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A VERDADE

SOBRE O

Os ensinamentos de
30 especialistas em saúde
integrativa sobre tratamento
e prevenção do câncer
Os ensinamentos dos 30
maiores especialistas em saúde
integrativa sobre prevenção e
tratamento do câncer
A Verdade sobre o Câncer
© 2020 Copyright by
Jolivi

Autor | Jolivi Publicações


Equipe de texto | Aderson Moreira, Alain Dutra, Alberto Gonzalez, Alexandre Leonel,
Aria Park, Arnoldo de Souza Camila Arakaki, Camila Hungria, Carlos
Schlischka, Carolina Nocetti, Cícero Coimbra, Conceição Trucom,
Dayan Siebra, Daniel Forjaz, Denise de Carvalho, Fernanda Aranda,
Fred Pescatore, Gabriel de Carvalho, Giovanna Tavares, Gustavo
Vilela, Jorge Lourenço, José de Filippe Jr., Kelly Lemos, Kitty Vilas
Boas, Mahana Cassiavillani, Maíra Jardim, Mariane Zendron, Mirela
Leme, Naif Thadeu, Nivia de Souza, Olympio Faissol, Peter Liu,
Rafaela Eugênia, Renato Manguela, Thomas N. Seyfried, Uronal
Zancan, Victor Sorrentino, Vitor Caruso Jr., Wilson Rondó Jr.

Revisão | Mahana Cassiavillani


Diagramação | Fernando Cruz
Capa | Fernando Cruz

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Sueli Costa - CRB8/5213)
A Verdade sobre o câncer: os ensinamentos dos
30 maiores especialistas em saúde integrativa
sobre prevenção e tratamento do câncer/elaborado
por Jolivi Publicações. - São Paulo : Jolivi
Publicações, 2020.
400p.

ISBN: 978-65-86323-01-6

1. Câncer 2. Câncer - Prevenção e tratamento


3. Medicina I. Título.
CDD-616.99

Índice para catálogo sistemático:


1. Medicina : Câncer 616.99

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As recomendações aqui apresentadas são embasadas em pesquisas
científicas de instituições renomadas. Porém, a Jolivi não apoia a
automedicação e a interrupção do tratamento sem o conhecimento
do seu médico. Sempre converse com o profissional de saúde de sua
confiança sobre qualquer questão relativa à sua saúde e bem-estar.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
Introdução................................................................................................................................8

PARTE I - A ORIGEM DO CÂNCER


Capítulo 01
A saída de 685 pacientes resistentes à quimio...........................................12

Capítulo 02
Toxinas ambientais e açúcar: vilões que a quimioterapia não mata....23

Capítulo 03
Odontologia biológica: nos dentes também está a raiz do tumor....34

Capítulo 04
O segredo de Hitler sobre a causa número 1 do câncer....................44

Capítulo 05
O que os chimpanzés ensinam sobre tumores e os cientistas não
aprendem................................................................................................................................48
Capítulo 06
Por que logo eu? As razões do adoecimento e as saídas para ele....58

Capítulo 07
Erro científico: Câncer não é só uma doença genética.........................96

PARTE II - ALIMENTAÇÃO ANTICANCERÍGENA

Capítulo 01
A lista essencial que derruba o câncer............................................................110

Capítulo 02
Terreno biológico: a causa secreta do câncer que a faculdade ignora....127

Capítulo 03
Plantas medicinais que reduzem até 99% os tumores.......................146
Capítulo 04
Como os nutrientes podem barrar o câncer (até os letais)................176

Capítulo 05
Cardápio anticâncer: simples e poderoso...................................................195

Capítulo 06
Intestino é a Polícia Federal contra o câncer.............................................205

PARTE III - VITAMINAS E SUPLEMENTOS


Capítulo 01
A vitamina anticâncer ignorada pela oncologia........................................222

Capítulo 02
50+: arsenal contra o câncer de próstata.......................................................242

Capítulo 03
Cannabis medicinal: efeito raio laser contra a bazuca tradicional...254

Capítulo 04
Óleos essenciais que aliviam efeitos tóxicos da quimio...................263

Capítulo 05
Garfo: a arma mais poderosa para vencer o câncer...........................275

PARTE IV - TRATAMENTOS PELO MUNDO

Capítulo 01
As lições da medicina chinesa para vencer o câncer..........................292

Capítulo 02
Os aprendizados da medicina indiana no adoecimento.......................307

Capítulo 03
Protocolo Banerji: a revolução homeopática no câncer...................316

Capítulo 04
Curas pelo mundo: o benefício da integração..........................................337
Capítulo 05
Ozonioterapia, os desafios para o Brasil aceitar a técnica.................358

PARTE V - CORPO E MENTE


Capítulo 01
O estresse que alimenta a metástase. Saiba como combatê-lo...368

Capítulo 02
Corpo-mente, a ligação para autocura...........................................................391

Capítulo 03
“Nenhum médico pode acabar com a esperança de cura”............404

Capítulo 04
O ambiente ácido que atrai o câncer (e o alcalino que o destrói).....418

PARTE VI - HISTÓRIAS DE SUPERAÇÃO


Capítulo 01
Os recursos da supersaúde para ter um corpo antcâncer.............444

Capítulo 02
Uma história da casa....................................................................................................457

Capítulo 03
Me curei na metade do tempo previsto e faço da minha vida um
exemplo.................................................................................................................................461

Capítulo 04
Eu sou um milagre e estou vivo graças aos meus estudos............474
INTRODUÇÃO

A cada dia, 1.643 brasileiros recebem um diagnóstico


de câncer primeira vez no consultório médico.

São quase 600 mil casos por ano. E, infelizmente, essa


curva ainda não deu sinal algum de que vai baixar.

Pelo contrário. Se nada for feito, a tendência é que haja


um aumento no números de pacientes de 78,5% até o
ano de 2040.

E, apesar dos grandes avanços obtidos na área da


oncologia e dos investimentos bilionários em novas
drogas e tratamentos, o fato é que estamos perdendo
essa guerra contra o câncer.

Então, o que mais podemos fazer para começarmos a


vencer nossas batalhas?

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer dos


Estados Unidos, a genética é responsável por apenas
5% a 10% dos casos de câncer.

Então, o que seriam os outros 90%, 95%?

Afinal, como e por que o câncer cresce, se espalha e se


multiplica?

Para responder a essas e outras perguntas, a Jolivi


reuniu 30 dos maiores especialistas em saúde natural
do Brasil e do mundo para trazer a público informação
de credibilidade que possa contribuir para evitar o apa-
recimento de um tumor, ou mesmo ajudar quem precisa
enfrentar essa doença a ter uma maior possibilidade de
sucesso e de qualidade de vida.
Este livro é o resultado de um trabalho intenso de toda
a equipe da Jolivi. Pela primeira vez, todas essas mentes
brilhantes estão reunidas em uma publicação para
tornar público novos caminhos de luz para essa doença
tão temida.

Hoje, já existem à disposição terapias naturais que vão


além da quimioterapia, da radioterapia e da cirurgia,
mas sobre as quais, infelizmente, você não ouve falar
muito nos consultórios médicos.

São novas abordagens terapêuticas que vêm ajudando


homens e mulheres, de diferentes idades e condições
de saúde e que podem também te beneficiar.

Todas as soluções aqui apresentadas foram estudadas


e pesquisadas por dezenas de instituições de ensino de
ponta, e acreditamos que são possibilidades que você
deveria ao menos conhecer.

Espero que com o livro nós consigamos cumprir nosso


objetivo de te mostrar que o câncer não precisa ser uma
sentença. Pode ser apenas uma palavra.

E que há sim espaço para que a esperança também


exista para quem cruzar com esse diagnóstico.

Boa leitura.
A ORIGEM
DO CÂNCER
PARTE I
Dr. José de Felippe Júnior

Médico pela Santa Casa de São


Paulo, é doutor em Fisiologia pela
USP e PhD em Ciências. É autor de
diversos livros de medicina, entre
eles o Oncologia Médica-Fisio-
patogenia e Tratamento. Na obra,
são relatados 685 casos clínicos de
pacientes que não responderam à
medicina convencional mas alguns
tiveram tumores regredidos com
as estratégias integrativas. O mes-
mo livro foi atualizado e traduzido
para o inglês como Integrative Medi-
cal Oncology.
PARTE i | A origem do Câncer

A saída de 685 pacientes resistentes à quimio

“Comecei a tratar vários pacientes que já tinham passado por várias


quimioterapias e não tinha nada funcionando, coitados. Quando eu
tirei as causas, os tumores regrediram”

Dr. José de Felippe Júnior

Meu nome é José de Felippe Júnior e me formei pela Santa Casa de


SP em 1970, tenho quase 50 anos de medicina. E fiz clínica médica.

Como todo menino que sai da faculdade, gostava de cuidar de doen-


ças graves. Então, queria mexer na gravidade da doença, interferir na
vida, ter aquelas responsabilidades de doentes muito graves.

Se parar de respirar você entuba; se parar o coração, você coloca um


marcapasso.

Eu me formei por essa via. E fiz a medicina intensiva, né? Só que não
existia especialidade de medicina intensiva. Então, o que eu fiz?

Eu fundei a Associação Brasileira de Medicina Intensiva. E eu ideali-


zei a primeira prova de medicina intensiva, apliquei e assinei os primei-
ros 800 diplomas de médicos intensivistas do Brasil.

A virada.

Só que chega uma hora que você pega doentes tão jovens, com in-
farto, com câncer, com tantas doenças e eu fiquei pensando: “acho que
está na hora de você pensar mais em uma prevenção de doenças do que no
tratamento delas”.

Aí, eu conheci o Dr. Guilherme Deucher, e ele trazia para o Brasil, às


custas dele, bioquímicos da Inglaterra, Austrália e de outros países.

Então, fui aprender a bioquímica aplicada à medicina. Eu já adorava


fisiologia e nos congressos eu vi muita coisa bonita de bioquímica

12
Capítulo 01 | Dr. José Felippe Júnior

Mas, nesse interim, logo que me formei, fui no Instituto de Ciências


Biomédicas da USP, fiquei lá cinco anos fazendo pós-graduação em
Ciências, fisiologia pura, para entender o que é uma célula normal. É
difícil saber o que é normal. Existem tantas variedades, os parâmetros
são tão variáveis.

Fiquei cinco anos estudando o que é uma célula normal, a fisiologia


normal, e fiz a tese de doutorado e me tornei PhD em Ciências.

Aí a Santa Casa me convidou para ser diretor do Departamento de


Fisiologia e eu aceitei.

Eram muitas aulas, não dava para estudar direito.

Por isso, eu saí de lá e fundei a Sociedade Brasileira de Medicina


Biomolecular. Aí o Conselho Federal de Medicina proibiu a medicina
ortomolecular.

Existiam três sociedades na época: a do Guilherme Deucher, uma


outra, de oxidologia, e a minha, recém-formada, pequenininha, era
peixe pequeno.

Eu fundei essa associação dentro da Santa Casa de SP. Então, em


vez de brigar com o CFM, eu fui dialogar com eles.

Em dois ou três anos de diálogo, conseguimos, eu e outros médicos


que estavam comigo, regulamentar a medicina ortomolecular e a bio-
molecular no Brasil.

Não é uma especialidade, mas estão regulamentadas.

O foco nas células e a descoberta.

E esse tipo de medicina cuida das células. É uma coisa muito bonita,
porque quando eu aprendi medicina, os meus professores ensinavam
a tratar de doenças.

Agora, não.

O que a gente faz: estuda o indivíduo, vê como ele está funcionando,


vê se há alguma coisa atrapalhando a vida dele e, mesmo sem doença,

13
PARTE i | A origem do Câncer

usamos algo para que ele se mantenha saudável.

Há 300 anos, houve a revolução industrial. E aí o planeta foi inunda-


do com metais tóxicos e substâncias químicas e isso não é falado em
faculdade. Também há os agrotóxicos. Tudo isso faz mal para a saúde.

E, olha que coisa linda, nós aprendemos, por exemplo, que não há
forma de diminuir uma próstata grande, só cirurgia.

Não, não. Errado. Se você tirar o metal tóxico, tirar o agrotóxico, co-
locar nutrientes em ordem, afastar alergia alimentar, cuidar das glân-
dulas, afastar zona geopatogênica, a próstata diminui.

A mesma coisa acontece com ateroma.

Ateroma (placa de gordura nos vasos) só com cirurgia. Não, não. Você
consegue mexer no ateroma, não pode estar calcificado, mas tem jeito
na fase inicial, na fase média.

Tenho fotos disso, de redução de ateromas. O que mais?

Fígado gorduroso, esteatose hepática.

“Ah, vai ficar com isso…”

Não, não vai ficar com esteatose não. Vamos tratar isso, vamos cui-
dar desse indivíduo.

A mudança de abordagem dos pacientes com câncer.

Bom, eu também recebia pacientes com câncer, e eu pensava: “meu


Deus do céu, como sofre esse pessoal”.
A quimioterapia é muito ruim e a eficácia é tão pequena.

Então, eu peguei aqueles cinco anos que fiquei estudando as células


normais, peguei tudo aquilo que eu tinha estudado, revi tudo, estudei
profundamente o que é uma célula normal e o que é uma célula neo-
plásica, transformada, que é o que chamam de câncer.

Cheguei à conclusão, e isso há 25 anos, de que câncer não são célu-


las malignas, são células doentes por alguma causa.

14
Capítulo 01 | Dr. José Felippe Júnior

E células doentes precisam de cuidado e afastamento da causa, não


extermínio.

Então, com isso na minha mente, eu comecei tratar com muito cui-
dado os pacientes.

Um estudo de professores de oncologia na Austrália, nos 20 tumo-


res de adultos sólidos mais frequentes, mostra que a quimioterapia é
eficaz em somente 2,1% dos casos.

É baixíssima a eficácia da quimioterapia. É baixíssima.

Mas é isso que eles têm. Não tem outro jeito.

Eles acreditam nisso, não fazem por maldade. Então continuou a


quimioterapia.

Mas, na minha avaliação, um dia vai acabar.

A quimioterapia está com os seus dias contados.

Quando você faz a cirurgia em alguém, você corta o indivíduo, tira o


tumor e o que vai acontecer? O organismo vai fazer substâncias para
cicatrizar, regenerar a ferida.

E aí o que acontece? A cirurgia, por causa disso que eu estou falando,


acorda metástases à distância. Então, até a cirurgia é perigosa.

Os meus pacientes de câncer de pâncreas que não fizeram cirurgia,


em grande parte tiveram bons resultados. Os que fizeram cirurgia,
acorda metástase à distância, no fígado.

Às vezes, até a biópsia piora porque acorda metástases à distância.


Mas a gente tem fazer biópsia, não tem jeito.

Agora, cirurgia? Muita gente não precisa de cirurgia.

Porque é a tal coisa, os médicos acham que esse é o problema: “ti-


rando esse (o tumor), tá resolvido. Mas esse aqui ficou (o terreno bio-
lógico intoxicado). Então, esse aqui (o tumor) volta”.

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PARTE i | A origem do Câncer

Tem muito dinheiro envolvido, bilhões de dólares, talvez até trilhões,


infelizmente.

Lembra que eu falei daquele trabalho feito na Austrália? Se ele tives-


se sido feito nos EUA, esses médicos seriam banidos da universidade.

A ciência está muito corrompida.

Os pesquisadores ganham royalties para fazer pesquisas. Se ele não


fizer pesquisa, ele não ganha. É difícil você ler o trabalho e acreditar
naquilo que está lendo, infelizmente.

São sofistas, sabe? São sofistas gregos voltando para a nossa era.

E infelizmente existe isso na medicina. Mas não são todos. Não são
todos.

Eu tenho muitos pacientes que faleceram durante a quimioterapia. E


ninguém é responsabilizado. O tratamento é esse, o protocolo é esse.
É isso que tem que ser feito. Paciência. Tem um efeito colateral, paci-
ência. É assim que o tema é tratado, de uma maneira muito irrespon-
sável.

Se você for pensar, nesse trabalho que eu falei para vocês, com 250
mil pessoas, que mostra que a quimioterapia citotóxica é eficaz em
apenas 2,1%, você ia responsabilizar todos esses laboratórios pela bai-
xa eficácia e pelo alto custo. É uma coisa séria. Seríssima.

Quando você faz a quimioterapia e trata a consequência, consegue


matar 90% dessas células. Aí a célula fica um tumorzinho. Você vai fa-
zer exame e ele nem aparece. Mas essas células, aquilo que sobrou, é
mais forte ou mais fraco?

Mais forte. Daqui um ano, volta. E volta bem forte. É por isso que
existe a recidiva.

Mesmo se você, com a quimioterapia, com a radioterapia, com a ci-


rurgia, conseguir tirar totalmente o tumor, mas não tirar a causa, ele
vai voltar.

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Capítulo 01 | Dr. José Felippe Júnior

Toda doença tem causa. O câncer também tem causa.

E 95% das causas são ambientais, está escrito nos livros.

Em um ambiente tão tóxico como o que nós vivemos, pensa bem:


uma paciente com câncer de mama.

Essa mama teve um contato ou com vírus, ou com bactérias, ou com


metais tóxicos, tipo mercúrio, chumbo, arsênico, níquel, ou agrotóxi-
cos, ou radiações…

Aí essa célula da mama sofre. Até entrar em um estado de quase


morte, olha só, quase morte.

Aí, forma-se o tumor. E nele tem os vírus, bactérias…

Onde que está o problema: no tumor ou nas causas? Eu, sempre


achava que era no tumor. Mas depois de tudo o que estudei, cheguei à
conclusão que o problema está nas causas.

Aí, comecei a tratar os pacientes que tinham passado por várias qui-
mioterapias, radioterapias, cirurgia e nada funcionava, coitados.

Então, eu tentei buscar as causas e tirar as causas. E nesses 20


anos, eu coletei: 685 pacientes com terapia convencional, que eu fazia
também. Não funcionou. Os tumores continuavam.

Quando eu tirei a causa, que alegria me deu, os tumores


regrediram.

Não todos, é claro que não, porque tem pessoas que já chegam num
estado muito ruim, muito no final, num ponto de não-retorno. Mas
para as pessoas que ainda mantinham o status quo, tirando a causa,
o efeito desaparecia.

Essa foi uma das maiores alegrias da minha vida.

Se você atende um paciente que não tem câncer, mas tem metal
tóxico, chumbo, mercúrio, arsênico e níquel ou agrotóxicos e tira todos
esses tóxicos, o que vai acontecer?

17
PARTE i | A origem do Câncer

Você vai diminuir o risco desse paciente ter câncer, vai diminuir o ris-
co de ele ter depressão (geralmente o chumbo dá depressão). Isso é a
verdadeira medicina preventiva, é aí que está a beleza dessa medicina.

Agora, se o paciente não tem nada além da presença de um metal


tóxico, você faz homeopatia, que quase não tem custos. Passa um fi-
toterápico, em quatro meses, você tem 70% a 80% de chance de tirar
esses metais, sem custo, usando homeopatia.

É uma coisa linda. Isso entusiasma. Sem custo.

Agora, se o paciente tiver câncer, colocamos remédio na veia para,


em um mês, tirar tudo isso do paciente.

Mas eu estou falando do mais importante: 40% dos meus pacientes


aqui de SP, classe média e média-alta, têm metais tóxicos no corpo.

E não têm câncer. Você dá homeopatia, tira o metal tóxico, tira o


agrotóxico, e diminui o risco. Estou dizendo que diminui o risco, não
que abole o risco. Abolir a gente ainda não consegue.

Mas vai chegar um dia que vamos conseguir.

Existem colegas meus que chegam para o paciente e dizem: “Seu


caso não tem cura. Não tem jeito. Você precisa fazer alguma coisa da
sua vida porque você vai ter três meses de vida.”

Tem pessoas assim, sabe, não são todos, não são médicos, né?

Como se chama uma pessoa que faz isso? Existe muita desinforma-
ção. A pessoa acha que se tem câncer vai morrer.

Imagina. Mentira.

Tem muita coisa a ser feita com o câncer.

Muita coisa a ser feita.

Primeira coisa. Não alimente o tumor com açúcar ou com alimentos


que se transformam em açúcar. Então, não coma: batata-inglesa, não
use mandioquinha, mandioca, não use abóbora.

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Capítulo 01 | Dr. José Felippe Júnior

As frutas, não coma muitas. Coma as frutas de baixa frutose. Papaia


pode comer dois, banana só três, manga só meia, frutas vermelhas à
vontade.

O tumor funciona com açúcar. Diminua o açúcar, tire o leite e o queijo.


A caseína alimenta o tumor. E tire as carnes, todas. A proteína vai vir do
grão de bico, do feijão, do ovo.

Coma bastante verduras, principalmente aquelas verduras que o


pessoal não gosta muito, brócolis, rabanetes, tem muita substância
antineoplásica nesses alimentos.

Faça exercício, 40 minutos por dia. Tome sol, por 20 minutos, das
11h às 14h.

Tome o sol que o dermatologista não gosta.

Os dermatologistas não querem que você tenha câncer de pele, mas


o câncer de pele aparece aqui, você vê e tira, não tem problema, câncer
de pele não mata.

Mas a falta de sol causa outros tipos de câncer. Então pegue sol,
fique vermelho. O sol não só vai produzir a vitamina D, mas vai te dar
fótons, os fótons do sol, a luz ultravioleta, que é antineoplásica, anti-
proliferativa.

Acorde os matatores de câncer com essas substâncias.

Quando uma célula sofre e começa a sobreviver, sabe o que ela faz
em primeiro lugar? Ela suprime genes, faz parar de funcionar genes
supressores de tumor.

Eu estou falando de epigenética. Então, a primeira coisa que aconte-


ce é a supressão de genes. O que deveríamos fazer em primeiro lugar
é acordar, reativar genes suprimidos.

Existem cinco substâncias que fazem isso: a curcumina, a genisteí-


na, o tanaceto partênio, o ácido gálico, que é o óleo de semente de uva,
e a silibinina.

Essas cinco substâncias acordam os genes. Elas demetilam e aceti-

19
PARTE i | A origem do Câncer

lam a zona CPG, que é a zona do gene que funciona. Então, uma das
primeiras coisas a serem feitas é acordar os genes.

Outra coisa é estruturar a água citoplasmática. Por que na resso-


nância magnética aparece imagem? Porque a água está desestrutura-
da, por isso que aparece na imagem.

Então, você estrutura a água, usa os nutrientes trimetilglicina, myo-


-inositol, taurina e silício para estruturar a água. Ou então um pool de
ânions monovalentes que se coloca na água. Junto com isso, eu peço
para a pessoa comprar pela internet uma garrafinha para hidrogenar
a água.

Não é só alcalinizar, é hidrogenar a água. O hidrogênio cuida da mi-


tocôndria. É o único antioxidante que você pode dar para um paciente
com câncer. Ele age lá na mitocôndria. A mitocôndria, funcionando,
produz mais energia, e o tumor vai desaparecendo devagarinho. Ago-
ra, tudo aquilo que eu utilizo tá escrito no PubMed, sabe?

O meu livro “Oncologia Médica: Fisiopatogenia e Tratamento” tem 8


mil referências bibliográficas do PubMed.

Não é do Google, nada disso. E tem que passar pelo meu crivo, viu?
Eu li uns 20 mil artigos, separei 8 mil.

Quando eu vejo uma coisa que funciona, no Japão, quero ver se tem
uma na Austrália. Tem que ter vários trabalhos mostrando a mesma
coisa. Aí eu uso.

É estafante, mas é gostoso, é um quebra-cabeça, eu gosto de que-


bra-cabeça. Desse tipo de quebra-cabeça.

É difícil, não é fácil não.

A “receita” do Dr. José de Felippe Jr.

Tudo o que eu uso é para não maltratar a célula, não fazê-la sofrer
mais. Quando você pára o sofrimento de uma célula e tira a causa,
essa célula morre sozinha em quatro meses.

Todos os meus pacientes, todos os cânceres de que eu cuido, se fun-

20
Capítulo 01 | Dr. José Felippe Júnior

cionar aquilo que eu dei, o tumor regride em quatro meses, apoptose,


sem inflamação.

Agora só para finalizar, eu queria trazer mais um ponto. No planeta


Terra existe uma rede eletromagnética de 2 metros por 2 metros e
meio. Chama-se rede de Hartmann.

Se a pessoa dorme num cruzamento, ela tem mais propensão de


ficar doente, inclusive câncer.

Se ela dorme embaixo de um rio, ele manda uma radiação e pega


o indivíduo lá do centésimo andar. Estou falando de radiestesia. Foi
difícil isso entrar na minha cabeça de bioquímico, fisiologista puro, mas
é importante.

Essa radiação despolariza a célula. E uma célula despolarizada é uma


célula que funciona mal. Às vezes o médico cuida das coisas mais ela-
boradas: a bioquímica, a fisiologia, as glândulas, os nutrientes, o tóxi-
co, a alergia alimentar. E ele se esquece desse pormenor, na verdade
esse pormaior, que é muito importante.

O Dr. Salvatore di Salvo, um grande radiestesista, ia na casa dos


meus pacientes com câncer. A cada dez pacientes com câncer que eu
tratei, sete dormiram num lugar assim, num cruzamento Hartmann ou
na passagem de um rio subterrâneo.

Ele ia na casa, fazia o teste e tirava a cama do lugar.

Eu li uma coisa num livro velho de radiestesia que dizia que, se você
colocar uma manta térmica de alumínio (que você compra em casa de
material de construção) embaixo da cama, embaixo do assento, do lu-
gar que você trabalha, você diminui o risco de câncer.

Isso é muito importante. Eu não dava importância para isso, mas


agora eu dou importância.

Para finalizar, anote.

Eu, livre docente em medicina intensiva e clínica médica, PhD em


ciências, professor de fisiologia, dou valor à radiestesia, campo eletro-
magnético produzindo doenças. Eu dou valor porque eu vi isso.

21
Dr. Fred Pescatore

Médico norte-americano especia-


lizado em nutrição e possui uma
clínica renomada em Nova York. É
autor dos livros best-sellers Feed
Your Kids Well (1998) e A Dieta dos
Hamptons (2004). Ele também
atuou como diretor médico do Cen-
tro Médico Atkins do Dr. Robert
Atkins.
Capítulo 02 | Dr. Fred Pescatore

Toxinas ambientais e açúcar: vilões que a quimioterapia não mata

“Quero chegar ao câncer antes de ele se formar,


em vez de esperar você tê-lo para então tratá-lo”

Dr. Fred Pescatore

Minha história com a medicina integrativa.

Eu já clinico há 30 anos. E trato câncer há 30 anos de forma alterna-


tiva. Estou prestando atenção a isso há muito tempo.

E minha maior crença na medicina é: como você pegou isso?

Não como consertamos, mas vamos descobrir como você pegou e,


assim que descobrirmos, vamos consertar. Isso vale para tudo: diabe-
tes, doenças do coração, síndrome do intestino irritável.

Tudo. Como você pegou? Por quê? O que está acontecendo?

Então, você conserta. É por isso que posso diferir quando penso
como o câncer se forma, porque quero chegar ao câncer antes de ele
se formar em vez de esperar que ele apareça para tratá-lo.

O que está acontecendo é que temos muitos motivos pelos quais as


pessoas têm câncer.

Por exemplo, temos uma tonelada de químicos em nossa socieda-


de. Provavelmente, quando eu nasci, eu talvez tivesse 10 químicos em
meu cordão umbilical, que vem direto da mãe.

Agora os recém-nascidos têm 795 químicos no cordão umbilical. Eles


foram expostos a 795 químicos antes mesmo de nascer.

E esses são apenas os químicos que podem cruzar a barreira da pla-

23
PARTE i | A origem do Câncer

centa. Então, há muito mais a que eles foram expostos.

Desde o início, as pessoas são expostas a químicos tóxicos. Depois,


você pode acrescentar todas as outras toxinas: poluição da água, do ar,
tudo o que você puder imaginar. Os alimentos que consumimos estão
envenenados.

Pelo menos nos Estados Unidos, tudo é modificado geneticamente,


cheio de pesticidas e herbicidas. Estamos comendo todas essas coisas.
Não importa o que você faz. Se você é vegano e só come vegetais, você
ainda terá todas essas toxinas que colocamos nos alimentos para que
eles cresçam mais rápido.

Isso sem falar da quantidade de açúcar que as pessoas consomem.

Açúcar está implicado em treze tipos de câncer.

O americano médio ingere 33 colheres de chá de açúcar por dia. São


69 quilos de açúcar por ano.

Apenas essa única toxina é suficiente. Diabetes influencia no câncer.


Obesidade influencia no câncer. Entre todas as toxinas e o ar, tudo o
que usamos para limpar a nossa mesa, a tela de nosso computador,
nossas roupas, os químicos de lavagem a seco.

Tudo no carro, esses cheiros novos de carros. Tudo isso. Plástico.

Plástico é cancerígeno.

Estamos em contato com cancerígenos em todos os momentos de


nossas vidas.

O padrão utilizado pelos oncologistas.

A maioria dos oncologistas tradicionais praticamente usam um livro


de receitas. “Se você tem X, então faz Y”.

E esse não é necessariamente o caso agora porque temos tantos


tratamentos diferentes: imunoterapias, quimioterapias, radiação. Es-
tamos aprendendo e tentando refinar nosso caminho.

24
Capítulo 02 | Dr. Fred Pescatore

Além disso, há tantas outras opções na medicina holística e integra-


tiva que muitas pessoas estão escolhendo porque veem seus amigos
tendo câncer e perdendo o cabelo, se sentindo mal, ficando miseráveis
e acabando morrendo.

O medo do câncer.

Acho que medo é o motivo pelo qual o câncer está no pensamento de


todos. Porque as pessoas acham que vão morrer por causa da doença.

Só que isso não precisa acontecer.

Como disse, estamos buscando rapidamente novas maneiras de tra-


tar os pacientes porque sabemos que o que estamos fazendo não está
funcionando, já que não mudamos realmente o período de sobrevida.

O que estamos fazendo é descobrir o câncer mais cedo.

Há cinco anos, nós teríamos encontrado o câncer, então você teria


cinco anos de sobrevida. Se fosse há oito anos, então você tem uma
sobrevida de oito anos. Isso não aumentou. Só aumentou quão cedo
estamos encontrando o câncer.

Por que os tratamentos convencionais falham.

Os tratamentos convencionais fracassam porque são muito velhos.

Não tivemos um sucesso estrondoso em remédios. Isso não acon-


teceu.

Há alguns - não me entenda mal - alguns exemplos de câncer que


reagem bem. São o câncer de testículo em homens, alguns linfomas e
algumas doenças da tireoide.

Há certas coisas que podemos consertar e que são curáveis por qui-
mioterapia convencional. Com certeza, isso deve ser feito.

Há certos casos em que há 99% de chances de cura. Então, é claro,


faça isso.

Eu concordo que você deve fazer isso. Mas não são todos os tipos de

25
PARTE i | A origem do Câncer

câncer que reagem bem a essa terapêutica.

É claro que você também deve fazer coisas para que seu sistema
imune fique saudável.

A maioria de nós está produzindo células cancerígenas no corpo. Isso


significa que o câncer acontece de qualquer maneira, todos os dias.

A cada minuto de cada dia, nós estamos produzindo células cancerí-


genas, mas temos um sistema imune que as “comem”. É como o pac-
-man, come todas as células ruins, se livra delas.

Se você interferir no mecanismo que “come” as suas células de cân-


cer como o pac-man, aí o problema surge. Mas o fato é que muitas
dessas toxinas que mencionei interferem no processo, são perturba-
doras endócrinas.

Elas interferem no nosso sistema endocrinológico, o que, por sua


vez, interfere em todos os outros sistemas hormonais que existem
para manter nossa genética funcionando, para manter nossos telôme-
ros seguros e fortes.

Combatentes naturais contra o câncer.

Há antioxidantes em nosso corpo que existem para tirar essas células


prejudiciais que formam o câncer. É por isso que é tão importante que
prestemos atenção a coisas como o que estamos comendo, quanto
estamos dormindo, o que estamos fazendo para controlar o estresse,
quanto estamos no exercitando, que suplementos estamos tomando.

Há uma diversa gama de coisas que podemos fazer para nos man-
termos saudáveis e, assim, para que as células de câncer não assu-
mam o controle.

Não é como um resfriado, uma gripe ou vírus.

Você não pega câncer de outra pessoa, você não vai pegar câncer.

É só o fato de que suas células e seu corpo não estão cumprindo


seu dever de se livrar dele. O que precisamos fazer é preparar nossas
células e nossos corpos para serem tão pró-ativos quanto podem na

26
Capítulo 02 | Dr. Fred Pescatore

remoção de células cancerígenas que possam estar se formando em


nosso corpo.

Herança dos ancestrais (que não tinham câncer).

O jejum já provou que aumenta o tempo de vida. Sou um grande in-


centivador e tenho falado sobre isso por toda a minha carreira.

Por isso estou tão feliz de que estejamos nessa onda do jejum inter-
mitente. É uma febre nos Estados Unidos, tenho certeza de que tam-
bém já chegou ao Brasil.

As pessoas só comem por seis horas ao dia. E acho que isso é muito
útil.

Nós tendemos a comer demais. Quando você come demais, seu cor-
po libera muita insulina, então você tem muito açúcar.

Se você pensar nos neandertais e nos nossos ancestrais, nós fomos


feitos para comer muito em um momento e não comer por alguns dias
porque não encontrávamos comida.

Ou não conseguíamos matar a comida. Tínhamos que comer o que


encontrássemos em uma árvore ou algo do tipo.

E, então, quando matávamos um animal, seria essa grande coisa que


comeríamos porque nós não podíamos estocar comida. Nós não sabí-
amos como preservar a comida. E é assim que a nossa genética deve
ser.

É por isso que acho que a dieta cetogênica funciona tão bem na pre-
venção e no controle do câncer. A maioria das células de câncer depen-
de da glicose para seu metabolismo.

Se você corta o fornecimento de glicose, está cortando seu combus-


tível. E nosso cérebro prefere trabalhar em corpos cetogênicos, que são
o que é produzido em uma dieta cetogênica. É por isso que se chama
cetogênico.

E nosso cérebro pode funcionar muito bem em corpos cetogênicos.


E trabalha melhor em corpos cetogênicos, que é uma forma melhor de

27
PARTE i | A origem do Câncer

energia para nosso cérebro. Enquanto nosso cérebro está funcionando,


nosso corpo está funcionando.

Basicamente, estamos tentando matar as células cancerígenas de


fome em sua fonte. E você pode fazer isso tirando o açúcar. É por isso
que as maneiras alternativas de ver as coisas é dar remédios de diabe-
tes, como a metformina.

Muitas pessoas nos Estados Unidos usam a metformina como um


remédio antienvelhecimento porque ele diminui a incidência de diabe-
tes e a incidência de câncer.

Há muitos suplementos nutricionais que damos às pessoas, como


berberina e cromo e todos os tipos de produtos de controle do açúcar
no sangue.

Fazemos tudo isso para controlar o açúcar no sangue porque sabe-


mos quão importante isso é quando se trata de deixar o câncer sob
controle.

O objetivo, se você tem câncer ou não, é matar suas células de câncer


de fome. Então você precisa fazer tudo o que puder para matar suas
células de câncer de fome.

Se livrar do açúcar, tomar remédios para diabetes, esse tipo de coisa


realmente ajuda.

E o que estamos começando a entender é o mecanismo em cascata


de como o que chamamos de mitogênese e de como as células se di-
videm.

Certamente, há cânceres que são genéticos. Não vou negar. Eles


existem.

E genético não significa que certamente você os terá, mas que você
terá pré-disposição.

Então essa coisa com BRCA2 e mulheres tirando seus seios e fazen-
do histerectomia é uma histeria. É uma loucura.

Quando você pensa em genética, há um pensamento sobre genética

28
Capítulo 02 | Dr. Fred Pescatore

que é: a semente tem que cair em solo fértil.

Se a semente cair na areia, não vai crescer. Mas, se a semente cai


num lugar cheio de toxinas, se o sistema imune não está bom, é claro
que ela vai crescer e ficar lá.

‘A medicina não quer saber o que eu faço’.

O fato é que a oncologia tradicional não quer saber o que eu faço e


isso realmente me incomoda.

Com exceção de uma paciente. E aconteceu recentemente. Em de-


zembro. Eu tinha uma paciente com câncer incurável. E ela está ótima.

Ela é minha paciente há dois anos. Ela vê o outro médico, faz quimio-
terapia de vez em quando.

E ele finalmente disse: eu quero falar com seu outro médico, eu quero
saber o que ele está fazendo porque você é minha única paciente que
viveu tanto assim.

Então fale com ele porque eu gostaria de indicá-lo. Ou pelo menos


que ele me ensinasse o que está fazendo para que eu possa ter o mes-
mo sucesso.

Eu disse: finalmente, alguém quer saber o que estou fazendo por es-
sas pessoas. E não apenas dizer: vá em frente, faça seu vodu, mas não
quero saber disso.

Esse é o tipo de atitude que eu enfrento todos os dias nos


Estados Unidos.

A indústria médica tradicional coloca tanto medo em você, que, as-


sim que você tem câncer “ai meu Deus, ele deveria ter sido removido
ontem”.

Talvez não. Se eu tenho hoje, eu tinha ontem e provavelmente tinha


há três semanas.

Provavelmente, eu posso pensar por algumas semanas até que deci-


da o que realmente quero fazer, quais são minhas opções. E encontrar

29
PARTE i | A origem do Câncer

o melhor tratamento que funcione.

Eu acho que a primeira coisa que se deve fazer é não entrar em pâni-
co. Você começa a pesquisar quem está fazendo o quê, o que hospitais
estão fazendo. Pergunte por aí, não corra para qualquer tratamento.

Use o Google, comece a ver o que está acontecendo no mundo. Des-


cubra que remédios o médico quer te dar, qual a duração, qual o suces-
so do tratamento.

E, principalmente, qual o tempo de sobrevida. Se eu tomar esse re-


médio, vou viver mais um dia?

Porque isso é o que realmente importa. Se o seu tumor encolhe, mas


você não vive mais um dia, quem liga?

Você precisa viver mais um dia.

Então, a lição número um é “googlar” seu médico e fazer a lição de


casa.

Faça as perguntas certas. Há toneladas de plataformas de pacien-


tes que se comunicam. E isso é lindo porque metade das vezes esses
pacientes chegam e sabem mais do que eu, o que é ótimo porque eu
aprendo com eles.

Esse é o passo número um: faça sua lição de casa e fale com seus
médicos de forma firme, não tenha medo de segundas e terceiras opi-
niões porque é sua vida em jogo. Não aceite a palavra de apenas um
médico.

A segunda coisa a fazer é mudar radicalmente sua dieta. Vá para


casa, se livre de açúcar e de tudo o que se transforma em açúcar.

Estamos falando de carboidratos simples, pães, massas, o que vo-


cês comem tradicionalmente, muitos dos feijões se transformam em
massa. A não ser que você seja vegano, então essas são suas formas
de proteína e tudo bem.

Essa seria a regra número dois.

30
Capítulo 02 | Dr. Fred Pescatore

Tente se livrar de quaisquer toxinas conhecidas em sua dieta. Por


exemplo, não use desodorantes com propilenoglicol, alumínio e para-
benos e sulfatos. Preste atenção a todas essas coisas em seu ambien-
te.

Isso automaticamente muda sua dieta. Por que só se livrar do açúcar?


Porque as pessoas têm medo, então eu não quero dizer: aqui estão as
45 coisas que você precisa fazer. Eu tento construir isso gradualmente.

Livre-se das bebidas doces, depois, livre-se dos sanduíches. Você


constrói gradualmente com o tempo o que os pacientes precisam fazer.

Número três é encontrar alguém com quem você possa trabalhar,


que possa te ajudar com a suplementação nutricional que você deve
fazer, que possa aumentar a eficácia da quimioterapia e da radiação ou
possa tomar seu lugar em alguns casos.

Você realmente precisa encontrar um bom médico.

Com a beleza da internet, eu cuido de pacientes de todo o mundo, o


que é ótimo.

Então eu uso o Skype, o Facetime e temos nossas visitas e falamos


sobre o assunto. Porque há tantas informações nutricionais.

Não sei no Brasil, mas nos Estados Unidos há informações nutricio-


nais em todos os lugares.

Então a terceira regra seria encontrar alguém que você conhece e em


quem pode confiar, e essa pessoa vai te orientar na sua suplementação
nutricional.

Suplementação nutricional é 100% importante no combate ao


câncer.

Nós chamamos de medicina integrativa porque integramos os dois


mundos para criarmos um mundo melhor.

Alguns médicos europeus o fazem com muito sucesso, e eu aprendo


com eles.

31
PARTE i | A origem do Câncer

“O que você faz?”

Você faz uma quimioterapia de menor dose, suplementa com vitami-


na C e outras coisas.

Então você junta tudo para criar algo melhor para o paciente. Não
são coisas que vão entrar em choque, porque queremos que elas se
complementem.

Não acredito que as pessoas necessariamente têm que desistir da


quimioterapia ou da radiação.

Às vezes, elas sentem que não precisam delas, mas se as deixam


mais confortáveis, e isso é o que digo a todos os meus pacientes com
câncer, só você e sua família podem tomar uma decisão que te deixe
confortável.

E o que te deixar mais confortável, te dará a vontade de sobreviver.

Basicamente, sobreviver a tudo vem da nossa mente, do nosso


cérebro.

Nosso cérebro e todo nosso corpo precisam estar preparados para


lutar e fazer tudo isso. Por isso acho que é muito importante que o que
quer que você escolha para a prevenção do câncer e para seu trata-
mento seja algo em que você realmente acredite.

Porque, quando você sente e acredita e tem fé de que vai funcionar,


vai funcionar.

32
Dr. Olympio Faissol

É dentista da medicina integrativa


pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). Fez pós-graduação
na Universidade de Georgetown,
nos EUA. Sua carreira é marcada
por estudos e descobertas sobre
os perigos da utilização indiscrimi-
nada da fluoretação da água e de
flúor, os efeitos do mercúrio sobre
o organismo humano e o apareci-
mento do câncer. Tem experiência
em pacientes oncológicos.
PARTE i | A origem do Câncer

Odontologia biológica: nos dentes também está a raiz do tumor

“Acho que estamos agora numa era em que vai haver um enorme
clash, um choque, entre a odontologia e a medicina que a gente espera
que seja para o bem”

Dr. Olympio Faissol

O dentista do presidente Getúlio Vargas.

Meus pais eram ambos dentistas. Minha mãe era enfermeira do meu
pai. Lá em Ituiutaba. Estado de Minas Gerais. No triângulo mineiro. E
papai tratava todos os pacientes, da fazenda, da cidade da mesma
maneira.

Sempre fazendo as coisas com capricho fora do comum, um capricho


de relojoeiro, de joalheiro.

Um dia, foi trazida uma paciente de 14 anos para meu pai examinar.
E ela tinha um número grande de obturações de amálgama.

Amálgama é uma liga de pó de prata com mercúrio, que eram feitos


lá na fazenda, lá nas vilas, quando ainda não tinha um dentista.

Vendo aquilo, ele achou muito feio.

Ela estava com a gengiva muito inflamada, ele retirou todos os amál-
gamas e colocou restaurações de ouro 22.

Dois meses depois, o pai voltou à cidade — a fazenda era a mais 60


quilômetros da cidade — para dizer a meu pai que a filha estava cura-
da, que ela já estava há mais de anos com diagnóstico de leucemia.

Na época, eles não chamavam de leucemia. Era doença do sangue.


“Ah, Doutor, ela tinha uma doença no sangue e depois que ela tratou
com o senhor, ela se curou. Ela ficou boa.”

34
Capítulo 03 | Dr. Olympio Faissol

Meu pai só então percebeu que curava todo mundo.

As pessoas iam nos médicos e não adiantava nada. Chegavam no


consultório, se curavam. Ele curava uma coisa que aparentemente não
tinha a ver com a boca.

Isso despertou a curiosidade dele.

Ele clinicou por mais uns 20, 30 anos até eu ir para os Estados Uni-
dos.

Quando ele atendeu o presidente Vargas por recomendação de um


dos ministros conhecido do papai, ele curou o Getúlio Vargas.

Getúlio Vargas tinha uma discrasia importante, discrasia sanguínea,


que eles suspeitavam ser leucemia, mas ainda nem tinha terminado o
diagnóstico, naquele tempo era tudo muito devagar, em 1950.

Antes de eles terminarem todos os exames e diagnósticos, o presi-


dente já estava curado.

Foi quando o presidente perguntou o que poderia fazer pelos meus


pais, que tinham ajudado tanto.

Quero uma bolsa de estudos para os meus filhos. Fui para Washing-
ton e meu irmão para Nova York. Minha irmã foi para o Alabama.

Como deve ser o tratamento do futuro.

Eu acho que estamos numa época em que vai haver um enorme cho-
que entre a odontologia e a medicina.

Espero que seja para o bem, que seja para gerar uma associação,
uma união de interesses em que o médico vai ajudar o dentista e o
dentista vai ajudar o médico a detectar a origem da doença.

A origem da maioria das doenças começa na boca.

Quando você trata um dente, ou cinco dentes ou dez dentes. Tem


pacientes que sobreviveram 20 ou 30 anos depois de canais tratados
porque eu fui fazendo a odontologia necessária para plugar os pontos

35
PARTE i | A origem do Câncer

abertos de invasão do organismo. Esse é um tipo de odontologia que


vem aí nas próximas décadas.

Eu acho que cada passo da medicina leva em média um século.

Quando você corta a ponta do nervo, pela ponta seca do nervo co-
meçam a entrar toxinas, toxinas na boca inteira. Você coloca spray de
barata na sala, você respira aquele negócio.

É uma química, e ela vai pelas mucosas. Se tiver porta aberta, ela
chega a órgãos vitais. A maioria dos pacientes com válvula do coração
defeituosa estão em uma segunda etapa do dente infeccionado.

Câncer não é só o dentista que vai resolver. É uma equipe


inteira.

Tem que ser uma equipe olímpica. Uma equipe de nível de Olimpíada.
Tem que ser o melhor médico, o melhor dentista, o melhor neurologis-
ta, o melhor virologista.

Agora o câncer tem um fator complicador que é a alimentação.

Se você já fez um tumor embaixo do braço, no pulmão ou no fígado,


é um alarme geral. É um blecaute do organismo.

É como se Londres começasse a ser bombardeada. Tocam-se todos


os alarmes, apagam-se todas as luzes porque vem aí um ataque aéreo.
Quando a pessoa manifesta um câncer ela tem que parar e examinar
tudo, dos dentes aos nervos do cérebro.

A avenida errada.

Sobre a quimioterapia, eu acho que é uma avenida errada porque um


organismo que já mostra sinais de falha não pode ser intoxicado.

Você não cura com intoxicação. Pode até apagar os sintomas do cân-
cer, pode até diminuir o tumor, mas você mata mais depressa.

Peço perdão aos colegas médicos que não tiverem a percepção ne-
cessária para entender.

36
Capítulo 03 | Dr. Olympio Faissol

Já estamos em fase de reorganização do conhecimento médico/


odontológico através das academias.

Tem academia internacional de medicina oral e toxicologia, que está


trabalhando em toxicologia e em medicina ao mesmo tempo.

Tem a academia de medicina integrativa com dentistas, médicos,


físicos.

Há um omelete de técnicos em formação, e vamos ter centenários


muito saudáveis, nosso objetivo não é só ter centenário, mas fazer a
fonte de centenário saudável.

Desconhecido por 85% dos dentistas.

Em 1972, meu professor foi convidado a dar uma aula no 15º con-
gresso mundial de odontologia. Era um salão com 1.200 dentistas do
mundo inteiro.

Tiveram as conferências, eu dei as conferências atreladas ao assun-


to do meu professor, que era aparelho de precisão para a boca. E apro-
veitei e enfiei a minha aula de mercúrio.

Essa aula com 1.200 dentistas do mundo inteiro chamou muita


atenção porque era um tema controverso pelo menos porque as obtu-
rações de mercúrio eram as coisas mais comuns, 85% dos dentistas só
faziam obturações de mercúrio.

O mercúrio inibe mais de 300 reações dentro do sangue, dentro dos


seus órgãos.

É como se você, numa cidade com mais de 300 bairros, entupisse


todos os ralos de esgoto. É um caos.

O mercúrio evapora na boca, é um metal que emite vapores a 32


graus.

Nós estamos a 36 graus. Então, sem fazer nada, só de ter uma obtu-
ração de mercúrio na boca, já há a evaporação de gás de mercúrio. Ele
atravessa mucosas como se fosse uma bruxa feiticeira.

37
PARTE i | A origem do Câncer

Não tem barreira que pare o mercúrio.

Ele reage com a gordura da capa das células exatamente como o


coronavírus.

O coronavírus tem uma capa de gordura com espículas e, onde tiver


gordura, ele gruda. Através da gordura, ele penetra na célula, vai até
seu núcleo e começa a fazer a replicação da célula carregar o DNA ou o
RNA dele, o que contamina todo o resto.

O mercúrio faz a rachadura no dique da represa.

O dique da célula é uma capa de gordura, o epitélio da célula é uma


capa de gordura.

Qualquer coisa que reaja com a capa de gordura, gruda na célula e in-
terfere no metabolismo. O mercúrio, muito pior do que o coronavírus,
reage com 300 substâncias.

Ele entra no citoplasma da célula e reage na mitocôndria.

A mitocôndria é a organela da célula, que converte o oxigênio em


energia para que ela funcione.

Então ele entra na capa da célula, reage com 300 substâncias e pa-
ralisa tudo.

A pessoa não morre na hora porque arruinou uma célula, tem outra
na produção. É igual uma fábrica de automóveis: está sempre fabri-
cando.

Se faltar insumos, chega uma hora que não se pode fabricar mais. Aí
a pessoa adoece.

Se continuar faltando ou destruindo mais depressa do que constrói,


entra em deficiência.

É um mecanismo de raciocínio muito interessante porque é como se,


de repente, você parasse a indústria da aviação porque não tinha mais
alumínio, não tinha mais aço, não tinha mais borracha.

38
Capítulo 03 | Dr. Olympio Faissol

No caso do mercúrio, ele interfere com 300 fontes de matéria-prima


ou de nutrientes para os vários tecidos.

É um veneno universal.

O vírus, por exemplo, assim como tem um veneno químico, tem o


veneno biológico. O vírus não é uma coisa viva, ele é uma partícula
proteica que tem a capacidade de invadir a célula.

O mercúrio invade 300 vezes mais do que o vírus.

Então, quem tiver uma obturação de mercúrio, tem que parar tudo
e ir tirá-la. E tomar todas as vitaminas necessárias para desintoxicar
o organismo.

Porque assim como ele está no dente, ele evapora e vai para o cére-
bro, vai para o fígado e vai para o rim, vai para o busto. Ele armazena
e deposita e age como os galhos, o lixo, as coisas que descem o rio
acabam represando numa curva.

Torna uma barreira que, quando rompe, inunda tudo.

O câncer tem centenas de vias pelas quais pode desencadear uma


hipertrofia a nível celular a ponto de consumir tanta energia, tanto nu-
triente, tanto metabólico necessário para a sobrevivência que produz
mais gasto de energia e consumo de matéria-prima do que a pessoa
fabrica.

Esse é o câncer.

Se você tiver apenas uma refeição por dia, por 30 dias, no final pro-
vavelmente você vai estar com uma deficiência.

A deficiência orgânica é quando a célula não tem mais matéria-pri-


ma para continuar fazendo a divisão celular que produz tecido novo.

Tem vídeos mostrando que o tóxico começa por desencapar os ner-


vos, ele ataca a bainha dos nervos, a mielina.

A roupa da célula, a mielina dos nervos, a capa isolante, é igual a um


fio. O fio não é só o cobre no meio, ele tem um isolante, senão a ener-

39
PARTE i | A origem do Câncer

gia se dissipa. O isolante do nervo é mielina.

O mercúrio destrói a mielina, assim como um vírus pode destruir a


mielina. Tem paralisia infantil porque interrompe o trânsito do impulso
nervoso, dissipa, vaza.

O câncer é o acúmulo de déficit metabólico.

As células começam a roubar uma das outras até que o sistema não
se mantém.

Quando uma célula nervosa não conduz mais o impulso elétrico, a


pessoa começa a ter sintomas de disfunção nervosa.

Quando ela invade a medula óssea, por exemplo, e interfere no me-


tabolismo dos glóbulos vermelhos, dos glóbulos de sangue, você co-
meça a ter um desvio ou uma lentidão no transporte de oxigênio.

A hemácia carrega o oxigênio a nível molecular o ferro, o mineral


principal da hemácia.

O ferro oxida e transporta oxigênio para distribuir nos tecidos. Se a


hemácia for contaminada por mercúrio, ela não transporta mais oxi-
gênio.

Se faltar oxigênio, se for uma gota de sangue, são cinco milhões de


células vermelhas.

Se for um litro de sangue, é diferente.

Se você tiver um sangue todo contaminado por mercúrio...

Às vezes, um diagnóstico é tão fácil que você tira uma gota de san-
gue põe num microscópio, vê a aglutinação de hemácias.

Gruda uma na outra querendo roubar o oxigênio.

Então você começa a fazer coágulos, você pode fazer infoco numa
válvula do coração.

Quando você extrai o dente, o osso cicatriza e o problema pára ali.

40
Capítulo 03 | Dr. Olympio Faissol

É um defeito, mas o problema parou ali. Quando você tira um nervo


de um dente, você tira o nervo de dentro do dente, mas os terminais
que ficam dentro da maxila, da mandíbula, ficam ali.

Nessa ponta cega de um nervo entra tóxico, entra mercúrio, entra


bactéria.

Dependendo do nível, o número de nanômetros, do tamanho da in-


terrupção do nervo, você pode desenvolver uma nevralgia de trigêmeo.

Muitos médicos não conseguem curar esse problema porque é in-


terno, dos canalículos nervosos formados pela interrupção da vida do
dente. Você tira o nervo de dentro do dente, ele para de doer.

Você apaga a luz daquele dente, mas você o desconecta do nervo.

Tem dois nervos na cabeça do homem, sãos os nervos trigêmeos,


que distribuem enervação para a parte facial, para parte maxilar, para
a parte mandibular.

Tem gente que tem 10 dentes de canal tratado. São 10 hidrovias


ou 10 ciclovias que vão carregar toxinas e vírus para o resto do corpo
humano inteiro.

Eu diria que talvez seja o pilar mais importante porque a pessoa


nasce e desenvolve 32 dentes. Então você tem aí 32 portais de adoe-
cimento.

E sabe de outra coisa? Ninguém fala isso porque quando você entra
num estudo, os caminhos se desviam em várias direções.

Eu tomo duas colheres de sopa de óleo de coco toda manhã.

A fórmula da pasta de dente.

Já está a caminho a formulação de novas pastas de dente sem flúor


e com os nutrientes e com os enxaguantes que limpam os dentes sem
causar a absorção, a nível molecular, de coisas que podem ser tóxicas
e se ligar ao esmalte do dente.

A força do esmalte do dente para as crianças de três anos em diante,

41
PARTE i | A origem do Câncer

está numa dieta rica em frutas, verduras, coisas da natureza que não
são capazes de fermentar e produzir ácido na boca.

Uma vez contaminado o nervo, o problema fica exponencialmente


mais complexo.

Então, certamente qualquer pasta de dente que contenha cúrcuma,


que contenha óleo de coco, abrasivo molecularmente mais frágil que
o cristal.

Se você usa um abrasivo para limpar os dentes, você começa a pro-


vocar desgaste nos dentes. Aí abriu a porta, entra o fermento.

O principal fermento que produz cárie é o açúcar depois vêm as ou-


tras coisas, por exemplo, o cigarro que perturba e faz uma vasocons-
trição e começa a dar doença periodontal.

O ataque aos tecidos do corpo humano entra por muitas portas. En-
tão é importante.

Eu sou a favor de todos os produtos naturais porque a natureza in-


ventou o mundo milhões de anos antes de aparecer o homem.

Então eu sou todo por uma alimentação natural. Tanto em termos de


higiene humana, como em termos de nutrição humana.

42
Dr. Carlos Schlischka

É médico pela Universidade Federal


do Triângulo Mineiro. Pós-gradua-
do pela Universidade de São Paulo
(USP) e especializado em acupun-
tura e adequação hormonal. Fez
17 pós -graduações nas áreas de
nutrição, medicina ortomolecular e
qualidade do sono. Atua com ênfa-
se na saúde do homem e na medi-
cina regenerativa.
PARTE i | A origem do Câncer

O segredo de Hitler sobre a causa número 1 do câncer

“Dinheiro em tratamento sem resolver a causa


é assistir bilhões irem pelo ralo”

Dr. Carlos Schlischka

Existiu um gênio alemão, médico e fisiologista de origem judaica,


que não somente conseguiu sobreviver ao nazismo, como também
obter uma projeção muito grande nos meios acadêmicos na Alemanha
nazista.

Seu nome era Otto Warburg.

Warburg investigou o metabolismo celular, o metabolismo dos tu-


mores e os processos de respiração celular.

E, em 1931, recebeu o prêmio Nobel por suas pesquisas relaciona-


das às enzimas que participam do processo de respiração celular.

Quando os nazistas assumiram o poder, os judeus e seus descen-


dentes foram obrigados a abandonar os seus postos profissionais.
Warburg tinha uma mãe protestante e um pai de origem judaica.

E, embora proibido de ensinar, ele foi autorizado a continuar suas


pesquisas.

Uma questão muito controversa e enigmática é como Warburg pôde


continuar trabalhando e pesquisando em Berlim, embora muitos dos
seus colegas tenham sido expulsos da Alemanha, ou presos.

O medo de Hitler.

Porque Hitler, na época, foi acometido de um pólipo, que é tumor


benigno da cordas vocais, e Hitler era um “cancerofóbico”, isto é, ele

44
Capítulo 04 | Dr. Carlos Schlischka

tinha fobia de câncer.

Como ele sabia da genialidade de Warburg, conseguiu com que ele


fosse reconduzido ao seu cargo para dar continuidade às suas pesqui-
sas e talvez descobrir a cura para o câncer.

Nas suas pesquisas, Warburg levantou a hipótese de que o processo


de obtenção de energia pelas células cancerosas se dava na presença
da quebra da glicose na ausência de oxigênio, um processo de fermen-
tação com a produção de lactato.

Ou seja, através da respiração anaeróbica, respiração na ausência de


oxigênio.

Isso significa, traduzindo em miúdos, que, segundo a sua teoria, o


câncer não precisa de oxigênio para se manter.

Essa teoria contrasta com o modo do metabolismo das células sau-


dáveis, que quebram a glicose para produzir energia na presença de
oxigênio.

Portanto, segundo Warburg, o câncer seria devido primariamente a


uma disfunção mitocondrial, isto é, uma alteração do modo de produ-
ção de energia pelas mitocôndrias, que são as usinas produtoras de
energia das células.

Excluído da faculdade de medicina.

Pode parecer absurdo, mas eu nunca havia ouvido falar de Warburg


e de suas pesquisas durante o meu curso de Medicina.

Isso porque a indústria bebe de uma fonte inesgotável de renda. Mas,


se as pessoas descobrirem as causas reais do câncer, essa fonte seca.

Várias revisões recentes do metabolismo das células cancerosas


conseguiram correlacionar essas ideias de Warburg ao metabolismo
atual do câncer de uma maneira geral.

Isso foi muito importante para o desenvolvimento atual de uma die-


ta que ajude no tratamento dos vários tipos de câncer.

45
PARTE i | A origem do Câncer

A alimentação anticâncer.

Uma dieta pobre em açúcar, pobre em glicose, que hoje nós chama-
mos de dieta cetogênica, na qual o paciente tenha a sua energia a par-
tir da utilização das gorduras saudáveis.

Isso foi muito importante, foi uma grande contribuição dos estudos
de Warburg e, já na época, ele começou a demonstrar os efeitos dele-
térios que o excesso de açúcar causam na população em geral, princi-
palmente em relação ao metabolismo das células cancerosas.

Eu como médico sou totalmente contrário a uma alimentação que


contenha qualquer tipo de açúcar.

O açúcar é um agente inflamatório, responsável não somente pela


questão do câncer, mas também pelo desencadeamento de várias do-
enças no nosso organismo.

Por exemplo, o diabetes hoje é uma epidemia, na verdade não é uma


epidemia, é uma pandemia.

O consumo de açúcar, o vício de açúcar, o diabetes e o câncer são


realmente devido em grande parte por alterações metabólicas que o
açúcar produz no nosso organismo.

Ganhar dinheiro em tratamento, sem olhar para a causa, é assistir


bilhões indo para o ralo.

O vício em açúcar é uma pandemia catastrófica que mata milhões de


pessoas no mundo e é definitivamente um dos maiores causadores
de câncer.

E, quanto a isso, não tem matérias diárias nos jornais, ninguém fala
sobre isso.

Ninguém se preocupa com isso. Quando você olha para a causa, fica
óbvio.

Câncer e esperança podem estar lado a lado, e o caminho é o conhe-


cimento.

46
Thomas N. Seyfried

É um dos maiores pesquisadores


da teoria metabólica do câncer e
autor do livro “Câncer como uma
doença metabólica: sobre a origem,
tratamento e prevenção do câncer”.
Ele é especialista em Genética e
Bioquímica pela Universidade de
Illinois, Urbana, e fez pós-doutora-
do em Neurologia na Universidade
de Yale (Eua).
PARTE i | A origem do Câncer

O que os chimpanzés ensinam sobre os tumores e os cientistas não


aprendem

“E aí você pega a coitada da pessoa e a envenena com coisas de alta


dose. E, às vezes, você consegue uma solução e, às vezes, não. Assim
que você entende a biologia do câncer, a maioria das coisas que faze-
mos hoje não fazem sentido. Não fazem sentido”

Professor Thomas N Syefried

Nós temos teorias da ciência. Nós coletamos fatos. E depois você


tenta interpretar os fatos. E fatos podem ser replicados diversas ve-
zes. E obviamente representam a realidade. A questão é como você
interpreta os fatos. E é o que a teoria tenta fazer. Então as pessoas
olham os fatos e tentam explicar os fatos. Certo?

Vou dar um exemplo. Há quinhentos, quatrocentos anos, a igreja ca-


tólica e muitos estudiosos pensavam que a Terra era o centro do sis-
tema solar e que todos os planetas e o Sol giravam ao redor da Terra.

Copérnico, o matemático, e Galileu desenvolveram o telescópio.

Eles provaram que o Sol era o centro do sistema solar. E, dessa for-
ma, toda a matemática faz sentido agora. Essa é a chamada teoria
heliocêntrica do sistema solar em oposição à teoria geocêntrica, que
coloca a Terra no centro do sistema solar. E isso era obviamente erra-
do.

Também tínhamos a teoria dos germes. Por séculos, as pessoas


achavam que doenças contagiosas ocorriam devido a ar ruim. Era a
teoria do miasma. Mas Louis Pasteur mostrou que os germes eram
responsáveis por doenças contagiosas.

Então a teoria do ar ruim foi substituída pela teoria dos germes. As-
sim como a teoria geocêntrica foi substituída pela teoria heliocêntrica.

E a organização de criaturas no planeta foi descrita pela seleção na-


tural da evolução em oposição à criação divina.

48
Capítulo 05 | Thomas N. Seyfried

Essas são duas coisas opostas. Você tinha a evolução dos organis-
mos pela seleção natural ou você tinha a criação divina.

Hoje, os cientistas em todo o mundo reconhecem, na maior parte,


que a seleção natural explica melhor a organização de criaturas bioló-
gicas do que a criação divina.

Agora temos o câncer. E câncer agora é considerado uma doença


genética.

No entanto, a evidência que mostra que é a mitocôndria que precede


as mutações genéticas é tão sólida quanto a teoria heliocêntrica.

Tão sólida quanto a evolução. E tão sólida quanto a teoria dos ger-
mes.

O problema é que as pessoas, como fizeram no passado, eram dou-


trinadas para acreditar em alguma coisa.

Agora nós sabemos, depois de um profundo sequenciamento dos


genes, que foram encontrados diversos tipos de câncer que não têm
mutações.

Se a teoria da mutação somática está correta, como é possível haver


cânceres sem mutações? E isso foi demonstrado.

Os chimpanzés e a ausência de tumores.

As pessoas não gostam de falar sobre esses experimentos. Mas eu


tenho os dados para mostrar que alguns cientistas não encontraram
mutações em células cancerígenas.

E agora nós sabemos que o câncer conduz a mutações. Essa é a mu-


tação importante, que conduz à doença.

Nos nossos estudos recentes, que saíram no ano passado, nos últi-
mos anos, nós encontramos mutações condutoras em nossos tecidos
normais, que nunca se transformam em câncer.

Então, como é possível, se há essas mutações condutoras em teci-


dos normais, que nunca se tornam câncer, e você tem cânceres que

49
PARTE i | A origem do Câncer

não têm mutações?

E também temos cancerígenos como asbestos que não causam mu-


tações em testes, mas causam câncer.

E há ainda o exemplo dos chimpanzés. Os chimpanzés raramente


têm câncer.

Nenhum caso de câncer de mama foi documentado em chimpanzés


fêmeas. E os chimpanzés têm uma sequência genética e proteica qua-
se idênticas às nossas.

Por que eles não têm câncer? E mulheres em todo o mundo sofrem
com e morrem de câncer de mama o tempo todo? O que é diferente
entre o chimpanzé e o ser humano?

O chimpanzé continua comendo os mesmos alimentos que comia


quando se tornou uma espécie.

Nós não estamos mais comendo os alimentos que evoluímos para


comer. Nós nos desviamos drasticamente.

Então, o que causa o câncer são alimentos altamente processados.


É o ambiente.

Estilo de vida é a causa.

O estilo de vida dietético é a causa do câncer, não as mutações dos


genes. Isso está muito claro.

Acho que a maior coisa é o estilo de alimentação.

Porque o chimpanzé não desenvolve câncer. Se você for ao zooló-


gico, lá, os chimpanzés recebem seu alimento natural, vegetais e um
pouco de carne, mas não muito.

Na vida selvagem, os chimpanzés comem vegetais e carne crua de


macaco. E eles não têm câncer.

No Brasil, foram feitos alguns estudos com macacos. Eles tentaram


injetar cancerígenos todos os dias nesses macacos.

50
Capítulo 05 | Thomas N. Seyfried

Não sei se foi no Brasil, sei que foi em algum lugar da América do
Sul.

Mas eles não conseguiam induzir câncer nesses macacos todos os


dias injetando cancerígenos químicos.

Porque o macaco está comendo o alimento natural que é poderosa-


mente anticâncer.

Então, se o macaco come pizza, se o macaco come donut e açúcar,


tenho certeza de que ele terá câncer.

Em sociedades primitivas, em florestas...e os esquimós nunca tive-


ram câncer.

A maioria dos cachorros não têm câncer, eles vêm do lobo.

Raramente, o lobo tem câncer, mas cães domésticos estão cheios de


câncer porque eles recebem os alimentos ruins.

Então, a alimentação ruim está causando câncer.

Cachorros estão cheios de câncer. Humanos estão cheios de câncer.

Se você der ao cachorro carne crua, a taxa de câncer diminui muito


porque esse é seu alimento natural.

Você tem que juntar tudo isso e, quando tiver feito isso, poderá ver
claramente que o câncer é uma doença mitocondrial-metabólica.

A ineficácia dos tratamentos.

Se eu fosse tomar um veneno tóxico e fazer radioterapia e me tratar


com veneno tóxico, ficaria pálido, meu cabelo cairia.

Teria a aparência de um doente. E acho que a maioria das pessoas


não querem estar nessa situação. Elas querem parecer saudáveis.

No nosso método de tratar pacientes de câncer, quando eles termi-


nam o tratamento, aparentam estar até mais saudáveis do que quan-
do o começaram.

51
PARTE i | A origem do Câncer

Sem parecer doente, sem cabelo e todo esse tipo de coisa. Por que o
seu cabelo cai quando você faz o tratamento de câncer?

Você está tentando matar a célula de câncer. Por que seu cabelo cai?

Porque mata as células que estão se dividindo, mas é preciso ter


uma abordagem específica que só mate as células de câncer e deixe
todas as outras células saudáveis. E isso é o que nós fazemos. É o que
nosso sistema pode fazer.

Os problemas da quimioterapia.

A quimioterapia foi feita para impedir uma proliferação do DNA, seja


ligando microtubos, ou estrutura celular, ou impedindo a replicação de
DNA. Mas, com frequência, esses químicos são muito tóxicos.

Por que estamos tratando um paciente com um químico tóxico? Ah...


porque queremos parar o crescimento celular. A célula não pode cres-
cer sem energia. Nenhuma célula pode crescer sem energia.

Se a célula está usando fermentação, e você tirar combustíveis fer-


mentáveis, a célula vai morrer. Ela não pode crescer sem energia. E a
energia vem da fermentação.

Sim, você pode envenenar alguém e matar a célula de câncer.

Ou você pode simplesmente tirar os combustíveis fermentáveis, e o


resultado final é que você as matará do mesmo jeito.

Radiação faz a mesma coisa, ela cria espécies de oxigênio reativo


que matam a célula tumoral, mas também matam células normais.

Elas causam queimação e outras coisas. Por que fazer isso quando
podemos mirar na fermentação? Glicose e glutamina.

Cirurgia pode curar o câncer. Mas é preciso muito cuidado em como


isso é feito.

O problema das biópsias.

Muitos médicos gostam de fazer uma biópsia. Eles fazem a biópsia

52
Capítulo 05 | Thomas N. Seyfried

de alguma parte do tecido.

Biópsia da mama, biópsia do cólon.

Por que eles fazem isso? Eles dizem que é porque precisam saber se
o câncer é benigno ou maligno.

Então fazemos a biópsia. Certo?

Se o tumor é completamente benigno, a biópsia não seria necessária.

Se o tumor é maligno, você não pode fazer a biópsia. Porque a bióp-


sia espalha o câncer pelo corpo.

O objetivo aqui é que você pega o paciente e identifica um nódulo por


tecnologias não invasivas. Então vai para a terapia metabólica, enco-
lhe bem o tumor e tira tudo. Não faz biópsia. Só o veja depois disso.

E você não precisa fazer todas essas coisas. É claro que muitas pes-
soas ficam irritadas com isso.

Mas há muita literatura mostrando que biópsia de cérebro, cólon e


mamas pode aumentar o risco de espalhar o câncer pelo corpo.

Então por que eles fazem isso? Você precisa saber de todas essas
coisas.

Quando você faz cirurgia para remover um tumor, se o tumor é be-


nigno, ótimo.

Se o tumor não é benigno, você pode criar um microambiente que


permite que as células de câncer se espalhem.

Se o tumor é maligno e você faz a biópsia, você espalha as células de


câncer até a corrente sanguínea.

Você não quer isso.

E, dessa maneira, o tumor vai voltar um ano depois ou algo do tipo.

E aí você pega a coitada da pessoa e a envenena com coisas de alta

53
PARTE i | A origem do Câncer

dose. E, às vezes, consegue uma solução e, às vezes, não.

Assim que você entende a biologia do câncer, a maioria das coisas


que fazemos hoje não fazem sentido.

Não fazem sentido.

Um dia, elas serão substituídas porque estamos fazendo todas es-


sas coisas malucas quando não precisamos fazê-las.

Cortando combustível, a probabilidade de cura é maior.

Se você sabe que é uma doença metabólica, você corta os combus-


tíveis e se sobrar algo, o cirurgião pode tirá-lo completamente, sem
biópsia.

A probabilidade de cura será muito, mas muito maior no longo prazo


do que o que estamos fazendo com as pessoas hoje.

Você tem que saber que a maioria das quimioterapias e radiotera-


pias geram muita receita para o hospital. E terapia metabólica ainda
não foi utilizada para gerar receita.

Então, quando alguém descobrir como gerar receita, talvez ficará


mais excitado para usá-la. Mas eu não estou interessado em gerar
receita.

Eu estou interessado em saber o que funciona.

Qual é o melhor plano de tratamento para gerir câncer de maneira


mais eficiente? E a resposta claramente é terapia metabólica.

E leva tempo para as pessoas saberem isso.

O caso Pablo Kelly.

Tem o caso do Pablo Kelly. Pablo Kelly foi diagnosticado com glioblas-
toma em 2014 de uma amostra de biópsia.

E disseram a ele que precisaria de radiação e quimio.


Ele entrou em contato comigo e eu disse, eu não vou dizer a ele para

54
Capítulo 05 | Thomas N. Seyfried

não fazer isso. Ele tomou a decisão de não fazer isso.

Sem radiação, sem quimio, apenas terapia metabólica. E o tumor pa-


rou de crescer, o tumor que deveria matá-lo rapidamente.

Ele só fez a cirurgia depois de dois anos. O tumor era originalmente


inoperável.

E, depois de dois anos de terapia metabólica, ele se tornou operável.


Tiraram o tumor, e ele está bem.

Sua esposa acabou de ter um bebê. E já faz cinco anos. Mas sem
radiação e quimio.

Se você fizer radiação e quimio, a probabilidade de sobrevivência é


talvez um ano e meio. Ou dois anos no máximo. Três anos é raro. Cinco
anos é extremamente raro.

Então o que eles estão fazendo? O que acontece quando você faz ci-
rurgia e radiação e quimio, é que você cria um ambiente rico em glicose
e glutamina.

O próprio tratamento é responsável pela morte dos pacientes de


câncer.

Os pacientes estão morrendo principalmente de uma combinação


do tumor e da terapia.

O que Pablo disse é que, se puder evitar esses tratamentos tóxicos,


você pode viver muito mais e com muito mais qualidade de vida.

Se eu tivesse um tumor no cérebro, eu nunca faria radiação porque


me mataria.

E eu quero viver. Eu me sinto a ovelha indo para o matadouro.

Todos esses cânceres de cérebro de pacientes que estão recebendo


e estão todos morrendo em três anos. A maioria deles, não todos.

Por que fazer isso quando você não precisa fazê-lo? E isso causa
uma grande quantidade de ansiedade e raiva no campo da oncologia.

55
PARTE i | A origem do Câncer

Você está dizendo para as pessoas que o que estão fazendo está
facilitando a morte do paciente. Sem dúvidas, nenhum médico quer
repetir isso.

Eles ficam bravos, mas não entendem a biologia da doença. Se en-


tendessem a biologia da doença, não fariam isso.

E esse é o grande confronto.

Porque eles recebem um treinamento dizendo que devem fazer isso.

Os dados mostram que a maioria das pessoas morrem fazendo isso.


E se você não fizer isso, você pode viver mais.

Então você junta tudo e assim que os pacientes de câncer conhecem


isso, eles dizem: “Eu tenho glioblastoma. Eu tenho que ir para a melhor
escola médica para me tratar”.

Não, por favor, você vai morrer, se você for lá. E eles não querem
ouvir isso.

E os médicos das melhores escolas não querem saber disso, mas a


realidade é que eles morrem. A maioria está morta em dois anos.

É uma tragédia. Não precisa acontecer. Não precisa ser assim. E é.


Esses são os grandes problemas que temos.

56
Dr. Gustavo Vilela

Médico onco-hematologista e co-


ordenador do curso de pós gra-
duação de práticas integrativas
em oncologia pela FAPES. Possui
vasto conhecimento em Medicina
Integrativa e Funcional, Medicina
Hiperbárica e tratamento de intoxi-
cações ambientais.
PARTE i | A origem do Câncer

Por que logo eu? As razões do adoecimento e as saídas para ele

“Temos vários pacientes assim, que contrariaram as


estatísticas porque a gente pensou fora da caixinha,
a gente buscou outras linhas de pensamento”

Dr. Gustavo Vilela

Meu nome é Gustavo Vilela, eu sou médico há 22 anos.

Minha formação inicial foi em onco-hematologia e transplante de


medula óssea. Tive uma formação médica bastante acadêmica e con-
vencional na Universidade de São Paulo e na Universidade de Paris,
mas chegou um ponto da minha carreira em que me incomodava não
fazer algo a mais pelos pacientes.

Tinha um paciente com uma doença grave, vinha aquela minha em-
polgação de que queria reverter a doença, ajudar o paciente, mas, de
alguma forma, não dava certo.

Os pacientes com leucemia e os pacientes com doença hematológi-


ca muito graves, o que gerava uma frustração muito grande.

Lógico que eu já sabia que era uma área difícil desde a residência,
mas, no dia a dia, me incomodava fazer apenas aquilo que tinha apren-
dido.

Eu sentia um chamado para buscar outras coisas, outras formas de


pensamento e outras formas de poder ajudar os pacientes

Eu frequentava congressos e não havia novidades, não no ritmo que


eu gostaria. Os estudos das moléculas eram sempre os mesmos.

Eu queria algo de forma mais rápida, uma visão mais ampliada. Por
isso, fui buscar outros caminhos. Fui estudar sem preconceito.

58
Capítulo 06 | Dr. Gustavo Vilela

Você tem que estar aberto para receber o novo.

Fui em busca de linhas não ortodoxas, ortomolecular, medicina bio-


lógica alemã, ozonioterapia, acupuntura, homotoxicologia, medicina
psicossomática, tudo isso sem nenhum preconceito, até porque, para
falar mal de alguma coisa, você precisa conhecê-la.

Eu tinha uma visão padrão do câncer e passei a ter uma visão mais
ampliada. Quando adquire mais conhecimento, você ganha outra
perspectiva e outro ponto de vista.

É aquele comparativo que a gente faz: quando você sobe numa


montanha, você passa a ter uma visão de todo diferente de quem ain-
da está embaixo.

Comparando com o conhecimento apenas convencional que eu ti-


nha, passei a ter uma visão convencional um pouco mais ampliada.
Por isso, podia julgar um pouco melhor o tratamento convencional as-
sociado à medicina integrativa. Fui buscar essas duas coisas de forma
paralela.

Já vimos vários pacientes contrariarem os prognósticos clás-


sicos da medicina.

Eu já perdi as contas de pacientes que tinham uma sobrevida de três


meses, seis meses, no máximo um ano, porque assim é a estatística
daquele estágio dele, e que estão há quatro, cinco anos vivos porque,
como eu falei, não nos limitamos apenas a tratar a célula tumoral para
exterminá-la.

Buscamos compreender todo esse entorno que envolve a doença e


corrigir esses fatores. Estudar o microbioma, o expossoma, as emo-
ções, melhorar a alimentação, o perfil hormonal. Isso faz uma diferen-
ça muito grande.

Eu tenho um paciente recente que tinha um tumor cerebral e foi


operado. Era um glioblastoma, que é uma doença muito grave.

Ele foi operado e fez a radioterapia. Passou um mês e o tumor vol-


tou. Indicaram quimioterapia para ele e ele disse: “eu não vou fazer
quimioterapia. Não quero fazer”.

59
PARTE i | A origem do Câncer

O médico disse: “com quimioterapia você tem um ano de vida, sem


você tem seis meses de vida”. Ele respondeu: “então prefiro ficar com
seis meses, mas ter qualidade de vida, eu não quero fazer quimio”.

Então ele entrou de cabeça nessa coisa de que estamos falando, da


alimentação, ele se reencontrou como pessoa, mudou relacionamen-
tos, mudou alimentação.

Seguiu essa linha de autoconhecimento, de autobusca. Faz quatro


anos, e ele não tem nenhuma doença mais.

Esse é um caso recente, mas há vários outros pacientes que vão no


oncologista e depois de alguns meses voltam bem, e o médico se sur-
preende.

Os pacientes me contam. O médico se surpreende porque já era para


ele estar cheio de metástase e não está. Era para ele ter recidivado e
não recidivou. O tumor não aumentou, era para ter aumentado.

Eles não entendem por que o paciente está fora da curva.

Ele foge da estatística.

Eles não compreendem. E o paciente nem conta, às vezes, por quê.


Porque ele buscou outras coisas, porque, às vezes, o paciente conta,
e o médico critica, proíbe, faz chantagem, ele fala: “se você continuar
isso eu não te trato mais”.

Acontece às vezes. Não tome isso que ele te deu porque isso vai te
fazer mal. Mesmo vendo o benefício que o paciente está mostrando.

É tanta dificuldade de aceitar o novo ou aceitar o que ele desconhece


que ele agride o paciente. Esquece que o processo não é dele. É do
paciente. O paciente estando consciente, orientado e informado tem o
direito de trilhar o caminho que ele quiser. Não podemos criticar nem
julgar a escolha do paciente.

Nesse ponto eu sou muito aberto, o paciente é que sabe se quer


fazer quimio ou não, se quer fazer rádio ou não.. Eu dou a informação
que é melhor para ele. A escolha é dele, não é minha. Eu vou apoiá-lo e
respeitá-lo no que ele quiser fazer.

60
Capítulo 06 | Dr. Gustavo Vilela

Eu vou fazer o meu melhor para ajudá-lo nesse sentido.

Então a gente tem vários pacientes que contrariaram as estatísticas


porque a gente pensou fora da caixinha. A gente buscou outras linhas
de pensamento.

Existe um distanciamento.

Convencionalmente, existe um senso comum entre os pacientes, as


pessoas leigas e os próprios médicos e cientistas de que o câncer é o
acaso, que surge de forma aleatória.

Se é assim, fica automático não falar muito sobre o assunto. Já acon-


teceu, eu não vou mais falar disso. O câncer já está lá e a gente tem
que tratar.

Então, existe esse distanciamento em se buscar as causas da doen-


ça, por conta dessa sensação, dessa ideia de que ele surgiu de forma
aleatória. De que ele é uma mudança genética que aconteceu por aca-
so.

No meu entendimento, causa e efeito são uma constante no univer-


so, não existe um acaso, Deus não joga dados, então se o vento bate
numa árvore e as folhas caem, elas caem ao acaso? Ou caem aquelas
folhas que têm as condições específicas para cair.

E o trajeto que elas fazem da árvore até o chão é um trajeto ao aca-


so? Ou esse trajeto vai seguir as leis naturais da física.

Existe uma inteligência que rege tudo no universo. Existem leis, as


leis da biologia, da matemática, da física, que regem aquilo tudo.

Existem inúmeras variáveis no universo que não conhecemos, mas


sempre tem uma causa. Então, se uma célula normal se transforma
em uma célula doente, cancerosa, ela foi resultado de uma série de
condições específicas que permitiram que ela se transformasse em
uma célula doente.

A física, a química e a biologia fazem parte de uma grande orquestra


do universo, interagindo entre si com leis precisas e implacáveis.

61
PARTE i | A origem do Câncer

Elas não acontecem de qualquer forma.

A gente sabe que o câncer não é uma doença genética, os genes


não causam câncer. Sabemos que o câncer é uma doença muito mais
ambiental, do microambiente celular, da incapacidade das células de
estarem em harmonia com o seu próprio entorno.

Claro que existe um dano genético associado ao câncer, mas ele é


secundário.

Há uma teoria, segundo a qual, o câncer é uma doença muito mais


metabólica do que genética.

Já foram feitos experimentos em que pegou-se a célula com câncer,


o núcleo da célula tumoral, extraiu-se esse núcleo e o transplantou
em outra célula e essa próxima célula não se transforma em célula
tumoral.

Então isso mostra que o centro inteligente da célula, que seria o nú-
cleo, onde tem todo o código genético, por mais danificado que esteja,
ao ser transplantado para outra célula, não faz com que ela se torne
tumoral.

Ao passo que, se você pegar o citoplasma de uma célula tumoral e


o núcleo de uma célula normal, a célula continua sendo tumoral. Isso
mostra que o que provoca o câncer numa célula não é o núcleo, são os
citoplasmas, são componentes citoplasmáticos que estão fora do con-
trole genético que determina que aquela célula seja tumoral ou não.

Foi isso que fez a gente questionar a teoria de que o câncer é


uma doença genética.

E, sim uma ideia mais citoplasmática e extra genética. Então essa


capacidade de as células lidarem com o seu entorno é que provoca
esse processo proliferativo.

Os genes são secundários, não são a causa inicial do problema. Na


natureza não existe oncogene.

Os genes nem sabem que eles têm esse nome. Esses genes que
“supostamente” provocam o câncer na célula. Na natureza, não tem

62
Capítulo 06 | Dr. Gustavo Vilela

função biológica para isso.

Não tem um gene com ideia de provocar câncer na natureza.

Os oncogenes são, fisiologicamente, genes de resistência, são os


genes que a célula utiliza para se defender contra o meio ambiente,
para aumentar seu ritmo proliferativo.

Por exemplo, se você faz um corte na pele, as células da pele vão ter
que se proliferar num ritmo acelerado para poder cicatrizar o ferimen-
to.

Naquele momento, elas vão ativar genes proliferativos, muitas ve-


zes os mesmos genes com risco provável de câncer, porque têm que
se proliferar numa taxa maior para poder parar aquele tecido, quando
o machucado está cicatrizado, as células desligam esses genes e vol-
tam para o estado normal.

Então os “oncogenes” não são oncogenes, são genes de proliferação


e resistência, de sobrevivência da célula para que ela os use em mo-
mentos muito específicos de reparação do tecido.

O problema é quando esses genes ficam permanentemente ligados,


ativados, isso sim é patológico.

O que faz esses genes ficarem acelerados e permanentemente ati-


vados é, em grande parte das vezes, o próprio ambiente onde a célula
está inserida.

Hoje a gente tem um conceito de epigenética, que mostra como o


ambiente interfere nesse gene e faz com que esse gene se expresse.

O cuidado com as bactérias.

Microbioma é o nome que damos para o conjunto de micróbios que


habitam o nosso interior. O intestino é cheio de bactérias, a nossa pele,
as áreas genitais, a boca. Temos esses sítios que classicamente têm
bactérias ou vírus.

Até um tempo atrás, achávamos que era só isso, que intestino, pele,
mucosas, vagina e o pênis eram áreas que continham bactérias.

63
PARTE i | A origem do Câncer

A partir de 2014, 2015, começaram a surgir vários trabalhos que


mostravam que esse microbioma não se limita apenas a essas áreas
clássicas e, para a nossa surpresa, há trabalhos que confirmaram que
o microbioma também está presente em órgãos que teoricamente se-
riam estéreis.

Então cérebro não é estéril, a placenta não é estéril, nosso esperma


não é estéril, nossas artérias, veias, não são estéreis, os músculos não
são estéreis.

Pode parecer chocante, mas o nosso sangue não é estéril. Os tra-


balhos mostram que existem nesses territórios todos populações de
micróbios dormentes.

Ou seja, são bactérias que não têm uma atividade proliferativa, você
pode colocar essa bactéria no meio de cultura e ela não vai crescer,
parece até que está morta, ela tem uma aparência de bactéria morta,
mas, se houvesse condições específicas, ela conseguiria replicar de
novo, se multiplicar e ficar realmente de novo ativa.

Essa categoria de micróbios e bactérias dormentes é que povoa esse


nosso interior.

Os trabalhos mostram que esse microbioma dormente tem papel


direto na inflamação tecidual, na inflamação fisiológica do sangue, isso
faz parte da nossa flora normal.

E esse desequilíbrio entre esse microbioma que pode provocar essa


doença.

Hoje, há trabalhos que relacionam essas bactérias e vírus ao Alzhei-


mer. Ao fazer a biópsia do cérebro de pessoas com Alzheimer, encon-
tra-se um perfil de bactérias que estavam acomuladas naquela pessoa
a vida inteira. O microbioma daquela pessoa favoreceu o aparecimento
do Alzheimer.

Já que temos microbioma nas artérias, a aterosclerose, a aterogêne-


se, a produção de placas de gordura na artéria, também podem ter a
ver com um microbioma específico, junto com o expossoam.

Se você fumou a vida inteira, se expôs a metais pesados, se expôs a

64
Capítulo 06 | Dr. Gustavo Vilela

toxinas ambientais e tem um microbioma ruim, mais uma vez, expos-


soma e microbioma juntos criam um território tóxico, lesivo, que gera
um quadro inflamatório, que promove um cenário, para que a doença
crônica se instale, seja um câncer, seja uma aterosclerose, seja um
Parkinson, seja um Alzheimer, uma osteoporose, o que quer que seja.

Então microbioma hoje é uma área fascinante de pesquisa, é minha


maior a área de pesquisa hoje.

Microbioma e câncer.

Nosso protocolo de pesquisa aprovado no comitê de ética envolve a


pesquisa do microbioma no câncer.

Então se você vê que todos os nossos tecidos podem ser habitados


por micróbios, o tumoral também pode ser.

E aí surge o conceito de oncobioma, que já tá publicado inclusive.


Eu costumo explicar para meus pacientes que temos várias semen-
tinhas, se você as jogarmos no solo na hora e nas condições certas, as
plantas germinam.

Aqui a mesma coisa, temos nosso terreno interno, nosso ambiente


metabólico interno, nosso terreno biológico com esse patógenos que
fazem parte da nossa flora e são fisiológicos.

Não é para ficar estressado com isso, toda a nossa biologia tem.

Com excesso de toxinas ambientais, você rompe a sua fisiologia


normal, com déficit imunitário; se a sua imunidade não estiver legal,
esse equilíbrio bactéria/imunidade tem que estar bem afinado, se a
sua imunidade cair, você não consegue controlar tudo isso.
A bactéria começa a aumentar, ou o vírus, o que quer que seja.

Então surge a questão da alimentação, do perfil hormonal, da insu-


lina, do nível de proteína, de carboidrato, tudo isso interfere na quali-
dade do microbioma, não só no intestino, mas nos tecidos em geral.
Então alimentação, toxinas, pensamentos e imunidade impactam no
microbioma até do próprio tumor, do oncobioma.

Por isso digo que, se você tem uma emoção, um conflito alterado

65
PARTE i | A origem do Câncer

crônico e faz uma imunodeficiência localizada no tecido específico, a


imunidade da mama cai na região, e o tônus simpático alterado e pa-
rassimpático também, pelo estresse que é gerado.

Se cai o tônus imunitário naquele órgão específico e nós temos um


microbioma que está ali com menos imunidade, você cria um desequi-
líbrio.

O microbioma que está ali, ele se torna mais agressivo, com menor
imunidade, já há um ambiente de expossoma ali que também é lesivo,
então você cria um ambiente favorável para causar inflamação e célu-
las tumorais.

Na nossa pesquisa hoje em dia, a gente avalia o microbioma e


o oncobioma de todos os pacientes.

E a gente percebe a participação de uma infinidade de vírus, bacté-


rias e patógenos na área tumoral.

Também usamos a tecnologia do doutor Omura anteriormente que


capta padrões, assinaturas frequenciais em hertz, daquela área tumoral.

Dessa forma, é possível captar, se naquela área, existe uma emissão


da área tumoral de padrão de frequência de um HPV, de uma clamídia,
de um microplasma, de uma micobactéria específica, enfim, consegui-
mos ver qual é o perfil polimicrobiano naquela pessoa.

Percebemos que em toda área tumoral existe uma emissão de fre-


quência de patógenos.

Então microbioma, oncobioma é um fator que, com certeza, nos pró-


ximos anos, será discutido porque, sem corrigir esse microbioma, essa
base do tecido, não há sucesso de tratamento.

Eu costumo dizer que as causas do câncer têm a questão emocional


que mexe imunidade e há o expossoma e microbioma, são coisas mui-
to simples.

E, se apenas você se concentrar na célula tumoral, que é a célula


doente, tentar matar essa célula sem corrigir o entorno que provocou
a doença, você está sendo muito simplista.

66
Capítulo 06 | Dr. Gustavo Vilela

É preciso tratar a célula tumoral sim, destruir essa célula tumoral,


mas corrigir essas anomalias que estão em volta, metabólicas, micro-
bianas, tóxicas, emocionais, hormonais também é importante.

A célula tumoral não está sozinha, ela existe num ambiente


muito complexo.

Então quando você trata o paciente apenas com uma quimioterapia,


ou uma radioterapia, você está usando apenas uma vertente dessa
complexidade toda.

Nossos melhores resultados são obtidos quando associamos o tra-


tamento convencional de matar a célula tumoral e com o tratamento
complementar do microambiente tumoral.

Se você combina essas duas coisas, essas duas estratégias, os re-


sultados são infinitamente melhores. É o que a gente consegue ver na
prática clínica.

Eu jamais peço para o paciente parar de fazer quimioterapia ou parar


de fazer a radio ou não operar porque acho que faz parte do tratamen-
to. Só acho ruim se mantém apenas isso.

Imagine que a paciente tenha um câncer de mama e, naquela região,


eu meço um nível alto de HPV. É uma pesquisa, estou imaginando pes-
quisa clínica em ciência, não na rotina do dia a dia.

Mas, se naquela região tumoral, tiver uma ressonância muito forte,


uma emissão de padrão frequencial de um HPV muito elevado naquela
mama, além de mercúrio e de chumbo, por exemplo, e a paciente está
sofrendo com a quimioterapia, com o bloqueio hormonal, mas com a
causa ainda presente. O corpo está cheio de vírus mercúrio e chumbo.
Então não faz sentido tratar somente as células sem tirar seu entorno.

Nesse caso, seria necessário combinar a estratégia oncológica clás-


sica de bloqueio hormonal, de quimio e radio com uma estratégia
complementar com a visão do todo, que não é da oncologia clássica,
mais holística, mais bioquímica.

Eu sempre favoreço combinar as duas forças, esse lado complementar


e esse lado convencional para trazer o melhor sucesso para o paciente.

67
PARTE i | A origem do Câncer

O cano quebrado.

Eu costumo dizer que é como se fosse uma parede, com o cano do


meio quebrado, infiltrando água, fazendo mofo. Esse é o paciente on-
cológico. E, no hospital, eles passam massa corrida, passam a melhor
tinta que existe, a mais cara.

Fica lindo por um tempo. Aquele processo foi corrigido, mas o vírus
continua lá dentro, o paciente continua com o mercúrio, continua co-
mendo errado, com insulina alta. Você não corrigiu as causas. Então o
mofo vai voltar a aparecer na parede.

A quimioterapia não vai matar vírus, não vai matar bactéria, não tira
mercúrio. Não corrige atua insulina, entendeu. Se você corrigir esses
fatores, passar massa corrida e, ao mesmo tempo, corrigir o vazamen-
to tem o melhor dos mundos.

A meu ver, a medicina convencional e a medicina complementar


devem dar as mãos para ter o melhor sucesso. São visões diferentes
e complementares, não são antagonistas. Esse conceito de medicina
complementar junto com a convencional é a medicina integrativa, que
vai integrar todos esses conceitos no mesmo paciente.

Emoção como causa.

É importante o aspecto emocional, eu acho que nenhum médico vai


dizer o contrário.

Não existe uma preocupação em relacionar o aspecto emocional


como uma causa do câncer.

Os ensinamentos do Dr. Hamer.

O doutor Hamer, por exemplo, foi um médico bastante controverso.


Ele estudou muito a psicossomática do câncer e ele mostrou de forma
sistemática alguns tipos de padrão.

Tipos de conflito ligados a algum tipo de câncer.

Então ele passou a ver que mulheres que tinham conflito X com o
marido, tinham um câncer de mama daquela forma, ou pessoas que ti-

68
Capítulo 06 | Dr. Gustavo Vilela

nham sentimento de culpa acumulado, tinham câncer daquela forma,


então ele começou a categorizar esses conflitos e criou uma sistemá-
tica de avaliação e eu fui estudar um pouco essa linha dele e vejo que
tem muito, muita correlação realmente do que ele encontrava e do que
a gente encontra hoje.

Eu acho que as emoções impactam diretamente na nossa saúde.


Hoje tem a neuropsicoimunologia, que explica como que o processo
mental, neurológico interfere nos neurotransmissores, na nossa imu-
nidade.

Se você tem conflitos emocionais de forma persistente no seu siste-


ma e no seu corpo como, medo, raiva, ressentimento, culpa e tristeza,
esse sofrimento constante gera um estresse muito grande na nossa
imunidade e cria uma depressão imunológica.

É importante lembrar que o nosso cérebro é um dínamo, ele gera


imagens, ele gera formas, geometria, gera frequência, emite ondas
que criam formas e criam realidades.

Se você tem um processo mental com esses sentimentos negativos,


certamente está criando um ambiente interno desfavorável e imuno-
depressor.

Eu tive uma paciente que teve um câncer de mama, e ela havia tido
um problema com seu marido.

O marido dela a traiu, e ela descobriu. Pela teoria psicossomática


e pelos estudos do doutor Hamer, na grande maioria das vezes, não
é sempre assim, e isso tem que ser visto de forma individual, mas
no caso dela foi assim, ela tinha um câncer na mama direita, porque
na mama direita era o conflito com o marido. Um conflito com o lado
masculino dela, e ela usava a doença dela como forma de vingança
contra o marido.

Ela usava sua mama, a mostrava com orgulho e dizia: “olha o que ele
fez comigo”.

Ela tinha sentimentos de raiva e de vingança. Queria se vingar da


traição com a doença: “olha a doença que você fez em mim, olha a
doença que você provocou em mim”.

69
PARTE i | A origem do Câncer

Para mim era muito claro como esse padrão mental realmente pro-
vocou a doença porque o Dr. Hamer mostrou isso lá atrás, que o con-
flito com o lado masculino, com o marido, cônjuge etc, pega muitas
vezes o lado direito, a mama direita.

Ela estava indo bem no tratamento, tinha um tumor visível na mama,


mas, quando começava a melhorar, ela sumia do consultório, não vi-
nha mais fazer a quimio porque não queria melhorar.

Um dia, ela me disse: “eu não posso sarar, ele tem que aprender o
mal que ele fez em mim, pra mim”.

Quer dizer, veja como ela nutria aquele sentimento negativo contra
o marido e como aquilo afetou seu próprio tratamento. Então a mente
tem um poder absurdo de gerar a doença e de atrapalhar o desfecho
de tratamento de sucesso.

Outro perfil muito grande que a gente vê em relação aos pacientes


com câncer de cólon, é um padrão apontado pelo próprio doutor Ha-
mer, é um sentimento de culpa que se carrega durante muito tempo
por algo sujo e indigno que não se consegue esquecer.

E se você vai analisar com cuidado cada paciente com este tipo de
câncer, a gente vê frequentemente esse padrão.

Um caso que me chamou a atenção foi de uma paciente, com câncer


de cólon, cujo pai a usava para se relacionar com a amante dele.

Ele dizia: “vamos dar uma voltinha com o pai ali, vamos passear no
shopping” e ia com a filha, ela era pequeninha, para encontrar com a
amante, e a menina vivenciava isso, ela via, viveu isso na infância in-
teira e na adolescência inteira sem se dar conta de como estava sendo
manipulada. Depois que ganhou consciência da questão, ela se sentiu
culpada, de certa forma conivente, em permitir que o pai mantivesse
uma relação com a amante às custas dela, conclusão: câncer de cólon.

Então, se você começar a ver a biografia do paciente com muito


cuidado, e sabendo desse padrão que o doutor Hamer descreveu no
passado, você vê que é quase que matemático.

Nós temos conflitos muito bem determinados com sítios específicos

70
Capítulo 06 | Dr. Gustavo Vilela

de câncer que mostram que as emoções realmente têm um impacto


muito grande no surgimento da doença.

Eu costumo dizer: se a pessoa gerou um câncer na mama direita, por


que não foi na mama esquerda? Foi o acaso?

Não existe acaso, existem fenômenos, existem leis que regem as


coisas. Podemos não conhecer as variáveis, mas elas existem.

Eu vejo dessa forma, o local onde o câncer se originou, se é mama


direita, se é esquerda, se é cólon, se é estômago.

Existe um certo padrão de conflito emocional.

O tipo de conflito que você cria gera uma imunodeficiência localizada


no órgão porque existe uma somatotopia das emoções em determina-
dos órgãos, por isso você cria uma imunodeficiência localizada naque-
la região, ou seja, no cólon, na mama etc. e naquela região onde tem
imunodeficiência grave importante por aquele conflito.

Existe um dano, imunitário que permite que aquelas células sejam as


agredidas por micróbios que estão no tecido, nosso microbioma, e que
toxinas ambientais e a queda da imunidade fazem com que se crie um
ambiente favorável para que aquela célula se desenvolva.

Dr. Ryke Hamer foi e é um médico muito controverso, ele já faleceu.


Seu problema foi que ele via tanto padrão matemático, por exemplo:
perda de filho, por exemplo, câncer de ovário, de testículo, e câncer de
cólon é essa coisa do indigno, da culpa, e assim por diante.

Ele via tanto isso se repetir que passou a quase que achar que, ao
resolver aquele conflito, o câncer se curaria.

Várias vezes ele falava para o paciente: “não faça quimio, não faça
radio, não opere, você tem que rever seu conflito, então se você se deu
mal com seu marido, com seu filho, com o que é que tenha acontecido,
vamos resolver isso.”

Eu acho que esse foi o grande erro dele porque as coisas não são
tão fáceis de se desfazer assim. Eu acho que ele acertou muito em
categorizar o padrão de conflito com o tipo de câncer, mas isso não se

71
PARTE i | A origem do Câncer

usa para tratamento do câncer.

Eu acho que vale para você compreender a situação, é interessante


o ponto de vista psicodinâmico ver como que a emoção tem esse im-
pacto no corpo, mas assim que o câncer se forma, ele tem uma inércia
própria, ele tem um ritmo próprio de agressividade que você não con-
segue reverter só porque você teve um insight.

Eu acho que o insight é necessário, o insight é importante, a emoção


faz parte do paciente.

A mente e o corpo são uma coisa, então faz parte da cura do paciente
tratar a emoção e o conflito, mas não se pode falar para ele não fazer
a quimio achando que isso vai ser o suficiente, não é.

Foi por isso que ele perdeu vários pacientes, foi processado várias
vezes porque desestimulava a quimioterapia para provar a sua teoria.
Mas, se retirar esse equívoco dele de não tratar pacientes com quimio,
ele teve um mérito enorme de poder entender como as emoções im-
pactam na formação do câncer e no tipo de tecido específico.

E se você ver na prática com cuidado, ele tinha muita razão.

A gente vê isso diariamente, como que isso é matemático, realmen-


te.

Em relação ao medo, quando chega o diagnóstico, ele vem acompa-


nhado de mais um conflito, de medo de, de repente, descobrir uma do-
ença séria. E o medo paralisa o nosso sistema. O próprio diagnóstico já
pode favorecer essa depressão imunitária e desfavorecer o processo.

E temos esse termo “maligno”, que é quase um pensamento mitoló-


gico, como se fosse algo do demônio, uma doença do demônio, é como
se tivessem células de Jesus, que são células do bem, e células do mal,
que são as células do câncer.

É um conceito mitológico que temos e traz a ideia de que é um casti-


go de Deus. Mas isso não está certo porque a célula não toma decisões
de fazer mal para alguém. A célula não tem pensamento, ela tem o
automatismo, ela come, ela multiplica, ela sintetiza, ela excreta.

72
Capítulo 06 | Dr. Gustavo Vilela

Ela tem um automatismo próprio, ela não tem um sentimento de


maldade, então você não pode imaginar que uma célula seja maligna,
lógico que é um termo que a gente usa simbólico, mas essa palavra
traz um significado que fica na gente, de que é algo que não é de si pró-
prio, que nos invadiu e o câncer ele é feito de células da nossa própria
carne, é carne da nossa própria carne.

Não é alho como a malária que é algo que veio de fora, que você se
contaminou externamente e provocou aquilo.

Não, o próprio corpo é que desenvolveu o câncer e tinha as condi-


ções favoráveis para aquela doença aparecesse, e o paciente que tem
essa visão mitológica, a primeira coisa que ele fala é, se perguntar, por
que que eu fui escolhido para ter câncer? Olha pra Deus e fala: “por
que eu?”

Blasfema, quem é católico, quem é cristão, quem acredita em Deus


porque acha que Ele esqueceu da pessoa, então cria-se um senti-
mento de que ela foi injustiçada. E na verdade não é assim, esse é um
conceito muito errado. Temos os meios internos do nosso corpo que
produziram aquilo.

O teu perfil metabólico, o que você comeu, o teu nível de inflamação,


o tipo de micróbio que você tem no teu corpo, a tua função imunitá-
ria, enfim, tua exposição ambiental tóxica, teu perfil de dieta causam
o câncer.

É um conjunto de variáveis que produzem um ambiente favorável


para que o câncer surja. Se você tem essa ideia de que veio de fora,
então não tem que fazer nada. É como se a pessoa fosse uma vítima
que tem que esperar o que Deus preparou para ela.

Isso gera uma conduta muito mais passiva quando o importante é


para e pensar: “calma, vou me questionar”.

Se eu tenho condições favoráveis para produzir câncer, o que está


errado na minha vida? O que eu tenho que rever, o que eu tenho que
reanalisar? E isso pode fazer com que a doença seja uma oportunidade
de mudança e de autoanálise. Sei que pode parecer duro, mas a verda-
de, a realidade é essa. Não somos vítimas do câncer, não temos essa
culpa, somos responsáveis por nosso corpo.

73
PARTE i | A origem do Câncer

Às vezes, por desinformação, não sabemos o que estamos fazen-


do de errado, mas chega um ponto em que o corpo fala: “não consigo
mais autorregular isso daqui” e desenvolve-se uma doença séria como
essa. Eu acho que a doença é uma oportunidade de melhora e de su-
peração, né?

Sinais do câncer no Dr. Gustavo.

Tenho uma história individual para contar. Minha história. Fui para
os Estados Unidos encontrar o professor Omura, que já está bem ve-
lhinho. Ele é professor da universidade New York Medical College e faz
pesquisas lá. Ele trabalha com uma tecnologia que nós utilizamos no
Brasil atualmente que tenta detectar o câncer numa situação ainda
sub-radiológica.

Ele consegue medir padrões frequenciais em hertz do corpo da pes-


soa e ver se ela emite sinais ou uma assinatura frequencial que faz
com que saibamos sobre tipos específicos de câncer.

Conseguimos detectar que a pessoa emana do corpo um sinal que


pode significar um câncer de pulmão, um câncer de pâncreas, mas,
quando se faz um exame de imagem, o câncer não aparece porque nós
estamos medindo informações sub-radiológicas, muito iniciais.

É uma tecnologia muito avançada que pesquisa um diagnóstico ex-


tremamente precoce por meios físicos, não químicos, nem teciduais,
como é o convencional.

Essa tecnologia procura sinais físicos, eletromagnéticos. Eu fui me


encontrar com ele e ele me disse: “Gustavo, você está com uma fre-
quência no seu abdômen, você tem uma frequência compatível com
o câncer de pâncreas”. Quando recebi aquela informação, fiquei meio
chocado.

Mas, em vez de perguntar por que eu, eu perguntei o que havia de


errado no meu corpo e o que podia fazer para reverter a situação. Me
perguntei sobre sentimentos que poderia rever.

Eu saí da posição de vítima, de injustiçado, de coitado e passei a me


sentir responsável e a tentar ver o que eu podia fazer para melhorar a
situação.

74
Capítulo 06 | Dr. Gustavo Vilela

Se você não conseguir mudar a forma como encara o problema, não


vai aproveitar essa oportunidade magnífica de refletir sobre a vida que
a doença traz.

Eu tive a oportunidade de receber essa informação muito precoce-


mente, eu não tenho essa doença. Foi uma pesquisa que ele fez e eu
tinha essa tendência à formação de câncer no pâncreas.

Hoje eu não tenho mais, eu consegui reverter, eu consegui neutrali-


zar. Não aparece mais em mim esse sinal do câncer de pâncreas. Então
você que o processo ele é flexível, ele não é uma sentença.

O incidente que ocorreu comigo com o doutor Omura me motivou a


fazer uma linha de pesquisa para tentar compreender melhor o que
estava acontecendo em mim. Também fiquei motivado a pensar em
tratamentos.

Então eu tenho um protocolo de pesquisa que foi aprovado no comi-


tê de ética, devidamente analisado e aprovado, então a gente faz isso
de forma científica mesmo.

O que eu percebi em mim e vejo nos pacientes que fazem parte dessa
pesquisa é que um dos principais fatores que colaboram para provocar
o câncer, além das emoções, é a participação muito grande de toxinas
ambientais na produção do câncer e do microbioma, do conjunto de
micróbios que habitam em nós, sejam parasitas, protozoários, helmin-
tos, vermes, bactérias, vírus, microbactérias.

Temos uma infinidade de micróbios no nosso corpo, que estão laten-


tes, morando no nosso sistema, é o que se chama de microbioma, que
é o conjunto de micróbios que moram que moram na gente.

Se você analisar o perfil de microbiomas, de toxinas ambientais e


dos carcinógenos com os quais temos contato, essa combinação é
bombástica para a produção do câncer.

Nessa pesquisa, nós analisamos, em mim, quais eram os fatores tó-


xicos e microbianos que havia no meu sistema e estavam favorecendo
esse processo. Isso associado às emoções — eu fui me autoanalisar,
busquei profissionais e comecei a fazer uma autocrítica.

75
PARTE i | A origem do Câncer

Esse conjunto emoções erradas, conflitos trazidos desde a infância,


micróbios, flora intestinal, vírus que moram com a gente de forma crô-
nica, excesso de mercúrio, de cádmio e de metais pesados criam um
ambiente hostil dentro do corpo. A célula sofre com isso e chega o
processo de geração do câncer.

Então eu comecei a corrigir tudo isso. Modifiquei o microbioma, re-


duzi a quantidade de vírus crônicos e de bactérias tóxicas que tinha.
Trabalhei as emoções e reduzi a quantidade tóxica de mercúrio, cád-
mio e chumbo que eu tinha.

Dessa forma, eu consegui neutralizar a frequência que eu emanava,


na pesquisa que eu tinha feito de câncer de pâncreas. Isso desapare-
ceu. Bastou apenas corrigir os fatores emoções, toxinas ambientais e
micróbios.

O poder dos óleos essenciais.

Os óleos essenciais são formas extremamente concentradas de fito-


químicos, os componentes bons das plantas. Uma gotinha de um bom
óleo essencial pode equivaler a diversas cápsulas ou diversas colheres
da versão comum daquela planta. É uma forma de você fornecer uma
quantidade muito potente de um ativo interessante.

Você pode usá-los por via oral, o que eu acho que deve ser feito com
muita cautela, porque é um medicamento.

E não é porque é gotinha natural que deixa de ser um medicamento.


Eu acho que é um medicamento. E a automedicação pode trazer ou-
tros problemas, mas existem óleos que se pode usar por via oral. Acho
que é bastante válido muitas vezes.

E tem o uso inalatório, que é um uso muito mais seguro. Tem uma
superfície alveolar é enorme.

Se você inala um aroma natural de um bom óleo essencial, tem uma


absorção enorme por via inalatória, que é mais segura que a via oral. E
o impacto disso, metabolicamente, é muito grande. Neurotransmisso-
res, imunidade. Os trabalhos mostram que nossas células têm capa-
cidade de reconhecer esses padrões, de aromas, de cheiros. Porque o
cheiro é algo invisível.

76
Capítulo 06 | Dr. Gustavo Vilela

É algo que você sente, mas ao mesmo tempo, é uma informação


que você está recebendo. São moléculas químicas que vão até o na-
riz, que desencadeiam respostas metabólicas bastante específicas e
podem trazer benefícios para as pessoas. Tanto para ação analgésica,
para ação imunoestimulante, para ação calmante, para a ação antide-
pressiva e para a ação relaxante.

Eu acho que pode ser uma ferramenta simples, que o paciente pode
fazer em casa, que não vai ter interferência com a quimioterapia e ina-
la um cheirinho que é agradável.

Uma preocupação nossa é o que o paciente está tomando e quanto


isso pode atrapalhar o remédio da quimioterapia que ele está fazendo
no hospital. Não pode ter essa briga para que a quimioterapia tenha
uma ação plena. Se você fizer por inalação, muito provavelmente não
precisa ter essa preocupação. É uma via válida. Bastante simples e útil
de se usar.

Recentemente usei óleo de lavanda com um paciente nosso com


glioblastoma, um tumor cerebral. Ele estava no hospital para fazer a
cirurgia. E eu quis que ele inalasse óleo de lavanda. Orientei que ele le-
vasse um vidrinho com um lenço e inalasse de tempos em tempos. Um
lencinho com óleo essencial de lavanda no pós-operatório. Ele teve
uma recuperação superboa. Até o médico ficou espantado com quão
rápido ele conseguiu ir para casa.

Então tem uma ação anti-inflamatória muito grande para o sistema


nervoso. É calmante. Então foi uma experiência muito legal que eu tive
recentemente com a lavanda.

Comece pelo prato.

A alimentação é uma das formas mais potentes de introduzirmos


informação dentro do nosso corpo.

Comer significa enviar sinais químicos. Essa sinalização pode ser


para o bem ou para o mal, ela pode fazer salutogênese, saúde, ou pa-
togênese, doença. Com os alimentos conseguimos interferir em várias
frentes, podemos mexer com os hormônios, com vias inflamatórias,
com o nosso microbioma, com nossa capacidade de depuração do fí-
gado, com as vias que sintetizam neurotransmissores, com a nossa

77
PARTE i | A origem do Câncer

carga tóxica, afetamos o nosso sistema imunitário.

Se você imaginar que o câncer é uma doença que está inserida em


um conceito metabólico do indivíduo e que a alimentação interfere em
tudo isso, é uma conclusão lógica imaginar que o padrão alimentar
tem algum impacto na célula tumoral.

A gente sabe que tem impacto.

Não acho que tenha a capacidade de uma ação antitumoral direta.


Por exemplo, estou com câncer de mama, se eu comer um quilo de
brócolis por dia vou conseguir matar a célula porque o brócolis tem um
componente lá antitumoral. Não é tão raso assim.

A dieta nos permite ter um equilíbrio metabólico e fisiológico de uma


forma muito ampla, que torna o microambiente desfavorável para que
a doença se desenvolva ou progrida.

A dieta tem um papel importantíssimo na prevenção.

Se você come brócolis todos os dias, a romã, o chá verde, o gengibre,


enfim, todos os nutrientes, todos os alimentos que têm ação anti-in-
flamatória, imunomoduladora, que melhoram o seu microbioma, que
ajudam você a se desintoxicar, você vai criar um ambiente muito mais
limpo, anti-inflamado, você vai criar um ambiente não favorável à pro-
dução de câncer e vai ter um microbioma mais equilibrado, não tóxico.

Então a dieta tem um papel importante na prevenção. No tratamen-


to, eu acho que ela também impacta e muito, porque como a gente já
sabe que o câncer está inserido num ambiente metabólico hormonal
do próprio sistema.

Por exemplo, vemos os pacientes que têm hiperinsulinemia, que


tem excesso de insulina, que tem obesidade, sobrepeso, excesso de
gordura corporal, hiperglicemia, vivem com a insulina alta — a insulina
é um dos piores hormônios no caso do câncer porque quando ela toca
na célula tumoral, ela desencadeia proliferação celular, ela estimula
vias proliferativas, a via do MTOR.

Se você tem um paciente com câncer, qualquer câncer que seja, que
tenha uma insulina muito alta, não faz sentido manter a insulina alta,

78
Capítulo 06 | Dr. Gustavo Vilela

concorda?

Por isso, a dieta tem um papel muito importante para, no mínimo,


baixar a insulina para que se crie um ambiente hormonal mais favorá-
vel e a célula não tenha estímulo.

Os hormônios afetam o câncer de forma geral, tem os cânceres que


são hormonodependentes, como câncer de mama, câncer de ovário,
câncer de endométrio, câncer de próstata, que são cânceres que têm
uma ligação com exposição importante, mas todos os cânceres têm
relação com insulina, a insulina é um hormônio que tem ação prolife-
rativa, a insulina e o IGF1 têm uma ação, genérica proliferativa.

Os trabalhos mostram que quem tem obesidade e hiperinsulinemia,


diabetes ou pré-diabetes têm um risco muito maior de desenvolver o
câncer. É lógico que o ambiente hormonal é favorável, então desen-
volve-se mais facilmente o câncer. São cânceres mais agressivos que
respondem pior à quimio, à radioterapia. Por quê?

Porque você pode operar as pessoas várias vezes, mas se ela conti-
nuar com um ambiente hormonal desfavorável, vai ter a chance de re-
fazer aquele tumor ali. E uma chance maior de não responder à quimio
e à rádio. Mais uma vez.

É preciso ter essa visão de que você vai tratar o paciente com a qui-
mio, a radio ou a cirurgia, mas se você só olhar para a célula tumoral e
não olhar para o entorno, está perdendo uma grande parte do trata-
mento.

Então o ideal é que você tenha essa visão metabólica de forma am-
pla para agir de formas para agir a partir de várias frentes e ter mais
sucesso.

Eu acho que cada caso é um caso.

Eu costumo dizer que a gente tem que ver o histórico metabólico de


cada paciente para desenhar uma estratégia individual.

Nós temos pacientes no consultório com insulina de 30, uma insu-


lina alta, que estão gordinhos, temos uma estratégia para eles. E há
pacientes que vêm com quarenta quilos, sem massa muscular, sem

79
PARTE i | A origem do Câncer

gordura. Eu não posso lidar da mesma forma com os dois em termos


de alimentação. Se eu falar de alimentação de forma geral, vou come-
ter pecados.

De forma geral, o que podemos dizer para as pessoas é o que e eu


pratico na minha própria vida: primeiro o equilíbrio.

Não sou favorável a extremismos. Eu como de tudo e acho que pode


ser assim para o paciente oncológico.

Eu tenho uma formação grande nisso então meu bom senso é dife-
rente do bom senso dos outros. Mas, para as pessoas levarem como
uma lição para casa, a primeira coisa: vegetal. Nossa dieta hoje em dia
é pobre em vegetais.

Vegetal que eu falo não ir ao self-service, pegar um prato com duas


rodelinhas de tomate, uma rodelinha de palmito e três folhinhas de
alface que tem uma cor branca, que não tem nutriente nenhum, e acha
que comeu salada. Isso não conta. Isso, para mim, é igual não comer
nada de salada.

Para começar, você tem que comer folha verde, que tenha cor, roxa,
verde-escuro, que são os que têm caroteno, os fitonutrientes impor-
tantes.

Comer salada, comer vegetais é comer muita quantidade, é comer


um pratão de salada de vegetais cozidos e crus, legumes e hortaliças,
frutas.

Para mim, a base da nossa alimentação deveria ser essa. E aí, depois
disso, que você já comeu bastante vegetais, já cumpriu o “dever de
casa”, você pode partir para outras coisas.

A proteína, os grãos e as raízes são boas também. Cada alimen-


to tem uma vantagem em relação aos outros, então essa variedade
nutricional é muito importante. Uma alimentação saudável deve ser
assim: hortaliças, proteína de carne de boa qualidade, magra, raízes,
carboidratos, os grãos etc.

Agora, existem alguns alimentos que dificilmente vão fazer bem


para as pessoas.

80
Capítulo 06 | Dr. Gustavo Vilela

Açúcar.

O doce, que foi uma invenção do ser humano pós-industrial, que


está ligado demais aos picos de insulina.

Na natureza, a gente não teve contato com isso. Na caverna, a gente


não tinha contato com açúcar, era fruta o que a gente tinha para co-
mer, que é cheia de água, de fibra. Até na natureza, o açúcar vem de
uma forma mais saudável.

Quando você transfere isso para um ambiente mais urbano, moder-


no em que o açúcar é um alimento de fácil acesso, que faz picos de
insulina e é pobre em fibra, você cria um ambiente desfavorável no
corpo.

Costumamos orientar as pessoas para evitar açúcar, evitar os car-


boidratos de absorção muito rápida, que são os refinados. Farinha
branca, arroz branco, que são desprovidos de nutrientes. Eles têm só
açúcar, vão fazer picos de insulina na pessoa, são desnecessários.

Então, favorecer o arroz integral. A casquinha do arroz integral tem


um componente que tem ação antitumoral. Os grãos integrais, raízes
são excelentes, têm fibras: a mandioca, a mandioquinha a batata-do-
ce. Estimula a flora intestinal de uma forma positiva, então são carboi-
dratos muito bons.

Evitar os refinados, as farinhas brancas, o trigo refinado, o açúcar


refinado, os laticínios, que é um tema bastante controverso, mas que,
no meu caso, com meus pacientes, eu sou taxativo. Ninguém morre se
ficar um tempo sem tomar leite e comer queijo, são alimentos bastan-
te proliferativos.

Tem um trabalho recente, que saiu no New England Journal of Me-


dicine, que fez uma revisão sistemática sobre o leite e mostrou que
existem de fato vários estudos que apontam risco maior de câncer em
populações que consomem bastante laticínios.

E tem um racional para isso. O leite e os derivados também são ali-


mentos proteicos. E alguns aminoácidos do leite têm capacidade de
produzir insulina.

81
PARTE i | A origem do Câncer

Não é só o açúcar que faz insulina. Proteína também pode fazer al-
guns aminoácidos. Então, o leite e os derivados são insuliméricos. O
leite é cheio de GF1, cheio de testosterona, cheio de estrogênio, que a
fêmea produz.

Por que tem isso no leite e nos derivados? Quando eu falo de leite,
é leite e derivados, a classe geral. Mas por que tem essa bomba hor-
monal no leite?

Porque o leite foi feito para a fêmea nutrir sua cria. Você pega um
nenenzinho, que acabou de nascer, um bezerrinho, um mamífero
qualquer, um bichinho mamífero. Ele está lá desse tamaninho. Você dá
leite para ele como uma dieta exclusiva. A fêmea dá o leite para a cria
dela. Em poucas semanas ou meses, o bichinho já está três vezes o
tamanho dele original. Só com o leite da mãe. Como ele consegue isso?

Porque o leite é um alimento perfeito para a proliferação celular. Fa-


tores de crescimento, hormônios anabolizantes, que são importantes
para a criança crescer, que tem açúcar, água, proteína e hormônio. É
uma bomba anabólica. Perfeita para a criança, para a cria crescer.

Se você transfere esse alimento fisiológico feito para uma criancinha


de até dois anos de idade, para um adulto que tem um tumor, meta-
bolicamente ele não deveria ter tantos hormônios assim estimulantes
no seu sistema, então você cria um ambiente desfavorável hormonal.

Por exemplo, no câncer de mama, as mulheres, às vezes, têm fator


hormonal positivo, você tem que usar bloqueador hormonal para evi-
tar que aquela célula se prolifere.

O teor hormonal do leite de vaca é muito maior do que o do leite ma-


terno. A vaca é um bicho muito grande, ela tem concentrações muito
altas de hormônios.

Não faz sentido num tumor hormônio-sensível, uma mama, por


exemplo, tomar leite de vacas, se é um hormônio-sensível. Você está
dando um tiro no pé.

E mesmo nos tumores não hormônio-sensíveis, se é um alimento


que estimula a insulina, e a IGF-1, pode ser um tumor não hormô-
nio-sensível, um tumor de pâncreas, um tumor de cérebro, outros

82
Capítulo 06 | Dr. Gustavo Vilela

tumores também. Se você tiver um nível de IGF-1 o tempo todo ali


estimulando a insulina, pode desfavorecer esse tratamento. Eu costu-
mo eliminar o leite e derivados.

Eu acho que ainda faltam estudos.

A alimentação, a nutrição é uma área muito difícil de se estudar com


seres humanos porque tem que controlar a dieta da pessoa. Não é fá-
cil assim. É supercomplicado, então temos que ter uma certa cautela.
Mas, diante da dúvida, até que se prove, o contrário temos que partir
pela precaução.

Lógico, que comer um pedacinho de queijo de vez em quando não


vai piorar o seu desfecho. Nós estamos falando de uma pessoa que
consome em excesso um alimento que pode ser prejudicial.

De novo, se o paciente está com pouca massa muscular, pouca insu-


lina, pouca gordura, eu não estou tão preocupado em relação à insuli-
na. Eu estou mais preocupado com o gordinho.

Cada paciente tem uma nuance. Alguns pacientes, eu preciso nutrir,


eu preciso alimentar porque, caso contrário ele vai entra em inanição
e morre.

É o outro oposto. Transitar entre esses dois mundos de excesso de


insulina e de falta de insulina é uma arte que a gente tem que ter no
dia a dia.

A dieta Gerson.

Max Gerson foi um alemão, que descreveu um método. Foi uma die-
ta que nasceu nos anos 1940. Quando eu vi os relatos, li o livro e vi
documentários, fiquei fascinado pela teoria do Dr. Gerson.
Mais uma vez, sem nenhum preconceito, peguei um avião, fui para
San Diego, na Califórnia, para o Instituto Gerson. E fiz um curso de for-
mação.

Eu pensei que, se realmente fosse tão fascinante a ponto de con-


seguir reverter o câncer com alimentação, vou lá ver o que está acon-
tecendo. Ao contrário do que muita gente tem de preconceito, eu não
tenho preconceito contra nada.

83
PARTE i | A origem do Câncer

Então, se tem alguma suspeita de que um tratamento vai ser bom,


quero ver e quero aprender.

Fiz o treinamento, voltei de lá com todas as apostilas, livros e “brifa-


do” em relação à dieta Gerson. Testei em alguns pacientes. Pacientes
que queriam fazer isso. Se você vir os documentários, eles são muito
estimulantes. Dão muita esperança. E eu testei a dieta Gerson em vá-
rios pacientes.

Para quem não conhece é uma dieta basicamente vegana. Basica-


mente, não. É uma dieta totalmente vegana, não tem nada animal.

E o paciente tem uma rotina de sucos verdes, feitos de uma forma


especial, prensados a frio, orgânicos, várias vezes ao dia, sucos de
maçã com cenoura. Dieta vegana nas refeições, muito vegetal. Mingau
de aveia de manhã. Tomar sol.

Muita fruta, verdura, legume. E sol. É uma dieta saudável. Por não ter
proteína animal, sempre tem o risco de deficiência de vitamina B12,
mas isso é facilmente contornável se você está com acompanhamen-
to médico.

Além disso, o protocolo preconiza o uso de enemas de café. É uma


técnica bastante antiga, que vem da Primeira Guerra Mundial.

Quem descobriu isso foram as enfermeiras da Primeira Guerra Mun-


dial, que, diante de soldados lesados, com feridas, com dores e com
o uso de morfina não sabiam o que fazer. Na época, em campos de
guerra, não tinha suprimentos de remédios e água à vontade. Tinha
uma escassez muito grande.

Muitos soldados tinham constipação intestinal grave por causa da


morfina e as enfermeiras tinham que fazer lavagem intestinal para
poder evacuar o intestino deles, mas não tinha nem água para isso.

Um dia, uma enfermeira pegou um resto de café para usar como


água e fazer o enema, a lavagem intestinal. E, naquele dia, o paciente
dormiu a noite inteira sem dor.

Então ela percebeu que o enema de café tinha uma ação analgésica.
E todas começaram a utilizá-lo como uma alternativa aos analgésicos.

84
Capítulo 06 | Dr. Gustavo Vilela

O Dr. Gerson foi estudar e incorporou o enema de café no seu pro-


tocolo.

Basicamente, esse é o protocolo Gerson. Não se aceitava nenhum


tipo de medicação, quimioterapia, radioterapia, tóxica dessa forma
porque eles diziam que isso iria evitar que o protocolo funcionasse.

Max Gerson foi muito famoso na época. Ele conseguiu mostrar vá-
rios relatos de reversão de câncer dessa forma. Eu testei esse método
em vários pacientes que o queriam utilizar.

Não é um protocolo fácil. É muito difícil, aliás.

Você tem que ficar nisso o tempo inteiro. Tem que tomar suco verde
feito em casa na hora, no mínimo seis vezes por dia. É uma rotina pra-
ticamente impraticável nos dias de hoje.

Eu testei alguns pacientes e posso dizer que infelizmente não con-


segui ver um resultado de reversão como ele mostrava. Foi decepcio-
nante.

Eu posso dizer, por experiência pessoal, que não consegui ver rever-
são no protocolo Gerson. Isso é um ponto.

Por que eu acho que isso aconteceu?

Não acho que ele tenha mentido, ele tinha casos ilustrativos bem
documentados. Eu acho que o que aconteceu, com o tempo, foi que o
protocolo perdeu a sua potência. Naquela época, os solos eram mais
ricos. Hoje os solos estão mais pobres. Nós temos um ambiente tóxi-
co muito maior do que tínhamos naquela época, nos anos 1940. Hoje
tem 5G aparecendo aí. Então, radiações, tóxicos ambientais, alimentos
mais empobrecidos, vidas urbanas mais estressantes. Estamos em
outro contexto.

O poder do alimento naquela época talvez fosse muito superior ao


poder que ele tem hoje.

Eu não desmereço o protocolo Gerson, eu acho apenas que ele já não


seria mais uma estratégia suficiente nos dias de hoje.

85
PARTE i | A origem do Câncer

Mesmo assim, eu acho que ele poderia ser muito bem um protocolo
de base para você fazer o tratamento convencional hoje em dia.

Não tinha quase convencional, não tinha droga nenhuma. Se é um


protocolo que visa a desintoxicação, o alimento saudável, tomar sol,
tudo coisa boa, atividade física. Por que não fazer?

Só acho que devia ser complementar e não ser um tratamento único


dos pacientes. É assim que eu vejo hoje em dia.

Os resultados do jejum.

Os trabalhos mostram que, quando você está em situação de jejum,


12 horas de jejum, 14, 16, quanto mais tempo de jejum você faz, mais
evidente é o que acontece. O que acontece no momento de jejum? Al-
guns processos metabólicos.

A insulina cai drasticamente, o MTOR, aquela via proliferativa que faz


a célula proliferar, diminui. O corpo começa a destruir células degene-
radas, células doentes, isso se chama autofagia.

Como você não tem alimento, o corpo fala: “vamos comer o que está
aqui dentro que não está precisando mais, uma reciclagem”. Então, ele
começa a comer e a destruir células anormais, células velhas, células
senescentes, autofagia.

Ele faz mais reparo de DNA. Existe um reparo mais eficaz nessa fase.
O corpo para de produzir proteínas, produz menos proteínas. Existe
menos anabolismo, menos síntese de proteínas, menos síntese de cé-
lulas, produção de células. Antioxidantes aumentam, nossa resistência
ao estresse aumenta.
Então nós ficamos num estado de antiproliferativo e de autorrepa-
ração, de faxina e de auditoria interna. Vamos arrumar a casa. É isso o
que acontece. Quando você come, acontece o oposto.

Estimula a produção celular, estimula a insulina, estimula a glicose.


Temos combustível para que o negócio prolifere e faça proteína. Ana-
bolismo. Produção celular, produção de tecidos.

Ora, o que faz mais sentido para você se a gente pensa que o pacien-
te tem um processo proliferativo dentro dele, um câncer?

86
Capítulo 06 | Dr. Gustavo Vilela

Ficar comendo ou ficar não comendo? Nesse contexto, é uma coisa


mais lógica favorecer mais períodos em que ele não vá comer do que
períodos em que ele vai comer.

Os trabalhos que já estão sendo feitos, publicados e que estão em


andamento, estão tentando focar nisso: o que acontece se o paciente
oncológico faz jejum intermitente?

O que já saiu até agora é que, quando se faz a quimioterapia com o


suporte do jejum intermitente, os pacientes têm menos risco de infec-
ção, menos neutropenia, quer dizer, menos efeitos tóxicos da quimio
na medula óssea, menos náusea e vômito.

O corpo fica mais resistente à ação da quimioterapia. Resistente ao


estresse. E a quimioterapia é um estresse.

Você fica muito mais blindado no jejum do que quando está


comendo.

Aparentemente essa é uma estratégia que pode ajudar muito pelo


menos a suportar a quimioterapia. Nós imaginamos que pode ir além
disso, que melhora o metabolismo de forma geral, abaixando a insuli-
na, você tem um efeito também antiproliferativo bastante eficaz. Isso
tem que ser comprovado.

Mas no mínimo menos efeitos colaterais e menos infecções já se


tem se mostrado.

Há um trabalho recente que mostrou uma paciente com linfoma fo-


licular estágio 3. É um linfoma que, no caso dela, não exigia quimiote-
rapia.

Ela só precisava ficar em observação porque estava bem Ela estava


assintomática, não tinha que fazer quimioterapia logo de cara.

E ela falou: “não quero ficar sem fazer nada, quero fazer alguma coi-
sa”. E procurou um médico na cidade dela, nos Estados Unidos, que faz
pesquisa com jejum. E ele propôs para ela: “vamos fazer jejum”.

Ela fez duas semanas de jejum. O que ela podia comer nessas duas
semanas? Nada. Zero. Apenas água. Água o dia inteiro. E ela tinha

87
PARTE i | A origem do Câncer

excesso de peso, tinha reserva, tinha uma gordurinha a mais então


podia fazer esse tipo de jejum. Nunca faça isso sem acompanhamento
médico.

Esse é um protocolo bastante específico e precisa de supervisão


médica diária. Diária. Diária. E, com duas semanas, ela percebeu que
estava sem fome, estava se sentindo mais disposta e falou para o mé-
dico: “nossa, eu achei um carocinho aqui e até diminuiu, que estranho.
Posso fazer mais uma semana?” O médico disse que podia.

Ela fez três semanas de jejum. Vinte e um dias. Três semanas se pas-
saram, ela fez uma realimentação gradual, sucos, dieta líquida, dieta
pastosa. Foi realimentando normalmente e adotou uma dieta vegana.
Saiu do jejum prolongado para uma dieta vegana. Isso durou dois me-
ses.

Quando ela foi fazer o pet scan de novo, estava em remissão


completa.

Apenas com essa estratégia de fazer jejum prolongado com dieta


vegana. Eu achei fascinante. Estamos todos preocupados com o que
o paciente pode comer quando tem câncer e, às vezes, é o que ele não
come que faz a diferença.

Você você vai acelerar drasticamente a ação antiproliferativa.

Recentemente eu peguei um paciente com câncer de próstata, com


8,5 de PSA. O normal é abaixo de 4. Ele estava com 8,5 de PSA. Com
um câncer confirmado, biopsiado. Ressonância magnética positiva, e
estava gordinho.

Ele falou: “eu estou desesperado porque o hospital cancelou as mi-


nhas cirurgias. A cirurgia de próstata por causa do coronavírus. Só pos-
so daqui três meses operar e eu vou ficar com o câncer assim. O que a
gente pode fazer nesse período?”

Falei sobre o jejum prolongado e ele topou. Fizemos supervisão mé-


dica diariamente. Por dez dias, ele fez jejum. Só tomando água. Depois
a gente o realimentou e, depois de dois meses, refizemos o PSA. De
8,5 foi para 4,5. Normalizou.

88
Capítulo 06 | Dr. Gustavo Vilela

Eu fiquei impressionado de ver. Claro que ele vai operar, vai seguir o
padrão normal do protocolo que tem que ser feito quando o hospital
reabrir. Mas isso me mostrou muito o poder do protocolo de jejum. E
mudou hábitos de vida, mexemos no microbioma, no expossoma. A
gente fez um global também, não foi só isso.

O jejum sem dúvida foi um grande pontapé metabólico para a


resposta do paciente.

Então é bastante promissor. E vai ser parte das nossas linhas de


pesquisa e com certeza daqui para frente faremos mais vezes essa
estratégia para os nossos pacientes que tiverem indicação.

A banalização do detox.

O detox é um termo que ficou muito banalizado hoje em dia, inclusi-


ve os próprios médicos não gostam muito dessa palavra.

A primeira coisa é pensar o que é a palavra detox, desintoxicar do


quê? E segunda é que nós temos um próprio sistema desintoxicante
no nosso corpo. O fígado faz isso.

Por exemplo, você toma um antibiótico agora, daqui seis horas tem
que tomar de novo porque o fígado o depurou. Nosso corpo tem me-
canismos de autodepuração, isso faz parte da gente.

Por que se preocupar com mecanismos de desintoxicação se já te-


mos isso naturalmente?
Temos um próprio sistema depurante no fígado, no intestino, nos
pulmões, nos rins: são órgãos excretores. Também há pele e suor. Nós
eliminamos, por esses locais, aquilo que não desejamos mais para o
nosso metabolismo.

As toxinas, os dejetos metabólicos. Perfeito. Teoricamente, não pre-


cisamos nos preocupar muito com isso. Mas há um problema.

O nosso corpo foi desenhado numa época em que não tínhamos


tanto contato com substâncias tóxicas como hoje.

E os trabalhos têm mostrado que a nossa exposição tóxica, o expos-


soma que é o conjunto de exposições ambientais tóxicas com as quais

89
PARTE i | A origem do Câncer

temos contato e que ultrapassam a nossa capacidade de desintoxica-


ção.

Então há os metais pesados por exemplo: mercúrio, níquel, o chum-


bo e os químicos: o alumínio, o cádmio, o arsênio. O nosso corpo tem
dificuldade de eliminar rodas são substâncias tóxicas

Os pesticidas? Quem que criou isso foi o ser humano. Esses são tóxi-
cos altamente afins por gordura corporal, eles entram no nosso corpo,
ficam presos e não saem facilmente, ficam amalgamados lá dentro.

O que podemos fazer já que não estamos em uma situação não fi-
siológica, se é que é possível, utilizar uma ferramenta para acelerar
ou para auxiliar os órgãos excretores a se depurarem melhor, esse é o
primeiro ponto.

O segundo ponto é que sabemos que as vias excretoras de toxinas


dependem de nutrientes muitas vezes, de vitaminas como cofatores.

Há variáveis que vão se juntando e fazendo o expossoma individual,


a carga tóxica cumulativa ao longo de uma vida inteira, que dependem
de vários fatores, sua exposição prévia, fatores nutricionais e genéti-
cos.

Existem alimentos que são alimentos detoxificantes que já foram


analisados em estudos que mostraram são capazes de aumentar a
capacidade do fígado de eliminar essas toxinas.

Os nutrientes fazem parte de você, quando você os repõe vitaminas


do complexo B, magnésio, metionina, isso auxilia o processo de des-
toxificação.

Quando você os repõe, não os aumentar além do fisiológico, ficará


o melhor do metabolismo, mas fazer só isso não resolve, é preciso
considerar outras variáveis.

Nós temos vários extratos de plantas que fazem isso, os nutracêu-


ticos, o extrato de brócolis, gengibre, pimenta, chá verde, romã, há vá-
rias plantas, frutas, raízes e folhas que possuem vários componentes
químicos capazes de acelerar processos de destoxificação fisiológica.

90
Capítulo 06 | Dr. Gustavo Vilela

Você pode fazer esse processo em forma de cápsula, como um


medicamento, desde que seja em uma farmácia padronizada, de boa
qualidade, mas você também pode adquirir hábitos mais saudáveis de
vida.

Os alimentos que mencionei: romã, chá verde, gengibre, pimenta


vermelha, pimenta preta, brócolis, folhas verdes-escuras todos têm
componentes químicos saudáveis de destoxificação.

Eu os vejo como um hábito de vida saudável do dia a dia, mas, sozi-


nhos, eles não conseguem. Se você tem uma intoxicação crônica por
mercúrio, por chumbo, por pesticida, muito dificilmente você vai con-
seguir resolver o problema somente tomando o suco verde.

Acho que, aí nesse caso você tem que tomar até medicamentos alo-
páticos apropriados para auxiliar nesse sentido.

Destoxificação é um tema bastante complexo, devemos ter hábitos


de vida alimentar saudáveis prescrição de nutracêuticos ou medica-
mentos alopáticos, seja por via oral ou por via injetável.

E temos ainda práticas não farmacológicas como fazer sauna para


estimular sudorese, ingerir bastante água para estimular a diurese e
favorecer um trânsito intestinal bom.

Se tem intestino preso, você retém toxinas, é como um Tietê intes-


tinal, tudo fica lá parado muitos dias, o que juntando toxinas por mais
tempo ainda.

Se você tiver um trânsito intestinal, chegou, dirigiu, apodreceu, jogou


fora, é melhor. É como o lixo de casa, se você ficar juntando dois, três
dias, vai ficando um cheiro ruim. Com nosso corpo é a mesma coisa.

Existem vários trabalhos que mostram o papel cancerígeno das to-


xinas ambientais.

No próprio livro de oncologia está escrito que os carcinógenos são


uma das causas do câncer, o cigarro, o álcool, os derivados de queima-
da, os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos…
Enfim, temos contato com as toxinas, só de respirar em São Paulo,
você está inalando toxinas ambientais cancerígenas.

91
PARTE i | A origem do Câncer

O expossoma junto com o microbioma são grandes vertentes que


vão impactar na tua saúde não só para o câncer, mas para doença au-
toimune, para depressão, neurodegenerativas, qualquer tipo de doen-
ça crônica ligada a estilo de vida.

Por fim, a ozonioterapia.

Ozonioterapia é um tratamento que já existe há mais de 100 anos.


Seu baixo custo fez com que ele começasse a ser desenvolvido em pa-
íses com poucos recursos financeiros, como Cuba, Rússia e Alemanha
Oriental.

O que sabemos da ozonioterapia é que ela tem uma ação bastante


difusa no nosso corpo. Ela tem ações diversas, age de forma anti-in-
flamatória, regula nossa imunidade, aumenta a resposta imunológica
etc.

O ozônio, por ser um derivado do oxigênio, estimula a oferta de oxi-


gênio para os tecidos.

Assim, os tecidos do nosso corpo ficam mais oxigenados. A pres-


são parcial de oxigênio aumenta em gente que faz ozonioterapia. Os
pacientes que recebem esse tratamento têm um bem-estar muito
grande.

Talvez haja outros mecanismos não explicados, mas imaginamos


que haja interferências em várias vias hormonais e neuroendócrinas
que promovem um bem-estar ao paciente.

Para ação anti-inflamatória, oxigenante, analgésica e de bem-estar,


funciona e aumenta a fluidez do sangue, reduz sua viscosidade, que é
uma coisa que pode ser interessante no paciente oncológico porque é
o câncer a gente tem uma tendência pró-trombótica, de agregação e
de coagulação excessiva, das hemácias.

Já o ozônio tem uma função de reduzir a viscosidade sanguínea e


favorecer a fluidez, a vasodilatação dos vasos e a fluidez do sangue.

Sabemos que as células tumorais vivem em um ambiente de hipo-


xemia, de pouco oxigênio, de pO2 (pressão parcial baixa de oxigênio),

92
Capítulo 06 | Dr. Gustavo Vilela

então quando você tem uma tecnologia que aumenta a oxigenação


dos tecidos, será que isso não seria benéfico? Isso porque sabemos
que a hipóxia é um fator de agravamento do câncer.

As células tumorais são muito mais agressivas em um ambiente de


hipóxia. A radioterapia não funciona tão bem em um ambiente de hi-
póxia. Se tem uma terapia que estimula a oxigenação, isso parece ser
benéfico.Há trabalhos in vitro que mostram uma ação antitumoral do
ozônio, que tem a ação de matar a célula tumoral quando você o coloca
em contato com ela. Há uma ação antitumoral bem documentada com
ozonioterapia, seja por via direta ou por toxicidade direta do ozônio.

Modelos animais são modelos ainda em laboratório, que mostram


que o racional que vemos tem uma certa base, mas isso precisa ser
transposto para modelos clínicos.

E, se você vai partir para estudar os modelos clínicos, há uma falta


absurda de estudos. Não há como garantir que a ozonioterapia terá
nos humanos o mesmo efeito que teve nos animais. Então, há um lon-
go caminho pela frente.

Eu acho que o ozônio pode tanto fazer bem quanto fazer mal, como
tudo em medicina, qualquer medicamento faz isso, qualquer trata-
mento pode fazer isso. O ozônio gera estresse oxidativo, gera radicais
livres no sistema, o que pode ser bom ou ruim.

Pode ser bom porque, se você irrita o sistema com um pouco de ra-
dical livre, você estimula toda uma resposta antioxidante que vem por
consequência, que é o que traz mais vantagem para a pessoa.

Ela fica mais resistente ao estresse oxidativo e produz uma ação an-
tioxidante como consequência.

Só que, se o uso for indiscriminado, o excesso de radicais livres pode


trazer danos, inclusive piorando o processo tumoral. Eu já tive pacien-
tes que, ao se exporem a ozônio, tiveram aumento da lesão de forma
clara, então é preciso ter um certo cuidado.

Nós precisamos fazer estudos clínicos para ter uma noção cada vez
mais precisa de como usar a ozonioterapia.

93
PARTE i | A origem do Câncer

Os benefícios são muito evidentes, principalmente em reduzir a fa-


diga ligada à quimioterapia, aos quadros depressivos, às vezes, ligado
à quimioterapia e à retenção de líquido, ao inchaço, às dores. Isso os
pacientes notam claramente a melhora. Em relação à ação antitumo-
ral, eu teria um pouco mais de cautela de falar sobre isso porque ainda
precisamos de mais estudos.

Na Europa, os pacientes fazem muito a combinação da quimiotera-


pia, o tratamento convencional, com a ozonioterapia.

A Suíça, a Alemanha, a Espanha e a Itália são países que têm uma


experiência enorme com ozonioterapia. Em Portugal, já é um sistema
em que se faz na rede pública de saúde. Na Alemanha os próprios pla-
nos de saúde pagam pela ozonioterapia.

Vemos que na prática há muitos benefícios, mas, ainda assim, preci-


samos de mais estudos. Então nós temos dois recentes foram publi-
cados que comprovaram os benefícios da ozonioterapia.

Os estudos são randomizados. Um grupo usou ozônio, outro grupo


não usou ozônio. No grupo que usou ozônio, houve uma redução muito
mais significativa da fadiga ligada à quimioterapia do que no grupo que
não usou. No caso dos pacientes que fazem ozonioterapia, vemos na
prática o resultado desses estudos.

Eles sentem um bem-estar muito grande, sentem muito mais dis-


posição. Temos pacientes que vinham com contagens leucocitárias
muito baixas pelo efeito tóxico da quimioterapia, mas que, quando fa-
ziam ozonoterapia, se recuperavam de forma muito mais rápida.

Então a gente vê que a ozonioterapia pode ser uma grande aliada


à quimioterapia e à radioterapia também.Não fui eu que cunhei esse
tema, mas o oncobioma seria o conjunto de micróbios desse nosso
microbioma no tecido tumoral.

Se você pegar um tecido tumoral — foram publicados estudos so-


bre diversos tipos de tumores — for para o laboratório e pesquisar
assinaturas genéticas por Michael Ray de patógenos, você vai encon-
trar uma lista gigantesca de bactérias, de micobactérias, de vírus de
parasitas que estão dentro desse tecido tumoral que não estão lá por
contaminação, são padrões genéticos.

94
Dr. Vitor Azzini

É médico-oftalmologista e es-
tudioso da Nutrologia, Medicina
Preventiva e Medicina Funcional.
Atualmente, seu foco de pesquisas
abrange células tronco, terapias re-
generativas, modulação hormonal,
suplementação, longevidade celu-
lar, precision medicine e biohacking.
PARTE i | A origem do Câncer

Erro científico: Câncer não é só uma doença genética

“E se um dia a gente associar as duas, talvez, terapia convencional,


quimioterapia, radioterapia, associados a essas, bio-oxidativas
e terapias metabólicas, pode ser que a gente esteja a
poucos anos de uma revolução”.

Dr. Vitor Azzini

O fato é que hoje estamos perdendo a batalha para o câncer.

No mundo, mais de sete milhões de pessoas morrem todos os anos


de câncer. E esse número só aumenta. Está previsto que, no Brasil, em
poucos anos, o câncer vai matar mais do que as doenças cardiovascu-
lares, que é o que mais mata no mundo.

Então, o está acontecendo hoje é que a gente está perdendo essa


batalha.

Acho que, como médico, é nosso dever estar sempre nos questio-
nando porque a medicina é a ciência do questionar hipóteses. Sobre o
câncer, a gente também tem que questionar a hipótese.

E, quando eu descobri que a hipótese que eu aprendi durante a facul-


dade, não era a única vigente, existem outras hipóteses, comecei a me
interessar muito e a estudar muito sobre isso também, apesar de não
ser a minha base de formação.

Câncer tem mesmo origem genética?

A hipótese fundamental durante a faculdade é a de que o câncer é


uma doença genética, uma doença nuclear genética. Ele vem de uma
mutação genética, proto-oncogenes, são genes pró-cancerígenos.
Por um acaso da natureza, por um acaso do ambiente ou por diversas
causas, ele sofre mutações e isso, por conta do núcleo e da doença
genética, ocorre a mutação, ocorre o surgimento do câncer.

96
Capítulo 07 | Dr. Vitor Azzini

E câncer são células que não param de se reproduzir, de se dividir.


Depois de formado, eu comecei a estudar muito a alimentação e co-
mecei a entender que, na verdade, apesar de ser essa hipótese vigen-
te do câncer como uma doença genética-nuclear, não era única.

Existe outra hipótese que me atraiu muito, que fazia sentido dentro
de um todo que eu estava estudando, que é a hipótese de que o câncer
é uma doença genética e metabólica, é uma doença mitocondrial.

Eu comecei a pesquisar, comecei a ver trabalhos de diversos pes-


quisadores, liderados pelo doutor Thomas Seyfried, e vi que, na ver-
dade, estudos ao longo das décadas de 1960 e 1970 mostraram que
diversos pesquisadores utilizavam o núcleo de células cancerosas, co-
locavam esse núcleo em células saudáveis e faziam replicações. Essas
células saudáveis com o núcleo canceroso não geravam câncer. E não
foi apenas um experimento, diversos estudos mostraram isso. Células
de melanoma, que é um câncer extremamente grave e agressivo da
pele, células de tumores cerebrais.

Muitos estudos já mostraram que, na verdade, quando você tira o


núcleo canceroso, que está com a mutação, e coloca em um núcleo
saudável, essa célula continua saudável, e não o contrário.

E quando você pega uma célula doente, uma célula cancerosa, tira o
núcleo doente e coloca um núcleo saudável, essa célula toda doente
com um núcleo saudável continua doente.

Então, a gente começou a questionar: será que é realmente o núcleo


o principal fator responsável pelo surgimento e pela replicação do cân-
cer? Ou será que é o invólucro do núcleo, todo aquele ambiente, aquele
líquido que está em volta do núcleo, que é o epigenoma.

Origem pode estar na mitocôndria.

Tudo o que está em volta do núcleo, costuma-se dizer que é o “resto”


da célula, mas parece que esse resto é o mais importante, é o que na
verdade comanda se essa célula vai ser saudável ou se vai ser cance-
rosa.

Foi isso que me fez questionar essa hipótese de que na verdade o


câncer não é uma doença genética-nuclear, e sim uma doença me-

97
PARTE i | A origem do Câncer

tabólica-mitocondrial. Mitocôndria é uma organela que está boiando


dentro da célula, em volta do núcleo.

A gente, quando começa a entendê-lo, começa a vê-lo sob outra


perspectiva.

Claro que eu não tenho a pretensão de falar que sei qual é a cura do
câncer. Mas o fato é que entendendo como ele tem uma assinatura
metabólica, podemos fazer algo para diminuir sua progressão.

A gente precisa ter consciência, parar, olhar para trás e falar: olha, a
gente não mudou a sobrevida, na verdade a gente até mudou a sobre-
vida porque o diagnóstico está sendo mais precoce. Agora, a letalidade
dos tipos de câncer continua a mesma.

Temos que ter um pouco de bom senso e buscar outros caminhos.

Por que virar as costas para outros tratamentos?

O que é que custa tentar uma terapia que não vá excluir a terapia
convencional e pode, talvez, ser a bala de prata? A gente não sabe, o
que a gente precisa é testar. O que estudos em animais mamíferos
mostram é que isso talvez seja uma revolução no câncer.

Fico muito triste de ver muitos pacientes, quando recebem o diag-


nóstico, eles delegam para outras pessoas, meio que desistem, acham
que o diagnóstico de câncer seja uma condenação. E esses pacientes
que têm uma resposta de passividade, e não buscam um conhecimen-
to que poderia ajudá-los, me entristece muito, porque eles acham que
não depende mais deles.

E muito pelo contrário.

Câncer precisa do açúcar para viver.

Mas um grupo de pessoas começa a se questionar: será que foi ao


acaso, será que foi um raio que caiu na minha cabeça e essa mutação
aconteceu por acaso?

Hoje a gente tem a oportunidade de ver na internet diversos estu-


dos, estudos de forma fantástica, feitos em animais como ratos, sapos

98
Capítulo 07 | Dr. Vitor Azzini

e até mesmo fungos, e estudos feitos de forma menos adequada, mas


em humanos também. A pessoa precisa ser proativa em cuidar e en-
tender, primeiro, como o câncer se alimenta.

O câncer tem uma assinatura biológica. Ele precisa do carboidrato ou


da glutamina para produzir energia. Ele não sabe usar o oxigênio, não
sabe fazer a fosforilação oxidativa, que é uma forma refinada de usar
o oxigênio para produzir energia.

Se você entender que o câncer produz energia de uma forma precá-


ria e que ele tem uma assinatura muito precária: precisa de glicose e
de glutamina, que é uma proteína, você entende: “opa, então eu tenho
que começar a entender que não posso fornecer, de forma fácil para o
câncer, glutamina e glicose”.

Existe uma outra forma de produzir energia.

O que eu posso fazer no meu dia a dia para diminuir essa oferta?
Existe outra forma de produzir energia sem precisar usar glicose? Sim,
existe. Você pode lançar mão de uma dieta cetogênica, uma dieta na
qual você consome pouco carboidrato. A base da sua alimentação é a
proteína e gordura, o que otimiza a utilização de beta-oxidação. Atra-
vés dos corpos cetônicos, você produzirá energia de forma a otimizar
o funcionamento da mitocôndria.

A célula saudável vai continuar sendo saudável, o cérebro que é


saudável, vai continuar sendo saudável, e, em contrapartida o câncer,
a célula doente que precisa o tempo todo de glicose e glutamina, vai
ficar sem nutriente e pode ser que o crescimento do câncer diminua.

Sobre isso, há estudos anedóticos em cachorros, sapos, hamsters,


ratos, camundongos, mostrando que não há apenas diminuição do
crescimento do câncer, como sua regressão.

E por que que não fazemos um estudo randomizado, duplo cego,


de larga escala, comparando as duas abordagens? Eu acho que talvez
seja falta de energia ou de interesse financeiro. A gente não consegue
saber.

Mas o fato é que essas modificações na alimentação: o jejum e a


dieta cetogênica têm mostrado diversos benefícios.

99
PARTE i | A origem do Câncer

A mudança de hábito como chave para cura.

Estou cansado de ver diversos pacientes que, a partir do momento


do diagnóstico, tomam uma atitude proativa, começam a pesquisar,
modificam seus hábitos e passam a se sentir melhor.

O que a gente precisa é de dinheiro e de tempo para realizar estudos


clínicos randomizados duplo-cego para provar que isso realmente é
verdade. Eu acredito que essa terapia não vá fazer mal para ninguém
que for diagnosticado, pelo contrário, só vai ajudar.

Estou falando de terapias bio-oxidativas e terapias que otimizam a


produção de corpos cetônicos, que otimizam o funcionamento meta-
bólico da pessoa. Está provado que, no mundo, pessoas obesas, com
doenças metabólicas, têm muito mais câncer de todos os tipos do que
pessoas não obesas, sem problemas metabólicos.

Então, que tal a gente melhorar a doença de base, que é a doença


metabólica? Talvez o câncer seja apenas a ponta do iceberg, mas toda
a base do iceberg seja uma doença metabólica. A falta de hábitos sau-
dáveis, a má alimentação e o sedentarismo.

Sugiro que você estude. Diversos estudos mostrando que diversas


terapias pouco usuais, que não se divulga na mídia podem ajudar e não
vão afetar na sobrevida. Muito pelo contrário, podem ajudar.

E, se existe uma possibilidade, a primeira atitude que eu diria para


essa pessoa, para esse familiar do paciente com câncer, é: tome uma
atitude proativa, não fique apenas sentado, achando que recebeu uma
condenação. Você não foi condenado, independente do tipo de câncer.
Até porque, quanto mais agressivo é o câncer, mais responsivo ele é a
qualquer terapia.

O problema são os cânceres que não são agressivos, aqueles que


crescem lentamente, eles são pouco responsivos. Então, indepen-
dente do tipo, se ele for muito agressivo, ele responde muito bem. Se
não for muito agressivo, você tem tempo para estudar, tempo para se
educar.

Quero reforçar a importância de entender o metabolismo. Basica-


mente o câncer tem uma assinatura metabólica, ele não sabe fazer a

100
Capítulo 07 | Dr. Vitor Azzini

fosforilação oxidativa, ele não sabe usar o oxigênio.

Oxigênio: veneno para o câncer.

O oxigênio é como se fosse o sol para o vampiro, o vampiro foge do


sol, o câncer foge do oxigênio. Então, primeiro, o oxigênio no câncer vai
fazer uma descarga tão grande de radicais livres que podem atrapalhar
a saúde dele, e isso é bom. E, para as células saudáveis, não faz isso.

Estude o metabolismo. Estude terapias bio-oxidativas, acho que é


um pilar fundamental.

Uma outra etapa, é: estude terapias metabólicas, saiba como você


pode produzir energia sem depender da glicose, que é a matéria-prima
fundamental das células cancerígenas.

Como produzir energia sem usar a glicose de forma agressiva? Uti-


lizando o consumo muito baixo de carboidrato, de glicose, e consu-
mindo mais gordura e proteína. Talvez com isso você consiga produzir
corpos cetônicos.

Você tem um índice. Você divide no seu sangue a quantidade de gli-


cose sobre a quantidade de corpos cetônicos. Quanto mais próximo
de 1 esse índice está, ou seja, quanto mais igualada a quantidade de
corpos cetônicos e glicose, maior é a sua capacidade metabólica de
utilizar os corpos cetônicos.

Oxigênio como terapia.

Para as células saudáveis isso é fantástico porque otimiza o funcio-


namento cerebral. Você vai emagrecer e vai perder gordura. Há diver-
sos benefícios metabólicos só nesse ponto. E, além disso, vai proteger
suas células saudáveis dos radicais livres que vêm quando se tem um
maior aporte de oxigênio, para uma câmara hiperbárica, por exemplo.

No caso da câmara hiperbárica, se você estiver sob cetose, estará


protegendo essas células saudáveis. Porque as células cancerígenas,
como não estão usando os corpos cetônicos, as elas vão continuar
sendo muito suscetíveis a receber o estresse oxidativo de uma câmara
hiperbárica.

101
PARTE i | A origem do Câncer

Entender metabolismo alimentar, entender que talvez a restrição


calórica seja uma alternativa fantástica para você sair dessa bola de
neve metabólica, entender o benefício do oxigênio, que ele pode ser a
saída, e entender que você não está condenado, é muito importante.

Você muitas vezes recebeu um ultimato, uma mensagem de que


precisa começar a ser proativo na busca da sua saúde.

Se você institui uma alimentação com restrição calórica, faz uma


dieta cetogênica ou jejum, em que você estimula o corpo a impedir que
ele faça a fermentação de células cancerígenas.

Se você não dá mais matéria-prima para o câncer se alimentar, o pior


que pode acontecer é não funcionar.

Não vai fazer mal porque quando você entra em cetose e fica um
tempo sem comer carboidrato, você está fazendo bem para o seu cor-
po, está fazendo bem para o seu cérebro.

A aposta na gordura.

As suas células saudáveis conseguem lidar com o fato de você não


estar comendo carboidrato, com o fato de você estar nutrindo suas
células com gorduras, com corpos cetônicos.

Isso é uma coisa que não vai te fazer mal.

O pior que pode acontecer é nada mudar. Agora, na melhor das hi-
póteses, se você pegar esse grupo que fez tratamento convencional,
quimioterapia, radioterapia, cirurgia (que movimenta bilhões e bilhões,
cerca de 2% a 3% do PIB mundial é o câncer) e adicionar uma terapia
metabólica, uma terapia que melhore o condicionamento mitocondrial
dele, o pior que pode acontecer é nada.

Existem diversos estudos que mostram que a resposta, tanto na te-


rapia em que você consome menos carboidrato e produz mais corpos
cetônicos, quanto em terapias bio-oxidativas, terapia por oxigênio hi-
perbárico, oxigênio intravenoso, ozônio (existem diversas terapias que
você colocando o oxigênio de forma mais forte no seu corpo), você vai
produzir mais estresse oxidativo nas células cancerosas.

102
Capítulo 07 | Dr. Vitor Azzini

Já as células saudáveis, com o consumo adequado de gorduras, vão


saber se defender muito bem.

Então, oxigênio, restrição calórica, consumo de gorduras e restrição


de carboidrato são terapias que não vão fazer mal e, pelo contrário, só
vão atuar nas células cancerosas.

E, se um dia a gente associar as duas, talvez a terapia convencional,


quimioterapia, radioterapia, associadas a essas bio-oxidativas e tera-
pias metabólicas, pode ser que a gente esteja a poucos anos de uma
revolução no mundo do câncer.

Uma revolução na saúde cancerígena.

Oxigênio atua como um poderoso antibiótico.

Há muitos anos, observou-se que diversos pacientes com doenças


vasculares, varizes, infecções de difícil tratamento, que o antibiótico
não resolve, aqueles pacientes renegados da medicina tradicional,
que não respondem a antibióticos, não respondem a cirurgia, muitos
pacientes, principalmente no âmbito vascular, que passavam a utiliza-
vam o oxigênio hiperbárico, ou seja, entravam numa câmara hiperbá-
rica, com uma pressão muito maior de oxigênio.

A gente vive numa porcentagem no nosso ar atmosférico de mais


ou menos 18% de oxigênio. Essa câmara hiperbárica tem uma porcen-
tagem muito maior de oxigênio, e esses pacientes ficavam por alguns
minutos ou horas, e com isso conseguiam aumentar o aporte de oxi-
gênio para as células.

Isso mostra que o oxigênio atua como um poderoso antibiótico. Ele


aumenta o estresse oxidativo na célula que está sob estresse.

Por exemplo, uma célula doente, uma célula com uma infecção, de
uma bactéria ou uma célula de varize, de úlcera, quando recebe essa
avalanche de oxigênio, ela “entra nos trilhos” porque o oxigênio em
avalanche força uma correta respiração, uma correta forma de produ-
zir energia da célula.

E aquela que está doente, que não está adequada, vai morrer por
aquele estresse oxidativo que o oxigênio faz.

103
PARTE i | A origem do Câncer

Só que agora, recentemente, esse efeito do oxigênio hiperbárico


tem sido expandido para outras áreas da medicina. Principalmente em
relação a até mesmo o câncer. Diversos estudos preliminares estão
mostrando que isso é benéfico. Por quê?

Desde o princípio, o câncer é uma célula defeituosa que produz ener-


gia sem oxigênio. Se você coloca uma avalanche de oxigênio na célula,
ela entra em contato com a célula cancerosa e dá duas opções: ou você
se adequa ou você morre, apoptose.

Parece que esse é um benefício fundamental para a célula do oxigê-


nio.

Em relação à glutamina, quando faz a quimioterapia ou a radiotera-


pia, você coloca uma carga grande naquela célula cancerosa. Isso in-
flama as células, isso faz, novamente, com que os radicais livres sejam
liberados.

E um dos principais radicais livres é o ácido glutâmico. A glutamina


sobra no seu corpo. E a glutamina também atua como um nutriente
para a célula doente, a célula cancerosa.

Outras terapias que barram o crescimento do câncer.

Sobre ácido glutâmico, a glutamina, que nosso próprio corpo pro-


duz, estudos preliminares têm mostrado que, ao bloquear a forma de
utilizar glutamina pelo corpo, de forma momentânea, você consegue
impedir que a célula cancerosa, que está desesperada por nutrientes
e não tem mais glicose, também pode morrer, porque ela pode usar
a energia de duas formas: fermentação da glicose e fermentação da
glutamina.

Talvez, ao momentaneamente bloquear a glutamina, você pode ini-


bir o crescimento cancerígeno.

Existe até um medicamento que o Dr. Thomas Seyfried está pesqui-


sando, que é o DOM, que atua de forma a bloquear a fermentação da
glutamina nas células.

Eu falaria que a gente precisa ter um pouco de cabeça aberta. Inicial-

104
Capítulo 07 | Dr. Vitor Azzini

mente, se você está frente a frente com o paciente e você precisa falar
aquilo pra ele...

Primeiro: não dar uma condenação.

Médico precisa oferecer alternativas.

Por pior que seja o tipo de câncer que a pessoa tenha, simplesmen-
te fazer o diagnóstico e não oferecer alternativas é a pior coisa que a
pessoa pode ouvir, soa como uma condenação.

O médico precisa oferecer alternativa: olha, tem esse livro, têm es-
ses estudos, têm esses vídeos, têm esses pesquisadores.

Porque muitas vezes o paciente, por ter tempo, por estar fazendo só
aquilo, ele sabe muito mais profundamente.

Eu não tenho prepotência de falar que eu tenho muitos pacientes


que sabem muito mais da doença dele do que eu sei. Porque eu sou
um guia. Eu vou falar: “ó, aqui você está saindo um pouco do trilho, fica
nessa linha aqui.

Não que eu saiba tanto quanto você, mas eu acho que nessa linha
você foi um pouco longe demais”.

Você não precisa saber tudo sobre o câncer, mas saiba o outro lado
da moeda antes de dar uma condenação. Saiba que o outro lado da
moeda existe.

É preciso dar um norte para o paciente. “Olha, se você seguir esse


caminho aqui pode ser que te ajude”.

Você não está falando que vai curar nem que vai resolver o proble-
ma, mas talvez seja uma linha que pode beneficiar sem afetar o tra-
tamento.

Pelo contrário, só vai te beneficiar.

Porque grande parte dos cânceres no mundo hoje aparecem dentro


de um corpo que está metabolicamente doente.

105
PARTE i | A origem do Câncer

Melhorar o metabolismo da pessoa só vai ajudá-la.

Yuval Harari escreveu o livro Sapiens. No segundo livro dele, o Homo


Deus, ele fala que, antigamente, a censura existia porque as pessoas
que tinham informação impediam as outras de ter essa informação. A
restrição da informação dado ao poder.

E, segundo ele, hoje, a censura continua existindo por um excesso


de informação.

É tanta informação, muitas vezes trivial, muitas vezes desimportan-


te, você tem uma avalanche de propaganda falando que você tem que
viver o hoje, sentir prazer na comida, comer besteira e tudo bem, mas
ninguém associa o câncer à alimentação.

Você recebe o diagnóstico de câncer, e o médico fala para você comer


sorvete, é muito comum. Curte a vida, prova os sabores novos.

E o fato hoje é que, segundo ele, a censura continua existindo, mas


por uma falta de você saber o que é realmente a informação importan-
te e o que não é.

E essa bagunça, esse barulho que fica na nossa cabeça acaba dei-
xando a gente sem poder.

E o poder hoje é a informação. Porque a informação adequada, focal


e precisa pode deixar a pessoa sem medo, pode dar poder para a pes-
soa, de forma proativa.

A gente não está aqui deixando a solução para tudo, mas o questio-
namento. Questione, vá buscar o conhecimento.

Quando chega o diagnóstico de câncer, vem o medo do desconheci-


mento.

A gente não sabe o que está à frente.

Apesar de ser a doença que está chegando no número um em mor-


tes, quanto mais você tiver conhecimento da metabologia sobre o
câncer, como ele surge, qual é a assinatura dele.

106
Capítulo 07 | Dr. Vitor Azzini

Entender ele como leigo, que é possível sim, qualquer leigo entender.

Assim, é possível, sim, perder o medo. Mas à medida que você vai
perdendo o medo, você vai acabar tendo atitudes no seu dia a dia que
vão te ajudar a prevenir a doença.

E a prevenção é justamente sair dessa rota, desse problema meta-


bólico.

É difícil lutar contra a grande mídia, é muita bagunça de informação


boba. E realmente é muito difícil, a censura continua existindo.

107
ALIMENTAÇÃO
ANTICANCERÍGENA
PARTE II
Dr. Alberto Gonzalez

Médico cirurgião formado pela Uni-


versidade de Brasília, com mestra-
do e doutorado pelo Instituto de
pesquisas cirúrgicas da Universida-
de de Ludwig Maximilian de Muni-
que, Alemanha. É ainda autor dos
livros “Lugar de Médico é na Cozi-
nha” e Cirurgia Verde.
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

A lista essencial que derruba o câncer

“Com uma alma aprisionada dentro de um ‘sedentarismo espiritual’,


você não consegue criar recursos, do ponto de vista anímico, que re-
forcem o seu sistema imune, que é a chave na cura e remissão e pre-
venção do câncer”

Dr. Alberto Gonzalez

Lugar de médico é na cozinha.


Meu nome é Alberto Peribanez Gonzalez. Sou médico formado em
1985 pela universidade de Brasília. Fiz o meu doutorado na Alemanha
e pratico a medicina integrativa desde 2002, ou seja, hoje são 18 anos
praticando a medicina integrativa da forma mais pura, que é aquela
que se pratica junto às fontes naturais, junto às fontes que a natureza
nos oferece, desde a alimentação, passando por práticas meditativas e
práticas de atividade física.

Em 2016, fiz um curso de medicina integrativa pelo Instituto Israe-


lita Albert Einstein, e hoje sou docente do curso de pós-graduação do
Instituto também. Isso me traz uma grande responsabilidade na área
do câncer.

Tenho meu consultório em Sorocaba e posso dizer que praticamente


40% dos pacientes são portadores de algum tipo de câncer. Se eu incluir
pessoas que já tiveram eventos de câncer na vida, a média vai para
60%.

O câncer hoje já se tornou parte do dia a dia do coletivo das pes-


soas e, em algum momento, alguém vai passar próximo a um evento
de câncer, vai se recuperar desse evento inicial ou vai desenvolver o
câncer. Então, vai procurar uma assistência integrativa, obtendo uma
série de elementos com os quais aumenta a sua resistência, imunidade
e sua capacidade de lidar com essa doença.

Isso inclui a parte anímica também, quer dizer, a alma da pessoa.


Para isso, o profissional integrativo é necessário.

110
Capítulo 01 | Dr. Alberto Gonzalez

Desde o início, precisamos considerar e respeitar o que a me-


dicina tradicional vem fazendo.

Eu digo para o meu paciente de consultório: “olha aquele médico on-


cologista que está te atendendo é meu parceiro”.

E quando eu posso ter o telefone do colega, eu me comunico com ele


e digo: “Estamos fazendo tais e tais e tais medidas para esse paciente”.

A maior parte dos oncologistas diz: “olha que fantástico, fico muito
feliz que você o está atendendo dessa maneira. a gente aqui não pode”.

Quando o paciente se queixa do atendimento curto do oncologista,


eu digo para ele: “olha eu pratico medicina integrativa, minha consulta
tem 1h50 de duração. Estou aqui para ver você, quem você é e o que
está acontecendo com você.

O colega da oncologia cuida do seu tumor, depois de outro e mais


outro. Ele passa o dia inteiro vendo tumores diferentes.

Ele segue o protocolo da medicina convencional, vai te dar uma in-


formação que tem validade, e a gente aqui vai te dar o restante de que
você precisa para lidar com esse diagnóstico”.

Eu digo isso porque a gente tem que fugir dessas soluções milagro-
sas e desses milagreiros que andam por aí.
Todo mundo tem que ter muita responsabilidade quando fala
do câncer.

Câncer é uma doença que desafia qualquer um.

Às vezes, é um câncer pequenininho, com o tipo histológico que não


assusta, mas, quando você vê, aquela pessoa já foi surpreendida e fica
numa fase avançada.

Às vezes a pessoa se apresenta com metástase e uma série de ór-


gãos acometidos, e, quando você vê, está acompanhando a pessoa há
10 anos

A primeira coisa que digo para o meu paciente no consultório é: “você

111
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

tem um câncer, você tem uma doença crônica”. Isso já pega as pessoas
de surpresa.

Não digo que é uma doença que vai matar. Não é “você tem câncer e
vai morrer”. Eu não tenho câncer e vou morrer também.

Não é por causa do câncer que necessariamente aquela pessoa vai


morrer.

Eu trabalho muito esse medo da morte, essa iminência da morte.

“Eu tenho um diagnóstico que é mortal, então a doença vai me con-


sumir e eu vou morrer”.

Calma, durante muito tempo vai haver uma convivência com essa
doença, mas nós estamos aqui para aumentar sua permanência entre
nós por muito tempo.

A gente quer te apoiar sim, mas você precisa saber que precisará to-
mar medidas.

Aí começa a nossa pirâmide de medidas.


Relação com a abordagem tradicional.

Vemos que a medicina convencional cuida da quimioterapia, da ra-


dioterapia, cuida de outros medicamentos alopáticos que às vezes o
paciente tem que tomar. Às vezes em exagero.

Isso é uma das coisas que mais costumo visualizar: o que esse pa-
ciente usa como outro remédios para outras doenças. Raramente o
paciente com câncer vem só com câncer, ele vem com diabetes, hiper-
tensão e uma série de outros quadros.

Então, a gente parte para o nosso grande aparato de atendimento


que envolve a linha do consultório, e eu chego a dizer para o paciente:
“a pessoa mais importante hierarquicamente no nosso grupo integra-
tivo é a professora de culinária”.

A professora de culinária é uma pessoa-chave nesse trabalho, por-


que nem o médico, nem a nutricionista vão te dar o que ela vai te dar.

112
Capítulo 01 | Dr. Alberto Gonzalez

Ela vai te dar como você vai preparar uma fruta, um vegetal, uma
berinjela, por exemplo, uma berinjela é um enigma, uma esfinge… se
você olha pra berinjela e tem uma habilidade culinária de transformar
ela numa caponata, que você põe a na boca e desmancha.

Estou falando de uma coisa muito simples, a culinária vegetal é uma


indústria de transformação que não tem fronteiras, você teria que ter
uma indústria que ocupasse um estado inteiro pra fabricar as diferen-
tes receitas do reino vegetal.

Quando você fala de maçã, de brócolis e de alho, você está falando


de uma série de alimentos anticâncer com os quais a pessoa precisa
aprender a trabalhar.

Como eu faço um brócolis ficar suculento, gostoso, com aquela tex-


tura que você mastiga e desmancha na boca, com aquele gosto de alho
poró, aquele gosto de dente de leão?

Então você ensina a pessoa até a usar as PANCs, que são as plantas
alimentícias não convencionais.

Eu ainda não tenho estatísticas, mas todos os meus pacientes que


adotaram o protocolo culinário que a gente apresenta, adoraram.

Depois que eu vou falar o restante da pirâmide de tratamento, mas


obviamente a culinária ocupa um espaço de grande hierarquia no nos-
so trabalho.

Eu brinco com o paciente: “você precisa sair do consultório, chegar


em casa e quebrar toda a cozinha, você arruma uma marreta quebra a
cozinha toda e refaz. Para você ter liquidificador, ter uma bancada e jo-
gar fora o micro-ondas. Para colocar uma prateleira e colocar melancia,
coco, melão, você tem que ter lugares para chegar com o carrinho da
feira e botar as coisas da feira em algum lugar da cozinha”.

Em muitas cozinhas que não há lugar para isso, só para bolacha


passatempo, salsicha, mostarda e catchup para colocar no cachorro-
-quente.

Há um padrão culinário instituído, institucionalizado com um marke-


ting gigantesco.

113
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Para mim, esse é o primeiro e o maior trabalho.

Depois disso, eu pergunto como está a atividade física. “ah, doutor


isso é uma coisa séria”.

Normalmente essa expressão que eu ouço. “Ah, doutor, o que?” “Ah,


eu não faço mais nada.. meu joelho dói”. Se o seu joelho está doendo, e
daí? Tem piscina. “mas eu não gosto de água” “E daí, quem não gosta
de água é gato”.

Eu passo um certo tempo conversando com o paciente e dizendo que


ele precisa fazer algum tipo de atividade física.

Eu fico ali um certo tempo conversando com ele e dizendo que ele
precisa fazer algum tipo de atividade física. A verdade é que cada as-
sunto desses, o assunto culinária, bioflavonóides, agentes antitumo-
rais contidos nos alimentos naturais, fitoquímicos, antioxidantes, vita-
minas, etc…

Só isso daria um curso online de 300 horas de duração para explicar


quais são as substâncias anticâncer que estarão presentes nessa culi-
nária.

Quando eu falo de exercício, eu estou no consultório só tocando no


assunto e tentando explicar para o paciente que ele tem que sair do
sedentarismo, mas existe muita ciência por trás disso, e toda essa ci-
ência por trás disso diz o seguinte: “meu caro, você precisa ativar suas
mitocôndrias”.

Eu tenho um quadro no meu consultório e dou uma aula: isso é uma


mitocôndria, é uma usina que produz energia dentro da sua célula, ela
funciona com esse e esse combustível. Num instante dou uma aula de
bioquímica de 10 minutos, e peço para o paciente tirar uma foto, para
lembrar da aula quando chegar em casa.

Eu procuro ver o ponto fraco do paciente. Em muitos deles, é real-


mente a parte de exercícios, e falo: “meu caro, você vai fazer qualquer
coisa, levanta da cadeira.. caminha em casa”. “Ai eu uso bengala..”

“Caminha com bengala”.

114
Capítulo 01 | Dr. Alberto Gonzalez

As pessoas precisam compreender que não há desculpas para não


fazer atividade física, não há. Isso não envolve pessoas que estão ou-
vindo de uma faixa etária maior, é para juventude também.

Eu tenho filha adolescente e tenho que falar: sai daí, sai dessa ma-
quininha diabólica, vai dar uma volta, vai se mexer. Há um risco grande,
com essa geração que está chegando, do sedentarismo aumentar ain-
da mais.

Eu ainda não falei do grande vilão nutricional que é sempre o açúcar.


Eu tenho um artigo que se chama:

“O açúcar alimenta o câncer”.

Mas eu diria que a junção desses dois fatores, o sedentarismo, com


a ingestão de açúcar, o acúmulo de gorduras dentro das células mus-
culares, impacta o metabolismo de tal forma que te transforma numa
espécie de diabético sem o ser.

Mesmo que você não tenha o diagnóstico de diabetes, você tem todo
o comportamento metabólico semelhante ao diabético. Isso vai favo-
recer o desenvolvimento da doença.

O terceiro tripé, que já foi mencionado no início, é a parte anímica, a


parte da alma da pessoa.

Com o passar do tempo, acabei desenvolvendo algumas saídas para


essas pessoas que são da mesma complexidade do que o assunto do
sedentarismo. É chegar para aquela pessoa, que está 24h por dia liga-
da e dorme mal.

Aí entra o assunto sono.

Durante essas sete, oito horas de sono que todos nós precisamos
ter, a parte do sono REM, que é o sono mais profundo, são as horas
mais importantes do teu corpo se livrar desse câncer.

Ou do seu corpo eliminar células cancerosas.

Eu tenho um livro alemão que diz que a gente forma 1.000 células
cancerosas por dia, isso em uma pessoa saudável. Mas o nosso siste-

115
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

ma imune vai lá e elimina essas células.

Elas são células com defeito, e o sistema elimina.

Em algum momento, essas células com defeito ganham força, e o


sistema não consegue mais eliminá-las, e, pasme, o sono é uma des-
sas chaves estratégicas para tentar melhorar isso.

Então você encontra aquilo, você pergunta: como está o sono? É um


sono reparador? Você acorda bem reparado, se sentindo bem? “Ah,
doutor… eu to dormindo muito mal”, e quando você vê, de 10 pessoas,
8 estão dormindo mal.

E você diz: olha, vamos ter que trabalhar esse sono.

A parte do sono tem a ver com todo o problema organizacional do


nosso corpo-alma. Na medicina integrativa, essa área é muito impor-
tante, uma das áreas chamadas a parte “corpo-alma”.

Do mesmo jeito que você tem que nadar ou caminhar, você precisa
tirar sua alma para passear.

Com a alma aprisionada dentro de um sedentarismo espiritual, você


não consegue criar recursos do ponto de vista anímico que reforcem o
teu sistema imune, que é chave na cura, na remissão e na prevenção
do câncer.

E você fala: “você já meditou alguma vez?” Meditação é uma coisa


básica. “Ah, mas eu não vou nessas coisas, minha religião não permite”.
Não é religião, a meditação hoje é praticada em ambiente acadêmico.
Eu sempre recomendo um livro chamado Manual prático de mindful-
ness. A meditação ganhou um novo nome, que é mindfulness.

Eu recomendo esse manual prático porque é um manualzinho básico.


Ele te acompanha durante dois meses e te ensina a dar os passos cor-
retos e as pessoas, em dois meses seguindo esse manual, descobrem
que podem meditar. Podem meditar no banco do ônibus, na fila do
banco, no banco da praça, deitadas no chão, na cama antes de dormir.

Meditar não é dormir? Não. Meditar não é dormir. Você medita, e de-
pois dorme. E pode fazer deitado.

116
Capítulo 01 | Dr. Alberto Gonzalez

A gente vai explicando que a meditação tem várias formas de induzir


um funcionamento melhor do plano mental.

Eu também tenho a prática da constelação familiar. Ela tem origem


com Bert Hellinger, que era missionário na África.

Ele estudava as tribos africanas e percebeu a semelhança de sinto-


mas psíquicos, mentais e psicológicos que acometiam as pessoas da
mesma linhagem familiar. Ele descobriu que naquele ancestral havia
acontecido um evento traumático e que esse evento traumático, cau-
sava reações no corpo e na mente dos descendentes. Isso é uma coisa
brilhante.

Depois, ele estudou psicologia. Hoje a constelação familiar é usada


até no ambiente jurídico.

Eu não chego ao simplismo de dizer que esse câncer veio porque,


quem sabe, o seu bisavô recebeu uma contaminação durante a guerra.
Nada disso.

A gente tem que dizer para a pessoa seguir a constelação familiar


para ver por que esses eventos que ocorrem na família, redundam
finalmente em redução da atividade imune, em reduções do estado
mental, para um estado deprimido.

Quando o paciente chega com câncer eu digo: “você começou a gran-


de gincana da vida, você entrou na grande fase agora de buscar uma
série de coisas que você tinha abandonado, e vai começar a fazer. Se
der certo, estamos satisfeitos, se não der certo você vai ter passado os
melhores anos da sua vida”.

Quando a pessoa fala: “por que eu? Tanta gente para pegar esse cân-
cer, por que eu?”
Porque você foi escolhido para se aperfeiçoar e se tornar um
ser humano melhor.

Melhor com seus parentes, com os animais, para se tornar um ser


humano melhor com sua comunidade, para se tornar um ser humano
melhor com a natureza.
Não tão ligado naqueles valores que você achava que eram impor-

117
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

tantes. Você vai descobrir que existem novos valores.

Eu sou honesto. Em nenhum momento eu prometo cura. Eu tenho


essa base filosófica para não ter a necessidade de prometer cura, que
muita gente infelizmente promete, o que não se deve fazer. E, ao ver
que estou sendo honesto, responsável, íntegro, eles retornam e se de-
monstram bastante satisfeitos com essa postura.

Eu acho que não existe um caminho único, em câncer, se alguém diz


que tem a palavra final, discorde, desconfie. Todos tçem que ter uma
postura honesta. Seja honesto com seu paciente.

Houve um estudo feito com uma tribo africana com alta incidência de
câncer de fígado que concluiu que sua população estava consumindo
um amendoim que ficava no silo construído de forma primitiva, tradi-
cional.

As pessoas consumiam amendoim já que continha o fungo asper-


gillus e a aflatoxina. E isso explica a alta incidência de hepatoma, que é
câncer de fígado.

Essa quantidade de aflatoxina que você vai comer numa paçoca, num
milkshake da lanchonete, fará você produzir microtoxina numa quanti-
dade ínfima. São microgramas, picogramas de microtoxina.

Mas imagine isso diariamente, imagine isso todo dia sendo jogado no
seu sangue, uma microdose de aflatoxina e de microtoxinas.

Você acha que não vai ter influência no surgimento de células tumo-
rais em alguma parte do seu corpo?

Eu vejo que não existe tumor, eu digo assim para meus pacientes: “os
médicos oncologistas têm que olhar o tumor.

Eles estão olhando para a característica do tumor para ver qual é o


tratamento a ser tomado. Eles estão certos, eles estão fazendo que
está no alcance deles.”

Eu vejo o paciente. Eles estão sedentários, não estão respeitando


adequadamente o sono e comem uma quantidade de açúcar inacei-
tável e obviamente comem derivados animais. E, quando deixam de

118
Capítulo 01 | Dr. Alberto Gonzalez

comer derivados animais, há uma mudança radical no andamento da


doença.

Então, eu gosto muito de dizer que cada paciente é um universo


único, e a gente passa todas as medidas para eles. É muito cuidadoso
porque o açúcar e o carboidrato em geral são nutrientes funcionais e
nutrientes fundamentais para o funcionamento da máquina humana.

Então, é muito importante para o paciente com câncer, que é uma


doença que consome energia.

Se você cai na mão de uma pessoa que diz para tirar todo o açúcar,
todos os carboidratos, o paciente definha.

Ele perde, inclusive, a resposta imune contra o tumor porque está


desnutrido. Por isso que eu trabalho com uma nutricionista no meu
consultório, que desenha uma dieta que vai conter arroz, feijão, uma
grande quantidade de carboidratos de origem vegetal.

Porém, de uma origem vegetal integral. É o chamado carboidrato


complexo, na sua forma integral.

E eu diria pra você que está ouvindo e não quer ter a vivência do câncer
na sua vida: consuma, de hoje em diante, todos os seus carboidratos
originados de frutas, de mandioca, de uma série de vegetais que você
prepare em casa e coma. É muito mais saudável obter o carboidrato de
uma fonte natural, do que de uma fonte altamente processada.

Escolha a feira e deixe de escolher a praça de alimentação do


shopping.

Escolha o alimento que você descasca e não o alimento que você tira
do pacote. Escolha o alimento in natura, essa é sempre uma escolha
melhor para você que está com essa dificuldade, que espero que seja
passageira.

Eu repito: câncer é uma doença crônica, você tem que lidar com ela e
pode continuar acompanhando isso.

Com o passar do tempo, se você achou interessante, adicione essas


dicas que estou dando, você vai sentir uma diferença muito grande.

119
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

E tenha esperança.

A cada dia descobrimos mais alguma coisa, mais algum elemento e


eu tenho certeza de que você ainda vai me dar uma boa notícia.

O açúcar não era para ser um problema, o açúcar é uma substância


abundante na natureza, está nas frutas, na fruta seca, o açúcar está
em diversos alimentos e é fundamental para o metabolismo humano.

É um nutriente. O problema não está no açúcar, está no fato de que


no início do século 20, a média de consumo no Brasil por cidadão era da
ordem de 0,5 kg de açúcar por ano.

Agora estamos chegando a 78 kg de açúcar por ano, em média.

Há um consumo desenfreado do açúcar refinado, industrializado e do


açúcar nas maiores formas, ele está presente em alimentos que você
menos suspeita.

A indústria de alimentos utiliza do açúcar como uma forma de deixar


consumo viciante. O açúcar se torna um vício pois ele ataca diretamen-
te receptores dopaminérgicos e endorfinas, que são receptores ligados
ao prazer.

Ela atinge o mesmo patamar que uma droga como cocaína,


heroína e morfina.

Ele oferece alguma forma um prazer, e você acaba necessitando de


doses cada vez mais altas.

Então, junte-se a esse os problemas já mencionados, do sedenta-


rismo e das pessoas trocarem o dia pela noite... tudo isso causa uma
bagunça metabólica, de tal forma que nós temos por aí perambulando
pela rua pessoas que já têm a síndrome metabólica, que são potenciais
diabéticos no futuro e que estarão ocupando filas de hospitais para
tratamento de câncer. Por quê?

Eu chego ao ponto de dizer que a fisiopatologia do diabetes e


do câncer são muito parecidas.

Elas envolvem um processo de sedentarismo, de alimentação base-

120
Capítulo 01 | Dr. Alberto Gonzalez

ada em processados, em carne, lacticínios, em falta de sol, falta de uma


hidratação adequada, falta de respiração adequada.

Nisso o açúcar acaba ocupando um papel muito central porque hoje


ele é onipresente.

O açúcar gera o crescimento de fungos no organismo, seja no intesti-


no, seja na microbiota intestinal, que também tem fungos e que passa
a ter fungos do grupo aspergillus, que produz a chamada aflatoxina
(não se conhece substância mais cancerígena do que a aflatoxina).

A pessoa que ingere açúcar está alimentando os aspergillus e au-


mentando a possibilidade de ter grandes quantidades dessa mico-
toxina tóxica. São muitas as micotoxinas cancerígenas originadas de
fungos.
Hoje existem catálogos, inclusive o Ministério da Saúde.

Temos que conhecer melhor esse assunto porque é um risco muito


grande. Não apenas de ter o açúcar em determinado alimento, mas de
ter o açúcar junto com a micotoxina que o acompanha. Se os produto-
res de paçoca ouvirem isso vão me linchar.

Se você gosta de paçoca, coma uma paçoca que foi feita na roça. O
pessoal socou o amendoim fresco e misturou com o açúcar. Será mais
seguro, o amendoim é uma oleaginosa.

Ele é do grupo da soja, das leguminosas, mas o amendoim é uma


forma de castanha. As castanhas têm a tendência a dar alojamento ao
aspergillus.

É muito perigoso, por isso sempre compre castanha-do-Pará com


exame direto dos olhos e do paladar. Vá na loja, prova, veja se está
fresca, se desmancha na boca.

Com o amendoim é a mesma coisa, ele tem que estar desmanchando


na boca, você vai abrir vários e não vai ver aquela bolinha preta que
parece uma cárie no dente. Aquilo é uma colônia de aflatoxina. Então
se você tiver amendoim contaminado por aspergillus, terá um grande
indutor de câncer.

121
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Sobre a minha prescrição, é claro que eu não posso dizer uma forma
generalizada, já que ela é totalmente individualizada.

Isso envolve o microbioma intestinal, as bactérias do intestino, o tipo


físico, ou seja, a individualização que vem através de uma série de ob-
servações que fazemos na história clínica e em exames complementa-
res que solicito.

Claro que existe a reposição de vitaminas, nutrientes, uma série de


coisas que a gente intervém na prescrição, que toma mais ou menos
20 minutos da consulta.

Mas há uma lista que eu sempre dou para meus pacientes dizendo
quais são os alimentos mais importantes na prevenção e na vigência
do câncer.

São alimentos que contêm fitoquímicos que já foram demonstrados


pela ciência que tem ação anticancer.
O primeiro da lista, pasmem, é a nossa querida maçã.

Você encontra em qualquer supermercado, obviamente o ideal é que


seja uma maçã orgânica e sem fungos. Se você foge por um lado do
agrotóxico, fungo da maçã é cancerígeno.

Esse é o elemento para ter todos os dias na dieta. Pelo menos duas
maçãs ao dia é recomendado para que você tenha quantidade suficien-
te de quercetina, resveratrol e outros fitoquímicos da maçã que têm
ação direta sobre o câncer.

O segundo alimento também surpreende pela simplicidade: é a ce-


nourinha Da mesma forma: procure a cenoura orgânica que esteja
saudável, procure um produtor orgânico e coma uma cenoura todo dia.

Uma boa forma de receber cenoura e maçã é fazendo suco verde.

Todo suco verde recebe cenoura e maçã.

O suco verde é anticâncer. Se beber o suco verde você já está fazendo


muita coisa pra melhorar. Ele tem maçã e tem cenoura.

122
Capítulo 01 | Dr. Alberto Gonzalez

O terceiro é da família da cenoura, até por conta do mesmo fitoquími-


co que a cenoura tem, chamado curcumina.

O que vem da cenoura é o caroteno, que vem de carrot, mas na cur-


cuma você tem muito mais curcumina e muito mais caroteno do que
na cenoura.

Eu ensino a fazer o golden milk. Por isso que eu falo que é uma ginca-
na, a gincana do que o Dr. Alberto propõe para o paciente. Ele vai atrás
de genbibre em pó, cúrcuma em pó, pimenta, e faz o golden milk, que é
uma bebida anticâncer, anti-inflamatória.

Logo depois dessa lista vai entram as folhas verdes. Elas são anti-
câncer, mas precisam ser escolhidas com cuidado.

Se você tiver um quintal que tem ora-pro-nobis, folha de chuchu, de


abóbora e até a folha de milho, as utilize. Também entramos no grupo
mais conhecido, como a couve.

No entanto, eu gosto muito dessas folhas de vegetais usados com


outros propósitos, essas folhas contêm fitoquímicos do grupo indol-
-3-carbinol, junto ao ácido fólico. E veja que tudo o que eu estou falan-
do agora praticamente cabe no suco verde.

Depois você chega no brócolis e na couve-flor, na couve e na couve-


-de-Bruxelas e no repolho.

O que todos esses alimentos têm em comum? Eles têm indol-3-car-


binol em grande concentração, e eles têm outra característica maravi-
lhosa: eu os considero deliciosos. Não deixe faltar no seu prato todo dia
um pouco de brócolis.

Tenha uma dieta variada, colorida, que tenha couve-flor, brócolis,


repolho, e tudo isso que já mencionei num prato que você coma com
prazer.

Tem um outro grupo que as pessoas desconhecem que é o grupo das


castanhas. O Brasil é dono de castanhas mais poderosas do mundo,
a gente vive de importar. A gente importa avelã, amêndoa, nozes. É
chique comer no Natal.

123
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Mas nós temos a castanha-do-Pará, que é poderosíssima.

E também temos um coco. O coco é uma castanha, é outra castanha


poderosa anticâncer tanto pela presença do ácido elágico, outro fito-
químico. Você coloca as células de câncer em placas de petri, e coloca
essas substâncias que eu estou mencionando, em laboratório, e elas
levam a involução, eliminação desses clusters de câncer.

Ainda há outro grupo, as frutas vermelhas. As frutas vermelhas, prin-


cipalmente as frutas vermelhas silvestres contêm grande quantidade
de resveratrol associado ao que eu mencionei agora, o ácido elágico.

Então é curioso, mas o ácido elágico está presente nas castanhas e


nas frutas vermelhas, principalmente nas frutas silvestres.
Também há os temperos, muitos deles são anticâncer.

Vamos para o alho, cebola, alho poró. Esse grupo todo que tem sul-
fídios, que recebem esse nome porque existe o enxofre que dá aquele
cheiro típico do alho, da cebola. Cortamos e vem aquele cheiro forte
que nos faz chorar.

Vou fechar mencionando os cogumelos orientais. Eu ando pela minha


floresta e encontro cogumelo de todo tipo.

Ganhei um livro de um amigo, de um rapaz que mapeou os cogu-


melos comestíveis das flores brasileiras. Temos uma ignorância muito
grande a respeito desse superalimento, o cogumelo florestal, que con-
tém substâncias anticâncer das mais variadas, entre elas a diamanti-
na, que é uma substância típica dos cogumelos orientais, com grande
atividade anticâncer.

É muito mais gostoso e você, com o livro na mão, andar pela floresta
e eu estou identificando.

Tem um shitake da floresta, que compramos na feira, mas vemos que


a floresta oferece um shitake extremamente rico

Já fiz vários pratos com ele e você vê que é uma coisa pra ser desco-
berta ainda, o famoso haritaki.

124
Capítulo 01 | Dr. Alberto Gonzalez

O problema é que algumas coisas acabam sendo vendidas como “a


solução final para o câncer”.

Ah, o cogumelo do sol haritaki.. gente, por favor, compreendam que


há essa grande variação.

Eu queria fazer um aporte da maior importância pra dizer os alimen-


tos que você precisa banir da sua dieta.

Até agora, se você não havia percebido, vou me identificar, sou ve-
gano. Joaquin Phoenix, o Coringa se identificou como vegano, para o
mundo ouvir, e estamos tendo cada vez mais liberdade de dizer: tor-
ne-se vegano.
Deixe de comer carne, de beber leite, de comer essas proteínas
que vêm dos laticínios.

Não apenas por conta dos prejuízos que a gente obtém com esses
alimentos, mas pelo fato de eles serem adicionados de uma quanti-
dade de hormônios que hoje em dia podem estar na lista dos maiores
causadores de câncer.

Muita gente sem escrúpulos está no ambiente da produção de pro-


teína animal. Eles não estão se importando em jogar hormônios que
atuam como verdadeiros deflagradores de crescimento tumoral.

Estamos ingerindo uma asinha de frango, que está causando câncer,


está gerando, no futuro, um câncer em uma pessoa da sua família. É
hora de começarmos a tomar consciência disso.

125
Dr. Dayan Siebra

Dayan Siebra é médico ortomole-


cular e cirurgião vascular há mais
de 18 anos. Em paralelo à carreira
médica, Dayan é palestrante inter-
nacional nas áreas de inteligência
emocional, energia, saúde e qua-
lidade de vida. É um dos médicos
com maior presença no YouTube,
com um canal que contabiliza mais
de 5 milhões de inscritos.
Capítulo 02 | Dr. Dayan Siebra

Terreno biológico: a causa secreta do câncer que a faculdade


ignora

“Foi ali que eu percebi que existia uma lavagem cerebral da indús-
tria farmacêutica dentro daquele jovem médico. É um grande crime.
É como se você pegasse e desse cocaína para uma criança na escola”

Dr. Dayan Siebra

Eu me chamo Dayan Siebra e eu sou médico. Eu tenho 45 anos de


idade. E tenho 22 anos de medicina. E, como todo médico, a gente é
preparado, a gente é formado numa faculdade tradicional. Pelo menos
os médicos aqui do Ocidente, do Brasil, dos Estados Unidos.

Eu me formei na Universidade de Pernambuco, em Recife. O meu


sonho era ser cirurgião para poder intervir nas pessoas, para poder re-
solver os problemas.

A visão do médico cirurgião é essa. “Eu vou lá, eu pego o bisturi e eu


resolvo aquele problema, eu tiro aquele tumor, eu opero.”

Mas ninguém me disse que todas essas doenças tinham uma causa.
A gente pode falar nesse vídeo sobre a causa da maior parte das do-
enças.

Mas na faculdade, a gente aprende muito como resolver o problema.


Se a pessoa tem uma pressão alta, vamos procurar um remédio para
resolver a pressão dessa pessoa. Se a pessoa tem diabetes, vamos
buscar um remedinho para resolver o diabetes. Se a pessoa tem cân-
cer, vamos buscar uma cirurgia para tirar o tumor e vamos buscar uma
quimioterapia ou radioterapia.

Na faculdade, indústria te encanta.

Mas uma coisa que me deixava muito angustiado é o porquê de a


gente não descobrir a causa das doenças.

Se diziam que eram coisas genéticas, é porque era assim mesmo.

127
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Não se entendia. E uma das coisas que mais me chocou foi estagiar
num hospital psiquiátrico e perceber que aqueles pacientes viviam
acorrentados a medicações psiquiátricas controladas e nunca se cura-
vam.

Passei minha faculdade inteira nessa filosofia, sendo abordado por


propagandistas de remédios no campus da universidade com suas
maletas mágicas mostrando remédios que curavam gastrite, que cura-
vam esofagite, que curavam pressão.

E aquilo ali encantava qualquer estudante de medicina. Foi ali que


eu comecei a perceber que existia uma lavagem cerebral da indústria
farmacêutica dentro daquele jovem médico.

Ou seja, é um grande crime. É como se você pegasse e começasse a


dar cocaína para uma criança na escola.

Então, você está ali na faculdade, e a indústria lhe encantando, lhe


dando remédios gratuitos, lhe dando folders lindos e lhe chamando
para almoçar e jantar muitas vezes.

O jovem estudante de medicina, com poucos recursos financeiros,


fica encantado com aquela gentileza, entre aspas, daquele propagan-
dista.

Eu me formei e ingressei na residência médica de cirurgia vascular.


E aí tive mais uma surpresa, eu convivia com diabéticos mais ainda,
pessoas com problemas de circulação, pessoas com doenças crônicas.

Eu amputava pernas constantemente, fazia cirurgias de ponte de sa-


fena. E em nenhum momento me falavam qual era verdadeiramente
a causa daquilo tudo. A gente sabia que eram erros alimentares, que
eram problemas de sedentarismo, mas nada aprofundado.

Eu terminei minha residência médica e continuei como médico co-


mum. Dando plantões e amputando pernas, fazendo pontes de safena,
operando a consequência das doenças. E na verdade eu só percebi que
tudo isso não era tão lindo como eu imaginava quando eu sofri as con-
sequências de um corpo mal cuidado.

128
Capítulo 02 | Dr. Dayan Siebra

Ataque de pânico mudou o rumo das coisas.

Depois de muitos anos de trabalho, de muito estresse, eu desenvolvi


ansiedade muito forte. Cheguei ao ponto de ter um ataque de pânico.
E, quando tive esse ataque, fui buscar ajuda médica.

A princípio fui fazer exames, vários exames, a nossa medicina é as-


sim. Ela é especializada em muitos exames e muitos remédios porque
é isso que dá dinheiro a um grupo de pessoas que não são os médicos.
A maior parte são a indústria dos exames e a indústria dos remédios.

Então, caí nos exames, na mão dos psiquiatras, que me passaram


uma medicação controlada, que me ajudaram muito a sair dessa crise
de pânico.

Mas e a cura? Eu queria me curar. Eu dizia à minha psicóloga: “Dou-


tora, quando eu vou ficar bom disso?”. “Calma, daqui a dois, cinco anos,
tenha paciência”.

Eu dizia: “Doutora, eu não tenho esse tempo. Eu estou com 35 anos,


vou fazer 40. Meus filhos já estão crescendo, e eu não tenho tempo
para isso.”

Então, eu precisava mudar, eu precisava de uma cura. E essa cura eu


descobri por uma paciente minha que disse: “Doutor, melhorei muito
da minha artrite com uma medicina chamada medicina ortomolecular.”

A má fama da medicina integrativa vem principalmente de o paciente


só procurar a medicina complementar quando não tem mais jeito.

É assim: ele tenta tudo que existe na tradicional, que não é muita
coisa, tenta tudo, é desenganado.

A palavra é essa: desenganado. E ele sai procurando tudo, reza braba,


até leite de manga dormida.

Se a medicina convencional se juntasse à medicina complementar


precocemente, inclusive na prevenção, teríamos uma qualidade de vida
muito melhor.

Quando o paciente vai para a medicina complementar, muitas vezes

129
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

não tem mais o que fazer.

Nós temos vários casos, no Brasil e fora também. Por exemplo, Steve
Jobs. Não conseguiu curar um câncer de pâncreas.

Por que não aliar o alternativo ao convencional?

Nós tivemos o caso do Marcelo Rezende no Brasil, ele abandonou um


tratamento para começar outro. Por que não pôde juntar os dois? As
coisas podem se misturar. Por que não trabalhar junto?

Não adianta procurar o complementar só quando já está com sinais


de gravidade, com disseminação de tumor em vários órgãos.

Quando o paciente já está em estado grave e que a medicina tradicio-


nal não pode oferecer mais tratamentos, a família apoia o paciente na
busca por alternativas, mas acho que é muito importante fazer a asso-
ciação precoce dos dois métodos.E não deixar só para em último caso.

Com certeza, a fama muitas vezes ruim, eu diria assim, dos médicos
da medicina complementar, vem de eles só pegarem o paciente quan-
do ele está em estágio terminal. Isso é o que a gente tem que evitar.

Fui ridicularizado por colegas.

Eu fui fazer um curso no Rio de Janeiro na Universidade Veiga de


Almeida, durou 18 meses. Todo mês indo ao Rio de Janeiro.

Fui ridicularizado por colegas: “ah, você está usando zinco, ah cura
minha gastrite com molibdênio.”

Tanta piada que eu ouvia. Enquanto isso, eu investi em duas coisas:


na medicina ortomolecular: orto quer dizer deixar reto, ou seja, orto-
molecular é alinhar as moléculas.

E pude entender que poderia curar minhas doenças equilibrando mi-


nhas células, o funcionamento do meu organismo. Mas não só isso.
Equilibrando principalmente também a minha mente, as minhas emo-
ções, me conhecendo, entendendo para que eu vim ao mundo.

Depois eu pude entender que existiam dois cenários. Dois cenários

130
Capítulo 02 | Dr. Dayan Siebra

médicos. Uma medicina tradicional, conhecida por muitos como medi-


cina alopática, que também tem sua importância.

Ela é muito boa de tratar doenças agudas, como apendicite, trombo-


se, o próprio coronavírus agora. Você precisa do respirador, você pre-
cisa da UTI.

Mas existe outra medicina, chamada medicina complementar. Muitas


pessoas gostam de dizer o nome medicina alternativa. E hoje também
é muito conhecida como medicina integrativa, pois integra várias áreas.

Eu tenho a impressão de que a medicina ortomolecular é pratica-


mente a mesma coisa da integrativa, que, por sua vez, é praticamente
a mesma coisa da nutrologia, que só vai mudando a cara.

E essa cara vai mudando porque a mídia persegue e os conselhos


perseguem a medicina alternativa. Por isso, os profissionais têm que
dar uma nova cara a ela para poder escapar e fugir para outro lugar.

Mas, na verdade, são duas medicinas incríveis: a medicina comple-


mentar ou integrativa e a medicina tradicional — cada uma tem a sua
função.

Se você me perguntar agora: qual é a melhor? Eu diria que as duas


são boas e que o ideal é a perfeita integração das duas porque cada
uma tem suas facetas.
Por que medicina complementar leva má fama.

Eu tive vários pacientes curados de câncer. Câncer de mama. Câncer


de intestino. Câncer de estômago. Leucemia. Para nenhum deles, eu
pedi para que abandonasse o tratamento convencional. Todos manti-
nham com o oncologista e o médico radiologista.

O médico muitas vezes quer ser Deus.

E, quando o paciente sai da quimioterapia e procura outra opção, o


médico que não é tradicional, o médico da medicina complementar,
muitas vezes, age com o ego inflamado e diz: “eu vou te curar com um
método que não é o convencional porque eu sou diferente.”

131
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Às vezes o paciente iria morrer todo jeito, mas morre na mão dele. E
a medicina complementar leva a má fama. Então que a gente ande de
mãos dadas, as duas medicinas. Ninguém tem que abandonar médico
de ninguém.

E me surpreendi uma vez quando atendi um paciente pela primeira


vez e ele me contou que acompanhava o meu canal e de mais dois mé-
dicos aí pelo Brasil. E um dos Estados Unidos. Ele teve um diagnóstico
de câncer de estômago e ficou completamente curado com as orienta-
ções que a gente deu para ele. Foi o que ele disse.

Ele me mostrou a endoscopia de antes e depois. E quando vi, eu não


acreditei naquilo. Uma ferida, parecia uma úlcera de perna no estôma-
go, um tumor e, depois de cinco anos, aquele mesmo estômago com a
cicatriz fechada. Quando falo isso, fico arrepiado.

Eu vejo uma relação muito grande entre o medo das pessoas e alguns
fatores dos médicos que atrapalham a integração das duas medicinas
no tratamento do câncer.

Os médicos, por exemplo, se afastam de tratamentos complementa-


res contra o câncer por vários motivos.

A meu ver, devido à minha experiência e muitos anos de estudo, o


primeiro deles é a desinformação. Nós não temos essa formação na
faculdade. Não temos essa formação nos congressos médicos, a de-
sinformação é um dos maiores problemas. A gente não confia no que
não conhece.

A segunda coisa é o ceticismo. Nós temos um grande problema de só


acreditarmos no que vemos.

A física quântica, por exemplo, que hoje é uma grande área da ciência,
as pessoas não acreditam em nada da física quântica. E a física quân-
tica por quê?

Porque é a vibração de elétrons. Linus Pauling em 1950 já falava de


elétrons, já falava de orbitais. E a gente hoje ainda se questionando,
vibração, eletrônica.

Arrogância é um sentimento, e um comportamento também, muito

132
Capítulo 02 | Dr. Dayan Siebra

complicado, que faz a gente não acreditar nos tratamentos comple-


mentares.

Outro, que está diminuindo bastante através do trabalho de vários


profissionais de saúde do mundo e os brasileiros são pessoas à frente
nisso aí nas redes sociais que é a desinformação da população.

Uma população desinformada vai acreditar em tudo que disserem


para ela.

Só que a população agora está se informando mais do que a classe


médica sobre a medicina alternativa. Vários pacientes que eu atendi,
vários seguidores do meu canal do YouTube chegam em consultórios
médicos só dizendo o que querem usar.

Pode parecer loucura, mas um dia vão falar: “olha, esse médico já
falava isso”. Mas, um belo dia, o médico vai ser apenas um consultor.

O paciente vai se autodiagnosticar, ele vai ter softwares para se au-


todiagnosticar, vai ter como se automedicar, e o médico vai ser um tu-
tor. O paciente hoje em dia já está chegando nesse caminho. Ele sente
o seu corpo, ele sabe mais ou menos, ele tem informação. Mas nós
ainda precisamos informar muito a população.

Outro grande problema é o interesse das indústrias dos remédios,


dos quimioterápicos, das máquinas que produzem instrumentos de ra-
dioterapia e das políticas públicas. Existe uma correlação e o nosso país
vive a corrupção de uma forma que nunca foi curada.

No Brasil, a corrupção é um câncer.

Eu tenho um sonho. Pegar um programa digital de educação: que ex-


plique como emagrecer, como prevenir o câncer, que tenha uma tabela
de alimentos baratos e oferecer para os governos, para o Ministério da
Saúde, mas eles não têm interesse porque lá dentro, a indústria far-
macêutica está com as garras e os dentes abocanhados nas tetas do
governo.

Então é muito mais interessante para as políticas públicas colocarem


no posto de saúde captropil, omeprazol e vários outros remédios.

133
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

As pessoas têm muito medo em relação ao câncer. Elas ficam naque-


la incerteza. O maior medo do câncer na população é a incerteza.

Medo influencia nas escolhas.

O ser humano morre de medo de sair do controle da vida. Então


quando ele tem um câncer e pensa: “será que eu vou morrer?” é terrí-
vel. E o medo da dor. A dor de quê? A dor de perda do contato com os
familiares. A dor da perda da sua profissão.

Já se imagina sem cabelo, fazendo quimioterapia, internado. Também


tem a impotência porque é uma doença muitas vezes grave e aparen-
temente você não tem recursos para se curar.

É uma caminhada rumo ao desconhecido. É o medo de aspectos es-


téticos e o medo de as pessoas sentirem pena de você. O medo de
deixar seus entes queridos desprotegidos. O medo da morte, que é o
desconhecido.

Além disso tudo, vem o medo dos efeitos colaterais da quimioterapia.


A pessoa inchada, com corticoide, os olhos fundos, sem cabelo.

Imagine uma mulher que passa por um câncer de mama. As pessoas,


quando veem todo esse cenário dos pacientes, isso gera um ambiente
de incerteza mental e não querem arriscar. Com o câncer isso acontece
muito.

As pessoas pensam que é melhor procurar o que já é tradicional, que


é cirurgia, radioterapia, quimioterapia e ver o que acontece. Essa é a
visão que eu tenho desse cenário.

Em minha experiência como médico, vi muitos pacientes perderem


muitas coisas quando eles se concentraram apenas no tratamento
convencional do câncer.

O que temos que entender é que o câncer cresce porque nós temos
uma coisa chamada terreno biológico.
Não adianta lavar o peixe e colocá-lo na água suja.

Para quem já criou peixe em aquário, é muito fácil entender. A água

134
Capítulo 02 | Dr. Dayan Siebra

precisa ser avaliada todos os dias. É preciso ver se está suja, se está
limpa qual é seu pH. E quem cria peixe sempre olha o pH, pinga um azul
de metileno, melhora a condição da água, oxigena. Caso contrário, o
peixe adoece ou morre.

Muitas vezes, ele não morre de uma hora para outra, ele adoece e vai
morrendo aos pouquinhos.

No nosso corpo, isso tudo também existe, essa água, que é o nosso
terreno biológico. Não adianta pegar o peixe, lavá-lo, tirar sua sujeira e
colocá-lo na água suja de novo.

Esse terreno biológico é a nossa água corporal. A nossa água corres-


ponde a 70% do nosso corpo.

Se não cuidarmos desse grande aquário, desse terreno biológico, vão


crescer plantas daninhas, vão crescer fungos, vai crescer lodo. Isso, de
uma forma metafórica, é o nosso câncer. São as alterações tumorais,
mas não é só isso. Com a inflamação crônica, gera-se doenças, como
diabetes, artrite, artrose, lúpus.

O próprio câncer não deixa de ser uma doença inflamatória. Se o


paciente chega e com o terreno biológico sujo, contaminado, com pH
baixo, com pH ácido, rico em açúcar e alimentos industrializados, isso
não pode ser desconsiderado. Não adianta fazer quimioterapia para o
tumor não crescer e, depois, fazer uma cirurgia.

O tumor é apenas um sinal de que seu corpo está doente. O tumor é


como o ponteiro do peru que acabou de ficar assado. Não adianta ape-
nas arrancá-lo. Se você não quiser que o peru asse, tem que desligar
o fogo.

Não adianta esperar que o câncer apareça. O câncer é um sinal, é um


grito do corpo. “Ei, eu to muito ruim”.

Os pacientes que não têm a visão de como melhorar seu terreno bio-
lógico, sofrem muito porque não se curam do câncer.

A maior parte das pessoas não se cura de câncer. Elas arrancam o


câncer e fazem um tratamento paliativo. “Mas fulano disse que foi
curado”.

135
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

O que é uma cura? É você se curar por cinco anos? É você se curar
por dez anos? Cura, a meu ver, é o câncer desaparecer junto com a
tendência de ter outros cânceres.

Hoje em dia, vemos pessoas fazendo quimioterapia e radioterapia


sem sequer passar por uma orientação alimentar. Eu fico impressiona-
do porque tenho pessoas na família que já morreram de câncer, e essas
pessoas saíram com protocolos incríveis de quimioterapia e radiotera-
pia, muitas vezes com uma lista de reza, com promessa, mas sem uma
orientação alimentar.

Elas saem podendo comer a quantidade de açúcar que quiserem. Eu


fico indignado com isso.

Como você deixa paciente comer industrializados?

Como você deixa uma pessoa com câncer ficar comendo fritura?
Como você deixa uma pessoa com câncer ficar comendo achocolata-
do? Industrializados. Temperos prontos. Como você deixa as pessoas
comendo queijo processado? Presunto, arroz, leite e derivados? Uma
dieta extremamente inflamatória.

Nós precisamos entender que a alimentação pode ser o nosso ve-


neno.

Uma pessoa que tem câncer ou que quer prevenir o câncer precisa
ser uma dieta basicamente alcalina. Essa dieta alcalina faz seu pH subir.

É verde? Então deve estar na dieta.

E uma das coisas que a gente deve priorizar na dieta alcalina são ve-
getais ou frutas verdes.

Limão, por exemplo. Você não pode abrir mão da água com limão.
Você pode ter um filtro de água alcalina em casa? Pode, é barato. Mas
você pode usar limão constantemente, que ajuda a alcalinizar seu cor-
po apesar de o limão ser ácido.

A quantidade de minerais do limão e tão grande, tão importante, que,


ao ser despejado no estômago, ele começa a alcalinizar seu corpo.

136
Capítulo 02 | Dr. Dayan Siebra

Uma coisa importante também são os vegetais verde escuros.

Tudo que é verde vai alcalinizar seu corpo. Verde é natureza. Você tem
que abusar do limão, do abacate, do brócolis, da couve-flor. Devemos
nos aproximar da melhor dieta que existe: a dieta do mediterrâneo.

Uma dieta baseada em peixes, em azeite de oliva, em gorduras boas,


em nozes.

A pessoa que quer evitar ou tratar o câncer deve se alimentar à base


de alimentos verdes, se alimentar de folhas verdes escuras, se alimen-
tar de brócolis, de couve-flor, as crucíferas. Se alimentar de repolho. Se
alimentar de alface. Como eu falei, o limão. Abacate. Tudo que é verde
vai fazer detox, vai limpar o corpo. Vai alcalinizar o nosso corpo.

E sabemos através de pesquisas e conceitos do pesquisador Linus


Pauling, ganhador do prêmio Nobel duas vezes, que, quanto mais alca-
lino o nosso corpo, menos há tendência de crescimento do câncer. Nós
precisamos evitar carboidratos refinados, industrializados. Evitar bolo,
biscoito, bolacha, pão, arroz, macarrão.

Mulheres com câncer de mama ou mulheres que tenham casos de


câncer de mama na família têm que evitar vários alimentos industria-
lizados, mas principalmente colocar na sua dieta as crucíferas como
acabei de falar: o brócolis, couve-flor, couve-de-Bruxelas. Se não puder
fazer isso, que usem a suplementação com a substância que existe
nessas crucíferas, que é o indol-3 carbinol.

É importante que quem tem câncer comece um protocolo de uma


dieta cetogênica vegana. Ou seja, uma dieta na qual você vai cortar o
máximo o consumo de energia que vem dos carboidratos.

Sua energia virá basicamente dos vegetais, das plantas, das prote-
ínas, dos elementos dos vegetais. Mas o seu corpo vai aprender uma
nova forma de gerar energia, que não seja do carboidrato simples com
o qual se costuma se alimentar.

Cada alimento tem a sua função. É a história do aquário. Se você tem


uma dieta que alcaliniza seu corpo e que deixa o teu pH mais elevado,
você vai tornar o ambiente menos propício para o aparecimento do
câncer. Tudo que é verde, alcaliniza seu corpo. Alcalinizar é elevar o pH.

137
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Se você consome muito açúcar, vai acidificar seu corpo. Está tudo
baseado nesse controle de pH.

É preciso pensar nos alimentos. A cúrcuma, por exemplo, ajuda no


processo de prevenção das mutações. A cúrcuma é anti-inflamatória,
ou seja, é uma substância que reduz a inflamação crônica, que é um
dos agentes causadores do câncer.

Antes de tudo, você precisa se tornar um estudioso da sua própria


saúde. As pessoas passam o dia escutando fofoca na internet em vez
de estudar coisas mais importantes.

Existem hoje floras intestinais específicas para evitar o câncer. Por-


que você semeia bactérias boas no seu intestino, e elas vão trabalhar
selecionando que tipo de alimento vai entrar ou não.

Quando começamos a usar uma dieta cetogênica vegana, por exem-


plo, haverá menos pico de insulina porque não vai entrar tanto açúcar
no sangue de uma vez. Quanto menos pico de insulina, menos inflama-
ção, menos pico de cortisol, que é o hormônio do estresse.

Quando está estressado de forma crônica, você libera constante-


mente radicais livre. Esse é o lixo do nosso corpo. Está tudo ligado, é
uma rede complexa. Mas o que eu digo basicamente em todos as áreas
de alimentação foi o que eu ouvi há dez anos em um evento nos Esta-
dos Unidos com Tony Robbins.

Tony Robbins é um guru e um coach que orienta as pessoas a terem


uma melhor qualidade de vida. Eu estava em um evento dele quando
ele disse: “não acredite em mim”. É o que eu digo hoje. Não acredite em
mim. Teste. Faça você mesmo. Experimente essa alimentação durante
dez dias. E foi o que eu fiz nessa época.

Ele falou muito da água com limão. Eu pensei, mas por que eu vou
acreditar num cara que não é médico, que não tem nem faculdade?
Mas mal sabia eu que aquele cara era um estudioso prático, que tinha
aprendido muita coisa com um dos maiores médicos de todos os tem-
pos, chamado Dr. Deepak Chopra, um indiano.

Então, ele já tinha modelado um dos maiores longevos do mundo.


Uma coisa que ele fazia era tirar quase todo sal. Quando falo sal, é o

138
Capítulo 02 | Dr. Dayan Siebra

sal de cozinha, o sal branco. Ele colocava água com limão e fazia essa
dieta alcalina.

Eu fiz um teste depois desse evento e passei dez dias usando água
com limão e colocando essas frutas, legumes e folhas verdes na minha
vida.

A mudança foi incrível. Eu me senti seco, eu me senti mais leve, com


o nível de energia muito mais elevado.

Eu digo a você que está agora me assistindo: não acredite no que


estou falando. Faça o teste.

Experimente dez dias usando todas essas folhas verdes, cortando


esses outros alimentos e veja o nível de performance que o seu corpo
vai ter.

Já tive vários casos de pacientes com grandes resultados.

Eu não acredito em uma coisa isolada para tratar o câncer, como eu


já falei, câncer não tem apenas uma causa.

Mas, quando você junta uma alimentação com uma boa suplementa-
ção, com mudanças de hábitos e comportamentos e com mudança da
mente, é muito difícil você não conseguir uma cura de qualquer doença.
Desde que seja feito em tempo hábil.
A melhor suplementação contra o câncer.

A suplementação concorre diretamente com a indústria farmacêu-


tica até porque as pessoas querem milagres. Milagres em forma de
cápsula.

A suplementação muitas vezes promete isso, assim como a indústria


farmacêutica.

Temos que entender que não é assim, que a suplementação pode ser
uma coisa maravilhosa desde que bem indicada.

Ela é muito importante principalmente para o paciente que tem cân-


cer, que muitas vezes perde o apetite. Essa é uma questão muito séria.

139
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Um dos sinais do câncer avançado é a anorexia, a falta de apetite.


Se você quer saber se essa pessoa está doente mesmo, ela começa a
perder peso e perder o apetite. Existem alguns suplementos que são
fundamentais.

Por exemplo, para mulheres que têm histórico de câncer de mama,


já é rotina prescrever o inibidor da expressão gênica, chamado indol-3
carbinol. Se você não pode principalmente comer brócolis, couve e es-
sas crucíferas, é fundamental que você faça essa suplementação.

Existem outras coisas muito importantes, como reduzir os níveis de


homocisteína no sangue. A homocisteína é elevada, pouca gente dosa
isso, mas a homocisteína é uma substância que pode elevar o nível de
trombose do corpo. Você ter trombose, AVC, e também o aparecimento
de tumores.

A homocisteína baixa não chega com nenhum remédio fantasmagó-


rico e caro. É com coisas simples, como a vitamina B6, como a vitamina
B12, como o simples ácido fólico.

E por aí existem muitos suplementos, como um flavonoide presente


no chá verde. Chá verde é um anticâncer poderoso demais.

Na babosa, por isso que o aloe vera é tão incrível.

Epigalocatequina galato é uma substância anticâncer, que você pode


prescrever na forma de suplemento também. A cúrcuma pode vir na
forma de suplemento. Floras intestinais específicas.

O ozônio, o ozônio via retal é uma coisa que pode ajudar bastante.

Existem suplementos, alimentos, coisas que a ciência nem compro-


va. Mas os relatos são incríveis.

Como a janaguba. O leite da janaguba, que é uma planta que existe no


interior do Ceará, no crato, na serra do Araripe. Existem relatos inúme-
ros de pessoas curadas de câncer.

O chá da folha da graviola. Cápsulas de graviola. Nos Estados Unidos,


isso já é comercializado.

140
Capítulo 02 | Dr. Dayan Siebra

A vitamina C como anticâncer poderoso em altas doses. O Linus


Pauling morreu sem conseguir terminar o trabalho dele, mas ele fazia
vitamina C em altas doses.

Linus Pauling, que é o pai da medicina ortomolecular, fez a sua maior


obra em 1950 mais ou menos, quando as pessoas estavam descobrin-
do os aumentos das mortes de Alzheimer, de câncer, de infarto, de AVC.
Esse cara viveu 93 anos. Usando vitamina C, fazendo o que falava.

A vitamina D é uma vacina anticâncer.

Como não falar da vitamina D? Uma substância que protege o DNA.


Se eu pudesse dizer que existe uma vacina anticâncer, diria que a mais
poderosa é vitamina D. Além disso, ela é antidepressiva. E já existem
inúmeros trabalhos mostrando a atividade da vitamina D.

Também há a coenzima Q10, que aumenta o nível de energia e a fun-


ção mitocondrial.

Só que nós, quando nos formamos em medicina, esquecemos o que


é uma célula. E começamos a dizer que não existe comprovação cientí-
fica de nada porque os laboratórios fazem essa lavagem cerebral.

E a gente esquece que estudou, a coenzima Q10 não é uma invenção


minha. Está no livro de bioquímica de todo médico. Tudo isso, exceto
essas coisas como janaguba, mas esses minerais, essas vitaminas es-
tão nos nossos livros.

E, às vezes, eu faço um vídeo falando sobre coenzima Q10 tirando


todo o conteúdo do meu livro da faculdade. Do Harrison, do Strauss, de
bioquímica. E ainda ouço comentários: picareta.

Picareta? Eu tirei do livro que você estudou. Ou pelo menos deveria


ter estudado.

Hoje, nós temos o privilégio, eu e alguns outros médicos do Brasil, de


nos dedicarmos só a conteúdo.

Nós passamos oito, nove, dez horas por dia em casa estudando.
Como era antes de todo esse processo?

141
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Eu passava o dia trabalhando, como a maior parte dos médicos. E


uma vez por ano, ia para um congresso indicado pelo laboratório. Che-
ga lá, a gente fica passeando, nos stands e é isso que funciona.

A gente recebe o que é dado na nossa boca.

Como alguém fecha os olhos para a melatonina? E o Brasil a aprovou


há poucos anos.

Era proibido no Brasil. Existem pesquisas com mulheres, através do


Google Maps, que mostram que mulheres que moram em ruas mais
escuras têm uma produção maior de melatonina.

Nessas ruas, as mulheres têm uma incidência menor de câncer de


mama. A melatonina ajuda na proteção contra o câncer de mama.

A chlorella é uma substância verde, uma alga que pode nos ajudar,
um ser unicelular que pode nos ajudar a fazer detox, a alcalinizar nosso
corpo.

O ácido lipóico, que além de ser anticâncer, ajuda também a controlar


os níveis de glicose no sangue, melhorando inclusive a dor neuropática
que o diabético tem. Tudo isso está comprovado pela literatura, inclu-
sive um laboratório já patenteou uma fórmula que tem ácido lipóico.
E hoje os médicos receitam porque tem uma fórmula industrializada.

O paciente com câncer é um paciente multifatorial. Não é só a qui-


mioterapia, não é só a radioterapia, não é só uma suplementação.

É um conjunto de muitas coisas, que passam desde o arrancamento


do tumor, extirpar com o bisturi. Complementar com uma bomba atô-
mica agressiva, seja com a quimioterapia ou a radioterapia.

Melhorar o terreno biológico. Melhorar o aquário de que falei, alcali-


nizando o corpo, dando suplementação, tirando os venenos do corpo.

Tirando, também, a alimentação ruim, como o carboidrato, introdu-


zindo uma alimentação que cure.

Cura do psíquico deve fazer parte do tratamento.

142
Capítulo 02 | Dr. Dayan Siebra

E, além de tudo isso, existem outras coisas muito mais profundas,


que é a cura do psíquico. É a cura das emoções. Se uma pessoa é an-
gustiada, se uma pessoa é depressiva, se uma pessoa é melancólica,
se ela uma insatisfeita crônica com a vida, isso precisa ser curado.

Do câncer precisam vir aprendizados, durante a caminhada o pacien-


te precisa ir aprendendo por que eu tive câncer? Onde foi o meu erro?

Se a pessoa não aprender onde foi o erro, ela tem que se perguntar
constantemente: onde eu gerei esse câncer? Foi muito refrigerante
que eu tomei? Isso tem que ser corrigido e não apenas usar uma ma-
quiagem naquele tumor.

Você precisa organizar o ecossistema de bactérias que existe em seu


corpo. Dos trilhões de bactérias que nós temos no corpo, apenas 10%
são células humanas.

Eu não sou um ser humano, eu sou bactérias. No meio dessas bac-


térias tem gente, tem um pedacinho de gente. Nós temos poeira cós-
mica, precisamos organizar as vibrações dos elétrons, a vibração dos
átomos.

Temos que olhar para o mundo com um filtro muito mais amplo. Nós
temos que descobrir a nossa missão. Nós temos que descobrir qual é
o nosso propósito de vida.

Pessoas estão angustiadas vivendo uma vida só por viver sem mo-
tivo. Por que eu vivo? Isso dá um senso de pertencimento ao mundo,
de conexão.

Na verdade, eu entendo o câncer como um presente que Deus nos dá


para transformarmos nossa vida e vivermos de uma forma que sirva
ao mundo.

E não uma vida de Instagram, uma vida de vaidade, uma vida de fu-
tilidade.

Eu acho que a pessoa que tem câncer tem que entender a palavra
“calma”. Tudo vai dar certo.

Existe possibilidade de cura. Ela tem que abrir a sua mente para tudo.

143
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Ela tem que estudar, porque esse tratamento vai depender muito
dela.

Não adianta um médico investir num paciente que tem câncer se ele
não investe nele mesmo. Se ele acha que vai dar tudo errado. Se ele é
negativo constantemente e se ele não pesquisa porque nem sempre
vai encontrar um médico que pensa como um todo.

É preciso encontrar um médico integrativo, o médico complementar


e o médico alopático, que vai passar a quimioterapia.

Então cabe a ele questionar um e outro.

Ele é o condutor. Ele vai levar tudo isso.

E ele tem que entender que a vida não é o fim, que a morte não é o
fim, que nem tudo acaba quando ele acaba.

Os médicos não conversam com o paciente do câncer sobre a morte.

A morte é uma coisa tão temida por nós que nós temos medo de
falar sobre ela.

Então você não vê um médico se sentar na beira do leito de um pa-


ciente falando sobre a morte. Quando o paciente está ali sofrendo com
essas angústias chama-se o psicólogo, e o paciente já entra em pânico,
ele sabe que é uma coisa muito séria.

Nós, médicos, temos que começar a entender que a morte é a nossa


melhor professora, que, quando ela se aproxima de nós, podemos tirar
aprendizados incríveis. E pode ser até que ela não venha.

O mais importante, depois que tudo passar, talvez alguém que esteja
passando por isso agora, depois que tudo passar, tire os aprendizados,
mude a sua vida e leve as boas novas para as pessoas entenderem por
que você se curou do câncer e por que o câncer apareceu em você.

E mostre como as outras pessoas podem melhorar a vida em relação


a isso.

144
Daniel Forjaz

Biólogo especializado em Fitote-


rapia Clínica. Trabalha com Plan-
tas Medicinais há mais de 13 anos
e tem cuidado de sua saúde e da
saúde de sua família apenas utili-
zando o incrível poder das plantas.
Já estudou mais de 200 mil artigos
científicos e testou e catalogou 200
plantas medicinais.
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Plantas medicinais que reduzem até 99% os tumores

“Pessoas que saíram da cadeira de rodas, pessoas que voltaram a


se alimentar sozinhas, viram o seu organismo se regenerar. Isso tudo
mostra o potencial que as plantas medicinais têm”

Daniel Forjaz

Olá, eu sou o Daniel Forjaz.

Sou biólogo especialista em plantas medicinais. Sou fitoterapeuta


clínico. E o meu trabalho se dedica a levar até as pessoas informações
sobre as plantas medicinais. Quais plantas utilizar? Quais plantas são
seguras? Como identificar essas plantas? Como criar os seus próprios
tratamentos? E como ter resultados efetivos no cuidado da sua saúde,
e também na saúde da sua família, utilizando esse potencial incrível
que a natureza nos oferece?

Hoje, eu sou um adepto exclusivo das plantas medicinais. Na minha


casa, minha família, meus filhos, meus netos só são tratados com
plantas medicinais.

E talvez você nesse momento possa pensar: “Daniel, essa é uma re-
alidade possível para você que estudou as plantas medicinais. Mas não
para mim ou para qualquer outra pessoa que não tenha essa informa-
ção.”

Eu realmente tenho um conhecimento muito amplo sobre as plantas


medicinais. E eu acredito que possa tratar praticamente qualquer pro-
blema de saúde utilizando esse potencial da natureza.

Mas nem sempre foi assim. Para chegar até aqui, eu tive que me de-
dicar ao estudo das plantas.

Em todos esses anos trabalhando com plantas medicinais, vejo as


pessoas se aproximando em busca de uma resposta para seus pro-
blemas. As pessoas, a sociedade, a humanidade estão cada vez mais

146
Capítulo 03 | Daniel Forjaz

doentes.

E, se não houver uma mudança verdadeira e significativa em todos


esses ciclos, nem a quimioterapia, nem a radioterapia, nem as plantas
medicinais e nem os benzimentos mais fortes que você possa conhe-
cer mudarão os resultados. É uma mudança sistêmica que traz o resul-
tado profundo que nós procuramos.

Não é simplesmente uma xícara de chá.

Não é simplesmente uma pílula. Mas é sim a maneira como a pessoa


e o corpo interpretam tudo isso. Os medicamentos químicos, durante
muito tempo, foram a única resposta para nossa saúde.

Hoje nós percebemos que não é mais dessa forma.

Plantas medicinais contra o câncer.

No universo de plantas medicinais, quando nós falamos do trata-


mento do câncer, temos que entender que o câncer não é uma doença
única. Não existe um tipo de câncer, existem mais de 200 tipos de cân-
cer.

Cada tipo de célula do nosso corpo pode desenvolver um tipo de cân-


cer diferente. Mesmo quando a gente fala de câncer de pele, pode ser
um câncer melanoma e um não melanoma.

Então um que envolve a produção de melanina e outro, não. Eles já


são dois tipos de câncer diferentes. Eu posso ter câncer em diferentes
partes do meu corpo, envolvendo diferentes células do meu corpo.

Para cada tipo de câncer existe uma planta diferente? Da mesma


forma que na quimioterapia, existem tratamentos mais genéricos e
tratamentos mais específicos.

Temos plantas capazes de reduzir determinados tipos de tumor e de


paralisar o desenvolvimento de certos tipos de tumor. Nós temos plan-
tas capazes de levar à morte das células tumorais, de evitar a formação
dos vasos sanguíneos que alimentam esse tumor.

Nós temos várias possibilidades.

147
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

E aí você vai me dizer: “então me diga, Daniel, me diga quais são


essas plantas e para que tipo de câncer elas servem.”

Isso depende muito do histórico da pessoa. Como esse câncer come-


çou? Por que ele começou? É importante entender isso.

Se nós não fizermos dessa forma, se você buscar uma informação


de gaveta, uma informação que está pronta, pré-construída e sim-
plesmente para aplicar na sua vida provavelmente você vai encontrar
receitas que funcionaram em algum momento para alguém, mas que
não necessariamente vão funcionar para você.

Tem tumores que são dependentes de hormônios e tumores que não


são dependentes de hormônios. Tem tumores que podem se alastrar
num processo de metástase, tem tumores que não se alastrarão.

Tem tumores que são muito rápidos em tomar o corpo e causar a


morte, outros tumores são muito mais sutis, suaves e têm tratamen-
tos mais facilitados.

Depende muito do seu estado de saúde, como está o seu sistema


imunológico, que tipos de tratamentos você está fazendo.

Qual é o tipo de câncer que tem melhor resposta ao tratamento


com as plantas?

Essa pesquisa não existe, mas o que eu posso dizer é que, quanto
mais cedo você começa o tratamento com as plantas, melhores resul-
tados você tem.

Quanto mais cedo você começa, quanto menor é o tumor, quanto


menos ele se espalhou, melhores resultados você tem.

Como com qualquer outro tratamento. Se você chega para mim e diz:
“Daniel, eu tenho um tumor no meu fígado.” Nós vamos tratar o seu
fígado e provavelmente conseguiremos resolver esse problema.

Mas, se você me diz: “Daniel, meu tumor no fígado se espalhou para o


pulmão, para o rim, para o intestino e para o peritônio. O que eu faço?”

148
Capítulo 03 | Daniel Forjaz

Aí é uma complicação muito maior. Nem a quimioterapia, nem a ra-


dioterapia e provavelmente nem as plantas medicinais terão uma res-
posta única e objetiva.

Às vezes, é a associação desses tratamentos. E aqui é muito impor-


tante a gente fazer um parênteses. Muitas pessoas, quando conhecem
o poder das plantas medicinais, se encantam, se apaixonam e tratam
vários problemas, como gastrite, enxaqueca, menopausa, hiperplasia
da próstata, artrose, artrite, ansiedade, depressão. E vemos resultados
incriveis,

E aí um dia descobrem que têm câncer. E decidem tratá-lo somente


com plantas medicinais.

Algumas vezes, é possível. Outras vezes, não é recomendado.

Isso depende muito da avaliação caso a caso. Mas eu posso dizer


que, mesmo que você precise utilizar a quimioterapia ou a radioterapia,
as plantas medicinais podem fazer muito, melhorando os resultados
dos tratamentos que você vai ter que fazer.

Principalmente no caso de metástase e em casos avançados, elas


vão melhorar os resultados, evitar que você tenha os efeitos colaterais
da quimioterapia e da radioterapia, que são altamente violentos e no-
civos no nosso organismo.

Só por isso já valeria utilizar as plantas medicinais. Além do que elas


podem fazer objetivamente no tratamento do câncer, há todos os
resultados periféricos que elas podem trazer no seu tratamento: de
proteção, de melhora no funcionamento do sistema imunológico, de
reversão dos efeitos colaterais, de potencialização de resultados.

Mas alguns exemplos são muito importantes. Alguns exemplos são


valiosíssimos, e nós podemos aplicá-los porque há comprovação cien-
tífica da sua eficiência, da sua qualidade, do seu potencial.

Um exemplo disso é a pata-de-vaca.

Também conhecida no Brasil como unha-de-vaca, essa planta, que


é nativa do Brasil, tem as suas irmãs, existem várias espécies dela no
Brasil, mas a mais conhecida e utilizada é a Bauhinia Forficata.

149
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Ela é uma planta que não é tão paisagística. Ela não é utilizada em
jardins, em praças, em calçadas. Mas é uma planta de excelentes pro-
priedades medicinais.

Ela é muito conhecida e utilizada por sua reputação popular de re-


gular a glicemia e de controlar a diabetes. Mas não é só isso o que ela
faz. Talvez isso seja o menos importante dentro do universo da pata-
-de-vaca.

No caso do câncer, nós também podemos usar a pata-de-vaca, e são


impressionantes os resultados que se encontram a partir do uso dessa
planta.

Há uma pesquisa, realizada pela USP, que demonstrou, em labo-


ratório, utilizando células de câncer cultivadas, que uma substância
chamada lecitina (que é encontrada nas sementes da pata-de-vaca,
a Bauhinia Forficata) tem uma potenciação antiproliferativa no caso do
câncer de mama.

O que significa isso? Significa que ela evita que as células do câncer
de mama cresçam, que elas se desenvolvam, que elas se multipliquem,
que elas se dividam e aumentem o tamanho do tumor.

Isso é encontrado na semente da pata-de-vaca nacional, que é muito


comum em várias regiões do Brasil, talvez não nas cidades grandes,
mas no interior.

Outra pesquisa, essa realizada na Coreia, demonstrou que o extrato


das folhas da pata-de-vaca — em laboratório também com células de
câncer cultivadas — induziu a apoptose dessas células.

O que é apoptose? Apoptose é a morte espontânea da célula. É como


se a célula olhasse para si mesma e dissesse: “eu não posso mais so-
breviver”. E ela morre por si só. Isso é apoptose.

E, no caso das células tumorais, quando receberam os extratos da


Bauhinia Forficata, das folhas da pata-de-vaca, entraram em apoptose,
ou seja, houve morte natural e uma redução do tamanho do tumor.

Tudo isso é o potencial de uma planta nacional pouco explorada na


nossa medicina popular.

150
Capítulo 03 | Daniel Forjaz

Ainda tem uma pesquisa que foi realizada na Universidade de Ma-


ringá, aqui no Paraná, sobre os extratos da pata-de-vaca aplicados na
medula óssea de animais tratados com quimioterapia.

Pegaram a pata-de-vaca e a aplicaram na medula óssea dos animais


que estavam recebendo quimioterapia. Ela evitou as mutações das cé-
lulas sadias.

O que significa isso? Ela tem uma ação antitumoral. Ela evita a for-
mação de tumores.

Então, quando os animais estão recebendo a quimioterapia na me-


dula óssea, é muito comum que haja a formação de novos tumores,
que provavelmente leva à leucemia.

No caso dessa pesquisa realizada no Paraná, a pata-de-vaca mos-


trou potencial para evitar danos causados pela quimioterapia na me-
dula óssea, e isso é muito valioso.

Imagine estar tratando um câncer de pele e sair dele com uma leu-
cemia? Não é isso que ninguém procura. E a pata-de-vaca pode trazer
esse potencial protetor para o nosso material genético.

Ainda tem uma segunda pesquisa realizada na Coreia, também em


células de laboratório, com células tumorais humanas, que demons-
trou que os compostos presentes na folha da pata-de-vaca inibem a
proliferação dessas células, ou seja, evita que elas se multipliquem, que
elas cresçam, que o tumor aumente de tamanho.

Por essas pesquisas, e são algumas das pesquisas que podemos en-
contrar sobre a pata-de-vaca, ela é uma grande aliada no tratamento
do câncer.

Temos uma grande ferramenta para proteger o organismo e auxiliar


os tratamentos.

Aí você vai me perguntar: “na minha cidade não tem uma pata-de-
-vaca dessa nacional, não tem Bauhinia Forficata. Aqui na minha cidade
tem aquela da flor roxa, que nasce na rua, e as pessoas plantam na cal-
çada. Aquela serve também?” Aquela é uma espécie africana chamada
Bauhinia Variegata.

151
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Ela tem a cor branca e tem a cor roxa. Apesar de as pessoas acredi-
tarem que ela seja tóxica, ou que não possa ser utilizada, essa planta,
na verdade, tem um potencial medicinal impressionante, inclusive no
tratamento do câncer.

Então, sim, você também pode usar essa planta que nasce nas calça-
das, como paisagística.

E nesse caso tem um estudo que foi realizado em laboratório na Índia


com células de linfoma, que é o câncer do sistema linfático, em labora-
tório, e verificou-se que o extrato da casca do tronco dessa árvore teve
uma potente ação antimutagênica e antitumoral.

Ou seja, ela evitou o desenvolvimento do tumor linfático. Tem um


segundo estudo indiano que demonstrou que os extratos da casca do
tronco inibiram a formação de tumores em animais, que tiveram uma
indução ao câncer.

Além disso, em células de câncer humano, ela foi capaz de impedir o


desenvolvimento de tumores.

Ou seja, animais, pequenos camundongos, receberam um estímulo


químico para desenvolver tumores. Aqueles que usaram o extrato feito
com a casca do tronco da pata-de-vaca não desenvolveram tumores.

Já aqueles que não receberam os extratos acabaram desenvolvendo


tumores. E nesse estudo com células humanas cultivadas, os tumores
não se desenvolviam, ou seja, não havia crescimento dos tumores por
ação da casca do tronco da pata-de-vaca.

Houve uma terceira pesquisa indiana que demonstrou, também em


laboratório, que o extrato preparado com as folhas da pata-de-vaca —
é muito mais fácil utilizar as folhas do que a casca do tronco — inibiu
até 99% no desenvolvimento de células de câncer de ovário, de prósta-
ta, de mama, de pulmão e leucemia.

Então as folhas dessa planta também podem ser utilizadas na for-


ma de chás para o tratamento do câncer. E esse resultado demonstra
o potencial que essa planta tem em inibir o desenvolvimento desses
tipos de tumores.

152
Capítulo 03 | Daniel Forjaz

Ela paralisa o tumor.


Ele não consegue se desenvolver, e a ação conjunta de outros tra-
tamentos pode ser muito mais eficiente. Uma outra pesquisa indiana
demonstrou que a aplicação tópica, sobre a pele, do extrato das folhas
da pata-de-vaca apresentou um excelente resultado em relação ao
câncer de pele.

Sim, no caso de câncer de pele em animais o resultado foi muito bom.


Ela impediu a progressão do tumor, então o tumor não se desenvol-
via, não crescia, seu tamanho se reduzia provavelmente por causa da
apoptose das células tumorais.

Além disso, houve melhora de todos os aspectos da área onde se


desenvolveu o tumor. Então, no caso do câncer de pele, pode ser feito
na forma de emplastros, de plasmas, de compressa, de banhos.

Mas pode ser um tratamento muito importante o uso tópico do chá


ou do extrato feito com as folhas da pata-de-vaca, essa que é exótica,
essa que veio da África, da Índia. Ela pode ser encontrada muito mais
facilmente no Brasil nas cidades.

Já nas zonas rurais e nas áreas de floresta você vai encontrar mais
a nacional mesmo, que é a Bauhinia Forficata. Duas espécies irmãs
de pata-de-vaca com resultados diferentes no tratamento do câncer,
mas ambas podem ser utilizadas. E é um potencial que está disponível
democraticamente para todas as pessoas em ruas, parques, praças e
calçadas e nós podemos nos valer disso no tratamento do câncer.

Entre as plantas medicinais que nós temos disponíveis, existem al-


gumas com resultado auxiliar no tratamento e algumas que são muito
eficientes e até surpreendem pelos seus resultados.

Uma delas é o cardo mariano.

O cardo mariano é uma planta da América do Norte, difundida como


planta medicinal no mundo inteiro, então é fácil encontrá-la na forma
de plantas secas, extratos, tinturas, cápsulas e em farmácias de ma-
nipulação, que é o local mais indicado para você adquirir uma planta
como essa.

Há séculos ele é utilizado como planta medicinal e tem resultados

153
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

muito impressionantes.

O seu princípio ativo dele é e a silimarina um conjunto de substâncias


ativas que têm as mais diversas ações no organismo.

Controlam o colesterol, tratam o fígado, tratam o rim, tratam o pân-


creas, tratam o intestino, tratam o estômago, tratam a ansiedade, me-
lhoram a cognição.

É um universo de possibilidades que a silimarina traz. Muitos mé-


dicos da medicina convencional são arredios com plantas medicinais.

Mas muitas vezes indicam silimarina para o tratamento de várias


doenças, como problemas do fígado e colesterol, sem saber que ela é
retirada do cardo mariano.

Ela tem uma alta capacidade antioxidante, ou seja, evita a oxidação


das nossas células e evita a formação de radicais livres.

Uma das coisas que fazem as nossas células entrarem em processo


tumoral é a formação de radicais livres dentro dela. O que acontece?
Quando há o metabolismo das células, há um processo de oxidação, de
formação dessas substâncias chamadas de radicais livres. Esses radi-
cais livres destroem coisas importantes dentro de nossa célula, entre
elas o nosso DNA, o nosso material genético.

Quando ela destrói o DNA, a nossa célula tem um erro na sua função,
na sua estrutura e começa a produzir cópias estragadas, cópias ruins,
cópias tumorais. Então o câncer pode, na maioria das vezes, começar
através do processo de oxidação.

Causas do câncer no seu dia a dia.

Uma pessoa que fuma e tem câncer de laringe, o teve pela alta pro-
dução de radicais livres causada pelo cigarro. Uma pessoa que conso-
me gordura vegetal hidrogenada e tem câncer no fígado, o tem porque
a gordura vegetal hidrogenada produz alta concentração de radicais
livres no nosso organismo.

Uma pessoa que consome açúcar demais e acaba tendo algum tipo
de câncer, o tem porque a oxidação do açúcar também causa grande

154
Capítulo 03 | Daniel Forjaz

produção de radicais livres no nosso organismo.

Uma pessoa que consome carne vermelha em excesso e acaba tendo


um câncer colorretal provavelmente tem origem também na produção
de radicais livres, no processo de digestão da carne vermelha.

Por ser muito lenta, a carne em putrefação fica muito tempo em


contato com as células do intestino. E essas células se reproduzem
muito rápido. Essas substâncias tóxicas da necrose da carne vermelha,
quando ela entra contato com as células em processo de divisão, leva à
produção de radicais livres e leva também a um erro de transcrição do
DNA dessas células levando à formação de tumores e assim por diante.

Vários medicamentos que as pessoas tomam podem levar ao desen-


volvimento de tumores pela produção de radicais livres.

Quando você utiliza uma planta que é antioxidante, nós temos a fun-
ção da vitamina C, por exemplo, na prevenção e tratamento de câncer,
há uma melhora significativa no quadro.

E o cardo mariano tem alta capacidade antioxidante.

Ele também é um potente imunoestimulante, estimula a potência do


sistema imunológico, tanto na produção de células imunológicas quan-
to na atividade delas defendendo o nosso organismo.

Também é um protetor da mucosa gastrointestinal. Isso ajuda muito


no caso de pessoas que têm câncer colorretal, o câncer de cólon.

Por quê? Porque protege a mucosa intestinal. E se você é um adepto,


comedor de carne vermelha, deveria começar o mais rápido possível a
utilizar o cardo mariano para proteger a parede do seu intestino.

Ele também é um protetor e regenerador do fígado, por isso é muito


indicado para problemas como esteatose hepática, cirrose, hepatite e
para o câncer do fígado. Ele pode ser um grande agente nesses casos.

É também protetor dos rins, do pâncreas e do cérebro. Para evitar


o desenvolvimento de câncer nesses órgãos e também para evitar o
ataque da quimioterapia e de outros medicamentos a esses órgãos, o
cardo mariano é um excelente preventivo, protetor e tratamento.

155
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Ele também protege a pele contra os raios ultravioletas e por isso


tem sido muito utilizado de forma tópica em câncer de pele. Então se
usam cremes à base de cardo mariano sobre as áreas de câncer de pele
para evitar que os raios ultravioletas piorem a condição desse câncer.

E, por sua ação antitumoral, ele também consegue uma redução,


uma melhora geral no quadro do câncer de pele.

Ele também tem alta capacidade ansiolítica, comparável a da fluo-


xetina. Isso ajuda muito no tratamento do câncer porque a pessoa que
está com câncer normalmente está com medo, está depressiva, está
desesperada. E utilizar a fluoxetina ou qualquer outro ansiolítico aju-
da no estado emocional, só que tem uma carga de efeitos colaterais
imensa.

E, se você pode substituir isso por cardo mariano, além de ajudar no


câncer também está ajudando no estado emocional, reduzindo produ-
ção de cortisol, produção de adrenalina, melhora vários aspectos do
organismo.

E, por fim, tem a ação antitumoral do cardo mariano, que também é


muito expressiva. Ela já foi comprovada no caso do câncer de mama, de
próstata, de fígado, de pâncreas, de pele e muitos outros.

O cardo mariano é uma planta de alta expressão antitumoral, muito


valiosa no tratamento de vários tipos de câncer e, mesmo na preven-
ção do desenvolvimento de câncer, principalmente daqueles que estão
envolvidos com a produção de radicais livres, com medicamentos, situ-
ações químicas, má alimentação, fumo, álcool, tudo isso pode ter seu
risco reduzido com o uso do cardo mariano.

No uso das plantas medicinais para o tratamento do câncer, há algu-


mas espécies que são muito emblemáticas.

As pessoas têm uma ideia de que algumas plantas são muito pode-
rosas e acabam até as utilizando descontroladamente.

Isso aconteceu com muitas plantas, como é o caso da babosa, do


aranto e do noni.

O caso do noni.

156
Capítulo 03 | Daniel Forjaz

O noni é uma fruta típica da Ásia e da Polinésia. E chamou muito


atenção o uso do noni porque, nas regiões onde ele é muito consumido,
o índice de câncer é quase zero.

Então, as pessoas começaram a observar que deveria haver alguma


relação entre o consumo de noni e câncer.

Avaliando o uso dessa planta e seu potencial fitoquímico, percebeu-


-se que realmente o noni tem uma propriedade antitumoral fantástica.
Ele realmente pode ser utilizada no tratamento do câncer.

A partir daí começou um desenvolvimento, uma divulgação gigantes-


ca do noni no mundo. Vários países começaram a plantar noni e muitas
pessoas começaram a consumir o noni tanto in natura como na forma
de sucos.

Algumas indústrias até produziam suco concentrado de noni, que


você pode encontrar em outros países. Esse uso descontrolado do noni
fez com que algumas pessoas tivessem efeitos colaterais. Era uma
planta pouco conhecida naquela época.

E verificou-se que, em alguns casos, o noni pode causar um estado


chamado de hipocalemia. Hipocalemia é a deficiência de potássio no
sangue.

Por que acontece a hipocalemia? Porque o noni atua nos rins aumen-
tando a eliminação de potássio no nosso organismo. E nós devemos
lembrar que o potássio é uma ferramenta importantíssima, é um ele-
mento importantíssimo no nosso impulso nervoso.

Então as pessoas começam a ter problemas neuronais e neurológi-


cos pela falta de potássio no organismo.

E, quando não se percebe isso a tempo pode ser grave. E acontece-


ram alguns casos de hipocalemia causada pelo noni, assim também
como houve alguns casos de pessoas sensíveis ao noni que tiveram
problemas hepáticos, ou seja, o fígado sentiu o consumo do noni.

Por esses casos de hipocalemia e de problemas hepáticos, o noni co-


meçou a ser olhado com certa ressalva por alguns países, entre eles o
Brasil.

157
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Infelizmente no nosso país a Anvisa proibiu a comercialização da


fruta e de produtos à base da fruta. Foi proibido que se vendesse, pro-
duzisse e se consumisse o noni como medicamento.

Lógico que isso não impede que as pessoas plantem e tenham uma
árvore de noni na sua casa e consuma a fruta por conta própria.

É uma árvore que produz até 140 quilos de fruta por ano. Uma única
árvore. Isso é suficiente para muitas pessoas fazerem seu tratamento.

As pessoas costumam utilizar o suco de noni em associação com o


suco de uva. E dizem que é para melhorar o resultado do noni. Na ver-
dade, o suco de uva começou a ser utilizado no noni para disfarçar seu
sabor e seu cheiro.

Ele tem um cheiro bastante desagradável e um sabor também nada


agradável. Apesar de seu potencial medicinal, temos que considerar
que o noni não é a fruta que você gostaria na sua sobremesa.

Para contornar esse problema, as pessoas começaram a associar ele


com sucos de fruta.

Assim, criou-se o mito de que o noni com o suco de uva é muito mais
eficiente. E não é uma verdade.

Outra coisa é a associação que as pessoas fazem do noni com pro-


blemas de fígado e de rim: “Ah, bateu junto com a semente, então esse
foi o problema.”

E as pessoas tentam tirar as sementes do noni. Não há evidência


nenhuma de que a semente do noni seja a causadora de qualquer to-
xidade.

São os princípios ativos da própria planta que podem ativar o rim


aumentando a excreção do potássio e que podem afetar o fígado cau-
sando alguma inflamação hepática. Não é toda pessoa que vai ter esse
problema.

É um pequeno grupo de pessoas que é mais sensível ao noni. No caso


da excreção de potássio, pessoas que já tomam diuréticos devem to-
mar cuidado, talvez nem consumir o noni.

158
Capítulo 03 | Daniel Forjaz

O diurético já pode aumentar a excreção de potássio, se a gente en-


tra com o noni junto, isso pode chegar a um estado crítico.

Pessoas que já têm problemas prévios no fígado também não devem


utilizar o noni, pelo menos não excessivamente, porque ele pode cau-
sar uma disfunção hepática.

Se você observar essas duas condições, está tudo bem, você pode
utilizar o noni sem problema nenhum. Logicamente você vai ter que
encontrar um pé de noni para colher visto que no Brasil é proibida a
comercialização dos produtos à base de noni.

Funciona mesmo para o câncer?

O noni é uma planta que tem dezenas, dezenas e dezenas de pes-


quisas científicas realizadas no mundo inteiro sobre suas propriedades
antitumorais. Eu separei três aqui para comentar com vocês e para que
vocês percebam que realmente existe evidências científicas da capaci-
dade dessa planta em tratar ou prevenir o câncer.

Para começar, tem uma pesquisa realizada nos Estados Unidos que
demonstrou a capacidade do suco de noni como preventivo do desen-
volvimento de tumores por indução química.

É o caso, por exemplo, de medicamentos que causam câncer, é uma


indução química. Ou o cigarro causando câncer, é uma indução química.
Ou a alimentação causando câncer, é uma indução química.

Nesse caso foram utilizados elementos químicos para induzir o cân-


cer e houve uma inibição desse desenvolvimento pelo uso do suco de
noni.

Ainda tem uma pesquisa indiana que demonstrou que o suco de noni
causou a apoptose, a morte espontânea da célula de câncer, em células
de câncer de colo do útero.

O fruto teve uma ação muito próxima à da cisplatina, que é um medi-


camento quimioterápico utilizado para o tratamento de câncer de colo
do útero.

Noni e cisplatina, o resultado foi muito parecido nessa pesquisa.

159
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

E uma pesquisa americana também verificou, em fumantes, que com


o consumo do suco de noni, na ordem de 30g de fruta ao dia, houve
uma redução de quase 43% no risco de câncer de pulmão em mulheres
e mais de 56% nos homens.

Essas três pesquisas mostram que realmente o noni é uma gran-


de possibilidade no tratamento de tumores. É realmente uma grande
possibilidade no tratamento do câncer.

Tanto como preventivo como tratamento propriamente dito. Infeliz-


mente com as restrições brasileiras, a gente precisa encontrar quem
planta noni para colher os frutos e fazer o tratamento em casa.

Sem descartar o potencial que a fruta tem.

Outra coisa que nos faz ter melhores resultados com as plantas me-
dicinais é entender realmente que elas estão em qualquer lugar.

Muitas vezes nós olhamos para as plantas que são consideradas


alimentícias, que estão no supermercado, na quitanda, na feira livre e
nascem em uma horta do nosso vizinho. Mas a gente olha para essas
plantas e tem a ideia de que elas são só alimentos e que não servem
como tratamento medicinal.

Eu já ouvi até pessoas que são reconhecidamente práticas em plan-


tas medicinais fazendo esse tipo de afirmação.

Mas berinjela é só uma planta alimentícia, não dá para usar em tra-


tamentos.

Na verdade, se nós utilizássemos com mais ênfase essas plantas


medicinais, em potente ação contra N problemas de saúde, podería-
mos ter resultados muito melhores.

Nesse grupo estão o alho, a cebola, o gengibre, a cúrcuma, o inhame,


a batata doce, a couve, o abacaxi, a maçã, o limão.

A gente tem N plantas medicinais com potente ação que estão sendo
ignoradas, sendo usadas somente na alimentação.

Um exemplo delas é o inhame. Nesse caso, a gente está falando do

160
Capítulo 03 | Daniel Forjaz

inhame coco, que é aquele inhame pequeno, que nasce subterrâneo,


mas que tem folhas muito grandes. A gente não está falando do inha-
me cará, que é aquele inhame grandão, muito comum no nordeste bra-
sileiro, que é uma trepadeira.

Eu não estou falando da Dioscorea, que é uma planta trepadeira.

Eu estou falando da Colocasia Esculenta, que é uma planta terrestre.


Uma planta cujos pequenos rizomas podem ser utilizados na alimen-
tação, mas que também têm potente ação medicinal.

Vou citar alguns exemplos disso. O inhame pode ser utilizado tanto
para elevar a atividade do sistema imunológico, o que traz melhores
resultados em tratamentos. Ou seja, previne N doenças infecciosas e
tumorais porque o seu sistema imunológico está funcionando.

O nosso sistema imunológico tem um conjunto de células especiali-


zadas chamadas leucócitos.

Esses leucócitos se dividem em vários grupos. E um dos grupos de


leucócitos são as NK, chamadas de células natural killer ou predadoras
naturais. Essas células são maiores do que os outros leucócitos, e a
função delas é percorrer todo o nosso corpo, encontrar células de cân-
cer e matar essas células de câncer antes que virem um tumor.

Por isso nós não temos câncer o tempo todo. Se as nossas células fi-
cam loucas em algum momento, isso pode acontecer. Na pele, no fíga-
do, na medula óssea, mas quando essas células NK estão muito ativas,
elas vão até os locais onde as células tumorais estão se desenvolvendo
e fagocitam, ou seja, engolem a célula tumoral e a destroem.

Quanto mais o nosso sistema imunológico está ativo mais dessas


células NK são produzidas e estão ativas e menor a chance do desen-
volvimento de um tumor.

Quando o seu sistema imunológico está debilitado, essas células


também não estão na sua melhor performance, o que abre a possibili-
dade para o desenvolvimento do câncer.

Manter o seu sistema imunológico funcionando bem é necessário


em todos os sentidos, e o inhame é uma planta que faz isso muito bem.

161
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Tem substâncias ativas no inhame que vão aumentar a atividade de


nossas células imunológicas. Entre elas, as células NK, que são as pre-
dadoras de células tumorais no nosso organismo.

Mas, além disso, se você já desenvolveu o câncer, se você já desen-


volveu o tumor, é possível utilizar o inhame também no tratamento.

As evidências científicas aprovam o inhame.

Existem evidências científicas muito interessantes sobre o uso do


inhame no tratamento do câncer.

Tem uma pesquisa realizada nos Estados Unidos que demonstrou


que o extrato das raízes de inhame foram muito efetivos em evitar a
metástase.

Metástase é quando o tumor sai de um lugar e as células dele mi-


gram para outras regiões do corpo e formam novos tumores.

O inhame evitou a metástase das células de câncer de mama e de


próstata em pesquisas realizadas tanto em laboratório quanto em ani-
mais.

É um potencial incrível só por reduzir a chance de uma pessoa que


tem câncer sofrer metástase. Só por isso o inhame já deveria ser usado
como protocolo de saúde.

As pessoas já deveriam estar tomando o suco do inhame frequente-


mente para evitar que haja a possibilidade dessa metástase acontecer.
Ou pelo menos que ela seja bastante reduzida.

Tem uma pesquisa indiana que foi realizada em laboratório e de-


monstrou que, em células de câncer de mama e de cólon, que é o intes-
tino grosso, os extratos de inhame foram capazes de reduzir até 50% a
proliferação das células de mama e em 30% a proliferação das células
de câncer de intestino.

Câncer de mama e câncer de intestino, dois tipos de câncer com-


pletamente diferentes com processos completamente diferentes no
organismo.

162
Capítulo 03 | Daniel Forjaz

E nesses dois casos o inhame demonstrou a capacidade de evitar o


desenvolvimento do tumor.

Já é mais uma evidência científica de que o inhame tem esse poten-


cial no nosso organismo.

Uma pesquisa que foi realizada entre o Brasil e a Alemanha demons-


trou que o conjunto de princípios ativos do inhame é mais eficiente no
tratamento de câncer do que separar algumas substâncias ativas que
foram identificadas como principais.

A substância ativa funciona.

Mas o conjunto completo do inhame é muito melhor. Por isso, é me-


lhor tomar um suco de inhame com todos os seus princípios ativos do
que recorrer a um medicamento feito com uma molécula de inhame.

O suco de inhame é o nosso aliado.

E nessa pesquisa entre o Brasil e a Alemanha foi demonstrado que o


complexo de princípios ativos do inhame foi capaz de inibir o processo
de desenvolvimento de células de mama e glioblastoma.

Se você não sabe o que é um glioblastoma, é um câncer que se de-


senvolve no cérebro em células da glia, são células que suportam a
atividade dos neurônios.

Então as células da glia no cérebro também podem entrar num pro-


cesso tumoral e desenvolver um glioblastoma e, nesse caso, também
foi reduzido o desenvolvimento das células cancerígenas.

Perceba que a gente tem aqui câncer de mama, de intestino e


glioblastoma.

Todos têm possibilidades de tratamento através do inhame.

Uma pesquisa também realizada no Estados Unidos, com células em


laboratório, demonstrou que, em células de câncer de intestino, mais
uma vez os extratos de inhame foram capazes de causar a apoptose
celular, a morte espontânea da célula cancerosa.

163
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Ao mesmo tempo, ele foi capaz de ativar os leucócitos responsáveis


por destruir a célula cancerígena.

Quais são? As células NK do nosso sistema imunológico.

Por todas essas evidências científicas, vemos que o inhame é um po-


tente aliado no tratamento do câncer.

E a minha sugestão para você é consumir o suco de inhame: um inha-


me cru, um limão e um copo de água. Bata no liquidificador, coe e tome.

Faça isso todos os dias, tome de um a dois copos se estiver com cân-
cer. Um copo se estiver fazendo uma prevenção.

Dois copos no mínimo se você estiver fazendo um tratamento.

Muitas pessoas têm medo do inhame cru.

Tem oxalato, oxalato é ruim, é antinutricional. Oxalato pode prejudicar


os rins.

Eu vi a história de um homem que morreu porque consumiu inhame.

Vamos ao que é fato e vamos ao que é mito. O fato é que o inhame


tem oxalato.

O mito é que ele pode matar você se consumido cru. Consumir o


inhame cozido é possível também, mas o tratamento térmico causado
pelo aquecimento vai destruir várias das substâncias ativas que podem
te ajudar.

Ou seja, você tem uma redução dramática do potencial terapêutico


do inhame quando ele está cozido. É bom? É.

Mas não é o ideal.

O inhame cru guarda todas as suas propriedades da melhor maneira


possível. E por isso o suco tem potencial. Ele ter oxalato não inibe o fato
de nós comermos o inhame. Claro que o aquecimento quebra algumas
moléculas desse oxalato.

164
Capítulo 03 | Daniel Forjaz

Mas eu quero lembrar que você come a beterraba crua e ela tem oxa-
lato. Você come carambola crua e ela tem oxalato. Você come espinafre
cru e ele tem oxalato. Você come nabo e ele tem oxalato. Você come
cenoura e ela tem oxalato.

O oxalato está presente em muitos dos vegetais que nós consumi-


mos na nossa alimentação. Entre eles, o inhame.

Logicamente existem pessoas que são mais sensíveis e menos sen-


síveis a esses oxalatos. Os oxalatos mais agressivos são chamados de
rafidis. São agulhas de oxalatos microscópicas. Agulhas de oxalatos
dentro da planta.

Então algumas plantas que causam uma imediata coceira, alergia na


pessoa, normalmente são ricas em rafidis de oxalato.

Mas o oxalato também pode se apresentar em outros formatos. Ele


pode se apresentar em prismas, como se fossem cristais pontiagudos,
que também podem causar um certo tipo de sensibilização na pele.

E ele pode se apresentar na forma de drusa, é como se fosse uma


bolinha de oxalato. Menos pontuada e menos agressiva.

O que o inhame tem na forma de oxalato são mais drusas e prismas


do que rafidis. Por isso ele não é tão agressivo.

Evidentemente, uma pessoa que é alérgica aos oxalatos não vai po-
der consumir o inhame dessa maneira. Como saber se você é alérgico
ou não? Pegue o seu copo de suco de inhame com limão, molhe o dedo
nesse suco, passe na parte interna dos lábios e aguarde alguns mi-
nutos. Se pinicar ou coçar, que é um efeito passageiro, provavelmente
você é alérgico ao inhame.

Se você não sentir nada, pode tomar o suco de inhame sem problema
nenhum. Evite o processo alérgico caso você seja sensível ao inhame.

Segundo caso de pessoas que não devem consumir o inhame.

Como os oxalatos são agressivos para os rins, pessoas que têm qual-
quer tipo de problema renal, seja pedra no rim, seja insuficiência renal,
seja nefrite qualquer coisa nesse sentido, não deve consumir o inhame

165
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

porque isso pode potencializar um problema pré-existente.

Mas, se você não tem nada, seu rim é perfeito, é saudável, é uma
belezinha, então não tem problema nenhum, você pode consumir o
inhame nessa proporção.

Cada copo de suco é um inhame descascado, no suco de um limão.


Um copo de suco por dia não deve trazer problema, mas é claro que
vale a escuta do seu corpo.

Então escute os seus rins, se tiver qualquer desconforto na região


dos rins ou dificuldade para urinar suspenda o tratamento do inhame,
esse oxalato vai ser eliminado, e você elimina o problema junto.

Mas não se preocupe, é muito raro, é muito pequeno o grupo de pes-


soas que não pode consumir inhame.

A esmagadora maioria das pessoas poderá consumir o inhame sem


problema nenhum.

E ele pode ser um grande aliado no seu tratamento do câncer.

Quando falamos de tratar o sistema imunológico, às vezes, parece


um bicho de sete cabeças, mas acabamos de ver que o inhame é uma
possibilidade.

Mas existem outras.

A gente pode avançar no entendimento de como nós podemos dar


manutenção a nosso sistema imunológico de maneira natural, com
plantas muito simples no nosso dia a dia. Eu gostaria de mostrar duas
possibilidades.

Uma muito comum que você pode encontrar em qualquer supermer-


cado e outra que você pode encontrar em uma farmácia de manipula-
ção ou pode encontrar numa loja de produtos naturais.

Eu vou mostrar para vocês as possibilidades que o abacaxi e a unha-


-de-gato trazem para o tratamento do nosso sistema imunológico.

Para começar, o princípio ativo do abacaxi é a bromelina.

166
Capítulo 03 | Daniel Forjaz

Ela está mais concentradas em determinadas partes. O que isso


significa? Nem toda parte do abacaxi tem a mesma concentração de
bromelina.

Se você consumir a polpa, aquela parte carnuda, macia e doce, sucu-


lenta, provavelmente você vai consumir uma quantidade muito baixa
de bromelina.

A bromelina está concentrada principalmente na casca do abacaxi.

Para que você tenha um tratamento eficiente e estimule o seu siste-


ma imunológico, você deve usar a casca do abacaxi. Como utilizar essa
casca?

Muitas pessoas reclamam “ah, mas veio da plantação, está suja, con-
taminada, agrotóxicos.”

Bom, nós vamos ter que lidar com isso da melhor maneira possível. A
primeira é: pegue o abacaxi, antes de descascá-lo, tire sua coroa, pegue
uma escova e use sabão neutro.

Escove o abacaxi muito bem escovado. E aí você vai retirar toda a


parte de terra, mofo, substâncias agregadas ao longo do transporte
e da colheita. A parte mais superficial dos agrotóxicos também será
eliminada. Somente aquela parte que é absorvida pela planta é o que
não é possível eliminar, mas faremos o melhor para ter o mínimo de
presença de agrotóxicos na planta.

Se você quiser ir além, pode pegar uma bacia de água na qual caiba o
abacaxi e colocar mais ou menos uma colher de sobremesa de hipoclo-
rito, que é aquela água sanitária que você usa para lavar a roupa.

Você deixa o abacaxi ali por uns dez ou quinze minutos e depois lava
em água corrente para retirar o hipoclorito agregado.

Nesse momento, bactérias, fungos e vírus já morreram na casca do


abacaxi e ele está isento e pronto para ser utilizado no seu tratamento.

Você retira a casca do abacaxi, e é essa parte que você vai utilizar. E
com a polpa, o que eu faço? Manda para a criançada comer, faça ge-
leias, compotas, faça doces, bolos, faça o que você quiser.

167
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

E a casca do abacaxi você reserva para o seu tratamento. Para fazer


um suco de casca de abacaxi que seja bastante eficiente, você utiliza
uma xícara de abacaxi picado para cada copo de água.

Você põe uma xícara de casca de abacaxi picado no liquidificador, um


copo de água, bate, coa e toma.

Esse é essencial e fantástico.

Quem não pode usar o abacaxi são as pessoas alérgicas à bromelina.


Isso é muito fácil de saber. Se você sente coceira na boca ao comer o
abacaxi ou se suas mãos coçam ao comer abacaxi, provavelmente você
é alérgico.

Nesse caso, esse tratamento não se aplica a você. Pessoas que têm
problemas de coagulação, que sangram muito facilmente, as mulheres
em período menstrual, pessoas que passaram por cirurgias ou que es-
tão tomando medicamentos para trombose, anticoagulantes... devem
utilizar o abacaxi com muita moderação ou talvez nem utilizá-lo.

Como ele é anticoagulante, pode facilitar os sangramentos. Fora isso,


as pessoas podem utilizar o abacaxi e sua casca numa boa.

Quais são as evidências científicas de que o abacaxi realmente ajuda


o sistema imunológico funcionar?

Uma pesquisa realizada na Alemanha demonstrou que o uso da bro-


melina, que é o princípio ativo presente no abacaxi, por via oral, em pa-
cientes saudáveis, ativou a resposta dos linfócitos, que são as células
de defesa do nosso organismo, que fazem parte do grupo de leucócitos.

Esses linfócitos ficaram mais ativos, ou seja, a bromelina melhora a


ação imunológica.

O linfócito, quando encontra uma bactéria, engole a bactéria e faz


fagocitose. Um vírus, um fungo, ele vai engolindo.

Ele os destrói num processo chamado fagocitose. Quanto mais ati-


vas estão essas células melhor o resultado imunológico.

E o abacaxi é um ativador do seu sistema imunológico.

168
Capítulo 03 | Daniel Forjaz

Ainda há uma pesquisa realizada na Indonésia que demonstrou que


os extratos de casca de abacaxi, conforme estou indicando, causaram
aumento expressivo na ação fagocitária, ou seja, nesse processo de
destruir células, de bactérias, fungos e vírus dos nossos leucócitos, isso
testado em animais e não em humanos.

Ou seja, o abacaxi estimulou a atividade do sistema imunológico que


é inespecífico, ou seja, que vai devorando esses fungos e bactérias, que
é nossa primeira frente de defesa do organismo contra esses micro-
-organismos.

Com essas duas pesquisas, vemos que o abacaxi é um ativador po-


tente do sistema imunológico e que ele pode ser utilizado de maneira
livre pelas pessoas. Talvez, você more num sítio ou numa zona rural,
você tenha a possibilidade de consumir um abacaxi perfeitamente or-
gânico com resultados até melhores.

A resposta em um cipó da Amazônia.

A segunda planta que eu indico é a unha-de-gato.

A unha-de-gato é um cipó encontrado na Amazônia.

Há a Uncaria Tomentosa e a Uncaria Guianensis, e as duas plantas


apresentam basicamente os mesmos resultados.

Apesar de serem espécies diferentes, são irmãs, com resultados


muito parecidos.

Elas podem ser encontradas nas farmácias de manipulação, na for-


ma de tinturas, na forma de extratos secos e podem ser encontradas
também em lojas de produtos naturais.

Normalmente ela vem toda desfibrada para fazer chás. Como auxiliar
no tratamento do câncer, ela foi testada contra células de câncer de
mama e demonstrou a capacidade de inibir até 91% de desenvolvimen-
to do tumor após trinta dias de uso, ou seja, ele não se desenvolveu.

Contra a leucemia, um estudo que foi realizado com células em labo-


ratório demonstrou que o tratamento por quinze dias apresentou uma
redução expressiva no desenvolvimento das células leucêmicas.

169
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

E comprovadamente a unha-de-gato tem a capacidade de elevar até


50% a atividade do sistema imunológico, sendo muito utilizada em vá-
rios países do mundo como um grande tratamento para, por exemplo,
AIDS, câncer e outras doenças imunológicas.

Então a unha-de-gato faz todo sentido para ativar o sistema imuno-


lógico e para combater o câncer.

Se você estiver tomando sucos de abacaxi, e você pode colocar o


inhame nesse suco também, esse será seu suco para o sistema imu-
nológico para prevenção do câncer.

Você pode tomar os chás ou as cápsulas de unha-de-gato e ter um


resultado sensacional

Então são possibilidade simples e acessíveis para todas as pessoas.

E com certeza você deve ficar curioso em saber , mas no final alguém
realmente conseguiu um resultado positivo ou eficiente no tratamento
do câncer utilizando plantas medicinais?

Nesse tempo todo de uso das plantas medicinais, de estudo das


plantas medicinais, eu conheci muitas pessoas que enfrentaram o cân-
cer utilizando as plantas.
Não existe uma promessa de cura.

Não existe. Seria leviano se eu dissesse para você que existe uma
promessa de uma cura através das plantas medicinais.

Existe uma possibilidade.

E essas possibilidades são mais ou menos eficientes, são mais ou


menos promissoras diante do quadro geral que a pessoa enfrenta na
sua saúde, diante de seu histórico de saúde, da gravidade do problema,
em que momento ela procurou as plantas medicinais.

Eu devo lamentar que a maioria das pessoas chega para um trata-


mento com plantas medicinais quando já está num estado muito avan-
çado.

170
Capítulo 03 | Daniel Forjaz

Quando o médico olha para ela e diz: olha eu não tenho mais o que
fazer. A gente vai tentar a quimioterapia, mas a gente não tem garan-
tias de que vai funcionar.

Ou seja, a pessoa já no último suspiro de desespero procura as plan-


tas medicinais.

Quanto mais cedo você começa o tratamento, melhor resultado


você tem.

Antes da metástase, antes do avanço, antes de a quimioterapia já


não trazer mais resultados. Muitas das pessoas utilizam as plantas
paralelamente.

A quimioterapia e as plantas medicinais. E talvez esse seja o proto-


colo mais indicado.

A doença é extremamente agressiva e evolui muito rápido se não ti-


ver atenção necessária.

Então, muitas das pessoas que tiveram bons resultados também


utilizaram paralelamente a quimioterapia, a radioterapia ou outros tra-
tamentos.

Mas, nesses casos, se recuperaram muito mais rápido. Muitas vezes


impressionando seus médicos, que não entenderam como uma pes-
soa pôde evoluir tão rápido.

Algumas pessoas utilizaram simplesmente as plantas medicinais.


Pessoas que trataram o câncer na próstata, trataram câncer de mama,
trataram câncer de pele, trataram câncer de pulmão.

Há pessoas que tiveram um resultado positivo simplesmente


com as plantas medicinais.

Entre essas, hoje eu vou citar o caso do Telmo Tiago da Silva.

É um aluno meu que mora no Rio Grande do Sul. E o Telmo é um


grande apaixonado pelas plantas medicinais, pela medicina natural e
tem até livros escritos nessa área.

171
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Ele sempre teve muitos problemas intestinais e desenvolveu um in-


testino preguiçoso, mas preguiçoso num estado em que ele demorava
até dez dias para evacuar.

Esse processo das fezes acumuladas dentro do organismo causou


muitos problemas para ele.

Entre eles, as hemorróidas em função do esforço para evacuar. Além


disso, por conta das fezes ficarem muito tempo em contato com a mu-
cosa gastrointestinal, houve o mesmo processo da putrefação da carne
vermelha.

A alta produção de radicais livres levou à proliferação de células tu-


morais no intestino. Ele descobriu um câncer intestinal em função dos
problemas que enfrentava.

A partir daquele momento, o Telmo começou uma luta e uma busca


por aquilo que poderia curá-lo. E ele não quis fazer os tratamentos quí-
micos convencionais.

Foi uma escolha dele.

Ele buscou na mudança da alimentação, na mudança do consumo de


água. Ele mudou em vários aspectos da sua saúde.

E utilizando as plantas medicinais, o Telmo conseguiu melhorar a


função do intestino, conseguiu tratar as suas hemorróidas e conseguiu,
no prazo de alguns meses, eliminar o câncer do intestino, voltando ao
médico e o deixando impressionado.

“Como é que você conseguiu eliminar esse câncer do seu intestino?”

Uma doença que se prolifera muito rápido. Pela irrigação sanguínea


do intestino, ele tem a capacidade de migrar e causar metástase com
facilidade.

O Telmo explicou que utilizou apenas alimentação e plantas medici-


nais no tratamento.

E hoje, o Telmo, que já é um senhor aposentado, mas que continua


na ativa trabalhando com grande vigor e com grande força, superou o

172
Capítulo 03 | Daniel Forjaz

câncer de intestino, superou esse problema e hoje é um homem per-


feitamente saudável sem a necessidade de medicamentos químicos.

Ele atravessou tudo isso sem fazer uso da quimioterapia. É um


exemplo de sucesso. Tem muitos exemplos de pessoas que encontra-
ram nas plantas medicinais o resultado que buscavam para sua vida,
para sua saúde, para a sua qualidade de vida.

O que posso mudar agora?

As pessoas negligenciam toda a estrutura da sua saúde e depois pro-


curam desesperadamente uma resposta.

Quando nós deixamos de observar a nossa alimentação, por exem-


plo, ou nosso consumo de água, o nosso estresse, o nosso sono, esta-
mos nos negligenciando.

Quando nós deixamos de olhar para nós mesmos, deixamos de ouvir


o que o nosso corpo está dizendo. O nosso corpo está falando com a
gente o tempo todo.

Quando seu estômago dói, é o seu corpo falando com você. Quando
você acorda de madrugada, é o seu corpo falando com você. Quando a
sua coluna dói, é o seu corpo falando com você. Quando a gente deixa
de ouvir o nosso corpo e atropela todo esse processo com uma alimen-
tação inadequada, baixo consumo de água, estresse, falta de atividade
física, um sono ruim... tudo isso vai culminar na perda de qualidade de
vida, na perda de saúde.

Mas essa institucionalização do estado de estar doente, se tornando


uma coisa normal para as pessoas, faz com que a gente não se pre-
ocupe porque “eu vou adoecer de qualquer maneira”. Muitas pessoas
olham e dizem: “mas eu vou morrer de qualquer jeito”. Isso é a institu-
cionalização desse pensamento.

Eu vou morrer de qualquer jeito, eu vou adoecer de qualquer jeito.

Não precisa ser dessa forma.

Nós deveríamos estar nos cuidando como nossos avós se cuidavam,


como nossos avós cuidaram de nós, como nossos pais cuidaram de

173
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

nós. Nós deveríamos estar olhando para isso e criando esse novo es-
tado de saúde.

Há muita verdade no que a ancestralidade nos traz, no que os nos-


sos antepassados criaram e construíram como conhecimento, como
cultura.

Há muita verdade ali. E hoje as pesquisas científicas comprovam tudo


isso. Plantas que provavelmente estão estragando na sua geladeira e
que poderiam estar tratando e curando a sua saúde.

Quando nosso ponto de vista muda, a nossa forma de enxergar o


mundo se amplia. A nossa consciência se amplia, nós vemos novas
possibilidades.

O que nós estamos fazendo aqui é mostrar para você a possibilidade


que as plantas trazem. E a partir disso cabe a você transformar isso em
realidade.

Pegue essa possibilidade, mude a maneira como você lida com a sua
vida e transforme isso em verdade para você.

174
Gabriel de Carvalho

Professor, nutricionista e farma-


cêutico bioquímico, introdutor da
NUTRIÇÃO FUNCIONAL no Brasil
em 1999. Palestrante nacional e
internacional, é também funda-
dor e diretor do INA - Instituto de
Nutrição Avançada e fundador do
IBNF - Instituto Brasileiro de Nutri-
ção Funcional.
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Como os nutrientes podem barrar o câncer (até os letais)

“A quimioterapia e a radioterapia se mantêm como a principal política


porque ela é a linha de tratamento divulgada pelos governos dos paí-
ses e apoiadas pelos governos dos países. Simplesmente por isso. Não
importam as evidências científica ou qualquer outra coisa, o que nos
governa é a política, não a ciência”

Gabriel de Carvalho

O medo do brasileiro.

Provavelmente o câncer é uma das doenças que mais assustam o


brasileiro porque é a doença que faz as pessoas se sentirem mais sem
controle e sem esperança.

Também é uma doença que aparece muito rapidamente, por mais


que o seu desenvolvimento em geral leve mais de uma década. Exis-
tem alguns tumores, obviamente, muito mais rápidos. Mas a base bio-
lógica, bioquímica e física é muito mais lenta.

Mas as pessoas não sabem disso, elas simplesmente acham que


apareceu um câncer. Aí começam aquele tratamento superdebilitante
e muitas morrem.

E elas não se sentem como parte do tratamento.

Não sentem que podem ter qualquer papel ativo contra a doença. E,
isso, acredito que seja um dos grandes responsáveis por esse grande
medo que as pessoas têm.

A procura hoje é a de que terapia nutricional venha a ser uma aliada


ao tratamento convencional do câncer.

Existem milhares de artigos científicos comprovando que isso pode


acontecer, entretanto ela continua sendo negligenciada. Ela é um ad-
juvante que potencializa os tratamentos convencionais, que diminui as

176
Capítulo 04 | Gabriel de Carvalho

complicações, que aumenta a chance de cura, que diminui mortalidade,


diminui as dificuldades pelas quais o paciente passa durante o trata-
mento convencional.

No entanto ela não é utilizada, ou é subutilizada. Muito subutilizada.

O meu trabalho é fazer a nutrição funcional e, por conseqüência, a


nutrição, como um todo, ser mais conhecida para conseguirmos fazer
com que ela penetre todos os sistemas, inclusive na terapêutica do
câncer.

Quimioterapia e radioterapia como protagonistas.

A quimioterapia e a radioterapia se mantêm como a principal linha


de tratamento porque elas são as linhas divulgadas e apoiadas pelos
governos dos países.

Simplesmente por isso. Enquanto os governos apontarem essa linha


como a principal e primeira linha, ela vai ser vigente. Não importam as
evidências científicas de qualquer outra coisa.

O que nos governa é a política, não é a ciência.

A minha abordagem profissional é explicar para as pessoas como a


alimentação pode ser muito útil na prevenção do câncer e como ela
também pode ser usada durante o tratamento para minimizar os efei-
tos adversos da quimioterapia e da radioterapia.

Esse é o meu trabalho hoje.

O papel da indústria farmacêutica em relação à quimio e à radiote-


rapia serem os tratamentos principais não pode ser deixado de lado.

É bem óbvio: a indústria precisa vender.

E vender tendo lucros. E, para ter lucros, é importante ter produtos


dos quais eles sejam proprietários. Então eles divulgam o seu trabalho,
que é o medicamento.

Os medicamentos são patenteados pela indústria e depois divulga-


dos, em congressos médicos, aos médicos e aos profissionais da área.

177
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

E os profissionais são responsáveis por decidirem se isso é eficiente


ou não, se existe algo a mais ou não. Da mesma forma que o meu tra-
balho é divulgar a nutrição, o trabalho da indústria é divulgar o medica-
mento industrializado.

A forma de a indústria se manter viva é divulgando seus medicamen-


tos. O papel dos nutrientes é divulgado pelos estudiosos da área de
nutrição.

Temos que entender que não existe bandido nem mocinho. Cada um
defende seus interesses.

O problema é que o profissional que toma a decisão final é aquele


que está ouvindo. Ele tem a capacidade de tomar as decisões que quer.

Só que ele tem que estar ciente disso que eu acabei de dizer. Se ele
não está ciente, terá a ilusão de que nutrição não existe, de que só me-
dicamentos existem. Ou de que não há evidências dos nutrientes, só
dos medicamentos.

O modelo médico montado nos últimos 70 anos foi o modelo em que


a evidência considerada científica é a do estudo duplo cego randomiza-
do placebo controlado.

E isso se aplica muito bem ao medicamento, mas não se aplica bem


ao nutriente.

Porque um nutriente isolado não tem um poder tão forte


quanto um medicamento.

Um nutriente trabalha em sinergismo, então tem muitas variáveis a


serem controladas.

E isso é bastante complicado para quem é da área convencional. En-


tender essa complexidade não é pra qualquer um.

É preciso entender muito de bioquímica e fisiologia para compreen-


der as múltiplas interações entre o metabolismo humano e os nutrien-
tes, que é a metabonómica conhecida.

Então existem algumas questões aí no meio e por isso não gosto só

178
Capítulo 04 | Gabriel de Carvalho

de achar culpados de uma forma simplista. Acho que todos têm o seu
papel e o trabalho deveria ser muito mais integrado do que é hoje, com
certeza.

Cada alimento tem um impacto nas nossas células.

Diversos fatores estão implicados no desenvolvimento do câncer, ou


na criação de um câncer.

O câncer é criado pelos hábitos na ampla maioria dos casos porque


a culpa genética exclusiva só acontece na menor parte dos tumores.

Quando a pessoa come ou não determinados alimentos, ela passa


informações diferentes para as células. Alguns alimentos dizem para
a célula ficar calma, se reproduzirem de forma adequada e tranquila;
outros, mandam a célula se reproduzir de forma desenfreada e sem
controle. É isso o que os alimentos fazem.

Um dos processos no início do câncer é a inflamação e a formação de


radicais livres.

Para se combater os radicais livres tem que haver uma dieta antirra-
dicais livres, antioxidante. O que é isso? É uma dieta com muitas vita-
minas, muitos minerais, alimentos crus, alimentos verdes.

Em uma dieta rica em processados, esses alimentos não estão sen-


do consumidos.

Chega um alimento, o corpo processa aquilo e olha: “aqui tá cheio de


açúcar, carboidratos, proteínas de gordura, mas onde estão as vitami-
nas e minerais?” é como se um fosse o acelerador; e o outro, o freio.

Tudo no nosso corpo tem uma regulação para um lado e para


o outro.

Quando come os alimentos industrializados ultraprocessados, você


não está dando para o seu corpo todos esses ingredientes para ele es-
colher e decidir o que tem que ser feito. Você está privando seu corpo
de alguns desses ingredientes.

Quando come os alimentos naturais, integrais, não processados, or-

179
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

gânicos, não fritos, não queimados, não hidrogenados, você está ad-
quirindo todos os ingredientes para que o corpo acelere quando tem
que acelerar e freie quando tem que frear. Aí as células vão funcionar
em harmonia e com saúde.

Os estudos são bastante claros em mostrar que o elemento mais


importante na causa do câncer são os nossos hábitos de vida e não a
nossa genética.

A genética é essencial no desenvolvimento do câncer, mas sem a


participação dos hábitos de vida, a maioria dos cânceres não ocorrem.

É essencial que você tenha hábitos de vida errados para desenvolver


um câncer. Hábitos errados mais intensos para alguns e menos para
outros conforme a sua genética.

Conhecendo a sua genética, você pode tomar atitudes mais precisas


em termos de prevenção de câncer ou qualquer doença.

Mesmo sem saber sobre sua genética, conhecer o seu histórico fami-
liar já é de grande auxílio.

E, mesmo sem conhecer esse histórico, você pode tomar atitudes


para não desenvolver a doença, não desenvolver o câncer. Atitudes que
vão ser úteis para qualquer pessoa e qualquer doença.

A mudança de rota.

Em 1999, eu fui para os Estados Unidos e fiz um curso chamado


“Aplicação para a medicina funcional na prática clínica”. Fiquei um mês
morando lá. Esse curso mudou a minha vida. Ele me fez entender a
causa e a origem dos processos de saúde e doença.

Pouco menos de um ano antes, em junho de 1998, eu assisti o Dr.


Jeffrey Bland em um congresso em São Paulo.

Me chamou atenção como ele falava de bioquímica, da origem das


doenças e da implicação disso em diversas patologias. Conversando
com ele, fiquei sabendo desse curso.

Quando fui para lá fiz parte da segunda turma e fui o primeiro latino-

180
Capítulo 04 | Gabriel de Carvalho

-americano. Enquanto morava lá apliquei alguns princípios na mudan-


ça da minha própria alimentação.

Quando voltei para o Brasil e me sentei no meu consultório em abril


de 1999, as coisas que os pacientes me falavam já tinham um sentido
completamente diferente.

A interpretação que eu dava era outra e as soluções que eu tinha para


propor também eram outras.

As curas que foram feitas são incríveis e impressionantes, coisas que


eu não imaginava que poderiam ser melhoradas ou curadas ocorreram
e ficou claro que eu não podia guardar aquilo só pra mim.

No final daquele ano, eu, que era supertímido e gago, estava dando
aula para um público de 130 pessoas, num lugar onde cabiam apenas
120.

Foi assim que tudo começou.

Em abril de 1999, voltei a fazer as consultas, e os pacientes me con-


tavam que o que estava acontecendo com eles, da mesma forma que
antes, mas nada mais tinha o mesmo significado.

Eu tinha interpretações diferentes. Pensava: “hum, isso pode ser


uma hipersensibilidade alimentar”, “isso deve ser disbiose intestinal”
ou “isso é um quadro inflamatório crônico”, “esse paciente deve estar
intoxicado”, “isso deve ser um problema nas mitocôndrias”, “isso é defi-
ciência de ácidos graxos essenciais”.

O que eu sei é que comecei a usar uma ferramenta que é o Questio-


nário de Rastreamento Metabólico e, com ele, passei a investigar uma
série de sinais e sintomas que não investigava antes.

Eu passei a observar nos relatos sinais e sintomas que passaram


a ter um significado completamente diferente. Assim, o tratamento
também mudou e foi para outro nível.

O fim dos alimentos diet e light na dieta anticâncer.

Alimentos diet e light fizeram parte da conduta dos nutricionistas da-

181
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

quela época. Em especial para indivíduos diabéticos e obesos.


Quando a gente se preocupa em contar calorias, isso é bem impor-
tante porque com esses alimentos você as reduz.

No momento em que a minha visão mudou, eu passei a perceber que


o mais importante é a informação que o alimento traz e não simples-
mente as calorias. Você pode consumir mais calorias e emagrecer ou
menos calorias e engordar.

Depende de onde vêm essas calorias e como está o seu metabolis-


mo, como está o seu organismo para receber aquela caloria.

É um conjunto entre o seu corpo e o alimento que você come. Para


chegar num resultado final que é a manutenção, perda ou ganho de
peso.

Não são apenas as calorias. Elas são um fator que deve ser levado
em consideração, mas outros fatores do próprio metabolismo do in-
divíduo fazem cada vez mais diferença quando falamos de pequenos
detalhes como poucos quilos.

É óbvio que um indivíduo que está com 160 quilos tem uma demanda
calórica e, nesse caso, qualquer corte faz diferença.

Mas os pequenos ajustes metabólicos têm mais a ver com qualidade


do que quantidade.

Muitos profissionais ainda dão orientações erradas nos consultórios.


Usando alimentos diet e light, usando barrinhas de cereais, ricas em
açúcar.
Os alimentos “saudáveis” e cancerígenos.

Os alimentos diet e light com adoçantes que são carcinogênicos, as


barrinhas de cereais ricas em açúcares, porque não é só um, chegam
a ter três ou quatro tipos de açúcares diferentes nas barrinhas mais
comuns, o consumo de biscoitos “integrais”, de pão “integral”, de ge-
latina, de sobremesas, que são muitas vezes alimentos amplamente
recomendados. O consumo de arroz branco.

Todos esses são hábitos frequentes que, ou são muito recomenda-

182
Capítulo 04 | Gabriel de Carvalho

dos, ou são permitidos porque se acredita que seja saudável. Só que


não é. Outro exemplo é a recomendação dos grelhados, do bifinho
grelhado, do peitinho de frango grelhado. Essas recomendações são
temerárias e podem aumentar a incidência de câncer.

Em 1999, foi bastante difícil essa introdução da nutrição funcional.


Tinha que ouvir médicos e nutricionistas dizendo que aquelas coisas
não existiam, que eu tinha inventado aquelas palavras.

Eu nunca me esqueço de alguém que falou que a palavra disbiose


não tinha sido criada, nem sequer existia. Aquilo foi muito difícil. Hoje
as coisas estão mais fáceis, as pessoas têm um acesso maior à infor-
mação.

Mas não podemos dizer que essa forma de enxergar é aceita, ou


mesmo popular, porque a visão dominante é uma visão medicalizada,
na qual o diagnóstico tem um medicamento e o medicamento é feito
para a doença e o paciente não tem nada a ver com isso.

O tratamento que exclui o paciente.

Ouvimos muito o discurso de que o paciente é importante, mas, na


hora do tratamento, a maioria dos profissionais não sabe como fazer
isso. Eles sabem ver a doença e o remédio para a doença ou a conduta
dietética para a doença.

Por isso, o que se ensina nas faculdades de nutrição, é dietoterapia


para as doenças, sem nunca ampliar a discussão para a pessoa que
desenvolveu a doença.

Cada um é único, só vai desenvolver aquela doença que pode se


desenvolver. O que eu quero dizer é que o mesmo elemento desen-
cadeante, o mesmo gatilho vai gerar doenças diferentes em pessoas
diferentes.

Existem vários nutrientes e vários alimentos que estão envolvidos na


prevenção do câncer. O primeiro elemento que tem que estar presente
claramente é que essa conduta é individual.

Os principais nutrientes anticâncer.

183
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

O que eu quero dizer? Temos que atingir, no nosso sangue, níveis óti-
mos de vários nutrientes, vitaminas e minerais para que alcancemos a
maior chance possível de prevenção.

Níveis ótimos de magnésio, de vitamina D, de selênio, de zinco, de


ferro, de cobre, de manganês, de vitamina A, vitamina E e por aí vai.

Dito isso, quando olhamos para a alimentação podemos pensar em


alimentos a serem incluídos na dieta. E o grupo mais poderoso, com
mais estudos, é o de frutas e verduras. Seu consumo contribui para os
antioxidantes totais do nosso plasma. Então, é importante o consumo
de frutas, verduras e legumes, de no mínimo 600 gramas por dia.

Além disso, é muito importante que o brasileiro tenha à sua disposi-


ção a castanha do Brasil (ou castanha do Pará). Ela é uma fonte funda-
mental de selênio, a principal fonte no mundo da substância.

Em média duas castanhas por dia, vai ter um aporte de selênio mui-
to significativo, que é um mineral anticâncer fundamental e essencial
para a saúde imunológica.

É uma forma barata — já que uma castanha por dia é algo muito
barato — e eficiente de prevenção.

Também é preciso pensar no que não pode estar na alimentação.


Não podemos ter gorduras hidrogenadas, gorduras fritas e alimentos
queimados.

Todo tipo de alimento queimado como os grelhados (queimadinhos,


tostadinhos) funciona como se fosse o cigarro. Há várias pessoas que
não fumam o cigarro, mas “fumam” comendo alimentos queimados
todos os dias com seu grelhado bem tostadinho, bem passado no al-
moço. Enchendo o corpo de substâncias extremamente carcinogêni-
cas.

Quando você soma o não consumo de frutas e verduras com o consu-


mo de alimentos fritos, de gordura hidrogenada, de alimentos queima-
dos, você tem uma bomba que pode gerar câncer em muitas pessoas.

Por isso a incidência crescente dessa doença.

184
Capítulo 04 | Gabriel de Carvalho

A abordagem de pacientes com câncer.

No primeiro contato com pacientes com câncer, a minha abordagem


é investigar se esses alimentos agressores, oxidativos, alergênicos es-
tão sendo consumidos ou não.

Se sim, temos que reduzi-los. Investigar a presença ou ausência dos


alimentos alcalinizantes, antioxidantes, protetores, crus, frutas, verdu-
ras, sementes etc.

A primeira abordagem é enxergar esses dois grandes grupos de ali-


mentos e adequá-los. E, além disso, solicitar exames que vão indicar
como está o perfil metabólico daquele indivíduo.

Como estão as concentrações de vitaminas, de minerais, de metais


tóxicos, de enzimas, do sistema de defesa para que eu possa fazer os
ajustes necessários.

O alimento como tratamento.

A terapia nutricional no câncer é essencial para aumentar o sucesso


do tratamento e para evitar a chance de ter um novo tumor. Pense
que você que teve um câncer é a pessoa com maior risco de ter um
segundo câncer.

Você tem toda a genética e todos os fatores de vida ambientais ade-


quados para ter um câncer, por que não ter o segundo?

Quem vai definir não ter esse segundo câncer ou não complicar esse
primeiro é você, por meio dos seus hábitos.

Pense que um câncer só se desenvolveu no seu organismo porque


você permitiu que isso acontecesse, foram os seus hábitos de vida, a
forma como você dorme, seu grau de atividade física, o que come, a sua
fé e os seus pensamentos e emoções.

O conjunto disso gerou um resultado e o resultado disso é o que você


teve.

Ter câncer não é uma punição, é uma possibilidade. É a possibilidade


que você deu para o seu organismo.

185
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Ou seja, aquilo que você fez ao longo da sua vida causou o que acon-
teceu com você.

Se você quer mudar, avalie seu sono, a sua atividade física, a sua ali-
mentação, a sua fé, os seus pensamentos e as suas emoções e os seus
relacionamentos.

Avalie tudo isso porque esses elementos são a chave, são o segredo
para você conseguir entender por que você teve um câncer e o que tem
que fazer para não ter outro.

É a mesma coisa que tem que ser feita para se curar desse
tumor.

Procure profissionais especializados para ajudá-lo a encontrar, den-


tro desse universo que eu comentei, as condutas e atitudes que têm
que ser tomadas para resolver profundamente esse problema na sua
raiz.

Se você achar que é só tomar o medicamento, ou que a quimio e a ra-


dio, resolvem você está profundamente enganado. A causa está dentro
de você e portanto a solução também está dentro de você.
Suco verde não é detox.

Tomar suco verde não é fazer detoxificação. E fazer a detoxificação


não é aumentar a morte de células cancerígenas.

Fazer detoxificação é aumentar a eliminação de compostos tóxicos.


Claro que uma dieta rica em alimentos verdes, vivos, frutas, verduras,
sementes e legumes é uma dieta detoxificante, rica em polifenóis,
em alimentos com ação antioxidante e que contribuem para induzir a
apoptose celular tumoral.

O que é isso? Apoptose é o suicídio da célula tumoral. Então os poli-


fenóis, esses antioxidantes presentes nos alimentos vegetais, são ca-
pazes de dizer para a célula tumoral: “se mata, você está desregulada,
não está funcionando bem, não tá batendo bem da cabeça.” Olhe que
incrível isso.

O polifenol entra numa célula saudável e numa tumoral; a saudável

186
Capítulo 04 | Gabriel de Carvalho

acha ótimo enquanto a tumoral se mata. Ou seja, o alimento fala com


as células. Então é possível sim a pessoa com câncer mudar a alimen-
tação para estimular a morte das células tumorais.
O jejum como apoio efetivo no tratamento.

O uso do jejum de forma preventiva ou terapêutica tem sido estuda-


do há muitos anos, inclusive no tratamento do câncer, juntamente com
a quimioterapia e a radioterapia.

Quando pensamos em termos preventivos, o jejum otimiza o nosso


metabolismo celular, ele gera para a célula uma espécie de desafio ao
qual ela tem que se adaptar.

E isso gera uma flexibilidade metabólica, uma melhora no sistema


de defesa antioxidante, uma diminuição da inflamação, uma melhora
no metabolismo dos carboidratos, proteínas e gorduras. Então a prá-
tica regular do jejum é benéfica para a saúde, não há nenhuma dúvida
quanto a isso do ponto de vista científico.

Qual o tipo de jejum, qual a frequência, o número de horas, como se


deve fazer? Isso tudo deve ser estudado e analisado.

Quando se fala em tratamento de câncer, existem estudos analisan-


do a eliminação do alimento, o jejum completo, de 24 a 48 horas, antes
da quimioterapia e depois, tem diferentes protocolos sendo testados.
De 24 a 48 horas antes até 24-48 horas após a quimioterapia.

O indivíduo estando sem alimentação. Ou com uma quantidade de


alimento muito baixa, não passando de 300 calorias por dia e obvia-
mente com muita hidratação, com uso de chás, com uso de águas, com
alguns caldinhos bem ralos, com a quantidade calórica baixa, se neces-
sário.

E sempre com complementação dos micronutrientes para que não


haja desnutrição do ponto de vista de vitaminas e minerais. Isso é es-
sencial e em todos os estudos isso é feito.

Vou repetir, em todos os estudos que mostram que o jejum é be-


néfico, não existe deficiência de vitaminas e minerais porque elas são
complementadas pelo menos nas doses fundamentais. Então restri-

187
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

ção calórica e jejum só funcionam se houver níveis normais de vitami-


nas e minerais.

Então é possível sim usar o jejum como prevenção. Isso é difícil de


afirmar porque você precisaria de pessoas fazendo jejum durante dé-
cadas para saber se ele preveniu um câncer. Isso é bastante difícil.

E já há vários estudos sendo usados no tratamento com resultados


muito interessantes, como diminuição de anemia, de leucopenia, de
plaquetopenia, de mielotoxicidade (a toxicidade da medula óssea), de
complicações como vômitos, diarréias, náuseas, diminuição de sin-
tomas de alguns quimioterápicos, de perda de sensibilidade, de for-
migamento de mão e extremidades, diminuição de toxicidade renal e
hepática de alguns quimioterápicos.

Então são resultados que merecem a nossa atenção.

Em relação à prevenção, um estudo acompanhou mulheres por vá-


rios anos em retrospectiva e viu qual era o intervalo que as mulheres
tinham entre o jantar e o café da manhã.

E aquelas mulheres que tinham um intervalo de 13 horas e meia, em


média, entre o jantar e o café da manhã, tinham muito menos chances
de ter um novo câncer de mama. Foi uma análise de recorrência do
câncer de mama.

Então é bastante poderoso esse conceito do jejum, em especial du-


rante à noite.

Carne ou peixe? Qual alimento é protetor?

Desde de que eu soube que os pescovegetarianos têm uma menor


incidência de câncer colorretal, eu passei a enfatizar mais o que eu já
enfatizava antes, que era a redução ou eliminação da carne vermelha e
favorecimento do consumo de peixes.

Essa foi a minha principal mudança.

Eu já preconizava a eliminação da carne vermelha nesses pacientes,


mas eu comecei a enfatizar mais o aumento e o privilégio do consumo
de peixes.

188
Capítulo 04 | Gabriel de Carvalho

Recado aos vegetarianos e veganos.

Aos vegetarianos e veganos, eu peço que percebam que os alimentos


mais alergênicos como glúten e lácteos são tão ou mais importantes
de serem eliminados do que a carne e os alimentos de origem animal.

O consumo de açúcares e de carboidratos refinados é extremamente


mitogênico, estimulando a proliferação das células.

É essencial que isso seja compreendido porque, se você quer reduzir


a incidência de câncer, comer menos carne é uma parte, mas, se você
continua inflamado com um alto teor de alimentos alergênicos, que
são inflamatórios, com alto teor de alimentos refinados e de açúcar,
você continua tendo um grande número de estímulos deletérios.

Se eu fosse escolher e eu já escolhi, eu conclui que é mais importan-


te para a minha saúde retirar açúcar, glúten e lácteos do que retirar a
carne.

Mas nada impede que você continue vegetariano ou vegano. Tudo


bem, mas você tem que pensar nessas três outras restrições, que, pelo
que os estudos indicam, são mais poderosas e mais importantes.

As evidências quanto à redução de câncer em vegetarianos e vega-


nos não são tão fortes quanto as evidências de que o consumo aumen-
tado de frutas e verduras previna o câncer.

O que eu quero dizer é que se eu tenho uma alimentação “x” e agora


ela é “x - carne” eu diminuo a carcinogenicidade ou as chances de cân-
cer.

Mas se eu tenho a alimentação “x com carne” e eu dobro ou triplico


por 600 gramas por dia a quantidade de frutas, verduras, alimentos
crus e legumes cozidos, isso talvez seja muito mais poderoso.

Ou seja, pra mim isso mostra de forma clara que não importa apenas
eu retirar o ataque mas sim aumentar a defesa.

E por que não é tão importante eu retirar o ataque tanto quanto é


aumentar a defesa? Veja, retirar o ataque é diminuir carnes, aumentar

189
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

a defesa é aumentar as verduras, legumes e frutas.

Porque se eu retiro a carne simplesmente sem aumentar a defesa


eu continuo tendo outros ataques, continuo tomando uma água com
poluentes, continuo respirando um ar tóxico, continuo tendo pensa-
mentos tóxicos.

Ou contínuo sujeito aos campos eletromagnéticos. Quando eu au-


mento a defesa eu me defendo contra tudo isso que eu acabei de dizer.

Então é óbvio que eu pensar nos 2 elementos é a chave. Mas se eu


simplesmente deixo de grelhar as carnes, de queimar e de fritar e passo
a usar carnes cozidas, a concentração de carcinógenos vai lá embaixo.

Então será que a resposta é “as pessoas que se tornaram vegetaria-


nas tiveram menos câncer porque pararam de comer carne” ou antes
elas comiam carnes fritas, queimadas e oxidadas e isso que foi elimi-
nado?

Será que se eu trocar minha carne frita e queimada e grelhada por


uma carne cozida isso não diminui minha incidência também? Essa é a
minha reflexão.
A importância dos seus rins.

Pral é uma sigla para PRAL, que significa Potential Renal Acid Load, ou
Carga Ácida Potencial Renal. É o equilíbrio que o rim precisa fazer entre
todas as substâncias alcalinizantes ou acidificantes do nosso metabo-
lismo.

O rim tem que equilibrar, entre os seus tampões, citrato, fosfato e


o sistema respiratório, gás carbônico e trocas gasosas o pH do nosso
sangue, que tem que ficar sempre constante.

E o pH sanguíneo ou arterial vai ser sempre constante porque isso é


compatível com a vida. E o que o PRAL mede é se a sua alimentação
facilita o trabalho do organismo ou dificulta?

Porque a tendência metabólica é o corpo ser ácido porque os resídu-


os do nosso metabolismo são acidificantes.

190
Capítulo 04 | Gabriel de Carvalho

Ou seja, se minha dieta é alcalinizante eu estou facilitando o trabalho


do meu organismo. Ele vai ter menos esforço e isso é muito bom. O
resumo do resumo é isso.

Atenção às bactérias.

Dentro de nós vivem milhares de bactérias. Além de bactérias, temos


fungos, vírus e parasitas que constituem o nosso microbioma. Essas
quatro coisas em conjunto constituem o nosso microbioma intestinal.

Conforme a nossa alimentação e o nosso estilo de vida, nós nutrimos


diferentes tipos de microorganismos. Se a minha dieta tem carne, é
diferente daqueles que não tem carne.

Se ela tem saladas, é diferente daqueles que têm pouca saladas. Se


ela tem pouca fibra ou muita fibra, muda. Se ela tem mais ou menos
gorduras muda, se eu fui amamentado ou não, também muda.
Se eu nasci de cesariana ou de parto normal, esse microbioma tam-
bém muda. Ele muda de novo se eu tomo medicamentos.

Então toda essa alimentação que eu venho dizendo, rica em frutas,


em verduras cruas, em legumes cozidos, em sementes, com muitas
fibras, com alimentos integrais, com alimentos orgânicos, com raízes.

Essa alimentação está associada a um ótimo microbioma, a um perfil


de microbioma que gera saúde.

O contrário disso é associado a um perfil de microbioma que


gera câncer.

A presença desses alimentos é, portanto, essencial em grandes


quantidades para otimizar o seu microbioma.

E um microbioma saudável é muito diverso. Ele tem uma variedade


de bactérias, uma quantidade de bactérias boa, que não é excessiva
e uma diversidade de gêneros bacterianos. E isso faz toda diferença
quando se pensa em prevenção do câncer.

O que o professor Gabriel de Carvalho come.

191
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

As pessoas, com bastante frequência, perguntam o que eu como. Eu


como, em primeiro lugar, uma alimentação sem os alimentos aos quais
eu tenho uma reação de hipersensibilidade.

E como a maioria das pessoas, eu não como nem cereais com glúten
e nem lácteos de vaca. Esse é o primeiro elemento.

O segundo é que a minha ingestão de açúcar é ridiculamente baixa.

O terceiro elemento é a praticamente ausência de alimentos ultra-


processados. A quantidade de alimentos embalados e modificados
industrialmente é mínima.

Ou seja, eu tenho uma geladeira muito cheia de legumes, de frutas,


de salada, de carnes, de peixe e de ovos. E eu tenho um armário muito
vazio.

No meu armário tem muitas sementes, castanhas, nozes, amêndo-


as, avelãs, baru, macadâmias.

E algumas farinhas concentradas em fibra como linhaça, chia e fa-


rinha de côco. Isso é o que domina na minha alimentação. As pastas
feitas de nozes como tahine ou pasta de amêndoas. Eu também faço
leites vegetais em casa.

A minha alimentação é muito baseada nessas coisas. Num café da


manhã, por exemplo, eu como frutas. Eu posso eventualmente tomar
um leite vegetal, posso comer um queijo de búfala. Posso ter ovos, al-
gum tipo de cereal sem glúten, como quinoa, amaranto, tapioca. Então
eu vou variando algumas opções de forma que a minha alimentação
não seja muito repetitiva.

Quando pensamos nas refeições principais, o primeiro prato deve ter


apenas com verduras cruas.

Então a gente vai ter sempre uma grande quantidade de folhosos e


entre esses folheados é fundamental estarem incluídas as PANCs, as
plantas alimentícias não convencionais, que têm uma quantidade de
antioxidantes muito maior do que as verduras convencionais que tem
no supermercado.

192
Capítulo 04 | Gabriel de Carvalho

Exemplos são beldroega, serralha, bertalha, ora-pro-nóbis, dente-


-de-leão, azedinha, trapoeraba.

Você pode ir complementando com folhas amargas, com folhas com


cores intensas, como radicchio roxo, uma rúcula, uma alface roxa. Você
faz uma complementaridade, usa brássicas em abundância, nabo, ra-
banete, brócolis e couve-flor. E fontes de pigmentos como beterraba e
cenoura.

E sempre alimentos de cultivo orgânico na ampla maioria das refei-


ções. Alimentos de cultivo ecológico, biológico, que fazem bem para o
planeta e para as pessoas também, com uma quantidade de polifenóis
maior.

Eu costumo ter presente vegetais ricos em carboidratos também,


como raízes, que eu gosto muito de comer. Eu gosto de inhame, ba-
tata-doce, batata inglesa, arroz integral do tipo negro, arroz vermelho,
alimentos que são ricos em antioxidantes.

Também é importante comer leguminosas com frequência. Uma ou


duas vezes por semana. Porque eu como carnes, eu faço uma alter-
nância.

Nos lanches, sementes estão presentes sempre, como castanhas,


nozes, amêndoas, essas pastas de semente com frutas.

O cacau também é um alimento que eu gosto de usar muito. Seja o


cacau em pó ou mesmo os chocolates com alto teor de cacau e sem-
pre sem açúcar. Esse é um resumo do que eu consigo me lembrar que
como no dia a dia.

O que se sabe sobre as PANCs é que os estudos mostram a sua alta


concentração de antioxidantes. Ou a alta concentração de algum mine-
ral, alguma vitamina. Ainda não há estudos como objeto de tratamento
cancerígeno em seres humanos.

O que aliás praticamente para nenhum alimento. Há pouquíssimos


estudos que isso existe. Em geral é o conjunto da dieta que trabalha a
favor. Existem estudos para alguns alimentos sim, mas de forma bas-
tante isolada. É o padrão alimentar que é geralmente o grande elemen-
to poderoso.

193
Rafaela Eugênia

Nutricionista formada pela Univer-


sidade Federal de Sergipe. Come-
çou suas pesquisas científicas na
área de resistência insulínica, mas
ao se formar teve a oportunidade
de trabalhar com pacientes com
câncer, área na qual atua desde
então. Hoje ela tem capacitação de
nutrologia oncológica pelo Albert
Einstein.
Capítulo 05 | Rafaela Eugênia

Cardápio anticâncer: simples e poderoso

“O paciente que chega no consultório dizendo que estava livre para co-
mer o que ele queria. Se ele está livre para comer de tudo, ele vai con-
tinuar tendo os mesmos hábitos inadequados que levaram ao câncer”

Rafaela Eugênia

A nutricionista anticâncer.

Meu nome é Rafaela Eugênia, sou nutricionista formada pela Univer-


sidade Federal de Sergipe. Ao iniciar meu curso de nutrição, eu iniciei
também minhas pesquisas científicas dentro da área de resistência
insulínica.

Foi na nutrição que comecei a descobrir um novo amor, que era de


cuidar do outro, que era do querer ajudar de acordo com aquele conhe-
cimento em relação à alimentação.

Como eu poderia mudar a vida de várias pessoas.

Inicialmente, acreditei que eu iria trabalhar com pacientes diabéticos,


mas, assim que me formei, tive a oportunidade de entrar num instituto
de câncer. E ali eu vi que realmente nós tínhamos o poder nas mãos de,
literalmente, salvar vidas.

A partir do momento em que eu oriento uma pessoa e ela segue as


orientações, ela sai de um estado de desnutrição para um estado de
normalidade.

Eu me apaixonei pela oncologia a partir dali, comecei a estudar todas


as diretrizes, fazer capacitação.

Hoje eu tenho capacitação na área de nutrição oncológica pelo Albert


Einstein.

195
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Faço pós em nutrição oncológica pela Universidade Unyleya. Tenho


pós-graduação em Bioquímica e Biologia da Nutrição. Foi minha pri-
meira graduação pela Universidade Estácio de Sá.
A abordagem pra quem foi liberado para tomar sorvete.

Há pacientes que chegam no consultório dizendo que médico disse


que ele estava livre para comer o que quisesse.

Isso gera uma confusão muito grande porque, se pode comer tudo,
vai continuar tendo os mesmos hábitos inadequados que levaram ao
desenvolvimento do câncer.

Olha que contradição.

Com esses pacientes fazemos um trabalho de formiguinha, de ree-


ducação nutricional. Mostramos o que acontecia com sua alimentação
que gerou o câncer e dizemos quais são as alterações que ele precisa
fazer a partir daquele momento.

Esses pacientes, normalmente, têm um quadro de diabetes, de co-


lesterol elevado. E provavelmente já têm um quadro de resistência in-
sulínica instalado, o que muitas vezes não é observado.

Se não têm diabetes, mas fizer a curva glicêmica, estará alterada. São
pacientes anêmico que, quando fazem o exame bioquímico, o médico
diz que eles estão normais.

Mas lá já está demonstrando uma deficiência vitamínica, de B12, de


ácido fólico.

É muito complicado quando o paciente já vem com uma informação


de que está tudo bem, de que ele pode comer tudo.

Isso, para nós nutricionistas que trabalhamos na área, acaba sendo


um desafio muito grande, mas tem dado resultado.

Eles são bem comportados, bem obedientes. Eles entendem, quando


você explica. Explicar para o paciente é fundamental.

Mostrar o que aconteceu, saber que não existe uma relação causal

196
Capítulo 05 | Rafaela Eugênia

única, mas uma associação de coisas que geraram o desenvolvimen-


to do câncer e que com a mudança alimentar, eles terão um benefício
muito grande.
O melhor alimento anticâncer.

Não existe um alimento milagroso.

Não existe aquele alimento que eu vou comer todos os dias e que vai
prevenir o câncer.

Superalimento é um alimento que possui propriedades benéficas ao


nosso corpo e que, quando introduzidos na nossa alimentação de for-
ma diária, traz um benefício, principalmente contra o câncer.

Trabalhar as superfoods, superalimentos, é entender que eles pos-


suem grandes propriedades e que quando inseridos de forma diária.

Logicamente é preciso adotar outros hábitos, dormir bem, fazer ati-


vidade física, melhorar a alimentação como um todo e diminuir a quan-
tidade de carboidratos.

Introduzindo ele nessa melhora alimentar, eu tenho benefício tre-


mendo.

A gente pode começar falando sobre o gengibre.

O gengibre é um dos condimentos mais utilizados no mundo de for-


ma milenar, principalmente na região da Ásia: Japão, China, Índia. Ele é
um rizoma, diferente do que as pessoas pensam, ele não é uma raiz,
ele é um caule, que cresce de forma horizontal, mas subterrânea. E ele
possui diversos componentes.

Foram estudados e encontrados mais de 50 componentes antioxi-


dantes presentes no gengibre que têm capacidade anti-inflamatória,
antitumoral e até mesmo antioxidante.

A gente precisa entender que, além de ele contribuir para a nossa


saúde na prevenção de doenças, ele também trabalha nas vias de for-
mação da célula tumoral.

197
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Ele evita, ele corta, ele induz a apoptose celular, que é a indução da
morte programada da célula. Isso porque a célula tumoral é uma célula
imortal.

É uma célula que perde a capacidade morte programada. Um dos


compostos do gengibre, que é o gingerol, tem essa capacidade de in-
duzir a apoptose celular.

O gengibre pode ser introduzido no suco verde, pode ser colocado no


shot anti-inflamatório, que você pode fazer junto com outros compo-
nentes, a pimenta do reino, a curcumina e o limão.

Ele também pode ser introduzido nos refogados, nos alimentos, nas
refeições, na moqueca.

Existem diversas formas de introduzir o gengibre na nossa


alimentação.

O shot anti-inflamatório é uma estratégia anti-inflamatória. Pega-


mos diversos componentes que possuem atividades anti-inflamató-
rias, que possuem compostos fenólicos (compostos que já são estu-
dados, que têm uma comprovação científica que trazem benefício à
saúde) e fazemos essa mistura porque entendemos que, com diversas
associações, temos uma melhor biodisponibilidade no nosso organis-
mo.

Ou seja, nessa junção, ele é melhor absorvido e traz um melhor efeito


potencial para nossa saúde.

Ele também é muito utilizado como estratégia anti-inflamatória para


pacientes que possuem quadros inflamatórios, doenças autoimune,
artrite reumatoide, lúpus e até no mesmo câncer. É uma estratégia que
eu utilizo na prática clínica.

Fazer o shot anti-inflamatório nada mais é do que pegar alguns com-


ponentes, como gengibre em pó, curcumina, pimenta do reino, pimenta
preta (quando você a quebra, ela que vira o pozinho), você mistura um
pouco de cada, mistura coloca o suco de um limão, um pouco de água e
bebe. Ele fica literalmente um shot e você toma de manhã.

A curcumina, que é substância presente na curcurma, assim como o

198
Capítulo 05 | Rafaela Eugênia

gengibre, tem uma ação antioxidante, antitumoral (é um polifenólico


bastante utilizado na prática clínica como suplemento) e para ser utili-
zado na alimentação, pode ser adicionado no arroz e no shot.

Sozinho, ele sozinho tem baixa biodisponibilidade, mas, quando é


associado, por exemplo, com a curcumina a pimenta preta, a biodispo-
nibilidade aumenta em até 1.000%.

Existem diversos estudos comprovando sua eficácia contra o


câncer.

Tem um estudo que foi feito com a regressão de pólipos intestinais,


são chamados adenomas de polipose adenomatose familiar, e que são
pólipos pré-cancerosos encontrados no intestino.

Esse estudo foi realizado com a suplementação da curcumina, jun-


tamente com a quercetina, que é outro polifenol bastante conhecido,
encontrado na casca da maçã, por exemplo.

E a associação desses componentes conseguiu reduzir acima de 50%


da quantidade desses pólipos. Olha que interessante.

Ela pode novamente ser utilizada diariamente no tempero do arroz,


no frango, no peixe, na salada, no shot. É algo que é muito prático. É
fácil de usar e tem um benefício muito exacerbado.

O chá que mata câncer.

O chá verde é feito pela folha da Camellia Sinensis. Ela é utilizada de


forma milenar, principalmente no Japão, na China e na Índia. Nos Esta-
dos Unidos é bastante como uma opção para emagrecimento, mas é
rica em catequina.

O mais importante é entender qual é a composição do chá verde. O


chá verde tem uma substância chamada epigalocatequina galato.

É uma substância muito estudada por seus componentes antioxidan-


tes e sua capacidade antitumoral. Ela consegue proteger nossa célula
de forma que a célula tumoral não cresce, não faz o que chamamos de
angiogênese, formação de novos vasos sanguíneos: a célula tumoral

199
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

precisa de novos vasos para poder crescer.

A epigalocatequina consegue bloquear esse crescimento. Há um tra-


balho feito com pacientes com câncer de próstata, principalmente na
região da Ásia, onde há mais consumo do chá verde.

Como lá é consumido em torno de 35% de todo chá verde consu-


mido no mundo é consumido naquela região, especialmente na China,
há uma redução tremenda na quantidade de pacientes com câncer de
próstata.

É interessante porque conseguimos fazer uma associação benéfica


do consumo com o desenvolvimento do tipo de câncer. Lembrando que
o câncer é o nome para mais de 100 tipos de doenças diferentes.

Cada um delas tem uma fisiopatologia diferente.

Assim como o resveratrol, a epigalocatequina atua na apoptose das


células tumorais, ou seja, induz a morte programada.

Assim como falamos do gengibre, ela previne a formação de radicais


livres, que são aqueles que induzem uma lesão na célula, uma lesão no
DNA.

Ele previne a formação dos radicais livres uma vez que consegue evi-
tar a lesão celular. É a partir da lesão celular que se tem a formação do
tumor. Isso precisa ficar bem claro. Então qual seria a dose de ingestão
desse chá?

Estudos mostram que, em torno de duas a três vezes ao dia, já tra-


zem efeitos benéficos. Tem também a matcha.

A matcha é quando temos a utilização completa da folha. (quando eu


pego a folha, macero e o pozinho). Quando compramos o pozinho da
Camellia Sinensis, ela também tem um efeito exacerbado da epigalo-
catequina.

Como é eu faço o chazinho? Infusão. É muito prático. Coloco um pu-


nhado de folhinha, água quente e deixo infundir por cinco a dez minuti-
nhos e depois consume.

200
Capítulo 05 | Rafaela Eugênia

O chá verde é uma estratégia bem interessante de ser adicionada,


assim como a curcumina e o gengibre.

Um alho ao seu combo anticâncer.

O alho tem compostos que ajudam a reparar os danos do DNA. Ele


ajuda a reduzir a inflamação, ajuda no controle do colesterol e ajuda até
na hipertensão arterial. Ele ajuda no controle do crescimento tumoral.

Ele tem uma propriedade antimicrobiana que é semelhante à penici-


lina. É muito importante que possamos introduzir esses alimentos no
nosso dia a dia.

Só que a introdução do alho não pode ser feita como nossos avós
faziam, que é pegar o dentinho e engolir com água.

Para que se tenha uma melhor absorção do composto ativo que é a


alicina, é preciso amassar, preciso macerar, cortar o alho, deixá-lo as-
sentar por uns minutinhos e utilizar.

Não adianta aumentar a temperatura, fazer o refogado em alta tem-


peratura porque perde-se de alicina, que é esse composto ativo tão
responsável por essas propriedades.

A utilização do alho é benéfica no dia a dia, mas tem que ser bem
colocada e é melhor crua: amassar o alho, colocar na salada, amassar o
alho e colocar na água do arroz.

Você pode fazer o refogado como você sempre fez. Na água do arroz,
você coloca um punhado do alho amassado e deixa cozinhar. Como ele
não vai levar a alta temperatura, você não perde tanto na quantidade
de alicina que vai estar ali presente.

Uma salada para complementar.

Crucíferas são vegetais do grupo das brássicas, entre elas estão o


nabo, a couve, a couve de bruxelas, a couve-flor, o agrião, a mostarda,
a rúcula.

Veja que é uma gama de alimentos bem interessantes que nós utili-
zamos normalmente no dia a dia. Por incrível que pareça, muita gente

201
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

não os conhece, e a introdução desses alimentos é muito importante


porque eles têm um composto chamado glicosinolato que é altamente
estudado e comprovadamente quimiopreventivo.

É muito importante até mesmo para o paciente que já está em trata-


mento oncológico introduzir esses alimentos no dia a dia.

Esses alimentos, além de possuírem alto teor de antioxidantes, de


vitaminas e minerais, também contribuem para amenizar os efeitos
adversos causados pelo quimioterápico.

Esses vegetais têm duas substâncias chamadas sulforafano e indol-


-3-carbinol. Esses dois componentes são excelentes antioxidantes e
atuam na inibição, ou seja, pausam a multiplicação tumoral.

E isso é bem interessante porque acabamos tendo o efeito anticar-


cinogênico.

Como usar as crucíferas? De preferência de forma cozida. Lembrando


que não podemos cozinha nada em excesso porque isso fazer com que
se perca o teor desses minerais, dessas substâncias antioxidantes.

O cozimento do brócolis tem que ser al dente: você coloca o garfinho


e ele sobe, mas desliza. Não pode ficar muito amolecido. O tempo cor-
reto de cozimento desses vegetais fica em torno de oito minutos.

Um recado para quem já foi diagnosticado.

É muito importante para o paciente oncológico que comece a obser-


var sua alimentação de outra forma, com outros olhos. Se ele sabe que
tinha uma alimentação inadequada, rica em processados, produtos
alimentícios, produtos que vinham em embalagem, precisa agora co-
meçar a ter contato com o alimento de verdade.

Ele precisa saber o que é uma couve, um brócolis, um nabo. Ele pre-
cisa ir para a cozinha. Ele precisa sentir o sabor daquele alimento, fa-
zer preparações. Entender que alimentos têm, sim, melhores sabores,
além de serem muito mais saudáveis.

Às vezes, o paciente até se encanta e diz: “nossa, porque eu não tinha


comido isso antes?”.

202
Capítulo 05 | Rafaela Eugênia

Fazer receitas é muito importante. O acompanhamento com um pro-


fissional que possa mostrar isso pra ele.

Também é importante estimular o contato com as frutas, verduras,


sementes, especiarias, com os folhosos, com os chás.

Isso é muito importante para ele possa trazer benefícios para a sua
saúde, ainda mais quando ele precisa ter uma nova relação com o ali-
mento, uma relação que precisa ser amigável, evitando assim uma re-
cidiva tumoral, evitando agravos dentro do próprio tratamento.

É com uma alimentação variada, uma alimentação com bastante co-


res, rica em fibras e antioxidantes que contribuímos para a manutenção
do nosso sistema imunológico, do hemograma dentro da normalidade,
para evitar a suspensão da quimioterapia.

E isso facilita esse trauma que é o tratamento passe de forma


mais branda.

Quando o paciente passa por tudo isso, aprendeu um novo contexto,


aprendeu uma nova relação com o alimento e isso ele vai levar para a
vida. Essa adoção nova desses alimentos, desse contato, de fazer, de
preparar, de provar... isso vai ser para o resto da vida.

Então a gente vai trabalhar ali a prevenção.

203
Dra. Denise de Carvalho

Médica formada na PUC de Campi-


nas em 1998, com especialização
em Gastroenterologia pelo hospital
Clínic de Barcelona, Cirurgia e En-
doscopia Digestiva pela USP. Atua
com Medicina Baseada na Individu-
alidade, com olhar sobre o pacien-
te (mente e corpo) e não somente
na doença. Uma das médicas mais
influentes da saúde integrativa no
Brasil. Autora do livro: Quebrando o
Ciclo Vicioso.
Capítulo 06 | Dra. Denise de Carvalho

Intestino é a Polícia Federal contra o câncer

“Você não pode falar a palavra câncer, que é a mesma coisa que
sentença de morte, tem muito medo que envolve”

Dra. Denise de Carvalho

As razões do medo do brasileiro.

O nosso maior problema é de uma coisa que não podemos controlar.


E existe uma ideia de que câncer é uma coisa basicamente genética,
se você tem essa genética, deitar em berço explêndido e esperar ela
acontecer.

É como se você não pudesse evitar o câncer.

E o que é pior: uma vez tendo o diagnóstico de câncer, é uma senten-


ça de que você vai morrer. O que a gente ignora é que todo mundo vai.

Hoje, ter câncer não quer dizer que eu vou morrer amanhã. Às vezes,
eu posso viver mais tempo com um câncer do que eu viveria até sem
ele. Tem muito mito ainda que envolve.

Eu acho que esse medo ainda que tem a ver com imprensa, com
reportagens, com: “olha, tal coisa não pode ser consumido porque dá
câncer”. Então a palavra câncer assusta demais o brasileiro.

Você não pode falar a palavra câncer, que é a mesma coisa que sen-
tença de morte.

Eu tenho pacientes que falam assim: “eu fui diagnosticado com uma
neoplasia”, que é um termo muito específico do profissional de saúde.

Ele ouviu alguém falar esse termo e prefere falar essa palavra do que
a palavra câncer. Ou usa a palavra tumor, mas não fala câncer, ou, ain-
da, usa CA.

205
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Nunca é tarde para gente mudar a nossa rota. Eu fiz isso.

Hoje, com quase 45 anos, já tenho uns nove anos de mudança de


rota da minha vida. Eu mudei porque, apesar de ser médica, eu vinha
muito mal. O médico sofre muito estresse, não come direito, como a
hora que dá, não mastiga.

Eu era o exemplo clássico, que infelizmente a maior parte dos meus


colegas também são. Sem comer direito, sem hora para dormir, sem
hora para acordar.

Eu vivia uma loucura, com filhos...quantas mulheres da minha ida-


de, dessa idade, tem crianças pequenas.. eu vivia sem olhar para mim.
Quando eu comecei a realmente me sentir doente, fui obrigada a olhar.
Quando eu penso em como era antes, vejo que o meu corpo deu sinais
por muito tempo.

O que a gente tenta fazer hoje em redes sociais, em mídias, é tentar


fazer com que as pessoas observem a si próprias um pouco melhor.
Principalmente a mulher, que vai tolerando. “Ai, eu sempre senti dor
de cólica, meu intestino sempre foi assim, eu sempre fui assim”. Então
assume um rótulo, se convence de que não há nada a ser feito.

Muitas coisas, pequenas e simples podem mudar sua rota de uma


forma realmente radical. Mas isso não vai acontecer em um dia, dois
dias, três dias.. “Ah, eu parei de beber há três dias”.

O resultado não virá no próximo fim de semana ou na subida da ba-


lança. As pessoas são muito sensíveis ao número da balança. A gente
tem que se preocupar com isso, mas não é só isso. É preciso pensar
também no sono, por exemplo.

Eu sempre falo o seguinte: “eu também vou morrer e não sei o que
está reservado para mim. Eu posso atravessar a rua hoje à tarde e ser
atropelada. Posso estar parada num ponto de ônibus e um carro subir
a calçada e me pegar.”

A gente não sabe o que nos espera amanhã, mas tudo o que eu puder
fazer para que esse meu curso seja o mais leve, o que estiver ao meu
alcance, eu vou fazer.

206
Capítulo 06 | Dra. Denise de Carvalho

Hoje eu enxergo que o corpo é um templo. A gente tem o prazer e


a honra de ter recebido esse templo para o nosso tempo aqui neste
planeta.

Eu não posso tratar esse templo como a gente realmente não trata
nossa casa. Você chega em casa e quer uma casa arrumada, quer uma
casa limpa, você limpa.

Por que você não faz isso com você? E eu não estou só falando de
trocar de roupa e estar bonito vestido.

Isso é externo, você não pinta só sua casa por fora, você cuida dela
por dentro. Você limpa seu banheiro uma vez por semana, você lava a
sua roupa, você passa sua roupa. Por que você não faz isso com você
mesma?

E a gente só quer saber do externo, não se preocupa com o interno.


Na verdade, o corpo bonito, externamente, cheio de energia, sem cân-
cer, não estando cansado o dia inteiro, sendo possível, por exemplo, a
reprodução.

E melhorar esse ambiente passa por mudanças muito pequenas. A


comer por dormir direito, desligar a televisão mais cedo, conversar com
a família, desligar os celulares.

Na minha casa hoje em dia, às 20h30, está todo mundo desligando os


celulares, com eles na tomada para carregar para o dia seguinte, todos
desligados, bem longe de onde a gente dorme, o mais longe possível.

E vamos conversar, vamos ler um livro, vamos fazer uma oração, fa-
lar sobre como foi o nosso dia, voltar a olhar um no olho do outro, saber
o que o outro está pensando.

Não somente olhar para dentro das nossas telas, que é


importante.

O que estamos fazendo aqui, pode mudar muitas vidas, mas tem
hora para tudo.

Então, voltar a fazer exercício físico, alguma coisa de que você goste,
estimular o seu corpo, se autoconhecer e se olhar no espelho.

207
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Não só olhar o dente, o cabelo, a roupa. Olhar dentro do próprio olho,


olhar suas necessidades.

São pequenas coisas que podemos fazer e não precisa fazer tudo de
uma vez. Algumas pessoas vão assistir isso e vão falar assim: “ah, para
você é muito fácil”.

Não é fácil.

Eu sou uma mulher, de 45 anos, com dois filhos, que trabalha, dá


aula, treina e também cuida de uma casa. Eu tenho uma funcionária,
mas preciso saber o que ela vai fazer, preciso ir no mercado e trazer
coisas para ela fazer a limpeza e a comida. Eu preciso saber o que está
acontecendo na minha casa.

Não é fácil. Mas, hoje, para mim, é algo orgânico, mas houve um tem-
po de transição, não foi de um dia para o outro. Eu não acordei um
dia e falei: “agora vou fazer tudo desse jeito”, foram pequenas coisas
devagar, e que você também pode fazer isso em casa.

Priorizar primeiro o sono, escolher a comida pelo sabor, mas também


pelo que ela te traz do ponto de vista nutricional.

Qual é a riqueza desse alimento? Ele é só caloria, ou ele me traz mais?


Em termos de nutrientes, de micro e macronutrientes. Essa minha re-
feição está equilibrada? Eu tenho proteínas, carboidratos e gorduras?

O que eu tenho de micronutrientes aí dentro? Se eu estou precisando


me alimentar o tempo todo com algo muito gostoso, muito intenso
ainda está faltando prazer na minha vida? Voltar a enxergar coisas que
doem, para mim também doeu.

É olhar para dentro de si e falar: “não, eu estou precisando, talvez, é


mudar meu emprego, estou precisando, talvez, é desfazer um casa-
mento”.

Se você está doente em outros aspectos de sua vida, seu corpo


vai ficar doente.

Mas a gente tem que tentar olhar para si. Dói, mas a gente só vai se
curar quando encarar o problema de frente.

208
Capítulo 06 | Dra. Denise de Carvalho

O que eu diria para uma pessoa que acabou de descobrir o câncer?


Não está tudo perdido. Olhe para si mesmo e tire um aprendizado da
situação. Você pode ser o motor de mudança de muitas outras pesso-
as.

Você aprender com o que está passando e modificar a vida do outro.


Essa é a maior oportunidade que a gente tem enquanto ser humano.

Câncer não é uma doença pontual.

O que a gente sabe das pessoas que estudam o câncer, não só do


ponto de vista tradicional, mas do ponto de vista sistêmico, é que o
câncer não é uma doença pontual, específica, como se só existisse
aquilo errado naquele corpo. Ele foi o fruto de uma coisa que já come-
çou muito antes. Todos que estudam esse tipo de abordagem perante
o câncer sabem que, na verdade, todas as pessoas têm câncer. Todo
mundo manifesta, ao longo do seu curso de vida, algum tipo de tumor.

Na verdade eles dizem um número, não sei como chegam a esse nú-
mero, mas seis tumores por life steam, ou período de vida. Mas a maio-
ria das pessoas não manifesta esses tumores, porque o sistema imune
reconhece essa célula anômala e combate antes que ela se multiplique.

Então temos um ponto importante.

Eu preciso de um sistema imune competente.

Eu sempre começo falando, quando dou minhas aulas, a respeito


de sistema digestivo. A gente deveria enxergar nosso sistema imune
como um grande exército, ou como uma grande polícia federal que, na
verdade, está nos defendendo e controlando as nossas fronteiras. O
sistema imune está ali para nos ajudar.

Entretanto, por que algumas pessoas não conseguem observar ou


não identificam essa célula, e ela acaba se multiplicando? Basicamente
porque o sistema imune está ocupado com outra coisa.

Qual é o principal local de atividade do sistema imune? Todo local em


que haja uma fronteira.

A maior fronteira do nosso corpo entre o que é externo e interno é

209
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

sistema digestivo. Mesmo porque eu tenho de sete a dez metros de


sistema digestivo, todo cheio de franjas para aumentar a área de ab-
sorção de nutrientes.

Quando eu estico tudo isso, a área seria mais ou menos de uma qua-
dra de tênis. Em cada pessoa.

Todo nosso sistema imune tem que estar nessa fronteira controlan-
do quem entra e quem sai. Então eu falo assim: “imagine uma situação
hipotética em que nosso país está em fronteira com outro país em que
há uma tensão muito grande, uma guerra civil ou coisa assim”. É essa
tensão que existe no sistema digestivo. Por quê?

Ao mesmo tempo em que não posso privar o meu corpo de nutrien-


tes, portanto esses nutrientes têm que passar pela fronteira, eu não
posso deixar passar qualquer pessoa, e neste país hipotético, que é o
nosso sistema digestivo, eu tenho trilhões de micro-organismos que
não podem entrar.

Eu tenho que deixar entrar o nutriente, mas não posso deixar entrar
uma coisa que vai me agredir. Ao mesmo tempo, eu tenho que deixar
sair, porque eu tenho que produzir enzimas digestivas para digerir tudo
que eu como, eu produzo anticorpos para controlar aquela população
desse país hipotético.

É uma zona de muita tensão, a zona mais tensa do nosso corpo. Você
imagina que, por isso, 80% do sistema imune está no sistema digestivo.
Eu imagino que estamos nessa fronteira desse país hipotético, eu te-
nho a polícia federal, a gente, quando vai sair do país, sai como? Passa
pela polícia federal, pela imigração, mostro meu passaporte, checo se
eu não estou sendo procurada pela polícia, aí eu entro.

É a mesma coisa no intestino. Como eu não posso deixar entrar qual-


quer coisa, tudo é controlado. Extremamente. Esse controle é chamado
de controle de bombas, tanto para entrar, quanto para sair.

Como ser liberado pela polícia federal.

Esse controle é feito com gasto energético, é uma moeda energética


que chamamos de ATP (trifosfato de adenosina).

210
Capítulo 06 | Dra. Denise de Carvalho

O gasto energético do sistema digestivo em repouso é 30% do meta-


bolismo basal, então como o gasto é muito alto, é o primeiro lugar que
vou economizar se precisar sobreviver a alguma coisa.

Ninguém vai comer se está fugindo de um leão. Então vamos eco-


nomizar naquele lugar em que não vai ser “usado” por que está em
emergência?

Quando eu estou com estresse muito alto, por exemplo, todo o pro-
cesso digestivo diminui, toda secreção de enzimas, toda a absorção de
nutrientes diminui, mas o que acontece com o sistema imune dentro
do sistema digestivo?

“Nossa está acontecendo alguma coisa, será que a fronteira será


perdida?”. Ele corre todinho para o sistema digestivo.

Se eu já estou estressado com qualquer coisa do dia a dia, meu sis-


tema imune fica estressado porque identifica que há uma ameaça à
integridade física e ele corre para a fronteira.

E o que acontece? Ele está extremamente distraído com o sistema


digestivo, e o corpo para de identificar outras coisas, que deveria con-
trolar.

É por isso que as pessoas em estresse, normalmente, têm mais in-


fecções de garganta, urinária, resfriado. Isso já mostra que meu sis-
tema imune não está dando conta do que deveria nesse processo de
estresse.

Quando a gente fala de uma pessoa que desenvolveu o câncer, a pri-


meira coisa que eu deveria ver é como está o sistema imune dentro
do sistema digestivo e o que eu posso fazer no sistema digestivo para
diminuir o estímulo sobre esse sistema imune, para que ele não fique
preocupado com essa fronteira, mas que possa olhar todas as outras
fronteiras corporais, as mucosas do sistema respiratório, urinário, da
pele.

Como eu posso fazer para que ele fique menos preocupado com o
sistema digestivo e acabe cuidando de todo o resto? Inclusive de iden-
tificar as células anômalas e impedir que elas se multipliquem?

211
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

O tratamento convencional.

Quando a gente trata câncer do ponto de vista puramente tradicio-


nal, que é o que a gente chama de medicina contemporanea, a gente
não foca no indivíduo, a gente foca no tumor.

Então a gente não trata o terreno, tratamos a erva daninha, que preci-
sa realmente ser tratada, mas do ponto de vista mais holístico — esse
termo acabou se tornando muito vulgar — porque quando falamos de
uma forma holística, que é enxergar o ser humano como um todo, já se
pensa em fazer banho de luz, viver de ar.

Não, não é isso. O ponto de vista holístico é enxergar aquele ser hu-
mano que adoeceu. Cuidar daquele ser humano, daquele terreno onde
a erva daninha cresceu.

Normalmente as pessoas usam daquele aquário onde o peixe ado-


eceu,

Enquanto a medicina mais contemporânea vai cuidar daquela erva


daninha, e não há problema algum, o que a gente vai olhar não para
uma coisa alternativa, eu queria tirar esse termo. Na verdade é uma
forma complementar de tratar a pessoa.

Enquanto a gente cuida da pessoa, a medicina tradicional cuida do


tumor e tudo bem.

Vamos unir forças, uma coisa não impede a outra.

Muito pelo contrário. Uma coisa pode até potencializar o efeito da


outra, é esse o objetivo. Sempre o caminho do meio, nada muito radi-
cal.. “pare agora de fazer sua quimio”, não é isso!

Vamos melhorar, por exemplo, a eficiência dessa quimioterapia atra-


vés da alimentação?

Eu posso diminuir a insulina, diminuir a glicemia e sensibilizar a célula


tumoral à quimioterapia. Então eu melhoro a eficiência da quimiotera-
pia fazendo uma dieta e não há absolutamente nenhum problema para
aquela pessoa, para quimioterapia, muito menos para o tumor.

212
Capítulo 06 | Dra. Denise de Carvalho

Pelo contrário, eu vou empoderar aquele tratamento que vai ser feito.

Então é tirar um pouco o preconceito. Ou talvez, às vezes a gente é


um pouco culpado por isso. Vemos muita coisa na internet meio sen-
sacionalista dentro disso.

“Não faça nada” para um lado e para o outro. Assim como a medici-
na tradicional pode falar “isso é tudo besteira”. Quando não é. A gente
também não pode falar que a quimioterapia é uma besteira.

Temos que unir as forças. Faça sua quimioterapia, mas vamos fazer
uma dieta, vamos fazer o mindfulness, que é ter consciência de você
mesmo, fazer uma meditação, ter consciência do valor nutricional do
alimento que escolheu.

Não só deixar de comer, mas vai começar a se alimentar, que é algo


muito maior que apenas encher o estômago de alimento.

Então é só ter um pensamento mais global, que é holístico, mas que


acabou caindo de uma forma muito negativa.

Algumas coisas deveriam ser realmente evitadas por quem está num
tratamento para o câncer.

Por exemplo, farinhas. Temos uma cultura tirar o trigo porque as pes-
soas têm medo do glúten, mas elas não têm medo da tapioca.

Só porque não tem trigo, ela é boa? Não, para uma pessoa que tem
câncer o ideal é não consumir essas farinhas.

As farinhas todas são muito fermentáveis pela microbiota. Todas,


com algumas poucas exceções, como as farinhas das oleaginosas, as
outras dos grãos, estimulam muito a insulina.

A insulina é um hormônio que deveria ser mantido sob controle em


quem está fazendo o tratamento para o câncer.

Ela é um hormônio mais pró-inflamatório. Ela é um hormônio, além


de tudo, que ajuda a sintetizar novos tecidos.

213
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

E esse não é o momento de sintetizar, é o momento de controlar.


Então, deve-se manter a insulina o mais controlada possível. Ela age
na microbiota, obviamente.

Os efeitos das farinhas sobre a microbiota existem, mas também


têm efeitos sobre a insulina. Então é preciso evitar consumir farinhas e
alimentos ricos em açúcar.

Evitar o açúcar de qualquer maneira, principalmente os açúcares adi-


cionados, que achamos supersaudáveis, como mel, xilitol e os adoçan-
tes.

Esses açúcares normalmente não ativam a insulina, mas estimulam


a fermentação pela microbiota e, toda vez que eu estimular essa fer-
mentação, vou estimular um crescimento dessa microbiota.

Lembra que eu preciso que o meu sistema imune controle isso? Se


a microbiota começa a crescer de novo, ele começa a ir de novo para
o sistema digestivo, ser mais ativado para o sistema digestivo do que
para os outros, e agora eu não quero isso.

Então farinhas, açúcares e álcool têm que ser evitados ao máximo.


Tudo que é industrializado, tudo que vem em embalagens em saqui-
nhos deve ser evitado.

É importante consumir alimento que seja comida: arroz, feijão, fru-


tas, legumes, verduras, água em abundância, de preferência uma água
mineral.

Existem muitas propagandas na mídia dizendo que consumir um


pouco de álcool, vinho principalmente, faz bem pra saúde, por causa da
presença do resveratrol.

O resveratrol é um excelente antioxidante, entretanto, para eu con-


seguir essa substância adequadamente, o álcool anula o efeito bom
desse alimento.

Quem tem diagnóstico de câncer deveria evitar esse tipo de coisa, e


tratar a sua microbiota como você gostaria de ser tratado, tentar deixar
esse ambiente o mais equilibrado possível, para que estimule menos o
sistema imune, para que consiga evacuar todo dia, para que não tenha

214
Capítulo 06 | Dra. Denise de Carvalho

distensão, refluxo, excesso de gases.

Isso são sinais de que essa microbiota não está bem.

Se você tem refluxo, azia, queimação, come e parece que comeu um


boi, não sente que digeriu ou leva muito tempo para digerir, produz um
gases com cheiro intenso… bom, isso não é para acontecer.

É preciso analisar se a evacuação ocorre todo dia, se é uma evacu-


ação que não tem forma porque é mais diarreica ou é extremamente
endurecida.

O ideal é evacuar pelo menos uma vez ao dia, com o formato de uma
banana, que não suje tudo por onde passa.

Se não ocorre dessa maneira, esses são sinais de que há um proces-


so de fermentação excessivo, que são as fezes mais ácidas. Se você
tem hemorroida ou fissura anal é um sinal de que há um certo estresse
dentro do sistema digestivo.

Você precisa olhar suas fezes.

Temos esses sinais o tempo todo, mas perdemos o hábito de ob-


servar o sistema digestivo e as fezes, em grande parte por causa dos
últimos 60 anos, com o surgimento das válvulas de banheiro.

Ninguém observa mais, ninguém tem tolerância nem com o cheiro,


nem do próprio, quanto mais dos outros. É importante observar as
suas, as fezes dos seus filhos, ensinar as crianças a observar as pró-
prias fezes. Não mais parar de ignorar essa ferramenta.

Vamos começar nós, médicos, a pedir exame de fezes não só para


olhar parasitas, mas para olhar o que está sendo produzido pela mi-
crobiota. Existem vários exames de fezes que dão sinais de que esse
sistema digestivo não está funcionando adequadamente.

A microbiota é composta de bactérias, vírus, fungos, parasitas, e to-


dos coabitam no mesmo sistema, onde deveria haver um equilíbrio.

Mas o que a gente percebe é que a maioria das pessoas que são ví-

215
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

timas de uma doença tumoral, um câncer, também apresentam um


desequilíbrio nesse ecossistema.

É como nós, humanos, que vivemos dentro de um ecossistema que


depende de temperatura, de tensão de oxigênio, de umidade, de quan-
tidade de água e alimento.

O micro-ecossistema digestivo é a mesma coisa, que também de-


pendente da tensão de oxigênio, da quantidade de alimento que sobra
pra microbiota fermentar, do pH daquela região, que é influenciado por
aquilo que você come, bebe, estresse, é influenciado pelas substân-
cias às quais você se expõe, como metais pesados, excesso de cloro na
água, flúor, agrotóxicos, tudo isso sensibiliza esse micro-ecossistema.

Eu teria que pensar nesse micro-ecossistema, para deixá-lo o mais


equilibrado possível para estimular o sistema imune o máximo possí-
vel.

E como eu faço isso?

São coisas simples do dia a dia: começar a dormir melhor, equilibrar


os hormônios do estresse — o cortisol, principalmente —, mas tam-
bém as catecolaminas, a adrenalina a noradrenalina.

É importante também regular a insulina, que é um grande motor de


processo inflamatório.

Reduzir a ingestão de carboidratos, principalmente os carboidratos


que tem mais índice glicêmico, ou carboidratos muito fermentáveis
porque isso alimenta demais a microbiota e ela cresce. Mastigar o ali-
mento adequadamente para facilitar o processo digestivo e diminuir o
fornecimento de alimentos para microbiota fermentar.

Também é importante não beber líquidos durante a refeição, porque


isso dilui as enzimas digestivas, escolher o alimento, ou seja, menos
agrotóxicos, evitar consumir alimentos que não sejam orgânicos, evitar
ao máximo a ingestão de álcool, porque isso altera muito a microbiota,
e altera o processo de detox hepático, já que o fígado precisa o tempo
todo lidar com todos os metabólitos microbianos, que são produzidos
dentro do intestino.

216
Capítulo 06 | Dra. Denise de Carvalho

Imagine beber álcool durante um processo com quimioterápicos —


os dois passam pelo fígado, que também precisa de detox. Eu tenho
um sistema digestivo tenso e eu ainda bebo álcool, encarado pelo cor-
po como uma toxina, e o sistema vai deixar de fazer todo o resto para
lidar com o álcool.

Porque ele é muito deletério por causa de uma substância que deriva
do metabolismo do álcool que chama acetaldeído. Então ele vai deixar
de fazer tudo para detoxificar o organismo do acetaldeído.

Isso está proibido para quem tem câncer.

Também é preciso melhorar a comida, melhorar a qualidade da água,


grande parte do nosso corpo é água. Por isso, escolha uma água com
a menor quantidade possível de nutrientes que não deveriam estar lá:
toxinas, água não clorada, água sem flúor, água adicionada de minerais,
água um pH alcalino.

Quando consumimos água alcalina, o estômago vai tentar fazer a


equalização do pH dessa água para colocar essa água no pH gástrico.

Para fazer isso, ele joga hidrogênio, que faz o ácido, e absorve bicar-
bonato, então acabamos alcalinizando o corpo. Quando isso acontece,
a resposta imune melhora.

Há muitas coisas que podemos fazer para tratar o corpo e a micro-


biota que não são especificamente direcionadas ao câncer, mas que
empoderam o sistema imune para que a resposta ao tratamento tra-
dicional seja melhor.
A medicina esqueceu disso.

Esse conceito não é novo. No cCorpus Hippocraticum, que foi a Bíblia


médica, quando compilamos os ensinamentos de Hipócrates, de antes
do século IV a.C, ele não foi escrito por Hipócrates, foram seus segui-
dores que escreveram os capítulos.

Dentro do Corpus Hippocraticum, o principal que a gente tinha em


termos de diagnóstico, era avaliar, por exemplo, as fezes. Por quê? Por-
que é algo que todo mundo faz, normalmente até mais de uma vez ao
dia, e não tem nenhum problema em tirar.

217
PARTE ii | Alimentação Anticancerígena

Como se tirava sangue? Não tinha instrumento para tirar sangue, é


algo que causaria dor.

E o que eu iria fazer com o sangue? Como eu iria observar o sangue?


As fezes não, você tem vários aspectos que podem ser observados
quando você tem exame de fezes e urina.

A partir do exame de fezes, eles faziam muitos diagnósticos. Usando


esse material, a gente conseguia fazer diagnóstico longe, inclusive, do
sistema digestivo.

Então, se a pessoa tinha uma melancolia, tristeza, padrão diferente


de evacuação, eles falavam assim: “sempre através do estudo do sis-
tema digestivo, eu consigo chegar a alguns diagnósticos e também a
tratamentos”.

A maior parte dos tratamentos dentro do corpus hipocráticos era ba-


seada em purgantes.

Com o passar dos anos, obviamente, muitas coisas mudaram, des-


de aquela época, veio a medicina chinesa, a medicina indiana. E depois
veio o que a gente chama de medicina contemporânea.

Na verdade, a gente esqueceu de olhar as fezes, a urina, esqueceu


daquelas coisas que tínhamos como ferramentas, como se hoje elas
não servissem para nada.

E a gente está voltando a resgatar os sinais dos humores corporais.


Fomos criando aparelhos e exames achando que eles substituiriam a
visão desses outros sinais — fezes, urinas, sudorese, outras coisas.

Hoje conseguimos unir o melhor dos dois mundos, unir os exames,


que são importantes, os exames endoscópicos, uma coisa não inutiliza
a outra.

Voltando a observar tudo em conjunto, a gente começa a perceber


que realmente o sistema digestivo dá reflexos de várias coisas que po-
dem estar acontecendo no seu corpo.
E ao estudar isso, até sob a ótica da nova tecnologia, a gente sabe
que essas alterações podem vir muito antes de um diagnóstico.

218
Capítulo 06 | Dra. Denise de Carvalho

Se eu começasse a observar isso com maior cuidado, eu perceberia


sinais, por exemplo, de inflamação corporal, que é o principal motor
propulsor da genética que manifesta o câncer.

Então, na verdade, o maior motor propulsor da inflamação ainda é o


estresse, mas o estresse tem efeitos muito intensos dentro do siste-
ma digestivo, e eu posso observar esses efeitos, por exemplo, antes de
haver o diagnóstico de uma doença.

Então, o sistema digestivo serviria como um diagnóstico, mas tam-


bém essas alterações que acontecem com o passar do tempo são
grandes promotores de inflamação corporal. Então, aliado ao estresse,
e também sofrendo os efeitos do estresse, o sistema digestivo seria
um local de provocação do processo inflamatório.

Hipócrates fala mais de fogo, ele seria o fogo que cozinha a inflama-
ção. No meu novo livro, eu falo, como se fosse um banho maria.

Então eu tenho aquele fogo que muitas vezes passa despercebido,


mas que cozinha e que vai alimentando ou formando o ambiente favo-
rável para a expressão gênica que leva ao câncer.

O sistema digestivo não é só um lugar em que eu posso estudar isso,


para ver em que pé está a inflamação, mas seria o principal local em
que eu deveria controlar este fogo para que o processo que leva à ex-
pressão gênica do câncer não acontecesse.

219
VITAMINAS
E SUPLEMENTOS
PARTE III
Dr. Cícero Coimbra

Médico, neurologista, professor da


Unifesp, especialista em neurolo-
gia adulta e pediátrica pelo Jackson
Memorial Hospital da Universidade
de Miami, EUA. Mestre e doutor
em Neurologia pela Universidade
Federal de São Paulo e pós-dou-
torado (1993) pela Universidade
de Lund, Suécia. É Fundador Presi-
dente do Instituto de Investigação
e Tratamento de Autoimunidade.
Desenvolveu o Protocolo Coimbra
para o Tratamento de Doenças Au-
toimunitárias, usado em vários pa-
íses do mundo.
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

A vitamina anticâncer ignorada pela oncologia

“É de interesse de grandes grupos econômicos que as pessoas fiquem


com níveis baixos de vitamina D3 porque ela é a grande causa de do-
enças do mundo moderno”

Dr. Cícero Coimbra

O criador do Protocolo Coimbra.


Eu me formei em 1979 na Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. Na sequência, fiz residência médica, que no Rio Grande do Sul é
chamada de medicina interna. Aqui, em São Paulo, é chamada de clínica
médica, foram dois anos. Depois eu fiz mais dois anos de residência
também no hospital de clínicas de Porto Alegre, que é ligado à univer-
sidade, em neurologia de adultos.

Terminado isso, eu fui para os Estados Unidos e nos anos de 1984 e


1985, fiz um período de neurologia pediátrica, foi o que a gente chama
de fellowship.

Concluído todo esse treinamento clínico, estava muito insatisfeito


com os resultados terapêuticos que a medicina convencional oferece
aos médicos. Particularmente na minha especialidade, que é a neuro-
logia.

Aos poucos, me dei conta de que isso é uma coisa própria de todas
as especialidades, apesar de ser mais evidente na neurologia. Então,
tomei a decisão de mudar, durante algum tempo, as minhas atividades.

Por que eu mudei as minhas atividades? Porque, ao longo do período


em que fiz faculdade, residências e fellowship, eu era ensinado a não
ler artigos originais, publicações que são lançadas na literatura médica.

Eu era ensinado a ler o livro texto. Eram congressos internacionais


e livros textos. Era ter sempre a última edição em inglês do livro texto
da minha especialidade. Do melhor livro texto da minha especialidade.

222
Capítulo 01 | Dr. Cícero Coimbra

E por que me diziam isso? Me diziam que um médico não é treinado


para ser um pesquisador, por isso, ele não seria capaz de distinguir um
artigo recém-publicado cientificamente válido de um artigo que não
fosse cientificamente válido.

Por isso, havia uma pessoa eleita de alguma forma, ou indicada de


alguma forma, que escreveria os capítulos dos livros. Essa pessoa, te-
oricamente, teria essa formação científica e seria capaz de diferenciar
entre o que é cientificamente válido e o que não é cientificamente vá-
lido.

Eu deveria aproveitar essa oportunidade e simplesmente ler o que


ele aconselhava.

Essa era a mesma pessoa, em geral, que tinha sido palestrante em


congressos internacionais e, por ter sido palestrante, teria adquirido
notoriedade suficiente para ser indicado a escrever um capítulo do livro.

E aí eu vi que só existiam drogas sendo indicadas. Teria a droga de


primeira escolha para tratar a doença X.

Se essa droga não funcionasse, você teria a droga de segunda es-


colha. Se a droga de segunda escolha tivesse efeito colateral grave,
haveria a droga de terceira escolha e assim por diante. É o que a gente
chama de protocolo de tratamento.

Então o médico é ensinado, e ainda hoje isso acontece nas faculda-


des de medicina, nas residências, não somente no Brasil, em todo o
mundo, a seguir protocolos de tratamento.

Isso está se tornando cada vez mais rígido. A ponto de, em algumas
instituições médicas e hospitais nos Estados Unidos e também no Bra-
sil, os hospitais que contratam os médicos dizem assim: “olha, você vai
ter que tratar os pacientes que tiverem essa doença com ESTE proto-
colo. Você não pode sair desse protocolo”

E o que está acontecendo? A medicina está cada vez mais engessa-


da. Na prática, os médicos seguem simplesmente protocolos de tra-
tamento e não pensam adequadamente sobre as drogas e os efeitos
colaterais do que estão prescrevendo. E isso se tornou uma medicina
massificada, cada vez um número maior de pessoas, desde a década

223
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

de 1980, até agora, vem se tornando doentes.

As falhas da medicina.

Essa medicina convencional, baseada em protocolos, falhou com a


sociedade porque, as doenças as mais diversas possíveis, como câncer,
hipertensão, diabetes e doenças autoimunes, doenças cardiovascula-
res e todas as doenças infecciosas estão simplesmente explodindo.

Desde a década de 1980, só aumentam. E não de uma forma linear,


mas exponencial. É como se um avião estivesse decolando e, progres-
sivamente, assumindo a trajetória de um foguete.

E qual é o resultado disso? Em 2017, 60% da população norte-ame-


ricana já tinha uma doença crônica e 45% da população geral já tinha
múltiplas doenças crônicas.

Hoje em dia, o que você vê? Uma pessoa de 60 anos carregando um


saco de medicamentos, um absurdo.

Para a indústria farmacêutica, isso é uma maravilha porque as esco-


las médicas ensinam os alunos a prescreverem drogas.

E no capítulo do livro que eles são aconselhados a ler ou no congresso


que eles são aconselhados a frequentar, não se explica qual é a causa
da doença.

Você só tem a informação de que é idiopática, que é essencial. Então,


a hipertensão é essencial, as doenças autoimunes são idiopáticas. Não
se sabe por que o sistema imunológico, a partir de um determinado
momento, começa a agredir o próprio organismo.

As causas ignoradas do câncer.

Quais são os mecanismos que levam uma célula normal a se trans-


formar em uma célula cancerosa? Essas informações não estão pre-
sentes no currículo médico, não são discutidas nas residências médicas
e nos congressos médicos.

Ao longo dos anos, percebi que, se você soubesse a causa das doen-
ças, os mecanismos que levam a pessoa a desenvolver doenças, seria

224
Capítulo 01 | Dr. Cícero Coimbra

possível fazer a prevenção. Por exemplo, se você descobre que cigarro


causa câncer de pulmão é possível fazer a prevenção. É só não fumar.

Entre a década de 1940 e o início da década de 1950, o pesquisador


inglês que mostrou essa associação foi extremamente combatido pela
indústria do tabaco.

Seu nome era Austin Bradford Hill. Depois, ele criou critérios chama-
dos de causalidades para se descobrir a causa, demonstrar que, se o
cigarro está associado ao pulmão, o que é a causa e o qual é o efeito.

Ele criou nove critérios chamados de causalidades, e isso foi uma


contribuição tão importante para a ciência dedicada a descobrir a causa
das doenças, que é parte da ciência mantida oculta da da classe médi-
ca. Ele recebeu o título de “Sir” da rainha da Inglaterra.

Você o encontra na internet, ele já faleceu, mas foi a primeira pessoa


que alertou a população a respeito do fato de que o cigarro provoca
câncer de pulmão.

Eu disse que estava desapontado, que saí da faculdade sem conse-


guir curar ninguém. Vários médicos saem da faculdade com esse ideal
de: “Eu vou curar pessoas”. E, de repente, descobrem que se transfor-
mam em meros vendedores da indústria farmacêutica.

Aos poucos, eu fui me dando conta de que o que não vai para o livro
texto são informações com perspectivas de reduzir o consumo de me-
dicamentos e drogas patenteadas.

Vitamina D: 1 milhão de estudos descartados pela medicina.

Nós temos um milhão e cem mil publicações científicas falando do


papel da Vitamina D, que não é vitamina, da chamada Vitamina D, na
prevenção do câncer. Às vezes, até no tratamento do câncer.

Um milhão e cem mil publicações. Basta entrar no Google Acadêmico


e escrever “Cancer” e “Vitamin D”.

Você vai ver um milhão e cem mil publicações. E me responda: por


que nenhuma dessas publicações é mencionada no livro oncologista?
Qual é a razão disso?

225
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

Faltam evidências científicas? Um milhão e cem mil publicações são


falta de evidências científicas? Não. Não é falta de evidência científica.
Então, o que é?

Se você souber a causa, vai saber que a falta de vitamina D está en-
volvida na causa do desenvolvimento do câncer, e essa falta é uma
pandemia mundial. Afeta, alguns pesquisadores dizem que afeta nove
em cada dez pessoas no planeta.

Mas ela não é mencionada nos livros textos porque, se souber causa
da doença, o médico — eu acredito que a maioria deles seja idealis-
ta — vai querer começar a corrigir os níveis de vitamina D dos seus
pacientes para evitar a recidiva de câncer. Se o paciente teve câncer, o
médico vai medir o nível de vitamina D e prescrever a dose certa, não a
dose que é oficialmente recomendada.

Oficialmente, a dose recomendada é muito baixa. O médico pode dar


essa dose que é de 600 U.I por dia ao longo de meses, medir de novo e
ver que a vitamina D e vai estar igual. Essa dose é irrisória.

Apenas 10 minutos exposto ao sol (e sem câncer).

Você deve ficar 10 minutos sob o sol, deitado na beira da piscina com
quase todo o seu corpo descoberto, só 10 minutos, sem colocar filtro
solar.

Para se ter uma ideia, o filtro solar fator 8 diminui em 95% a produção
de vitamina D na pele.

Você produz nesses 10 minutos 20 mil unidades de vitamina D. Bas-


ta comparar com o que é oficialmente recomendado, 600 unidades de
vitamina D.

Nunca uma pessoa se intoxicou por ficar 10 minutos deitada na beira


da piscina, sob o sol forte, que é o sol não aconselhado dermatologis-
tas.

Ninguém desenvolveu câncer de pele por ficar 10 minutos exposto


ao sol. Por que essas informações nunca foram para o livro texto? Por
que se aconselha aos médicos a prescrição de doses irrisórias de vita-
mina D?

226
Capítulo 01 | Dr. Cícero Coimbra

Se você produz vitamina D no seu organismo ao se expor ao sol, no


horário considerado inadequado pelos dermatologistas, que é quando
tem radiação pelos raios ultravioleta B, então não é uma vitamina.

Porque, por definição, vitamina não é produzida pelo nosso organis-


mo. Por isso vitaminas precisam vir dos alimentos, mas as quantidades
de vitamina D dos alimentos é irrisória. Assim como também é irrisória
a quantidade de vitamina D que é preconizada por organizações inter-
nacionais como o Instituto de Medicina dos Estados Unidos, que sofre
influência da indústria farmacêutica.

Influência esta para que médicos sejam aconselhados a indicarem


apenas 600 unidades internacionais de vitamina D, que é uma quanti-
dade irrisória.

É de interesse de grandes grupos econômicos que as pessoas fiquem


com níveis baixos de vitamina D porque essa deficiência é a grande
causa das doenças no mundo moderno, a grande causa de doenças,
uma causa facilmente corrigida, do mundo moderno.

E isso pode ser facilmente corrigido.

Deveria haver uma disciplina, uma cadeira no curso médico chamada


fisiopatologia, que significa: qual são os mecanismos das doenças?

Para que se discuta os mecanismos das doenças, e assim ficará claro


que o grande fator que surgiu desde a década de 1980 e começou a
se agravar progressivamente foi a queda dos níveis de vitamina D na
circulação das pessoas.

E então cabe explicar o que é a vitamina D.

A descoberta da vitamina D.

A vitamina D foi descoberta logo depois da Primeira Guerra Mundial,


em 1919. Foi encontrada no óleo de fígado de bacalhau como sendo
a substância capaz de evitar a endemia de raquitismo que existia na
Europa à época.

Eram crianças que não conseguiam desenvolver os ossos, desenvol-


viam de uma forma disforme com fraturas frequentes e se transfor-

227
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

mavam em adultos de baixa estatura, de aparência mirrada.

Então se descobriu que havia uma substância presente no óleo de fí-


gado de bacalhau, e se descobriu isso provavelmente porque os norue-
gueses, do norte, que vivem em uma temperatura muito baixa, tinham
como base da alimentação o bacalhau e, por isso, não desenvolviam a
doença, alguma coisa no bacalhau impedia que as crianças do norte da
Noruega desenvolvessem raquitismo.

Então o óleo do fígado do bacalhau foi extraído, dado para as crianças


do resto da Europa e se conseguiu erradicar o raquitismo.

E aí, agora, você está em uma explosão de doenças.

A vitamina D então foi chamada de vitamina pelo simples fato de


que já se conhecia a vitamina A, algumas vitaminas do complexo B e
a vitamina C. Seguindo a ordem alfabética, se disse: “eu não sei o que
tem aqui no óleo de fígado de bacalhau, mas deve ser a vitamina D”.

Na década de 1930, um pesquisador alemão descobriu que a vitami-


na D não tinha a estrutura de uma vitamina, e sim de um hormônio, de
um hormônio esteroide.

Infelizmente, ela continua a ser chamada de vitamina D.

A vitamina que é um hormônio anticâncer.

Paralelamente à descoberta do óleo de fígado de bacalhau, se des-


cobriu que a vitamina D era produzida também na nossa pele quando a
gente se expunha ao sol.

Então, você só tem essas duas fontes naturais de vitamina D: o óleo


de fígado de bacalhau e a exposição solar. E, nas últimas décadas, hou-
ve um decréscimo da exposição solar por causa da demonização do sol.

Depois de 1930, à medida que as décadas foram se sucedendo, vá-


rios pesquisadores começaram a demonstrar que a vitamina D não só
não era uma vitamina e sim um hormônio, mas além de ser um hor-
mônio e ter a estrutura e o poder de um hormônio, ela tinha dezenas
de outras funções.

228
Capítulo 01 | Dr. Cícero Coimbra

No passar das décadas, descobriu-se que ela era a grande contro-


ladora do sistema imunológico, que era a substância que impedia as
nossas células normais de se transformarem em células cancerosas.

Ou seja, elas mantinham o processo que é chamado de diferenciação


celular, tecnicamente é manter a célula do coração trabalhando como
célula do coração, célula da pele trabalhando como célula da pele, cé-
lula do sistema nervoso trabalhando como célula do sistema nervoso.

Ela impedia transformação dessas células em células cancerosas,


como glioma no cérebro, como câncer de pele, impedindo que células
hepáticas se transformarem em câncer, no intestino, em todos os lu-
gares do nosso organismo. .

Em todos os lugares do nosso organismo, a vitamina D tem recep-


tores, ou seja, lugares onde ela se liga com todas as nossas células. E
um dos principais objetivos dela é exatamente isso: impedir que essas
células deixem de trabalhar como células próprias daquele tecido e
passem a se indiferenciar, ou seja, a se multiplicar de uma forma inde-
pendente, se transformando na célula cancerosa.

E, mais ainda, uma dessas funções, e por isso todas as células têm
lugares onde se ligam à vitamina D, ela aciona um efeito de autodes-
truição daquela célula. Se esse mecanismo de diferenciação celular fa-
lhar, e a célula se transformar em uma célula cancerosa, a vitamina D
aciona um sistema de autodestruição das células cancerosas.

Tudo isso está sendo contado em um milhão e cem mil publicações, e


não tem uma palavra sobre o assunto no livro do oncologista.

O oncologista que esteja me ouvindo, que nos escreva e diga que eu


estou mentindo, que tem sim uma palavra lá, que ele encontrou uma
palavra no livro do oncologista sobre vitamina D.

Isso acontece porque, se o oncologista souber que a vitamina D tem


todos esses efeitos contra o câncer, o que ele vai fazer?

Ele vai receber o paciente com câncer, vai medir o nível de vitamina D,
vai dar as doses diárias recomendadas, vai medir de novo, vai ver que
não mudou nada e vai descobrir que a dose diária recomendada é uma
dose falsa.

229
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

É dose falsa. É muito, muito baixa. É irrisória, é proposta para manter


a população com nível baixo de vitamina D.

Será que os níveis são adequados?

Você vê situações absurdas, como por exemplo, nos Estados Unidos,


a sociedade de endocrinologia, que lá é chamada de Endocrine Society,
propõe que os níveis de vitamina D normais devem se situar no mínimo
de 40 ng/ml até 100 ng/ml, que esse seria o nível adequado.

Você se surpreende ao ver toda essa quantidade de publicações fa-


lando da importância da vitamina D para a saúde pública, e vê o quê?

Em fevereiro de 2018, a Academia Brasileira de Endocrinologia passa


a dizer que acima de 20 ng/ml, a metade do mínimo para a Endocrine
Society, acima de 20 ng/ ml já é suficiente.

Para as pessoas que não estão sob riscos, ou seja, que não têm uma
doença. Não tem um diabetes, não tem uma doença que as deixe sob
maior risco por desenvolver um problema por deficiência de vitamina D.

Mas, ao colocar essa orientação, que então passou a ser seguida por
todos, praticamente todos os laboratórios no país inteiro mudaram os
valores referência.

Antes diziam que era de 30 a 100 ng/ml, passaram a dizer que acima
de 20ng/ml já é o suficiente.

Ao fazer isso, o que eles fizeram? Eles colocaram sob risco toda a po-
pulação, sob riscos de ficarem deficientes, fazendo com que essas pes-
soas se mantenham deficientes de uma substância que tem dezenas
de funções no nosso organismo, o poder de um hormônio, a estrutura
e o poder de um hormônio.

E entre eles, a função de manter nossas células trabalhando como


células próprias daquele tecido e não se transformando no câncer. Em
um câncer de próstata, em um câncer de mama.

Fazendo com que as pessoas perdessem a regulação do sistema


imunológico. Porque ela é a grande reguladora do sistema imunológico

230
Capítulo 01 | Dr. Cícero Coimbra

e faz essa regulação com a potência de um hormônio. Mantendo o sis-


tema imunológico regulado.
Trabalhando a nosso favor significa destruindo as células cancero-
sas, significa destruindo os germes que invadem o nosso organismo,
como o coronavírus.

Como a tuberculose, que está afetando 20% da população mundial.


Promovendo a destruição imediata desses microrganismos e dessas
células cancerosas. E aí o que começa a acontecer?

Você vê o que aconteceu com a urbanização da sociedade desde a


década de 1980.

O muro entre a vitamina D e a saúde do brasileiro.

O Brasil é o campeão mundial de urbanização. É o país que mais


destrói casas, que têm pátios onde as crianças brincavam de bola, e
constrói prédios e apartamentos. É o campeão, ele está no pico da lista
dentre os países que mais fazem isso no mundo inteiro.

Então adianta se viver em um país tropical onde tem muito sol se


você está caminhando — quando caminha — caminhando em uma
floresta de prédios, onde só existe sombra de prédios?

Só ao meio-dia, quando o sol está a pino, você consegue, no horário


proibido pelos dermatologistas, se expor a alguma coisa.

E as crianças deixaram de jogar bola no pátio, elas passaram a jogar


videogame dentro de casa, assistir televisão, e os pais ficaram muito
satisfeitos, por quê? Porque estão longe da violência urbana.

As famílias saíram dos parques, elas foram para os shoppings, os


shoppings proliferaram. As pessoas deixaram de andar na rua sob uma
nesga de sol que tenha na rua, elas passaram a andar de ônibus, de
metrô, de carro, entram em suas garagens e sobem pelo elevador.

Ou seja, exposição solar zero. E suplementação de vitamina D zero.


O que acontece?

Estão explodindo todas as doenças porque é uma substância com


poder de hormônio e com dezenas de funções no nosso organismo.

231
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

Os mecanismos da vitamina D contra o câncer.

A Vitamina D, demonstrada como um fator importantíssimo na pre-


venção do câncer. Você vê que ela provoca autodestruição das células
cancerosas, e ela impede que células normais se transformem em cé-
lulas cancerosas. Ela estimula o sistema imunológico a destruir células
cancerosas, então você tem um mecanismo.

Se você tem deficiência de vitamina D e câncer, a associação des-


sas duas coisas, você vai procurar entre os critérios de Bradford Hill se
existe um mecanismo, e existe.

Eu citei três mecanismos, a deficiência de vitamina D pode provocar


câncer; deficiência do sistema imunológico, incapacidade da célula de
evitar de se transformar em uma célula cancerosa; e a autodestruição
da célula cancerosa, tudo provocado pelo mesmo fator.

Um milhão e cem mil publicações, nenhuma palavra no livro do on-


cologista.

O oncologista não se preocupa em saber o nível de vitamina D do


seu paciente, não está citado no livro texto dele, não é mencionado no
congresso de oncologia, então ele não se preocupa com isso, ele não
sabe disso.

Quando essas doenças começaram a aumentar muito rapidamente,


a partir da década de 1980, e sabemos que foi por causa da redução
progressiva da exposição solar, do surgimento do filtro solar, da demo-
nização do sol, da urbanização e da verticalização do ambiente urbano,
tudo isso começou a piorar progressivamente, pesquisadores sérios
passaram a se sentir pressionados a resolver o problema.

Porque os cálculos dos epidemiologistas diziam exatamente isso,


que em duas ou três décadas o caso de doenças iria explodir, como o
autismo explodiu.

Eles pensaram da seguinte forma: imagine que você tem uma doen-
ça A, que pode ser diabetes, por exemplo. Você analisa a história fami-
liar da pessoa e encontra vários familiares com diabetes. Isso acontece
com todas as doenças, inclusive com o câncer.

232
Capítulo 01 | Dr. Cícero Coimbra

Você pega uma pessoa com câncer e há várias pessoas com câncer
no histórico familiar. Uma pessoa com doença cardiovascular é a mes-
ma coisa, com hipertensão é a mesma coisa.

Então essas pensaram da seguinte forma: nós precisamos identifi-


car a causa dessas doenças, não tem prevenção sem conhecimento
da causa.

Nenhuma genética é perfeita.

Esses pesquisadores disseram que nós deveríamos estudar toda a


genética humana.

Propôs-se inicialmente ao governo norte-americano, depois para


outros países, que eles deveriam prover verbas públicas para estudar
a genética humana para saber qual é a estrutura normal de cada gene
que compõe a genética humana e quais são as variações, as mutações
que são chamadas de polimorfismos, que se encontram em cada um
desses 24 mil genes que compõem a genética humana.

Porque, se houvesse essa plataforma de informações, poder-se-ia


pegar essa doença e verificar: eu vou estudar a genética desses in-
divíduos que têm essa doença e vou procurar qual é o polimorfismo
genético, qual é a alteração genética que é comum a todos eles ou a
quase todos eles.

Então, eu vou descobrir qual é a alteração genética que favorece, não


determina, mas favorece a ocorrência dessa doença. Imagine que essa
doença é câncer, esse é o nosso assunto, mas poderia ser doença au-
toimune, doença cardiovascular, hipertensão, diabetes. Foram identifi-
cados, então, quais os genes que facilitam a ocorrência de câncer.

Mas houve uma grande surpresa: nenhum de nós tinha genética


perfeita. Não há ninguém sem polimorfismos genéticos, sem genes
alterados.

Talvez nós não estejamos longe da verdade, frente, ao que está


sendo publicado, talvez nós não estejamos longe da verdade se nós
dissermos que, em média, cada um de nós tem cerca de dez a quinze
genes alterados que podem provocar de dez a quinze doenças diferen-
tes, dentre elas vários tipos de câncer.

233
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

E aí surgiu a dúvida: se isso é verdade, e é verdade, como esses ge-


nes, que já estavam presentes quando o embrião se formou pela fusão
do espermatozóide com o óvulo e se implantou no útero da mãe, como
o embrião conseguiu se desenvolver?

Como é que ele conseguiu nascer, crescer, se desenvolver, se tornar


adulto e lá pela segunda, terceira ou quarta década de vida começar um
câncer ou uma doença autodegenerativa ou uma doença autoimune,
cujo gene facilitador essa pessoa já tinha por ocasião da formação do
embrião?

É importante dizer que, a partir dessa informação, uma ciência jovem


chamada epigenética começou a se debruçar sobre esse assunto para
começar a prover respostas adequadas. Isso gerou 2 milhões de publi-
cações na literatura médica. É a chamada de metilação do DNA.

Mas se você for buscar no Google acadêmico onde as publicações


estão em inglês, o nome é DNA Methylation.

Quase 2 milhões de publicações porque isso se tornou um proble-


ma fundamental para a saúde pública, para todas as doenças. Então
o que o nosso organismo faz, o organismo do embrião faz e já faz no
momento em que ele se forma: nós recebemos um gene alterado com
uma determinada função X do pai ou da mãe e um outro gene com a
mesma função do outro genitor.

Se você recebe um gene defeituoso que pode provocar uma doença


de um genitor, da mãe, você vai receber um normal do pai ou vice-ver-
sa.

Muito bem, o que o embrião faz? Ele coloca nesse gene, dessa parte
do DNA, um grupamento químico chamado de metila, na realidade ele
coloca vários. E ao fazer isso o que ele faz? Ele fecha esse gene e deixa
só esse aberto, sendo utilizado.

E olha que interessante, você pode passar a sua vida inteira sendo
portador do gene que poderia provocar câncer ou diabetes, ou hiper-
tensão, e nunca ter essas doenças. Isso porque o seu gene vai estar
fechado por esse processo de metilação.

234
Capítulo 01 | Dr. Cícero Coimbra

Metila é um grupamento químico que tem um carbono e treze hidro-


gênios, a fonte da metila é a vitamina B9, e essa sim é uma vitamina.

Mais importante do que vitamina e hormônio.

A vitamina D não é uma vitamina, ela está acima da classe dos hor-
mônios, ela é muito mais importante que os hormônios. Ela constitui
por si mesma uma classe em que ela é o único elemento que represen-
ta essa classe.

Essa metila é retirada do metilfolato, que é a vitamina B9, presente


em verduras cruas. Quando você cozinha as verduras, destrói o metil-
folato. Mas você precisa desses agrupamentos de metila para manter
fechado o gene defeituoso e manter aberto o gene saudável.

Há muitas décadas, a indústria farmacêutica interveio e afirmou o


seguinte: “nós vamos modificar a forma, a estrutura química da molé-
cula da vitamina B9, que é o metilfolato, e vamos produzir uma subs-
tância que substitui o metilfolato.

É o ácido fólico, que é resistente ao calor. A indústria conseguiu con-


vencer a Organização Mundial da Saúde a aconselhar os países a enri-
quecerem a farinha de trigo com ácido fólico.

O ácido fólico é dado para gestantes, porque se descobriu há várias


décadas que as gestantes que não consumiam verduras cruas tinham
bebês com malformações congênitas, justamente porque os bebês
não conseguiam fechar os seus genes alterados.

Então a indústria conseguiu convencer a Organização Mundial da


Saúde, hoje por força da lei da Anvisa, toda vez que você consome pão,
pizza e macarrão, você está consumindo ácido fólico.

No entanto, há cinco anos se descobriu que o nosso organismo,


ao contrário do que acontece com o intestino do rato, não consegue
transformar o ácido fólico de volta em metilfolato.

E o ácido fólico está passando para a circulação. Há cinco anos está


sendo descrita uma nova síndrome, chamada de síndrome do ácido
fólico não metilado. Isso aconteceu porque ele está passando para a
circulação sem ter sido metabolizado e transformado em metilfolato.

235
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

E isso está perturbando os mecanismos que mantêm fechados nos-


sos genes alterados. Nós estamos tendo dificuldades em mantê-los
fechados. Eles estão se abrindo facilmente, e esses são um dos fatores
que estão contribuindo para, por exemplo, o surgimento de autistas.

Já há mais de 20 mil publicações a respeito, discutindo o papel do


ácido fólico na facilitação da ocorrência do autismo. Mas isso serve
para todas as doenças porque todos os genes alterados precisam do
metilfolato para se manterem fechados.

O câncer também está nessa história porque você precisa manter os


genes que desventura tenha herdado do pai ou da mãe, que provocam
câncer e que estão fechados, fechados.

A importância de uma dupla.

Então, descobriu-se que uma das dezenas das funções da vitamina


D é que ela, em quantidades adequadas, e na presença de magnésio
— que é necessário para ativar a vitamina D, e o magnésio está de-
ficiente em 80% da população por causa do consumo de refrigerantes
como Coca-Cola e outros refrigerantes de cola e medicamentos como
omeprazol, que bloqueiam a absorção de magnésio — eles juntos es-
timulam esse mecanismo de fechamento dos seus genes alterados.

Então essas deficiências de vitamina D, de magnésio, essa perturba-


ção do mecanismo do metilfolato em manter metilados e fechados os
nossos genes alterados, tudo isso está criando um conjunto de situa-
ções favoráveis à abertura de genes que provocam doenças. E aí você
tem inúmeras doenças surgindo.

Estresse versus câncer.

Então, se você procurar nos sites de busca científica — o mais con-


fiável e abrangente hoje em dia é o Google Acadêmico — “stressful
life events” (eventos de vida estressantes) e ao lado você colocar
“cancer” (sem o acento), vai ficar espantado de ver que existem 47 mil
publicações dizendo que, quando uma pessoa passa por um estresse
emocional suficientemente intenso e sustentado, ela tem alto risco de
desenvolver um câncer. Não só câncer, mas outras doenças.

236
Capítulo 01 | Dr. Cícero Coimbra

É interessante que eu encontrei a maior parte dessas publicações em


relação ao câncer, do estresse em relação ao câncer. Mas para a artrite
reumatoide, por exemplo, tem cerca de 10 mil publicações. Um evento
de vida estressante prolongado provocando a artrite reumatoide.

Mas 47 mil publicações dizendo que é risco de câncer de mama, risco


de câncer colorretal e de diversos outros tipos de câncer. Para mim foi
uma surpresa saber que havia tantas publicações a respeito disso.

Então qual é o mecanismo que se conhece? Falei que recebemos um


gene do pai e um gene da mãe, e se um estiver com defeito então ele é
fechado pelo processo de metilação do DNA, que depende da vitamina
B9, da vitamina D. E daí o fato dessa pandemia de deficiência de vita-
mina D estar favorecendo o câncer, em grande quantidade é por este
efeito.

Além de, sem o prejuízo de você ter, por exemplo, a autodestruição


das células cancerosas, estimular o sistema imunológico a destruir as
células cancerosas. Mas o que acontece é que quando você passa por
um estresse emocional muito intenso e prolongado, você aumenta o
hormônio do estresse, que é o cortisol.

E o que faz o hormônio do estresse? Ele abre esse gene. E a doença


que vai se desenvolver depende de quais genes você tem alterados e
que estavam fechados até então.

É muito importante focar nessa questão do estresse emocional.

Porque quando falamos a respeito disso com os pacientes, eles di-


zem: “Como é que eu posso não ter estresse emocional se eu estou
enfrentando esse problema? Se eu estou enfrentando esse problema
e aquele outro também, o que eu posso fazer? Não posso fazer nada.”

Então você mostra as publicações, explicando que a doença dele é


desencadeada, exacerbada quando ele está com um alto nível de es-
tresse. Ele diz: “tá bom, eu vou tentar me comprometer, eu vou me
comprometer a tentar baixar o nível de estresse para a próxima con-
sulta.”

“Eu não consigo”.

237
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

Aí volta no ano seguinte e diz assim: “eu não consigo.” Isso estraga,
pelo menos em parte, o tratamento. Você não consegue deixar a pes-
soa com doença autoimune, por exemplo, vivendo como se estivesse
curada.

Cerca de 10% das pessoas voltam no ano seguinte dizendo: “eu não
consigo baixar esse nível de estresse, eu tento, mas não consigo. De
repente vem o problema e eu não consigo segurar”.

Então, nós começamos a mudar de atitude, pois percebemos que,


se continuássemos pedindo apenas para essas pessoas baixarem o
estresse, e mostrando as publicações que mostram que o estresse au-
menta a atividade da doença, não adiantaria.

Por exemplo, quem tem psoríase sabe que o corpo fica coberto de
psoríase se passar por um período de estresse importante.

A pessoa que tem artrite reumatoide sabe que, se passar por um


estresse mais intenso, aumentam as dores, aumenta o processo infla-
matório. Todos eles sabem disso por experiência própria.

Muito bem, então nós tivemos que mudar de atitude. Então começa-
mos a explicar tecnicamente o que acontece. Esse gene está alterado,
e esse está normal. Seu organismo está mantendo esse fechado e,
quando você aumenta o seu estresse emocional e ele se abre e você
piora a doença.

Se você tinha só esses genes alterados, você tinha 60% deles abertos
e 40% deles ainda fechados, com o estresse, você vai passar para 80%
deles abertos. A atividade da sua doença vai aumentar.

Usamos uma explicação simples, que a pessoa pudesse entender


sem entrar em detalhes técnicos, sem usar nomes técnicos. Fizemos
uma animação para mostrar o nível alto de cortisol rompendo a ligação
e abrindo o gene que deveria ser mantido fechado.

E as pessoas imediatamente mudaram de atitude, você via no olhar


delas. Algumas quiseram tirar foto da tela do computador, outras co-
meçaram a dizer assim: “Doutor, mas então, por favor, me explica como
é que eu faço para conseguir me controlar.”

238
Capítulo 01 | Dr. Cícero Coimbra

E aí explicamos o que aconteceu depois que terminou a Segunda


Guerra Mundial.

Quando ela acabou, vários soldados que voltaram do front estavam


com estresse pós-traumático, então houve uma demanda para que se
desenvolvessem técnicas para a redução do estresse emocional.

Como vencer a guerra.

A primeira técnica que surgiu foi, justamente na década de 1940, a


técnica chamada de método Silva para o controle do estresse. Mas de-
pois vários outros métodos foram propostos.

Recentemente foi proposta a técnica de mindfulness, que foi tradu-


zida para o português como atenção plena. Mas o que essas técnicas
visam obter? Todas elas querem atingir o mesmo objetivo. Todas sem
exceção.

Se você está enfrentando um problema, você pode reagir aumen-


tando um pouquinho o seu nível de angústia e preocupação, ou você
pode aumentar mais ou você pode aumentá-los muito mais. Se você
aumentá-los muito mais, vai abrir mais genes que deveriam estar fe-
chados.

Costumo fazer a analogia de que os genes são como manuais de ins-


trução que dizem para a célula o que fazer. E algumas pessoas têm
esses manuais com instruções erradas. Então esses manuais são
mantidos fechados.

Quando você fala de estresse, as pessoas contam os problemas que


enfrentam como se o problema fosse o estresse. O estresse não é o
problema. Ele é a reação emocional, é o nível de reação emocional que
você tem em relação ao problema. E isso é produto da sua mente. Ou
seja, é o que você está pensando sobre o que pode acontecer se esse
problema que você está enfrentando não for resolvido.

“Pode acontecer aquilo. Meu Deus, pode acontecer até aquilo lá.” É
esse tipo de pensamento negativo que eleva o estresse emocional,
isso é o estresse. Mas é um produto da sua mente.

Todas essas técnicas tendem a buscar a mesma coisa: treinar você a

239
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

controlar a sua mente, ensinar você a controlar a sua mente.

Como? Recusando todos os pensamentos negativos no exato mo-


mento em que eles se apresentam. No exato momento em que você
identificar que o pensamento que se aninhou na sua mente é negativo,
você tem que cancelá-lo. E, se possível, como ensinam alguns psicólo-
gos como a Márcia Luz, substituí-los por gratidão. Ela diz que a grati-
dão é mudança de olhar.

E é exatamente sobre isso que estou falando, se você ficar com o


pensamento: “Meu Deus, esse problema pode provocar isso e pode até
provocar aquilo lá.”

Em vez de olhar para o que pode ou não acontecer, olhe para as coi-
sas boas que tem na sua vida e procure se encher de gratidão por elas.
Esse é o melhor antídoto para manter a sua mente livre de pensamen-
tos negativos.

240
Dr. Alain Dutra

Médico urologista, com formação


em medicina ortomolecular. Espe-
cializado pela Academia Americana
de Medicina Antienvelhecimento,
tem pós graduação no Hospital
Albert Einstein e na Fundação Ge-
túlio Vargas. Uma das vozes mais
atuantes na medicina integrativa
do Brasil.
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

50+: arsenal contra o câncer de próstata

“Eu digo para você com toda certeza: sentença, não é uma tendência.
Se você tiver bons hábitos de vida, consegue eliminar esse aumento
de risco naturalmente. Se você tem um, dois, três membros de família
com câncer de mama ou de próstata, aumenta seu risco de desenvol-
ver um câncer”

Dr. Alain Dutra

O medo.
Sim, o câncer é o maior medo do brasileiro.

Eu sou médico, formado há 22 anos. Especializado em Urologia,


já também há aproximadamente 20 anos. E, quando me perguntam
quem sou eu, hoje me defino como um especialista que voltou às ra-
ízes. Hoje eu atendo também como médico generalista, que atua na
Medicina de modo geral.

Eu procuro enxergar o meu paciente de maneira global, holística e


integral. Por isso, hoje eu adoto a medicina funcional, integrativa e de
estilo de vida, que eu entendo que é uma medicina que atua melhor nas
doenças crônicas, nas doenças degenerativas, nas doenças hoje que
são responsáveis por 70% das causas de morte.

Aí você me pergunta: como eu cheguei nesse ponto?

Como eu cheguei do médico convencional, de um médico ortodoxo


que aplicava a medicina mais usada de hoje em dia, medicina de um
modelo e especialidades para esse modelo diferente mais generalista?

Eu cheguei a esse ponto porque em um momento da minha vida, eu


tinha quatro tipos de dores de cabeça. E eu tinha intestino irritável. En-
tão, tinha qualidade de vida muito ruim.

Em um ano, eu chegava a operar 40 pacientes por mês, a minha ro-


tina era extremamente estressante e não tive nenhuma preocupação
com o meu estilo de vida, com a minha alimentação.

242
Capítulo 02 | Dr. Alain Dutra

Eu estava acima de peso, obeso, sedentário, comendo alimentos que


estavam disponíveis à minha mão.

Comia muito farináceo, muito pão, muita massa, muito biscoito, o


que tinha à mão, por assim dizer.

Nessa época, juntando o estresse, com falta de atividade física e sono


ruim, eu estava 20 kg acima do meu peso ideal e tinha quatro tipos de
dores de cabeça. Eu tinha enxaqueca clássica, enxaqueca em salvas,
cefaleia tensional e sinusite. Tinha ainda o intestino irritável.

Ou seja, tinha diarreia crônica e convivia com dor de barriga.

E, a partir desses problemas que tive, comecei a estudar alternativas.


Na época, os meus médicos e gastros não conseguiam me dar uma
solução com os remédios convencionais.

Então, essa foi a minha primeira experiência. Um problema de saúde


pessoal me levou para a medicina dita alternativa, mas que é muito
completa.

Existe uma confusão muito frequente. Fico muito feliz de ter essa
oportunidade de esclarecer isso aqui.

Câncer e genética.

Uma pergunta que é muito feita para mim sobre tendências familia-
res. Se você tiver alguém da sua família com câncer de próstata, se isso
é uma coisa relevante, se isso vai ser uma sentença para desenvolver
o câncer.

Eu digo para você com toda certeza: sentença, não é uma tendência.
Se você tiver bons hábitos de vida, consegue eliminar esse aumento
de risco naturalmente. Se você tem um, dois, três membros de família
com câncer de mama ou de próstata, aumenta seu risco de desenvol-
ver um câncer.

Mas você pode naturalmente eliminar esse risco ao adotar medidas


e estilos de vida adequados.

Os riscos do rastreamento oficial para câncer de próstata.

243
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

Há vários anos existe uma polêmica a respeito de duas coisas que


antes eram fundamentais para prevenção e diagnóstico para câncer
de próstata: toque retal, que os homens sempre odiaram. E o exame
de sangue PSA. Esses dois métodos têm alguns problemas que vou
discutir com vocês.

Primeiro, o toque retal. O toque retal não é confortável, e a grande


maioria dos homens tem resistência a realizar esse exame físico.

Apesar de ser um exame simples e rápido, é desconfortável e mexe


com ego masculino. Bem, o problema do toque retal é que ele tem bai-
xa sensibilidade. O que eu quero dizer com baixa sensibilidade?

Muitas vezes, você faz o toque retal e pode ainda estar normal. Mas,
mesmo assim, a pessoa ainda pode ter uma doença. Como ele não
pega os cânceres que estão na zona de transição, o toque retal só con-
segue pegar câncer que está na zona periférica da próstata.

Esse é o problema do toque retal. Tem muita baixa sensibilidade.

Já com o PSA de exame de sangue é o contrário. Ele tem uma sensi-


bilidade boa, mas tem uma baixa especificidade.

O que significa isso? Tem muito falso positivo.

O que é falso positivo? São pessoas que têm PSA no sangue elevado,
porém não tem câncer de próstata. Um problema muito sério do PSA é
que ele leva a muitas biópsias desnecessárias.

Cerca 70% dos homens que fazem essa biópsia de próstata, que é um
exame invasivo, vão apresentar um exame totalmente normal. Foram
furadas “à toa”. E 30% deles, de fato, vão ter um exame positivo.

Então é um exame de baixa especificidade.

A quantidade de biópsias desnecessárias é um grande problema


hoje. Tanto por custo de saúde pública, quanto por morbidade.

Um percentual dos homens que fazem a biópsia vai desenvolver


sangramento muito demorado na urina — um mês saindo sangue na
urina. Outro percentual vai ter sangue no esperma por mais de dois

244
Capítulo 02 | Dr. Alain Dutra

meses. E um percentual — de 1% a 5% — pode desenvolver infecção


grave na próstata e ser internado por conta desse exame.

Se eu me guiar exclusivamente pelo PSA, vou ter que indicar biópsias


demais. Isso pode gerar vários problemas.

Por isso, eu nunca indico uma biópsia de primeira para um paciente


que já apresenta PSA aumentado.

Eu busco acompanhar ao longo de tempo e fazer uma curva de


acompanhamento do comportamento desse PSA ao longo dos meses.
Então peço PSA a cada dois ou três meses.

E vou acompanhando o comportamento da velocidade do PSA.

Se houver uma curva claramente indicando que o PSA está aumen-


tando ao longo do tempo, já é indicativo de biópsia.

Mas se esse PSA estiver oscilando, digamos, em um mês está qua-


tro, outro cinco, vai para quatro, vai para três, é um indicativo muito
forte de que esse paciente não é um bom candidato para biópsia.

Hoje, ao contrário do que fazia antes, procuro evitar o máximo possí-


vel a biópsia e postergar o exame até o limite que posso postergar para
evitar essa morbidade, essas complicações na saúde da pessoa que
podem advir desse exame da próstata.

Os riscos do tratamento comum indicado pelos urologistas.

O tratamento convencional que é indicado na maioria das clínicas e


hospitais para câncer de próstata localizada é a cirurgia e a radiotera-
pia. A gente não fala de quimioterapia no câncer de próstata.

Quimioterapia é um tratamento de terceira ou quarta linha.

Quais são os tratamentos considerados curativos para o câncer de


próstata?

Radioterapia e cirurgia, a prostatectomia radical que pode ser feita


pelos robôs, a técnica cirúrgica mais moderna no momento.

245
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

No caso, na minha clínica, nós discutimos com a família e com o


paciente sobre outras alternativas. A gente pode optar pelos outros
tratamentos que não são necessariamente cirurgia e radioterapia. Por
que podemos optar por outras alternativas? Porque tanto a cirurgia
quanto a radioterapia têm contraindicações e efeitos colaterais.

Quais são os efeitos colaterais da radioterapia?

Como é uma energia muito intensa que é colocada para destruir as


células tumorais, essa energia não fica só na próstata.

Essa energia atinge os tecidos em volta da próstata. E inflama bexiga


e o reto. A longo prazo, ao longo de meses e de anos, essa inflamação
pode levar a efeitos colaterais muito importantes como proctite e cis-
tite actínicas. Actínicas se refere à radiação.

Esses dois tipos de inflamação podem levar sangue nas fezes. O ato
de evacuar com dificuldade. Fezes com pouco volume e dolorosas. Po-
dem levar à baixa da capacidade inflamada. São complicações graves
da radioterapia.

Impotência sexual.

Já na cirurgia temos outras complicações, como impotência sexual


que atinge de 30% a 50% das pessoas que fazem a cirurgia radical. E
também pode haver estreitamento do canal da uretra.

Outra complicação que pode acontecer é a pessoa ficar com a urina


solta depois da cirurgia radical de próstata.

Então queria reforçar aqui a respeito do papel da quimioterapia no


câncer de próstata. É diferente da maior parte do câncer.

Por exemplo, câncer no intestino grosso. A quimioterapia é indicada


muito no início do tratamento.
O paciente com câncer no intestino grosso faz cirurgia e, muitas ve-
zes, como peça cirúrgica, ele já vai fazer a quimioterapia muito precoce
nesse tratamento. Com uma proposta bem diferente.

A quimioterapia, mesmo na medicina mais tradicional, não é tratada


nem de primeira, de segunda, nem de terceira linha para o câncer de

246
Capítulo 02 | Dr. Alain Dutra

próstata.

A quimioterapia, nesses casos, realmente é muito pouco eficaz. Mes-


mo com os protocolos mais modernos.

Então ela é deixada no último plano para depois do diagnóstico de


câncer de próstata, ou é recidivante, ou quando o câncer que já come-
çou com metástase, ou seja, não deu para fazer tratamento curativo
com cirurgia, nem radioterapia.

Então esse paciente está com câncer metastático.

Nestes pacientes, a primeira abordagem indicada é o bloqueio hor-


monal, feito com vários protocolos diferentes.

Depois disso, se não deu certo, aí se pensa em fazer quimioterapia


para o câncer de próstata. E, geralmente, a quimioterapia tem resposta
muito baixa: de 20% a 30%.

Eu nem estou falando de cura. Estou falando de resposta.

Quando nós falamos de um homem que já foi tratado pela medicina


convencional ortodoxa e foi submetido a tratamento de cirurgia radical
de próstata ou radioterapia, ele tem altos riscos de desenvolver uma
disfunção erétil e dificuldades na sua sexualidade.

Dependendo do grau de lesão dos nervos com a cirurgia ou com a


radioterapia, isso pode ser moldado com medicina mais natural, com
uso de plantas e nutrientes.

Se a lesão for muito acentuada, é fundamental usar outra aborda-


gem, seja com medicamentos injetáveis ou com cirurgia para implante
de prótese peniana.

Você não está blindado.


Infelizmente, ser tratado para câncer de próstata não te protege con-
tra outros cânceres futuros.

Existem realmente metástases de próstata. Não é incomum desen-


volver metástase. Quais são dois órgãos mais afetados? O pulmão e
os ossos.

247
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

Uma pessoa que já tem diagnóstico de câncer de próstata e já o está


tratando pode desenvolver outros cânceres primários, que são cânce-
res que podem se desenvolver, mas não são decorrentes do câncer de
próstata.

Esses outros cânceres primários são: câncer do intestino delgado,


câncer de timo e câncer de tecidos moles. Alguns tipos de câncer de
bexiga, câncer de tireoide também e alguns tipos de melanoma de pele.

Finasterida é anticâncer?

Alguns anos atrás, foram lançados estudos contraditórios sobre a


finasterida ou dutasterida no tratamento do câncer de próstata.

Um desses trabalhos sugeria que esse remédio bloqueia a 5-alfa-re-


dutase, uma enzima que transforma a testosterona em dihitestoste-
rona. Segundo esses trabalhos, ao usar esses bloqueadores, a finaste-
rida ou dutasterida, reduzia-se o câncer de próstata.

Mas outros trabalhos sugerem que essas drogas têm efeitos con-
trários.

Não de prevenção, mas no aumento no número de cânceres agressi-


vos. Até hoje não se chegou a uma conclusão exata desses remédios.

Vou explicar por que acontece essa discrepância.

Imagine-se pescando em um grande lago. Você escolheu um pedaço


desse lago.

Se você ficar a tarde inteira e não conseguir pegar nenhum peixe, não
significa que não tem peixe. Significa que você escolheu lado errado do
lago. Especialmente se for um lago grande.

Agora, imagina se você conseguir reduzir o tamanho desse lago. De


100 m² para 10 m² e com a mesma quantidade de peixes. Você concor-
da comigo que a concentração de peixe é maior?

Então se você jogar a vara de pescar, é muito mais fácil de pegar pei-
xes. Certo?

248
Capítulo 02 | Dr. Alain Dutra

É isso que acontece quando você reduz o tamanho da próstata utili-


zando remédios como a finasterida ou dutasterida.

Você aumenta a chance da biópsia pegar uma célula cancerígena. E


essas características podem ser a razão pelas quais aumenta a quanti-
dade de diagnóstico de câncer agressivo.

Mas ainda ninguém conseguiu provar se essas drogas são ou não são
seguras para prevenir o câncer de próstata.

Então, eu não recomendo que você utilize a finasterida ou dutasteri-


da para prevenir o câncer de próstata, até porque elas trazem proble-
mas sexuais, pois afetam a testosterona.

A solução natural para a próstata

Eu tenho casos na minha clínica de pacientes que optaram com tra-


tamentos alternativos e tiveram grande sucesso no tratamento do
câncer de próstata.

Mas depende muito da mudança do estilo de vida, atividades físicas


regulares, mudar a alimentação (cortar o açúcar, as farinhas e os ali-
mentos industrializados e refinados) e do uso de várias terapias.

Como é o caso do ozônio retal, uso de peróxido de hidrogênio intra-


venoso, o uso de vitamina C em dosagens elevadas (acima de 20 g por
sessão). E também da utilização de naltrexona de baixa dosagem e dos
nutracêuticos que têm ação anticancerígena.

A perseguição com as soluções naturais.

Alguns estudos feitos há 10 anos mostram duas características mui-


to curiosas. Muitas pessoas falam que o ômega 3 é um protetor contra
o câncer.

Mas alguns estudos mostraram que pessoas tomando ômega 3


tiveram um risco aumentado de câncer de próstata. A mesma coisa
acontece com a vitamina E. Alguns estudos mostram que a vitamina E
aumenta o risco de câncer.

Aí eu te pergunto: será que isso é verdade? Não. Infelizmente são

249
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

estudos mal produzidos.

Primeiro porque utilizaram vitamina E de forma sintética (dl-alfa-to-


coferol). E o estudo que utilizou ômega 3, utilizou de baixa qualidade,
que estava oxidado.

Quando falo de medidas que previnem o câncer de próstata, são vá-


rias medidas em conjunto que precisam ser feitas para um bom efeito.

Não basta fazer algo pontual. Só aumentar o consumo de ômega 3


ou só aumentar o consumo de vitamina E.

É necessário um conjunto de coisas para que você esteja pro-


tegido contra o câncer.

É muito importante que você entenda que o modelo atual de estudo


científico é o modelo cartesiano reducionista.

O que quer dizer? Você isola um só elemento e procura provar ou não


se aquele elemento protege contra uma doença.

E esse modelo não é suficiente para que você possa prevenir uma
doença. É preciso que você associe vários métodos. É disso que fala-
mos na medicina integrativa. É uma associação de vários elementos
para te proteger do câncer de próstata.

As estratégias do Dr. Alain.

Eu tenho várias estratégias para desinflamar a próstata e, assim,


baixar PSA e evitar a biópsia. São medidas da medicina alternativa. Eu
posso usar ozônio via retal, que está sendo regulamentado no Brasil.
Posso utilizar vários nutracêuticos anti-inflamatórios, como curcumi-
na, boswellia serrata e extrato de chá verde, entre outros. Posso usar
vitamina C em altas doses, via oral e na veia. A vitamina C tem efeito
anticâncer, anti-inflamatório.
E eu posso utilizar também várias combinações de nutrientes para
desinflamar a próstata.

O caminho proposto.

A minha estratégia como médico é mostrar para pacientes que exis-

250
Capítulo 02 | Dr. Alain Dutra

tem outros caminhos que podem levá-los ao melhor de sua saúde, à


melhora de seus parâmetros e evitar esse exame tão invasivo que é a
biópsia de próstata.

Além do ozônio, da vitamina C em altas doses e dos nutracêuticos


que já falei, existem também outras alternativas, como uso da nal-
trexona de baixa dosagem e também do uso de peróxido de hidrogênio.

Se alguém coloca no Google, naltrexona, vai encontrar medicamento


revia, vendido em farmácia. Então, de fato, a naltrexona é um fármaco.

Porém, medicamento vendido na farmácia é uma dose muito mais


alta do que usamos na medicina integrativa.

A dose padrão é 50 a 60 mg. Mas na medicina integrativa usamos em


torno de 1,5 a 4,5 mg.

É uma dose muito mais baixa, quase homeopática, que vai ter um
efeito muito interessante no sistema imune, um efeito anticâncer.

E é por isso que usamos esse fármaco no tratamento integrativo do


câncer de próstata.

Sexo é anticâncer.

Estudos mostram que homens que ejaculam mais, têm vida sexual
mais ativa, têm menos chance de desenvolver câncer de próstata. Tem
estudos nos Estados Unidos que confirmam isso.

Comparados com os homens que tinham de quatro a sete ejacula-


ções por semana, os homens que tinham mais de vinte e uma ou mais
ejaculações por semana apresentaram risco 30% menor de desenvol-
ver câncer de próstata.

Não se sabe exatamente a causa, mas provavelmente seja porque


esses homens acumulam menos toxinas nos líquidos seminais e isso
levaria a esse menor risco.

Relação testosterona e câncer de próstata.

É sabido que existe uma relação entre a testosterona e o câncer de

251
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

próstata. Tem um estudo antigo, da década de 1940, que o doutor Hu-


ghes fez com cachorros.

Naquela época foi constatado que cachorros que eram castrados


conseguiam regredir o câncer de próstata com metástase.

Então, por muitas décadas, existia essa ideia no meio médico de que
a testosterona poderia provocar câncer de próstata.

Mas essa informação mudou.

A partir dos estudos do Dr. Abraham Morgentaler, que foram feitos


em 2003, começou-se a entender melhor essa situação, e é o contrário
do que se achava até então.

A testosterona em níveis normais é protetora para evitar


câncer de próstata.

Só que isso é uma informação estranha quando a gente sabe que a


pessoa com câncer de próstata já com a metástase, se beneficia com
bloqueio hormonal.

Então, a testosterona, com índices normais para um homem que não


tem câncer, protege. E para homem que já está com doença avançada,
precisa ser suprimida.

O alvo está no estresse.

Os homens em geral estão muito estressados. E o estresse é com-


provadamente um fator de risco muito importante. Por isso, gerencie
bem o seu estresse.

Evite o excesso de estresse. E durma bem. É preciso controlar o seu


sono para você dormir, pelo menos, 7 horas por noite. Também é muito
importante evitar o fumo e o consumo exagerado de álcool.

252
Dra. Carolina Nocetti

Fundadora da International Canna-


bis Academy iniciou suas ativida-
des na Amazônia estudando extra-
tos de frutos da região. Já nos EUA,
estendeu sua pesquisa à cannabis
utilizada para fins medicinais co-
nhecendo os principais centros de
cultivo e produção no Colorado e na
Califórnia. Tem expertise de 4 anos
em P&D na área da cannabis e ino-
vação em saúde.
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

Cannabis medicinal: efeito raio laser contra a bazuca tradicional

“Cannabis medicinal é uma terapia segura,


tem 5 mil anos de história e mortalidade zero”

Dra. Carolina Nocetti

A princesa de 2.500 anos.


Vou trazer um dado histórico. Há uma princesa siberiana que há
2.500 anos foi enterrada, descobriram essa múmia e, quando fizeram
o exame de imagem, ela tinha um câncer de mama.

E na tumba dessa princesa siberiana, tinha uma sacola com cannabis.

E aí os cientistas questionaram: o que uma sacola de cannabis está


fazendo numa tumba de uma múmia da Sibéria?

E aí a correlação do uso da cannabis milenar fica documentada.

Essa princesa tinha diferentes tatuagens que colocavam ela num clã
específico da sociedade daquela época, então, já tem relatos do uso da
cannabis em diferentes épocas por diferentes povos no mundo todo.

Quem é a Doutora Carolina Nocetti.

Meu nome é Carolina Nocetti, sou médica, consultora técnica em te-


rapia cannabinoide.

A minha virada de chave com relação à medicina integrativa, ou cui-


dado integrativo, veio durante a minha faculdade.

Eu estava envolvida em um projeto com nutracêuticos, que são ali-


mentos com potencial terapêutico, no meu caso, era o açaí.

Eu fiquei impressionada com o potencial terapêutico do açaí, mas


trabalhei com alguns outros extratos e entendi que o Brasil tinha, sim,

254
Capítulo 03 | Dra. Carolina Nocetti

elementos naturais que poderiam ajudar como parte do tratamento,


como terapia adjunta em diferentes doenças.

Achei muito interessante a quantidade de pesquisadores interna-


cionais que estavam trabalhando com plantas brasileiras, vindo até o
Brasil.

A colheita de açaí é feita perto de Belém do Pará, e os pesquisado-


res ali da Universidade Federal estavam bem avançados nesse tipo de
estudo.

Assim começou a minha curiosidade, começou o meu trabalho em


cuidado integrativo.

E, num segundo momento, que sedimentou essa questão integrati-


va, o uso de nutracêuticos, em termos de tratamento para o paciente,
foi uma questão pessoal.

Eu me envolvi com a cannabis enquanto morava nos Estados Uni-


dos, fiquei lá quase 10 anos, e, durante a revalidação do meu diploma,
eu estava com uma séria dificuldade de comer e dormir, porque eram
14/15 horas de estudo por dia, e eu comecei a buscar uma terapia que
pudesse me ajudar.

E o que me foi prescrito era uma medicação que tinha o alto potencial
de dependência química, fiquei com muito medo de tomar essa medi-
cação pela segunda vez e acabei indo atrás de outras opções.

Mortalidade zero.

A cannabis medicinal é uma terapia segura, ela tem 5 mil anos de


história e mortalidade zero.

O que isso quer dizer? Que não existem mortes diretas relacionadas
ao consumo da planta natural.

Existem, sim, relatos de efeitos colaterais muito graves com uso de


produtos sintéticos, até morte.

Agora, produtos advindos da planta, principalmente a planta como


um todo, tem um padrão de um formato geral bem seguro.

255
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

Não é para todo mundo.

Mas raramente são absolutas as contraindicações. Por exemplo, pa-


cientes que têm histórico de esquizofrenia, ou doenças psiquiátricas
na família.

É uma contraindicação relativa.

O que isso quer dizer?

Que não é que o paciente não possa usar cannabis, mas esse pacien-
te vai ter que evitar certos tipos de planta que podem levar a um surto
psicótico.

Então, tem algumas plantas específicas que pacientes que têm his-
tórico de esquizofrenia devem evitar.

Agora, tem outras plantas que podem ajudar no tratamento desse


paciente com esquizofrenia, que são plantas ricas em CBD.

E o canabidiol tem o potencial antipsicótico, inclusive sendo estudado


por pesquisadores brasileiros da USP de Ribeirão Preto.

Outra questão que eu acho válida, em efeitos colaterais menciona-


dos em estudos científicos, é o aumento de ansiedade.

E aí vai de novo uma contraindicação relativa.

Algumas plantas devem ser evitadas no caso de pacientes que têm


ansiedade ou dificuldade para dormir. Tem um tipo de planta que se
chama Sattiva dominante, que promove uma maior energia nos pacien-
tes.

Quem tem ansiedade ou quem tem insônia deve evitar esse tipo de
planta.

É uma planta com um perfil seguro, mas é preciso entender a real


necessidade do paciente, saber do que o paciente precisa, qual o alívio
que esse paciente está buscando, para aí, sim, buscar dentre centenas
de cepas diferentes qual seria a melhor opção, qual seria a proporção
ideal dos canabinoides, quais seriam os horários mais indicados para o

256
Capítulo 03 | Dra. Carolina Nocetti

uso etc.

Tem um monte de componentes em específico, são centenas de


plantas diferentes, e aí a gente tem que achar a planta certa para o
paciente certo.

O medo do câncer.

O câncer é um dos grandes medos dos brasileiros. Um pouco pela


ignorância com relação ao tema, a gente tem medo de tudo o que co-
nhece com profundidade.

E também esse medo é proveniente da questão da efetividade dos


tratamentos disponíveis.

Como não se tem um tratamento eficaz para 100% dos casos, sem-
pre existe aquela dúvida: “será que essa terapia vai ser boa para o cân-
cer que estou tratando? Ou o câncer que alguém da minha família está
tratando?”

Então, sim, o câncer é um dos grandes medos, não só dos brasileiros,


mas de pacientes de uma maneira geral que têm pouca informação e
não têm segurança com relação à efetividade dessas terapias dispo-
níveis.

Cinco potenciais ‘remédios’ (ou mais) para o câncer em uma


única planta.

A planta cannabis é uma planta complexa, são mais de 480 compos-


tos já documentados.

São três categorias principais de componentes: os canabinóides, os


terpenos e os flavonoides. Existe o potencial terapêutico para o trata-
mento de câncer de alguns canabinóides específicos.

Ainda não temos estudos clínicos em humanos comprovando a efe-


tividade desse tratamento, mas alguns canabinóides já estudados para
essa função, o CBD — canabidiol, o THC — tetrahidrocanabiol, o CBC
e o CBDA e o THCA.

Esses são componentes que podem ter um potencial em diferentes

257
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

mecanismos de ação no tratamento de câncer e que estão sendo estu-


dados por diferentes universidades, inclusive em Israel, para entender
como esses canabinoides podem ter uma efetividade como terapia
adjunta no tratamento de câncer.

Alguns terpenos e flavonoides podem ter mecanismos que também


corroboram com essa terapia, com o tratamento do câncer, mas esses
canabinóides que eu mencionei são os que estão sendo mais estuda-
dos atualmente, pelas propriedades que podem ajudar no tratamento
do câncer.

Cannabis na medicina convencional. Por que ainda não?

O que falta para a cannabis ser incluída nos protocolos de tratamento


do câncer é educação. Os médicos precisam ter esse tipo de informa-
ção na sua graduação.

Seria importante que os médicos entendessem a fisiologia do siste-


ma endocanabinoide.

É um sistema complexo que foi descoberto na década de 1990 e que


infelizmente não é estudado o suficiente.

Como a gente tem um sistema imunológico, um sistema endócrino, a


gente também tem um sistema endocanabinoide.

E é um sistema interessante que modula os outros sistemas.

E tem um potencial também de homeostase, que é o equilíbrio do


corpo, das funções, das tarefas, vamos dizer assim, que as células têm
no corpo.

Tanto da parte fisiológica de manutenção das funções, como da dimi-


nuição do estresse celular.

Então, falta que os médicos tenham um conhecimento do seu poten-


cial terapêutico, e entendam: a cannabis está sendo usada em outros
países, já com o intuito de amenizar alguns sintomas do câncer e dos
tratamentos tradicionais.

Então, o uso da cannabis é feito para diminuir a ansiedade, náuseas

258
Capítulo 03 | Dra. Carolina Nocetti

e vômitos, a dor, melhora da insônia, melhora do distúrbio do humor.

À medida que os médicos do Brasil forem estudando mais sobre esse


tema, tanto o sistema quanto a planta, quanto mais rápido a gente ti-
ver isso tudo, mais rápido os pacientes vão ter essa terapia em mãos.

‘A gente não aprende na faculdade’.

O acesso à cannabis medicinal no Brasil ainda é um desafio, não


são muitos médicos fazendo esse tipo de terapia porque a gente não
aprende isso na faculdade.

Hoje, a decisão da prescrição da cannabis no Brasil é um ato médico,


dentro do consultório, é uma decisão entre paciente e médico.

Uma das formas de se avaliar o uso é, primeiro, entender quais meca-


nismos dos canabinoides podem ter influência em terapias específicas.

Hoje, no Brasil, as autorizações da Anvisa são principalmente nas in-


dicações a seguir: epilepsia; autismo; doença de Alzheimer; doença de
Parkinson; pacientes usando quimioterápicos, principalmente pacien-
tes com câncer; e pacientes com dor, principalmente com dor crônica
refratária.

Uso da cannabis no câncer hoje.

Os pacientes que têm câncer usam-na para alívio da dor, da náusea e


do vômito, ansiedade, melhora do sono e melhora do humor.

Então, o consultório é uma possibilidade, desde que haja uma indi-


cação, por exemplo, de cuidados paliativos ou de refratariedade nos
tratamentos convencionais para alívio de sintomas relacionados ao
câncer ou sintomas relacionados aos efeitos colaterais, às medicações
tradicionais que estão sendo usadas como terapia nesses pacientes
com câncer.

É o caso de uma paciente com câncer de mama que, aos 47 anos,


chegou no meu consultório com uma grande dificuldade de se alimen-
tar.

Ela já tinha perdido cerca de 15 kg nos últimos dois meses. Estava

259
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

com dificuldade para dormir e também tinha muita ansiedade, muito


pela preocupação de não saber como seria a resposta ao tratamento.

Ela já chegou no consultório dizendo que tinha, sim, vontade de um


tratamento integrativo.

Ela já tinha iniciado a terapia tradicional, mas não estava obtendo a


resposta que esperava.

E ela estava com muita dificuldade do uso dos quimioterápicos. Ela


tinha uma dificuldade tanto na parte da apetite, quanto no sono, na
qualidade do sono.

No apetite, ela não tinha nem vontade de comer, nem de sentar à


mesa com os familiares, porque, só o sentar à mesa, ela já se incomo-
dava com o cheiro da comida.

Então, o primeiro passo no cuidado dessa paciente com câncer de


mama foi uma adaptação alimentar.

Ela consultou uma nutricionista funcional da equipe, que mudou


completamente a sua alimentação, tirou produtos processados, pro-
dutos alimentícios, leite, glúten e açúcar.

Um segundo passo foi entender quais eram os sintomas que mais a


incomodavam.

Fizemos também um estudo de quais exercícios físicos ela poderia


ou não fazer, e quando. Isso foi comunicado ao oncologista para ser
tomada uma decisão conjunta.

Na parte da terapia canabinoide, a gente começou com um óleo rico


em CBD, um cannabidiol.

E logo nas primeiras semanas ela já apresentou uma diminuição da


dor, diminuição da ansiedade e um ponto do tratamento foi o aumento
de peso, o qual, na realidade, não estávamos esperando.

Por quê? O CBD muitas vezes diminui a fome do paciente e ela já não
estava comendo muito, tinha perdido muito peso.

260
Capítulo 03 | Dra. Carolina Nocetti

Então, me espantei por ela chegar com um aumento de peso, porque


eu estava aguardando uma estabilidade para incluir o THC, que é um
compenente que a gente sabe que aumenta o apetite.

E aí, questionando e entendendo o motivo pelo qual o canabidiol ti-


nha aumentado o peso dessa paciente, ela reporta que não tinha mais
a ojeriza que tinha de comida.

É interessante porque, ela não estava necessariamente com o apeti-


te aumentado, mas o uso do CBD diminuiu a aversão alimentar.

Pela diminuição da aversão alimentar, ela teve um aumento do seu


peso. Depois disso, a gente não conseguiu uma resposta ideal em ter-
mos da dor que ela sentia, e um produto rico em THC foi adicionado ao
tratamento.

E aí ela começou a fazer uma terapia CBD/THC na proporção de 1:1.


E ela teve uma melhor qualidade do sono, ela teve menos dor, melhora
da náusea e do vômito, da ansiedade.

E o produto rico em THC aumentou o apetite dessa paciente, que não


só teve todos esses sintomas amenizados, mas também contou que
sua qualidade de vida havia melhorado e que estava mais animada.

O alívio.

Então, para a gente é uma vitória uma paciente ter esse relato: “olha,
eu tô com mais força, com mais força de vontade para ir e fazer terapia.”

Então, ouvir dessa paciente que sua fadiga havia diminuído e que
agora tinha mais força de vontade de executar as tarefas do dia a dia,
faz toda a diferença.

Porque, numa terapia de tratamento do paciente com câncer, a qua-


lidade de vida tem que ser central.

E a gente poder trazer um alívio para o paciente, melhorando tantos


aspectos da sua vida.

É o que a gente busca como médico, como profissional da saúde. E a


cannabis é sim uma ferramenta muito valiosa, usada há muitos anos.

261
Maira Jardim

É farmacêutica bioquímica, espe-


cialista pesquisa e desenvolvimen-
to de óleos essenciais e cosméticos
naturais. É professora de pós-gra-
duação no tema na Faculdade
Oswaldo Cruz, e também é funda-
dora, pesquisadora e professora de
pós-graduação no Instituto de Os-
mologia e Óleos Essenciais, o IOOE.
Capítulo 04 | Maira Jardim

Óleos essenciais que aliviam efeitos tóxicos da quimio

“Eles perceberam que esses pacientes, na hora da entrada da radio,


eles estavam mais tranquilos, mais calmos, eles tiveram uma redução
dos efeitos colaterais, isso foi muito interessante porque o
estado emocional conta muito”

Professora Maira Jardim

Olá, eu sou Maira Jardim, sou formada em Farmácia há mais ou me-


nos 15 anos e trabalho com óleos essenciais há 12 anos.

Em relação aos óleos essenciais para o tratamento de câncer, exis-


tem muitos estudos que mostram que os óleos essenciais têm um
potencial citotóxico paras as células tumorais.

O que significa isso? Que diretamente eles têm uma ação contra as
células tumorais.

Existem muitos estudos de diversos óleos essenciais, porém esses


estudos estão na fase muito inicial, na fase in vitro.

Estudam-se algumas células tumorais in vitro, ou em camundongos,


determina-se ou se tenta identificar possíveis mecanismos de ação e
possíveis moléculas que estão presentes dentro do óleos essenciais
que consigam interagir e associar esse efeito, ou até mesmo reprodu-
zir em laboratório para futuramente desenvolver medicamentos com
essa finalidade.

Por exemplo, o óleo de melaleuca foi estudado em alguns casos, em


algumas moléculas tumorais, mas teve um estudo que me chamou
muita atenção, que foi o uso da melaleuca no melanoma.

É interessante que foi feita a cultura do melanoma e a aplicação di-


reta em várias dosagens do óleo essencial de melaleuca e percebeu-se
que essa sensibilização da célula tumoral é dependente da dose do
óleo essencial, não a atribuíram a uma molécula específica do óleo es-

263
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

sencial, mas a um grupo de 4 a 12 moléculas e, inclusive, foi feita uma


reconstituição separada dessas moléculas isoladas para fazer o efeito
comparativo, e, de fato, o óleo essencial inibiu o crescimento e causou
morte celular de célula tumoral.

Os estudos tentam identificar o mecanismo de ação, mas as célu-


las tumorais alteram a fisiologia a partir do momento que uma célula
normal passa a ser uma célula cancerígena, ela tem a sua fisiologia
alterada.

E essa alteração faz com que o óleo essencial reconheça aquela cé-
lula e tenha uma ação citotóxica para aquela célula, mas não para uma
célula normal. Eles viram todo esse potencial.

O óleo essencial de melaleuca tem uma ação antifúngica, antimicro-


biana, anti-inflamatória.

Ele é um antiséptico para a pele, é aplicado em queimaduras. Ele é


um óleo essencial australiano que tem um uso tradicional.

Então, é utilizado até mesmo na medicina para alguma afecções de


pele.

Mas, no caso de tratamentos de câncer, ele ainda não é utilizado.


Pois, como eu vou determinar, como vou transferir a aplicabilidade in
vitro para a aplicabilidade em humanos?

Não tem como saber como isso será eficiente no corpo.

Mesmo porque, no corpo, o comportamento da célula é diferente do


in vitro.

Mas é um caminho, é uma luz no fim do túnel.

Com opções de moléculas, de derivados de plantas, de diversas plan-


tas diferentes. Uma delas é a melaleuca. Mas existe ainda um caminho
de estudos a percorrer.

No caso do câncer, o óleo essencial de melaleuca passa a atuar de


forma mais paliativa.

264
Capítulo 04 | Maira Jardim

Outro óleo essencial com estudo é o óleo essencial de sálvia. A sál-


via (Salvia Officinalis) também apresentou uma sensibilidade às células
tumorais. As células tumorais são sensíveis à sálvia. Também a Melissa
Officinalis, que é a erva cidreira, eles atribuíram essa função ao citral,
que está presente na melissa e também no lemon grass.

O óleo de tomilho (Thymus Vulgaris), que é a molécula de timol, um


derivado fenólico, também tem esse potencial de sensibilização de cé-
lulas cancerígenas.

É muito interessante, mas ainda não consigo levar isso para a reali-
dade de um paciente agora.

Mas eu acredito que as pesquisas são promissoras, e no futuro os


óleos essenciais vão ser utilizados nesses casos.

Até mesmo porque os tratamentos convencionais não são tão


efetivos.

Algo interessante que percebi também em relação ao óleo de me-


laleuca é que ele não apresenta os efeitos colaterais de outros medica-
mentos, a não ser um que foi irritabilidade dérmica.

Mas o mais interessante é que a irritabilidade dérmica foi recupera-


da. Teve uma recuperação dos sintomas de efeitos adversos, então ele
ainda está um passo à frente das outras medicações.

Uma coisa interessante que não tem é o estudo comparativo com


substâncias quimioterápicas utilizadas atualmente contra o câncer.

Um reforço para o crescimento dos cabelos.

Pessoas que passaram por quimioterapia, que tiveram a queda de


cabelo muitas vezes, quando o cabelo está voltando a crescer, ele está
mais fraco. Isso é natural, você precisa voltar a ter a proliferação celular
que foi interrompida durante o processo de quimioterapia.

É claro que isso depende muito de um quadro geral de nutrição e de


todo processo de recuperação pelo qual você está passando.

O óleo essencial ajuda nisso. Ele ajuda na recuperação celular da sua

265
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

pele, do couro cabeludo. O couro cabeludo tem as mesmas caracte-


rísticas da nossa pele, porém possui mais glândulas sebáceas e mais
glândulas sudoríparas. É preciso melhorar a recuperação de sangue no
couro cabeludo para que eu tenha um crescimento saudável.

Alguns óleos essenciais ajudam nesse processo, são eles: o óleo es-
sencial de alecrim, que vai estimular a circulação sanguínea no local, o
óleo essencial de lavanda, reparador, regenerador e hidratante e o óleo
essencial de melaleuca, que ajuda a fazer um controle da microbiota
tão necessário para a recuperação do couro cabeludo. Então percebe-
mos que o cabelo, além de nascer mais rápido, nasce com qualidade,
tem mais brilho, você recupera o cabelo que tinha antes e passa por
esse momento num período mais rápido.

E a forma como você vai utilizar esses óleos no corpo nunca é pura,
a forma é sempre diluída numa base de óleo vegetal, que é tão neces-
sário quanto o óleo essencial para recuperação e estabelecimento do
couro cabeludo.

Os óleos vegetais que podemos utilizar são óleos vegetais de abaca-


te, ricos em ácidos graxos, o ácido linoleico, que atua justamente nessa
recuperação do manto lipídico e restauração da barreira lipídica neces-
sária para a proteção contra micro-organismos.

Eles vão também atuar como uma forma de difundir o óleo essencial
de forma homogênea nos cabelos. Eu posso usar o óleo essencial não
só nos cabelos, mas nas unhas também.

Os pacientes estão imunodeprimidos, sujeitos a infecções oportunis-


tas. Você pode usar os óleos essenciais como protetores para forta-
lecer a unha e a pele. E também para evitar que você tenha infecções
subsequentes de uma baixa imunidade.

Óleo essencial na radioterapia.

O óleo essencial de lavanda tem sido muito utilizado em hospitais


de uma forma geral, como um agente para reduzir a ansiedade, causar
relaxamento e levar uma certa tranquilidade para pacientes que estão
passando por um momento muito difícil.

Há dois estudos foram publicados.

266
Capítulo 04 | Maira Jardim

Um foi a aplicação do óleo de lavanda no ambiente em salas de es-


pera de hospitais, em pacientes que estão aguardando a radioterapia.
Eles perceberam que esses pacientes, na hora da entrada e na aplica-
ção de rádio, estavam mais calmos e tranquilos.

Além disso, houve uma redução dos efeitos colaterais, isso foi muito
interessante porque o estado mental e emocional conta muito e o óleo
essencial pela ação olfativa já é o suficiente para gerar esse estado de
relaxamento.

Isso tudo é comprovado cientificamente.

Então os hospitais têm utilizado a lavanda, não só para pacientes com


câncer, mas pacientes em salas de pré-operatório, pós-operatório, pa-
cientes de UTI que ficam muito tempo acamados. Os óleos essenciais
tornaram-se ferramentas, os queridinhos da equipe de enfermagem.

Teve outro estudo em que uma equipe de enfermagem fez massa-


gem com óleo de lavanda nos pacientes com câncer e perceberam que
houve uma melhora no quadro geral de saúde. A própria massagem
em si já gera essa condição, mas associada à lavanda, essa melhora foi
maior para o quadro geral de saúde.

A lavanda é muito tradicional, neste caso a lavanda francesa, pode-


mos usá-la em casa para ter esses quadros de relaxamento, de me-
lhora de qualidade de sono. É importante reduzir os níveis de cortisol.

E o óleo essencial de lavanda ajuda nisso. Por isso dormimos bem


com ele.

A lavanda francesa é a mais utilizada. Na verdade não existe uma la-


vanda brasileira, o que existe são lavandas que foram se adaptando ao
nosso clima, ao nosso sol. Então a lavanda que foi muito bem adaptada
no Brasil é Lavanda Dentata.

Então a lavanda que foi muito bem adaptada no Brasil não tem as
mesmas funções da lavanda francesa.

Apesar de ela ter os componentes lenanois e cetatos de tinilanina, os


principais componentes que tem essa ação sedativa e calmante, eles
têm uma concentração reduzida, mas ela contém outros componentes

267
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

como cânforas, cineol, que têm uma propriedade anti-inflamatória.

A lavanda brasileira é mais anti-inflamatória, ela é mais para uma


ação tópica do que uma ação relaxante tranquilizante aérea. Para essa
atividade em que ser a lavanda francesa.

Inclusão dos óleos cítricos no seu dia a dia.

Os óleos essenciais cítricos, como um todo, têm um componente


chamado d-limoneno, que tem uma ação antioxidante e acredita-se
que ele tem essa função porque está mais presente nos frutos cítricos.

A laranja doce, tradicionalmente, é utilizada como anti-ansiolítico.


Reduz a ansiedade, a pessoa fica mais tranquila, mais calma. Reduz a
sensação de tristeza e de angústia.

Às vezes as pessoas não conseguem dormir porque estão preocupa-


das, angustiadas, chateadas com alguma coisa.

Os críticos em geral, com os quais temos uma memória afetiva por-


que fazem parte da nossa cultura, lembramos da infância, e eles esti-
mulam neurotransmissores que são antidepressivos no nosso corpo.

Como a serotonina, a dopamina.

Eles causam um quadro geral de bem-estar e deixam a gente mais


feliz, mais alegre.

Associar um crítico ao óleo essencial de lavanda fica perfeito, além de


causar relaxamento, tira essa angústia, esses pensamentos negativos.

Deixa a gente mais positivo emocionalmente falando.

O cítrico também melhora o apetite, se você está triste e não come


direito, o corpo entra num estado geral de convalescença pelo momen-
to que está passando, mas o óleo cítrico ajuda nesse sentido.

Fale com o seu médico.

Todo paciente com câncer é um paciente que tem que ser observado
pelo médico o tempo todo. Para tudo que ele for utilizar, é importante

268
Capítulo 04 | Maira Jardim

consultar o médico para avaliar outras condições clínicas que ele pode
ter que podem interferir no tratamento.

A princípio não há nenhuma contraindicação para esses pacientes.


Mas é muito importante usar corretamente os óleos essenciais, eles
não podem ser usados indiscriminadamente, sempre em dosagens
bem pequenas.

Comece utilizando no ambiente com um difusor. Os difusores são in-


teressantes porque vão dispersar o óleo essencial, e você vai ter uma
ação olfativa daquele óleo. Se for aplicar na pele, temos sempre que
saber como eu usar aquela mistura.

O profissional farmacêutico pode ajudar nesses casos, ele pode pre-


parar uma formulação com doses mais baixas para ser aplicadas.

Para produtos da cabeça aos pés.

É possível preparar produtos, shampoos, condicionadores específi-


cos com baixo teor de alergenicidade.

Alguns óleos têm índices de alérgeno maiores do que outros, nesses


casos é preciso usar uma dosagem menor.

O próprio óleo de melaleuca não tem um grande potencial de alerge-


nicidade.

Ele não tem moléculas consideradas alergênicas, mas tem uma ten-
dência a causar ressecamento, então é preciso estabilizar isso numa
base vegetal.

Não há contraindicações para o uso.

Só tomar esse cuidado, mas contraindicação mesmo, não tem não.

Procure orientação médica, avise que vai utilizar óleos essenciais e


tenha todos os seus benefícios.

Os óleos essenciais são produtos para promoção de saúde.

Então pensa assim: quando estamos com alguma condição como

269
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

o câncer, uma condição em que você vai reagir e tem um tratamen-


to mais agressivo, você precisa se manter o mais forte possível para
aguentar e seu corpo resistir a esse tratamento

O óleo essencial vai ajudar tanto na questão emocional, quanto


na questão física.

Na questão emocional, você pode usar em difusores na sua própria


casa, na questão da ansiedade, usar o da lavanda e dos cítricos. Pode
ser limão e lavanda.

Pacientes que estão convalescentes, que estão com pouca energia,


podem colocar o alecrim no ambiente. O alecrim é um tônico revigoran-
te e faz com que a pessoa se recupere melhor.

No dia da quimioterapia, use esses.

Outro fato interessante em relação aos óleos essenciais é que alguns


deles reduzem o enjoo, aquele enjoo que é possível depois de uma qui-
mioterapia.

Você pode usar o óleo essencial de menta piperita ou o óleo essencial


de gengibre, só sentindo o cheiro. Sentir um cheirinho do óleo essencial
de menta e de gengibre ajuda e reduz a ânsia de vômito.

E é interessante também que o óleo essencial de gengibre e de men-


ta, em alguns hospitais, são utilizados em pacientes pós-cirúrgicos,
porque é quando acaba a anestesia geral e há uma tendência a ter en-
joo e vômito.

70% de melhora.
.
Esses óleos essenciais reduziram enjoos em torno de 70% em pa-
cientes que passaram por cirurgias com anestesia geral.

Em vez de utilizar mais medicamentos, o óleo essencial pode melho-


rar seu quadro de saúde e bem-estar, de uma forma geral.

Você pode aplicar no seu corpo também, fazer uma loção hidratante
com óleo essencial de lavanda ou óleo essencial de camomila.

270
Capítulo 04 | Maira Jardim

A camomila e a lavanda têm efeitos semelhantes.


A lavanda é mais comum e mais fácil de encontrar e é mais acessível
em relação a custo.

A camomila é um óleo essencial também excelente para a recupe-


ração da pele, além de ter uma ação calmante. Pode usar inclusive as
duas associadas.

O cheiro é maravilhoso. Ela é calmante para pele, principalmente para


pacientes que passaram por radioterapia. A pele fica mais sensibiliza-
da. `Você pode utilizar o óleo essencial de camomila numa compressa
ou até mesmo numa preparação feita na farmácia.

São várias as aplicações.

Inserir o óleo essencial no seu dia a dia é importante, ele vai melhorar
seu quadro de saúde. Não só nesse momento, mas depois também.

Ele vai fazer toda a diferença lá na frente, no tempo de recuperação,


na hora de responder melhor a um tratamento.

O seu quadro emocional também você vai poder trabalhar com os


óleos essenciais.

O que falta para a medicina aceitar esse apoio dos óleos


essenciais.

Todo o contexto da medicina tradicional é criado em tratamentos


alopáticos.

É cultural.

A formação médica e farmacêutica toda é voltada para a indústria do


medicamento alopático.

E os medicamentos fitoterápicos, os óleos essenciais, e até mesmo


a medicina alternativa, nunca foram muito bem vistos na comunidade
médico-científica por não apresentarem protocolos específicos, por
não apresentarem estudos científicos que consolidem dentro dos pa-
drões que já são pré-estabelecidos há muito tempo.

271
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

Isso tem mudado. Muitos médicos têm buscado alternativas e até


mesmo substituições de terapias utilizando soluções naturais.

Este é o futuro dos tratamentos: trabalhar também na atenção pri-


mária de saúde.

30 anos de experiência ignorados pelo Brasil.

Na Europa, isso já é diferente. Lá o óleo essencial é bem consolidado


dentro da área médica.

Inclusive, nas farmacopeias, os óleos essenciais são tratados como


uso tradicional, como uma planta fitoterápica.

Eles têm mais de 30 anos de experiência em relação aos óleos es-


senciais.

O que é mais importante: o profissional médico não aplica o óleo es-


sencial porque não tem o conhecimento de qual dose aplicar, em que
situação, os possíveis efeitos adversos, questões de toxicidade.

E os óleos essenciais, como qualquer outra substância, têm uma


dose resposta e uma dose dependente.

Então você pode propor um tratamento com uma subdose, ou dose


exagerada, que pode gerar toxicidade.

A falta desse conhecimento de uma forma organizada, que aqui no


Brasil não é colocado de forma aceita nos órgãos públicos de saúde, faz
com que os profissionais não se arrisquem com esse tipo de terapia.

Agora, recentemente, a aromaterapia foi incluída como uma prática


integrativa.

Só que, nesse caso, como prática integrativa, ela vai atuar como um
complemento e vai atuar também em unidades básicas de saúde, para
ajudar o processo como um todo.

Mas muitos óleos essenciais com potencial terapêutico muito grande


deixam de ser utilizados justamente por não ter essa conectividade e
aceitabilidade da comunidade médica.

272
Capítulo 04 | Maira Jardim

A esperança.

Se a gente fizer pesquisas e buscar esses estudos científicos, vamos


perceber que, sim, existem muitos estudos científicos.

Mas muitos deles precisam dar um passo à frente para ter um res-
paldo clínico.

Quando faço o estudo in vitro e depois em modelos animais, preciso,


na sequência, partir para o estudo clínico.

Para seguir essa regra, determinada pela Organização Mundial de


Saúde e órgãos sanitários, precisa haver essa continuidade, e, para
isso, precisa de investimento.

Muitas vezes a pesquisa morre ali.

Como eu vou transformar essa aplicação que descobri no laboratório


para o corpo? Como eu vou fazer essa administração? Em que dose
aplicar esse óleo essencial?

Falta essa conexão para, na prática, conseguir aplicar o óleo essencial


dentro da medicina tradicional.

O óleo essencial nos possibilita uma desmedicalização.

A gente reduz a automedicação.

O brasileiro tem uma cultura de consumo indiscriminada de medica-


mentos, então, por qualquer razão, às vezes, nós não temos a necessi-
dade de utilizar a medicação alopática.

E, mesmo assim, como tem um acesso fácil à farmácia, essa cultura


de a pessoa ir lá e utilizar os medicamentos sem nem mesmo conhecer
os efeitos colaterais, a gente percebe que existe um uso indiscriminado
de medicamentos e esse uso indiscriminado gera uma série de conse-
quências e outras patologias.

E, muitas vezes, as pessoas nem tem ideia de que é por causa desse
mau hábito. O óleo essencial começa com a melhora de qualidade de
vida. Só para começar.

273
Dr. Wilson Rondó Jr

É médico, cirurgião vascular de for-


mação, nutrólogo com ampla ex-
pertise em medicina preventiva e
em alta performance. Especializou-
-se em terapias antioxidantes pelo
The Robert W. Bradford Institute, nos
EUA, e no Regenerations Zentrum Dr.
Kleanthous Embh (Heideberg), na
Alemanha. Autor de diversos livros,
entre eles 98 Remédios Naturais
- Guia Definitivo de Saúde do Dr.
Rondó, Diabetes Zero e Sinal Verde
para a Carne Vermelha.
Capítulo 05 | Dr. Wilson Rondó Jr.

Garfo: a arma mais poderosa para vencer o câncer

“Como as pesquisas avançam muito a nível de medicações,


o foco acaba ficando em cima dos remédios.
Quando você usa um remédio,
o raciocínio é mais simplista”

Dr. Wilson Rondó Jr.

A abordagem do Dr. Rondó.


Eu recebo pacientes com diagnóstico de câncer e que, eventualmen-
te, estão fazendo tratamento de uma forma química.

Nesses casos, costumo associar um suporte nutricional para que a


medicação possa agir e potencializar positivamente a resposta tera-
pêutica.

Temos que somar esforços para que isso traga o resultado desejado
para o paciente.

Meu objetivo como médico é exatamente esse: ir atrás dessa solução


dando uma melhor condição o mais rápido possível para essa pessoa.

Na imensa maioria dos casos vamos usar vitamina C e outros nu-


trientes em dosagens compatíveis com as necessidades de cada um.

Sou o Dr. Wilson Rondó Jr, sou cirurgião vascular de formação, me


formei em 1983 e depois fiz residência em cirurgia geral, especialização
em cirurgia vascular, fiquei fora fazendo essa especialização na França,
onde eu fiz toda a formação de cirurgia vascular mais sofisticada e a
endovascular.

Depois voltei ao Brasil e aqui eu sempre encontrava um questiona-


mento em relação a algo a mais que a gente pudesse fazer pelas pes-
soas para poder ajudar.

275
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

O francês é muito preocupado e procura os médicos no momento


certo, ele não espera o problema se agravar para procurar o atendi-
mento médico.

Com isso, você tem uma possibilidade maior de atender e ajudar o


paciente no momento oportuno. No momento mais favorável.

Quando você deixa o processo correr, procura tratamento sem orien-


tação. Exemplo: no passado as pessoas procuraram “curandeiros”, far-
mácias e orientação dos vizinhos, chegava ao hospital já estavam em
situações muito graves, a chegar ao ponto da amputação.

Isso vale para qualquer especialidade. E o meu questionamento é:


“por que que nós não temos uma forma de poder dar uma prevenção
para as pessoas enxergarem e as educarmos para que elas possam
precocemente procurar o médico num momento oportuno?”

Isso vai facilitar para a pessoa e também para o médico. O resultado


sempre será muito melhor.

Isso me chamou a atenção na parte de nutrologia, que eu comecei a


estudar e entender.

Por quê?

Nós precisamos do que para funcionar?

Vitaminas, minerais, aminoácidos, enzimas e hormônios. Se temos


tudo isso em quantidade correta, nós temos que funcionar adequada-
mente.

Nós fomos concebidos nesse princípio e o nosso metabolismo fun-


ciona de acordo com ele.

Conforme vamos perdendo essa capacidade, que pode ser por es-
tresse, por problemas de assimilação, por envelhecimento, ou por uma
qualidade inadequada do alimento.

Aliás, pois no mundo moderno, às vezes, você não consegue comer


exatamente como comia no passado. Com mudanças de hábitos e de
alimentação, que às vezes você não consegue comer de forma ade-

276
Capítulo 05 | Dr. Wilson Rondó Jr.

quada, exatamente o que se comia no passado.

Isso nos traz uma condição de praticidade por um lado, mas por outro
passamos a não ter a nutrição de que precisamos, passamos a ter uma
nutrição de subsistência, mas não uma nutrição de saúde.

Ou seja, nós não manifestamos doenças, mas não apresentamos um


boa condição de saúde.

Isso causa suscetibilidade às doenças, as pessoas vivem cansadas,


vivem com problemas em vários graus, aumento de peso, assustador e
cada vez mais, aumento de diabetes, Alzheimer, doença cardiovascular.

E por que não intervirmos no início disso, tentando educar e minimi-


zar essas consequências e até evitar o avanço de doenças?

Com esses questionamentos, eu passei a fazer nutrologia, fiz es-


pecialização, título de especialista, e hoje eu atuo basicamente nessa
área.

A gratificação.

É muito gratificante porque eu consigo orientar muitas pessoas a


atingirem uma proteção adequada, evitando ao máximo a cronicidade
de doenças e situações mais delicadas.

Isso conforta e realmente o resultado é muito bom.

É algo que todos precisamos estar atentos, que é cuidar da nossa


saúde. Deus nos deu saúde, vamos cuidar dela, é a base de tudo.

Outra coisa, nesse tempo que fiquei fora fazendo a parte de nutrolo-
gia, eu voltei para França, depois fui para a Alemanha, voltei ao Brasil e
fui para a Califórnia.

Eu tive uma oportunidade de enxergar o mundo de um outro


jeito.

Mesmo estando nos Estados Unidos, eu consegui frequentar e con-


viver com outros profissionais que atuavam nessa área, como os pro-
fessores Linus Pauling e Robert Atkins, que me mostraram ângulos

277
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

diferentes de abordagens do mesmo conceito nutricional para outras


patologias, isso me trouxe uma visão ampla, diferente dessa situação,
que me dá uma condição de poder oferecer algo para as pessoas, para
eu poder ajudar ao máximo os pacientes, com o máximo de conceitos
que eu possa estar usando nessa abordagem.

Eu tive a felicidade de conviver com grandes nomes da parte nutricio-


nal dos Estados Unidos, de pesquisa.

Eu ia muito atrás, eu era muito novo, e eles ficavam impressionados.

As pessoas ainda não estavam enxergando esses avanços, essas


modernidades.

Eles viam um “garoto” do Brasil interessado nisso, e isso me abriu


muitas portas.

Um contato com um grande professor me indicava para outro, e com


isso eu fui agregando informações, fui atrás de respostas que pudes-
sem dar garantia e segurança para uma caminhada mais sólida, po-
dendo oferecer o melhor ao próximo.

O medo.

Muitas pessoas acham que o câncer é o maior medo dos brasileiros.

Mas, na verdade, o maior medo das pessoas é a doença do Alzheimer.

O câncer vem na sequência.

Tanto uma situação quanto a outra, tem uma abordagem nutricional


importante e preventiva que não podemos ignorar.

Eu não tenho que pensar em tratar a doença, eu tenho que pensar


em tratar a saúde, para que a gente não tenha esse tipo de doença ou
outra qualquer.

Ou minimizar, ou retardar ao máximo o aparecimento dessa


doença.

Em relação ao câncer, algumas situações é possível reversão, é pos-

278
Capítulo 05 | Dr. Wilson Rondó Jr.

sível melhorar a qualidade de vida, retardar e até evitar o problema.

Mas, tudo isso, volta no ponto que mencionei no início: prevenção.

Quanto antes se fizer um acompanhamento médico, através de exa-


mes e de sequência de consultas médicas, mais possibilidade de des-
cobrir qualquer problema no início e aí as possibilidades de êxito são
maiores.

Quanto mais tempo passa, mais difícil vai se tornando, e isso é in-
questionável. Temos que ter ciência de que temos que enxergar a pre-
venção. É o único jeito.

O paradoxo da medicina convencional.

Como as pesquisas avançam muito em relação a medicações, o foco


acaba ficando nos remédios.

Quando você usa um remédio, o raciocínio é mais simplista: o que um


remédio pode fazer e qual o resultado que ele vai trazer.

Quando você fala de uma medicina nutricional, a nível de nutrologia,


você tem que entender que tem que ter uma somatória de componen-
tes, uma somatória de vitaminas e minerais, é um conjunto que faz a
célula funcionar, o organismo como um todo funcionar.

É como um relógio, não adianta eu pensar em apenas uma peça da


engrenagem do relógio, eu tenho que pensar no conjunto todo.

É o conjunto que vai fazer esse sistema ser eficiente.

E fica difícil fazer estudos duplo cegos comparativos só da Vitamina


C porque ela vai ter o seu efeito como carro-chefe, mas ela precisa de
outros componentes como o zinco e o selênio.

Se usamos só um parâmetro para medir o que nós, médicos, apren-


demos convencionalmente, aprendemos para medir remédios, só o re-
médio já faz efeito, não depende de zinco, selênio, magnésio, de nada.

É uma forma de avaliação, de protocolo, que não se encaixa quando


se avalia a parte nutricional.

279
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

A forma de se avaliar a parte nutricional é um pouco diferente.

Por que a medicina convencional faz assim?

Mas não é isso que a medicina convencional valoriza, ela acaba va-
lorizando, os tratamentos são baseados em cima de medicações e,
infelizmente é a forma como fomos educados e que vem perpetuando.

Tanto a radioterapia quanto a quimioterapia são as principais abor-


dagens por causa das investigações e dos estudos comparativos. Isso
traz uma garantia melhor e uma confiança maior na comunidade mé-
dica.

São estudos feitos diferentes do que se faz, por exemplo, com vita-
minas nos quais você não consegue fazer só com uma vitamina.

Todos eles são feitos com monoterapia.

Por isso não pode se pensar em suplementação de forma monoterá-


pica, só a vitamina C, só a vitamina E, só o ômega.

Não é isso. É um conjunto.

Linus Pauling, o professor do Dr. Rondó.

Eu uso a vitamina C nos pacientes que têm risco de câncer, e em to-


dos os outros também.

Para alguns casos específicos, não. Mas, na imensa maioria dos pa-
cientes, nós usamos vitamina C.

O próprio professor Linus Pauling usou muito tempo altíssimas doses


Vitamina C porque ele também teve câncer, e ele usou essa vitamina na
sua estratégia preventiva.

Eu a considero muito importante porque está mexendo com a imuni-


dade, nós temos que melhorar a imunidade para poder associar even-
tualmente certos tratamentos, para que eles possam fazer efeito.

Temos que ter um organismo em condições de receber qualquer


abordagem terapêutica, cirúrgica ou química, que possa somar e venha

280
Capítulo 05 | Dr. Wilson Rondó Jr.

trazer resultado.

Se o organismo não tem estrutura para receber esses tratamentos


fica complicado e vamos estar em muita desvantagem.

Eu tive a possibilidade de conviver com o professor Linus Pauling,


o único homem laureado duas vezes pelo prêmio Nobel, quase três
vezes, e eu acabei tendo a oportunidade de ficar um tempo com ele,
acompanhando seu trabalho, em Palo Alto, e suas pesquisas, tive con-
tato com alguns médicos de lá, convivemos em congressos e isso trou-
xe um vínculo e isso me abriu portas.

Realmente o trabalho de pesquisa é seríssimo, de ponta.

E tudo que é muito de ponta deixa dúvidas, choca porque é muito ino-
vador, e a luta dele em relação à vitamina C é importantíssima porque,
apesar de uma certa resistência, hoje é inquestionável a importância da
Vitamina C no destino da imunidade e na nossas condições de saúde.

Nós não produzimos vitamina C e precisamos de uma quantidade


mais significativa.

Você vê na própria Covid-19, tanto na China, na Itália quanto nos Es-


tados Unidos, vários protocolos estão sendo usados com altas doses
de vitamina C.

As pessoas estão usando muito. Aumentou 180% o consumo de vita-


mina C no Brasil, imagine fora.

Estão realmente fazendo uso e dando valor para esse tipo de produ-
to, especialmente nesse momento da Covid-19.

A vitamina C faz isso pela sua saúde

Mas ela é eficiente em várias condições imunológicas, prevenção de


infecções, viroses e até para prevenir o próprio envelhecimento, dando
mais energia e qualidade de vida, pois impacta diretamente na produ-
ção do colágeno.

De forma geral, ela é fundamental, é o principal antioxidante que te-


mos a nível hidrossolúvel.

281
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

É fundamental para termos saúde.

Os animais produzem vitamina C, nós, os macacos e certos morce-


gos não produzem vitamina C.

Há 60 milhões de anos, na época glacial, houve uma desnaturação e


nós passamos a não ter mais um gene que produz a vitamina C.

Todos os mamíferos produzem a vitamina C, e nós perdemos essa


capacidade.

Só que, na época primitiva, o homem tinha uma alimentação mais


rica em alimentos que continham a vitamina C.

Em um mundo moderno não temos essa alimentação, os solos estão


esfoliados e certos alimentos que tem vitamina C vão estar deficientes.

E, com isso, passamos a não ter um nível adequado dessa vitamina,


e isso se reflete em outros nutrientes, o que nos predispõem a mais
doenças.

Hoje, suplementação de vitamina C é um nível baixo, entre 60 e 95


mg/dia.

Isso são condições para evitar escorbuto, que é a deficiência séria de


vitamina C, com sangramentos, algo que dizimou muitos navegantes.

A dosagem mais baixa vai fazer o mínimo, evitando doenças.

Mas temos que entender que precisamos dessa vitamina em dosa-


gens mais altas para usar como proteção anti-inflamatória, antioxi-
dante, estimulante imunológico e, para isso, frente à tamanha agres-
são que vivemos no mundo moderno: são campos eletromagnéticos,
erro alimentar, pesticidas, herbicidas, excesso de metais tóxicos, uma
série de agressores com que estamos convivendo.

Se aumentamos as agressões, precisamos aumentar também a nos-


sa defesa antioxidante. Então precisamos de uma dosagem maior de
vitamina C.

Tanto o professor Linus Pauling, como todos os estudos da parte nu-

282
Capítulo 05 | Dr. Wilson Rondó Jr.

tricional mostram que a vitamina C pode ser útil em todos os proble-


mas bioquímicos, com doenças mais agressivas, mais sérias, porque
todas vão gerar processos oxidativos, inflamatórios e muitas vão gerar
citocinas inflamatórias, como estamos vendo na Covid-19.

Não é apenas para o câncer, mas também.

Precisamos entender a bioquímica do corpo humano e não pensar


em doenças isoladas. Entender é igual.

Nós somos praticamente iguais, com certas variações e deficiências


genéticas ou de produção de algumas enzimas.

Mas a “máquina humana” funciona com o mesmo princípio, respei-


tando um ciclo bioquímico, e isso tudo tem que ser alimentado corre-
tamente para que essa engrenagem funcione bem.

Vitamina C e câncer.

A vitamina C pode ser utilizada como abordagem coadjuvante de


qualquer patologia, especialmente do câncer, pois estará diretamente
estimulando o sistema imunológico.

Se melhora o sistema imunológico, melhoram suas defesas frente a


um agressor, como é o caso de uma célula cancerosa.

Quando alguém tem um familiar com câncer, nós vamos entender


essa bioquímica, e é bem provável que será usada a vitamina C.

Há pouquíssimos casos em que não podemos usá-la, por exemplo,


pessoas com sensibilidade à vitamina C por um problema genético.

Fora essa condição, eu sempre indico vitamina C em uma dosagem


significativa.

Não dá para fazer uma medicina em massa.

Todos precisamos de acompanhamento médico.

Somos individuais, com necessidades individuais, então temos que


tratar as pessoas com uma bioquímica dessa pessoa, com todo respei-

283
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

to e toda personalidade e individualidade, aí sim temos uma condição


maior de ajudar essa máquina a ficar mais preparada para não só ven-
cer esse problema, mas eventualmente associar outras terapêuticas,
nas quais as próprias vitaminas podem dar um suporte para que a me-
dicação tenha um resultado melhor, é um trabalho de somatória para
que se tenha o êxito desejado.

Não só a vitamina C, mas outros elementos nutricionais ajudam


melhorando a função da quimioterapia ou qualquer outro tratamen-
to que tenha sido orientado pelo oncologista, eles elementos vão dar
condições para que não se criem outras situações adversas que pos-
sam comprometer o tratamento terapêutico preconizado, dando um
suporte melhor para que não se desenvolvam efeitos indesejáveis à
medicação.

É algo que vem somando e protegendo e dando as melhores con-


dições possíveis à célula para que ela possa se virar adequadamente,
reagir adequadamente a essa situação de estresse oxidativo, a essa
agressão toda.

Se eu uso uma estratégia oxidante, na qual a vitamina C é um ele-


mento bem importante, eu posso diminuir a exacerbação, agressão do
problema da doença fazendo com que a própria medicação associada
principal possa ter um efeito mais rápido e mais eficiente.

Por que não produzimos vitamina C.

Nós não produzimos a vitamina C como produzíamos há 60 milhões


de anos, perdemos essa capacidade.

Até então todos os mamíferos a produziam.

O que aconteceu é que o macaco, o homem e o morcego frutífero não


produzem a vitamina C, perderam essa capacidade. Com isso precisa-
mos de suplementação.

No passado tínhamos uma alimentação mais rica, conseguíamos ter


essa vitamina C.

Hoje, não. Pelos erros alimentares, pela deficiência nutricional do


solo esfoliado e pelo hábito alimentar inadequado, que nós acabamos

284
Capítulo 05 | Dr. Wilson Rondó Jr.

adotando na modernidade pela simplicidade e praticidade, mas que fa-


zem com que percamos muitos nutrientes.

Mas nós precisamos fazer reposição.

Por definição, nós não produzimos vitaminas, nós temos que absor-
ver essas vitaminas.

Os animais, como o cachorro e a cabra, produzem, por dia, cerca de


20g de vitamina C.

Em situações de inflamação, de agressão e estresse, eles chegam a


produzir 100g, 120g de vitamina C por dia, para compensar a deficiên-
cia.

O próprio animal tem uma estratégia para gerar a vitamina C.

Nós não temos, então é muito importante que passemos a usar es-
sas vitaminas de forma correta.

Você vai usá-las orientado pelo seu médico. Para a vitamina C não
te causar um processo oxidativo, pois é antioxidante até certo nível,
depois de uma certa dosagem ela pode ser pró-oxidante.

Se você está numa condição normal e aumenta muito a vitamina C,


não adianta, porque você vai apresentar uma intolerância e ter uma
diarreia, porque a dosagem já passou. A dosagem é abaixo desse nível
de reação intestinal, de expulsão.

Esse é um parâmetro simples para saber se a dosagem está correta.

Independente disso, é seu médico que te vai orientar, ele provavel-


mente vai associar outros minerais, outras vitaminas para que se crie
essa estratégia bioquímica favorável para ter um resultado favorável a
sua saúde.

Derrubando o mito da carne vermelha.

Em relação ao consumo de carne vermelha ligado ao câncer, recen-


temente, no fim de 2019, foi publicado um artigo muito grande, que
englobava estudos com 55 populações do planeta, feitos por 13 pes-

285
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

quisadores importantes do Canadá, com vínculos em vários pontos do


planeta.

O que se concluiu com a amostragem jamais vista — 6 milhões de


pessoas — é que a carne vermelha e até os embutidos não estavam
correlacionados com o aumento de incidência de câncer em quem con-
sumia esse tipo de proteína, comparado com quem não consumia.

Isso ficou muito claro, e houve até uma resistência da comunidade


médica porque todo mundo já acreditava que não era bem assim.

Ciência é isso.

Temos que respeitar o que os estudos mostram, esse estudo é sério


e importante.

Estudos sérios nos dão norte, esse é o lema. Nós precisamos respei-
tar o que a ciência mostra de sério.

São essas experiências que nos fazem cada vez mais criar algo mais
seguro e mais terapêutico para todos nós. Então o caminho é esse.

Hoje, não há correlação alguma entre o consumo de carne e risco


aumentado de câncer.

Carne para quem foi diagnosticado


.
A princípio todos podem comer carne vermelha, há raríssimas ex-
ceções por excesso de ferro, ou alguma condição específica. Nestes
casos, pode haver uma restrição.

Deve ser respeitada a individualidade de todas as pessoas. Mas eu


garanto que é muito raro.

Não ainda a gente querer massificar. Temos que tratar cada um indi-
vidualmente.

Precisamos afinar a “máquina” de cada no sentido de que ela possa


receber o melhor alimento e ter o melhor resultado terapêutico.

A alimentação anticâncer

286
Capítulo 05 | Dr. Wilson Rondó Jr.

Se nós temos uma alimentação boa, nosso corpo foi feito para ter
esses nutrientes.

Analisando a carne vermelha, nutrientes extremamente ricos e anti-


-inflamatórios, especialmente a carne do animal a pasto, quando você
pega animais que são ricos em ômega 3 especialmente, que é um po-
tente anti-inflamatório.

E isso está ligado a uma defesa muito significativa, também em re-


lação ao câncer.

Agora se você consome proteína de animais criados confinados,


cheio de ração, milho, soja etc., você cria um animal rico em ômega
6, que é pró-inflamatório e aumenta citoquinas, a reação desfavorável
oxidativa, que está ligada ao câncer.

É importante ter uma alimentação com mais ômega 3 e menos ôme-


ga 6.

No mundo moderno, onde mais se tem ômega 3 nos alimentos é no


gado criado a pasto. O Brasil é riquíssimo em carnes de animais criados
a pasto.

Nós fomos educados pensando que o salmão fosse o melhor alimen-


to para ter ômega 3, aliás, no passado era, mas como hoje há fazendas
de confinamento para criação de salmão, eles também recebem milho
e soja.
A não ser que seja o salmão do Alasca, ou salmão selvagem.

Mais uma vitamina que afasta tumor.

Todas as vitaminas, por exemplo, a vitamina A têm uma importância


muito grande na prevenção de câncer de pele, de pâncreas, entre ou-
tros.

Não podemos especificar.

Nós temos que ter um perfil das deficiências de cada um e otimi-


zar ao máximo o nível nutricional para que essa pessoa possa reagir
adequadamente aos desafios, tendo uma estrutura para ter a resposta
terapêutica correta.

287
PARTE iii | Vitaminas e Suplementos

Nós fomos feitos para nos autorreparar.

Se temos o nível nutricional adequado, temos tudo para reagir aos


agressores.

No momento que você não tem o nível adequado dos nutrientes, abre
brechas e vai predispondo condições inflamatórias, oxidativas, que vão
abrindo as portas para doenças de todo tipo.

No próprio câncer de pele, o uso de vitamina A em altas doses, —


isso tudo depende da orientação do seu médico —, mas há estudos
muito sérios mostrando uma redução de quase 78% do risco do câncer
nos que faziam uso dessa vitamina numa dosagem bem significativa.

Esse é apenas um estudo.

É motivador saber que podemos contar com a vitamina A também


nessa estratégia.

Eu sou muito empolgado porque acho que todas as vitaminas têm a


sua resposta, essa somatória, tem parcela importante nessa resposta
terapêutica.

Vitamina A na gordura que falaram para você não comer.

Nós estamos há 70 anos evitando o consumo de gorduras boas, e


a manteiga especialmente de animais criados a pasto, que comem
capim, vai ter uma quantidade de ômega 3, vitamina A e uma série
de elementos que têm um efeito protetor não só para o câncer, mas
para todas as condições de saúde, trazendo um desenvolvimento para
criança e melhora do sistema imunológico.

É algo que tem que ser adotado e reequilibrado na nossa alimenta-


ção.

As pessoas precisam dar o valor real para esse alimento.

Eu vejo cada vez mais as pessoas em busca da manteiga certa.

Já ouviu falar da graviola?

288
Capítulo 05 | Dr. Wilson Rondó Jr.

Nós nunca ouvimos falar aqui no Brasil, mas usa-se há muitos anos
nos EUA, dosagens altas de graviola para o combate ao câncer.

Eu vejo, com frequência, no meu universo acabo vendo mais, que é


algo que realmente traz resultados.

Há estudos muito interessantes feitos sobre sua capacidade de inibi-


ção de desenvolvimento de tumores prostáticos.

O quanto você está estressado.

Um grande fator que influencia todo tipo de doença, inclusive o cân-


cer, é o estresse. Estamos vivendo em alto grau de estresse.

O desafio é muito importante.

Se você pega populações com alto grau de estresse e compara com


populações que levam a vida de forma mais equilibrada, realmente va-
mos ter uma maior porcentagem de aparecimento de condições favo-
ráveis, inclusive o câncer, nessas população estressada.

Diversas técnicas devem ser usadas, não só uma alimentação an-


tiestresse oxidativo, que gera doenças e são um aporte adequado de
suas vitaminas e de acordo com sua condição nutricional, mas também
atividade física, hobbies, mindfulness, são situações que se somam
dando um suporte melhor para que você conviva com esses desafios,
porque o estresse está ali, e não vai sumir.

Simplesmente temos que aumentar nossas defesas para fazer fren-


te a essas agressões, aí sim teremos uma condição melhor de passar-
mos ilesos a qualquer problema.

289
TRATAMENTOS
PELO MUNDO
PARTE IV
Dr. Peter Liu

PHD em Física e especialista em


medicina chinesa na Universida-
de Harbin, na China. Foi professor
convidado da Universidade Federal
de Pernambuco. Há 20 anos, trata
condições como diabetes, pressão
alta, dores crônicas, depressão e
câncer com técnicas de acupuntura,
auriculoterapia, psicoacupuntura,
acupuntura na língua, alinhamento
da coluna, equilíbrio da energia do
corpo e fitoterapia.
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

As lições da medicina chinesa para vencer o câncer

“O câncer é muito novo, esse conceito de mudança genética,


e que inicialmente a pessoa fala que não tem cura e
que o povo tem muito medo, principalmente o povo idoso,
como se fosse câncer uma condenação de morte”

Dr. Peter Liu

Quem é Peter Liu.


Minha história inicial, na faculdade na China, inicialmente minha for-
mação é física, depois entrei na medicina chinesa. A diferença é de um
ano.

Quando entrei na faculdade, eu tinha 16 anos. E aquilo, para mim, era


muito fácil.

Estudei o segundo grau também sozinho, aos 10 anos comecei a es-


tudar sozinho. E aí eu comecei a fazer duas faculdades. Me formei em
uma e depois me formei em outra.
O medo.

No câncer, inicialmente as pessoas falam que não tem cura. E sim,


todas as pessoas, principalmente as idosas, têm bastante medo. Sem-
pre tem essa ideia de que câncer é uma condenação de morte. Todo
mundo pensa isso, mas na China esse medo é bem menor do que aqui
no Brasil.

A China incentiva muito a prevenção.

No hospital, na minha cidade tem mais de cem leitos no hospital, mas


aquela cidade tem muita população, na China todo lugar tem. O hospi-
tal é grande, mas os leitos normalmente estão vazios.

Chineses fazem muita prevenção. Todo mundo faz exercício. E há


muitas histórias de superação. Tem pessoas famosas com cura de

292
Capítulo 01 | Dr. Peter Liu

câncer.

Pela alimentação, pelo próprio método, sempre tem.


Na TV, a gente já via as pessoas famosas que superaram o
câncer.

É normal, na China, que a pessoa tenha uma percepção de doença e


saúde, que é sua responsabilidade.

Normalmente não tem aquela vítima, alguém tem que cuidar, alguém
tem que me curar.

Os chineses têm uma percepção, uma consciência de que saúde é


sua responsabilidade. Quando vem a doença, ele sente algo como: “O
que eu fiz errado? O que eu falhei?”
A primeira coisa é uma reflexão. Depois a pessoa começa a
correr para trás.

Começa a investigar o que fez de errado, o que pode mudar e o que


melhorar na situação.

Então, tem uma busca grande. No hospital chinês, quando você en-
tra, o lado esquerdo é ocidental, o lado direito é medicina chinesa.

No caso do câncer, a pessoa já consulta dois médicos. Ou uma equipe.

A gente pergunta: “tem uma crise emocional? O que aconteceu?” A


gente pergunta de um ano, o que aconteceu no passado até uns cinco
anos. “Tem algo que aconteceu? O que aconteceu nesse tempo?”

A pessoa pode falar que: “ah, separei, a empresa, brigou com família
ou então meu filho viajou, saiu de casa.”

Sempre tem esses conflitos emocionais. Então a medicina chinesa


trata muito disso, começa a tratar a mente, limpar a mente e começa a
fazer o tratamento pela medicina fitoterápica, de ervas.

Na medicina chinesa, a questão do câncer é mais visualizada como


saúde.

293
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

Prevenção. Muitas situações de câncer, a medicina chinesa vê como


emoções. Cada emoção pode causar uma deficiência de energia de
cada órgão.
As causas que a medicina chinesa enxerga.

As pessoas que sofrem muita rejeição podem desencadear câncer de


mama, por exemplo. O relacionamento com a mãe, com o filho pode se
relacionar a câncer de ovário, de útero.

Se a pessoa fica muito nervosa emocionalmente, pode criar proble-


ma no fígado e assim por diante.

Intestino é mágoa, o rim é medo, pulmão é tristeza, coração é euforia.


São essas emoções que podem causar problemas nos órgãos, no orga-
nismo. Essa é uma visão geral da medicina chinesa.

A medicina ocidental tem pouco tempo, cem anos. A medicina chi-


nesa tem mais de cinco mil anos. Mas a medicina ocidental é muita
avançada pela ciência, pela pesquisa.
O certo é conciliar os dois.

A visão da medicina chinesa vê uma pessoa no geral.

Eu tratei muitas pessoas, e as pessoas viveram muito mais tempo,


mais que a média da quimioterapia.

E a pessoa não morreu de câncer, morreu de outras doenças. Eu te-


nho pacientes que continuaram vivendo 10, 20 anos sem tratamento
de quimio e radio.

Só que, todavia, é difícil estabelecer um protocolo porque não há pro-


va científica. Mas eu digo, a ciência de biologia, é uma ciência sempre
atualizada, a ciência não é uma coisa fixa.

Todo dia pode surgir um novo tratamento. Principalmente, por exem-


plo, a imunoterapia.

Se você pensar em alguns anos atrás, ninguém conhecia. Hoje se tor-

294
Capítulo 01 | Dr. Peter Liu

nou muito eficiente, que não é a quimioterapia, não é a radio.

Então, podem surgir muitos outros tipos de tratamento com o tempo


conforme o conhecimento evolui. Essa é uma ciência biológica.

Quando a pessoa é avisada do diagnóstico de câncer, eu acho que a


primeira coisa que você precisa fazer é uma limpeza de listas dos seus
alimentos.
Sua ex lista de compras.

Quando você recebe o diagnóstico de câncer, a primeira coisa, o pri-


meiro fator é que você tem que eliminar os alimentos inflamatórios,
que inflamam você. O que aumenta a glicemia, o que inflama.

Então, a primeira lista, são três coisas que você pode tirar, primeiro é
açúcar branco, açúcar, pode ser mel também, açúcar mascavo, ensejos
de carboidratos, tudo isso.

Enfim, se tem glicemia, ele inflama o endotélio, o tecido que forra as


vias, tanto vias venosas, como artérias, a circulação inteira fica preju-
dicada por esse excesso de glicemia e aí diminui a oxigenação. Então,
essa é a primeira coisa que você precisa eliminar.

O segundo produto que inflama seria o leite e derivados, nessa parte


tanto caseína, quanto lactose. Lactose é açúcar também, então isso
aumenta o muco do intestino.

Aumenta a permeabilidade, aumenta a inflamação. Isso você já elimi-


na e pode se sentir muito melhor.

O terceiro que eu eliminaria são os embutidos. Linguiça, salsicha, tudo


isso que tem nitratos, que, segundo a OMS, a Organização Mundial de
Saúde, podem causar câncer.

Então já é comprovado em muitas pesquisas. Essa limpeza você pre-


cisa em uma primeira fase.
Como identificar o inimigo.

A segunda coisa para enfrentar o câncer é ouvir o inimigo. Algumas

295
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

células viraram célula inimiga, viraram câncer.

A primeira coisa que você tem que entender é que o seu corpo preci-
sa identificar esses inimigos. Precisa melhorar o sistema imunológico.
Onde estão as células imunológicas? 80% de defesa está no intestino.

A primeira coisa que você precisa melhorar é a flora intestinal, o bio-


ma do intestino.

Começam os probióticos. Você precisa ter o seu sistema de defesa


perfeito, precisa limpar essas células.

Quando cria uma célula defeituosa, ela tem que ser limpada. Por que
não limpou?

Pode haver estresse, pode haver excesso de cansaço ou então falta


de algumas vitaminas.

Então, primeiro você já limpou seu organismo, depois você tem que
aumentar a sua imunidade, são probióticos: iogurte, Yakult, os lactoba-
cilos, tem várias marcas no mercado.
Você precisa fazer a sua defesa.

Aí depois vem a alimentação. A alimentação tem que ter menos pro-


teína animal, que também aumenta a inflamação, você deve seguir
quase uma dieta vegetariana.

Isso aumenta muito a sua imunidade, aumenta a defesa nessa hora.

Seu organismo precisa se defender. É a mesma recomendação de


quem faz cirurgia.

Na pós-cirúrgica, para recuperação melhor, você evita essas proteí-


nas oxidáveis, frutos do mar, carne, frango e tenta adotar mais proteína
vegetal. Feijão e os legumes, mais fibra.

Nessa hora, você se alimenta a partir de fibras. Tem cogumelo, exis-


te uma classe de alimentos chamados prébióticos, que alimentam as
boas bactérias.

296
Capítulo 01 | Dr. Peter Liu

As frutas, as fibras. Então, nessa situação e também comece a ali-


mentar aquilo que estimula a imunidade. Tem o chá de graviola, inha-
me, vitamina C, suco de laranja, limão. E também tem suplementos.

Você tem que pensar, você já fez limpeza, já mudou sua dieta, já au-
mentou sua imunidade.

O que pode faltar?

Pode faltar algum micronutriente. Pode faltar selênio, pode faltar


iodo, pode faltar magnésio, pode faltar vitamina C, vitamina E, vitamina
D.

Tudo nessa estrutura de suplementos. Nosso alimento hoje em dia é


mais pobre, há monocultura, repetição, e a terra fica muito pobre.

Alimento seria nosso remédio, mas hoje infelizmente, você precisa


começar a procurar os suplementos para suprimir essas nutrições que
estão faltando dentro de você.
Cogumelos anticâncer.

Cogumelos contra o câncer, desses que são mais comuns aqui no


Brasil, a gente encontra champignon, shimeji e shitake. Pelas pesqui-
sas, o que é mais forte, como aliado anticâncer, é o shitake.

O segundo é o shimeji, champignon já não tem tanto efeito.

E, nessas pesquisas, mostra-se que o shitake, como todos os cogu-


melos, é um fungo, é um decompositor.

Então ele é como fosse uma multivitamina.

O próprio cogumelo como se fosse um complexo de minerais, de


aminoácidos e de vitaminas. Para vegetarianos, principalmente, o co-
gumelo é o melhor alimento depois do ovo.

Claro que depende de onde nasce esse cogumelo, estou falando mais
de cogumelo silvestre, os cultivos talvez possam diminuir a contenção
de nutrientes, mas normalmente, como eles são decompositores, eles
são um complexo.

297
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

O shikate é praticamente um complexo de vitaminas e aminoá-


cidos e minerais.
O número um é o shitake.

A cúrcuma é usada muito na culinária, é o açafrão, na China. É um


agente anti-inflamatório.

No câncer, você pode ver o processo de inflamação, pode ver um pro-


cesso de intoxicação. Toda célula foi oxidada.

Cada pessoa pode ter mil células oxidadas, danificadas. Uma dessas
pode danificar DNA.

Quando o DNA foi modificado, ele pode se tornar outro tipo de célula
e aí começa a criar, a se agrupar em células de câncer. Mas essa célula,
normalmente, quando você tem um sistema imune intacto, perfeito,
você a elimina.
A cúrcuma elimina principalmente essa parte de inflamação.

A China usa muito a cúrcuma junto com curry. Tem pesquisas que
mostram que a cúrcuma em si tem uma quantidade muito baixa de
absorção, mas associada ela tem maior valor. Eu recomendo cúrcuma
com gengibre, metade gengibre, metade cúrcuma, você faz suco, faz
chá ou põe no tempero.

Ou então, quando a cúrcuma é combinada com outras pimentas,


pimenta vermelha, tem o gengibre, tem alguns tipos de pimenta que
ficam no curry.

Quando você vê a composição do curry, ele aumenta muito a absor-


ção da cúrcuma. E aí, quando a pessoa tem dor, a gente, quando olha
a culinária, normalmente você tem dor e eu faço conserva de cúrcuma
com gengibre, você fatia os dois, as raízes que são parecidas e coloca
vinagre de maçã.

Normalmente, eu recomendo comer duas fatias de cada por dia, você


come no almoço ou na janta. Esse efeito anti-inflamatório é muito for-
te. Você já pode sentir alívio das dores.

298
Capítulo 01 | Dr. Peter Liu

Apoio no tratamento convencional.

Normalmente, quem tem câncer tem muitas dores. A acupuntura e


a cúrcuma vão dar um auxílio para que, mesmo quem fizer a quimio,
quem fizer a radioterapia, tenha um bem-estar muito grande.

A principal preocupação quando a gente faz quimio e a hemoglobina


cai muito, é que precisa interromper esse processo.

Quem usa a cúrcuma, quem trata com acupuntura são pacientes que
têm essa queda recompensada porque você acelera essa função de
medula. E, nessa parte, o paciente tem um bem-estar e não precisa
interromper o processo de quimio.

Quando você vê o paciente que trata com medicina chinesa, com


acupuntura, quando você vê a fila para a quimioterapia, as pessoas
percebem que parece que ele não está no lugar certo.
Não parece paciente de quimio.

Tem mais vigor, parece mais forte, menos abatido. A pessoa apre-
senta mais saúde, mais disposição. Eu vejo meus pacientes, eles têm
uma disposição bem melhor e sentem menos dor.

O chá verde a gente usa concentrado, é o chamado tianina, que é


como se fosse um estimulante, mas é diferente da cafeína.

A cafeína é um estimulante contínuo, a tianina é um modulador, en-


tão ela é antidepressiva, ela não provoca falta de sono.

Pode tomar chá verde à noite também. Pode tomar bastante e con-
tinuar a ter um sono bom. Ele tem um modulador das emoções, não é
um estimulante.

Ele também tem efeito antidepressivo.

Seu nome científico é Camellia Sinenis.

Diz a lenda, que o imperador estava no jardim interior, estava toman-


do água e a deixou lá embaixo da árvore.

299
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

E caíram algumas folhas. E depois ele viu aquela água meio amarela
ou verde, meio hipnotizante, ele achava que tinha mudado alguma coi-
sa. Ele tomou e ficou muito gostoso.

Dizem que o chá começou por aí. Ele pegava aquelas folhas peque-
nas, colocava na água e tomava.

Depois descobriu-se que o chá verde pode abaixar a glicemia e tam-


bém pode diminuir o colesterol e o triglicérides.

O chá verde acalma a pessoa, tem efeito antidepressivo e é diurético


também.

Então, tem um efeito de limpar o sangue, além de ser diurético. Quem


tem diabetes percebe a diferença quando toma chá.

E o câncer, o alimento de câncer é açúcar, a glicemia dentro do sangue.


Quando você toma chá, ele também tem efeito de baixar essa glicemia.

Quando você tira excesso de glicemia circulante, você alimenta me-


nos células de câncer.
Sem câncer e com 93 anos.

Tenho uma paciente que vai fazer 93 anos. Eu ia todos os anos no


aniversário dela. Ela mora no interior de São Paulo. E quando eu a aten-
dia junto com o marido, os dois tinham câncer de estômago.

E ela também já tinha metástase na medula e, naquela época, 18


anos atrás já tinha diagnosticado o câncer, já tinha todos os sinais.

Só que a família não contou para ela. Simplesmente não a avisaram.


Tratavam-na como se ela não tivesse nada.

E o marido tinha se tratado há mais de 10 anos. E ele faleceu em


decorrência de uma cirurgia. Fez uma cirurgia e depois faleceu, não em
decorrência de câncer.

E essa senhora continua viva. Ultimamente, a gente vê que ela está


superforte. De todo aniversário a gente participava.

300
Capítulo 01 | Dr. Peter Liu

Mas ela vive supernormal. Como uma pessoa normal.

Ela não sabe, mas continua trabalhando, fazendo exercício e sua pró-
pria comida, ela vive com a família. Leva uma vida normal.

Dependendo muito do conhecimento da pessoa — se ela sabe ou


não que está doente — pode piorar muito esse medo, ou ela pode ficar
mais forte.

Isso é muito diferente.

Eu atendi uma paciente que tinha câncer de mama com uma metás-
tase na medula também. Não tinha como tratar. O médico descartou a
quimio, a radio e a cirurgia. Essa senhora tinha 60 anos.

Ela viveu mais dez anos. Nesse tempo, ela morreu de embolia pul-
monar. Então não foi em decorrência de câncer de mama.

Ela tinha diabetes e hipertensão. Só que, durante todo esse tempo, o


câncer não a matou.

Inclusive nunca estudou, mas ela tinha um sonho de escrever um li-


vro. E a rádio, em Jundiaí, de repente, fez um concurso para patrocinar
alguém que quisesse escrever um livro.

Ela se inscreveu e publicou o livro dela. Um conto, um conto pequeno,


e o lançamento foi uma grande alegria.

A pessoa consegue realizar um sonho.

É um livrinho, um conto para criança. É uma história para criança,


muito legal.

Essa senhora sabia da doença dela.

Quando o médico falou que não tinha mais jeito, ela partiu para a luta.
Já que o câncer não vai me matar, então eu vou eliminar as células de
câncer.

Isso foi mais uma motivação. E ficou mais marcante, mais forte.

301
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

Isso depende muito da pessoa, da psicologia da pessoa, da história


da pessoa. A pessoa pode ficar com a sensação de derrotada, de re-
pente, se entrega.

Outros podem ser mais fortes. Tem que olhar a história da pessoa.
Um recado para quem foi diagnosticado.

Eu diria o seguinte: se você acabou de ser diagnosticado com câncer,


você tem que olhá-lo como um papel branco com um mancha pequena.

Você não vai se concentrar só nessa mancha. Você vai se concentrar


no resto. Eu só tenho 1% de célula modificada, e os 99% das células são
sadias. É uma luta.

Você tem que torcer para você, então não tenha medo. Já que veio,
vamos brigar. Não pode falar assim: “ah, apareceu o câncer” e se en-
tregar.

É como um jogo de futebol. Por mais que você não conheça o time
adversário. O brasileiro não torce para a Argentina. Você torce para o
Brasil. É impossível você torcer para o inimigo. É uma ética. Você torce
para o adversário? Não.

Você é Flamengo, você não torce para o Fluminense. Você é Palmei-


ras, não torce para o Corinthians.

Isso não tem razão, mas, sem querer, muita gente começa a torcer
para o câncer. Você vê um pontinho e já pensa: “ah esse pontinho vai
me matar”.

Como assim? Como você sabe? Isso não começou ainda.

É uma luta, é uma guerra. Como é que você sabe que não vai derrotar
esse câncer? “Ah, mas a estatística mostra”.
Você não é estatística.

Eu queria muito que você lesse esse livro do autor David Servan-S-
chreiber, um francês que trabalha nos Estados Unidos, ele teve câncer
no cérebro.

302
Capítulo 01 | Dr. Peter Liu

A estatística diz que são seis meses de vida para este câncer.

Só que ele partiu para a luta porque tinha um professor na mesma


faculdade, em Petersburg, na Universidade de Petersburg, que não era
da medicina, mas também tinha outro tipo de câncer muito grave com
previsão de seis anos de vida e ele viveu 25 anos.

Isso fez com que ele ficasse muito inspirado e dissesse: “eu também.
Eu também vou superar isso.”

E ele partiu para a luta.

Durante todo esse tempo. Eu não sei exatamente quanto tempo


mais ele viveu, se mais 16 anos ou mais 20 anos.

Eu sei que ele morreu recentemente, mas ele superou muito mais do
que a expectativa estatística de seis meses.
Você não é estatística. Você é indivíduo. Você consegue.

É caso a caso. No caso dele, ele partiu para a luta. Ele começou a
aprender meditação, começou a tratar com acupuntura, ervas.

Ele chegou a conhecer o Dalai Lama, foi para a Índia. Começou a pes-
quisar cogumelo, cúrcuma. Esse livro se chama Anticâncer.

Então, antes de você começar a torcer para o inimigo: “vou jogar com
a Argentina, a gente vai perder”. Como você sabe?

Gente, nem começou o jogo ainda.

O objetivo do câncer é hospedar, reproduzir suas células dele dentro


de você. Ele não tem o objetivo de te matar.

Então, você tem que entender que, se o câncer fosse inteligente, ele
não tentaria matar o hospedeiro.

O câncer é um grupo de jogadores que está sem camisa. Então você


não sabe de que time ele é. Não sabe classificar.

Ele estragou a camisa. Está pelado. Ele são as pessoas sem time, se

303
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

espalhando por todo lugar.

Mas ele jamais pensa. O jogador não quer explodir o estádio. O cân-
cer, no primeiro pensamento, não vai destruir você porque assim ele
também morre.

Você já viu algum pirata que entra em um navio e explode o navio?

O pirata quer roubar o dinheiro, o tesouro, coisas valiosas.


O câncer, em seu objetivo é fazer sua colônia crescer.

Ele acha que é uma supercélula. Sem camisa, ele fala: “agora eu sou
Deus. Eu posso fazer o que quiser”, mas jamais pensa: “ah, estou den-
tro do Zé. O que eu vou fazer? Matar o Zé o mais rápido possível. Quero
matar o Zé, agora consegui”.

A célula começa a se multiplicar, ela quer sobreviver. Ela puxa sua


circulação, a angiogênese, puxa seu oxigênio, puxa seu açúcar. Ela se
alimenta de você.

Ela quer crescer dentro de você. Ele não quer matar o Zé, porque ele
vai morrer junto.

Ele pareceu, é uma modificação, mas ele quer crescer.


Agora, você tem que matar o câncer.

Você que não pode deixá-lo crescer. Esse é um pensamento lógico.

Então lembre-se que o jogo não começou, leia o livro Anticâncer. Para
você entender e se inspirar na história de sucesso dele.

Ele viveu mais de 30 vezes além que os seis meses previstos pelos
médicos.

Tenha esse pensamento. Você pode viver, se você sabe que tem cân-
cer comece a pensar: “o que eu posso viver daqui para frente?”.

Muita gente falou que aprendeu muito vivendo, viveu muito a vida.

304
Capítulo 01 | Dr. Peter Liu

Acordou para a vida, quando soube do câncer.

Então é sua chance.

Não é sua chance de morrer. Morrer todo mundo vai morrer. Essa é a
única certeza que a gente tem.

Agora é a chance de acordar, de mudar, de viver para valer. E ver como


você vai viver mais a vida nesse tempo.

Como eu posso viver melhor? E partir para a luta. Quando você luta,
você aprende, você cresce. Corpo todo mundo vai entregar. Mas sua
alma certamente vai ficar muito melhor.

Não é como se o câncer fosse um inimigo invencível, é um demônio,


um demolidor. Você parte para a luta.

305
Dr. Anderson Moreira

Médico de família, reumatologista,


acupunturista e especialista em
Ayurveda pelo Arya Vaidya Phra-
macy, tradicional escola de Ayurve-
da do sul da Índia. Mestre e doutor
em Saúde Coletiva pelo Instituto de
Medicina Social da UERJ.
Capítulo 02 | Dr. Anderson Moreira

Os aprendizados da medicina indiana no adoecimento

“O mais difícil é você convencer um paciente oncológico que


a meditação é um tratamento para ele”

Dr. Aderson Moreira da Rocha

Visão indiana do adoecimento.

A ayurveda tem toda uma visão peculiar desse adoecimento. Porque,


primeiro, ele separa as pessoas em biotipos, biotipos corporais.

Esses biotipos corporais estão ligados ao cinco elementos da natu-


reza.

Segundo essa visão indiada, existem cinco elementos que formam


todo o universo: que é o elemento espaço (éter), o elemento ar, o ele-
mento fogo, o elemento água e o elemento terra.

Esses cinco elementos formam tudo no universo. Inclusive o nosso


corpo físico.

E eles formam biótipos corporais. Então eles se somam dois a dois e


formam os biotipos.

Ar e espaço formam biotipo vata, que tem característica de ar e es-


paço.

Ou seja, é magro, é leve, é frio, é seco, é áspero… gera movimento.

Já fogo e água formam biotipo pitta, que tem característica desse


alimento.

Então pitta é quente, é penetrante, ele é médio (nem pesado e nem


leve), ele tem qualidades de ser um pouco oleoso. Por causa do ele-
mento água.

307
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

Então os biotipos têm características dos elementos que estão por


trás deles.

O biotipo kapha, que é o terceiro biotipo tem água e terra. Água e


terra juntos formam lama.

Então o biotipo kapha é mais pesado.

Ele tem peso, tem oleosidade que vem da água, tem frio (porque não
tem elemento ar que gera calor).

É o biotipo que tem mais problemas relacionados a sobrepeso e obe-


sidade. E doenças relacionadas a esses distúrbios.

Então esses três biotipos que também são funções, mas também
são disfunções.

Eles geram desequilíbrios, e esses desequilíbrios, nessa visão india-


na, que são base do nosso adoecimento.

Então o que o profissional do ayurveda faz?

Ele faz diagnóstico de qual dosha, biotipos são chamados de dosha,


vê qual está aumentado no seu corpo, qual está desequilibrado, e como
tratar esse dosha desequilibrado.

Por exemplo, o meu corpo físico tem mais o dosha vata.

Vata é o que? Ar e espaço.

Então o meu corpo físico tem mais características de ar e espaço.

Sou mais leve, mais friorento, mais seco, minha pele é mais áspera e
tenho mais movimento corporal… que gera inquietação, que pode ge-
rar mais ansiedade e pode gerar mais insônia.

Então eu, profissional de ayurveda vai olhar para mim, vai fazer o
diagnóstico e vai tratar o desequilíbrio com o contrário.

Se vata é frio, leve, seco, áspero e inquieto, o profissional vai dar te-
rapias coisas contrárias a essas características.

308
Capítulo 02 | Dr. Anderson Moreira

Independente da doença, porque o ayurveda olha muito mais a pes-


soa do que a doença.

Então, chega a pessoa, ele vai fazer o diagnóstico, você está com o
desequilíbrio vata, pitta ou kapha.

A partir daí, vai oferecer uma série de ferramentas terapêuticas para


aquela pessoa.

E a pessoa que tem câncer, pode ter desequilíbrio em todos os três


doshas. Mas uma das coisas que ela tem é o acúmulo de toxinas.

Paralelamente, existe uma outra teoria ayurveda, a teoria do agni. É


a nossa função digestória.

É o nosso poder digestório. É chamado de “fogo digestivo”.

Essa função digestória, para ayurveda, tem que estar funcionando


adequadamente.

Se você não tiver uma boa função digestória, um bom agni, como se
fala na irá levar os alimentos não digeridos, há uma má digestão.

E a comida não será digerida, metabolizada e absorvida adequada-


mente.

E isso, essa “não digestão”, má digestão, levará ao acúmulo do que se


chama na Índia de ama.

Nós podemos falar como toxinas digestivas.

Essas toxinas são a base de uma série de adoecimento do ser huma-


no, inclusive do câncer.
A pessoa antes da doença.

O ayurveda vê primeiro a pessoa. Diferente da nossa visão ocidental,


a nossa medicina alopática e convencional, a gente olha para a doença.

Ayurveda olha para a pessoa.

309
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

Ele acha que aquela pessoa tem um desequilíbrio. Um distúrbio. Uma


disfunção mente e corpo. Essa desarmonia é a base de todo adoeci-
mento.

É muito importante em uma consulta ayurvédica, que o profissional


faça uma avaliação do agni do paciente.

O agni representa a função digestória.

A digestão, a absorção, o metabolismo daquela pessoa.

Esse agni tem que estar funcionando adequadamente.

Se não estiver funcionando adequadamente, ou seja, se houver má


digestão, uma digestão ruim, então o nosso tubo digestivo irá promo-
ver a formação de toxinas.

Que são chamadas na Índia como ama.

O ama foi traduzido por autores ocidentais como toxina digestiva.

São toxinas formadas pela agni incompetente, por uma má digestão.

Essas toxinas não ficam só no tubo digestivo. Elas podem migrar pe-
los canais e migrar pelos tecidos.

E acumulando nos tecidos junto com dosha desequilibrado, isso pode


levar à formação de tumores.
O olhar para o paciente com câncer.

A gente observa que o paciente de câncer tem distúrbios mentais


associados.

Principalmente a depressão.

É muito comum paciente de câncer ter frustração e depressão.

Essa depressão pode estar associada à função mental, à qualidade


mental de tamas.
Tem que tratar essas qualidades mentais.

310
Capítulo 02 | Dr. Anderson Moreira

Uma das coisas que a gente, que é muito importante, é o paciente


adotar a prática da meditação.

A meditação trata os principais quadros que são associados ao cân-


cer.

Ela trata ansiedade, ela trata depressão, ela trata frustração, ela tra-
ta insônia…
Meditação trata tudo isso.

O mais difícil é você convencer o paciente oncológico de que a medi-


tação é um tratamento para ele.

A meditação é terapêutica para ele.

Ela vai ajudar também a melhorar uma coisa chamada ojas.

O que é ojas? É uma teoria importante da ayurveda.

Ojas é a nossa vitalidade. E essa vitalidade, um conceito que não


existe na medicina ocidental, essa vitalidade está relacionada direta-
mente ao sistema imunológico.

Para ayurveda é importante aumentar ojas no corpo da pessoa.

Quando a gente fala em aumentar ojas é uma prática regular e bem


orientada de ioga e meditação.

Isso aumenta a ojas, aumenta vitalidade.

E essa vitalidade pode ser traduzida com a melhora da função imu-


nológica da pessoa.

Quando a gente trata o paciente de câncer, a gente nunca fala, nunca


recomenda a esse paciente abandonar o tratamento que é prescrito
pelo oncologista.

O paciente de câncer tem que estar acompanhado com oncologista.

311
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

E várias vezes mandamos os pacientes para o oncologista.

Mas associado ao tratamento que o oncologista vai recomendar, que


é basicamente cirurgia, quimioterapia e radioterapia, que é o principal
tratamento, nós associamos a medicina oriental.
Duas coisas andam juntas.

É o que chamamos de medicina integrativa.

No passado, no século 20, ou a pessoa fazia homeopatia ou fazia


alopatia.

Ou ela se dedicava à medicina ocidental ou escolhia a medicina orien-


tal.

Isso acabou. No século 21, temos a medicina integrativa.

A pessoa pode usar tanto a alopatia, quanto a homeopatia.

Ela pode usar tanto a medicina ocidental, quanto a medicina oriental.

As duas trabalham juntos para o benefício do paciente.

Então a medicina integrativa usa todos os recursos disponíveis no


planeta para beneficiar aquela pessoa que buscou o tratamento.

Essa é a visão atual da medicina integrativa.


Medicina da doença.

A medicina ocidental é voltada para a doença. Quando você trabalha


em um hospital, os médicos falam assim: “O infartado no leito 3, o dia-
bético do leito 5, o HIV do leito 10”.

Então, nas enfermarias, na clínica médica onde estudei, você aponta-


va o doente pela doença dele, no leito que ele estava.

Então, a concentração é na doença.

Já a nossa visão das práticas integrativas, você muda o paradigma.

312
Capítulo 02 | Dr. Anderson Moreira

Você concentra-se mais na pessoa. Aquela pessoa, estando doente


ou não, ela tem um desequilíbrio.

Ela tem um distúrbio corpo e mente.


A mente e o corpo estão em desequilíbrio.

Então a gente tem que ter uma abordagem da prática integrativa de


tratar o adoecimento sim, mas também focar na raiz do problema dela.

Porque você fazer uma cirurgia para um tumor, você está tirando a
ponta do iceberg. A ponta do iceberg só vê um terço do problema. Dois
terços do problema estão debaixo d’água, você não vê.

Você tirando um tumor, você abordou um terço do problema do pa-


ciente.

Ou seja, a raiz do adoecimento não foi beneficiada.

E como beneficiar a raiz do adoecimento? Através das práticas orien-


tais.

Que você consegue fazer diagnóstico mais sutil de desequilíbrio da


pessoa.

Isso você encontra fazer com a medicina chinesa, na ayurvédica, na


medicina tibetana, na homeopatia…

Esse distúrbio é muito mais sutil.

Muitas vezes vem antes do adoecimento.

Quando o médico ocidental aponta um câncer, aquela pessoa já está


doente, já tem um desequilíbrio, há muitos anos.

É dez vezes mais comum os principais tipos de câncer.

Os principais tipos de câncer são câncer de mama na mulher, câncer


de próstata no homem, câncer de intestino e câncer de pulmão. Esses
quatro são os quatro tipos mais comuns de câncer.

313
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

São dez vezes mais comuns nos Estados Unidos do que na Índia.

Isso é devido à alimentação.Nos Estados Unidos, a alimentação é


voltada para os fast foods. Para alimentos rápidos, muita carne e muita
gordura e etc.
A alimentação anticâncer.

Na Índia, eles usam muitos condimentos na dieta, como cúrcuma,


açafrão da terra.

Então os condimentos tem propriedades antioxidantes, proprieda-


des que estimulam sistema imunológico, os imunomoduladores.

Então esse uso de condimentos, como cúrcuma, açafrão da terra e


outros na culinária indiana protege contra o câncer. O que não é usado
na culinária americana.

Por exemplo, você tomar um chá de gengibre com algumas gotas de


limão e uma pitada de sal marinho ou sal do Himalaia, se você tomar
isso meia hora antes da refeição, você está promovendo a função di-
gestória.

Você tomar após a refeição, um chá de erva doce, ou funcho, nome


científico Foeniculum Vulgare, você tomar meia-hora depois da refeição,
você está fazendo ama pachanga, ou seja, você está eliminando o ama

Há uma afirmação ayurvédica que diz assim: “Na região em que nós
vivemos, e no momento que estamos, na estação do ano que estamos,
é onde nós encontramos os alimentos, as plantas medicinais e os me-
dicamentos que vão tratar os nossos desequilíbrios”.

A gente trabalha com a medicina indiana. Não precisamos ir à Índia


para buscar remédios.
Os nossos remédios estão na natureza.

Na nossa volta. Os alimentos para nosso corpo estão na feira. São as


feiras orgânicas. As ervas que deveríamos usar estão no Brasil. Então,
nós precisamos ir na natureza e buscar a resposta na natureza.

314
Alexandre Leonel

Alexandre Leonel é farmacêutico


que tem experiência de mais de 20
anos de atuação no mercado ho-
meopático e é diretor do Instituto
Homeopático e de Práticas Inte-
grativas, em Ribeirão Preto-SP. Um
dos únicos no Brasil especializado
em Banerji, tratamento homeo-
pático para o câncer pesquisado e
recomendado por instituições de
ponta.
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

Protocolo Banerji: a revolução homeopática no câncer

“Na abordagem clássica, o paciente, apesar de ser quem mais sofre a


doença, ele é colocado na condição de coadjuvante”

Alexandre Leonel

Os medicamentos que dão errado.

Quando fui fazer faculdade de farmácia a sensação que eu tinha é de


que eu estava sendo empoderado com conhecimento farmacológico
clássico e da alopatia.

Eu me lembro que saía das aulas de farmacologia com a sensação


de que era possível curar tudo. E resolver todos os problemas a par-
tir daqueles mecanismos de ação, muito claramente explicados pelos
professores de farmacologia.

Porque tudo se encaixava. Tudo dava certo. Tudo funcionava.

Quando eu terminei a faculdade de farmácia, a primeira coisa que fiz


foi me estabelecer como farmacêutico, proprietário de uma farmácia
que tinha capacidade de resolver todos os problemas.

Afinal, eu já tinha terminado a faculdade de farmácia e aprendi que os


medicamentos funcionavam.

E, depois de trabalhar um tempo com farmácia, vendendo medica-


mentos alopáticos e trabalhado com essa visão clássica, eu comecei a
ter uma verdadeira crise profissional porque comecei a identificar que
parte daquilo que eram os efeitos terapêuticos tão extraordinários que
aprendi nas salas de aula, nem sempre eram tão extraordinários assim.

Os pacientes se tornavam dependentes daquelas medicações de


forma que, de fato, eles não tinham mais saúde.

316
Capítulo 03 | Alexandre Leonel

Eles eram reféns daquela terapêutica. Em outros casos, esses pa-


cientes eram, na maioria das vezes, acometidos por efeitos colaterais
e reações adversas.

Sobre as quais, curiosamente, ninguém tinha me contado.

Eu costumo dizer que sempre tive aula dos medicamentos que fun-
cionam. Só da parte que funcionava dos medicamentos.

Mas ninguém me deu uma aulas da parte dos medicamentos que da-
vam errado. E, no balcão da farmácia, comecei a ter que lidar com isso.

As pessoas começaram a me levar sintomas adversos, reações cola-


terais, coisas que não faziam parte da estratégia terapêutica proposta.

E isso era muito complicado porque, na maioria das vezes, eles evo-
luíam para um outro tratamento por conta daqueles sintomas. Isso
começou a me frustrar de forma muito intensa profissionalmente.

Os pacientes que tinham partes de efeitos terapêuticos e parte de


efeitos colaterais acabavam ficando em uma rotina que sacrificava a
família do ponto de vista financeiro ou emocional e, na verdade, eles
estavam presos dentro daquele labirinto dessa abordagem terapêu-
tica.

Isso me colocou numa crise profissional imensa.


O paciente como coadjuvante.

Na abordagem clássica, o paciente com câncer, apesar de ser quem


mais sofre com a doença, é colocado em uma condição de coadjuvante.

E, na maioria das vezes, na abordagem clássica, o protagonista é o


equipamento a que ele vai se submeter, é o medicamento caro que ele
vai usar, é a infraestrutura da equipe profissional que está atendendo…

Na abordagem integrativa e, especialmente do ponto de vista home-


opático, isso é totalmente o contrário.

O paciente é chamado a ser protagonista de seu processo de cura


porque, por mais nós tentemos negar isso, ou queiramos fugirdesse

317
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

raciocínio, a doença pertence a cada um.

Nós produzimos a doença que damos conta de produzir.

Então, muito provavelmente, nós somos capazes de encontrar os


nossos caminhos de cura. E aí, eu, como homeopata, quero que o pa-
ciente seja protagonista do seu processo de cura. Eu quero que ele se
envolva com o processo de cura.

Não vou dizer que os remédios homeopáticos vão resolver o proble-


ma ou que eu tenho pílula mágica.

Vou dizer para ele: “olha, existe um conjunto de ações que você preci-
sa fazer. Para que, a partir disso, o medicamento homeopático faça por
você o melhor que puder”.

Essa é uma abordagem necessária. Não só para o paciente oncológi-


co. Ela é necessária para todos os pacientes.

Um dos problemas do sistema de saúde que nós temos hoje é que as


pessoas estão terceirizando a responsabilidade da saúde para alguém.

Para médico, dentista, psicólogo, sistema público de saúde… sem as-


sumir o papel de responsável pela saúde ou de dono da própria saúde.

Falando especificamente de oncologia e de homeopatia. Sim, na ho-


meopatia o paciente terá papel de protagonista.

Ele vai entender por que adoeceu. Ele vai entender quais são os obs-
táculos no seu processo de cura.

Se não forem removidos, o processo terapêutico não vai acontecer.


Nem na homeopatia, nem na alopatia, em lugar algum.

Eu costumo dizer que não adianta aliviar a dor de alguém que conti-
nua com o dedo apertado na porta.
É preciso tirar o dedo da porta.

Então, esse paciente que está no ambiente de adoecimento, seja por


hábito de vida, seja por condição emocional, seja por alimentação equi-

318
Capítulo 03 | Alexandre Leonel

vocada, seja pelas mais variadas formas que levam ao adoecimento.

Se ele não for orientado a modificar esse processo, não existe ne-
nhum remédio alopático ou homeopático que vai resolver seu proble-
ma. E na abordagem homeopática, a primeira coisa de que ele vai ter
consciência é isso: de que seu processo de adoecimento precisa que ele
modifique algumas coisas.

E não sou eu que estou falando. Se você pegar a obra de Hahnemann


toda, ele várias vezes repete. Se você mantiver hábitos de vida cons-
tantes. Se você cuidar da alimentação, fizer atividades físicas, respirar
ar puro, dormir adequadamente, não tiver vícios, você poderá ter, desse
medicamento homeopático, o melhor resultado.

Nesse sentido, a homeopatia, sim, para usar um termo que está na


moda, quer empoderar o paciente.

Ela quer dar ao paciente o poder de gerenciar a saúde e de fazer as


escolhas que ele quer.

Pode ser que em, determinado momento, ele não queria participar
disso.

Mas é responsabilidade dele também. O que não vamos compactuar


dentro de uma abordagem homeopática é que tenho remédio mágico
que vai resolver todos os problemas.
Protocolo Banerji.

Para falar do protocolo Banerji, eu preciso falar do Instituto Banerji,


na Índia, que está na quarta geração de homeopatas.

Ele começou com autodidatas da homeopatia, a família Banerji.

E, a partir desse esforço de estudar na homeopatia por conta própria


e aplicar nas comunidades, em que estava trabalhando ali no dia a dia,
no convívio das pessoas, ele foi desenvolvendo a habilidade de se tor-
nar homeopata.

A Índia publicou os trabalhos de forma muito estruturada e organiza-


da a partir desse trabalho quase que leigo, mas ao mesmo tempo mui-

319
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

to embasado pelo conhecimento científico disponível naquela época.

E, no final desse período, nós olhamos para isso e entendemos que


eles, como Instituto Banerji, atendem grande quantidade de pessoas
na Índia, nas mais variadas doenças, e precisaram encontrar uma for-
ma de trabalhar a homeopatia diante do volume de atendimento.

Hoje eles têm uma abordagem clássica, utilizando protocolos padro-


nizados, a partir de diagnósticos clássicos determinados pela ciência.

O que nós consideramos como ciência normal, vamos falar assim.

Então hoje eles trabalham indicando medicamentos homeopáticos


para as pessoas e fazendo a documentação científica desses casos
clínicos.

Nos últimos 10, 15 anos, eles começaram a publicar esses documen-


tos.

E, no final, essas publicações deram origem ao que estamos cha-


mando de Protocolo Banerji, um livro, um documento que hoje está
traduzido para o inglês e, de fato, dá a percepção ao mundo de como a
homeopatia pode trabalhar com as doenças, tanto as agudas, quanto
as crônicas e quanto as degenerativas.

O Instituto Banerji hoje é reconhecido como um pólo de pesquisa em


homeopatia e um pólo de atendimento de homeopatia na Índia.

Os Estados Unidos é hoje o país que mais tem feito as pesquisas com
os Protocolos Banerji, especialmente em alguns tipos de câncer, mas
no mundo todo você consegue encontrar alguns setores ou centros de
pesquisas e de profissionais trabalhando com os Protocolos de Banerji,
que já têm 100 anos de trabalho, pelo menos.

Especificamente nos protocolos do Banerji, é possível destacar al-


guns cânceres que estão muito bem documentados por eles na lite-
ratura publicada: glioblastomas, câncer de mama, câncer de próstata,
câncer de fígado e câncer de pâncreas.

São cânceres que o tratamento homeopático proposto por eles de


fato apresenta resultados bem significativos.

320
Capítulo 03 | Alexandre Leonel

É importante destacar qual é, ou quais são os aspectos que a gente


pode considerar como melhora a partir do uso de homeopatia nesses
cânceres.
Então, uma unanimidade: melhora na qualidade de vida das
pessoas.

Nesses cânceres, toda vez que o tratamento homeopático foi intro-


duzido, junto à abordagem que estava sendo feita ou da medicina inte-
grativa ou mesmo da medicina clássica alopática...

Toda vez que o medicamento homeopático, o protocolo homeopático


foi introduzido na vida do paciente, nós tivemos uma melhora signifi-
cativa na qualidade de vida.

O que eu estou falando?

Estou falando de condição emocional, de sono, de dor, de redução de


analgésicos, de sensação de bem-estar, disposição… Isso é um relato
unânime de pacientes que começam a utilizar a homeopatia como es-
tratégia auxiliar.

Depois, eles documentam muito bem casos de cura a partir da uti-


lização dos medicamentos homeopáticos em alguns cânceres em de-
terminados estágios.

Em alguns casos, foi utilizado apenas o protocolo Banerji e os re-


sultados foram satisfatórios a ponto de se considerar que o paciente
estava curado daquele tumor.

Então, se fizer uma média entre qualidade de vida e curas em alguns


estágios dos cânceres, você tem um resultado melhor para esses cinco
que citei.

Além disso, existem medicamentos homeopáticos que eles utilizam,


é importante destacar que eles são medicamentos homeopáticos con-
sagrados pela própria homeopatia — a phytolacca decandra, é um im-
portante medicamento das doenças da mama em geral.

Quando falo da doença da mama, falo de phytolacca decandra dentro


da lista de medicamentos homeopáticos. É por isso que esse medica-

321
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

mento está escolhido.

Porque tem uma ação específica sobre a mama. Desde um processo


de inflamação simples, de uma mastite, até a formação de um tumor.

Então phytolacca decandra, ruta graveolens (capacidade de antio-


xidante), calcarea phosphorica (fornecimento de nutrientes para as
células, como fosfato de cálcio, necessário para produção de energia
saudável), thuya (que é um medicamento extraordinário para a home-
opatia, conhecido como medicamento homeopático das formações
alteradas de células dentro do organismo).

É engraçado e curioso porque o Hahnemann citou quando estudava


thuya, que parecia que o medicamento, na época dele, tinha pouca fi-
nalidade.

Mas ele imaginava que no futuro esse medicamento seria muito útil.
E hoje nós sabemos que thuya se adequa muito bem em algumas for-
mações do câncer. Então thuya hoje é um importante medicamento
dentro do protocolo Banerji.

E um outro medicamento que, de forma muito clara, já é colocado


dentro da literatura homeopática como um medicamento do pâncreas,
importante do fígado, e que na abordagem do protocolo do câncer está
presente é o quelidônio,

Poderia citar também cardo mariano e conium… poderia citar mais


três. Quelidônio, cardo mariano e conium maculatum são medicamen-
tos diretamente relacionados a fígado, pâncreas, proliferação tumoral
e capacidade detox.

Quando eu falo de câncer, também preciso falar da capacidade de eli-


minar toxinas e da capacidade de impedir que as células se proliferem.

E os protocolos Banerji também usam os medicamentos com essa


interpretação.

Nós poderíamos agrupar os medicamentos do protocolo em 3 gru-


pos. O grupo dos medicamentos homeopáticos que têm especificidade
para o órgão doente.

322
Capítulo 03 | Alexandre Leonel

O grupo dos medicamentos homeopáticos, como calcarea phospho-


rica, ferrum phosphoricum, o kalium phosphoricum que têm uma rela-
ção direta em nutrir as células.

Ou melhorar a assimilação de nutrientes para as células saudáveis.

E, finalmente, medicamentos homeopáticos que têm uma capacida-


de de melhorar a condição do organismo de fazer a eliminação de toxi-
nas, de destoxificar, de desinflamar e, consequentemente, de reduzir a
proliferação do tumor.

Então, se pudesse fazer um resumo, o protocolo Banerji atua nesses


três níveis estrategicamente montados.

O protocolo dá condição ao paciente de ter melhor qualidade de vida,


reduzir a demanda de analgésicos, de anti-inflamatórios, melhorar o
sono e até de curar, se for possível.

Os protocolos Banerji estão revolucionando a utilização da homeo-


patia em todas as áreas e têm chamado atenção do mundo todo por
dois aspectos.

Primeiro, para a utilização do protocolo Banerji, eu parto do diagnós-


tico clássico. Então eu não preciso, necessariamente, fazer uma abor-
dagem homeopática dentro de toda filosofia da homeopatia.

Posso simplesmente ter o diagnóstico de câncer de mama. E esse


diagnóstico vem por que via? Pela via clássica de diagnóstico de câncer
de mama.

Então até esse momento, eu tenho aquilo que está colocado por
qualquer abordagem. Seja ela alopática ou integrativa.

Agora, o segundo passo é o que torna os protocolo Banerji tão extra-


ordinários, é encontrar entre os 2 mil e tantos medicamentos cataloga-
dos, qual ou quais medicamentos homeopáticos têm semelhança com
os sinais e os sintomas de câncer de mama.

E aí, nessa hora, consigo dar padronização para o tratamento, agilida-


de para essa abordagem, é por isso que eles atendem tantas pessoas
e fazem o que fazem, e conseguem dar repetibilidade para o processo.

323
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

Aquilo que durante muito tempo e até hoje se ouve que a “homeo-
patia não consegue repetir os resultados, que a homeopatia não tem
embasamento científico”, bom, os protocolos Banerji, quando bem de-
senvolvidos, conseguem garantir isso.

Então consigo ter um diagnóstico perfeito: câncer de mama. Medica-


mento homeopático mais específico: phytolacca decandra.

Se eu for na literatura homeopática e estudar phytolacca decandra,


os sintomas que ele trata são muito semelhantes. Análogos. Eles se
encaixam perfeitamente nos sintomas de câncer de mama.

Em um determinado estágio do câncer. Porque os protocolos Banerji


também são divididos em estágios da doença e, para cada estágio, tem
medicamentos diferentes.

Mas no estágio 1, que eles chamam de primeira linha, este medica-


mento cobre todos os sintomas que todas as pacientes de câncer de
mama têm.

Então os protocolos Banerji na oncologia estão sendo considerados


revolucionários, até para a própria homeopatia, porque eles respeitam
o diagnóstico específico da patologia e escolhem medicamentos que
estão alinhados ao conjunto de sintomas daquela patologia.

E essa relação direta entre sintoma e medicamento se aproxima


muito do que as pessoas chamam de científico.

Então consigo criar um protocolo experimental. Como, fizeram no


caso do glioblastoma, e documentar de fato a redução e a cura do tu-
mor.

Porque o diagnóstico de glioblastoma é clássico e os medicamentos


homeopáticos utilizados foram sempre os mesmos. Então no final te-
mos resultado para grupo tratado e grupo não tratado e casos clínicos
publicados mostrando que o resultado aparece.

Se tivermos que atribuir uma virtude extraordinária no protocolo Ba-


nerji, está exatamente nisso. Respeitar o diagnóstico clássico e esco-
lher medicamentos específicos para estágios da doença.

324
Capítulo 03 | Alexandre Leonel

A culpa dos médicos.

Uma vez, no curso de homeopatia, eu estava dando aula, e tinha al-


guns médicos na sala.

E por alguma razão eles começaram a reclamar dos pacientes. Di-


ziam que os pacientes deixaram de ser pacientes, passaram a ser into-
lerantes, que começaram a cobrar e a brigar.

Eles ainda não eram médicos homeopáticos, estavam só fazendo


curso de homeopatia. E estavam reclamando do comportamento dos
pacientes em relação a isso.

E eu, naquela condição de professor, disse: “Eu sei que isso existe.
Mas a culpa é de vocês.”

Não vocês, CPFs que estão na minha frente, mas vocês como profis-
sionais de saúde.

Nós como profissionais de saúde. Especialmente vocês, médicos.

Porque durante muito tempo vocês disseram para as pessoas “vi-


vam a vida que vocês quiserem viver. No dia que precisarem estaremos
aqui para resolver o problema de vocês”.

E agora deu pau porque vocês não estão conseguindo resolver os


problemas. Agora vocês precisam inverter esse raciocínio.

Agora que eu li o livro do Harari, “21 Lições para o Século 21”, ele fala
que o médico do futuro vai ser um gestor de saúde das pessoas.

Então naquele momento eu falei: “vocês precisam passar a coorde-


nar a atividade da vida dos pacientes para que eles deixem de adoecer.”

E não falar que vai dar uma amostra grátis que resolve os problemas
dele. Porque é isso que as pessoas estão treinadas a fazer. Eu brinco
que tenho parentes que, se pudessem, levariam só o pedaço do órgão
doente para o médico.
As pessoas estão treinadas com esse raciocínio.

325
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

Eu olho para o câncer como uma doença multifatorial, quando eu olho


para o câncer como uma doença que não surgiu da noite para o dia.

Ninguém desenvolveu um câncer virando a esquina. O câncer é final


de um processo de adoecimento.

A homeopatia, ao olhar a história do paciente, consegue, de certa for-


ma, ajudá-lo muito nas mais variadas abordagens.

Eu sempre gosto de considerar que o processo de adoecimento tem


quatro estágios.
Os quatro estágios do adoecimento.

Não sou eu que estou considerando porque inventei isso.

Quando você vai ler uma literatura homeopática, ou você vai ler uma
leitura da medicina chinesa, é isso que você consegue aprender do que
está colocado.

Então o Samuel Hahnemann sempre disse que o primeiro nível do


adoecimento é o nível de adoecimento energético.

E, durante muito tempo, esse conceito foi considerado de forma pe-


jorativa.

Como algo esotérico, algo mágico, que não tivesse embasamento


científico. Mas hoje nós podemos fazer uma conexão entre o conceito
de energia vital do Hahnemann com conceito de energia pela mitocôn-
dria dentro da célula.

Talvez o Hahnemann não tivesse instrumental suficiente para chegar


nesse nível de experimento. Mas hoje nós temos.

E sabemos que o processo de adoecimento começa nas células, lá na


produção da energia e na qualidade da energia pela mitocôndria. Não
tenho dúvidas de que o primeiro estágio de adoecimento é o estágio
energético, ou bioelétrico.

Nesse momento, há dentro da célula, na mitocôndria, no nível mais


sutil, uma desarmonia qualquer. Ou pelo erro de oferta de nutrientes…

326
Capítulo 03 | Alexandre Leonel

ou por uma condição genética, ou por hábito de vida.

Um fator qualquer desarticulou aquela estrutura que estava fun-


cionando adequadamente, e ela passou a produzir a energia de forma
inadequada.

Esse é o nível 1.

Nós todos, seres humanos, animais e vegetais… até os microorganis-


mos do solo vivem e dependem dessa produção de energia adequada.

Toda vez que tiver desequilíbrio, nós temos um determinado nível de


adoecimento. Que às vezes pode ser discreto. Às vezes pode ser rapi-
damente recuperado e não se fala mais nisso.

Mas, na maioria das vezes, especialmente nos seres humanos que


estão sempre em condições inadequadas de vida, de alimentação, de
meio ambiente, essa condição fica levando à desarmonia.

E, ao persistir, ela desestrutura mais ainda essa produção de energia


e seguimos para um segundo estágio.

O segundo estágio que eu gosto de chamar de sensorial e emocional.


Então o paciente diz “ai, eu me sinto doente há tanto tempo”. “Venho
me sentindo mal há algum tempo”.

Aí você tenta encontrar dentro da abordagem clássica um diagnós-


tico laboratorial que justifique a sensação de estar doente e você não
encontra.

Porque esse segundo estágio, apesar de ser mais profundo que o


primeiro, no nível mais palpável, não é ainda detectável pelos nossos
instrumentos clássicos.

Mas o paciente se sente doente.

Então uma pergunta que eu gosto de fazer sempre que as pesso-


as vêm falar comigo, é: “desde quando você se sente doente?” Muito
provavelmente o que anteceder esse “desde quando” revela tudo que
levou ao adoecimento no final.

327
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

Esse nível sensorial e emocional é o que leva muitas vezes as pesso-


as a procurarem abordagem psiquiátrica, neurológica, quando na ver-
dade ela é só uma extensão do adoecimento energético.

Depois desse segundo estágio (emocional e sensorial), nós temos o


nível mais material do adoecimento.

Porque é possível se detectar. É o que eu chamo de nível funcional.


Agora o paciente tem uma alteração na função.

Talvez o exame laboratorial identifique isso. Um nível hormonal al-


terado, a produção de uma determinada enzima, a produção de um
determinado metabólito a partir da nutrição que estava deficitário.

Agora, esse paciente revelou, organicamente, que está doente.

Ele está no terceiro nível de adoecimento. E aqui nesse lugar o que


muitas vezes a gente vai procurar na abordagem clássica, é dar um
nome para a doença. É hipo alguma coisa. É hiper alguma coisa.

E na verdade o adoecimento continua sendo energético no seu prin-


cípio. Nesse nível de adoecimento, se fizermos uma abordagem espe-
cífica desse nível onde só a função alterada parece ser o problema, nós
levamos o paciente para o quarto nível. Que é o nível estrutural.

Agora esse paciente tem uma lesão.

Neste lugar, a abordagem clássica é especialista. Sabe o nome do tu-


mor, tipo do tumor, qual a melhor cirurgia, melhor quimioterapia e até
o prognóstico.

Quanto tempo paciente vai viver, quanto tempo paciente tem se so-
brevida, qual a metástase possível.

Somos muito bons em interpretar quando a estrutura está doente.

Mas olhar para essa estrutura doente, e considerar o tumor como


doença, do ponto de vista geral, global e integrativo do paciente, é um
erro. Porque isso é só uma consequência. É só final do processo. Ele
continua doente no nível energético.

328
Capítulo 03 | Alexandre Leonel

A maior prova disso é que, quando se faz essa abordagem exclusiva


para o tumor, logo em seguida temos recidiva.

Porque o sistema continua doente na sua produção de energia.

Não existe cura ou possibilidade de cura se não cuidarmos da desar-


monia da energia vital do paciente.

Se nós não compreendermos porque a célula, a partir de determina-


do momento, passou a fazer errado aquilo que tinha que fazer certo.

Produzir a energia para o sistema.

O Hahnemann tem uma frase maravilhosa, que nós chamamos de


parágrafo 9 dos escritos dele em que ele diz que se a energia vital está
equilibrada, o paciente é capaz de cumprir a sua missão nesta existên-
cia.

Se a energia vital está desequilibrada, o paciente jamais será capaz


de cumprir a sua missão nesta existência.

Talvez dessa perspectiva, a gente consegue verificar quando o pa-


ciente adoeceu.

Quando ele desiste de cumprir a missão dele. Quando ele perde o


interesse pela vida. Quando deixa de fazer coisas.

E, se nós olharmos com atenção, não foi quando ele recebeu diag-
nóstico de tumor.

Foi bem antes.

Bem antes de receber o diagnóstico do tumor, esse paciente já sina-


lizou do ponto de vista funcional, emocional e energético que estava no
caminho da doença

Do ponto de vista homeopático, eu sempre gosto de olhar para o pa-


ciente e tentar entender, dentro desses quatro estágios, em que nível
ele está do adoecimento, para saber como fazer a abordagem terapêu-
tica pela frente.

329
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

Em homeopatia, nós costumamos chamar de abordagem preventiva.

Eu, particularmente, acho que essa abordagem preventiva pode re-


meter à interpretação de que a pessoa nunca vai adoecer. Eu prefiro
utilizar abordagem prévia.

Como é que eu faço a utilização do medicamento homeopático antes


de adoecer? Para não adoecer?

Então seria o primeiro passo. De maneira geral, na homeopatia, em


uma relação entre médico e paciente de confiança, você sabe exata-
mente quando o paciente está adoecendo.

Um exemplo muito simples.

Tem indivíduo que é mais sensível à determinada condição climática.

Então todas as vezes que esse indivíduo sente frio, ele adoece. Ele é
mais sensível ao frio.

Existem abordagens homeopáticas, medicamentos homeopáticos


que vão cuidar para que a energia vital do paciente seja menos susce-
tível a esse adoecimento por frio.

Outros pacientes adoecem com mais facilidade quando têm um de-


terminado compromisso. Tem que falar em público, tem que enfrentar
um desafio de trabalho, lidar com situação estressante…

Tem mais dificuldade para lidar com isso e energeticamente se des-


gastam mais. E os medicamentos homeopáticos poderiam atuar ali.

Então, partindo do pressuposto de que o paciente está procurando


uma abordagem homeopática no primeiro estágio, ou seja, ele não
está doente no nível quatro, não tem um tumor, mas também não de-
seja ter, a homeopatia tem uma ação importante previamente nessa
vida do paciente.

Melhorando a resiliência da energia vital dele e fazendo com que ele


se torne menos suscetível às agressões externas.

330
Capítulo 03 | Alexandre Leonel

Sejam elas quais forem, sejam elas climáticas, alimentares, sociais e


emocionais.

Daí para frente, a abordagem homeopática vai levar em consideração


os aspectos emocionais e comportamentais do paciente e as manifes-
tações propriamente ditas dos sintomas.

Quando esse paciente vai à procura de um médico que sabe traba-


lhar com homeopatia, o médico também vai cuidar dos aspectos locais,
físicos, funcionais, utilizando medicamentos que atuam diretamente
sobre esse processo de adoecimento.

Então vamos para um exemplo possível de se dar de forma corriquei-


ra.

É muito comum termos pacientes que, apesar de saberem que não


pode ingerir determinado alimento, acabam fazendo a utilização desse
alimento por uma condição qualquer.

Ou porque não conseguem ficar sem comer, ou porque socialmente


acham que precisam comer...

Não interessa, ele está lá comendo esse alimento. E toda vez que ele
come esse alimento, consome a energia vital dele.

Porque o alimento não é adequado, o organismo se desgasta para


reagir e se defender desse alimento agressor, e agora esse paciente
está em um padrão inflamatório.

A abordagem homeopática vai dizer: “continuar comendo esse ali-


mento é fator de doença e obstáculo para cura. Então seria adequado
que você parasse com esse alimento. Vamos olhar o processo infla-
matório que esse alimento está gerando no seu organismo e vamos
indicar medicamento homeopático para cuidar dele.”

Eu, como homeopata, estou olhando paciente como um todo no seu


comportamento e nas suas escolhas e estou vendo quais medicamen-
tos homeopáticos podem ajudar a tratar as consequências dessas es-
colhas.

Então estamos no nível sensorial, emocional e funcional.

331
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

E, no terceiro estágio, e nós estamos falando de câncer, nós temos


os medicamentos homeopáticos muito bem posicionados para as
questões emocionais, questões relacionadas aos comportamentos do
paciente, e esse modo de ser dele que também levou ao adoecimento.

O nosso modo de ser favorece determinadas doenças, não há dúvi-


das.

E também temos medicamentos muito bem posicionados para as


especificidades do câncer. Tenho medicamentos homeopáticos que
têm ação importante sobre a mama e são muito bem indicados para
o câncer de mama.

Tenho medicamentos homeopáticos que são muito bem indicados


para fígado e para câncer de fígado… câncer de pulmão…e assim por
diante.

Tenho medicamentos homeopáticos do paciente, da sua individua-


lidade, e tenho medicamentos homeopáticos da especificidade do tu-
mor que ele tem.

Quando junto a abordagem integrativa com todas as estratégias e


consigo incluir o tratamento homeopático do cuidar do ser que está
doente, e ainda olhar a especificidade do tumor, tenho uma sincronici-
dade muito grande do resultado terapêutico.
Como os medicamentos homeopáticos atuam no tumor.

De maneira geral, os medicamentos homeopáticos podem atuar an-


tes do adoecimento, durante o adoecimento e até na transformação do
adoecimento no tumor, que seria estágio indesejado para todos nós.

Mas, mesmo aqui, apesar de ser desafiador, a homeopatia tem muito


a contribuir.

A homeopatia, como especialidade médica, é uma abordagem tera-


pêutica que no Brasil tem vários profissionais competentes e capazes
de dar suporte para todos os pacientes.

Você tem médicos especialistas em homeopatia, na ciência homeo-


pática que, podem, a partir de uma consulta, auxiliar o tratamento alo-

332
Capítulo 03 | Alexandre Leonel

pático, quimioterápico clássico que o paciente está fazendo, utilizando


medicamentos homeopáticos.

Mas podemos considerar uma segunda hipótese que é, de fato, o que


nós temos visto acontecer no Brasil e fora também, que é a inclusão de
medicamentos homeopáticos por médicos que fazem uma abordagem
integrativa do paciente.

Aqueles que utilizam nutrientes e outras estratégias consideradas


integrativas também usam medicamentos homeopáticos.

Então eu diria que são duas portas de entrada para esse paciente
que tem diagnóstico de câncer, que está fazendo tratamento clássico e
quer utilizar homeopatia.

A porta 1 é: procurar um médico homeopata especialista. Para que


ele inclua ao tratamento clássico a homeopatia que melhor convém.

A porta 2 é: procurar uma abordagem integrativa com um profissio-


nal que sabe fazer a homeopatia, mas sabe fazer outras abordagens
integrativas. Isso pode caminhar junto sem problema nenhum.
Os medicamentos homeopáticos são parceiros do processo de
cura do paciente.

Eles não estão aí para excluir as outras abordagens, eles não estão aí
para serem exclusivos. Eles estão para auxiliar o processo.

Então, de maneira geral, as pessoas podem incluir o tratamento ho-


meopático ao tratamento clássico.

Eu costumo dizer o seguinte: “do ponto de vista homeopático, na


abordagem homeopática, nós não estamos discutindo se o câncer é
cirúrgico ou não é cirúrgico. Nós não estamos discutindo se o paciente
precisa ou não precisa fazer a quimioterapia ou a cirurgia.”

Não é essa a discussão que nós, como homeopatas, queremos ter.


A nossa discussão — ou o nosso posicionamento — é em quais con-
dições de energia vital esse paciente vai conduzir a terapêutica de que
precisa. Em quais condições de energia vital ele vai para a cirurgia. Em
quais condições de energia vital ele vai para a quimioterapia.

333
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

Porque, se eu acredito que o processo de adoecimento começa na


produção de energia vital, lá dentro da célula, é isso que me interessa
como homeopata.

Como é que eu faço pra melhorar esta condições. Se eu melhoro essa


condição, se for cirúrgico que seja, se for quimioterapia que seja, mas
que eu tenha condição de enfrentar isso de forma mais estruturada,
energeticamente mais saudável.

Porque não adianta eu ter uma cirurgia que foi um sucesso e, energe-
ticamente, o paciente estar completamente debilitado.

Não é esse o objetivo. Então a técnica cirúrgica ou escolha da quimio-


terapia está no outro estágio.

Não faz parte da discussão. Essa discussão é anterior.

Em quais condições vou enfrentar o desafio do tratamento oncológi-


co de que preciso?

Vou enfrentar em uma condição desnutrido? Em uma condição dese-


nergizado? Desequilibrado emocionalmente? Os resultados vão ser a
consequência dessa condição com a qual fui para essa batalha.

Vou para essa batalha energeticamente fortalecido? Nutricionalmen-


te fortalecido? Emocionalmente fortalecido?

Então o resultado da batalha, da quimioterapia e da cirurgia vai ser


ser completamente diferente.

Do ponto de vista homeopático, jamais, pelo menos da minha parte,


eu discuto se o paciente deve ou não fazer cirurgia ou quimioterapia.

Essa é uma decisão dele, com a família dele, com o médico dele.

Eu, como homeopata, estou aqui para me dispor a ajudá-lo a enfren-


tar o que ele quiser enfrentar de forma resiliente, reforçado e estrutu-
rado. É isso que o protocolo Banerji tem mostrado.

Quando coloco medicamento homeopático, os resultados são me-

334
Capítulo 03 | Alexandre Leonel

lhores, a qualidade de vida é melhor, o paciente se sente melhor e as


coisas caminham bem.

Não precisamos excluir a homeopatia ou a alopatia, na verdade as


duas juntas se tornam muito mais fortes e mais poderosas para os
pacientes.

E o que interessa no final é que o paciente saia fortalecido do pro-


cesso, melhor do que entrou. Porque já chegou adoecido e debilitado.
Não pode sair mais doente ou debilitado.

E a homeopatia está aí para fazer isso.

335
Dr. Naif Thadeu

É médico, cirurgião e especialis-


ta em Nutrologia, com mais de
20 anos de experiência. Uma das
maiores autoridades em Saúde
Natural, palestrante de congres-
sos nacionais e internacionais e
faz pesquisas na área de câncer e
nutrição. Já atendeu mais de 10 mil
pacientes com câncer.
Capítulo 04 | Dr. Naif Thadeu

Curas pelo mundo: o benefício da integração

“Eu tenho conhecidos que foram dirigindo fazer sua primeira sessão
de quimioterapia e não conseguiram voltar para casa. Teve um efeito
colateral considerável. E é justamente uma das coisas em que a nutro-
logia e a medicina integrativa ajudam”

Dr. Naif Thadeu

A célula cancerígena não gosta de oxigênio.

A célula cancerígena é uma célula saudável que se transformou numa


célula doente.

Ela não foi implantada ali. Não existia uma célula cancerígena. Então
uma célula saudável recebeu estímulo, normalmente agressão, into-
xicação, metal tóxico, radiação, uma série de coisas, que mexeram no
seu citoplasma, alteraram a sua mitocôndria.

Esse problema citoplasmático, problema metabólico, que é a origem


do câncer, propiciou que o oncogene que estava lá dentro silenciado
pelo meu estado de saúde, que nós chamamos na genética de, metila-
do, quer dizer, feito quieto, silenciado.

Ele começa a aparecer.

E essa célula, na hora da duplicação, se transforma numa célula can-


cerosa. Só que o metabolismo dela mudou.

Mudou em que aspecto? Antes essa célula vivia de oxigênio. Ela tira-
va a energia dela do oxigênio.

Fazia todo o ciclo da mitocôndria, tudo que é necessário.

Na medida em que houve essa lesão e que ela se transformou em


cancerígena, ela deixa de trabalhar com o oxigênio e passa a trabalhar
com glicose.

337
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

É por isso que nós precisamos tirar o carboidrato da nossa alimenta-


ção, mesmo em prevenção porque, se estiver se formando um câncer
lá dentro, ele não vai se formar.

É por isso que eu não posso me expor a metal tóxico.

As mulheres têm que trocar o batom, o esmalte. Os homens, o deso-


dorante e tudo isso.

A tinta de cabelo não tem jeito, eu não conheço no mercado uma tin-
ta de cabelo que não tenha tóxico, então ela tem que fazer uma “des-
toxificação” de metais.

Esse conjunto precisa ser respeitado.

Quando a célula deixa de saber trabalhar com oxigênio, que é o prê-


mio Nobel do Otto Warburg, e passou a trabalhar com glicose, aí você
estabeleceu o processo do crescimento do câncer.

Como a população, desde os anos 1950, e, principalmente a partir


dos anos 1980, passou a se alimentar de carboidrato, então você tem
um terreno espetacular.

Porque você tem poluição eletromagnética, você tem poluição cós-


mica, você tem metais tóxicos, você tem maus pensamentos, você tem
estresse, você tem esquema de vida mal montado, o sujeito mora a
30km do trabalho dele, todo dia atravessa a cidade para ir trabalhar.
Você junta tudo isso, não tem jeito.

Vai aparecer o tumor, e ele vai estar em condições espetaculares para


crescer, porque você tem tanto o irritante, que são os tóxicos em geral,
que não obrigatoriamente precisam ser químicos, podem ser elétricos,
podem ser eletrônicos, podem ser vibracionais, como você tem uma
alimentação inadequada e própria para alimentar câncer.

A nossa energia ideal, ela vem de gordura, mas nós sobrevivemos


com energia de carboidrato e parece que muito bem, dá a impressão
que muito bem.

Porque ter sintomas e não ser totalmente pleno parece ser normal.

338
Capítulo 04 | Dr. Naif Thadeu

E é porque normal é você ser estatístico.

Só que para você ser saudável hoje, você tem que ser anormal.

Você acorda cedo, 5h da manhã, às 6h da manhã você está fazendo


ginástica, 7h30 da manhã você está trabalhando, você vai morar perto
do seu trabalho.

Faz a comida em casa.

Tem que juntar todas essas coisas para você conseguir êxito e isso
explica porque pacientes têm êxito diante desses tratamentos.

Vou dar um exemplo, que é desagradável, mas é preciso.

Eu tive um paciente que recebeu um diagnóstico de câncer.

A família dele já me conhecia, levaram-no para a clínica para fazer o


tratamento nutricional.

Quando voltou ao cirurgião, o paciente comentou que estava fazendo


o tratamento nutricional e o cirurgião falou que era uma bobagem, que
não precisava fazer nada daquilo.

As pessoas que tratam diretamente o câncer e são as primeiras a ser


procuradas, muitas vezes não têm noção da parte nutricional, de como
o câncer se alimenta.
Por que reduzir os carboidratos?

Não tem açúcar para a célula comer, a célula cancerosa. Tem oxigênio,
que ela odeia. Além de você estar matando a célula cancerosa, você
está fortalecendo todas as células que estão em volta dela. Você forta-
leceu o sistema imune.

Nós entendemos transporte de oxigênio como uma coisa feita so-


mente por hemácia, mas quando você entra numa situação como o
tratamento de von Ardenne, você aumenta a concentração de oxigênio
no plasma sanguíneo, no líquido sanguíneo, fora da hemácia, que para
a entrega é muito interessante.

339
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

Porque, os últimos capilares, a hemácia passa uma por uma dentro


dentro do vaso, então é mais difícil a entrega.

E, se você tem o líquido fazendo a entrega a mais, tem um plus nessa


oxigenação tecidual.

A célula morre por excesso de oxigênio, que ela odeia, e morre


de fome.

Porque já está frágil.

Existe uma clínica no México que, para fazer a quimioterapia, coloca


os pacientes em hipoglicemia. E usa só 10% da quantidade do quimio-
terápico.

Há uma lesão muito menor na célula sadia. Mas a célula, como está
em hipoglicemia, em 35, 40 — controlado em ambiente adequado —
o tumor está ávido pelo que chegar e chega justamente o quimioterá-
pico quando ele está esperando açúcar.

Vai haver a necessidade de uma coisa.

Alguém vai ter que organizar congressos com oncologistas e nutró-


logos.

Isso vai ser necessário porque é impossível um paciente comer pu-


dim no hospital em que está internado para operar câncer. Isso é so-
bremesa.

É impossível ele receber pãozinho, torradinha, margarina de manhã


para fazer a refeição e café com açúcar, porque ele tem acesso a isso.

Vai ter que ter esse entendimento.

A insuficiência dos tratamentos convencionais.

Eu acho que a quimioterapia é insuficiente sozinha.

As estatísticas mostram os resultados.

Não é achar, é comprovado.

340
Capítulo 04 | Dr. Naif Thadeu

E elas trazem um prejuízo muito grande, ela tem um efeito colate-


ral muito grande. Eu tenho conhecidos que foram dirigindo fazer sua
primeira sessão e que não conseguiram voltar para casa. E foram diri-
gindo o carro.

Não voltaram para casa por causa do câncer, mas por causa do efeito
colateral do tratamento.

Tem um efeito colateral considerável.

Justamente é uma das coisas que nutrologia e a medicina integrativa


ajudam nesse sentido.

Você vai fazer uma cirurgia, se você prepara o paciente antes para
uma cirurgia plástica e ele cicatriza muito melhor.

Por que você não o prepara para cicatrizar melhor para a cirurgia do
câncer?

Se você prepara um paciente para fazer uma antibioticoterapia que


ele vai precisar fazer internado no hospital. Você prepara para restabe-
lecer a flora, não destruir flora vaginal, flora intestinal, flora bucal para
ficar tudo em ordem.

Por que não o prepara para fazer uma quimioterapia?

Por que você não o prepara para fazer uma radioterapia?

O futuro do tratamento do câncer está no sistema imune.

Se nós fortalecermos o sistema imune para que as terapias conven-


cionais possam acontecer, elas vão ter muito mais sucesso porque não
têm GPS.

O problema é esse, você dá um quimioterápico, ele pega tudo.

Se eu fortaleço a célula saudável e enfraqueço a célula cancerosa,


vou ter menos efeito colateral porque a minha célula saudável suporta
mais e eu vou atacar mais o câncer porque ele está mais suscetível.

Ele está sem comer, sem glicose há um mês, ele está alucinado.

341
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

Então essa quimioterapia vai ser muito mais nociva para ele. Eu acho
que eles são feitos indiscriminadamente na base de protocolo.

A disseminação da formação médica obrigou a formação de protoco-


los porque hoje você forma médicos que têm pouco raciocínio.

Essa é que é a verdade.

O protocolo é feito para você saber segui-lo. Agora a aplicação siste-


mática dele não pode ser feita assim. Eu tenho que ter um protocolo
para aplicar ácido alfa lipóico.

Eu tenho que ter um protocolo para fazer, por exemplo, uma limpeza
intestinal.

Mas eu não vou pegar um protocolo e aplicar em todo mundo. Tem


paciente em que eu faço protocolo diferente, que eu altero a dosagem,
que eu altero o volume.

Eu vejo que o tratamento convencional é feito e a cirurgia que resol-


via muitos casos começa a atuar menos também.

O paciente vai operar, o cirurgião tem medo de fazer a cirurgia sem


ter feito uma radioterapia.

Talvez por problemas até legais. Então ele quer fazer uma quimiote-
rapia antes, duas quimioterapias antes para depois operar um tumor
que às vezes está perfeitamente ressecável.

Existem tumores que estão perfeitamente ressecáveis.

Tumores renais, tumores de intestino, que você sabe que não têm
metástase nenhuma, nem local, nem nas proximidades, nem nos lin-
fáticos adjacentes, são casos em que uma cirurgia pode ser curativa.

Então por que não operar esse paciente numa condição ótima?
Não, ele vai operar muitas vezes com duas sessões de quimioterapia
e mais espoliado.

Um coringa detox para câncer.

342
Capítulo 04 | Dr. Naif Thadeu

O ácido alfa lipóico na realidade é um coringa que você tem dentro da


medicina integrativa porque ele serve para muita coisa.

Especificamente no câncer, ele fortalece a célula e é um detox espe-


tacular. A principal função dele é limpeza celular.

Eu tomo ácido alfa lipóico diariamente.

Ele é um detox hepático espetacular, não é só usado no câncer.

Ele é usado, por exemplo, para recuperar cirrose hepática. Em um


ano e meio com todos os tratamentos — o ácido alfa lipóico sendo a
estrela — você consegue regenerar fígados cirróticos.

Isso é comum. Isso se vê com uma facilidade muito grande.

No câncer especificamente, ele entra como coadjuvante.

Porque qual é o seu resultado com ácido alfa lipóico no câncer? Não
sei te dizer.

Eu nunca vou saber te dizer qual é o resultado de uma substância


porque eu não estou aqui para publicar trabalho científico, eu estou
aqui para melhorar a vida do meu paciente e para o cirurgião dele po-
der fazer uma cirurgia melhor, para o quimioterapeuta dele fazer uma
quimioterapia com menos efeitos colaterais, para o radioterapeuta não
ter que interromper a radioterapia precocemente e continuar a fazer as
sessões que ele quer.

Especificamente em relação ao câncer, ele é um detox, ele limpa toda


a impregnação citoplasmática, que é onde se dá a alteração do câncer.

Ele serve tanto como tratamento como preventivo.

A terapia de Gerson.

A terapia de Gerson é uma dieta vegana à base de sucos naturais de


vegetais administrados de hora em hora durante treze horas do dia.

Por exemplo, você começa às sete horas da manhã e para às oito


horas da noite, quando você toma o seu último suco, semelhante a um

343
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

suco verde. De hora em hora, você faz isso durante o dia.

Essa dieta não tem nada energético porque ela não tem gordura sa-
turada, que é a melhor energia para nós, e ela não tem carboidrato que
seria a alternativa de energia, embora uma energia ruim.

Ela não tem nada de proteína.

Ela é uma dieta vegana. Ela é ótima para o câncer porque ela não dá
alimento para ele. O câncer se alimenta de quê? De açúcar. Ela não dá
alimento para o câncer.

Mas, por outro lado, ela não te dá gorduras para você ter energia.
Então ao mesmo tempo que você deixa a célula do câncer morrer de
fome na dieta do Gerson, você está deixando as outras células sadias
do corpo com menos energia também.

Para resumir a história, é o seguinte: Gerson é uma dieta que precisa


ser feita por pouco tempo.

É ótima. Tem muito boa indicação, tem muitos bons resultados. Essa
dieta altera, basicamente, o sistema de funcionamento e a própria bio-
ta intestinal, ela traz uma melhora muito grande.

Imagine, há um século, Max Gerson era médico e já tinha o conheci-


mento de que o intestino era a chave do sistema imunológico, do nosso
sistema imune.

Se hoje é muito difícil você explicar para profissionais de saúde atua-


lizados essa relação entre intestino e sistema imune, imagine naquele
tempo.

Ele foi perseguido.

Tem uma história segundo a qual a própria secretária dele foi corrom-
pida e roubou todos os papéis, todos os prontuários dos pacientes que
ele tratava porque não queriam que aquilo fosse publicado.

E tentou envenená-lo, mas ele sobreviveu. Conseguiu reescrever


tudo, publicou o livro, foi novamente envenenado pela secretária e
morreu envenenado por arsênico.

344
Capítulo 04 | Dr. Naif Thadeu

Pela própria secretária que foi corrompida pelos que eram contra,
que queriam prendê-lo, cassá-lo.

Naquela época, ele já tinha esse entendimento, então foi muito per-
seguido.

Hoje, se você falar numa plateia de profissionais de saúde que, se a


pessoa perde o seu sistema imune, você desenvolve doenças autoimu-
nes através do intestino, da hiperpermeabilidade intestinal, metade da
plateia não vai entender, isso em 2020.

Imagine há um século.

Muitos pacientes chegam com câncer já fazendo um tratamento ou


alternativo ou integrativo, mas um tratamento não convencional.

A finalidade é essa, ajudar o tratamento convencional.

Você tem que fazer uma cirurgia de um tumor de intestino, que é um


tumor que vai obstruir o intestino, então não tem jeito, você tem que
operar.

Mesmo que não fosse maligno, se está crescendo, você teria que
operar. Imagina sendo um câncer.

Para fazer essa ressecção, se você tiver esse tumor sem vasculari-
zação, sem alimentação celular, em fase de regressão ou em fase de
estagnação, é muito mais fácil para o cirurgião.

É muito mais tranquilo.

Você vai ter uma ressecção menor porque sabe-se na prática cirúrgi-
ca — e eu fiz muita cirurgia de câncer — que muitas vezes você fazia
o diagnóstico do paciente e marcava uma semana depois para operar,
e o tumor já estava completamente diferente.

Por quê? Porque não se fazia nada contra o tumor.

O tumor ficava solto se alimentando.

Então, uma semana com o paciente comendo carboidrato, precisava

345
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

de uma transfusão de sangue, porque aumentava o aporte sanguíneo


e levando carboidrato, obviamente teria problema.

Nós tomamos medidas hoje de aumento do aporte sanguíneo para o


tumor, mas para levar oxigênio.

Aí é diferente. Por isso tem que estar em restrição de carboidrato


absoluta, para a glicose não chegar ao tumor.
A medicina de von Ardenne.

Manfred von Ardenne foi um cientista alemão, foi um inventor da


bomba atômica russa, deixou mais de trezentas patentes.

Os filhos dele detêm essas patentes, e existe a empresa von Ardenne


e a clínica von Ardenne, na Suíça, que faz a aplicação da medicina de
von Ardenne.

Ele tem três ou quatro filhos médicos que fazem isso lá.

Ele era um cientista amigo de Otto Warburg. E por um amigo comum,


que estava com câncer, eles acabaram desenvolvendo — a partir dos
conhecimentos do Otto e da genialidade de von Ardenne — um siste-
ma de alto fluxo de oxigênio, de alta efetividade, no qual o paciente não
respira ar ambiente porque o circuito tem que ser semiaberto: tem uma
bolsa grande, cheia de oxigênio com uma válvula que, quando você ins-
pira, não consegue puxar ar do meio ambiente e só puxa oxigênio da
bolsa.

Quando você expira, não joga gás carbônico para dentro da bolsa por-
que a válvula fecha e ele vai para o meio ambiente.

Na próxima inspiração volta de novo o oxigênio puro. Não é só o oxi-


gênio.

Antes, há necessidade de se fazer o uso de alguns suplementos e


medicamentos para melhorar a captação do oxigênio pelo alvéolo pul-
monar.

Então usa-se tanto fluidificantes para limpar os alvéolos e, para que


o contato seja maior, usa-se vasodilatadores para que os capilares

346
Capítulo 04 | Dr. Naif Thadeu

alveolares estejam mais dilatados e a captação desse oxigênio seja


maior ainda.

Segundo o próprio von Ardenne e o Otto, a grande complicação de


câncer e a mortalidade de câncer vêm por metástase. Você não morre
de um tumor primário, isso é uma coisa rara.

Você morre por metástase.

E a medicina de von Ardenne, a oxigenoterapia de von Ardenne ou te-


rapia de von Ardenne tem por objetivo justamente evitar a metástase.

O que o von Ardenne escreveu?

Vou citá-lo: “Pelo fato de que mais de 80% de todas as mortes por
câncer são causadas por metástase, o desenvolvimento e a avaliação
de métodos para combater a disseminação do tumor deve ser uma das
principais tarefas na investigação e nas pesquisas do combate ao cân-
cer. O processo combina a elevação temporária do número de células
imunes e circulantes como a melhora do transporte de oxigênio para
os tecidos.”

Além de ter a oxigenação, que é péssima para o tumor, pois ele odeia
oxigênio, você também fortalece o sistema imune.

O que é interessante nisso? Quando faz a aplicação do método de


von Ardenne, durante o tratamento, você vê pouco resultado.

Porque são necessários dezoito dias dias seguidos. As clínicas que


fazem von Ardenne abrem no domingo, no sábado, no feriado. Não
pode ser interrompido.

E, ao término, é que vem o resultado.

Outra coisa que o von Ardenne e o Otto comprovaram na época é que


esse resultado é duradouro, diferente de outras terapias.

Por exemplo, vitamina D3 é um espetáculo, mas, se você para de


fazer vitamina D3 diária, começa a cair a concentração no sangue, co-
meça a cair a concentração no tecido, começa a cair a concentração na
célula.

347
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

O sistema de von Ardenne não precisa ser uma coisa contínua. Você
faz dezoito dias e pode fazer uma parada por meses e continua sentin-
do seus efeitos.
A segurança da ozonioterapia.

Para falar de ozonioterapia, nós precisamos primeiro entender como


o médico deve escolher uma droga, um suplemento, seja lá o que for
para prescrever para o seu paciente.

Quais os critérios que um médico de bom conhecimento e que seja


consciencioso vai usar?

O primeiro critério é a segurança. Você tem que usar, seja uma droga,
seja um quimioterápico, seja uma cirurgia ou seja um suplemento, ele
tem que ser seguro.

Quanto à segurança, a gente sabe que o ozônio cumpre perfeita-


mente esse papel porque existem trabalhos com mais de duzentos mil
pacientes nos quais o índice de efeitos colaterais com ozônio foi de
0,0007.

Não existe nada que tenha esse tipo de resultado. Nada.

Compare com as coisas mais simples que você possa imaginar.

Eu já vi parada cardíaca com dipirona na veia. E já vi sangramento


intestinal, hemorragia gástrica violenta com aspirina.

Nada tem esse nível de segurança.


A segunda coisa que a droga precisa ter é eficácia, ou seja, eu preciso
tomá-la, e ela precisa resolver o meu problema.

O ozônio, já está provado por revisões sistemáticas, que ele trata


uma quantidade enorme de doenças.

Sejam doenças autoimunes, sejam doenças neurodegenerativas, se-


jam doenças infecciosas, bacterianas, virais, é espetacular.

Ele é eficaz contra bactérias multirresistente, que as pessoas vão


para as UTIs, recebem os antibióticos mais caros, mais avançados, as-

348
Capítulo 04 | Dr. Naif Thadeu

sociações de antibióticos e não têm resposta. Esses pacientes respon-


dem a ozonio.

É extremamente eficaz.

Existem duas associações no Brasil, a ABOZ e a SOBOM.

Uma de profissionais de saúde, que é a ABOZ. E a SOBOM, que é só


de médicos, que estudam ozônio, têm os seus sites abertos à popula-
ção, têm os trabalhos científicos disponíveis.

São mais de 3.500 trabalhos científicos publicados em revistas inde-


xadas.

A última relação é o custo/benefício.

Por exemplo, eu tenho um quimioterápico, que tem uma evidência de


melhorar 30% dos casos de câncer. E ele custa R$ 195 mil a sessão. Eu
tenho que pensar um monte de vezes.

Como você quer voltar para a sua casa?

Muitas vezes o paciente vai dirigindo seu carro para o hospital e de-
pois volta de ambulância para casa para fazer home care.

Eu tenho que saber se eu vou selecionar essa droga ou não.

O custo/benefício do ozônio é espetacular.

Além da boa eficácia, além da excelente segurança, você tem essa


relação custo/benefício.

Com o gerador de ozônio, você só vai repor torpedos de oxigênio e vai


gastar com seringas e agulhas.

O gerador de ozônio é barato, ele custa menos de R$ 10 mil. E ele não


dá problema.

Ele não precisa ser consertado, não precisa de manutenção, não pre-
cisa de nada.

349
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

Porque o sistema de funcionamento que é uma centelha, no oxigê-


nio, que vai fazer soltar um oxigênio livre para se juntar a outro oxigênio
e fazer o 03.

Esse sistema que é feito ali como uma fagulha, uma centelha que é
dada lá dentro. É uma coisa que não desgasta.

A manutenção necessária é na válvula do cilindro porque a válvula do


cilindro porque ela se desregula.

E você depende do fluxo e da concentração do funcionamento do


gerador para ter a concentração de ozônio no oxigênio que vai sair do
outro lado.

Normalmente, essa concentração é de 2%, mas ela pode chegar até


5% de ozônio e 95% de oxigênio.

O ozônio é extremamente fugaz, ele dura muito pouco, sua molécula


é muito inconstante.

Você perde o ozônio com muita rapidez, então há necessidade de


você fazer isso com uma certa rapidez.

Quem trabalha com ozônio, os países que trabalham com ozônio sa-
bem muito bem fazer isso.

3.600 trabalhos ignorados no Brasil.

Apesar de 3.600 trabalhos publicados sobre o ozônio, os órgãos no


Brasil se dividem com relação a ele.
Por exemplo, o Ministério da Saúde e o SUS, a tentativa de atender os
pacientes carentes com o ozônio seria uma coisa fantástica.

Existe um estudo, acho que é da FGV, em São Paulo, que diz que, se
o ozônio fosse implantado no Sistema Único de Saúde, haveria uma
economia aproximada de 60% ou 70%. Uma coisa absurda.

Uma profissional da FGV fez esse estudo encomendado pelas asso-


ciações brasileiras de ozônio.

No SUS, o ozônio está como uma terapia alternativa, mas está libe-

350
Capítulo 04 | Dr. Naif Thadeu

rada para ser usada.

O Conselho Federal de Medicina proíbe o médico de fazer ozônio a


não ser que seja em caráter experimental.

Você não tem como fazer experimental no SUS. É complicado, al-


guém teria que patrocinar.

Uma empresa que vende um gerador que não quebra, que não dá
defeito, que não tem manutenção e que custa menos de R$ 10 mil não
vai patrocinar nenhum trabalho científico.

Então o ozônio não vai ter patrocinador de trabalho científico.

Por isso nós não teremos trabalhos científicos no Brasil.

Nós nunca vamos aprovar o ozônio para a classe médica no Brasil por
falta desses trabalhos.

Vamos supor que se fizesse uma força tarefa e que todo mundo se
desdobrasse e que nós fossemos fazer trabalho com ozônio no Brasil.

Se há 3.500 trabalhos no exterior mostrando a eficácia do ozônio, no


que 100 trabalhos brasileiros iriam ajudar?

No que 1.000 trabalhos brasileiros iriam ajudar? A resposta seria a


mesma.

Na realidade, o problema é outro.

O problema não é falta de evidência, o problema é falta de interesse.


Ou, até, excesso de interesse.

Porque as empresas fabricantes de curativos, de antibióticos, de an-


ti-inflamatórios, de antirreumáticos, de uma série de coisas estão ex-
tremamente interessadas em não aprovar o ozônio no Brasil porque os
países onde o ozônio é aprovado e é usado, esse tipo de medicamento
fica na prateleira.

Para a sorte deles, ozônio ainda é muito pouco usado no mundo. Em-
bora mais de 20 países usem, não é utilizado dessa forma. A não ser

351
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

países pobres aonde eles não vendem nada mesmo porque as pessoas
não têm dinheiro para comprar, então eles não estão preocupados.
A indústria farmacêutica não está preocupada em vender
remédio em Cuba.

A indústria farmacêutica não está preocupada em vender remédio


na Rússia.

O médico no Brasil fica cerceado de fazer o ozônio. O que sobra para


o médico para fazer o ozônio. Por exemplo, você tem um parente e ele
quer fazer o ozônio, você não vai deixar de fazer sabendo os grandes
benefício.

Então o que sobra para o médico para atuar com a ozonioterapia no


território nacional é ele se amparar na Organização Mundial de Saúde.

Existe uma declaração da OMS feita em Helsinki em junho de 1964.

Ela diz o seguinte: “O médico deve ter a liberdade de usar uma nova
terapêutica ou meio diagnóstico se no seu entendimento, se isso ofe-
recer esperança de salvar vida, restabelecer saúde ou aliviar sofrimen-
to”.

Então, só de tirar a dor, você já está amparado pela Organização


Mundial de Saúde para usar o ozônio.

Porque ele tira a dor do paciente.

E o interessante é o seguinte. Esta declaração que foi feita em Hel-


sinki em 64, em 2004 foi revalidada pela OMS na convenção do Japão.

Cannabidiol anticâncer.

O CBD (cannabidiol) tem uma ação muito importante no câncer.

E por que isso acontece? Porque o nosso corpo tem um sistema que
é chamado de sistema endocanabinóide.

Esse sistema consiste tanto de receptores quanto de substâncias a


nível da membrana celular, que colocam esses endocanabinóides que

352
Capítulo 04 | Dr. Naif Thadeu

o nosso corpo fabrica dentro da célula, o que ajuda a manter a home-


ostase, a manter a saúde, a manter o funcionamento ideal dos órgãos.

O que acontece na prática é que o paciente chega doente, não é só


por causa do câncer, mas independentemente dos que têm câncer.

Às vezes, o paciente tem uma doença neurodegenerativa, tem uma


doença autoimune, doenças em que também pode se aplicar o uso de
encocanabinóide, de fitocanabinóides que vêm dos vegetais, que é o
que prescrevemos.

O endocanabinóide é o fabricado pelo próprio corpo.

O paciente chega sem condições de fabricar o seu endocanabinóide.


Por isso há a necessidade da prescrição. Porque ele não tem uma coisa
que era dele.

Na realidade, quando você dá o fitocanabinóide ele funciona como


um suplemento.

Não bioidêntico porque ele não é animal, porque ele é vegetal, mas
faz a mesma função, tem o mesmo radical.

O que acontece?

Você precisa restabelecer toda a função do paciente.

Restabelecer o estado de saúde dele, o estado ideal, com alimenta-


ção e suplementação pertinentes.
Os fitocanabinóides estão liberados desde dezembro de 2019 no
Brasil. Só que é uma liberação cheia de limitações.

Por exemplo, você não pode obter o próprio fitocanabinóide.

No Brasil, ele só pode ser produzido pela indústria farmacêutica, está


proibida a manipulação.

Também está proibido fazer a extração no Brasil, então você precisa


importar o extrato dos fitocanabinóides para poder fazer a diluição e
aplicá-la.

353
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

Ele é usado via oral através de um óleo que tem as quantidades, as


proporções dos fitocanabinóides necessárias para aquela patologia.

Os médicos que têm experiência com o uso do fitocanabinóide já sa-


bem, tanto encaminhar o paciente aos locais onde você consegue fazer
a compra mais fácil.

Já sabem qual a mistura que você vai ter de CBD ou de outro fitoca-
nabinóide para fazer a administração de acordo com a doença do pa-
ciente e também de acordo com a resposta.

Muitas vezes, você faz ajuste tanto da dose quanto da proporção do


THC (tetrahidrocanabinol) e do CBD.

Ele restabelece as funções celulares, possibilita que a célula volte a


ter energia. Ele ajuda na função mitocondrial celular.

Todo esse processo é citoplasmático. Um dos nossos erros é que pen-


sa-se muito que todo problema é genético nuclear. Não. O problema é
adquirido, é do ambiente, é um problema epigenético, citoplasmático.
Colostro de vacas orgânicas.

Para falar sobre isso, temos que voltar para o início.

Nos meados do século passado, foi descoberto o fator de transferên-


cia, que eram substâncias que a mãe passava para os filhos.

E conseguiu-se tirar isso dos humanos através de uma centrifugação


de leucócitos.

Eles iam nos leucócitos, tiravam esses fatores e criou-se o que se


chama fator de transferência.

E a primeira maneira de se obtê-lo foi tirando os leucócitos da própria


pessoa.

Com o passar do tempo, já no final do século passado, uma empresa


americana conseguiu uma patente para fazer a retirada desses fatores
de transferência na fonte, quando eles eram passados para nós.

354
Capítulo 04 | Dr. Naif Thadeu

Eles são responsáveis pela nossa imunologia inata, ou seja, aquela


que já trazemos conosco, que não precisa ter contato com a doença e
nem precisa tomar vacina, que é a imunologia inata, não a adquirida.

E passaram a retirar tanto de colostros de vacas orgânicas quanto de


gemas de ovos de galinhas orgânicas. Por quê?

Os mamíferos passam para os seus filhos, através do leite, nos dois


primeiros dias de amamentação, esses fatores de transferência.

E os ovíparos passam através da gema do ovo.

Existem muitos trabalhos publicados porque é uma empresa que in-


veste em trabalhos científicos. Tem poder econômico para isso.

Então, existem trabalhos científicos muito grandes.

E nós temos, por exemplo, relatos dos Estados Unidos, de muitos


pacientes que fazem uso dele, porque ele é usado via oral.

Existem doses para várias coisas. Eu não tenho nada, eu quero só


melhorar meu sistema imune, vou tomar uma dose baixa.

Eu tenho uma virose ou eu vou me expor a uma virose, vou tomar


uma dose média. Eu descobri que eu tenho câncer, vou tomar uma
dose altíssima.

Eles são estimuladores de sistema imune. Ele não tem uma ação di-
reta.

Você dá fator de transferência, ele vai ensinar a célula do seu sistema


imune o que ela tem que atacar e defender.

As vacas e as galinhas estão expostas às mesmas coisas que nós


estamos expostos, às mesmas viroses, às mesmas bactérias, a todas
as coisas.

Então elas ganham essa resistência e por isso que eles usam orgâ-
nicas, porque elas estão em contato com tudo, com a natureza, são
criadas naturalmente.

355
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

Ou seja, sofrem todas as intempéries. Então você pode, por exemplo,


dar fator de transferência da vaca para o seu cachorro.

Ele não é especificamente para o humano. Muitas vezes as vacinas


ou os soros que fazer os anticorpos não são feitos em outros animais?

Então para estimulação de sistema imune para estimular sistema


imunológico, não tem dificuldade nenhuma, você pode usar o animal,
e é usado inclusive das outras maneiras, por exemplo na confecção de
soros.

Você usa ozônio, ele vai estimular a produção de células do sistema


imune. Você dá fator de transferência, ele vai ensinar a célula do seu
sistema imune ao que ela tem que atacar e se defender.

Ele é um educador.

Seu sistema imune já sabe como vai atuar.

Ele é um educador porque o proprietário do colostro ou da gema do


ovo de onde foi tirado, o animal de origem, teve contato com aquilo.

O sistema imune dele já sabe como vai atuar aqui. E claro, no início
tudo era dúvida. Os pesquisadores tiveram também. Só que os traba-
lhos mostraram.

Por exemplo, existem fatores de transferência associados a alguns


suplementos que potencializam sua ação: zinco, magnésio, manganês.
Com eles, você chega a melhora — e isso está em trabalho científico
— mais de 400 vezes o potencial do sistema imune.

Eu recebo na minha caixa de mensagens relatos de pacientes ameri-


canos que tiveram tumores reduzidos pela metade. Ele ensina o siste-
ma imune o que atacar.

Nós não temos doença autoimune? O sistema imune não resolve


atacar um órgão seu?

O nosso sistema é mal educado muitas vezes. Ele não sabe o que
atacar. O fator de transferência ensina o que atacar e o que não atacar.
E ainda potencializa esse ataque.

356
Dr. Arnoldo de Souza

Cardiologista, Médico Ortomolecu-


lar com mais de 30 anos de experi-
ência, é presidente da Aboz (Asso-
ciação Brasileira de Ozonioterapia).
Souza também é professor do Cur-
so de Pós Graduação em Medici-
na Ortomolecular da Universidade
Veiga de Almeida ,Rio de Janeiro e
do Curso de Medicina Funcional e
Preventiva da UCP em Petrópolis.
Rio de Janeiro.
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

Ozonioterapia, os desafios para o Brasil aceitar a técnica

“O ozônio é efetivamente algo que interessa e é bom para o bem da


população brasileira. Ele está proibido e continua acontecendo. Passa
a ser algo impossível de contornar. O Foucault já dizia: a clínica nasce
da necessidade sentida”

Dr. Arnoldo de Souza

Técnicas adicionais e mais efetivas.

Eu me formei em 1978, pela Faculdade de Medicina de Petrópolis. E


a primeira iniciativa em pós-graduação que eu tive foi de Saúde Pública
porque eu fiz o curso da Fundação Oswaldo Cruz e me habilitei como
sanitarista.

Àquela época, eu queria mudar o mundo, mas depois percebi que o


mundo não queria ser mudado na dimensão que eu gostaria.

A partir daí fui desenvolvendo outras formas de conhecimento e de


inserção a um trabalho voltado para uma medicina preventiva.

Sempre foi essa a minha tônica de trabalho, meu objetivo e a minha


meta.

Eu me formei numa residência em pneumologia, depois em cardiolo-


gia, depois em medicina do trabalho e em medicina esportiva.

Eu percebia que a minha medicina não me satisfazia.

Eu tratava as pessoas, e quase todas hipertensas, diabéticas e co-


ronariopatas tinham mais ou menos os mesmos portfólios de medi-
cações.

Ou seja, eu curava quase nada.

358
Capítulo 05 | Dr. Arnoldo de Souza

Eu tratava os sintomas e aquilo não me deixava satisfeito.

E eu fui buscar outros conhecimentos, fui buscar alguma coisa que


estivesse fora do contexto oficial, que me permitisse realmente traba-
lhar de maneira mais eficaz, eliminando a causa dos problemas e abor-
dando mais o terreno biológico e não propriamente tratando apenas os
sintomas.

Nesse sentido, eu fui buscar um curso em Medicina Biomolecular,


também chamada de Ortomolecular, hoje muito chamada de nutrolo-
gia. Esse curso me abriu espaço e me abriu perspectivas de estar tra-
balhando com os pacientes, não com drogas, e sim com suplementos
nutricionais, que nós chamamos de nutracêuticos.

E, mais ainda, não tratando os sintomas, e sim tentando resgatar o


equilíbrio fisiológico do organismo. Só que para fazer esse trabalho,
um dos detalhes mais importantes era poder identificar as toxinas, os
metais pesados que existiam dentro do organismo. E para isso, eu pre-
cisava fazer alguns exames.

E um deles era a análise capilar, análise do cabelo da pessoa.

E aquilo levava quase três meses, tinha que ser feito fora do Brasil.

E entendia que isso era muito difícil, tinha que ser uma coisa mais
prática.

E eu descobri uma técnica na Alemanha chamada biorressonância


eletromagnética, na qual, por estímulos e leituras magnéticas e biofísi-
cas, eu conseguia interpretar a presença dos metais pesados, de outras
toxinas, de alergias e aí eu percebi que podia não só fazer diagnósticos,
como fazer tratamentos através dessa estratégia terapêutica.

E aí eu fui identificando que na Alemanha havia algo chamado Medi-


cina Biológica alemã, que era muito interessante do ponto de vista da
utilização de produtos naturais, oriundos dos reinos naturais, do reino
vegetal, do reino mineral.

Lá eu descobri que havia uma técnica chamada ozonioterapia, como


também conheci um olhar médico chamado medicina antroposófica e
homotoxicologia.

359
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

E procurei aprofundar os meus conhecimentos nessas técnicas.

A insegurança com o tratamento convencional.

Não só em relação ao câncer, mas em relação às doenças crônicas


e degenerativas, o tratamento convencional não tem sido repleto de
sucessos, como todos nós gostaríamos. Isso acaba levando as pessoas
a terem um grau maior de insegurança,

Ou seja, o tratamento em si, não tem ainda algo que seja conclusivo,
que tenha, dentro dos parâmetros da medicina dita hegemônica e ba-
seada em evidências, a comprovação tácita de que funciona.

Então quando você tem uma doença que aumenta em prevalência,


que aumenta em incidência, e que não tem tratamento ou que os tra-
tamentos que existem prorrogam mas não melhoram a qualidade de
vida, você acaba tendo um medo muito grande.
Ozonioterapia para câncer.

Em relação ao ozônio, é um pouco diferente.

O tumor tem um núcleo e tem uma periferia.

A periferia do tumor é rica em vasos sanguíneos tortuosos. Ele pro-


duz muitos vasos.

Então a circulação da periferia é aumentada, mas o núcleo, que é o


que gera o crescimento do tumor, gosta de hipóxia, não gosta de oxi-
gênio.

E aí o ozônio introduz uma melhor oxigenação tecidual que vai ser


contrária ao desejo do tumor, vai afetar aquele tumor no seu núcleo.

É por isso que ele contribui também, de maneira eficaz, para que haja
uma melhora no resultado do tratamento convencional.

O que falta é reconhecer que trabalhos científicos feitos fora do Brasil


possam ter validade.

É inadmissível ter que aceitar um argumento de que, digamos, o rigor

360
Capítulo 05 | Dr. Arnoldo de Souza

científico de trabalhos desenvolvidos, por exemplo, na Alemanha seja


menor do que aqueles desenvolvidos no Brasil.

Nós entendemos que há também um lobby da medicina tradicional


no campo da indústria farmacêutica, a qual tem receio de perder terre-
no em relação à utilização da ozonioterapia. É primeiro um receio que
não é substanciado. Ninguém vai perder nada.

O que acontece é que você vai ter mais qualidade de vida, vai gastar
menos dinheiro, vai utilizar menos procedimentos agressivos, e é isso
que conta, isso é que tem que ser importante, isso é que tem que ser
colocado na balança.

É para isso que a medicina existe, para levar qualidade de vida às


pessoas, curar quando possível, tratar sempre, aliviar a dor de maneira
universal ao longo da linha do tempo.

Ele está proibido e continua acontecendo. Ou seja, passa a ser algo


impossível de você contornar, porque é necessidade da população. O
Foucalt já dizia: “a clínica nasce da necessidade sentida”.

A pessoa está aqui lavando roupa, lavando na porta de casa dela e vê


o vizinho que estava encarquilhado e agora está andando todo serele-
pe e pergunta: “o que o senhor fez?”

- Eu tratei com o ozônio lá com o doutor fulano.


- Mas ele não é cardiologista?
- Ele é, mas ele faz essa técnica e eu depois que fiz, estou me sen-
tindo outra pessoa.

Aí a pessoa vem, não tem jeito. Essa é uma rede que vai se formando
pela qualidade do resultado.

É por isso que não está havendo uma caça às bruxas, porque embo-
ra o conselho circule e diga que não é possível, ele sabe que continua
acontecendo.

Mas sabe também que transformar em vítima aquelas pessoas que


realizam a ozonioterapia é piorar a situação do ponto de vista da regu-
lamentação.

361
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

O papel de hoje da ozonioterapia no câncer.

Na verdade, a ozonioterapia melhora as condições de oxigenação te-


cidual do núcleo do tumor.

E isso inibe a reprodução celular que é feita nesse núcleo tumoral.


Além disso, ela reduz os processos inflamatórios crônicos.

Todo tumor tem um processo inflamatório crônico dentro de si. Então


ela ajuda fazendo essa redução.

Além disso, ela trabalha inibindo os terminais de dor, então torna as


pessoas capazes de sentir menos dor.

Se você melhora a dor, se você inibe a proliferação, se você combate


a inflamação crônica, você melhora o resultado da quimioterapia, da
radioterapia.

Portanto, configurando aquilo que nós falamos desde o início, o ozô-


nio é uma técnica que não cura o câncer propriamente dito, mas que
contribui de uma maneira efetiva para que as técnicas convencionais
tenham melhor desempenho em relação aos resultados.

Seja porque ele melhora a oxigenação do núcleo tumoral, mudando o


metabolismo celular daquele núcleo, seja porque ele combate a infla-
mação, seja porque ele melhora a qualidade de vida e melhora a dor do
paciente, o estado geral do paciente é valorizado.

Nós não propomos o ozônio para curar a AIDS ou o câncer.

Nós propomos o ozônio como uma técnica complementar que pode


contribuir em todas as doenças em que você tenha estresse oxidativo
crônico, tenha inflamação, tenha distúrbios circulatórios, tenha dor.

Então nessas condições você com certeza tem no ozônio um par-


ceiro, uma molécula que pode ajudar a melhorar a qualidade de vida,
a tolerar melhor os efeitos colaterais do tratamento convencional, a
promover uma ajuda para que aquele tratamento convencional tenha
um resultado clínico mais eficaz.

Doença metabólica.

362
Capítulo 05 | Dr. Arnoldo de Souza

Hipócrates lançou algumas bases da medicina moderna e boa parte


delas continuam atuais, e uma delas eu costumo usar muito frequen-
temente: “nós somos o que comemos”.

Então, o câncer, segundo Otto Warburg, é uma doença metabólica.


Uma das características são alterações no metabolismo celular.

Ele adora glicose e odeia oxigênio.

E o câncer traz, para as pessoas, alterações que vieram de hábitos


alimentares com muita frequência e é através desses hábitos alimen-
tares e da mudança deles que a gente pode trazer uma contribuição
efetiva ao tratamento do câncer.

Não existe nada que possa ser pensado de maneira isolada.

O pensamento isolado de uma quimioterapia, o pensamento isolado


de uma radioterapia não considera o caráter unificado no qual se cons-
titui o terreno biológico do nosso organismo.

Nós não somos, definitivamente, uma federação de órgãos que atu-


am de maneira independente.

Ao contrário, nós somos um sistema único, holístico, sistêmico: 99,9%


é energia e menos de 0,001% é matéria.

Então, você está tratando uma doença na matéria e se esquecendo


que o mais importante é abordar a questão de maneira sistêmica para
que esse tratamento seja melhor.

Relação da medicina com o câncer.

A palavra que eu poderia usar que define melhor como a medicina se


relaciona com com o câncer é desconhecimento.
A gente ainda conhece muito pouco dessa doença e, por isso mesmo,
a gente tem pouca condição de controle efetivo sobre ela.

Os tratamentos que existem são tratamentos que não conseguem


ser isolados, ou seja, você faz uma radioterapia, mas você não conse-
gue fazer radioterapia só no núcleo do tumor.

363
PARTE iV | Tratamentos pelo Mundo

Acaba tendo outras áreas afetadas. Então você vai fazer um trata-
mento de mama, você acaba tendo uma traqueíte actínica.

Você vai fazer um tratamento de próstata e acaba tendo uma retite


actínica, que são inflamações que trazem muita dor, que trazem muito
constrangimento e que comprometem a qualidade de vida.

São tratamentos que têm uma busca de eficácia, mas não conse-
guem, por questões técnicas, isolar-se para tratar pura e simplesmen-
te o núcleo tumoral originário de onde, então, possa ser feito o proces-
so de cura.

Recado para quem foi diagnosticado.

Primeiro, eu oriento que o paciente continue o seu tratamento con-


vencional. Isso é fundamental e é um ponto de honra, porque eu não
vou propor um tratamento que substitua o convencional enquanto eu
não tiver base legal para isso.

Segundo, eu vejo o paciente como um todo e vou tentar interpretar


como esse paciente está se demonstrando para mim.

Em terceiro lugar, eu vou promover um tratamento paralelo ao que


ele vem fazendo com uma busca de três coisas: desintoxicá-lo, revita-
lizá-lo e fazer com que o seu metabolismo entre em equilíbrio.

Com isso, eu vou usar várias técnicas, dentre elas, a ozonioterapia.


Então eu faço um diagnóstico funcional desse paciente.

Na medicina, antigamente nós dizíamos que a anamnese é 90% do


diagnóstico.
Então eu tenho que conversar com o paciente, eu tenho que ouvir o
paciente, eu tenho que dar voz ao paciente.

E não é só conversar com o seu discurso vocal, oral, porque por esse
discurso, ele mente, como diria o Dr. House. Na verdade, eu tenho que
deixar que a linguagem corporal se manifeste, e aí eu vou entender
melhor aquele paciente.

Existem vários olhares para explicar um pouco porque o câncer apa-


rece e como ele se desenvolve.

364
Capítulo 05 | Dr. Arnoldo de Souza

Há trabalhos que mostram que, após determinados traumas psico-


lógicos, você tem um desenvolvimento de câncer. Há outros que mos-
tram que há uma expressão genética.

Há outros que mostram que há uma expressão genética, mas se não


houver uma prorrogação ou uma infiltração no campo da epigenética,
ou seja, se você não deixar que o meio ambiente avance sobre o terreno
biológico, ele não se desenvolve, embora tenha a expressão genética.

Uma pessoa, por exemplo, do sexo feminino que tem uma mãe com
câncer de mama, pode ter a expressão genética para aquele câncer,
mas ela toma uma série de medidas na sua vida que não permitem que
essa expressão se materialize.

Do ponto de vista da medicina antroposófica, o câncer seria uma re-


volução anárquica do corpo etérico.

O corpo etérico é que dá vitalidade ao corpo físico.

Quando a gente morre, o corpo físico vai definhando, vai virando


nada, e o corpo etérico sai e se transforma em agregação enérgica para
um outro campo que a gente não tem a possibilidade de enxergar.

Então, nesse aspecto, você tem ali uma condição em que a mitose,
a divisão celular, deixa de acontecer no tempo certo e aí você vai criar
um tumor, que ele não tem forma, você vai criar uma condição em que
a função acaba sendo prejudicada.

E essas características normalmente vem quando a pessoa se des-


conecta do cosmos, quando ela se desconecta do campo de vista da
sua relação com a natureza.

Então, o câncer é mito precedido de processos depressivos, de pro-


cessos em que você tenha uma condição que possa evoluir para uma
dissociação entre a alma, a mente, o corpo, o espírito, entre a matéria
e a energia.

E mais ainda, o processo inflamatório crônico, que pode acontecer no


nosso organismo em diversas doenças, também pode ser a porta de
entrada para o desenvolvimento do câncer.

365
CORPO
E MENTE
PARTE V
Dr. Victor Sorrentino

É médico, palestrante internacio-


nal e autor dos livros best-seller
“Segredos Para Uma Vida Longa” e
“Quebrando os Tabus da Medicina”.
Ativista da ciência dos alimentos,
Sorrentino é símbolo de um movi-
mento médico que tem como foco
a longevidade saudável por meio
da Medicina Integrativa.
PARTE V | Corpo e Mente

O estresse que alimenta a metástase. Saiba combatê-lo

“Eu acredito que a única forma de a gente conseguir


fazer a pessoa sentir-se melhor é um tratamento menos sofrido.
As pessoas precisam passar por tratamentos mais tranquilos.
Definitivamente eu não sei quando isso vai acontecer na medicina”

Dr. Victor Sorrentino

O estigma.
É muito ruim imaginar uma situação de câncer, a gente sabe que é
um sofrimento muito grande. É um estigma grande. Isso acaba com
algumas famílias. Eu, como cristão, acredito que é o momento de se
aproximar de alguma forma de Deus. Independente da sua religião.

Porque quando a gente se aproxima mesmo e começa a entender


um pouco mais o propósito da nossa vida, as coisas ficam muito mais
fáceis. Claro que tem muitas pessoas não acreditam em Deus, mas
Criador, alguma coisa tem. Alguém nos criou. Que seja a Mãe Natureza.

E eu tenho essa convicção porque, no andar da minha vida como


médico, quando eu virei a chave para começar a falar de medicina fun-
cional, eu passei por momentos muito críticos de literalmente querer
abandonar a medicina.

Nem uma, nem duas vezes. Não foi nem só dez vezes. Tamanho foi o
desgosto de ver que a máfia médica não quer que isso seja propagado,
não quer. É uma briga de egos também.

É uma coisa que envolve muito dinheiro. O interesse realmente em


salvar vidas parte de muitos médicos sim, mas parte fundamental-
mente das pessoas porque a indústria precisa lucrar. E eu não isso acho
errado.

A gente não pode acreditar que a indústria farmacêutica está


querendo nos salvar.

368
Capítulo 01 | Victor Sorrentino

Não, ela está querendo lucrar e encontrar clientes. Bons clientes. Isso
não a torna má, mas saber disso me torna mais consciente da minha
vida.

O maior interessado em viver não vai ser nem o seu médico. Somos
nós mesmos. E eu acho que a gente só consegue se encontrar nesse
momento se a gente começar a se entender com Deus e tentar enten-
der nossa missão na vida, que propósito que a gente tem. Às vezes,
tornar a nossa doença em um propósito legal.

Vivemos uma vida superexposta hoje com redes sociais. Então, tal-
vez tenha algo a mostrar para os outros. Tenha algo a ensinar para
os familiares. Desenvolver resiliência. O que eu mais desejaria para as
pessoas com câncer é que entendessem a importância desse momen-
to e entendessem o propósito do momento. E tentar tirar proveito do
momento.

Muitas das pessoas que tratam o câncer conseguem tratá-lo e en-


tram num período de remissão. “Fiz a quimio, fiz a cirurgia, estou bem.”

Nunca pense que está bem. Não respire nesse momento. Muda a tua
vida nesse momento porque a doença existe. Você está em remissão e
alguma coisa fez com que você desenvolvesse a doença.

É o momento, agora, por mais cansativo que seja. “Ah, mas eu acabei,
quero respirar.” Respira um pouco, mas logo transforma a sua vida. Usa
os recursos que estão aí para transformá-la porque é bem provável
que, se não transformar, vai voltar.

O medo do câncer.

Todo mundo tem medo de morrer.

A grande parte das pessoas tem medo de morrer. Ou porque tem um


medo de não saber o que vai acontecer ou por receio de deixar algumas
pessoas aqui desamparadas, filhos.

Eu sempre brinco que o medo de morrer é uma imaturidade nossa


porque todos vamos morrer. E acredita-se que tenha algo melhor, mas
para quem se comporta melhor aqui ou para quem faz o que deveria
ser feito aqui. Em parte, eu acho que muita gente tem medo de morrer

369
PARTE V | Corpo e Mente

sem perceber porque entende, e aí eu estou indo por um lado um pouco


mais espiritual da coisa, entende que não se comportou, entende que
não fez aquilo que deveria ser feito do ponto de vista de honestidade,
integridade.

A outra questão é que, indo para o lado mais físico, é uma doença que
deixa um estigma muito forte. A pessoa tem aquele estigma de que vai
sofrer. Provavelmente, vai tomar medicação e vai ficar careca e todo
mundo vai perceber. E isso acontece, eu sou médico, e realmente eu
olho e aquilo ali sempre me choca, principalmente quando eu vejo uma
pessoa mais jovem.

O grande medo do câncer é o sofrimento, não é exatamente o morrer,


porque se a pessoa morre de uma forma um pouco mais drástica, um
pouco mais rápida, seria menos sofrimento tanto para a pessoa quanto
para a família. Tem um outro lado dessa moeda. É saber que realmente
a gente não tem o controle.

Então muita gente diz: “poxa, eu tenho medo de enfartar, medo de


não sei o quê…” dificilmente hoje a gente vê desfechos tão drásticos
de um infarto ou de alguma coisa como no câncer, que vemos a pessoa
literalmente definhando.

Eu acho que esse medo envolve tudo isso. Tanto a parte espiritual
quanto a parte do sofrimento, como o descontrole. A falta de saber se
tem como resolver ou não.

Outras pessoas vão apresentar formas diferentes de enxergar


o câncer.

E também formas diferentes de encarar os tratamentos.

Por qualquer lado, é sofrido. Porque o outro lado é uma regra em es-
tilo e hábitos de vida, e muita gente não está a fim de pagar esse preço.
É sempre um grande desafio, independente de escolher uma terapia
tradicional ou uma terapia complementar alternativa.

No final das contas, as pessoas vão se dar conta de que os números


para os dois lados são praticamente iguais. Em fazer uma coisa alter-
nativa ou não, no final das contas, para a ampla maioria dos cânceres,
vai depender muito de como for conduzido, de coisas que não estão ao

370
Capítulo 01 | Victor Sorrentino

nosso alcance, de como o corpo vai responder.

Entretanto, é sempre um esforço, um desgaste. Eu atendo muita


gente que teve câncer, eu atendo muita gente com doenças autoimu-
nes, por exemplo: “olha, no teu caso, vai ter que radicalizar.

Se tu quiser a minha ajuda, eu não trato o câncer, mas se quiser entrar


em remissão depois de um tratamento, se optar a fazer uma mudança
de estilo de vida junto com o tratamento. Não serve mais ou menos.”

Tem gente que não dá o seu máximo nem em ser pai e ser mãe. Nem
no trabalho.

Nunca chegou ao ápice de falar: agora eu me entreguei totalmente


para ser uma pessoa bem-sucedida. Então imagina na sua própria vida.
E ali bem-sucedida depende de dinheiro. Na sua vida a pessoal conse-
gue viver sendo mais ou menos.

Então, eu como mais ou menos, eu não me esforço tanto. E a gente


não pode nem julgar esse tipo de atitude porque isso está dentro da
pessoa. Ela foi ensinada assim.

Ela está acostumada com isso. E isso é cômodo. Mas para os dois
lados tem que se esforçar demais, tem que aturar demais. Aguentar
uma carga muito pesada. E o preparo individual para isso, para cada
pessoa foge muito do nosso entendimento.

O que (não) dizem os estudos.

Existem estudos e não são poucos demonstrando isso. Demons-


trando o impacto.

Quando a gente fala de câncer, a coisa se limita muito. Inclusive para


comparar remédios. A coisa se limita muito porque normalmente na
medicina, se a gente quer confirmar que uma droga funciona, a gente
a compara com outra.

Os estudos são conduzidos de formas bem básicas.

Eles comparam o remédio com uma pílula de farinha para ver se fun-
ciona mais ou não.

371
PARTE V | Corpo e Mente

No câncer, por ser uma doença tão séria, são limitados os testes que
fazem. Então a gente não sabe se a pessoa que trata com o remédio
e a pessoa que trata com uma pílula de farinha, quem funciona mais.

A gente nem testa isso. Isso é um pouco preocupante, mas a gente


não tem muito o que fazer porque o mecanismo não pode ultrapassar
a prática e a gente usa isso para tudo.

Eu tenho um mecanismo que explica porque, quando a gente abre


aquela artéria do coração, a pessoa tem um melhor fluxo cardíaco. Isso
é um mecanismo, na prática, os estudos mostram que a pessoa assin-
tomática não melhora.

E até pode correr mais riscos no procedimento. Então, a gente teria


que ter mais estudos para conduzir os tratamentos do câncer. Só que
eles são totalmente antiéticos, do ponto de vista da bioética.

Assim como ficam difíceis os estudos com esses pacientes oncológi-


cos, do ponto de vista metabólico. Eles não são tão realizados.

Principalmente por conta da fragilização do paciente.

O fato é que os estudos que existem, não são poucos, mas poderia
haver muito mais porque a gente tem anos de desenvolvimento des-
sas doenças.

Eles demonstram nitidamente, categoricamente, sem dúvidas que o


estresse dificulta o tratamento, dificulta inclusive a remissão depois.

A pessoa não se cura. A gente fala de cura, mas não é cura. Ela fica
sem o câncer.

Então, o estresse dificulta muito depois e pode ser um dos grandes


impulsionadores para uma metástase ou então para uma falha tera-
pêutica.

Porque o estresse está intimamente ligado à nossa resposta


inflamatória.

E a resposta inflamatória está intimamente relacionada à nossa res-


posta imunológica.

372
Capítulo 01 | Victor Sorrentino

Se nosso sistema imunológico não estiver bem, não conseguimos


combater coisas simples. Quem dirá coisas mais complexas, como o
câncer.

Eu fico resfriado constantemente, eu fico com candidíase constan-


temente, eu tenho herpes constantemente. É um grande candidato a
ter câncer. Ou uma doença autoimune como acontece na família. E, às
vezes, a gente nem conhece o histórico familiar.

Ou então é um candidato a inaugurar uma predisposição que acome-


te 5% da maioria. Nós temos que enxergar o estresse de forma diferen-
te. Não de uma forma subjetiva.

Está estressado vai pescar. Não é isso. É fortalecer o nosso sistema


do estresse porque vai ter estresse, não tem como a gente não ter.

E tem formas de a gente fortalecer, de forma personalizada e algu-


mas um pouco mais genéricas. Entrou em tratamento, eu acredito que
no mesmo momento, eu tenho que amparar o sistema do estresse
com nutracêuticos, com alimentos e suplementação.

Pensamento como que a alimentação seria perfeita para


alguém.

E também no que a pessoa precisa evitar, é preciso avaliar esse tipo


de alimentação.

Não é essa a recomendação que os pacientes têm.

E isso é muito chato porque, às vezes, a gente vê grandes meda-


lhões, como a gente chama certos médicos, que coordenam grandes
grupos de tratamento de câncer nos hospitais mais importantes país.

Às vezes, a gente vê na televisão, os caras falam: “ é importante o es-


tilo de vida”. Só que no consultório, eles não falam isso. No consultório,
eles estão lá, o paciente pergunta e eles falam: “não. isso é bobagem”.

Posso dizer que todo mês tem alguém que passou por isso e vem
me contar.

Eu fico pasmo de ver que aquele mesmo cara que vai na televisão,

373
PARTE V | Corpo e Mente

sendo politicamente correto dizendo que de fato o estilo de vida tem


um impacto muito grande é o cara que dentro do consultório não orien-
ta o paciente nesse sentido.

Tudo que uma pessoa que está fragilizada, naquele momento, quer é
uma palavra de conforto.

Conforto é algo que seja confortável para mim. Que é confortável


para todas as pessoas.

Comer bobagem, eu também gosto.

Isso é confortável, mas não é a minha praxe, não é meu dia a dia, a
minha rotina. Se eu tiver uma doença crônica, não tem mais opção. Não
tem eu posso. Eu devo. Senão eu estou assinando embaixo: “olha, que
estou querendo cavar minha cova”.

Só que, isso não é dito no consultório, para o paciente é muito cô-


modo. E a pessoa assimila aquilo. E todo mundo sabe que isso está
equivocado. Mas ela assimila o equivocado porque ela tem medo de
enxergar a verdade. Aquela verdade pode destruir uma ilusão que é
muito cômoda naquele momento.

Repito: o estresse é importante. Não é subjetivo. Ele pode ser aferido.

A gente pode medir com exames e ver quão depletadas as pessoas


estão do ponto de vista imunológico. Quem melhora e muito os danos
do estresse é a alimentação. O mental também faz uma grande dife-
rença. A gente tem diversas vertentes aqui.

Mas a alimentação dá um suporte básico. E isso, ou a gente imple-


menta, ou a pessoa vai ter muito menos chances de remissão.

Tem duas coisas que eu julgo fundamentais.

Vivo batendo nessa tecla. O tempo todo eu falo sobre isso. Qualquer
condição crônica requer primariamente um nutricionista funcional. A
gente já sabe, todo mundo sabe que, na condição crônica, doenças
crônicas, as genéticas representam 15% a 20%. E estou chutando para
cima, porque é menos.

374
Capítulo 01 | Victor Sorrentino

O resto é estilo de vida e o mais importante não é exercício físico. É a


alimentação. Então não tem como eu pensar em enfrentar uma doença
crônica sem ter um nutricionista funcional.

Por que eu digo nutricionista funcional? Porque existe um médico


funcional. E o médico está preparado para a doença. E o funcional está
preparado para a prevenção e mudança do estilo de vida.

Existe o nutricionista, que está lá prescrevendo, no café da manhã,


um pão integral com margarina porque tem um selinho do coração,
que é um lixo alimentar. Ou tem o funcional, ele entende a função do
alimento. Um ovo vai ser muito melhor, ele vai falar tudo do ovo porque
é um alimento que nutre, e o pão não nutre, muito menos a margarina.

Todas as doenças crônicas deveriam começar por aí.

Busquei um profissional, busco também um nutricionista funcional. É


impossível desconectar isso. Eu trato também doenças crônicas, mas
eu tenho pacientes que até falam: “Victor, mas eu não quero passar
no nutricionista. Para mim é obrigatório. Passa antes com ele do que
comigo”. Na minha equipe, todo paciente que passa comigo, tem que se
consultar com um nutricionista. Por quê?

Porque não tem como eu vencer uma doença crônica sem estar an-
corado em um melhor estilo de vida. “Ah, mas não sei quem venceu”.

Venceu até quando?

Porque venceu ali aquele câncer, um diabetes. E aí daqui a pouquinho


é hipertensão, é doença vascular, é Alzheimer, não tem como.

Primeira coisa, é obrigação, tem que ter um nutricionista funcional


junto.

E não dá para extrapolar. Vou trazer o meu exemplo.

Eu tenho um filho pequeno. E eu e minha esposa estamos sempre


em contato com a nutricionista. Porque, se eu acho importante para
mim, por que eu não vou pegar para o meu filho? Não tem como.

Enquanto você faz dieta para emagrecer, o seu filho está comendo

375
PARTE V | Corpo e Mente

o que? Salgadinho? Não tem como, tem que começar na base. Todo
mundo tem que ter.

Um nutricionista funcional é muito acessível hoje. Tem médicos fun-


cionais que são menos acessíveis.

E claro que eu vou buscar alguém que não vai me prescrever um cra-
cker de manhã porque tem pouca caloria. Já não existe mais alguém
acreditar numa proposta dessa. Então, eu quero qualificar os nutrien-
tes da minha alimentação, e não só pensar em caloria.

Voltando à relação entre câncer e estresse.

Hoje também falamos muito do mindset, que é mudar a perspectiva


psicológica da pessoa para que ela entenda melhor a sua doença, con-
duzir melhor e suportar melhor.

Não dá para combater uma doença crônica sem nutricionista funcio-


nal e alguém que entenda, que ajude a mudar o nosso mindset. A gente
tem psicólogos, os life coaches, as pessoas que são especializadas em
programação neurolinguística.

E tem duas coisas em que eu apostaria muito no início se fosse pen-


sar em câncer, além da nutrição. Eu apostaria muito em programação
neurolinguística porque ela é muito pontual em reprogramar aquilo que
linguisticamente a gente programou errado. O porquê você trouxe essa
doença para ti.

Como que você a considera e o que na tua vida está errado que pode
mudar linguisticamente. Nós somos seres linguísticos.

Então eu acho que isso seria o mais rápido porque não é uma coisa
morosa.

Não estou falando que as outras terapias não são interessantes, mas
eu acho que ali é mais pontual, mais rápido.

Eu já fiz vários tipos de terapia. Eu gosto, sou um cara curioso.

Eu acho que a constelação familiar ajudaria muito essas pessoas por-


que todos nós temos enlaces familiares. Tanto é que são explorados

376
Capítulo 01 | Victor Sorrentino

amplamente na terapia tradicional. Sempre a gente vai falar: “Como é a


relação com o pai, com a mãe?” E tem muita coisa que a gente percebe:
“Ah, tal irmão”.

E tem coisas que a gente não percebe. A constelação familiar tem


só uma sessão. Então é rápido. Em uma sessão, a gente consegue às
vezes ali: “Olha, eu me sinto assim, agora eu entendi por que eu tive...
não é que fui abusado, não é que...” não é só isso.

Mas porque houve aqui algumas situações, inclusive na vida do meu


pai, da minha mãe que fizeram com que eles reagissem de tal forma. E
eu acabei reagindo assim”.

Então é rápido. Nesse momento do câncer é legal a gente ter alguém


para conversar? É. Mas eu acho que simplesmente conversar de des-
graça não é bom.

São necessárias coisas um pouco mais resolutivas.

Mais práticas. Mais rápidas. Então, eu pensaria nisso. Mas tem o reiki,
tem a psicologia tradicional, tem a hipnose, tem as regressões, tem
a comportamental. Tem várias coisas que podem nos ajudar bastante
nesse momento.

Se eu estou estressado, se eu estou completamente agredido o tem-


po todo, por menos que eu perceba, eu vou ter uma baixa nas defesas
do corpo. E essas baixas também significam a baixa do reparo celular.
Temos, de três a oito mil células por dia, células potencialmente cance-
rígenas, que estão se formando do jeito errado.

Eu tenho como reparar isso, normalmente acontece, não estamos


com câncer, mas estamos tendo sem ter. São células que se alteram.

No nosso corpo, a vigilância não deixa passar, mas vai chegar o mo-
mento, se eu estiver entregando muito estresse para o meu corpo,
volto a dizer, psicológico ou metabólico, que vai passar.

E essa passagem do dano acelerado celular, que eu não consigo re-


parar porque eu estou pensando em tantas coisas que estão me dani-
ficando ou porque eu estou acelerando tanto esses danos através de
poluição e de pesticidas, chega um momento que passa.

377
PARTE V | Corpo e Mente

E aí não volta mais. Passou, começou a se proliferar, não volta mais


porque as células são burras e inteligentes ao mesmo tempo. Elas
usam um sistema burro e infelizmente nosso corpo fica inacessível.

As células do câncer têm uma característica diferente. Elas utilizam


uma energia diferente. Elas conseguem se proteger num meio que fica
totalmente inacessível.

E o estresse está diretamente relacionado ao desenvolvimento


de doenças.

Todas, inclusive do câncer. É claro que a gente sabe disso. Muita gen-
te sabe disso de forma um pouco mais subjetiva.

Até na medicina se fala de uma forma muito superficial. Por que su-
perficial? Porque, sabendo que as pessoas estão sofrendo disso, de
um ataque constante, tem meios de a gente pelo menos auxiliar esses
sistemas. Isso seria uma forma de prevenção.

Até mesmo para quem está tratando o câncer porque, se está acon-
tecendo isso, a gente não pode falar: “calma, desestressa”.

Muitas vezes estamos vivendo situações na vida. Eu já escrevi sobre


estresse e câncer e muitas pessoas vieram comentar: “tenho certeza
que foi isso”, “foi depois da morte do meu pai”, “depois que eu tive uma
desilusão”. As pessoas sabem, mas é muito subjetivo.

Poderia ser diferente? Provavelmente sim, porque se eu eu sei que


vivo sob estresse, acontece, acontece de eu entrar em um espiral mui-
to ruim.

Mas, como é eu poderia proteger meu corpo?

Bom, eu tenho que ativar ao máximo a minha capacidade antioxidan-


te e anti-inflamatória. Eu preciso ter ajudantes nesse processo porque
meu corpo sozinho ou a alimentação sozinha não vai fazer o trabalho.

É por isso que aí entra, ou alguns estilos de alimentação, cortar de-


terminados alimentos que são potencialmente deletérios. Inserir ou-
tros que são de qualidade.

378
Capítulo 01 | Victor Sorrentino

Só que uma pessoa que está no meio desse rolo, como não se divulga
isso, ela nem sabe quem procurar.

Ela nem tem forças, às vezes. Mas tem coisas simples, ela pode não
ter forças, mas, se ela fizer o uso de ômega-3, pode ser que aquilo seja
determinante. Pode ser, não estou confirmando.

E se junto, fizer uma dose alta de cúrcuma — de curcuminoides que


estão dentro do açafrão — pode ser que aquilo ajude na prevenção. Se
eles ajudam na prevenção, vamos usar principalmente informando as
pessoas de que há coisas a fazer.

Vamos tentar usar e principalmente informar as pessoas de que tem


jeito, você sabendo que esses períodos serão períodos críticos, não só
no câncer, mas também em doenças autoimunes.

Alguma coisa preventivamente nesses momentos em que você não


precisa ter forças. Você precisa ter dinheiro, só isso. Compra e usa.

E se não fizer diferença? Mal não vai fazer também.

Então tem isso, tem a cúrcuma, uns chás que podem ajudar. Tem
muita coisa que a pessoa não precisa ter forças para fazer naquele
momento.

Exercício físico não consigo. Sono não está bom. Está bom, tem chás
que podem ser utilizados, a cúrcuma, ômega-3 em doses mais eleva-
das. Diminuir determinadas gorduras, tentar diminuir açúcar.

O açúcar nesse momento vai ser ruim. Tem formas de a gente con-
duzir.

Nós temos que divulgar isso para as pessoas saberem.

E não ficar essa guerra na medicina: ah, mas falta evidência disso ou
daquilo. Bom, a gente sabe que isso faz bem.

Mal não vai fazer. É algo a mais a se fazer porque se não existe um
jeito específico de combater o câncer. E a gente sabe que não é genéti-
co, ou seja, a pessoa desenvolve.

379
PARTE V | Corpo e Mente

Além disso, a gente tem como dar amparo para o sistema porque, se
eu estou usando demais o carro, e ele usa uma gasolina aditivada, eu
posso colocar uma extra aditivada.

O sistema adrenal, por exemplo, usa grandes quantidades de vitami-


na C. É uma coisa básica, todo mundo sabe que a vitamina C ajuda um
pouco para a imunidade. No momento de mais estresse, pode ser que
uma dose bem alta de vitamina C ajude.

Por quê? Não só pelo efeito antioxidante e da imunidade especifica-


mente, mas pela maior concentração de vitamina C no corpo. Está tudo
relacionado.

Há algumas vitaminas que a gente não consegue na alimentação em


quantidade aumentada.

Preciso tomá-las durante a vida? Seria interessante, mas, se não to-


mar, não tem problema. Agora, nessas condições, e se está vivendo
sob estresse constante, então cabe usá-las porque, pelo menos, esse
sistema vai ficar com tudo de que ele precisa para poder reagir.

Nós temos um sistema de sobrevivência.

Para viver, a gente precisa de um estresse fisiológico. É preciso acor-


dar de manhã com um estresse. E esse estresse me faz não ter uma
queda de pressão quando eu levanto. Nesse mesmo momento, a adre-
nalina e o cortisol são produzidos.

E isso faz com que, durante um período do meu dia, eu como um ser
biológico, tenha força para lutar: matar ou morrer. O matar ou morrer,
biologicamente, lá nas savanas era não ser morto por um animal e con-
seguir caçar.

Caçar, colher, enfim, sobreviver. Hoje o nosso caçar ou colher é tra-


balhar.

Então, independente da situação, a época que a gente está enxer-


gando, o nosso corpo se prepara para a batalha durante o dia. De noite
ele, diminui essa batalha para poder conseguir reparar, descansar.

Durante o dia, esse sistema está ativado. Esse sistema é quase que

380
Capítulo 01 | Victor Sorrentino

coordenado por alguns genes que a gente chama de clock genes, que
são os genes do nosso relógio.

E esse relógio conta muito com curvas hormonais, que são essa cur-
va de cortisol, que eu tenho de manhã, de tarde e de noite. E depois a
curva da melatonina de noite.

É claro que vários hormônios estão também participam do processo.


Mas a gente pega dois que são, mais ou menos, símbolos de momen-
tos porque a melatonina, além de ter outros papéis no nosso corpo,
no nosso cérebro, tem a função de reparar o nosso sono, uma função
antioxidante, de limpar muitas coisas, de modular muitas coisas.

E, durante o dia, o cortisol, tem essa função de estar mais alto porque
é ali que eu vou matar ou morrer. Eu vou trabalhar. O matar ou morrer é
também combater os danos, porque se eu estou aqui deitado dormin-
do, eu não estou batendo, eu não estou tendo dano nenhum.

Eu estou sempre danificando o meu corpo, de certa forma, duran-


te o dia. Eu estou comendo e estão passando alimentos no meu tubo
digestivo. Esse trato digestivo está se desgastando. Durante o dia, eu
tenho desgaste o tempo todo.

E uma das funções mais importantes do cortisol, não só do cortisol,


mas dos derivados do cortisol, seria um papel bem anti-inflamatório
para esses eventos que acontecem durante o dia.

Inclusive, o matar ou morrer.

Se eu fosse caçar, eu teria que estar pronto para isso, para correr,
para me estressar e para sofrer o dano. E esse dano sempre condicio-
nar a um fluxo rápido de energia para mim, quando eu precisar. E, além
desse fluxo rápido, a reparação rápida daquilo que está acontecendo.

Uma via mais forte para o reparo é o hormônio mesmo, que é o hor-
mônio cortisol. A gente tem outros vários elementos do nosso corpo
que vão combatendo a inflamação.

Mas, durante o dia, nessa curva de cortisol, eu posso ter alguns de-
sequilíbrios. Estou aqui procurando o animal e, quando eu o encontro e
saio correndo, tenho um pico de cortisol. E seria, nos dias de hoje, por

381
PARTE V | Corpo e Mente

exemplo, quando eu encaro o trânsito.

Hoje, temos isso o dia inteiro.

E esse excesso de solicitação, porque quem produz esse cortisol é


uma glândula que chama adrenal, então esse excesso de solicitação
adrenal, que veio junto com a adrenalina, catecolaminas e que prepara
o corpo todo para eventos drásticos sem que seja porque o dia inteiro
eu estou preparado para ter um evento de caça, mas não tenho isso.

A gente utilizando menos ou mais: “ah, mas não é uma caça, Victor”.
Está bom, mas quem está exigindo? É de novo da adrenal? A gente vai
tendo um desgaste dela.

E isso, como o corpo vai se preparando para reagir, quando ele quer
reagir. Naquele momento é mais importante matar ou morrer. “Ah, mas
é o trânsito”, o corpo não sabe que é o trânsito, essa é a sua visão.

Entretanto, quem solicita? Está andando mais rápido ou mais deva-


gar no carro? Mas está andando. Então tá. Está acelerando um pouqui-
nho? Está. Está desgastando. Não tem jeito.

E o desgaste vem desse sistema hormonal que coordena todos os


outros. Toda vez que eu tiver isso, todo o meu corpo se prepara para
isso. Em um corpo que está sempre se preparando para matar ou mor-
rer, não quer ficar feliz, ou seja, ele vai baixar a serotonina.

Não quer resolver um vírus que está chegando, não é o vírus, é algo
que está me agredindo.

Nem uma bactéria que está chegando. Então, é como se eu estivesse


priorizando algumas funções do meu corpo. É claro que, se junto disso
tiver a minha alimentação me agredindo ou vírus outros me agredindo
ou bactérias outras me agredindo. E é o fato hoje. Ou poluição eletro-
magnética ou pesticidas.

Hoje, eu tenho o tempo todo um sistema tendo que ser ativado, que
é o sistema do estresse. Estresse metabólico, psicológico. Não tem
como ele ficar o tempo todo acelerado. Ele vai priorizar algumas coisas
e deixar passar muitas outras. O simples fato de estar com ele acelera-
do o tempo todo, acaba condicionando toda uma mudança nas nossas

382
Capítulo 01 | Victor Sorrentino

produções de hormônios. Tem muita gente que me procura: “a libido


está baixa”.

Um animal na natureza, como nós, quer primeiro sobreviver. Segundo


perpetuar a espécie. Quem quer tentar a sobrevivência não quer ten-
tar perpetuar a espécie. Não vai ver uma fêmea na natureza querendo
acasalar se ela estiver sendo agredida.

Assim como o macho, ele vai lutar antes. Como esse sistema fica
todo remodelado no nosso corpo, acontece uma mudança muito im-
portante na microbiota intestinal, lá nas bactérias do nosso intestino
que são muito importantes para nossas defesas. As nossas defesas
dependem 80% do nosso intestino.

Como ele vai liberar esses agentes? Tem uma completa agressão no
meu corpo.

Em que você acredita?

As pessoas que têm mais fé, não só a fé religiosa, mas a fé que vai
sair dali. Um pensamento mais positivo, ele sai melhor. Eles se curam
melhor. Se tratam melhor.

Sobrevivem mais. E, no câncer, seria positivo se a pessoa conseguis-


se ter forças para isso.

Como é uma coisa muito morosa, são tratamentos que são debilitan-
tes, as pessoas sofrem muito. Tem muita gente que passa muito mal.
E aí você está naquele ambiente fazendo uma quimioterapia, às vezes
com um monte de gente ali sofrendo. A pessoa tem que ser muito forte
para ser positiva.

Eu tenho vários pacientes que o foram. Foram muito positivos e con-


tinuam sendo.

Só que a positividade, claro que ela tem o acreditar, que vai sair e
encarar isso de peito aberto.

A positividade é muito importante porque eu não sofro muito pelo


estresse, e o estresse depleta em absoluto nosso sistema imunológi-
co, haja visto, basta uma pessoa que tenha recorrência de herpes.

383
PARTE V | Corpo e Mente

Quando ela vai ter? Estresse. Resfriado? Estresse. Então, a gente


sabe.

Toda vez que eu baixo as minhas defesas, eu fico muito mais susce-
tível.

O tratamento do câncer, quando indicada a quimioterapia, já deixa a


pessoa muito depletada.

Tanto é que ela tem que tomar cuidado com infecções, isso é um dos
grandes riscos de algumas terapias, como a quimioterapia. Se ela já
estiver com sua defesa muito comprometida, fica muito difícil de lutar.
É claro que ali se conta muito mais com o remédio, as terapias do que
propriamente com a positividade da pessoa.

Mas é um paradoxo muito difícil de ser solucionado. Eu acho que


nunca vai ser solucionado.

Eu acredito que a única forma de a gente conseguir fazer a pessoa


sentir-se melhor é um tratamento menos sofrido.

As pessoas precisam passar por tratamentos mais tranquilos.

E definitivamente não sei quando isso vai acontecer na medicina.

Eu convivi com um familiar que teve um câncer de intestino e ele era


extremamente jovem. Não era familiar direto, mas eu próximo. E ini-
cialmente o tratamento que foi proposto quase o levou a óbito.

Eu acredito que foi porque ele teve uma baixa significativa do sistema
imunológico, não só com o remédio, com a quimioterapia, mas a falta
de entendimento do que estava acontecendo que foi assim, já estava
escrito que não ia acontecer algo de bom, inicialmente.

O que aconteceu com ele e que geralmente acontece com as pessoas


e é a pior coisa que ela pode fazer por si, que é se vitimizar, mas não
podemos essas pessoas porque é uma situação muito ruim.

“Por que eu?”

Se não for tudo é o outro do lado. Por que o outro? Por que o outro

384
Capítulo 01 | Victor Sorrentino

tem? Por quê? Porque, por algum motivo, você foi escolhido para pas-
sar por isso. E, volto a dizer, é mais fácil falar do que sofrer na pele. Mas
a pior coisa que a pessoa pode fazer é isso. Quando ela entra nessa
vitimização, o estresse dela é muito mais profundo porque ela se sente
a prejudicada do mundo.

Infelizmente, a vida não é só felicidade. Toda vez que uma pessoa


está passando por alguma coisa ruim, sempre tem um motivo.

E provavelmente há coisas boas que a gente pode aproveitar das


ruins. Então, no câncer, se a pessoa se vitimiza e se entra num grau
de estresse um pouco mais profundo, os tratamentos definitivamente
vão de mal a pior.

Eles não vão ser bem conduzidos pelo próprio corpo. Porque o corpo
não tem como reagir a isso. A gente sabe de histórias e mais histórias
de pessoas que se entregaram.

A pessoa queria morrer, ela morre. Ela vai para o hospital. Ela está
esperando o último filho chegar de uma viagem. Chegou, ela morre uns
dias depois. A gente não tem como explicar isso. A gente se entrega. E
o corpo sente que a gente se entrega. Não é nem uma coisa assim de
Deus saber. Pode até ser que sim, também. Mas o corpo se entrega. A
gente, as nossas defesas baixam demais.

Dentro dessa doença tão ruim, a gente pode orientar as


pessoas.

E não adianta só orientar, porque sozinha ela não vai conseguir. Mas
trazer para a sua volta,

Existem centros de câncer que são muito legais porque trazem toda
uma coisa junto.

Coisas importantes que ensinam sobre meditação. Algumas pessoas


se apegam mais à fé, à religião. Outras pessoas começam a gostar da
parte de alimentação.

Outras trazem a família. Ou terapias que podem fazer ela sofrer me-
nos dentro dos danos do remédio. Infelizmente, isso não é acessível a
todos. Hoje a gente tem esses centros aqui em São Paulo, que prezam

385
PARTE V | Corpo e Mente

por tudo isso para te fazer se sentir menos doente.

É uma doença como qualquer outra, é uma doença crônica. E o aces-


so não é tão divulgado. Independente disso, as pessoas podem indivi-
dualmente buscar essas coisas complementares.

Temos um outro paradoxo aqui. Existem centros assim, existem


aqueles só alternativos, só complementares. Existe uma grande massa
de médicos que conduzem o tratamento de câncer que não dão dicas
para a pessoa. E a pessoa não tem como saber sozinha.

Eu costumo comparar: eu fui ter meu bebê, eu fui em um médico e


depois em outro. O primeiro médico me falou as coisas legais. O segun-
do me falou isso, me falou quais os cremes que minha esposa poderia
usar, me falou que teria uma fisioterapia pélvica importante, já que ela
queria ter filho normal e teria uma enfermeira com a qual ela poderia
entrar em contato se rachasse o bico.

E ela teria uma outra pessoa, que é uma doula, para acompanhá-la.
A gente não sabia que existia tudo isso. Claro que eu sabia, mas, di-
gamos, um paciente normal não saberia. Mesmo se eu não tivesse a
condição que eu tenho, eu poderia procurar pessoas que fossem mais
acessíveis ao meu bolso.

E que, por priorizar aquele momento do parto, eu ia dar tudo por


aquilo.

Tem pessoas que têm como juntar a família e vão fazer tudo o que
puderem para eles.

Mas a ampla maioria fica no quê? Vai no médico, toma o remédio,


volta para casa e vida normal. A vida não pode ser normal para quem
passa por esse tratamento, porque não está normal.

Não pode ser normal nem do ponto de vista de saúde.

Ela tem que mudar. Alguma coisa na saúde dela não fez bem a ela.
Se não fez bem a ela, deixa eu tirar esse agressor que é o meu estilo
de vida. Então, eu não posso chegar em casa e tomar um sorvete. Não
mudou.

386
Capítulo 01 | Victor Sorrentino

“Ah, Victor, mas aquela pessoa está sofrendo, ela quer ser feliz”. Bom,
não é essa a forma de ser feliz. Ela tem que recondicionar isso na cabe-
ça dela. Isso não é felicidade. Provavelmente porque foi um dos fatores
que levou ela a adoecer.

“Mas, aí agora como é que eu vou fazer?” Ressignifica isso, chama


alguém que trabalha em neurolinguística para entender que o sorvete
não é a felicidade. Claro que desde a infância a gente é condicionado a
isso, tem muita coisa a ser modificada.

A criança ganha como prêmio ir no fast-food porque foi bem em uma


prova. Dá qualquer presente, não leva no fast-food. Tem muita coisa a
ser mudada, mas o fato é que quem quer, quem consegue ter forças,
ou tem um familiar que consegue ter forças, consegue ir atrás. Isso
se a pessoa está aberta a um desafio novo, ela consegue enfrentar
a doença a doença de uma forma completamente diferente e menos
dolorosa.

A primeira coisa que a gente pode mudar são os hábitos


alimentares.

Quando não é algo muito urgente. “Eu não estou doente. Eu quero
prevenir.” Há pessoas que trabalham no oito ou oitenta.

“Não, então vou mudar radical.” Funciona? Pode funcionar. Mas o oito
ou oitenta vive no péssimo ou no muito bom.

Começar a implementar práticas saudáveis, inicialmente pensando


em comer comida de verdade, deixar produtos alimentícios mais de
lado. E depois ter orientações. Hoje em dia, sinceramente, na internet,
a pessoa que tem interesse consegue se achar. Mas se puder ter orien-
tação especializada, melhor. Esse é o básico. Isso é o principal. O resto
é resto.

Se a pessoa conseguir se entender e ver que: “esse não é o meu


grande problema”. Ou então: “esse é meu problema e eu não consigo
porque eu sou uma pessoa muito ansiosa, muito estressada”.

Então temos que buscar outras formas para poder, de novo, mental-
mente sermos fortes. São sempre as duas coisas aliadas.

387
PARTE V | Corpo e Mente

Comer comida de verdade, começar a ter orientação alimentar. Nesse


sentido, a gente vai diminuir açúcar, vai cortar gordura trans, vai co-
mer comida de verdade, gordura de verdade, proteínas boas, vegetais
variados. Se eu ainda tenho um gatilho psicológico que me prejudica
muito na execução, aí vamos por formas diferentes aqui.

A pessoa muito estressada tem que fazer um exercício porque, para


o estressado, o exercício é um grande remédio.

E que tipo de exercício? Aquilo que lhe traz prazer.

Às vezes, o prazer dele é fazer hidroginástica, que não adianta quase


nada como exercício. Mas se ele tem prazer em fazer aquilo, se o de-
sestressa, maravilha.

“Ah, o que me desestressa é um vinho.” Bom, está ferrado. Infeliz-


mente, está ferrado. Mas, se for um exercício, qualquer coisa, dança.

Se a pessoa é ansiosa, o melhor são os aeróbicos. Eu estou falando


de forma genérica. O ansioso consegue na corrida, por exemplo.

Eu não considero ser o melhor exercício, mas é melhor do que ansie-


dade. Corrida, exercício de luta, exercício dessas lutas mais funcionais
para mulheres.

Eu acredito que sejam as coisas que conseguem modular essas pes-


soas.

A pessoa fala assim: “Poxa, Victor, mas eu faço.” Então aumenta. Se a


gente não conseguir chegar num limite, a gente não sabe quanto aquilo
pode potencialmente melhorar as nossas vidas.

Quantas vezes por semana? Tem gente que tem que ser todos os
dias. E se não tiver tempo para fazer todos os dias, o máximo de dias
possível. Um ou outro exercício.

Idealmente, a gente sempre fala: “poxa, vamos começar um pro-


grama de saúde. Tem que fazer musculação para fortalecer a massa
muscular porque o tecido muscular também secreta combatentes an-
ti-inflamatórios”.

388
Capítulo 01 | Victor Sorrentino

Quem tem mais massa magra adoece menos. Morre mais


tarde.

Num mundo ideal, a gente vai falar: “olha faz musculação e junto com
a musculação faz um outro exercício. Um outro aeróbico. Se não tiver
tempo para fazer as duas coisas, primeiro, o estressado faz aquilo que
lhe dá prazer e o ansioso procura exercícios mais aeróbicos”.

O cuidado que a gente tem que ter são com os momentos. A gente
vai voltar naquela coisa do relógio biológico.

O máximo cuidado para que o momento do exercício não atrapalhe


nosso sono. Porque dentro do relógio biológico, o momento é: comba-
ter durante o dia e reparar de noite.

Pessoas mais estressadas têm subjetivamente mais câncer?

Mas isso é difícil de calcular nos exames. Porque esses estudos pre-
cisariam avaliar 50 exames, por exemplo.

Mas, pontualmente quando a gente fala de sono, existem estudos


bem específicos, mostrando que a mulher que trabalha de noite tem
40% mais câncer do que as que não trabalham de noite. As mulheres
que trabalham de noite em regime de plantão, enfermeira, por exem-
plo, têm ainda mais do que as outras.

O que eu quero dizer com isso? A nossa prioridade definitivamente é


alimentação e sono.

O exercício entra como complemento. Se não tem horário para fa-


zer o exercício, sobrou de noite e isso está prejudicando meu sono de
alguma forma, não faça exercício. Ah, mas aí eu vou ficar estressado.
Busca outra coisa, o reiki, qualquer outra coisa. Meditação, e aí vai ter
que encontrar outras formas.

389
Kelly Lemos

É fisioterapeuta há 15 anos e tam-


bém Mestre em Psicossociologia
pela UFRJ. Tem 30 especializações,
entre elas Neuropediatria (UFSCar),
RPG e Mindfulness pela UNIFESP.
Há mais de 15 anos é certificada
pela IFF (Intenational Feldenkrais
Federation) e criou um método de
tratamento para dores crônicas,
com expertise também em pacien-
tes com câncer.
Capítulo 02 | Kelly Lemos

Corpo-mente, a ligação para autocura

“Se você puder olhar o que esse câncer está te convidando


a curar dentro de você, da sua vida, o seu corpo
está prontinho para começar o trabalho”

Kelly Lemos

A mensagem do câncer.
A gente precisa entender que o nosso sistema imunológico também
reage de acordo com o que a gente acredita ou não.

Na hora que você ouve a palavra câncer, já precisa desmistificar isso,


porque ouviu a palavra câncer pensa em morte. Já vejo um caixão na
minha frente.

Acabou a vida. E isso, querendo ou não, deprime o sistema nervoso.


Deprime toda uma reação desse organismo.

Sem a pessoa se culpar porque é natural. Você recebe um diagnóstico


com tudo que falam sobre câncer. E a gente já vê o caixão. E também
tem uma outra atitude, é uma linha muito tênue entre você se conectar
com a capacidade de cura que o seu corpo tem, independente do diag-
nóstico, porque isso é uma sabedoria.

O nosso corpo é todo constituído para nos defender de qualquer do-


ença. Qualquer. Só que o câncer é visto como algo que ninguém des-
cobriu, mas tem milhões de casos de pessoas que reverteram o câncer.

Aí dizem que não tem explicação, deve ter um erro no diagnóstico ou


a medicina tradicional não alcança, mas tem uma linha tênue entre a
gente se conectar com essa capacidade de autocura que a gente tem.

E a gente entra também na negação. “Ah comigo não está aconte-


cendo nada.”

391
PARTE V | Corpo e Mente

Porque tem os dois lados. O câncer encolhe a pessoa, e ela entra


numa coisa de eu vou morrer, morrer.

E o outro lado: “Ah eu vou para o shopping fazer compras, não tem
nada acontecendo.”

E, na verdade, para mim, toda doença é um convite para algo que a


gente precisa mudar.

E o câncer, sem generalizar, porque cada história é única, mas eu sinto


em muitas pessoas que eu já atendi, que tem um chamado para você
voltar para si, para o que é importante para você de alguma maneira.
Você precisou na vida, ou focar em alguma coisa externa, ou fazer só o
que te pediam. E a hora que você tem que parar para olhar uma coisa
dessa, é uma hora de voltar para casa.

Às vezes, tem uma negação e, às vezes tem um mergulhar já vendo


a morte adiante.

Se você puder olhar a que esse câncer está te convidando, a curar


dentro de você, da sua vida, o seu corpo está prontinho para começar
o trabalho.

É uma escolha.

O diagnóstico é importante para a gente poder cuidar daquilo que


precisa ser cuidado. Mas ele também traz um olhar de que algo não
está funcionando bem.

De novo, tem que ter um olhar de muita resiliência porque a gente vai
dizer assim: “Se meu corpo gerou esse câncer, eu não sei mesmo me
cuidar. Meu corpo não tem como se cuidar. Ele não sabe.”

E o que acontece? Você gera dor. Você gera a dor de não acreditar
nessa capacidade que o seu corpo tem. Você gera a dor de ter que olhar
agora, de ver algo que você andou escondendo muito tempo.

Isso também, muitos pacientes com câncer que o superaram con-


tam: “Tinham camadas da minha vida que eu precisava ver. Precisei
parar e aí dói.”

392
Capítulo 02 | Kelly Lemos

Eu falo que a dor pode ser um guia. Não é para você ficar se marti-
rizando, mas a dor, às vezes, vem para te guiar para alguma coisa que
você já está podendo fazer diferente.

E você tem que olhar para ela.

Eu não consigo imaginar como: “ah, eu vou fingir que não estou ven-
do.” Você pode oferecer para o seu corpo outros recursos que não es-
tava usando.

Mas a dor é o guia.

Ela está te mostrando onde está doendo. Isso seja a nível físico,
mental ou emocional.

Quando você tem o diagnóstico de câncer, é impossível não parar


para pensar: “o que estou fazendo da minha vida?”

Em muitos momentos é um desafio a ter gosto pela vida, a resgatar


o gosto de viver.

Mas eu sinto que dói sim, vai vir a dor, mas que recursos você vai po-
der oferecer agora a partir dessa consciência, de percepção para cuidar
dessa dor? A dor vira um recurso também.

A gente criou uma crença de que é a mente que manda no corpo. Isso
é verdade, mas o contrário também. Se existe uma conexão, tudo que
você faz no seu corpo também interfere na sua mente.

E é esse recurso que a gente quer, usar hipnose, que é lindo, quer
usar outros recursos, mas sempre a mente predominando sobre o cor-
po. “Ah quando você faz hipnose aquela dor não existe mais porque não
é o corpo.”

Agora, se você faz um caminho amoroso pelo corpo, se você se move


de uma maneira diferente, estimulando a sua mente a novas conexões
quando a gente faz os novos movimentos diferentes, só o fato, às ve-
zes, de cruzar um braço de forma nova, o cérebro já pensa: “o que ela
está fazendo? Disso eu não tenho registro”.
Você já está abrindo possibilidades para sua mente também perce-
ber, se conectar e entender o seu corpo de outra maneira.

393
PARTE V | Corpo e Mente

É um caminho lindo que eu vejo que é muito pouco explorado ainda.

O corpo modifica a mente, assim como a mente modifica o


corpo.

E a gente tem histórias assim: a pessoa estava há trinta anos com


uma dor crônica e tomou remédios, fez um monte de coisas. No dia que
ela experimentou uns movimentos suaves, que ela nunca tinha feito,
a mente dela: “ué, então meu corpo não era só aquela dor que eu via”.

Porque ela sentiu no corpo o alívio. Ela experimentou no físico. E aí


ela começou a mudar o mental. Então: “peraí, será que se eu fizer mais
eu vou mudar meu corpo?” E aí começa, aí tem a integração de que a
gente fala tanto. Aí, sim, você pode usar o seu corpo para mudar sua
mente, assim como usa a mente para mudar o corpo.

Existe toda uma literatura falando sobre a síndrome da imobilidade.

Isso é muito interessante, a gente começou a mudar a visão na saúde


de que uma pessoa doente ou em tratamento: “ah, ela tem que fazer
repouso. Ela tem que ficar quietinha”.

Porque pesquisas mostraram que essa imobilidade vai gerando uma


síndrome. Por que síndrome? Porque são mais de cinco coisas que são
só a causa, porque toda síndrome tem vários sintomas relacionados a
ela.

Essa síndrome vai gerando debilidades em vários órgãos, atrofia


muscular, dificuldade respiratória, que favorece a pneumonia. Então
hoje, é lógico, uma quimioterapia debilita dependendo da pessoa.

Só que eu falo, tem tantas coisas que a gente pode fazer. Por exem-
plo, movimentos suaves são um bálsamo, são muito prazerosos e
mantêm a lubrificação articular, mantêm a circulação do sangue.

Pegar sol.

Se você está em tratamento de câncer, precisa de sol.

Conversa com seu médico, lógico. Mas sol. A gente se isola. E aí você
está dentro de casa já com pensamento, com a mente de que você está

394
Capítulo 02 | Kelly Lemos

com algo grave, fazendo um tratamento que te deixa debilitado e aí


você não consegue viver mais nada da vida.

Se manter em movimento, é lógico, não vai fazer uma maratona, mas


um pouco de movimento olhando para esse corpo porque a atitude que
a gente toma de falar: “tá bom, então vou fazer, né?” Quantas pessoas
se entregam nessa atitude do vamos fazer. Mas com vida de verdade.

Com vida, corpo, eu estou aqui, vamos lá, vamos regenerar isso aí. O
corpo se abre na hora porque todo nosso sistema é pronto para prote-
ger a gente, para ver onde tem algum problema, para se “ajeitar”.

Mas só que depende da nossa disponibilidade. Ficar isolado, não fa-


zer movimentos realmente dificulta muito essa possibilidade de o cor-
po se regenerar.

O que acontece? A ansiedade que um diagnóstico gera na nossa vida.


É difícil até de fazer qualquer coisa. A gente vê que as pessoas ficam
patinando.

O que eu faço com esse diagnóstico?

Quando você faz movimentos, os movimentos que a gente usa, sua-


ves e prazerosos, isso está atuando no núcleo da ansiedade no nosso
cérebro.

Aí é preciso falar um pouco de neurofisiologia, nós temos os sistemas


nervosos simpático e parassimpático.

O sistema nervoso simpático é o nosso sistema de alerta. Luta e


fuga. Quando você ouve o diagnóstico, meu Deus, você quer fugir ou
você quer fazer qualquer coisa. Você está na excitação, na constrição
e na liberação de neurotransmissores que geram ansiedade, medo e
estresse, como cortisol, adrenalina.

Eu digo que isso foi muito eficiente quando a gente vivia na floresta,
se viesse um leão, você teria de ser capaz de subir numa árvore.

Seu sistema nervoso simpático se ativava, e você estava salvo. Mas


hoje nós não temos mais essa condição, nós não gastamos quando
vem esse ímpeto.

395
PARTE V | Corpo e Mente

O melhor que a pessoa pode fazer num momento desses é fazer mo-
vimentos suaves. É usar a respiração de que a gente fala tanto.

Porque você vai ativar o sistema nervoso parassimpático, que é o


outro lado do sistema nervoso e está ligado ao relaxamento, à calma.

E você também se torna o criador desse espaço de calma. Isso tam-


bém não tem preço. Não é o remédio. É você ali fazendo os movimen-
tos, respirando com toda a ansiedade presente. Não tem um mundo
ideal.

Eu falo para a pessoa: “Está ansiosa?

Vai, senta, pega uma aula e faz os movimentos. Experimenta, é na


prática. Estou falando aqui, mas vai viver. Naquele momento do pânico
senta e faz o movimento.”

A pessoa fica impressionada.

Olha o que a gente falou antes, o corpo atuando na mente. Porque a


sua mente está disparada.

“Meu Deus eu estou com câncer, eu estou ansioso, o que eu vou fa-
zer, o que eu não vou fazer?”

A mente não vai conseguir sair disso. E também, como você vai usar
essa mente que está desesperada para acalmar? Não vai. Aí você pre-
cisa do remédio. E se você usa o corpo nesse momento para dizer para
sua mente: “está tudo bem”?

Quando a pessoa experimenta o alívio por ter feito aqueles movi-


mentos, por ter se percebido, a mente fala: “opa, o que aconteceu?”

E é impressionante. Os casos de redução de ansiedade e síndrome do


pânico são imensos. Porque é a pessoa usando o corpo para acalmar
a mente.

E a explicação neurofisiológica é que você acessa o sistema nervoso


parassimpático, que é responsável pelo relaxamento, pela calma, pelas
endorfinas. Nossos analgésicos naturais, que estão também aqui e que
a gente não usa.

396
Capítulo 02 | Kelly Lemos

A gente vive em pane e muitos anos ou muito tempo da vida sempre


no “pi pi pi”, no alerta.

E o quanto a gente pode parar para nutrir esse outro lado que está ali.
O sistema nervoso parassimpático está aí o tempo todo.

Só que é aquilo, você não usa, está lá. Aí vem insônia, a pessoa não
dorme porque o simpático é o do alerta.

Eu não posso dormir porque o leão vai vir me comer, então eu estou
acordada. E os neurotransmissores também vão sendo liberados para
te manter mais alerta. Se você escolhe, aí vem de novo a responsabili-
dade, eu vou escolher me acalmar.

Aí o corpo encontra esse equilíbrio.

“Ah, Kelly, não é tão simples assim.”

Porque nós estamos prontos para reagir. Todo o sistema quer dizer
que não é fácil. “Não, mas não é fácil assim, né?”

Eu digo: “É sim, mas é uma escolha sua.” Entenda que a nossa mente
é toda constituída para a gente acreditar que não pode.

E isso para mim é uma grande barreira em que a gente precisa co-
meçar a trabalhar.

Nós podemos tantas coisas que a gente nem se dá conta. Então es-
colher trabalhar o seu parassimpático é reduzir a ansiedade, é dormir
melhor, é ter menos náusea, é ter menos dor em relação à quimiotera-
pia. É uma escolha sua também.

Há dois momentos: de não se tornar morte e de acreditar nessa


cura.

E você vai ter flutuações. Mas eu sinto que é importante só acolher,


sem julgamento.
Ah, não, recebi diagnóstico de câncer, mas eu estou ótimo, eu vou
superar isso. Mas isso está só na cabeça.

Eu sinto que é muito natural e saudável, num primeiro momento,

397
PARTE V | Corpo e Mente

você ter todo um recolhimento. Você ter todo o medo da morte, ver o
caixão, pensar que vai morrer…

É natural! Mas, primeiro, não precisa perpetuar e nem precisa se jul-


gar: “não, não posso me entregar!”

Porque a gente vê muito também essa atitude, que nem sempre cura.

Porque você ainda está lutando. Eu sinto que tem uma coisa de a
gente se aproximar de uma amorosidade com nós mesmos, entende?
Que é bem diferente de lutar.

Porque lutar ainda parece que a minha mente tem que ser muito for-
te para lutar contra esse corpo que está se degenerando.

E, para mim, é a integração que abre o portal da cura.

“Eu estou aqui, nossa, que medo de morrer, ai!”

E chora. E pessoas que antes de um diagnóstico de câncer estavam


há vinte anos sem chorar, eu já vi isso. E, se você tem lágrimas para sair
dos olhos, por que é que veta uma expressão emocional?

Então, para mim tem dois momentos, esse primeiro momento, que é
natural, tem que acolher. Deixa vir o medo, acolhe esse medo: “tá bom,
eu tô com medo”. E aí você começa a buscar os recursos.

“Tá, então, o que é que eu tenho que fazer?” Trabalhar essa consciên-
cia de que o seu corpo está ali, louco para se regenerar.

É isso que não é incentivado. Vão explicar para você que a quimio
vai funcionar assim, o remédio vai funcionar assim. “Então, ó, essa é a
chance que a gente tem, você tem 30%...” Não, você tem 100% se você
fizer a aliança com o seu corpo. A mente-corpo.

Tá bom, eu tô aqui agora, eu quero olhar para isso. Porque ainda é


algo fora.

É a quimio, o protocolo, é o que o médico disse…

E eu continuo afastado do que aquele câncer está me trazendo.

398
Capítulo 02 | Kelly Lemos

Vou usar uma frase: por que é que o câncer volta, ele se repete, a dor
volta e vem de novo?

A cura pode acontecer.

Você faz uma quimio, faz não sei o que, seguiu no automático. Mas
você não trabalhou a sua consciência do que aquilo está te pedindo.
Agora, se você trabalha a sua conscientização é diferente.

Primeiro esse instrumento maravilhoso que é o nosso corpo. E se-


gundo, o que é que está trazendo, para mim, essa doença?

Eu digo que a doença é um portal para algo que a gente está preci-
sando transformar. Se você trabalha na consciência, a cura é consequ-
ência, entende? A cura é quase parte do processo porque você perce-
beu ou porque você transformou aquilo que está por trás, que não é só
o biológico.

O que é estar aqui na vida?

É virar uma máquina que vai executando… Mas quando você fala do
“se livrar”, isso também vem com um pensamento mecanicista do cor-
po.

O seu carro, se ele quebrar, você leva no mecânico, troca uma peça e
tudo está funcionando. O corpo não é assim.

E é aí que entra uma grande ilusão de que: “eu quero me livrar, então,
me dá logo o que que eu tenho que fazer”, mas alguém está te dizendo
o que você tem que fazer, entende?

Alguém está trocando a peça do seu corpo, e para mim é isso que
modifica tudo.

É quando, de verdade, eu consigo me aproximar para olhar o que


aquilo está trazendo para a minha vida. É uma escolha de responsabili-
dade, entende? Porque a gente quer dizer que o câncer acontece.
É preciso pensar por que isso acontece.

Eu sei que isso é difícil de ouvir.

399
PARTE V | Corpo e Mente

Tem alguma escolha que você está fazendo que está abrindo espaço
para que aquele câncer se manifeste no seu corpo.

Isso funciona para qualquer diagnóstico. Para uma hérnia, para uma
dor crônica. E para mim é só um convite para você se conscientizar.

Só você parar e buscar os recursos que estão fora, mas se investi-


gando por dentro.

Que espaço que eu abri dentro de mim para manifestar isso? Onde
eu me implico?

E o que eu vejo é que a cura também está muito ligada à autorres-


ponsablização.

Quando eu me aproprio, que isso é meu, não para me apegar, mas eu


manifestei isso.
E se a gente for para os estudos de plasticidade neuronal, você cria
circuitos neuronais no seu cérebro para tudo.

Para o prazer, para a dor, para o câncer. E se você os criou, se respon-


sabiliza de que os manifestou, você é capaz de mudar esses circuitos.
E os estudos só vão provando que a cada momento, não é mais assim:
“eu preciso de 8 semanas para fazer isso, isso e isso para o meu cére-
bro mudar”.

Não. É instantâneo. Quando você escolhe, quando você se apropria,


as conexões mudam quase que instantaneamente.

Claro, precisa de uma ginástica ali para elas se consolidarem, senão


você volta para o mesmo circuito. Então, é lindo esse encontro da ciên-
cia com a consciência, entende? Com essa integração mente-corpo. É
muito poderoso para a cura.

A culpa.

Eu falo que a culpa é um grande manipulador existencial que coloca-


ram na gente.

Porque a culpa te vitimiza. Você se coloca num lugar errado. Algo está
errado. No lugar da consciência, não tem nada errado. É só um julga-

400
Capítulo 02 | Kelly Lemos

mento nosso. É certo ter câncer ou é errado ter câncer?

Vou contar a história de um homem. Dizem que ele era um homem


muito sábio. E ele vivia em sua propriedade.

Ele tinha alguns cavalos e os cavalos. O cavalo era o jeito de levar


as coisas, de ter o retorno. E aí o vizinho falou: “nossa, mas que ruim!
Seus cavalos sumiram e agora você não tem como transportar seus
alimentos.”

E ele dizia, sabiamente, olha: “se é bom ou se é ruim eu não sei, é um


fato. Meus cavalos fugiram.”

No dia seguinte, os cavalos voltam com mais três cavalos para o ter-
reno dele. E aí o vizinho diz: “mas que maravilha! Que ótimo!”.

Aí o sábio: “eu não sei se isso é ótimo, se é uma maravilha. O fato é:


eu tenho agora mais três cavalos.”

O filho desse homem foi domar um dos cavalos, caiu e quebrou a


perna. O vizinho disso:

“Ai, que desgraça, tá vendo? Você conseguiu mais cavalos, mas seu
filho quebrou a perna”. E ele: “eu não sei se isso é bom ou se é ruim, eu
sei que meu filho quebrou a perna.”

Acontece uma guerra, todos os jovens da região são chamados para


ir à guerra, e o filho dele não vai porque está com a perna quebrada.

“Olha, que sorte, seu filho quebrou a perna e não foi para a guerra!” E
ele diz: “eu não sei se é uma sorte, meu filho quebrou a perna.”

Entende? O julgamento é nosso, se a coisa é boa ou se é ruim.

É claro que ninguém quer ter uma doença.

A gente não vai ficar aqui dizendo: “ai, que legal ter uma doença”. Não
é isso. Mas a gente coloca esse peso.

E quando eu falo: “então, a dor volta, a culpa é minha?”

401
PARTE V | Corpo e Mente

Eu exercito muito na minha vida, tudo o que é difícil para mim, trocar
a palavra culpa por responsabilidade.

Só fazer essa mudança já é energético. Se você nunca fez isso, come-


ça a partir de hoje.Quando você pensar em culpa, troque a palavra, mas
vá para a sensação do corpo.

Então, eu sei que é muito difícil, porque a sociedade tem muitos ga-
nhos com a vitimização.

“Isso não é culpa minha, eu tive uma doença porque isso acontece”.
Você está, de novo, se desapropriando do seu poder.

E é aí que eu queria chegar. Quando eu falo isso da responsabilidade,


não é: “Então a culpa é minha, né? Fui eu que fiz isso, tá dizendo que eu
sou masoquista?”

Não, é muito pelo contrário. Quando você tira essa responsabilidade


de você, você está jogando fora o maior poder que você tem.

E a gente tem hoje várias pesquisas, vários documentários falando


dessa capacidade do corpo de se autocurar. E muitas vezes sua res-
ponsabilidade é assumir isso, que você tem corpo.

Eu falo assim: “cara, as pessoas abominam tanto o corpo quando ele


tá doente, mas você passou a vida inteira vivendo tudo pelo corpo e
nem se deu conta que tinha um corpo.”

Mas tudo o que a gente vive, só vive porque tem um corpo. E a gente
não olha para isso. E para mim, se a gente está aqui, nesse planeta,
nessas condições, tem um chamado para viver esse corpo. Não adianta
querer negar ele. Ele vai te chamar de algumas maneiras.

Para umas é na gravidez, sendo mãe; outros é se machucando; ou-


tros é gerando uma doença… Mas para mim tem uma apropriação aí
do poder.

Então, não olhe como culpa, se expropriando de novo. Veja como res-
ponsabilidade de olhar a capacidade de cura que o seu corpo tem. En-
tão, para mim isso é uma mudança nessa postura. Mas é difícil. Ouvir
que a responsabilidade é sua é difícil.

402
Dr. Ubirajara de Carvalho

É cardiologista, formado pela Fa-


culdade de Medicina da Universi-
dade Federal do Rio Grande do Sul
e também doutor em cardiologia.
Pioneiro em medicina ortomolecu-
lar, é estudioso da biologia molecu-
lar e também foi o primeiro médico
brasileiro a ter contato com a Me-
dicina Funcional.
PARTE V | Corpo e Mente

‘Nenhum médico pode acabar com a esperança de cura’

“Nunca, nenhum médico pode tirar a esperança de uma pessoa.


Uma porque existem muitas surpresas, além de ser
algo desastroso para a pessoa”

Dr. Ubirajara de Carvalho

Quem é o Dr. Ubirajara de Carvalho.


Minha história começa durante a faculdade quando, na cadeira de
patologia geral, nós tínhamos um estudo de análise de sistemas e um
enfoque em medicina no sentido amplo.

Isso influenciou toda a minha formação. Eu fui pesquisador inclusive


de biogenética e sistema geral nessa época.

Quando fui para a cardiologia, que foi a minha área de escolha, eu fui
estudar geriatria.

Então, eu fui obrigado a entender as vitaminas e minerais porque a


nutrição é um elemento-chave no envelhecimento. Por isso, eu tive
que estudar esse assunto.

Na década de 1980 surgiu aqui no Brasil o conceito de medicina orto-


molecular, que foi criado pelo Linus Pauling.

Eu me interessei pelo assunto e fui estudar essa questão. Criamos


uma Sociedade de Medicina Ortomolecular.

Em 1999 eu tomei ciência da nutrição e da medicina funcional. Ela


mostrava um campo amplo de abordagem.

Esse campo tinha a ver com duas coisas fundamentais: a visão geral
do indivíduo, sistemas se interligando e não órgãos isolados; e a per-
cepção profunda do nível bioquímico, do nível molecular.

404
Capítulo 03 | Dr. Ubirajara de Carvalho

Esse foi o motivo fundamental. Assim eu comecei a entrar na mole-


cular e ela sistematizou minha observação e minha maneira de traba-
lhar.

O medo do câncer.

Eu entendo que o maior medo do brasileiro seja realmente o câncer,


embora as doenças cardiovasculares matem mais. O que acontece é
que o câncer induz o indivíduo a um sofrimento e a uma mortalidade
muito alta.

E os resultados dos tratamentos tradicionais de câncer não


são suficientes.

Por isso a ciência continua buscando novos tratamentos. O sofri-


mento é o que impacta e assusta todos, com muita razão.

Na verdade o que acontece é que o modelo médico isola o paciente. O


modelo médico isola a doença do paciente. Essa é a questão.

Então nós não temos uma abordagem geral do problema. Isso tam-
bém é causado por um excesso de descobertas da medicina que vai
gerando também as especialidades que, por sua vez, vai gerando uma
simplificação da abordagem do problema.

O que precisa ser feito nesses casos? É integrar a medicina tradicio-


nal com a alopática e o que a gente pode chamar de medicina biológica.
E essa é a dificuldade.

Eu tinha uma visão, mais ou menos até o ano 2000, de que o câncer
é um inimigo que tem que ser destruído. E a que as armas que a gente
tinha que usar eram radioterapia, quimioterapia e cirurgia.

Eu já tinha algumas noções de antioxidação, mas câncer também não


era uma coisa com a qual eu me preocupasse muito, não era muito do
meu dia a dia. Não estava dentro dos meus desafios.

Mas, depois, eu fiquei estudando essa bioquímica toda, biofísica e a


parte médica do câncer e fui verificando que, na verdade, o que forma
o câncer.

405
PARTE V | Corpo e Mente

O câncer nada mais é do que uma célula que está em sofrimento.

Como todas as estruturas vivas, elas querem permanecer vivas. Isso


é a lei da persistência. A célula não quer morrer.

O que acontece é que ela faz o sistema todo multiplicar uma célula
porque ou ela se multiplica ou vai morrer.

Chega um momento que o organismo vai definir o que vai fazer. Ou


ele faz uma morte programada, que é uma apoptose, ou ele tenta ma-
tar a célula. Se ele não tem condições de fazer isso, ele manda a célula
se suicidar.

Mas, às vezes, a célula está em uma situação tão precária que não
tem como se suicidar. Aí surge a vida eterna daquela célula. E isso é o
câncer. Quando aparece uma célula dessas, o organismo quer eliminá-
-la e é isso que acontece com bastante frequência. Nós estamos elimi-
nando diariamente células que gerariam câncer.

O organismo luta para eliminar essas células. O que acontece é que


o organismo, por problemas genéticos, nutricionais, entre outros não
tem condições de matar a célula também.

E aí a célula fica imortal.

Então é como se fosse uma família em que o vovô já está com 90,
100 anos e gostaria de descansar, mas está vendo que seus filhos e
seus netos estão em péssimas condições sendo que ele dirige uma
empresa X e tem que mantê-los vivos, ajudar os outros, os irmãos de-
les que estão muito mal.

Aí o vovô se esforça para não morrer, embora já devesse morrer. É


uma maneira que eu tenho para explicar essa questão do câncer.

Nós temos que ajudar o organismo de uma maneira tal em que a


células não cheguem a esse ponto.

A célula cancerosa nos vitima, mas na verdade ela é, em primeiro lu-


gar, uma vítima.

As expectativas para o tratamento.

406
Capítulo 03 | Dr. Ubirajara de Carvalho

O tratamento do câncer hoje em dia deve ser considerado como um


todo. Não é só ver a célula com câncer ou o órgão com câncer com a
idéia de exterminá-lo.

Porque nós temos que buscar os motivos, as causas e os mecanis-


mos. Por exemplo, se um indivíduo fuma meia dúzia de cigarros por
dia, ele normalmente não vai ter câncer, porque seu sistema de defesa
consegue resolver esse problema.

Agora se o indivíduo não tiver, por exemplo, ácido fólico suficiente,


não come muitas folhas, ele poderá não conseguir vencer aquilo. Ima-
gine se a pessoa mora num ambiente poluído. É óbvio que a agressão
pulmonar dela é maior.

Então além de existirem muitos tipos de câncer, alguns cânceres, por


exemplo, não dependem do cigarro. Então as coisas são bastante com-
plexas nesse sentido.

Agora a nutrição funcional, a gente pode vê-la como uma


árvore.

E a medicina funcional, que está dentro disso, é uma árvore. O pro-


blema que se apresenta na prática é, por exemplo, um infarto, um cân-
cer no fígado, no intestino, um câncer de mama, um AVC.

Nós tratamos com as especialidades. No caso da árvore, temos que


considerar como se fossem as folhas, os galhos lá em cima, mas o que
tem abaixo disso? Temos o tronco e abaixo disso as raízes.

E o que a árvore recebe da terra? Nós vamos ter os nutrientes da ter-


ra. E nós, os seres humanos, o que temos lá embaixo? Temos nutrição,
relacionamentos, pensamentos.

Fatores dessa ordem é que determinam, em cima do sistema gené-


tico, o que vai acontecer na folhagem.

Hoje costumamos colocar lá em cima a pneumologia, a cardiologia,


oncologia, nefrologia. Mas fazendo uma abordagem isolada e geran-
do um tratamento completamente antagônico a isso, um tratamento
alopático.

407
PARTE V | Corpo e Mente

O organismo, ele próprio, cria o seu tumor. Se ele o cria, então o tra-
tamento tem que ser diferente. Essa é uma visão global, visão que in-
corpora as questões espirituais do indivíduo, o pensamento da pessoa,
sua atividade física, tudo isso está em jogo.

Então essa árvore tem que ser contemplada dessa maneira, vendo
o ser humano como um ser vivo, igual a qualquer outro da natureza. É
isso que veio fazer a medicina funcional, integrar tudo. Com a medicina
biológica e com a medicina convencional que todos aprendemos nas
faculdades.

A inimiga número 1.

A inflamação é uma reação do corpo sobre aquilo que ele não gosta.

Se ele não gosta de um vírus, combate o vírus. Se não gosta de uma


bactéria, ele a combate. Então temos uma idéia de que nossos inimigos
são sempre apenas esses.

Na verdade, nosso mais frequente inimigo muitas vezes é aquilo que


a gente não gosta, que é o alimento. Nós podemos não gostar de um
alimento e o corpo gostar, agora nós podemos gostar de um alimento
que o corpo não gosta ou odeie.

Quando o organismo recebe um alimento que não aprecia, ele reage


de maneira semelhante a quando é atacado por um micróbio ou um
vírus. Só que de uma maneira em geral mais branda.

Porque ele tem uma reação em geral imediata ou tardia. Todas as


pessoas têm reações tardias ao alimento. E as reações imediatas já
são outro tipo de reação. Como no caso do camarão, que é muito cita-
do. Então essa outra reação é uma reação subquímica, e ela vai infla-
mando o organismo.

E o importante nessas intolerâncias alimentares é fazer o diagnós-


tico porque elas são visualmente ocultas. Uma pessoa me disse no
consultório que tinha mais ou menos uns 30 ou 40 alimentos que ela
sabia que faziam mal. Inclusive ela foi mandada para um psicólogo por
causa disso.

E, quando nós testamos na clínica, encontramos 72 alimentos alér-

408
Capítulo 03 | Dr. Ubirajara de Carvalho

genos. Ela era alérgica até a pêra para você ter uma idéia.

Imagina o que isso representa na saúde de uma pessoa. A mudança


que dá na vida de uma pessoa quando ela retira todos esses elementos
patogênicos, que estão inflamando.

E essa inflamação, nós sabemos que não está ligada somente ao


câncer, está ligada à aterosclerose, ao Alzheimer, ao Parkinson, às do-
enças degenerativas. Esse é o papel fundamental hoje da inflamação.
Inclusive na própria doença que estamos agora vivenciando.

O processo inflamatório é a chave.

E essa inflamação está muito ligada aos radicais livres. Esses radicais
livres têm que ser controlados por antioxidantes, que são fornecidos
pelos alimentos.

Minerais, vitaminas. E aí está a importância das pessoas terem nutri-


cionistas. Deveria ter desde cedo, não quando precisa.

A abordagem com pacientes com câncer.

O primeiro passo que eu faço é o seguinte. Eu tenho verificado qual é


a fase do indivíduo. Ele está num pré-tratamento, ele foi diagnosticado
com câncer, ou ele está fazendo quimio, radio, ou ele está num pós-
-tratamento. Isso é de extrema importância.

No pré-tratamento, nós montamos um esquema com bastante faci-


lidade, entre aspas, sempre tem a individualidade, não há dúvida.

Agora o problema que eu quero enfatizar é quando ele está fazendo


quimioterapia, ou radioterapia.

Porque aí as implicações dos tratamentos naturais, digamos assim,


elas são muito sérias, porque elas podem ajudar, e podem frequente-
mente prejudicar.

Não é o tema de eu me alongar muito, mas eu diria o seguinte. Da-


queles grupos de tratamento que se tem hoje, que se usa mais de uma
substância em geral, o que é muito comum é usar uma terapia oxidati-
va, então você imagina uma terapia oxidativa para oxidar o tumor, claro

409
PARTE V | Corpo e Mente

que ela dá as suas consequências no entorno.

Então, é claro que o médico não pode trabalhar em nível de alimen-


tos, ou em nível de suplementos de antioxidantes, porque ele vai estar
aí entrando em uma contrariedade.

As coisas se complicam à medida que a oxidação excessiva do tra-


tamento pode desencadear danos no organismo. Na verdade como o
organismo tem que reagir, é muito complexo e precisa de acompanha-
mento.

Quando você usa tal quimioterápico, tal conduta é indicada: “ah, mas
tem o outro quimioterápico que e contra-indicada”.

E aí você imagina quando te dão três, quatro quimioterápicos, é es-


sencial que o médico fique em casa horas e horas e horas analisando o
caso e consultando fontes para tomar decisões. É o que eu faço.

Processo inflamatório.

Depois dessa fase nós vamos ter que considerar o processo inflama-
tório, qual é o nível de inflamação do indivíduo, o que está inflamando
nesse indivíduo. E nesse momento fundamental é mais importante
procurar os alimentos alergênicos e tirar todos.

Outra coisa fundamental: tirar a obesidade sempre.

Essas alergias, como eu falei, elas devem ser analisadas, por exames
de sangue, ou bioressonância, que é um método prático e que a gente
utiliza muito.

Sistema imunológico.

O outro aspecto fundamental é a avaliação do sistema imunológico.


E nesse sentido é muito importante a gente considerar os órgãos que
estão envolvidos, como o timo, como o baço, como a medula óssea.

Também nós temos que pensar na saúde intestinal que é extrema-


mente relevante e nós temos que melhorar e verificar os minerais e vi-
taminas dos indivíduos, porque os minerais e vitaminas vão fazer com
que nós tenhamos um poder de defesa.

410
Capítulo 03 | Dr. Ubirajara de Carvalho

Por exemplo, existe muito radical livre no tumor, então como é que
nós vamos combater por exemplo, o primeiro ataque dos radicais li-
vres, a gente tem que ter uma disponibilidade muito boa no organismo
de vitamina C, vitamina E e etc para que essas superóxidos gerados na
mitocôndria, no metabolismo, e também para os ataques do vírus e
bactérias.

Nós precisamos avaliar e medir, e não apenas supor.

O ideal é que toda a população soubesse os seus valores. Isso é um


enfoque que vai se introduzindo lentamente na sociedade, mas na si-
tuação agora é bastante importante, porque o nosso sistema de defe-
sa depende tremendamente disso.

Avaliação hormonal.

Depois, temos também uma avaliação hormonal. Essa avaliação hor-


monal: como é que estão os hormônios desse paciente?

Nesses hormônios nós vamos verificar como é que está a proges-


terona de homem e de mulher, porque a progesterona já se verificou
em 1983, na revista Próstata, foi publicado um artigo, e esse artigo
mostrava que o trio que favorece o câncer de próstata é testosterona
baixa, estradiol alto, DHEA baixo e a progesterona baixa.

Então hoje já se começando homens a medir progesterona, eu já


faço isso muito mais de década, de 20 anos possivelmente, de medir
progesterona em homem. Se ele tiver progesterona baixa, ele também
tem tumor.

Depois, então nós temos que considerar esse aspecto.

Resistência à insulina.

Próximo aspecto no consultório, é verificar a resistência à insulina.


Quem é diabético, quem é pré-diabético, e esse cálculo ele vai depen-
der de carga de açúcar e não de jejum, tanto a glicose, quanto a in-
sulina, porque nós estamos fazendo uma avaliação das pessoas pela
glicose em jejum.

411
PARTE V | Corpo e Mente

Mas você está toda a noite sem açúcar na boca, é que nem analisar
uma pessoa do coração que ele está sentado na sala de espera.
Não é para se iludir. É muito comum eu ter uma cliente que tem uma
glicose de 80 e poucos e que na carga vai mais de 200. Este exemplo
que eu passei, ele é diabético.

Então nós estamos errando já na avaliação disso. Por isso aqui no


Brasil o número de diabéticos está mais baixo do que deve.

Radicais livres.

Outro aspecto agora também é verificar os radicais livres dos indiví-


duos, se pode medir o LDL colesterol, enfim, depois vamos trabalhar o
lado do aparelho digestivo, nós vamos avaliar a atividade física.

Atividade física.

A atividade física do indivíduo o que que é, já se sabe que o seden-


tário tem pior imunidade, mas já se sabe que os indivíduos depois das
maratonas têm pneumonia comumente e outras viroses, porque aí o
exercício é muito intenso.

Então tem que se fazer na vida para quem não sabe o que fazer: mo-
deração. É o princípio do meio. É isso que temos que fazer, depois da
moderação.

Avaliação psicológica.

Depois o lado psicológico. O que a gente sabe: que o indivíduo depri-


mido ele aumenta as citocinas inflamatórias, que estão ligadas a todas
as doenças.

Temos que ter cuidado em vários níveis. Então a atividade física que
eu hoje recomendaria é moderação, porque a quantidade excessiva de
radicais livres é gerada pelo exercício, porque a mitocôndria nossa onde
se faz energia, o ATP, alimenta a mitocôndria, e isso vai ser interes-
sante também no câncer, o que que vai acontecer: ela vai gerar quatro
coisas. ATP, que é energia, radicais livres, gás carbônico (CO2) e água.

A quantidade de radicais livres que a gente forma, ela não depende só


da comida que você come, ela depende do que você tem de nutrientes

412
Capítulo 03 | Dr. Ubirajara de Carvalho

dentro da mitocôndria.

Por que o preparo físico do indivíduo melhora o exercício, melhora a


mitocôndria? Porque ele aumenta o número delas.

Detox.

E tem o lado do detox, que é a visão global de intoxicação do indiví-


duo, e isso é a maneira que eu abordo o paciente com tumor, que são
dez características, no fim das contas.

Portanto não é tão simples não, é bastante complexo.

Eu diria que a coisa mais complexa do mundo é entender


câncer.

Vou dar um exemplo, um dos pacientes fez um transplante de me-


dula em que a equipe médica ou o médico responsável disse: “O trata-
mento que você está me mostrando, eu não conheço. Mas se eu fosse
o senhor, eu não tomaria.”

Então o paciente perguntou se poderia tomar mesmo assim. “Pode,


o senhor pode tomar, a decisão é sua”.

Aí ele fez o tratamento. Qual foi o resultado do caso?

Esse local teve o melhor resultado do transplante de medula. Não


houve aquelas infecções na boca. A palavra que eles usaram, segundo
o próprio paciente, foi “impressionante”.

Eu contatei um dos profissionais que o estavam atendendo, falei de


algumas coisas que eu ia fazer e ele concordou. Expliquei o que era,
qual o sentido do tratamento, e esse profissional concordou.

Foi muito bom. Então a lição que se tira para qualquer situação na
vida é aquela em que Confúcio dizia o seguinte: “Nós só devemos opi-
nar sobre aquilo que nós sabemos”.

A gente tem que ter muito cuidado com isso porque as coisas mudam
muito, elas evoluem muito. Há conhecimentos que são permanentes,
óbvio, não vai mudar mais. Agora, há coisas novas também.

413
PARTE V | Corpo e Mente

Então eu diria, primeiramente, que temos que cuidar muito


das nossas opiniões.

Outro dia dei uma aula na faculdade. Dei uma aula sobre ortomolecu-
lar, sobre homeopatia e sobre fitoterápicos.

E o que um professor disse para mim depois da aula? Fui, levei meus
livros para lá, fiquei falando com uns 20 alunos mais ou menos. E esse
professor depois me disse o seguinte:

“Eu nunca imaginei que tivesse tanta coisa escrita sobre isso, você
me deu um nó na cabeça que vou tentar tirar pelos por seis meses”.

Tinha uma época em que eu gostava de ver sobre isso em umas 50


ou 60 revistas de medicinas boas.

Eu tenho uma lista em casa, um arquivo, chegando a mais ou menos


100 revistas.

Tem revistas só sobre magnésio, outras só sobre mitocôndrias. Tem


muita coisa escrita. Sobre câncer, por exemplo. Na década de 1990, o
que um professor americano disse?

“A falta de algumas vitaminas quebram o DNA da mesma


maneira que a radiação”.

Ele disse que para nós prevenirmos um tumor, temos que avaliar a
carência ou não de nutrientes.

Para eliminar essa carência, para diminuir o ataque de radicais livres,


uma série de outras coisas.

Recado para médicos e pacientes.

O paciente, o médico, ninguém pode tirar a esperança de uma pessoa.

Primeiro porque existem muitas surpresas, além de ser algo desas-


troso para uma pessoa.

Eu já tive exemplos de cânceres de pâncreas curados, dois, que só

414
Capítulo 03 | Dr. Ubirajara de Carvalho

fizeram tratamento comigo. Um deles nunca soube que teve câncer de


pâncreas.

Ele perdeu vinte quilos, de 99 para 78, estava com metástase no fí-
gado. Este senhor, o nome dele está no Hospital de Clínicas, reconhe-
cidíssimo pelo Estado.

O que aconteceu: ele não soube porque a mulher disse que ele não
teria coragem de enfrentar a doença. Achei uma ótima ideia. Disse que
ele tinha uma obstrução nas veias e que ia ficar bem.

Fiz um tratamento simples para ele. Ficou cinco anos curado, bem,
não voltou a metástase, uma coisa que ajudou. Ele tinha 99 quilos e
passou a ter 79. Aquela obesidade sumiu.

Obesidade é fatal porque ela é uma fábrica de inflamações violenta.

Eu queria dizer o seguinte. É possível, ajudando o corpo nos seus


mecanismos. E é isso que nós temos que pensar numa situação como
essa que estamos vivendo hoje.

Temos que pensar no organismo.

Temos que avaliar todo o contexto.

Outra coisa importante, são as chamadas curas espontâneas. Eu es-


tava nos EUA em um congresso, falando sobre câncer.

E o que esse congresso mostrou? Um professor ligado a uma uni-


versidade americana foi lá e mostrou 286 casos de cura espontânea
de câncer. “Espontânea” entre aspas. E aí ele relatou o que fizeram a
esses pacientes.

Dentre várias coisas, a mais chamativa foi uma mudança drástica na


alimentação.

Se você quer alimentar um câncer, dê doce para ele. Encha de pro-


teína, que vai estimular o MTOR. O doce vai piorar a insulina. Vai cair a
imunidade, você vai desregular o sistema dele.

E a insulina é fator de crescimento tumoral. Ela estimula o cresci-

415
PARTE V | Corpo e Mente

mento de tudo, incluindo o câncer. Então você tem que ter muito cui-
dado com essa questão da insulina e muito rigor.

Outro aspecto importante: não adianta ter medo.

Vamos meditar, vamos orar, vamos viver uma vida mais saudável.

Teve um caso de câncer aqui no Rio Grande do Sul. O sujeito comeu


uma porção de churrasco, comida gorda. É sedentário, não pega sol.

Aí esse indivíduo por alguma razão se mudou para o Nordeste. Lá,


ele voltou a caminhar, começou a ir para a praia, mudou a alimentação,
passou a comer frutos do mar, pegar o sol de vitamina D, comer ostras,
alimentos com zinco.

Resultado: ele mudou sua alimentação, mudou seu nível de atividade


física. Onde é mais fácil combater um tumor então, aqui ou lá? É lá.
Então essas coisas podem gerar curas extraordinárias.

Outra coisa ainda: a fé modifica sua bioquímica. A gente tem que


pensar que Deus sempre faz pelo melhor.

Para terminar, o que a gente precisa para viver bem e muito são três
coisas: inteligência, conhecimento e amor.

Esse é o recado.

Então câncer não é aquele bicho terrível que todo mundo pensa.

Nós temos que pensar que temos que combatê-lo, mas temos que
ajudar o organismo a vencê-lo.

416
Conceição Trucom

Química, pesquisadora, palestrante


e escritora sobre temas voltados
para alimentação natural, bem-es-
tar e qualidade de vida. Autora de
10 livros publicados, entre eles “O
Poder de Cura do Limão”, com meio
milhão de cópias vendidas, “Mente
e Cérebro Poderosos” e “Alimen-
tação Desintoxicante”. É autora do
site Doce Limão, sobre alimentação
natural, vegana e crudívora.
PARTE V | Corpo e Mente

O ambiente ácido que atrai o câncer (e o alcalino que o destrói)

“Uma forma de você inviabilizar qualquer doença no seu


organismo é manter ele em condições mais alcalinizantes,
e o limão é um grande aliado”

Conceição Trucom

Além da ciência (mas também com ela).


Olá, eu sou Conceição Trucom. Sou química e cientista, formada pela
UFRJ, no Rio de Janeiro, em 1977. Ou seja, tenho bastante chão de Ci-
ência.

Também sou uma pensadora. Para mim, só a ciência não basta. Eu


preciso ir atrás da história e das ciências antigas para cruzar informa-
ções. É o que o cientista faz, ele tem que ser investigativo. Por isso,
em minha profissão, decidi ser pesquisadora e é isso que eu faço com
alimentação.

Quando as pessoas que gostam das minhas receitas, que eu desen-


volvo e customizo, eu digo é só a bandeirinha. Sempre digo que 90%
de sua saúde é seu estilo de vida, que se adquire com conhecimento. É
preciso estudar, se aprofundar no tema.

Gosto muito de incentivar as pessoas a se interessarem por certos


assuntos, como estilo de vida, saúde e alimentação.

Nessa viagem que é a minha vida, eu tinha um hobby.

Eu trabalhava como cientista em grandes laboratórios internacionais,


sempre na área ecológica, sempre me defendendo um pouco dessas
pesquisas e desses produtos muito malucos, mas eu tinha vontade de
trabalhar com saúde, atividades físicas, conhecimento da mente.

Ficava pensando qual seria o futuro de cada um, o que eu tinha vindo
fazer aqui na Terra.

418
Capítulo 04 | Conceição Trucom

Eu levava um pouco para a cozinha todas essas investigações e


questionamentos, também pensava em meditação e fazia muitos cur-
sos. Acabei estudando medicina ayurvédica que, na minha opinião, é a
mais antiga do planeta.

Depois, veio a medicina chinesa, que é uma dissidência do hindu


ayurvédica, mas com muitas otimizações, aberturas e expansões.

As duas se complementam muito. Eu gosto muito delas porque são


empíricas, são “observacionistas” e multifatoriais.

Sou uma estudiosa. Estudo, por exemplo, a Terapia do Riso. É uma


terapia muito ligada à neurociência e ao entendimento do cérebro.
Gosto muito de entender a ginástica cerebral, mistérios do cérebro.

E depois, eu fui lá para os 10% humanos — você entende melhor


todas essas dinâmicas de sermos só 10% humanos e 90% das nossas
células serem formadas de micro-organismos.

Tudo isso gera muitas informações que eu adoro compartilhar.

Por isso já são 10 livros e em breve serão mais livros.

É claro que, nesse percurso, não podemos parar de falar de doenças.


Eu trabalho muito para mostrar a “bandeirinha” para as pessoas. Va-
mos fazer escolhas. Vamos saber mais sobre como ter a salutogênese,
que é a gênese da saúde.

Vamos fazer tudo que precisamos para essa saúde “top” na nossa
vida. Isso tem a ver com do nosso estilo de vida.

A medicina hindu está voltada para isso, para a salutogênese, para a


expansão da consciência, para que você expanda sua espiritualidade.
Mas não podemos nos esquecer de que estamos na terceira dimensão,
temos um corpo que está encarnado, que vem com uma genética dos
nossos ancestrais.

Também há todo o histórico do meio ambiente que nos cerca. Por


isso, aqui, na Terra, as doenças são inevitáveis.

Podemos entrar na salutogênese, mas e quando a doença chega? Ou

419
PARTE V | Corpo e Mente

quando é possível que ela chegue? Como lidar com isso?

Hoje eu vou falar um pouquinho sobre a questão do câncer.

Muitas pessoas têm medo de falar a palavra, usam “CA”...


“aquela”...

E eu vou compartilhar o que eu sinto quando falam dessa doença


para mim.

E muitos falam comigo sobre ela. Pessoas doentes, pessoas com


familiares doentes, gente muito amada e muito querida que está com
câncer. É muito comum as pessoas me abordarem pedindo ajuda.

Mas, antes, vou falar o que eu sinto.

Eu, como pessoa, que também estou aqui encarnada, tenho um cor-
po físico, que também está exposta a todos os problemas do mundo
moderno: metais pesados, poluição, água poluída, e muita criminalida-
de.

Tudo isso mexe com o nosso sistema imune.

Quando penso nisso, também penso que é muito legal estar nessa
profissão.

Meu hobby era estudar sobre a China antiga. Agora faz vinte anos
que esse hobby virou o que eu faço. Escrevo, tenho portal, estou com a
Jolivi, cercada de médicos integrativos… Então deu certo.

Mas, como humana, o que eu sinto quando ouço, ou penso na possi-


bilidade do câncer, eu penso que estou no lugar certo.

Porque essa profissão me salva.

Para ser coerente, para poder ajudar as pessoas, para poder con-
tinuar estudando e poder garimpar saídas e luzes, eu acabo sendo a
primeira beneficiada.

Então eu falo: “Ai, que delícia! Que bom!”.

420
Capítulo 04 | Conceição Trucom

O câncer não me assusta porque eu converso com ele.

Não só com ele, mas com outras doenças, como diabetes, que é ou-
tra doença do século.

Por isso, o câncer não me assusta, ele só me fortalece porque eu


tenho que ser uma pessoa muito coerente em relação ao que falo e ao
que estudo.

As pessoas que eu acesso, pessoas bacanas, as clínicas, os livros…


tudo isso me fortalece e me faz uma pessoa mais linkada com todo
mundo.

Então, nesse sentido, o câncer me faz bem.

Mas as pessoas que me abordam chegam muito assustadas, com


medo e pânico.

O medo é legal porque você se enche de coragem e lida com ele. Você
digere o medo e o transforma em conquista. Mas o pânico te paralisa,
te engessa, te emburrece.

A maioria das pessoas chega completamente perdida, eu digo que


elas perderam o “GPS” e, muitas vezes, vêm atropelando o parente que
ama e que está com câncer.

Primeiro de tudo, você não pode atropelar o seu pai, seu filho, sua
mãe porque os está querendo curar.

Nesse momento, a doença é o mestre dessa pessoa e dessa família.


Mas, primeiro, da pessoa que está com câncer.

Então, a primeira coisa que eu falo é: “Por favor, vamos parar, vamos
aquietar porque você não vai ajudar a ninguém e muito menos a você
se não sair desse pânico”.

E aí, temos que entrar nesses caminhos de, não diria esperança, mas
de assertividade. A esperança é você lidar com uma coisa sobre a qual
você ora e fica esperando.

Assertividade é você fazer uma logística, buscar todos os caminhos

421
PARTE V | Corpo e Mente

possíveis, conversar com todos esses caminhos, ver quais são coeren-
tes e quais batem com seu coração. E, assim, você vai construindo uma
experiência.

O próprio paciente, o próprio doente, a família envolvida, a equipe


médica que está cuidando dele.

Não é para entrar no pânico.

Essa é a pior coisa, mas é assim que as pessoas chegam.

Isso é muito importante para o profissional da saúde ou para o meu


caso: é preciso ter muita serenidade.

E eu falo: “pera aí, todo mundo desencarna. Ninguém fica para se-
mente”.

Então, vamos começar por aí. Eu posso estar atravessando a rua e


ser atropelada. Começamos com uma realidade meio dura, mas ao
mesmo tempo humilde.

Assim, a pessoa já começa a serenar, e eu recomendo muita leitura


para que a pessoa tenha mais tempo para riscar, tajar, transcrever e
ler as entrelinhas. E já aprender algumas orientações do que não fazer.

Não só no caso da doença. Mas no caso de uma mudança pessoal e


de uma relação. Eu gosto que a pessoa se proponha a listar o que não
fazer.

Começa pelo não. Quando você começa pelo não, você já limpa
o terreno.

O não é mais fácil. Como não consumir açúcar, que é uma coisa óbvia,
sobre a qual todo mundo fala.

O brasileiro tem muito medo do câncer porque é muito viciado em


açúcar. É uma das populações que mais consome açúcar no planeta.
Todos os programas de receita de sucesso, são aqueles que são “cha-
furdados” de açúcar.

Então esse medo está ligado com saber que faz mal, mas não conse-

422
Capítulo 04 | Conceição Trucom

guir cortar isso da sua vida.

E é muito bacana porque a doçura da vida pela medicina hindu e pela


medicina chinesa não depende do doce.

O fígado, o maior órgão interno do ser humano, é o último lugar para


chegar na misericórdia, no coração e na compaixão. É um órgão que
armazena não-virtudes. É o órgão da ruminância, é o órgão do procras-
tinar. Tanto que é nele que fica a gordura. O fígado gordo.

E, pela medicina hindu e pela medicina chinesa, para você chegar no


coração de uma forma mais assertiva, mais coerente e mais persisten-
te você precisa passar por esse órgão.

E aí que está o barato. Se você não se compromete, se não sai dessa


patinação, não vai chegar no coração. Então é muito importante a pes-
soa listar pelo menos três coisas que não vai fazer mais.

Daí os “sim” vão aparecer pela própria desintoxicação, que é essa sa-
ída, essa limpeza da gaveta, do armário e da vida que vai trazendo uma
clareza desse “sim”.

E o próprio tirar vai te desintoxicando, e você começar a funcionar


com mais potência de imunidade, de defesa, com mais potência de lu-
cidez.

Então, são caminhos que proponho bem no início. Acho legal quando
o paciente chega e ele já recebe essas informações. Mas quando vem a
família, eu proponho que o paciente esteja junto.

No entanto, eu acho que a família inteira se transforma.

Por isso eu digo que a doença é o mestre que pode transformar o


dono da doença, mas também o carma familiar. É isso que eu penso. O
câncer não é algo assustador.

Há coisas mais graves que o câncer, mais incuráveis que o câncer.


Mas os brasileiros precisam sair desse lugar de pânico e ir para um lu-
gar de mais conhecimento. De mais comunicação com outros seres, de
outras propostas, de outros lugares que podem amparar nessa saída
do pânico e chegar no caminho da salutogênese, ou seja, no caminho

423
PARTE V | Corpo e Mente

da cura.

E essa cura sempre vai reverberar e você ser um curador também.


Por isso, muitas pessoas que tiveram câncer escrevem livros, porque é
muito engrandecedor você contar sua experiência de superação.

Mas eu acho que isso precisa se ampliar, precisa crescer. Ainda esta-
mos com índices de pânico muito altos. Até porque a doença cresce. Ela
cresce porque não existe uma educação.

Eu acho que, na era da comunicação, tem muita comunicação que é


fake, distorcida e tendenciosa. E nós precisamos ampliar esse caminho
da comunicação mais precisa, mais assertiva e mais confiável.

E é muito curioso porque essa doença, não só diabetes, como câncer,


está à nossa volta.

O câncer está em todos. Todos nós temos.

Tudo prontinho para virar um tumor que cresce e vira câncer. A ques-
tão é se a sua imunidade está preparada para não deixar essas células
se multiplicarem e crescerem a ponto de serem invasoras.

Mas tenho amigos à minha volta que tiveram câncer e que escreve-
ram livros sobre sua história.

Penso que uma das primeiras lições de uma doença crônica como
essa causa é que você é obrigado a parar em um mundo onde as pes-
soas estão altamente aceleradas.

É muito louco porque tenho amigo que fala: “o rio continua correndo
na mesma velocidade, na direção dele. A maçã dá no tempo certo que
está proposto, tudo na natureza tem o seu ritmo.”

Ao menos que o homem faça uma interferência muito grande. Então,


quem está no tempo errado somos nós.

A primeira coisa que percebo é que as pessoas precisam parar. No


começo há uma relutância. Tenho isso, tenho aquilo... Mas, aos poucos,
é como se estivessem sendo domadas. E essa energia vai entrando em
um lugar de pacificação.

424
Capítulo 04 | Conceição Trucom

Quanto mais rápido esse processo de pacificação, de entrar na paz,


de conversar com seu corpo, de ver quais são realmente as prioridades
das relações, da relação com corpo, com saúde, com doença, relação
com a profissão…

Quanto maior for essa entrega, esse desacelerar, mais rápido


a doença regride.

Uma frase que me incomodava muito no começo, mas que hoje todo
mundo fala é: “como é que eu faço para me LIVRAR dessa doença?”
Quando eu ouvia isso, sentia uma facada no coração. Porque pensava
que não conseguia ajudar as pessoas a se livrarem de uma coisa. Não
tem como.

Não é se livrar porque, como a doença é um mestre, ela é um amigo


seu que tem coisas importantíssimas para você para ensinar você a
fazer antes dos atropelos do que está acontecendo.

Então, vamos parar com essa palavra. A semântica é muito impor-


tante. A neurolinguística é muito importante. Vamos falar: “como eu
vou investir, como vou melhorar a comunicação com tudo isso que está
acontecendo no meu corpo?”

Muitas vezes o câncer está no pulmão, mas é o corpo inteiro que está
sofrendo, tudo está integralmente passando por um colapso.

A família pode ajudar de muitas formas, mas o doente tem que entrar
nessa entrega. Nesse desmontar. E conforme isso vai acontecendo,
alguma coisa se integra dentro do ser. E o sistema imunológico real-
mente começa a ter mais potência, e o holístico do processo começa a
fluir, a circular.

É como falo para as pessoas “quanto mais rápido”... “Ah, mas eu não
consigo ir rápido!”

É um processo que você tem que fazer com várias abordagens.

O caminho é esse: é desmontar.

É digerir também. Digerir é quebrar para lidar com peças menores.


Ver o aproveitamento, o que joga fora, o que passa bola....

425
PARTE V | Corpo e Mente

É um processo de digestão, com certeza. Digerir não é só alimento.


É um desafio.

Em vez de ficar: “em quanto você consegue desmontar”, eu falo “va-


mos digerir?. Vamos ativar a nossa digestão?” É o princípio básico da
medicina hindu ayurvédica.

Tudo na medicina ayurvédica tem como proposta, nesse corpo físico,


aumentar o fogo da digestão. Melhorar a digestão. Não perder tempo e
não desperdiçar a digestão.

Então eu falo: “vamos digerir melhor?” Então eu explico essa ques-


tão, que a digestão vai muito além do alimento, é o que se pode fazer
junto com alimento para melhorar a digestão. Nisso, a medicina chine-
sa e medicina hindu são muito boas.

Mas nós temos que customizar. Pensar no momento atual e em que


alimentos eu tenho, onde eu moro, o que eu tenho. Então essa coisa de
dizer “ai, eu preciso consumir a graviola da amazônia”. “Preciso consu-
mir pó de graviola”. Esquece.

A graviola precisa ser da floresta amazônica. Porque ela precisa pas-


sar muitas dificuldades de luz, de água, de excesso para ter os fitonu-
trientes que vão ajudar nessa cura do câncer.

E, quando veio a moda, todo mundo começou a cultivar graviola. E


a graviola de plantio não tem esses fitonutrientes porque não passa
por adversidade. Então vamos cair para realidade. Vamos sair dessa
varinha do condão? De pílula que vem não sei da onde.

Eu sei. Tem casos que é preciso usar, que você realmente tem que
sair da zona de conforto, por isso que não quero extrapolar e genera-
lizar. Então tome cuidado com o que estou falando, escute bem. Não
vamos generalizar.

Mas, mesmo que você tenha um profissional da saúde que te indica


alguma coisa, um injetável que venha de fora, que já tem indicações de
que é bom. Não sou contra.

Isso vai te tirar da zona de risco e catalizar o processo.

426
Capítulo 04 | Conceição Trucom

Mas, em paralelo, você precisa mudar seu estilo de vida. E, nesse es-
tilo de vida, está o desmontar.

“Ai, não consumo orgânico porque não minha cidade não tem”. Pera
aí. Vamos parar. Vamos procurar. Na sua cidade tem. É só você des-
montar que vai encontrar.

“Ai, é muito caro”. Calma. Desmonta. Você vai encontrar doação, vai
encontrar escambo, vai encontrar cooperativa.

É por isso que as pessoas saem muito crescidas, porque consegui-


ram criar redes de crescimento, de amparo, de terapias. É muito rico.

Você se sente muito maior. É como se todos os seus cognitivos pas-


sassem por uma ampliação exponencial. Então você começa a enxer-
gar melhor. A escutar melhor, a palatar melhor, a olfatear melhor.

Isso são sinais de que seu organismo realmente está melhor.

O cognitivo não está à toa. Lógico que é para você estar mais presen-
te, quando você enxerga melhor, pode ter certeza de que seu sistema
hepático está melhor.

Quando você olfata melhor, seu sistema respiratório está agrade-


cendo. Você está palatando melhor. Olha como está digerindo melhor e
o intestino está muito feliz.

Então, esse cognitivo que se amplia te faz uma pessoa mais viva,
mais presente, mas é um termômetro de que lá dentro as coisas real-
mente estão passando por um processo de transformação muito lindo
e muito salutogénico.

A alimentação anticâncer.

Existe todo um trabalho da nutrição funcional. Foi moda no começo,


hoje está ficando mais humanizada. No começo era só cápsula. Hoje a
situação está mais humanizada.

Sinto que houve uma evolução. Mas, dentro da nutrição, existe mui-
to essa coisa de “beterraba tem isso, isso e isso, faz bem para isso.
Cenoura tem isso, isso e isso, faz bem para isso”. E as pessoas que

427
PARTE V | Corpo e Mente

escutam isso pensam: “ah, vou comer muita cenoura. “Ah, vou comer
muita beterraba.

E o meu verbo é muito diferente. O meu verbo é, na verdade, futuro


do planeta. É regenerar esse pensamento. O que tem no meu cintu-
rão verde agora? Ou daqui a três meses, seis meses? Eu estou vivendo
nesse lugar, então meu cinturão verde está ali o tempo todo.

Eu ter como cúmplices os produtores da minha região, principalmen-


te bioéticos e, de vez em quando, me vou comunicar com eles ou ir
visitá-los e levar as coisa que eles têm. Isso é escambo. É uma relação
do futuro que já está acontecendo

E o que tem no seu bioma? O que tem à sua volta? Esses alimentos
são os mais poderosos.

Não adianta querer alface quando não está na época da alface. A al-
face que não está na época da colheita, está cheia de agrotóxico. Não
é o momento dela.

Esse conhecimento do que o reino vegetal à sua volta está ofertando


de forma próspera e abundante é o seu superalimento. Seu superfood.

Tem coisas que você pode saber e não depende de onde você mora.
São três regrinhas que ensino.

Primeiro, sobre açúcar e refinados: tudo que é refinado perdeu a


alquimia. Açúcar, farinhas.. tudo que é muito refinado não faz bem à
saúde. Até os óleos.

É o alquímico que faz bem. Por exemplo, em vez de óleo de coco, eu


prefiro a manteiga de coco. É lógico que é proibitiva. Nem todo mundo
tem. Mas eu posso fazer em casa.

É o primeiro “tripé”. Açúcar e refinados acidificam o organismo.

Existe um discurso muito antigo de que o câncer gosta de ambientes


ácidos e pouco oxigênio. Pouco oxigênio é antítese da vida porque, sem
o oxigênio, a gente não vive.

O tumor não gosta de oxigênio. E ele gosta de ambientes ácidos. Por

428
Capítulo 04 | Conceição Trucom

isso, todo alimento acidificante é bom para câncer. Não é bom para
você. Ambientes ácidos não gostam de oxigênio.

E, normalmente, alimento acidificante causa candidíase, aumenta a


formação de fungos. Toda doença tem muita probabilidade de fungo
porque o sistema imune deprime.

Segundo: alimentos ultraprocessados. Alimentos com muita emba-


lagem não são bacanas para ninguém.

E sempre falo: o câncer te coloca em um caminho que todo


mundo tem que praticar.

Tudo que uma pessoa que tem câncer, tem histórico de família com
câncer ou já se curou precisa se cuidar. Tudo que ela tem que fazer é o
que a gente precisa fazer na salutogênese.

Embalou, tem muito nome no rótulo, lembre-se do segundo tripé:


não é para a gente. É a indústria da alimentação que está ligada à in-
dústria da doença. Eles se alimentam um do outro.

Tudo bem. Eu gosto de um palito de fósforo, gosto de um tecido, mas


na área da alimentação, se industrializou muito, você está ferrado. Tudo
que é muito industrializado tem muitas moléculas sintéticas.

A indústria da alimentação se chama engenharia de alimentos. Espe-


cialista em criar moléculas para te colocar nessa zona de perigo.

E a terceira frase que gosto muito, do professor Murilo, muito citado


na nutrição funcional é: quanto maior o shelf life, ou seja, quanto maior
o tempo de prateleira, menor o seu shelf life.

E tudo está ligado porque os alimentos ultraprocessados têm mais


shelf life. Estão superaditivados para aumentar o tempo de prateleira,
de transporte e tudo mais.

Então esses três pontos, não importa onde você estiver, são válidos
para remissão de qualquer doença. Seja ela crônica ou aguda. E ela vale
para a salutogênese.

Tem uma outra questão que gosto muito que é da Teoria da Alimen-

429
PARTE V | Corpo e Mente

tação de Curta Distância. É você conhecer os agricultores locais, es-


tudar em escolas que os filhos dos agricultores estudam também. Os
alimentos de curta distância têm prosperidade e abundância embutida
neles.

Eu acho que a doença trabalha na escassez.

E a salutogênese trabalha na prosperidade e na abundância. Tudo que


você leva para escassez, te leva para doença. Estão no mesmo lugar, na
mesma caixa. Tudo que você faça de prosperidade, de abundância e de
regeneração está na salutogênese.

Quando compro do agricultor local, quando dou esse privilégio, essa


conexão e comunicação com produtor local, estou passando para ele a
oportunidade de prosperidade e de abundância.

Então, solo, lençóis freáticos, insetos, fauna, família e casa dele en-
tram em abundância. Entram em abundância de todo meu ambiente.
Essa é a abundância verdadeira.

Não adianta ter dinheiro para comprar água alcalina e aparelho X,


saúde não se compra.

Saúde se conquista. E não depende de poder econômico.

Um dos segredos do meu sucesso é que estou falando com pessoas


de todo nível social e cultura. Para mim, é ótimo dar palestras sentada
no chão com pedacinho de eucatex…

E também posso dar palestras para 350 médicos no auditório da


Fapesp. A questão é se você trabalha na abundância e se você se per-
mite, não tenha medo.

Essa é uma doença cara, os médicos são caros, mas não tenha medo
disso.

Se você estiver alinhado com abundância e com regeneração vão


surgir oportunidades e situações boas, como mesmo o médico mais
caro do mundo te tratar sem cobrar.

É uma questão de frequência. É uma questão de sintonia. Então, não

430
Capítulo 04 | Conceição Trucom

entre em pânico.

Já apareceu gente falando para mim “estou desempregado, posso


fazer seu curso de graça?”.

E aí, eu falava: “tudo bem”. Você etiqueta os livros, tudo que estamos
levando e ajuda na cozinha? A maioria não aceita. Porque a pessoa quer
as coisas de graça e quer ficar sentadinha assistindo curso.

Tem que fazer um escambo. Você pode se sentar. Eu trabalho para


caramba. Todos da equipe trabalham. Então eu acho justo que você
trabalhe também. E todo mundo ganha.

Isso faz parte da entrega, da reconstrução e da regeneração. Essa


humildade e certeza de que você vai fazer escambo, de vão ajudar você
a trilhar seu caminho dentro da frequência da abundância.

Eu sei que é difícil. O ser humano, na terceira dimensão, vai mais rá-
pido para escassez.

O coletivo, a egrégora, não sei em outros países, alguns países nem


tanto, mas aqui no Brasil a nossa egrégora é pela escassez. As pesso-
as raciocinam e funciona, dão e recebem nesse contexto.

E quando você pára de ficar nesse pensamento, nessa egrégora, as


doenças não fazem mais sentido. Tudo que te cerca mudou a frequên-
cia. Por isso, você vai vibrar em outra frequência. Mesmo que a doença
fique ali, encapsulada.

Mesmo que você não siga um estilo de vida tão perfeito, mas a mu-
dança na frequência vai te amparar.

Eu lembro de uma senhora bastante abastada que, quando começou


a viver essa história de suco desintoxicante e sucos verdes, comprou
omega juicer, contratou um delivery de orgânicos X, Y e Z e pagou a
funcionária para fazer curso com a gente. Tudo over. Super, mega, blas-
ter.

Mas ela tomava esse suco brigando com marido. Maltratando a se-
cretária, se alterando. O suco está lá. Tudo de bom está lá. Só que você
não acessou a 89FM.

431
PARTE V | Corpo e Mente

Então é a frequência. Eu acho o planeta Terra coisa mais incrível. Ape-


sar de ser a terceira dimensão, uma experiência densa e difícil, gaia é
linda.

É incrível. Você não sabe nada desse planeta. Como ela se regenera…
animal, insetos, diversidade incrível. Mas, para você acessar tudo isso,
precisa estar na frequência certa.

Aceitar que você não sabe tudo.

Para mim, ser cientista, ter pés no chão e reconhecer que realmen-
te existem alimentos que servem mais para determinadas doenças é
muito bom.

Mas eles sozinhos não fazem milagre.

É o conjunto da obra. É o alimento, de onde ele vem, o preparo, a sua


capacidade de assimilação.

Eu gosto muito desta frase: Nutrir-se é uma coisa. Assimilar é outra.

Você pode, como essa senhora, buscar os melhores nutrientes, tudo


de bom. Mas quanto você assimila é o que vai realmente consolidar
aquela ideia que você comprou, mas que não soube receber.

O que posso falar: “não entre em pânico.” Pânico é o surto do medo.


Medo surtado. É um medo que tira a coragem, tira a ação. Segundo, tira
os tripés. Se vira nos 30.

Eu sei que, no começo, a microbiota está errada. Quando você come


alimentos ultraprocessados, você tem uma microbiota que te torna
dependente.

É um processo. Não tem que se crucificar, se catequizar. Mas tem que


ter consciência. Mudando a sua microbiota, os seus tesões, aquilo que
te detona, te acidifica e te faz ficar mais doente vai diminuir.

O que acho lindo, tanto nos plantios e em tudo na vida, é você respei-
tar o tempo da transição.

É uma transição. Aquele câncer não aconteceu do nada. Tem uma

432
Capítulo 04 | Conceição Trucom

história, ainda que seja genética ou familiar. Sempre tem um conjunto


de motivos pelo qual ele está ali.

E, assim, você pode até descobrir, tentar compreender seus motivos,


mas você vai ter que passar por um processo de transição. E essa tran-
sição depende muito desse movimento que eu falei.

Até falo nas minhas palestras. Se eu recebesse 1 dólar para cada pa-
lavra “difícil” que ouço, estaria mais rica que Bill Gates.

Depois que eu falei isso, as pessoas pararam porque elas não que-
rem me enriquecer. Olha só. Esse é o discurso da escassez: é difícil,
estou fechado, não quero aprender, tenho medo do novo. Tudo isso é
ginástica neural, terapia do riso, uma dinâmica neurocientífica.

Quando você fala “vou investir”, “senti que meu coração aqueceu
quando você falou isso”, “vou procurar fornecedores”, “vou ler”, “vou
pesquisar no Google”… abriu! Ali você começa a fazer uma transição.

Aqueles links que mais deram vontade, eles se vão expandindo, você
vai criando essas redes, de pessoas e de conhecimento. É a transição.
É esse o caminho.

O importante não é a chegada, é o caminho.

Então a transição é muito linda. O relato das pessoas que se curam,


inclusive o livro Curando o Incurável, da Beata Bishop é muito lindo por-
que esse caminho te faz muito forte. Muito crescido. Muito maior.

O conhecimento fala que, se existe um organismo doente, é porque


ele está intoxicado, acidificado. Você pode aprender a fazer queijo, mil
coisas, mas, em paralelo, antes de mais nada, precisa criar caminhos de
desintoxicação, canais potentes, assertivos e vetorizados de desintoxi-
cação. Esse livro, esse conhecimento é muito importante.

Eu atendo em grupo. Faço uma imersão e ficamos cinco dias em um


trabalho superlindo. Não importa se você está doente ou não. Eu acho
que a regeneração e a salutogênese são uma história incrível para to-
dos.

Quando eu atendia, eu falava: “primeiro, leia o livro.” Porque você não

433
PARTE V | Corpo e Mente

há tempo tanta coisa, tanto conceito em uma consulta ou em um aten-


dimento. Por mais que dure muitas horas. Com uma hora o paciente
que já está dodói, não consegue mais assimilar.

Esse é o caminho muito importante, que é um alimentação desinto-


xicante. Não é só suco verde. É uma transição, é muita informação, é
um processo. Aí vem a química para explicar, mas também tem muita
biologia.

Eu sempre falo que muita gente que diz “eu tenho domínio do meu
livre arbítrio, consigo fazer minhas escolhas”. Tem algumas coisas que
você pode fazer, sim, com assertividade, com coerência, com presença.
São coisas que podem mudar o resultado, mas tem coisas que você
não muda.

Eu não vou mudar nunca a cor dos meus olhos. A minha estatura. Ou
fato de ser branca nessa encarnação. Ou fato de ser mulher. Posso até
viver vários tons de cinza, mas eu nasci mulher e não mudo isso.

Então, a questão é que, na biologia, nós temos um organismo que


funciona superbem, metabolicamente, em ambiente levemente alca-
lino.

Por exemplo, a farinha de trigo, principalmente a refinada, ela não


tem pH ácido. Mas, quando você vê a função dela, dentro do organismo
é acidificante.

Então, no metabolismo, que é uma lei biológica aqui da terceira di-


mensão, o organismo humano funciona — com exceção do estômago
— em um pH levemente alcalino, que é neutro, pertinho do neutro.
Entre 7,36 e 7,42.

Essa é uma condição em que o sistema imune funciona superbem.


Todos os sistemas funcionam superbem. E mais do que isso, eles se
integram, se comunicam muito bem.

E falando de sistema imune, nessas condições levemente alcalinas, o


organismo está mineralizado. Por quê? Porque os sais orgânicos, seja
um citrato ou um malato, são levemente alcalinos.

Tem médicos que falam que o organismo tem sua “tamponagem”,

434
Capítulo 04 | Conceição Trucom

mas para ele voltar para essa condição que te salva, que não te deixa
morrer, ele gasta muita energia.

Então, tudo bem. O organismo sempre vai tentar, de todas as formas,


que chegar no 7,36 e 7,42. Só que com quanto esforço? É isso que os
médicos convencionais não entendem.

Eu posso ajudar meu organismo a estar sempre mineralizado. E com


esse pH ideal para tudo funcionar de forma ideal. Ou eu fico jogando
um monte de serragem no fogo.

Então, nessas condições, o sistema imune lida muito bem com a si-
tuação por causa das bactérias, dos fungos e dos vírus chegam. Eles
são mais do bem porque estão no ambiente alcalino.

Os que não gostam da “saúde” vivem em ambiente mais ácido. Por


exemplo, os fungos. Então, todo câncer tem pH ácido que varia de
acordo com a gravidade do câncer.

O câncer mais terminal é muito ácido.

Pelo pH, você pode ter uma noção do quanto esse câncer está to-
mando conta do pedaço. Ambientes ácidos favorecem a invasão, ou
seja, fragilizam o corpo.

Você tem um sistema imune legal, mas todo dia você o ataca. “N”
vezes por dia. É como jogar tênis todo dia, oito horas, dez horas, doze
horas, isso vai causar uma lesão.

O sistema imune é muito bacana, mas como tudo na vida, você não
pode exagerar porque chega uma hora que todo mundo entra em es-
tresse.

Um ambiente ácido é um ambiente que vai viabilizar a invasão, a pro-


liferação, de muitos micro-organismos que, além de serem nefastos,
produzem toxinas e microtoxinas que vão piorar ainda mais a situação.

Ou seja, vão transformar a sua microbiota, em vez de ser do bem, ela


será do mal.

O que eu acho mais importante aqui é: quando está falando de pH

435
PARTE V | Corpo e Mente

levemente alcalino, você está falando de um fenômeno incrível, pelo


qual sou apaixonada, que é a mineralização humana. Que o David Wolf
tem um livro muito legal sobre isso.

Ou seja, nós somos 65% água inorgânico. E 10% de “cinzas” quando


somos cremados.

Somos 75% inorgânicos. A mineralização humana é fundamental por-


que ela faz toda a comunicação precisa de curta, de média e de longa
distância do organismo. Se você quiser curar uma doença como câncer,
se não quiser metástase, você tem que estar hidratado e mineralizado.

Eu digo que somos uma experiência inorgânica. Seres inorgânicos vi-


vendo uma experiência orgânica. Não sei se consegui ser clara.

Há alimentos que acidificam e há alimentos que alcalinizam.

O limão, por exemplo, é ácido. Seu pH puro é 2,1. Ele sozinho, não faz
tão bem, mas quando você põe uma pitada de sal, você bate com uma
folha verde ou uma fruta da estação, ou seja, quando bem acompanha-
do, vai combinar o ácido cítrico, o ácido málico e os minerais que estão
ali na composição.

E já o toma e ele está te alcalinizando. O limão é um ajudante na


assimilação.

Eu tive uma pessoa muito importante, bem rica, que me seguiu.

Ela aceitou muito as minhas orientações. Ela trabalhava e a secretá-


ria dela fazia cubinhos de gelo de limão, de suco de limão, com salsinha,
com erva.

Como ela fazia quimioterapia, tinha muita indisposição. Ela ia lá e


dava suquinho verde para ela e uma água alcalina com aquele cubinho
de gelo, geladinho. Tinha limão, tinha sal e zinco, erva.

Então uma forma de você inviabilizar qualquer doença no seu orga-


nismo é manter ela em condições mais alcalinizantes. E o limão é um
grande aliado porque, com esse teor de ácido cítrico que tem, ele é tão
sagrado que consegue que você assimile mais do que qualquer outro
alimento.

436
Capítulo 04 | Conceição Trucom

Plante brotos.

O broto é um bebezinho do reino vegetal, e ele tem uma capacidade


de vontade de viver que supera muitos alimentos e tem uma energia.
Você vê, é um bebê. Estão a avó, o tio e a empregada, todos com pneu
vazio e o bebê está lá cheio de energia. Bebê tem tanta energia que é
impressionante.

Quando você consome os brotos, eles passam coisas para você. Pri-
meiro, essa energia. Segundo, essa vontade de viver. E essa falta de
medo.

Isso porque o bebezinho quer crescer, quer dar certo, quer aprender,
quer respirar.

Então eu converso com os brotos e, para mim, é um superalimento.


Melhor ainda se for você que o produz.

Aqui no Brasil, as PANCs são marginalizadas, são chamadas de dani-


nhas e de praga desde há 500 anos.

No Brasil, antes da colonização, não tinha couve. Não tinha alface.


Não tinha escarola. Não tinha…

Então digo que elas são plantinhas de resistência e de superação.


São plantas que nunca se deixaram arrasar. Elas nascem na sarjeta, na
trinca do muro, no chaco, no monte, em pilhas de entulho. Para mim, é
uma lição.

Por mais que elas tenham sido marginalizadas floresceram.

E ainda são de uma certa forma. Tem muito agricultor que tira todos
os inços, mas isso está mudando. Eu penso que para a alimentação,
principalmente das pessoas que estão nesse processo de transição,
que estão precisando de potência para fazer essa jornada da transição,
as PANCs são muito boas.

Eu acho que esse é um alimento muito necessário. Para o nosso mo-


mento de sociedade doente. E mais ainda para quem está literalmente
com uma doença crônica, correndo riscos.

437
PARTE V | Corpo e Mente

Para mim broto é PANCs. Porque não é convencional comer e con-


sumir broto.

Os PANCs são Plantas Alimentícias Não Convencionais.

Por exemplo, lá em Minas, se você falar “ora-pro-nóbis” todo mundo


sabe o que é. Quando você vem para São Paulo, Rio de Janeiro e para
Sul do país, ninguém sabe. No Nordeste também ninguém sabe.

Assim, “ninguém” não. Hoje as pessoas têm mais conhecimento por-


que tem Globo Repórter. Mas ora-pro-nóbis é uma PANC.

Não quer dizer que seja só isso. Mas, por exemplo, dente-de-leão,
serralha, picão, picão preto, picão branco, peixinho, broto, cambuquira
do chuchu, do maracujá, da abóbora. Ninguém tem um hábito de comer
o próprio talo do mamoeiro. Se você corta, vira palmito. Vira cocada.

As PANCs são alimentos que você não tem o hábito de comer. Ou


alimentos que realmente foram desqualificados como invasivos.

Ou, então, são partes de alimentos que você conhece. Mas que você
nunca comeu a cambuquira, nem a folha de chuchu, nem a cambuquira
do chuchu… entende? Então é bem abrangente.

Isso acontece por dois motivos muito fortes ou mais importantes.


Primeiro, essas plantas são mais espontâneas, são plantas que nas-
cem e os agricultores tiram pensando que são daninhas e invasivas.

Essas plantas, já tem estudos científicos comprovando, têm muito


mais fitonutrientes porque precisam se defender, já que vivem diante
de muita adversidade. Há necessidade de muita resistência. No chaco,
em entulhos, na cerca… Elas conseguem viver diante das incríveis di-
versidades. E, portanto, elas têm muito mais fitonutrientes.

É uma potência de nutrição acima daquelas plantas que são cultiva-


das e superprotegidas.

Esse é o ponto um. Sobre o ponto dois já falei um pouco. São plantas
de extrema resistência e têm resiliência impressionante.

Aqui no Brasil, faz 500 anos que elas são desacreditadas mesmo.

438
Capítulo 04 | Conceição Trucom

Hoje em dia nós sabemos que o povo antigo as comia para não passar
fome. Então ficou com cara de “comida de quem passa fome”, mas hoje
os chefes gourmet fazem pratos incríveis com elas.

Eu não acho que PANCs sejam só para culinária. PANC é para o dia a
dia, para a nossa casa.

Mas para quem está na etapa de transição, ela representa isso: muito
fitonutrientes e uma energia, uma frequência de resistência e de supe-
ração.

O consumo de brotos não é convencional, com exceção do moyashi,


que é da cultura japonesa em São Paulo, e em outros estados do Brasil.
O moyashi é o broto de feijão. Mas, fora isso, não é convencional con-
sumir broto.

Nós podemos fazer broto de uma infinidade de sementes. Começa


pelo girassol, que é o meu preferido porque tem essa energia solar,
essa energia de “saiu o sol, quero ir para vida, quero ficar mais nua,
quero ir para praia, quero sair”.

O broto do girassol e sua semente trazem essa frequência que, para


quem está dodói, é muito benéfica. Tem muito magnésio também.

Mas tem os brotos grama, que é broto do trigo, do centeio e da ce-


vada. Também há broto das leguminosas, como grão de bico, lentilha,
alpiste. Há uma infinidade de brotos.

Alguns eu indico mais para determinadas situações. Outros são ge-


néricos. É só fazer e botar nas receitas.

Mas todos eles trazem essa informação, principalmente para quem


os produz. Quanto mais próximo você estiver daquela produção, mais
quanticamente você é beneficiado porque há uma comunicação muito
rápida, muito precisa, do que você tem em excesso e do que te falta. E
aquela planta te provoca isso.

Então, nas químicas de cura, a pessoa que chega muito doente ganha
broto da equipe de colaboradores que produz.

439
PARTE V | Corpo e Mente

Mas assim que a pessoa começa a ter mais autonomia, ela vai con-
sumir o broto que produzir porque o melhor broto é aquele que você
mesmo produz.

O girassol serve para te trazer essa vontade de viver, com essa vibra-
ção que o sol traz de querer sair, de querer socializar, de querer estar
mais “desnudo” em todos os sentidos.

Eu amo girassol. E ele tem um gostinho bem suave de agrião. Dá uma


picância que é bem legal. O fígado gosta da picância. É um sabor bom
para fígado.

Os outros de que eu gosto são de grama. Trigo-grama, cevada e cen-


teio. Eu gosto muito deles porque, quando a pessoa está muito dodói,
ela não consegue ser yang.

A pessoa está mais dependente, a vitalidade dela está baixa. E o tri-


go-grama é rígido. Ele é “empenadinho”. “Eu vou! Eu vou subir, eu vou
crescer”.

Eu também gosto de alpiste porque tem muita gente dodói que não
consegue se ajoelhar. Sabe? Fica ali, não consegue se ajoelhar.

E, como eu falei, todo e qualquer crescimento ou cura passa por uma


entrega. Passa por uma humildade de perceber a vida como cúmplice.
Não como uma forma bélica. O alpiste e a grama do broto do alpiste
fazem isso. Eles caem.

Tem gente que faz artesanato, cabelo do bonequinho com broto de


alpiste. Então alpiste é uma graminha, ela se dobra, mas é rígida. Então
eu gosto de alpiste para aquelas pessoas dodóis ou que tem problema
de joelho. Problema de flexibilização.

Mas tem gente que não levanta da cadeira.

Só fica ali. Então, trigo-grama. Pé na bunda, vamos lá. É bem yang o


trigo-grama. E broto não é acidificante. Ele é sempre alcalinizante. Ele
sempre tem muita clorofila, sempre tem muita energia prânica, solar.
E ele é muito alcalinizante porque pega todos os minerais do solo e
aquele caldo de clorofila está cheio de minerais, começando pelo mag-
nésio.

440
Capítulo 04 | Conceição Trucom

O bom desse caminho é que você acaba criando uma rede de rela-
cionamentos que depois você vai transbordar para outras pessoas que
precisam de colo.

Mas é um momento de procurar todos os nossos amigos, todos os


nossos fios dourados, porque é uma doença que precisa de sustenta-
ção, de informação de bom quilate. Isso as pessoas precisam pensar.

Mas precisam pensar sempre.

O futuro do planeta é muito coletivo, mas no início precisamos de


apoio e isso passa pelas doenças, para compra dos alimentos orgâni-
cos e verdes, porque no início eles estão frágeis. De bengala mesmo.

Isso acontece muito no instituto Hipócrates.

Você que os pacientes chegam de bengala, com respirador artificial. E


com uma semana eles estão andando por conta própria, andando por
conta própria.

441
HISTÓRIAS
DE SUPERAÇÃO
PARTE VI
Dr. Uronal Zancan

Médico da saúde, é especialista em


Medicina do Esporte e pós-gradu-
ado em Psicologia Transpessoal.
Criador do Proser, é especialista em
promover a saúde integrativa e re-
versões de quadros de adoecimen-
to crônico como o câncer. É pales-
trante e autor do livro A conquista
da Supersaúde - Princípios básicos
ao alcance de todos.
PARTE VI | Histórias de superação

Os recursos da supersaúde para ter um corpo anticâncer

“Eu quero deixar bem claro o que qualquer pessoa sensata sabe, um
indivíduo que tem a saúde 100% nunca, nunca vai pegar câncer”

Dr. Uronal Zancan

A minha formação profissional toda é na medicina da doença. Eu me


formei na UFRGS e em seguida comecei as estudar as doenças orto-
pédicas.

Me formei como ortopedista, como médico do esporte para trabalhar


as lesões do esporte. E durante 20 anos eu fui um médico tradicional
falando sobre doenças ortopédicas.

Mas eu vivia com dor na coluna, sofria da coluna desde os 15, 16


anos de idade. Com 35 anos eu tive uma hérnia de disco lombar que
após 15 dias eu estava operado. Com 45 anos, quando estava fazendo
20 anos de formado, eu tive uma segunda hérnia de disco cervical.
Bendita hérnia.

E aí alguma coisa me disse dentro do coração: você vai se curar sem


cirurgia.

Mas a minha mente científica olhava os exames e dizia: tem que ope-
rar, é obrigado a operar. Eu tenho uma clínica grande, com 4, 5 grandes
cirurgiões de coluna, eles olhavam e diziam: “Você é louco? Isso aqui
tem que operar, você vai ficar com o braço paralisado.”

Mas a voz interior era mais forte. E eu resolvi arriscar. E pensei “já
que vou me curar, tenho que fazer alguma coisa pra isso”. E comecei
a estudar coisas para aumentar a minha saúde. Para proteger mais a
minha coluna, para viver uma vida um pouco melhor. E as dores foram
diminuindo.

Seis ou sete meses depois, eu estava curado, completamente sem


dor. E era uma outra pessoa. Porque eu estava utilizando vários recur-

444
Capítulo 01 | Dr. Uronal Zancan

sos para aumentar a saúde.

Nunca vou ter câncer, mas já tive.

Foi aí que eu decidi parar com tudo o que eu tinha estudado. Vocês
estão vendo aqui que eu tenho vários livros. Do lado de cá também.
Essa prateleira aqui era só de livros de medicina. Botei fora tudo. Quer
dizer, levei para a minha clínica e está lá na biblioteca. E comecei a
estudar somente saúde.

Faz 23 anos que eu estudo como aumentar a saúde.

Eu nunca vou ter câncer, mas já tive. Eu tenho a pele muito branca,
tomei muito sol errado na vida. Tenho lesões na minha pele causadas
pelo acúmulo de raios errados, lesões que eu fiz no passado.

E houve um momento que apareceu uma pequena mancha. Fui ver e


era um pequeno carcinoma de pele. Daí me dei conta: por que eu com
toda minha saúde, tive esse pequeno carcinoma? Porque eu estava
estressado. O estresse mata toda a imunidade.

Agora dentro dessa pandemia — eu chamo esse isolamento de reti-


ro — eu estou ressignificando esse isolamento.

Estou fazendo com que esse retiro, que eu vá sair daqui melhor do
que entrei, me transforme todos os dias, a todo momento, numa pes-
soa melhor do que eu era.
Mente deve ser aliada da saúde.

E não deixo minha mente se preocupar com as coisas que podem


acontecer ou não, se vai haver uma crise financeira quando eu sair da-
qui, se a minha clínica vai ser obrigada a demitir pessoas, se eu vou
ter que pedir empréstimos para sustentar a queda de faturamento da
clínica.

Nem estou preocupado. Pedi para os diretores da clínica não me en-


viarem nenhuma informação que eu não possa resolver agora. Poucos
dias atrás, eu assinei um pedido de empréstimo, faz parte do processo.

Eu fiquei 0,001% preocupado com o endividamento que essa pande-

445
PARTE VI | Histórias de superação

mia está causando. Eu não permito que a minha mente saia do aqui,
do agora, do presente, do foco com a melhoria para se preocupar com
as coisas que não estão acontecendo.

É difícil, eu sei que é difícil.

Mas a cada hora eu termino a tarefa e faço uma meditação. Agrade-


ço a mim, meu eu superior, meu eu verdadeiro, por ter me ajudado a
fazer essa tarefa da melhor forma possível.

Respiro profundamente várias vezes, saio daqui, faço exercícios, vou


tomar água, converso com a minha esposa, faço uma nova meditação,
uma nova respiração consciente.

Busco meu eu verdadeiro, meu eu superior e me dedico à tarefa. En-


tão não sobra espaço para eu ficar estressado. Eu tive uma experiência
negativa de ter que operar uma lesão de pele por estar num momento
estressado. Então eu luto para não ficar estressado.
Há curas naturais dentro de cada um.

Um grande problema das pessoas que têm câncer é que elas entram
em parafuso, elas fogem da realidade. Entram no mundo da fantasia
negra, dos pesadelos, do terror.

É muito difícil uma pessoa com câncer pensar: “Eu tenho em mim
as forças naturais para me curar. Vou fazer o máximo possível para
aumentar a minha saúde e me curar”.

A pessoa pessimista pensa que tem que guardar energia para o cor-
po combater o câncer e não faz nada. E cada dia que ele fica sem fazer
exercício diminui as mitocôndrias dele.

Mitocôndria é o que produz energia. Quanto menos exercício você fi-


zer, menos mitocôndrias, e quanto menos mitocôndrias, menos ener-
gia e menos condições seu corpo tem de se curar.
A pessoa que quer combater o câncer, quer ter energia para comba-
ter o câncer.

Medo de fazer exercícios atrapalha combate da doença.

446
Capítulo 01 | Dr. Uronal Zancan

Quer ter força, que o corpo tenha capacidade, com ATP, com energia
sobrando para combater. E como você aumenta? Aumentando as mi-
tocôndrias, fazendo exercícios. E quanto mais intenso for o exercício,
respeitando seus limites, mais aumentam as mitocôndrias.

Se eu tenho, em determinada parte do corpo um câncer, as defesas


do corpo chegam no sangue através da circulação. Se o indivíduo ficar
quietinho no seu canto, encolhido, para não fazer nada, o que acontece
com a circulação do corpo? Diminui.

E se o indivíduo faz exercício de alta intensidade, ao ponto de ficar


ofegante? Esse é um estímulo para aumentar a circulação. Um ganha-
dor do prêmio Nobel de Medicina afirma: a hipóxia aumenta a circula-
ção do corpo.

Eu quero que aumente a circulação da zona onde tem o câncer, então


tem que fazer hipóxia. Hipóxia é falta de oxigênio, ficar com a respira-
ção ofegante. E como se faz isso? Com exercícios de alta intensidade.

Ou seja, ter medo de fazer exercícios é se condenar para não vencer


o câncer.

Eu quero deixar bem claro o que qualquer pessoa sensata sabe: um


indivíduo que tem a saúde 100% nunca, nunca vai pegar câncer.

Existem ações que eu possa fazer para aumentar cada vez mais a
minha saúde e me proteger cada vez mais do câncer. E existem ações
que eu possa fazer para diminuir a minha saúde, diminuir a minha
imunidade e eu pegar câncer.

Câncer é consequência de perda de saúde. Câncer é consequência


do processo do envelhecimento e envelhecimento é perda de saúde.

Eu tenho 69 anos e não quero envelhecer.

O meu projeto é chegar aos 110 anos com o mínimo possível de en-
velhecimento. Eu chamo isso de ter uma longevidade saudável.

Se eu mantiver níveis elevados de saúde, eu bloqueio o envelheci-


mento dos meus órgãos, e ao fazer isso, eu bloqueio a possibilidade de
ter todas as doenças degenerativas, entre elas o câncer.

447
PARTE VI | Histórias de superação

Entendendo o poder destrutivo do câncer.

Vocês entendem o que é câncer? Todos os dias, alguma célula do


meu corpo sofre uma mutação. E ela se transforma de uma célula nor-
mal em uma nova célula, chamada neoplásica. Neo de novo, plasia de
formação. Então gerou uma célula atípica com alto poder de destrui-
ção.

Enquanto o indivíduo for saudável, ao aparecer essa célula neoplási-


ca, ela é detectada imediatamente pelo organismo.

Tem células sentinelas que estão circulando e identificam a neopla-


sia, chamam o exército da defesa e eles a destroem. Isso acontece
centenas de vezes por dia. Esse é o processo imunológico.

Por que as pessoas têm câncer? Porque apareceu a célula neoplásica


ou o sentinela não deu sinal, não tinha sentinela.

Ou ele tocou o sinal, mas as células estavam envolvidas em outro


trabalho, em outros lugares. Ou tinha poucos soldados monócitos
para ir lá combater a célula neoplásica e ela sobreviveu.

E como ela tem alto poder destrutivo, multiplicou-se em


2,4,8,16,18,32,64,128...e daqui a pouco não deu mais chance para ser
destruída.

Daí o organismo começa a querer bloquear aquilo. E dependendo


do grau de periculosidade ou de agressividade da célula neoplásica,
ela quebra as barreiras e continua se expandindo. E daí não tem mais
volta.

Ou seja, lá no início é a chance de combater esse câncer.

Como, então, o que eu posso fazer para garantir absolutamente não


ter câncer para o resto da vida?

A primeira coisa que você tem que fazer é estudar como aumentar
a saúde.

Tem que fazer tudo o que for possível para aumentar a saúde. Vou

448
Capítulo 01 | Dr. Uronal Zancan

dar um mandamento. Mandamento é uma coisa obrigatória, não é re-


ligião. Mandamento na ciência é quando nenhum cientista discorda da
informação. Isso vira um mandamento científico.
Mais recursos de saúde, mais sucesso.

Para se proteger contra o câncer e todas as doenças, você precisa


aplicar o máximo de recursos possíveis para aumentar a saúde em or-
dem de prioridade e aplicar cada um desses recursos da melhor forma
possível.

Deixe eu fazer uma explicação. Por exemplo, caminhada é um recur-


so para a saúde. É. Se fizer caminhada e alimentação saudável — que
também é um recurso para a saúde — é melhor do que só fazer cami-
nhada? Claro. Todo mundo concorda. E se fizer caminhada, alimenta-
ção saudável e dormir cedo, é melhor? Sim.

Então quanto mais recursos diferentes você fizer para aumentar a


saúde, mais saúde você vai ter. Óbvio, né?

Agora, tem uma coisa assim: o que é essa história de ordem de prio-
ridade? Então vamos voltar à caminhada, caminhada é bom para a
saúde? É.

Na minha lista de prioridades, ela está no lugar 73º. Existem 72


ações para a saúde que dão mais resultados que a caminhada. Então
vamos colocar em ordem de prioridade. Alimentação saudável é o oi-
tavo, o sono é o sétimo.

E qual é o primeiro? São os exercícios que aumentam a força do corpo.

Quanto mais forte for o meu corpo, mais forte é a minha célula mus-
cular e quanto mais forte for a célula muscular, mais forte é a célula de
todo o corpo. E quanto mais forte for a célula de todo o corpo menos
processo de mutação ela sofre, ela não vai se transformar em uma
célula neoplásica.

E se tiver uma neoplásica do lado, a célula forte, com boa estrutura,


não deixa a neoplásica sobreviver. Ela se protege e anula a célula ne-
oplásica.

449
PARTE VI | Histórias de superação

Aplicar o máximo de recursos possíveis em ordem de prioridade e


aplicar cada recurso da melhor maneira possível.

Se eu fizer uma caminhada leve ajuda na saúde? Claro.


E se eu fizer uma bem puxada, focado em caminhar o mais rápido
possível, ajuda mais? Sim, óbvio.

Então temos que aplicar cada recurso da melhor maneira possível.


Você só pode fazer isso para garantir-se contra o câncer.
Quanto vale a sua saúde?

As pessoas não investem 50 reais, 100 reais para fazer uma acade-
mia, mas vendem um apartamento para tratar o câncer. As pessoas
não estão interessadas a desenvolver saúde.

Você está interessado, mas a grande maioria não está interessada


em investir na saúde, e vai pegar câncer.

Porque quanto mais tempo se vive no mundo ocidental com esse es-
tilo de vida altamente danoso, que é o estilo de vida do brasileiro, cópia
do estilo americano, os índices de câncer continuam aumentando.

De repente, essa pessoa que economizou 100 reais para não ir na


academia, 50 reais para não comprar um livro para estudar sobre como
aumentar a saúde, que não fez o programa da Jolivi para economizar...

Essa pessoa vai vender sua casa, seu apartamento, para fazer um
tratamento caríssimo de câncer e na maior parte das vezes não vai
resolver.

Eu não digo que o tratamento não deva ser feito. Não digo que não
tenha que se investir tudo para tentar recuperar o câncer.

Mas depois do leite derramado, não dá para recolher de volta.

É fundamental que as pessoas entendam que ninguém desenvolve


câncer se não permitir que o câncer se desenvolva por si só no seu
corpo.

Não existe bruxa andando de vassoura que joga o câncer em cima da

450
Capítulo 01 | Dr. Uronal Zancan

pessoa, não existe castigo divino. Não é assim que funciona a religião,
assim que pensa Deus.

O câncer acontece por perda de saúde. Não vai ter nenhum cientista
ou oncologista no mundo que vá dizer que o câncer não se manifes-
ta por perda de saúde. Ninguém nunca mostrou câncer numa pessoa
saudável.
Genética sozinha não determina destino.

Minha mãe teve câncer de intestino, minha avó paterna teve câncer
de intestino. Logo, eu tenho genética para ter câncer de intestino. Mas
eu tenho proteção contra isso.

Câncer genético é como se fosse o meu relógio, está lá, grudado em


mim. Esse câncer que veio da minha avó eu passei para os meus filhos,
meus netos. Meus bisnetos, tataranetos vão receber essa genética. E
não serve para nada, não muda nada.

Porque assim como eu recebi essa genética, eu recebi uma proteção


para esse gene não se manifestar. Essa proteção chama-se epigené-
tica. Mesmo filhos de mães que já têm câncer de intestino, que per-
deram a epigenética, nascem com essa epigenética. E ela está muito
ligada à saúde.

A partir dos 30 anos, em tese, todos nós tendemos, não necessa-


riamente, a perder saúde. E na medida em que se perde saúde, vai
perdendo essa epigenética. E lá pelos 60 anos, 57 no caso da minha
mãe, o câncer se manifestou.

Então, no processo todo, estou trazendo meu exemplo pessoal de


novo, eu vou viver 110 anos. Com essa saúde, essa energia, disposi-
ção, capacidade mental.

Eu luto para chegar aos 110 anos com essa produtividade, com essa
lucidez.

Não sei se vou viver 110 anos, mas se eu viver, não vou morrer de
câncer de intestino. Se morrer antes por qualquer razão, vou morrer
sem desencadear o câncer de intestino. Porque não precisa ser mani-
festado, se eu continuar lutando para aumentar a minha saúde.

451
PARTE VI | Histórias de superação

Existe o tratamento convencional, baseado em cirurgia, quimiotera-


pia e radioterapia. E existem tratamentos complementares ou alter-
nativos.

Eu quero ser bem claro, eu não sou contra o tratamento clássico.


Recursos de saúde podem acompanhar tratamento.

Se algum familiar meu desenvolver câncer, eu vou conversar com


um oncologista e vamos negociar a quimioterapia. Mas eu vou usar
todos os demais recursos paralelos para o desenvolvimento da cura
espontânea.

A grande cura está dentro de si mesmo. E não sou eu que estou di-
zendo isso, assim como isso não é moderno. Hipócrates, pai da medi-
cina, já dizia, 500 anos antes de Cristo: “todos temos dentro de nós as
forças naturais para se curar”.

Ele não diz para se curar do vírus, do resfriado, da gripe, da pressão


alta, do câncer. Para se curar, ponto.

O que faz o tratamento convencional? Ele destrói a célula cancerosa


já que o corpo não está fazendo isso.

E o que fazem os tratamentos alternativos?

Melhoram as condições do corpo para lutar contra as células neo-


plásicas.
Eu sempre defendo o seguinte: uma mulher que tenha câncer de
mama, e essa pessoa tem baixa saúde, ela vai ter um grau de conse-
qüência.

Se essa mulher lutar para aumentar muito a sua saúde, vai dar mais
condições para as forças naturais e se curar ou não? Claro que sim.

Então o grande processo, é: faça tudo o que pode para não desen-
volver o câncer.

Se apareceu o câncer, busca tratamento. Tratamento condicional


mais tratamentos complementares, faça tudo o que for possível, mas
fundamentalmente aumente ao máximo possível a sua saúde para

452
Capítulo 01 | Dr. Uronal Zancan

garantir recursos para as forças naturais curarem o câncer.

Pare de alimentar a célula cancerosa.

O que come uma célula cancerosa? Sim, porque ela se alimenta. Qual
é o seu nutriente? Carboidrato. Célula cancerosa não come gordura.

Então qual é o primeiro passo para tratar o indivíduo que foi diag-
nosticado com câncer? Pare de alimentar a célula cancerosa já, elimine
todo o carboidrato.

Faça dieta cetogênica. Se não sabe o que é isso, estude, vá pesquisar,


é uma dieta com zero carboidrato, ou o mínimo possível. Mas não é
isso que acontece.

Fui uma vez visitar um médico de Porto Alegre que tinha sido opera-
do por um câncer. Ele estava fazendo o pós-operatório na UTI, cheguei
no horário do almoço dele.

Na UTI de um hospital de referência científica de Porto Alegre. Num


hospital desses, provavelmente você deve ter os melhores médicos e
nutricionistas para atender aquele paciente.

O que deram para ele comer? Canja de galinha. Olhei e tinha frango,
arroz (carboidrato), batata (carboidrato). Do lado do prato dele havia
um pãozinho, carboidrato dos piores.

Do lado havia uma fatia de pudim, pior ainda pois é doce. Na frente
havia um copo de suco de laranja, carboidrato puro.

Ou seja, não dá para culpar uma pessoa comum que come carboidra-
to se os melhores médicos, nutricionistas, além do próprio paciente
que era médico, estavam alimentando o câncer dele que havia sido
recém-operado.
Lute com todas as armas.

Existe o grupo de pessoas que não tem câncer, não tem histórico
familiar da doença.

Existem os que não têm câncer, mas têm histórico familiar, que é o

453
PARTE VI | Histórias de superação

meu caso. E o terceiro é o grupo que tem câncer.

Para o primeiro grupo eu diria que não é por que você não tem a
doença nem histórico familiar que ele não possa se manifestar.
A maior parte dos cânceres de mama são em mulheres e alguns ho-
mens que não tinham nenhum histórico familiar. Então ele pode se
manifestar.

Você tem que se comportar exatamente como as pessoas do grupo


dois, aquele que eu participo. Eu tenho histórico familiar de câncer nos
dois lados da minha família: minha mãe e minha avó paterna. E quero
ter certeza absoluta de que nunca vou ter câncer na vida.

Para ter essa certeza absoluta, eu tenho que investir ao máximo


para manter a minha imunidade alta. Não apenas a saúde. A saúde e
a imunidade.

O primeiro aspecto é que a imunidade tem a ver com a saúde. A me-


dida em que você aumenta a saúde, aumenta a imunidade, na medida
em perde a saúde, diminui também a imunidade.

Mas a imunidade tem uma ação separada da saúde. Ela responde


muito rápido a pequenas ações de saúde. Você tem que fazer um pou-
quinho todos os dias para manter a imunidade alta, senão ela volta
para o patamar anterior.

E pode acontecer como ocorreu com minha mãe. Ela tinha uma boa
saúde, tinha pequenas doenças mas nenhuma que necessitasse de
remédio contínuo.

Mas ela passou por um grave estresse. Então ela tinha uma boa
saúde, passou por um estresse que durou vários dias que destruiu a
imunidade dela e manteve ela baixa por vários dias.

Destruiu sua epigenética e ela manifestou a doença.

Então lute com todas as armas para aumentar a saúde e aumentar


a imunidade.

Se você é do grupo três, acredite em você, na sua força, na força


natural do seu corpo, acredite que pode lutar para aumentar a sua

454
Capítulo 01 | Dr. Uronal Zancan

saúde, aumentar a sua imunidade, para ajudar os seus médicos, seus


terapeutas que estão lutando contra o câncer.

Você pode ajudá-los com o seu corpo combatendo o câncer. Você só


tem esse objetivo de vida agora, não importa o seu trabalho, pare de
trabalhar, saia do seu trabalho.

Não importa a sua família, abandone a sua família temporariamente,


não importa a sua preocupação, suas necessidades com outras coisas,
esse é o momento de você lutar pela sua vida, 8, 10, 12 horas por dia
lutando para aumentar a saúde. Fazendo meditações de hora em hora,
controlando sua mente para só pensar na saúde.

Para cada pensamento negativo de doença que vier, coloque não só


10 pensamentos positivos.

E principalmente, para cada pensamento negativo que se instalar na


sua mente, fale duas ou três frases positivas.

A frase tem um poder energético no próprio corpo maior que o pen-


samento. “Estou construindo a saúde que nunca tive na vida”. Grave
essa frase.

Você deve dizê-la 2, 3, 4 vezes. Não importa que sua família te cha-
me de louco. Você está lutando pela sua vida.

E é você que tem que lutar, não seu médico ou sua família, seu tera-
peuta. É você. 8, 10, 12, 14, 16 horas por dia. Enquanto estiver acor-
dado. Lutando para aumentar a sua saúde.

455
Mahana Cassiavillani

Formada em Letras pela Universi-


dade de São Paulo. Pós-graduada
em Estudos Brasileiros pela FESP.
Mestranda em Literatura e Crítica
Literária pela PUC-SP. É tradutora e
revisora na Jolivi.
Capítulo 02 | Mahana Cassiavillani

Uma história da casa

27 de novembro de 2018.

Essa data está cravada no meu peito.

Foi quando perdi meu pai. Ele era viciado em Coca-Cola e vivia bri-
gando com a gente porque não fechávamos a tampa direito e todo gás
escapava. Hoje lembro disso com carinho. Ele adorava fritura, sempre
comia lanches em vez de comida de verdade. Além disso, ele trabalha-
va como metalúrgico e ficava exposto a todo tipo de toxinas e metais
pesados.

Ele sempre dizia que não ia viver até a aposentadoria. Achávamos


que era drama, mas ele quase acertou. Viveu como aposentado por
três anos. Morreu com 59 anos. Tão cedo. Tão jovem.

Meu relacionamento com ele não era muito bom. Quando começa-
mos a nos aproximar novamente, eu e minha irmã o convidamos para
uma pizza. Ao ver seu estado, choramos no estacionamento, era óbvio
que ele tinha algo muito grave. Meu pai perdeu 20 quilos em dois me-
ses. Ele, sempre de bom humor, brincava que tinha feito a bariátrica.
Começamos a levá-lo aos médicos, com medo do que estava por vir, aí
veio a notícia: câncer. Metástase por todo o corpo. A oncologista deu
três meses de vida. Ele morreu em menos de um mês.

Decidimos não contar nada para ele, mas ele estava tão debilitado
que não sei se ele sabia ou não. Essa dúvida me mortifica. Uma vez,
voltando de um exame, ele urinou no elevador, nem a própria bexiga
conseguia mais controlar. Foi desconcertante ver aquele homem tão
forte em uma situação tão humilhante.

Ele foi uma fortaleza, nunca desistiu. Até o fim, fazia planos para o
futuro sobre os quais conversávamos sabendo que nunca se realiza-
riam. Choro enquanto escrevo isso.

O final foi muito triste. Ele caiu no banheiro, chamamos o samu e


ele foi levado para o hospital. Nunca mais abriu os olhos, mas sentia
que tentava apertar minha mão. Decidimos não fazer procedimentos
invasivos, como entubação, isso não traria ele de volta.

457
PARTE VI | Histórias de superação

Dizem que, quando morremos, a última coisa que vai embora é a


audição. No dia antes de sua morte, minha irmã disse: até amanhã, pai.

Mesmo cheio de morfina, conversávamos com ele segurando o cho-


ro. Ante a morte, tudo parece banal, todas as nossas brigas e diferen-
ças se dissolveram, restou só o amor e sou muito grata por isso.

Meu pai morreu com 59 anos. Fiquei órfã aos 35. Pode parecer que
eu já tinha idade para “entender”, mas o luto nunca acaba.
A importância da informação.

Não tínhamos acesso a informações. Para nós, só existiam os tra-


tamentos convencionais. Talvez, se fosse diferente, ele estaria aqui
conosco. Mas ele não está e faz muita falta.

Trabalhando na Jolivi e contribuindo na produção do documentário


A verdade sobre o câncer aprendi muitas coisas. A mais importante
delas é que a genética não é determinante e que o câncer não precisa
ser uma sentença.

Existem muitos outros caminhos para prevenir, tratar e reverter essa


doença, muito além da quimioterapia, da radioterapia e da cirurgia.

A alimentação, por exemplo, tem um papel importantíssimo. O açú-


car é o alimento do câncer. Por isso, para combatê-lo, é preciso eli-
miná-lo completamente da dieta. E não é só o açúcar branco que a
gente põe no cafezinho, é o açúcar que está em alimentos que a gente
nem imagina. Alimentos “salgados” como o pão integral são ricos em
glicose e fomentam o câncer.

Ao mesmo tempo, se você para de dar “combustível” para os tumo-


res malignos há grande chance de eles morrerem de fome e diminuí-
rem, como comprovou o cientista Otto Warburg já na década de 1940.
E apesar de ter ganhado o Nobel por essa descoberta, a teoria sobre o
mecanismo do desenvolvimento do câncer permanece perigosamente
ignorada nos dias atuais.

Aprendi também que a inclusão de crucíferas, como brócolis, couve,


couve-de-Bruxelas, são importantíssimas para uma vida saudável,
especialmente por serem ricas em Indol-3-carbinol, um composto

458
Capítulo 02 | Mahana Cassiavillani

comprovadamente anticancerígeno não debatido pela ampla maioria


dos médicos.

Compreendi ainda que as vitaminas e minerais têm ação decisiva. E


apenas para citar uma delas, a vitamina D3, são mais de 1,1 milhão de
pesquisas científicas sobre a sua ação, todas “escondidas” do livro de
aprendizado do oncologista, como alertou o pesquisador e professor
da Unifesp, Cícero Coimbra.

Apesar da certa tristeza de ter todas as revelações disponíveis só


agora, depois da minha experiência com o meu pai, fico feliz de, com
meus novos conhecimentos, poder ajudar outras pessoas a não pas-
sarem pelo que eu passei.

Por isso, peço que faça uma coisa que não fiz, pesquise. Aprenda: há
muito mais por aí além dos tratamentos convencionais. A sua história
pode ser diferente da minha. Cuide de si e dos que ama. Depois que
eles nos deixam só resta a saudade.

459
Vitor Caruso Jr.

Estudou Economia, Programação


Neurolinguística e Psicologia e,
após anos trabalhando como exe-
cutivo, descobriu um tumor malig-
no que mudou radicalmente sua
vida. Hoje é coach, professor de
Ashtanga Yoga, instrutor de medi-
tação e escritor.
Capítulo 03 | Vitor Caruso Jr.

Me curei na metade do tempo previsto e faço da minha vida


um exemplo

“O médico que era responsável pela minha radioterapia falou você


não pode desistir do tratamento. Eu falei, eu vou desistir. Você tá que-
rendo aplicar o tratamento em alguém que não tem mais sintoma, não
tem mais nada”

Vitor Caruso Jr.

A questão de as pessoas não viverem de forma plena, serem explo-


radas, terem uma vida difícil e não poderem desfrutar das mínimas
condições, é o que a maioria não tem acesso. Eu comecei a ler sobre
economia por causa desse mundo injusto.

Fui fazer faculdade de Economia e virei um mauricinho.

Fui trabalhar na área financeira de multinacionais porque a faculda-


de mostra como a economia funciona, onde que está o trabalho, onde
está o fluxo do dinheiro, onde as coisas estão acontecendo.

Eu era um profissional procurado porque eu tinha entrado na USP, e


isso contava bastante. Eu estava entrando em multinacionais, fazendo
projetos de reengenharia, corte de custos e essas coisas funcionavam
superbem.

A outra empresa me contratava porque eu tinha sucesso na empre-


sa anterior e eu ia pulando de empresa a empresa ganhando cada vez
mais.

Foram 15 anos trabalhando com isso. E eu era bastante competitivo,


sempre gostei de esporte, tinha essa coisa da competitividade, nata-
ção, vôlei e eu levei tudo isso para a área do trabalho. E, às vezes, por
causa dessa competitividade, a gente se sacrifica mais do que conse-
gue suportar.

Um inchaço no pescoço mudou tudo.

461
PARTE VI | Histórias de superação

Um dia, eu vi que tinha um inchaço no pescoço. Fui até o médico, que


disse: “acredito que seja aneurisma na aorta”. O diagnóstico estava er-
rado, se fosse, eu teria poucas chances porque uma operação seria de
altíssimo risco.

Na noite, após esse diagnóstico errado, eu tive uma profunda refle-


xão.

São momentos da vida que chamamos de ponto de mutação, nos


quais fazemos uma avaliação profunda sobre se nossa vida faz sen-
tido.

Eu uso um exemplo para explicação a situação: é como se eu per-


cebesse que estava jogando o videogame da vida para o lado errado.
Quando você pega um jogo, como o Super Mario Bros, tem o lado certo
de ganhar pontos. Eu acho que a maioria das pessoas está indo para
o lado errado.

A sociedade valoriza ganhar dinheiro e conquistar coisas materiais,


mas, quando você pensa que vai morrer, pensa também: game over,
acabou, o que eu fiz? Aquele diagnóstico me forçou a ter essa experi-
ência.

E uma das coisas que eu destaco para as pessoas, é: não espere


game over da vida, faça a reflexão antes. Encontre sentido na vida an-
tes. Quando eu fiz essa reflexão,eu percebi que estava atrás de outros
valores, eu tinha um supercargo em uma multinacional, eu tinha um
carro da companhia, eu tinha dez estrelas no cartão de crédito, eu ti-
nha seguro-saúde que cobria tudo, mas e aquilo que nos preenche?

Eu não tinha tempo para os meus amigos, não tinha tempo para
falar com as pessoas de que eu gostava. Eu não fazia as coisas que
achava importante. Eu não tinha a minha vida organizada de acordo
com aquilo em que acreditava.

E, emocionalmente, não tinha o desenvolvimento que deveria ter


buscado para crescer como ser humano. Eu não sabia dizer: “Eu te
amo”, “Eu gosto de você”. Também não sabia relaxar e estar tranquilo.

Caso se curasse, vida serviria como exemplo.

462
Capítulo 03 | Vitor Caruso Jr.

Eu não sabia porque era sempre a meta dos próximos três meses.
Quando reconheci isso, fiz um acordo espiritual. Eu disse que, se tives-
se uma prorrogação, minha vida seria dedicada ajudar os outros, não
seria mais para mim. E eu usaria minha vida como exemplo.

Eu tive um linfoma de Hodgkin tipo 2A. O que significa isso? As clas-


sificações de tipo vão de 1 a 4, tem relação com tamanho e agressi-
vidade e se é sintomático ou assintomático. Era um não sintomático.

O tumor estava comigo há dois anos. Ele tinha um tamanho de meio


mamão papaia e foi crescendo no timo, que é uma glândula entre o
coração e o pulmão. Ele foi tomando espaço, mas foi um crescimento
lento. Como ele é assintomático, o corpo se adapta a seu tamanho,
mas ele não cabia mais ali. Ele foi para o pescoço e, com aquele incha-
ço, fui tentar descobrir o que tinha.

Linfoma de Hodgkin. Perfil do doente em 80% casos: jovens profis-


sionais em torno de 30 anos, bem-sucedidos.

É um perfil psicológico da doença. São evidências muito claras.

No oriente, na filosofia budista e no yoga há muita explicação para


isso. Esses modelos mentais que construímos vão criar padrões de
comportamento, padrões energéticos, que vão gerar determinadas
deficiências.

Sim, a ciência ocidental conseguiu vislumbrar essa questão, mas não


vai além da medição.

Eu passei por essa transformação. E aí essa transformação me


orientou de que eu deveria dar mais sentido para a minha vida.

E aí eu procuro ensinar os passos que eu trilhei. Então eu ensino hoje


esse caminho de transformação, de espiritualidade, de saúde, de ter
uma vida mais significativa, de mais valor, que as pessoas aprendam a
dar mais valor a sua vida.

Eu comecei a pesquisar tudo o que era relacionado a esse tema, tudo


o que poderia complementar e ajudar no tratamento convencional. Os
resultados foram extraordinários.

463
PARTE VI | Histórias de superação

Cura na metade do tempo.

Eu consegui uma cura na metade do tempo que a medicina conhecia


à época.

Eu pude fazer pesquisas e comprovar os efeitos dessas pesquisas no


sistema imunológico. Tive que brigar com médicos que queriam que eu
seguisse o protocolo convencional. Eu mostrava para eles que o pro-
tocolo convencional não se enquadrava à situação que estava vivendo.

Havia uma argumentação de teses científicas em relação a como


deve ser feita a abordagem da doença, a questão da estatística da do-
ença e da metodologia estatística da doença.

Nós também discutimos com o sistema de saúde porque, no meio


do tratamento, eu não poderia pedir exames porque eles só devem ser
pedidos no final. Os exames são caros. Então se faz exame no começo
e se faz no final. “Mas eu estou no meio do tratamento e não tenho
mais câncer.” “Não, não. Não se pode pedir exame agora.”

Então tem toda uma discussão sobre isso. Eu consigo os exames


e comprovo que não tenho mais a doença. Então o tratamento ali se
encerra.

Vou contar uma coisa que aconteceu que é bastante significativa


para ilustrar a importância de nós estarmos num nível de consciência
maior sobre a questão da saúde da vida.

O médico que era responsável pela minha radioterapia falou: “Você


não pode desistir do tratamento”.

Eu respondi: “Vou desistir. Você está querendo aplicar radioterapia


em alguém que não está doente, não tem sintoma da doença, não tem
mais nada.”

Ele falou: “Eu não posso te liberar do tratamento a não ser que você
escreva uma carta de próprio punho dizendo que por tua livre e espon-
tânea vontade está abandonando o tratamento.”

Aí eu escrevi a carta, assinei, dobrei e entreguei para o médico. O


médico pegou a carta, leu, dobrou e guardou na gaveta.

464
Capítulo 03 | Vitor Caruso Jr.

Quando ele fez isso, disse: “Só queria te dizer uma coisa, se eu esti-
vesse no seu lugar, eu estaria fazendo igual.”
O sistema que não valoriza a saúde.

Foi um alerta. Estamos vivendo num sistema que não valoriza a


saúde. Estamos vivendo num sistema que se retroalimenta, em que o
humano é usado. E é preciso levantar a voz e agir contra isso. É preciso
levar essa mensagem para as pessoas.

Veja bem, não estou condenando a classe médica. Eles também são
vítimas do processo de retroalimentação do sistema. Nós precisamos
dos médicos, nós precisamos das empresas farmacêuticas.

Curiosamente, eu trabalhei eu trabalhei sete anos e meio na indús-


tria farmacêutica.

Quando as pessoas vêm me falar: “Mas funciona.” Eu sei como fun-


ciona. Você não fez farmácia.

Eu trabalhei sete anos e meio na indústria farmacêutica, eu sei para


quem eu fiz os cheques. Eu sei quem eu paguei.

Então, meu discurso não é de crítica vazia e teoria da conspiração.


É de alguém que tem bastante embasamento, bastante história para
justificar esses caminhos.
Meditação aumenta imunidade?

No tratamento do câncer, tínhamos as sessões de quimioterapia


e eu comecei a estudar a meditação. Várias práticas. Eu frequentava
diferentes centros budistas, buscava técnicas, livros, conceitos, tudo
que fosse. Eu era iniciante e estava coletando todas as informações
possíveis. E comecei a aplicar as práticas que aprendia.

Eu precisava fazer um exame de sangue antes das quimioterapias


para medir o nível do sistema imunológico e saber se podia receber a
droga ou não. Se a imunidade estiver muito baixa, você não pode fazer
quimioterapia, mas, nesse caso, os médicos aplicam uma droga cha-
mada filgrastima, que faz um bombeamento do sistema imunológico.
É uma artificialidade. Você joga e melhora muito o sistema imunológi-

465
PARTE VI | Histórias de superação

co por causa dessa droga. E aí vem a quimioterapia.

Eu estava fazendo muita meditação e fiz o exame de sangue. Quan-


do o médico olhou o exame de sangue, disse: “Nossa, realmente a fil-
grastima funciona”.

Eu respondi: “O senhor nunca me deu filgrastima.”

Ele perguntou o que eu estava fazendo. E eu respondi que, quando


estuda a literatura, vê que a meditação é uma das medidas mais im-
pactantes no desenvolvimento do sistema imunológico. O médico me
disse para continuar o que estava fazendo porque estava funcionando.

Quando o tratamento terminou, eu refleti muito. Me perguntei: “Eu


vou continuar fazendo fluxo de caixa, gestão de patrimônio de mul-
tinacional ou eu vou trabalhar com isso para ajudar as pessoas?” A
minha missão era ajudar. Não tinha outra escolha.

E eu tive excelentes professores nesse caminho.

Tudo o que eu aprendi na universidade, de critério científico, de pes-


quisa, de validar as fontes, eu utilizei para estudar essa área. Se você
pegar meus quatro principais professores, eles são muito bons. Com
quem eu estudei e aprendi mais tempo.

Fui aluno do Dalai Lama.

O primeiro da lista é o Dalai Lama. Ele é de um humor e de uma ale-


gria contagiantes, também de uma bondade e de uma generosidade
enormes.

O segundo é Robert Thurman, o pai da Uma Thurman. Todo mundo


conhece a atriz. Kill Bill, Pulp Fiction. Mas o pai dela era monge da tra-
dição tibetana. Ele é diretor da casa tibetana de Nova York e era amigo
pessoal do Dalai Lama.

Ele conta que o Dalai Lama nos faz acreditar no milagre da aten-
ção. A capacidade de alguém sentar na sua frente e estar plenamente
atento, prestando atenção em você.

Tem um livro dele chamado A Arte da Felicidade, que é superconhe-

466
Capítulo 03 | Vitor Caruso Jr.

cido, tem uma cena que retrata isso. Um dia, indo para um seminário,
ele cuprimenta a camareira. E o faz de uma maneira tão atenta que a
camareira fica muito feliz de ter um hóspede que presta tanta atenção
nela.

No dia seguinte, estavam presentes a camareira e dois faxineiros da-


quele andar para cumprimentar o Dalai Lama naquele horário, quando
ele saía do seminário. No terceiro dia, já havia doze funcionários.

No último dia, o andar está lotado de funcionários. O Dalai Lama vai


cumprimentando um por um porque ele é atento. Ele prestava atenção
nas pessoas, ele tinha essa qualidade. E ele realmente é assim.

Passei algumas temporadas estudando com ele na Índia, às vezes,


na Europa. E a forma como ele se dedica a ensinar é maravilhosa.

O outro professor bastante importante, que foi uma indicação do


Dalai Lama, é Thich Nhat Hanh, que é considerado o pai do mindful-
ness, o principal estudioso dentro da tradição budista de mindfulness.

Thich Nhat Hanh é um professor. Vou te dizer porque eu fui atrás


dele. Primeiro porque o Dalai Lama o indicou. Se você quer aprender
atenção e concentração, Thich Nhat Hanh é o professor. E eu estava
estudando a mística e a experiência espiritual de grandes meditantes
da humanidade.

Thomas Merton é o maior escritor da igreja católica do século 20, ele


é um monge americano e escreveu um livro chamado Místicos e Mes-
tres Zen. No final, ele diz no final que, se a humanidade gostaria de ter
suas religiões, atualizadas deveria conhecer os ensinamentos desse
monge vietnamita chamado Thich Nhat Hanh. Eu pensei: “caramba.
Olha a afirmação do Thomas Merton.”

Dom Helder Câmara tinha escrito para Thich Nhat Hanh sobre a ad-
miração do trabalho dele aqui do Brasil.

O Luther King não queria se envolver no movimento contra a guer-


ra do Vietnã porque estava focado na questão dos direitos civis dos
negros. Quando Thich Nhat Hanh vai aos Estados Unidos, eles se en-
contram, e Thich Nhat Hanh explica o conceito de interdependência
budista e diz ao Merton: a violência aqui não é diferente da violência

467
PARTE VI | Histórias de superação

lá porque elas são interdependentes. Eu não posso discordar com a


violência aqui e concordar com a violência lá, porque é tudo violência.

Saindo dessa reunião, Luther King, mudou todo o posicionamento da


população negra americana contra a guerra do Vietnã.

“Nós vamos entrar contra a guerra porque é a mesma violência con-


tra nós.”, ele tirou isso do ensinamento do Thich Nhat Hanh.

Luther King foi o mais jovem ganhador do prêmio Nobel da Paz. An-
tes de sofrer o atentado, Luther King escreve uma carta para Noruega
que diz o seguinte: “Se o prêmio Nobel da Paz é merecedor de seu
nome, ele deve ser dado a esse monge vietnamita.”

Com tantas histórias sobre esse monge vietnamita, eu precisava co-


nhecê-lo. E, quando eu o conheci, foi uma experiência muito especial.

Era realmente uma pessoa que tinha uma história, que tinha vivido
coisas, como a questão da guerra do Vietnã e das famílias sendo atira-
das ao mar. O trabalho de resgate de famílias. O fato dele ser exilado e
não poder voltar para o Vietnã.

O contato foi muito rico, foi uma experiência maravilhosa. O primeiro


encontro que tive com ele foi em Londres. No centro dos Quackers, em
Londres.

Eu estava nesse centro em Londres, e ele deu uma palestra falando


sobre a importância de respeitarmos a ancestralidade, respeitarmos
nossos pais, respeitarmos nossa história. Respeitarmos aqueles que
se estruturaram para que a gente chegasse aonde a gente chegou.
E foi muito emocionante isso de reconhecer o quanto que somos os
nossos pais. E, ao final, um inglês, abre para perguntas e respostas e
um escocês diz: “Muito linda sua apresentação, mas nós vivemos num
país cristão. Como eu vou aplicar esses ensinamentos budistas num
país cristão?”

Ele sorri para a pessoa e pergunta: “Eu gostaria que você me disses-
se em qual momento da minha fala, eu deixei de falar de Jesus.”

A hora que ele falou isso, eu pense: “Esse é o meu professor.”

468
Capítulo 03 | Vitor Caruso Jr.

Porque ele sabia que a questão não está nos rótulos, mas naquilo
que a gente sente e vive. Então, eu comecei a acompanhá-lo. Fiz vários
retiros. Ele gostava de fazer retiros longos, de 20 dias, o retiro mais
curto que fiz com ele foi um retiro de 10 dias. Eu aprendi muito sobre a
meditação e sobre o budismo com Thich Nhat Hanh.

Os outros professores. Eu falei de dois. O professor Hermógenes


que, no Brasil é uma referência e que seria mundialmente famoso, se
não fosse brasileiro. Ele escreveu mais de 30 livros sobre o yoga e tem
um livro sobre autoperfeição com o Hatha yoga, mais de 60 edições.
Nós temos livros de Guimarães Rosa e José de Alencar que não têm 60
edições. Nós temos um livro de yoga no Brasil com mais de 60 edições.
É algo extraordinário.

Eu pude conhecê-lo na intimidade, trabalhei dez anos com ele. Era


uma figura muito, muito coerente com aquilo que ensinava, com aquilo
que vivia. Aprendi muito sobre yoga, sobre histórias do yoga, os princi-
pais livros do yoga e essa coisa de respeitar a ancestralidade, respeitar
aqueles que estudaram. Hoje em dia eu vejo o pessoal inovar sem co-
nhecer a história. É como se estivessem reinventando a roda.

Por último, quero falar Lino Miele, que é um professor da Itália e foi
o principal do Pattabhi Jois, no Ashtanga Yoga, uma prática específica,
que remonta ao principal yogue do século 20, o Krishnamacharya.

Eu também me aproximei desse professor, que é rigoroso. Me tor-


nei também um aluno direto dele. Sou um aluno internacionalmente
registrado, certificado. Então eu tive quatro professores muito, muito
bons. A qualidade do meu trabalho para ajudar a transformar as pes-
soas e as ferramentas que tenho vieram desses professores.

Aprendi muito desde aquela época. Se passaram vinte anos, e eu não


parei de estudar desde então. Fiz a faculdade de economia em cinco
anos. E estou há vinte anos estudando para ajudar as pessoas.
Pessoas seguem confusas em relação à alimentação.

A questão da alimentação é um exemplo de desinformação. As em-


presas a utilizam como estratégia para causar confusão nas escolhas
alimentares das pessoas. Isso é trabalho do marketing, que deixa as
pessoas confusas, sem saber o que seguir. A mudança do padrão ali-

469
PARTE VI | Histórias de superação

mentar foi algo que fiz.


Outra questão importante é aprender sobre relacionamentos, sobre
a capacidade de as pessoas falarem sobre as emoções. Nesses casos,
a meditação conta como fator coadjuvante. Ela ajuda demais. Você
pode perguntar para qualquer terapeuta se é mais fácil trabalhar com
o paciente que medita e ou com o paciente que não medita.

O que medita leva para o terapeuta o esquete pronto, ele leva a es-
trutura pronta para a análise. A capacidade de ir além nessas análises
é muito maior.

Eu fiz faculdade de Psicologia, mas larguei a faculdade. As pessoas


perguntam se eu não sou psicólogo. Não sou, mas fiz faculdade de
psicologia. Não posso trabalhar como psicólogo porque o Conselho
não permite que se usem meditação, yoga e outras técnicas que não
fazem parte do corpo de ensino da Psicologia.

Quando estudo sobre budismo e sobre como a mente vê o budismo,


estou falando de centenas de anos de estudo filosóficos sobre o fun-
cionamento da mente. A psicologia, no Brasil, chegou em 1962. Nada
contra. Eu acho superimportante. Eu tenho amigos psicólogos.

Eu usei Psicologia no meu tratamento. Eu usei acompanhamento


psicológico. Foi superimportante, mas existem outras coisas além dis-
so, do conhecimento médico. Existem outros conhecimentos. Existem
outros universos também.

Todo processo de transformação, nos tira de situações de conforto.


Estou falando de transformações verdadeiras e profundas.

E as pessoas que não sofrem essa transformação temem sua mu-


dança. “Você deixou de comer carne? Imagina. Come aí, você sempre
comeu carne.”

Esse é um exemplo. As pessoas à sua volta vão ter uma posição con-
servadora porque temem o que não conhecem. Quando você tende a
se mover, existe uma energia contrária de conservadorismo daqueles
que estão à sua volta.

Então, nos processos de transformação, é preciso ter muito claro


qual será o destino. É preciso bem embasado para não sair dando se

470
Capítulo 03 | Vitor Caruso Jr.

arriscando à toa. Para poder justificar sua mudança e também poder


argumentar, também poder negociar essas mudanças.

Eu conheço muitas pessoas, muitos alunos que não conseguem fa-


zer sua mudança porque a família não deixa.

Mãe de família não consegue mudar porque o marido não quer mu-
dar, porque o filho não quer mudar. Transformação não é uma coisa
fácil. As forças de conservadorismo a nossa volta são muito grandes.

Num sentido real da nossa construção de pensamento e de consci-


ência, temos a condição de expressão de liberdade de potencialidade
para qualquer direção. Todos nós temos um potencial de expressão
que seria ilimitado, como o barro que pode assumir qualquer forma.

Mas nós pegamos o barro, por causa das nossas crenças e da educa-
ção que recebemos e o moldamos de maneira muito limitada.
A vida chama, mas às vezes não escutamos.

“Então agora eu sou o Vitor, o economista, mas o Vitor economista


não pode tocar saxofone? Não, eu sou economista, não posso tocar
saxofone.”

Acabamos limitando nossa expressão por causa do modelo que


construímos. E, quando limitamos essa expressão, perdemos uma po-
tencialidade infinita. Restringimos tudo a um universo muito estreito,
muito pequeno.

E isso acarreta uma limitação da própria condição de energia, de


saúde, do ser. Da condição física do ser.

Quando começo a meditar, eu começo a fazer um processo que é


quase o contrário disso, que é buscar um espaço onde vou me aproxi-
mar mais da minha potencialidade e menos do ser limitado que cons-
truí.

Eu começo a perceber que tenho alternativas em relação àquele ser


limitado construído pelo meu momento tempo/espaço.

Mas dentro do seu espaço com prazo, com emprego, com forma-

471
PARTE VI | Histórias de superação

ção, eu não consigo pensar. Com a meditação pode-se, num processo


mental, criar essa condição. Ao fazer isso, eu libero determinados blo-
queios e restrições. Nessa liberação, eu começo a gerar, energia, saúde
e cura.

Sair desse trilho e usar nossa liberdade não é tão simples, requer
trabalho, dedicação, desenvolvimento de consciência e esforço. Existe
um chamado para a sua transformação. A vida chama. “Olha, abre o
olho”.

E o que acontece quando uma criança te chama e você não escuta?


A criança grita. “Ei, mãe”. E se a mãe não responde, ela grita mais alto.
Existe um chamado para a realização da nossa missão. A minha vida é
o maior exemplo disso.

O câncer traz um elemento mais forte de que a situação está fora do


controle. Você perdeu o emprego, você fala: “Eu me viro se eu perder
o emprego”.

Mas situações como o câncer te fazem perceber que você não tem o
controle O câncer tem essa mensagem clara de que algo está errado
na sua história.

Você já deve ter ouvido a expressão Pai Nosso. Ela existe porque
quem nos ensinou sabia que essa era uma forma de as pessoas com-
preenderem que o desejo de um pai é a realização do filho.

Pergunte para sua mãe e para o seu pai quais foram os dias de maior
alegria deles. O dia em que ele se emociona está ligado à realização de
um filho. Então Ele nos ensina isso. O pai deseja sua realização. E como
pai, Ele, criador; a gente, criatura. Nós teríamos que cuidar mais dos
nossos potenciais para poder entrar em harmonia com o desejo do Pai.

Mas a gente não se cuida, deixa para lá, pensa que depois vê a ques-
tão da saúde, depois vê capacidade de aprender.
É tudo um “deixa pra lá”.

Isso não é a realização do seu potencial. Você deixa o seu pai triste.
Para quem é pai é muito claro isso. A gente vê nosso filho miudinho,
com medo, com receio. O pai e a mãe sentem o coração cortado. O
criador não iria querer o mal da criatura.

472
Dr. Renato Manguelo

Médico pela Universidade de Nova


Iguaçu. Formação em Clínica Médi-
ca, Cardiologia,
Neurologia e Cancerologia. Pes-
quisador de células target e da fos-
foetanolamina para o câncer. Pós
-graduado em Bioengenharia Pela
USP. Doutorando no Instituto Tec-
nológico e Aeronáutica (ITA). Rece-
beu um diagnóstico de câncer ter-
minal no cérebro e a sentença de 3
meses de vida. Está vivo há 4 anos.
PARTE VI | Histórias de superação

Eu sou um milagre e estou vivo graças aos meus estudos

“Eu sobrevivi a um câncer terminal. Se eu sobrevivi, você também pode


sobreviver. Se dê essa chancer”

Dr. Renato Manguelo

Eu sou um milagre. Eu sou portador de glioblastoma multiforme


cerebral, grau 4. Inoperável. Esse tumor é como se fosse um extermi-
nador. Ele não tem cura, tem tempo de vida. E o tempo de vida dele é,
na primeira fase, de três meses a um ano e meio. 85% dos pacientes
morrem nessa fase. Na outra fase, é de um ano e meio a três anos, 15
% dos pacientes morrem nessa fase. E, na terceira fase, 5% dos pacien-
tes, o que já é um milagre, morrem em cinco anos.

Nenhum passa de cinco anos. Eu já estou na segunda fase. Eu te-


nho os exames todos comigo e consigo prever — porque eu tenho
formação em neurologia clínica, cardiologia clínica, oncologia clínica e
bioengenharia pela Universidade de São Paulo.

Esse glioblastoma me persegue faz anos. No Instituto Butantan uma


senhora chegou lá, eu estava em meu horário de almoço, e ela falou:

Dr., por favor, será que o senhor pode me ajudar?

Falei: Sim, ajudar com quê? É que meu marido tá muito doente.

Sim, qual é a doença do seu marido? Meu marido tem um glioblastoma


multiforme cerebral.

Eu falei: Você sabe que não tem cura, né?

Eu sei Dr., ele está muito mal.

Sim, mas aqui no Butantan a gente só faz pesquisa. Eu não tenho como
tratar o seu marido.

474
Capítulo 04 | Dr. Renato Manguelo

Dr., qualquer dúvida que você botar na minha cabeça vai ser melhor do
que a certeza que eu tenho de que daqui a três meses, eu não vou ter mais
o meu marido para abraçar.

Ela me abraçou e chorou.

E eu não tinha ainda as cápsulas. E o marido dela morreu.

São 18 anos batendo na a mesma tecla.

Eu devo a minha vida a meus estudos. Foi muito difícil conseguir en-
contrar um laboratório que aceitasse o que eu estava propondo.

Será a quimioterapia sozinha é suficiente?

Eu nunca falei para os meus pacientes deixarem a radio e a quimio.


Mas por que não usar um complemento alimentar que não vai fazer
mal?

Se o paciente seguir a alimentação e tirar metais pesados da boca.


Se tomar água com pH acima de 8, porque a gente tem que alcalinizar
o organismo, isso é fundamental. Se o seu organismo está ácido, vai
ter a propensão para protoncogeneses, cujo nascimento é a oncogene.
E proto é promoção.

Se tenho um terreno biológico intoxicado, eu vou ter câncer.

Eu tive um paciente com seis anos de idade. Eu falei para ele que
precisaria fazer quimioterapia, mas o menino se negava. Mas acabou
fazendo.

Ele saiu da sala de quimioterapia, todo feliz, junto com a enfermeira.


Perguntei como conseguiram fazer a quimio nele. A resposta foi: de-
mos sorvete. Pronto. Estragou todo o meu tratamento.

O paciente não pode comer açúcar, não pode tomar leite, não pode
comer carne vermelha. Se ele fizer isso, nada dos meus tratamentos,
nem de nenhum colega nosso que vai seguir a mesma linha, vai fun-
cionar.

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PARTE VI | Histórias de superação

Então, a primeira coisa que eu digo é: a dieta precisa ser muito rígida.
Se você gosta de sorvete, não pode tomar sorvete. Se você gosta de
doce, não pode comer doce. Se você gosta de refrigerante, não pode
tomar refrigerante.

Se você gosta de glúten, não pode glúten. Se você gosta de bolo, não
pode bolo. Não pode embutido, carne vermelha, mas pode frango, ovo,
peixe e carne vermelha uma vez por semana.

Os pacientes me perguntam: como é que eu vou manter essa dieta?


Manter a dieta é a parte mais difícil do trabalho. Se você se ama, vai
fazer isso.

Eu digo que estou curado porque tenho experiência, mas os médicos


não acreditam.

A fosfo nada mais é do que um produtor de membrana celular. O elo


mais fraco da célula com câncer é a membrana. E todas as organelas
que estão na membrana são produzidas a partir da fosfoetanolamina.

E, como a célula é ávida pela fosfoetanolamina, a mitocôndria volta a


funcionar. Mas ela não é acostumada a funcionar. E, dentro das células
mitocondriais, entre a crista mitocondrial e a membrana da célula da
mitocôndria há um líquido.

E quando a mitocôndria começa a funcionar de novo, esse líquido


extravasa para o citosol. E dentro desse líquido há um componente
chamado citocromo C. Esse citocromo C inicia o ciclo da morte celular.
E a célula vai automaticamente se matar.

Os muitos caminhos que levam à remissão.

Existem muitos outros tratamentos. Ozonioterapia, dióxido de clo-


ro, azul de metileno, auto-hemoterapia, sons, vibrações de cura. Se a
gente voltar lá para trás, a gente vê que desde os faraós, fazia-se chá
de romã para aumentar a energia dos trabalhadores.

Eu já tinha ajudado centenas de pacientes. Nenhum reclamou.

Agora chegou a minha vez. A minha vez.

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Capítulo 04 | Dr. Renato Manguelo

Eu fiz 33 sessões de radioterapia e 45 dias de quimioterapia. A qui-


mioterapia para esse câncer se chama Temodal. Cada comprimido de
temodal custa 3 mil reais.

Aí falam que o paciente não deve tomar a fosfo. Mas por que o pa-
ciente não deve tomar a fosfo? Se eu tenho um intuito de tratar um
paciente terminal, como eu era terminal, por que não tomar?

Contra fatos não há argumentos.

Na verdade, melhorar o câncer é proibido. Nós aprendemos na facul-


dade como cronificar o câncer. Não como curar o câncer. A quimiotera-
pia só funciona em 2% dos casos, aí depois o médico te dá alta porque
você já está bem. Ah, você curou. Depois de cinco anos, ele volta ainda
pior. Igual ao meu glioblastoma.

Eu sobrevivi a um câncer terminal. Se eu sobrevivi, você também


pode sobreviver. Se dê essa chance. Não está tudo perdido. Faça o
protocolo, mude a alimentação, faça orações, peça bons fluídos, que
você vai receber.

Eu nunca falei para um paciente: você tem X dias de vida, ou X me-


ses, X anos. Por que, muitas vezes, o médico se engana. E o médico
que não faz essa terapia que nós fazemos, ele tem uma visão muito
limitada. Porque na faculdade, não se ensinam os benefícios de tera-
pias alternativas.

Então contra fatos não há argumentos. Eu estou aqui, vivo.

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Texto: Cairo

Papel: Offset 75 g/m2

Tiragem: 5.000

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