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31/08/2023 Exames Complementares I

AULA 4 – EXAMES COMPLEMENTARES DO SISTEMA TEGUMENTAR

EXAMES COMPLEMENTARES
INSPEÇÃO INDIRETA:
Na dermatologia quase todos os exames complementares são métodos de inspeção indireta alguns obtidos de imediato
outros depois de algum tempo, porém são considerados indispensáveis para o diagnóstico correto
de dermatopatias.

Dermatopatias Parasitárias

Demodex canis (ácaro)

 Diagnóstico

• Identificação, anamnese, exame dermatológico, exame parasitológico (100% positivo)

• Parasitológico Cutâneo: raspado (exame parasitológico do raspado cutâneo -EPRC) e fita adesiva (EPF)

- EPRC: raspado com lâmina de bisturi (até sangrar), colocar potassa e olhar no microscópio - se bem-feito a chance de
encontrar é 100%

- EPF: colocar a fita/durex e apertar/beliscar e o material vai grudar na fita - pode ter falso negativo, efetividade de 90%

- Sharpei: pode ter falso negativo no raspado pela pele grossa, fazer histopatológico

- Parasitológico por decalque: em pacientes com perdas teciduais

Escabiose Canina

- Agente: Sarcoptes scabiei (ácaro)

- Transmissão por contato direto e através de fômites

- Zoonose: transmissão em cerca de 30% dos contactantes humanos

- Não está na pele normal

Diagnóstico

• Identificacão, anamnese, exame dermatológico. exame parasitológico

• Parasitológico cutâneo: EPRC, EPF + diagnóstico terapêutico

- EPRC: raspado + superficial (sem lesionar) e pegar em um diâmetro maior - 50% positividade, pode ter muito pouco
ácaro no animal, mas o prurido já é intenso

- Raspar nas regiões na ordem: pavilhão auricular, cotovelo, jarrete desde que tenha lesão

- EPF: 50% de positividade também e a área de coleta é a mesma

Escabiose Felina / Sarna Notoédrica

- Agente: Notoedris cati (ácaro)

- Transmissão por contato direto e indireto

- Não está na pele normal

• Características e Desenvolvimento
• Muito parecido com o sarcoptes

Causa prurido e hiperqueratose (alguns fazem tanta hiperqueratose que desenvolvem entrópio)

• Escava galerias na pele + comum em gatos que tem acesso à rua e jovens

• Preferência pela região da cabeça

Diagnóstico

• Mesma coisa do sarcoptes

• Positividade em 80% dos exames e os outros 20% pelo diagnóstico terapêutico

Dermatopatias Fúngicas

Esporotricose

Diagnóstico

• Identificação, anamnese, exame dermatológico

• Citologia ou citofungoscópio

• Citologia: colher material das lesões ulcerativas, espalhar na lâmina, corar com panóptico e olhar no microscópio - o
mais usado e rápido

• Cultura fúngica: se não encontrar ou ter certeza da espécie - com swab estéril (7 a 10 dias)

• Histopatológico: biópsia - caso feita a citologia e não apareceu o agente Fazer o diagnóstico diferencial: esporotricose
x criptococose x neoplasia

Criptococose

Diagnóstico

- Exame citológico/citofungoscópio

• Maior morfologicamente que a esporotricose

• Não cora muito bem com tinta da china ou nankin

- Cultura e histopatológico

Dermatofitose

Microsporum canis

• Características e Desenvolvimento

- Lesão: alopecia circular e descamação, se tiver prurido é pouco

- Micose superficial - restrita a epiderme (camada córnea)

- Fungo queratinofílico: degrada queratina

- É uma zoonose: muito prurido nos humanos

• Trichiphyton rubrum: acomete + humanos e pode ter uma zoonose reversa (se o animal tiver, o humano que passou)

- Pouco frequente: 1,7% dos casos

• 66% são menores de 1 ano de idade

• Persa e o yorkshire são + acometidos (quadros + disseminados)


• Gatos são + acometidos

Diagnóstico

• Lâmpada de Wood/Luz de Wood

• Luz que causa fluorescência

• M. canis: produz uma substância chamada pteridina, que fica no pelo e este vai fluorescer. Se não fluorescer, pode ser
outra espécie ou a técnica foi feita errada

LAMPADA DE WOOD

A LW foi descrita em 1903 pelo físico Robert W. Wood e se baseia no princípio de fluorescência emitida pela pele
quando iluminada por comprimento de onda baixo, entre 340-400nm.
O diagnóstico de dermatoses infecciosas se beneficia com o uso da LW. Nesses casos, geralmente, a fluorescência
destacada não é a emitida pela pele, mas sim pelo agente infeccioso e/ou seus metabólitos

A lâmpada de Wood tem um arco de mercúrio que emite radiações ultravioleta.

• Citologia: agente é menor que o da esporotricose - positividade de 100%

• Exame direto: coleta de pelos da borda da lesão e olhar no microscópio - positividade de 20 a 30%

• Cultura fúngica: coleta de pelos/escamas da borda da lesão e fazer a cultura (2 a 4 semanas)

Dermatobacter: um dos métodos de cultura - muda de cor se tiver fungo

DERMATOBAC - LAMINOCULTIVO DESTINADO AO ISOLAMENTO DE FUNGOS PRODUTORES DE DERMATOMICOSES

Raspado de Pele

Dermatopatias Bacterianas

Piodermites

• Agente: Staphylococcus pseudointermedius

- † de 90% dos casos é de s. pseudointermedius

- É um agente comensal da pele de cães e gatos, também vive dentro do folículo piloso

- S. aureus e s. schleferi é + difícil

• Classificação

- Primária ou Secundária / Superficial ou Profunda

• Primária: sem causa de base

• Secundária: tem uma causa de base e é a mais comum

• Superficial: acometimento superficial

• Profunda: acometimento profundo

- Secundária

• Causas: alergopatias, parasitárias, fúngicas, distúrbios de queratinização e seborreicos, displasias foliculares,


endocrinopatias, manejo inadequado, terapia

• Diagnóstico

- Laboratorial: citologia
• Colher material de preferência de pústula e corar no panóptico

- Cultura e antibiograma: resistência bacteriana – tratamento

Dermatopatias Alérgicas

• Toda doença alérgica da pele é pruriginosa

• Alergia não tem cura

• Diagnóstico de alergia é clínico (por eliminação - terapêutico)

• 3 alergias + comuns: DAPP, alergia alimentar, dermatite atópica

Dermatite Alérgica a Picada de Pulgas (DAPP)

• Alergia: reação de hipersensibilidade tipo l e IV

- Tipo l: reação imediata (logo após a picada da pulga, dura até 72h)

- Tipo IV: reação tardia (dura de 15 a 20 dias)

• Características Clínicas

- Lesões pápulo-crostosas, alopecia, eritema

- Crônico: lignificação, hiperpigmentação, colarinhos epidérmicos, descamação

- Região + acometida: dorso lombar (triangulo da DAPP)

•Diagnóstico

- Manobra de Mackenzie: consiste em colocar as fezes da pulga em um algodão úmido e, quando derreter, vai
manchar o algodão de vermelho

- Terapêutico

- Visualização das pulgas

Alergia Alimentar / Dermatite Trofoalérgica

• Causado por um ingrediente que está na dieta

* Ingrediente esse que tem proteína com peso molecular grande, entre 10.000 e

70.000 daltons

• Após a exclusão da DAPP, se investiga a alergia alimentar

• Características e Desenvolvimento

- Alimentos + comuns de darem alergia: carne bovina, frango, derivados do leite, trigo, milho, ovo, soja, arroz, peixe (+
gatos)

- Ocorrência: 1 a 5% de todas as dermatopatias, 5 a 30% das alergopatias, 3° dermatopatia + comum

- Regiões + acometidas: face, flexuras, interdígitos, região abdominal, orelha interna

• Diagnóstico: Dieta de Eliminação

- Dieta caseira com proteína inédita (carneiro, coelho, rã entre outros)


- Ração comercial especial: hipoalergênica com proteína hidrolisada

- A dieta de eliminação deve durar 8 semanas e, após esse tempo, reavaliar

* Se não tiver resposta: alergia atópica

* Se tiver resposta: dieta provocativa (testar 1 alimento de cada vez e esperar manifestar sintoma para achar o
causador da alergia)

- 7 a 14 dias para ver a resposta/manifestações

Dermatite Atópica

Alergia a coisas do ambiente (alérgenos/fatores ambientais) que tem predisposição genética

• Patogênese

- Fatores genéticos causam defeitos na barreira cutânea e comprometimento imunológico

- A barreira cutânea é a camada córnea, que está alterada, com buracos/espaços e acaba entrando patógenos,
alergênicos e acaba perdendo água, causando o ressecamento

- Na entrada do alérgeno, uma célula fagocitária apresenta para o linfócito T, que se transforma em linfócito T2, e ocorre
a produção de interleucinas (4,5,13,31), que vão ocasionar os processos de prurido etc.

•Alérgenos

- Ácaros de ambiente, pólen, fungo de ambiente

- Produtos de limpeza não fazem a resposta imunológica, mas irritam e pioram o quadro

- Acometem regiões iguais as da alergia alimentar e pode ter infecções secundárias

- Realizar avaliação Endocrinológica

Dermatites Imunomediadas

COMPLEXO PÊNFIGO

 Conjunto de doenças auto-imunes da pele mais comuns dos cães e gatos.


 Distúrbio imunológico tipo II: produção de anticorpos com estruturas próprias.
 Distúrbios vesicobolhosos e pustulares da pele e mucosas.

FISIOPATOLOGIA:

• Produção de Ac contra estruturas de adesão das células da pele.

- P. foliáceo: desmogleína 1

- P. vulgar: desmogleína 3
DIAGNÓSTICO

• Citologia da pústula.

• Histopatologia (pústula intacta).

• Sorologia: anticorpos de Pênfigo

• Imunofluorescência direta ou indireta.

LÚPUS ERITEMATOSO DISCOIDE

• Variante benigna do LES.

•Etiologia desconhecida.

• Comum em cães.

• Rara em gatos.

FISIOPATOLOGIA

•Reação de hipersensibilidade tipo III

• Deposição de complexos Ag-Ac na parede de vasos.

• Infiltração de linfócitos na junção dermoepidermal ao redor de vasos

SINAIS CLÍNICOS

Despigmentação nasal, eritema, escarificações, erosões, úlceras e crostas.

• Cão: lesões nasais.

• Gato: face e orelhas; lesões nasais pouco comuns.

DIAGNÓSTICO

• Suspeita clínica

• Confirmação: EXAME HISTOPATOLÓGICO

- Imunofluorescência

- Imunoistoquímica

VITROPRESSÃO (diascopia)

Alteração Vascular ou pigmentar

• A diascopia é importante para o diagnóstico de lesões vasculares e pode ajudar a diferenciá-las;

É realizada uma pressão sobre a lesão com uma lâmina de vidro. Se a lesão for de origem vascular, a pressão irá causar a
diminuição do aporte sanguíneo na região e, como consequência, a lesão ficará isquêmica.

Se não houver alteração na pigmentação após a manobra, pode-se suspeitar de lesões melanocíticas: mácula melanocítica,
nevo pimentado (grandes pintas) ou melanoma.

TESTE DA FITA ADESIVA

Fita deve ser colada e descolada várias vezes e em várias regiões do corpo do animal, posteriormente a fita é posta sobre a
lâmina. O material deve ser levado ao microscópio óptico para ser analisado e constatado ou não a presença de parasitas.

• Realizado para pesquisa de ectoparasitas sarnas - escabiose - causada pelo ácaro ácaro Sarcoptes scabiei, sarna
demodécica - Demodex canis, sarna notoédrica - escabiose felina causada pelo ácaro Notoedres cati).
TRICOGRAMA
É o exame detalhado do bulbo, da haste e da extremidade dos pelos. O material (pelos) deve ser obtido prendendo-se
uma pinça hemostática em aproximadamente 50 pelos, que devem ser removidos todos de uma vez e no sentido de seu
crescimento. Finalmente devem ser analisados ao microscópio óptico.

RASPADO CUTÂNEO

Uma das técnicas mais executadas na dermatologia veterinária, com grande importância no auxílio do diagnóstico, para a
identificação de parasitas dos géneros Demodex, Sarcoptes, Psoroptes, Notoedris. Com a lâmina de bisturi
erpendicularmente colocada em contato com a pele pregueada (entre os dedos do veterinário) o clínico deve fazer
movimentos de fricção até obter material composto por debris celulares e sangue; Posteriormente o material coletado deve
ser posto sobre a lâmina, diluído com KOH a 10% e coberto por lamínula, realizar leitura no microscópico óptico.

EXAME MICOLÓGICO

dermatofitose, malasseziase, esporotricose e criptococose.

BIÓPSIAS E HISTOPATOLÓGICOS

Método invasivo e, muitas vezes, necessita de anestesia, além de ser caro, o veterinário muitas vezes, assim como os
proprietários dos animais, reluta em executar essa coleta.
Quando o veterinário deve então optar por este procedimento?
1. Em todas as lesões que sugerem neoplasia.
2. Em úlceras persistentes.
3. Em casos de doenças nas quais o diagnóstico somente é fechado com exame histopatológico, como displasia folicular,
doenças auto-imunes, dermatomiosite, adenite sebácea, vitiligo entre outras

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