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*AGRAVO DE INSTRUMENTO
(Art. 1042 e seguintes do NCPC)
Nestes Termos,
Espera Deferimento.
PP PP PP
Bel. João Batista Costa Saraiva Bel. Sérgio Roberto Perondi Bel. Daniel Perondi
OAB/RS 86.735 OAB/RS 16.561 OAB/RS 69.092
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PERONDI ADVOGADOS ASSOCIADOS S/S
João Batista Costa Saraiva
Sérgio Roberto Perondi
Daniel Perondi
RECORRENTE: Izabela Schwanke Genz neste ato representada pela sua mãe Sra.
Rubia Beatriz Schwanke
RECORRIDO: Liziane Burtet e outros
COLENDO STJ:
EMENTA
DECISÃO
Vistos.
I. Trata-se de recurso especial interposto em face de acórdão proferido por Câmara Cível deste
Tribunal de Justiça, cuja ementa se transcreve:
É o relatório.
II. Inicialmente, registro que com o óbito da parte ora recorrente, suspende-se, a
princípio, o processo (art. 313, inciso I e § 1º, do Código de Processo Civil/2015), possibilitando-se
assim a sucessão processual pelo seu espólio ou pelos seus sucessores (art. 110 do Código de
Processo Civil/2015).
Assim, estando regular a representação (CPC, art. 75, inciso VII), DEFIRO o pedido
de habilitação formulado.
Conforme orientação que tem sido observada no âmbito deste Tribunal, alinhada aos
termos da Súmula n. 375 do STJ, o reconhecimento da fraude à execução depende do
registro da penhora do bem alienado ou da prova da má-fé do terceiro adquirente.
No REsp n. 956943/PR, julgado sob o rito previsto para os recursos repetitivos, aquela
Corte Superior reafirmou o teor dessa Súmula, acrescentando a presunção de boa-fé na
prática do ato e atribuindo ao credor o ônus da prova de que o terceiro agiu de má-fé, isto
é, de que tinha conhecimento de que a alienação levaria o devedor à insolvência.
Transcrevo a ementa:
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REGISTRO DA PENHORA. ART. 659, § 4º, DO CPC. PRESUNÇÃO DE FRAUDE. ART. 615-A, §
3º, DO CPC.
1. Para fins do art. 543-c do CPC, firma-se a seguinte orientação: 1.1. É indispensável
citação válida para configuração da fraude de execução, ressalvada a hipótese prevista no
§ 3º do art. 615-A do CPC.
1.2. O reconhecimento da fraude de execução depende do registro da penhora do bem
alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente (Súmula n. 375/STJ).
1.3. A presunção de boa-fé é princípio geral de direito universalmente aceito, sendo
milenar a parêmia: a boa-fé se presume; a má-fé se prova.
1.4. Inexistindo registro da penhora na matrícula do imóvel, é do credor o ônus da prova
de que o terceiro adquirente tinha conhecimento de demanda capaz de levar o alienante
à insolvência, sob pena de tornar-se letra morta o disposto no art. 659, § 4º, do CPC.
1.5. Conforme previsto no § 3º do art. 615-A do CPC, presume-se em fraude de execução a
alienação ou oneração de bens realizada após a averbação referida no dispositivo.
2. Para a solução do caso concreto: 2.1. Aplicação da tese firmada.
2.2. Recurso especial provido para se anular o acórdão recorrido e a sentença e,
consequentemente, determinar o prosseguimento do processo para a realização da
instrução processual na forma requerida pelos recorrentes.
(REsp 956.943/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro JOÃO OTÁVIO
DE NORONHA, CORTE ESPECIAL, julgado em 20/08/2014, DJe 01/12/2014)
Ademais, o art. 844 do CPC é expresso no sentido de que somente com a averbação da
constrição no registro do bem há a presunção absoluta de conhecimento por terceiros.
Diante desse especial contexto em que afastada a presunção de fraude, cabia ao credor a
prova do concilium fraudis entre a parte adquirente e o executado.
Na mesma linha, relevante trecho da sentença, cujas razões adoto como no presente
julgamento e transcrevo:
Tomando como base o teor da súmula, não havendo registro da penhora na matrícula (ou
alguma outra indicação da existência da ação), resta verificar a presença ou não de prova
de má-fé dos adquirentes.
Sobre isso, produziu-se prova oral, pela qual restou evidenciado, em linhas gerais, que as
partes integrantes deste processo são pessoas conhecidas na cidade de Ijuí e que havia
comentários da dificuldade financeira pela qual atravessava Everton Luis Machado Beal,
também conhecido como Tom, e que ele estaria se desfazendo dos seus bens.
(...)
Não se duvida que os comentários acima indicados efetivamente existissem nesta cidade
de Ijuí, que é de porte pequeno/médio e na qual as pessoas tendem a conhecer umas às
outras, notadamente se pertencentes da mesma faixa etária e de partes sociais
semelhantes.
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No entanto, reputo muito frágil para fins de comprovação em demanda judicial ligar
má-fé dos adquirentes – que, em si, já deve ser considerada conduta grave – a eventuais
conversas genéricas entre os integrantes da cidade, incluindo-se os embargantes.
Com isso, concluo não haver prova suficiente da má-fé dos adquirentes. Não há,
portanto, como caracterizar a aquisição do imóvel como sendo de má-fé.
[...]
Como bem salientado pelo culto Magistrado, a prova produzida nos autos não é capaz
de afastar a presunção de boa-fé na relação negocial, especialmente porque sequer
havia informação sobre ações em andamento na matrícula do imóvel, demonstrando
que o embargado não adotou as cautelas necessárias ao deixar de registrar os processos
em trâmite na matrícula, ou seja, não resguardou o seu direito.
Por todo o exposto, o voto é no sentido de dar parcial provimento ao recurso, para julgar
parcialmente procedente a presente Ação Ordinária, condenado o demandado Everton no
pagamento de indenização por danos morais à parte demandante,
arbitrado quantum indenizatório em R$ 12.000,00. O montante deverá ser corrigido desde
a data de publicação da decisão, devidos juros de mora legais desde a citação no feito.
Resta condenado ainda Everton ao ressarcimento dos valores despendidos pelo
demandante, no valor de R$ 62.486,90, atualizado pelo IGPM a contar do ajuizamento da
demanda e de juros legais, desde a citação; acrescido do pagamento de lucros cessantes,
considerando o período em que foi administrado pelo demandado, de setembro de 2008
até janeiro de 2009, no valor líquido mensal de R$ 2.395,59 (50% do valor de 4.791,18
pretendido pelo autor) a ser devidamente atualizado dos respectivos vencimentos,
acrescido de juros legais. Do total da condenação, deve ser descontado o valor dos
locativos – referentes ao período de maio de 2008 a janeiro de 2009 -, no montante
mensal de R$ 2.000,00, atualizado a contar dos respectivos vencimentos e acrescidos de
juros legais a contar da citação. Ante a sucumbência recíproca, condeno a parte autora ao
pagamento de 30% das custas processuais e a parte demandada ao pagamento dos 70%
restantes. Fixo honorários advocatícios ao procurador da parte contrária, arbitrados esses,
ao procurador do autor, em montante equivalente a 10% do valor atualizado da
condenação, e ao procurador do réu em R$ 800,00. Suspensa a exigibilidade do
pagamento pelo demandante em razão da concessão do benefício da AJG.
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Até porque a má-fé na relação negocial não pode ser presumida, devendo ser
comprovada pelo embargado, a quem incumbe, nos termos do art. 373, II, do CPC, a
produção de provas capazes de evidenciar a fraude no negócio levado a efeito entre
o embargante e o executado.
(...)
Por sua vez, deve ser acolhida a pretensão recursal dos embargantes em relação à fixação
dos honorários advocatícios, tendo em vista a expressa vedação de fixação por equidade
diante da liquidez do valor da causa no caso dos autos, nos termos do art. 85, §§ 2º e 6º-A,
do CPC:
(...)
Em razão disso e diante da procedência dos pedidos formulados nos embargos de terceiro,
os honorários advocatícios devidos ao patrono da parte embargante devem ser fixados em
10% sobre o valor atualizado da causa, em atenção ao disposto no art. 85, §2º, do CPC, os
quais vão majorados para 12% em virtude da sucumbência recursal do embargado, nos
termos do art. 85, §11, do CPC. Suspensa a exigibilidade em razão da gratuidade de justiça
deferida ao embargado.
(grifei)
Como asseverado no aresto recorrido, de acordo com orientação que tem sido seguida
neste Tribunal, na forma da Súmula n. 375 do STJ, o reconhecimento da fraude à execução
depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova da má-fé do terceiro
adquirente. Outrossim, conforme decidido no REsp n. 956943/PR, presume-se a boa-fé na
prática do ato, sendo do credor o ônus da prova de que o terceiro agiu de má-fé, isto é, de
que tinha conhecimento de que a alienação levaria o devedor à insolvência.
Ainda, devidamente ressaltado o teor do art. 844 do CPC, no sentido de que apenas com a
averbação da constrição no registro do bem é que há a presunção absoluta de
conhecimento por terceiros.
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As questões aventadas nos autos foram apreciadas por este Colegiado e a conclusão
adotada pelo acórdão proferido está devidamente fundamentada e motivada, ausente
qualquer vício que implique nulidade do julgado.
Com efeito, resguardado de qualquer ofensa está o art. 1.022 do Novo Código de
Processo Civil, haja vista que ofensa somente ocorre quando o acórdão contém erro material
e/ou deixa de pronunciar-se sobre questão jurídica ou fato relevante para o julgamento da causa.
A finalidade dos embargos de declaração é corrigir eventual incorreção material do acórdão ou
complementá-lo, quando identificada omissão, ou, ainda, aclará-lo, dissipando obscuridade ou
contradição.
O juiz não está obrigado a responder a todas as alegações das partes, quando já
tenha encontrado motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem se obriga a ater-se aos
fundamentos indicados pelas partes, tampouco a responder um a um a todos os seus
argumentos.
Daí por que, não obstante a insurgência manifestada, de ofensa ao art. 1.022 do
CPC/2015 não se pode cogitar.
com o revolvimento das provas juntadas aos autos, o que é vedado pela Súmula 7 do
STJ". (AgInt no AREsp n. 2.038.357/PR, relator Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em
2/10/2023, DJe de 5/10/2023.)
Intimem-se.”
RELATÓRIO
ISSO POSTO, julgo procedentes os pedidos feitos por Liziane Burtet, Leandro Burtet,
Maurício Burtet, Adriana Giordani e Everton Luis Machado Beal nestes Embargos de
Terceiro opostos contra Marcelo Genz, para o fim de declarar a inocorrência de fraude à
execução relativa à aquisição do imóvel de matrícula nº 19.187 do CRI de Ijuí, com relação
ao processo 5000189-68.2009.8.21.0016 (número dos autos físicos 016/1.09.0000720-7).
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Em suas razões de apelo (evento 163 dos autos originários), o embargado relata
os fatos e alega que o assistente litisconsorcial, Sr. Everton Luis Machado Beal, era proprietário de
dois imóveis que foram vendidos antes do julgamento da apelação n. 70054311709, que levou a
sua insolvência. Refere que foram apresentadas certidões de ônus aos apelados/embargantes,
quando tomaram ciência de que o vendedor era réu na ação movida pelo recorrente, de modo
que assumiram o risco. Requer a aplicação do art. 792, IV, do CPC. Aponta, assim, ter provado que
tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência, o que caraterizaria a fraude à
execução. Postula o provimento do apelo.
Por sua vez, nas razões do recurso adesivo (evento 196 da origem), os
embargantes postulam, em suma, que os honorários advocatícios sejam fixados em percentual
entre 10 e 20% sobre o valor do proveito econômico obtido ou sobre o valor da causa, bem como
sua majoração em grau recursal.
É o relatório.
VOTO
embargantes assumiram o risco do negócio por terem ciência do trâmite de ação judicial contra o
alienante do imóvel, assim atendendo aos requisitos do art. 1.010 do CPC.
Liziane Burtet, Leandro Burtet, Maurício Burtet e Adriana Giordani opôs Embargos de
Terceiro contra Marcelo Genz, qualificados.
Houve réplica.
Apresentados memoriais.
Conforme orientação que tem sido observada no âmbito deste Tribunal, alinhada
aos termos da Súmula n. 375 do STJ, o reconhecimento da fraude à execução depende do registro
da penhora do bem alienado ou da prova da má-fé do terceiro adquirente.
Transcrevo a ementa:
PROCESSO CIVIL. RECURSO REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC. FRAUDE DE EXECUÇÃO. EMBARGOS DE
TERCEIRO. SÚMULA N. 375/STJ. CITAÇÃO VÁLIDA. NECESSIDADE. CIÊNCIA DE DEMANDA CAPAZ DE LEVAR O
ALIENANTE À INSOLVÊNCIA. PROVA. ÔNUS DO CREDOR. REGISTRO DA PENHORA. ART. 659, § 4º, DO CPC.
PRESUNÇÃO DE FRAUDE. ART. 615-A, § 3º, DO CPC.
1. Para fins do art. 543-c do CPC, firma-se a seguinte orientação: 1.1. É indispensável citação válida para
configuração da fraude de execução, ressalvada a hipótese prevista no § 3º do art. 615-A do CPC.
1.2. O reconhecimento da fraude de execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da
prova de má-fé do terceiro adquirente (Súmula n. 375/STJ).
1.3. A presunção de boa-fé é princípio geral de direito universalmente aceito, sendo milenar a parêmia: a
boa-fé se presume; a má-fé se prova.
1.4. Inexistindo registro da penhora na matrícula do imóvel, é do credor o ônus da prova de que o
terceiro adquirente tinha conhecimento de demanda capaz de levar o alienante à insolvência, sob pena
de tornar-se letra morta o disposto no art. 659, § 4º, do CPC.
1.5. Conforme previsto no § 3º do art. 615-A do CPC, presume-se em fraude de execução a alienação ou
oneração de bens realizada após a averbação referida no dispositivo.
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Art. 54. Os negócios jurídicos que tenham por fim constituir, transferir ou modificar direitos
reais sobre imóveis são eficazes em relação a atos jurídicos precedentes, nas hipóteses em
que não tenham sido registradas ou averbadas na matrícula do imóvel as seguintes
informações: (Vigência)
I - registro de citação de ações reais ou pessoais reipersecutórias;
II - averbação, por solicitação do interessado, de constrição judicial, do ajuizamento de
ação de execução ou de fase de cumprimento de sentença, procedendo-se nos termos
previstos do art. 615-A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil
;
III - averbação de restrição administrativa ou convencional ao gozo de direitos registrados,
de indisponibilidade ou de outros ônus quando previstos em lei; e
IV - averbação, mediante decisão judicial, da existência de outro tipo de ação cujos
resultados ou responsabilidade patrimonial possam reduzir seu proprietário à
insolvência, nos termos do i nciso II do art. 593 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973
- Código de Processo Civil .
Parágrafo único. Não poderão ser opostas situações jurídicas não constantes da matrícula
no Registro de Imóveis, inclusive para fins de evicção, ao terceiro de boa-fé que adquirir ou
receber em garantia direitos reais sobre o imóvel, ressalvados o disposto nos arts. 129 e
130 da Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005
Tomando como base o teor da súmula, não havendo registro da penhora na matrícula (ou
alguma outra indicação da existência da ação), resta verificar a presença ou não de prova
de má-fé dos adquirentes.
Sobre isso, produziu-se prova oral, pela qual restou evidenciado, em linhas gerais, que as
partes integrantes deste processo são pessoas conhecidas na cidade de Ijuí e que havia
comentários da dificuldade financeira pela qual atravessava Everton Luis Machado Beal,
também conhecido como Tom, e que ele estaria se desfazendo dos seus bens.
Seguem as declarações referidas.
Cleber Roger Strey referiu conhecer as partes Leandro, Evandro e Marcelo há mais de
trinta anos. São pessoas conhecidas na cidade. Prestou serviços para Marcelo e Everton,
na implantação de informática no pub. Leandro Burtet frequentava o local. Sabe de
demanda judicial entre Marcelo e Tom (Everton).
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Tom alugou o imóvel para outra pessoa. Essa demanda judicial era conhecida na cidade.
Todas as partes eram conhecidas, inclusive as famílias das partes. Sabe que Leandro
comprou o imóvel de Tom, o pub.
Os boatos na cidade eram que Tom estava mal financeiramente e se desfazendo dos bens.
O pub durou um ano ou ano e pouco. Sabe que havia reclamações de barulho do pub. Não
sabia dos resultados da ação em primeiro grau. Sabe que Everton tinha outro imóvel além
do imóvel onde era o pub e ele vendeu ambos. Não sabe qual imóvel foi vendido primeiro.
Atualmente Everton faz chapeamento, não sabendo onde ele mora. Não sabe onde
Marcelo mora. Conhece a empresa de Marcelo. Não sabe se em cima da empresa há local
de moradia. Não tem vínculo próximo com Everton Beal. Nunca viu documento sobre os
fatos referidos, sendo apenas de conversas na cidade e por ter prestado serviço a Marcelo
e Everton.
Não se duvida que os comentários acima indicados efetivamente existissem nesta cidade
de Ijuí, que é de porte pequeno/médio e na qual as pessoas tendem a conhecer umas às
outras, notadamente se pertencentes da mesma faixa etária e de partes sociais
semelhantes.
No entanto, reputo muito frágil para fins de comprovação em demanda judicial ligar má-fé
dos adquirentes – que, em si, já deve ser considerada conduta grave – a eventuais
conversas genéricas entre os integrantes da cidade, incluindo-se os embargantes.
Com isso, concluo não haver prova suficiente da má-fé dos adquirentes. Não há, portanto,
como caracterizar a aquisição do imóvel como sendo de má-fé.
[...]
Como bem salientado pelo culto Magistrado, a prova produzida nos autos não é
capaz de afastar a presunção de boa-fé na relação negocial, especialmente porque sequer havia
informação sobre ações em andamento na matrícula do imóvel, demonstrando que o embargado
não adotou as cautelas necessárias ao deixar de registrar os processos em trâmite na matrícula,
ou seja, não resguardou o seu direito.
Por todo o exposto, o voto é no sentido de dar parcial provimento ao recurso, para
julgar parcialmente procedente a presente Ação Ordinária, condenado o
demandado Everton no pagamento de indenização por danos morais à parte
demandante, arbitrado quantum indenizatório em R$ 12.000,00. O montante
deverá ser corrigido desde a data de publicação da decisão, devidos juros de mora
legais desde a citação no feito. Resta condenado ainda Everton ao ressarcimento
dos valores despendidos pelo demandante, no valor de R$ 62.486,90, atualizado
pelo IGPM a contar do ajuizamento da demanda e de juros legais, desde a citação;
acrescido do pagamento de lucros cessantes, considerando o período em que foi
administrado pelo demandado, de setembro de 2008 até janeiro de 2009, no valor
líquido mensal de R$ 2.395,59 (50% do valor de 4.791,18 pretendido pelo autor) a
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Até porque a má-fé na relação negocial não pode ser presumida, devendo ser
comprovada pelo embargado, a quem incumbe, nos termos do art. 373, II, do CPC, a produção de
provas capazes de evidenciar a fraude no negócio levado a efeito entre o embargante e
o executado.
ordem judicial que determinou anotação na matrícula da existência de ação judicial contra
o alienante, averbação inoponível ao adquirente de boa-fé e que restringe a aquisição
regular da propriedade, do que decorre o cancelamento da anotação restritiva. Apelação
do demandado desprovida. (Apelação Cível Nº 70078459658, Vigésima Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Cini Marchionatti, Julgado em 12/09/2018)
Por sua vez, deve ser acolhida a pretensão recursal dos embargantes em relação à
fixação dos honorários advocatícios, tendo em vista a expressa vedação de fixação por equidade
diante da liquidez do valor da causa no caso dos autos, nos termos do art. 85, §§ 2º e 6º-A, do
CPC:
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do
vencedor.
[...]
§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por
cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo
possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos:
[...]
§ 6º-A. Quando o valor da condenação ou do proveito econômico obtido ou o valor
atualizado da causa for líquido ou liquidável, para fins de fixação dos honorários
advocatícios, nos termos dos §§ 2º e 3º, é proibida a apreciação equitativa, salvo
nas hipóteses expressamente previstas no § 8º deste artigo. (Incluído pela Lei nº
14.365, de 2022) [sublinhei]
No mote:
RELATÓRIO
Em suas razões (evento 35), a parte embargante afirma que a decisão contraria o
artigo 792, IV, do CPC, incidindo o julgado em "contradição", ante a falta de prova da má-fé do
terceiro adquirente e quanto ao fato de esse não ter conhecimento de que o alienante vinha
sofrendo uma ação que poderia levá-lo a insolvência. Pugna seja prequestionado o aludido
dispositivo legal. Requer o acolhimento dos embargos.
É o relatório.
VOTO
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou
a requerimento;
III - corrigir erro material.
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em
incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º.
A parte embargante afirma que o acórdão incorreu em vícios, nos termos do art.
1.022 do CPC.
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Como asseverado no aresto recorrido, de acordo com orientação que tem sido
seguida neste Tribunal, na forma da Súmula n. 375 do STJ, o reconhecimento da fraude à
execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova da má-fé do terceiro
adquirente. Outrossim, conforme decidido no REsp n. 956943/PR, presume-se a boa-fé na prática
do ato, sendo do credor o ônus da prova de que o terceiro agiu de má-fé, isto é, de que tinha
conhecimento de que a alienação levaria o devedor à insolvência.
Outrossim, do exame dos autos, não verifico, por ora, qualquer conduta passível
de aplicação de multa por interposição de recurso protelatório (art. 1.026, §§2º e 3º CPC/2015),
inexistindo motivos para condenação nas penas correspondentes.
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IV -DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL
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RAZÕES DO RECURSO ESPECIAL
AJG
ORIGEM: 5.ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
COLENDO STJ:
“EMENTA
APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO. CONSTRIÇÃO SOBRE
IMÓVEL. EMBARGOS DE TERCEIRO. ADQUIRENTES DE BOA-
FÉ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APRECIAÇÃO EQUITATIVA.
DESCABIMENTO.
1. PRELIMINAR CONTRARRECURSAL. PRINCÍPIO
DA DIALETICIDADE. APELO QUE ATACA DE FORMA SUFICIENTE
OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO. PREENCHIMENTO
DOS REQUISITOS DO ART. 1.010 DO CPC. REJEIÇÃO.
2. SEGUNDO ENTENDIMENTO MAIS RECENTE DO STJ, O
RECONHECIMENTO DE FRAUDE À EXECUÇÃO DEPENDE DO
REGISTRO DA PENHORA DO BEM ALIENADO OU DA PROVA DA
MÁ-FÉ DO TERCEIRO ADQUIRENTE. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA N.
375 DO STJ E RESP N. 956943/PR, JULGADO SOB O RITO PREVISTO
PARA OS RECURSOS REPETITIVOS.
3. ADEMAIS, O ÔNUS DA PROVA DE QUE O TERCEIRO
EMBARGANTE AGIU EM CONLUIO COM O EXECUTADO É DO
CREDOR. INCLUSIVE PORQUE A MÁ-FÉ NA RELAÇÃO NEGOCIAL
NÃO PODE SER PRESUMIDA, DEVENDO SER DEMONSTRADA PELO
EMBARGADO.
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EMENTA
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO
ADESIVO. CONSTRIÇÃO SOBRE IMÓVEL. EMBARGOS DE
TERCEIRO. ADQUIRENTES DE BOA-FÉ. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. APRECIAÇÃO EQUITATIVA. DESCABIMENTO.
1. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE
OU ERRO MATERIAL NO ACÓRDÃO EMBARGADO. ART. 1.022
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1) DOS FATOS:
Certidão Judicial Cível Negativa em nome de Everton Luiz Machado Beal-ME, expedida pelo
poder judiciário, Estado do Rio Grande do Sul, em data de dez (10) de setembro de dois mil e
quatorze (2014), ás 10:37:52 código de controle número: 033e95e0b286b1690cabba3402fdc084;
e Certidão Judicial Criminal Negativa, expedida pelo poder judiciário, Estado do Rio Grande do
Sul, em data de quatorze (14) de agosto de dois mil e quatorze (2014), às 17h43min, por Sandra
Maria Vasconcellos Barcellos, Distribuidora e Contadora Judicial:...” (grifo nosso)
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do imóvel tinha conhecimento que o alienante vinha sofrendo uma demanda judicial,
independente de constar no registro, senão vejamos:
EMENTA
APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO. CONSTRIÇÃO SOBRE IMÓVEL. EMBARGOS DE
TERCEIRO. ADQUIRENTES DE BOA-FÉ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APRECIAÇÃO
EQUITATIVA. DESCABIMENTO.
1. PRELIMINAR CONTRARRECURSAL. PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE. APELO QUE ATACA DE
FORMA SUFICIENTE OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
DO ART. 1.010 DO CPC. REJEIÇÃO.
2. SEGUNDO ENTENDIMENTO MAIS RECENTE DO STJ, O RECONHECIMENTO DE FRAUDE À
EXECUÇÃO DEPENDE DO REGISTRO DA PENHORA DO BEM ALIENADO OU DA PROVA DA
MÁ-FÉ DO TERCEIRO ADQUIRENTE. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA N. 375 DO STJ E RESP N.
956943/PR, JULGADO SOB O RITO PREVISTO PARA OS RECURSOS REPETITIVOS.
3. ADEMAIS, O ÔNUS DA PROVA DE QUE O TERCEIRO EMBARGANTE AGIU EM CONLUIO
COM O EXECUTADO É DO CREDOR. INCLUSIVE PORQUE A MÁ-FÉ NA RELAÇÃO NEGOCIAL
NÃO PODE SER PRESUMIDA, DEVENDO SER DEMONSTRADA PELO EMBARGADO.
4. CASO EM QUE O CONJUNTO PROBATÓRIO NÃO INFIRMA A PRESUNÇÃO DE BOA-FÉ
DOS ADQUIRENTES, NEM INDICA QUE A TRANSAÇÃO TENHA SIDO MOVIDA POR CONLUIO.
5. DESCABE A FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS MEDIANTE APRECIAÇÃO
EQUITATIVA NA HIPÓTESE EM QUE A CONDENAÇÃO OU O PROVEITO ECONÔMICO OU O
VALOR ATUALIZADO DA CAUSA FOR LÍQUIDO OU LIQUIDÁVEL, NOS TERMOS DO ART. 85,
§§ 2º E 6º-A, DO CPC. RECURSO ADESIVO PROVIDO.
PRELIMINAR CONTRARRECURSAL REJEITADA. NO MÉRITO, APELAÇÃO DESPROVIDA E
RECURSO ADESIVO PROVIDO.
“...
Na espécie, em razão da ausência de averbação e de registro da existência de qualquer processo
com possibilidade de redução do proprietário à insolvência na matrícula do imóvel (Evento 2, doc.
2, fls. 19/26), subsiste a eficácia do ato jurídico frente à execução, nos termos do inc. IV do art. 54
da Lei nº 13.097/2015, in verbis: (grifo nosso)
...
Diante desse especial contexto em que afastada a presunção de fraude, cabia ao credor a prova
do concilium fraudis entre a parte adquirente e o executado.
Na mesma linha, relevante trecho da sentença, cujas razões adoto como no presente julgamento e
transcrevo:
Neste caso em julgamento, observando a matrícula do imóvel em discussão (Evento 2, INIC1, fls.
21/24), não consta qualquer indicação da existência da ação judicial entre Everton Luis Machado
Beal e Marcelo Genz. (grifo nosso)
Tomando como base o teor da súmula, não havendo registro da penhora na matrícula (ou alguma
outra indicação da existência da ação), resta verificar a presença ou não de prova de má-fé dos
adquirentes. (grifo nosso)
...
Como bem salientado pelo culto Magistrado, a prova produzida nos autos não é capaz de afastar
a presunção de boa-fé na relação negocial, especialmente porque sequer havia informação sobre
ações em andamento na matrícula do imóvel, demonstrando que o embargado não adotou as
cautelas necessárias ao deixar de registrar os processos em trâmite na matrícula, ou seja, não
resguardou o seu direito. (grifo nosso)
...
A respeito da certidão de ônus da Justiça Estadual que consta da Escritura de Compra e Venda
(evento 2, doc. 4, fls. 6-10, da origem), foi informado o trâmite do processo n. 016/1.09.0000720-7,
ação esta que, por si só, não possuía o condão de levar o alienante à insolvência. (grifo nosso)
...
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EMENTA:
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. EMBARGOS DE TERCEIRO.
DAÇÃO EM PAGAMENTO. FRAUDE À EXECUÇÃO CONFIGURADA. SENTENÇA MANTIDA.
IMPROCEDÊNCIA DOS EMBARGOS DE TERCEIRO. DEMONSTRADA A FRAUDE À EXECUÇÃO
TANTO EM RAZÃO DO AFASTAMENTO DA BOA-FÉ DA EMBARGANTE NA ENTABULAÇÃO DO
NEGÓCIO COM A EXECUTADA, COMO PELA CONFIGURAÇÃO DA HIPÓTESE INSCULPIDA NO
INCISO IV DO ART. 792 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, MERECE SER MANTIDA A
SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA DOS EMBARGOS DE TERCEIRO. APESAR DE
INEXISTIR QUALQUER RESTRIÇÃO SOBRE OS BENS QUE FORAM OBJETO DA
DAÇÃO EM PAGAMENTO, É FATO INCONTROVERSO QUE A EMBARGANTE,
ORA APELANTE, SABIA QUE OS REFERIDOS BENS ESTAVAM
LOCALIZADOS NO IMÓVEL QUE FOI OBJETO DE PENHORA NA
EXECUÇÃO, RAZÃO PELA QUAL RESTA AFASTADA A SUA BOA-FÉ. O
VALOR DA CAUSA DEVE CORRESPONDER AO VALOR DO PROVEITO
ECONÔMICO, MOTIVO PELO QUAL NADA A MODIFICAR NO JULGADO.
NEGARAM PROVIMENTO À APELAÇÃO. UNÂNIME. (Apelação Cível, Nº
50008002220188210043, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Walda Maria Melo Pierro, Julgado em 15-03-2023 (grifo nosso)
Trechos da decisão:
“...
Após examinar os autos, analisando todos os elementos de prova acostados ao feito, entendo que
esteja demonstrada a fraude à execução tanto em razão do afastamento da boa-fé da embargante
na entabulação do negócio, quanto pela configuração da hipótese insculpida no inciso IV do art.
792 do Código de Processo Civil, a saber:
...
Ademais, apesar de inexistir qualquer restrição sobre os bens que foram objeto da dação
em pagamento, é fato incontroverso que a embargante, ora apelante, sabia que os referidos
bens estavam localizados no imóvel de matrícula n. 13679, imóvel esse que foi objeto de
penhora na execução, razão pela qual resta afastada a sua boa-fé. (grifo nosso)
...
Nesse contexto, apesar de não existir qualquer restrição sobre os bens objetos da dação em
pagamento, vislumbra-se que existia a averbação da existência da ação de e execução sobre o
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imóvel penhorado no feito executivo, como se observa da fl. 35 do processo em apenso, que foi
realizada em 19/05/2008, o que atrai a incidência do disposto no artigo 792, inciso II, do Diploma
Processual Civil.(grifo nosso)
Dessa forma, sequer boa-fé há que se cogitar, porquanto, como já dito, a embargante na época
em que firmou a dação em pagamento sabia que os bens objetos da ação encontravam-se no
imóvel em que, inclusive, foi registrada a existência do processo de execução, pois não impugnou
especificamente as alegações da parte embargada nesse sentido, do que se conclui que, quando
firmou a dação, tinha conhecimento do feito executivo e, mesmo com a ciência da existência da
ação executiva contra a parte executada, realizou, estando, portanto, configurada a ocorrência
de fraude à execução, nos termos do artigo 792, inciso IV, do Código de Processo Civil. (grifo nosso)
Aliás, a reforçar essa conclusão, compreende-se também que, no mínimo, a parte embargante
deveria ter-se acautelado e verificado se sobre o local em que os bens se encontravam
inexistia qualquer pendência, já que pretendia deixar os bens no referido local, uma vez que,
embora tenha firmado a dação em agosto de 2008, quando apresentou sua manifestação no feito
executivo em outubro de 2009 (fl. 89) ou seja, passados mais de um ano, os bens estavam no
mesmo imóvel, razão pela qual não há como se concluir pela boa-fé da parte embargante." (grifo
nosso)
...”
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Trechos da decisão:
“...
3.1 Adiante, superada a discussão sobre a aventada aquisição do bem, anos antes, pelos pais do
recorrente, cabe observar, no que diz respeito ao reconhecimento de fraude à execução, que
o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula n. 375, nos seguintes termos: "O reconhecimento
da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do
terceiro adquirente". (grifo nosso)
"'Ocorre fraude à execução - de que trata o inciso II do art. 593 - quando presentes,
concomitantemente, as seguintes condições: a) processo judicial em curso com
aptidão para ensejar futura execução; b) alienação ou oneração de bem capaz
de reduzir o devedor à insolvência; c) conhecimento prévio, pelo adquirente do
bem, da existência daquela demanda, seja porque houvesse registro desse fato
no órgão ou entidade de controle de titularidade do bem, seja por ter o
credor/exequente comprovado essa ciência prévia'" (AgInt no REsp n.
1.760.517/SP, Minª. Nancy Andrighi). (grifo nosso)
bem como ter o terceiro adquirente ora recorridos terem prévio conhecimento da
existência de demanda, seja por registro, seja por ter o credor/exequente comprovado a
ciência, CERTIDÃO DE ÕNUS solicitadas pelos recorridos e juntada nos autos
supra, DANDO CIÊNCIA do processo que vinha sofrendo o proprietário do imóvel em
questão.
EMENTA
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE COBRANÇA. FASE DE CUMPRIMENTO
DE SENTENÇA. FRAUDE À EXECUÇÃO. VERIFICADA. IMÓVEL ALIENADO À
EMPRESA CUJA DEVEDORA FIGUROU COMO SÓCIA AO TEMPO EM QUE
TRAMITAVA AÇÃO CAPAZ DE LEVÁ-LA À INSOLVÊNCIA. CIÊNCIA DA
TERCEIRA ADQUIRENTE SOBRE A DEMANDA. MÁ-FÉ CONFIGURADA.
PRECEDENTES DO STJ. ART. 792, INCISO IV DO CPC. INCIDENTE. DECISÃO
MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO. (TJPR - 13ª Câmara Cível - 0010914-
05.2023.8.16.0000 - Araucária - Rel.: DESEMBARGADOR FERNANDO FERREIRA
DE MORAES - J. 23.06.2023) (grifo nosso)
Deixa o recorrente de juntar a decisão uma vez que não teve acesso,
encontrava-se em segredo de justiça.
EMENTA
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL.
ALEGAÇÃO DE FRAUDE À EXECUÇÃO. ALIENAÇÃO DE IMÓVEL APÓS A
CITAÇÃO. EXECUTADO E TERCEIRO ADQUIRENTE. CIÊNCIA E
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Trechos da decisão:
“...
Conhecia todo o imbróglio jurídico envolvente a gleba de terras. E conferira a Celso Ivan de
Bortoli o prazo de 01 (hum) ano para resolvê-lo. Na verdade, Jandir Pedro Pressotto sabia da
insolvência de Celso Ivan de Bortoli, como sabia da litigiosidade do imóvel que estava
comprando. E, se não sabia, fica caracterizada a sua má-fé, do mesmo jeito, porque ninguém
mais do que ele tinha interesse em verificar, - tinha motivos e condições de verificar - do
que tratava o "imbróglio jurídico" sobre o imóvel” (mov. 1.1 – 2º grau, ff. 12/13). (grifo nosso)
...
A fraude à execução encontra-se disciplinada no artigo 792, do Código de Processo Civil, que
dispõe:
...
Ao interpretar o referido artigo, o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula n.º 375:
...
O adquirente sustenta que a penhora do imóvel não constava da matrícula quando sua
aquisição, no ano de 2019, de modo que agiu de boa-fé. (grifo nosso)
...
Porém, da análise das provas produzidas nos autos, chega-se a entendimento diverso.
Com efeito, o que se vê é que a penhora foi efetivada no ano de 2017, o executado foi dela
intimado em 15/02/2019 (mov. 124.1 – 1º grau), o imóvel foi alienado em 07/11/2019 (mov.
188.2 – 1º grau), enquanto a constrição só foi averbada na matrícula em 19/08/2020. (grifo nosso)
Acontece que o contrato de compra e venda do bem, juntado pelo executado no mov. 188.2 –
1º grau, traz relevantes indícios de que o terceiro adquirente, Jandir Pedro, tinha
conhecimento de que sobre o imóvel pendia demanda e que o executado era insolvente. (grifo
nosso)
...
Extrai-se, da leitura da cláusula em questão, que o terceiro adquirente tinha ciência de que o
alienante, aqui executado, movera ação contra o exequente/agravante, que tinha como objeto o
imóvel de matrícula n.º 3.381, do Registro de Imóveis de Palmas/PR.
...
Ou seja, uma vez que o terceiro adquirente admitiu, no contrato de compra e venda do
imóvel de matrícula n.º 3.381, do Registro de Imóveis de Palmas/PR, firmado em 2019 tinha
conhecimento da demanda pendente entre Celso Ivan de Bortoli e Moisés Adão de Oliveira,
cujo objeto era, justamente, referido imóvel, é razoável concluir, consequentemente, que
tinha ciência do teor da demanda.
E, por conseguinte, é igualmente plausível inferir que sabia, ou, poderia saber, pelo conteúdo
da contestação apresentada por Moisés Adão de Oliveira, que ele ajuizara execução em face de
Celso Ivan de Bortoli, que era insolvente, e que o imóvel tinha sido penhorado em 2017.
É certo, diante desses fatos, que o terceiro adquirente, Jandir Pedro Pressotto, o menos
assumiu o risco de adquirir imóvel litigioso, pelo que afastada a presunção de boa-fé na
compra e venda.
EMENTA
APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DE TERCEIRO. CESSÃO DE QUOTAS SOCIAIS DA
EXECUTADA APÓS A CITAÇÃO. EXECUTADA E TERCEIRO ADQUIRENTE. CONLUIO E
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EMENTA
EMBARGOS DE TERCEIRO. Fraude à execução - Alienação do imóvel quando já em
trâmite demanda capaz de reduzir os devedores à insolvência, com citação válida
(art.792, IV, do CPC) - Súmula 375 do C. STJ Adquirente, sociedade cujo objetivo social
é, justamente, a compra e venda de imóveis, QUE NÃO COMPROVOU TER ADOTADO
AS DEVIDAS CAUTELAS, EXIGINDO A EXIBIÇÃO DAS CERTIDÕES DE
PRAXE PELOS VENDEDORES - Sentença mantida. Honorários advocatícios - Art. 85,
§ 11, do CPC - RECURSO DESPROVIDO. (TJSP; Apelação Cível 1043399-
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87.2022.8.26.0100; Relator (a): Fábio Podestá; Órgão Julgador: 21ª Câmara de Direito
Privado; Foro Central Cível - 13ª Vara Cível; Data do Julgamento: 13/09/2023; Data de
Registro: 13/09/2023) (grifo nosso)
EMENTA
EMBARGOS DE TERCEIRO. Sentença que julgou improcedente o pedido. Insurgência
da embargante. Inadmissibilidade. Documentos acostados aos autos que demonstram a má-
fé da embargante, POIS JÁ HAVIA SIDO AJUIZADA DEMANDA EM FACE DA
EXECUTADA, NÃO SENDO SOLICITADA A EXPEDIÇÃO DE CERTIDÕES
DOS DISTRIBUIDORES CÍVEIS. INTELIGÊNCIA DO ART. 792, IV, DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, que dispõe: "A alienação ou a oneração de bem é
considerada fraude à execução: IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração,
tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência". Sentença mantida.
Recurso não provido. (TJSP ; Apelação Cível 1004334-26.2022.8.26.0152; Relator (a):
Marcos Gozzo; Órgão Julgador: 30ª Câmara de Direito Privado; Foro de Cotia - 3ª Vara
Cível; Data do Julgamento: 28/09/2023; Data de Registro: 28/09/2023) (grifo nosso)
DECISÃO DO STJ
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE TERCEIRO.
FUNDAMENTO DO ACÓRDÃO NÃO IMPUGNADO. SÚMULA 283/STF.
PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA 211/STJ. DECRETAÇÃO DE
FRAUDE À EXECUÇÃO. CONDIÇÕES. ALIENAÇÃO DE BEM CAPAZ DE
REDUZIR O DEVEDOR À INSOLVÊNCIA. ÔNUS DA PROVA. IMPUTAÇÃO AO
CREDOR. 1. Cuida-se, na origem, de embargos de terceiro, por meio dos quais a parte
embargante se insurge contra a decretação de fraude à execução na aquisição de bem
imóvel. 2. A existência de fundamento do acórdão recorrido não impugnado – quando
suficiente para a manutenção de suas conclusões – impede a apreciação do recurso
especial. 3. A ausência de decisão acerca dos dispositivos legais indicados como violados,
não obstante a oposição de embargos de declaração, impede o conhecimento do recurso
especial. 4. "OCORRE FRAUDE À EXECUÇÃO - de que trata o inciso II do art. 593
- quando presentes, concomitantemente, as seguintes condições: A) PROCESSO
JUDICIAL EM CURSO COM APTIDÃO PARA ENSEJAR FUTURA EXECUÇÃO;
b) alienação ou oneração de bem capaz de reduzir o devedor à insolvência; C)
CONHECIMENTO PRÉVIO, PELO ADQUIRENTE DO BEM, DA EXISTÊNCIA
DAQUELA DEMANDA, seja porque houvesse registro desse fato no órgão ou
entidade de controle de titularidade do bem, seja por ter o credor/exequente
comprovado essa ciência prévia" (EREsp 655.000/SP, 2ª Seção, DJe 23/06/2015). 5.
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Segundo a jurisprudência desta Corte, é do credor que alega a fraude o ônus de comprovar
o preenchimento de todas essas condições. Precedente. 6. Recurso especial parcialmente
conhecido e, nessa extensão, provido. (grifo nosso)
Trechos da decisão:
“...
- Da decretação da fraude à execução e da ciência do adquirente
Consoante a jurisprudência firmada por esta Corte, à luz dos arts. 593, II, e 659, § 4º, do CPC/73,
caracteriza-se a fraude à execução quando, ao tempo da alienação, corria contra o devedor
demanda capaz de reduzi-lo à insolvência, desde que presente o registro da penhora do bem
alienado ou a prova de má-fé do terceiro adquirente, nos termos do enunciado da Súmula
375/STJ.
Realmente, "ocorre fraude à execução - de que trata o inciso II do art. 593 - quando presentes,
concomitantemente, as seguintes condições: a) processo judicial em curso com aptidão para
ensejar futura execução; b) alienação ou oneração de bem capaz de reduzir o devedor à
insolvência; c) conhecimento prévio, pelo adquirente do bem, da existência daquela
demanda, seja porque houvesse registro desse fato no órgão ou entidade de controle de
titularidade do bem, seja por ter o credor/exequente comprovado essa ciência prévia"
(EREsp 655.000/SP, 2ª Seção, DJe 23/06/2015). (grifo nosso)
Outrossim, no que toca ao ônus da prova, o entendimento desta Corte é no sentido de que, NA
AUSÊNCIA DO REGISTRO, CABE AO CREDOR COMPROVAR QUE O TERCEIRO
ADQUIRENTE TINHA CONHECIMENTO DA DEMANDA CAPAZ DE LEVAR O ALIENANTE À
INSOLVÊNCIA. (grifo nosso)
É o que restou definido pela Corte Especial no julgamento do REsp 956.943/PR, sob o rito dos
recursos especiais repetitivos, cuja ementa se transcreve abaixo:
PP PP PP
Bel. João Batista Costa Saraiva Bel. Sérgio Roberto Perondi Bel. Daniel Perondi
OAB/RS 86.735 OAB/RS 16.561 OAB/RS 69.092
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Espera e requer
Total Provimento.
PP PP PP
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