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Parte I

Micoses superficiais
z
não inflamatórias
Larissa Montaheiro Reis Caliman
Médica Dermatologista
z

Micoses
Superficiais Micoses superficiais propriamente
Não ditas são infecções fúngicas da
camada córnea ou cutícula do pelo,
Inflamatórias onde a resposta imune celular do
hospedeiro é mínima ou ausente;

A presença do fungo raras vezes é


sintomática, o que torna a infecção
crônica. Incluem a pitiríase
versicolor; piedra branca, piedra
preta e tinha negra.
z

Micoses Superficiais Não


Inflamatórias
 Incluem:
 Pitiríase versicolor;
 Piedra branca;
 Piedra preta;
 Tinha negra.
Doenças
z
z
associadas às
leveduras do gênero
Malassezia
PITIRÍASE
z

VERSICOLOR
z
Malassezia Furfur
z
Levedura lipofílica antropofílica, sob forma
oval ou cilíndrica ( Pityrosporum ovale e
Pityrosporum orbiculare)
M. Furfur
M. Pachydermatis
M. Globosa
z
M.Obtusa
M.Restricta
M. sloofiae
M.sympodialis
M.dermatidis
M. yamatoensis
M.nana
M. japonica
M.baillon
z
Definição

 Malassezia spp. é levedura


membro da biota normal da pele e
passa a determinar manifestações
clínicas sob certas condições que
permitem a pseudofilamentação da
levedura.
Pítiríase versicolor- Lesões perifollculares,
hipocrômicas e descamativas no dorso.
z

Definição
 Cerca de 97% dos indivíduos
clinicamente normais são portadores
do fungo no couro cabeludo e 92% no
tronco, segundo levantamento
realizado por Roberts, no Reino Unido,
em 1969.
z

Definição

 Pitiríase versicolor é uma infecção


crônica da camada córnea causada
por leveduras do gênero Malassezia
spp, assintomática na maioria das
vezes.
z

Definição

 É doença de distribuição universal,


mais prevalente em climas tropicais
e subtropicais. Ocorre em ambos os
sexos, em todas as raças, e pode
acometer pacientes desde a
infância até a velhice.
z

Definição
 É mais comum em adultos
jovens e pré- púberes,
provavelmente devido às
alterações fisiológicas dos
lipídios na pele, por ocasião
da puberdade.
z

Definição
 Vários fatores são tidos como responsáveis
pelo rompimento do equilíbrio Malassezia -
hospedeiro (homem): idade, sexo, raça,
predisposição genética, fatores geoclimáticos
que favorecem a hiperoleosidase e a
hiperidratação, além de fatores sociológicos
que indicam a importância dos hábitos e
comportamento do homem na sociedade.
z

 Fatores predisponentes
endógenos como má nutrição,
avitaminoses, gravidez,
diabetes, doença de Cushing,
Definição corticoterapia prolongada,
terapia parenteral,
contraceptivo oral e
imunodeficiência também são
relatados.
z

Manifestações  As manifestações
Clínicas clínicas da pitiríase
versicolor caracterizam-
se por lesões maculares
múltiplas, inicialmente
perifoliculares, com
descamação fina.
z

z
Lesões
foliculares
z

Manifestações
Clínicas
O estiramento da pele
afetada pode facilitar a
visualização da
descamação;

Essa manobra é conhecida


por sinal de Zileri;
z

z
Sinal de Zileri
z

Manifestações Clínicas

 O sinal da unha consiste em


passar a unha sobre a lesão,
com a mesma finalidade:
observar a descamação;
z

Manifestações Clínicas

 A cor é variável, do branco


ao acastanhado, podendo
mais raramente tornar-se
eritematosa.
z

z
Máculas
eritematosas
z

Manifestações As lesões crescem e


Clínicas coalescem até atingirem
grandes áreas;

Comprometem tronco,
ombros, parte superior dos
braços, pescoço, face e
dobras flexurais.

Na maioria dos casos, são


assintomáticas, exceção feita
às formas eritematosas que,
em geral, são pruriginosas.
z
Manifestações Clínicas
 Furtado et al., em
1997,observaram a
distribuição das áreas  face (8,85%);
corporais em ordem  couro cabeludo (
decrescente: 4,9%);
 disseminada (31,5%);  axilas (2,9%);
 tronco (20,65%);  abdômen (1%);
 braço e antebraço  região retroauricular
(3,75%); (0,7%);

 coxa e perna (9,5%);  pés e mãos (0,5%).


z

Manifestações
Clínicas
Uma variante clínica com intensa
despigmentação cutânea pode
ocorrer em indivíduos
melanodérmicos, denominada
acromia parasitária.

Também é descrita a pitiríase


versicolor atrófica, forma rara
em que as lesões são deprimidas
pelo uso prolongado de
corticosteroides tópicos.
z

z
Máculas
hipocrômicas
múltiplas
z

Manifestações Clínicas
 Apesar das leveduras do gênero Malassezia colonizarem sistematicamente os folículos
pilosos do couro cabeludo, só em alguns casos encontra-se descamação e/ou prurido na
região;

 Recentemente, Maeda et al. em 2002, descreveram outras variantes clínicas: pitiríase


versicolor rubra (máculas eritematosas), pitiríase versicolor nigra (máculas enegrecidas) e a
pitiríase versicolor alba.
z

z
Lesões
hipocrômicas
e
hipercrômicas
z

Manifestações Vários estudos procuram explicar a variação


de tonalidade das lesões, às vezes, no
Clínicas mesmo paciente;

As lesões hiperpigmentadas parecem


ocorrer devido ao aumento do tamanho dos
melanossomos e mudanças em sua
distribuição;

Lesões hipopigmentadas podem ser


resultantes da inibição da reação dopa-
tirosinase por frações lipídicas (ácidos
dicarboxílicos) produzidas pelo fungo
quando em meio gorduroso, determinando a
pouca melanização.
z

z Lesões
hiperpigmentadas
z
Manifestações Clínicas
 Pitiríase versicolor evolui por surtos, com
melhoras e pioras, tornando-se recidivante ou
crônica;
 Devido à presença de vários fatores
predisponentes, a recorrência é o maior
problema, sendo mandatória a orientação aos
pacientes dos fatores predisponentes da doença
e ao esquema de tratamento profilático;
z

 A pitiríase versicolor é
recidivante quando
Manifestações apresenta um índice de
Clínicas recorrência alto após o
tratamento com antifúngico
adequado.
z

Manifestações Clínicas
 Autores observaram um índice de
recorrência:
 de 60% após um ano;
 e, 80% após dois anos de tratamento.
z

Manifestações Clínicas

 Provavelmente, a recorrência ocorre tanto pela


presença de leveduras no folículo pilossebáceo,
como por diversos fatores predisponentes que
permitem a multiplicação e pseudofilamentação
da levedura.
z

Diagnóstico
Laboratorial- O exame direto, realizado a partir de
Exame material colhido através da raspagem da
lesão ou com fita durex (sinal de Porto),
Micológico mostra células leveduriformes agrupadas,
assemelhando- se a “cachos de uva" e
pseudo-hifas curtas e grossas;

O material pode ser apenas clarificado por


KOH (hidróxido de potássio), corado com
tinta lavável azul ou Gram.
Pitiríase versicolor- Exame direto com KOH 20%.
Células leveduriformes agrupadas em "cachos de
uva" e pseudo- hifas curtas e grossas.
z

z Presença de
células
leveduriformes
agrupadas em
"cachos de uva" e
de pseudo-hifas.
z
O isolamento em cultura só é
Diagnóstico possível em meios enriquecidos com
azeite de oliva incubados a
Laboratorial- temperaturas de 32 a 35 ªC por 15
dias;
Exame
Micológico
A colônia é leveduriforme branco-
amarelada;

O estudo microscópico da cultura


mostra células leveduriformes com
aspecto de "garrafa de boliche”, onde
o brotamento é único.
z

z
Cultura de
Malassezia
spp.
z

Lâmpada de Wood
 O exame com a lâmpada de Wood revela fluorescência
amarelada ou prateada, que permite avaliar a extensão do
acometimento cutâneo;

 Silva-Hutner, em 1980, demonstrou que a substância responsável


pela fluorescência é uma coproporfirina, que também está
presente em culturas do fungo.
z

Histopatologia

 À coloração pelo PAS, células globosas, células com formato


de "garrafa de boliche" e pseudo- hifas curtas podem ser
observadas na camada córnea, que apresenta discreta
hiperqueratose.

 Em lesões eritematosas e pruriginosas, pode ser observado


infiltrado perivascular rico em linfócitos na derme.
z

Tratamento
 Sendo a Malassezia um componente da biota
normal da pele, o paciente com pitiríase
versicolor deve ser orientado para que colabore
no sentido de tentar evitar hábitos que possam
transformar o fungo sapróbio em parasita
(utilização de lubrificantes na pele, sudorese
excessiva, higiene inadequada etc.).
z

Tratamento
 O tratamento tópico pode ser feito com agentes
queratolíticos:
 hipossulfito de sódio a 20%;
 sulfeto de selênio;
 derivados imidazólicos;
 derivados murfolínicos.
z
Tratamento

 O tratamento sistêmico é possível, tanto


com:
 derivados azólicos (cetoconazol 200
mg/dia, durante 10 a 20 dias),
 como com derivados triazólicos
(itraconazol, 200 mg/dia durante cinco a
sete dias).
z

Tratamento

O fluconazol pode ser utilizado em


dose única de 450 mg;

A pitiríase versicolor tem evolução


crônica e recidivante,
necessitando muitas vezes de
tratamentos múltiplos ou
profilaxia.
TERAPÊUTICA PARA PITIRÍASE VERSICOLOR
- Xampu antifúngico aplicado como um limpador de
corpo por 10-15 minutos antes de enxaguar, duas
vezes por semana durante 2-4 semanas;

- Xampu de sulfeto de selênio, 1 % ou 2,5%

- Xampu de cetoconazol, 1 % ou 2%

- Xampu de piritionato de zinco

Terapêutica inicial - Xampu ciclopirox olamina 1 %

(frequentemente associada) - Cremes antifúngicos aplicados em áreas além de


lesões clinicamente visíveis, diariamente uma a duas
vezes por dia, durante 2 semanas:
- Imidazólicos, por exemplo, cetoconazol 2% creme
- Ciclopirox olamina 0,77% creme, gel ou loção

- Fluconazol: 200mg/dia- 5-7 dias; 200- 300 mg


1x/semana- 2-3 semanas; ou 400mg, dose única
- ltraconazol: 200mg/dia, 5-7 dias
TERAPÊUTICA PARA PITIRÍASE VERSICOLOR

- Tratar locais previamente


afetados com imidazol tópico
diariamente por 2 semanas, antes
da exposição solar;

Terapia de manutenção
e prevenção de - Aplique xampu antifúngico como
um limpador de corpo por 10-15
recorrência minutos antes de enxaguar, 1-2
vezes por semana
z

Tratamento
 Segundo Faergemann:
 13,6% dos pacientes recidivam após um ano;
 e 80% após dois anos da cura clínica, fazendo-
se necessária a utilização de esquemas de
manutenção tanto tópico como sistêmico.
z
Tratamento- Profilaxia

 Exposição ao sol deve ser recomendada para


acelerar a repigmentação da frequente
hipocromia residual;
 No tratamento profilático, é preconizado o uso
de cetoconazol(literatura brasileira- fonte: Belda)
200 mg ao dia por 3 dias consecutivos, uma vez
ao mês por seis meses;
z
Tratamento- Profilaxia

 Também pode ser utilizado itraconazol


400 mg por mês, por seis meses ou
fluconazol 450 mg por mês por seis
meses.
ONICOMICOSES

Levedura do
z
z

gênero
Malassezia
z

Onicomicoses
 Leveduras do gênero Malassezia podem
colonizar as unhas de indivíduos que tenham
algum fator predisponente como diabetes,
psoríase ungueal, dermatite de contato, trauma
ungueal ou que estejam fazendo uso de drogas
imunossupressoras.
z

Onicomicoses

 Clinicamente pode-se observar coloração


branco- amarelada da lâmina ungueal e
hiperceratose subungueal com onicólise,
acometendo unhas das mãos com maior
frequência.
z

Onicomicoses
z

O diagnóstico é feito pela presença


das leveduras ao exame microscópico
direto e pela cultura.
Levedura do
gênero
z
z

Malassezia
Malasseziose
z

Malasseziose

Malasseziose é a doença
sistêmica causada por leveduras
do gênero Malassezia.

Esses fungos podem ser causa


de fungemia e sepse, tanto em
crianças de baixo peso como
em adultos debilitados
z

Malasseziose
 A introdução do fungo é feita por meio de cateteres utilizados
para alimentação parenteral lipídica;

 Febre é o sintoma mais comum;

 Coração e pulmões são os órgãos mais acometidos.


Decorrentes de
metobólitos dos leveduras
z
z do gênero Malassezia

Foliculite pitirospórica
z

Foliculite
Pitirospórica
A entidade parece estar relacionada
com os produtos de degradação do
fungo;

As leveduras do gênero Malassezia


têm capacidade de hidrolizar ácidos
graxos livres e triglicerídeos,
podendo ocorrer reação inílamatória
no folículo piloso.
z

Foliculite Pitirospórica
 Clinicamente, a foliculite pitirospórica é
caracterizada por pápulas foliculares eritematosas
e pústulas localizadas no pescoço, tronco e
membros superiores, acometendo principalmente
mulheres entre 25 e 35 anos.
z

Foliculite Pitirospórica
 São fatores predisponentes para aparecimento da
foliculite pitirospórica:
 antibioticoterapia;
 diabetes melito;
 imunossupressão;
 e, oclusão local.
z

Foliculite Pitirospórica
 Ao exame histopatológico, visualizam-se
apenas células leveduriformes no óstio
folicular e na porção infundibular do ducto
pilossebáceo.
z
Foliculite Pitirospórica

 No diagnóstico diferencial devem


ser consideradas acne monomorfa,
foliculite bacteriana, foliculite
pustulosa eosinofílica e foliculite
pustulosa por Demodex spp.
z

Foliculite Pitirospórica

 Foliculite pitirospórica pode ser tratada com


antifúngicos tópicos e/ou sistêmicos;

 Em geral o tratamento é mais longo do que


o da pitiríase versicolor e as recidivas são
frequentes.
Dermatite
seborreica
z Decorrentes de
z
metobólitos dos
leveduras do gênero
Malassezia
z

Dermatite Seborreica

 Dermatite seborreica é afecção crônica, de


caráter recidivante, distribuição universal,
com prevalência estimada de 2 a 5% na
população geral.
z

Dermatite  É descrita associação entre


Seborreica dermatite seborreica e
leveduras do gênero
Malassezia, porém seu
papel na etiologia da
dermatose não é bem
conhecido.
z

 Tem sido demonstrada a


presença de maior
Dermatite número dessas leveduras
Seborreica em lesões de dermatite
seborreica do que em
pele normal.
Dermatite Atópica
Decorrentes de
z
z
metobólitos dos
leveduras do gênero
Malassezia
z
Dermatite Atópica

 A influência das leveduras do gênero


Malassezia na dermatite atópica é
ainda controversa, podendo estar
associada à presença de anticorpos
séricos do tipo lgE, específico para
antígenos dessa levedura.
z

Dermatite Atópica

 Faergemann observou prick-test positivo


com material extratoproteico de leveduras do
gênero Malassezia em adultos (de 75 a 80%)
com dermatite atópica localizada na face,
couro cabeludo e pescoço.
z

Dermatite
Atópica
O resultado terapêutico da associação de
antifúngico e corticoide nesses pacientes
foi superior ao obtido com corticoide
isolado;

Estudos realizados nos últimos 10 anos


mostram que 40 a 65% dos pacientes com
dermatite atópica apresentaram alguma
relação com leveduras do gênero
Malassezia em testes cutâneos positivos
ou presença de IgE sérica específica.
Papilomatose Decorrentes de
confluente
z e metobólitos dos
z
reticulada de leveduras do
Gougerot e gênero
Carteaud Malassezia
z

z
Pápulas eritêmato-
acastanhadas que
evoluem placas
hiperqueratósicas e
reticuladas,
distribuídas em
áreas seborreicas.
z
Papilomatose confluente e reticulada de Gougerot e Carteaud

 Papilomatose confluente e reticulada foi descrita


inicialmente por Gougerot e Carteaud, em 1927.
 É caracterizada por pápulas eritêmato-
acastanhadas que evoluem para placas
hiperqueratósicas e reticuladas, distribuídas em
áreas seborreicas.
 É mais frequente no sexo
z
feminino;
Papilomatose
confluente e
 Sua etiologia permanece obscura;
reticulada de
Gougerot e
Carteaud  Em alguns casos há associação
com endocrinopatia (testes
anormais de tolerância à glicose,
diabetes, disfunções tireoidianas).
z

Papilomatose
confluente e
reticulada de A ocorrência de casos familiares
pode indicar a predisposição
Gougerot e genética;
Carteaud
O diagnóstico é feito por exame
clínico e histopatológico, onde são
encontradas
hiperceratose,acantose e
papilomatose.
z

Hiperceratose, acantose e papilomatose com a


presença das estruturas fúngicas da Malassezia spp.
z

A resposta terapêutica é variável, e as


recidivas, frequentes.

Papilomatose confluente
z
e reticulada de Gougerot
e Carteaud
Pustulose
neonatal Decorrentes de
z
por
z metobólitos dos
Malassezia leveduras do
gênero Malassezia
furfur
z

z
Eritema e
papulopustulas
em face.
z

Pustulose
neonatal por
Malassezia Pustulose neonatal por
Malassezia furfur foi descrita
furfur em 1991;

Clinicamente observam-se
eritema e pápulo- pústulas na
face, pescoço e couro
cabeludo de recém-nascidos.
z
Pustulose neonatal por Malassezia
furfur

O aumento da secreção
das glândulas sebáceas Estes autores acreditam
durante o primeiro mês que o termo acne
de vida provavelmente neonatal seja
favorece a colonização inadequado.
pela levedura;
z

zColoração pelo
Gram -células
leveduriformes
em forma de
"garrafa de
boliche".
z
Pustulose neonatal por Malassezia furfur

 O diagnóstico diferencial inclui acne neonatal,


eritema tóxico neonatal e pustulose neonatal,
entre outros;

 Há desaparecimento das lesões com a utilização


de antifúngicos tópicos.
z

 Obrigada

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