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Guilherme Viza
SNC: aquele que se encontra dentro do esqueleto axial (cavidade craniana e canal vertebral).
SNP: aquele que se encontra fora deste esqueleto.
Encéfalo: parte do SNC que se encontra dentro do crânio: cérebro, cerebelo e tronco.
Medula: parte do SNC que se encontra dentro do canal vertebral.
Nervos: cordões esbranquiçados que unem o SNC aos órgãos periféricos. Se a união se faz com o encéfalo, os nervos
são cranianos, se com a medula, os nervos são espinhais.
Gânglios: dilatações constituídas por corpos celulares de neurônios localizadas fora do SNC (existem gânglios
sensitivos e gânglios motores viscerais).
Terminações nervosas: ficam nas extremidades das fibras que constituem os nervos e podem ser sensitivas ou
motoras.
2 – Com base em critérios embriológicos:
2 – Sistema nervoso periférico: É constituído pelos nervos periféricos, gânglios e terminações nervosas.
1 – Nervos e gânglios:
• Nervos: são cordões que unem o SNC aos órgãos periféricos, levando impulsos nervosos de maneira centrípeta via
fibras aferentes (SNC TN) ou de maneira centrífuga via fibras eferentes (SNC TN) ou de maneira mista, quando
possuem tanto fibras aferentes quanto eferentes.
OBS: Um nervo não é exclusivamente motor, uma vez que sempre apresenta fibras aferentes que veiculam impulsos
propioceptivos originados nos fusos neuromusculares. Do mesmo modo, os nervos cutâneos não são exclusivamente
sensitivos, pois apresentam fibras eferentes viscerais para as glândulas sudoríparas e músculos eretores dos pelos e
vasos superficiais.
• Fibra nervosa: são prolongamentos formados por axônios e envoltórios gliais como a bainha de mielina.
- Cada fibra nervosa é envolvida por uma membrana basal denominada endoneuro.
- Cada feixe de fibras nervosas é envolvido por um tecido conjuntivo (bainha) denominada perineuro.
- Vários feixes agrupados paralelamente formam um nervo (envolvido por um t. Conjuntivo - epineuro).
• Os nervos não possuem corpos celulares, umas vez que estes se localizam ou no SNC ou nos gânglios nervosos.
• Gânglios: aglomerados de CCs localizados fora do SNC (dentro do SNC são chamados de núcleos).
• Os nervos podem ser cranianos, quando se unem ao encéfalo ou espinhais, quando se unem à medula.
• Os nervos quase não possuem sensibilidade e quando são estimulados ao longo de seu trajeto, a sensibilidade é
sentida não no ponto estimulado, mas no território sensitivo que ele inerva.
• Isso explica a dor fantasma, na qual cotos nervosos irritados podem originar impulsos nervosos que são
interpretados pelo cérebro como se fossem originados no membro retirado.
• Os nervos tem origem real (local dos CCs) e aparente (ponto de emergência do nervo na superfície do SNC).
1 – Condução dos impulsos nervosos:
• Nas fibras sensitivas, o CC está localizado nos gânglios.
• Seus neurônios são pseudounipolares, e possuem um prolongamento periférico que se liga ao receptor e um
prolongamento central que se liga a neurônios da medula ou do tronco encefálico.
• Os impulsos sensitivos são conduzidos do prolongamento periférico (axônio/dendrito) para o central (axônio).
• Nas fibras motoras, os impulsos nervosos são conduzidos do CC para o efetuador (músculo, glândula ou órgão).
• A velocidade de condução nas fibras nervosas é ↑ quanto ↑ for o calibre da fibra, podendo variar de 1 a 120m/s.
2 – Lesões em nervos periféricos
• Lesões em nervos periféricos são reversíveis, já que a extremidade lesada da origem ao cone de crescimento.
• O cone de crescimento emite expansões semelhantes a pseudópodos, permitindo o alongamento dos axônios.
• Para se conseguir melhor recuperação, as extremidades de um nervo seccionado devem ser ajustadas para colocar
as bainhas perineurais em justaposição com o auxílio do microscópio cirúrgico.
• Caso contrario, as fibras nervosas crescem desordenadamente, formando neuromas (emaranhados de fibras).
2 – Terminações nervosas:
• Nas extremidades periféricas das fibras nervosas há modificações chamadas de terminações nervosas.
• Essas terminações podem ser classificadas de acordo com vários critérios.
• T. Sensitivas: porção terminal de fibras aferentes, são estimuladas por calor, dor, luz, etc, conduzindo impulsos
que seguem pela fibra até o SNC, onde são interpretados, resultando em diferentes formas de sensibilidade.
• T. Motoras: porção terminal das fibras eferentes, conduzindo impulsos do SNC músculos, glândulas e órgãos.
1 – Terminações nervosas sensitivas:
a) Classificação Morfológica:
• T. Especiais: mais complexas. Fazem parte dos órgãos do sentido: visão, audição e equilíbrio, gustação e olfação.
• T. Gerais: presentes em todo o corpo e respondem a estímulos específicos, como tato, dor e propriocepção.
b) Classificação Fisiológica:
• Quimiorreceptores: sensíveis a estímulos químicos como olfação e gustação.
• Osmorreceptores: sensíveis à variação de pressão osmótica.
• Fotorreceptores: sensíveis à luz, como os cones e bastonetes da retina.
• Termorreceptores: sensíveis ao frio e ao calor.
• Nociceptores: sensíveis a estímulos mecânicos, térmicos ou químicos capazes de causar lesões e dor.
• Mecanorreceptores: sensíveis a estímulos mecânicos (tato, pressão, vibração, etc.).
c) Classificação quanto à localização:
• Exteroceptores (somáticos): superfície externa do corpo. Ativados por agentes externos (tato, pressão, luz e som).
• Propioceptores (somáticos): Profundos, nos músculos, tendões e ligamentos. São responsáveis pelos sentidos de
percepção da posição e movimento (mesmo de olhos fechados), ou seja, por impulsos nervosos propioceptivos.
• Interoceptores (viscerais): Vísceras e vasos. Dão origem às sensações viscerais (fome, a sede e a dor visceral).
d) Quanto à presença de capsula:
• Livres: Presentes em quase todo o corpo, são terminações das fibras nervosas sensoriais que perdem a bainha de
mielina. Veiculam informações de tato grosseiro, dor, temperatura e propriocepção.
OBS: Os nociceptores, que sinalizam dor, estão presentes em quase todos os tecidos corporais, como ossos, órgãos
internos, vasos, coração, etc. Os nociceptores das vísceras entram na medula pelo mesmo caminho dos
exteroceptores, e as informações se misturam, resultando na dor referida, na qual a ativação de um nociceptor
visceral dá origem a uma sensação cutânea. Ex: no infarto do miocárdio, o nociceptor está no coração, mas a dor é
localizada na parede torácica superior ou braço esquerdo.
• Encapsulados: São terminações que se encerram dentro de uma capsula de tecido conjuntivo. Importantes:
- Corpúsculos de Vater-Pacini: Sensibilidade vibratória. Maiores receptores. Distribuição ampla, presentes
principalmente no t. conjuntivo das mãos e dos pés.
- Corpúsculos de Meissner: Tato, pressão e vibração mais lenta. Presentes nas papilas dérmicas, principalmente nas
mãos e nos pés.
- Corpúsculos de Ruffini: Tato e pressão e estão presentes também nas papilas dérmicas.
- Corpúsculos de Krause: Semelhantes aos de Meissner. Estão presentes também nos lábios, língua e genitais.
- Fusos neuromusculares: R. Propioceptivos em forma de fuso inseridos nos MEE e dispostos paralelamente às fibras
deste músculo. Eles respondem às mudanças no comprimento da fibra muscular.
- Órgãos neurotendinosos: R. Propioceptivos. Localizados na junção dos MEE com seus tendões. São fascículos
tendinosos com fibras nervosas aferentes enroladas à sua volta, envolvidos por uma cápsula conjuntiva.
2 – Terminações nervosas motoras:
a) Somáticas:
• Relacionam-se com os músculos esqueléticos por meio das placas motoras.
• Ao aproximar-se da fibra muscular, a fibra nervosa perde sua bainha de mielina, conservando o neurilema.
• Na placa motora, a terminação axônica emite ramos contendo pequenas dilatações, os botões sinápticos, de onde
é liberado neurotransmissor.
• A TN apresenta vesículas sinápticas agranulares, de onde é liberada a acetilcolina no sarcolema da fibra muscular.
• A acetilcolina, liberada na fenda sináptica causa despolarização do sarcolema, desencadeando contração muscular.
b) Viscerais:
• Nas TN viscerais, o neurotransmissor pode ser a acetilcolina ou a noradrenalina e não existe placa motora.
• Os neurotransmissores são liberados em um trecho longo da parte terminal das fibras e não apenas na
extremidade, podendo a fibra estabelecer contato com grande número de fibras musculares ou células glandulares.
• As fibras terminais apresentam dilatações (varicosidades) ricas em vesículas contendo neurotransmissores
• Nas TN motoras viscerais existem dois tipos de vesículas sinápticas: granulares(NA) e agranulares (aCh).
• O impulso nervoso dos terminais colinérgicos e adrenérgicos causa a liberação desses neurotransmissores.
3 – Unidade motora e unidade sensitiva
• Unidade motora é o conjunto formado por: 1 neurônio motor e as fibras musculares por ele inervadas.
OBS: O termo aplica-se apenas aos neurônios motores somáticos.
• Por ação do impulso nervoso, todas as fibras musculares da unidade motora se contraem ao mesmo tempo.
• Unidade sensitiva é o conjunto formado por: 1 neurônio sensitivo, suas ramificações e seus receptores.
• Os receptores de uma unidade sensitiva são de um só tipo mas, como há superposição de unidades receptores na
pele, diversas formas de sensibilidade podem ser percebidas em uma mesma área.
3 – Nervos Espinhais:
• Fazem conexão com a medula e são responsáveis pela inervação do tronco, dos membros e partes da cabeça.
• São em 31 pares, que correspondem aos 31 segmentos medulares existentes.
• São 8 pares cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo.
• Cada nervo é formado pela união das raízes dorsal e ventral, que entram na medula através dos sulcos lateral
posterior e lateral anterior, na forma de filamentos radiculares.
• Na raiz dorsal localiza-se o gânglio espinhal, onde estão os corpos celulares (CCs) dos neurônios sensitivos.
• A raiz ventral é formada por axônios que se originam em CCs situados nas colunas anteriores da medula.
• Da união da raiz dorsal com a ventral, forma-se o tronco do nervo espinhal, que é misto, sensitivo e motor.
1 – Trajeto dos nervos espinhais: O tronco do nervo espinhal sai pelo forame intervertebral e se divide em:
- Ramo Dorsal: distribuem aos músculos e à pele da região dorsal do tronco, da nuca e da região occipital.
- Ramo Ventral: distribuem aos músculos, pele, ossos e vasos dos membros, pescoço e tronco.
OBS: Os ramos ventrais dos nervos torácicos, tem trajeto paralelo, seguindo cada um seu espaço intercostal. O
mesmo não ocorre com os ramos ventrais de outros nervos, que se anastomosam, resultando na formação de
plexos. Nervos originados dos plexos são plurissegmentares (fibras originadas em + de 1 segmento medular). Já os
nervos intercostais são unissegmentares.
2 – Plexos:
a) Cervical (C1-C5) É formado pelos ramos anteriores de C1 a C5 e se distribui principalmente pelo pescoço,
originando 2 tipos de ramos:
- Ramos sensitivos: sensibilidade da região posterior do crânio e do pescoço.
- Ramos motores: alça do hipoglosso: músculos infra-hióideos, ramos para o escaleno médio, ramos para o nervo
acessório (XI): músculos esternocleidomastóideo e trapézio e nervo frênico (C3-C5): motricidade do diafragma.
• As lesões traumáticas do plexo cervical são raras por este encontrar-se bem protegido.
• A lesão de seus ramos sensitivos determina déficit sensitivo no território de inervação destes ramos.
• Na lesão dos ramos motores, ocorre fraqueza dos músculos infra-hióideos e escalenos (flexão anterior e lateral da
cabeça), do trapézio (elevação do ombro) e esternocleidomastoídeo (flexão e rotação da cabeça).
• Na lesão bilateral do nervo frênico, ocorre perda do movimento do diafragma.
b) Braquial (C5-T1) É formado pela anastomose dos ramos anteriores de C5 a T1 e é constituído por 3 troncos
primários:
- O tronco superior é formado pela união das raízes C5 e C6.
- O tronco médio é a continuação de C7.
- O tronco inferior resulta da união de C8 e T1.
• Esses troncos se dividem em ramos anteriores e posteriores.
• As fibras anteriores inervam os m. anteriores (flexores) e as posteriores, os m. posteriores (extensores) do MS.
• Estes ramos dos troncos primários unem-se para formar os troncos secundários ou fascículos:
- Fascículo lateral: formado pela união dos ramos anteriores dos troncos primários superior e médio.
- Fascículo medial: continuação do ramo anterior do tronco primário inferior.
- Fascículo posterior: constituído pela união dos ramos posteriores dos 3 troncos primários.
• Os troncos secundários ou fascículos dão origem aos ramos terminais do plexo braquial.
• As lesões do plexo braquial manifestam-se por várias síndromes que variam de acordo com os nervos lesados.
• Os sinais mais significativos são os déficits motor e sensitivo, estendendo-se a mais de um tronco periférico.
c) Lombar (L1-L4) É formado pelos ramos de L1 a L4.
• Seus ramos terminais são representados pelos nervos: femoral (L2-L4) e obturador (L2-L4).
• Lesão: paralisia da flexão da coxa sobre o quadril, adução da coxa (adutores) e extensão da perna (quadríceps).
• O déficit sensitivo acomete a região lateral (nervo cutâneo femoral lateral), anterior (nervo femoral) e medial
(nervo obturador) da coxa e a face medial da perna (inervada pelo nervo safeno, ramo do nervo femoral).
• O reflexo patelar (nervo femoral) é abolido.
d) Sacral (L4-S3) é formado por pelos ramos de L4 a S3.
• Seus ramos colaterais são os nervos glúteo superior, glúteo inferior, cutâneo posterior da coxa e pudendo
• Seu ramo terminal é o nervo ciático.
• Lesão: paralisia dos músculos inervados pelo ciático (flexão da perna e pé; rotação interna e externa do pé), pelo n.
glúteo superior (abdução e rotação interna da coxa) e n. glúteo inferior (extensão da coxa).
• O déficit sensitivo acomete o território de inervação do ciático (face lateral da perna, planta e borda lateral do
dorso do pé) e do nervo cutâneo posterior da coxa (face posterior da coxa).
• O reflexo aquileu é abolido e pode ocorrer distúrbio dos esfíncteres anal e vesical (nervo pudendo).
3 – Dermátomos São territórios cutâneos inervados por fibras de uma única raiz dorsal e recebe o nome da raiz que
o inerva. É importante para a localização de lesões radiculares ou medulares e, para isso, existem mapas onde são
representados nas diversas partes do corpo. Ao se ter uma raiz seccionada, o dermátomo correspondente não perde
completamente a sensibilidade, visto que raízes dorsais adjacentes inervam áreas sobrepostas. Para a perda
completa da sensibilidade seria necessário a secção de 3 raízes. No embrião, os dermátomo se sucedem na mesma
sequência das raízes espinhais, em faixas aproximadamente paralelas, disposição essa que, após o nascimento, se
mantém apenas no tronco.
4 – Síndrome radicular É causada por lesão ou pressão exercida por uma hérnia de disco ou por alterações
degenerativas na coluna que causam irritação e inflamação das raízes nervosas. Cria um padrão de dor e parestesia
nos membros superiores ou inferiores, na área da pele que recebe fibras sensoriais da raiz nervosa acometida, além
de paresia nos músculos que também são inervados pela mesma raiz nervosa. O sintoma mais comum de
radiculopatia lombar é a dor ciática, (dor que se irradia das nádegas para as pernas). Os sintomas sensoriais são mais
comuns. A presença de paresia muscular é sinal de que a compressão é grave. O tipo de dor pode variar de dor chata
e difícil de localizar, à dor forte, em queimação e fácil de identificar. A radiculopatia cervical normalmente se
manifesta com dor, dormência e fraqueza que se estendem desde o pescoço até os ombros, braços e mãos, os
reflexos do braço também podem ser prejudicados. A radiculopatia pode criar hipersensibilidade ao toque, bem
como hipoestesia na área da pele inervada pela raiz. Herpez zoster: [...]
4 – Neuropatias:
1 – Definição e classificação: Doença ou lesão dos nervos periféricos sensitivos, motores ou autonômicos. Assim, a
neuropatia pode ser motora, sensitiva ou mista. Pode ocorrer simetricamente em todo o corpo (polineuropatia),
individualmente em nervos únicos (mononeuropatia) ou em múltiplos nervos com distribuição irregular
(mononeuropatia múltipla).
2 – Etiologia
a) Mononeuropatia: São resultantes da compressão de um nervo, que usualmente afeta os nervos superficiais
(ulnar, radial e peroneal) em proeminências ósseas ou em canais estreitos. Essas compressões podem ser causadas
por movimentos repetitivos, como a operação de teclados. Entre as causas também estão: os traumas, a
desmielinização e a deficiência do suprimento vascular do nervo. A compressão do nervo mediano, responsável pela
síndrome do túnel do carpo, é a mononeuropatia mais comum.
b) Polineuropatia: Podem ter várias causas. O diabetes melito e a hanseníase são as causas mais comuns de
polineuropatias no mundo. Podem ser causadas também devido à doenças autoimunes, como no caso das síndrome
de Guillain-Barré, devido a agentes tóxicos como metais pesados, devido distúrbios nutricionais como carência de
algumas vitaminas, devido ao alcoolismo, entre outras.
c) Mononeuropatia múltipla: podem ter origem em mecanismos autoimunes e vasculares, que resultam em
inflamação, oclusão e isquemia de nervos periféricos e cranianos de maneira multifocal e assimétrica.
3 – Patogênese:
• A integridade do axônio é essencial para a propagação do potencial de ação no nervo motor ou sensitivo.
• Assim, a lesão axonal pode bloquear essa transmissão, além disso, a desmielinização também atrapalha a
transmissão, pois interrompe a condução saltatória, desacelerando a velocidade de condução nervosa.
• Assim, patologicamente, as lesões podem ser divididas em 4 categorias principais:
- Degeneração neuronal: lesão de CCs dos nervos motores ou sensitivos, com subsequente degeneração de seus
axônios periféricos.
- Degeneração walleriana: lesão em um ponto específico do axônio, com degeneração distal à lesão.
- Degeneração axonal: lesão axonal difusa.
- Desmielinização segmentar: lesão da bainha de mielina, sem lesão do axônio.
4 – Sinais e sintomas:
a) Mononeuropatias: as alterações motoras, sensoriais e reflexas se restringem às áreas inervadas pelos nervos
comprimidos ou lesionados. Mononeuropatia única ou múltipla, é caracterizada por dor, paresia e parestesia na
distribuição do nervo afetado. A mononeuropatia múltipla é assimétrica e todos os nervos afetados podem ser
envolvidos desde o início ou progressivamente. O envolvimento de muitos nervos pode simular uma polineuropatia.
b) Polineuropatias: A polineuropatia é relativamente simétrica.
• A forma mais comum de polineuropatias, observadas em doenças metabólicas (p. ex., diabetes melito,
insuficiência renal, desnutrição), se desenvolve lentamente, frequentemente após meses ou anos; usualmente inicia-
se com anormalidades sensoriais nas extremidades inferiores.
• As anormalidades usualmente são mais graves na região distal que proximal.
• Os sintomas de polineuropatias incluem dor distal, parestesias, paresias e hipoestesias.
• A dor pode ser espontânea ou provocada por estimulação da pele, e pode ser em ardência ou em pontada.
• Frequentemente, a dor piora à noite e pode ser agravada por alterações de temperatura.
• A hipoestesia pode ocasionar lesões traumáticas repetidas pela não percepção da dor.
• Podem ser demonstrados sinais objetivos de perda sensorial, tipicamente com distribuição em bota e luva.
• O tendão de Aquiles e outros reflexos profundos do tendão estão diminuídos ou abolidos.
• A deficiência proprioceptiva ou sensorial pode conduzir a anormalidades de marcha e Romberg positivo.
• O SNA pode ser envolvido, conduzindo a diarreia noturna, incontinência intestinal e vesical e impotência.
5 – Diagnóstico: Realização de um exame clínico completo, com enfoque nas possibilidades diagnósticas das
mono/polineuropatias. Os achados laboratoriais frequentemente são úteis, tais como:
- O hemograma, que pode revelar hemácias pontilhadas de intoxicação por chumbo.
- Glicose e creatinina no sangue podem sugerir um diagnóstico de insuficiência renal ou diabetes melito.
- A urina deve ser checada para metais pesados.
- A pesquisa de anticorpos direcionados contra componentes dos nervos ou contra a mielina.
- A função tireoide deve ser avaliada pela dosagem de T3 e T4 e TSH.
- A Eletromiografia (EMG) e testes de velocidade de condução nervosa auxiliam a confirmar a neuropatia e a
documentar o envolvimento específico do nervo e o tipo predominante de fibra envolvida (sensorial, motora).
Lesões desmielinizantes diminuem as conduções nervosas e pode ser detectado pela EMG.
6 – Principais mononeuropatias e mononeuropatias múltiplas
1 – Síndrome do túnel do carpo (Compressão do nervo mediano):
• O nervo mediano origina-se do plexo braquial e inerva os músculos do antebraço e da mão e propicia sensibilidade
cutânea da face palmar dos 3 primeiros dedos e metade do 4º dedo da mão.
• O túnel do carpo se localiza na base da palma da mão e nessa localização o nervo mediano está sujeito a
compressão pela flexão e extensão repetitivas, bem como por traumas.
• A compressão também pode se dar acima do cotovelo ou no cotovelo.
• Os principais sintomas são: dor e parestesia nos 3 primeiros dedos da mão, dificuldade de tarefas manuais finas.
• O tratamento envolve o uso de anti-inflamatórios, imobilização e fisioterapia.
2 – Compressão do nervo Ulnar:
• O nervo ulnar com origem no plexo braquial, inerva os músculos do antebraço e da mão e proporciona
sensibilidade ao dorso da mão e aos 5º dedo e metade do 4º dedo.
• Ele passa por diversos estreitamentos ósseos no membro superior, onde pode sofrer compressão (Canal de Guyon)
• A compressão frequentemente é causa de repouso do cotovelo sobre superfícies duras por muito tempo.
• Os principais sintomas são: a parestesia e dor no 4º e 5º, deformidade em garra e dificuldade em tarefas manuais.
• Anti-inflamatório, imobilização e fisioterapia.
3 – Mononeuropatia Multiplex
• É o nome dado a várias síndromes em que uma crise autoimune envolvendo a vascularização dos nervos
periféricos que resulta em inflamação, oclusão e isquemia dos nervos periféricos e cranianos, de maneira multifocal.
• Se instalam em questão de horas ou dias.
• Os principais sintomas são as a queda do punho, do pé e paralisia facial.
• é uma emergência neurológica, pois pode progredir para insuficiência respiratória.
• O tratamento é a base de imunossupressores.
4 – Plexite Braquial
• Consiste em uma crise dolorosa, inflamatória do plexo braquial, geralmente com distribuição multifocal.
• Acredita-se que tem origem autoimune.
• Os pacientes apresentam dor aguda no ombro e fraqueza e parestesia do braço dentro de horas a dias.
• A maioria dos pacientes se recupera sem tratamento, mas a fisioterapia é útil para prevenir complicações.
5 – Principais Polineuropatias
1 – Síndrome de Guillain-Barré (PDIA)
• Refere-se a um grupo de doenças autoimunes que acometem os nervos periféricos.
• A forma mais comum da SBG é denominada polirradiculopatia desmielinizante inflamatória aguda.
• Se caracteriza pela: redução ou ausência de condução do impulso nervoso que leva à contração da musculatura
estriada esquelética, resultado em fraqueza muscular progressiva e atenuação ou perda dos reflexos.
• Os antígenos alvo estão localizados na bainha mielínica.
• No quadro típico, a paralisia evolui de forma ascendente, iniciando-se nos MMII, podendo levar à perda da marcha.
• A desmielinização começa nos nervos proximais, estendendo-se para os distais, à medida que a doença progride.
• A PDIA usualmente começa 1-3 semanas após uma infecção ou evento incitante, como uma cirurgia.
• A paralisia é máxima por volta de 2 semanas a 1 mês e se progredir mais é considerada crônica.
• A síndrome de Guillain-Barré é aguda e de evolução rápida, período de estabilização e melhora completa.
• A paralisia da musculatura respiratória pode se instalar rapidamente, à medida que a doença progride, por isso é
necessária a identificação desses pacientes para intubação e ventilação mecânica até que a doença seja estabilizada.
• Além do suporte ventilatório, são utilizados imunoglobulinas e imunomoduladores.
OBS: é igual à esclerose múltipla, no entanto, esta ocorre no SNP.
2 – Polineuropatia causada por Hanseníase
• Os monócitos infectados transmitem a bactéria (M. Leprae) aos nervos durante o transporte macrofágico.
• A bactéria ataca as células de Schwann, produzindo lesão axonal difusa e formação de granulomas.
• A hanseníase neurítica manifesta-se como disfunção sensitiva em direção distal, gerando déficits e fraqueza mais
proeminentes e territórios inervados pelos nervos ulnar e tibial.
• Característica incomum é que os reflexos tendinosos estão preservados (não acontece em outras neuropatias).
• O tratamento é medicamentoso.
3 – Neuropatia Alcoólica A neuropatia periférica é a doença neurológica mais frequente associada ao alcoolismo. Ela
é causada tanto pela toxicidade direta do álcool como pela deficiência de tiamina. Os pacientes apresentam uma
perda sensitiva distal e simétrica, de inicio gradual, fraqueza muscular, redução dos reflexos tendinosos e parestesia
nos membros. O tratamento consiste na abstinência de álcool e na reposição de tiamina.
4 – Neuropatias Tóxicas Os nervos podem ser lesados por toxinas, metais pesados como chumbo e mercúrio e
agentes farmacológicos. Uma neuropatia com distribuição simétrica tipo botas e luvas é encontrada com maior
frequência, estando associada à paresia distal e hiporreflexia. Tratamento: interrupção do agente ofensor.
5 – Neuropatias diabéticas O diabetes melito é uma das causas mais comuns de neuropatia e a lesão nervosa
diabética pode produzir diferentes tipos de síndromes clinicas.
a) Neuropatia simétrica distal
• É o tipo mais comum e se manifesta inicialmente por parestesia nos pés.
• Por meses a anos, os sintomas ascendem nos 2 MMII e, por fim, afetam os MMSS.
• A perda da sensibilidade do pé aumenta a probabilidade de ulceração cutânea que pode resultar em necrose.
• A perda da sensibilidade é seguida pela perda da propriocepção, que pode causar ataxia da marcha.
• Por fim, há paresia distal e atrofia, com ascensão gradual.
b) Neuropatia dolorosa de fibras pequenas: Pequenas fibras cutâneas de sensibilidade dolorosa e térmica são
lesadas, resultando na perda sensitiva. Além disso, outros sintomas como a dor neuropática e o emagrecimento
podem estar presentes.
c) Neuropatia autonômica: Está presente em 50% dos diabéticos e usualmente causa disfunção geniturinária e
dismotilidade gastrointestinal. Pode gerar isquemia cardíaca e arritmias, sendo a causa mais comum de morte em
diabéticos.
d) Síndromes neuropáticas regionais: Produz lesão seletiva em um grupo de nervos em uma região específica, como
na amiotrofia diabética. Manifesta-se por paresia na região proximal do MI, que se instala gradualmente, muitas
vezes acompanha por perda de peso e dor na coxa.
Tratamento: O controle da glicemia é o método mais eficaz para a prevenção do desenvolvimento da neuropatia
diabética, além de limitar a sua progressão, caso já tenha se instalado.
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Problema 02 – Medula Espinhal:
1 – Medula macroscópica:
• A medula espinhal é uma massa cilíndrica de 45cm que fica dentro do canal vertebral e que, juntamente com o
encéfalo, forma o SNC.
• Cranialmente limita-se com o bulbo ao nível do forame magno e caudalmente termina em L2, onde forma o cone
medular, que continua com um filamento meníngeo, o filamento terminal.
• Após o cone medular, há apenas nervos espinhais que formam a cauda equina.
OBS: Mielomeningocele: O tubo neural pode não se fechar completamente durante o desenvolvimento fetal
(geralmente por carência de ácido fólico na gestação), gerando a mielomeningocele. Quando isso acontece, o tecido
nervoso sai por esse orifício, formando uma protuberância, na qual a medula espinhal fica sem proteção. A
exposição da medula resulta em deficiências neurológicas com distúrbios sensitivos e ortopédicos, geralmente nos
MMII. O paciente pode apresentar graus variáveis de paralisia e ausência de sensibilidade abaixo da lesão medular.
1 – Estrutura geral da medula:
• A medula não tem um calibre uniforme, apresentando intumescência cervical e lombar, que correspondem as
áreas em que as raízes nervosas formam os plexos braquial e lombossacral, que inervam os MMII e MMSS.
• Isso se deve a maior quantidade de fibras nervosas necessárias para a inervação dos membros.
• A superfície da medula apresenta os seguintes sulcos longitudinais: fissura mediana anterior, sulco mediano
posterior, sulco intermédio posterior e sulco lateral posterior e anterior (por onde entram as raízes dos NE).
• Na medula, a SC se localiza por dentro da branca e apresenta forma de borboleta.
• Nela, existem 3 colunas de cada lado, a anterior, a posterior e a lateral (medula T1 a L2 SNAS).
• A SB é formada por fibras mielinizadas que sobem e descem na medula, agrupadas de cada lado em 3 funículos:
- Funículo anterior: entre a fissura mediana anterior e o sulco lateral anterior.
- Funículo lateral: entre o sulco lateral anterior e posterior.
- Funículo posterior: entre o sulco lateral posterior o mediano posterior (septo mediano posterior ligado a SC).
• O funículo posterior é dividido pelo sulco intermédio posterior em dois fascículos, o grácil e o cuneiforme, regiões
por onde passarão tratos que carregam estímulos nervosos aos núcleos do bulbo (núcleos grácil e cuneiforme) e
destes, ao tálamo, onde serão interpretados.
2 – Segmentos medulares (conexões com os nervos espinhais):
• A partir do 4º mês de vida embrionária, o crescimento das vértebras é mais rápido que o da medula e os
filamentos nervosos caudais da medula, descem para acompanhar seus respectivos forames intervertebrais,
formando a cauda equina, a partir de L2.
• Devido a isso, os únicos segmentos medulares adjacentes aos respectivos corpos vertebrais são os cervicais.
• Abaixo desse nível, as vértebras deixam de manter relação com seus respectivos segmentos medulares e devemos
considerar a seguinte regra:
- Processos espinhoso de C2 a T10: adiciona-se 2 ao nº da vértebra e tem-se o seguimento medular correspondente.
- Processos espinhosos de T11 e T12 – segmentos L1 a L5
- Processo espinhoso L1 – segmentos S1 a S5
3 – Meninges e espaços: Assim como todo SNC, a medula é envolvida por membranas fibrosas, as meninges:
a) Dura-máter: é mais rígida devido à espessura proporcionada pelas muitas fibras colágenas presentes.
Cranialmente continua com a dura-máter craniana e caudalmente termina em um fundo-de-saco em S2. Seus
prolongamentos laterais formam o epineuro, que envolve os nervos espinhais.
b) Aracnoide: é um folheto justaposto à DM composto por trabéculas que unem este folheto à pia-máter.
c) Pia-máter: é a meninge mais interna e delicada. Ela adere ao tecido nervoso da superfície da medula e continua
caudalmente, quando a medula termina no cone medular, formando o filamento terminal pial, que perfura o fundo
do saco dural e continua até o hiato sacral, onde recebe prolongamentos da dura-máter e forma o filamento
terminal dural, que ao se inserir no cóccix forma o ligamento coccígeo. A pia-máter forma, de cada lado da medula,
uma prega longitudinal denominada ligamento denticulado que constitui, ao lado do ligamento coccígeo, meios de
fixação da medula, limitando o seu deslocamento.
• Com relação às meninges que envolvem a medula, existem três cavidades ou espaços:
- Epidural: fica entre o periósteo do canal vertebral e a dura-máter.
- Subdural: fica entre a dura-máter e a aracnoide.
- Subaracnóideo: Fica entre a aracnoide e a PM. É o maior espaço, onde se localiza grande quantidade de líquor.
OBS: O melhor lugar para exploração clínica do espaço subaracnóideo é entre L2 e S2 pois, entre esses dois níveis o
espaço subaracnóideo é maior e contém maior quantidade de líquor, além disso, nele encontram-se apenas o
filamento terminal e as raízes que formam a cauda equina, não havendo perigo de lesão medular.
• A exploração do espaço subaracnóideo pode servir para:
- Retirada de líquor para fins terapêuticos ou diagnósticos.
- Medida da pressão do líquor.
- Introdução de anestésicos nas anestesias raquidianas.
- Administração de medicamentos.
4 – Anestesias: Em geral são feitas anestesias peridurais e raquidianas nos espaços meníngeos para bloquear as
raízes nervosas que os atravessam, sobretudo em cirurgias do períneo, cavidade pélvica e abdominal:
a) Raquidianas: O anestésico é introduzido no espaço subaracnóideo por meio de uma agulha, que perfura a pele, a
tela subcutânea, o ligamento interespinhoso, o ligamento amarelo, a DM, e a aracnoide. Certifica-se que a agulha
atingiu o espaço subaracnóideo pela presença do líquor que goteja de sua extremidade.
OBS: É comum o paciente relatar cefaleia no pós-operatório com raquianestesia. Essa é explicada pelo fato de que,
ao perfurar a DM, cria-se um canal de saída, formando um gradiente de pressão, que por sua vez leva à saída do
líquor. A saída do líquor por ação da gravidade promove um tracionamento das meninges que levará à cefaleia.
b) Epidurais: São feitas geralmente na região lombar, introduzindo-se o anestésico no espaço epidural, onde se
difunde e atinge os forames intervertebrais, pelos quais passam as raízes dos NE. Certifica-se que a agulha atingiu o
espaço epidural quando ocorre uma súbita baixa de resistência, indicando que ela perfurou o ligamento amarelo.
2 – Medula microscópica:
1 – Conceitos básicos:
- Trato: feixe de fibras com a mesma origem, função e destino.
- Fascículo: trato mais compacto.
- Funículo: vários tratos ou fascículos (usado para a SB da medula).
- Lemnisco: feixes de fibras sensitivas que levam impulsos ao tálamo.
- Decussação: formação anatômica formada por fibras que cruzam obliquamente o plano mediano.
- Comissura: formação anatômica formada por fibras que cruzam perpendicularmente o plano mediano.
- Fibras de projeção: fibras de uma área do SNC que se projetam para fora dos limites dessa área.
- Fibras de associação: fibras que associam pontos de uma mesma área, sem sair dela.
2 – Organização: Como visto, a medula possui sulcos e a SC da medula, dotada de cornos, é circundada pela SB,
constituindo, de cada lado, os funículos anterior, lateral e posterior, este ultimo compreendendo os fascículos grácil
e cuneiforme. Entre a fissura mediana anterior e a SC, localiza-se a comissura branca, local de cruzamento de fibras,
principalmente sensitivas.
3 – Substancia cinzenta:
• A SC pode ser dividida por linhas que tangenciam os contornos anterior e posterior do ramo horizontal do H.
• Assim a SC é dividida em coluna anterior, posterior e SC intermédia, esta ultima, subdivida em central e lateral
(onde fica a coluna lateral – SNA – T1 a L2).
1 – Classificação dos neurônios medulares da SC:
a) Neurônios de axônio grande:
Radiculares: apresentam axônio muito longo e saem da medula para constituir a raiz ventral.
• Radiculares viscerais: neurônios pré-ganglionares do SNA, cujos CC localizam-se na SC intermédia lateral (T1 a L2),
inervam musculo liso, glândula e músculo cardíaco.
• Radiculares Somáticos: (neurônios motores inferiores):
- Inervam os músculos estriados esqueléticos e têm o corpo celular na coluna anterior. Podem ser alfa ou gama:
- Alfa: são fibras extrafusais que contribuem efetivamente para a contração muscular.
- Gama: são responsáveis pela inervação motora das fibras intrafusais e atuam na sensibilidade proprioceptiva dos
fusos neuromusculares. Para a execução de um movimento voluntário, eles são ativados simultaneamente com os
alfa, o que permite que os fusos neuromusculares continuem a enviar informações proprioceptivas ao SNC, mesmo
durante a contração muscular desencadeada pela atividade dos neurônios alfa.
Cordonais: seus axônios ganham a SB, onde tomam direção ascendente ou descendente, constituindo as fibras
que formam os funículos da medula.
• Cordonais de projeção: possuem um axônio ascendente longo, que termina fora da medula (tálamo, cérebro, etc),
integrando as vias ascendentes da medula.
• Cordonais de associação: possuem axônio curto que, ao chegar à substância branca, se bifurca em um ramo
ascendente e outro descendente, ambos terminando na SC da própria medula.
- As fibras nervosas formadas por estes neurônios dispõem-se em torno da substancia cinzenta, formando os
fascículos próprios, existentes nos três funículos da medula.
- Integram os segmentos medulares, permitindo reflexos intersegmentares da medula.
- Ao contrário dos reflexos intrasegmentares, onde a parte aferente do arco reflexo se liga à eferente no mesmo
segmento, nos reflexos intersegmentares, o impulso aferente chega à medula em um segmento e a resposta
eferente se origina em segmentos às vezes distantes.
Ex: reflexo de coçar do cão. Em um cão submetido à uma secção da medula cervical, estimula-se a pele da parte
dorsal do tórax puxando-se um pelo, observa-se que a pata posterior do mesmo lado inicia movimentos de coçar.
Esse arco reflexo envolve: neurônios sensitivos ligando a pele ao segmento na medula torácica, neurônios de
associação com axônio ligando a parte torácica aos segmentos dos nervos da pata posterior e neurônios motores
para os músculos das patas posteriores.
b) Neurônios de axônio curto (internunciais): Neurônios pequenos que permanecem na SC.
• Estabelecem conexão entre as fibras aferentes e os neurônios motores, interpondo-se em vários reflexos.
• Além disso, muitas fibras que trazem impulsos do encéfalo terminam em neurônios internunciais.
• Ex: célula de Renshaw: os impulsos nervosos das células de Renshaw inibem neurônios motores, que antes de
deixarem a medula, emitem um ramo colateral recorrente que volta e termina estabelecendo sinapse com uma
célula de Renshaw, que, por sua vez, faz sinapse com o próprio neurônio motor que emitiu o sinal.
• Arco reflexo cruzado: Quando um impulso nervoso de dor chega à coluna posterior, muitas vezes o estímulo se
propaga até os motoneurônios alfa por meio de dos neurônios internunciais do mesmo lado, gerando o arco reflexo
simples. No entanto, algumas vezes é comum que haja um prolongamento desse neurônio internuncial para o lado
oposto, que faz sinapse com o neurônio motor para avisar a necessidade de contração simultânea.
Ex: se uma pessoa pisa em um prego, esse estímulo faz com que os músculos da coxa se contraiam para a perna ser
retirada do local. Porém, essa contração não acontece sozinha, pois, ao retirar a perna da superfície cortante,
automaticamente a perna de apoio contrai seus músculos para não cairmos.
2 – Núcleos e lâminas da SC: Os neurônios da SC medular se agrupam em núcleos e lâminas.
• Coluna anterior: divide-se em 2 grupos de neurônios:
- Grupo medial: estão em todos os níveis medulares e inervam a musculatura axial.
- Grupo lateral: estão apenas nas regiões das intumescências lombar e cervical e inervam a musculatura apendicular
superior e inferior. Os neurônios mais mediais inervam a musculatura proximal e os + laterais, a distal.
• Coluna Posterior: são mais evidentes 2 núcleos: o torácico (núcleo dorsal) e a substância gelatinosa:
- Substância gelatinosa: É chamada de portão da dor, pois recebe fibras sensitivas e regula a entrada de impulsos
dolorosos no SNC.
- Núcleo torácico: está anterior à substancia gelatinosa e se relaciona com a propriocepção inconsciente, contendo
neurônios que se projetam até o cerebelo na forma do trato espinocerebelar posterior.
4 – Substância branca: As fibras da SB agrupam-se em tratos e fascículos que formam vias por onde passam os
impulsos nervosos. Temos assim, tratos e fascículos que constituem as vias descendentes e ascendentes da medula,
formados por neurônios de projeção.
1 – vias descendentes:
• São formadas por fibras que saem do córtex cerebral ou do tronco e terminam em neurônios medulares.
• Quando terminam em neurônios pré-ganglionares são classificadas como vias descendentes viscerais.
• Outras vias terminam fazendo sinapse com neurônios da coluna posterior e regulam a penetração de impulsos
sensoriais no SNC.
• O contingente mais importante termina direta ou indiretamente em neurônios motores somáticos, constituindo as
vias motoras descendentes somáticas, que podem ser divididas em sistema lateral e sistema medial.
Sistema Lateral:
a) Corticoespinhal Lateral: Passa pelo funículo lateral.
- Origem: córtex cerebral contralateral.
- Função: motricidade voluntária da musculatura distal dos membros.
- Na decussação das pirâmides, algumas fibras do trato corticoespinhal se cruzam, assim, a motricidade voluntária
também é cruzada. Um pequeno número de fibras não se cruza na decussação das pirâmides e continua em posição
anterior, constituindo o trato corticoespinhal anterior (funículo anterior) e faz parte do sistema medial.
b) Rubroespinhal: Passa pelo funículo lateral.
- Origem: núcleo rubro (mesencéfalo) contralateral.
- Função: motricidade voluntária da musculatura distal dos membros.
- Se assemelha ao TCE lateral, no entanto possui um número muito pequeno de fibras.
Sistema Medial:
a) Corticoespinhal Anterior: Passa pelo funículo anterior.
- Origem: córtex motor ipsilateral.
- Função: motricidade axial e proximal dos MMSS.
- Antes de terminar, cruza o plano mediano e termina em neurônios motores do lado oposto.
b) Tetoespinhal: Passa pelo funículo anterior.
- Origem: Colículo superior do mesencéfalo.
- Função: Participa da orientação sensorial motora da cabeça, estando mais limitado a reflexos em que a
movimentação decorre de estímulos auditivos, visuais e táteis.
c) Reticuloespinhal pontino e bulbar: Funículo anterior e lateral, respectivamente.
- Origem: Formação reticular pontina e bulbar no tronco encefálico.
- Funções: Ajustes corporais ativando (pontino) e relaxando (bulbar) a musculatura extensora do MI, além de
atuarem na motricidade da musculatura axial e proximal.
d) Vestibuloespinhal medial e lateral: Funículo anterior e lateral.
- Origem: Núcleo vestibular medial e lateral (área vestibular do IV ventrículo).
- Função: Ajustes posturais do corpo, cabeça e tronco, para manutenção do equilíbrio.
2 – Vias ascendentes:
a) Vias do Funículo Posterior:
- Funções de ambos: propriocepção consciente, tato epicrítico, sensibilidade vibratória e estereognosia.
- Fascículo grácil:
* Origem: inicia-se no limite caudal da medula, terminando no núcleo grácil do bulbo.
* Conduz impulsos dos MMII e da metade inferior do tronco e pode ser identificado em toda a extensão da medula.
- Fascículo cuneiforme:
* Origem: é evidente a partir da medula torácica alta, e é formado por fibras que penetram pelas raízes cervicais e
torácicas superiores, terminando no núcleo cuneiforme do bulbo.
* Conduz impulsos originados nos MMSS e na metade superior do tronco.
b) Vias do Funículo Anterior: Trato Espinotalâmico Anterior: formado por axônios de neurônios situados na coluna
posterior que cruzam o plano mediano e fletem-se cranialmente, terminando no tálamo (pressão e tato protop.).
c) Vias do Funículo Lateral:
- Trato Espinotalâmico lateral: formado por axônios de neurônios da coluna posterior que cruzam o plano mediano
na comissura branca e ganham o funículo lateral, onde se fletem cranialmente, terminando no tálamo. (temperatura
e dor). Junto dele, seguem as fibras espinoreticulares, que também conduzem impulsos dolorosos.
- Trato Espinocerebelar posterior formado por axônios da coluna posterior que emitem axônios que ganham o
funículo lateral do mesmo lado, fletindo-se cranialmente e penetrando o cerebelo pelo PCI (propriocepção
inconsciente).
- Trato Espinocerebelar anterior: formado por axônios de neurônios da coluna posterior e SC intermédia. Emitem
axônios que ganham o funículo lateral do mesmo lado ou do lado oposto, fletindo-se cranialmente para penetrar o
cerebelo pelo PCS (usada pelo cerebelo para controle da motricidade).
3 – Síndromes medulares:
1 – Generalidades:
a) Tipos de paralisia/plegia (diferente de paresia, que significa fraqueza):
- Hemiplegia: paralisia de um dos lados do corpo, incluindo o MS, a metade do tronco e o MI.
- Monoplegia: paralisia de apenas um membro.
- Diplegia: paralisia de dois membros correspondentes.
- Paraplegia: paralisia dos membros inferiores.
- Quadriplegia: paralisia de todos os quatro membros.
b) Alterações da sensibilidade:
- Anestesia: desaparecimento de uma ou mais modalidades de sensibilidade, mais para a tátil, uma vez que, para a
dolorosa o termo mais utilizado é analgesia.
- Hipoestesia: diminuição da sensibilidade.
- Hiperestesia: aumento da sensibilidade.
- Parestesia: aparecimento, sem estimulação, de sensações espontâneas e mal definidas como o “formigamento”.
- Algias: dores, em geral.
c) Síndrome do neurônio motor inferior: Trauma, infecções (poliomielite), distúrbios vasculares, etc, podem, todos,
produzir lesão do neurônio motor inferior, por destruírem o corpo celular, localizado na coluna anterior da SC
medular, ou seu axônio, na raiz ventral ou no nervo espinhal. Sinais clínicos:
- Paralisia flácida: nos músculos que inerva.
- Atrofia: nos músculos que inerva.
- Arreflexia: nos músculos que inerva.
- Fasciculações: é o tremor dos músculos.
d) Síndrome do neurônio motor superior: lesões das vias descendentes medulares produzem os seguintes sinais:
- Sinal de Babinski: Dorsiflexão do hálux e abertura em abano dos outros artelhos. Ocorre pois, os tratos
corticoespinhais provocam a flexão plantar dos artelhos, em resposta à estimulação sensorial da pele do pé. Quando
os tratos corticoespinhais não estão funcionantes, a influencia de outros tratos descendentes sobre os artelhos
passa a ser aparente, como um reflexo de retirada.
- Hiperreflexia: abaixo da lesão.
- Hipertonia/espasticidade: o MI é mantido em extensão e o MS em flexão.
- Reflexos abdominais superficiais ausentes: esse reflexo depende do trato corticoespinhal.
2 – Síndrome do choque espinhal: Imediatamente após traumatismo da medula as funções abaixo da lesão ficam
deprimidas ou perdidas, ocorrendo o comprometimento sensorial e paralisia flácida (SNMI). O choque pode persistir
por 1 a 4 semanas e à medida que diminui, os neurônios recuperam sua excitabilidade, e os efeitos da perda dos
neurônios motores superiores abaixo do nível da lesão SNMS (ex: espasticidade e reflexos exagerados) vão aparecer.
3 – Síndrome das colunas dorsais da substância branca (Tabes dorsalis): Geralmente causadas por sífilis, traumas
ou deficiência de vitamina B12, as lesões do funículo posterior, geralmente comprometem os fascículos grácil e
cuneiforme. Esse comprometimento acomete as funções dessas vias, com a perda da propriocepção consciente,
manifestada por ataxia, além da perda da sensibilidade vibratória, da estereognosia e do tato epicrítico.
4 – Síndrome central da medula (siringomielia, hepatomielia) É observada na siringomielia. Caracteriza-se pela
formação de uma cavidade no interior da medula, levando à destruição da SC intermédia central e da comissura
branca, interrompendo os tratos espinotalâmicos laterais, quando eles cruzam ventralmente ao canal central.
Ocorre, assim, perda da sensibilidade térmica e dolorosa de ambos os lados, em uma área que corresponde aos
dermátomo relacionados com as fibras lesadas, dependendo da localização e da extensão da cavidade. Na forma
habitual da siringomielia, as alterações resultantes do acometimento da SC apresentam-se nos MMSS e tronco, com
disposição topográfica em xale ou jaqueta. Nestas áreas, não há comprometimento do funículo posterior,
permanecendo o tato epicrítico, a propriocepção consciente, a sensibilidade vibratória e a estereognosia. Há
também a persistência do tato protopático, uma vez que, as fibras do trato espinotalâmico anterior são, em parte,
poupadas, porque as fibras da raiz dorsal da medula, dão ramos ascendentes muito grandes, que emitem colaterais
em várias alturas antes de fazer sinapse na coluna posterior e cruzar para o lado oposto. Com a extensão do
processo, a siringomielia pode acometer as colunas ventrais da medula, aparecendo amiotrofias e paralisias dos
MMSS e tronco.
OBS: a perda da sensibilidade térmica e dolorosa, com persistência da sensibilidade tátil e proprioceptiva, é
denominada dissociação sensitiva.
5 – Síndrome da hemissecção medular: A hemissecção da medula produz um conjunto de sintomas conhecido por
síndrome de Brown-Séquard. Os sintomas resultam da interrupção dos principais tratos que percorrem a metade da
medula. Os sintomas resultantes da secção dos tratos que não se cruzam na medula, aparecem do mesmo lado da
lesão. Já os resultantes da lesão dos tratos que se cruzam na medula, manifestam-se do lado oposto ao lesado. E
todos esses sintomas aparecem abaixo do nível da lesão:
a) Sintomas do mesmo lado da lesão:
- SNMS, por interrupção dos tratos descendentes na metade da lesão.
- Perda da propriocepção consciente, do tato epicrítico, da sensibilidade vibratória e estereognosia, por interrupção
das fibras dos fascículos grácil e cuneiforme.
b) Sintomas do lado oposto ao da lesão (tratos cruzados):
- Perda da sensibilidade térmica e dolorosa, a partir de 1 ou 2 dermátomos abaixo do nível da lesão, por interrupção
do trato espinotalâmico lateral.
- Pequena diminuição da sensibilidade de pressão e tato protopático, por comprometimento do trato espinotalâmico
anterior. Esse comprometimento é pequeno, porque as fibras da raiz dorsal dão ramos ascendentes muito grandes,
que emitem colaterais em várias alturas antes de fazer sinapse com a coluna posterior e cruzar para o lado oposto.
6 – Síndrome das colunas anteriores da medula: (ELA e poliomielite) Na poliomielite (paralisia infantil), o vírus
destrói especificamente os neurônios motores da coluna anterior. Nesse caso, ocorre uma SNMI nos músculos
correspondentes à área da medula lesada. Quando a destruição se dá nos neurônios responsáveis pelos movimentos
respiratórios, pode haver morte por insuficiência respiratória. Já a ELA, é uma doença de etiologia desconhecida que
atinge, além dos neurônios motores das colunas cinzentas anteriores da medula, os tratos corticoespinhais, ficando
mantida as sensibilidades. Assim, os sinais da SNMI (atrofia muscular, paresia e fasciculações) são sobrepostos aos
sinais da SNMS (Hiperreflexia, espasticidade e resposta de Babinski positiva).
7 – Síndrome medular anterior: (artéria espinhal anterior): Os sintomas se estabelecem abruptamente, iniciando-se
por intensa dor constritiva, localizada nos territórios correspondentes à lesão, acompanhada de SNMI bilateral no
segmento da lesão e SNMS bilateral abaixo da lesão (interrupção dos tratos corticoespinhais anteriores e laterais).
Perda bilateral da sensibilidade térmica e dolorosa (interrupção dos TETL) abaixo da lesão, leve perda bilateral da
sensibilidade de pressão e tato protopático (interrupção dos TETA) abaixo da lesão, presença de perturbações
esfinctéricas como incontinência urinária e propriocepção consciente preservada.
8 – Síndrome da transecção medular: Pode ser causada por traumatismos raquimedulares, processos compressivos
da medula, degenerativos, inflamatórios ou desmielinizantes, caracteriza-se por SNMI no segmento da lesão e SNMS
abaixo do nível da lesão, perda bilateral de todas as sensibilidades abaixo da lesão e possivelmente,
comprometimento vesical e intestinal.
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Problema 03 – Bulbo:
1 – Bulbo macroscópico:
• O forame magno marca o limite inferior do bulbo e o sulco bulbo-pontino, o superior (contorno ventral do órgão).
• No bulbo estão os sulcos que continuam com os da medula e que delimitam as áreas anterior, lateral e posterior.
• Área anterior: Nos lados da fissura mediana anterior existem uma eminências alongadas, a pirâmide, formada pelo
trato corticoespinhal que liga as áreas motoras do cérebro aos neurônios motores da medula. Na parte caudal do
bulbo, fibras do T. CE cruzam o plano mediano obliterando a fissura mediana anterior na decussação das pirâmides.
• Área lateral: Fica entre os sulcos lateral anterior e posterior, onde fica a oliva, formada pelo núcleo olivar inferior.
Ventralmente à oliva emergem, do sulco lateral anterior, os filamentos radiculares do nervo hipoglosso (XII). Do
sulco lateral posterior emergem os filamentos radiculares dos nervos glossofaríngeo (IX), vago (X) e da raiz bulbar do
nervo acessório (XI) que se une com a raiz espinhal vinda da medula.
• Área posterior: é uma continuação do funículo posterior da medula e possui os f. grácil e cuneiforme, que
terminam nos núcleos grácil e cuneiforme, formando os tubérculos grácil e cuneiforme, que se afastam como um V
no aparecimento do IV ventrículo e continuam para cima com o PCI, formado por fibras que penetram o cerebelo.
• O canal central da medula se abre na parte posterior do bulbo para formar esse IV ventrículo, que tem seus limites
laterais formados pelo afastamento do sulco mediano posterior. Nessa porção aberta do bulbo estão o trígono do
hipoglosso e do vago (projeções dos núcleos do XII e X) e a área vestibular, onde se localizam os núcleos vestibulares
e o locus ceruleus. Abrigam ainda, o colículo facial (formado pelo núcleo do abducente) e as estrias medulares.
• Função: Quanto à sua função, o bulbo controla o ritmo respiratório e o cardíaco. Isso é possível pois nele existem
neurônios da formação reticular, que se agrupam no centro respiratório e cardiovascular e são responsáveis por
receber informações do núcleo do trato solitário, que está intimamente ligado com o controle das funções
cardiovasculares e respiratórias.
2 – Bulbo microscópico:
• Existem algumas diferenças entre o bulbo e a medula, por exemplo, no bulbo há a fragmentação da SC, devido ao
aparecimento de fibras transversais.
• Com isso, surgem os núcleos dos NC, que são formados por uma SC homóloga à da medula, motoras ou sensitivas.
• Já os núcleos que não têm tem correspondência com a SC da medula, constituem a SC própria do bulbo.
• Outra diferença entre a medula e o bulbo é a presença da formação reticular, que preenche o espaço entre os
núcleos e tratos e tem uma estrutura intermediária entre a SB e SC, sendo composta de corpos de neurônios e
neuroglia. Essa formação tem como função conectar centros do SNC, como o hipotálamo e o sistema límbico a
núcleos de NC e à medula, por exemplo.
• À medida que se sobe no bulbo, ele fica mais diferente da medula, devido a:
- Aparecimento de núcleos próprios do bulbo: sem correspondentes na medula (ex: grácil, cuneiforme e olivares)
- Decussação das pirâmides: formada pelo cruzamento das fibras do TCE, atravessam a SC separando a cabeça da
base da coluna anterior.
- Decussação dos lemniscos: são fibras que se originam nos núcleos grácil e cuneiforme (arqueadas internas), que
passam através da coluna posterior, fragmentando-a e cruzam o plano mediano para se fletirem cranialmente e
formarem o lemnisco medial, que conduz ao tálamo os impulsos dos F. Grácil e cuneiforme da medula do lado
oposto.
- Abertura do IV ventrículo: ocorre pois, em níveis mais altos do bulbo, as fibras dos f. grácil e cuneiforme vão
diminuindo à medida que terminam nos núcleos. Não havendo estrutura no funículo posterior, o canal central se
abre, formando o IV ventrículo.
1 – Substância cinzenta do bulbo:
1 – SC homóloga à da medula: Se resume a núcleos de NC:
a) Núcleo do hipoglosso: Motor. Localizado no assoalho do IV ventrículo (trígono do hipoglosso), origina fibras
eferentes somáticas que se dirigem ventralmente, saindo pelo sulco lateral anterior para inervar a língua.
b) Núcleo dorsal do vago: Motor visceral. Localizado no assoalho do IV ventrículo (trígono do vago), origina fibras
pré-ganglionares que saem pelo vago para encontrar as pós-ganglionares. Corresponde à coluna lateral da medula.
c) Núcleo salivatório inferior: Motor. Origina fibras pré-ganglionares que saem pelo glossofaríngeo p/a parótida.
d) Núcleo ambíguo: Motor visceral do glossofaríngeo, vago e acessório para a musculatura da laringe e faringe.
e) Núcleo do trato espinhal do trigêmeo: Sensitivo. Recebe fibras aferentes, trazendo sensibilidade da cabeça, pelos
nervos trigêmeo, facial, glossofaríngeo e vago (3 últimos: sensibilidade geral do pavilhão e conduto auditivo).
Corresponde à substância gelatinosa da medula, com a qual continua.
f) Núcleo do trato solitário: Sensitivo. Recebe fibras que entram pelo facial (2/3 anteriores língua), glossofaríngeo
(1/3 posterior língua) e vago (gustação epiglote), e são responsáveis pela gustação e informações viscerais.
g) Núcleos: vestibular inferior e medial: Sensitivos. Localizam-se no assoalho do IV ventrículo (área vestibular) e
recebem fibras da porção vestibular do VIII, estando relacionado com o equilíbrio.
2 – SC própria: SC que não apresenta correspondência na medula:
a) Núcleos grácil e cuneiforme: recebem fibras dos fascículos grácil e cuneiforme e dão origem às fibras arqueadas
internas, que cruzam o plano mediano para formar o lemnisco medial que levará os impulsos ao tálamo.
b) Complexo olivar (n. olivar inferior, medial e dorsal): massa de SC que recebe fibras do córtex cerebral, medula e
núcleo rubro do mesencéfalo e que se liga ao cerebelo pelas fibras olivocerebelares, que cruzam o plano mediano e
penetram no cerebelo pelo PCI – aprendizagem motora repetitiva.
c) Núcleo cuneiforme acessório: recebe impulsos proprioceptivos inconscientes do pescoço e MMSS. Os axônios
desses neurônios formam o trato cuneocerebelar, que entra no cerebelo pelo PCI.
2 – Substância branca do bulbo:
1 – Fibras transversais:
1 – Arqueadas Internas: Formam dois grupos: as de axônios dos neurônios dos núcleos grácil e cuneiforme no
trajeto entre estes núcleos e o lemnisco medial e as constituídas pelas fibras olivocerebelares que, do complexo
olivar, cruzam o plano mediano e penetram no cerebelo do lado oposto, pelo PCI.
2 – Arqueadas Externas: Saem do núcleo cuneiforme acessório c/ trajeto próximo à superfície do bulbo e penetram
no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar inferior (impulsos proprioceptivos inconscientes do pescoço e MMSS).
2 – Vias ascendentes:
a) Fascículos grácil e cuneiforme: visíveis na porção inferior e fechada do bulbo.
b) Lemnisco medial: se origina no bulbo, a partir das fibras arqueadas internas que saem dos núcleos grácil e
cuneiforme. Suas fibras terminam no tálamo.
c) T. ETL: situado na área lateral do bulbo, posição correspondente à sua posição na medula.
d) T. ETA: posição correspondente à sua posição na medula. Sobe junto ao T.ETL.
OBS: na ponte, esses dois tratos se unem para formar o lemnisco espinhal, que termina no tálamo.
e) T. ECA: Situa-se superficialmente na área lateral do bulbo, continua na ponte e entra no cerebelo pelo PCS.
f) T. ECP: Superficial na lateral do bulbo, entre o T. ECA e o PCI, pelo qual penetra no cerebelo.
g) Pedúnculo cerebelar inferior (PCI): fibras ascendentes que percorrem as bordas laterais da metade inferior do IV
ventrículo até os recessos laterais, onde se fletem dorsalmente para penetrar no cerebelo. Constituído por fibras
olivocerebelares, fibras do T.ECP e fibras arqueadas externas dorsais.
3 – Vias descendentes: Como na medula, passam os tratos: corticoespinhal (anterior e lateral antes da decussação),
rubroespinhal, tetoespinhal, reticuloespinhais pontino e bulbar, vestibuloespinhais lateral e medial, e:
a) T. Corticonuclear: Origem: córtex cerebral. Terminam em núcleos motores do tronco. No bulbo, terminam nos
núcleos ambíguo e do hipoglosso permitindo o controle dos músculos da laringe, faringe e da língua.
b) T. Espinhal do trigêmeo: fibras sensitivas que penetram na ponte pelo nervo trigêmeo até o núcleo do trato
espinhal do trigêmeo, onde fazem sinapse e se encerram.
c) T. Solitário: fibras sensitivas, que trazem informações gustativas e que penetram no tronco pelos nervos facial,
glossofaríngeo e vago, fazendo sinapse e se encerrando ao longo do núcleo do trato solitário.
4 – Via de associação: São formadas por fibras que constituem o fascículo longitudinal medial (FLM) (corresponde ao
fascículo próprio – via de associação da medula), presente em toda a extensão tronco encefálico e níveis mais altos
da medula. Localiza-se posteriormente ao lemnisco medial e liga os núcleos motores dos NC, sendo importantes suas
conexões com os núcleos dos nervos relacionados com o movimento do bulbo ocular (III, IV, VI) e da cabeça. Recebe,
ainda, fibras dos núcleos vestibulares, trazendo impulsos que informam sobre a posição da cabeça. Deste modo, o
FLM é importante para a realização de reflexos que coordenam os movimentos da cabeça com os olhos (como poder
cavalgar, mas continuar mirando um ponto no horizonte), além de vários outros reflexos envolvendo estruturas
situadas em diferentes níveis do tronco.
OBS: Lesões no FLM causa a chamada oftalmoplegia internuclear, em que os movimentos do olho não mais
acompanham os da cabeça ou os do olho do outro lado, comprometendo o olhar conjugado horizontal,
caracterizado por fraqueza da adução do olho afetado e nistagmo horizontal em abdução do olho contralateral.
3 – Formação reticular do bulbo: Nela, localiza-se o centro respiratório, importante para regulação do ritmo
respiratório e o centro vasomotor e do vômito, o que torna as lesões nesse órgão, graves.
3 – Síndromes bulbares:
1 – Lesão da base do bulbo: Geralmente acomete pirâmide e hipoglosso.
• Lesão da pirâmide: compromete o T. CE e, como este se cruza abaixo da lesão, causa déficit motor contralateral. Se
a lesão se estende dorsalmente, atingindo outros tratos descendentes, ocorre hemiplegia contralateral.
• Lesão do hipoglosso: causa paralisia da hemilíngua homolateral, com desvio para o lado lesado.
2 – Síndrome de Dejerine A parte medial do bulbo é suprida pela artéria vertebral e sua trombose produz:
• Lesão da pirâmide: déficit motor contralateral
• Lesão do lemnisco medial: comprometimento contralateral da propriocepção consciente, sensibilidade vibratória,
tato epicrítico e estereognosia.
• Lesão do hipoglosso: causa paralisia homolateral dos músculos da língua, com desvio para o lado lesado.
3 – Síndrome de Wallemberg: Trombose da artéria cerebelar inferior posterior que irriga o bulbo dorsolateral.
• Lesão do PCI: falta de coordenação motora na metade do corpo do lado da lesão.
• Lesão do T. Espinhal do trigêmeo e seu núcleo: perda da sensibilidade térmica e dolorosa na hemiface homolateral
• Lesão do T.ETL: perda da sensibilidade térmica e dolorosa na metade do corpo contralateral à lesão.
• Lesão do núcleo ambíguo: perturbações na deglutição e fonação por paralisia dos músculos da faringe e da laringe.
• Lesão das vias descendentes do hipotálamo: dirigem-se aos neurônios relacionados com a inervação da pupila
(simpático): síndrome de Horner (semiptose palpebral, miose, vasodilatação e anidrose).
• Lesão de fibras do núcleo dorsal do vago: Taquicardia e dispnéia.
• Lesão de fibras do núcleo do trato solitário: Perda da sensibilidade gustativa da hemilíngua do lado lesado.
4 – Síndrome da decussação piramidal: É uma síndrome onde a lesão da decussação piramidal é feita em um ponto
onde as fibras correspondentes ao MS já se cruzaram e as do MI ainda não, consistindo em hemiplegia cruzada,
afetando de um lado um MS e do outro o MI.
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Problema 04 – Ponte e via auditiva:
1 – Ponte microscópica:
• A ponte tem como limite inferior o sulco bulbo pontino e o superior, o mesencéfalo.
• Sua base (anteriormente) apresenta a estriação transversal em virtude de fibras transversais q formam o PCM.
• No limite entre a ponte e o PCM emerge o trigêmeo (origem aparente no SN).
• Na superfície ventral da ponte existe o sulco basilar, que aloja a artéria basilar.
• No sulco bulbo-pontino, emergem de cada lado os nervos cranianos: abducente, facial e vestibulococlear.
• A parte dorsal da ponte não tem demarcação com a parte aberta do bulbo. Constituindo, ambas, o assoalho do IV.
2 – Ponte microscópica:
1 – Tegmento da ponte (parte dorsal):
1 – SC homóloga à da medula:
a) Núcleos cocleares, corpo trapezoide e lemnisco lateral:
• 2 núcleos cocleares: um dorsal e um ventral onde terminam as fibras da porção coclear do vestibulococlear.
• A maioria dessas fibras dos núcleos cocleares cruza para o lado oposto, constituindo o corpo trapezoide (fibras
transversais) contornam o núcleo olivar superior e infletem-se cranialmente para constituir o lemnisco lateral,
terminando no colículo inferior, de onde os impulsos nervosos seguem para o corpo geniculado medial através do
braço do colículo inferior.
OBS: muitas fibras originadas dos núcleos cocleares sobem no lemnisco lateral do mesmo lado, apresentando
componentes cruzados e não cruzados, ou seja, o hemisfério cerebral de um lado recebe informações dos dois
ouvidos. Uma lesão unilateral no lemnisco lateral, dificilmente causa anacusia.
b) Núcleos vestibulares: superior e lateral:
• Recebem impulsos da parte vestibular do ouvido interno que informam sobre a posição e movimento da cabeça.
• As fibras eferentes dos núcleos vestibulares formam ou entram na composição dos seguintes tratos e fascículos:
- F. Vestibulocerebelar: formado por fibras que terminam no córtex do espinocerebelo.
- F. Longitudinal medial: origina-se a maioria das fibras do FLM, que está envolvido em reflexos que permitem ao
olho ajustar-se aos movimentos da cabeça.
- Trato Vestibuloespinhal: levam impulsos aos neurônios motores da medula para a manutenção do equilíbrio.
- Fibras vestibulotalâmicas: levam impulsos ao tálamo, de onde vão ao córtex cerebral.
c) Núcleos do facial e abducente:
• O nervo facial origina-se na ponte a partir de 4 núcleos: motor, trato solitário, salivatório superior e lacrimal.
- Os prolongamentos dos neurônios do núcleo motor do facial contornam o núcleo do abducente (joelho interno do
facial), formando o colículo facial no assoalho do IV ventrículo e emergem do sulco bulbo-pontino.
• Núcleo salivatório superior e núcleo lacrimal: dão origem a fibras pré-ganglionares que emergem pelo nervo
intermédio, conduzindo impulsos para a inervação das glândulas submandibular, sublingual e lacrimal
• O núcleo do abducente localiza-se na parte inferior da ponte, no assoalho do quarto ventrículo. Junto a ele,
encontra-se um grupo de neurônios: formação reticular pontina paramediana (FRPP), cujos axônios cruzam a linha
mediana e ascendem no FLM contralateral para terminarem no núcleo do oculomotor. Assim, este núcleo coordena
a ação de ambos os olhos para produzir o olhar conjugado lateral ou horizontal.
d) Núcleo do trigêmeo:
• Além do núcleo do trato espinhal, já descrito no bulbo, o nervo trigêmeo tem ainda, na ponte, o núcleo sensitivo
principal, o núcleo do trato mesencefálico e o núcleo motor.
• O núcleo motor está situado no tegmento da ponte e recebe fibras do T. Corticonuclear, que na ponte, mais da
metade cruza a linha mediana, explicando por que a lesão unilateral das vias supranucleares do trigêmeo não
determina paralisia importante dos músculos da mastigação (fibras cruzadas e não cruzadas).
• As fibras sensitivas do trigêmeo penetra na ponte e termina fazendo sinapse com o 2º neurônio da via trigeminal
que fica no núcleo do trato espinhal do trigêmeo (dor e temp.) e no núcleo sensitivo principal do trigêmeo (tato).
• Os axônios dos 2º neurônios da via trigeminal, cruzam para o lado oposto e formam o lemnisco trigeminal, que
termina fazendo sinapse com o 3º neurônio, localizado no tálamo que, através das radiações talâmicas, projetam-se
na área somestésica do giro pós-central.
2 – Fibras Longitudinais do tegmento: Além dos lemniscos lateral e trigeminal, percorrem também o tegmento da
ponte, feixes de fibras ascendente originadas no bulbo, medula e cerebelo:
a) Lemnisco medial: cruzam perpendicularmente as fibras do corpo trapezoide, sobem e terminam no tálamo.
b) Lemnisco espinhal: é formado na ponte, pela união dos tratos espinotalâmico lateral e anterior
c) Pedúnculo cerebelar superior: emerge do cerebelo, constituindo a parede dorsolateral da metade cranial do IV
ventrículo. A seguir, aprofunda-se no tegmento e, já no limite com o mesencéfalo, suas fibras começam a se cruzar
com as do lado oposto, constituindo o início da decussação dos pedúnculos cerebelares superiores.
3 – Formação reticular da ponte: Nela, localiza-se o locus ceruleus, que contém neurônios ricos em noradrenalina, e
os núcleos da rafe, contendo neurônios ricos em serotonina. Estão envolvidos na ativação do córtex cerebral.
2 – Base da ponte (parte ventral): Nela são encontradas as seguintes formações:
1 – SC própria da ponte:
a) núcleos pontinos: aglomerados de neurônios dispersos na base da ponte, relacionados ao planejamento motor
(recebem fibras corticopontinas e enviam fibras pontocerebelares).
b) núcleo olivar superior, núcleo do corpo trapezoide, núcleo do lemnisco lateral. OBS: estes ficam no tegmento da
ponte.
2 – Fibras longitudinais:
a) T. CE: Fibras das áreas motoras do córtex cerebral que se dirigem para neurônios motores da medula. Na base da
ponte, o TCE forma feixes dissociados ,não tendo a estrutura compacta que apresenta nas pirâmides do bulbo.
b) T. Corticonuclear: fibras das áreas motoras do córtex cerebral que se dirigem aos neurônios motores dos núcleos
motores dos NC que podem terminar do mesmo lado ou do lado oposto. No caso da ponte, núcleos do V, VI e VII.
c) T. Corticopontino: fibras que se originam em várias áreas do córtex cerebral, fazendo sinapse com os neurônios
dos núcleos pontinos.
3 – Fibras transversais e núcleos pontinos:
- Fibras pontinas e PCM: Os axônios dos neurônios dos núcleos pontinos constituem fibras transversais ou fibras
pontocerebelares, que cruzam o plano mediano e penetram no cerebelo pelo PCM.
- Fibras do corpo trapezoide.
- Decussação dos pedúnculos cerebelares superiores.
3 – Síndromes pontinas:
1 – Síndrome de Millard-Gubler (lesão da base da ponte):
• Uma lesão na base da ponte compromete o trato corticoespinhal e as fibras do nervo abducente, resultando no
quadro denominado hemiplegia/hemiparesia cruzada (SNMS), com lesão do abducente, que causa paralisia do
músculo reto lateral do mesmo lado da lesão.
• Como o olho não afetado move-se normalmente, os movimentos dos dois olhos deixam de ser conjugados e os
raios luminosos incidem em partes não simétricas das retinas dos dois olhos.
Ex: luz incide na mácula de um olho e em um ponto ao lado da mácula do outro olho.
• É devido a isso que o indivíduo vê duas imagens, fenômeno chamado de diplopia.
• Além disso, a lesão do abducente resulta em desvio do bulbo ocular em direção medial (estrabismo convergente).
• Quando essa lesão se estende lateralmente, pode comprometer as fibras do facial, gerando o quadro de paralisia
facial periférica.
2 – Lesão da ponte ao nível da emergência do trigêmeo: Lesões da base da ponte podem comprometer o trato
corticoespinhal e as fibras do trigêmeo, determinando um quadro de hemiplegia/hemiparesia cruzada (SNMS) com
lesão do trigêmeo, que gera as seguintes perturbações:
- motoras: lesão do componente motor do trigêmeo causa paralisia da musculatura mastigadora do lado da lesão.
Por ação dos músculos pterigoideos do lado normal, há desvio da mandíbula para o lado paralisado.
- sensitivas: ocorre anestesia da face do mesmo lado da lesão, no território correspondente aos 3 ramos do
trigêmeo, além de perda do reflexo corneano.
2 – Mesencéfalo microscópico:
1 – Teto mesencefálico (dorso):
a) Colículo Superior:
• Formado por camadas alternadas de substância branca e cinzenta.
• Dão origem ao trato tetoespinhal, que faz sinapses com neurônios motores da medula cervical (orientação
sensorial motora da cabeça – reflexos visuomotores, em que o corpo se orienta a partir de estímulos visuais).
• Além disso, recebem fibras da retina que atingem o colículo superior pelo trato óptico e braço do colículo superior,
sendo importante para os reflexos que regulam os movimentos dos olhos.
• Para esta função, existem fibras ligando ele ao núcleo do oculomotor (no tegmento).
• Lesões nos colículos superiores podem causar perda do movimento dos olhos no sentido vertical.
b) Colículo Inferior: Constituído por apenas SC e por isso pode ser chamado de núcleo. É uma estrutura da via
auditiva e recebe as fibras auditivas que sobem pelo lemnisco lateral e manda fibras ao corpo geniculado medial
através do braço do colículo inferior.
c) Área pré-tetal: área anterior aos colículos superiores e relaciona-se com o controle reflexos pupilares.
2 – Base do pedúnculo cerebral:
a) Trato corticoespinhal: Origina-se na área motora do córtex cerebral, passa pela coroa radiada, capsula interna,
base do mesencéfalo, base da ponte e pirâmide bulbar. Ao nível da decussação das pirâmides, uma parte das fibras
continua ventralmente constituindo o trato corticoespinhal anterior que ocupam o funículo anterior da medula e,
após o cruzamento na comissura branca, terminam em neurônios motores contralaterais, responsáveis pelos
movimentos voluntários da musculatura axial. Outra parte cruza na decussação para constituir o trato
corticoespinhal lateral, que ocupa o funículo lateral e suas fibras influenciam os neurônios motores da coluna
anterior do mesmo lado.
b) Trato corticonuclear: O trato corticonuclear se difere do corticoespinhal por transmitir impulsos nervosos aos
neurônios motores dos nervos cranianos. As fibras originam-se na área motora do córtex (área 4), passam pela
capsula interna e a medida que descem pelo tronco encefálico, destacam-se feixes de fibras que terminam nos
neurônios motores dos núcleos de nervos cranianos.
OBS: enquanto as fibras do trato corticoespinhal são fundamentalmente cruzadas, as do trato corticonuclear tem
grande número de fibras homolaterais. Assim, a maioria dos músculos da cabeça está representada no córtex motor
dos dois lados. Por esse motivo, tais músculos não sofrem paralisia quando o trato corticonuclear é interrompido de
um só lado.
3 – Tegmento do pedúnculo cerebral: continuação do tegmento da ponte e por isso apresenta: F. Reticular, SC e SB.
1 – SC homóloga:
a) Núcleo do mesencefálico do trigêmeo: Continua da ponte e recebe informações proprioceptivas dos músculos
mastigatórios, da mímica e da língua.
b) Núcleo do troclear (IV): Fica ao nível do colículo inferior. Suas fibras saem de sua face dorsal, e contornam a SC
periaquedutal, cruzam com as do lado oposto e emergem do véu medular superior, abaixo do colículo inferior, de
onde dirigem-se ventralmente para surgir entre a ponte e o mesencéfalo, inervando o músculo oblíquo superior.
c) Núcleo do oculomotor (III): Fica ao nível do colículo superior.
• Tem varias partes e pode ser denominado complexo oculomotor.
• A parte somática (núcleo motor) contém neurônios motores q inervam os músculos reto superior, inferior, medial
e levantador da pálpebra. Essas fibras vão em direção ventral, onde emergem pela fossa interpeduncular.
• A parte visceral é o núcleo de Edinger-Westphal, que contém os neurônios pré-ganglionares que fazem sinapse no
gânglio ciliar e estão relacionadas com a inervação do musculo ciliar e esfíncter da pupila (parassimpático - miose).
2 – SC própria:
a) Núcleo Rubro: Recebe em sua extremidade caudal fibras do pedúnculo CEREBELAR superior que vão penetrando
nele à medida que sobem, no entanto, a maioria termina no tálamo. Recebe também fibras do cerebelo e do córtex
cerebral para dar origem ao trato rubroespinhal, que cruza o plano mediano e alcança a base do lado oposto por
onde desce e, assim como o corticoespinhal, é responsável pela motricidade da musculatura distal dos membros.
b) Substância negra: É um núcleo formado por neurônios que apresentam inclusões de melanina e que utilizam
como neurotransmissor a dopamina. As conexões mais importantes da SN são com o corpo estriado (n. da base).
• Suas fibras exercem atividade moduladora sobre o papel de preparação de programas motores e de execução
automática de programas motores já aprendidos.
• Na doença de Parkinson, a disfunção está na substancia negra, resultando em diminuição de dopamina nas fibras
nigroestriatais.
• Desse modo, cessa a atividade moduladora que essas fibras exercem sobre o papel do corpo estriado no controle
da motricidade.
• A descoberta desse fato inspirou um tratamento que visa aumentar o teor de dopamina nas fibras nigroestriatais.
• Essas tentativas não obtiveram sucesso, pois a dopamina só atravessa a barreira hematocefálica em concetrações
muito altas e tóxicas para o organismo.
c) SC central/periaquedutal: massa de SC que circunda o aqueduto cerebral. Tem papel na regulação da dor e do
medo condicionado e incondicionado.
3 – Substância branca: As vias ascendentes do mesencéfalo passam pelo tegmento e representam a continuação dos
segmentos que sobem da ponte: os 4 lemniscos e o pedúnculo cerebelar superior, que ao nível do colículo inferior
cruza com o lado oposto, na decussação do pedúnculo cerebelar superior, e sobe, envolvendo o núcleo rubro.
• Ao nível do colículo inferior, os 4 lemniscos aparecem agrupados em uma só faixa, na parte lateral do tegmento,
onde, em uma sequencia mediolateral, se dispõem os lemniscos medial, espinhal, trigeminal e lateral.
• Esse último, pertencente às vias auditivas, termina no núcleo do colículo inferior, enquanto os demais sobem e
aparecem no nível do colículo superior, em uma faixa disposta lateralmente ao núcleo rubro.
a) Lemnisco medial: É formado pelos neurônios II que saem dos núcleos grácil e cuneiforme do bulbo, cruzando o
plano mediano para infletir cranialmente para formar o lemnisco medial, levando impulsos de propriocepção
consciente, tato epicrítico, sensibilidade vibratória e estereognosia ao tálamo.
b) Lemnisco lateral: faz parte da via auditiva, é formado pelos segundos neurônios que saem dos núcleos cocleares e
cruzam o plano mediano ou não, infletindo-se cranialmente para formar esse lemnisco, que vai fazer sinapse com o
colículo inferior.
c) Lemnisco trigeminal: formado pelos segundos neurônios da via trigeminal, que saem do núcleo do trato espinhal
do trigêmeo ao nível do bulbo e da ponte e infletem-se cranialmente, formando o lemnisco trigeminal. Responsável
pelas sensibilidades de temperatura, dor e tato e 2/3 anteriores da face.
d) Lemnisco espinhal: é formado a partir do neurônio I que entram pela coluna posterior da medula fazem sinapse
com os neurônios II, que cruzam o plano mediano na comissura branca, atingem o funículo anterior do lado oposto,
onde se infletem cranialmente para constituir o trato espinotalâmico anterior, que na PONTE, une-se ao
espinotalâmico lateral para formar o lemnisco espinhal, que leva impulsos de pressão, tato protopático, dor e
temperatura do corpo ao tálamo e daí para a área somestésica do córtex cerebral (giro pós-central).
4 – Formação Reticular: Duas estruturas merecem destaque:
a) área tegmentar ventral: com neurônios ricos em dopamina, e os
b) núcleos da rafe: contendo neurônios ricos em serotonina (Cap. 20B). Os axônios originados nesses núcleos, em
níveis mais altos, tem trajeto ascendente, se projetam no córtex cerebral, hipotálamo e sistema límbico,
participando da ativação do córtex cerebral, da regulação do ciclo vigília-sono, de comportamentos emocionais e
sexuais, digestão, termorregulação, entre outros.
3 – Reflexos pupilares:
1 – Reflexo fotomotor direto: Ocorre quando um olho é estimulado com um feixe de luz e a pupila se contrai.
1 – Receptores localizados na retina vão levar os estímulos através do nervo óptico, quiasma óptico e trato óptico,
corpo geniculado lateral, e colículo superior, terminando em neurônios da área pré-tetal.
2 – Daí saem fibras que terminam fazendo sinapse com os neurônios do núcleo de Edinger-Westphal.
3 – Deste núcleo saem fibras pré-ganglionares que, pelo oculomotor, fazem sinapse com o gânglio ciliar.
4 – Do gânglio ciliar saem fibras pós-ganglionares, através dos nervos ciliares curtos, que vão inervar o músculo
esfíncter da pupila, que contraem.
2 – Reflexo consensual: ocorre pois fibras que conduzem o impulso nervoso cruzam o plano mediano no quiasma e
as fibras da área pré-tetal cruzam para o núcleo de Edinger do lado oposto.
3 – Reflexo de acomodação: Ocorre para manter a visão nítida, quando um objeto se aproxima do olho.:
a) Convergência: contração simultânea dos 2 músculos retos mediais, fazendo com que os eixos dos olhos convirjam
sobre o objeto.
b) Acomodação: contração do músculo ciliar que promove um relaxamento do cristalino, que se arredonda,
aumentando seu poder de refração e mantendo a imagem do objeto focalizada na retina.
c) Contração pupilar: faz com que a imagem do objeto na retina continue apresentando contornos nítidos.
1 – Os estímulos visuais da retina vão até o córtex visual do cérebro, através da via óptica.
2 – No córtex originam-se fibras eferentes que vão projetar-se na área pré-tetal, onde fazem sinapses com neurônios
que vão até os núcleos de PERLIA.
3 – Os impulsos vindos desses núcleos ativam os neurônios do núcleo motor do oculomotor (músculos retos
mediais) e os do núcleo de Edinger (músculo ciliar e o constritor da pupila).
4 – Importância dos reflexos pupilares: São importantes para avaliar as vias aferentes e eferentes nele envolvidas,
podendo estar abolido em lesões da retina, do nervo óptico ou do oculomotor. Assim, se a luz direcionada ao olho
direito causa apenas resposta consensual do olho esquerdo, a via aferente do reflexo está intacta, mas a via eferente
para o olho direito está lesada (oculomotor). Por outro lado, se existe lesão unilateral do nervo óptico, a luz
incidindo sobre este olho não ocasiona resposta em nenhum dos olhos, enquanto que a pesquisa do olho
contralateral desencadeará tanto o reflexo fotomotor direto quanto o consensual no olho cego.
4 – Síndromes mesencefálicas:
1 – Síndrome de Weber ou Oftalmoplegia parcial (Lesão da base):
• Geralmente compromete o trato corticoespinhal e nervo oculomotor.
• A lesão do corticoespinhal determina déficit motor contralateral e a lesão do oculomotor:
- Paralisia do bulbo: impossibilidade de mover o bulbo ocular para cima, baixo ou medialmente por paralisia dos
músculos retos superior, inferior e medial.
- Diplopia: como o olho não afetado move-se normalmente, os movimentos deixam de ser conjugados. Por isso, os
raios luminosos de um objeto incidem em partes não simétricas das retinas dos dois olhos.
- Estrabismo divergente: por ação do músculo reto lateral (VI), não contrabalanceada pelo medial (III).
- Ptose palpebral: decorrente da paralisia do músculo levantador da pálpebra, inervado pelo III.
- Midríase (dilatação pupilar): por ação do músculo dilatador da pupila (simpático), não antagonizada pelo constritor
da pupila (parassimpático - oculomotor).
2 – Síndrome de Benedikt (Lesão do tegmento) Normalmente compromete:
- Oculomotor: síndrome de weber.
- Lesão do lemnisco medial, espinhal e trigeminal: anestesia da metade oposta do corpo, inclusive da cabeça (V).
- Lesão do núcleo rubro: tremores e movimentos anormais no lado oposto ao da lesão (movimentos distais).
3 – Síndrome de Parinaud: Geralmente causado por tumores da pineal que comprime o colículo superior, causando
paralisia do olhar conjugado para cima. Com a evolução, a compressão pode causar oclusão do aqueduto, com
hidrocefalia e paralisia ocular, decorrentes da compressão dos núcleos do oculomotor e troclear.
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* Nervos cranianos:
• Os nervos cranianos constituem a parte periférica das vias funcionais da extremidade cefálica.
• As vias motoras são constituídas de um segmento central corticonuclear e um periférico núcleo-muscular (NC).
• O neurônio motor superior, localizado no córtex motor, faz sinapse com o neurônio motor inferior no NC.
• Na maioria dos casos, o trato corticonuclear projeta-se bilateralmente para fazer conexão com o neurônio motor
dos dois lados. No entanto, em alguns casos essa inervação é unilateral, como no caso os músculos da porção
inferior da face, que recebe fibras do hemisfério cerebral oposto.
• Da mesma forma, as vias sensitivas são constituídas de um segmento periférico (NC) e um segmento central
núcleo-cortical.
• Assim, encontramos 3 neurônios: o primário, o secundário e o terciário.
• O corpo celular do neurônio I fica fora do SNC, nos gânglios sensitivos (homólogos aos gânglios da raiz dorsal mdla)
• O corpo celular do neurônio II encontra-se no núcleo dos NC sensitivos e seu axônio geralmente cruza a linha
média e projeta-se no tálamo, onde o neurônio III tem seu corpo celular, projetando seu axônio no córtex.
• A maioria dos nervos cranianos se liga ao tronco encefálico, excetuando-se apenas os nervos olfatório e óptico que
se ligam, respectivamente ao, telencéfalo e diencéfalo.
• Os 12 nervos cranianos podem ser classificados em sensitivos, motores ou mistos.
I PAR – OLFATÓRIO: É representado por fibras que originam-se em na mucosa nasal (mucosa olfatória) , atravessam
a lâmina crivosa do osso etmoide e terminam no bulbo olfatório.
Função: Olfação.
Classificação: SENSITIVO.
Origem aparente no SN: Bulbo olfatório.
Origem aparente no Crânio: Lâmina crivosa do osso etmoide.
Principais lesões/patologias: Cacosmia, anosmia, Hiposmia.
II PAR – ÓPTICO: É constituído por feixe de fibras nervosas que se originam na papila da retina, emergem no polo
posterior de cada bulbo ocular, penetrando no crânio pelo canal óptico. Cada nervo óptico une-se com o do lado
oposto, formando o quiasma óptico, onde há cruzamento parcial de suas fibras, as quais continuam no trato
óptico até o corpo geniculado lateral e daí, através das radiações ópticas, para a área de projeção primária no córtex.
Função: Visão central (alta acuidade), periférica e das cores.
Classificação: SENSITIVO.
Origem aparente no SN: Quiasma óptico.
Origem aparente no Crânio: Canal óptico.
Principais lesões/patologias: Hemianopsias, Amaurose. [Estudo aprofunda na parte de via óptica].
III, IV e VI PARES – OCULOMOTOR, TROCLEAR e ABDUCENTE: São nervos motores que penetram na órbita pela
fissura orbital superior, distribuindo-se aos músculos extrínsecos e intrínsecos do bulbo ocular.
Classificação: MOTORES.
Origem aparente no SN: III: Sulco medial do pedúnculo cerebral. IV: véu medular superior. VI: sulco bulbo-pontino.
Origem aparente no Crânio: Fissura orbital superior para os três.
Origem real: III: núcleo do oculomotor e núcleo de Edinger-Westphal (mesencéfalo). IV: núcleo do troclear
(mesencéfalo). VI: núcleo do abducente (Ponte).
Funções: movimentação dos olhos (III, IV e VI), levantamento das pálpebras (III), contração pupilar e m. ciliar (III).
Oculomotor: inerva m. extrínsecos pelo núcleo motor do III (m. reto superior, medial, inferior, oblíquo inferior e
elevador da pálpebra superior) e intrínseca pelo núcleo de Edinger- Westphal (m. do esfíncter da pupila e ciliar –
músculos lisos).
Troclear: inerva o músculo oblíquo superior.
Abducente: inerva o músculo reto lateral.
Principais lesões/patologias: oftalmoplegia parcial (síndrome de weber), total, internuclear. Obs: síndrome de
horner (lesão do gânglio simpático cervical).
V PAR – TRIGÊMEO: Possui uma raiz sensitiva (3 núcleos) e uma motora (1 núcleo).
Funções: Sensitiva: Sensibilidade geral de 2/3 anteriores da cabeça (pele, conjuntiva ocular, dentes, 2/3 anteriores
da língua). Motora (raiz motora): motricidade dos músculos mastigatórios masseter, temporal e pterigoideo.
Classificação: MISTO.
Origem aparente no SN: Entre a ponte e o pedúnculo cerebelar médio
Origem aparente no Crânio: Oftálmico: fissura orbital superior. Maxilar: Forame redondo. Mandibular: Forame
oval.
Origem real: núcleo do trato solitário (bulbo e ponte), núcleo sensitivo principal (ponte), núcleo motor (ponte)
núcleo mesencefálico (ponte e mesencéfalo).
Principais lesões/patologias: Sensitiva: Nevralgia do trigêmeo. A lesão do trigêmeo determina um déficit sensitivo
limitado ao território sensitivo da raiz acometida. Motora: atrofia musculatura da mastigação, redução da força da
mandíbula, desvio da mandíbula para o lado da lesão (musculo pterigoideo). A lesão da via corticonuclear determina
também uma paresia dos músculos da mastigação, no entanto, de pequena intensidade devida à representação
cortical bilateral. Lesão da ponte ao nível da emergência do trigêmeo.
Exame físico: teste da sensibilidade nas áreas oftálmica, maxilar e mandibular, inspeção do reflexo córneo-palpebral.
Inspeção dos músculos mastigatórios, exame dos movimentos da mandíbula e o reflexo mandibular.
• Reflexo mandibular: percussão do queixo com interposição do dedo do examinador, estando o paciente com a
boca entreaberta.
- Os músculos da mastigação são inervados pela raiz motora do trigêmeo.
- Seu núcleo recebe o trato corticonuclear e fibras do núcleo mesencefálico do trigêmeo, onde chegam os impulsos
proprioceptivos dos músculos mastigatórios.
- A resposta consiste na elevação da mandíbula devida à contração dos masseteres, sendo normalmente pequena,
mas encontra-se exaltada nas lesões supranucleares bilaterais.
- A percussão do mento estira os músculos mastigadores, ativando os fusos neuromusculares. Os impulsos aferentes
seguem pelo nervo mandibular, indo até o núcleo mesencefálico do trigêmeo (propriocepção).
- Os axônios dos neurônios desse núcleo fazem sinapse com os neurônios do núcleo motor do trigêmeo, cujos
axônios seguem também pela raiz mandibular do trigêmeo, determinando a contração dos músculos mastigadores.
• Reflexo córneo-palpebral: consiste na contração do músculo orbicular das pálpebras consequente a estímulos
táteis da córnea.
- A estimulação da córnea é transmitida ao núcleo principal do trigêmeo, de onde saem fibras cruzadas e não
cruzadas e que conduzem os impulsos aos núcleos do facial, dos dois lados, c/ resposta motora nos 2 olhos.
- Pode estar abolido também nas lesões do facial.
VII PAR – FACIAL: Possui 2 partes: Facial propriamente dito (motor) e N. Intermédio (sensitivo e visceral).
Funções: Sensitivas:
- Sensibilidade gustativa de 2/3 anteriores da língua (n. intermédio)
- Sensibilidade geral de parte do pavilhão auditivo e do meato acústico externo (n. intermédio )
- Sensibilidade da face superior do palato mole (n. intermédio)
- Inervação parassimpática das glândulas: submandibular, sublingual e lacrimal (n.intermédio).
Motoras: - Movimentar a musculatura mímica (facial propriamente dito) + importante.
Classificação: MISTO.
Origem aparente no SN: Sulco bulbo-pontino (lateralmente ao abducente).
Origem aparente no Crânio: Forame estilomastóideo (ñ visto na vista superior da face inferior do crânio).
Origem real: núcleo do trato solitário (bulbo e ponte), núcleo salivatório superior (ponte), núcleo lacrimal (ponte) e
núcleo motor (ponte).
Principais lesões/patologias: Paralisia central e periférica.
Paralisia facial PERIFÉRICA (total)
• Ocorre lesão no trajeto núcleo muscular do neurônio motor inferior.
• Lesões nesse trajeto, resultam em paralisia total dos músculos da face na metade lesada (homolateral).
• Como o lado oposto está normal, ocorre desvio da comissura labial para o lado normal (evidente quando sorri).
OBS: Há também paralisia do músculo orbicular da pálpebra, assim, como o músculo levantador da pálpebra está
normal (oculomotor), a pálpebra permanece aberta, predispondo lesões e infecções (reflexo corneano abolido).
Paralisia facial CENTRAL ou supra nuclear (parcial)
• A porção ventral do núcleo motor do facial, que inerva a metade inferior da face, recebe fibras hemisfério cerebral
oposto.
• Já a porção dorsal, que inerva a parte superior da face, recebe fibras dos dois hemisférios cerebrais.
• Assim, quando há lesão no trato corticonuclear de um lado, há completa paralisia da musculatura mímica da
metade inferior da face contralateral, mas na metade superior os movimentos são mantidos pelas fibras
homolaterais que permaneceram intactas.
• Por isso, quando a paralisia é central, a paralisia é na metade oposta ao lado lesado, somente na porção inferior.
Exame físico: Motricidade: pesquisar musculatura mímica. Na paralisia facial periférica há o desvio da comissura
labial para o lado oposto ao da lesão, desaparecimento do sulco nasogeniano do mesmo lado da lesão, o paciente
não consegue fechar o olho (lagoftalmia) e nem franzir a testa. Na paralisia central, há o desvio da comissura labial
para o mesmo lado da lesão, desaparecimento do sulco nasogeniano do lado oposto ao da lesão e o paciente
consegue fechar os olhos e franzir a testa na parte superior do lado paralisado.
Reflexo de piscar: quando se faz um rápido movimento como se fosse tocar o olho do paciente com a mão, ocorre
oclusão palpebral.
VIII PAR – VESTIBULOCOCLEAR Ocupa, juntamente com os nervos facial e intermédio, o meato acústico interno, na
porção petrosa do temporal.
Funções: Parte vestibular: equilíbrio. Parte coclear: audição.
Classificação: SENSITIVO.
Origem aparente no SN: Sulco bulbo-pontino (lateralmente ao VII).
Origem aparente no Crânio: não sai do crânio, apenas penetra no osso temporal pelo meato acústico interno.
Origem real: núcleo vestibular medial e inferior (bulbo) e núcleo vestibular superior e lateral (ponte).
Principais lesões/patologias: Lesões do VIII causam diminuição da audição (parte coclear), juntamente com
vertigem, falta de equilíbrio, enjoo, nistagmo, desvio na marcha p/ o lado da lesão e sinal de Romberg + (parte
vestibular).
Exame físico:
AUDIÇÃO Os testes auditivos usados nos exames neurológicos de rotina são:
A) Teste da voz falada e sussurrada. Permite a determinação da condução aérea e da acuidade auditiva.
B) Teste do tic-tac do relógio. Permite avaliação da condução aérea em altas frequências. O relógio é aproximado da
orelha testada e determina-se a distância a partir da qual o paciente começa a ouvir o tic-tac do relógio.
C) Teste do diapasão. É utilizado para testar tanto a condução aérea quanto a óssea.
1. Teste de WEBER: Coloca-se o diapasão no vértice do crânio, normalmente, a vibração é percebida com a mesma
intensidade dos 2 lados.
• A presença de um som diminui a capacidade de um indivíduo de ouvir outros sons (mascaramento).
• Os sons de fundo mascaram a audição da orelha normal, assim, como uma perda auditiva de condução elimina o
efeito de mascaramento, no caso de déficit de condução em uma das orelhas, o diapasão parecerá mais intenso na
orelha com déficit auditivo de condução. Se houver déficit auditivo neurosensorial, o diapasão parecerá mais intenso
na orelha normal.
2. Teste de Rinné: Os sons conduzidos por via aérea são normalmente percebidos como mais altos do que por via
óssea. Essa relação é verificada através do teste de Rinné. O diapasão é aplicado de encontro no processo mastoide
(condução óssea) e, quando o som deixa de ser percebido, o diapasão é colocado próximo ao conduto auditivo
externo (audição aérea). A resposta normal é ouvir o diapasão após o mesmo não ser mais audível sobre o processo
mastoide. A duração da percepção é 2 vezes maior para a condução aérea em relação à condução óssea.
• No caso de déficit auditivo neurosensorial, o paciente irá também ouvir o som conduzido por via aérea, após a
condução óssea não ser mais audível, mas em tempos diminuídos nas 2 fases da prova.
• No déficit auditivo de condução, a condução óssea será igual ou superior à condução aérea. Nesse caso, o
diapasão não será mais audível em frente ao pavilhão auricular após não poder mais ser ouvido sobre a mastóide.
3. Teste de Schwabach: é realizada a comparação da audição do paciente com a do examinador, que se presume
normal. O examinador coloca o diapasão no próprio processo mastóide e depois no do paciente. No caso déficit
neurosensorial, o examinador ouvirá o diapasão por alguns segundos a mais que o paciente. No caso de déficit de
condução, paciente irá ouvir o diapasão vários segundos além do examinador.
OBS: Com esses testes é possível apenas uma determinação qualitativa da acuidade auditiva. Para quantificar
precisamente a gravidade e o padrão da perda auditiva, é necessária a realização de audiometria.
IX PAR – GLOSSOFARÍNGEO:
Funções: Sensitivas: - Sensibilidade gustativa e geral de 1/3 posterior da língua e geral da faringe, úvula, tonsilas,
tuba auditiva, seio e corpo carotídeos. Inervação de pequena região do pavilhão auditivo e do meato acústico
externo. Motoras: - Inervação parassimpática da glândula parótida. Músculo constritor superior da faringe e
músculo estilofaríngeo.
Classificação: MISTO.
Origem aparente no SN: Sulco lateral posterior do bulbo.
Origem aparente no Crânio: Forame jugular.
Origem real: Núcleo do trato solitário (bulbo), núcleo salivatório inferior (bulbo), núcleo ambíguo (bulbo) e núcleo
do trato espinhal do trigêmeo (bulbo e ponte).
Principais lesões/patologias: nevralgia, semelhante à do nervo trigêmeo e caracterizada por dores na faringe e no
terço posterior da língua, podendo se irradiar para o ouvido. Além disso, pode ocorrer também distúrbios de
gustação na porção posterior da língua.
X PAR – VAGO Maior dos nervos cranianos.
Classificação: MISTO.
Origem aparente no SN: Sulco lateral posterior do bulbo (caudalmente ao IX).
Origem aparente no Crânio: Forame Jugular.
Origem real: Núcleo dorsal do vago (bulbo), núcleo ambíguo (bulbo), núcleo do trato solitário (bulbo) e núcleo do
trato espinhal do trigêmeo (bulbo e ponte).
Funções: Sensitivas: - Gustação na epiglote. Sensibilidade geral de parte da faringe, laringe, traqueia, esôfago e
vísceras torácicas e abdominais. Sensibilidade geral de parte do pavilhão auditivo e do meato acústico externo.
Motoras: - Inervação parassimpática das vísceras torácicas e abdominais. Inervação da musculatura da região
velopalatina, faringe e laringe.
XI PAR – ACESSÓRIO É formado por uma raiz bulbar e uma raiz espinhal. Após passar pelo forame jugular, ele divide-
se em ramo interno (fibras da raiz bulbar) e externo (fibras da raiz espinhal).
Funções: Ramo interno (Raiz bulbar): Inervação dos músculos da laringe (n. laríngeo recorrente) e das vísceras
torácicas juntamente com o vago.
Ramo externo (Raiz espinhal): Inerva os músculos trapézio e esternocleidomastoídeo.
Classificação: MOTOR.
Origem aparente no SN: Sulco lateral posterior do bulbo (raiz bulbar) e medula (raiz espinhal).
Origem aparente no Crânio: Forame jugular.
Origem real: Raiz espinhal: origina-se nas colunas anteriores da medula cervical. Raiz bulbar: origina-se no núcleo
ambíguo (bulbo).
XII – HIPOGLOSSO:
Funções: Motricidade da língua, inervação da musculatura da língua.
Classificação: MOTOR.
Origem aparente no SN: Sulco lateral anterior do bulbo.
Origem aparente no Crânio: Canal do hipoglosso.
Origem real: Núcleo do hipoglosso (bulbo).
Lesões/patologias: Paralisia da musculatura de uma das metades da língua.
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Problema 06 – Diencéfalo:
1 – Diencéfalo macroscópico: Ao lado do telencéfalo, forma o cérebro e compreende: hipotálamo, tálamo,
subtálamo e epitálamo, todas em relação com o III ventrículo.
1 – III Ventrículo: Cavidade do diencéfalo que se comunica com o IV ventrículo e com os laterais.
• A parede do III ventrículo possui o sulco hipotalâmico, acima dele há o tálamo e abaixo, o hipotálamo.
• Unindo os dois tálamos, observa-se uma trave de SC (aderência intertalâmica - ausente em 30% das pessoas).
• No assoalho do III ventrículo encontra-se, o quiasma, infundíbulo, túber cinéreo e corpos mamilares (hipotálamo).
• A parede posterior do ventrículo é formada pelo epitálamo, que se localiza acima do sulco hipotalâmico.
• Teto do III ventrículo: formado pela tela corioide que se insere nas estrias medulares do tálamo que saem de cada
lado do epitálamo (fibras que percorrem a parte mais altas das paredes laterais do III ventrículo.
• A partir da tela corioide, invaginam-se na luz ventricular os plexos corioides do III ventrículo.
• A parede anterior do III ventrículo é formada pela lamina terminal (tecido nervoso que une os 2 hemisférios e fica
entre o quiasma e a comissura anterior).
OBS: A comissura anterior, a lamina terminal e as partes adjacentes das paredes laterais do III ventrículo pertencem
ao telencéfalo, pois derivam da parte central não evaginada da vesícula encefálica do embrião.
2 – Tálamo: 2 massas de SC, dispostas uma de cada lado do diencéfalo.
• A extremidade anterior apresenta o tubérculo anterior do tálamo.
• A extremidade posterior, apresenta o pulvinar, que se projeta sobre os corpos geniculados lateral e medial.
• O CG medial faz parte da via auditiva, o lateral da via óptica.
• A porção lateral do tálamo faz parte do assoalho do ventrículo lateral e a medial forma as paredes laterais do III.
• A face lateral do tálamo é separada do telencéfalo pela cápsula interna, de fibras que ligam o córtex cerebral aos
centros nervosos subcorticais.
• A face inferior do tálamo continua com o hipotálamo e o subtálamo.
• O tálamo está relacionado sobreduto com a sensibilidade, integrando as vias ascendentes ao córtex cerebral.
3 – Hipotálamo: Área pequena, que se dispõe nas paredes do III ventrículo, abaixo do sulco hipotalâmico.
• Compreende estruturas das paredes laterais do III ventrículo, abaixo do sulco hipotalâmico, e do assoalho do III:
- Corpos mamilares: Eminências arredondadas de SC, evidentes na fossa interpeduncular.
- Quiasma óptico: Fica na parte anterior do assoalho do III ventrículo e recebe fibras dos nervos ópticos, que ai
cruzam e continuam nos tratos ópticos que se dirigem aos corpos geniculados laterais.
- Túber cinéreo: área cinzenta entre o quiasma e os corpos mamilares onde a hipófise se prende pelo infundíbulo.
- Infundíbulo: formação nervosa que liga o hipotálamo à hipófise.
• O hipotálamo regula o SNA e as glândulas endócrinas e é o principal responsável pela homeostase do corpo.
4 – Epitálamo: Limita posteriormente o III ventrículo através da glândula pineal e as comissuras das habênulas e a
posterior, fibras que prendem a base do corpo pineal.
• A comissura posterior é considerada como limite entre o mesencéfalo e o diencéfalo.
5 – Subtálamo: É a zona de transição entre o diencéfalo e o tegmento do mesencéfalo e é difícil de ser visualizado
por não se relaciona com as paredes do III ventrículo
• É limitado lateralmente pela capsula interna e medialmente pelo hipotálamo.
2 – Hipotálamo:
1 – Divisões e núcleos do hipotálamo:
• É constituído fundamentalmente de SC que se agrupa em vários núcleos.
• Existem fibras (fórnix), que percorrem o hipotálamo e terminam nos corpos mamilares dos dois lados, dividindo-o
em área medial (rica em SC – principais núcleos) e lateral (predominância de fibras longitudinais).
• O hipotálamo pode ainda ser dividido em 3 planos frontais:
- Supraóptico: compreende o quiasma e toda área acima dele, nas paredes do III ventrículo até o sulco hipotalâmico.
- Tuberal: compreende o túber cinéreo e toda área acima dele, paredes do III ventrículo até o sulco hipotalâmico.
- Mamilar: compreende os corpos mamilares e as áreas acima deles, nas paredes do III ventrículo.
• Pré-óptica: essa área fica na parte mais anterior do III ventrículo, próximo da lamina terminal. Como ela é
derivada, embriologicamente, da vesícula telencefálica, ela não pertence ao diencéfalo, mas é estudada aqui, pois
funcionalmente liga-se ao hipotálamo supraóptico.
• Principais núcleos do hipotálamo: dorsomedial, supra-óptico, paraventricular, ventromedial, arqueado e posterior.
2 – Conexões do hipotálamo: O hipotálamo tem conexões com diferentes regiões do SNC e intra-hipotalâmicas.
• Ele recebe sinais das vias sensoriais, de várias áreas do SNC e tem eferências que contribuem com a homeostasia.
• A seguir: conexões mais importantes de acordo com suas funções:
1 – Conexões com o sistema límbico: O sistema límbico compreende estruturas relacionadas com emoção e
memória, dentre elas destacam-se o hipocampo, o corpo amigdaloide e a área septal:
- Hipocampo Liga-se pelo fórnix aos núcleos mamilares do hipotálamo, de onde os impulsos nervosos seguem para
o núcleo anterior do tálamo (circuito de Papez).
- Corpo amigdaloide: Fibras dos núcleos do corpo amigdaloide chegam ao hipotálamo principalmente através da
estria terminal.
- Área septal: liga-se ao hipotálamo através de fibras que percorrem o feixe prosencefálico medial.
2 – Conexões com a área pré-frontal: tem o mesmo sentido funcional das anteriores, visto que o córtex da área pré-
frontal também se relaciona com o comportamento emocional.
3 – Conexões viscerais: Para exercer seu papel de controlador das funções viscerais, o hipotálamo mantém conexões
aferentes e eferentes com os neurônios da medula e do tronco encefálico relacionados com essas funções.
- aferentes: O hipotálamo recebe informações sobre a atividade das vísceras, através de suas conexões diretas com
o núcleo do trato solitário (ele recebe toda a sensibilidade visceral que entra no SNC pelos nervos VII, IX e X).
- eferentes: O hipotálamo controla o SNA agindo sobre os neurônios pré-ganglionares dos sistemas simpático e
parassimpático. As conexões diretas se fazem através de fibras que, saem dos núcleos do hipotálamo e terminam
nos núcleos do tronco encefálico e na coluna lateral da medula. As conexões indiretas se fazem através da formação
reticular e tratos reticuloespinhais.
4 – Conexões com a hipófise: O hipotálamo tem apenas conexões eferentes com a hipófise:
- Trato hipotálamo-hipofisário: formado por fibras que se originam nos neurônios grandes dos núcleos supraóptico
e paraventricular e terminam na neurohipófise, transportando vasopressina e ocitocina.
- Trato túbero-infundibular: constituído de fibras do núcleo arqueado e de áreas vizinhas do hipotálamo tuberal que
terminam no infundíbulo, transportando hormônios ativadores ou inibidores da adenohipófise.
5 – Conexões sensoriais: diversas modalidades sensoriais têm acesso ao hipotálamo.
• Assim, o hipotálamo recebe informações das áreas erógenas, importantes a ereção.
• Existem também conexões da retina com o hipotálamo através do trato retino-hipotalamico que termina no
núcleo supraquiasmático e no núcleo pré-óptico ventrolateral.
• Essas conexões estão envolvidas na regulação dos ritmos circadianos como ciclo de claro-escuro.
3 – Funções do hipotálamo: Tem várias funções, dentre elas, a de manutenção da homeostase, através da regulação
do SNA e do sistema endócrino, integrando-os com às necessidades do dia a dia.
• Controla também processos importantes para a sobrevivência da espécie, como a fome, a sede e o sexo. A
sensação de calor, por exemplo, leva a um desconforto que fará com que sejam disparados mecanismos internos
inconscientes para dissipá-lo, como a sudorese e o comportamento de procura de local fresco.
• Assim ocorre as sensações de fome, sede, frio, levando a ajustes internos e a comportamentos específicos, visando
garantir a constância do meio interno e a sobrevivência do individuo.
1 – Controle do SNA: Atua através de estimulações em áreas determinadas do hipotálamo que dão respostas típicas
dos sistemas parassimpático e simpático, determinando, dentre outros aspectos, aumento do peristaltismo
gastrintestinal, contração da bexiga, diminuição do ritmo cardíaco e da pressão sanguínea e constrição da pupila. O
hipotálamo anterior controla principalmente o sistema parassimpático. Já a o hipotálamo posterior da respostas
opostas a essas ,porque controla principalmente o sistema simpático.
2 – Regulação da temperatura corporal: O hipotálamo é informado da temperatura corporal por termorreceptores
periféricos e neurônios que funcionam como termorreceptores. Ele é capaz de detectar as variações de temperatura
do sangue que por ele passa e ativar os mecanismos de perda ou de conservação do calor necessários à manutenção
da temperatura normal. Existem no hipotálamo 2 centros: o da perda do calor, no hipotálamo anterior
(vasodilatação e sudorese) e o centro da conservação do calor, no hipotálamo posterior (vasoconstrição, tremores,
↑ tireoide = ↑ metabolism.). Lesões no centro da perda do calor causam elevação incontrolável da temperatura
(febre central). Sabe-se também que a febre que acompanha processos inflamatórios resulta das do
comprometimento dos neurônios termorreguladores do hipotálamo anterior que deixam de perder calor.
OBS: Acredita-se que o hipotálamo ativa regiões corticais para determinar comportamentos motivacionais de busca
de abrigo, agasalho para frio ou de local fresco e ventilação para o calor.
3 – Regulação do comportamento emocional: Muitas áreas do hipotálamo pertencem ao sistema límbico e têm
papel importante na regulação de processos emocionais.
4 – Regulação do equilíbrio hidrossalino e da PA: O equilíbrio hidrossalino exige mecanismos de regulação do
volume sanguíneo e da osmolaridade, representada pela concentração extracelular de sódio.
• A pressão está diretamente ligada à volemia e à concentração de sódio no sangue.
• O principal mecanismo que o hipotálamo utiliza para regular o equilíbrio hidrossalino é através da liberação do
ADH que é sintetizado pelos neurônios dos núcleos supraóptico e paraventricular e liberado na neurohipófise.
• Para exercer essa função, esses neurônios recebem informações sobre a osmolaridade do sangue já que neles
não existe barreira hematoencefálica. Esse mecanismo é ativado em casos de diminuição de pressão, por exemplo,
em hemorragias, promovendo aumento da liberação de hormônio antidiurético pela neurohipófise.
• Outro mecanismo regulador da ingestão de água e sal, que mantém a volemia e a concentração de sódio dentro de
valores normais, tem como base receptores periféricos de pressão (barorreceptores) localizados nas paredes dos
grandes vasos. Esses receptores percebem alterações da PA e transmitem aos núcleos do trato solitário, pelo vago.
Esse núcleo conecta-se com os núcleos paraventricular e supraóptico
• Quando o sinal detectado é de hipovolemia, secreta-se a vasopressina (ADH), que promove vasoconstrição e
reabsorção de sódio e água.
• O hipotálamo regula a volemia por mecanismos automáticos e inconscientes, mas também ativa a ingestção de
água e sal, despertando ou não sensação de sede ou o desejo de ingestão de alimentos salgados.
• A estimulação de uma área do hipotálamo lateral, o centro da sede, aumenta a sede do animal que pode morrer
por excesso de ingestão de água. A lesão dessa área faz com que o animal perca a sede, podendo morrer
desidratado.
5 – Regulação da ingestão de alimentos: A estimulação do hipotálamo lateral (centro da fome) faz com que o
animal se alimente vorazmente, enquanto a estimulação do núcleo ventromedial (centro da saciedade) do
hipotálamo causa total saciedade. Lesões nessas áreas faz com que o animal tenham efeitos opostos ao da
estimulação. Em tumores que atingem o núcleo ventromedial, ocorre um quadro de obesidade
• Aliado aos fatores neurais, também existem fatores hormonais envolvidos na regulação da ingestão de alimentos.
• A leptina, secretada pelos adipócitos, informa o núcleo arqueado do hipotálamo sobre a abundancia de gordura
no corpo e ele libera o hormônio alfa-melanocito-estimulante, responsável pela saciedade.
6 – Regulação do sistema endócrino:
a) Hipotálamo e neurohipófise:
• As ideias de que o hipotálamo teria relações com a neurohipófise surgiram da doença diabetes insipidus.
• Essa doença caracteriza-se por aumento da quantidade de urina, sem eliminação de glicose.
• Ela é devida à diminuição dos níveis sanguíneos do ADH.
• O diabetes insipidus ocorre em processos patológicos da neurohipófise e em lesões do hipotálamo.
• Isso se deve pelo fato de o ADH ser sintetizado pelos neurônios dos núcleos supraóptico e paraventricular e, a
seguir, é transportado pelas fibras do trato hipotálamo-hipofisário até a neurohipófise, onde é liberado.
• O ADH age nos túbulos renais aumentando a absorção de água e a ocitocina promove a contração da musculatura
uterina e das células mioepiteliais das glândulas mamárias, sendo importante no parto e na ejeção de leite (reflexo
neuroendócrino: impulsos que resultam da sucção do mamilo são levados à medula e daí ao hipotálamo, onde
estimulam a produção de ocitocina pelos núcleos supraópticos e paraventriculares e sua liberação na neurohipófise.
b) Hipotálamo e adenohipófise: O hipotálamo regula a secreção hormonal da adenohipófise por uma conexão
nervosa e outra vascular. A conexão vascular, se faz através do sistema porta-hipofisário, por onde os hormonios
passam até chegar à adeno-hipófise, onde atuam regulando a liberação dos hormônios da adenohipófise.
• Isso é feito por estimulação e por inibição.
• Os hormônios da adenohipófise são: ACTH, TSH, FSH, LH, GH, MSH e prolactina.
• O hipotálamo é sensível a ação dos hormônios circulantes que, por retroalimentação, regulam sua secreção.
7 – Geração e regulação dos ritmos circadianos: A maioria dos nossos parâmetros fisiológicos, metabólicos ou
mesmo comportamentais sofre oscilações que se repetem no período de 24 horas. Isso se observa, por exemplo, na
temperatura corporal, no nível circulante de vários hormônios, glicose e outras substancias, ou mesmo nos padrões
de atividade motora e de sono e vigília. Essas variações rítmicas são endógenas, ou seja, ocorrem mesmo quando o
animal é mantido no escuro. Os ritmos circadianos são gerados em marca-passos ou relógios biológicos. Nos
mamíferos, o principal marcampasso situa-se no núcleo supraquiasmático do hipotálamo e sua destruição abole a
maioria dos ritmos circadianos, inclusive perda dos ritmos de vigília-sono.
8 – Regulação do sono e da vigília: O hipotálamo tem papel central na regulação do sono e da vigília.
• A geração deste ritmo inicia-se no núcleo supraquiasmático e é repassado ao núcleo pré-óptico ventrolateral.
• Os neurônios do núcleo pré óptico ventrolateral inibem os neurônios do SAA, que resulta em sono.
• Ao final do período de sono, sob ação do núcleo supraquiasmático essa inibição cessa e começa a ação excitatória
do neurônio orexinérgico sobre os neurônios deste sistema e inicia-se a vigília.
• Lesões dos neurônios oxinérgicos, que ocorrem no transtorno do sono denominado narcolepsia, fazem com que o
quadro de vigília seja interrompido por súbitas crises de sono REM podendo haver também perca total do tonuns,
levando a uma súbita queda, quadro clinico denominado CATAPLEXIA.
OBS: existem fibras da retina que se projetam diretamente para o núcleo pré-óptico ventrolateral, bloqueando o
efeito inibidor que esses neurônios têm sobre o SAA, isso explica porque a luz dificulta o adormecer.
9 – Integração do comportamento sexual: No hipotálamo, a excitação está ligada aos 2 núcleos pré-ópticos, que são
ativados em situações em que se manifesta a excitação sexual. Assim, a ereção e ejaculação dependem do SNA, que
é regulado pelo hipotálamo.
3 – Tálamo:
O tálamo é constituído de SC, na qual distinguem vários núcleos a partir de uma lamina de substância branca, a
lamina medular.
• Em sua extremidade anterior essa lamina bifurca-se em Y, delimitando anteriormente uma área onde se localizam
os núcleos anteriores.
• No interior da lamina medular interna existem pequenas massas de SC que constituem os núcleos mediais e
núcleos laterais do tálamo.
Núcleos do tálamo: Existem mais de 50 núcleos no tálamo, que são divididos em grupos: anterior, posterior,
mediano, medial e lateral.
Grupo anterior: Esses núcleos recebem fibras dos núcleos mamilares e está relacionado com a memória.
Grupo posterior: Compreende:
- Pulvinar: Apesar de ser o maior núcleo do tálamo, suas funções não são bem conhecidas, embora existam relatos
de problemas de linguagem associados a lesões do pulvinar.
- Corpo geniculado medial: recebe fibras do colículo inferior e projeta fibras para a área auditiva do córtex cerebral.
- Corpo geniculado lateral: recebe pelo trato óptico fibras da retina e projeta fibras para a área visual do córtex.
Grupo mediano: relacionam-se com funções viscerais.
Grupo medial: Compreende os núcleos situados dentro da lamina medular interna e o núcleo dorsomedial, situado
entre essa lamina e os núcleos do grupo mediano.
• Nos núcleos intralaminares, destaca-se o centromediano, que recebe fibras da formação reticular e ativa o córtex
cerebral, integrando o sistema ativador reticular ascendente.
• A via que liga a formação reticular ao córtex proporciona uma percepção sensorial, principalmente reações
emocionais para estímulos dolorosos.
• Lesões já foram feitas no núcleo centromediano para aliviar dores intratáveis.
• O núcleo dorsomedial recebe fibras principalmente do corpo amigdaloide e tem conexções reciprocas com a parte
anterior do lobo frontal, denominada área pré-frontal.
Grupo lateral: É o grupo mais importante e mais complicado.
• Compreende os núcleos situados lateralmente à lamina medular interna, e podem ser subdivididos em ventrais e
dorsais.
- Núcleo ventral anterior: recebe a maioria das fibras que do globo pálido se dirigem para o tálamo, projeta-se para
as áreas motoras do córtex cerebral e tem função de planejamento execução da motricidade somática.
- Núcleo ventral lateral: recebe fibras do cerebelo e projeta-se para as áreas motoras do córtex cerebral. Integra a
via cerebelo-tálamo-cortical.
- Núcleo ventral posterolateral: núcleo das vias sensitivas, recebendo fibras dos lemniscos medial e espinhal e
projeta fibras para a área somestésica do córtex cerebral.
- Núcleo ventral posteromedial: núcleo das vias sensitivas que recebe o lemnisco trigeminal e projeta fibras para a
área somestésica e gustativa para o córtex cerebral.
- Núcleo reticular: É atravessado por quase todas as fibras tálamo-corticais que passam pela cápsula interna e que
ao atravessá-lo dão colaterais que nele estabelecem sinapses. Difere dos outros núcleos por utilizas GABA como
neurotransmissor, que é inibidor, enquanto a maioria usa glutamato. Difere também por não ter conexão direta com
o córtex mas sim com outros núcleos talâmicos. Atua como porteiro, selecionado as informações que vão para o
córtex. OBS: no inicio do sono as fibras gabaérgicas inibem núcleos talâmicos como o ventral posterolateral, o que
impede a chegada de impulsos sensitivos ao córtex cerebral durante o sono.
Relações talamocorticais:
• O tálamo é um elo entre os receptores sensoriais e o córtex cerebral (exceto para a olfação).
• Todos os núcleos talâmicos, com exceção do reticular, tem conexões com o córtex, através das fibras
talamocorticais e corticotalamicas.
• Essas fibras constituem uma grande parte da capsula interna, sendo que o maior contigente delas se destina às
áreas sensitivas do córtex.
Funções do tálamo:
- Sensibilidade: O tálamo tem papel de integrar, modificar e distribuir às áreas especificas do córtex impulsos que
recebe das vias sensoriais. Alguns desses impulsos tornam-se conscientes no tálamo (dor, temperatura e tato
protopático). Entretanto a sensibilidade talâmica, ao contrário da cortical, não é discriminativa e não permite o
reconhecimento da forma e do tamanho de um objeto pelo tato (estereognosia).
- Motricidade: através dos núcleos ventral anterior e ventral lateral.
- Comportamento emocional: através do núcleo dorsomedial e suas conexões com a área pré-frontal.
- Memória: através do núcleo do grupo anterior e suas conexões com os núcleos mamilares do hipotálamo.
- Ativação do córtex: através dos núcleos talâmicos inespecíficos e suas conexões com a formação reticular (sistema
ativador reticular ascendente)
Correlações anatomoclínicas: Afecções do tálamo, geralmente decorrente de lesões de vasos, podem resultar na
síndrome talâmica, na qual se manifestam alterações da sensibilidade.
• Uma delas é o aparecimento da dor central, dor que se irradia a toda a metade do corpo situada do lado oposto ao
tálamo, comprometido sensações desproporcionalmente intensas, indefinidas e desagradáveis.
4 – Subtálamo:
Pequena área situada na parte posterior do diencéfalo, na transição com o mesencéfalo, limitando-se superiormente
com o tálamo, lateralmente com a capsula interna e medialmente com o hipotálamo.
• Só pode ser visto em secções do diencéfalo pois não se relacionam com sua superfície externa ou com as paredes
do III ventrículo.
• Algumas estruturas mesencéfalicas ascendem até o subtálamo, como o núcleo rubro, a substancia negra e a
formação reticular, constituindo a zona incerta do subtálamo.
• Contudo o subtálamo apresenta SC e SB que são próprias, como o núcleo subtalamico, que tem conexões nos dois
sentidos com o globo pálido e é importante para a regulação da motricidade somática.
• Lesões do núcleo subtalamico provocam a síndrome do hemibalismo, caracterizada por movimentos anormais das
extremidades.
• Esses movimentos são muito violentos e muitas vezes não desaparecem nem com o sono.
5 – Epitálamo:
• Está localizado na parte superior e posterior do diencéfalo e contém a habênula e a glândula pineal.
• A habenula está situada de cada lado do trígono da habênula e participa da regulação dos níveis de dopamina na
via mesolímbica, principal área do prazer do cérebro (pertence ao sistema límbico).
Glândula Pineal: Produz melatonina e participa da regulação da reprodução e dos ritmos circadianos. A pineal
possui células secretoras denominadas pinealócitos, que são ricos em serotonina e que a utiliza para a síntese da
melatonina. A inervação da pineal se dá por fibras simpáticas pós-ganglionares, oriundas do gânglio cervical superior
que entram no crânio pelo plexo carotídeo e terminam nos pinealócitos A melatonina é produzida após a ativação
dos pinealócitos pela noradrenalina liberada pelas fibras simpáticas. Durante o dia, essas fibras tem pouca atividade
e os níveis de melatonina na circulação são baixos. Durante a noite a inervação simpática da pineal é ativada, o que
aumenta os níveis de melatonina em 10 vezes, obedecendo um ritmo circadiano, com pico durante a noite.
Funções da pineal:
1 – Antigoadotrófica: A pineal tem efeito inibidor sobre as gônadas e como a luz inibe a pineal e o escuro ativa, há a
influencia da pineal sobre a função gonadotrópica de acordo com sua estimulação ou inibição.
• No homem, a evidencia de uma ação da luz sobre os órgãos reprodutoras, mediada pela pineal, é pequena.
• No entanto, certas alterações da puberdade em meninas cegas poderiam ser explicadas pela ausência de luz,
gerando puberdade tardia, em virtude da estimulação da pineal pelo escuro.
• Puberdade precoce pode ocorrer em casos de tumores de pineal de crianças, que destroem pinealócitos, cessando
assim, a ação frenadora que a pineal tem sobre as gônadas.
2 – Sincronização do ritmo circadiano de vigília-sono: Como foi visto, o ritmo vigília sono é sincronizado com o ciclo
dia-noite pelo núcleo supraquiasmático que para isso recebe informações sobre a luminosidade do ambiente pelo
trato retino-hipotalmaico.
• A melatonina tem uma ação sincronizadora suplementar sobre esse ritmo agindo sobre os neurônios do núcleo
supraquiasmático que têm receptores para melatonina.
• Essa ação é importante quando há mudanças acentudas no ciclo natura de dia-noite.
• Isso ocorre por exemplo em voos intercontinentais, quando o individuo é deslocado para uma região onde é dia
quando seu ritmo circadiano está em fase de sono.
• O mal estar e a sonolência melhoram com a administração de melatonina.
3 – Regulação da glicemia: A melatonina inbe a secreção de insulina nas células beta das ilhotas pancreáticas. Como
os pinealócitos tem receptores de insulina, acredita-se que exista uma alça de retroalimentação entre pinealócitos e
células-beta.
4 – Regulação da morte celular por apoptose: a melatonina inibe o aparecimento de células em apoptose e os
corticoides ativam. A pinealectomia em ratos acelera a involução normal do timo e a melatonina atrasa esse
processo..Pesquisas recentes mostram que nas células cancerosas acontece o contrário: a melatonina aumenta a
apoptose, contribuindo para a regressão de certos tipos de tumores.
5 – Ação antioxidante: não só remove os radicais livres, mas também aumenta a capacidade antioxidante das
células.
6 – Regulação do sistema imunitário: aumenta as resposta imunitárias, agindo sobre as células do baço, timo,
medula óssea, macrófagos, neutrófilos e células T.
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Problema 07 – Telencéfalo:
1 – Anatomia macroscópica do telencéfalo:
O telencéfalo compreende os 2 hemisférios cerebrais e lamina terminal, situada anteriormente ao III ventrículo. Os
hemisférios cerebrais possuem cavidades, os ventrículos laterais direito e esquerdo. Cada hemisfério possui 3 polos:
o frontal, o temporal e o occipital e 3 faces: a dorsolateral, a medial e a inferior.
1 – Sulcos e giros: O telencéfalo possui ainda, vários sulcos que aumentam a superfície do córtex e formam os giros
cerebrais. Os sulcos mais importantes são o lateral, que se divide em 3 ramos: anterior, ascendente e posterior e o
central, que separa os lobos frontal e parietal, onde, anteriormente se localiza o giro pré-central e posteriormente o
pós central.
2 – Lobos: Os sulcos delimitam também os lobos, que recebem o nome de acordo com a correspondência no osso do
crânio, com exceção da ínsula. Existem 5 lobos: o frontal, o parietal, o temporal, o occipital e a ínsula, que fica dentro
dos ramo posterior do sulco lateral e não tem correspondência com nenhum osso. Isso ocorre porque ela, durante o
desenvolvimento, cresce menos que os demais lobos.
Lobo frontal: acima do sulco lateral e na frente do sulco central.
Lobo occipital: limitado por uma linha imaginária que se estende do sulco parietoccipital até a incisura pré-occipital.
Lobo parietal: é limitado anteriormente pelo sulco central, lateral e pela linha imaginárias.
Lobo temporal: fica abaixo do ramo posterior do sulco lateral.
Para falar dos lobos e dos sulcos, temos que considerar como referencia uma face.
3 – Face dorsolateral:
Lobo frontal: 3 sulcos
- sulco pré central: forma com o sulco central, o giro pré central.
- sulco frontal superior: onde acima dele se localiza-se o giro frontal superior e abaixo o giro frontal médio.
- sulco frontal inferior: onde abaixo dele localiza-se o giro frontal inferior, dotado de três partes: a orbital (anterior
ao ramo anterior), a triangular (entre o ramo anterior e o ascendente) e a opercular (atrás do ramo ascendente).
Lobo temporal: 2 sulcos:
- sulco temporal superior: onde forma acima dele o giro temporal superior e abaixo o giro temporal médio.
- sulco temporal inferior: onde forma, abaixo dele, o giro temporal inferior.
Lobo parietal: 2 sulcos:
- sulco pós-central: forma, com o sulco central, o giro pós central.
- sulco intraparietal: separa o lóbulo parietal superior do lóbulo parietal inferior, que possui os giros: supramarginal e
angular.
Lobo occipital: sulcos e giros inconstantes.
Ínsula: possui o sulco circular da ínsula, o sulco central da ínsula, o giro longo e os giros curtos da ínsula.
4 – Face medial: Na face medial, conseguimos ver estruturas inter-hemisféricas, que são o corpo caloso (fibras
mielínicas formadas pelo: joelho, tronco, esplênio e rostro do corpo caloso), o fórnix (feixe de fibras abaixo do corpo
caloso, constituído de corpo, colunas anteriores e pernas posteriores) e septo pelúcido (lâmina de tecido nervoso
entre o CC e o fórnix).
Lobo occipital: 2 sulcos:
- sulco calcarino: onde seus lábios são responsáveis pela área visual do cérebro
- sulco parietoccipital: que separa o lobo occipital do parietal e forma, com o sulco calcarino, o cúneo (giro).
Lobo parietal e frontal: 3 sulcos
- sulco do corpo caloso: contorna o corpo caloso.
- sulco do cíngulo: que forma, com o sulco do corpo caloso, o giro do cíngulo e termina no ramo marginal.
- sulco paracentral: forma, com o ramo marginal, o lóbulo paracentral.
5 – Face inferior:
Lobo temporal: 3 sulcos:
- sulco occípitotemporal: forma, com o sulco colateral, o giro occípitotemporal lateral.
- sulco colateral: forma, com o sulco calcarino o giro occípitotemporal medial e com o sulco do hipocampo, o giro
para-hipocampal.
- sulco do hipocampo: forma o giro para-hipocampal, que forma o úncus.
Lobo frontal: 1 sulco:
- sulco olfatório: forma, medialmente, o giro reto e abriga o bulbo e o trato olfatório.
6 – Ventrículos laterais: são cavidades dos 2 hemisférios cerebrais que contém líquor em seu interior. Eles
apresentam uma parte central e três cornos (frontal, temporal e occipital) que correspondem aos três polos do
hemisfério. Relacionam-se diretamente com o corpo caloso, fórnix, plexo corioide, SB, núcleo caudado, etc.
7 – Núcleos da base: são aglomerados de neurônios que ficam na base do cérebro.
Núcleo caudado: massa alongada de SC, onde sua extremidade apresenta uma dilatação que é a cabeça do núcleo
caudado, que se funde com o putâmen (Núcleo accumbens: fica nessa união – relacionado com prazer),
posteriormente está o seu corpo e logo depois, a cauda, que se projeta inferiormente, junto com o corno inferior do
ventrículo lateral, terminando no corpo amigdaloide, uma massa de SC relacionada com o medo.
Núcleo lentiforme: tem a forma de uma castanha do Pará e é dividido em putâmen, globo pálido lateral e medial. O
núcleo lentiforme se relaciona com a capsula interna e com o córtex da ínsula e entre eles, localizam-se as estruturas
da lateral para a medial: córtex da insula, capsula extrema, claustrum (SC), cápsula externa, putâmen, globo pálido
lateral, globo pálido medial, capsula interna, tálamo e III ventrículo.
8 – Cetro branco medular: formado por fibras mielínicas que podem ser de projeção ou de associação. As de
projeção ligam o córtex aos centros subcorticais, representadas pelo fórnix e pela capsula interna (maioria das fibras
que entram e saem do córtex) e as de associação ligam áreas do próprio cérebro, representadas pelas estruturas
inter-hemisféricas: corpo caloso, comissura anterior e comissura do fórnix. Lesões na capsula interna, decorrente de
AVES, são frequentes e geralmente causam déficit motor e sensitivo na metade oposta do corpo.
1 – Endolinfa se movimentando: Quando a cabeça é rotada para a esquerda, os canais semicirculares horizontais e
as ampolas a eles unidas também são girados para a esquerda e a medida que isso acontece a endolinfa tende a se
atrasar em relação ao movimento devido à inércia. Assim, a endolinfa, contrária ao movimento, exerce uma força
sobre a cúpula, curvando os estereocílios das células ciliadas.
2 – Excitação ou inibição dos estereocílios: No caso do movimento da cabeça para a esquerda, na ampola esquerda,
os estereocílios se curvam em direção ao cinocílio e as células ciliadas são DESPOLARIZADAS, estimulando a liberação
de neurotransmissor das células ciliadas para as terminações do nervo vestibular. Já os estereocílios da ampola
direita, se curvam na direção contrária ao cinocílio, as células ciliadas se hiperpolarizam e inibem o nervo vestibular.
3 – Adaptação à rotação: Enquanto a cabeça ainda está sendo rotada para a esquerda, a endolinfa “alcança” o
movimento da cabeça, da ampola e da cúpula. Os cílios agora retornam às suas posições originais e as células ciliadas
não são despolarizadas nem hiperpolarizadas, promovendo uma adaptação à rotação, percebida em brinquedos de
parque de diversão.
4 – Parada da rotação: Quando a cabeça para de se mover, os eventos ocorrem ao contrário. Por breve período de
tempo, a endolinfa continua a se mover, empurrando a cúpula e os cinocílios em direções opostas. Assim, se a célula
ciliada foi despolarizada, no inicio da rotação, agora é hiperpolarizada e a célula que tinha sido hiperpolarizada,
agora é despolarizada. Dessa forma, quando a cabeça para de se mover para a esquerda, o canal horizontal
esquerdo será inibido e o direito, excitado. Isso gera sensação de rotação no sentido contrario e explica porque a
pessoa sente-se tonta e perde o equilíbrio sempre que para de repetente de girar o corpo como um pião.
3 – Vias vestibulares:
• Os corpos celulares do nervo vestibular ficam no gânglio vestibular, no ouvido interno.
• Os prolongamentos periféricos dessas células estabelecem sinapses com as células ciliadas.
• Os prolongamentos centrais formam a parte vestibular do nervo vestibulococlear.
• As fibras desse nervo terminam nos núcleos vestibulares da área vestibular do assoalho do IV ventrículo.
• Há 4 núcleos vestibulares: núcleo vestibular superior, lateral, medial e inferior.
• Dos núcleos vestibulares originam-se as seguintes projeções eferentes:
a) Fascículo vestibulocerebelar: destinado ao arquicerebelo. Existem, também, fibras cerebelo-vestibulares,
oriundas do verme cerebelar e que terminam no núcleo vestibular lateral. Essas fibras permitem ao cerebelo ativar
os motoneurônios medulares através do trato vestibuloespinal.
b) Fascículo longitudinal medial, do qual muitas fibras originam-se nos núcleos vestibulares. Elas conectam os
núcleos vestibulares com os núcleos oculomotores (III, IV e VI) e estão envolvidas em reflexos que permitem ao olho
ajustar-se aos movimentos da cabeça. Esses reflexos são integrados por três neurônios: o neurônio sensitivo
primário do gânglio vestibular; o neurônio vestibular ascendente (fibra vestíbulo-oculo motora do fascículo
longitudinal medial) e o neurônio motor periférico do núcleo motor ocular.
c) Trato vestibuloespinal, que desce homolateralmente na medula, pelo funículo lateral. Exerce uma ação
facilitadora sobre os reflexos dos extensores, mantendo o tônus muscular e o equilíbrio.
d) Fibras vestíbulo-reticulares, que permitem explicar as reações cardiovasculares e de vômito, decorrentes da
estimulação vestibular.
e) Fibras vestibulotalâmicas, que constituem a via para da consciência que temos da disfunção vestibular (vertigem).
f) Via vestibulocortical: admite-se a existência de fibras que levariam os impulsos vestibulares até o córtex cerebral,
visto que temos consciência de nossa posição no espaço e das anomalias funcionais do aparelho vestibular.
• A conexão entre os núcleos vestibulares, o tálamo e o córtex cerebral ainda não foi demonstrada.
• A área vestibular no córtex também é controversa.
• Estaria no lobo temporal, próximo à área auditiva, ou no lobo parietal, junto à área somestésica da face (giro pós).
• Os estímulos vestibulares iniciam-se no labirinto e são conduzidos pelo nervo vestibular aos núcleos vestibulares.
• O arquicerebelo ou cerebelo vestibular encontra-se conectado aos núcleos vestibulares por fibras aferentes e
eferentes (fibras fastigiovestibulares e fascículo vestibulocerebelar).
• Dos núcleos vestibulares partem impulsos motores reflexos destinados aos núcleos dos nervos oculomotores
(fascículo longitudinal medial) e aos neurônios motores da medula (trato vestibuloespinal) com o fim de regular os
movimentos oculares reflexos e o tônus postural, respectivamente, de modo a manter o equilíbrio.
• Assim, a posição dos olhos é controlada pelos estímulos vestibulares (reflexo vestíbulo ocular), assegurando-se, a
fixação do olhar em determinado objeto, durante a movimentação do corpo ou da cabeça.
OBS: diferença da via auditiva: A audição e o equilíbrio iniciam com receptores quase idênticos e que são sensíveis
às deflexões de seus estereocílios. No entanto, exceto pela similaridade na etapa de transdução e pelo fato de as
células ciliadas de ambos localizarem-se no ouvido interno, os sistema auditivo e vestibular são completamente
diferentes:
- Os estímulos auditivos originam-se do meio externo, enquanto o do sistema vestibular sente somente seus
próprios movimentos.
- As vias auditivas e vestibulares são totalmente separadas.
- A formação auditiva está frequentemente na nossa consciência, enquanto que a vestibular opera sem ser notada,
para coordenar e calibrar cada um dos nossos movimentos.
REFLEXO VESTÍBULO OCULAR: Uma função importante do sistema vestibular é manter seus olhos orientados para
uma determinada direção, mesmo quando você estiver em movimento. Isso é realizado pelo RVO.
• Ex: dirigindo em uma estrada muito acidentada, por meio de ajustes constantes realizados pelo RVO, a visão do
mundo a frente é completamente estável porque a cada solavanco, e os consequentes movimentos da cabeça, há
uma compensação pelo movimento dos olhos na direção oposta. Para apreciar a eficiência do RVO, é interessante
comparar a estabilidade de um objeto, passando por uma estrada acidentada, olhando primeiro com os olhos e
depois através do visor de uma câmera (a câmera pula para todos os lados porque seu braço não tem são
suficientemente rápidos para corrigir os movimentos da câmera a cada solavanco).
• Para manter uma visão precisa, é necessário que a imagem permaneça estável nas retinas, apesar do movimento.
• O RVO atua pela detecção das rotações da cabeça e comanda um movimento compensatório dos olhos na direção
oposta.
• O movimento ajuda a manter sua linha de visão fixa em um alvo visual.
• Como o RVO é um reflexo disparado pelo sistema vestibular, mais do que pelo visual, ele opera bem até mesmo no
escuro ou quando os olhos estão fechados.
a) Mecanismo: Exemplo na rotação da cabeça para o lado esquerdo:
1 – Os axônios do canal semicircular horizontal esquerdo inervam o núcleo vestibular esquerdo, que envia axônios
excitatórios ao núcleo do abducente contralateral.
2 – Os axônios motores do abducente, por sua vez, excitam o musculo reto lateral do olho direito.
3 – Outra projeção excitatória do abducente cruza a linha mediana, de volta para o lado esquerdo e ascende via
fascículo longitudinal medial para excitar o núcleo do oculomotor do lado esquerdo, o qual excita o músculo reto
medial esquerdo.
4 – Assim, ambos os olhos são girados para a direita.
OBS: Para assegurar uma rápida operação, contudo, o musculo reto medial esquerdo pode ser estimulado também,
por uma projeção do núcleo vestibular diretamente ao núcleo oculomotor esquerdo.
OBS2: A velocidade também é maximizada pela ativação das conexões inibitórias aos núcleos que controlam os
músculos que se opõem a esse movimento (no caso o reto lateral esquerdo e o reto medial direito).
b) Nistagmo fisiológico (movimento oscilatório do(s) olho(s)):
• Em resposta à aceleração angular ou rotacional da cabeça, os olhos, a princípio se movem na direção oposta à
rotação, tentando manter a direção constante do que se observa.
• Essa movimentação inicial é o componente lento do nistagmo (vestibular).
• Uma vez que os olhos atingem o limite de movimento lateral, ocorre rápido movimento dos olhos na mesma
direção da rotação da cabeça.
• Esse movimento é componente rápido do nistagmo, em que os olhos “pulam para frente” para fixar uma nova
posição no espaço (ocular).
• O nistagmo é definido pela direção do componente rápido e assim, se dá na direção da rotação da cabeça.
• Se a rotação é abruptamente interrompida, os olhos se movem na direção oposta à rotação original (nistagmo pós-
rotatório) e o indivíduo tende a cair na direção da rotação original por pensar que está girando na direção oposta.
5 – Via óptica:
• Os 3 primeiros neurônios da via óptica (cones e bastonetes, células bipolares e células ganglionares) localizam-se
na retina, sendo os cones e os bastonetes, os receptores do estímulo luminoso.
• Os axônios das células ganglionares convergem para a papila óptica e emergem no polo posterior do globo ocular,
formando o nervo óptico, que penetra no crânio através do canal óptico.
• A retina pode ser dividida em duas metades:
- A hemirretina temporal: visualiza o hemicampo nasal.
- A hemirretina nasal visualiza o hemicampo temporal.
• Os 2 nervos ópticos unem-se para formar o quiasma óptico, onde ocorre decussação parcial das fibras ópticas.
• As fibras nasais cruzam para o lado oposto, enquanto as temporais seguem do mesmo lado, unindo-se atrás do
quiasma com as fibras nasais cruzadas do nervo óptico oposto para formar o trato óptico.
• Cada trato óptico termina no respectivo corpo geniculado lateral.
• Os prolongamentos dos neurônios do corpo geniculado lateral formam a radiação óptica.
• A radiação óptica divide-se em 2 grupos de fibras:
- Feixe ventral, formado por fibras da retina inferior (campo visual superior), que termina na área calcarina inferior.
- Feixe dorsal, formado por fibras da retina superior (campo visual inferior), que termina na área calcarina superior.
OBS: O córtex cerebral de um lado perceberá o campo visual contralateral.
OBS2: O 1/3 anterior do córtex visual primário recebe projeções da retina periférica, e os 2/3 posteriores, da central.
- Receptores: cones e bastonetes.
- Neurônio I: células bipolares.
- Neurônio II: células ganglionares.
- Nervo óptico: prolongamento central das células ganglionares.
- Quiasma: fibra das retinas nasais se decussam.
- Trato óptico: fibras nasais cruzadas e temporais homolaterais.
- Neurônio III: tálamo (corpo geniculado lateral).
- Córtex occipital (área visual primária).
ÁREAS VISUAIS no córtex:
a) Área VISUAL primária (V1): fica nos lábios do sulco calcarino (área 17 de Brodmann). Permite visualizar um
esboço da imagem, contornos do objeto, que serão aperfeiçoados nas áreas secundárias.
b)Áreas visuais secundárias (V2, V3, V4 e V5): correspondem a várias áreas que ficam anteriores à V1 (18,19,20,21 e
37). As principais são as V2, V3, V4 e V5. Elas estão unidas a V1 por vias de associação dorsais e ventrais.
As ventrais estão relacionadas com o reconhecimento de cores, objetos e faces e as dorsais com os movimentos e
com a representação espacial dos objetos. Lesões nas áreas secundárias ocasionam agnosia visual.
c) Controle oculomotor:
• A motilidade extrínseca do olho é realizada pelos músculos, os quais são inervados pelo III, IV e VI, cujos núcleos
estão no tronco encefálico.
• Assim, a avaliação dos movimentos oculares torna-se um guia para investigar a presença e nível de lesão no
tronco, mais especificamente na SC do mesencéfalo (núcleos do III e do IV pares) e da ponte (núcleos do VI par).
• A motricidade extrínseca do olho sem alterações pode significar que a região localizada ao nível do sulco bulbo-
pontino (origem aparente no tronco) e os núcleos do nervo oculomotor no mesencéfalo estão preservados
• O exame da movimentação extrínseca do olho consiste na avaliação de três aspectos:
1 – desvios do olhar: podem ser conjugados ou desconjugados. Os desvios conjugados do olhar lateral podem
decorrer de lesões em qualquer parte do percurso desde o córtex à formação reticular parapontina. Por outro lado,
os desvios desconjugados laterais implicam em lesões do nervo oculomotor, nervo abducente ou por causas
intrínsecas do tronco cerebral.
2 – movimentos reflexos: O reflexo oculocefálico é pesquisado através da observação dos olhos durante a rotação
lateral e vertical passiva da cabeça do paciente. Em pacientes com o tronco cerebral intacto, os olhos movem-se de
forma conjugada no sentido oposto ao do movimento da cabeça. A prova calórica consiste na pesquisa dos reflexos
vestibuloculares, através da injeção de água morna nos condutos auditivos externos do paciente. Em um paciente
consciente, este procedimento provoca nistagmo com fase lenta para o lado oposto do ouvido estimulado.
- A resposta tônica conjugada com movimento dos olhos para o lado estimulado indica integridade da ponte e do
mesencéfalo, sugerindo lesão supratentorial como causa do coma.
- Uma resposta desconjugada indica lesão do FLM, no nervo oculomotor ou nervo abducente.
- A ausência de resposta pode revelar lesão do tronco encefálico;
d) Comportamento motor:
• A avaliação da resposta motora do paciente em coma inicia-se pela observação da postura em repouso,
movimentação espontânea e da resposta a estímulos dolorosos.
• Durante a avaliação da postura pode-se observar características tanto extensoras quanto flexoras das
extremidades superiores e inferiores dos membros.
• Os estímulos dolorosos devem ser efetuados na região supra-orbitária ou no esterno.
• A postura de flexão dos membros superiores e de extensão de membros inferiores corresponde a um padrão
chamado decorticação. Este é geralmente produzido por extensas lesões envolvendo o diencéfalo e o mesencéfalo.
• Por outro lado, quando se observa extensão dos membros inferiores e superiores acompanhada de adução,
extensão e rotação interna dos ombros, cotovelos e punhos, trata-se de um padrão postural chamado
descerebração. Este padrão ocorre comumente após lesões bilaterais no mesencéfalo e na ponte.
• Do ponto de vista fisiopatológico, este padrão postural pode ser explicado pela lesão de vias corticofugais –
responsáveis pela inibição da musculatura extensora – e liberação dos tratos vestibuloespinhal e reticuloespinhal
pontino, que estimulam os extensores e inibem os músculos flexores.
OBS: Há uma tendência de que lesões que provocam decorticação sejam menos graves do que aquelas que causam
descerebração.
• O exame da motricidade esquelética segue-se, então, com a avaliação do tônus muscular e dos reflexos.
• Danos estruturais agudos acima do tronco resultam em hipotonia assimétrica, enquanto nos casos de distúrbios
metabólicos tais achados são geralmente simétricos.
• A presença do sinal de Babinski pode contribuir para o diagnóstico topográfico do coma, uma vez que pode sugerir
uma possível lesão focal hemisférica.
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Problema 12 – Sistema límbico:
1 – Sistema límbico e as emoções:
• Emoções: sentimentos subjetivos agradáveis ou desagradáveis, que suscitam manifestações fisiológicas e
comportamentais necessárias à interação com o meio e para a sobrevivência (Ex: alegria, medo tristeza, etc).
• As manifestações fisiológicas das emoções dependem do SNA e as comportamentais do sistema motor somático.
• Assim, a alegria se manifesta pelo sorriso, a tristeza pelo choro e o medo pela palidez e dilatação pupilar.
• As emoções estão relacionadas com áreas específicas do cérebro que, em conjunto, constituem o sistema límbico.
1 – O sistema límbico:
• Sistema límbico: conjunto de estruturas corticais e subcorticais interligadas, relacionadas c/ emoções e memórias.
• Anatomicamente ele compreende: um anel cortical contínuo (giro do cíngulo, giro para-hipocampal e hipocampo),
que contorna as formações inter-hemisférica e forma o lobo límbico. Além de outras estruturas com ele relacionadas
• Funcionalmente: no sistema límbico, existem 2 subconjuntos de estruturas, ligadas às emoções e à memória.
• Em 1937 James Papez publicou um trabalho no qual propunha um mecanismo para explicar as emoções.
OBS: mecanismo este que, com o avanço das pesquisas descobriu-se que, com exceção da parte anterior do giro do
cíngulo, está relacionado com a memória e não com as emoções.
• Esse mecanismo envolveria estruturas do lobo límbico, núcleos do hipotálamo e tálamo, todas unidas por um
circuito, que ficou conhecido por circuito de Papez, composto por: hipocampo, corpo mamilar, trato
mamilotalâmico, tálamo, capsula interna, giro do cíngulo, giro para-hipocampal e novamente o hipocampo,
fechando o circuito.
• A importância desse circuito foi comprovada após lesão do ápice dos lobos temporais de macacos, onde se
observaram uma grande modificação comportamental dos animais (síndrome de Kluver e Bucy - lesão da amígdala:
- Domesticação completa dos animais que usualmente são selvagens e agressivos.
- Perversões do apetite: animais passam a se alimentar de coisas que antes não comiam.
- Agnosia visual: lesão das áreas visuais secundárias, localizadas no córtex do lobo temporal.
- Perda do medo de animais que antes causavam medo, como cobras e escorpiões.
- Tendência oral: leva à boca todos os objetos que encontra.
- Hipersexualidade: leva os animais a tentarem continuamente o sexo, até com indivíduos do mesmo sexo ou espécie
diferente, ou então, a se masturbarem continuamente.
• Posteriormente constatou-se que sintomas são consequência da remoção da amígdala e não do hipocampo, o que
possibilitou incluir sistema límbico algumas estruturas como a amígdala e a área septal.
2 – Componentes relacionados com a emoção:
1 – Áreas corticais:
1 – Córtex cingular anterior: Função: processamento das emoções. Isso se confirma através da sua ativação, quando
pessoas, em algumas experiências de ressonância magnética, quando essas recordavam episódios de tristeza.
2 – Córtex insular anterior: é uma área de associação supramodal, e está envolvido com as seguintes funções:
- Empatia: capacidade de se identificar e se sensibilizar com emoções alheias e com imagens de situações dolorosas
para outras pessoas (prender o dedo na porta do carro).
- Conhecimento da própria fisionomia: como diferente dos outros (A fisionomia dos outros depende das áreas
visuais secundarias).
- Sensação de nojo: que é importante para afastar pessoas de situações associadas à doenças.
3 – Córtex pré-frontal orbitofrontal: Ocupa a parte ventral do lobo frontal. Ele forma um circuito se projetando para
o núcleo caudado, que projeta para o globo pálido, depois para o núcleo dorsomedial do tálamo que se projeta para
a área pré-frontal orbitofrontal, fechando o circuito, que tem papel no(a):
- processamento das emoções,
- supressão de comportamentos sociais indesejáveis,
- manutenção da atenção.
- memória: O córtex pré-frontal atua como um gerenciador da memória, determinando a informação que será
armazenada e qual será esquecida, de acordo a sua relevância. Para isso, ele tem acesso a outras áreas do córtex
onde são armazenadas as memórias de curta e longa duração.
OBS: Sua lesão, como ocorre nas lobotomias pré-frontais, resulta no “tamponamento psíquico”, ou seja, o paciente
deixa de reagir às situações que resultam em alegria ou tristeza, passam a ter déficit de atenção e começam a ter
comportamentos inadequados, podendo, por exemplo, urinar, defecar e se masturbar em público.
2 – Áreas subcorticais:
1 – Hipotálamo: Como visto, o hipotálamo possui muitas funções, entre elas, a regulação de processos emocionais.
Essa função foi constatada a partir do fato de que, estimulações elétricas ou lesões de algumas áreas do hipotálamo
determinam repostas emocionais complexas, como raiva e medo. Além disso, o hipotálamo tem papel como
coordenador das manifestações periféricas das emoções, através de suas conexões com o SNA. Portanto, exerce
função importante tanto na coordenação, quanto na integração dos processos emocionais.
2 – Área septal: A área septal tem muitas conexões (amígdala, hipocampo, tálamo, giro do cíngulo, hipotálamo e FR).
Assim, essa área recebe fibras dopaminérgicas da área tegmentar ventral e faz parte do sistema mesolímbico, sendo
um dos centros do prazer. A destruição dessa área resulta em reação anormal aos estímulos sexuais e à raiva septal
OBS: estimulações da área septal causam alterações na PA e do ritmo respiratório, mostrando que essa também tem
papel na regulação de atividades viscerais.
3 – Núcleo accumbens: Fica entre a cabeça do núcleo caudado e o putâmen. Recebe aferências dopaminérgicas
principalmente da área tegmentar ventral do mesencéfalo e projeta eferências para a parte orbitofrontal da área
pré-frontal. Ele é o componente mais importante do sistema mesolímbico, sistema de prazer do cérebro.
4 – Habênula: As habênulas situam-se no epitálamo, lateralmente à glândula pineal. Têm conexões complexas, como
as aferências que recebem da área septal e suas eferências para os neurônios dopaminérgicos do sistema
mesolímbico, sobre os quais tem ação inibitória, participando da regulação dos níveis de dopamina dos neurônios do
sistema mesolímbico. OBS: Essa ação inibitória está sendo implicada na fisiopatologia da depressão, na qual há uma
ação inibitória exagerada do sistema mesolímbico.
5 – Amígdala: É o componente mais importante do SL. Possui 12 núcleos que se dividem em 3 grupos:
- Corticomedial: recebe conexões olfatórias e está envolvido com comportamentos sexuais.
- Basolateral: recebe a maioria das conexões aferentes da amígdala.
- Central: dá origem às conexões eferentes.
• A amígdala é a estrutura subcortical com maior número de projeções do SN, com 14 aferências e 20 eferências.
• Possui conexões com todas as áreas de associação secundárias e terciárias, tálamo, hipotálamo, núcleo
accumbens, habênula, etc.
Funções:
• É a principal responsável pelo processamento das emoções e desencadeadora do comportamento emocional.
• A estimulações dos núcleos do grupo basolateral causa reações de MEDO e FUGA.
• A estimulação dos núcleos do grupo corticomedial causa reação DEFENSIVA e AGRESSIVIDADE (hipotálamo tbm).
• Contém a maior concentração de receptores para hormônios sexuais do SNC, sua estimulação reproduz muitos
comportamentos sexuais e sua lesão provoca Hipersexualidade.
• No entanto, sua principal função é o processamento do medo. Pacientes com lesões bilaterais da amígdala não
sentem medo.
Medo: O medo é uma reação de alarme diante de um perigo que resulta da ativação do sistema simpático e
liberação de adrenalina pela adrenal. Esse alarme prepara o organismo para uma situação de perigo na qual ele deve
ou fugir ou enfrentar.
- A informação visual ou outra que seja, é levada o tálamo.
- Do tálamo essa informação vai até as áreas visuais primárias e secundárias.
- A partir desse ponto a informação segue dois caminhos, uma via direta e outra indireta:
* Via direta: a informação visual é levada processada na amigdala basolateral, passa à amigdala central, que dispara
o alarme, a cargo do sistema simpático. É mais rápida e permite uma resposta imediata ao perigo.
* Via indireta: a informação passa ao córtex pré-frontal e depois à amígdala. É mais lenta e permite que o córtex pré-
frontal analise as informações recebidas e seu contexto. Se não houver realmente perigo, a via indireta detecta e a
reação de alarme é desativada.
OBS: A amígdala está envolvida também no reconhecimento de faces emotivas. Como já foi visto, uma das áreas
visuais secundárias do lobo temporal armazena imagens de faces e permite seu reconhecimento. Entretanto, o
reconhecimento de faces com expressões emocionais ocorre apenas na amígdala.
3 – Sistema mesolímbico (sistema de recompensa) Foi descoberto através da implantação de eletrodos no cérebro
de ratos, de tal modo que eles podiam estimular eletricamente o próprio cérebro apertando uma alavanca. Desta
forma, verificaram que, em determinadas áreas, os ratos se autoestimulavam muito mais. Sabe-se hoje que as áreas
que determinam estimulações com frequências mais elevadas compõem o sistema dopaminérgico mesolímbico,
formado por neurônios dopaminérgicos que, da área tegmentar ventral do mesencéfalo, passando pelo feixe
prosencefálico medial, terminando nos núcleos septais e no núcleo accumbens, os quais, por sua vez, projetam-se
para o córtex pré-frontal orbitofrontal. Esse sistema é de fundamental importância para o organismo, uma vez que
premia com sensação de prazer os comportamentos mais importantes para a sobrevivência (sensação de prazer ao
beber água, urinar, etc) mas também é ativado por situações cotidianas que causam alegria como quando rimos.
4 – Ansiedade e estresse: É um transtorno no qual a expressão do medo é inapropriada, sendo é duradouro e
desencadeado por perigos pouco definidos. A ansiedade crônica se transforma em estresse e causa danos ao
organismo. Uma pessoa sadia regula a resposta ao medo através do aprendizado. O medo de voar de avião pode ser
grande a primeira vez e depois se aprende que não há perigo. No transtorno de ansiedade, o motivo pode não estar
presente e, mesmo assim, resulta na ativação da amígdala.