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Neurolocomoção Rita Maria _ XXIX

Problema 1 – Fechamento 1 • Mecanorreceptores: grupo diversificado sensível a


estímulos mecânicos (sensores de audição e
equilíbrio do ouvido, barorreceptores).
1)Caracterizar os receptores periféricos das vias sensitivas
(propriocepção, tato, vibração, pressão, calor, dor e frio). Quanto à localização:
Exteroceptores: na superfície externa do corpo e são
ativados por agentes externos (luz, pressão, calor), possuem
TERMOS E DENOMINAÇÕES sensibilidade superficial;
Proprioceptores: nos músculos, tendões, ligamentos e
Fibra nervosa espinhal: chega ao SNC pela medula cápsulas articulares, seus impulsos podem ser conscientes
espinhal (atingem o córtex e permitem ao indivíduo perceber seu
corpo e seus movimentos, sendo responsáveis pelo sentido de
Fibra nervosa craniana: chega ao SNC pelo encéfalo posição e movimento) ou inconscientes (regulam atividade
muscular sem nenhuma sensação) e possuem sensibilidade
Origem real: local onde se encontra o corpo do neurônio profunda;
que constitui o nervo Interoceptores: nas vísceras e vasos originam as sensações
viscerais pouco localizadas (fome, sede, dor visceral) e em
Origem aparente: entrada do nervo na superfície do SNC sua maioria originadas de forma inconsciente para informar
ou ponto de emergência ao SNC informações de coordenação da atividade visceral
e por isso são considerados receptores somáticos de
Fibra A: grande calibre, de nervos mistos ricamente
sensibilidade profunda.
mielinizada, dividida em alfa, beta e gama (velocidade)
OBS: A propriocepção consciente depende das informações
Fibra B: pré-ganglionar do SNA levadas ao SNC por fusos neuromusculares e órgãos
neurotendinosos, que podem contar com a ajuda de receptores
Fibra C: pós-ganglionar não mielinizada do SNA (impulso das articulações.
térmico e doloroso)
Os receptores somáticos da pele são, em sua maioria,
mecanorreceptores ou quimiorreceptores que codificam
As extremidades nervosas podem ser aferentes (sensitivas) intensidade, duração e posição, por meio de um estímulo, o
ou eferentes (motoras). que faz com que o SNC gere as percepções. Podem ser:
São aferentes se, após estímulo (mecânico, calor..), originar
um sinal nervoso que segue pela fibra até o corpo neuronal Livres: terminações das fibras que perdem a bainha de
e é então levado ao SNC onde é interpretado e resulta nas mielina, preservando o envoltório de células de Schwann.
diversas formas de sensibilidade. Ocorrem na pele, possuem adaptação lenta e transmitem
São eferentes quando são elementos pré-sinápticos e informação de tato grosseiro, dor, temperatura,
inervam músculos e glândulas. propriocepção e alterações no folículo piloso.

- TERMINAÇÕES NERVOSAS SENSITIVAS - • Discos de Merkel: pequenas arborizações nas


extremidades das fibras mielínicas que fazem
Receptores sensoriais são estruturas capazes de responder contato com células epiteliais especiais e estão
a um estímulo físico ou químico e transforma-lo em atividade envolvidos no tato e pressão contínuos;
bioelétrica para ser interpretado pelo SNC. Eles possuem
especificidade, ou seja, maior sensibilidade a determinada • Nociceptores: encontrados por todos os tecidos
faixa de certo estímulo e dificilmente são ativados por outra corporais, sinalizam lesão ou risco de lesão no
forma de energia, que não a específica. tecido corporal e resultam na dor consciente. São
Receptores especiais se relacionam com o neuroepitélio e ativados, seletivamente, por estimulo mecânico
fazem parte dos órgãos especiais do sentido. intenso, extremas temperatura, falta de oxigênio e
Receptores gerais estão por todo o corpo e correspondem exposição a produtos químicos (lactato – dor
ao sistema sensorial somático, respondendo a estímulos. muscular/picada – histamina) sendo a maioria
Receptores livres são terminações nervosas não associadas a polimodal. Podem chegar à hiperalgia se houver
epitélios ou formações conjuntivas que são responsáveis por liberação de substâncias moduladoras de
um tipo de sensibilidade, que pode ser à temperatura, dor excitabilidade (histamina, bradicinina) que vão
ou ao tato, por exemplo. causar sensibilização dos receptores ao redor da
lesão.
Quanto ao estímulo adequado:
Quimiorreceptores: sensíveis a estímulos químicos (receptores OBS: As informações dos nociceptores chegam à medula pelo
corpos carotídeos); mesmo caminho dos exteroceptores, o que pode misturar as
Osmorreceptores: detectam variação de pressão osmótica; informações e gerar a dor referida, onde a ativação de uma
Fotorreceptores: sensíveis à luz (cones da retina); dor visceral origina uma sensação cutânea (infarto do
Termorreceptores: terminações livres que detectam variação miocárdio).
de temperatura no sangue;
Nociceptores: terminações livres ativas por estímulos • Termorreceptores: podem ser do mesmo tipo das
mecânicos, térmicos ou químicos quando em intensidade fibras A gama e C e fazem sinapse na substância
suficiente para causar dor; gelatinosa da coluna posterior, ascendem na
medula e geram sensação não dolorosa de calor e liberada na fenda sináptica, despolariza o sarcolema o que
frio. contrai o músculo.

Encapsulados: se ramificam intensivamente na extremidade As terminações nervosas eferentes viscerais podem ser
axonial da cápsula conjuntiva e estão presentes nos colinérgicas (acetilcolina) e adrenérgicas (noradrenalina).
corpúsculos sensitivos da pele e nos fusos neuromusculares e Por não possuírem placa motora, os neurotransmissores são
neurotendíneos. liberados em um longo trecho da parte terminal das fibras e
não apenas na extremidade, o que permite o contato com
• Corpúsculos de Meissner: estão nas papilas várias fibras musculares ou células glandulares. São cheias
dérmicas (pele espessa das mãos e pés) e são de pequenas dilatações ricas em vesículas de
receptores de tato, pressão e estímulos vibratórios neurotransmissores, sendo a área funcionalmente ativa das
mais lentos; fibras.
• Corpúsculos de Vater-Paccini: se distribuem
amplamente sobretudo no tecido conjuntivo das OBS: Vesículas agranulares armazenam acetilcolina e se
mãos e pés, bem como em septos intermusculares e assemelham a terminações somáticas. Já as vesículas
no periósteo e são responsáveis pela percepção de granulares possuem noradrenalina.
estímulos mecânicos rápidos e repetitivos
(sensibilidade vibratória); - NERVOS ESPINHAIS –
• Corpúsculos de Ruffini: também presentes nas São 31 pares de nervos que se conectam com a medula
papilas dérmicas, são receptores de tato e pressão; espinhal e inervam tronco, membros e partes da cabeça.
• Fusos neuromusculares: pequenas estruturas nos Sendo 8 pares cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais
ventres dos músculos estriados esqueléticos. e 1 coccígeo.
Recebem fibras nervosas sensitivas que se ligam às Cada nervo é formado pela união da raiz dorsal ao sulco
fibras intrafusais de cada fuso, formando lateral posterior e da raiz ventral ao sulco lateral anterior
terminações anuloespirais que se ligam ao tendão da medula, por filamentos radiculares. Os prolongamentos,
do músculo. Consequentemente, a mudança de central e periférico, dos neurônios sensitivos
tensão e comprimento muscular altera a pseudounipolares formam a raiz dorsal, e seus corpos se
conformidade dessas terminações e dá origem a encontram no gânglio espinhal. Já a raiz ventral é formada
impulsos nervosos que penetram na medula por por axônios de neurônios situados nas colunas anterior e
fibras aferentes, fazem sinapse com grandes lateral da medula.
neurônios motores que devolvem os impulsos às O tronco do nervo espinhal é formado pela união da raiz
placas motoras do músculo, que se contraem – dorsal, sensitiva, com a raiz ventral, motora, o que faz dele
Reflexo Miotático ou de Estiramento. Este que funcionalmente misto.
mantem o tônus muscular (reflexo patelar). Possuem
também inervação motora, as fibras eferentes RAIZ DORSAL + SULCO LATERAL POSTERIOR DA MEDULA
gama (motoneurônios gama), que causam contração
das fibras intrafusais e aumentam a tensão na RAIZ VENTRAL + SULCO LATERAL ANTERIOR DA MEDULA
região equatorial, deixando o fuso mais sensível ao
estiramento causado por contração. Esse mecanismo
controla a sensibilidade dos fusos e melhora a
regulação do tônus muscular, pois garante a NERVOS ESPINHAIS
continuidade do envio de informações ao SNC
durante a contração.
• Órgãos neurotendinosos: são fascículos tendinosos
GÂNGLIO ESPINHAL DA RAIZ DORSAL
enrolados por fibras nervosas aferentes na junção
dos músculos estriados com os respectivos tendões. CORPOS DE NEURÔNIOS SENSITIVOS
Ativados por estiramento do tendão, tração passiva PSEUDOUNIPOLARES
do músculo (contração), informam ao SNC a tensão
exercida no músculo, permitindo a avaliação da PROLONGAMENTO CENTRAL + PERIFÉRICO
força muscular exercida.
RAIZ DORSAL
- TERMINAÇÕES NERVOSAS MOTORAS –

Funcionam semelhante às sinapses entre neurônios e podem


ser somáticas, se terminarem nos músculos estriados NERÔNIOS DA PARTE ANTERIOR E LATERAL DA MEDULA
esqueléticos, ou viscerais, se terminarem nos músculos liso e
cardíaco e em glândulas, pertencendo ao SNA. AXÔNIOS
As fibras nervosas eferentes somáticas se relacionam com RAIZ VENTRAL
as fibras musculares por meio de placas motoras, nas quais
a terminação axônica emite ramos finos com pequenas
dilatações, os botões sinápticos, que liberam o
neurotransmissor (colinérgicas). A terminação axônica RAIZ DORSAL + RAIZ VENTRAL
(elemento pré sináptico) é rica em vesículas sinápticas
agranulares que se acumulam em zonas ativas (barras TRONCO DO NERVO ESPINHAL
densas), onde é liberada acetilcolina. Já o elemento pós
sináptico é composto pelo sarcolema da fibra muscular, que
aumenta sua área de contato com pregas funcionais que, A classificação funcional das fibras que constituem os
apresentam densidades pós-sinápticas. A acetilcolina é nervos está relacionada com a classificação das terminações
nervosas.
Fibras que se ligam perifericamente a terminações nervosas Unidade motora é o conjunto composto por um neurônio
aferentes conduzem impulsos centripetamente e são motor, seu axônio e todas as fibras musculares inervadas por
aferentes. ele. Esse termo se relaciona aos músculos estriados
esqueléticos e suas unidades motoras são as menores do
• As que se originam em interoceptores são viscerais. sistema motor.
• As que se originam em proprioceptores ou
exteroceptores são somáticas. As fibras originadas • Para aumentar a força no músculo é necessário
em exteroceptores conduzem impulsos da superfície aumentar a atividade das unidades motoras, bem
e se relacionam com temperatura, dor, pressão e como a frequência com que os neurônios motores
tato, e as fibras proprioceptoras podem ser mandam impulsos às fibras musculares que eles
conscientes ou inconscientes. inervam;
• Cada músculo possui certa proporção entre fibra
Fibras que se ligam perifericamente a terminações nervosas muscular e fibra nervosa, em geral, músculos de
eferentes conduzem impulsos centrifugamente e são força tem um maior número de fibra muscular para
eferentes, viscerais ou somáticas. cada fibra nervosa.

• As eferentes somáticas dos nervos espinhais Unidade sensitiva é o conjunto de um neurônio sensitivo com
terminam em músculos estriados esqueléticos. suas ramificações e receptores. Os receptores de uma
• As viscerais em músculos liso, cardíaco ou glândulas. unidade são todos de um só tipo e é devido à superposição
delas que a superfície pode ter diversas formas de
OBS: Nervos espinhais são heterogêneos, podem possuir ao sensibilidade.
mesmo tempo fibras conduzindo impulsos em ambas as
direções enquanto outras estão inativas. Isso acontece, pois as 2) Descrever a via somestésica (paleo e
fibras estão isoladas umas das outras e funcionam de maneira neoespinotalâmica, vias da pressão e tato protopático,
independente. vias do tato epicrítico, sensibilidade vibratória e
propriocepção).
- TRAJETO DOS NERVOS ESPINHAIS –

O tronco do nervo espinhal sai do canal vertebral pelo Receptor: é uma terminação nervosa sensível ao estímulo,
forame intervertebral e se divide em ramo dorsal e ramo que caracteriza a via e são especializados para cada
ventral, mistos. modalidade de sensibilidade. A conexão dele por fibras
Os ramos dorsais são menores que os ramos ventrais, especificas a certa área do córtex reconhece diferentes
exceto nos 3 primeiros nervos cervicais e se distribuem aos sensibilidades.
músculos e à pele na região dorsal do tronco, da nuca e da
região occipital. Trajeto periférico: é a união de um gânglio sensitivo a um
Enquanto que os ramos ventrais são praticamente a nervo espinhal ou a um nervo craniano.
continuação do tronco do nervo espinhal e se distribuem pela
musculatura, pele, ossos, vasos e pela região anterolateral Trajeto central: agrupamento em feixes das fibras
do pescoço e tronco. aferentes pelo SNC de acordo com suas funções,
compreendendo também núcleos relés, onde estão os
• Os ramos ventrais dos nervos espinhais torácicos neurônios II, III, e IV da via considerada.
passam em paralelo pelos espaços intercostais. E
por isso são unissegmentados; e Área de projeção cortical: no córtex cerebral nos permite
• Já os ramos ventrais de outros nervos se distinguir os tipos de sensibilidade e é consciente, já no
anastomosam, se entrecruzam e trocam fibras, córtex cerebelar não há determinação sensorial e é
formando plexos plurissegmentares. utilizado pelo cerebelo para realizar sua função de
integração motora, portanto, é uma via inconsciente.
Em geral os nervos utilizam o caminho mais curto para
chegar ao seu destino e esse trajeto pode ser superficial ou
profundo. O trajeto superficial é predominantemente O processamento de informações sensoriais é hierárquico,
sensitivo, o profundo é predominantemente motor. ocorre inicialmente em regiões subcorticais e corticais e a
origem dos impulsos sensitivos é representada por uma área
- TERRITÓRIO CUTÂNEO – especifica da via.

Dermátono é a região da pele inervada por fibras de uma As grandes vias aferentes são cadeias neuronais unindo os
única raiz dorsal e que recebe o nome dessa raiz que o receptores ao córtex. Nas vias inconscientes (cerebelares)
inerva. A localização deles é importante para se identificar a cadeia possui dois neurônios (I e II). Já nas vias
lesões radiculares ou medulares e assim determinar se ela conscientes (cerebrais) os neurônios geralmente são três:
foi em nervos periférico, na medula ou nas raízes espinhais.
• Neurônio I: é sensitivo; está fora do SNC em um
As fibras radiculares chegam aos dermátonos por nervos uni gânglio sensitivo; em geral pseudounipolar, cujo
ou plurissegmentares. Em nervos unissegmentares um nervo dendraxônio se bifurca em T, onde um
corresponde a um dermátono, em plurissegmentares o nervo prolongamento periférico se liga ao receptor e um
contribui com fibras para vários dermátonos, pois recebe central penetra no SNC pela raiz dorsal dos nervos
fibras sensitivas de várias raízes. espinhais ou por um nervo craniano;
• Neurônio II: está na coluna posterior da medula ou
Campo radicular motor é o território inervado por uma em núcleos de nervos cranianos do tronco
única raiz ventral. Os músculos podem ser unirradiculares e encefálico; origina axônios que entram na
plurirradiculares, conforme a inervação que recebem de formação de um trato; e
uma ou mais raízes, entretanto a maioria é plurirradicular.
• Neurônio III: localiza-se no tálamo e origina um constituindo o trato espino-reticular. Sobe na
axônio que chega ao córtex por uma radiação medula junto ao trato espinotalâmico lateral e faz
talâmica. sinapse com neurônios III em vários níveis de
formação reticular.
• Neurônios III: está na formação reticular e dá
origem às fibras reticulotalâmicas que terminam nos
núcleos intralaminares (neurônios IV), que se
projetam profundamente no córtex cerebral (alguns
podendo se projetar para a amigdala).

Não é uma via que possui organização somatotópica e por


isso é responsável por dores pouco localizadas e profundas
do tipo crônica (dor em queimação).

- VIA DE PRESSÃO E TATO PROTOPÁTICO –

Seus receptores de pressão e tato são Corpúsculos de


Meissner e de Ruffini, as ramificações dos axônios em torno
dos folículos também são receptores táteis. Nesse tato não
- VIAS DE DOR E TEMPERATURA – há distinção de formato do objeto que causou o estimulo, é
apenas um sinal de contato.
- TRATO ESPINOTALÂMICO LATERAL -
• Neurônio I: localizado nos gânglios espinhais, seu
- Via Neoespinotalâmica – prolongamento periférico liga-se ao receptor e o
central divide-se em ascendente (longo) e
Constituída pelo trato espinotalâmino lateral, que vai descendente, ambos terminando na coluna posterior
diretamente ao tálamo. Através dessa via, chegam ao fazendo sinapse com neurônios II.
córtex cerebral impulsos de receptores térmicos e • Neurônio II: está na coluna posterior da medula,
dolorosos situados no tronco e membros do lado oposto. os axônios cruzam medialmente a comissura
É a via clássica de dor, e é responsável apenas pela branca atingindo o funículo anterior do lado oposto
sensação de dor aguda e bem localizada na e se dobram para constituir o formar o trato
superfície do corpo (dor em pontada). Envolve uma espinotalâmico anterior. Próximo à ponte se une ao
cadeia de 3 neurônios: espinotalâmico lateral formando o lemnisco
espinhal, que termina fazendo sinapse com
• Neurônio I: localiza-se nos gânglios espinhais neurônios III.
nas raízes dorsais. O prolongamento • Neurônio III: está no núcleo ventral posterolateral
periférico de cada um deles liga-se a ao tálamo e seus axônios formam radiações
receptores através de nervos espinhais, já o talâmicas que passam pela capsula interna e coroa
prolongamento central penetra na medula e radiada, atingem a área somestésica do córtex
termina na coluna posterior fazendo sinapse cerebral, entregando impulsos originados nos
com os neurônios II. receptores, que só se tornam conscientes já no
• Neurônio II: seu axônio cruza o plano medial tálamo.
pela comissura branca, passam pelo funículo
lateral do lado oposto e se dobram - VIA DE PROPRIOCEPÇÃO CONSCIENTE, TATO EPICRÍTICO
cranialmente formando o trato espinotalâmico E SENSIBILIDADE VIBRATÓRIA –
lateral. Próximo à ponte, suas fibras se unem
com as do espinotalâmico anterior constituindo Os receptores de tato são Corspúsculos de Ruffini e de
o lemnisco espinhal, que termina no tálamo Meissner e as ramificações dos axônios em tornos dos
fazendo sinapse com os neurônios III. folículos pilosos. Os receptores de propriocepção consciente
• Neurônio III: está no núcleo ventral são os fusos neuromusculares e órgãos neurotendinosos. Já os
posterolateral do tálamo e seus axônios receptores para sensibilidade vibratória são os corpúsculos
formam radiações que chegam à área de Vater Paccini.
somestésica do córtex cerebral (área 3,2 e 1
de Brodmann) pela cápsula interna e coroa • Neurônio I: está nos gânglios espinhais, seu
radiada. prolongamento periférico liga-se ao receptor, o
prolongamento central na medula, pela divisão
OBS: As áreas 3,1,2 de Brodmann são responsáveis pelas medial da raiz posterior e divide-se em ramo
sensações. descendente curto e ramo ascendente longo nos
fascículos grácil e cuneiforme; o ramo ascendente
É uma via de organização somatotópica, que veicula dores longo termina no bulbo fazendo sinapse com
localizadas do tipo dor em pontada. neurônio II.
• Neurônio II: está nos núcleos grácil e cuneiforme
- Via Paleoespinotalâmica – do bulbo e seus axônios constituem as fibras
arqueadas internas, que passam ventralmente e
• Neurônio I: localizado nos gânglios espinhais e seus cruzam o plano mediano até se dobrarem
axônios penetram na medula da mesma forma que cranialmente formando o lemnisco medial e
das vias de dor e temperatura. terminando no tálamo ao fazer sinapse com
• Neurônio II: está na coluna posterior e seus neurônios III.
neurônios dirigem-se ao funículo lateral do mesmo • Neurônio III: localizado no núcleo posterolateral do
lado e do lado oposto dobram-se cranialmente tálamo, seus axônios constituem radiações talâmicas
que passam pela capsula interna e coroa radiada para a parte posterior da insula.
e chegam à área somestésica. Já as fibras nociceptivas de vísceras torácicas sobem ao
longo do septo intermédio que separa fascículo grácil do
Essa é a via que manda ao córtex impulsos nervosos, que se cuneiforme.
tornam conscientes apenas em nível cortical, e que são
responsáveis pelo tato epicrítico (reconhecimento de forma, OBS: A via de dor visceral na parte medial do funículo
tamanho e textura), a propriocepção consciente posterior permite mielotomia da linha media para alivio de
(localização espacial – cinestesia) e a sensibilidade fortes dores resistentes a analgésicos.
vibratória. Esses neurônios devem ser mielínicos para que o
sinal nervoso seja transmitido em uma velocidade maior. 3) Caracterizar a via trigeminal

OBS: O tato epicrítico e a propriocepção permitem a A sensibilidade geral da cabeça penetra no tronco
discriminação de dois pontos e reconhecimento do tamanho e encefálico pelos nervos V, VII, IX e X (exceto o território
forma de objetos colocados na mão. inervado pelos primeiros pares de nervos espinhais
cervicais). O trigêmeo (par V) é o mais importante e suas
- VIA DE PROPRIOCEPÇAO INCONSCIENTE – vias se dividem em exteroceptivas e proprioceptivas.

Os receptores são fusos neuromusculares e órgãos


neurotendinosos que estão em músculos e tendões. É por essa
via que os impulsos proprioceptivos da musculatura - VIA TRIGEMINAL ESTEROCEPTIVA –
estriada esquelética chegam ao cerebelo. É via importante
pois promove o tônus muscular. Seus receptores são iguais aos estudados pelas vias
medulares de temperatura, dor, pressão e tato. É a via
• Neurônio I: localizado nos gânglios espinhais, se responsável pela sensibilidade da face, fronte e parte do
liga aos receptores pelo prolongamento periférico, escalpo (couro cabeludo), mucosas nasais, seis maxilares
já o prolongamento central penetra na medula e e frontais, cavidade oral, dentes, dois terços anteriores da
divide-se em dois ramos, o ascendente longo e o língua, articulação temporomandibular, córnea,
descendente curto que fazem sinapse com neurônios conjuntiva, dura-máter das fossas media e anterior do
II da coluna posterior. crânio.
• Neurônio II: pode estar no núcleo torácico (coluna
posterior) e originar axônios que seguem pelo • Neurônio I: está nos gânglios sensitivos anexos
funículo lateral do mesmo lado, inflectem-se aos nervos V, VII, IX e X, seus prolongamentos
cranialmente e formam o trato espinocerebelar periféricos se ligam aos receptores e os centrais
posterior e então terminam no cerebelo penetrando penetram no tronco encefálico e fazem sinapse com
no pedúnculo cerebelar inferior. Ou podem estar neurônios II.
na base da coluna posterior e na substancia • OBS: Lesão no gânglio trigeminal ou em sua raiz
cinzenta intermédia, de onde os axônios saem e sensitiva causa perda de sensibilidade tátil, térmica e
cruzam para o funículo lateral oposto, inflectem-se dolorosa na metade ipsilateral da face, cavidade oral
cranialmente e formam o trato espinocerebelar e dentes.
anterior, que penetra no cerebelo pelo pedúnculo • Neurônio II: está no núcleo do trato espinhal ou
cerebelar superior. no núcleo sensitivo principal do trigêmeo e seus
axônios cruzam para o lado oposto e inflectem-se
- VIAS DE SENSIBILIDADE VISCERAL – cranialmente constituindo o lemnisco trigeminal, que
faz sinapse com neurônios III.
Os impulsos nervosos originados nas vísceras em sua maioria Os prolongamentos centrais do par V terminam no
são inconscientes e relacionam-se com a regulação da núcleo sensitivo principal, no núcleo do trato
atividade visceral, porém alguns podem atingir níveis altos espinhal ou bifurcam-se e mandam um ramo para
do neuroeixo e tornar-se conscientes, relacionando-se com cada um deles. Fibras que terminam no núcleo
dor visceral. sensitivo principal levam impulsos de tato
discriminativo, fibras que terminam no trato espinhal
Esses impulsos viscerais seguem perifericamente por fibras levam impulsos de temperatura e dor e as fibras
viscerais aferentes que percorrem nervos simpáticos e que se bifurcam nos dois núcleos relacionam-se com
parassimpáticos. A dor visceral segue, principalmente, por tato protopático e pressão.
nervos simpáticos, exceto nas vísceras pélvicas inervadas • Neurônio III: localiza-se no núcleo ventral
pela parte sacral parassimpática. posteromedial do tálamo e origina fibras que
passam pela capsula externa e coroa radiada e
O caminho dos impulsos por nervos simpáticos é: tronco chegam ao córtex, depois terminam na área
simpático – ramo comunicante branco e nervos espinhais – somestésica que corresponde à cabeça, a parte
gânglio espinhal – prolongamento central dos neurônios I – inferior do giro pós-central.
medula. Sendo o trajeto central da dor visceral o funículo
posterior, apenas uma parte dos axônios segue pelo trato - VIA TRIGEMINAL PROPRIOCEPTIVA –
espinotalâmico lateral.
Seus neurônios I estão no núcleo do trato mesencefálico e
Fibras nociceptivas de vísceras pélvicas e abdominais possuem mesmo valor funcional de células ganglionares e
fazem sinapse com neurônios II da substancia cinzenta são idênticos aos neurônios ganglionares, corpo grande e
intermédia medial. Seus axônios formam um fascículo que pseudounipolares.
sobe no funículo posterior, medialmente ao fascículo grácil, e
termina no núcleo grácil do bulbo, fazendo sinapse com O prolongamento periférico deles liga-se a fusos
neurônios III cujos axônios cruzam opostamente para formar neuromusculares da musculatura mastigadora, mimica e da
o lado oposto do lemnisco medial e terminar no núcleo língua e a receptores na articulação temporomandibular e
ventral posterolateral do tálamo, de onde as fibras seguem
dentes (informação de posição da mandíbula e força da - NERVO RADIAL –
mordida). Alguns prolongamentos levam impulsos
proprioceptivos inconscientes ao cerebelo e parte deles É um ramo infraclavicular que se origina do maior ramo
pode fazer sinapse no núcleo sensitivo principal (neurônio II), terminal do fascículo posterior e recebe fibras de C5-T1.
de onde os impulsos, já conscientes, vão ao tálamo pelo
lemnisco trigeminal (neurônio III) e ao córtex. Sai da fossa axilar posteriormente à artéria axilar, segue
posteriormente ao úmero o sulco radial com a artéria
4) Descrever a neuroanatomia dos nervos radial, braquial profunda entre as cabeças lateral e medial do
mediano, ulnar, axilar, musculocutâneo, plexo braquial musculo tríceps braquial, perfura o septo intermuscular
(inervação e território que supre sensibilidade). lateral, entra na fossa cubital e divide-se em nervos radiais
superficial (cutâneo) e profundo (motor).
O plexo braquial é uma rede nervosa que se estende do
pescoço ao membro superior através do canal cervicoaxilar Inerva todos os músculos posteriores do braço e antebraço,
e que é nervos formada pelos ramos anteriores dos nervos pele da região posterior do antebraço e dorso da mão
espinais C5, C6, C7, C8 e T1, que constituem as raízes do lateral à linha axial do dedo anelar.
plexo braquial. As raízes atravessam a abertura entre os No músculo braquial flete a articulação do cotovelo junto ao
músculos escalenos anterior e médio com a artéria subclávia nervo musculocutaneo; no braquirradial flete o antebraço e
e as fibras simpáticas conduzidas por cada uma delas vem é responsável pelo reflexo estilorradial; e no extensor longo
dos ramos cinzentos dos gânglios cervicais médios e radial do carpo é o extensor radial da mão.
inferiores quando as raízes seguem entre os músculos Seu ramo terminal profundo é responsável pela supinação
escalenos. do antebraço, extensão radial da mão, extensão das
articulações metacarpofalangianas, extensor do dedo
Na parte inferior do pescoço as raízes do plexo braquial se mínimo, extensor ulnar da mão, abdutor longo do polegar,
unem para formar três troncos: o tronco superior, da união extensor longo e curto do polegar e extensor do index.
de C5 e C6; o tronco médio, continuação de C7 e o tronco
inferior, da união de C8 e T1. - NERVO MEDIANO –
Cada tronco ramifica-se anterior e posteriormente quando
atravessa o canal cervicoaxilar, as divisões anteriores A sua raiz lateral é um ramo terminal do fascículo lateral e
suprem os compartimentos anteriores do braço (flexores) já a raiz medial é um ramo terminal do fascículo medial.
as divisões posteriores os compartimentos posteriores
(extensores). As duas raízes se fundem formando o nervo mediano
lateralmente à artéria axilar, que desce no braço adjacente
As divisões dos troncos formam três fascículos do plexo: o à artéria braquial, com o nervo cruzando anteriormente à
fascículo lateral (divisão anterior do tronco superior e artéria para ficar medialmente à artéria na fossa cubital.
divisão anterior do tronco médio); fascículo medial (divisão
anterior inferior) e o fascículo posterior (divisão posterior Inerva músculos anteriores do antebraço (exceto o flexor
dos três troncos). ulnar do carpo e a metade ulnar do flexor profundo dos
Três ramos originam-se do fascículo lateral, enquanto os dedos); cinco músculos intrínsecos na metade tenar da palma
fascículos medial e posterior originam cinco ramos cada um. e a pele da palma.

O plexo braquial é dividido em partes supraclavicular e - NERVO ULNAR –


infraclavicular.
Quatro ramos da parte supraclavicular se originam das É o maior ramo terminal do fascículo medial e recebe
raízes e troncos do plexo braquial (nervo dorsal da fibras de C8, T1 e pode receber de C7.
escapula, torácico longo, do musculo subclávio e
supraescapular) e são acessados pelo pescoço. Desce pela região medial do braço, posteriormente ao
Os ramos da parte infraclavicular do plexo originam-se dos epicôndilo medial do úmero e depois desce na face ulnar do
fascículos do plexo braquial e são acessados pela axila. antebraço até a mão.

Inerva o musculo flexor ulnar do carpo e metade ulnar do


musculo flexor profundo dos dedos (antebraço); a maioria
dos músculos intrínsecos da mão, pele da mão medial à linha
axial do 4º dedo.

- NERVO AXILAR –

É o ramo terminal do fascículo posterior e recebe fibras de


C5 e C6.

Sai da fossa axilar posteriormente, atravessa o espaço


quandrangular com a artéria circunflexa posterior do úmero,
origina o nervo cutâneo lateral superior do braço e depois
se espirala ao redor do colo cirúrgico do úmero
profundamente ao musculo deltoide.

Inerva a articulação do ombro, musculo redondo maior e


musculo deltoide, pele da parte superolateral do braço.

- NERVO MUSCULOCUTÂNEO –

Ramo terminal do fascículo lateral e receber fibras de C5,


C6 e C7.
Sai da axila pelo musculo coracobraquial, desce entre o Em consequência à degeneração os músculos diminuem seu
bíceps braquial e o braquial e continua como nervo cutâneo volume, apresentando atrofia progressiva das fibras que
lateral do antebraço. são substituídas por tecido conjuntivo (decréscimo do volume
da fibra muscular em até 90%).
Inerva músculos do compartimento anterior do braço
(coracobraquial, bíceps e bíceps braquial) e a pele da face Em até 8 dias a remielinização é iniciada, com os axônios
lateral do antebraço. regenerados e retornando aos seus alvos originais, podendo
até formar novas terminações funcionais.

6) Descrever o exame neurológico dos nervos periféricos


supracitados.

Exame neurológico é uma avaliação clínica, não invasiva,


que busca identificar e dimensionar transtornos que
afetam o sistema neurológico.
É composto por uma série de testes físicos que analisam a
função das estruturas responsáveis pelo funcionamento
do corpo humano. E é a partir dessa avaliação que podem
ser solicitados exames mais específicos que podem gerar
uma analise ampla e aumentar a possibilidade de um
prognostico positivo.

Seus testes se concentram nas funções desempenhadas pelas


estruturas e qualquer lesão focal pode determinar síndrome
topográfica, sendo bastante variadas as possíveis causas:
• Traumáticas.
• Vasculares.
• Neoplásicas.
• Infecciosas ou apenas inflamatórias.
• Degenerativas.
• Tóxico-metabólicas

A semiologia das síndromes topográficas procura partir de


determinada região de lesão para suas consequências
clínicas. Ela depende da localização da lesão e não de sua
natureza, que pode ser a mais variada. A síndrome
observada para cada região depende:

• Das vias motoras ou sensitivas que a atravessam.


• Dos núcleos e raízes nela presentes.
• Das funções especiais integradas próprias de
determinadas áreas do sistema nervoso central.

A lesão dos nervos periféricos determina vários sintomas e


5) Explicar degeneração Waleriana. sinais na região correspondente à distribuição de cada
nervo em particular. O acometimento dos nervos periféricos
Quando ocorre algum dano ao axônio, esmagamento ou manifesta-se pelo quadro clinico:
transecção, que cause sua ruptura as fibras distais ao ponto • Paresia ou paralisia dos músculos inervados pelo
do corte começam a se degenerar em 48-96 horas. Essa nervo lesado, consequente à interrupção das fibras
degeneração segue caminhando progressivamente até motoras. O nervo inerva geralmente vários músculos
chegar ao corpo do neurônio, processo chamado de com ação semelhante, e a lesão desse nervo resulta
degeneração Walleriana. na fraqueza deste grupo muscular. A paralisia é
completa, não dissociada, atingindo
Os sintomas são relacionados à função do nervo lesado e simultaneamente os diferentes tipos de motilidade
podem ser perda de força ou alteração de sensibilidade. (voluntária, automática e reflexa), sendo ainda
flácida e acompanhada de amiotrofia.
A degeneração conduz à remoção e reciclagem axonial e • Diminuição ou abolição dos reflexos (miotáticos e
do material mielínico-derivado e prepara o ambiente para cutâneos) em virtude da interrupção do arco
que os axônios em regeneração possam crescer. Se a lesão reflexo.
for próxima ao corpo do neurônio a célula pode morrer.
• Déficit de todas as modalidades sensitivas no
Após a instalação da degeneração o corpo celular começa território exclusivo da inervação do nervo lesado
a se alterar, ocorre aumento do volume do corpo celular e o (topografia troncular).
núcleo se desloca para a periferia, dispersando os
corpúsculos de Nissl. Macrófagos se encarregam de remover - NERVO AXILAR OU CIRCUNFLEXO (C5-C6) –
restos mielínicos e células de Schwann se proliferam para
realizar fagocitose e depois se alinharem, formando bandas Sua lesão ocorre por fraturas do úmero e luxações da
de Bungner, caminho inicial para as fibras do nervo em articulação do ombro. O musculo deltoide se torna atrófico
regeneração. e o paciente apresenta dificuldade em abduzir o braço.
Ocorre alteração sensitiva em pequena área da face sendo que a face palmar do polegar fica no mesmo plano
lateral superior do braço. do resto da palma da mão, caracterizando a mão achatada
ou simiesca. O reflexo flexor dos dedos é abolido, o déficit
- NERVO MUSCULOCUTÂNEO (C5-C6) – sensitivo e as parestesias localizam-se no território distal de
distribuição do nervo.
É testado solicitando a flexão do antebraço supinado contra
uma resistência feita pelo examinador e é testado também o A lesão junto ao antebraço manifesta-se por paralisia dos
reflexo bicipital. Nas lesões desse nervo ocorre atrofia do músculos tênares e anestesia da mão no território do
bíceps, com dificuldade de flexão do antebraço sobre o mediano. O déficit dominante é a perda da oposição do
braço e perda do reflexo bicipital. O déficit sensitivo polegar. A flexão do polegar, do índex e do médio é
localiza-se na face lateral do antebraço. possível por causa da preservação da inervação do flexor
longo do polegar, do flexor profundo comum e do flexor
- NERVO RADIAL – superficial comum dos dedos.
O local da lesão gera diferentes formas clinicas, pois A compressão do nervo mediano no punho, quando ele
depende do local do nervo que foi lesado. passa entre os ossos do carpo e o ligamento anular anterior
do carpo (síndrome do túnel do carpo), determina:
• Lesão na axila: pela paralisia dos músculos
extensores e supinadores e pela ação 1. Dor em queimação na porção anterior do punho com
preponderante dos flexores e pronadores, o irradiação para a mão, ocorrendo com maior intensidade
antebraço permanece em semiflexão sobre o durante a noite.
braço, a mão em flexão sobre o antebraço e em
pronação, os dedos semifletidos e o polegar fletido 2. Atrofia da eminência tenar com paresia do abdutor curto
e em adução. Paralisa-se a extensão do antebraço, do polegar e oponente do polegar.
da mão e dos dedos. A flexão do antebraço torna-
se fraca, e a supinação do antebraço fica 3. Déficit sensitivo na parte lateral da palma da mão, na
impossível. A abdução do polegar é fraca face palmar dos três primeiros dedos e metade do quarto
(paralisia do abdutor longo do polegar), mas dedo e na face dorsal das falanges distais desses mesmos
ainda é possível, graças à intervenção do abdutor dedos.
curto do polegar inervado pelo mediano. Os
reflexos tricipital (C7) e estilorradial (C5-C6) 4. Sensibilidade aumentada das fibras nervosas à
encontram-se hipoativos ou abolidos. O déficit compressão mecânica, o que constitui a base de vários testes
sensitivo acomete a face posterior do braço e do clínicos para o diagnóstico da síndrome do túnel do carpo. A
antebraço, a metade lateral do dorso da mão e a percussão sobre o nervo, no túnel do carpo, pode
face dorsal dos primeiros quatro dedos. determinar sensação parestésica na distribuição do nervo
• Lesão no braço: geralmente decorre de fratura do mediano. A flexão ou hiperextensão do punho pode
úmero ou de compressão na face anterior do determinar o aparecimento ou intensificação da dor.
epicôndilo do úmero (por exemplo, na “paralisia do
sábado à noite” em que o paciente dorme, exausto - NERVO ULNAR (C70T1) –
ou sob o efeito do álcool e drogas, sobre o braço).
A lesão do nervo ulnar no braço e no cotovelo determina
O paciente apresenta o mesmo quadro motor
paralisia completa e a característica mão em garra. Os
anterior, exceto pelo fato de o tríceps ser poupado
dedos anular e mínimo apresentam-se com a primeira
e, portanto, encontrarem-se normais a extensão do
falange em extensão e as demais em flexão. Estas resultam
antebraço e o reflexo tricipital. A sensibilidade da
da paralisia dos interósseos e dos terceiro e quarto
face posterior do braço também se encontra
lumbricais, que normalmente fletem a primeira falange e
normal.
estendem as outras, bem como a ação não contrabalançada
• Lesão no cotovelo: ocorre dano somente ao ramo do extensor comum dos dedos, que estende a primeira
motor profundo (nervo interósseo posterior), sendo falange, e dos flexores comuns, que fletem as segunda e
poupado o músculo supinador e o ramo sensitivo terceira falanges. Observa-se depressão dos espaços
superficial. Haverá paresia do extensor ulnar do intermetacarpianos dorsais, atrofia da eminência hipotenar e
carpo, do extensor dos dedos e do abdutor longo adução do dedo mínimo.
do polegar. Por haver a preservação do extensor
radial do carpo enquanto há a paresia do extensor O déficit motor caracteriza-se por paresia ou paralisia da
ulnar do carpo, o punho estará desviado flexão da mão, da flexão da terceira falange
lateralmente. Como o ramo sensitivo superficial é dos dedos anular e mínimo, da adução e abdução dos
poupado, não ocorre alteração sensitiva. dedos, da adução do polegar e dos movimentos de flexão,
• Lesão isolada do ramo sensitivo superficial no adução e oposição do dedo mínimo. O déficit sensitivo
antebraço: ocorre síndrome puramente sensitiva localiza-se na metade medial da mão, no dedo mínimo e
(déficit sensitivo e parestesias) que atinge o metade interna do dedo anular.
território sensitivo radial da mão.
A lesão do ulnar no antebraço e no punho determina o
- NERVO MEDIANO (C5-T1) – mesmo quadro anterior, exceto por poupar o flexor ulnar do
carpo e o flexor profundo dos
A lesão do nervo mediano na axila ou no braço determina dedos.
paresia. Ou paralisia de todos os músculos por ele
inervados. Ocorre déficit da pronação do antebraço, da - MANEJO DAS LESÕES DE NERVOS PERIFÉRICOS –
flexão radial da mão, da flexão distal do polegar, da
abdução palmar e oposição do polegar e da flexão dos Deve -se primeiro suturar a lesão caso seja aberta. Depois
segundo e terceiro dedos. Ocorre atrofia dos músculos da realizar anamnese detalhada, realizar teste para identificar
eminência tenar (abdutor curto e oponente do polegar), se há déficit motor ou sensitivo após o trauma. Se não
houver nenhum déficit a lesão de nervo periférico é
descartada.

Se houver déficit e a lesão for cortante sem sinal de


infecção e contaminação o paciente é encaminhado ao
cirurgião de nervos periféricos para que haja abordagem
cirúrgica em até 3 dias. Se houver déficit e a lesão for
contusa/infectada ou contaminada, o paciente deve ser
encaminhado para o cirurgião 3 semana após o uso de
antibióticos para realizar a cirurgia ou programa de
observação.

- MANEJO DA LESAO DE PLEXO BRAQUIAL –

Avalia-se a presença de déficit motor ou sensitivo, caso


houver, é necessário avaliar a possibilidade de uma
ressonância magnética do membro superior.
Se não existir a possibilidade de RM, o paciente deve ser
encaminhado ao cirurgião, deve ser solicitado uma ENM
após 4 semanas, encaminhamento ao fisioterapeuta e a
cirurgia será indicada caso não houver melhora em até 4
meses.
Se houver a possibilidade de realizar RM e a lesão dos
nervos formadores do plexo foi confirmada, o paciente é
encaminhado para a cirurgia em até 3 dias, para não
ultrapassar a fase aguda da lesão.

- Neuroanatomia funcional - 3° edição Angelo Machado


- Anatomia orientada para clínica - 7° edição Keith Moore
- Exame Neurológico Bases Anatomofuncionais - Gusmão
- Lesões nervosas periféricas: uma revisão – Rinaldo Siqueira
– Ver. Neurociencia/2007
- Manual de semiologia pratica do exame físico – Gilberto
Yoshikawa, Roberto Chaves Castro – Belem, EDUEPA, 2015

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