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FARMACOLÓGICAS
E INTERAÇÕES
MEDICAMENTOSAS
NA ESTÉTICA
Introdução
A acne é uma doença ocasionada por distúrbios dos folículos pilossebá-
ceos, que comumente ocorre na região da face e do tórax, sendo muito
frequente nos adolescentes, mas também pode manifestar-se na fase
adulta. De forma geral, a acne é classificada como não inflamatória e
inflamatória. A acne não inflamatória, também chamada de acne grau I,
é caracterizada pela presença de comedões, sem processo inflamatório.
Já na acne inflamatória, além da presença de comedões, pode ocorrer
o aparecimento de pústulas, pápulas, nódulos e abcessos inflamatórios;
dependendo das lesões características, é classificada como acne de grau
II, III, IV ou V. Somado ao incômodo causado pelas lesões, o comprometi-
mento estético ocasionado pelas alterações na pele pode gerar alterações
psicossociais, como insegurança, timidez e ansiedade, com consequências
e traumas que podem persistir pelo resto da vida.
Neste capítulo, você vai estudar os principais distúrbios da secreção
sebácea, partindo de uma breve introdução sobre os aspectos fundamen-
tais da pele e da secreção sebácea. Você vai verificar os medicamentos
utilizados no tratamento e seus mecanismos de ação, bem como os
medicamentos que podem desencadear esses distúrbios sebáceos.
2 Fármacos e secreção sebácea
Aparelho pilossebáceo
As glândulas sebáceas, localizadas na epiderme, estão presentes em toda a
pele, com exceção das regiões palmoplantares. Essas glândulas são compos-
Fármacos e secreção sebácea 3
tas por vários lóbulos, e cada um apresenta uma camada de células cúbicas
basófila, células germinativas e células de abundante citoplasma, repleto de
gordura. A glândula sebácea é do tipo holócrino, e o produto da sua atividade
é o sebum. Essas glândulas são ativadas pelos androgênios independentes de
estímulos nervosos (RIVITTI, 2018).
Os pelos são estruturas filiformes, constituídas por células queratinizadas
produzidas pelo folículo piloso. Existem dois tipos de pelos: os lanugos, que
possuem pilosidade fina e clara, e o pelo terminal, que corresponde ao pelo
espesso e pigmentado. Os pelos possuem uma parte livre, a haste, uma porção
intradérmica e a raiz, segundo Rivitti (2018). Em anexo ao folículo piloso, estão
a glândula sebácea, o músculo eretor do pelo e o duto excretor de glândulas
apócrinas, que desemboca no folículo piloso, acima da glândula sebácea
(RIVITTI, 2018). A Figura 1 apresenta a estrutura pilossebácea.
Fibra pilosa
Glândula
sebácea
Músculo
eretor do pelo
Região do bulbo
com células-tronco
do folículo piloso
Matriz
Melanócito
Papila dérmica
Fisiopatologia da acne
A patogênese da acne é complexa, e existem diversos fatores que contribuem
para o desenvolvimento da lesão. Dentre eles, segundo Soutor e Hordinsky
(2015), estão:
Classificação da acne
A acne é classificada como não inflamatória, quando há presença somente de
comedões, ou inflamatória, que se subdivide nos graus II, III, IV e V, conforme
o número, a intensidade e as características das lesões (RIVITTI, 2018).
Acne inflamatória
Acne de grau II
Figura 4. Acne de grau III, com a presença de comedões, pápulas e lesões nodulares.
Fonte: Rivitti (2018, p. 459).
Acne de grau IV
Figura 5. Acne de grau IV, com a presença de comedões, pápulas, nódulos e abcessos.
Fonte: Rivitti (2018, p. 459).
Acne de grau V
Peróxido de benzoíla
O peróxido de benzoíla, em sua formulação creme, gel ou loção, vem sendo
amplamente utilizado como recurso terapêutico no tratamento tópico da acne,
indicado nas formas leves e moderadas. É considerado um agente oxidante,
cuja eficácia se deve às propriedades antibacterianas e devido ao potencial
ceratolítico. Assim, a terapia com peróxido de benzoíla tem demostrado re-
dução dos teores de lipídios e ácidos graxos livres e ligeira descamação, com
a redução dos comedões e das lesões acneicas (BENZAC AC, 2013). Após
esse agente tópico penetrar no extrato córneo e/ou nos orifícios foliculares, é
metabolizado em ácido benzoico.
Apesar de não haver evidências de toxicidade sistêmica causada pelo
peróxido de benzoíla em humanos, ele pode causar dermatites de contato
alérgicas ou irritativas, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia
(SBD, 2017). O peróxido de benzoíla deve ser aplicado, na primeira semana,
uma vez ao dia, nas dosagens mais baixas, com aumento na frequência e na
dosagem nas semanas posteriores. Os efeitos adversos mais comuns são res-
secamento da pele, eritema e descamação (BRENNER et al., 2006; SOUTOR;
HORDINSKY, 2015).
12 Fármacos e secreção sebácea
Ácido azelaico
O ácido azelaico possui ação comedolítica e antibacteriana contra bactérias
P. acnes. Somado a isso, apresenta efeito clareador nas hiperpigmentações
pós-inflamatórias ocasionadas pela acne (SOUTOR; HORDINSKY, 2015;
KATZUNG; TREVOR, 2017). No tratamento da acne com ácido azelaico, é
comumente indicada na primeira semana de terapia a aplicação do gel (15%)
ou creme (20%) uma vez ao dia, com aumento na frequência de aplicação ao
longo das semanas de tratamento, segundo Katzung e Trevor (2017).
No Quadro 1 a seguir, são apresentados os medicamentos retinoides, os
antibióticos e os medicamentos com efeito antimicrobiano de uso tópico
utilizados no tratamento da acne.
Nome Exemplos de
genérico apresentação Observações
Retinoides
(Continua)
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(Continuação)
Nome Exemplos de
genérico apresentação Observações
Isotretinoína
É um medicamento da classe dos retinoides de ação antisseborreica, específico
para tratamento oral das acnes grave, nódulo-cística e conglobata e dos quadros
moderados a graves de acne (KATZUNG; TREVOR, 2017). Esse fármaco
é muito eficaz na cura da acne, pois age em todos os fatores etiológicos da
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Fármacos e secreção sebácea 17
androgênios;
alguns anticoncepcionais (etinilestradiol);
vitaminas do complexo B (vitamina B12);
fenobarbitúricos (fenobarbital);
hidantoína (fenitoína);
ciclosporina;
lítio;
corticoides (as erupções de acne promovidas pelo uso de corticoide são
bem comuns e geralmente acometem indivíduos com propensão à acne).
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Leituras recomendadas
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Campinas: Sanofi-medley, 2017. 1 bula de remédio (4 p.).
CLORIDRATO DE CLINDAMICINA: Capsula dura de 300 mg. Responsável técnico Andreia
Cavalcante Silva. Anápolis: Teuto, 2018. 1 bula de remédio (4 p.).
CLORIDRATO DE TETRACICLINA: Cápsulas de 500 mg. Responsável técnico Jadir Vieria
Junior. Juiz de Fora: Medquímica, 2017. 1 bula de remédio (4 p.).
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