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Estabelecimento das

Infecções Fúngicas
Microbiota fúngica do organismo
REGIÃO ANATÔMICA FUNGOS DA MICROBIOTA NORMAL

Pele Absidia sp., Malassezia sp., Mucor sp.,


Candida sp.
Trato Respirat. Candida sp., Aspergillus sp.,
Superior Fusarium sp., Penicillium sp.
Conjuntiva Candida sp.,Aspergillus sp.,
Acremonium sp.
Ouvido Externo Candida sp.,Aspergillus sp.,

Trato Candida sp.


Gastrointestinal
Uretra anterior e Candida sp.
genitália externa
Como ocorre uma infecção fúngica?

Virulência Fungos
Tamanho do inóculo Defesas do hospedeiro

Infecção
Contato e penetração do fungo
• Alterações da microbiota normal

• Traumatismos na pele (cortes, arranhões de


animais,...)

• Inalação de esporos/conídios

Hospedeiro
Reações imunológicas
Fagocitose
Anticorpos
Dano
• Invasão direta, com deslocamento e destruição de estruturas
vitais

• Oclusão de vasos sanguíneos, brônquios e outros órgãos.


• Aspergillus spp e Mucor spp

• Necrose tecidual
Suspeita Clínica

Coleta do Material

Processamento Laboratorial
Exame Micológico Direto (EMD) Exame Micológico Cultural (EMC)

Resultado e Correlação Clínico-Laboratorial


Processamento Laboratorial
Exame Micológico Direto (EMD)

Lâmina com amostra clínica + KOH + lamínula = microscópio


visualização de leveduras ou hifas
Processamento Laboratorial
Exame Micológico Cultural (EMC)
- Objetivo: isolar e identificar o gênero/espécie do fungo

Necessário:
- meios de cultura: Ágar Sabouraud, Ágar Mycosel
- temperatura: 25° C ± 2° C
- tempo de incubação: 7- 30 dias
Qual a suspeita clínica?
a) Pietra preta

b) Piedra branca

c) Tinea nigra

d) Pitiríase versicolor
Video 1: Manobra propedêutica de Zileri: alongamento da pele causando
descolamento das escamas do córneo. http://dx.doi.org/10.1590/abd1806-
4841.20176018
Pitiríase versicolor
• Divisão Basidiomycetes
• Classe Hymenomycetes
• Ordem Tremetalles
• Família Filobasidiaceae
• Gênero Malassezia
Agente Etiológico e Habitat
• Malassezia furfur • Habitat:
• M. pachydermatis Faz parte da microbiota da
pele (90% dos indivíduos)
• M. sympodialis
• M. globosa • Distribuição geográfica:
• M. obtusa Clima tropical e subtropical
• M. restricta (cosmopolita).

• M. slooffiae

Malassezia spp
Introdução
• Leveduras lipofílica e melaninofílicas

• Compromete a camada córnea da epiderme

• Conhecida também como tínea versicolor, tínea flava e


dermatomicose furfurácea

• “Micose de praia” ou “Pano branco”


Patogenia

Levedura faz parte da microbiota da pele

Fatores como estresse, secreção aumentada de


ácidos graxos, imunodepressão, doenças
crônicas, hipovitaminose, calor, umidade, uso de
cremes, fatores genéticos,...

Torna suscetível a doença


Patogenia
A hipocromia pode ser causada pela presença do ácido azeláico,
que tem atividade antitirosinase, interferindo na melanogênese.

Fungo inibe esta enzima e a melanina


não é produzida

Enzima Tirosinase

TIROSINA MELANINA
Manifestações Clínicas
• Atinge ambos os sexos

• Prevalência em adultos jovens e pós-puberes

• Não contagiosa e recidiva


Manifestações Clínicas
• Assintomático

• Máculas finamente descamativas com tamanho, forma e


cores variáveis
• Podem ser brancas (hipo) a vermelhas ou marrons
(hiperpigmentadas)
• Descamação é de intensidade variável

• Principais locais: tórax anterior e posterior, ombros,


membros superiores e abdome. Menos frequente face e
pescoço
• Início poucas lesões que vão confluindo
Lesões hipopigmentadas no tronco e braços do paciente.
Lesão típicas com área despigmentada nas costas. Facilmente visualizadas
após exposição ao sol.
Lesões hiperpigmentadas no tronco do paciente.
Lesões na face são mais raras de serem observadas
Pitiríase versicolor folicular. As lesões são visíveis ao redor de folículos pilosos e
glândulas sebáceas. Esta é a forma mais severa da doença.
Fatores Predisponentes
ENDÓGENOS:
• Pele gordurosa
• Mudanças hormonais e aumento da secreção de sebo
• Elevada sudorese
• Fatores genéticos
• Uso de terapias imunossupressoras

EXÓGENOS:
• Alta temperatura
• Alta umidade relativa do ar

- Não é adquirida na praia ou piscina

- Nas áreas afetadas pela micose a pele não pigmenta. Causas


possíveis: dano nos melanócitos.
Outras manifestações clínicas
• Dermatite seborreica
• Placas eritematosas, escamas cinzentas, secas e com prurido
• Presente em locais ricos em glândulas sebáceas
• A pitiríase capitis, ou caspa, é considerada um grau leve de dermatite
seborreica
• Pode estar relacionada com o fungo Malassezia spp
• Onicomicose
• Fungemia em crianças
• Raro
• Fatores de risco: idade gestacional baixo peso ao nascer, hospitalização
e intervenções (presença de cateter, administração de emulsão
lipídica).
Diagnóstico
• Exame Clínico
• Sinal de Zileri: estiramento da pele = fina descamação
• Sinal de Besnier: unhada = fina descamação
• Lâmpada de Wood: fluorescência amarelo-ouro
• provavelmente devido à excreção de metabólitos (porfirinas) do fungo,
sensíveis à radiação ultravioleta.

• Exame Micológico Direto


• Escamas de pele
• Exame com fita adesiva transparente
Diagnóstico Laboratorial
EXAME MICOLÓGICO DIRETO
• à fresco com KOH 10%
• corada (azul de algodão, Giemsa,
PAS, K-tinta)

Leveduras circulares ou
ovais, em grupos,
pseudo-hifas curtas e
septadas
Diagnóstico Laboratorial
EXAME MICOLÓGICO CULTURAL
• Cultura em Sabouraud acrescido de óleo de oliva e incubação de 35-37°C
• Colônias de crescimento lento, lisas ou levemente pregueadas de
coloração creme-brilhante ou opaca.
• Leveduras circulares, ovais
• Provas bioquímicas para identificação
Diagnóstico Diferencial

Vitiligo

Dermatite seborreica Hanseníase

Pitiríase alba: são manchas brancas e ásperas


com descamação fina, de causa desconhecida,
que afetam pessoas alérgicas, e evoluem para
manchas hipocrômicas, na face, braços e
tronco. Em geral, estão relacionadas com o
ressecamento da pele.
Tratamento
TÓPICO:
• Sulfeto de selênio, xampu 2,5%
• Uso diário , por 2-3 semanas

SISTÊMICO:
• Cetoconazol, fluconazol, itraconazol,...

• Repigmentação pode levar meses


• Necessidade de recuperação dos melanócitos lesados

• Podem ocorrer recidivas da doença


Faça um resumo para seu estudo:
Fatores predisponentes e patogenia (como ocorre a doença)

Manifestações clínicas – descrever lesões e principais locais. O


paciente relata sintomas? É contagioso? Pode recidivar?

Como é feito o diagnóstico clínico e laboratorial? Quais seus


resultados?
Tinea nigra
• Infecção superficial benigna que acomete o extrato
córneo da pele.

• Agente etiológico:
Hortaea werneckii

• Distribuição geográfica:
Clima tropical e subtropical (América, África, Ásia).

• Habitat:
Restos orgânicos, esgotos, solos, plantas. Ambientes com
alta quantidade de sal.
Caso Clínico real
Lesão em Criança de 6 anos Resultado do EMD
EMC –
EMC
macromorfologia da colônia Micromorfologia da colônia
Manifestação Clínica
• Assintomática e raro
• Superficial → atinge a camada córnea da pele
• Manchas arredondada de bordas bem delimitadas no formato de
moedas.
• Geralmente não descamativas e hiperpigmentadas, de cor marrom a
cinza (pigmentação mais intensa nas bordas, de crescimento
centrífugo e escurecimento progressivo).
• A pigmentação marrom é devido à melanina do fungo
Que partes do corpo
acomete:
• Região palmar e
plantar.
• Mais frequente em
mulheres
Diagnóstico Laboratorial
• EMD: Leveduras circulares, isoladas, pseudohifas curtas,
septadas e demáceas
• Micromorfologia da colônia: aneloconídios castanhos uni
ou bicelulares
• Transmissão: Indefinida, mas está associada ao contato
direto do hospedeiro com o ambiente marinho, areia de
praia,..

• Diagnóstico diferencial: melanoma

• Tratamento: tintura de iodo, imidazólicos tópicos,...


Defina qual é a Piedra branca e
Piedra preta?
• Quais as semelhanças entre as
duas infecções?
• Pelos (extensão do pelo)
• Assintomático

• E quais são as diferenças?


• Gêneros diferentes de fungos
• Cor dos nódulos
• Branca: facilmente removível,
mucilaginosa
• Preta: fortemente aderidos
Piedra branca
• Agente etiológico:
Trichosporon spp.

• Distribuição geográfica:
Mundo inteiro (tropical, subtropical).

• Habitat:
Solo, vegetais em decomposição, ar e pele.

• Manifestações clínicas:
Doença assintomática. Formam nódulos, de consistência
mucilaginosa, branco-amarelados facilmente deslocados do pelo

• Que partes do corpo acomete:


Cabelo e pelo das regiões axilares, pubianos, perianal, barba e
bigode
Diagnóstico Laboratorial
• Exame Micológico Direto
Observa-se estruturas fúngicas
perpendiculares à superfície do
pelo, formando um nódulo
Diagnóstico Laboratorial
• Exame Micológico Cultural
• Ágar Sabouraud

Macromorfologia:
colônias
leveduriforme,
cerebriformes, de cor
creme

Micromorfologia:
visualizam-se artroconídios
retangulares, ovoides ou
redondos, e a presença de
blastoconídios
Diagnóstico Diferencial e Tratamento

• Diagnóstico diferencial: dermatite seborreica, pediculose


(piolho), restos de secreções e restos de escamas.

• Tratamento: cortar os cabelos/pelos e pomadas


antifúngicas.
Piedra preta
• Agente etiológico:
Piedraia hortae

• Distribuição geográfica:
América do Sul, Indonésia e Vietnã.

• Habitat:
Solo contaminado

• Manifestações clínicas:
Nódulos endurecidos de coloração escura fortemente aderido ao pelo.
Parasita o pelo sem invadir o seu interior, ataca na parte média ou terço
distal do pelo. Baixo poder contagioso e benigno. Não ataca os folículos
pilosos

• Que partes do corpo acomete:


Cabelos, e eventualmente barba e bigode.
Diagnóstico Laboratorial
• Exame Micológico Direto:
• Nódulo castanho escuro aderido ao pelo e, em seu interior,
observam-se uma trama de hifas de paredes escuras.
Diagnóstico Laboratorial
• Exame Micológico Cultural
• Ágar Sabouraud

• Macromorfologia: Colônia negro- • Micromorfologia: Hifas septadas


esverdeada, úmida acastanhadas, grossas, irregu-
lares, septadas e numerosos
clamidoconídios intercalares.
Diagnóstico diferencial e Tratamento
• Diagnóstico diferencial: pediculose, dermatite seborreica e má
higiene.

• Tratamento: remoção máxima dos pelos infectados; medidas


profiláticas de higiene e uso de antifúngicos.

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