROC6, fls. 111/112 verso).

Era de conhecimento de Marcelo Genz, ora recorrente, que Everton


L. M. Beal, possuía bens passíveis de penhora, interpôs Cumprimento Provisório de
Sentença (Embargos de Terceiro, ev. 2 – INIC E DOCS2, pgi. 6), na busca de bens
passíveis de penhora, porém, tomou conhecimento que Everton não possuía nenhum bem,
e quando na busca da matricula do imóvel que pertencia a Everton, o mesmo tomou
conhecimento que não mais lhe pertencia, e que os recorridos haviam adquirido o imóvel
(Embargos de Terceiro, ev. 2 – INIC1, pgi. 21-24)

Buscou a Escritura Pública de Compra e Venda, e tomou


conhecimento que os compradores/recorridos, foram certificados, FORAM
CIENTIFICADOS da necessidade da apresentação de certidões de ônus de feitos ajuizados
da Justiça Federal, Estadual e do Trabalho, em nome do proprietário/vendedor, Sr. Everton
Luis Machado Beal, SENDO APRESENTADA, (Evento 2 – CONT e DOC4, fls.64 e 65),
RESTANDO CERTIFICADO que em nome do mesmo consta o seguinte processo: “...
JUSTIÇA ESTADUAL: Certifico que foram apresentadas e fica aqui arquivadas: Certidão Judicial
Cível, em nome de Everton Luis Machado Beal, expedida pelo poder judiciário, Estado do Rio
Grande do Sul, em data de quatorze (14) de agosto de dois mil e quatorze (2014), às 17:42h.,
constando o seguinte processo: 016/109.0000720-7 da 2° Vara Cível desta comarca;
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Certidão Judicial Cível Negativa em nome de Everton Luiz Machado Beal-ME, expedida pelo
poder judiciário, Estado do Rio Grande do Sul, em data de dez (10) de setembro de dois mil e
quatorze (2014), ás 10:37:52 código de controle número: 033e95e0b286b1690cabba3402fdc084;
e Certidão Judicial Criminal Negativa, expedida pelo poder judiciário, Estado do Rio Grande do
Sul, em data de quatorze (14) de agosto de dois mil e quatorze (2014), às 17h43min, por Sandra
Maria Vasconcellos Barcellos, Distribuidora e Contadora Judicial:...” (grifo nosso)

Em mãos desse documento e pelo fato de Everton L. M. Beal não


possuir mais bens passíveis de penhora, o recorrido peticionou (Embargos de Terceiro, ev.
2 – INIC E DOCS2, pgi 17) querendo que seja decretado a fraude à execução, tornando
ineficaz a Escritura Pública de Compra e Venda do imóvel registrado no Registro de
Imóveis da comarca de Ijuí/RS., sob o n.° da Matricula 19.187, bem como seja intimado os
adquirentes.

Intimados os adquirentes, os mesmos interpuseram Embargos de


Terceiro (ev. 2), alegando que o negócio se realizou e produziu todos os seus efeitos sob e
égide da Lei n.o 5.869/1973, e que suscitada fraude somente pode ser analisada sob viés do
art. 593, II do CPC/73, bem como, se aplica ao caso concreto o entendimento sumulado no
enunciado n.o 375 do STJ.

Levantou a inexistência de prévio registro de penhora nem de


qualquer averbação premonitória sobre o imóvel, além da inaplicabilidade do § 20 do art.
792 do MCPC. Que inexistia demanda capaz de reduzir o devedor à insolvência, que o
recorrido não logrou êxito em comprovar a má-fé dos terceiros adquirentes, que os
recorridos tomaram todas as cautelas quando adquiriram o imóvel, que seja julgada
procedente a presente demanda, reconhecendo a inocorrência de fraude à execução relativa
à aquisição do imóvel de matrícula n. o 19.187 do CRI de Ijuí/RS.

Intimado o credor/exequente, ora recorrente (ev.2 – OUT INT


PROC7 fls. 143), apresentou contestação alegando que fraude à execução, foi aberta no
contexto do Novo Código de Processo Civil, conforme vem expresso no art. 792, IV, §2°
do NCPC, de acordo com arts. 593, II do CPC/73.

O devedor/vendedor ora executado era possuidor de dois imóveis de


expressivo valor, sendo vendido um em 25/09/2015, e o outro em 03/02/2016, ou seja,
antes do julgamento do recurso de apelação do processo de conhecimento mencionado
anteriormente, ficando o executado sem nenhum bem que garantisse a presente demanda,
sendo o recurso de apelação provido, com consequente reforma da sentença, em
05/09/2016.

Que um dos principais requisitos mencionado pelo EMBARGADO -


os embargantes - ora recorridos, era existência de demanda capaz de reduzir o devedor à
insolvência, fato que vem amplamente provado pela Escritura Pública de Compra e Venda,
doc. anexo, onde comprova que os recorridos foram cientificado da necessidade de
apresentação das certidões de feitos ajuizados da Justiça Federal, Estadual e do Trabalho,
em nome do vendedor Everton Luis Machado Beal, ora executado, tomando ciência que
contra o vendedor/executado, consta o seguinte processo: 016/109.0000720-7, da 2° Vara
Cível desta comarca, ou seja, tinham conhecimento os recorridos, TOMARAM CIÊNCIA
que o vendedor vinha sofrendo um processo, seja de conhecimento, seja de execução, bem
como não deixou nenhum bem que suprisse a demanda, ou seja, assumiram o risco,
restando caracterizada a fraude à execução, responsabilizando-se nos termos da Lei, e
nesse sentido vem o entendimento do STJ: O Superior Tribunal de Justiça igualmente já
consolidou entendimento no sentido de que a alienação ou oneração do bem, para que
seja considerada em fraude de execução, deverá ocorrer após a citação válida do
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devedor, seja no curso da ação de execução, seja durante o processo de conhecimento"


(REsp 127.159/MG).

Requereram a improcedência dos Embargos de Terceiros, seja


declarado a Fraude à Execução, tornando ineficaz as Escrituras Públicas de Compra e
Venda do imóvel matriculados sob o n.° 19.187, no Registro de Imóveis da Comarca de
Ijuí, realizado pelo executado, nos termos do art. 792, IV, §2° do CPC, procedendo-se a
penhora nos imóveis acima, com avaliação e venda dos bens por hasta pública.

Foi proferida sentença (ev. 155), julgando procedente o presente


Embargos de Terceiro, no mérito, entendeu que há razão com a parte embargante,
aplicando o entendimento da Súmula º 375 do Superior Tribunal de Justiça determina que
o reconhecimento de fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado
ou de prova de má-fé do terceiro adquirente, observando a matrícula do imóvel em
discussão (Evento 2, INIC1, fls. 21/24), não consta qualquer indicação da existência da
ação judicial entre Everton Luis Machado Beal e Marcelo Genz, tomando como base o teor
da súmula, não havendo registro da penhora na matrícula (ou alguma outra indicação da
existência da ação), resta verificar a presença ou não de prova de má-fé dos adquirentes,
concluindo que não haver prova suficiente da má-fé, julgo procedentes os pedidos feitos
pelos recorridos.

Da sentença, foi apresentado recurso de apelação (ev. 163)


afirmando a existência de ação, fato não examinado pelo juiz “a quo”, bem como restar
configurada a fraude á execução.

Em decisão (ev. 24), entendeu a 5° Câmara Cível do Tribunal de


Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, que o apelo do embargado ataca de forma
suficiente os fundamentos da decisão ao expor os motivos pelos quais entende que os
embargantes assumiram o risco do negócio por terem ciência do trâmite de ação judicial
contra o alienante do imóvel, quanto ao o objeto da controvérsia, adotou o relato do ilustre
Magistrado Dr. Guilherme Eugênio Mafassioli Correa.

A prova produzida nos autos não é capaz de afastar a presunção de


boa-fé na relação negocial, especialmente porque sequer havia informação sobre ações em
andamento na matrícula do imóvel.

A respeito da certidão de ônus da Justiça Estadual que consta da


Escritura de Compra e Venda (evento 2, doc. 4, fls. 6-10, da origem), foi informado o
trâmite do processo n. 016/1.09.0000720-7, ação esta que, por si só, não possuía o condão
de levar o alienante à insolvência. No mérito, desproveu a apelação do embargado.

Contudo, entendendo a ora recorrente, que houve contradição no


julgado entre outros esclarecimentos, interpôs embargos declaratórios, com caráter
infringente, buscando sanar a contradição entre a fundamentação do acórdão e a decisão
final do mesmo, a saber que a decisão contraria o artigo 792, IV, §2° do CPC, trazido na
inicial e recurso de apelação, que justifica não terem os embargantes ora recorridos agido
de boa-fé, bem como da falsa assertiva de não terem conhecimento da ação que poderia
levar o alienante a insolvência.

Os embargos declaratórios não foram acolhidos, embora, data vênia,


flagrante a contradição havida, conforme acórdão acima já transcrito.

2) DO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL:


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a) Contrariar Lei Federal. -

A decisão de segundo grau, proferida pela 5.ª Câmara Cível do


Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, desproveu o Recurso de Apelação
interposto pelo ora recorrente, e desacolhendo os embargos de declaração interpostos pelo
mesmo, contrariou literalmente os dispositivos da Lei Federal, constante dos artigos abaixo
citados do CPC, in verbis:

Artigo 1022 do CPC, in verbis:

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial


para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz
de ofício ou a requerimento;
III - corrigir erro material.
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos
repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso
sob julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º.

Vejamos Doutos Julgadores, a Desembargadora Relatora, ISABEL


DIAS ALMEIDA, no acórdão reconheceu: “... que somente com a averbação da constrição no
registro do bem há a presunção absoluta de conhecimento por terceiros. ...”, usando as palavras
do ilustre Magistrado Dr. Guilherme Eugênio Mafassioli Correa, “... não havendo registro
da penhora na matrícula (ou alguma outra indicação da existência da ação)...” e que “O mero
conhecimento acerca do processo em questão, o qual sequer constava da matrícula do imóvel em
razão da inércia do embargado - somente na Certidão de Ônus da Escritura Pública de Compra e
Venda -, somado ao fato de que fora proferida sentença de improcedência, não gera presunção de
que os adquirentes, ora embargantes, tinham ciência da possibilidade de insolvência do
executado, o que afasta a aplicação do art. 792, IV, do CPC.”

Doutos Julgadores, a contradição vem expressa, pois havia a certidão


de ônus que indicava existência de ação, seja no processo de conhecimento, seja no curso
da execução futura, que é o caso, capaz de reduzir o devedor à insolvência, fato que vem
provado nos autos pela Escritura Pública de Compra e Venda, onde traz a informação, que
os recorridos FORAM CIENTIFICADO da necessidade de apresentação das
certidões de feitos ajuizados da Justiça Federal, Estadual e do Trabalho, em nome do
vendedor Everton Luis Machado Beal, ora executado, TOMANDO CIÊNCIA os
recorridos, que em nome do vendedor consta o processo 016/109.0000720-7, da 2° Vara
Cível desta comarca, ou seja, quando da compra do imóvel supra, os mesmo tinham
conhecimento que o vendedor vinha sofrendo uma demanda que poderia leva-lo a
insolvência, assumiram o risco, restando caracterizada a fraude à execução, fato não
analisado, contrariando o art. 792, IV, do CPC, inclusive, quando o recorrente buscou bens
à penhora, teve a informação que o vendedor ora executada, já havia se desfeito de todo o
seu patrimônio sem fazer nenhuma reserva para cumprir com sua obrigação, fato não
analisado, e que gerou contradição.

Em assim sendo, o dispositivo judicial negou vigência ao artigo


1.022, II do CPC.

Já o artigo 792, IV, do Código de Processo Civil também restou


violado, pois assim dita:

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Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à


execução:
I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com
pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido
averbada no respectivo registro público, se houver;
II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo
de execução, na forma do art. 828 ;
III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou
outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a
fraude;
IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o
devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência;
V - nos demais casos expressos em lei.
§ 1º A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente.
§ 2º No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro
adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a
aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no
domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem.
§ 3º Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à
execução verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se
pretende desconsiderar.
§ 4º Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro
adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15
(quinze) dias.

Vejamos Doutos Julgadores, referido artigo menciona que o


patrimônio do devedor responde por suas obrigações. A fraude à execução é um instituto
de natureza processual que constitui ato atentatório à dignidade da justiça, e as palavras
dos ilustres processualistas, Fredie Didier jr., Leonardo Carneiro da Cunha, Paula Sarno
Braga e Rafael Alexandre de Oliveira lecionam:

“A fraude à execução é manobra do devedor que causa danos não


apenas ao credor (como na fraude pauliana), mas também à atividade jurisdicional executiva.
Trata-se de instituto tipicamente processual. É considerada mais grave do que a fraude contra
credores, vez que cometida no curso de processo judicial, executivo ou apto a ensejar
futura execução, frustrando os seus resultados. Isso deixa evidente o intuito de lesar o credor,
a ponto de ser tratada com mais rigor pelo legislador” (grifo nosso)

Em comentários a respeito da regra do inc. IV do art. 792 do CPC, os


citados autores aludem:

“Trata-se de hipótese em que se protege crédito pecuniário. A


alienação/oneração fraudulenta não é sobre a “coisa litigiosa”, mas sobre qualquer bem
penhorável.

Os pressupostos são i) a exigência de que o ato seja danoso, apto a


reduzi-lo à insolvência (eventus damni), e ii) que tenha sido praticado na pendência de
um processo contra o devedor (litispendência), que pode ser condenatório, executivo,
cautelar, penal, arbitral etc.; não há fraude na iminência de processo, só na sua
pendência. (grifo nosso)
...
É necessária, outrossim, a demonstração do eventus damni, isto é,
que do ato de disposição decorreu um estado de insolvência. Para tanto, basta ao credor
comprovar que não há outros bens penhoráveis ou que os existentes são insuficientes.
(grifo nosso)
...

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Não se exige a intenção ou ciência da fraude pelo próprio devedor-


executado alienante: há presunção absoluta de que sabia não poder movimentar o seu
patrimônio nessas circunstâncias. (grifo nosso)
...
O ato fraudulento é válido e eficaz para o devedor alienante e
terceiro adquirente, mas não é oponível ao credor exequente.” (grifo nosso)
Ademais Doutos Julgaores, o Superior Tribunal de Justiça
igualmente já consolidou entendimento no sentido de que a alienação ou oneração do
bem, para que seja considerada em fraude à execução, deverá ocorrer após a citação
válida do devedor, seja no curso da ação de execução, seja durante o processo de
conhecimento. (REsp 127.159/MG, Rel. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO,
TERCEIRA TURMA, DJ 13.6.2005).

Aliás, utilizado para fundamentação do Julgado, não é necessário


apenas o registro da penhora ou averbação premonitório na matricula do imóvel para
caracterizar a fraude à execução, e sim, basta que o credor prove que o terceiro adquirente
tomou conhecimento que o alienante vinha sofrendo uma demanda, seja executivo ou de
conhecimento, que poderia leva-lo a insolvência, resta caracterizada a fraude à execução.

In casu, o prejuízo do recorrente é manifesto, pois trata-se de uma


manobra do devedor que causa danos, cometida no curso do processo de conhecimento,
frustrando seu resultado (fato demonstrado pela sentença e acórdão no processo de
conhecimento de n.° 016/109.0000720-7), deixando evidente a intenção de lesar o credor,
devendo ser tratado com mais rigor pela legislação, caracterizando aqui perdas e danos,
cuja Legislação Federal, em seu artigo acima citado, determina que a alienação ou a
oneração de bem é considerada fraude à execução, e que quando, ao tempo da alienação ou
da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência.

Em assim sendo, o dispositivo judicial violou o artigo 792, IV do


CPC.

Da mesma forma, Doutos Julgadores, é a própria lei que determina


que a alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução, e que quando, ao
tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor processo de conhecimento
ou de execução futura capaz de reduzi-lo à insolvência, no caso, ter os recorridos adquirido
um imóvel, ESTANDO CIENTES que o alienante sofria uma demanda judicial, e antes do
julgamento no TJ se desfez de todo o seu patrimônio, levando-o a insolvência quanto aos
danos causados ao recorrente, devendo assim seja declarado a Fraude à Execução,
tornando ineficaz as Escrituras Públicas de Compra e Venda do imóvel matriculados sob o
n.° 19.187, no Registro de Imóveis da Comarca de Ijuí, respondendo o mesmo pelos danos
causados pelo executado, ou seja, as perdas e danos do recorrente, causados pelo negócio
realizado, ou seja, todo o seu PREJUÍZO.

b) Divergência da Jurisprudência Pátria. -

De igual forma, a jurisprudência é clara quanto a fraude à execução,


aplicação da Súmula 375 do STJ e art. 792, IV, CPC, bem como ser de responsabilidade do
credor comprovar que o adquirente do imóvel, independente de registro em cartório
competente, prove que o mesmo tinha ciência que o alienante vinha sofrendo uma
demanda, respondendo o bem pelos danos materiais (prejuízo – perdas e danos)
experimentados em face do negócio realizado, senão vejamos quadro comparativo abaixo
colacionado de acórdão, que aqui serve de divergência jurisprudencial,
RECONHECENDO A APLICAÇÃO DA FRAUDE À EXECUÇÃO quando o adquirente
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do imóvel tinha conhecimento que o alienante vinha sofrendo uma demanda judicial,
independente de constar no registro, senão vejamos:

Decisão da 5° Câmara Cível do TJRS que ensejou o presente


Recurso Especial:

EMENTA
APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO. CONSTRIÇÃO SOBRE IMÓVEL. EMBARGOS DE
TERCEIRO. ADQUIRENTES DE BOA-FÉ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APRECIAÇÃO
EQUITATIVA. DESCABIMENTO.
1. PRELIMINAR CONTRARRECURSAL. PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE. APELO QUE ATACA DE
FORMA SUFICIENTE OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
DO ART. 1.010 DO CPC. REJEIÇÃO.
2. SEGUNDO ENTENDIMENTO MAIS RECENTE DO STJ, O RECONHECIMENTO DE FRAUDE À
EXECUÇÃO DEPENDE DO REGISTRO DA PENHORA DO BEM ALIENADO OU DA PROVA DA
MÁ-FÉ DO TERCEIRO ADQUIRENTE. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA N. 375 DO STJ E RESP N.
956943/PR, JULGADO SOB O RITO PREVISTO PARA OS RECURSOS REPETITIVOS.
3. ADEMAIS, O ÔNUS DA PROVA DE QUE O TERCEIRO EMBARGANTE AGIU EM CONLUIO
COM O EXECUTADO É DO CREDOR. INCLUSIVE PORQUE A MÁ-FÉ NA RELAÇÃO NEGOCIAL
NÃO PODE SER PRESUMIDA, DEVENDO SER DEMONSTRADA PELO EMBARGADO.
4. CASO EM QUE O CONJUNTO PROBATÓRIO NÃO INFIRMA A PRESUNÇÃO DE BOA-FÉ
DOS ADQUIRENTES, NEM INDICA QUE A TRANSAÇÃO TENHA SIDO MOVIDA POR CONLUIO.
5. DESCABE A FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS MEDIANTE APRECIAÇÃO
EQUITATIVA NA HIPÓTESE EM QUE A CONDENAÇÃO OU O PROVEITO ECONÔMICO OU O
VALOR ATUALIZADO DA CAUSA FOR LÍQUIDO OU LIQUIDÁVEL, NOS TERMOS DO ART. 85,
§§ 2º E 6º-A, DO CPC. RECURSO ADESIVO PROVIDO.
PRELIMINAR CONTRARRECURSAL REJEITADA. NO MÉRITO, APELAÇÃO DESPROVIDA E
RECURSO ADESIVO PROVIDO.

Trechos da decisão que gerou divergência:

“...
Na espécie, em razão da ausência de averbação e de registro da existência de qualquer processo
com possibilidade de redução do proprietário à insolvência na matrícula do imóvel (Evento 2, doc.
2, fls. 19/26), subsiste a eficácia do ato jurídico frente à execução, nos termos do inc. IV do art. 54
da Lei nº 13.097/2015, in verbis: (grifo nosso)
...
Diante desse especial contexto em que afastada a presunção de fraude, cabia ao credor a prova
do concilium fraudis entre a parte adquirente e o executado.

Na mesma linha, relevante trecho da sentença, cujas razões adoto como no presente julgamento e
transcrevo:

Neste caso em julgamento, observando a matrícula do imóvel em discussão (Evento 2, INIC1, fls.
21/24), não consta qualquer indicação da existência da ação judicial entre Everton Luis Machado
Beal e Marcelo Genz. (grifo nosso)

Tomando como base o teor da súmula, não havendo registro da penhora na matrícula (ou alguma
outra indicação da existência da ação), resta verificar a presença ou não de prova de má-fé dos
adquirentes. (grifo nosso)
...
Como bem salientado pelo culto Magistrado, a prova produzida nos autos não é capaz de afastar
a presunção de boa-fé na relação negocial, especialmente porque sequer havia informação sobre
ações em andamento na matrícula do imóvel, demonstrando que o embargado não adotou as
cautelas necessárias ao deixar de registrar os processos em trâmite na matrícula, ou seja, não
resguardou o seu direito. (grifo nosso)
...
A respeito da certidão de ônus da Justiça Estadual que consta da Escritura de Compra e Venda
(evento 2, doc. 4, fls. 6-10, da origem), foi informado o trâmite do processo n. 016/1.09.0000720-7,
ação esta que, por si só, não possuía o condão de levar o alienante à insolvência. (grifo nosso)
...

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O mero conhecimento acerca do processo em questão, o qual sequer constava da matrícula do


imóvel em razão da inércia do embargado - somente na Certidão de Ônus da Escritura Pública de
Compra e Venda -, somado ao fato de que fora proferida sentença de improcedência, não
gera presunção de que os adquirentes, ora embargantes, tinham ciência da possibilidade de
insolvência do executado, o que afasta a aplicação do art. 792, IV, do CPC. (grifo nosso)
...”

Doutos Julgadores, a controvérsia em questão vem relacionado quanto aos


seguintes fatos: i) ausência de averbação e de registro na matricula; ii) matrícula do imóvel em
discussão não consta qualquer indicação da existência da ação judicial; iii) certidão de ônus da
Justiça Estadual informando o trâmite do processo, e não gera presunção de que os adquirentes
tomaram ciência.

A contradição na decisão supra quanto aos demais acórdãos que é usado


como paradigma, são: Não é necessário a averbação no registro do imóvel, basta ao
adquirente tomar todas as cautelas na compra do imóvel solicitando as certidões de
ônus, aparecendo a informação que o alienante vem sofrendo uma demanda, seja
na de conhecimento, seja na execução, resta configurado que o adquirente tomou
conhecimento da demanda, caracterizando a má-fé, aplicando-se a art. 792, IV do
CPC em conjunto com a Súmula 375 do STJ, senão vejamos os acordão abaixo
relacionados:
Segue as decisões que são contrárias as decisões da 5° Câmara Cível do
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul;

ACÓRDÃO DO TJ-RS PROFERIDO EM 15/03/2023

EMENTA:
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. EMBARGOS DE TERCEIRO.
DAÇÃO EM PAGAMENTO. FRAUDE À EXECUÇÃO CONFIGURADA. SENTENÇA MANTIDA.
IMPROCEDÊNCIA DOS EMBARGOS DE TERCEIRO. DEMONSTRADA A FRAUDE À EXECUÇÃO
TANTO EM RAZÃO DO AFASTAMENTO DA BOA-FÉ DA EMBARGANTE NA ENTABULAÇÃO DO
NEGÓCIO COM A EXECUTADA, COMO PELA CONFIGURAÇÃO DA HIPÓTESE INSCULPIDA NO
INCISO IV DO ART. 792 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, MERECE SER MANTIDA A
SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA DOS EMBARGOS DE TERCEIRO. APESAR DE
INEXISTIR QUALQUER RESTRIÇÃO SOBRE OS BENS QUE FORAM OBJETO DA
DAÇÃO EM PAGAMENTO, É FATO INCONTROVERSO QUE A EMBARGANTE,
ORA APELANTE, SABIA QUE OS REFERIDOS BENS ESTAVAM
LOCALIZADOS NO IMÓVEL QUE FOI OBJETO DE PENHORA NA
EXECUÇÃO, RAZÃO PELA QUAL RESTA AFASTADA A SUA BOA-FÉ. O
VALOR DA CAUSA DEVE CORRESPONDER AO VALOR DO PROVEITO
ECONÔMICO, MOTIVO PELO QUAL NADA A MODIFICAR NO JULGADO.
NEGARAM PROVIMENTO À APELAÇÃO. UNÂNIME. (Apelação Cível, Nº
50008002220188210043, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Walda Maria Melo Pierro, Julgado em 15-03-2023 (grifo nosso)

Trechos da decisão:
“...
Após examinar os autos, analisando todos os elementos de prova acostados ao feito, entendo que
esteja demonstrada a fraude à execução tanto em razão do afastamento da boa-fé da embargante
na entabulação do negócio, quanto pela configuração da hipótese insculpida no inciso IV do art.
792 do Código de Processo Civil, a saber:
...
Ademais, apesar de inexistir qualquer restrição sobre os bens que foram objeto da dação
em pagamento, é fato incontroverso que a embargante, ora apelante, sabia que os referidos
bens estavam localizados no imóvel de matrícula n. 13679, imóvel esse que foi objeto de
penhora na execução, razão pela qual resta afastada a sua boa-fé. (grifo nosso)
...
Nesse contexto, apesar de não existir qualquer restrição sobre os bens objetos da dação em
pagamento, vislumbra-se que existia a averbação da existência da ação de e execução sobre o
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imóvel penhorado no feito executivo, como se observa da fl. 35 do processo em apenso, que foi
realizada em 19/05/2008, o que atrai a incidência do disposto no artigo 792, inciso II, do Diploma
Processual Civil.(grifo nosso)

Dessa forma, sequer boa-fé há que se cogitar, porquanto, como já dito, a embargante na época
em que firmou a dação em pagamento sabia que os bens objetos da ação encontravam-se no
imóvel em que, inclusive, foi registrada a existência do processo de execução, pois não impugnou
especificamente as alegações da parte embargada nesse sentido, do que se conclui que, quando
firmou a dação, tinha conhecimento do feito executivo e, mesmo com a ciência da existência da
ação executiva contra a parte executada, realizou, estando, portanto, configurada a ocorrência
de fraude à execução, nos termos do artigo 792, inciso IV, do Código de Processo Civil. (grifo nosso)

Aliás, a reforçar essa conclusão, compreende-se também que, no mínimo, a parte embargante
deveria ter-se acautelado e verificado se sobre o local em que os bens se encontravam
inexistia qualquer pendência, já que pretendia deixar os bens no referido local, uma vez que,
embora tenha firmado a dação em agosto de 2008, quando apresentou sua manifestação no feito
executivo em outubro de 2009 (fl. 89) ou seja, passados mais de um ano, os bens estavam no
mesmo imóvel, razão pela qual não há como se concluir pela boa-fé da parte embargante." (grifo
nosso)
...”

O acórdão acima, julgado pela 20° Câmara Cível do TJRS em 15-03-


2023, teve entendimento contrário a decisão da 5° Câmara Cível, pois o mesmo entendeu
que por mais que não exista qualquer restrição sobre os bens, a boa-fé não se cogita,
pois o embargante na época em que firmou a dação sabia que os bens objeto da ação
encontravam-se onde foi registrado a penhora no imóvel, tinha conhecimento do feito
executivo, e mesmo com a ciência da existência a ação, realizou o negócio, restando
configurado a ocorrência de fraude à execução, nos termos do art. 792, IV, do CPC. (segue
minuta da decisão ema anexo)

ACÓRDÃO DO TJ-SC PROFERIDO EM 13/07/2021

PROCESSUAL CIVIL - CERCEAMENTO DE DEFESA – INOCORRÊNCIA. O


julgamento da lide sem a produção de determinadas provas, por si só, não
configura cerceamento de defesa, desde que pautado em cognição exauriente, sob o manto
dos princípios da livre admissibilidade das provas e do convencimento motivado do juiz.
EMBARGOS DE TERCEIRO - INACOLHIMENTO - FRAUDE À EXECUÇÃO -
OCORRÊNCIA - MÁ-FÉ DO ADQUIRENTE – DEMONSTRAÇÃO 1 "'Ocorre fraude à
execução - de que trata o inciso II do art. 593 [CPC/2015, art. 792, inc. IV] - quando
presentes, concomitantemente, as seguintes condições: a) processo judicial em curso com
aptidão para ensejar futura execução; b) alienação ou oneração de bem capaz de reduzir o
devedor à insolvência; c) conhecimento prévio, pelo adquirente do bem, da existência
daquela demanda, seja porque houvesse registro desse fato no órgão ou entidade de
controle de titularidade do bem, seja por ter o credor/exequente comprovado essa
ciência prévia'" (AgInt no REsp n. 1.760.517/SP, Minª. Nancy Andrighi). 2 "Ainda que
ausente registro de penhora à época em que adquirido o imóvel pelos embargantes,
deve ser reconhecida a fraude à execução, com a consequente improcedência
dos embargos de terceiro, quando os elementos dos autos apontam a má-fé dos
adquirentes" (AC n. 0012980-91.2015.8.24.0039, Des. Henry Petry Junior). 3 A
alienação do único imóvel do devedor, realizada quando já em curso ação contra ele com
aptidão para ensejar futuro cumprimento de sentença e capaz de reduzi-lo, portanto, à
insolvência, configura fraude à execução, sobretudo quando demonstrado que o comprador
não agiu com boa-fé, expressamente dispensando, no ato de escrituração do negócio, a
apresentação de certidão de feitos ajuizados contra o alienante. (TJSC, Apelação n.
5019236-86.2020.8.24.0039, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Luiz Cézar
Medeiros, Quinta Câmara de Direito Civil, j. 13-07-2021). (grifo nosso)

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Trechos da decisão:
“...
3.1 Adiante, superada a discussão sobre a aventada aquisição do bem, anos antes, pelos pais do
recorrente, cabe observar, no que diz respeito ao reconhecimento de fraude à execução, que
o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula n. 375, nos seguintes termos: "O reconhecimento
da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do
terceiro adquirente". (grifo nosso)

E ainda da Corte Superior se retira recente precedente sobre o assunto, publicado em


2.12.2020: (grifo nosso)

"'Ocorre fraude à execução - de que trata o inciso II do art. 593 - quando presentes,
concomitantemente, as seguintes condições: a) processo judicial em curso com
aptidão para ensejar futura execução; b) alienação ou oneração de bem capaz
de reduzir o devedor à insolvência; c) conhecimento prévio, pelo adquirente do
bem, da existência daquela demanda, seja porque houvesse registro desse fato
no órgão ou entidade de controle de titularidade do bem, seja por ter o
credor/exequente comprovado essa ciência prévia'" (AgInt no REsp n.
1.760.517/SP, Minª. Nancy Andrighi). (grifo nosso)

Deste Tribunal de Justiça, extrai-se:

"Ainda que ausente registro de penhora à época em que adquirido o imóvel


pelos embargantes, deve ser reconhecida a fraude à execução, com a consequente
improcedência dos embargos de terceiro, quando os elementos dos autos apontam a
má-fé dos adquirentes" (AC n. 0012980-91.2015.8.24.0039, Des. Henry Petry Junior).
(grifo nosso)

In casu, há elementos no caderno processual que evidenciam, satisfatoriamente, a fraude à


execução: a) quando ocorrida a compra e venda entre o executado Luis Antonio Antunes
Ribeiro e o embargante (julho de 2017 - ev. 1, OUT5, do primeiro grau), já havia ação em curso
ajuizada contra o vendedor da coisa, com aptidão para ensejar futura execução (tanto que,
de fato, ensejou o consequencial cumprimento de sentença); b) Luis Antonio alienou o único bem
registrado em nome dele, reduzindo-se, pois, à insolvência, c) o comprador, ora
embargante, sabia da situação em que o vendedor estava envolvido ou, se
não sabia, admitiu assumir os riscos de sua ignorância, configurando, num
caso ou em outro, sua má-fé, pois aquele que propositadamente deixa de
acautelar-se numa aquisição de bem imóvel, age avesso à boa-fé. (grifo
nosso)
...
É que na escritura pública de compra e venda do bem, constou a informação, lavrada pelo
Tabelião de Notas e Protestos, de que foram apresentadas certidões negativas de ônus
reais e ações reipersecutórias relativas ao imóvel, certidão negativa de débitos municipais,
certidão criminal, certidão negativa de ações trabalhistas, certidão negativa de débitos trabalhistas,
certidão negativa de débitos relativos aos tributos federais e à dívida ativa da união e certidão
negativa de débitos estaduais. (grifo nosso)

Todavia, importantíssima certidão foi deliberadamente dispensada pelo comprador, conforme


consignou o tabelião, veja-se: "As Certidões de Feitos Ajuizados na Justiça Estadual foi
DISPENSADA pelo outorgado comprador" (ev. 1, OUT5, fl. 2, do primeiro grau) [sem grifo no
original]. (grifo nosso)
...” (grifo nosso)

Ora Doutos Julgadores, a decisão do Tribunal de Justiça do Estado


de Santa Cataria, tem entendimento diverso do julgamento da 5° Câmara Cível do TJRS,
inclusive usando recente posicionamento do STJ (AgInt no REsp n. 1.760.517/SP,
Minª. Nancy Andrighi), entendendo que demanda judicial em curso que pode ensejar
futura execução, como gerou, alienação de bem capaz de reduzir o alienante a
insolvência, como aconteceu, pois o executado não deixou bens passíveis de penhora,
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bem como ter o terceiro adquirente ora recorridos terem prévio conhecimento da
existência de demanda, seja por registro, seja por ter o credor/exequente comprovado a
ciência, CERTIDÃO DE ÕNUS solicitadas pelos recorridos e juntada nos autos
supra, DANDO CIÊNCIA do processo que vinha sofrendo o proprietário do imóvel em
questão.

Ademais, na escritura pública de compra e venda do bem,


constou a informação, lavrada pelo Tabelião de Notas e Protestos, de que foram
apresentadas certidões de ônus cíveis, as quais deram ciência aos recorridos que o
vendedor vinha sofrendo uma demanda judicial que poderia leva-lo a insolvência,
como o levou, mediante propositura de futura execução, como aconteceu, ou seja,
ASSUMIRAM O RISCO, vindo a se responsabilizarem pelo cumprimento da
presente demanda, não restando outra alternativa, a não ser mover uma ação própria
contra o vendedor.

Portanto Doutos Julgadores, referida decisão trata-se de um caso


semelhante com o que está em discussão, com entendimento totalmente contrário a 5°
Câmara Cível do TJRS, aplica-se o art. 792, IV, CPC, bem como a Súmula 375 do STJ,
restando caracterizada a fraude à execução, inclusive adotando recente julgamento do STJ.
(segue minuta da decisão ema anexo)

ACÓRDÃO DO TJ-PR PROFERIDO EM JUNHO DE 2023

EMENTA
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE COBRANÇA. FASE DE CUMPRIMENTO
DE SENTENÇA. FRAUDE À EXECUÇÃO. VERIFICADA. IMÓVEL ALIENADO À
EMPRESA CUJA DEVEDORA FIGUROU COMO SÓCIA AO TEMPO EM QUE
TRAMITAVA AÇÃO CAPAZ DE LEVÁ-LA À INSOLVÊNCIA. CIÊNCIA DA
TERCEIRA ADQUIRENTE SOBRE A DEMANDA. MÁ-FÉ CONFIGURADA.
PRECEDENTES DO STJ. ART. 792, INCISO IV DO CPC. INCIDENTE. DECISÃO
MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO. (TJPR - 13ª Câmara Cível - 0010914-
05.2023.8.16.0000 - Araucária - Rel.: DESEMBARGADOR FERNANDO FERREIRA
DE MORAES - J. 23.06.2023) (grifo nosso)

O Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, na 13° Câmara Cível, em


recentes decisões proferida em junho de 2023, também teve entendimento contrário a
decisão da 5° Câmara Cível do TJRS., pois as decisões acima, trazido com paradigma,
entende que há fraude à execução, quando demonstrado pela parte exequente que o
adquirente tinha ciência da existência e ação em nome do vendedor, fato que vem
provado nos autos supra através da CERTIDÃO DE ÔNUS que foi solicitada pelos
recorridos, informando aos recorridos que o proprietário do imóvel vinha sofrendo
um processo de conhecimento que poderia leva-lo a uma futura execução, e mesmo
com essa informação, como vem previsto no inciso IV do art. 792 do CPC, os mesmos
adquiriram o imóvel supra, configurado a má-fé, como vem previsto na Súmula 375 do
STJ, restando configurada a fraude à execução.

Deixa o recorrente de juntar a decisão uma vez que não teve acesso,
encontrava-se em segredo de justiça.

EMENTA
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL.
ALEGAÇÃO DE FRAUDE À EXECUÇÃO. ALIENAÇÃO DE IMÓVEL APÓS A
CITAÇÃO. EXECUTADO E TERCEIRO ADQUIRENTE. CIÊNCIA E
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INSOLVÊNCIA. CASO CONCRETO. RECONHECIMENTO. INEFICÁCIA DO


NEGÓCIO JURÍDICO. IMPOSIÇÃO. DECISÃO REFORMADA.1. Nos termos do art.
792, IV, do Código de Processo Civil de 2015, “A alienação ou a oneração de bem é
considerada fraude à execução: IV – quando, ao tempo da alienação ou da oneração,
tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência”.2. Há fraude à
execução, quando demonstrado pela parte exequente que o adquirente tinha ciência
da existência de ação em nome do vendedor, bem como evidenciada a situação de
insolvência, sem prova em contrário pelo terceiro adquirente.3. Agravo de instrumento
conhecido e provido. (TJPR - 15ª Câmara Cível - 0008717-77.2023.8.16.0000 - Palmas -
Rel.: DESEMBARGADOR LUIZ CARLOS GABARDO - J. 07.06.2023)

Trechos da decisão:

“...
Conhecia todo o imbróglio jurídico envolvente a gleba de terras. E conferira a Celso Ivan de
Bortoli o prazo de 01 (hum) ano para resolvê-lo. Na verdade, Jandir Pedro Pressotto sabia da
insolvência de Celso Ivan de Bortoli, como sabia da litigiosidade do imóvel que estava
comprando. E, se não sabia, fica caracterizada a sua má-fé, do mesmo jeito, porque ninguém
mais do que ele tinha interesse em verificar, - tinha motivos e condições de verificar - do
que tratava o "imbróglio jurídico" sobre o imóvel” (mov. 1.1 – 2º grau, ff. 12/13). (grifo nosso)
...
A fraude à execução encontra-se disciplinada no artigo 792, do Código de Processo Civil, que
dispõe:
...
Ao interpretar o referido artigo, o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula n.º 375:
...
O adquirente sustenta que a penhora do imóvel não constava da matrícula quando sua
aquisição, no ano de 2019, de modo que agiu de boa-fé. (grifo nosso)
...
Porém, da análise das provas produzidas nos autos, chega-se a entendimento diverso.

Com efeito, o que se vê é que a penhora foi efetivada no ano de 2017, o executado foi dela
intimado em 15/02/2019 (mov. 124.1 – 1º grau), o imóvel foi alienado em 07/11/2019 (mov.
188.2 – 1º grau), enquanto a constrição só foi averbada na matrícula em 19/08/2020. (grifo nosso)

Acontece que o contrato de compra e venda do bem, juntado pelo executado no mov. 188.2 –
1º grau, traz relevantes indícios de que o terceiro adquirente, Jandir Pedro, tinha
conhecimento de que sobre o imóvel pendia demanda e que o executado era insolvente. (grifo
nosso)
...
Extrai-se, da leitura da cláusula em questão, que o terceiro adquirente tinha ciência de que o
alienante, aqui executado, movera ação contra o exequente/agravante, que tinha como objeto o
imóvel de matrícula n.º 3.381, do Registro de Imóveis de Palmas/PR.
...
Ou seja, uma vez que o terceiro adquirente admitiu, no contrato de compra e venda do
imóvel de matrícula n.º 3.381, do Registro de Imóveis de Palmas/PR, firmado em 2019 tinha
conhecimento da demanda pendente entre Celso Ivan de Bortoli e Moisés Adão de Oliveira,
cujo objeto era, justamente, referido imóvel, é razoável concluir, consequentemente, que
tinha ciência do teor da demanda.

E, por conseguinte, é igualmente plausível inferir que sabia, ou, poderia saber, pelo conteúdo
da contestação apresentada por Moisés Adão de Oliveira, que ele ajuizara execução em face de
Celso Ivan de Bortoli, que era insolvente, e que o imóvel tinha sido penhorado em 2017.

É certo, diante desses fatos, que o terceiro adquirente, Jandir Pedro Pressotto, o menos
assumiu o risco de adquirir imóvel litigioso, pelo que afastada a presunção de boa-fé na
compra e venda.

EMENTA
APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DE TERCEIRO. CESSÃO DE QUOTAS SOCIAIS DA
EXECUTADA APÓS A CITAÇÃO. EXECUTADA E TERCEIRO ADQUIRENTE. CONLUIO E
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INSOLVÊNCIA. COMPROVAÇÃO. FRAUDE À EXECUÇÃO. CASO CONCRETO.


RECONHECIMENTO. INEFICÁCIA DO NEGÓCIO. ENCARGOS SUCUMBENCIAIS.
REDISTRIBUIÇÃO. 1. Nos termos do art. 792, IV, do Código de Processo Civil de 2015, ‘A alienação ou
a oneração de bem é considerada fraude à execução: IV – quando, ao tempo da alienação ou da oneração,
tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência’. 2. Deve ser reconhecida a fraude à
execução, quando demonstrada pela parte exequente a má-fé na cessão de quotas realizada pela
executada a seu sobrinho e evidenciada a situação de insolvência da devedora, sem prova em contrário
pelo terceiro adquirente. 3. O provimento do recurso, que acarretar a improcedência dos pedidos inicias,
importa na redistribuição dos encargos de sucumbência.4. Apelação cível conhecida e provida” (TJPR - 15ª
C.Cível - 0070380 58.2018.8.16.0014 - Londrina - Rel.: Desembargador Luiz Carlos Gabardo - J.
27/11/2019.)
...”

Doutos Julgadores, a acordão acima, da 15° Câmara Cível do TJPR, é claro


quanto ao fato que não é necessário estar averbado na Matricula do Imóvel a referida
pendência judicial, A AUSÊNCIA da averbação não é impedimento para reconhecimento da
fraude à execução, uma vez que o terceiro adquirente tinha conhecimento do imbróglio jurídico
(fato semelhante ao caso supra, os recorridos tiveram ciência da pendência jurídica através da
certidão de ônus apresentada), na verdade, os recorridos souberam da medida judicial, era
público e notório que o executado estava se desfazendo de todo o seu patrimônio, fato
informado pelas testemunhas, bem como da litigiosidade que o proprietário do imóvel vinha
sofrendo quando apresentada a certidão de ônus cível, e se não soubessem, fica caracterizado
a má-fé, porque não havia mais ninguém além dos recorridos, o interesse em verificar sobre o
que tratava o imbróglio jurídico e quais suas consequências - tinham motivos e condições de
verificar - e mesmo assim, adquiriram o imóvel, ASSUMIRAM O RISCO.

Ainda, a Escritura Pública e Compra e Venda traz relevantes indícios de


que os terceiros adquirentes, tinham conhecimento de que sobre o imóvel pendia demanda
judicial, na Escritura foi apresentada a certidão de ônus, mostrando a demanda jurídica que
vinha sofrendo o proprietário do imóvel.

Ou seja, os terceiros adquirentes, ora recorridos, admitem que tiveram


conhecimento da demanda pendente entre Everto L. M. Beal e Marcelo Genz, cujo objeto era
uma dissolução de sociedade, consequentemente, tiveram ciência do teor da demanda e os riscos
que poderia causar, tanto que foi dado provimento ao recurso, sendo plausível inferir que sabiam,
ou, poderiam saber, ASSUMIRAM O RISCO de adquirir imóvel litigioso, afastando a
presunção de boa-fé, dessa forma, AUSÊNCIA DA AVERBAÇÃO NÃO É IMPEDIMENTO
PARA O RECONHECIMENTO DA FRAUDE À EXECUÇÃO.

Doutos Julgadores, o entendimento adotado pela 15° Câmara Cível do


TJPR, em NÃO EXIGIR A AVERBAÇÃO NA MATRICULA, basta o credor provar que o
adquirente tinha ciência da demanda jurídica para restar caracterizado a fraude à execução,
decisão que vem contrária a decisão da 5° Câmara Cível do TJRS, que entende pela exigência
da averbação na matricula, e que a certidão de ônus informando na Escritura Pública de
Compra e venda não gera presunção de que os adquirentes, ora recorridos, tinham ciência da
possibilidade de insolvência do executado, o que afasta a aplicação do art. 792, IV, do CPC.
(segue minuta da decisão ema anexo)

ACÓRDÃO DO TJ-SP PROFERIDO EM SETEMBRO DE 2023

EMENTA
EMBARGOS DE TERCEIRO. Fraude à execução - Alienação do imóvel quando já em
trâmite demanda capaz de reduzir os devedores à insolvência, com citação válida
(art.792, IV, do CPC) - Súmula 375 do C. STJ Adquirente, sociedade cujo objetivo social
é, justamente, a compra e venda de imóveis, QUE NÃO COMPROVOU TER ADOTADO
AS DEVIDAS CAUTELAS, EXIGINDO A EXIBIÇÃO DAS CERTIDÕES DE
PRAXE PELOS VENDEDORES - Sentença mantida. Honorários advocatícios - Art. 85,
§ 11, do CPC - RECURSO DESPROVIDO. (TJSP; Apelação Cível 1043399-
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87.2022.8.26.0100; Relator (a): Fábio Podestá; Órgão Julgador: 21ª Câmara de Direito
Privado; Foro Central Cível - 13ª Vara Cível; Data do Julgamento: 13/09/2023; Data de
Registro: 13/09/2023) (grifo nosso)

EMENTA
EMBARGOS DE TERCEIRO. Sentença que julgou improcedente o pedido. Insurgência
da embargante. Inadmissibilidade. Documentos acostados aos autos que demonstram a má-
fé da embargante, POIS JÁ HAVIA SIDO AJUIZADA DEMANDA EM FACE DA
EXECUTADA, NÃO SENDO SOLICITADA A EXPEDIÇÃO DE CERTIDÕES
DOS DISTRIBUIDORES CÍVEIS. INTELIGÊNCIA DO ART. 792, IV, DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, que dispõe: "A alienação ou a oneração de bem é
considerada fraude à execução: IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração,
tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência". Sentença mantida.
Recurso não provido. (TJSP ; Apelação Cível 1004334-26.2022.8.26.0152; Relator (a):
Marcos Gozzo; Órgão Julgador: 30ª Câmara de Direito Privado; Foro de Cotia - 3ª Vara
Cível; Data do Julgamento: 28/09/2023; Data de Registro: 28/09/2023) (grifo nosso)

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, na 21° e 30° Câmara


Cível, EM RECENTÍSSIMAS decisões proferida (setembro de 2023), também tiveram
entendimento contrário a decisão da 5° Câmara Cível do TJRS., pois as mesmas
entenderam que se já havia sido ajuizada demanda em face do vendedor ora executado,
não sendo solicitada a expedição de certidões dos distribuidores cíveis, ASSUMIRAM
O RISCO, restando provado que os adquirentes tinha conhecimento de demanda que
poderia levar o proprietário do imóvel a insolvência, restando configurado a MÁ-FÉ,
caracterizando a fraude à execução, devendo ser aplicado o dispositivo do art. 792,
IV, CPC e Súmula 375 do STJ, pois os recorridos TOMARAM CIÊNCIA da ação
judicial que vinha sofrendo o proprietário do imóvel quando solicitaram as certidões
do ônus, e na certidão dos distribuidores cíveis, veio POSITIVA, havia o registro da
ação que vinha sofrendo, fato este que poderia gerar uma execução, como gerou, ou
seja, o que reiteramos: ASSUMIRAM O RISCO. (segue minuta da decisão ema anexo)

DECISÃO DO STJ

EMENTA
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE TERCEIRO.
FUNDAMENTO DO ACÓRDÃO NÃO IMPUGNADO. SÚMULA 283/STF.
PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA 211/STJ. DECRETAÇÃO DE
FRAUDE À EXECUÇÃO. CONDIÇÕES. ALIENAÇÃO DE BEM CAPAZ DE
REDUZIR O DEVEDOR À INSOLVÊNCIA. ÔNUS DA PROVA. IMPUTAÇÃO AO
CREDOR. 1. Cuida-se, na origem, de embargos de terceiro, por meio dos quais a parte
embargante se insurge contra a decretação de fraude à execução na aquisição de bem
imóvel. 2. A existência de fundamento do acórdão recorrido não impugnado – quando
suficiente para a manutenção de suas conclusões – impede a apreciação do recurso
especial. 3. A ausência de decisão acerca dos dispositivos legais indicados como violados,
não obstante a oposição de embargos de declaração, impede o conhecimento do recurso
especial. 4. "OCORRE FRAUDE À EXECUÇÃO - de que trata o inciso II do art. 593
- quando presentes, concomitantemente, as seguintes condições: A) PROCESSO
JUDICIAL EM CURSO COM APTIDÃO PARA ENSEJAR FUTURA EXECUÇÃO;
b) alienação ou oneração de bem capaz de reduzir o devedor à insolvência; C)
CONHECIMENTO PRÉVIO, PELO ADQUIRENTE DO BEM, DA EXISTÊNCIA
DAQUELA DEMANDA, seja porque houvesse registro desse fato no órgão ou
entidade de controle de titularidade do bem, seja por ter o credor/exequente
comprovado essa ciência prévia" (EREsp 655.000/SP, 2ª Seção, DJe 23/06/2015). 5.
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Segundo a jurisprudência desta Corte, é do credor que alega a fraude o ônus de comprovar
o preenchimento de todas essas condições. Precedente. 6. Recurso especial parcialmente
conhecido e, nessa extensão, provido. (grifo nosso)
Trechos da decisão:
“...
- Da decretação da fraude à execução e da ciência do adquirente

Consoante a jurisprudência firmada por esta Corte, à luz dos arts. 593, II, e 659, § 4º, do CPC/73,
caracteriza-se a fraude à execução quando, ao tempo da alienação, corria contra o devedor
demanda capaz de reduzi-lo à insolvência, desde que presente o registro da penhora do bem
alienado ou a prova de má-fé do terceiro adquirente, nos termos do enunciado da Súmula
375/STJ.

Realmente, "ocorre fraude à execução - de que trata o inciso II do art. 593 - quando presentes,
concomitantemente, as seguintes condições: a) processo judicial em curso com aptidão para
ensejar futura execução; b) alienação ou oneração de bem capaz de reduzir o devedor à
insolvência; c) conhecimento prévio, pelo adquirente do bem, da existência daquela
demanda, seja porque houvesse registro desse fato no órgão ou entidade de controle de
titularidade do bem, seja por ter o credor/exequente comprovado essa ciência prévia"
(EREsp 655.000/SP, 2ª Seção, DJe 23/06/2015). (grifo nosso)

Outrossim, no que toca ao ônus da prova, o entendimento desta Corte é no sentido de que, NA
AUSÊNCIA DO REGISTRO, CABE AO CREDOR COMPROVAR QUE O TERCEIRO
ADQUIRENTE TINHA CONHECIMENTO DA DEMANDA CAPAZ DE LEVAR O ALIENANTE À
INSOLVÊNCIA. (grifo nosso)

É o que restou definido pela Corte Especial no julgamento do REsp 956.943/PR, sob o rito dos
recursos especiais repetitivos, cuja ementa se transcreve abaixo:

"PROCESSO CIVIL. RECURSO REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC. FRAUDE DE EXECUÇÃO.


EMBARGOS DE TERCEIRO. SÚMULA N. 375/STJ. CITAÇÃO VÁLIDA. NECESSIDADE.
CIÊNCIA DE DEMANDA CAPAZ DE LEVAR O ALIENANTE À INSOLVÊNCIA. PROVA. ÔNUS
DO CREDOR. REGISTRO DA PENHORA. ART. 659, § 4º, DO CPC. PRESUNÇÃO DE FRAUDE.
ART. 615-A, § 3º, DO CPC. 1. Para fins do art. 543-c do CPC, firma-se a seguinte orientação: 1.1.
É indispensável citação válida para configuração da fraude de execução, ressalvada a hipótese
prevista no § 3º do art. 615-A do CPC. 1.2. O reconhecimento da fraude de execução depende do
registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente (Súmula n.
375/STJ). 1.3. A presunção de boa-fé é princípio geral de direito universalmente aceito, sendo
milenar a parêmia: a boa-fé se presume; a má-fé se prova. 1.4. INEXISTINDO REGISTRO DA
PENHORA NA MATRÍCULA DO IMÓVEL, É DO CREDOR O ÔNUS DA PROVA DE QUE O
TERCEIRO ADQUIRENTE TINHA CONHECIMENTO DE DEMANDA CAPAZ DE LEVAR O
ALIENANTE À INSOLVÊNCIA, SOB PENA DE TORNAR-SE LETRA MORTA O DISPOSTO NO
ART. 659, § 4º, DO CPC. 1.5. Conforme previsto no § 3º do art. 615-A do CPC, presume-se em
fraude de execução a alienação ou oneração de bens realizada após a averbação referida no
dispositivo. 2. Para a solução do caso concreto: 2.1. Aplicação da tese firmada. 2.2. Recurso
especial provido para se anular o acórdão recorrido e a sentença e, consequentemente,
determinar o prosseguimento do processo para a realização da instrução processual na forma
requerida pelos recorrentes. (REsp 956.943/PR, Corte Especial, DJe 01/12/2014) (grifo nosso)
...”

Doutos Julgadores, o STJ NO JULGAMENTO ACIMA TEVE O


ENTENDIMENTO QUE INEXISTINDO REGISTRO DA PENHORA NA
MATRÍCULA DO IMÓVEL, é do credor o ônus de provar de que o terceiro adquirente
tinha conhecimento de demanda capaz de levar o alienante a insolvência, prova está que
não foi produzida pelos recorridos e pelo credor, quando da compra do referido imóvel, os
recorrentes solicitaram as certidões negativas, tudo no desiderato de evitar eventual
problema futura, e na certidão de distribuições cíveis, foi informado aos recorridos que
o proprietário do imóvel vinha sofrendo uma demandas judicial que estava em
conhecimento e que poderia levar a uma futura execução, como a decisão do STJ
acima menciona, “... Ocorre fraude à execução - de que trata o inciso II do art. 593 - quando
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presentes, concomitantemente, as seguintes condições: a) processo judicial em curso com


aptidão para ensejar futura execução; b) alienação ou oneração de bem capaz de reduzir o
devedor à insolvência; c) conhecimento prévio, pelo adquirente do bem, da existência
daquela demanda, seja porque houvesse registro desse fato no órgão ou entidade de
controle de titularidade do bem, seja por ter o credor/exequente comprovado essa ciência
prévia"...”, decisão do STJ que é contrária a decisão da 5° Câmara Cível do TJRS, razão
pela qual, deve ser reformada a presente decisão e decretado a fraude à execução. (segue
minuta da decisão ema anexo)

Doutos Julgadores, a discussão em tela vai ser a respeito dos


seguintes fatos: Se é necessário a averbação no registro do imóvel que o proprietário vem
sofrendo uma demanda, seja de conhecimento, seja de execução, ou se a certidão de ônus
apresentada quando da lavratura da Escritura Pública de Compra e Venda, trata-se de
documento suficiente a caracterizar que o terceiro adquirente tomou conhecimento da
demanda judicial que vem sofrendo o proprietário, e mesmo assim firmando o contrato,
assume o risco, restando configurado a má-fé, ou seja, cabe ao Colendo STJ a decisão.

ASSIM SENDO, o acórdão ora recorrido contrariou


literalmente dispositivos de Lei Federal, artigos acima citados, bem como, divergiu da
jurisprudência pátria predominante, inclusive do STJ, segundo acima colacionado,
pois no referido Julgado, restou provado que os terceiros adquirentes ora recorridos,
tinham conhecimento que o proprietário do imóvel vinha sofrendo um processo de
conhecimento que poderia levar a uma futura execução, impondo-se, desta forma, a
reforma do “decisum”, para reconhecer a fraude à execução, tornando ineficaz a
Escritura Pública de Compra e Venda do imóvel matriculado sob o n. ° 19.187, no
Registro de Imóveis da Comarca de Ijuí, realizado pelo executado, nos termos do art.
792, IV, §2° do CPC e Súmula 375 do STJ, bem como seja majorado os honorários
advocatícios com fulcro no art. 85, §§ 2º e 11, do Código de Processo Civil.

DIANTE DO EXPOSTO, requer a reforma da decisão de


segundo grau, quanto a matéria ora atacada, pelos motivos acima expostos, para
reconhecer a fraude à execução, tornando ineficaz a Escritura Pública de Compra e
Venda do imóvel matriculado sob o n. ° 19.187, no Registro de Imóveis da Comarca
de Ijuí .

Assim, requer o seguimento ao feito, por enquadrar-se no artigo 105,


III, “a” e “c” da Constituição Federal, dando total provimento do presente RECURSO
ESPECIAL, nos moldes do pedido, como medida de mais lídima JUSTIÇA.

Outrossim, segue abaixo quadro comparativos das jurisprudências


acima mencionadas que tem interpretação divergente da decisão da 5° Câmara Cível do
TJRS.
Espera e requer total Provimento.

Ijuí, 31 de outubro de 2023.

PP PP PP
Bel. João Batista Costa Saraiva Bel. Sérgio Roberto Perondi Bel. Daniel Perondi
OAB/RS 86.735 OAB/RS 16.561 OAB/RS 69.092

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DECISÃO DO RECURSO DECISÃO atual DO TJ - RS


APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO. CONSTRIÇÃO SOBRE APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO
IMÓVEL. EMBARGOS DE TERCEIRO. ADQUIRENTES DE BOA- ESPECIFICADO. EMBARGOS DE TERCEIRO. DAÇÃO
FÉ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APRECIAÇÃO EQUITATIVA. EM PAGAMENTO. FRAUDE À EXECUÇÃO
DESCABIMENTO. CONFIGURADA. SENTENÇA MANTIDA.
(....) IMPROCEDÊNCIA DOS EMBARGOS DE TERCEIRO.
2. SEGUNDO ENTENDIMENTO MAIS RECENTE DO STJ, O DEMONSTRADA A FRAUDE À EXECUÇÃO TANTO EM
RECONHECIMENTO DE FRAUDE À EXECUÇÃO DEPENDE DO RAZÃO DO AFASTAMENTO DA BOA-FÉ DA
REGISTRO DA PENHORA DO BEM ALIENADO OU DA PROVA DA EMBARGANTE NA ENTABULAÇÃO DO NEGÓCIO
MÁ-FÉ DO TERCEIRO ADQUIRENTE. INTELIGÊNCIA DA COM A EXECUTADA, COMO PELA CONFIGURAÇÃO
SÚMULA N. 375 DO STJ E RESP N. 956943/PR, JULGADO SOB DA HIPÓTESE INSCULPIDA NO INCISO IV DO ART.
O RITO PREVISTO PARA OS RECURSOS REPETITIVOS. 792 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, MERECE SER
3. ADEMAIS, O ÔNUS DA PROVA DE QUE O TERCEIRO MANTIDA A SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA DOS
EMBARGANTE AGIU EM CONLUIO COM O EXECUTADO É DO EMBARGOS DE TERCEIRO. APESAR DE INEXISTIR
CREDOR. INCLUSIVE PORQUE A MÁ-FÉ NA RELAÇÃO QUALQUER RESTRIÇÃO SOBRE OS BENS QUE
NEGOCIAL NÃO PODE SER PRESUMIDA, DEVENDO SER FORAM OBJETO DA DAÇÃO EM PAGAMENTO, É
DEMONSTRADA PELO EMBARGADO. FATO INCONTROVERSO QUE A EMBARGANTE,
4. CASO EM QUE O CONJUNTO PROBATÓRIO NÃO INFIRMA A ORA APELANTE, SABIA QUE OS REFERIDOS BENS
PRESUNÇÃO DE BOA-FÉ DOS ADQUIRENTES, NEM INDICA ESTAVAM LOCALIZADOS NO IMÓVEL QUE FOI
QUE A TRANSAÇÃO TENHA SIDO MOVIDA POR CONLUIO. OBJETO DE PENHORA NA EXECUÇÃO, RAZÃO PELA
5. DESCABE A FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS QUAL RESTA AFASTADA A SUA BOA-FÉ. O VALOR
MEDIANTE APRECIAÇÃO EQUITATIVA NA HIPÓTESE EM QUE A DA CAUSA DEVE CORRESPONDER AO VALOR DO
CONDENAÇÃO OU O PROVEITO ECONÔMICO OU O VALOR PROVEITO ECONÔMICO, MOTIVO PELO QUAL NADA
ATUALIZADO DA CAUSA FOR LÍQUIDO OU LIQUIDÁVEL, NOS A MODIFICAR NO JULGADO. NEGARAM
TERMOS DO ART. 85, §§ 2º E 6º-A, DO CPC. RECURSO PROVIMENTO À APELAÇÃO. UNÂNIME. (Apelação
ADESIVO PROVIDO. Cível, Nº 50008002220188210043, Vigésima
PRELIMINAR CONTRARRECURSAL REJEITADA. NO MÉRITO, Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
APELAÇÃO DESPROVIDA E RECURSO ADESIVO PROVIDO. Walda Maria Melo Pierro, Julgado em 15-03-2023

Doutos Julgadores, a controvérsia em questão vem


relacionado quanto aos seguintes fatos: i) ausência de
averbação e de registro na matricula; ii) matrícula do imóvel
em discussão não consta qualquer indicação da existência
da ação judicial; iii) CERTIDÃO DE ÔNUS da Justiça
Estadual informando o trâmite do processo, e não
gera presunção de que os adquirentes tomaram ciência.

A contradição na decisão supra quanto aos demais acórdãos


que é usado como paradigma, são: Não é necessário a
averbação no registro do imóvel, basta ao adquirente
tomar todas as cautelas na compra do imóvel
solicitando as certidões de ônus, aparecendo a
informação que o alienante vem sofrendo uma
demanda, seja na de conhecimento, seja na
execução, resta configurado que o adquirente
tomou conhecimento da demanda, caracterizando a
má-fé, aplicando-se a art. 792, IV do CPC em conjunto
com a Súmula 375 do STJ, senão vejamos os acordão
abaixo relacionados:

DECISÃO DO RECURSO DECISÃO DO TJ - SC


APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO PROCESSUAL CIVIL - CERCEAMENTO DE DEFESA –
ADESIVO. CONSTRIÇÃO SOBRE IMÓVEL. INOCORRÊNCIA. O julgamento da lide sem a produção de
EMBARGOS DE TERCEIRO. ADQUIRENTES DE determinadas provas, por si só, não configura cerceamento de
BOA-FÉ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. defesa, desde que pautado em cognição exauriente, sob o manto
APRECIAÇÃO EQUITATIVA. DESCABIMENTO. dos princípios da livre admissibilidade das provas e do
(....) convencimento motivado do juiz. EMBARGOS DE TERCEIRO -
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2. SEGUNDO ENTENDIMENTO MAIS RECENTE INACOLHIMENTO - FRAUDE À EXECUÇÃO - OCORRÊNCIA - MÁ-FÉ


DO STJ, O RECONHECIMENTO DE FRAUDE À DO ADQUIRENTE – DEMONSTRAÇÃO 1 "'Ocorre fraude à
EXECUÇÃO DEPENDE DO REGISTRO DA execução - de que trata o inciso II do art. 593 [CPC/2015, art. 792,
PENHORA DO BEM ALIENADO OU DA PROVA DA inc. IV] - quando presentes, concomitantemente, as seguintes
MÁ-FÉ DO TERCEIRO ADQUIRENTE. condições: a) processo judicial em curso com aptidão para
INTELIGÊNCIA DA SÚMULA N. 375 DO STJ E ensejar futura execução; b) alienação ou oneração de bem capaz
RESP N. 956943/PR, JULGADO SOB O RITO de reduzir o devedor à insolvência; c) conhecimento prévio, pelo
PREVISTO PARA OS RECURSOS REPETITIVOS. adquirente do bem, da existência daquela demanda, seja porque
3. ADEMAIS, O ÔNUS DA PROVA DE QUE O houvesse registro desse fato no órgão ou entidade de controle de
TERCEIRO EMBARGANTE AGIU EM CONLUIO titularidade do bem, seja por ter o credor/exequente comprovado
COM O EXECUTADO É DO CREDOR. INCLUSIVE essa ciência prévia'" (AgInt no REsp n. 1.760.517/SP, Minª. Nancy
PORQUE A MÁ-FÉ NA RELAÇÃO NEGOCIAL NÃO Andrighi). 2 "Ainda que ausente registro de penhora à época em
PODE SER PRESUMIDA, DEVENDO SER que adquirido o imóvel pelos embargantes, deve ser reconhecida
DEMONSTRADA PELO EMBARGADO. a fraude à execução, com a consequente improcedência
4. CASO EM QUE O CONJUNTO PROBATÓRIO dos embargos de terceiro, quando os elementos dos autos
NÃO INFIRMA A PRESUNÇÃO DE BOA-FÉ apontam a má-fé dos adquirentes" (AC n. 0012980-
DOS ADQUIRENTES, NEM INDICA QUE A 91.2015.8.24.0039, Des. Henry Petry Junior). 3 A alienação do
TRANSAÇÃO TENHA SIDO MOVIDA POR único imóvel do devedor, realizada quando já em curso ação
CONLUIO. contra ele com aptidão para ensejar futuro cumprimento de
5. DESCABE A FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS sentença e capaz de reduzi-lo, portanto, à insolvência, configura
ADVOCATÍCIOS MEDIANTE APRECIAÇÃO fraude à execução, sobretudo quando demonstrado que o
EQUITATIVA NA HIPÓTESE EM QUE A comprador não agiu com boa-fé, expressamente dispensando, no
CONDENAÇÃO OU O PROVEITO ECONÔMICO ato de escrituração do negócio, a apresentação de certidão de
OU O VALOR ATUALIZADO DA CAUSA FOR feitos ajuizados contra o alienante. (TJSC, Apelação n. 5019236-
LÍQUIDO OU LIQUIDÁVEL, NOS TERMOS DO ART. 86.2020.8.24.0039, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel.
85, §§ 2º E 6º-A, DO CPC. RECURSO ADESIVO Luiz Cézar Medeiros, Quinta Câmara de Direito Civil, j. 13-07-
PROVIDO. 2021).
PRELIMINAR CONTRARRECURSAL
REJEITADA. NO MÉRITO, APELAÇÃO
DESPROVIDA E RECURSO ADESIVO PROVIDO.

Doutos Julgadores, a controvérsia em questão


vem relacionado quanto aos seguintes fatos: i)
ausência de averbação e de registro na
matricula; ii) matrícula do imóvel em
discussão não consta qualquer indicação da
existência da ação judicial; iii) certidão de
ônus da Justiça Estadual informando o
trâmite do processo, e não gera presunção de
que os adquirentes tomaram ciência.

A contradição na decisão supra quanto aos


demais acórdãos que é usado como paradigma,
são: Não é necessário a averbação no
registro do imóvel, basta ao adquirente
tomar todas as cautelas na compra do
imóvel solicitando as certidões de ônus,
aparecendo a informação que o
alienante vem sofrendo uma demanda,
seja na de conhecimento, seja na
execução, resta configurado que o
adquirente tomou conhecimento da
demanda, caracterizando a má-fé,
aplicando-se a art. 792, IV do CPC em
conjunto com a Súmula 375 do STJ, senão
vejamos os acordão abaixo relacionados:

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DECISÃO DO RECURSO DECISÕES DO TJ - PR


APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO AGRAVO DE INSTRUMENTO. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
ADESIVO. CONSTRIÇÃO SOBRE IMÓVEL. EXECUÇÃO DE TÍTULO AÇÃO DE COBRANÇA. FASE DE
EMBARGOS DE TERCEIRO. ADQUIRENTES DE EXTRAJUDICIAL. ALEGAÇÃO DE CUMPRIMENTO DE
BOA-FÉ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. FRAUDE À EXECUÇÃO. ALIENAÇÃO SENTENÇA. FRAUDE À
APRECIAÇÃO EQUITATIVA. DESCABIMENTO. DE IMÓVEL APÓS A CITAÇÃO. EXECUÇÃO. VERIFICADA.
(....) EXECUTADO E TERCEIRO IMÓVEL ALIENADO À
2. SEGUNDO ENTENDIMENTO MAIS RECENTE ADQUIRENTE. CIÊNCIA E EMPRESA CUJA DEVEDORA
DO STJ, O RECONHECIMENTO DE FRAUDE À INSOLVÊNCIA. CASO CONCRETO. FIGUROU COMO SÓCIA AO
EXECUÇÃO DEPENDE DO REGISTRO DA RECONHECIMENTO. INEFICÁCIA DO TEMPO EM QUE TRAMITAVA
PENHORA DO BEM ALIENADO OU DA PROVA NEGÓCIO JURÍDICO. IMPOSIÇÃO. AÇÃO CAPAZ DE LEVÁ-LA À
DA MÁ-FÉ DO TERCEIRO ADQUIRENTE. DECISÃO REFORMADA.1. Nos INSOLVÊNCIA. CIÊNCIA DA
INTELIGÊNCIA DA SÚMULA N. 375 DO STJ E termos do art. 792, IV, do Código de TERCEIRA ADQUIRENTE
RESP N. 956943/PR, JULGADO SOB O RITO Processo Civil de 2015, “A alienação SOBRE A DEMANDA. MÁ-FÉ
PREVISTO PARA OS RECURSOS REPETITIVOS. ou a oneração de bem é CONFIGURADA. PRECEDENTES
3. ADEMAIS, O ÔNUS DA PROVA DE QUE O considerada fraude à execução: IV DO STJ. ART. 792, INCISO IV
TERCEIRO EMBARGANTE AGIU EM CONLUIO – quando, ao tempo da alienação DO CPC. INCIDENTE. DECISÃO
COM O EXECUTADO É DO CREDOR. INCLUSIVE ou da oneração, tramitava contra o MANTIDA. RECURSO NÃO
PORQUE A MÁ-FÉ NA RELAÇÃO NEGOCIAL devedor ação capaz de reduzi-lo à PROVIDO. (TJPR - 13ª Câmara
NÃO PODE SER PRESUMIDA, DEVENDO SER insolvência”.2. Há fraude à Cível - 0010914-
DEMONSTRADA PELO EMBARGADO. execução, quando demonstrado 05.2023.8.16.0000 - Araucária
4. CASO EM QUE O CONJUNTO PROBATÓRIO pela parte exequente que o - Rel.: DESEMBARGADOR
NÃO INFIRMA A PRESUNÇÃO DE BOA-FÉ adquirente tinha ciência da FERNANDO FERREIRA DE
DOS ADQUIRENTES, NEM INDICA QUE A existência de ação em nome do MORAES - J. 23.06.2023)
TRANSAÇÃO TENHA SIDO MOVIDA POR vendedor, bem como evidenciada a
CONLUIO. situação de insolvência, sem prova
5. DESCABE A FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS em contrário pelo terceiro
ADVOCATÍCIOS MEDIANTE APRECIAÇÃO adquirente.3. Agravo de
EQUITATIVA NA HIPÓTESE EM QUE A instrumento conhecido e provido.
CONDENAÇÃO OU O PROVEITO ECONÔMICO (TJPR - 15ª Câmara Cível - 0008717-
OU O VALOR ATUALIZADO DA CAUSA FOR 77.2023.8.16.0000 - Palmas - Rel.:
LÍQUIDO OU LIQUIDÁVEL, NOS TERMOS DO DESEMBARGADOR LUIZ CARLOS
ART. 85, §§ 2º E 6º-A, DO CPC. RECURSO GABARDO - J. 07.06.2023)
ADESIVO PROVIDO.
PRELIMINAR CONTRARRECURSAL
REJEITADA. NO MÉRITO, APELAÇÃO
DESPROVIDA E RECURSO ADESIVO PROVIDO.

Doutos Julgadores, a controvérsia em questão


vem relacionado quanto aos seguintes fatos: i)
ausência de averbação e de registro na
matricula; ii) matrícula do imóvel em
discussão não consta qualquer indicação da
existência da ação judicial; iii) certidão de
ônus da Justiça Estadual informando o
trâmite do processo, e não gera presunção de
que os adquirentes tomaram ciência.

A contradição na decisão supra quanto aos


demais acórdãos que é usado como
paradigma, são: Não é necessário a
averbação no registro do imóvel, basta
ao adquirente tomar todas as cautelas na
compra do imóvel solicitando as
certidões de ônus, aparecendo a
informação que o alienante vem
sofrendo uma demanda, seja na de
conhecimento, seja na execução, resta
configurado que o adquirente tomou
conhecimento da demanda,
caracterizando a má-fé, aplicando-se a
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Sérgio Roberto Perondi
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art. 792, IV do CPC em conjunto com a


Súmula 375 do STJ, senão vejamos os
acordão abaixo relacionados:

DECISÃO DO RECURSO DECISÃO DO STJ


APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE
ADESIVO. CONSTRIÇÃO SOBRE IMÓVEL. TERCEIRO. FUNDAMENTO
EMBARGOS DE TERCEIRO. ADQUIRENTES DE DO ACÓRDÃO NÃO IMPUGNADO. SÚMULA 283/STF.
BOA-FÉ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PREQUESTIONAMENTO.
APRECIAÇÃO EQUITATIVA. DESCABIMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA 211/STJ. DECRETAÇÃO DE FRAUDE À
(....) EXECUÇÃO. CONDIÇÕES.
2. SEGUNDO ENTENDIMENTO MAIS RECENTE DO ALIENAÇÃO DE BEM CAPAZ DE REDUZIR O DEVEDOR À
STJ, O RECONHECIMENTO DE FRAUDE À INSOLVÊNCIA. ÔNUS DA
EXECUÇÃO DEPENDE DO REGISTRO DA PENHORA PROVA. IMPUTAÇÃO AO CREDOR.
DO BEM ALIENADO OU DA PROVA DA MÁ-FÉ DO 1. Cuida-se, na origem, de embargos de terceiro, por meio dos
TERCEIRO ADQUIRENTE. INTELIGÊNCIA DA quais a parte
SÚMULA N. 375 DO STJ E RESP N. 956943/PR, embargante se insurge contra a decretação de fraude à execução
JULGADO SOB O RITO PREVISTO PARA OS na aquisição de
RECURSOS REPETITIVOS. bem imóvel.
3. ADEMAIS, O ÔNUS DA PROVA DE QUE O 2. A existência de fundamento do acórdão recorrido não
TERCEIRO EMBARGANTE AGIU EM CONLUIO COM impugnado – quando
O EXECUTADO É DO CREDOR. INCLUSIVE PORQUE suficiente para a manutenção de suas conclusões – impede a
A MÁ-FÉ NA RELAÇÃO NEGOCIAL NÃO PODE SER apreciação do recurso
PRESUMIDA, DEVENDO SER DEMONSTRADA PELO especial.
EMBARGADO. 3. A ausência de decisão acerca dos dispositivos legais indicados
4. CASO EM QUE O CONJUNTO PROBATÓRIO NÃO como violados, não
INFIRMA A PRESUNÇÃO DE BOA-FÉ obstante a oposição de embargos de declaração, impede o
DOS ADQUIRENTES, NEM INDICA QUE A conhecimento do
TRANSAÇÃO TENHA SIDO MOVIDA POR CONLUIO. recurso especial.
5. DESCABE A FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS 4. "Ocorre fraude à execução - de que trata o inciso II do art. 593
ADVOCATÍCIOS MEDIANTE APRECIAÇÃO - quando
EQUITATIVA NA HIPÓTESE EM QUE A presentes, concomitantemente, as seguintes condições: a)
CONDENAÇÃO OU O PROVEITO ECONÔMICO OU processo judicial em
O VALOR ATUALIZADO DA CAUSA FOR LÍQUIDO curso com aptidão para ensejar futura execução; b) alienação ou
OU LIQUIDÁVEL, NOS TERMOS DO ART. 85, §§ 2º oneração de bem
E 6º-A, DO CPC. RECURSO ADESIVO PROVIDO. capaz de reduzir o devedor à insolvência; c) conhecimento prévio,
PRELIMINAR CONTRARRECURSAL REJEITADA. NO pelo adquirente
MÉRITO, APELAÇÃO DESPROVIDA E RECURSO do bem, da existência daquela demanda, seja porque houvesse
ADESIVO PROVIDO. registro desse fato
no órgão ou entidade de controle de titularidade do bem, seja
Doutos Julgadores, a controvérsia em questão por ter o credor/exequente comprovado essa ciência prévia"
vem relacionado quanto aos seguintes fatos: i) (EREsp 655.000/SP, 2ª Seção,
ausência de averbação e de registro na DJe 23/06/2015). 5. Segundo a jurisprudência desta Corte, é do
matricula; ii) matrícula do imóvel em discussão credor que alega a fraude o ônus de
não consta qualquer indicação da existência da comprovar o preenchimento de todas essas condições.
ação judicial; iii) certidão de ônus da Justiça Precedente.
Estadual informando o trâmite do processo, e 6. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão,
não gera presunção de que os adquirentes
provido.
tomaram ciência.

A contradição na decisão supra quanto aos demais


acórdãos que é usado como paradigma, são: Não
é necessário a averbação no registro do
imóvel, basta ao adquirente tomar todas as
cautelas na compra do imóvel solicitando
as certidões de ônus, aparecendo a
informação que o alienante vem sofrendo
uma demanda, seja na de conhecimento,
seja na execução, resta configurado que o
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Daniel Perondi

adquirente tomou conhecimento da


demanda, caracterizando a má-fé,
aplicando-se a art. 792, IV do CPC em
conjunto com a Súmula 375 do STJ, senão
vejamos os acordão abaixo relacionados:

DIANTE DE TODO EXPOSTO, presentes os requisitos de


admissibilidade do Recurso Especial, REQUER O RECEBIMENTO DO AGRAVO DE
INSTRUMENTO INTERPOSTO E SEU PROVIMENTO, para conhecer o Recurso
Especial, face este se enquadrar-se no artigo 105, III, “a” e “c” da Constituição Federal,
dando ao final, TOTAL PROVIMENTO AO MESMO, para anular a decisão a partir da
sentença/acórdão, com a finalidade de esclarecer os pontos acima levantados, ou seja,
ANALISAR A APLICAÇÃO DA BOA-FÉ OBJETIVA QUE CARACTERIZA A
MÁ-FÉ, APLICAÇÃO DO ART. 792, IV DO CPC CUMULADO COM A SÚMULA
375 DO STJ, E SEJA DECRETADA A FRAUDE À EXECUÇÃO praticado pelos
agravados, bem como as provas efetivamente produzidas, com procedência dos
embargos, sendo o que requer, em homenagem a mais lídima JUSTIÇA.

Espera e requer
Total Provimento.

Ijuí/RS para POA, 15 de fevereiro de 2024.

PP PP PP
Bel. João Batista Costa Saraiva Bel. Sérgio Roberto Perondi Bel. Daniel Perondi
OAB/RS 86.735 OAB/RS 16.561 OAB/RS 69.092

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