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Microbiologia e imunologia – Micologia – Prof: Carlos Weber

Aula 28/09 – Micoses superficiais e cutâneas

Classificação das micoses: são duas. A primeira está ligada a questão topográfica (anatômica) onde a micose está
acometendo no organismo.

Superficial: quando ela não é profunda, terá uma característica que é a não produção do processo inflamatório. Ela
estará restrita a camada externa, e como a epiderme não é vascularizada, e ela não vai induzir um processo
inflamatório, são as micoses “estéticas”.

Em relação aos fungos, pode-se observar que uns são patogênicos (invadem o tecido e causam danos teciduais).
Outros são oportunistas, podem sobreviver em simbiose, mas eles aproveitam que o sistema imunológico tem de
cair (Ex: candidíase). Alguns fungos fazem parte da nossa microbiota, mas a cândida (pleomófico) e a malassezia
(polimórfico) conseguem sobreviver na pele e na mucosa, eles fazem parte da microbiota.

Esses fungos são geralmente leveduriforme, mas podem se organizar na forma polimórfica na pele, ou formando
pseudohifas para gerar lesão.

Esses fungos podem ser por via inflamatória ou transtegmentar.

Tem duas vias de contágio principais: inalação ou recebe por implantação é o que chama de micose subcutânea ou
micose por implantação, quando há a presença de trauma e esse trauma gera lesão.

Em relação ao organismo, existem as barreiras contra infecções, principalmente a mucosa e a pela intacta.
Mecanismos de resistência, temos vários, por exemplo: ácidos graxos saturados (cera) que conseguem desestabilizar
a parede celular e promovem lesão ao fungo e na bactéria.

pH – o ideal do crescimento fúngico é o pH ácido, no caso da mucosa vaginal que apresenta pH ácido que é para
evitar bactérias patogênicas. Essa acidificação feminina precisa ser controlada, porque se for muito ácido inibe a
microbiota endógena da mulher e isso favorece a proliferação dos fungos. Porque o fungo e a bactéria são
antagônicos, pois competem por nutrientes e espaço vital (espaço necessário para viver). Quando tem poucas
bactérias o espaço vital é liberado para os fungos e eles se proliferam.

Fatores: renovação epitelial, microbiota e transferrrina (proteína que transporta ferro), ela limita reservas de ferro
disponíveis para o microorganismo, possibilita a quantidade de ferro (micronutriente essencial para proliferação
fúngica e bacteriana = ferro)

ESTRITAMENTE SUPERFICIAL

A queratina confere a impermeabilização da pele contra microorganismos, mas a pele pode ser hidratada.

Camadas da pele:

• Estrato granuloso: não há núcleo, a célula esta metabolicamente inerte.


• Estrato lúcido: sedimentação da queratina.
• Estrato córneo: são células mortas em forma de camadas, para impermeabilização da pele.

Essas micoses estritamente superficiais estão restritas a camada córnea, no máximo ao estrato lúcido da epiderme,
ou seja, é um tecido não vascularizado. O microorganismo vai se desenvolver porque não há resposta inflamatória
nessa área, as células não vão migrar nesse local.

Esses fungos são queratinofílicos (produzem queratinases), pois seu principal metabólito é a queratina. A queratina
está nos pelos, na pele e nas unhas. Os queratinofílicos preferem também a mucosa, a pele, pelos e unhas.
Micoses:

• Estritamente superficiais: somente pelos e unhas (se limitam a camada mais externa da pele).
• Cutâneas: pelos, pele, unhas e mucosa (camada mais profunda).
• Subcutâneas: não necessariamente são queratinofílocos. Transtegmentar ou micose por implantação
(precisa de um trauma). *Derme, tecidos subcutâneos, músculos e fáscia).
• Sistêmicas: por inalação. Evolui para um órgão central/sistêmico, onde o principal foco é o pulmão.
• Oportunistas: tem a ver com a característica da infecção.

Estritamente superficial: causada por um fungo lipofílico e polimórficos.

Pitiríase versicolor e Tinea negra – de pele

• Etiologia: malassezia sp.


• Piedra Branca:
Piedra negra: De pelo São de fácil tratamento e evolução. Benignas, não afetam
a parte interna do pelo, só a externa.
• Pano branco é contagioso?
Não, a Malassesia faz parte da nossa microbiota.
A exposição solar acentua a lesão. A Malassezia faz parte da nossa microbiota e são fungos lipofílicos e
polimórficos, preferem a pele sebácea, pele oleosa, na região superior (ombro, tórax, pescoço e tronco).
• A presentam evolução benigna e crônica.
• Os principais são cultivados em meio enriquecido com bile de boi, leite de vaca ou óleo de oliva; eles são
resiste a bile e precisam de uma fonte de lipídios para se desenvolver.
• São de climas tropicais e subtropicais.
• Manchas hipocrômicas e/ou hipercrômicas.
• É uma mácula.

Tipos de lesões:

✓ Mácula: é uma mancha, p.ex: Pitiríase versicolor (lesão em forma de mancha);


✓ Pátula: é uma lesão não plana, lembra uma espinha ou “carocinho”;
✓ Vesícula: tem o caroço, mas dentro dele tem líquido;
✓ Nódulo: pátula muito grande, forma uma massa de células;
✓ Abcesso: quando a pátula tem pus;
✓ Pústula: apresenta um ducto (canal);
✓ Fístula: é o termo geral para quando a formação de um novo orifício que consegue drenar algo.

No caso da realização de um exame dermatológico é porque se um indivíduo tem fatores predisponentes para
Pitiríase versicolor, ele pode ter também para micoses cutâneas. Estão, evita-se o contato da água com esses
pacientes, porque esses outros são transmitidos horizontalmente.

Aparece o “pano branco” porque esse fungo produz ácido azeláico, que inibe a formação da melanina. Tem uma
ação anti-tirosimase, e a tirosimase é uma enzima que transforma tirosina em melanina.

Malassezia sp > Ác azeláico > Atividade anti-tirosimase interferindo na melatogenese.


Na exposição solar, nessa região não vai haver produção de melanina ou vai, só que em pouca quantidade.

Diagnóstico clínico: para lesões em mácula-hipercorada (espessamento da queratina).

• Através da lâmpada de wood > a região onde o fungo está fica acentuada.
• Sinal de Besnier (unhadada): levemente descamativa. Não é demográfica, não é uma descamação.
Passa uma lâmina em cima, se descamar é positivo.
• Sinal de Zileri (estiramento): levemente descamativa. Puxa a lesão, quando puxar e houver descamação, ela
é positiva.
• Infecção assintomática.
• Raras ocasiões: aparência popular e folículo piloso envolvido (foliculite).

Outras formas da Malassezia:

• Pityrosporum ovale orbiculare – forma leveduriforme do gênero Malassezia.


• Malassezia furfur – forma polimórfica do gênero Malassezia.

A técnica utilizada para isso é a de Jarbas Porto: descamou, põe a fita em cima quando ela cola, pega todas as
escamas.

No couro cabeludo ele está sob forma de Pityrosporum (que é a forma leveduriforme, a Malassezia é a forma
polimórfica). Ao pentear o cabelo a forma leveduriforme cai na pele e ele se transforma na forma polimórfica e
gera novamente a lesão.

Toda infecção fúngica além do contato direto com o fungo é preciso entender os:

Fatores predisponentes:

Endógenos!

• Predisposição genétca, síndrome de Cushing (produção excessiva de cortisol – hormônio de estresse que
deprime o sistema imunológico), tratamento com imunossupressor, desnutrição, dermatite seborreica
(fatores emocionais);
• Pele oleosa;
• Suor excessivo.

Exógenos!

• Calor;
• Umidade;
• Uso de roupas que ocluem totalmente a pele.

Quando a produção do ácido azeláico é excessiva a mancha se torna escura pela ação do ácido e não por causa da
melanina.

*O ácido azeláico também é usado para clarear a pele.

Malasseziose

• Geralmente é assintomática;
• Pode apresentar a aparência patular e folículo piloso envolvido, nesses casos, na maioria das vezes, são de
pacientes HIV positivo.
• Petiríase versicolor – ligeiro purido (sensação de incômodo na pele ou mucosas devido a liberação de
substâncias químicas pelo organismo.
• Foliculite > HIV
Inúmeras pátulas, lesão que mudará a cor e textura da pele
Pústulas circundando o ostíolo folicular.

Diagnóstico laboratorial:
Direto > escamas epidérmicas > método Jarbas
Porto
Tratamento: normalmente tópico, uso de shampoo a base de cetoconazol e selênio, pitirionato de zinco, octopirose,
ketoconozol, etc, que normalmente resolvem esse problema que é fortemente influenciado pelo estresse do
paciente.

Qualquer medicamento que consiga degradar a queratina, fazer com que a pele perca mais a camada córnea, pois ao
retirá-la se retira também os nutrientes desses fungos, esses medicamentos também induzem uma queda na
produção de sebo. Ação direta sobre os fungos, pois inibem a formação de ergosterol.

Tinea Nigra: agente etiológico > Exophiala wernekii

• Restrita a região plantar e palmar;


• Difere de melanócitos, porque na região plantar e palmar há pouca concentração de melanina;
• Fungo polimórfico demáceo, halofílico, queratinofílico, lipofílico;
• Assintomático;
• Diagnostico por raspagem (exame direto + cultura);
• Tratamento: cetoconazol, itraconazol, fluconazo.

Micose de pelo: é superficial pq não consegue pentrar na medula do pelo.

Piedra preta: agente etiológico > Piedraia hortae

• Difere da Piedra branca por ser mais consistente e por isso o seu tratamento é mais fácil;
• Preferencialmente couro cabeludo – tricopatia;
• Cultura – estado anamórfico assexuado;
• Solo contaminado;
• Nódulos ao longo da haste do pelo;
• Mais comum em mulheres; Tanto a Piedra branca como a
• Tratamento: compostos imidazólicos. Piedra preta não induzem a queda
do cabelo, e esse é o diagnóstico
Piedra branca: agente etiológico > Trichosporon beigelii diferencial entre Piedra e
dermatofitose.
• Afeta couro cabeludo, bigode, barba;
• Mais comum em homens;
• Acompanha um prurido (coceira);
• Assintomática;
• Baixo contágio;
• Cultura (saborô + cloraccimina);
• Tratamento: ceratolíticos, disulfeto de selênio, hipossulfito, tiossulfato, ácido salicítico, nitrato de miconazol.

MICOSE CUTÂNEA: induz processo inflamatório, coceira, ardor, dor, queimor, mais comum atingir pele e pelos.
Geralmente restrita a camadas queratinizadas.

• Estimula uma resposta inflamatória, onde a intensidade depende do estado imunológico do indivíduo e da
linhagem da espécie, que geralmente são os dermatófitos. (OBS: candidíase é uma micose cutânea não
causada por dermatófitos).
• Produzem reações alérgicas: quanto maior a umidade e temperatura, mais o fungo produz metabólitos e
mais a reação alérgica ataca;
• Apresentam maior patogenicidade: transmissão direta por utensílios.

Dermatófitos:

três grupos principais > Trichophyton, Microsporun e Epidermophyton. Tem grande preferencia por tecidos
queratinizados, pele, pelo e unhas. São queratinofílicos, mas a queratina não é essencial para sua sobrevivência. Tem
como principais características lesões secas e descamativas, bolhofitas e inflamatórias e tem padrão de crescimento
centrifugo e radial. Se dividem por fragmentação da hifa (artroconídio), invadem o estrato córneo e derme, atingem
as camadas mais profundas e gera os sinais e sintomas da infecção.

• Os fatores que predispõe essa infecção são escoriações na pele, pele seca e desidratada favorece o
aparecimento desse tipo de micose.
• Infecção endotex.

Existem três tipos de espécies de dermatófitos: a resposta inflamatória de um dermatófito é diretamente


proporcional a distancia filogenética entre o fungo, o ambiente do fungo e o organismo parasitado.

• Espécie antropofílica: parasitam preferencialmente o ser humano com resposta inflamatória branda.
• Espécie zoofílica: parasitam preferencialmente os animais com resposta inflamatória do homem maior.
• Espécie geofílica: parasitam preferencialmente pelos e penas de animais em seus ninhos com resposta
inflamatória do homem bem severa, pela grande distância filogenética.

Dermatofitose: micoses causados por dermatófitos

• Dermatofitose de pele glabra, dermatofitose ignal, dermatofitose de barba, dermatofitose de couro


cabeludo, de face, de pés e mãos, dermatofitose de unha ou onicomicose dermatofítica, dermatofítica,
tetriginosa, vesico-bolhosa ou escamoso.
• Diferença entre a onicomicose dermatofítica e candinosica:
1. Coloração: a onicomicose dermatofítica muda a coloração da unha;
2. Inflamação periunginal
3. Consistência da unha, porque o dermatófito possui queratinase e degrada a queratina.
4. Secreção purulenta na onicomicose candidosica;
• Onix – unha (Distal –borda livre da unha-, proximal – lesão na linha subunhal, típico de pacientes HIV-,
superficial –acomete geralmente crianças).
Perionix – região ao redor da unha (cândida)
• Tratamento: terminafina, itroconazol, criciofuvina e fluconazol. Mais utilizado é a terminafina. O tratamento
de onicomicose nas mãos leva 6 semanas, nos pés 12 semans, porque tecido é um pouco diferente, pois a
difusão da droga é mais facilitada nas unhas das mãos, por que são mais finas do que as unhas dos pés.

Dermatofite: paciente com dermatófito que produzem muitos metabólitos, produzindo “brotoejas”.

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