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AULA 3

DERMATOTERAPIA FUNCIONAL

Profª Rita de Cassia Alberini


CONVERSA INICIAL

Uma pele sadia é essencial para o bem-estar físico e psicológico, pois é


através da pele que nos comunicamos com o mundo. A pele é o maior órgão do
corpo humano, sendo considerada um dos órgãos mais vitais e complexos.
Uma pele sadia é tão importante quanto pulmões limpos e coração
perfeitos, além de ser considerada linha de defesa número um do corpo contra
danos físicos e invasões químicas ou bacterianas.
Tensão, estresse ou mesmo um problema grave podem atuar
negativamente na saúde da pele, somatizando, desde uma alergia, até uma
psoríase. Nossos sentimentos são externados através da pele, que age de forma
concreta, provocando a eliminação de toxinas que, expelidas através dela,
desencadeiam lesões inflamatórias.
Um desequilíbrio emocional pode atuar como agravante de um processo
acneico, ou até mesmo ser responsável pelo seu aparecimento. Na adolescência,
a acne costuma resultar de uma série de fatores interligados: predisposição
genética, meio ambiente em que a pessoa se desenvolve e outras patologias,
como efeito colateral de alguns medicamentos.
Nossa pele representa a proteção da nossa individualidade. Significa que,
de alguma forma, estamos sendo ameaçados. O medo provoca ansiedade, que
consequentemente leva o organismo a reagir de alguma forma, querendo expelir
e resolver seus conflitos internos

TEMA 1 – ACNE

A acne é conhecida como uma doença do folículo pilossebáceos,


decorrente do acúmulo de secreção sebácea.
A acne vulgar é considerada uma manifestação dermatológica muito
comum. Ela não compromete a saúde do indivíduo, mas pode ocasionar sérios
problemas psicológicos, prejudicando o bem-estar e o desenvolvimento
emocional, afetando a autoestima, e levando (principalmente os adolescentes) a
modificações comportamentais.
Comum na fase da puberdade, ataca os dois sexos em razão dos
hormônios sexuais e da predisposição genética. Surge na puberdade e afeta
milhares de pessoas. Os adolescentes são atingidos entre 80 a 90%, e ela

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prolonga-se por um tempo variável. Acomete mais o sexo masculino, devido à
influência androgênica.
O problema geralmente inicia mais cedo no sexo feminino do que no
masculino. As meninas terão acne entre os 13 e 16 anos, enquanto os meninos
começam a ter o problema aos 15, até os 19 anos. Isso não é uma regra
específica; ela pode iniciar antes ou depois. A genética também tem a sua
influência, e algumas pessoas podem sofrer com este problema depois da
adolescência. Isso é uma exceção e não uma regra.
A acne vulgar, polimorfa ou juvenil geralmente atinge a parte central que
chamamos de T (testa, nariz e queixo), e é caracterizada por comedões fechados
(microquistos) ou comedões abertos (pontos negros), e por lesões inflamatórias
(pápulas, pústulas, cistos e nódulos). Os comedões ou cravos (como são
chamados popularmente), são consequência da obstrução do fluxo de saída da
oleosidade dos folículos capilares abertos sobre a face.
Quatro fatores que favorecem o aparecimento da acne:

• Hiperqueratinização infundibular: É o excesso de queratina no folículo


piloso, que obstrui o orifício, formando os comedões ou cravos. O processo
normal de queratinização ocorre na parede do infundíbulo do folículo, da
mesma maneira que ocorre na superfície da pele. O amadurecimento dos
queratinócitos e a subsequente esfoliação interna do folículo marcam a
formação dos comedões. São diversos fatores que levam à
hiperqueratinização folicular. Ela ocorre devido a uma hiperproliferação dos
queratinócitos e/ou separação inadequada dos queratinócitos ductuais.
Nos portadores de acne, os queratinócitos fixam-se entre si, e os
queratinócitos aglomerados bloqueiam o folículo, formando o que
chamamos de “rolha córnea”, que cria os comedões. A bactéria se
desenvolve devido ao folículo obstruído, e o sistema de defesa,
reconhecendo a sua presença, arma uma resposta imune, resultando em
processo inflamatório que gera dor, calor, rubor e tumor. Na maioria das
vezes, há formação de pus, gerando pápulas e pústulas. A maior parte da
inflamação é resultado de mediadores inflamatórios que são liberados
quando as bactérias degradam o sebo.
• Colonização bacteriana infundibular: Propionibacterium acnes é uma
espécie de bactéria gram-positiva, anaeróbia, do gênero Corynebacterium,

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que faz parte da microbiota normal que habita nossa pele, sendo o principal
microrganismo envolvido na etiopatogenia da acne vulgar.
• Hiperprodução sebácea: Proliferação das bactérias, favorecendo o
aparecimento da acne. Estão presentes também, em grande quantidade, o
P. avidum e P. propionicum, que se localizam na face e no tronco superior,
locais de maior concentração das glândulas sebáceas. Elas evidenciam a
relação direta entre a população bacteriana e a seborreia local.
• Hipersecreção sebácea: Comum na adolescência. As glândulas
sebáceas produzem excesso de sebo, por conta da ação hormonal que
controlam tais funções. Elas se tornam mais ativas na fase da puberdade,
quando o aumento do sebo decorre da estimulação hormonal androgênica.
Tais glândulas são controladas por esses hormônios. O sebo é sintetizado
continuamente pelas glândulas e secretado para a superfície da pele
através do óstio do folículo pilossebáceo. As glândulas sebáceas estão
localizadas no corpo todo, sendo em maior número e tamanho na face,
dorso, tórax anterior e ombros. A excreção de lipídeos feita por essa
glândula é controlada por hormônios, que são mais ativos durante a
puberdade. A elevada produção de sebo leva a um desequilíbrio entre a
produção e a capacidade de excreção, gerando obstrução no folículo
pilossebáceo, e decorrente infecção.

Na fase adulta, a hipersecreção sebácea tende a se atenuar, reduzindo a


formação da acne, mas os hormônios continuam em atividade sobre as glândulas
sebáceas, até a fase adulta. A testosterona é quem regula a secreção dos lipídeos
masculinos. Já nas mulheres, o aumento imediato do hormônio luteinizante, em
seguida à ovulação, estimula e acelera a atividade das glândulas sebáceas. A
secreção, quando atinge um pico muito alto, exacerba erupções de acne,
geralmente alguns dias antes da menstruação. Em especial as mulheres que
apresentam alterações hormonais, com ovários policísticos, apresentam acne na
região da mandíbula e pescoço, com agravamento na TPM.
O papel chave na patologia da acne é o sebo. Além da sua ação
comedogênica, ele causa inflamação quando injetado na pele, sendo descritos
níveis de inflamação mais altos nas pessoas com acne grave.

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1.1 Inflamação folicular e dérmica subjacente

As células para se defenderem contra o P. acnes liberam enzimas


hidrolíticas intracelulares, que irão atuar na parede epitelial infundibular,
fragilizando-a e levando à saída de substâncias irritantes para a derme
subjacente, desencadeando processo inflamatório local.
Os portadores de acne apresentam alteração na capacidade de barreira
epidérmica, facilitando o surgimento de inflamação periglandular dérmica, devido
à passagem de substâncias irritantes do lúmen glandular para essa região,
principalmente por ação dos ácidos graxos livres.
O sebo acumulado pode fazer pressão, romper o epitélio folicular, e os
ácidos graxos e a proliferação de microrganismos irão atuar na derme
circunjacente, iniciando o processo inflamatório, com formação de anticorpos e a
participação de linfócitos, neutrófilos, macrófagos e linfoquinas.
A acne pode aparecer em diversas regiões, mas com maior incidência nas
regiões da face, ombros e tórax, com diversas lesões, de diferentes graus.
Em alguns quadros, a acne é tão severa que há comprometimento
sistêmico, como febre e outros sintomas.

1.2 Tipos de lesões

Tipos de lesões não inflamatórias:

• Microcomedões: Encontradas em jovens no início da puberdade,


localizadas na fronte ou dorso do nariz. Decorrentes do acúmulo de
queratinócitos no infundíbulo e da dilatação folicular.
• Comedão fechado: Possui forma esférica; o orifício folicular é visível no
centro do comedão, a lesão é esbranquiçada ou da cor da pele, similar ao
millium. É bem identificada quando esticamos a pele.
• Comedão aberto: São lesões escurecidas com abertura do óstio
proporcional ao conteúdo de sebo e queratina no interior do folículo.
Resultante do acúmulo de queratinócitos e sebo, proporciona colonização
do P. acnes. Na extremidade do comedão, veremos uma cor escura devido
a presença de melanina. Observando-se na luz de Wood, ele ficará com
uma cor alaranjada.

Tipos de lesões inflamatórias:

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• Pápulas: Lesões eritematosas, elevadas e doloridas. Persistem por
algumas semanas e a reparação é lenta. Pode deixar cicatriz depressiva e
hiperpigmentada.
• Pústulas: Lesões eritematosas, com secreção amarelada (pus).
• Nódulos: Lesões eritematosas, maiores, de consistência fribroelástica,
resultantes do rompimento de comedões e processo inflamatório, podendo
originar abcessos. O comedão é destruído e a secreção sebácea e os pelos
irão gerar uma reação inflamatória crônica de corpo estranho, podendo
permanecer por semanas ou meses, deixando uma desagradável cicatriz.

TEMA 2 – CLASSIFICAÇÃO E VARIAÇÕES DA ACNE

A acne, para ser tratada, tem que ser analisada para verificarmos em que
grau se encontra. Sabendo classificar o grau, podemos definir o tratamento mais
adequado.
Existem também diferentes tipos de acne que não podemos manipular;
temos também que reconhecer lesões que se assemelham à acne, para
encaminhar ao dermatologista, pois não podem ser tratadas pela área da estética,
mas sim com medicamentos oral e tópico, próprios da área médica.
Saber classificar e definir o tipo de acne do paciente é o principal ponto de
partida para propor um bom tratamento ou encaminhar o paciente a quem de
direito. A classificação mais comum é a que divide a acne em 5 graus:

• Acne grau I – comedogênica e não inflamatória, com algumas pápulas e


raras pústulas.
• Acne grau II – pápulo-postulosa e inflamatória; presença de comedões
abertos e fechados, lesões inflamatórias como pápulas, pústulas e
seborreia.
• Acne grau III – nódulo-cística e inflamatória ou nódulo-abscedens.
Apresenta comedões, pústulas e lesões maiores como nódulos e
abscessos.
• Acne grau IV – conglobata e inflamatória; apresenta todos os quadros da I
até o IV, além de nódulos purulentos, numerosos e grandes, formando
abcessos e fístulas com pus, podendo levar a lesões queloidianas.
Acomete geralmente o sexo masculino, aparecendo mais na face, pescoço

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e a porção anterior e posterior do tórax, podendo chegar até a região dos
glúteos.
• Acne grau V – ulminante ou fulminans. É extremamente rara, devastadora
e grave. Tem início abrupto, ataca frequentemente o sexo masculino,
poliartralgia. Causa febre, aumento de leucócitos, poliartralgia com
infecção e necrose, hemorragia em algumas lesões. Sua causa é
desconhecida, mas acredita-se que pode estar relacionada com prováveis
mecanismos inflamatórios e imunológicos. Acredita-se também que a
predominância no sexo masculino pode ser explicada pela alta taxa de
testosterona durante a puberdade. Este tipo de acne só pode ser tratadO
pela área médica.

Figura 1 – Tipos de acne e espinhas

Crédito: ksenia_bravo_design/Shutterstock.

2.1 Erupção acneiforme por indução interna ou sistêmica

Muitas vezes, ao se fazer a anamnese, detectamos com certas erupções


acneiformes, que podem ser causadas por agentes que atuam na pele
(contactantes), ou por absorção (endotantes), que podem ser ingeridos, inalados
ou injetados. A alteração na epiderme irá surgir com a alteração do folículo
pilossebáceo, mas não apresentará comedões. Pode atingir a face, região anterior
e posterior do tronco, braços, nádegas e coxas. As lesões se apresentarão no
mesmo estágio (monomorfo) de evolução aguda ou subaguda.

2.2 Acne neonatal

Este tipo de acne acomete o recém-nascido em suas primeiras semanas


de vida. Suas causas são ainda desconhecidas, mas acredita-se que seja
provocada pelos andrógenos maternos circulantes e por alterações hormonais

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intrínsecas específicas do recém-nascido. É um fator passageiro, mas deve ser
tratado por dermatologista para evitar sequelas ou cicatrizes. A estética não atua
neste tipo de acne.

2.3 Acne infantil

São casos persistentes do neonatal, ou que aparecem entre o terceiro e o


sexto mês, estendendo-se até os quatro anos de idade. Comum no sexo
masculino, acredita-se estar ligada a distúrbios endocrinológicos. Dura alguns
meses e pode sumir espontaneamente. Somente tratamento médico.

2.4 Acne medicamentosa

Alguns medicamentos são responsáveis pelas erupções acneiformes, por


absorção, ingestão, injeção e via percutânea. Quase sempre atinge a face, região
anterior e posterior do tórax, braços, a região glútea e a coxa. Os responsáveis
pelo aparecimento dessas lesões são: andrógenos, corticoides e os
anticoncepcionais. Outras substâncias que também podem estar envolvidas são
os alógenos (iodo, cloro, bromo) e as vitaminas (B12, B6, B1 e D2), rifanpicina,
etionamida, fenobarbitúricos, trimetadiona, hidantoina, lítio, hidrato de cloral etc.
O tratamento consiste na suspensão do medicamento. Em casos em que não
pode ser feita a suspensão do medicamento, os dermatologistas entram com
antibiótico tópicos e sistêmicos (isto quando o quadro clínico é muito severo).

2.5 Acne ocupacional

Acomete áreas expostas ou cobertas por vestimentas sujas, comum em


metalúrgicos (óleos de corte) e mecânicos (graxas); a cloroacne é uma forma
grave de acne ocupacional, causada por contaminação ambiental ou uso industrial
de hidrocarbonetos clorados, presentes nos defensivos agrícolas. Ocorre pela
obstrução dos folículos pilosos, com irritação e infecção secundária. Para que
ocorra a cura, é necessário afastar-se dos agentes causadores. Na falta da
possibilidade de afastamento, é preciso utilizar produtos queratolíticos, e se
houver infecção bacteriana são indicados produtos antissépticos.
Em trabalhadores que manipulam clorados, é importante frisar que, além
da absorção percutânea, há também absorção pulmonar; nesses casos,

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observam-se complicações pulmonares, hematológicas, neurológicas, hepáticas
e metabólicas. Alguns casos severos podem levar à morte.

2.6 Acne cosmética

Comum no sexo feminino entre 20 a 50 anos, por conta produtos mal


adaptados à pele, induzem a essa condição. A causa mais comum é o uso de
cremes com base cremosa tipo pancake, cremes emolientes e protetores solares
cremosos. Algumas substâncias usadas em cosméticos são comedogênicas;
cerca de 50% dos cremes faciais têm alguma ação comedogênica. O uso
exagerado de alguns sabões contendo hexaclorofeno pode ter efeito
comedogênico. Os comedões e as pápulas irão aparecer até em pessoas que não
apresentam pele seborreica. Para obtenção de resultados, devemos suspender o
uso do produto inadequado.

2.7 Acne tropical

Este tipo de acne é comum nos meses de verão, pelo efeito do calor, e
desaparece com a mudança do clima. Geralmente, acomete pessoas que têm
muita sudorese. A fisiopatologia do processo poderia estar relacionada com a
presença de edema do orifício folicular e inflamação subsequente. As lesões
apresentam-se com características pápulas vermelho-violáceas endurecidas e
pústulas, algumas vezes com certo grau de prurido; geralmente localizam-se no
tronco, ombros, e estendem-se para os braços. Os fotoprotetores oleosos e
horários inadequados de exposição solar pioram muito esse quadro. Em casos
brandos, o uso de substâncias queratolíticas e sabonetes antissépticos ajuda a
resolver. Em casos muito severos, devemos encaminhar ao médico para uso de
antibióticos.

2.8 Acne mecânica

Este tipo de acne aparece pela ação de traumas físicos repetitivos na pele,
como pressão, tensões, alongamentos e estiramentos. Geralmente é causada
pelo uso de chapéus, bonés, faixas de cabelo, colares e fitas cirúrgicas, e calças
jeans muito apertada.

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2.9 Acne escoriada

Aparece em indivíduos ansiosos e superativos que encontram, na


manipulação de seus comedões, uma forma de compensar suas neuroses.
Reflete o estresse da pessoa, propiciando o desenvolvimento de cicatrizes e
manchas inestéticas. Em alguns casos, é recomendável o encaminhamento para
tratamento psicológico. É um tipo de autoagressão.

2.10 Acne adulta

Este tipo de acne geralmente está ligado a fatores hormonais, relacionadas


à ovários policísticos, ou aumento dos hormônios androgênicos que são
responsáveis pela produção de sebo das glândulas sebáceas, que obstrui o
folículo pilossebáceo, formando comedões. Tem localização mais frequente na
região perioral, mandíbula e pescoço, ficando mais irritada e exacerbada no
período pré-menstrual.

TEMA 3 – ROSÁCEA

Doença vascular da pele, caracterizada por uma intensa vermelhidão facial.


Afeta a pele geralmente na região centro-facial. Chamada erroneamente de “acne
rosácea”, pois a acne é uma doença da glândula sebácea, diferentemente da
rosácea, que é caracterizada pela dilatação dos vasos sanguíneos. Embora a
rosácea possa apresentar algumas lesões semelhantes às da acne, elas são
doenças cutâneas distintas.
Sua origem ainda é desconhecida, mas acredita-se que pode se manifestar
por estímulos de fundo nervoso e transtornos viscerais em suas mais diversas
causas. Afeta geralmente adultos entre 30 e 50 anos de idade, sendo mais comum
em mulheres. Também pode atingir os homens, casos em que o quadro se
complica, e tende a ser mais grave, evoluindo para uma “rinófima”.

3.1 Causa da rosácea

Acredita-se que a rosácea seja causada por um agente infeccioso. Existem


teorias de que ela pode ser causada por um tipo de fungo chamado pitirósporo,
por bactéria, ácaros, disfunção de tecidos conectivos na pele, ou fatores
psicológicos. Mas nada foi comprovado até o presente momento. Há uma

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predisposição familiar e genética (mais comum em brancos e europeus), como
também forte predisposição psicológica. A sensibilidade, por sua vez, pode ter
como causa a hereditariedade, a cor da pele e a própria estrutura da pele.
Embora a causa da rosácea ainda seja um mistério, a presença de eritemas
e teleangectasías na região central da face, acompanhadas de pápulas e
pústulas, geralmente é de fácil diagnóstico. Existem quatro tipos de rosáceas:
eritemato-telangectasica (subtipo 1), papulopustuloso (subtipo 2), fimatoso ou
rinófima (subtipo 3), e ocular (subtipo 4), que pode acompanhar qualquer um dos
outros ou apresentar-se isoladamente.

3.2 Sintomas da rosácea

O primeiro sintoma é vermelhidão persistentes na região centro-facial,


podendo ser confundida com rubor ou queimadura de sol. Facilmente se irrita com
ácidos e produtos dermatológicos. Aos poucos, a vermelhidão tende a ser
permanente, e aparecem as teleangectasías, pápulas e pústulas, podendo ocorrer
edemas e nódulos. Surgem com frequência sintomas oculares: secura nos olhos
e sensível a inflamação nas bordas palpebrais (blefarite). Aos poucos, os sintomas
podem se tornar mais proeminente, variando de pessoa para pessoa. As lesões
podem não se desenvolver.
Sinais e sintomas típicos:

• Flushing facial com vermelhidão abrupta e sensação de calor como se


fosse um surto de vasodilatação;
• Teleangectasias: dilatação de pequenos vasos permanente;
• Eritema facial persistente, com possível edema;
• Pápulo-pustulosas: podem ocorrer nódulos; as pápulas podem,
eventualmente, formar placas granulomatosas (rosácea lupóide);
• Rinófima: espessamento irregular, nariz inchado e vermelho, dilatação
folicular, levando a aumento e deformação da região. Esses
espessamentos podem ocorrer em outras regiões (frontal, maçãs do rosto
e pavilhões auriculares);
• Alterações oculares: ocorrem em 50% dos casos (irritação, ressecamento,
blefarite, conjuntivite e ceratite).

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3.3 Tratamento da rosácea

Não existe cura para a rosácea, mas sim controle. O dermatologista deve
atuar imediatamente, para que os sintomas não se agravem. Problemas que
podem agravar a rosácea devem ser afastados ou controlados, como bebidas
alcóolicas, exposição solar, vento, frio, ingestão de comidas quentes
(principalmente condimentos fortes, como pimenta).
O tratamento se inicia com sabonetes apropriados, filtros solares com
elevada proteção, uso de antimicrobianos tópicos e antiparasitários. Em casos
persistentes e reincidentes, utiliza-se isotretinoina oral em doses baixas.
O laser e a luz pulsada são excelentes para o tratamento das
teleangectasías. Esse tipo de pele é extremamente sensível a produtos químicos
e físicos, como sabões, higienizadores alcoólicos, adstringentes, abrasivos e
peelings.

3.4 Prevenção

É muito importante avaliar o paciente como um todo, acompanhar seu


histórico, como iniciaram os sintomas e quando começou o problema. Observar
fatores pessoais e familiares, traumas psicológicos, alcoolismo, exposição à luz
no trabalho ou lazer, grau de stress. Controlando esses fatores, é possível
monitorar com eficácia.
O rosto simboliza o que pensamos sobre o nosso ambiente (Cairo, 1999).
Quando pensamos e sentimos somente coisas feias sobre o comportamento das
pessoas que estão à nossa volta, aparecem manchas, acnes e inflamações na
pele do rosto. Ao contrário, se pensarmos e sentirmos somente coisas boas sobre
o comportamento alheio, procurando compreender as razões das outras pessoas,
o rosto espelhará uma fisionomia suave, jovem e bonita.

3.5 Orientações gerais

• A doença é crônica, benigna, com surtos e recidivas.


• Conscientização sobre a doença que não tem cura. Somente controle.
• Registrar diariamente os fatores agravantes (se passou ódio, raiva, choque
emocional, estresse, choro etc.).
• Proteção solar diariamente.

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• Evitar álcool e comidas apimentadas.
• Utilizar maquiagem corretiva com proteção solar.
• Cuidar com exercícios exagerados, sol, drogas vasodilatadoras, ácidos
tópicos, sabonetes agressivos com álcool ou acetona, esfoliações e
tratamentos agressivos.
• Acompanhamento com dermatologista periodicamente.

TEMA 4 – DERMATITES

A dermatite também é conhecida como eczema. É um termo genérico que


significa inflamação da pele, geralmente por reação a um químico. Aparecem de
várias formas, variando apenas na gravidade. Todas se caracterizam por
vermelhidão, bolhas, inchaços, exsudação e fissuração da pele. Ocorre também
coceira e ardor. A dermatite tem cura e pode surgir em qualquer idade.
Normalmente, essa erupção cutânea apresenta pequenas bolhas pruriginosas
que levam o indivíduo a se coçar, podendo alastrar-se para outras regiões.
As dermatites podem ser classificadas de acordo com critérios clínicos e
etiopatogêncios. São identificadas de acordo com seus sintomas e causas.

4.1 Dermatites atópicas

Inflamação crônica e pruriginosa das camadas superiores da pele,


caracterizada por lesões vermelhas acinzentadas, acompanhadas de coceiras e
descamações, especialmente em dobras da pele. Geralmente, afeta indivíduos
com distúrbios alérgicos e tendência hereditária para produzir excesso de
anticorpos, em resposta a vários estímulos diferentes.
O estresse emocional, as alterações de temperatura e de umidade, e as
infecções cutâneas, podem piorar a dermatite atópica. Lactentes com alérgicas
alimentares podem apresentar lesões hiperêmicas secretantes, que formam
crostas na face, no couro cabeludo e na região perineal. Tanto em crianças como
em adultos, as erupções são comuns nas regiões genicular e cubital posteriores.

4.2 Dermatite seborreica

Doença crônica comumente chamada de seborreia, caspa ou eczema.


Aparece geralmente em regiões com aumento de oleosidade pelas glândulas
sebáceas, ou pela presença de um fungo chamado Malassezia furfur. Pode

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aparecer também nas regiões das sobrancelhas, cílios, centro do rosto, peito e
dobras da pele.
Apresentam-se na forma de lesões avermelhadas ou descamações, com
prurido na região do couro cabeludo, nos supercílios, barba e proximidades do
nariz, posterior às orelhas e ao longo do tronco. No bebê, é conhecida como crosta
láctea. Os fatores reguladores interferem na evolução da dermatite; entre eles
estão o estresse emocional, consumo do álcool e alimentos gordurosos; além dos
fatores locais: banhos muito quente, fatores climáticos e baixas temperaturas.

4.3 Dermatite hipertiforme

Doença crônica da pele causada por intolerância ao glúten. Caracterizada


por pequenas bolhas que provocam sensação de queimação intensa e coceira. O
tratamento deve ser feito com a retirada de alimentos que contenham glúten e
remédios específico.

4.4 Dermatite de contato ou alérgica

É uma inflamação causada pelo contato de determinada substância,


provocando lesão, e permanecendo em área específica e com limites bem
definidos. Essa substância pode causar dermatites em decorrência de
mecanismos irritativos e alérgicos, muito comum quando um indivíduo entra em
contato com alguma substância, como perfume, loção pós-barba ou sabonete. A
exposição repetida a esse agente pode provocar irritação e ressecamento da pele.
Substâncias como ácidos, ou álcalis e solventes, podem provocar alterações
cutâneas de imediato.
As causas mais comuns da dermatite alérgica são: cosméticos, como
esmaltes, pós-barba, perfumes, hidratantes, filtros solares e cremes de limpeza
de pele que contenham medicamentos (antibióticos, anti-histamínicos ou
anestésicos); luvas de borracha, calçados e roupas íntimas, em cuja fabricação
foram utilizados produtos químicos, e tintas de cabelo que tenham em sua
formulação substâncias alergênicas e irritativas.
As bijuterias têm um metal chamado níquel, que é um grande causador de
dermatite de contato. Pessoas que trabalham em contato com esse metal também
poderão desenvolver um tipo de dermatite, chamada dermatite ocupacional.

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4.5 Dermatite numular

Não se sabe ao certo as causas dessa dermatite. Apresenta-se com


erupção cutânea e pruriginosa, e ocorre inflamação com manchas arredondadas
com formato de moeda. Acredita-se que esse tipo de dermatite pertence à
dermatite tópica. Afeta geralmente pessoas de meia-idade, sendo mais frequente
no inverno, acompanhada de pele seca. Aparece nas regiões das nádegas e
tronco. As áreas afetadas ficam pruriginosas, com vesículas, crostas e escamas.

4.6 Dermatite de estase

Afeta a região das pernas e é considerada uma hiperemia crônica,


acompanhada de descamação, calor e edema, resultante do acúmulo de sangue
local. Afeta indivíduos com varizes e edemas, por apresentarem insuficiência
cardíaca ou renal. Tende a ocorrer em pessoas com veias varicosas (veias
dilatadas e retorcidas) e inchadas (edemas), na parte inferior das pernas, que
depois desenvolvem insuficiência venosa crônica. As principais causas desse tipo
de dermatite são: genética e hormonal.

TEMA 5 – DISCROMIAS CUTÂNEAS

As alterações pigmentares da pele levam a uma insatisfação muito grande,


podendo ser traumatizantes, por serem evidentes, e podendo levar a transtornos
de autoimagem e baixa autoestima. As manchas de pele podem surgir em várias
partes do corpo, em cores e em formatos diferentes.
Os produtos cosméticos com função de clareamento de pele se tornaram
consideravelmente mais comuns nos últimos anos. As desordens pigmentares
são como a terceira causa de problemas dermatológicos, com maior incidência
entre hispânicos e latinos.

5.1 A melanina e a cor da pele

As pessoas não apresentam a mesma cor de pele. A coloração é um fator


de grande relevância na busca de uma aparência saudável, mas depende da
origem racial, da estação do ano e também do sexo. A coloração depende de
vários fatores, como a espessura da pele, a condição do extrato córneo, até a
quantidade de pigmentos existentes.

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A coloração depende principalmente da melanina produzida pelos
melanócitos.
A melanina é um pigmento endógeno, sintetizado pelos melanócitos, que
são células especializadas, presentes na camada basal da epiderme, entre os
queratinócitos basais. Os melanócitos, juntamente com os queratinócitos e as
células de Langerhans, formam a unidade melanocitária, onde ocorre a
melanogênese (síntese da melanina). A melanogênese é controlada pelo
hormônio estimulador do melanócito (MSH), além do estrógeno e da
progesterona, e pela enzima tirosinase.

5.2 Discromias

É um termo utilizado para descrever anomalia ou alteração na pigmentação


da pele, podendo ser de origem endógena ou exógena. Suas causas e alterações
na cor da pele incluem diversos fatores: excesso de exposição à radiação solar
UV, alterações hormonais, reações alérgicas, alterações genéticas, alterações
metabólicas, acidentes tipo queimaduras, estresse psicológico, certos tipos de
medicamentos (antibióticos, analgésicos, entre outros), causas nutricionais,
alterações metabólicas.
A pigmentação da pele se deve sobretudo à presença de melanina nos
macrófagos (melanófagos). A melanina é a principal fonte da cor da pele, sendo
o elemento responsável pelas diferenças individuais e raciais. Os locais
comumente afetados pela discromia são: braços, face, mãos, ombros, costas e
pernas. Normalmente, surgem por ausência, diminuição ou excesso de melanina,
e são classificadas, de acordo com sua distribuição anômala, em acromias,
hipocromias e hipercromias.

5.2.1 Acromias

Acromia é a ausência de pigmentação. Caracterizada por manchas brancas


de diferentes formas, com total ausência de melanina. Quando aparecem
manchas hiperpigmentadas em volta, são denominadas leucomelanodermias.

5.2.2 Hipocromias

A hipocromia tem esse nome devido à pouca pigmentação. Também


chamada de hipopigmentações, hipomelanoses ou leucodermias. Aparecem

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como manchas mais claras que o tom da pele do indivíduo, caracterizadas pela
diminuição da melanina epidérmica. São provocadas pela ausência de
melanócitos e por problemas na formação e transferência de melanossomas para
os queratinócitos, ocasionado a produção insuficiente de melanina. Pode haver
correlação com a falta de vitamina B.

5.2.3 Hipercromias

Desordens de pigmentação originadas em uma produção exagerada de


melanina, São chamadas de máculas e, quando difusas ou regionais,
melanodermias. Caracterizadas pelo excesso de pigmentação, originadas pela
produção em excesso de melanina. Podem aparecer devido aos seguintes
fatores: envelhecimento, alterações hormonais, inflamações, alergias, exposição
solar, estresse psicológico.
São diversos os tipos de hipercromias:

• Lêntigo solar – surge no tórax como resultado de exposição solar.


• Mancha mongólica – também resultante da exposição solar, ocorre
principalmente em pessoas negras, e é de localização dérmica.
• Lêntigo senil – decorrente de anos em exposição solar, localizam-se
principalmente nas mãos, braços e face.
• Efélides – conhecidas como sardas, aparecem geralmente em pessoas
claras e ruivas. São manchas planas, arredondadas ou geométricas,
castanhas ou marrons. Localizam-se comumente na face, mas podem
também aparecer nas partes descobertas do corpo. Frequentemente, são
hereditárias, e quando expostas ao sol, ou à luz ultravioleta artificial,
tendem a aumentar.
• Melasma ou cloasma – localizadas com frequência na face, muito comuns
em mulheres grávidas (chamados de cloasma gravídico), devido a
alterações hormonais que ocorrem na gestação.

Suas causas são desconhecidas, mas estão ligadas a exposição solar,


anticoncepcionais, fatores emocionais, fatores genéticos, fatores hormonais,
fatores raciais, e alguns medicamentos. Percebe-se que as pessoas que possuem
manchas na face têm um histórico de exposição exagerada ao sol, mas também
se suspeita que o calor seja um fator subjacente.
Existe três tipos de melasmas:

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1. Melasma epidérmico – a formação de melanina aparece somente no nível
da epiderme.
2. Melasma dérmico – o melasma está em nível mais profundo, e atingiu a
derme. Seu clareamento é mais difícil.
3. Melasma misto – as manchas já atingiram tanto a epiderme quanto a
derme.

5.3 Melanose periocular ou hiperpigmentação periorbitaria (olheiras)

É um distúrbio da região periorbital, com consequente depósito de


pigmentos castanho-amarelados na epiderme. A hiperpigmentação periorbitaria é
uma disfunção estética decorrente da diferença de cor entre as pálpebras
inferiores e o restante da face. Ocorre principalmente em mulheres morenas,
tendo caráter genético ou constitucional. Existe indivíduos que apresentam a pele
mais fina do que outros, permitindo que tanto a melanina como os músculos que
se localizam abaixo dos olhos transpareçam através da pele dessa área. As
olheiras são sempre agravadas pela exposição solar e pela “lentidão” da
circulação venosa na região palpebral.
Principais causas e fatores desencadeantes da hiperpigmentação
periorbitária:

• Propensão genética;
• Aumento da produção e depósito de melanina;
• Depósito de hemossiderina (pigmento resultante da transformação do
pigmento do sangue);
• Alterações hormonais;
• Estresse físico e mental;
• Reações alérgicas;
• Exposição solar e radiação uv (foto envelhecimento);
• Alcoolismo e tabagismo.

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REFERÊNCIAS

BERGFELD, W. Guia para uma pele saudável e jovem. Rio de Janeiro: Campos;
1977.

CAIRO C. Linguagem do corpo. São Paulo: Mercuryo, 1999.

MACEDO, O. A ciência da beleza. São Paulo: Marco Zero, 1989.

MACKIE R. A saúde da pele. São Paulo: Experimento, 1996.

OLIVEIRA, A. et al. Curso didático de estética. 2. ed. São Caetano do Sul:


Yendis, 2014. v.1

PEREIRA M. Cosmetologia. São Caetano do Sul: Difusão, 2013.

_____. Recursos técnicos em estética. São Caetano do Sul: Difusão, 2013. v. I.

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