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Natielle Silva de Menezes 5°D

LEISHMANIOSE

O diagnóstico inicial (DI) foi confirmado pelo teste imunoenzimático ELIZA e


PCR positivos. Foram realizados exames bioquímico e hemograma, que verificou apenas
anemia normocrônica. Por meio de ultrassonografia, o animal foi diagnosticado com tumor de
mama.
Os exames hemograma e bioquímico foram repetidos após castração e retirada de
turmor, e encontravam-se dentro da normalidade, também foram realizados teste
imunoenzimático ELIZA (positivo) e PCR (negativo) para leishmaniose visceral. O animal foi
considerado curado clinicamente para leishmaniose visceral, devido à ausência de sinais
clínicos para a doença
O teste PCR negativo não descarta a possibilidade de infecção, isso pode
acontecer devido a alguns fatores, como a permanência de anticorpos circulantes no sangue
periférico mesmo após a eliminação do parasita; a baixa quantidade de parasita circulante no
sangue no momento da coleta e consequentemente não detectado pela PCR, inibidores da
PCR presentes no sangue ou ainda devido a reações cruzadas da sorologia com outras
doenças. A amplificação concomitante de outros genes de Leishmania poderia aumentar a sua
especificidade e principalmente a sensibilidade e com isso poderíamos assegurar a sua
eficácia para o diagnóstico da leishmaniose (Cabral, 2007).
Via de regra a doença é diagnosticada pelo exame clínico dos sintomas e histórico
do paciente. O diagnóstico laboratorial pode ser realizado por ensaios sorológicos como
ensaio imunoadsorvente ligado à enzima (ELISA) e imunofluorescência indireta (IFI), bem
como exame parasitológico através de colheita de material por punção na medula óssea, baço,
fígado, cujo material é examinado em lâminas coradas, inoculados em cultura ou em hamster.
Ainda servem como parâmetro diagnóstico hemograma e dosagem de proteínas, pois
dependendo da forma clínica da doença, podem ocorrer diminuição de hemácias, leucopenia
com linfocitose relativa e plaquetopenia, bem como inversão da relação albumina/ globulina
(Rath et al., 2003; Albuquerque e Langoni, 2018). É ainda possível diagnóstico molecular a
partir da Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR) para a pesquisa do parasita, com elevada
sensibilidade, utilizando-se primers gênero e espécie - específicos (Albuquerque e Langoni,
2018).
O tratamento da leishmaniose visceral canina é controverso no Brasil, a partir de
junho de 2008 por meio da Portaria Interministerial Anvisa-Mapa n° 1.426, passou a ser
proibido o tratamento dos cães positivos, por ser considerado um risco para a saúde pública,
pelo fato de que os animais mantinham-se como reservatório do parasita, e por isso os cães
eram submetidos a eutanásia (Albuquerque e Langoni, 2018). Através da Nota Técnica
Conjunta no 001/2016 MAPA/MS ficou autorizado o tratamento dos animais doentes a partir
de 2017, com o fármaco Milteforan. Isso representou um marco na Medicina Veterinária,
especialmente porque haviam muitos pedidos de que não se sacrificassem os cães
domiciliados, já que estão sendo cada vez mais tratados como “parte da família”, e muitos
proprietários apelavam inclusive ao comércio ilegal, usando medicamentos sem garantia de
qualidade do produto, com isso aumentava-se em grandes proporções a transmissão do
reservatório canino para o homem.

REFERÊNCIAS
Natielle Silva de Menezes 5°D

BUCHINI, J.L.C.; MARZOLLA, I.P.; MARTINS, G.C.G.; AMORIM, A.R.; GOBETTI,


S.T.C. Leishmaniose visceral em um Pastor Belga: relato de caso. R. bras. Ci. Vet., v. 28, n.
1, p. 37-41, jan./mar. 2021

SINAIS CLÍNICOS DO ACIDENTE CROTÁLICO

A gravidade de um acidente ofídico, de forma geral, depende de alguns fatores


como a variação individual da vítima, que depende das condições gerais do organismo, além
da idade, do peso e a espécie; quantidade inoculada do veneno; local da inoculação; número
de picadas e o tempo decorrido até o recebimento do tratamento (SPINOSA et al., 2008). Em
pequenos animais, como os cães e gatos, a dose de 1mg/kg de peso vivo do veneno das
serpentes do gênero Crotalus, já pode ser fatal. Cada espécie tem maior ou menor
sensibilidade à toxina, sendo em ordem decrescente em relação à sensibilidade, equinos,
ovinos, bovinos, caprinos, canídeos, logomorfos, suínos e 12 felinos. Ou seja, os caninos
possuem maior sensibilidade à toxina em relação aos felinos (SPINOSA et al., 2020).
Os efeitos neurológicos da toxina geram sinais clínicos como apatia, decúbito,
sedação, distúrbios de locomoção (como fasciculações e ataxia), quadro de fácies miastênica
que é caracterizada por ptose palpebral, ptose mandibular, flacidez da musculatura facial e
oftalmoplegia, midríase responsiva à luz; disfagia, sialorreia, êmese, diarreia e dificuldade de
fonação. Além desses sinais, também pode ocorrer mialgias, sendo dores musculares
generalizadas decorrente da ação miotóxica e insuficiência respiratória aguda, decorrente da
paralisia dos músculos respiratórios (JERICÓ et al., 2015).
Outro sinal clínico de extrema importância e diferenciador de outros acidentes
ofídicos, é a mudança de coloração da urina, que pode variar desde tom avermelhado até o
marrom escuro, conhecido popularmente como “urina cor de Coca-Cola”. A coloração
alterada é devido à excreção renal de mioglobina que é liberada quando há lesão muscular,
decorrente da ação miotóxica da peçonha sobre as fibras musculares esqueléticas, ou seja,
rabdomiólise (RODRIGUES et al., 2016).
Em acidentes crotálicos, também ocorre o quadro de insuficiência renal aguda
(IRA) por necrose tubular, em consequência tanto da mioglobinúria que é decorrente da
rabdomiólise, quanto de uma ação direta do veneno sobre os túbulos renais. Além da
rabdomiólise e da ação direta nos túbulos, a desidratação, hipotensão arterial, acidose
metabólica e choque também contribuem para o quadro de lesão renal. Após o quadro de IRA
se instalar, é possível observar consequências dessa lesão renal, como oligúria, anúria,
elevação dos níveis séricos de ureia, creatinina, ácido úrico, fósforo e potássio. Paciente pode
vir a óbito em decorrência do processo de IRA. (JERICÓ et al., 2015).
Já no local da picada, é possível observar edema de leve à moderada intensidade
devido resposta inflamatória além da dor local, gerando inquietação da vítima. É valido
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ressaltar que acidente crotálico, ocasionado pelas espécies 13 brasileiras, não causa necrose
no local da picada como ocorre nos acidentes botrópicos, informação importante para
diferenciar um acidente de outro (CRIVELLENTI & BORIN-CRIVELLENTI, 2015).

ACIDENTE BOTRÓPICO

Os acidentes com serpentes do gênero Bothrops são extremamente comuns em


canídeos e são denominados acidentes botrópicos (NUNES et al., 2013).
Quando o paciente é picado por uma serpente deste tipo, a ação de enzimas
proteolíticas como as fosfolipases A2, liberam substâncias vasoativas, que são capazes de
provocar dor, eritema, edema, hemorragias e consequentemente necrose, por isso, é comum o
aparecimento de necrose tecidual gelatinosa, na região da picada como do paciente do
presente relato, que apresentou áreas hemorrágicas na língua. Além disso, a enzima
hialuronidase também presente no veneno botrópico é responsável pela disseminação de
toxinas por todo tecido animal (JUNIOR et al., 2014).
O veneno botrópico interfere na hemostasia do paciente da seguinte forma, em
decorrência da transformação de fibrinogênio em fibrina e da ativação dos fatores X, IIV e
VII da cascata de coagulação podemos observar ação coagulante no veneno. Por isso, valores
relacionados ao tempo de coagulação podem estar aumentados (SPINOSA, 2008).
Quadros hemorrágicos visíveis em cães que sofrem o ataque estão relacionados a
ação vasculotóxica causada pelo veneno. Podemos encontrar no paciente situações de
hemorragia local, que acontece na região da picada ou sistêmico, quando acomete cérebro,
pulmão e rins. O sinal clínico que caracteriza a ação das hemorraginas é o edema local
(MANOEL, 2011).
Um dos sinais clínicos mais comum é o edema na região da picada, podendo se
tornar visível mais ou menos 20 minutos após o ataque. Orifícios hemorrágicos também
podem caracterizar o quadro, porém muitas vezes acabam não sendo visíveis (RIBEIRO,
2013). Outros sinais clínicos como esquimose, hemorragias genitais, hematêmese, algia e
prostração são visualizados em alguns casos (SAKATE & JARK, 2015).

DIAGNÓSTICO

Em alguns animais pode se observar uma ou mais perfurações no local da picada,


porém muitas vezes não será possível visualizar ferimento (PLUNKETT, 2006). Por isso para
chegar ao diagnóstico, é preciso associar a anamnese, achados laboratoriais como o aumento
dos tempos de coagulação, sinais clínicos como presença de edema no local da picada sendo a
resposta positiva do paciente a soroterapia antiofídica e peça fundamental na conclusão
diagnóstica (SPINOSA, 2008).
Dentre os exames laboratoriais, os mais relevantes são as enzimas marcadores de
lesão muscular e o tempo de coagulação sanguínea, pois auxiliam num correto diagnóstico.
As principais enzimas marcadoras de lesão muscular são: CK (creatinoquinase), AST
(aspartato aminotransferase) e LDH (lactato desidrogenase); que se elevam em decorrência de
lesão muscular devido à ação miotóxica importante da peçonha (PINHO & PEREIRA, 2001;
PEREIRA, 2006; RODRIGUES et al., 2016).
Natielle Silva de Menezes 5°D

REFERÊNCIAS

CRIVELLENTI, L. Z.; BORIN-CRIVELLENTI, S. Casos de rotina em medicina


veterinária de pequenos animais. São Paulo: Editora MedVet. 2ª Ed. 840 p. 2015.
JERICÓ, M. M.; ANDRADE NETO, J. P.; KOGIKA, M. M. Tratado de medicina interna
de cães e gatos. Rio de Janeiro: Roca. 1ª ed. 7047 p. 2015.

JUNIOR, A. SANTOS, R. HEINEMANN, M. SILVA, N. Caderno Técnico de Veterinária e


Zootecnia: Animais Peçonhentos. 75. ed. Belo Horizonte: FEPMVZ Editora, p. 15-25, 2014.

MANOEL, C. Como lidar com os principais agentes intoxicantes na rotina do atendimento


emergencial de pequenos animais. In: SANTOS, M. FRAGATA, F. Emergência e Terapia
Intensiva em Pequenos Animais: Bases para o atendimento hospitalar. São Paulo: Roca,
p. 576-579, 2011.

NUNES, N. COELHO, E. DALMOLIN, M. Acidente ofídico em um cão: relato de caso.


Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v. 13, n. 1, p. 41-42, 2013.

PEREIRA, M. T. Acidente botrópico em cães. Especialização em Clínica Médica e


Cirúrgica em Pequenos Animais. Universidade Castelo Branco. Campo Grande. 46 p. 2006.

PINHO, F. M. O.; PEREIRA, I. D. Ofidismo: artigo de revisão. Revista da Associação


Médica Brasileira. São Paulo. v. 47, n. 1, p. 24-29, 2001

RODRIGES, F. R.; ANTONUSSI, T. D.; SILVA, G. M. A.; NARDO, C D. D.; SALVADOR,


R. C. L.; GALVÃO, A. L. B. Acidentes causados por serpentes do gênero Crotalus em
pequenos animais – revisão de literatura. Nucleus Animalium, v.8, n.2, p. 91-100, 2016.

SAKATE, M.; JARK, P. Intoxicação e envenenamento. In: CRIVELLENTI, L.


CRIVELLENTI, S. Casos de Rotina em Medicina Veterinária de Pequenos Animais. 2.
ed. São Paulo: MedVet, p. 391-392, 2015.

SPINOSA, H. S.; GÓRNIAK, S. L.; PALERMO-NETO, J. Toxicologia Aplicada À


Medicina Veterinária. São Paulo. Editora Manole. 940 p. 1ª Ed. 2008.

SPINOSA, H. S.; GÓRNIAK, S. L.; PALERMO-NETO, J. Toxicologia Aplicada À


Medicina Veterinária. São Paulo. Editora Manole. 560 p. 2ª Ed. 2020.

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