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Doenças de pele na infância

Profa. Renatha D. Lopes Assunção


Piodermites
Infecções da pele causada por bactérias piogênicas:

- Primária: processo patogênico inicial cutâneo (70% casos);


- Secundária: manifestação cutânea infecciosa originada em outro órgão (30% casos);

→20 a 30% queixas em ambulatório de Pediatria → a infecção bacteriana de pele é o mais


comum!!
Fisiopatologia
• Desequilíbrio entre hospedeiro e agente infeccioso;

• Pele → barreira importante contra microorganismos;

• Hospedeiro (pele) X Agente infeccioso estrato córneo íntegro enzimas


(lisozima, defensina) acidez (pH 5.0)
Patogenia

Depende de:
- patogenicidade da bactéria;

- porta de entrada;

- capacidade de defesa do hospedeiro;


Etiologia
Frequentemente estreptococos e/ou estafilococos.

Fatores predisponentes :
- baixo nível socioeconômico;
- crianças 1 e 5 anos.
Doenças infecto-bacterianas da pele
➢Impetigo

➢Abcesso

➢Ectima

➢Celulite
Impetigo

• É uma infecção da epiderme superficial, localizada na região subcórnea;


• Pode ser primária ou secundária a uma dermatose prévia;
• Predomina em ambientes de baixas condições sócio-econômicas e higiene precária;
• Pico de incidência ocorre nos meses quentes e úmidos do ano;
• Predomínio em crianças.
Impetigo
• Infecção cutânea infantil mais comum;

• Etiologia: estafilococos coagulase + ou estreptococos beta hemolítico;


• Classificação:
- Crostoso
- Bolhoso
• Fatores predisponentes (local de trauma): queimadura, picada de inseto e más
condições de higiene.
Diagnóstico
• Clínico (essencialmente);

• Bacterioscópico;

• Cultura do líquido da bolha;

• Histopatológico.
Diagnóstico diferencial

Bolhoso Crostoso
Crostoso Bolhoso
Epidermólise bolhosa Infecções virais (Herpes, Varicela-zoster)

Infecção herpética Infecções fúngicas (Tinea)


Queimaduras Infecções parasitárias (Escabiose)
Pênfigo e penfigóide
bolhoso
Impetigo crostoso
• Forma Não Bolhosa ou Crostosa:
- Agente → Streptococcus pyogenes;

• Lesões ocorrem em áreas expostas e lesadas;

• Corresponde a 70% de todos os impetigos;


Impetigo crostoso
• É caracterizado inicialmente como pequenas vesículas
que se transformam em pústulas;

• Logo se rompem, ocorrendo ressecamento do pus, com


formação de crosta amarelada (crostas melicéricas),
sem a presença de bordas circuncinadas;

• Pode haver linfadenopatia satélite, febre e leucocitose;

• NÃO deixam cicatrizes.


Impetigo bolhoso
• Agente → Staphylococcus aureus;

• Frequentemente no período neonatal, mas crianças


maiores também são afetadas;

• Lesões ocorrem em áreas expostas (íntegras);

• Colonização da mucosal nasal – 84% das pessoas


sadias – antecede aparecimento das lesões cutâneas.
Impetigo bolhoso

• É caracterizado inicialmente como lesões bolhosas entre 1 e 5 cm de diâmetro,


com conteúdo turvo;
• Logo se rompem, ocorrendo ressecamento do líquido, com formação de crosta fina
de cor verniz e com bordas circinadas;
• Linfadenopatia satélite é rara;
• Pode ocorrer febre e leucocitose;
• NÃO deixam cicatrizes
Complicações
• Glomerulonefrite aguda pós-estreptocócica (GNDA);

• Risco de GNDA não é alterado pelo tratamento com antibiótico;

• Estados de imunodeficiências – toxina esfoliativa dissemina é causa síndrome da


pele estafilocócica;

• Celulite (raro na forma bolhosa);


Complicações

• Linfangite, linfadenite supurativa, psoríase e escarlatina podem complicar a


forma estreptocócica;
• Osteomielite;
• Artrite séptica;
• Septicemia;
• Febre reumática não está associada
Tratamento
Antibiótico tópico Antibiótico sistêmico
• Lesões restritas: • Acometimento profundo (subcutâneo);
- Tópico • Próximas à boca/couro cabeludo (retira
- Limpeza, remoção de crostas, medicação com a boca; dificuldade uso
curativos úmidos; cremes/pomadas);
- Antibiótico tópico 2-3x dia • Febre;
(bacitracina, neomicina, mupirocina); • Linfadenomegalia;
- Ácido fusídico 2% creme ou pomada; • Infecções couro cabeludo;
• Lesões numerosas (> 5)
Abcesso
• Coleção, interna ou superficial, de pus e de material
infectado na pele;

• Podem surgir seguida de uma infecção bacteriana


ou a partir de um pequeno ferimento ou lesão;

• Etiologia: S. aureus e anaeróbios.


Abcesso

Sinais e sintomas
- Centro necrótico e edema periférico;
- Tumefação;
- Flutuação com pus;
- Eritema;
- Dor;
- Febre;
- Mal-estar;
- Linfadenopatia regional;
- Fistulização e descarga purulenta.
Abcesso- Fatores predisponentes

• Foliculite, furúnculo, celulite;

• Trauma/queimadura;

• Cateteres intravenosos
Abcesso: Diagnóstico/ Tratamento
• Diagnóstico: clínico e cultura da drenagem;

• Tratamento:
- Compressa morna/quente;
- Limpeza, incisão e drenagem;
- Antibióticos: Clindamicina e Vancomicina por exemplo
Ectima
• É uma variante do Impetigo crostoso que compromete a pele mais
profundamente e com maior tendência à cronicidade;
• Lesão inicial negligenciada;
• Localiza-se nas pernas, coxas e nádegas.
• Associada à higiene precária, má nutrição e imunocomprometimento;
Agente → Streptococcus pyogenes (S. aureus é secundário).
Tratamento: limpeza, antibiótico tópico ou sistêmico.
Ectima
• É caracterizada inicialmente por
vesículas, pústulas ou bolhas que
evoluem para múltiplas úlceras
recobertas por crostas espessas e
aderentes;

• Deixam cicatrizes.
Celulite
• Infecção da derme com extensão variável;
• Maior acometimento em extremidades;
• Perda da barreira de proteção da epiderme (solução de continuidade):
- trauma
- úlcera
- eczema
Celulite
Fatores predisponentes:
- Tinea;
- Diabetes melitus;
- Doença vascular / estase linfática;
- História anterior de celulite;
- Imunodeprimidos.
Celulite- Etiologia

• Estreptococos beta-hemolítico ( subtipos A e B) → S. pyogenes;


• S. aureus (abscesso, foliculite);
• Recém-nascido: estreptococos grupo B, Escherichia coli;
• Imunodeprimidos, diabéticos: Pseudomonas aeruginosa e Legionella;
• Celulite facial: pensar em Haemophilus influenzae tipo B;
Celulite- Quadro clínico
- Eritema (bordas pouco delimitadas);
- Edema;
- Calor;

Eritema → bordas bem delimitadas: Erisipela.


- linfadenopatia
- abscesso
- toxicidade sistêmica: fasceíte necrosante ou disseminação hematogênica.
Celulite
- Diagnóstico clínico;
- Punção com biópsia da área;
- Hemocultura: positividade em apenas 5% casos;
- Exames laboratoriais: valor limitado, não estabelece
a causa;
- Avaliação radiológica:
Gás/crepitação;
Abscesso;
Corpo estranho.
Celulite
• Complicações:
- abscesso subcutâneo;
- osteomielite;
- artrite séptica;
- tromboflebite;
- bacteremia;
- fasceíte necrosante.
Celulite
• Cefalosporina 1ª geração: cefalexina;

• Amoxicilina + clavulanato: boa cobertura;

• Eritromicina, claritromicina: resistência 10- 52% S. aureus;

• Oxacilina;

• Vancomicina, SMZ-TMP, clindamicina: MRSA;

• 7-10 dias
Celulite
• Recém-nascido: Oxacilina + Aminoglicosídeo ou Cefotaxima;

• Cobrir estafilococos, gram negativos e Listeria;

• Lactente e criança < 5 anos: cobrir S. pyogenes, S. aureus, H. influenza e


pneumococo.
Celulite
Tratamento hospitalar:
- toxicidade sistêmica
- Instabilidade hemodinâmica
- falha no tratamento ambulatorial (sem melhora ou piora em 48 h).

Escolhas:
- penicilinas resistentes à penicilinases
- cefalosporinas de 1ª geração (Cefazolina)
- se alérgico à penicilina: Clindamicina ou vancomicina.
Tempo: casos não complicados 10 dias; complicados 14 a 21 dias.
Tinea corporis

• Dermatofitose que acomete a pele da região do tronco ou extremidades,


exceto palmas e plantas;
• Agentes: Trichophyton rubrum e Microsporum canis;
• Placas circinadas, com halo eritêmato-descamativo e cura central que
determina o centro claro;
• O limite da lesão pode ser papular, vesicular ou pustular;
• Distribuição assimétrica;
Tinea corporis
• Mais frequente em crianças, pessoas que vivem em locais quentes e úmidos
e imunossuprimidos;
• As placas podem coalescer formando uma configuração policíclica bizarra;
• Lesões mais extensas comum em doenças sistêmicas que comprometam a
imunidade como diabetes mellitus, leucemia e imunodeficiência;
• As lesões de tinea corporis podem simular outras dermatoses como:
pitiríase rósea, eczema numular, psoríase, dermatite de contato ou
hanseníase na forma tuberculoide.
Tinea corporis
Tinea pedis
• Popularmente denominada de “pé de atleta” é mais frequentemente nos
adolescentes;

• Uso de calçados fechados promovendo umidade predispõe ao desenvolvimento do


fungo;

• A transmissão pode ocorrer em áreas úmidas, como vestiários e borda de piscinas;

• Agentes etiológicos mais frequentes são: Trichophyton rubrum, Trichophyton


mentagrophytes e Epidermophyton floccosum;
Tinea pedis
• Quatro formas clínicas principais:
1. Tinea Pedis Interdigital: é a forma mais frequente, com descamação, maceração e
inflamação;

2. Tinea Pedis Inflamatória: vesículas, pústulas ou bolhas na região medial dos pés;
• Mais frequente no verão;
• Pode desencadear uma reação de hipersensibilidade tardia à distância (chamada
dermatofítide, e mais conhecida como “ide”), erupção vesicular nas extremidades,
principalmente nas mãos e pés e no tronco;
Tinea pedis
3. Tinea Pedis em Mocassim: eritema, descamação, fissuras
e hiperceratose na superfície plantar até as faces laterais dos
pés;

4. Tinea Pedis Ulcerativa: lesões interdigitais com erosões e


até ulcerações;

• Nas crianças, o diagnóstico não é frequente, pode ser


confundido com eczema disidrótico, dermatite de contato
e dermatose plantar juvenil.
Tinea cruris
• Dermatofitose localizada na região da virilha, mais frequente
em adolescentes do sexo masculino;
• Comum estar associado à tinea pedis;
• Fatores de risco para tinea cruris: obesidade e suor
excessivo;
• Agentes: Trichophyton rubrum, Trichophyton mentagrophytes
e Epidermophyton floccosum;
• Apresentação clínica: manchas ou placas eritêmato-
acastanhadas, bem demarcadas, com descamação nos
limites, localizadas nas pregas inguinais de maneira
simétrica e bilateral, associada a prurido;
Tinea capitis
• Dermatofitose mais frequente na infância;
• Acomete a pele e os pelos do couro cabeludo, caracterizada por alopécia localizada,
com cabelos tonsurados (cortados próximos à raiz), descamação e eritema;
• Acomete principalmente crianças saudáveis entre três e oito anos de idade;
• Classe social econômica baixa e habitações com aglomerações são fatores de risco;
• A transmissão pode ocorrer pelo contato com escova/pente, máquina de cortar
cabelo, chapéu de pessoas infectadas, ou por animais de estimação como cães,
gatos e roedores;
• Diferentes fungos dermatófitos podem causar tinea capitis, principalmente o
Microsporum canis e o Trichophyton tonsurans;
Tinea capitis
• Diagnóstico clínico pode ser confirmado pelo exame micológico
direto e pela cultura de fungos, por meio do raspado da pele
lesionada, de preferência da parte descamativa da lesão, ou
seja, nos limites da placa;
• Os tratamentos tópicos devem ser interrompidos alguns dias
antes da coleta do exame para não mascarar o resultado;
Tratamento dermatofitoses
• Antifúngicos tópicos são eficazes para a maioria dos casos de dermatofitoses que não
acometem os pelos;
• A nistatina não é efetiva para as infecções por dermatófitos;
• Diferentes veículos como creme, gel, spray ou pomada, que deve ser escolhido de acordo
com a área a ser tratada;
• Os antifúngicos tópicos devem ser aplicados uma a duas vezes ao dia, de acordo com a
posologia de cada um;
Tratamento
dermatofitoses
• Antifúngico via oral mais
indicados: terbinafina e o
itraconazol durante duas a
quatro semanas;
Pitiríase versicolor
• Malassezia spp.;
• Microbioma normal da pele, mas causa
manifestações clínicas quando a forma de levedura se
transforma na forma de micélio;
• Não é contagiosa;
• Maioria: adolescentes e adultos jovens, clima tropical;
Pitiríase versicolor
• Fatores de risco: temperaturas quentes, alta umidade, imunossupressão, má
nutrição, pele oleosa, excesso de suor e corticoterapia;

• Diagnóstico é clínico (pode-se confirmar pelo exame micológico direto);


Pitiríase versicolor
• Lesões cores variadas (versicolor), hipopigmentadas, hiperpigmentadas ou
eritematosas; circulares, máculas, manchas e/ou placas descamativas na região
anterior do tronco, proximal dos braços, pescoço e face; lesões menores podem
coalescer; descamação nos limites;

• Lactente: lesões na face, abdome ou membros;


Pitiríase versicolor
Sinais de atividade da doença
• Sinal da unha: descamação das lesões após a escarificação;
• Craquelamento: após distensão abrupta;

•Diagnóstico diferencial:
• Vitiligo, pitiríase alba, hipopigmentação ou hiperpigmentação pós-inflamatória,
pitiríase rósea, tinea corporis e psoríase
Pitiríase versicolor –Tratamento
• Xampu de sulfeto de selênio a 2,5% ou cetoconazol a 2%;
• Diariamente durante 15 dias e depois 2x/semana como manutenção e prevenção;
• O xampu deve ser aplicado nas áreas acometidas durante 10 minutos antes do
enxague;
• Antifúngicos tópicos podem ser associados uma vez ao dia por 30 dias
Pitiríase versicolor –Tratamento
Raramente terapia sistêmica: casos extensos e recalcitrantes
• Fluconazol 300 mg dose única e repetir após 14 dias, ou Itraconazol 200 mg/dia por 7
dias;
• Hipopigmentação / hiperpigmentação podem persistir meses após tratamento bem-
sucedido, não indica falha terapêutica (supressão melanina pelo fungo)
Candidíase
• Levedura Candida sp. (C. albicans, 50%)
• Fatores predisponentes:
- Dermatite contato, amoniacal ou seborreica;
- Alterações endócrinas, genéticas, malignidades;
- Locais cronicamente úmidos, quentes e macerados
• Formas em crianças:
- Oral
- Queilite angular
- Intertrigo e candidíase perineal
Candidíase oral
• Placas esbranquiçadas na mucosa jugal, língua e até
úvula, aderentes, que, ao serem removidas, deixam a
superfície eritematosa;

• Às vezes, comprometimento do esôfago e colonização


do intestino;

• Prevalência: 20% a 40% no 1° ano.


Candidíase oral – Tratamento

• Nistatina solução oral:


- 1ª escolha: 1 mL em cada canto da boca, 4x/dia, até dois dias após a resolução das
lesões;
• Alternativas:
- Clotrimazol ou miconazol tópicos: por 7-14 dias;
- Fluconazol oral: 6mg/kg no primeiro dia, seguido de 3mg/kg/dia por mais 7-14 dias;
- Descolonizar chupetas e bicos de mamadeira, verificar se há contaminação do seio
materno e tratar com miconazol ou clotrimazol tópico
Queilite angular - Perléche

• Fissuras eritematosas e dolorosas nas comissuras


labiais;
• Multifatorial de origem infecciosa, com vários fatores
locais e sistêmicos e infeção secundária por Candida
e/ou bactérias;
• Má oclusão dental, respiração bucal, hábitos de lamber
os lábios, chupar o dedo ou chupetas e dermatite de
contato;
• Tratamento: corrigir fatores predisponentes, antifúngico
tópico por 14 dias, e emolientes à base de vaselina ou
oxido de zinco, para hidratar e proteger os lábios
Intertrigo e candidíase perineal
• • Dermatose inflamatória das áreas de dobras ou de duas
superfícies da pele em contato axilas, retroauricular, dobras
inguinais, interglúteas, inframamária, pescoço e entre os dedos;

• Pápulas eritematosas e placas em regiões intertriginosas ou


períneo; borda elevada, marginação nítida, escamas brancas nas
borda; às vezes pústulas; lesões satélites papulovesiculares
minúsculas;

• Risco: obesidade e suor excessivo;

• Infecção por C. albicans é frequente e bacteriana também pode


estar presente
Intertrigo e candidíase perineal
• Diagnóstico diferencial: tinea cruris, dermatite de contato, dermatite atópica,
dermatite seborreica;
• Tratamento:
- Antifúngico tópico:
- Nistatina tópica: escolha, 2-4 vezes ao dia por 14 dias;
- Imidazólicos tópicos (Miconazol e clotrimazol): opções terapêuticas;
- Fluconazol sistêmico: casos extensos, refratários, recorrentes ou imunodeprimidos;
- Associar antibiótico oral: quando infecção bacteriana associada
Intertrigo e candidíase perineal
• Redução dos fatores de risco:
- Umidade e atrito na área;
- Acometida, limpeza dos fômites;
- Limpeza diária das áreas de dobras, secando bem uso de roupas de algodão
aplicação de cremes de barreira em áreas que podem entrar em contato com
urina ou fezes tratamento da hiperidrose (se houver);
- Perda de peso em pacientes com sobrepeso ou obesidade
Escabiose
• Ácaro Sarcoptes scabiei variedade hominis;
• Parasita obrigatório humano que se localiza na
epiderme;
• Período de incubação: até um mês;
• Transmissão: contato direto e fômites;
• Prurido noturno: primeiro sintoma é o prurido, evidente
antes das lesões de pele se tornarem aparentes e pior
durante a noite;
Escabiose

• Lesões de pele: pápulas, nódulos, túneis, pústulas e vesículas;


• Escarificadas, com crostas ou impetiginadas;
• Axila, abdome, interdigital, nádegas, raiz da coxa e pênis
Escabiose

RN e lactentes
• Iniciam com reação inflamatória dos túneis
caracterizada por eritema, edema, crostas, pápulas,
vesículas, nódulos e até pústulas; as lesões podem ser
ovais, serpiginosas ou assumir a forma da letra “J”;
• Couro cabeludo também é acometido e
caracteristicamente as palmas, plantas e axilas;
• Buscar lesões semelhantes na mãe, principalmente em
antebraços e região inframamária
Escabiose

Escolares, adolescentes e adultos


• Espaços interdigitais, punhos, tornozelos, axilas e virilha;
• Pápulas, vesículas e crostas
Escabiose
Nódulos escabióticos
• Lesões de coloração vermelha acastanhada que
representam uma reação de hipersensibilidade do
hospedeiro contra o agente;

• Geralmente tronco, região axilar e genital;

• Mais observados nos lactentes e podem durar meses


Escabiose

Complicações da escabiose:
• São geralmente leves;
• Infecção bacteriana secundária;
• Staphylococcus aureus ou Streptococcus beta-hemolítico do grupo A;
• Ressecamento da pele por alterações da barreira cutânea;
• Dor e dermatite de contato pelo uso de escabicidas de forma incorreta
Escabiose- Diagnóstico
• Não há protocolo para diagnóstico;

• Achado clínico de túneis é patognomônico, mas pode não estar sempre presente;

• Suspeita clínica e características do prurido, generalizado e mais intenso à noite;

• Achados clínicos e anamnese sugestiva, como a doença em contatos íntimos


Escabiose- Diagnóstico
• Padrão ouro: visualização ao microscópio do ácaro vivo, ovos ou fezes dos ácaros
no esfregaço da pele;
• Dermatoscopia: pode identificar túneis e ácaros e orientar local para coleta de
material para exame microscópico;
• Diagnóstico diferencial:
- Dermatite atópica;
- Dermatite de contato;
- Dermatite seborreica;
- Impetigo;
- Exantema viral;
- Urticária papular;
- Picadas de inseto
Escabiose- Tratamento
Medidas gerais com fômites
• Para evitar transmissão ou recontaminação da escabiose e garantir o sucesso do
tratamento medicamentoso;
• Roupas, toalhas, roupas de cama e outros itens de uso pessoal: lavar na máquina de
lavar roupas em água quente, ou passar com ferro quente, ou colocar na secadora
de roupas, ou lavar a seco, durante os 3 primeiros dias do tratamento;
• Roupas que não puderem ser lavadas: colocar em saco plástico e guardar por 7 dias
Escabiose- Tratamento
• Permetrina loção a 5%
• 1ª escolha;
• Aplicar em todo o corpo e couro cabeludo (exceto na face, nos adultos; nas crianças, incluir
face) à noite, deixar o produto durante a noite (8-14 h) e lavar pela manhã;
• Repetir a aplicação após 7 e 14 dias;
• Não é aprovada para < 2 meses de vida;
• Ivermectina oral
• 0,2mg/kg em dose única, repetir a dose em 7 dias;
• Não recomendado em < 15 kg;
• Revisão Cochrane: menos efetivo que a permetrina para escabiose;
Escabiose- Tratamento
• Enxofre 5 a 10% em creme ou loção
• Medicamento mais antigo para tratamento da escabiose;
• Indicado para os < 2 meses;
• Aplicar 3 dias consecutivos à noite e lavar pela manhã;
• Repetir em 7 dias.
Escabiose
• Tratar todos os contatos íntimos do paciente simultaneamente,
independentemente de
ter lesão de pele ou não;
• Prurido após o tratamento pode persistir por 2-4 semanas;
• Emolientes na pele: aplicação diária;
• Anti-histamínicos orais sedantes também podem ser utilizados quando há prejuízo
do sono;
• Infestação é considerada curada se após uma semana do fim do tratamento não
houver mais lesões da escabiose e houver minimização do prurido noturno;
• Reavaliação do paciente em 2 semanas: para estabelecer se houve a cura
Prurigo estrófulo
• Reação de hipersensibilidade a antígenos existentes na saliva de insetos = prurigo
estrófulo ou urticária papular;
• Mosquitos, pulgas e carrapatos;
• Picadas de insetos em indivíduos suscetíveis →doença → caracterizada por erupção
papular crônica e/ou redicivante e pruriginosa;
• 2º a 10º ano de vida;
• Tempo para a sensibilização varia e depende do número de exposições;
• Maioria tem início entre 12-24 meses de vida;
• Na evolução, o tipo de reação se modifica até ocorrer a tolerância (10 anos de vida)
Prurigo estrófulo- Apresentação clínica
• Pápulas eritematosas de distribuição linear e aos
pares, demonstrando o hábito do inseto que provocou
a reação;
• Número variável de lesões, podendo ser
disseminadas;
• Urticas podem desaparecer em algumas horas,
permanecendo as lesões características:
papulovesículas;
• Pápulas com tamanho entre 3 e 10 mm, recobertas ou
não por crostas hemáticas
Prurigo estrófulo- Apresentação clínica

• Regiões expostas do corpo são mais acometidas


quando agente é “voador” (mosquitos e pernilongos)
região extensora de membros;
• Tronco é mais acometido quando agentes são
“andadores” (pulgas ou percevejos), pápulas em grupos
de 2 ou 3, com disposição linear e próximas aos
elásticos de roupas e fraldas
Prurigo estrófulo- Tratamento

• 3 Ps: Prevenção da picada, Controle do Prurido e Paciência:

• Controle ambiental: prevenção das picadas;


• Prurido: loção de calamina, corticosteroides tópicos e anti-histamínicos orais;
• Lesões infectadas: antibióticos tópicos/ sistêmicos
Prurigo estrófulo- Tratamento
• Corticoide tópico de média potência: melhora reação local e reduz prurido;

• 1 vez ao dia por até 5 dias;

• Média a alta potência: mometasona, metilprednisolona e betametasona;


Molusco contagioso
• Infecção viral, crônica e localizada;
• Motivo frequente de consultas;
• Benigna, cutânea, sem manifestações sistêmicas,
autolimitada, de ocorrência mundial;
• Pápulas umbilicadas peroladas;
• Família Poxvírus (Poxviridae), hospedeiro exclusivo
é o ser humano
Molusco contagioso

• Incubação: 2-6 semanas (até 6m);


• Transmissão: contato direto com a pele infectada, auto inoculação;
• Clima quente, ambos os sexos, preferencialmente 2-5 anos;
• Dermatite atópica: fator de risco
Molusco contagioso
• Lesões são autolimitadas e tem duração variável, maioria duram de 6 a 9 meses,
com resolução espontânea, e raramente persistem por 3 a 4 anos;
• Qualquer região do corpo, áreas expostas são mais afetadas (mucosa oral, palmas e
plantas, aréola/mamilo, conjuntiva, lábios e pálpebras são incomuns);
• Adolescentes: região inferior do abdome, coxas, órgãos genitais e área perianal
(maioria por contato sexual);
• Crianças: lesões genitais são auto inoculadas e não indicam abuso sexual, a menos
que haja outras características suspeitas
Molusco contagioso- Diagnóstico clínico

• Lesões de molusco contagioso irritadas ou escoriadas podem ser indistinguíveis de


outras dermatoses;
• Dermatoscópio: ferramenta clínica útil no diagnóstico (visualizar estruturas
não vistas a olho nu pela ampliação);
• Diagnóstico diferencial varia com idade e estado imunológico, verrugas planas,
condiloma acuminado, granuloma piogênico, tumores anexiais e histiocitose de
células de Langerhans
Molusco contagioso - Tratamento

• Aplicação de anestésicos tópicos (30 minutos a 1 hora antes do procedimento);


• Curetagem: remoção mecânica das lesões; resolução imediata; método de escolha
para o tratamento;
• Dor, sangramento e cicatrizes;
• Outras opções: crioterapia com nitrogênio líquido; hidróxido de potássio (KOH);
• É responsabilidade dos pais executar medidas que diminuam o risco de transmissão
Referências bibliográficas

1- Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria/ organizadores Dennis


Alexander Rabelo Burns... et al – 4ed—Barueri, SP: Manole. 2017

2- Leão Ennio. Pediatria ambulatorial (et al). Belo Horizonte: Coopmed, 2013.

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