Você está na página 1de 199

METODOLOGIA EM

ATENÇÃO
FARMACÊUTICA
André Schmidt Suaiden
Possui graduação em Farmácia pela UNESP
Especialista em Atenção Farmacêutica - Formação Farmácia Clinica
Mestrado em Farmacologia pelo ICB/USP
Doutorando em Farmacologia pelo ICB/USP
Desenvolve pesquisa relacionada à Asma
Desenvolve pesquisa em farmácia clínica (acompanhamento farmacoterapêutico,
semiologia farmacêutica e clínica farmacêutica no HC/INCOR)
Membro titular da comissão de ética (CEUA-USP)
Coordenador Geral do Curso de Verão em Farmacologia do ICB/USP
Membro da Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica Experimental (SBFTE)
Membro da Sociedade Brasileira de Farmácia Comunitária (SBFC)
Membro da Comissão Assessora de Farmácia do CRF-SP
Membro da Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas (ABCF)
Membro da Sociedade Brasileira de Farmácia Clínica
Professor de Graduação e Pós Graduação na área de Farmacologia, e Farmácia
Clínica.
Objetivos da aula
• Conceitos – Farmácia Clinica e Atenção Farmacêutica;
• Porque as pessoas precisam de um farmacêutico ?
• Atribuições Clínica;
• Campanhas
• Dispensação ativa;
• Prescrição Farmacêutica;
• Semiologia Farmacêutica;
• Revisão e Gestão de medicamentos;
• Seguimento Farmacoterapêutico;
• Requisitos para implantação.
A FARMÁCIA
NA AUSTRÁLIA
A FARMÁCIA– NA AUSTRÁLIA
● Prescrição de alguns medicamentos;

Os farmacêuticos são preparados para a


prescrição.

● Assistência e acompanhamento de doenças


crônicas;

● Vacinas e administrar injetáveis de modo geral.

O Farmacêutico é considerado um importante elo


na cadeia da saúde do país.
● O paciente não paga a consulta;

● É o governo que paga ao farmacêutico;

Por uma consulta de 20 minutos ele recebe o


valor relativo a R$ 200,00.

Para acompanhamento de pacientes com


diabetes a consulta custa R$ 300,00.

Para seguimento de problemas relacionados a


medicamentos o serviço custa cerca de R$ 14,00
e a revisão clínica do paciente sai por R$ 517,00.
E no Brasil ?
Modelo de Farmácia é bom ?
O que vocês esperam das Farmácia no Brasil?
Hospitais

Ambulatórios

UBS

LPI

Farmácias / Domiciliar
Fonte CFF
FARMÁCIA CLINICA E A TRANSFORMAÇÃO
DE UMA PROFISSÃO
SURGIMENTO
DÉCADA DE 60 FARMÁCIA CLÍNICA
NOS HOSPITAIS
DÉCADA 80 E 90 Atenção
Farmacêutica
DIFICULDADE COM
NOMENCLATURA

Fonte: Serviços Farmacêuticos diretamente destinados ao paciente, à família e à


comunidade. Contextualização e arcabouço conceitual. PROFAR. 2016
ATENÇÃO FARMACÊUTICA

“Provisão responsável do tratamento farmacológico


com o propósito de alcançar resultados concretos que
melhorem a qualidade de vida dos pacientes.”
Charles Hepler e Linda Strand

Fonte: Am. J. Hosp. Pharm. 1990; 47:533‐543.


PORQUE PRECISO DE UM
FARMACÊUTICO ?
Cerca de 50% utilizam medicamentos incorretamente !!!

25 a 75% dos antibióticos são prescritos de forma inadequada,


em hospitais universitários !!!

Erros na utilização é a 2ª maior frequência e o 2°


maior custo nos problemas de atenção à saúde

A maioria das complicações com os medicamentos


poderiam ser evitadas. 70 à 80% são previsíveis e
preveníveis.

As Reações Adversas a Medicamentos matam mais


que HIV, homicídios e acidentes automobilísticos
(Brundtland- OMS, 2016)
Fonte: Profar CFF
MORTE POR MEDICAMENTOS

EFETIVIDADE TERAPÊUTICA EVENTOS ADVERSOS


Uso incorreto dos
Baixa adesão aos
medicamentos
medicamentos
Falhas de acesso aos Auto medicação inadequada
medicamentos
Erros de medicação
Interações
medicamentosas Falhas de comunicação da equipe

Medicamentos Falhas de monitorização do


desnecessários paciente
COMO FAÇO ?
POR ONDE COMEÇAR ?
MÉTODOS CLÍNICOS
MÉTODOS CLÍNICOS NA ATENÇÃO
FARMACÊUTICA

•Pharmacoterapy Workup – Minnesota, PWDT


(Pharmacists Workup of Drug Therapy): Cipolle,
Strande Morley, nos EUA

•Método Dáder: Grupo de Investigação em atenção


Farmacêuticada Universidade de Granada, na Espanha
MÉTODO DÁDER
•Desenvolvido, em 1999, pelo “Grupo de Investigación
em Atención Farmacéuticadela Universidadde
Granada”

•Está na Terceira Edição

•Ferramenta útil (procedimento operativo), permitindo


ao farmacêutico seguir normas claras e simples para
realizar os seguimento farmacoterapêutico (SF) de
forma sistematizada.
SFT É UMA PRATICA ASSITENCIAL FOCO:

■ Avaliação constante dos efeitos dos medicamentos


para verificar se estão atingindo o propósito sem
causar problemas adicional;

■ Tomada de decisões que promovem o alcance dos


objetivos terapêuticos;

■ Pratica continuada, sistematizada e documentada,


em colaboração com o paciente e demais
profissionais de saúde para alcançar resultados
concretos que melhorem a qualidade de vida do
paciente.
ACOMPANHAMENTO
FARMACOTERAPÊUTICO

O AFT DEVE SER REALIZADO DE FORMA DOCUMENTADA

A documentação do AFT é um aspecto determinante no


desenvolvimento desta pratica assistencial – papel ativo e
registro da atividade clinica;

O Farmacêutico vai identificar mudanças no estado de saúde do


paciente, atribuíveis a farmacoterapia;

Para realizar deve-se utilizar variáveis clinicas (sintomas, sinais,


parâmetros clínicos) que permitam determinar a necessidade,
efetividade e /ou segurança da farmacoterapia.
Importante!

• A história escrita é um documento legal e


permanente da saúde do paciente

• A informação registrada deve ser precisa e objetiva,


legível e compreensível
MÉTODO DÁDER HISTÓRIA
FARMACOTERAPÊUTICA
• É o ponto de partida e base do trabalho
farmacêutico;

• Informações sobre problemas de saúde e a


farmacoterapia do paciente;

• Conjunto de documentos, elaborados e/ou reunidos


pelo farmacêutico durante o processo de assistência
ao paciente, que contêm os dados, opiniões(pareceres
clínicos) e informações de qualquer índole, destinados
a monitorizar e a avaliar os efeitos da farmacoterapia
utilizada pelo paciente.
FIÉIS
ESCUDEIROS
Seguimento Farmacoterapêutico (SFT) é uma
atividade que pretende otimizar resultados da
farmacoterapia.

Necessidade

Segurança Detectando PRM

Efetividade
O MÉTODO
MÉTODO

■ Analise Global: O farmacêutico avalia a situação do


paciente em relação aos seus problemas de saúde e
medicamentos, através do estado situacional e
avaliação farmacoterapia;
MEDICAMENTOS UTILIZADO PELO PACIENTE

Está utilizando?: para verificar se o paciente está tomando


atualmente.

Quem lhe receitou?: quem prescreveu ou aconselhou o uso


do medicamento.

Para que?: para saber a visão do paciente sobre a função do


medicamento que está utilizando.

Está melhor?: como o paciente percebe a efetividade do


medicamento.

Desde quando?: início da utilização do tratamento. Serve


para estabelecer relação causal entre problemas e
medicamentos.
Quanto?: posologia do medicamento.

Como usa?: maneira de tomá-lo durante o dia (durante ou


antes das refeições, em uma hora determinada...).

Até quando?: por quanto tempo deverá utilizar o


medicamento.

Alguma dificuldade?: aspecto relacionado com a forma


farmacêutica (dificuldade de engolir, sabor desagradável,
medo da injeção...).

Algo estranho?: relaciona-se a algum efeito indesejável à


utilização do medicamento.
PHARMACOTERAPY
WORKUP (MODELO
MINNESOTA)
PHARMACO TERAPY WORKUP
• 1988 – Strand, Morleye Cipolle –propõe método PWDT
– Pharmacist Workup of Drug Therapy (Análise da
farmacoterapia pelo farmacêutico);

•Também conhecido por Modelo de Minessota;

•Universidade de Minesota;

•Raciocínio clínico desenvolvido pelo profissional na


identificação das necessidades e problemas
farmacoterapêuticos;

•Processo de cuidado ao paciente


CUIDADO FARMACÊUTICO

“O cuidado farmacêutico é um exercício em que o


profissional assume a responsabilidade das
necessidades do paciente em relação ao emprego de
medicamentos e adquire um compromisso a este
respeito. Neste exercício profissional, o farmacêutico
proporciona um tratamento farmacológico responsável
com o propósito de conseguir resultados positivos
para com o paciente.”
Filosofia profissional
“A responsabilidade essencial do farmacêutico nessa
prática é garantir que toda a terapia medicamentosa
do paciente seja apropriadamente indicada para tratar
seus problemas de saúde, que os medicamentos que
utilizam sejam mais efetivos, seguros, e que o
paciente esteja disposto a utilizá-lo..

O farmacêutico deve tirar o foco no medicamento e se


concentrar no paciente, avaliando - o de forma
holística e centrada em seus problemas, ou seja, em
suas preocupações e desejos.
O olhar holístico aborda avaliar o paciente como
um todo e não em partes, avaliar todos os problemas
de saúde e não apenas o uso dos medicamentos.
Sendo que a resolução dos problemas deve ser
priorizada de acordo como risco do paciente. Deve ser
considerado tanto os parâmetros clínicos objetivos e
mensuráveis quanto os aspectos subjetivos
relacionados a vivência e desejo do paciente.
Portanto, além da avaliação dos exames laboratoriais
e de diagnósticos, o farmacêutico também valoriza a
história do paciente, na sua própria perspectiva. E
assim, promove a construção de uma relação com o
paciente baseado em empatia, confiança,
honestidade, respeito mútuo, cooperação,
sensibilidade, confidencialidade e abertura aos seus
valores e comportamento.”
(Oliveira, 2011)
Processo de cuidado ao paciente

“É um processo sistemático e abrangente de


tomada de decisão clínica que permite que o
farmacêutico faça uma avaliação efetiva da
farmacoterapia do paciente, realize intervenções
e ofereça um serviço de qualidade”. Oliveira,
2011
Para tanto se utiliza o método
“Pharmacotherapy Workup”, a afim de se
identificar os PRM esuas causas.
Plano de cuidado
•Determina, com o paciente, a melhor forma de
controlar ou resolver os PRM e garantir que os
objetivos terapêuticos para cada problema de saúde
sejam alcançados.

•Serão realizadas intervenções com o objetivo de


resolver os PRM, as atividades do farmacêutico estão
voltadas a determinar os objetivos terapêuticos para
cada problema de saúde, determinar intervenções
apropriadas para prevenir e resolver PRM, assim
como alcançar objetivos terapêuticos. Após, deve
remarcar o retorno do paciente para avaliação dos
resultados.
Os objetivos terapêuticos devem envolver o paciente
,discutindo com ele o porquê do farmacêutico acreditar
que o medicamento será efetivo para alcançar os
objetivos definidos e comunicar ao paciente quando ele
poderá experimentar os efeitos benéficos da
farmacoterapia.

•A data de retorno deve ser programada afim de avaliar


a efetividade da farmacoterapia e os possíveis efeitos
adversos.
•Os parâmetros de monitorização de efetividade e
segurança devem ser estabelecidos para cada
problema de saúde como paciente. Estes parâmetros
ajudarão o profissional a decidir a data d retorno do
paciente;

•A decisão clínica de quando marcar o retorno deverá


apresenta ruma relação entre quando o farmacêutico
poderá observar a efetividade e quando poderá
observar a ocorrência de RAM.
Prontuário – definição

“documento único, constituído de um conjunto de


informações, sinais e imagens registrados, gerados a
partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a
saúde do paciente e a assistência a ele prestada, de
caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a
comunicação entre membros da equipe
multiprofissional e a continuidade da assistência
prestada ao indivíduo”
Resolução n.º 1.638/02, Conselho Federal de
Medicina
O que vou registrar em prontuário?

Como vou registrar em prontuário?

Para quê vou registrar em prontuário?


Anamnese Farmacêutica
SOAP
É um método de documentação / anotação / registro
Origem no PORM, método clínico proposto por Weed
Acrônimo formado pelas iniciais Subjetivo, Objetivo,
Avaliação e Plano
(Lopes, 2005)
S Dados Subjetivos
Motivo de consulta, queixas, anamnese, problema ou
problemas apresentados pelo paciente, parentes ou
acompanhantes.

O Dados Objetivos

Pontos notados pelo farmacêutico durante o exame


físico ou obtidos por relatórios escritos de outros
profissionais de saúde (por exemplo, carta deum
colega cardio, farmacêutico, dentista, relatório de
radiologia, dados laboratoriais), medições e
informação factual e credível obtida por observadores
independentes.
A Avaliação

Refere – se à designação do problema ou problemas


identificados, avaliados ou discutidos no presente
encontro; a maior parte das vezes não se trata de um
diagnóstico; não se deve aqui tentar adivinhar, e só
deve ser descrito o grau de resolução que pode ser
apoiado pelos dois itens anteriores (S e O), para além
do conhecimento prévio sobre o paciente.
P Plano

Plano de cuidado, intervenções , planos diagnósticos


posteriores, recomendações e educação dos
pacientes, e data ou intervalo programado para a
próxima consulta.
PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA
ENCAMINHAMENTO
DIVULGANDO OS
SERVIÇOS
SOFTWARE
Referências

BERGER, B.A. Habilidadesde comunicaçãoparafarmacêuticos: construindo


relacionamentos, otimizandoo cuidadoaospacientes.São Paulo: Pharmabooks,
2011. 288p.
•CERULLO, J.A.S.B., CRUZ, D.A.L.M.Raciocínio clínico e pensamento crítico.
RevLatinoAm Enfermagem.v. 18, n. 1 [6 telas], 2010.
•CIPOLLE, R.J., STRAND, L.M., MORLEY, P.C. O exercíciodo
cuidadofarmacêutico. Brasília: ConselhoFederealde Farmácia, 2006. 396p.
•CORRER, J.C.O método clínico no cuidado farmacêutico. In: CORRER, C.J,
OTUKI, M.F. A prática farmacêutica na farmácia comunitária. Porto Alegre:
Artmed, 2013. cap. 11, p. 247-271.
•FUZIKAWA, A.K.O método clínico centrado na pessoa: um resumo. 2013,
12p. Disponível em:
http://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/3934.pdf.
•MALDONADO, M.T., CANELLA, P. Recursosde
relacionamentoparaprofissionaisde saúde.Rio de Janeiro: Reichmann &
AffonsoEditores, 2003. 320p.
•OLIVEIRA, D.R.. AtençãoFarmacêutica: dafilosofiaaogerenciamentodaterapia
medicamentosa.São Paulo: RCN Editora, 2011. 328p.
RÉA-NETO, A. Raciocínio clínico –o processo de decisão diagnóstica e
terapêutica. Rev AssMedBrasil.v. 44, n. 4, p. 301-311, 1998.
•SANTANA, G.M.; PETRIS, A.J.; CHOZAS. Construção de um processo
assistencial farmacêutico norteado pelos modelos utilizados na prática clínica
das profissões da área da saúde. Revista Racine.n. 115, p. 88-101, 2010.
•SILVA, L.C.Conhecendo o paciente: comunicação na atenção farmacêutica.
In: MARQUES, L.A.M.Atenção farmacêutica em distúrbios maiores. 2.ed. São
Paulo: Editora Medfarma. cap. 3, p. 63-102.
•STEWART, M., BROWN, J.B., WESTON, W.W., etal.
Medicinacentradanapessoa: transformanadoo métodoclínico. 2 ed. Porto
Alegre: Artmed, 2013. 376p.
•WEED, L.L.Medical records, patientcare, andmedical education. Ir J MedSci.v.
17, p. 271-282, 1964.
•WEED, L.L.Medical recordsthatguideandteach. N EnglJ Med.v. 278, n. 11 p.
593-600, 1968.
https://www.facebook.com/andreschmidt.suaiden

www.facebook.com/andreschmidt.suaiden
andresuaiden@usp.br
@andresuaiden

Você também pode gostar